A Educação Que Temos, A Educação Que Precisamos

A Educação que

Temos,

A Educação que

Precisamos

Marcus De Mario

A Educação que

Temos,

A Educação que

Precisamos

Do Autor

(c) Marcus De Mario A Educação que Temos, a Educação que Precisamos 1ª edição

Abril de 2024

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[email protected]

Edição:

www.clubedeautores.com.br

Todos os direitos de publicação e reprodução estão reservados ao autor. Proibida a reprodução, por qualquer meio, sem a autorização do autor.

Índice

Apresentação

1. A causa da corrupção

2. A educação

3. A educação da nova geração

4. A educação é o melhor caminho 5. A escola de hoje e o amanhã

6. A escola e a educação

7. A escola e o vestibular

8. A escola inovadora tem organização 9. A ética e a paz na escola

10. Afinal, para que serve a escola?

11. Aluno passivo, sociedade passiva 12. A nova geração e o nosso futuro 13. Aplicando a educação moral

14. Aprendendo e crescendo

15. Aprender e reaprender para fazer 16. A solução passa pela educação 17. Autonomia e moral na educação 18. Autoridade do professor

19. Capacidade de pensar

20. Como é bom sonhar

21. Como se educa quem deve educar 22. Como ser professor sem dar aula 23. Conhecer a si mesmo

24. Convite para a desconstrução 25. Cuidar da alma

26. Da salivação ao fazer pensar 27. De qual educação estamos falando?

28. Desafio para os educadores: mudar a escola 29. Desenvolvimento social e humano 30. Devemos nos sensibilizar com as crianças 31. Dois bons exemplos

32. Educação e reforma

33. Educação numa perspectiva social 34. Educação para o povo

35. Educando as próprias emoções 36. Educando diferente para fazer a diferença 37. Educar

38. E o tempo passa...

39. Escola: o que é e o que deve ser 40. Humanizando a educação

41. Ilusão e irresponsabilidade

42. Importante e desconhecido

43. Jovens que ainda sonham

44. Mentalidades, posturas e práticas 45. Muitos caminhos, mas somente um caminho 46. Necessidade da educação para reforma da sociedade

57. Novo paradigma humano

48. Novos (e velhos) pilares da educação 49. Novos rumos para a educação

50. O amor como base da educação 51. O amor, fundamento da educação

52. O mais importante 53. Os professores que ficaram encantados 54. O velho e desgastado modelo

55. Para ser uma escola inovadora 56. Por que eu tenho que ir para a escola?

57. Quem educa quem?

58. Quem é responsável pela educação?

59. Recordando um pouco de história 60. Resistência e transformação

61. Saudades do professor Walter 62. Sempre há esperança

63. Se o amor fosse ensinado

64. Sonhar não é suficiente

65. Uma escola diferente

66. Uma nova educação, uma nova escola 67. Várias andorinhas fazem muito 68. Violência nas escolas

69. Virtude e sabedoria

A Educação que Temos, a Educação que Precisamos – Marcus De Mario Palavras do Autor

Em março de 1999 juntei-me a um grupo de educadores idealistas e criamos o IBEM – Instituto Brasileiro de Educação Moral, que posteriormente passou a se chamar Ibem Educa, organização não governamental sem fins lucrativos voltada para a educação transformadora e a escola inovadora, o qual mantive suas atividades até o final de 2022.

Ao longo do tempo muitas atividades foram desenvolvidas e surgiram projetos e propostas pedagógicas. Assim, palestras, treinamentos, oficinas, seminários, encontros, cursos se sucederam, e foram lançados o Projeto Escola do Sentimento, o Programa Vivendo Sempre em Paz, a Pedagogia da Sensibilidade, a Educação a Distância. Muito trabalho, semeando novas ideias na educação.

Os desafios foram muitos, e os fracassos vieram, mas nada que arrefecesse nossa convicção e nossa esperança, pois também tivemos muitas vitórias, como semeadores de ideias novas que naturalmente encontram resistências.

Desde os primeiros dias escrevo sobre educação.

Muitos, muitos textos. Vários deles estão disponíveis em outros livros, mas existem muitos que foram 1

A Educação que Temos, a Educação que Precisamos – Marcus De Mario publicados apenas no Blog do Ibem Educa, hoje não mais existente, então resolvi escolher alguns, publicados entre 2020 e 2021, para compor este livro, colocando-os em ordem alfabética, lembrando que hoje, início de 2023, o Ibem Educa não está mais em atividade, o que reforça a necessidade da publicação dos textos no formato livro, pois os mesmos não estão mais disponíveis na internet.

São textos reflexivos, provocadores, críticos, e ao mesmo tempo propositivos, com o objetivo de fazer com que pedagogos e professores utilizem a rica arte de pensar, de questionar, de refletir sobre o que estão fazendo e o que poderia ser feito diferente.

Não tenho muito mais a dizer, pois aqui seria repetir o conteúdo que aguarda, nas próximas páginas, sua leitura.

Espero, esperançoso, que este livro contribua para um novo olhar sobre a educação e um novo fazer pedagógico.

Repetir o que sempre foi feito, sem nenhum questionamento, mesmo que os resultados sejam muito aquém do esperado, é burrice. Rejeitar a nova ideia porque ela é muito diferente do que sempre foi feito, é hipocrisia.

Faça uma boa leitura, pense, e não abdique de desafiar o já estabelecido, pois a vida é dinâmica, e a educação também deve ter esse mesmo dinamismo, 2

A Educação que Temos, a Educação que Precisamos – Marcus De Mario assim como a escola, que a representa na sociedade humana.

Receba meu abraço e minha esperança.

Marcus De Mario

Janeiro de 2023

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A Educação que Temos, a Educação que Precisamos – Marcus De Mario Recomendamos, também, a leitura dos livros

- Pedagogia da Sensibilidade e

- Escola do Sentimento

Ambos de minha autoria.

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A Educação que Temos, a Educação que Precisamos – Marcus De Mario 6

A Educação que Temos, a Educação que Precisamos – Marcus De Mario 1

A causa da corrupção

Fui à barbearia para meu corte de cabelo e ali encontrei um grupo de quatro rapazes conversando animadamente, com um deles sentado à cadeira do barbeiro, contando aos seus amigos como ele tinha se dado bem com a faculdade.

- Vocês sabem que eu tive de trancar a matrícula na faculdade por conta da minha transferência profissional para Santa Catarina. Como eu ia ficar por lá uma temporada máxima de oito meses, não pedi transferência do curso.

- Sim, sim.

- Pois é, agora que eu voltei, fui à faculdade para retomar o curso e, vejam só, na secretaria me informaram que eu concluí o curso, que era só pagar a taxa para emissão do certificado.

- Como assim?

- Eu nem acreditei, então pedi para a funcionária verificar o sistema, e está lá todo o meu histórico escolar, notas, tudo, como concluinte do curso.

- E o que você fez?

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A Educação que Temos, a Educação que Precisamos – Marcus De Mario

- Não perdi tempo, paguei a taxa e já estou com meu certificado de conclusão de curso devidamente registrado. Eu ia perder essa oportunidade?

- Isso mesmo, vamos comemorar com uma rodada de cerveja!

Não estou inventado essa história, ela realmente aconteceu. Os jovens amigos aparentavam estar na faixa de 24/25 anos de idade. Nova geração, mas tão corruptível quanto sua geração anterior.

Num encontro de educadores, uma professora me disse:

- Não me estresso como as minhas colegas, que vivem de licença médica, com depressão. Eu entro em sala, dou a minha matéria, e se os alunos quiserem aprender, que aprendam, é problema deles. Preencho a burocracia e, na sexta-feira, saio muito feliz da escola para encontrar minhas amigas e esquecer tudo entre fofocas e cervejas, porque ninguém é de ferro!

Ouvi a mãe descrevendo como faz sua filha realizar os deveres de casa:

- Faço ela sentar à mesa, cobro todos os deveres, matéria por matéria, e ela só sai dali para fazer xixi, e só uma vez, e se demorar muito, fica sem almoço. E

não adianta resmungar, chorar ou dizer que não sabe, porque tem que saber, vai na escola para quê?

Como nos queixar da corrupção, da hipocrisia, do individualismo, da depressão, da violência e outras situações ruins que acometem nossa sociedade, se, 8

A Educação que Temos, a Educação que Precisamos – Marcus De Mario como vimos, confundimos a educação com instrução, cumprimento de burocracias, autoritarismo e outras coisas que nada têm a ver com ela?

Que adianta a criança e o jovem saberem a diferença entre um istmo e uma ilha, a data da revolução francesa, a tabuada, o uso correto da vírgula, se não sabem ser éticos, solidários, empáticos, resilientes? O que é mais importante: acumular conhecimentos, saberes, habilidades, competências técnicas, ou ser honesto, incorruptível, justo, colaborador?

A família e a escola estão no caminho errado, estão equivocadas quanto ao que seja educação e o que deve ser feito, então não temos que nos espantar que as novas gerações repitam os erros das gerações que lhes antecederam.

Corrupção não se resolve com novos planos econômicos, políticos, sociais, de segurança pública, de legislação. Corrupção se resolve com educação, aquela que no lugar de instruir, de ensinar, permite o aprendizado com autonomia e trabalha para bem formar o caráter das novas gerações, para que tenham bom senso e pensem, antes, nos outros, respeitando os direitos. Uma geração assim formada será um poderoso freio para a corrupção.

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A Educação que Temos, a Educação que Precisamos – Marcus De Mario 10

A Educação que Temos, a Educação que Precisamos – Marcus De Mario 2

A educação

O educando, seja qual for sua faixa etária, é um ser integral objeto da educação, ou seja, é com ele, para ele, por causa dele que a educação existe. O

educando não é uma coisa. Também não é um objeto.

Igualmente não pode ser classificado como um boneco.

Quando está na escola, o professor deve ter consciência que os alunos são seres humanos, dotados de potencialidades perfectíveis, esperando por estímulos positivos que auxiliem seu processo de crescimento interior. São seres humanos ansiosos por aquisição de conhecimentos e também por conquista de si mesmos, para vivenciarem plenamente ideais superiores de vida.

O educando é a causa da educação. O conteúdo curricular não é a causa da educação. A carga horária de ensino não é a causa da educação. As disciplinas curriculares não são a causa da educação.

É e sempre será a causa da educação o próprio ser humano. Somente a insensibilidade e a ignorância podem trabalhar tudo, menos a criança que ali está, 11

A Educação que Temos, a Educação que Precisamos – Marcus De Mario rica em si mesma, inteligente e afetiva, com seus olhos repletos de esperança, depositando toda sua confiança no professor, pois sua vida está nas mãos e no coração daquele mestre.

Minha memória está repleta de cenas vivas com crianças, jovens e adultos. Abraços bem apertados, sorrisos de alegria, palavras de agradecimento, lágrimas de gratidão, felicidade em aprender, e tantas outras cenas que talvez um livro não pudesse conter todas as descrições. São cenas vivas porque sempre me dediquei com todo amor ao ato de educar, mesmo trabalhando com adultos em cursos de capacitação, pois reconheço em todos eles seres humanos, iguais a mim mesmo, com suas potencialidades aguardando meu afeto, meu ideal, minha visão integral, mesmo com falhas, pois eles sentem em mim mais do que um coordenador, a sagrada esperança de ter encontrado um educador, e eu somente poderei chegar a esse patamar se compreender que diante de mim está outro ser humano. Assim deve ser todo professor.

Pais e professores, em sua maioria, não possuem visão plena da influência que a educação exerce na vida de seus filhos e alunos. As preocupações de ordem material e intelectual sufocam a educação, substituída pela instrução, verdadeiro adestramento para a vivência social.

Exemplo do que estamos falando é a escola que, de forma geral, sempre com suas exceções, está 12

A Educação que Temos, a Educação que Precisamos – Marcus De Mario preocupada em realizar a preparação dos seus alunos para as provas universitárias, direcionando todos os seus esforços para o conteúdo curricular, deixando em segundo plano a formação do caráter, a sensibilização dos sentimentos e outros fatores essenciais da verdadeira educação.

Outro exemplo é o quadro normalmente encontrado nas famílias e que podemos compreender com a seguinte história: O pai e a mãe estavam reformando o quarto da filha, que havia completado cinco anos de idade. Naquele momento estavam pintando as paredes, com o pai sobre uma escada, enquanto a mãe pintava a parede da metade para baixo. A filha entrou no quarto, com os braços cruzados sobre o peito, e, muito séria, perguntou: Que diabos!

Quando vocês vão terminar?". A menina saiu batendo os pés no chão, mostrando sua