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Na Fonte Esta Lianor

A cantiga 'Na fonte está Leanor' é uma composição poética em redondilha maior, composta por um mote e três glosas, que explora a temática da saudade e do amor não correspondido. Leanor expressa seu sofrimento e anseio por seu amado através de metáforas e uma linguagem simples, refletindo a influência da poesia tradicional. A obra destaca a complexidade emocional da protagonista, que alterna entre a dor e a alegria ao receber notícias do seu amor.

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Na Fonte Esta Lianor

A cantiga 'Na fonte está Leanor' é uma composição poética em redondilha maior, composta por um mote e três glosas, que explora a temática da saudade e do amor não correspondido. Leanor expressa seu sofrimento e anseio por seu amado através de metáforas e uma linguagem simples, refletindo a influência da poesia tradicional. A obra destaca a complexidade emocional da protagonista, que alterna entre a dor e a alegria ao receber notícias do seu amor.

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CANTIGA “NA FONTE ESTÁ LEANOR”

Breve introdução:

. Texto que se insere nas redondilhas.

Em termos formais:

 Trata-se de uma cantiga, composta por um mote em quadra, seguido de três


glosas (ou voltas) em oitava. A maior parte das cantigas de Camões são em
redondilha maior (7 sílabas métricas – também designado heptassílabo) –
raramente são em redondilha menor (5 sílabas métricas ou pentassílabo). Trata-
se, portanto, da chamada “medida velha” (redondilha maior ou menor), que se
insere no lirismo de influência tradicional – influência medieval (trovadoresca e
palaciana), muito diferente da “medida nova”, de influência renascentista.

 Esquema rimático:

. no mote: abba (rima interpolada e emparelhada);

. nas voltas podemos considerar o mesmo esquema rimático, na medida em


que a oitava se divide, em termos rimáticos em duas partes iguais.

 Nesta cantiga há a curiosidade de não se verificar a repetição do último verso


do mote nas respetivas glosas, à exceção da primeira.

 São três os aspetos que aproximam esta cantiga do lirismo tradicional: o tema
da saudade; a fonte como ambiente e as amigas como confidentes.

Na fonte, a donzela, perante a saudade do seu amor, procura saber, junto das
amigas, notícias do seu amor.

A razão do seu choro e da sua tristeza é o Amor (note-se que o vocábulo


aparece com letra maiúscula). No entanto, o sujeito poético consegue sugerir
uma emoção maior ao referir não só que chorava (“chorando”), mas também
que “cantava” em “suspiros” pelo seu amor.

O grande desejo de Leanor é estar com o seu amor. Perante tal impossibilidade,
apenas tem duas possibilidades de enganar o seu desejo, isto é, de aliviar o seu
sofrimento de saudade: cantar chorando e perguntar às amigas pelo seu
amado. Na segunda volta, intensifica-se o sofrimento (repare-se que na
primeira volta apenas se refere “Posto o pensamento nele” e “suspiros”),
revelando-se atitudes claras de sofrimento, que nos são dadas pelos versos
“O rosto sobre ua mão/os olhos no chão pregados”, “mais pesada sente a
dor” e pelas expressões “do chorar já cansados”, “sua dor”.
A terceira estrofe culmina a expressão do sentimento de uma forma
excecionalmente genial. Atenção, que os três primeiros versos devem ser lidos
de forma corrente do seguinte modo: “(Ela) Não deita água dos olhos (por)que
o Amor não quer que a dor se abrande, porque em mágoa grande (a mágoa)
seca as lágrimas”

Está aqui presente uma excelente análise física e psicológica de Camões


relativamente ao ser humano que, em sofrimento profundo, não chora, como
se a própria dor tivesse necessidade de se alimentar das lágrimas (do seu sal e
da sua água). (À parte: é vulgar vermos pessoas em dor profunda não verterem
uma lágrima e ficarem com o rosto esbranquiçado). A verdadeira dor não é a
que se vê pelas lágrimas. A dor profunda seca-as.

A parte final da cantiga é “desconcertante”, revelando a dor excessiva de


Leanor. Depois que soube novidade do seu amado, chorou de repente (desatou
a chorar com lágrimas), mas num choro de alegria. Portanto, os “extremos” do
último verso só podem se interpretada como a dor excessiva pela saudade do
se amada e a alegria ao saber novo dele.

“Na fonte está Lianor” é uma composição poética que está inserida dentro do grupo
da poesia tradicional e apresenta mote – “Na fonte está Lianor/ lavando a talha e
chorando/, às amigas perguntando:/ “ vistes lá o meu amor?”
Neste poema os versos estão organizados em redondilha maior, uma vez que
apresenta sete sílabas métricas em cada verso. O poema está dividido em três
oitavas, tendo rima emparelhada no segundo e terceiro/sexto e sétimo versos de
cada estrofe.

No poema a forma de a pastora representar o seu sofrimento perante as amigas é


bastante complexa, escondendo o sofrimento mas demonstrando a sua
preocupação.
Para realçar a mágoa de Lianor o sujeito poético utiliza o recurso expressivo
metáfora como se observa no verso 14 – “os olhos no chão pregados”; usa também
uma perífrase no verso 21 “Não deita dias olhos água” para dizer que Lianor tem
uma mágoa tão grande que faz com que a mesma não consiga sequer chorar e
aliviar a sua dor.

Concluindo, este poema camoniano contém inúmeros elementos que se


assemelham às cantigas de amigo como a experiência amorosa da jovem, a
presença da fonte e das amigas como confidentes, e a reflexão sobre o amor

1- A temática presente neste poema é a coita de amor pelas


saudades do amigo. O poeta desenvolve esta temática colocando
Lianor no centro de todo o sofrimento amoroso. Ao longo do poema o
poeta apresenta esta figura feminina sofredora, capaz de transformar
o canto em suspiros "Cantava, mas a cantiga. Eram suspiros por ele"
e quanto mais saudades mais mágoa e dor.

Na 1a estrofe Lianor com o pensamento e o desejo enganados vai


perguntando às amigas se viram o seu amor por quem o seu coração
suspira. Na 2a estrofe Lianor com os olhos pregados no chão,
cansados de tanto chorar, suspende a sua dor mas quando
consciente sente essa dor ainda mais pesada. Na 3a estrofe, Lianor
em grande mágoa recusa abrandar a dor. Esta mágoa só terá
abrandamento quando souber novas do seu amor.

2- Este poema pode ser dividido em duas partes:

A 1a parte correspondente à 1a volta (ou estrofe), onde se apresenta


Lianor a cantar de dor pela ausência do seu amado. A 2a parte
corresponde à 2a e à 3a estrofe onde se descreve o estado de espírito
de Lianor.

3- Os sentimentos presentes no poema são: Tristeza “...a cantiga


eram suspiros por ele.”, engano “...o seu desejo enganado.”, saudade
“Viste lá o meu amor?”; “Posto o pensamento nele”, dor “... suspende
de quando em quando a sua dor”, tormento “Mais pesada sente a
dor.”, mágoa “...em mágoa grande”. As sensações expressas são
essencialmente de sofrimento, saudade e mágoa.

4- A linguagem é simples com expressões tradicionais ao gosto


popular, muito próximo dos cantares de amigo. Há a salientar a
hipérbole no último verso da 2a estrofe (”Mais pesada sente a dor.”),
o uso do gerúndio," chorando, perguntando, enganando, lavando" a
marcar o prolongamento dos sentimentos expressos.

5- Quanto à análise formal estamos em presença de uma cantiga


formada por um mote de 4 versos onde se apresenta o tema e 3
voltas de 8 versos cada onde se faz o seu desenvolvimento. Quanto à
rima ela é emparelhada e interpolada do tipo a/b/b/a em todo o
poema. Quanto à métrica estamos em presença de uma redondilha
maior formada por versos de 7 sílabas “Na /fon/te es/tá /Li/a/nor/”;
“La/van/do a /ta/lha e /cho/ran/do”.

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