Economia urbana
explora as decisões locacionais das famílias (maximizadoras de utilidade) e firmas
(maximizadoras de lucro) e mostra como essas decisões determinam a formação de
cidades em diferentes tamanhos e formas. A economia urbana também identifica as
ineficiências típicas das grandes cidades, como poluição, trânsito, criminalidade, as quais
aparentemente deveriam repelir os agentes económicos. Após esse diagnóstico, esse ramo
de economia examina políticas públicas alternativas para promover escolhas locacionais
eficientes. Ou seja, quais medidas poderiam diminuir a criminalidade em uma cidade?
Qual política poderia atenuar o problema de congestionamento e transporte público?
Nesse ramo de estudo existem seis áreas relacionadas, quais sejam:
a) Forças de Mercado no desenvolvimento de cidades. As decisões locacionais
inter-urbanas de firmas e famílias geram cidades de diferentes tamanhos e
estrutura econômica (base econômica). Nessa área exploram-se questões de
porque as cidades existem e porque existem cidades grandes e outras melhores?
b) Uso do solo dentro das cidades. As decisões locacionais intra-urbanas de
firmas e famílias geram padrões urbanos de uso da terra. Por exemplo, nas
cidades modernas os empregos estão distribuídos em toda a área
metropolitana, enquanto que cidades de até 100 anos geralmente exibem
uma concentração espacial de empregos em sua área territorial. É possível,
inclusive, explorar questões de segregação com respeito à raça, renda e nível
educacional;
c) Transporte Urbano. Exploram-se algumas possíveis soluções para o problema
de congestionamento urbano e visualiza o papel do transporte em massa na área
urbana. Por exemplo, é possível identificar se o sistema de ônibus é mais
eficiente que o sistema de metrô (O’SULLIVAN, 2011). O modelo também
explica como o desenvolvimento de modernos meios de transporte (automóveis
e transporte de massa) gerou a suburbanização e o achatamento da densidade
populacional urbana, uma situação conhecida como espraiamento (sprawl)
urbano (CRUZ et al., 2011).
d) Crime e política pública. Analisa o problema de crime urbano e mostra os
vínculos entre o crime e outros problemas urbano, tais como a pobreza e o
baixo nível educacional;
e) Habitação (moradias) e políticas públicas. As escolhas habitacionais são
vinculadas com as escolhas locacionais, uma vez que as habitações são
imóveis. Nessa área discute-se o porquê a habitação é diferente de outros
produtos e como as políticas de habitação trabalha;
f) Impostos e gastos do governo local. Sob um sistema fragmentado de governo
local, muitas áreas metropolitanas têm tem dezenas de governos locais,
incluindo municípios, distritos escolares e distritos especiais. Fazendo escolhas
locacionais, famílias consideram uma mistura de taxas e bens públicos locais
(O’SULLIVAN, 2011).
O que é cidade?
Cidade é uma aglomeração humana localizada numa área geográfica circunscrita e que
tem numerosas infrastruturas, próximas entre si, destinadas à moradia e/ou a
actividades culturais, mercantis, industriais, financeiras e a outras não relacionadas
com a exploração directa do solo; urbe.
Um economista urbano define uma área urbana como uma área geográfica que contém
um grande número de pessoas em um espaço geográfico relativamente pequeno. Em
outras palavras, uma área urbana tem uma densidade populacional que é relativamente
alta em relação à densidade de uma área circundante. Esta definição acomoda áreas
urbanas de tamanhos muito diferentes, de uma cidade pequena a uma grande área
metropolitana. A definição é baseada na densidade populacional, pois uma
característica essencial de uma economia urbana é o contacto frequente entre diferentes
actividades económicas, o que só é possível se as firmas e domicílios estão
concentrados em uma área relativamente pequena.
Existe um conjunto de definições quanto à cidade, essenciais para o entendimento dos
estudos em Economia Urbana (O’SULLIVAN, 2011). As definições comuns são:
a) Área Urbana: a área geográfica densamente povoada com uma população
mínima de 2.500 pessoas e uma densidade mínima de 500 pessoas por
quilómetros quadrado.
b) População urbana: as pessoas que vivem em áreas urbanas.
c) Área metropolitana: uma área central com um núcleo populacional
substancial, juntamente com as comunidades adjacentes que são integradas,
em um sentido económico, com a área central. Para se qualificar como uma
área metropolitana, a população mínima é de 50.000 pessoas.
d) Área micropolitana: uma versão menor de uma área metropolitana com uma
concentração de 10.000 a 50.000 pessoas. Em 2000, havia 559 áreas nos
Estados Unidos.
e) Cidade principal: o maior município em cada área metropolitana ou
micropolitana. Um município é definido como uma área sobre a qual uma
corporação exerce autoridade política e fornece serviços do governo local,
tais como: o serviço de esgoto, protecção contra crime e corpo de bombeiros
(O’SULLIVAN, 2011).
Apesar da inexistência de uma definição padrão de área urbana no país e cabendo a cada
instituição ou autor definir seus critérios, as cidades Moçambicanas são classificadas em quatro
níveis: A,B, C e D (BR, 1987, p. 8). A Cidade de Maputo que é a capital do país e de
importância nacional é a única de nível A. As três cidades (Nampula, Beira e Matola)são de
nível Bcom papel importante no desenvolvimento regional interno e na realização de programas
de cooperação regional de carácter internacional. As cidades de Lichinga, Pemba, Nacala,
Ilha de Moçambique, Quelimane, Tete, Chimoio, Xai-Xai e Inhambane são de nível C
utilizado para algumas capitais provinciais e cidades cuja importância histórico-cultural,
nacional e universal, bem como importância económica e em comunicações têm
interesse nacional e na cooperação regional. São cidades de nível D: Cuamba, Montepuez,
Angoche, Gurué, Mocuba, Manica, Dondo, Maxixe, Chókwe e Chibuto cujo grau de
desenvolvimento os caracteriza como cidades e assumem um papel de relevo no
desenvolvimento local (BR, 1987). Diferentemente das cidades que são classificadas em
quatro níveis, as vilas não apresentam nenhuma classificação e estão distribuídas pelas
dez províncias com a excepção da Cidade de Maputo
A pesquisa sobre as regiões de influência das Cidades (REGIC), elaborada pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desde 2007, disponibiliza
informações acerca da centralidade e interacções das cidades a partir dos fluxos de
bens e serviços no país (IBGE, 2008). Envolve- se, pois, com elementos teóricos do
ramo da economia urbana e regional, particularmente no que diz respeito ao sistema
urbano hierárquico e multifuncional, sendo o espaço constituído e organizado por um
núcleo urbano circundado por regiões complementares. Nessa pesquisa, o IBGE
(2008) apresentou as seguintes classificações e definições:
a) Metrópoles: são os 12 principais centros urbanos do País, que caracterizam-se
por seu grande porte e por fortes relacionamentos entre si, além de, em geral,
possuírem extensa área de influência direta. Dividem-se entre: Grande
metrópole nacional – São Paulo, o maior conjunto urbano do País, com 19,5
milhões de habitantes em 2007; Metrópole nacional – Rio de Janeiro e Brasília,
com população de 11,8 milhões e 3,2 milhões em 2007, respectivamente,
também estão no primeiro nível da gestão territorial. Juntamente com São
Paulo, constituem foco para centros localizados em todo o País; e Metrópole –
Manaus, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba,
Goiânia e Porto Alegre, com população variando de 1,6 (Manaus) a 5,1
milhões (Belo Horizonte), constituem o segundo nível da gestão territorial.
b) Capital regional – integram este nível 70 centros que, como as metrópoles,
também se relacionam com o estrato superior da rede urbana. Com
capacidade de gestão no nível imediatamente inferior ao das metrópoles, têm
área de influência de âmbito regional, sendo referidas como destino, para
um conjunto de actividades, por grande número de municípios. Existem três
subdivisões: Capital regional – constituído por 11 cidades, com medianas
A de
955 mil habitantes e 487 relacionamentos; Capital regional B – constituído por
20 cidades, com medianas de 435 mil habitantes e 406 relacionamentos; e
Capital regional C – constituído por 39 cidades com medianas de 250 mil
habitantes e 162 relacionamentos. A cidade de Juiz de Fora foi classificada
como Capital Regional (2B).
c) Centro sub-regional – integram este nível 169 centros com actividades de
gestão menos complexas, dominantemente entre os níveis 4 e 5 da gestão
territorial; têm área de actuação mais reduzida, e seus relacionamentos com
centros externos à sua própria rede dão-se, em geral, apenas com as três
metrópoles nacionais. Com presença mais adensada nas áreas.
Existem três termos para se referir à concentração espacial da actividade económica: área
urbana, área metropolitana e cidade. Estes três termos, os quais serão usados
indistintamente, referem-se à cidade económica (i.e., uma área com uma densidade
populacional relativamente alta que contém um conjunto de actividades estreitamente
relacionadas), e não a cidade política. Ao se referir a uma cidade política, usa-se o
termo central da cidade ou município. Esta definição acomoda áreas urbanas de
tamanhos muito diferentes, ou seja, de uma cidade pequena a uma grande área
metropolitana. A definição é baseada na densidade populacional, porque uma
característica essencial de uma economia urbana é o contacto frequente entre
diferentes atores económicos (O’SULLIVAN, 2011).