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Krieger Vol I

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788589 336772

Ermelinda A. Paz

EDINO KRIEGER
Volume I

Ermelinda A. Paz

CR

EDINO KRIEGER
Volume I

PR

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MUSICAL

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SESC Servio Social do Comrcio Departamento Nacional Rio de Janeiro, maro de 2012

COMPOSITOR

SESC | SERVIO SOCIAL DO COMRCIO


PRESIDNCIA DO CONSELHO NACIONAL Antonio Oliveira Santos DEPARTAMENTO NACIONAL Direo-Geral Maron Emile Abi-Abib Diviso Administrativa e Financeira Joo Carlos Gomes Roldo Diviso de Planejamento e Desenvolvimento lvaro de Melo Salmito Diviso de Programas Sociais Nivaldo da Costa Pereira Consultoria da Direo-Geral Juvenal Ferreira Fortes Filho PROJETO E PUBLICAO Coordenao Gerncia de Cultura / Diviso de Programas Sociais Marcia Leite Equipe de Msica Gilberto Figueiredo Sylvia Letcia Guida Thiago Sias PRODUO EDITORIAL Assessoria de Divulgao e Promoo / Direo-Geral Christiane Caetano Superviso Editorial Jane Muniz Concepo, pesquisa e texto Ermelinda A. Paz Projeto Grfico de miolo Ceclia Juc de Hollanda | Livros & Livros Projeto Grfico da capa Ana Cristina Pereira (Hannah23)

Reviso de Texto Damio Nascimento Elanie Bayma Reviso de Contedo Fernando Krieger Catlogo Temtico Edio: Antonio Jos Editorao: Fbio Adour da Cmara, Srgio Di Sabbato e Thiago Sias Reviso: Srgio Di Sabbato e Thiago Sias Produo Grfica Celso Mendona 2012 SESC Departamento Nacional Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/1998. Nenhuma parte desta publicao poder ser reproduzida sem autorizao prvia por escrito do SESC Departamento Nacional, sejam quais forem os meios e mdias empregados: eletrnicos, impressos, mecnicos, fotogrficos, gravao ou quaisquer outros.

Paz, Ermelinda A., 1949Edino Krieger : crtico, produtor musical e compositor / Ermelinda A. Paz. Rio de Janeiro : SESC, Departamento Nacional, 2012. 280 p. : il. ; 20,5 x 28 cm. Inclui Bibliografia ISBN 978-85-89336-77-2 1. Krieger, Edino, 1928-. 2. Compositores Brasil - Biografia. I. SESC. Departamento Nacional. II. Ttulo. CDD 927.813 Imagem da folha da capa e folha de rosto: Autorretrato de Edino Krieger publicado na Folha da Manh, So Paulo, 23 dez. 1956. [Suplemento] Atualidades e Comentrios, p. 5. Fotos do lbum de famlia: Acervo Edino Krieger.

DEDICATRIA

A meus pais, Pacfico e Edna (in memoriam), minha filha Luciana e meu esposo Zanini, por terem sido meu apoio constante em todos os momentos. Ao CNPq, pela concesso da bolsa de Produtividade em Pesquisa no perodo 1999-2001. funcionria Lise Rodriguez, do Centro de Documentao e Informao da Funarte. Sociedade de Amigos de Brusque, na pessoa do sr. Otto Kuchenbecker, pelo envio de material e livros sobre a cidade e pelo trabalho de consultoria. Secretaria Municipal de Brusque/Secretaria de Turismo, na pessoa do sr. Srgio Petruschky, pela remessa de material sobre Brusque. Editora Tribuna da Imprensa, ressaltando sua diretora-presidente Nice Lourdes Garcia Dante e, em especial, o arquivista Silvio Henrique de Paula e Carlos Silva, que colaboraram sobremaneira, facilitando a consulta ao material. Fundao Biblioteca Nacional, na pessoa de Elizete Higino, diretora da Diviso de Msica e Arquivo Sonoro. s entidades e pessoas que autorizaram o uso de imagens: Carol Pires, Else Baptista, Leonor Scliar, Marcelo Jaff, Marlene Moreira Neves, Nenem Krieger, Paulo Alimonda, Pedro Paulo Koellreutter, Renato Krieger, Ricardo Tacuchian, Saloma Gandelman e Turbio Santos. sra. Jane Guerra-Peixe, pela cesso das cartas da Coleo Guerra-Peixe. comunidade familiar e musical, pelos importantes depoimentos que contriburam em muito para o enriquecimento deste trabalho: Hans-Joachim Koellreutter (em 29/ 7/1997), Mrio Tavares (em 31/7/1997), Maria Teresa Madeira (em 6/8/1997), Henrique Morelenbaum (em 18/8/1997), Turbio Santos (em 25/8/1997), Las de Souza Brasil (em 11/9/1997), Elza Lakschevitz (em 22/9/1997), Ronaldo Miranda (em 26/9/1997), Luiz Paulo Horta (em 8/10/1997), Ricardo Cravo Albin (em 10/10/1997), Ricardo Tacuchian (em 13/10/1997), Saloma Gandelman (em 20/ 10/1997), Jos Maria Neves (em 20/10/1997), Vnia Bonelli (em 3/11/1997), Valria Peixoto (em 7/11/1997), Marisa Rezende (em 9/11/1997), Sonia Maria Vieira em 11/11/1997), Ernani Aguiar (em 25/12/1997), Joo Guilherme Ripper (em 11/1/1998), Ceclia Conde (em 3/3/1998), Eladio Prez-Gonzlez (em 7/3/1998),

AGRADECIMENTOS

Gertrudes e Aldo Krieger com os filhos Edino (4 anos), Renato e Myriam. Brusque (SC), 1932.

EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

Paulo Bossio (em 14/3/1998), Maria Lcia Godoy (em 16/3/1998), Odete Ernest Dias (em 17/3/1998), Lilian Barreto (em 21/3/1998), Carmelo Krieger (em 24/3/ 1998), Tim Rescala (em 5/5/1998), Dante Krieger (em 13/5/1998), Zito Baptista Filho (em 15/5/1998), Maria Jlia Vieira Pinheiro (em 20/7/1998), Gertrudes Rgis Krieger (dez. 1998 e 7/5/2001), Jamary Oliveira (em 12/1/2000), Marcelo Fagerlande (em 22/5/2000), Paulo Moura (em 5/6/2000), Hermnio Bello de Carvalho (em 12/7/2000), Rodolfo Caesar (em 2/8/2000), Antonio Jardim (em 13/8/2000), Heitor Alimonda (em 18/8/2000), Rodrigo Cicchelli Velloso (em 18/8/2000), Miguel Proena (em 21/8/2000), Almeida Prado (em 9/3/2001), Maria Constana Audi de Almeida Prado (em 12/3/2001), Jocy de Oliveira (em 14/3/2001), Amaral Vieira (em 15/3/2001), Jos Vieira Brando (em 16/3/2001), Adelaide Moritz (em 29/3/2001), Rosa Myriam Krieger Costdio (em 31/3/2001), Marcelo Krieger (em 2/4/2001), Carmen Krieger Wachowicz (em 3/4/2001), Renato Rocha (em 16/ 4/2001), Raul do Valle (em 19/4/2001), Rildo Hora (em 20/4/2001), Alexandre Dossin (em 4/5/2001), Dinorah Krieger Gonalves (em 7/5/2001), Aylton Escobar (em 28/5/2001), Roberto Saturnino Braga (em 13/7/2002) e Alceo Bocchino (23/2/2011). s professoras Mrcia Trigueiro (in memoriam), Valria Peixoto, Saloma Gandelman, Rosa Zamith e a Fernando Lyra Krieger, pela diligente leitura e reviso do texto, fornecendo importantes subsdios e sugestes. A Edino Krieger, pela inestimvel colaborao, ressaltando, em especial, a grande contribuio evidenciada por meio da preparao do catlogo temtico. Obrigada, ainda, pelos importantes depoimentos de 19/8/1996 a 8/6/2001 que enriqueceram sobremaneira o trabalho.

SUMRIO

Volume I
Abreviaturas, 8 Apresentao, 9 Prefcio, 11 Introduo, 15 I. O homem e seu mundo, 19

II. O crtico musical, 63 Depoimentos da Comunidade Musical, 71 Resenha das Crticas Levantadas, 74 Tribuna da Imprensa, 75 Jornal do Brasil, 159 III. O produtor musical, 217 Depoimentos da Comunidade Musical, 258
Edino Krieger aos 12 anos. Brusque (SC), 1940.

ndice, 268

ABREVIATURAS

ABC Associao Brasileira de Concertos ABI Associao Brasileira de Imprensa ABM Academia Brasileira de Msica ACC Associao de Canto Coral ACM Associao Crist de Moos ACO American Composers Orchestra AV-Rio Associao de Violo do Rio de Janeiro CBM Conservatrio Brasileiro de Msica CCBB Centro Cultural Banco do Brasil ENM Escola Nacional de Msica FCB Fundao Cinema Brasileiro Funabem Fundao Nacional do Bem-Estar do Menor Funarte Fundao Nacional de Arte Fundacen Fundao Nacional de Artes Cnicas Funterj Fundao dos Teatros do Rio de Janeiro GB Guanabara Ibeu Instituto Brasil-Estados Unidos Inciba Instituto Nacional de Cultura y Bellas Artes INM Instituto Nacional de Msica ICBA Instituto Cultural Brasil-Alemanha INL Instituto Nacional do Livro MEC Ministrio da Educao e Cultura MPB Msica Popular Brasileira OSB Orquestra Sinfnica Brasileira PRO-MEMUS Projeto Memria Musical Brasileira Rdio JB Rdio Jornal do Brasil SEC Secretaria de Educao e Cultura SIMC Sociedade Internacional de Msica Contempornea SRE Servio de Radiodifuso Educativa OSN Orquestra Sinfnica Nacional Soarmec Sociedade dos Amigos Ouvintes da Rdio MEC

APRESENTAO

Edino Krieger aos 14 anos. Brusque (SC), 1942.

reconhecimento da arte como meio de expresso essencial ao ser humano leva o SESC a desenvolver projetos culturais que colocam esta entidade como referncia na promoo e difuso de diferentes linguagens artsticas, com foco na ao socioeducativa. No mbito da msica, o SESC oferece clientela comerciria e ao pblico geral atividades de formao e de apreciao por meio de programao variada e do desenvolvimento de projetos que visam ao aprimoramento esttico e formao de plateia. O livro sobre Edino Krieger uma obra de referncia para professores e estudantes de msica. Dividido em dois volumes, aborda a trajetria profissional do artista e suas mltiplas facetas e dimenses crtico, produtor musical e compositor. Como crtico musical, em especial nos peridicos Tribuna da Imprensa e Jornal do Brasil, tratou de temas de grande relevncia, como polticas culturais visando formao musical acurada, discusses estticas e outros de igual importncia. Sua atividade como compositor vem enriquecendo cada vez mais o repertrio solista, camerista, coral e orquestral brasileiro. Como produtor musical responsvel pelo desenvolvimento e pela preservao da msica brasileira, especialmente as dos perodos colonial e contemporneo. O segundo volume traz informaes sobre o compositor, prmios, distines, homenagens, referncias e indicaes de fontes de pesquisa e consulta, um catlogo temtico completo e uma discografia do compositor, bem como os anexos e o ndice onomstico. O SESC considera oportuno publicar e distribuir esta obra por entender tratarse da biografia de um msico de indiscutvel importncia para o cenrio da msica no Brasil.

Servio Social do Comrcio

EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

Edino Krieger aos 19 anos. Rio de Janeiro (RJ), Natal de 1947.

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PREFCIO

magra a bibliografia dedicada aos mestres da nossa msica bastando dizer que s recentemente pudemos dispor de um estudo abrangente sobre a vida e a obra de uma figura exponencial como a de Camargo Guarnieri. Nesse sentido, merece aplausos o trabalho da professora Ermelinda A. Paz dedicado a Edino Krieger o primeiro do gnero sobre um compositor de raa que acabou de comemorar os seus 84 anos. Alm de ser muito informativo, o estudo tem a vantagem de dar a palavra ao prprio meio musical brasileiro, mobilizado em uma amplssima srie de depoimentos. Tem-se assim um eco do que Edino Krieger significou e significa para este meio musical; e nesse rumo, aparece um dos aspectos mais originais do que o objeto deste estudo. comum a figura do artista na sua torre de marfim. Algumas manifestaes artsticas parecem propcias a essa atitude a pintura, por exemplo, que pode ser praticada em absoluto silncio, em qualquer lugar que convier ao artista. O msico moderno tambm sofreu essa tentao at por uma espcie de entranhada incompreenso da poca. A msica contempornea custa a furar o bloqueio dos mass media e at da rotina de concertos. No preciso muito, depois disso, para que o compositor se sinta um isolado, um incompreendido, e v cuidar da sua vida, desanimado ou ressentido com o meio que no lhe d eco. Edino Krieger poderia ter furado essa barreira pela sua prpria obra em que uma das principais caractersticas, sem prejuzo da profundidade, a capacidade de comunicao, por uma combinao especial de qualidade musical e firmeza de desenho. Mas ele fez mais e nesse sentido que o estudo de Ermelinda A. Paz fornece os maiores detalhes. Quando se examina essa carreira que comeou em Santa Catarina e chegou muito cedo ao Rio de Janeiro, o que salta aos olhos, alm da evoluo artstica, a inteno muito firme de inserir-se no processo social, na discusso da poca, nos assuntos que diziam respeito vida do msico, extrapolando o simples trabalho de composio. verdade que Edino teve boas oportunidades, a partir da bolsa inicial concedida pelo seu estado natal. Outras bolsas vieram, que o levaram aos Estados Unidos e, depois, Inglaterra. Mas nada disso perturbou a sua deciso de fincar p num meio musical como o do Rio de Janeiro; e de, nesse contexto, atuar de todas as maneiras no sentido at altrustico o que especialmente raro, tratando-se de uma personalidade de artista necessariamente envolvido no seu prprio trabalho.

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

Edino mal passara dos 20 anos e j dividia seu ofcio musical com uma participao efetiva no jornalismo cultural. Foi, ao longo de toda a sua vida, um crtico de msica atuante (um dos aspectos mais teis do atual estudo o levantamento completo dessa atividade crtica); e um crtico que, para alm do puro fato musical, sabia enxergar o meio, as correntes de ideias, e entrar no debate quando isso se fazia necessrio. Assim se concretizou, por exemplo, uma participao efetiva na polmica que sacudiu o incio dos anos 1950, em So Paulo e Rio de Janeiro, tendo como tema os supostos malefcios do dodecafonismo tal como ele era ensinado e praticado por msicos como H. J. Koellreutter. No polo oposto ao de Koellreutter estava um grupo de que o porta-voz foi o prprio Camargo Guarnieri. Os nimos se exaltaram muito mais no sentido do ataque ao dodecafonismo e a Koellreutter; o qual, por seu lado, no tinha temperamento para esse tipo de debate e, de qualquer modo, ficava numa posio incmoda, por ser estrangeiro, acusado de corromper esteticamente os jovens msicos brasileiros! Como crtico da Tribuna da Imprensa, Edino entrou sabiamente no debate sem agravar as questes, mas mostrando o que havia de artificial e prejudicial naquilo tudo (veja-se, nos anexos deste estudo, a carta magistral que ele escreveu a Guerra-Peixe, que com ele participara do grupo Msica Viva, mas que, de repente, abria fogo contra as influncias de fora). Esse gosto das ideias, em Edino, no gratuito: corresponde ao seu forte intelecto, que pode ser visto no prprio trabalho de composio. Mas uma capacidade intelectual que, de modo muito raro, se coloca como que disposio do meio, num sentido positivo e construtivo. Pelo menos no Rio de Janeiro, isso marcou uma trajetria invulgar quase que se diria nica: a do artista que trabalha pelo meio onde ele est inserido; que, muitas vezes, parece at deixar em segundo plano o seu interesse pessoal, de modo a mais eficazmente articular os caminhos que levam ao progresso nessa rea especfica de atuao. Pode-se assim acompanhar, neste estudo minucioso, o desdobramento da atividade pblica de Edino Krieger seus longos anos de trabalho na Rdio MEC, na Rdio Jornal do Brasil, posies de onde podia trabalhar com o maior proveito na divulgao e na defesa da boa msica e sobretudo da msica nova, tantas vezes esquecida. Por um desdobramento natural, dessas posies especficas Edino acabou passando ao prprio centro da nossa atividade musical. Assim que lhe coube organizar, em 1969, o primeiro Festival de Msica da Guanabara acontecimento memorvel que, no por acaso, foi a ocasio de se revelarem diversas obras importantes de compositores novos. Da se chegaria quase que naturalmente (mas custa de muito esforo) primeira Bienal de Msica Brasileira Contempornea um evento que iria desdobrarse, desde ento, na maior amostragem da msica nova brasileira, e que Edino coordenou por 12 edies. Nessa longa srie de eventos, a energia do coordenador supriu muito apoio oficial no confirmado; superou muita incompreenso de quem sempre acha que est recebendo poucos benefcios; e terminou estabelecendo um padro de qualidade e objetividade que se desejaria permanente.

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Prefcio

Ainda uma outra etapa, numa vocao pblica que se afirmava cada vez mais, foi a srie de trabalhos realizados no mbito da Funarte. Como diretor do Instituto Nacional de Msica, Edino Krieger ps de p o que foi simplesmente a coleo mais eficiente de projetos de que j se beneficiou a msica brasileira: o Pro-Memus, que produzia partituras e discos; o Projeto Villa-Lobos, voltado para o canto coral; o Projeto Bandas; a Rede Nacional de Msica (concertos por todo o pas). A destruio desses projetos, com o advento da era Collor, s pode ser comparada s loucuras fundamentalistas que andam acontecendo l pelo distante Oriente sendo que, aqui, nem havia justificao teolgica para o exerccio da barbrie. E assim se poderia enumerar infindavelmente projetos e trabalhos que, nas mos de Edino Krieger, ganhavam uma particular eficcia como suas passagens pela direo do Theatro Municipal ou da Academia Brasileira de Msica. Nisso tudo, o msico quase parecia esquecido, subjugado ou soterrado pela quantidade de trabalho braal! Mas de tal modo importante a sua obra, que nunca houve confuso quanto ao Edino msico e o Edino administrador. Quanto ao primeiro desses aspectos, vale citar o depoimento do compositor Almeida Prado, diligentemente recolhido pela autora desse estudo, e que resume muito bem o perfil musical do objeto deste trabalho. Diz Almeida Prado: Nos diversos aspectos da vida de Edino Krieger, coloco em primeiro lugar o compositor, porque considero que tudo o que ele fez to bem gira em torno do fato de ser ele o maior compositor brasileiro, um compositor maior. [...] Voc sente que o estilo Edino Krieger ele; ele tem uma qualidade como compositor que a da comunicao da obra com o pblico. [...] Ouvindo Edino Krieger, voc no sente o esforo do intelectual, do compositor; tudo flui naturalmente, como em Mozart, que, na Sinfonia Jpiter, pode s vezes trabalhar com quatro ou cinco temas, mas voc sente que uma melodia que flui. Essa qualidade da simplicidade que eu acho genial no Edino. [...] Um dos exemplos mais marcantes da sua ltima obra que conheo bem porque fui companheiro dele no trabalho de escrever as Sinfonias dos 500 anos a Terra Brasilis: como se voc assistisse a um filme numa imensa tela, os ndios, a fauna, a flora, a viagem de Cabral... voc se deixa levar nessa viagem, nessa obra genial, pela orquestrao suntuosa que mostra a alta maturidade do compositor. Ele hoje pode se permitir tudo, porque est numa altssima maturidade. Luiz Paulo Horta
Jornalista e crtico de msica no jornal O Globo. Membro da Academia Brasileira de Msica

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

Uma das formaes do Jazz Band America. Em p: Nilo Krieger (cavaquinho), Oscar Bernardes (banjo), rico Krieger (trombone sem vara), Oscar Gustavo Krieger (tuba), Anbal Diegoli (banjo). Sentados: Aldo Krieger (violino), Axel Krieger (violinofone), Rudi Diegoli (bateria), Seifert (clarinete), Primo Diegoli (sax alto) e Augusto Diegoli (trompete). Brusque (SC), dcada de 1930.

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INTRODUO

m meados de 1995, com uma pesquisa recm-concluda sobre Ritmos Populares sua prtica nas baterias das Escolas de Samba e o ensino formal do ritmo na Universidade, pretendemos iniciar uma nova pesquisa, desta vez na rea da msica erudita. Contatamos o amigo Dr. Vasco Mariz para conversar sobre o assunto. De imediato, ele sugeriu-nos quatro grandes mestres Jos Siqueira, Guerra-Peixe, Cludio Santoro e Edino Krieger , todos eles marcos na histria e evoluo da msica brasileira de todos os tempos e merecedores de uma acurada biografia. Edino Krieger, por sua trplice atuao compositor, crtico e produtor musical , guardando em cada aspecto alto nvel de excelncia, seriedade e integridade, motivou de modo especial e decisivo nossa escolha. Como crtico musical, em especial nos jornais Tribuna da Imprensa e Jornal do Brasil, abordou temas de grande relevncia, muitos dos quais, ainda atualssimos, poderiam se transformar em leitura obrigatria para estudantes de msica em nvel de graduao e ps-graduao. Sua atividade como compositor vem suprindo e enriquecendo cada vez mais o repertrio solista, camerista, coral e orquestral brasileiro, com a produo de algumas obras premiadas e j consagradas como Sute para cordas, Divertimento para cordas, Quarteto no1, Sonatina para piano, Ritmata para violo, Brasiliana para viola ou sax alto e cordas, Canticum Naturale, Estro Armonico, Ludus Symphonicus e Variaes Elementares, para citar apenas algumas. A obra de Edino Krieger excelente representante das prticas musicais da segunda metade do sculo XX e XXI, tanto no Brasil quanto no exterior, assegurando a seu autor lugar de destaque no panorama musical de nossos dias. Por oportuno, sua atuao como produtor musical revela um Edino nobre, generoso, batalhador incansvel, zeloso, responsvel quase que absoluto pelo desenvolvimento, resgate e preservao da msica e da criao musical brasileira desde o perodo colonial. Cremos que, no futuro, ao avaliarmos a produo musical brasileira em especial a contempornea e a atuao de Edino Krieger nos diversos rgos pblicos por onde passou, iremos nos deparar com um importante marco: a produo musical brasileira antes e depois de Edino Krieger, tamanha tem sido a sua contribuio em prol da msica e do msico brasileiro. Soma-se a esses Edinos um homem simples, excessivamente tmido, bondoso, ntegro e amigo.

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

Com o carinho e a admirao que sentamos por esse msico de excepcionais qualidades, fomos construindo paulatinamente os alicerces que tornaram possvel este trabalho. Tnhamos como meta principal cobrir o universo do homem e do msico em todas as suas facetas e dimenses. Passamos de simples admiradores a pesquisadores, nos transformamos em crticos e, por fim, j nos sentamos amigos. Construmos sua histria contando com sua efetiva participao, em especial na reviso do catlogo temtico, e ainda em depoimentos ao longo de nossos encontros, somando-se a esses consultas e buscas em arquivos pblicos, privados e no arquivo particular de Edino Krieger, alm de importantes depoimentos colhidos na comunidade musical. Este trabalho possui trs grandes segmentos, aqui representados pelo Edino Krieger compositor, crtico musical e produtor musical. O resultado da pesquisa que teve como primeiro impulso uma bolsa de produtividade em pesquisa do CNPq se encontra dividido em dois volumes. O primeiro volume compreende os captulos o homem e seu mundo, o crtico musical e o produtor musical, bem como as referncias e ndice onomstico. No primeiro captulo, buscamos situar o personagem no seu mundo, percorrendo um pouco da histria de Brusque desde a sua criao, passando pelo seu convvio em famlia, de modo a melhor conhecer o homem, sua histria, suas razes e tradies. No segundo captulo, abordamos a grande contribuio de Edino Krieger como crtico musical, detendo-nos mais acuradamente no estudo das matrias por ele produzidas para o jornal Tribuna da Imprensa de 1950 a 1952 e, ainda, sua contribuio como crtico do Jornal do Brasil de 1956 a 1977 em um total de 663 crticas , fornecendo ao leitor snteses de todas elas em ordem cronolgica, dividindo-as em categorias, selecionando ainda algumas para apresent-las integralmente no texto sob a forma de anexo, passando por outras crnicas mais esparsas, escritas para outros veculos de comunicao, com insero de depoimentos da comunidade artstica. No terceiro captulo, ressaltamos a grande contribuio de Edino Krieger para a preservao e divulgao da msica brasileira de todos os tempos, evidenciada em suas aes poltico-culturais, na administrao pblica e privada, percorrendo toda sua trajetria nas rdios MEC, Roquette-Pinto e Jornal do Brasil, levantando todos os programas sob sua responsabilidade, abordando ainda grandes eventos por ele organizados como os Festivais de Msica da Guanabara (I e II), os Concursos Corais (do I ao XI), as Bienais de Msica Brasileira Contempornea (da I at a XII edies) e, ainda, sua passagem pela Funterj, na qualidade de diretor artstico e sua marcante atividade como diretor do Instituto Nacional de Msica e presidente da Funarte, relacionando os projetos por ele implementados, com nfase no Projeto Memria Musical

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Introduo

Brasileira que nos permite afirmar que a produo musical brasileira se divide em dois tempos: antes e depois de Edino Krieger e, por ltimo, sua atividade como presidente da Academia Brasileira de Msica. Aqui vamos encontrar fatos marcantes da trajetria desse compositor, uma oportunidade de mostrar como sua histria, suas razes e tradies foram fundamentais para a compreenso de sua postura aberta e equilibrada ao longo de sua vida como crtico e gestor de importantes polticas pblicas culturais. E, como veremos no segundo volume, esses traos revelam, ainda, um compositor plural, que transita com maestria por diferentes gneros da msica popular brasileira com requinte e pleno domnio das tcnicas de composio, passando pelos dobrados, pela msica serial e chegando ao Carnaval, em uma bem-sucedida e reconhecida trajetria como criador. Ermelinda A. Paz

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

Certido de nascimento de Edino Krieger.

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Captulo I O HOMEM E SEU MUNDO

cidade de Brusque, localizada no Vale do Itaja, em Santa Catarina, foi fundada em 4/8/1860, por ocasio da migrao de 55 colonos alemes oriundos do gro-ducado de Baden, sul da Alemanha, que aportaram a Vicente S.1 Consta da documentao da Prefeitura Municipal de Brusque que era fundada ento a Colnia Itajahy, que posteriormente passou a denominar-se Brusque, sendo instalada por Maximilian Von Schneburg, seu primeiro diretor. S no ano de 1860 chegaram mais trs grupos de colonos. Nos anos que se seguiram, a corrente imigratria era composta somente de alemes,2 oriundos de Baden, Holstein, Oldenburg, Westphalia e Prssia. Mais tarde, outras nacionalidades somaram-se a esta. Os elementos francs e irlands no se adaptaram colonizao imposta, embora tenham recebido todo o auxlio dispensado aos outros imigrantes: alimentos, dinheiro, ferramentas um machado, uma foice e uma enxada , assistncia mdica e religiosa. O pesquisador Ayres Gevaerd assinala que, por volta de 1875, comearam a chegar, em elevado nmero, imigrantes italianos, instalados nas linhas Porto Franco, Ribeiro do Ouro, guas Negras, Limeira e Poo Fundo: Nos trs primeiros lugares os colonos italianos dedicaram-se explorao das matas e consequente montagem de engenhos de serra, iniciando tambm a fabricao de cal aproveitando as 3 riqussimas jazidas de calcrio. Segundo Maria do Carmo Ramos Krieger Goulart, em seu trabalho A imigrao polonesa nas colnias Itajahy e Prncipe Dom Pedro (1984, p. 14), o elemento alemo chegado primeiro Colnia Itajahy tomou para si as melhores terras, nela desenvolvendo uma economia rudimentar, basicamente de subsistncia, sobrando ao italiano o recurso de estabelecer-se nas matas. [...] A invaso de suas terras ocorria no s por parte do imigrante italiano; outros indivduos, habitantes da vizinha Colnia Itajahy, incursionavam ao local, abastecendo-se de madeiras de que a regio era frtil. Foi nesse clima de disputas que se deu a chegada do imigrante polons. A autora tambm analisa o contexto em que se deu a primeira imigrao polonesa: em agosto de 1869 desembarcaram 16 famlias oriundas da Silsia e foram estabelecidas na linha Sixteen Lots, ento abandonada pelos irlandeses (GOULART, 1984, p. 16-17).

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

Gustav Schlsser em carta aos amigos que ficaram na Polnia, traduzida pela supracitada autora, relata que Brusque, quando da chegada dos imigrantes poloneses, era uma pequena cidadezinha de aproximadamente 400 habitantes, sem vida comercial. Os comerciantes que ali faziam seus negcios eram alemes, no empresrios, que assim gostavam de negociar sua maneira com os colonos (GOULART, 1984, p. 47). Em 1889 chegou ainda um pequeno grupo de poloneses originrios de Lodz, que, no possuindo dotes para o trabalho na lavoura, iniciaram aos poucos a era da tecelagem, em modesta indstria artesanal domstica, que se tornou mais tarde a sede da primeira indstria de fiao de Santa Catarina a Fbrica de Tecidos Carlos Renaux, fundada em 1892 transformando-se em 1924 nas Indstrias Txteis Renaux S.A. Em 1/1/1911 surge outra importante indstria, a Cia. Industrial Schlsser, passando a cidade de Brusque a ser considerada o bero da Fiao Catarinense. O estabelecimento dos imigrantes poloneses em Brusque foi, sem dvida, o caminho para o desenvolvimento alcanado pelo 4 setor industrial de que a cidade hoje desfruta. Mais adiante a autora enfatiza que, alm de fornecer um excedente de mo de obra altamente capacitada para o povoamento do vale do Itaja-Mirim, os poloneses contriburam de modo decisivo para o aparecimento das tecelagens, no deslanche da industrializao do Bero da Fiao Catarinense, ainda que fosse pequeno o nmero de seus imigrantes em Brusque. Em 23/3/1881, pela Lei Provincial no 920, a Colnia Itajahy transformava-se em municpio, com o nome de So Luiz Gonzaga. A partir de 17/2/1890, pelo Decreto no 77, passava a denominar-se definitivamente Brusque, em homenagem a Francisco Carlos de Arajo Brusque, presidente da Provncia de Santa Catarina por ocasio da fundao da Colnia. Euvaldo Schaefer (1996, p. 875) falando sobre o desenvolvimento da Colnia, assim se expressa:
Brusque era uma vasta e pobre colnia. Nenhuma essncia preciosa, nenhuma especiaria, nem ouro, nem prata, nem diamante, nenhum elemento imediatamente utilizvel existia para despertar a cobia dos conquistadores, dos colonos etc. Eis porm, que o acaso, um acaso histrico, veio transformar completamente a Colnia de Brusque, dando-lhe possibilidade de um rpido desenvolvimento. A Colnia, de pauprrima, tornou-se riqussima. [...] Desembarcados os colonos, estabelecidas as primeiras toscas moradias, abertas as primeiras picadas que deviam construir as vias pblicas, todas as valetas nas suas margens, a fim de drenar o terreno bastante alagadio, localizaramse os novos habitantes das terras longnquas nos seus lotes e a luta contra o desconhecido futuro sob o clima tropical. [...] Os colonos foram-se habituando, e as relaes fizeram surgir ideias que lhes amenizassem os dias afanosos, sem

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contar as tradies comuns que lhes ligavam. Surgiram, pois, as sociedades escolares, as comunidades religiosas, mais tarde as sociedades recreativas, quais as de canto, as desportivas e a de ginstica.5

Giralda Seyferth (1974, p. 90-91) atesta que houve um grande crescimento de sociedades para fins de recreao e entretenimento, sales de baile e associaes ligadas s igrejas, tendo como papel integrar os membros da comunidade colonial, que no congregavam apenas os seus scios, mas sim refletiam a vida pblica da comunidade inteira. Na publicao intitulada Brusquer Zeitung Organ zur Frderung der Interessen Brusques, de 3 de agosto de 1912, traduzida e publicada pela revista Notcias de Vicente S. Brusque, Ontem e Hoje!, Ano V, no 48, de agosto de 1996, consta que em 14/7/1866 foi fundada a Sociedade Caa e Tiro SchtzenVerein Brusque , em 22/7/1896 a Sociedade de Canto Singerbund ,6 e ainda a Sociedade de Cantores Gesangverein Sngerbund , sem indicao de data. Em 16/6/1900 surge a Sociedade Ginstica Brusque Turnverein , hoje conhecida como Sociedade Esportiva Bandeirantes. Ao se encetar estudos sobre Brusque, percebe-se nitidamente que Igreja e Escola sempre estiveram estreitamente ligadas no perodo colonial. Sabe-se que o governo deixou a educao por conta e sorte da iniciativa particular os professores pagos pelo governo para este fim eram em nmero insuficiente , cabendo s igrejas grande parte deste trabalho. To logo se viram organizadas e estruturadas, com pastor e vigrio residentes na cidade, elas tomaram a si a tarefa de ensinar e integrar os membros da comunidade. Vida escolar e vida religiosa caminharam neste perodo lado a lado. As religies professadas pela comunidade eram a Evanglica Luterana e a Catlica Apostlica Romana, que tinha Nossa Senhora do Caravaggio como smbolo maior da religiosidade dos colonos italianos recm-chegados e, por parte dos colonos poloneses, Nossa Senhora de Czestochowska. Estudos publicados na revista Notcias de Vicente S. Brusque, Ontem e Hoje!, Ano V, no 49, p. 926, sobre o incio das prticas religiosas na comunidade brusquense, apontam junho de 1861 como sendo a data da primeira visita do primeiro vigrio catlico, padre Alberto Gattone, vila. A comunidade evanglica foi fundada em 17/4/1863 pelo pastor Hesse de Blumenau, no rancho provisrio dos imigrantes, sendo que o primeiro pastor com residncia fixa em Brusque foi Sandreczki, que realizou o primeiro culto em 5/2/1865, criando ainda a Escola Evanglica local. O perfil europeu, tendo como suporte as culturas germnica, italiana e polonesa, representa o somatrio de um povo com forte disposio para o labor e a tradio. Esta ltima evidencia-se mais na arquitetura construes antigas
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ou novas deixam transparecer o estilo enxaimel, que solidifica-se atravs dos tempos, evidenciando-se nos edifcios e praas, como os prdios da prefeitura e do Frum , na gastronomia e na religiosidade. A msica surge em Brusque quase que juntamente com a instalao da colnia alem. Aos poucos comeam a surgir conjuntos, bandas e coros, resultando num nmero bastante significativo nos primeiros 100 anos de existncia. Consta nos peridicos que os primeiros conjuntos eram formados principalmente por homens que se dedicavam durante o dia ao trabalho braal e que, nos momentos de folga da lavoura, dedicavam-se msica, quase sempre em famlia, cultivando desta forma um hbito bem europeu. Famlias quase que inteiras dedicavam-se aos instrumentos e, ainda, ao canto. Segundo registro extrado do Dirio Catarinense de 31 de julho de 1999, sob o ttulo Msica est no sangue, o primeiro conjunto brusquense data de 1874 [sic] o Schtzen-Verein Brusque , dirigido e criado por Augusto Maluche, que foi um grande fazendeiro na regio. Outrossim, pesquisa realizada no setor de documentao da Sociedade dos Amigos de Brusque revela que a criao do conjunto data de 14/7/1866, com seu centenrio de criao comemorado na cidade em 14/7/1966. Suas primeiras atuaes deram-se nas festas de 7 Pscoa promovidas pela Sociedade Schtzen-Verein Brusque. Ainda que no haja documentao sobre a data provvel de sua criao, encontramos ainda 8 registros sobre a banda Orthmnner Kapelle, que atuava a seis quilmetros da sede, em Guabiruba. Em 1896 surge o conjunto vocal masculino Gesang9 Verein Brusque, que teve longa existncia, com quatro integrantes da famlia Krieger: Willy, Otto, Guilherme e Hermann. Consta que, ao participar de concursos intermunicipais, vrias vezes voltou com o prmio principal. A partir de 1900, foram surgindo outros conjuntos como: o Orfeo Evanglico 10 de Brusque, dirigido por pastores e professores da Igreja Evanglica (1903), inicialmente denominado Coral da Comunidade Evanglica, que persiste at hoje com pequenas interrupes; o Madrigal da Associao das Damas de Caridade (6/12/1907),11 criado para participar dos cultos evanglicos; a 12 Pequena Orquestra de Cmara (1910), sob a direo de Primo Diegoli cunhado de Gustavo Krieger e tio de Aldo Krieger , que alegrava bailes e saraus familiares; o Coro Catlico (1910), tendo o compositor Humberto Mattioli como um de seus dirigentes, sendo ainda um exmio tocador de 13 pisto, que aprendeu com Antnio Schwartz; a Banda Musical Concrdia 14 (1910); a Banda Musical Liberdade (1913), tambm conhecida pelo nome de um de seus fundadores Willy Appel Kapelle; a Schola Cantorum (1927), resultante das atividades religiosas do Seminrio de Azambuja, tendo como fundador e ensaiador Dom Jayme de Barros Cmara, responsvel pelos primeiros corais a quatro vozes; o Jazz Chopp com
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Aldo Krieger aos 8 anos. Com essa idade, Aldinho tocava bandoneon e fazia as trilhas sonoras para os filmes mudos da poca. Brusque (SC),1911.

Rosca (1928), fundado por Vitor Ademar Gevaerd; o Jazz Band America (1929), fundado por Aldo Krieger, tido como o mais importante conjunto de danas da cidade; o Ideal Jazz Band (1933), tambm fundado por Vitor Gevaerd; o Clube Musical (1935); o coral denominado Madrigal (1940), criado por Aldo Krieger, seu primeiro regente; a Sociedade Musical Concrdia (1942), tambm criada por Aldo Krieger, que, junto com seus companheiros, almejava reativar a Banda Musical Concrdia, fundada por Humberto Mattioli; a Banda Musical Aurora (1946), fundada em 15 Azambuja pelo padre Gregrio Warmeling; a Amrica Orquestra (1949); a Urca Jazz (1949), que, alm de alegrar a regio com suas apresentaes, participava de programas de rdio; o Orfeo Juvenil Amadeus Mozart (1951), criado por Aldo Krieger; o Conservatrio de Msica de Brusque, 16 tambm fundado por Aldo Krieger em 18/11/1954; e o Conjunto Serenata, que, conforme o prprio nome indica, destinava-se a fazer as 17 serenatas sob a janela das mooilas. Todos estes conjuntos de acordo com o seu perfil estiveram presentes nos eventos da comunidade. Sobre o Conservatrio de Msica de Brusque, o sr. Otto Kuchenbecker nos d o seguinte depoimento: Sua permanncia foi por poucos anos, mas o 18 suficiente para contribuir para difundir a arte e a cultura musical. A histria de algumas famlias se confunde com a prpria histria da msica 19 de Brusque. A trajetria dos Krieger data de 1861, com a chegada ao Brasil de imigrantes alemes vindos de Oldenburg para a provncia recm-criada. Iniciando aqui os preparativos de uma nova vida, os evanglicos luteranos Jacob Krieger e Augustine Fridericke Luise Kuchenbaecker se casam (KRIEGER, 1978, p.4). Dessa unio, nasceu em 26/1/1878 Gustav Philipp Krieger, mais conhecido por Gustavo Krieger, que, juntamente com outros imigrantes europeus, ajudou a escrever a histria de Brusque. Em decorrncia de sua contribuio para o estabelecimento da cidade de Brusque, o nome Gustavo Krieger foi dado rua que liga a rua Felipe Schmidt com a rua Vereador Guilherme Niebuhr, por meio da Lei no 763/77 de 12/12/1977. Consta que ele apreciava a msica e que em seu tempo livre tocava flauta considerado exmio flautista , clarinete, concertina e viola de concerto. Gustavo Krieger era um notrio alfaiate; sua Alfaiataria Elegante, fundada em 1898 e posteriormente denominada Irmos Krieger, era nica no gnero. Sabe-se que a fama da qualidade dos servios era tamanha que Carlos Renaux, cnsul do Brasil em Baden-Baden, encomendava-lhe seus ternos, quando tinha disposio os servios de alfaiates europeus (KRIEGER, 1978, p.5). Em 19 de novembro de 1902, Gustavo Krieger se casa com Adelaide Diegoli, uma imigrante italiana, oriunda de Bolonha. Dessa unio resultaram 17 filhos Aldo, Bertilha, Oscar, rico, Oscar Gustavo, Melida, Lilly, Oswaldo, Axel, Nilo, lida, Walkyria, Dirce, Aurora,
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Jeanette Aurora, Zita Adelaide e Raynerio Osvaldo (KRIEGER, 1978, p. 49). A trajetria musical dos Krieger data de 1896, conforme anteriormente citado, com Willy, Otto, Guilherme e Hermann, todos antepassados do maestro Aldo Krieger, que estreou musicalmente em 1911 aos 8 anos de idade, fazendo trilha musical para os filmes mudos da poca tocando bandoneon. Mais tarde, com

Aldo e Gertrudes Krieger (sentados) com os filhos. Atrs: Carmen, Renato, Edino, Myriam, Mozart e Dante. frente: Dinorah, Marcelo e Carmelo (sentado). Avenida Cnsul Carlos Renaux, Brusque (SC), 21/11/1949 (vspera do retorno de Edino ao Rio de Janeiro (RJ).

14 anos, ingressou na Banda Musical Concrdia, onde chegou a atuar como mestre. Sua presena uma constante em quase tudo que se fez de msica no municpio de Brusque. Outra famlia que tambm registrou sua presena em diversos grupos foi a Diegoli, que em 1910 participava da Pequena Orquestra de Cmara com Primo, Willy e Augusto , sendo que outros Diegoli foram tambm importantes para a Sociedade Musical Concrdia: Guilherme, Anbal, Wladmir, Rudi e novamente Primo, na qualidade de regente. A famlia Moritz foi outra que se destacou neste contexto, figurando desde 1896 na GesangVerein Brusque, sendo representada por Mathias e Lehmann, integrando mais tarde outros conjuntos. Citamos ainda a famlia Walendowsky representada por Adolpho , que tocou na Banda Musical Concrdia, no conjunto Ideal Band e no Conjunto Serenata. Em 17/3/1928, nasce Edino Krieger que viria a ser o mais importante compositor catarinense e um dos grandes de sua gerao , como fruto do casamento em 11/10/1923 de Aldo Krieger (5/7/1903-12/10/1972) filho mais velho de Gustavo Krieger e Adelaide Diegoli (ambos comumente chamados por seus familiares de papa e mama) com Gertrudes Krieger (17/11/1905

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-2/11/2002) filha de Joaquim Egydio Rgis e Albertina Mafra Rgis. Aldo era alfaiate, msico e torcedor do Sport Club Brusquense e Gertrudes, funcionria do Laboratrio Boettger e torcedora do Clube Esportivo Paissandu. Edino (Nino) era o terceiro que se tornou o segundo com o falecimento do irmo Harry Nelson (14/1/1926 10/6/1926), que o antecedeu de uma famlia integrada por mais oito irmos: Rosa Myriam (Maninha, 2/3/1924 10/8/2008), Renato (Tato, 26/11/1930 10/9/1996), Carmen (Cac, 7/12/1934), Mozart (Quinho, 26/10/1938 27/2/2003) e Dante (Lenta, 26/10/1938) estes dois, gmeos , Marcelo (Celo, 18/8/1940 2/2/2011), Dinorah (Tica, 31/1/1943) e Carmelo (Nique, 5/10/1946), de acordo com informaes constantes no trabalho indito Gertrudes Rgis Krieger 90 anos, de autoria do filho Marcelo. Edino recebeu este nome em homenagem a um soldado msico (clarinetista) que seu pai conhecera quando prestava servio militar no 15o Batalho de Caadores de Curitiba, em 1926, e que havia se tornado seu amigo. Dona Gertrudes Rgis Krieger em comunicao pessoal datada de 7/5/2001 nos fala sobre essa poca:
Quando o Edino nasceu, a Myriam tinha quatro anos. O Aldo j tinha voltado do quartel (15o Batalho de Caadores de Curitiba) e ns estvamos morando novamente em Brusque, porque durante o tempo em que o Aldo serviu eu fiquei em Rio do Sul, na casa de meus pais. Em Brusque, fomos morar na casinha da rua Paes Leme, aquela que aparece no quadro que o Aldo mandou pintar. E Edino nasceu em casa. A parteira era a Frau Bordes. [...] Ele nasceu de manh cedo. [...] Ento, todo dia de manh a Martinha [Martinha era a 9a de uma famlia de 12 irmos: Milito, Maria Lina, Alice, Juvenal, Gertrudes, Albertina, Joo, Ambrsio, Martinha, Anto, Jlia e Casemiro] ia l em casa me ajudar a cuidar do Edino. Ela lavava a roupa dele e fazia o almoo para mim.

Anotaes feitas por Aldo Krieger.

Por ocasio do nascimento de Edino, a famlia morava numa pequena casa de madeira na rua Paes Leme, 141. Em 1934 mudou-se para Rio do Sul, de l retornando em 1936, passando a morar numa pequena casa Sul, (Edino no lembra o nome da rua). Posteriormente, aproximadamente (Edino em 1941, a famlia se mudou novamente. Foi para uma propriedade em do Dr. Carlos Moritz, que, no dizer de Mozart, meio emprestou, meio do alugou a casa para seus pais.
Lembro-me da mudana para a cadeia velha. As tralhas vieram de carroa, que entrou pelos fundos, [...] que ficava para a indstria Renaux. A casa, que no existe mais e nunca foi fotografada, era um chalezo, com poro alto e o acesso pelos fundos se fazia por uma escada de madeira, alta e empinada, por onde subiu a mudana. (Palavras do irmo Mozart)

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A citada casa de acordo com o relato do irmo Mozart no trabalho indito Quod Scripsi, Scripsi, por ele escrito entre 1988 e 1993 possua quatro quartos amplos, uma sala de estar, uma sala de jantar, uma cozinha, uma grande varanda com vistosa trepadeira que se prendia a uma armao de madeira em trelia larga, com vos em arco, muito bonita, especialmente quando a roseira floria, e um sto. O terreno era muito grande e comportava uma bela plantao de hortnsias, cuidada com esmero pela irm Myriam, alm de diversas rvores frutferas. Tinha ainda uma cumeeira alta, que trazia ao centro um buraco redondo para entrada de corujas, buraco este observado pelo irmo Dante quando ainda na carroa com as mudanas. Ligando a sala cozinha e passando por entre os quartos que ficavam direita e esquerda, havia um comprido, estreito e escuro corredor que se interligava com todos os cmodos. Segundo descrio de Dante, era possvel, entrando pela porta da sala que abria para a varanda, seguir pelo corredor e, passando pela cozinha, sair novamente para a varanda pela porta da sala de jantar.
E era exatamente assim que o Edino nos punha Mozart, Marcelo e eu a correr em crculos pela casa enquanto ele mesmo se escondia subindo pelas paredes do corredor at o teto apoiando-se mos e ps nos dois lados do corredor estreito e nos fazia rir s gargalhadas quando o descobramos l em 20 cima junto ao forro, num canto escuro. (Depoimento do irmo Dante) Edino, para ns, era como um cometa, uma estrela maior, que aparecia de tantos em tantos anos. Lembro-me, quando ele esteve na Inglaterra e tinha um programa na BBC de Londres, que fazia a produo e a locuo ao vivo e ns ficvamos ouvindo ele falando, era pura emoo! (Depoimento do irmo Carmelo)

L eles permaneceram aproximadamente at 1947 ou 1948. Aldo Krieger trabalhava no comrcio para o sustento de sua famlia, tendo sido gerente da Loja Renaux antes de abrir uma casa de sapatos a Casa Renato, em homenagem ao filho, seu brao direito no trabalho. Quando o estabelecimento comeou a produzir lucro eles voltaram a se mudar. Foram morar na casa do sr. Hobus. Era um casaro de trs andares que ficava em frente ao Hotel Gracher, bem no corao da cidade. L a famlia permaneceu at o incio de 1950. Nessa poca, Edino Krieger j estava no Rio de Janeiro. Aps rescindido o contrato de locao mista residencial e comercial com o sr. Hobus, a famlia foi para a casa de propriedade do sr. Norival Loureiro, prxima da cadeia velha. A partir de agosto de 1951 eles se mudaram para a casa de Frau Lbcke, casa esta que se transformou no primeiro patrimnio da famlia, que at ento vivera
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sempre em casas alugadas. Depois de fechada a Casa Renato (o negcio durou aproximadamente quatro anos), Aldo Krieger foi trabalhar na prefeitura, como professor de canto orfenico no Colgio Cnsul Carlos Renaux, trabalhando com msica, seu verdadeiro mtier. Em decorrncia disto e como condio sine qua non para continuar exercendo a funo de professor de msica, em face das novas exigncias resultantes da implementao do canto orfenico, passou o ano de 1953 no Rio de Janeiro ele residia com o filho Edino na rua Senador Vergueiro, 135, no Flamengo , estudando no Conservatrio Nacional de Canto Orfenico sob a orientao de Villa-Lobos. Aldo Krieger viajou sozinho, deixando Dona Gertrudes tomando conta da casa e dos filhos. Segundo Mozart Krieger, Dona Gertrudes revelou-se uma tima administradora domstica, funo para a qual nunca houvera sido convocada.
O fato que administrou os dinheiros parcos e minguados que recebia da Prefeitura com tal noo de economista, ao ponto de surpreender o Pai em seu retorno. Ela havia comprado na marcenaria do seu Adolpho Walendowsky uma moblia inteiramente nova para o quarto, com cama, guarda-roupa, penteadeira e criados-mudos e, nas Lojas Renaux, um sof para a sala e at um tapete verde, tudo a prestao, pagando pontualissimamente e abrindo crdito ilimitado na praa. (Depoimento do irmo Mozart)

Mais tarde, Aldo Krieger fundou o primeiro Conservatrio de Msica de Brusque. Da passagem de Aldo Krieger pelo Conservatrio Nacional de Canto Orfenico, Edino nos revelou uma interessante histria. ele quem nos fala:
O Villa-Lobos inventou um sistema de compor baseado nas linhas das montanhas. No s das montanhas como New York Sky-line Melody, baseado no perfil dos arranha-cus de Nova York e assim ele fazia tambm com as montanhas. Isso era uma disciplina que ele ensinava no Conservatrio Nacional de Canto Orfenico. Os alunos do Conservatrio tinham com ele essa disciplina que se chamava a Msica das Montanhas e que consistia em extrair melodias a partir de um grfico das montanhas. Pegavam a montanha, desenhavam o contorno da montanha, depois colocavam um papel quadriculado transparente e anotavam nesse papel os pontos principais daquela linha da montanha. Cada linha daquele papel quadriculado no sentido horizontal significava a durao e no sentido vertical dava a altura das notas de acordo com a escala, enfim, que ele colocava a. Ento um dia meu pai chegou em casa, ele morava comigo num apartamentinho ali no Flamengo, e disse: O Villa-Lobos maluco mesmo, imagine s que ele inventou essa histria de fazer melodia das montanhas e a vai ter uma prova por esses dias e a gente vai ter que levar uma melodia, uma composio baseada nessa melodia das montanhas e eu no sei como vou fazer isso. Ele fez uma vez, fez duas vezes

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e achou que tinha sado uma droga a melodia das montanhas, a ele resolveu o problema invertendo a situao. Eu vou fazer primeiro a melodia, depois fao a montanha em cima, ele no vai saber o que eu fiz primeiro e assim ele fez. Ele fez a melodia com contraponto etc., depois botou l papel quadriculado e desenhou a montanha em cima daquela linha meldica, daquele contraponto e a veio me mostrar, a eu falei: No que saiu uma coisa assim meio parecida com o Corcovado e com o Po de Acar? At que est interessante realmente. Ele disse: Isso aqui eu vou levar para o Villa-Lobos. No dia da prova levou para o Villa-Lobos e chegou em casa depois s gargalhadas contando como que foi e disse que o Villa-Lobos comeou a analisar os trabalhos dos alunos e ele lia e tocava no piano e dava um conceito de acordo com a qualidade que ele achava que o trabalho tinha. Ento ele tocava, olhava e dizia: De quem esse trabalho? meu, mestre, olha, esse seu trabalho aqui est parecendo um amigo da pulga, est muito ruim e ele colocava no trabalho amigo da pulga e assinava Villa-Lobos e dizia vai melhorar esse trabalho. Pegava outro, esse trabalho aqui no est bom, parece um amigo do rato, escrevia l amigo do rato, assinava Villa-Lobos. E assim ele ia, amigo do gato, amigo do cachorro, amigo do cavalo e qualquer coisa, amigo do macaco j era bem melhor. A de repente ele pegou as montanhas do trabalho do meu pai, tocou e disse: Olha que beleza! Olha s! Isso que eu pedi, olha a melodia, o contraponto, as duas montanhas, que maravilha, vamos transferir isso para o quadro e vamos cantar. A copiou no quadro-negro, fez todo mundo cantar a duas vozes para solfejar e disse: Aqui vocs esto vendo como meu sistema funciona quando as pessoas so realmente musicais, aqui um trabalho excelente, olha as montanhas, isso aqui no parece o Corcovado, isso no parece o Po de Acar? Ele pegou o Corcovado e o Po de Acar e veja que beleza de msica que ele fez, sabem por qu? Porque a montanha boa, se isso fosse uma porcaria de montanha, seria uma porcaria de msica, como vocs fizeram. A montanha dele uma montanha bonita, bem-feita e ta uma msica boa. Ento ele colocou assim: parabns, amigo da gente, Villa-Lobos. Meu pai chegou em casa s gargalhadas. (Os irmos Carmelo e Marcelo sempre disseram que Villa-Lobos escreveu para Aldo Krieger: Ao amigo de todos ns Villa-Lobos.)

Voltando a Edino Krieger, na srie de entrevistas que ele nos concedeu, ele acrescenta informaes que enriquecem o nosso conhecimento sobre sua biografia:
Nasci de uma famlia de msicos. Meu pai, na verdade, era um msico autodidata, um msico espontneo. Meu av tocava viola, clarinete e tocava em conjuntos tpicos. Isso do lado alemo. Meu bisav italiano tambm tocava instrumento de sopro, no lembro bem qual.

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Edino herdou dos dois lados da famlia, tanto do alemo quanto do italiano, esse pendor para a msica, ainda que sua miscigenao racial acuse a presena do elemento portugus e indgena, este ltimo recentemente descoberto. O seu pai comeou cedo a participar de conjuntos de bomios que faziam serestas, e tocava vrios instrumentos. Teve aulas de violino e bandoneon com Graupner, um mestre alemo que tambm tocava no cinema mudo. Aldo Krieger costumava acompanhar o professor no cinema mudo e depois acabou substituindo-o. Sempre procurou incutir o gosto pela msica em seus filhos, propiciando aos mesmos uma iniciao musical. Myriam, Carmen, Dante e Dinorah estudaram piano; Edino, Mozart e Carmelo foram levados ao violino. O pai de Edino tinha um certo esprito de liderana, comeou a organizar conjuntos e a ensinar msica aos seus irmos mais jovens; ento, faziam grupos de serenata, de seresta, e tocavam em casas, em festas. Sempre nos fins de semana eles se reuniam e faziam msica em casa. Desde garoto Aldo Krieger participava da banda de msica da cidade, que foi organizada por um trompetista de origem italiana, o Mestre Mattioli. Comeou como percussionista, tocando tambor, caixa etc., depois passou para o clarinete. E acabou substituindo o velho Mestre. Ele comps, inclusive, muita msica para banda. Edino Krieger tambm escreveu um dobrado para essa banda de msica, intitulado Saudades de Brusque, dedicado ao Mestre Aldinho, seu pai. Em 1929, quando Edino tinha apenas um ano de idade, Aldo Krieger organizou o primeiro Jazz Band do Estado de Santa Catarina. O Jazz Band America, que manteve sua atividade por 12 anos, tinha em sua formao msicos da mesma famlia: do lado dos Krieger alfaiates e evanglicos , Aldo e mais trs irmos (rico e Axel que j tocavam no Chopp com Rosca e Oscar Gustavo); e do lado Diegoli marceneiros e catlicos , Primo e Augusto tios dos Krieger , Anbal e Rudi primos deles. Mais tarde entraram Nilo Krieger e Ivo Diegoli. Edino relatou-nos que durante o dia os cinco Krieger eram todos alfaiates de profisso, e noite eram msicos. Quanto aos cinco Diegoli, seguiram o ofcio do bisav italiano, que era tanoeiro e marceneiro. Edino lembra que seu bisav Gregrio Diegoli contava como uma das grandes glrias da sua biografia o fato de um dia ter sido chamado para consertar uma janela na casa de Giuseppe Verdi, que ele conheceu pessoalmente. Para ensaiar o Jazz Band eles se reuniam na alfaiataria de Gustavo Krieger, que tinha um salo imenso. O conjunto era integrado por dois violinos-fone (um violino que tinha um diafragma de onde saa uma campana), clarinete (o pai de Edino se alternava no uso desses dois instrumentos), dois trompetes, dois saxofones um alto e outro tenor , dois banjos, um trombone de vara (trazido
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da Alemanha para rico Krieger, tio de Edino, tocar), uma tuba e um baixotuba. Era um som tpico de jazz band americano da poca, fazendo msica brasileira. L eles tambm faziam os ensaios para o Carnaval. A alfaiataria era o local onde a cidade inteira se concentrava para preparar o Carnaval. A garotada toda ia assistir aos ensaios do Jazz Band, os blocos se reuniam ali, e o pai de Edino mandava buscar em So Paulo, nas editoras, as msicas impressas para o Carnaval. Na poca, no se ouvia muito rdio, ento o repertrio era aprendido com as msicas tocadas pelos conjuntos. Sobre essa poca, Edino revela que:
O Jazz Band tocava ali as msicas do Carnaval, e ento as pessoas, os jovens da cidade, decidiam qual era a msica que iam escolher para formar o seu bloco. Ento, formavam o Bloco da Jardineira, da Tirolesa, das Touradas de Madri etc. Isto se deu na dcada de 1930. poca muito frtil do Carnaval de salo, de rua. Eles faziam corsos. O Jazz Band, na verdade, fazia o Carnaval no s da cidade, como de repente comeou a ser solicitado a tocar, a fazer carnavais nas cidades vizinhas. Eles tocavam muito mais por prazer do que profissionalmente. Era realmente uma grande curtio! Eles fizeram muito Carnaval em Itaja, Florianpolis. Eu me lembro muito de meu pai muitas vezes chegando em casa, em fins de semana em que eles iam tocar, por exemplo, em Tijucas que uma cidade vizinha , em Florianpolis etc., que so cidades de colonizao mais aoriana, portuguesa, e que tm tradies folclricas tipicamente de origem portuguesa aoriana. E lembro que uma vez ele chegou em casa num desses carros antigos que eles usavam para o transporte, trazendo um Boi-deMamo. O Boi-de-Mamo o correspondente aoriano do Bumba-meu-Boi do Nordeste, o Boi-Bumb. E l na minha cidade mesmo havia grupos que, na poca da Folia de Reis, Natal, faziam o Boi-de-Mamo. Isso eu lembro muito bem: da porta da minha casa, de vez em quando, ver esses grupos que cantavam e danavam, fazendo esse tipo de folguedo, o Boi-de-Mamo.

Outras festas folclricas brasileiras como, por exemplo, as festas de So Joo, eram muito cultivadas na comunidade. Nessa poca do ano costumava fazer muito frio, havia fortes geadas, e era costume local frequentar os clubes, sobretudo os de futebol. Brusque foi sede, em 1913, do primeiro Clube de Futebol de Santa Catarina, o Sport Club Brusquense. Os clubes sociais mais importantes organizavam as festas so-joanenses, que sempre foram muito familiares. Nelas danava-se quadrilha, pulava-se fogueira, comia-se batata-doce, melado, esse tipo de coisas que so comuns cultura brasileira de um modo geral. Edino esclarece que s vezes as pessoas pensam que em Santa Catarina, um estado de colonizao europeia muito acentuada, as tradies devem ser europeias; no entanto, pelo menos na cidade dele e na sua poca, no
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eram. Ele enfatiza que sempre sentiu uma ligao muito mais forte com as tradies folclricas de origem portuguesa e africana do que alem ou italiana. Festa alem, mesmo, havia uma que era muito tradicional na cidade e que corresponde, talvez, ao que hoje a Oktoberfest, em Blumenau: era a Festa dos Atiradores, a Schtzenfest, em um clube de caa que, antes da guerra, chamavase Schtzen-Verein e depois passou a ser o Clube de Caa e Tiro Arajo Brusque. Fundado em 14/7/1866, considerado o mais antigo do gnero na Amrica Latina e o mais antigo em funcionamento no Brasil. A Schtzenfest uma tradio tipicamente alem e sempre trouxe lembrana de Edino o Freischtz de Weber, que tem um pouco dessa atmosfera do franco-atirador. Nestas ocasies era tocado, evidentemente, o repertrio tipicamente alemo, das polcas, dos Lndler etc. Essas so algumas das primeiras lembranas de Edino! Lembranas que passaram a fazer parte de um repertrio cravado na memria e que, mais tarde, seguramente, iriam se refletir em suas composies. Edino lembra-se de, muitas vezes, acordar de madrugada com uma serenata no porto da sua casa, que era a ltima parada do pessoal bomio. Seu pai, os irmos e amigos, que saam no fim de semana fazendo serenatas, s vezes esqueciam de voltar para casa, s chegavam na segunda-feira de madrugada, coisa tpica de bomios. E Edino s vezes acordava assim, de madrugada, com aquele som, aquelas valsas. Aldo Krieger escrevia muitas valsas, algumas delas dedicadas sua mulher e s filhas, alm de ser o autor dos hinos dos centenrios de Brusque e Blumenau. Aldo Krieger tambm fazia msicas para as serenatas, para os grupos de seresteiros. Todas tinham muito a ver com o que se fazia no Rio de Janeiro, com a msica da poca: Pixinguinha, Luiz Gonzaga, Marcelo Tupinamb, Ernesto Nazareth, Chiquinha Gonzaga, valsas seresteiras, msicas como as de Zequinha de Abreu, de So Paulo, xotes e polcas, na poca em que a polca estava comeando a se nacionalizar, a adquirir aquela ginga brasileira. Aldo Krieger escreveu muitas msicas nessa linha. Vrias delas constam do LP que Edino organizou e editou, tendo como produtor Henrique Cazes, em 1993, quando seu pai j havia falecido. Trata-se de um disco comemorativo dos 90 anos de Aldo Krieger, e tem um carter mais documental e uma sonoridade tpica da msica urbana do Rio de Janeiro. O disco teve uma tiragem limitada e foi lanado em Santa Catarina, tendo sido relanado em CD no ano de 1998. Apesar de toda essa vivncia, o pai de Edino nunca quis que ele tocasse nenhum instrumento popular:
Nem violo ele queria que eu tocasse, porque queria que eu fosse um msico clssico. Ele achava que msica popular era uma coisa para tocar no Carnaval,

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era uma coisa mais, digamos assim, de carter recreativo, uma msica que voc faz para se distrair, para fazer serenata [...] E ele queria que eu fosse um concertista, que estudasse violino a srio. Ento, eu estudei violino com ele, comecei com 7 anos a me interessar. Meu pai j havia determinado que eu ia ser violinista. Ele no ia deixar por menos, eu tinha que ser concertista. Era uma deciso dele. E eu j estava mais ou menos seguindo, no com um grande entusiasmo, mas, enfim... E, na verdade, eu gostava de tocar violino. Eu no gostava muito de estudar, mas de tocar eu gostava.

At os sete anos Edino tinha crises de bronquite asmtica que quase o matavam. Com seis anos, ele lembra que passava noites em claro, sem conseguir dormir, respirando com dificuldade. Seu pai foi ento aconselhado a mudar de clima, e eles foram morar em Rio do Sul, uma cidade no alto da Serra do Mar, onde residia o av materno de Edino. Moraram l durante um ano, tempo suficiente para Edino se curar, pois nunca mais teve crises. Ele comeou a frequentar escola em 1935, quando ainda estava em Rio do Sul. Era um colgio catlico, de freiras, e nessa mesma poca comeou a tocar no violino do pai. Dona Gertrudes, em 7/5/2001, nos d seu depoimento sobre esse perodo: Quando j estava grandinho, o Edino ficou doente. Era bronquite. Eu o tratava com homeopatia e chs caseiros. Seu Honorato de Souza, de uma famlia vinda de Curitiba e que morava em Brusque, dava remdios homeopticos. [...] Dona Olinda, a mulher dele, entrava l em casa com

Marcelo (no colo), Aldo, Edino, Renato, Myriam e Carmen. frente: Dante, Mozart e Gertrudes (com Dinorah no colo). Foto tirada na manh do dia em que Edino viajou para o Rio de Janeiro, s vsperas de completar 15 anos. Casa de Aldo e Gertrudes na rua Baro do Rio Branco (cadeia velha). Brusque (SC), 1943.

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os vidrinhos que o seu Honorato preparava para o Edino, logo que sabia que ele estava doente. [...] Quando as crises eram fortes, eu saa com o Edino para a rua, na hora em que os operrios passavam para a fbrica Renaux. Andava com ele pela rua durante a madrugada. Depois, voltava para casa j de manhzinha e ele dormia. Tambm tratava a bronquite com uma planta que se dava para os animais. Eu ia buscar essa planta na Frau Krause e fazia ch para dar para o Edino. Era uma planta verde. Era alfafa. O primeiro contato de Edino com o violino, ainda em Brusque, foi desastroso. Tinha uns quatro ou cinco anos quando seu pai um dia chegou em casa com um violinozinho pequeno, que lhe deu de presente. Abrindo um parntese, Tim Rescala, no Centro Cultural Banco do Brasil, por ocasio das comemoraes dos 70 anos do compositor, fez meno a esse fato, dizendo que Edino ficou to feliz que lavou o violino e o pendurou no pessegueiro para secar. Dona Gertrudes tem essa cena guardada na memria. Em sua comunicao pessoal datada de 7/5/2001 ela revela-nos o episdio:
O primeiro violino que o pai comprou para o Edino, ele colocou no tanque de lavar roupa. Era uma tarde de sol e vento e ele achou bom lavar o violino. Depois, pendurou no pessegueiro que havia no quintal. Pendurou e deixou l. Naquela poca, no havia gua encanada. E o cocho de lavar roupa ficava no quintal. Eu tinha lavado roupa, a gua ainda estava dentro e ele aproveitou para lavar o violino. Quando eu fui olhar, as tabuinhas do violino estavam no cho e o pescoo dependurado na rvore.
Edino Krieger aos 9 anos. Brusque (SC), 1937.

Mas foi s em Rio do Sul, quando Edino tinha sete anos, que Aldo Krieger comeou a dar-lhe aulas. Ele foi sempre muito rigoroso com o filho. Edino tinha que estudar muitas horas por dia! Evidentemente, uma criana de sete anos preferia estar brincando, jogando, e em razo disso no se dedicava tanto ao estudo quanto o pai queria. Mas, como Edino tinha muita facilidade, conseguiu chegar a um certo desenvolvimento, tocando coisas bastante razoveis do repertrio de violino, como as Czardas de V. Monti, o Moto Perptuo de Paganini, a Reverie de Schumann, o Souvenir de F. Drdla, Humoresque de A. Dvork, a Fantasia da obra O Guarany, de Carlos Gomes, o Minueto de Beethoven, uma Valsa de Brahms, o Rond de Mozart, e fazia muito sucesso! A primeira participao em um concerto, pela qual recebeu uma gratificao de R$5$000 (cinco mil-ris), foi em 22/11/1936, com oito anos de idade. Ele executou ao violino a Romanze de Beethoven e o Trumerei de Schumann. O primeiro recital foi em 20/12/1941 (com 13 anos de idade), ao violino, acompanhado ao piano pela tia Walkyria Krieger, nos sales do S. C. Brusquense.
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A austeridade do professor Aldo Krieger com o filho Edino era facilmente perceptvel no ambiente familiar. Myriam a irm mais velha de Edino e que dividia o quarto com ele nos fala de suas lembranas:
Ele foi um menino que teve uma infncia linda, estava sempre com um violino na mo. Ele estudava tanto que s vezes lhe corriam lgrimas de tanto cansao. De vez em quando eu falava para a me: Vamos dar a ele uns 30 minutos para descansar, e a me, apesar de concordar que era necessrio, no cedia. Ela ficava temerosa que o pai quando chegasse no encontrasse Edino com a lio sabida e fosse pior! Edino foi um menino muito bom, comportado, muito alegre e amoroso. (Depoimento da irm Myriam)

Carmen Krieger tambm guarda uma viva lembrana dessa poca:


A bem da verdade, preciso dizer que o Papai depositou no Edino todas as suas esperanas no sentido de torn-lo a princpio um grande violinista, concertista e depois um compositor, um maestro. A unidade entre os dois ia desde as ameaas com o arco do violino quando os estudos no transcorriam a contento (isto aos seis a oito anos de idade) at os arranjos belssimos que o Edino realizou das Valsas e outras peas do Papai. E que pai orgulhoso! (Depoimento da irm Carmen Krieger)

Edino terminou o curso primrio no Grupo Escolar Feliciano Pires (fundado em 1/9/1919), onde realizou ainda dois anos do Curso Complementar, que equivaleria ao Curso Ginasial, inexistente naquela poca. Ele terminou todas as matrias do 2o ano desse curso com mdia geral 94. Era bom aluno e estava sempre entre os trs primeiros da classe. Sobre esse fato, ele comenta: Minha me sempre dizia: Eu no sei como ele tira notas boas, porque nunca o vi pegar num caderno para estudar. Edino confessou-nos que, na verdade, nunca estudava, nunca foi aplicado, talvez por no sentir muita necessidade, pois sempre conseguia bons resultados. Fora do horrio da escola, se fosse seguir estritamente a vontade do pai, Edino estaria sempre com o violino em punho, estudando o tempo todo. Todavia, isso nem sempre acontecia, como pode-se perceber em seu depoimento:
Muitas vezes, o pai (ele trabalhava no comrcio, na minha cidade) chegava de surpresa, dava umas incertas, pegava a bicicleta, que era o meio de transporte, e ia at em casa para ver se eu estava estudando violino. Mas eu no estava estudando violino, e levava uma carraspana: Como que vai ser um grande violinista se no est... tarar... tarar...

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Edino, nessa poca, estava mais era querendo brincar! Era campeo de bola de gude. Tinha caixas inteiras de bolinhas disputadas com a garotada toda do colgio, e mesmo depois da escola os colegas acabavam aparecendo na casa dele:
Como , vamos l? Vamos. E fazamos aqueles jogos, sempre ganhando pilhas de bolinhas de gude. Tinha sacos inteiros, caixas de sapatos cheias. Eu gostava, tambm, de andar de bicicleta. De vez em quando, um bando de garotos ia l para a beira do rio, para nadar. No tinha praia de mar, mas tinha um rio bastante bom. E jogar futebol, fazer pelada, esse tipo de coisa.

Sobre este episdio, o irmo Mozart revelou-nos que:


Do Edino tenho lembrana das pocas em que vinha para casa, de frias, e tocava violino. Deixou uma bolsa velha, cheia de clicas (bolas de gude), sob a guarda e responsabilidade do Renato. Segundo depoimento deste, aquele era exmio jogador de clica e depenava a gurizada. Eu tinha verdadeiro fascnio por aquilo, que me fora mostrado como verdadeira preciosidade. As clicas contavam uma centena, no mnimo. Perdi horas preciosas da minha existncia procurando a sobredita bolsa, sem nunca lhe conseguir pr as mos. Lembrome da bolsa: era de couro marrom, tamanho mdio, com uma ala meio-crculo de madeira, e um fecho metlico [...]. Sabia que era guardada no ste (sto), pois uma vez surpreendi o Renato apanhando-a sob as tbuas do assoalho [...]. Quando o surpreendi, mudou de esconderijo.

Edino Krieger aos 14 anos, aluno de violino de seu pai Aldo. Brusque (SC),1942.

At os 14 anos Edino Krieger estudou violino com seu pai. Tinha essa idade quando participou de um recital em Florianpolis, no Teatro lvaro de Carvalho, com uma pianista de Itaja, Wanda Helena Zaguini, que era bolsista do Conservatrio de Msica no Rio de Janeiro. Foi um concerto em benefcio da Legio Brasileira de Assistncia em 4/3/1943 , organizado por entidades de carter social junto ao estado. A este concerto compareceu o governador Nereu Ramos, na poca interventor do estado, que depois do concerto foi cumprimentar Edino e perguntou se ele no queria estudar no Rio de Janeiro. Claro que Edino respondeu afirmativamente! No dia seguinte ele foi ao Palcio, e o governador lhe ofereceu uma bolsa para estudar no Conservatrio Brasileiro de Msica. No Dirio Oficial do Estado de Santa Catarina datado de 24/3/1943 encontramos a meno a este fato:
O Interventor Federal do Estado de Santa Catarina, na conformidade do disposto no artigo 6, n IV, do decreto-lei federal n 1.202, de 8 de abril de 1939 em seu artigo 1, concede ao menor Edino Krieger uma bolsa de quinhentos

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cruzeiros mensais, a comear de maro corrente, para o aperfeioamento na Capital da Repblica dos seus estudos de msica.

Trs geraes da famlia Krieger: Gustavo Krieger (papa) com o filho Aldo e o neto Edino. Brusque (SC), 21/11/1949. No dia seguinte, quando Edino retornou ao Rio de Janeiro (RJ), onde morava, faleceu seu av Gustavo Krieger.

Edino ganhou uma corbelha de flores por ocasio desse primeiro concerto em Florianpolis e, ao regressar a Brusque, ofertou-a a Myriam sua irm mais velha , que fez de tudo para preservar tal relquia. A viagem de Edino ao Rio de Janeiro envolveu toda a famlia nos preparativos. Myriam narrou-nos que o papa e a mama av e av de Edino respectivamente fizeram um enxoval lindo, que constava de vrios ternos, ternos esses que logo se perderam. Edino cresceu tanto que, quando chegou a Brusque pela primeira vez aps sua partida, estava com a cala no meio da perna e o palet com a manga muito curta, causando grandes risadas. Antes da viagem, Aldo Krieger reuniu a famlia, chamou o fotgrafo Scharf e tirou uma foto de todos juntos para a posteridade. Segundo as lembranas do irmo Mozart, foram todos tirados da cama bem cedo! Myriam Krieger em seu depoimento revelou-nos que: Mame sempre nos conta que Edino era muito tmido, agarrado saia da me e que ela nunca teria imaginado que se fosse de casa para to longe, to precocemente, aos 15 anos incompletos. Edino veio para o Rio de Janeiro num navio pequeno era um pouco maior que uma barca da Cantareira chamado Ana, que pertencia Companhia Hoepke, de Santa Catarina, acompanhado apenas de seu pai. Eles saram de Itaja, que era o porto de mar mais prximo de Brusque, passaram em Santos e finalmente chegaram ao Rio de Janeiro no dia ou um dia depois do seu aniversrio de 15 anos. Seu pai o deixou na casa de um primo, comandante da Marinha Mercante, onde ficou cerca de trs meses. Aps esse tempo, Edino foi para uma penso na rua do Senado, 276. L ele morou por quatro anos, subvencionado pelo Governo do Estado, com uma bolsa muito pequena 500 cruzeiros mensais , que no lhe permitia grandes gastos: pagava a penso, o curso no Conservatrio, transporte, alimentao; comprava material de msica, livros, partituras dava para o essencial. Posteriormente essa quantia foi elevada para 700 cruzeiros, conforme indicao do Dirio Oficial do Estado de Santa Catarina datado de 11/1/1946, pgina 183, atravs do Decreto-Lei no 94 assinado pelo sr. Luiz Gallotti. Depois de uns dois anos no Rio de Janeiro, Edino obteve ajuda de uma instituio de sua cidade, a Sociedade Cultural e Beneficente Cnsul Carlos Renaux, para poder se manter sem maiores problemas. Os Renaux eram uma famlia de industriais que patrocinavam praticamente todas as atividades mais importantes da cidade. Eles sempre ajudavam os clubes de futebol, os donos das maternidades, dos hospitais, as igrejas. A Sociedade dava tambm apoio

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parte cultural, oferecendo bolsas de estudo, de complementao. Porque, apesar de naquela poca no haver grande inflao, de ano para ano sempre havia uma pequena alta do custo de vida. Edino at ento jamais havia sado de Brusque e, realmente, sua vinda para a capital da Repblica significava um salto muito grande. Sendo o motivo de sua viagem estudar violino no Conservatrio Brasileiro de Msica, ele foi ao citado estabelecimento, acompanhado de seu pai e levando em seu repertrio msicas que executara com bastante sucesso em sua cidade: o Moto Perptuo, de Paganini; uma fantasia sobre O Guarany, de Carlos Gomes; e o Rond, de Mozart, que uma pea bastante brilhante. Encaminhado para fazer um teste com o professor de violino Lambert Ribeiro, Edino supunha que seria solicitado a demonstrar o que sabia tocar, mas isso no aconteceu. Ele relembra essa experincia: O professor pediu: faa, por favor, uma escala de Sol Maior em quatro oitavas. bvio que ele havia aprendido a fazer escalas, mas o que menos aprendera era a parte tcnica. Sua tcnica era desenvolvida em funo de permitir que conseguisse tocar aquele tipo de repertrio. Quando Edino comeou a fazer uma escala de Sol Maior, o professor disse: O seu dedilhado est errado, voc mudou de posio com dedo errado. At ento, ele nunca tinha se preocupado com essas coisas! Continuando com o teste, o professor pediu que ele fizesse um arpejo, e ele o fez, mas, evidentemente, no era o seu forte fazer escalas e arpejos. Foi ento que o professor sentenciou: , voc vai ter que comear do 1o ano, voc tem que comear a aprender a fazer uma escala direito. Entrar no 1o ano era algo que no passava pela cabea de Aldo Krieger! Como descreve Edino, seu pai ficou branco, depois vermelho. E interpelou o professor Lambert Ribeiro:
Mas como, professor, o senhor no quer que ele toque alguma coisa que ele sabe tocar? Ele toca o Moto Perptuo de Paganini. No, no quero no. Se ele no sabe fazer uma escala direito, conforme manda a tcnica... A meu pai disse: Bem, eu duvido que um aluno que esteja comeando o 1 o ano, aprendendo a fazer escalas e arpejos, possa tocar o Moto Perptuo de Paganini. Ele pode tocar o Moto Perptuo de Paganini, ento eu acho que ele poderia ser classificado e recuperar, fazer essa parte tcnica. o No, no, ele s pode entrar no 1 ano. Meu pai foi firme e categrico: No, ele no vai entrar no 1o ano. Lamento muito, mas vou voltar com ele, e ele vai continuar fazendo o que est fazendo at agora, l na minha cidade. A concluso de Aldo Krieger era pertinente. Em casa, Edino havia conseguido um progresso que ali, naquele momento, ao que parecia, no iria ser considerado.

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Segundo Aldo, seu filho estaria andando para trs. Foi ento que entrou em cena o compositor Oscar Lorenzo Fernandez, diretor do Conservatrio, que at ento desconhecia a histria. O professor Lambert Ribeiro comunicou-lhe que Edino teria que fazer o 1o ano, porque no sabia fazer escala, e que o pai iria lev-lo de volta para Santa Catarina. Lorenzo Fernandez quis, ento, falar com Edino e seu pai: Eu quero fazer uma proposta: ele vai ficar matriculado sem classificao, vai estudar com a professora Edith Reis [que era aluna do professor Lambert Ribeiro]. Ento, quando chegar no final do ano, ele faz um teste de classificao. Quer dizer: ele vai estudar a parte tcnica, essa coisa toda. Est bem assim?

Aldo Krieger respirou aliviado e reconsiderou a questo. A interveno de Lorenzo Fernandez mudou o curso da histria, e Edino acabou ficando. Ele estudou durante o ano inteiro e fez um teste de avaliao, que o classificou no 4o ou 5o ano (Edino no se recorda bem). Nesse mesmo ano, ele encontrou no corredor do Conservatrio aquele que viria a ser seu grande mestre, responsvel nico pela grande e importante mudana de curso em sua vida: Hans-Joachim Koellreutter. Edino o havia conhecido em Brusque, em 1942, quando Koellreutter se apresentou numa tourne com a harpista Mirella Vita. Ele conheceu, tambm, Heitor Alimonda e outros artistas que estiveram em Brusque fazendo concertos. Edino era considerado um menino prodgio e, evidentemente, sempre assistia aos eventos musicais que por l aconteciam. Quando encontrou Koellreutter no Conservatrio Brasileiro de Msica, Edino o reconheceu e se apresentou a ele:
Professor, eu sou Fulano, cheguei l de Brusque... Ah, pois no, muito prazer. Pois , eu estou vendo aqui no quadro de avisos que o senhor est mantendo um curso livre de composio, e eu gostaria de me matricular. Eu no sei por que me veio essa ideia, nunca havia me passado pela cabea... Ento, ele marcou um dia e uma hora: Voc vem amanh, traga o que voc j fez e vamos ver o que voc sabe, se voc se interessa. E a eu passei a frequentar o curso de Koellreutter. A sim eu comecei realmente do zero, porque no sabia nada de composio. Eu estava fazendo ainda o curso de teoria e solfejo, l no Conservatrio.

Edino comps suas primeiras peas em 1944. Mas o curso com Koellreutter tambm teve um acidente de percurso, com o prprio Lorenzo Fernandez. Para poder renovar sua bolsa, Edino teria que, ao final de cada ano, levar para o Governo do Estado uma declarao do Conservatrio atestando seu aproveitamento. No final do 1o ano, em 1943, ele fez o teste de classificao e j estava frequentando
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o Curso Livre de Composio ministrado por Koellreutter. Edino pediu ento secretaria que expedisse a declarao, e lhe disseram que dariam o atestado referente ao curso de violino, mas no ao de Composio. Insistindo em obter o comprovante de sua matrcula e frequncia no curso de Koellreutter, Edino esbarrou na intransigncia da secretaria do Conservatrio. O assunto acabou na sala do diretor. o prprio Edino Krieger quem nos conta o resultado de sua conversa com Lorenzo Fernandez:
Maestro, eu preciso de uma declarao para o Governo do Estado.. Pois no. Ns vamos dar do Curso de Violino. Mas esse curso de composio, eu no dou a menor importncia a ele, porque um curso livre. um curso que ns permitimos aqui que ele seja realizado, mas um curso que no tem a chancela da direo do Conservatrio.

Muito chocado com o ocorrido, Edino procurou Koellreutter, que ficou evidentemente consternado e foi falar com Lorenzo Fernandez. Eles tiveram uma grande discusso, que resultou na sada de Koellreutter do Conservatrio. Na verdade, Lorenzo Fernandez discordava da forma como Koellreutter conduzia a disciplina, indo da polifonia para a harmonia, de acordo com o processo histrico, e no como era costumeiramente realizado nas escolas e conservatrios, onde o ensino da Harmonia antecedia o do Contraponto.
Hans-Joachim Koellreutter e Aldo Krieger, os dois principais mestres de Edino Krieger. Brusque (SC), 27/5/1950.

Outro aspecto em que Lorenzo Fernandez tambm no se entendia com Koellreutter dizia respeito organizao curricular do Curso de Composio e seus pr-requisitos, e o que era considerado como pr-requisito por Koellreutter. De acordo com a concepo de Lorenzo Fernandez, um estudante que estivesse no 3o ano de teoria e solfejo no poderia estudar Composio. Teria que, primeiro, terminar os trs anos de teoria e solfejo, depois fazer trs anos de Harmonia, trs de Contraponto, e somente ento estudar Composio. Na realidade, esta era a sistemtica vigente no ensino oficial de Composio nas escolas e conservatrios. O estudante levava oito, dez anos estudando matrias ditas tericas e instrumento, para somente depois entrar no campo da criao propriamente dita. A concepo de Koellreutter era diferente, como fica claro no resumo que Edino faz dos princpios pedaggicos de seu professor de Composio:
Koellreutter sempre foi contra isso. No entendimento dele, voc tem, potencialmente, condies de criar a partir do momento em que voc tem

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os conhecimentos bsicos mnimos. O aluno deve ser estimulado a criar com os recursos e conhecimentos que ele tem, no importa que eles sejam ou no completos. A didtica do Koellreutter que ele ensina tudo simultaneamente. medida que voc vai adquirindo conhecimentos, voc vai aplicando esses conhecimentos tericos na prtica da criao. Voc vai sendo estimulado a criar com aqueles elementos que voc tem. Ele fazia um ensino de msica globalizado, ele no dividia as matrias em disciplinas, ele fazia tudo de forma integrada.

Koellreutter deixou, ento, o Conservatrio, e Edino continuou a ter aulas particulares na casa do professor at 1948 durante cinco anos, portanto e s as interrompeu porque recebeu uma bolsa para estudar nos Estados Unidos. Na verdade, com Koellreutter estudou no s Composio musical; mas tambm Harmonia, Contraponto e Fuga. A partir desse momento, ocorreu um fato extremamente importante e decisivo: Edino comeou a se interessar muito mais pelo curso de Composio do que pelo de violino, para desespero do seu pai, que no via com bons olhos o fato de, de repente, ele desistir da carreira que estava prevista, de concertista internacional. Koellreutter dava aulas individuais composio e aulas em grupo anlise e histria da msica. Edino teve como colegas de turma nomes como Cludio Santoro, Guerra-Peixe, Eunice Katunda, Esther Scliar, Lindolfo Gaia, para citar apenas alguns. Realmente, tratava-se da nata da sociedade musical brasileira! Dessa poca, Edino tem ainda hoje gratas recordaes! Em seu depoimento datado de 8/6/2001 ele nos narra com entusiasmo algumas passagens:
Quando comecei a estudar particularmente com o Koellreutter, passei a frequentar o grupo dele. Eu conheci o Guerra-Peixe, o Santoro, a Eunice Katunda, tinha vrios outros alunos, e eu tive um contato, uma convivncia bastante continuada com eles. Eu era o caula da turma. Frequentava a casa do Guerra-Peixe na Rua Teotnio Regadas 24, na Lapa.

Edino falou-nos que Guerra-Peixe dizia que o nmero era 42, porque o nome da rua j era esquisito, o nmero 24 e ainda na Lapa! Era preciso ento mudar. Voltando ao depoimento de Edino, ele nos revela que:
A gente passava noites ouvindo msica, discutindo, conversando. GuerraPeixe era sempre um papo fantstico! Frequentemente depois de passar a noite toda conversando, discutindo inclusive sobre serialismo, dodecafonismo, msica brasileira etc. a gente ia tomar o caf da manh tipo seis, sete horas ali mesmo, onde tinha um abrigo de bondes, tinha canjica etc. Eu acompanhei desde o nascimento o romance do Guerra-Peixe com a primeira mulher dele,

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que era vizinha dele. De vez enquanto ele dava uma olhada na sacada da janela para ver se ela estava l. Clia era uma mocinha muito bonitinha e o Guerra se apaixonou perdidamente por ela! Na poca, o Guerra vivia com a Zilah, e ela era bastante ciumenta e temperamental. Quando chegava assim umas quatro ou cinco horas da manh, Zilah descia as escadas violentamente eles moravam numa casa de altos e baixos e esbravejava: Afinal de contas, voc casado com quem? No liga mais para sua mulher? E ele dizia: Pera a, calma mulher! Estou discutindo coisas de msica, j vou.

Esse agradvel convvio se deu por volta de 1946 e 1947 aproximadamente, antes da ida de Edino para o exterior. To logo Edino retornou, foi a vez de Guerra-Peixe se ausentar, pois o maestro foi a convite da Rdio Jornal do Commercio do Recife trabalhar como orquestrador, desenvolvendo paralelamente intensa pesquisa de campo, que resultou na publicao de diversos e importantes estudos sobre o folclore pernambucano. Data tambm desse perodo a iniciao poltica de Edino Krieger. Coube a Cludio Santoro a misso de introduzir o jovem rapaz na poltica. Edino nos fala desses primeiros contatos:
Santoro era muito falante, era uma pessoa com uma vivacidade fantstica! Eu me lembro bem, logo no incio, quando eu entrei para o grupo do Koellreutter mas no entendia nada de poltica! Eu achava aquela figura do Brigadeiro Eduardo Gomes muito romntica, uma figura simptica e de repente me encantei com a candidatura dele Presidncia e de vez em quando eu aparecia com o escudo da UDN. E imagina, o Santoro evidentemente me estraalhava. Muitas vezes ns samos de uma programao do Grupo Msica Viva, de um concerto na Escola de Msica, na Associao Crist de Moos, ou de alguma coisa por ali e Santoro me convidava para tomar um caf com ele ali na Lapa acho que se chamava Caf Indgena, j foi demolido , e l ia eu com o escudo da UDN e ele me censurava: como possvel? No possvel admitir que um rapaz jovem, inteligente, me aparea com esse escudo, que da tendncia mais reacionria desse pas! A comeava a me politizar. Santoro era fervoroso esquerdista, comunista convicto, aquilo para ele era uma heresia! Eu sei que possivelmente at essas investidas polticas do Santoro deram algum resultado, ele inclusive me arranjou livros e dizia: voc precisa ler mais um pouco sobre poltica e comeou a me municiar de livros de economia poltica, marxismo etc. Eu comecei a ler e comecei a ficar interessado no assunto e acabei me interessando um pouco demais. Lembro tambm de uma histria muito boa que o Santoro me contou sobre seu encontro com Villa-Lobos. Ele o procurou levando a partitura da 1 Sinfonia, pois desejava ouvir o juzo do mestre sobre sua obra. Sou compositor, estou comeando

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Edino Krieger (o stimo da esquerda para a direita, em p) como violinista da Orquestra Universitria da Casa do Estudante do Brasil. Estreia da orquestra na ento Escola Nacional de Msica (atual Escola de Msica da UFRJ). Sentado, ao centro: maestro Raphael Baptista. Rio de Janeiro (RJ), 30/6/1946. (Arquivo particular da prof Else Baptista)

meu trabalho e gostaria de ter sua opinio sobre o trabalho que eu fiz. A o Villa-Lobos olhou a partitura e Santoro perguntou: Ento, o que o senhor acha? e ele disse: Olha, o elemento horizontal nessa sua composio est muito bem estruturado, est muito bem-feito; do elemento horizontal, no tenho nada a dizer, acho timo, est muito bem. O elemento vertical tambm a gente sente que voc tem domnio, que voc domina bem. Agora voc precisa desenvolver melhor o elemento diagonal, esse ainda est faltando um pouco no seu trabalho, mas olha! Parabns, v em frente que voc tem futuro! E isso, inclusive, esta histria, eu contei ao Zelito Viana quando ele fazia parte do Conselho Estadual de Cultura e ele acabou incluindo no filme sobre Villa-Lobos. No bem assim, mas de outra maneira que eu no me lembro bem agora. Enfim, eu me lembro mais do Santoro por esse lado, de um pouco de uma certa doutrinao poltica, sem ser uma coisa violenta. As conversas com ele me abriram um pouco os olhos para questes de poltica.

Voltando questo da composio, a formao de Edino se deu, ento, de modo informal. Entretanto, cabe ressaltar seu sensvel progresso nessa rea, pois, com apenas um ano e meio de estudos, sua pea Msica 1945, para obo, clarinete e fagote, composta em 1945, obteve o Prmio Msica

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Viva. Com relao ao violino, ele terminou o curso no Conservatrio, obtendo o seu certificado antes mesmo de viajar para os Estados Unidos, mas nunca atuou como violinista no profissionalmente, pelo menos. Edino chegou a participar de uma Orquestra de Cmara no Conservatrio, mantida, segundo ele, por Koellreutter, e da Orquestra da Casa do Estudante do Brasil, que foi fundada por Raphael Baptista. Durante bastante tempo ele tocou nessa orquestra, chegando mesmo a organizar um quarteto de cordas com seus colegas. Mas aos poucos foi-se interessando mais e mais pela composio, relegando o violino a segundo plano. Sobre o aluno Edino Krieger, Koellreutter, em depoimento datado de 29/7/1997, revela que:
Ele era um aluno muito dotado, assduo, srio, e tem uma grande responsabilidade como artista, de convivncia agradvel, simptico. Eu o convidei para participar do Grupo Msica Viva naquele tempo e ele aceitou. Na poca em que houve uma polmica comigo em torno do Msica Viva ele sempre manteve uma conduta correta, objetiva.

Aaron Copland esteve no Brasil em 1947, e tambm na Argentina e no Uruguai, onde fez contato com escolas de msica e com professores de Composio, solicitando que lhe enviassem partituras de compositores jovens ou de estudantes de Composio, para que nos Estados Unidos uma comisso, composta por Gilbert Chase, Henry Cowell e Carleton Sprague Smith, e presidida por ele, analisasse esse material e selecionasse trs compositores, um de cada pas visitado, para receberem bolsas de estudo. Koellreutter mandou composies de alguns de seus alunos que tinham at 21 anos, idade limite estipulada por Copland. De Edino Krieger foram enviados a Pea Lenta para flauta, violino, viola e violoncelo e o Movimento Misto para orquestra. Depois de algum tempo, Copland comunicou que Edino havia sido o brasileiro escolhido; no Uruguai, Hector Tosar e, na Argentina, Pia Sebastiani. Essas bolsas eram concedidas por uma empresa de tratores norte-americana a Empire Tractor Corporation , que tambm oferecia cursos de frias, cursos intensivos etc. No perodo de julho a agosto de 1948, Edino foi, ento, estudar composio com Aaron Copland, no Berkshire Music Center, em Massachusetts, como bolsista. Antes de viajar, Edino que sempre teve seus feitos registrados generosamente pela crtica local foi homenageado pela conquista do prmio em banquete oferecido pelo Rotary Club. A escolha de Edino foi divulgada em diversos peridicos: Correio Brusquense, Correio da Manh, El Dia, O Debate de Brusque, Jornal do Commercio, Dirio de Notcias, O Globo, Brazil Herald, Dirio da Tarde de Belo Horizonte, Musical Courier, Stretto v. 3, n. 3 e
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Jornal do Brasil, sendo o compositor retratado por importantes crticos como Zito Baptista Filho, Eurico Nogueira Frana, DOr, Renzo Massarani e Marc Berkowitz. Sua entrada nos Estados Unidos deu-se de forma sui generis. O Instituto Brasil-Estados Unidos havia se comunicado com o Institute of International Education instituio encarregada de articular a ida de Edino para cuidar da questo da passagem. Edino nos relatou que o Ibeu fez um cocktail muito simptico de apresentao imprensa, s vsperas de ele viajar, e comunicou instituio americana o nmero do voo, a data e hora de chegada no aeroporto no La Guardia, pois na poca ainda no existia o Kennedy. Todavia, houve um pequeno equvoco no telegrama que informava esses dados, e no dia em que ele estava saindo daqui eles o esperaram l. Quando ele desembarcou no dia seguinte, uma sexta-feira, de um voo da Panair que j chegou atrasado, prximo das 23 horas por causa de uma escala forada em Santo Domingo, na Repblica Dominicana, devido a problemas tcnicos na aeronave , no havia ningum sua espera. O relato que Edino nos fez desse episdio foi entrecortado de risos:
Cheguei l, no tinha ningum minha espera. Achei estranho! Enfim, tinha que passar pelo Departamento de Imigrao do Aeroporto, quando fizeram uma srie de perguntas e examinaram meus documentos e passaporte. Eu, com meu ingls muito rudimentar, consegui responder algumas coisas. Me perguntaram quanto dinheiro eu estava levando. E eu no estava levando nenhuma fortuna, estava levando talvez uns 300 dlares. Me perguntaram quanto tempo iria ficar nos Estados Unidos, e tentei explicar que tinha uma bolsa para seis semanas, com a possibilidade de uma prorrogao, de uma outra bolsa por um ano. Ento o sujeito perguntou: E como que o senhor espera viver nos Estados Unidos durante um ano, com 300 dlares? Eu disse: No, eu espero ter uma bolsa.

O funcionrio no quis muita conversa e pediu que Edino aguardasse. Ele ficou por um bom tempo esperando, sentado em cima das malas. O aeroporto ficou deserto e ele continuava l! Perto das trs horas da manh apareceu um cidado procurando por ele, trajando terno, chapu e sapatos brancos. Edino, ento, compreendeu tudo:
Isso tira, tem jeito de policial americano de cinema. Ele disse para eu o acompanhar, pegamos um txi, e no caminho perguntei para onde ele estava me levando. Ele respondeu: Estou levando voc para um alojamento, que fica numa ilha. Eu disse: Mas numa ilha? , numa ilha, porque parece que h uma dvida com relao a essa documentao. Ento perguntei: Quer dizer que eu estou... Im under arrest? Ele disse: No. Vamos dizer que voc est sob a proteo do Governo americano.

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O homem levou Edino para um hotel, em Nova York, instalou-o e disse: Agora fique aqui, amanh de manh cedo eu passo para lhe pegar. E trancou a porta por fora. Edino ficou ento literalmente preso, ainda que num quarto de hotel, e, como estava cansadssimo, dormiu. No havia logrado descansar o suficiente quando o tal cidado bateu porta e, j entrando, o cutucou dizendo:Hurry up, hurry up. Fomos ento tomar a barca para a ilha, recorda-se Edino. Depois ele ficou sabendo que se tratava da Ellis Island, uma ilha-presdio para estrangeiros com problemas de documentao e tambm para criminosos, que ficava ao lado da Esttua da Liberdade. Ele deu entrada na ilha levando apenas o essencial, foi registrado etc. Como no havia sequer tomado o caf da manh, e estava na hora em que ele era distribudo ao grupo dos criminosos, juntou-se aos mesmos para sabore-lo. Segundo Edino, eram figuras mesmo de arrepiar! O resultado que ficou hospedado todo o final de semana nessa cadeia de Nova York. Ele pediu para telefonar, mas foi informado de que estava tudo fechado. Telegrafar tambm no era possvel, s na segunda-feira! Sobre essa forada estada, Edino assim se expressa:
Ento, passei um belo fim de semana no presdio da ilha, da Ellis Island, jogando pingue-pongue. Havia cabeleireiros espanhis l, que desde a poca da Revoluo na Espanha chegaram aos Estados Unidos e no conseguiram mais sair. Havia gente de todas as partes, muitos asiticos, muitos judeus... E noite era tudo com hora marcada, faziam aquelas filas, iam para o restaurante jantar, depois, tipo sete horas da noite, tocavam um sinal e todo mundo tinha que subir para os dormitrios. E dos dormitrios voc enxergava a Esttua da Liberdade toda iluminada. E os judeus se reuniam num canto, cantavam aqueles cnticos, as lamentaes hebraicas, muito bonitas, olhando para a Esttua da Liberdade atrs das grades.

Aps o caf da manh de segunda-feira, a primeira providncia de Edino foi telegrafar para todas as pessoas de quem tinha o endereo, sobretudo Aaron Copland e Miss Erminiekahn, diretora do Institute of International Education, que receberam um telegrama lacnico: Im in Ellis Island. Apenas isso, e foi o suficiente para gerar o maior alvoroo! Por volta das 11 horas da manh Edino foi chamado pelo interfone e o levaram para Manhattan, para ento ser conduzido ao Departamento de Justia. Ao chegar l encontrou as pessoas responsveis pelo seu trnsito apavoradas, pedindo milhes de desculpas. Sobre esse final feliz ele assim se pronunciou:
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E a fiquei esperando o juiz me atender, e o advogado dessa instituio disse que era uma coisa lamentvel: como que o Governo americano convidava um jovem compositor latino-americano para um curso nos Estados Unidos, e ele era recebido na cadeia? Mesmo que tivesse havido um equvoco, os documentos que eu tinha provavam que eu era um bolsista do Departamento de Estado! Bem, o juiz ouviu tudo, me libertou, e tempos depois fiquei sabendo que o oficial que estava no aeroporto naquela ocasio tinha recebido uma punio, porque no deu ao caso a ateno devida.

Voltando questo de seus estudos, mencionamos a Edino uma frase que Gilberto Gil pronunciou quando saiu do Brasil A Bahia j me deu rgua e compasso e perguntamos como havia sido sua estada nos Estados Unidos. Ele havia sado daqui preparado? Fez falta aquele conhecimento acadmico que Lorenzo Fernandez considerava importante? Como se deu a ambientao com Aaron Copland? Edino respondeu, referindo-se sua formao prvia no Brasil:
No fez falta mesmo! Eu estudei normalmente! Estudei Harmonia Tradicional, baixo cifrado, estudei Harmonia Funcional, que a Harmonia do Sistema Rieman, depois estudei a Harmonia Acstica, que so princpios de Harmonia que foram estabelecidos por Hindemith. Na verdade, no deixei de ter essa base de conhecimentos tericos. Apenas a dinmica dessa informao era diferente: em vez de voc passar trs, quatro anos estudando harmonia, medida que o Koellreutter sentia que o aluno assimilava, ele passava para outra fase. Ele ia adiante, empurrando o aluno para frente. Estudei tambm contraponto, desde as regras de princpios de construo de um Cantus Firmus (todos os princpios fundamentais da construo meldica voc encontra no canto firmus: os princpios de elasticidade, os princpios de compensao...), depois Contraponto a 2, 3 e 4 vozes, Contraponto misto, florido... Quer dizer, tudo isso que voc aprende em cinco anos, quatro anos, sei l quantos anos, a gente aprendia no necessariamente em tanto tempo. medida que voc ia assimilando esses conhecimentos, ia utilizando-os em exerccios de criao. Lembro que uma das primeiras coisas que fiz em matria de composio foi uma missa a cappella, a uma voz. Fiz uma missa inteira, utilizando o texto da missa, exatamente para aprender a utilizar aqueles princpios bsicos de construo meldica, quando aprendi a construir um Cantus Firmus gregoriano. Resumindo, a base mesmo veio desse trabalho sistemtico com o Koellreutter. Em termos de composio, de tcnica, a base eu aprendi com ele.

A citada missa a cappella e uma sonata para violino de estilo bem barroco so os primeiros trabalhos de Edino, bem como outras obras escritas para
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concursos Hino Normalista e uma Sute por sugesto de Koellreutter, trabalhos esses, digamos, quase que escolares, de exerccio, e por essa razo no constam do seu catlogo de composies. Ele passou seis semanas estudando orquestrao com Copland, o que, segundo Edino, era o que ele gostava mesmo de ensinar. Nas aulas de Copland que eram individuais e tambm coletivas , o compositor procedia anlise das prprias obras, alm de passar exerccios de orquestrao como, por exemplo, uma sonata para piano do Lukas Foss. Edino relata: E lembro de um comentrio de Copland: Eu vou mostrar esse seu trabalho para o Lukas Foss, porque essa sua orquestrao est melhor que a orquestrao que ele mesmo fez. [...] Copland me deu boas dicas de instrumentao. Nessa poca, Darius Milhaud estava no Berkshire Music Center como professor convidado de composio. Leonard Bernstein, na poca um jovem regente, proferiu diversas palestras a que Edino teve oportunidade de assistir. Eleazar de Carvalho tambm estava l, e eles eram assistentes do Koussevitzky. Esse perodo foi muito bom para Edino, especialmente pelo intercmbio com outros colegas compositores (como Robert Starer, que depois se efetivou como professor da Juilliard, e Herbert Brun, ambos israelenses), e tambm pela possibilidade de ouvir as prprias peas em audies de estudantes. A famlia de Edino acompanhou daqui todos os seus passos e Aldo Krieger registrava atenta e diligentemente todos os feitos do filho Edino. Ele sempre foi para todos eles motivo de grande orgulho. Myriam nos fala ainda hoje, toda faceira, que foi ela a primeira a receber um carto de Edino, quando ele foi para os EUA. Carmen nos fala com entusiasmo do sentimento que ela e os irmos sempre nutriram por Edino:
Edino para ns, seus irmos mais moos, foi o exemplo de quem saiu de casa, lutou e venceu. Bom de corao, tranquilo, militante de esquerda pelo ideal de ver um mundo melhor, depois apenas msico, compositor, administrador na rea de entidades culturais, fazendo um pouco de tudo como todo bom brasileiro para sobreviver com sua famlia. Ns seguimos seus passos, saindo da pequena Brusque para procurar novos espaos, novas oportunidades, tendo sempre o Edino ao longe e ao mesmo tempo por perto. Acompanhvamos pelo rdio os programas do Edino na BBC de Londres ou na Rdio Jornal do Brasil. Recebamos cartas, discos (e at uma tartaruga viva), um aparelho de som e fitas gravadas quando estudava nos EUA (no preciso dizer que ouvamos at decorar). Acompanhvamos seus roteiros por Festivais de Msica, fossem em Varsvia ou Terespolis. Aguardvamos seus poucos dias de frias em casa.

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O depoimento do irmo Marcelo, datado de 2/5/2001, revela todo esse entusiasmo, o sentimento que distncia unia cada vez mais os irmos Krieger:
ramos nove; quatro grandes e cinco pequenos. Por ordem de idades, Edino era o segundo dos grandes, eu, o terceiro dos pequenos. Dentro do meu pequeno universo, isto era quase uma distncia csmica. Quando me conscientizei no mundo, com cinco ou seis anos de idade, Edino j estava longe. O Rio de Janeiro era muito longe. Imaginava-o como uma personalidade, como algum sempre aguardado e que nunca chegava. Na poca no havia comunicao telefnica e, quando uma carta dele chegava, papai lia de forma solene, com toda a famlia reunida. No Natal havia sempre uma expectativa. Criava-se um clima de grande ansiedade: Ser que ele vem? No vinha. Mandava um carto de Boas-Festas. Depois viajou para os Estados Unidos da Amrica. Eu no fazia ideia onde ficava tal lugar. Mandou cartas em envelopes azulados, com bordas em azul e vermelho e com uma etiqueta escrito Air Mail. E mais, com muitos selos. Eu os cobiava, pois colecionava selos, mas papai guardava as cartas juntamente com os envelopes. Mandou tambm cartes com navios e avies nos quais havia viajado, postais das cidades por onde andou e ainda um pequeno disco de acetato com uma mensagem de Natal, gravada por ele mesmo: Al papai, al mame, al todos, todos vocs. Como vo vocs? Uma coisa inimaginvel. [...] Por ordem do papai, escrevamos cartas para ele. Normalmente eu no sabia o que escrever, mas em uma das cartas ocorreu-me pedir que mandasse alguns selos e moedas dos pases por onde andava. Em um certo dia, papai recebeu uma encomenda com msicas, fotos, discos, diplomas e outras coisas mais. Para minha surpresa, um pacote para mim com moedas, muitas moedas: Inglaterra, Frana, Polnia, Rssia, separadas por pases, em envelopes com explicaes de quanto valiam, sua forma divisionria etc. Fiquei maravilhado. Guardo-as at hoje. [...] Quando voltou da Europa, ficou seis meses em casa. Estava eu com 14 anos de idade e pude constatar nesta poca que este meu irmo era de fato um ser corpreo. Ensinou-nos algumas canes em ingls, francs e russo Greensleaves, Alouette, Kalhinka , e tambm a histria dos trs ursos em russo, com o ursinho que chamava-se Michutka. [...] Comps durante aqueles dias letra e msica do Hino do Orfeo Juvenil Amadeus Mozart, um coro juvenil que o papai havia criado e do qual eu participava. [...] Comps ainda, entre outras coisas, a msica para uma pequena opereta: O Ganso de Ouro. Eu ensaiei a parte do Joo, o rapaz que possua dois gansos de ouro. Ajudava-nos tambm nas lies do colgio, principalmente as de ingls e francs. Foi realmente um perodo diferente e de grande satisfao para toda a famlia: para a mame porque h muito no o tinha por perto por um tempo to longo e mais para o papai porque havia recm-criado o Conservatrio Brasileiro de Msica Departamento de Brusque.

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Dinorah Krieger a irm caula de Edino em sua comunicao pessoal datada de 7/5/2001 nos d seu testemunho sobre o irmo:
Quando nasci, Edino foi estudar no Rio de Janeiro. Papai queria que ele fosse violinista. Ao final de cada ano, Edino vinha passar as frias em casa. Eu esperava sua chegada como quem espera uma visita muito importante. To importante para mim como meu pai. Durante muitos anos de minha vida, essa associao fazia com que eu o temesse, ao mesmo tempo em que o admirava. Afinal, ele era a pessoa mais ilustre da famlia. Mas, para mim, era tambm quase que um estranho, que eu s encontrava de ano em ano. Minha me contava muitas vezes que, quando Edino chegava de frias, nos primeiros anos de estudo, papai precisava providenciar novos ternos, porque ele crescia muito, e a roupa deixava de servir. Foi para o Rio de Janeiro mocinho, em fase de crescimento. Por isso, sempre admirei a coragem de minha me por deixar o filho de quinze anos, ainda menino, ir para longe da famlia. [...] E tudo isso em plena Segunda Guerra Mundial. Quando criana, eu o chamava somente pelo apelido que mame havia lhe dado: Nino. Dos lugares por onde viajava, trazia-me de presente lindas bonecas com tranas, porque meus cabelos tambm estavam sempre tranados. [...] Anos mais tarde, quando voltava de um curso no exterior, onde permaneceu durante vrios meses, veio passar umas frias mais prolongadas em Brusque. Essa estada dele em casa me foi muito proveitosa. Ensinou-me a tocar flauta doce e facilitou minhas lies de ingls, ajudando-me nas tarefas de escola. [...] Durante essa permanncia dele em casa, certo dia, eu estava choramingando, como sempre. Quando criana sempre fui muito manhosa. Chorava por qualquer coisa. Edino estava sentado escrivaninha de papai. Dali a pouco, me procurou, com uma partitura na mo: Toma, chorona. para ti. Era o Choro Manhoso, que ele acabara de compor. [Os pianistas felizes agradecem a Dinorah]

Carmelo o irmo mais novo em seu depoimento datado de 24/3/1998 tambm revela a magia desses momentos:
Das minhas lembranas de infncia, tenho bem claras as imagens quando o Edino chegava em casa, vindo de bem longe, muitas vezes do exterior, trazendo novidades e brinquedos diferentes: uma miniatura do nibus londrino, um chapu russo. Ou mandava pelo correio novidades, [...] ou at mesmo uma tartaruga viva. [...] Em uma de suas vindas do exterior veio trazendo uma coleo de LPs com msicas clssicas e um aparelho para toclos. No existia por aqui, foi um sucesso. Quando chegava dava aulas de ingls para os irmos, a todo mundo tirava dez nas provas. [...] Quando eu nasci o Edino j tinha sado de casa para estudar msica no Rio. Esta ausncia precoce causou tanto para ns, como acredito para ele prprio, um vazio, que tentvamos preencher quando de suas frias. Por outro lado, sempre tivemos

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no Edino o exemplo de um vencedor, de algum que com muito sacrifcio e determinao, sem se deter frente s dificuldades, galgou o pice de uma carreira e que, mesmo assim, no perdeu a humildade.

Ao terminar o curso de vero com Aaron Copland em Tanglewood, Edino logrou obter outra bolsa do Instituto Internacional de Cultura para estudar composio durante um ano de 1948 a 1949 na Juilliard School of Music de Nova York, com Peter Mennin, que era ento um compositor bastante jovem. Edino tem quase certeza de que seu nome foi lembrado por Copland. Sua dedicao rendeu-lhe a indicao para representar a Juilliard School of Music no Simpsio de Compositores dos Estados Unidos e Canad, no ano de 1949, em Boston, onde apresentou sua Msica de Cmara para flauta, trompete, violino e tmpano, que recebeu 21 elogios da crtica. Nesse perodo ele trabalhou muito tcnica de violino, na Henry Street Setlement School of Music, com William Nowinski, que era o primeiro violino da Filarmnica de Nova York e assistente de Ivan Galamian, possivelmente o professor de violino mais importante dos Estados Unidos, pois criou toda uma escola de violinistas importantes. E ainda integrou a Mozart Chamber Orchestra, como violinista. Sobre essa experincia, Edino nos revela:
O Nowinski, inclusive, sempre me falava que meu pai tinha razo: que eu devia fazer carreira de violinista, de solista. Ele queria que eu fosse para a Europa, estudar com o Max Rostall, que foi um grande professor de violino. Mas eu realmente tinha mais ou menos me definido pela composio e acabei depois abandonando totalmente o violino.

Edino ficou de 1948 a 1949 estudando, por opo, com Peter Mennin. Poderia ter escolhido como professor Roger Goeb ou Wallingford Reeger, ambos serialistas. Mennin era compositor de formao mais neoclssica, mas Edino considerou que era importante diversificar seu conhecimento, ter outro tipo de informao, pois nos ltimos tempos com Koellreutter havia feito muita coisa de msica serial. Segundo Edino, o prprio Koellreutter sugeriu que ele escolhesse um professor que tivesse outro tipo de abordagem. Todavia, Peter Mennin se dedicava mais a analisar o trabalho de grandes mestres da criao e a tecer crticas sobre suas concepes. Alm da prtica, havia ainda matrias tericas de carter mais avanado. Discusso de princpios de composio, de estrutura, de forma, e outras obrigatrias, como L and M, isto , Literatura e Materiais da Msica tendo como professor Roger Goeb , que eram informaes, em geral, sobre os princpios de
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construo musical. Edino ressalta que havia, ainda, uma nfase muito grande nos trabalhos prticos. Para cada aula, o aluno tinha que preparar trabalhos de composio, que eram tocados na classe por alunos da escola e discutidos de forma crtica por todos. O resultado desses empreendimentos foi, sem dvida alguma, uma experincia enriquecedora, ampliando o leque de conhecimentos, mas Edino chegaria concluso, aps estudar nos Estados Unidos (e mais tarde, em 1955, na Inglaterra), de que a base terica para composio havia sido firmada com Koellreutter. Para Edino, o fato mais importante na didtica de Koellreutter que ele no se limitava a ensinar e transmitir apenas frmulas, mas tinha o dom e a preocupao de instrumentalizar os alunos:
Ele no d somente as regras, mas tambm as razes pelas quais aquelas regras foram utilizadas naqueles perodos. Por que se evitava, por exemplo, as as na harmonia renascentista, o paralelismo de 5 e 8 paralelas. Voc sempre as as aprende nos livros tericos: proibido fazer 5 e 8 paralelas, como tambm no contraponto. Mas nunca ningum explica por qu. Koellreutter buscava as as sempre as razes objetivas e cientficas: por que evitar as 5 e 8 paralelas? Nesse momento, entrava a discusso e o conhecimento da prpria srie harmnica; portanto, so aqueles que esto mais prximos do som fundamental, aqueles que se confundem com ele.

Edino voltou para o Brasil em julho/agosto de 1949; permaneceu cerca de quatro meses em Brusque e depois veio para o Rio de Janeiro trazendo o irmo Renato, em 22 de novembro de 1949, no mesmo dia em que faleceu seu av Gustavo Krieger. Eles foram morar numa penso em Santa Teresa, onde na ocasio morava a pintora Djanira. Cabe aqui uma historieta assaz interessante. Antes de viajar, Edino morava com Walter Elsas, outro aluno de Koellreutter com quem ele deixara suas coisas , em um apartamento em que o prprio professor havia morado antes de casar, situado na rua Monte Alegre, tambm em Santa Teresa. Quando retornou, foi procurlo na oficina do jornal Tribuna Popular, na rua do Lavradio, onde Walter trabalhava como linotipista. Encontraram-se e foram almoar juntos. Depois disso, Walter retornou ao jornal e Edino, ao buscar a conduo para retornar casa, foi interceptado pelo pessoal do Departamento de Ordem Poltica e Social (DOPS). Como o citado jornal era o rgo oficial do Partido Comunista, os agentes do DOPS ficavam atentos a quem entrava e saa de l. Foi assim que, desejando saber quais as relaes de Edino com o partido, o levaram para a cadeia, na rua da Relao. Edino passou um final
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Alberto Jafe (de chapu), Edino Krieger (de culos), Saloma Zeigarnikas, atualmente Saloma Gandelman (de culos), Gisela Blank e Esther Scliar (de chapu). I Curso Internacional de Frias. Terespolis (RJ), 1950.

de semana incomunicvel, para desespero do irmo Renato, recm-chegado ao Rio. Preocupado com o sumio, o irmo ligou para todo mundo, inclusive Koellreutter, e formaram, assim, um crculo de pessoas procurando por ele. Logo depois que Edino foi preso, chegou cadeia outro rapaz, que j tinha um habeas corpus e avisou a Edino que provavelmente sairia logo. Ento, eles trocaram informaes: um decorou os telefones e os nomes de contato do outro, para que o primeiro que sasse pudesse ligar e pedir ajuda para quem ficasse. Assim foi feito: o rapaz saiu e acionou o irmo Renato, que a essa altura j havia contatado um advogado, que entrou com pedido de soltura, que ocorreu na segunda-feira tarde. Como se v, Edino foi preso na viagem de ida para os EUA e na volta ao Brasil, em ambos os casos sem nenhum motivo! na dcada de 1950 que tem incio sua carreira profissional, j sem bolsa de estudo, j adulto. Em janeiro de 1950, a convite de Koellreutter e na qualidade de seu assistente, ele o ajudou a montar o I Curso de Frias de Terespolis. Edino ajudava na coordenao e ainda integrava o corpo discente. Ele era presena constante nesses cursos internacionais. Salientamos sua participao no curso de Ernst Krenek, em 1952, cujo grande potencial pedaggico impressionou sobremaneira Edino. Em 5 de junho de 1950 estreia como crtico musical do jornal Tribuna da Imprensa e atua ainda como colaborador no Servio de Radiodifuso Educativa da Rdio Ministrio da Educao e
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Cultura, alm de prestar servios Rdio Roquette-Pinto. Preocupado com a questo da sobrevivncia, aceita as mais diversas ofertas de trabalho. Neste perodo viveu uma experincia singular: foi convidado por um grupo que trabalhava no Hospital do Engenho de Dentro, do qual participavam o crtico de arte Mrio Pedrosa e Geni Marcondes, para desenvolver atividades de teraputica musical, sob a responsabilidade da Dra. Nise da Silveira. Segundo Edino, foi um trabalho puramente intuitivo e bastante interessante. Ele tentava num contato semanal de duas horas resgatar a memria musical dos pacientes, ver o que eles sabiam de msica. Seu relato sobre o que ocorreu com Fernando Diniz, conhecido artista plstico cujas obras esto no acervo do Museu do Inconsciente, nos permite vislumbrar como era desenvolvido esse processo:
Tive uma experincia muito interessante com esse rapaz. Porque ele era extremamente introvertido, tinha uma timidez absoluta, andava pelos cantos da parede, era incapaz de atravessar uma sala. [...] E eu sabia que ele se interessava por artes plsticas, que fazia pintura, mas nunca se soube que ele tivesse algum interesse em msica. Ento, um dia, havia uma moa que cantava acompanhada por um rapaz que tocava violo. Ela cantava alguma coisa de msica popular, e o Diniz estava no canto dele, olhando, observando. De repente, ele foi se chegando para perto e, num determinado momento, arrancou o violo das mos do rapaz, sentou com o violo e comeou a tocar. Eu cheguei perto dele, com muito cuidado, e disse: Diniz, eu no sabia que voc sabia tocar violo! E ele, inclusive, era uma pessoa que no se comunicava, ele falava por monosslabos e nunca ningum tinha conseguido arrancar uma frase completa dele. [...] E nesse dia eu cheguei perto dele e comecei a tentar conversar. E ele, aos poucos, foi dizendo como tinha aprendido a tocar violo. Me contou a histria de toda a vida dele, de onde era, onde que ele morava, quem era a me dele, o que fazia... A, fui tomando nota, passei depois para a Dra. Nise e ela disse: fantstico! Ele nunca tinha aberto a boca, em nenhuma sesso, para dizer nada. A vida dele era em branco. Ento, foi uma experincia interessante, porque a msica despertou, liberou uma srie de lembranas que estavam certamente bloqueadas na memria dele.

Apesar do interesse por esse trabalho, no houve por parte de Edino condies de continuar desenvolvendo-o, pois ele passou a dedicar-se mais e mais aos seus trabalhos na rdio, ainda que os realizasse sem vnculo empregatcio. A vontade de continuar estudando fez com que se candidatasse em 1955 a uma bolsa do Conselho Britnico para um curso de aperfeioamento em composio em Londres, logrando ser escolhido. Nessa mesma poca, Edino ganhou
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um prmio da Fundao Rotteline de Roma para estudar na Europa, prmio do qual teve que abdicar, pois j estava comprometido com a bolsa do Conselho Britnico. Todavia, essa bolsa no pagava a passagem, apenas a estada e o curso. A soluo foi contar com o apoio de alguns amigos que integravam a delegao brasileira que iria para o Festival da Juventude em Varsvia, como Jorge Amado e Arnaldo Estrella, que sugeriram a Edino a possibilidade de fazer parte desse grupo, pois o preo era muito acessvel. A delegao ia viajar no navio francs Louis Lumire, na 3 classe (poro) at a Frana era impossvel ser mais econmico , sendo a volta por conta de cada um. Edino se incorporou a essa delegao de aproximadamente 40 pessoas, incluindo as que faziam parte do Teatro Popular, Solano Trindade etc. Chegados a Lyon foram para Paris, e de Paris seguiram de trem para Varsvia. No navio, Edino havia organizado um coral e feito arranjos, e com esse grupo se apresentou em Varsvia. L, outros artistas que estavam ou moravam na Europa, como, por exemplo, o compositor Jos Siqueira, o violinista Oscar Borgerth e sua mulher Alda, o arranjador Lindolfo Gaia e Stellinha Egg, o bartono Roberto Saturnino Braga que mais tarde viria a ser prefeito do Rio de Janeiro , passaram a integrar a delegao brasileira. Neste Festival em Varsvia, em 1955, Edino foi agraciado com o Prmio da Paz, com uma msica de sua autoria interpretada por Saturnino Braga, contando ainda com a participao de Lindolfo Gaia ao piano. Sobre essa poca, o senador Roberto Saturnino Braga nos fala:
Tive o privilgio de conhecer Edino ainda jovem, nos anos cinquenta, jovem compositor que a sua gerao tinha como referncia. Eu tambm era msico naquele tempo, era cantor, e tomava aulas com ele de harmonia e contraponto. Conheci-o transformando poemas de Nicolas Guilln em belas canes que eu cantava com gosto extraordinrio. Conheci-o musicando versos que Ethel Rosenberg escrevera para seus filhos antes de ir para a cadeira eltrica, compondo com eles uma balada que emocionava profundamente as salas onde eu a cantava. Durante toda a segunda metade do sculo XX, Edino Krieger foi referncia maior da msica brasileira. Como compositor, certamente, como criador cujo destaque a perspectiva do tempo s far engrandecer; como compositor cuja obra ainda se desenvolve nos dias de hoje. Mas tambm como liderana, como referncia para os fazedores de msica do Brasil; como liderana que ainda ilumina a primeira dcada do novo sculo; que ilumina pela msica e pela tica, pela qualidade musical e pela qualidade humana. Por conta desse festival, Edino, juntamente com a delegao brasileira, foi convidado a visitar Moscou, Leningrado e Kiev. Era uma espcie de visita cultural.

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Edino nos conta que Jos Siqueira regeu a Orquestra da Rdio de Moscou, Oscar Borgerth tocou o Concerto de violino, de Lorenzo Fernandez, o bartono Saturnino Braga e Stellinha Egg cantaram canes brasileiras. Terminada a viagem Rssia, Edino permaneceu aproximadamente 20 dias na casa do Jos Siqueira, em Paris, aguardando o incio da bolsa na Inglaterra.

Convite recebido por Edino Krieger para o encontro com a rainha Elizabeth II. Londres, Inglaterra, 1955.

Em Londres, a escolha de Lennox Berkeley novamente um compositor neoclssico foi tambm intencional. Edino no tinha interesse em trabalhar mais serialismo, pois era uma experincia de que j tinha um conhecimento mais do que suficiente. Apesar de Berkeley ser professor da Royal Academy of London, suas aulas com Edino eram domiciliares. Todo o estudo foi voltado para composio. Mas a estada em Londres oferecia tambm outros atrativos:
Participar da vida musical de Londres um negcio fantstico. Tive oportunidade de conhecer o Benjamin Britten, frequentei sempre que podia os concertos do Royal Festival Hall, do Albert Hall, fiz um trabalho na BBC. Eram programas dirigidos ao Brasil, sobre msica contempornea britnica, que resultou num programa semanal na BBC, por mim organizado.

Data dessa poca o encontro de Edino com a rainha da Inglaterra, que, em convite expedido pelo cerimonial de Sua Majestade aos bolsistas, marcava para 13/12/1955 o encontro de boas-vindas. O jornal O Municpio, de Brusque, datado de 10/3/1956 assinado por W. Santos assim narra o acontecimento:
Como filho afetuoso, Edino Krieger no se deixou envolver pelo turbilhonar de longas e atribuladas viagens, conferncias, recepes etc., reservando para si, com bastante assiduidade, o estabelecimento da pontual correspondncia com seus genitores. Seus relatos guardam em cada frase uma expresso de calor pelo que v e aprende, mesclada s recordaes de seu torro natal, onde sempre aflora um qu de melancolia. Numa de suas missivas Edino fala da suprema honra que lhe concedeu a rainha Elizabeth, quando o recepcionou no Conselho Britnico, juntamente com outros companheiros. Deve ser interessantssimo isso de inventar msica, ser compositor, foi o que lhe disse a graciosa soberana. E, deslumbrado com a simplicidade e o encanto da interlocutora, Edino respondeu-lhe que mais interessante ainda deveria ser rainha.

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

Como bolsista, Edino no podia trabalhar. Entretanto, de acordo com os costumes britnicos, as pessoas no podem exercer qualquer atividade sem serem remuneradas, por isso sempre foi encontrada uma forma de pagar-se alguma coisa a ele. Foi assim que Edino comprou sua passagem de volta, de navio. Em carta datada de 1/10/1996, a sra. Susan Knowles Senior Document Assistant da British Broadcasting Corporation Document Archives nos fornece algumas informaes relevantes sobre a atuao de Edino nos programas da BBC. De acordo com a cpia dos arquivos que nos enviou, o primeiro programa por ele escrito data de 26/4/1956 e teve como ttulo Literature and the Arts: No 21Michael Tippet; o de 14/5/1956 foi Literature and the Arts: Edmund Rubbra. Mas a sra. Susan esclarece:
The first talk he gave, however, was a commentary on the opera The Turn of the Screw, broadcast on 15 October 1955. The series on British composers was as follows:22 Lennox Berkeley 07/01/56 Benjamin Britten 04/02/56 William Walton 03/03/56 Alan Rawsthorne 31/03/56 ? 05/04/56 Michael Tippett 26/05/56 Peter Fricker 23/06/56 Humphrey Searle 21/07/56 Edmund Rubbra 18/08/56 John Ireland 15/09/56 Vaughan Williams 20/10/56

Essa srie de palestras sobre a msica de compositores britnicos contemporneos foi levada ao ar, no Brasil, aos sbados, s 20h30m. A partir de sua volta ao Brasil, Edino Krieger consolidou sua trajetria trplice como compositor, como crtico musical e como produtor musical , deixando marcas profundas no meio musical brasileiro, trazendo importantes contribuies para o desenvolvimento da cultura, da msica e do msico brasileiro, sendo, sem sombra de dvida, um dos grandes pilares do meio musical de nosso tempo. Oriundo de uma numerosa e unida famlia, tanto por parte de sua me quanto de seu pai, o ambiente domstico sempre teve para Edino uma importncia capital; nele que recarrega suas energias.
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Captulo I . O homem e seu mundo

Casamento de Edino e Nenem (na foto, com Gertrudes e Aldo Krieger). Capela Episcopal de Nova Friburgo (RJ), 26/10/1969.

Carmen Krieger encerra seu depoimento sobre o irmo mostrando a importncia da famlia na trajetria de Edino:
O Papai nos deixou cedo, mas a Mame, com seus 95 anos, ainda est conosco. Certamente o Edino o filho mais carinhoso, mais chegado, at dos que estamos mais prximos. Telefona todos os domingos, religiosamente, relata suas notcias, mesmo que ela, com sua memria cansada, muitas vezes no se recorde dos detalhes. No importa. uma alegria que s ela sabe. Este o nosso Edino!

Edino matrimoniou-se pela primeira vez em 1959, aos 31 anos de idade, uma unio que durou aproximadamente 8 anos, e que no lhe traz gratas lembranas, razo pela qual esquiva-se de comentar sobre o assunto at hoje. Em 1969, Edino casou-se com Maria de Lourdes Pinto da Cunha Lyra, agora Maria de Lourdes Lyra Krieger, mais conhecida por Nenem Krieger. Nenem jornalista, e eles se conheceram em funo do trabalho que ambos desenvolviam. Edino trabalhava no Jornal do Brasil. Nenem era assistente da programao do Instituto Cultural Brasil-Alemanha, o Instituto Goethe e, a pedido do Diretor Willy Keller, procurou Edino, que estava substituindo o crtico Renzo Massarani, levando material para a divulgao de um evento na rea de msica, relacionado com a apresentao da obra Pierrot Lunaire, de Schoenberg.

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

A eu fiquei conhecendo-a, sentamos e ficamos conversando literalmente a tarde inteira: ningum mais trabalhou! Ele lembrou-se com facilidade da data desse espetculo 5/8/1966. Nenem viajou em 1967, com uma bolsa de estudos para a Alemanha, onde passou de quatro a cinco meses, perodo em que eles se correspondiam. Quando de seu regresso, eles continuaram conversando, em 26/10/1969 resolveram se casar em Nova Friburgo, municpio do Rio de Janeiro e esto conversando j h 43 anos. O primeiro filho, Fernando, nasceu em 1972, Eduardo em 1974, e Fabiano em 1978. O pendor musical dos trs manifestou-se de maneira muito natural. Edino procurou estimul-los, mas sempre na medida do interesse que demonstrassem, fornecendo informaes sobre msica de maneira muito discreta, sem deixar que percebessem o enorme prazer que teria se eles seguissem carreiras ligadas msica.
Em casa sempre se ouviu muita msica, de todo tipo. Minha mulher no tem uma formao musical, mas seu trabalho lhe propiciou uma grande experincia. Ela bem informada a respeito de repertrio de msica clssica, msica de concerto, da msica contempornea. [...] Mas, evidentemente, as origens dela so muito ligadas tradio da msica popular: do chorinho, da msica brasileira, da MPB. Ento, os nossos filhos tiveram sempre uma alternativa, um leque muito grande de opes, de ouvir todo tipo de msica.

Apesar de os trs filhos tenderem mais para a msica popular, a msica clssica tambm encontra espao no seu universo musical. Edino tem ainda dois netos, filhos de Eduardo: Nina, nascida em 1996, e Cau, em 2004. O casal Krieger sempre se ajudou mutuamente nos trabalhos profissionais. Edino ressalta que a ajuda de Nenem se reflete mais na questo da organizao:
Ela muito discreta na divulgao de coisas que eu fao. Vez por outra ela faz uma nota, mas no uma coisa assim de dizer que eu tenho uma mquina promocional montada dentro de casa. Ela no se sente com a obrigao de estar frequentemente me promovendo, divulgando as coisas que fao. um apoio mais em nvel de companheira, incentivadora e inspiradora. Eventualmente tambm de produtora, pois foi ela quem organizou e fez a produo da srie do CCBB dos meus 70 anos e sugeriu ao RioArte a edio do CD Canticum Naturale o primeiro s de obras minhas.

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Captulo I . O homem e seu mundo

O convvio que tivemos com Edino por ocasio da realizao deste trabalho permitiu-nos ajuizar que o homem revela-se to dedicado e competente quanto o compositor, o crtico e o produtor, sendo seu ambiente domstico um exemplo de estrutura familiar slida, envolta em respeito mtuo, coroada de importantes realizaes e, ainda, com a dose certa de amizade e afeto.

Edino e Nenem com os filhos Fabiano, Eduardo e Fernando e os netos Cau e Nina. Teatro Rival Petrobras, aps show de Edu Krieger. Rio de Janeiro (RJ), 5/10/2009. Foto: Carol Pires

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

Notas
1.

Segundo informaes extradas da revista Notcias de Vicente S: Brusque: ontem e hoje!, ano 6, n 50, p. 953, Vicente Ferreira de Melo foi o primeiro que subiu o Itaja-Mirim e, s suas margens, nove lguas acima, construiu o seu rancho pioneiro, vivendo isolado, s, como se tornaria conhecido. Giralda Seyferth (1974, p. 33) em A colonizao alem no vale do Itaja-Mirim, com base na estatstica oficial, informa que de 1830 a 1884 entraram no Brasil 71.247 alemes e que de 1884 a 1939 este nmero subiu para 170.645. Na publicao Notcias de Vicente S: Brusque, ontem e hoje!, ano 7, n 54, p.1052, consta que data de 1860 a chegada dos primeiros colonos alemes a Brusque denominada na poca de Colnia Itajahy , em nmero de 55. Extrado da revista Notcias de Vicente S: Brusque: ontem e hoje!, ano 7, n 54, p. 1.052, onde consta haver sido extrado da publicao: Clube Caa e Tiro Arajo Brusque, Cem Anos. A imigrao polonesa nas colnias Itajahy e Prncipe Dom Pedro, p. 7. Revista Notcias de Vicente S: Brusque: ontem e hoje!, ano 5, n 47, abril de 1996, p. 875. Dentre as 11 pessoas da comunidade que fundaram esta sociedade, quatro eram da famlia Krieger: Hermann, Otto, Willy e Guilherme Luiz. Segundo informaes obtidas no Dirio Catarinense, o conjunto recebeu pelo contrato 30 mil-ris e os msicos se apresentaram com um clarinete, dois pistes, um trombone, um bombardo e um bugle tipo de instrumento agudo, pertencente famlia do saxhorn. Extrado do Boletim do Conservatrio de Msica de Brusque, n 1, abril de 1961, publicado na revista Notcias de Vicente S: Brusque: ontem e hoje!, ano 7, n 54, p. 1.049. Idem. Este conjunto vocal masculino foi fundado em 22/7/1896, tendo como seus primeiros integrantes os senhores Gustav Willrich, August Ristow, Karl Haffermann, Rudolf Tietzmann, Moritz Lehmann dirigente, Luiz Krause, Willy Krieger, Ernest Ulber, Otto Krieger, Guilherme Krieger, Matias Moritz, Gustav Bruns, August Luebke, Hermann Krieger e Oscar Renaux. No documento que nos foi enviado pela Prefeitura Municipal de Brusque/Secretaria de Turismo, por meio do sr. Srgio Petruschky, encontramos a informao de que o centenrio templo da comunidade evanglica luterana foi concludo em 1896, e que no mesmo encontra-se um rgo alemo com 1.200 flautas, existindo apenas trs deste modelo em todo o Brasil. Consta ainda que sua excelente acstica transformou-o no espao preferido para a realizao de concertos musicais. Todavia, a publicao Notcias de Vicente S: Brusque: ontem e hoje!, ano 5, n 49, menciona que o templo comeou a ser construdo em 1872; em 10/6/1873 foi lanada a pedra fundamental, e sua inaugurao ocorreu em 6/1/1895, pelo pastor Czecus. Outrossim, cabe ressaltar e esclarecer que a procedncia do supracitado rgo, segundo Diva Maccagnan Pinheiro Besen, em diligente pesquisa que resultou numa monografia intitulada Aldo Krieger no contexto musical catarinense pr-requisito parcial para a concluso do curso de Especializao em Arte e Educao na Universidade para o desenvolvimento de Santa Catarina em Florianpolis, tendo como orientador o professor Dr. Raimundo Martins , no procede. Num congraamento e ajuda de empresas diversas e de brusquenses dedicados o projeto torna-se realidade. Hoje encontramos o rgo Bohn, de fabricao de J. E. Edmundo Bohn, Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul, 1959, e na entrada para o coro, o belo quadro todo desenhado por Aldo Krieger, que proporcionou a compra do mesmo, com o nome de todos os contribuintes, assim intitulado: Campanha Pr rgo para Igreja Evanglica de Brusque. Realizado e desenhado por Aldo Krieger. Brusque, setembro de 1959 (p. 41). A autora informa, ainda, que assim se documenta no Livro de Tombo da Igreja Evanglica de Brusque. Este grupo, por ocasio do perodo natalino, apresentava-se para os idosos e os enfermos da comunidade, buscando minorar seus sofrimentos. Este madrigal era composto por 15 a 20 senhoras e esteve por muito tempo sob a regncia de Aldo Krieger. Extrado do Boletim do Conservatrio de Msica de Brusque, n 1, abril de 1961, publicado na revista Notcias de Vicente S: Brusque: ontem e hoje!, ano 7, n 54, p. 1.049. Seus componentes eram os seguintes msicos: Primo Diegoli, Willy Stracke, Julio Laux, Gustavo Krieger, Willy Diegoli, Luiz Luebcke, Raymundo Bridon, Augusto Diegoli e Alwin Rockstroh.

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O Dirio Catarinense de 31/7/1999 revela que esta banda, que teve como primeiro mestre Antnio Schwartz, marcou poca em Brusque. Consta ainda que, alm de Humberto Mattioli que sugeriu em 1920 a renovao completa dos instrumentos do grupo , ela teve o compositor e professor Aldo Krieger como um de seus integrantes. Este conjunto, que durou apenas dois anos, esteve presente na inaugurao da luz eltrica de Brusque, em 12/11/1913.

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Em 1947 assumiu a direo Dom Afonso Niehues, arcebispo de Florianpolis, que permaneceu no cargo at 1952. De acordo com as informaes levantadas, este conservatrio funcionou aproximadamente trs anos como departamento do Conservatrio Brasileiro de Msica, seguindo com afinco o programa de ensino aplicado no Rio de Janeiro. Inicialmente era uma sociedade civil, tendo sido reconhecida como de utilidade pblica em 29 de novembro de 1956. No citado ano, quando voltou da Inglaterra, Edino Krieger permaneceu aproximadamente seis meses em Brusque. Seu irmo Mozart relatou-nos que nesta ocasio Edino reuniu a elite socioeconmica do local e fundou a sociedade mantenedora do Conservatrio de Brusque, levando-se em conta que as mensalidades dos alunos eram insuficientes para a manuteno do estabelecimento. A instalao desta entidade contou com a colaborao de vrios segmentos da comunidade, como o comrcio, as indstrias, particulares, governos do municpio e do estado, alm da Sociedade Beneficente Carlos Renaux. Durante seu perodo de atuao 1918 a 1930 , apesar de no ser o mais importante de Brusque, foi, sem dvida, o que mais mexeu com os coraes dos enamorados. Na revista Notcias de Vicente S: Brusque: ontem e hoje!, ano 5, n 49, p. 925, nov. de 1996. Segundo publicao Gustavo Krieger. 1878 26 de janeiro 1978, pgina 3. Carmelo e Marcelo Krieger informaram que a mesma foi organizada por Murilo Krieger e Maria do Carmo Krieger, netos de Gustavo Krieger. Extrado do documento indito de autoria do irmo Mozart intitulado Quod scripsi, scripsi, captulo 1: Dos tempos da cadeia velha, escrito entre 1988 e 1993, com notas adicionais do irmo Dante em 1998. Edino, talvez pelo fato de ser o irmo mais velho, depois da Myriam, e ainda por ter deixado a casa muito cedo, quando os demais eram bem pequenos, ficou em suas lembranas como um dolo, aquele irmo brincalho e afetuoso que estava to longe e de quem sentiam muita saudade. Eles procuravam se espelhar nele e imit-lo em quase tudo. Certa ocasio, Edino enviou dos Estados Unidos uma mensagem gravada em disco para a famlia. Mozart, Marcelo, Carmelo e Dante nos contaram que, de tanto tocar, o disco acabou furando, ficando uma falha, de modo que em determinado trecho ficava repetindo a mesma coisa, at que fosse dado um empurrozinho para voltar a tocar direito. Segundo eles, a gurizada decorou a fala do disco, inclusive com o defeito, e a repetiam de fio a pavio. Vasco Mariz, em Histria da msica no Brasil, 2. ed. p. 273, e ainda em seu trabalho Figuras da msica brasileira contempornea, 2. ed. p. 86, relata que o crtico do Boston Herald, em 18/3/1949, menciona que o Quarteto de Edino, embora no seja de fcil compreenso na primeira audio, mantm interesse sobretudo em virtude de desenhos rtmicos pouco usuais. A primeira palestra (radiofnica) que ele fez, entretanto, foi um comentrio sobre a pera The Turn of the Screw, transmitida em 15/10/1955. A interrogao na palestra referente ao dia 5/4/1956 consta da citada correspondncia.

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o panorama da crtica musical do Rio de Janeiro, aproximadamente nos ltimos 25 anos do sculo XX e nos primeiros 12 anos do sculo XXI, verifica-se que no h a presena de crticos especializados atuando no dia a dia dos grandes jornais. Como consequncia, o espao outrora destinado crtica de msica dita erudita, com colunas especficas, foi ocupado por crticos na maioria das vezes versados em assuntos diversos, que contemplam quase que somente, e ainda assim com certa raridade, crticas referentes msica popular brasileira e estrangeira, ficando a chamada msica erudita a cargo de crticos da envergadura de Luiz Paulo Horta e Ronaldo Miranda, que atuavam no Jornal do Brasil produzindo crticas semanais e, ainda, Antonio Hernandez e novamente Luiz Paulo Horta no jornal O Globo mais frequentemente. H que se considerar tambm todo o processo evolutivo da mdia. Nas cinco primeiras dcadas do sculo XX, os veculos efetivos dos meios de comunicao eram quase que somente o jornal e o rdio, tendo em vista que a primeira televiso no Brasil data de 1950 a TV Tupi de So Paulo, fundada por Assis Chateaubriand. Outro fator deveras importante diz respeito respeitvel linhagem dos crticos que atuaram durante esse perodo, em sua maioria professores de renome e/ou msicos gozando de grande prestgio e outorgando, desta forma, credibilidade s suas crnicas. Andrade Muricy (1895-1984), crtico musical do Jornal do Commercio (de 1937 a 1969) em substituio a Oscar Guanabarino; Ayres de Andrade (1903-1974), crtico musical de O Jornal durante 35 anos; Eurico Nogueira Frana (1913-1992), crtico musical dos jornais Correio da Manh e ltima Hora, e ainda da revista Manchete; Joo Itiber da Cunha (1870-1953), o J. I. C., crtico musical dos jornais A Imprensa e Correio da Manh e da revista A Renascena; Ondina Ribeiro Dantas, tambm conhecida por DOr (1897-1980), crtica musical do jornal Dirio de Notcias; Oscar Guanabarino (1851-1937), que foi durante vinte anos crtico do Jornal do Commercio; Octvio Bevilacqua (1887-1969), crtico musical do jornal O Globo desde a sua fundao; Renzo Massarani (1898-1973), crtico musical dos jornais A Manh e Jornal do Brasil; Edino Krieger (1928), crtico do jornal Tribuna da Imprensa e do Jornal do Brasil (como interino, e depois como titular,
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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

em substituio a Renzo Massarani), dentre outros, foram importantes nomes que atuaram e ocuparam lugar de destaque na imprensa, transformandose em formadores de opinio junto comunidade musical, contribuindo sobremaneira para a divulgao da msica erudita brasileira, para o implemento de polticas culturais por parte dos rgos pblicos, para a formao de um pblico esclarecido para os nossos artistas, para um maior estmulo criao musical brasileira, alm de favorecerem a projeo de regentes, intrpretes, compositores, conjuntos corais, conjuntos camersticos e orquestras. Edino Krieger foi um misto de crtico, professor, educador, revelador de talentos, um grande defensor e incentivador de polticas pblicas culturais, alm de esteta. Nada passava despercebido em suas colunas quase que dirias. Sua atuao revelava um total compromisso com toda sorte de problemas que envolvessem direta ou indiretamente o crescimento esttico-musical-cultural da cidade, em total sintonia com os ltimos acontecimentos nos grandes centros urbanos no Brasil e no exterior. Seu principal trabalho como crtico musical foi no jornal Tribuna da Imprensa de 5/6/1950 a 9/7/1952 , da resultando um total de 399 crticas assinadas: 46 escritas em 1950, 223 em 1951 e 130 (e ainda trs sob o pseudnimo Atonis) em 1952. No nos foi possvel localizar sua ficha funcional, em virtude da destruio desse arquivo por uma bomba colocada no citado jornal em 1981. Aps a data de sua ltima crtica assinada (9/7/52), encontramos ainda diversas matrias datadas de 10/7/52, 11/7/52, 14/7/52, 15/7/52, 16/7/52, 19-20/7/52, 21/7/52, 22/7/52 e 25/7/52, sempre na pgina 8, mas sem identificao quanto autoria das mesmas. A partir de 30/7/52, Mrio Cabral deu continuidade a este trabalho. Edino atuou ainda como crtico interino no Jornal do Brasil em 1956, 1957, 1958, de 1966 a 1969, de 1971 (at final de 1973 como substituto, cobrindo as frias de Renzo Massarani) a 1977, em 1979 e, excepcionalmente, em 1987, 2000 e em 2007, num total de aproximadamente 261 crticas publicadas, que permitem ao estudioso visualizar o panorama da vida e dos problemas musicais do Rio de Janeiro desse perodo.
Quando o Massarani morreu, o Nascimento Brito me chamou e disse: Ns gostaramos que voc continuasse. Voc tem substitudo o Massarani, gostaramos ento que voc ficasse com a coluna dele. E eu passei ento a fazer a coluna de msica, de crtica, do JB.

Todavia, essas colunas no apareciam com muita regularidade. Edino permaneceu no Jornal do Brasil at sua ida para a Funterj. Segundo ele, no tinha sentido ele mesmo programar os eventos e depois fazer a sua crtica: Achava
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Captulo II. O crtico musical

que era antitico. No me sentia muito vontade, e ento fui substitudo pelo Luiz Paulo Horta e pelo Ronaldo Miranda. No jornal Tribuna da Imprensa suas colunas no tinham dia especfico; todavia, podemos atestar que eram muito frequentes e situavam-se quase sempre na pgina 7. Remetemos ainda o leitor para a leitura das Resenhas das Crticas levantadas, que so apresentadas a seguir, guisa de enriquecimento. Seus artigos, nos quais podemos acompanhar a atuao de diversas entidades musicais, intrpretes, compositores, escritores, professores, escolas e conservatrios, dentre outros, constituem-se num rico filo para o estudo da evoluo musical brasileira. Foi especialmente na Tribuna da Imprensa que Edino Krieger registrou e comentou todas as atividades do meio artstico carioca, procedendo ainda a registros de atividades em outros estados e pases, cobrindo majoritariamente os acontecimentos da rea de msica e detendo-se mais na apreciao da performance dos intrpretes, compositores, regentes, conjuntos camersticos e orquestras, tanto nacionais quanto internacionais. A exemplo de outros crticos, Edino Krieger sistematicamente fazia uma preleo histrica dos assuntos por ele abordados, alm de anlise esttica e musical das obras revelando slido conhecimento da matria , visando situar o leitor na assimilao de seu contedo, antes de formular um julgamento sobre as realizaes artsticas. Constata-se ainda, como seu procedimento comum, a elaborao de uma retrospectiva dos eventos musicais do ano anterior nas primeiras colunas de cada ano, assim como discorrer sobre a programao global em todo incio de temporada. Ele cobria ainda espetculos de bal, fazia aluses a lanamentos de long-plays, livros e revistas de interesse da rea de msica, comentava conferncias e crnicas publicadas por estudiosos em outros veculos de comunicao (Juan Carlos Paz e Ernst Krenek), alm de se reportar s comemoraes da Semana da Ptria, para citar apenas alguns dos tpicos abordados. Na anlise dessas publicaes evidencia-se tambm a grande sensibilidade que Edino externava com relao formao do gosto do povo e, mais especificamente, com a correta formao dos estudantes de msica. Como exemplo disto, destacamos a importante srie por ele denominada Problemas do ensino musical, no total de aproximadamente 15 artigos publicados de 2/1/52 a 15/2/52, contando com a colaborao, sob a forma de depoimentos, de nomes os mais expressivos e representativos em suas reas maestro Alberto Lazzoli, compositores Cludio Santoro, Koellreutter, Lus Cosme, Roberto Schnorrenberg, professores Paulo Silva, Ilara Gomes Grosso, Geni Marcondes, Saloma Zeigarnikas (atualmente Saloma Gandelman), Hilde Sinnek, Toms Tern e Karl Ulrich Schnabel , contemplando a formao
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do compositor, do pianista, do cantor, dos instrumentistas de sopro, dentre outros. Sua coluna prestava-se ainda divulgao de cursos, em especial os Cursos Internacionais de Frias da Pro Arte do Rio de Janeiro, e cursos e recitais de alunos no Conservatrio Brasileiro de Msica, na Escola Nacional de Msica (atual Escola de Msica da UFRJ) e no Conservatrio Nacional de Canto Orfenico. O conhecido episdio da Carta aberta de Camargo Guarnieri, dirigida aos msicos e crticos um manifesto em prol da msica nacionalista, em oposio s iniciativas e ideias pedaggicas de Koellreutter , como se sabe, ocupou as colunas dos mais importantes jornais, gerando grande celeuma e discusso no meio musical brasileiro. de se ressaltar o posicionamento lcido de Edino Krieger, ento com apenas 22 anos, respaldando suas colocaes de forma tcnica, com embasamento, totalmente destitudo de paixes. A revista Concerto de maro de 1998 traz depoimento de Edino sobre esse episdio (ocorrido seis dcadas atrs):
A minha posio foi decorrente de uma preocupao mais intelectual do que esttica. O criador deve sempre ter a liberdade para escolher o meio que quiser usar [...]. Naquele momento eu no estava defendendo o serialismo, mas estava defendendo a liberdade da forma.

Jos Maria Neves, em Msica Contempornea Brasileira (1981, p.131), comenta que:
Krieger inicia sua anlise da carta de Camargo Guarnieri explicando que o faz mais para atender ao desejo daquele compositor do que por admitirmos qualquer significao ou importncia real ao documento cujo maior interesse reside, na realidade, na definio de princpios e de mentalidade formulada por seu autor. E ele continua: No se concebe que um intelectual responsvel cometa a leviandade de condenar to categoricamente uma tcnica de composio como sendo prejudicial formao artstica de um pas que ensaia ainda seus primeiros passos no terreno da criao.

Para aprofundamento dessa informao, remetemos o leitor leitura na ntegra da citada crtica Tribuna da Imprensa, 23/11/1950 , que, juntamente com outras crticas importantes por ns selecionadas, oriundas da Tribuna da Imprensa, do Jornal do Brasil e do jornal O Globo, compem o Anexo 1 deste trabalho. Sobre o episdio da Carta aberta recomendamos a leitura de outras crticas de Edino que integram este trabalho sob a forma de sntese: H. J. Koellreutter responde a Camargo Guarnieri (Tribuna da Imprensa de
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Captulo II. O crtico musical

30-31/12/1950), Atiando as brasas (Tribuna da Imprensa de 11/7/1951), Polmica do atonalismo. Atiando as brasas (II) (Tribuna da Imprensa de 12/7/1951), Em defesa de uma escola (Tribuna da Imprensa de 15/4/1952) e, ainda, do captulo intitulado Abrindo uma carta aberta p. 95-173 , de autoria de Flvio Silva o mais completo estudo sobre o assunto, com documentos extrados de trs importantes acervos: o de Mozart de Arajo depositado no CCBB, o de Guarnieri atravs de Vera Silvia Camargo Guarnieri e, ainda, o da Diviso de Msica e Arquivo Sonoro da Biblioteca Nacional , inserido no livro Camargo Guarnieri: O tempo e a msica, tendo como organizador o pesquisador Flvio Silva. O episdio da Carta aberta arrefeceu por algum tempo a amizade de Edino Krieger e Guerra-Peixe, resultando em rusgas entre os dois. Em nossa consulta ao Arquivo Csar Guerra-Peixe depositado pelo autor na Diviso de Msica e Arquivo Sonoro da Biblioteca Nacional no Rio de Janeiro, encontramos uma carta escrita por Edino ao compositor GuerraPeixe, onde o signatrio demonstra toda sua insatisfao com a postura do compositor. Reproduzimos a citada missiva no Anexo 2. Sobre esse episdio Edino quem nos fala:
O Guerra-Peixe se encantou com toda msica nordestina e fez a pesquisa dele sobre os Maracatus do Recife. E da, com o mesmo ardor com que ele defendia o serialismo, ele comeou a atacar violentamente, porque o Guerra no tinha meias-palavras, era tudo extremado com ele. Nessa poca ele escreveu uns artigos muito violentos e eu escrevi para ele umas cartas bem violentas e crticas. Ele me respondeu tambm dando os pontos de vista dele, mas enfim, foi um bate-boca por escrito que no durou muito tempo no. Depois voltamos a nos encontrar. Quando eu organizei a Orquestra Sinfnica Nacional da Rdio MEC, ele foi ser violinista da orquestra, ento a gente passou a ter contato outra vez.

Durante a srie de entrevistas que nos concedeu, pedimos a Edino Krieger que nos falasse sobre o incio de sua trajetria como crtico musical.
Acho que foi em 1950, porque em 1950 eu participei do 1 Curso Internacional de Frias de Terespolis, organizado por Koellreutter, pela Pro Arte. O Carlos Lacerda havia criado a Tribuna da Imprensa, e desde o incio os encarregados da parte de msica eram o Mignone e sua mulher, Liddy Mignone. E lembro que eles me pediram, na ocasio, para escrever, se no me engano, um artigo sobre o Curso de Frias de Terespolis. E eu fiz. Quando terminou o Curso, eles me chamaram e o Mignone disse: Olha, o Lacerda pediu para a gente fazer a coluna de msica da Tribuna

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da Imprensa, e na verdade eu atendi porque sou muito amigo dele. Mas no tenho vontade de escrever toda semana, e queria propor a voc que assumisse essa coluna. Ns vimos o artigo que voc escreveu, que foi publicado... Se voc aceitar, vamos falar com o Carlos Lacerda, apresentar voc a ele, e voc passa a fazer a coluna de msica da Tribuna da Imprensa.Eu respondi: Est bem. No sei se tenho condies, nunca escrevi para jornal, fiz s uma matria... A, eles realmente me apresentaram ao Lacerda e eu passei a fazer a coluna de msica da Tribuna da Imprensa. At levei bastante a srio, cobria tudo, fazia a parte de promoo de concertos; tinha uma seo que era bastante movimentada, fazia entrevistas com artistas sobre diversos assuntos.

Visando levantar a primeira crtica escrita por Edino Krieger para o citado jornal, percorremos toda a coluna Msica publicada no perodo compreendido entre janeiro e maio de 1950. Dentre os vrios articulistas encontrados destacamos: Cleofe Person de Mattos, Liddy Chiafarelli Mignone, Francisco Mignone, Maria Sylvia e Helza Cameu. Encontramos ainda 30 artigos sem ttulo com noticirio musical semanal sem indicao de autor. Por oportuno, detectamos ainda trs artigos datados de 6/2/1950, 13/2/1950 e 29/4/1950 cuja autoria, atribuda a Atonis pseudnimo muitas vezes usado pelos integrantes do grupo Msica Viva , revelava um estilo muito semelhante ao de Edino. Aps os devidos esclarecimentos, conclumos tratar-se de artigos sob a responsabilidade do compositor (ver Anexo 3). Na Tribuna da Imprensa Edino Krieger permaneceu apenas por dois anos. Sua sada deu-se em virtude de um desentendimento com Carlos Lacerda, que ele relembra:
Porque a minha coluna na Tribuna da Imprensa era uma coluna bastante dinmica: eu fazia entrevistas, no somente crticas; fazia uma seo de noticirio, sempre que possvel colocava fotos dos artistas. [...] E houve uma poca em que a Orquestra Sinfnica Brasileira Eleazar de Carvalho era o regente na poca comeou a ter uma srie de problemas internos com os msicos. Alguns msicos fizeram reivindicaes salariais Orquestra, criaram um pequeno ncleo de resistncia, de contestao orientao da Orquestra, sobretudo na questo salarial. E fiz vrias entrevistas com esses msicos, que ento disseram tudo o que tinham que dizer.

Por causa das posies que assumiram publicamente, e ainda devido postura severa de Eleazar de Carvalho, que em matria de disciplina no admitia discusso, os msicos acabaram sendo demitidos, criando uma grande celeuma.
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Eu estava acompanhando isso, no jornal. O presidente da Orquestra Sinfnica na poca era o Euvaldo Lodi, que era tambm o presidente do Sesi, um rgo que dava muito dinheiro para a Orquestra. O Euvaldo Lodi era candidato a alguma coisa, algum cargo eletivo, no sei. E a Orquestra comeou a ser levada pra cima e pra baixo, para participar dos comcios do Euvaldo Lodi, comcios no sei onde, na fazenda no sei qual, e os concertos se transformavam em comcios. Ele fazia discursos na frente da Orquestra, o Eleazar passava a batuta e ele regia determinadas coisas Danbio Azul, no sei mais o qu. E os msicos comearam um movimento de reao, por verem que a Orquestra estava sendo explorada para fins eleitoreiros... E eu entrevistei os msicos. No s isso, como assisti a concertos da Orquestra e vi que sua qualidade estava caindo. Fiz crticas bastante contundentes, dizendo que a Orquestra estava sacrificando a sua qualidade artstica em funo de objetivos que no tinham nada a ver com a msica; que a Orquestra era para fazer msica, no era para fazer poltica, fazer comcios e tal. E, no primeiro artigo que escrevi, recebi um bilhetinho do Alusio Alves, que depois foi governador do Rio Grande do Norte, no sei de onde. Na ocasio ele era o diretor administrativo da Tribuna da Imprensa, e depois que o artigo foi publicado me escreveu: Gostaria que voc no cuidasse de assuntos de poltica interna da OSB, se limitasse apreciao dos aspectos musicais. Diga-se de passagem que at ento o Lacerda vivia de amores com a coluna de msica. Em reunies, ele sempre citava a coluna como um exemplo a seguir, pelo dinamismo, porque eu fazia entrevistas, porque era uma coluna muito lida e muito informativa e, ao mesmo tempo, crtica. Ento, recebi esse bilhete do Alusio Alves e mandei um outro bilhete para ele, dizendo que no estava extrapolando das minhas funes de crtico, porque o que eu estava criticando, na verdade, era a decadncia do aspecto musical da Orquestra; eu estava justamente procurando defender a qualidade artstica da Orquestra; eu apenas estava apontando as causas do declnio dessa qualidade, que era o fato de a Orquestra estar sendo usada para outros fins, estar fazendo concertos sem ensaios, no tendo tempo suficiente para preparar suas apresentaes, porque ela tinha outras funes paralelas, que no tinham nada a ver com a msica e que nem interessavam msica. Mas se eles achassem que eu no devia falar... Eu achava que sempre a Tribuna se vangloriava, se gabava de ser um jornal independente, de ser um espao onde a verdade devia prevalecer. Ento, eu estava fiel a esse princpio da Tribuna da Imprensa: eu achava que antes de tudo devia estar a verdade, onde ela estivesse. Mas se eu estivesse contrariando algum interesse do jornal, eles podiam simplesmente me substituir, procurar outro crtico, porque eu no tinha nenhuma pretenso de ser eterno na Tribuna da Imprensa, eu apenas queria ter a liberdade, como sempre tive, de dizer aquilo que eu pensava. A ele me mandou um outro bilhetinho, dizendo que no fazia absolutamente

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nenhuma objeo; que tinha entendido a minha posio, que eu podia continuar. Ento, no concerto seguinte, fiz um outro artigo. E ele me enviou mais um bilhetinho, agradecendo muito a minha colaborao at aquele momento, no sei mais o qu... e me dispensou.

Nesse episdio Edino Krieger tomou conhecimento da relao direta que havia entre Euvaldo Lodi, no s com a Sinfnica Brasileira, mas tambm com a Tribuna da Imprensa, no lhe restando outra alternativa a no ser escrever uma carta para Carlos Lacerda dizendo que lamentava muito, que no tinha ideia de que estaria ferindo interesses da organizao, mas que sua conscincia de crtico e de msico o obrigava a agir dessa forma. Edino revela a reao de Lacerda: Ele me respondeu de um jeito malcriado, bem desaforado, como era tpico do Lacerda. Esqueceu todo o amor passado. Ele era assim! E a eu sa da Tribuna. Edino escreveu ainda esporadicamente para outros jornais (ver Anexo 4): Jornal do Commercio, Paratodos, O Globo, Dirio de Petrpolis, Jornal dos Transportes e O Nacional, produzindo algumas crticas importantes como a escrita para O Globo de 6/9/1972, intitulada Nossa Msica, desde a modinha uma raiz nacional. Este texto consta, na ntegra, no Anexo 1. Remetemos ainda o leitor para o Anexo 5 deste trabalho, onde destacamos os compositores, professores, intrpretes, regentes e personalidades, entidades, orquestras, conjuntos camersticos e corais, bals nacionais e estrangeiros - e salas de concerto por ele citados ao longo de sua atividade como crtico. Da atuao de Edino Krieger como crtico ressaltamos os principais pontos que foram objeto de seus artigos, podendo mesmo refletir de forma concisa a abrangncia de suas ideias, tornadas pblicas atravs de suas crnicas: Procedia apreciao da performance dos intrpretes, regentes, bailarinos, conjuntos instrumentais, vocais e de dana, e ainda apreciao esttica das obras apresentadas. Incentivava os novos valores, fossem eles intrpretes, compositores ou regentes. Salientava a falta de um plano governamental para divulgao da criao musical erudita brasileira e destacava a falta de estmulo criao, com gravaes de msica, concursos de composio, para citar apenas alguns. Apontava para o academismo dos conservatrios e escolas de msica oficiais, ressaltando a Escola Nacional de Msica, por no possurem polticas educacionais adequadas, sendo seus currculos extremamente conservadores, no cumprindo o seu real papel na formao dos jovens estudantes de msica. Sugeria uma maior valorizao da Msica de Cmara, por ele considerado um gnero renegado.
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Criticava a supremacia do instrumento e a sujeio do contedo artstico de uma obra de arte ao exibicionismo tcnico dos intrpretes, ou seja, o malabarismo pelo malabarismo. Clamava pela formao de um novo pblico, em especial para a apreciao de msica contempornea, de msica brasileira e dos perodos pr-barroco e ps-romntico. Edino focalizava a atuao e a programao da Rdio MEC como importante veculo de comunicao e formao de plateias, ressaltando seu papel educativo, detendo-se mais frequentemente no programa Msica para a Juventude. Propunha a realizao de palestras para informar o pblico sobre o estilo da obra, tcnicas composicionais, situando-as histrica e esteticamente dentro do plano de evoluo musical. Denunciava a obstinao dos organizadores das Temporadas Lricas e outros similares, que insistiam em repetir sempre as mesmas peras e concertos, dificultando e at impossibilitando o conhecimento, por parte do pblico, de outros autores. Ressaltava a falta de critrio na elaborao dos programas organizadores, instrumentistas, conjuntos orquestrais etc. que excluam da programao obras mais importantes da criao musical, em particular as do perodo pr-barroco e ps-romntico, tendo em vista sua negligenciada divulgao. Combatia o mau uso do poder em qualquer circunstncia, dentro do universo musical em que atuava.

Depoimentos da Comunidade Musical A sria e competente atuao de Edino Krieger transformou-o num profissional da mais alta respeitabilidade em seu meio. Os depoimentos que se seguem so um testemunho vivo deste fato.
A vida musical brasileira hoje carece agudamente de crtica musical decente. A gente tem lacunas imensas e no momento no existe uma atuao regular da crtica musical. Isso faz uma falta enorme vida musical do pas. claro que Edino crtico faz muita falta nesse momento. At porque as crticas dele foram determinantes numa srie de coisas. Ele escreve muito bem, ele pensa muito bem, ele conhece msica. Ento, suas crticas eram sempre construtivas, sensveis, e foram responsveis por impulsionar carreiras e mais carreiras neste pas, e de uma forma muito correta. (Educadora musical Valria Peixoto, comunicao pessoal de 7/11/1997)

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Como crtico era honestssimo, competentssimo e totalmente imparcial, muito justo e sem rancores. Dava uma abertura muito grande para os talentos novos. Ele foi uma das pessoas que me apoiaram no incio da carreira. Sempre me deu muita fora, e isso repercutia muito no plano da carreira. (Pianista Las de Souza Brasil, comunicao pessoal de 11/9/1997) Muitas vezes fui objeto das crticas de Edino, tanto como executante de msica de cmara quanto como regente. Toda crtica dele era uma lio e uma orientao para o pblico, para o organizador e para o prprio msico, porm jamais foi um demolidor, um destruidor. A linha do Edino Krieger nunca foi complacente. Dizia o que tinha que dizer com elegncia. Ele compreendeu de fato o papel de um crtico; era um incentivador. (Maestro Henrique Morelenbaum, comunicao pessoal de 18/8/1997) Uma coisa que prejudicou muito o compositor Edino Krieger no em qualidade, mas em quantidade uma ligao quase que total com tudo que ele sempre fez. Quando foi diretor do Instituto Nacional de Msica da Funarte, ele deu a alma quilo e enfiou o compositor na gaveta. Quando ele foi jornalista crtico musical foi fantstico, didtico, construtivo e com uma redao genial. Na minha opinio, quando Edino parou de escrever foi uma perda lastimvel. Fui objeto de crtica do Edino no Jornal do Brasil . (Violonista Turbio Santos, comunicao pessoal de 25/8/1997) A crtica de Edino era um texto muito bonito, muito bem escrito. Era sria, no tinha bobagens e era sempre construtiva. (Regente coral Elza Lakschevitz, comunicao pessoal de 22/9/1997) Todos sabem que o crtico um ser humano como outro qualquer e que sua bssola se orienta pelo gostar ou no... como, alis, a de qualquer outro mortal. Entretanto, sendo compositor, e talvez justamente por isso, a crtica de Edino nunca colocou a msica num plano ideal e supra-humano, mas pautou-se, sem conivncia, pelo respeito ao esforo tanto de criadores quanto de intrpretes. (Bartono Eladio Prez-Gonzlez, comunicao pessoal de fevereiro de 1998) Como crtico do Jornal do Brasil ele se revelou uma pessoa inteligente, sensvel, verdadeiro msico, destitudo de preconceitos, abrindo espao para todas as correntes. Ele escreve muito bem e , sem dvida, o homem da resistncia da cultura musical brasileira. Ele a pessoa que mais tem privilegiado o msico e a msica brasileira. (Educadora musical Ceclia Conde, comunicao pessoal de 3/3/1998)

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Ele me ajudou muito no Jornal do Brasil, e tambm como jovem compositor. Foi decisiva a participao dele para que eu substitusse o Renzo Massarani. Houve uma poca em que estivemos juntos, escrevendo sobre msica no JB. Ele era o titular, e eu, substituto. Ele era generoso sem perda de substncia, nunca de maneira melflua. Em 1973 Edino fez o primeiro teste comigo. Eu j trabalhava no JB, no setor de Promoes Culturais. Ele sabia que eu fazia Escola de Msica, que era aluno do Morelenbaum, sabia da minha formao musical. Tenho certeza de que a palavra dele junto ao editor-chefe foi fundamental para a minha escolha. (Compositor Ronaldo Miranda, comunicao pessoal de 26/9/1997) Como crtico, Edino marcou o meio musical com grande capacidade de julgamento, com muita objetividade. Como exemplo de sua atuao como crtico, cito a polmica entre nacionalistas, Koellreutter e o Msica Viva, onde ele mostrava grande serenidade e clareza de ideias. (Jornalista e musiclogo Luiz Paulo Horta, comunicao pessoal de 8/10/1997) Sua crtica musical sempre foi muito construtiva, porque sabemos que os crticos podem ser altamente destrutivos. Edino encontrava o tom justo, sua crtica no vivia apenas de elogios, mas eram sempre crticas que visavam construir e no destruir, e escritas em um portugus admirvel, o que tambm no muito comum entre ns, musicistas. (Trecho da fala da empresria e professora Myrian Dauelsberg na solenidade da entrega da Medalha de Mrito Pedro Ernesto a Edino Krieger, na Cmara Municipal do Rio de Janeiro, em 3/11/1998) Eu queria muito me aproximar do Edino Krieger. Naquela poca lia as crticas musicais e ficava maravilhado pelo portugus, pela maneira simptica com que ele realmente dava ao msico uma motivao para que continuasse o seu trabalho, para que corrigisse certos problemas que tivessem acontecido no concerto ou, enfim, na formao musical. (Trecho da fala do pianista Miguel Proena na solenidade da entrega da Medalha de Mrito Pedro Ernesto a Edino Krieger, na Cmara Municipal do Rio de Janeiro, em 3/11/98) Na crtica musical, eu lia tudo que ele escrevia para o Jornal do Brasil. uma pena que no continue escrevendo, era um dos melhores que ns temos nessa rea. Tenho grande admirao pelo artista, pelo criador e pela figura dele. Posso afirmar que, em todas as atividades que ele exerceu, fez tudo num nvel bem elevado. Seria timo se ele continuasse ativo em todas essas reas. (Saxofonista Paulo Moura, comunicao pessoal de 5/6/2000) Edino das figuras mais ricas do panorama cultural do sculo XX. Como crtico, ele tinha um papel de extrema importncia. Ele era acima da mdia,

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algum que acompanhava tudo, cincia, tecnologia, e uma capacidade para armazenar cultura e us-la para refletir sobre msica em profundidade maior, problemas tcnicos e estticos, posicionamento poltico etc. A crtica musical ficou muito mais pobre com a sua retirada, ele era capaz de ser totalmente isento na sua crtica. Esta mesma iseno acompanhou-o frente da vida pblica. A honestidade dele a toda prova. (Professor e musiclogo Jos Maria Neves, comunicao pessoal de 20/10/1997)

Resenha das Crticas Levantadas Conforme j foi mencionado, as atividades de Edino Krieger como crtico musical se desenvolveram de forma regular entre os anos de 1950 e 1952 no jornal Tribuna da Imprensa, onde produziu 399 crticas assinadas e trs com utilizao do pseudnimo Atonis, e depois, no Jornal do Brasil, com aproximadamente 261 artigos escritos ao longo dos anos de 1956 (5 crticas), 1957 (15 crticas), 1958 (2 crticas), 1966 (1 crtica), 1967 (6 crticas), 1968 (5 crticas), 1969 (7 crticas), 1971 (8 crticas), 1972 (7 crticas), 1973 (4 crticas), 1974 (15 crticas), 1975 (62 crticas), 1976 (98 crticas), 1977 (20 crticas), 1979 (1 crtica), 1987 (1 crtica), 2000 (l crtica), 2007 (l crtica) e, ainda, mais duas crticas sem indicao de data, num total de 663 crticas.1 No Anexo 6 relacionamos os artigos levantados, situando-os por categorias. Motivados pelo reconhecimento e relevncia dessa produo crtica, e considerando, sobretudo, o fato de que as novas geraes desconhecem essa faceta do compositor, apresentamos de forma sinttica o produto resultante de nosso levantamento dessas crticas, para fins de memria e pesquisa, fazendo votos de que no futuro as mesmas venham a ser editadas integralmente. Todas as crticas oriundas da Tribuna da Imprensa foram pesquisadas in loco, nos arquivos do citado peridico. No que tange ao Jornal do Brasil e outros, cabe ressaltar que a pesquisa teve como fontes a seo de microfilmes da Biblioteca Nacional (em muitas ocasies o pssimo estado do microfilme no permitia a visualizao da pgina, de modo a no ser possvel afirmar se era um suplemento paginado ou no) e, ainda, o arquivo particular do compositor (onde algumas vezes o artigo foi recortado sem a indicao da pgina e do autor). A pesquisa buscou esclarecer estas omisses; entretanto, nem sempre logrou obter resultados, razo pela qual nem sempre as referncias apresentam-se completas.

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Tribuna da imprensa
Festival Beethoven. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 5, 5 jun. 1950. Sntese do artigo: Crtica sobre o concerto realizado em 2/6/50 no Theatro Municipal pela Orquestra Sinfnica do Rio de Janeiro, sob a regncia do maestro Jos Siqueira. Da programao constou, na 1 parte do concerto, a Abertura de Egmont e a Quarta Sinfonia; na segunda, o Concerto n4 para piano e orquestra, tendo como solista Nicolai Orloff. A crtica abarcou desde a parte interpretativa, esttica, passando pela parte tcnico-instrumental, fazendo aluses ao naipe de cordas e percusso, sugerindo, inclusive, procedimentos tcnicos mais adequados. A displicncia que, partindo do regente, se disseminara pela orquestra, parece ter contagiado tambm o solista.

A autenticidade artstica desse pianista o coloca entre os maiores virtuosos contemporneos.


Edino Krieger

Solomon. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 5, 12 jun. 1950. Sntese do artigo: Crtica sobre o recital de estreia do pianista Solomon, realizado em 8/6/50 sob os auspcios da Associao Brasileira de Concertos. O programa constou de: Bach-Busoni, Mozart, Schumann, Chopin, Liszt, Debussy e Mignone. Edino Krieger ressaltou de forma elogiosa a interpretao de cada pea em seus mnimos detalhes. A autenticidade artstica desse pianista, ao lado de sua completa emancipao tcnica, colocam-no entre os maiores virtuosos contemporneos do teclado. [...] A variedade de disposies interpretativas de Solomon surpreendente: com a mesma facilidade com que assimila Mozart, Bach ou Schumann, compreende Mignone, Chopin, Debussy ou Liszt. Integram ainda a coluna notcias artsticas esparsas. Temporada Lrica Oficial. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 5, 19 jun. 1950. Sntese do artigo: Edino critica a Comisso Artstica responsvel pela seleo das obras da Temporada Lrica Oficial por ter se preocupado unicamente com o lado recreativo do evento, esquecendo-se das finalidades culturais que a ele se prendem, repetindo peras da recmterminada Temporada de Arte Nacional. peras como a Traviata, o Rigoleto, a Bohme, Faust e outras, tornaram-se verdadeiras perseguies paranoicas dos organizadores das temporadas lricas, enquanto obras igualmente importantes do perodo clssico e ps-romntico so conservadas no completo esquecimento, alimentando desse modo a educao musical incompleta e unilateral do nosso pblico. Integram ainda a coluna notcias artsticas esparsas. Uma primeira audio de Bartk por Menuhim. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 5, 26 jun. 1950. Sntese do artigo: O crtico musical ressalta a situao privilegiada que o violino ocupa como instrumento virtuosstico, instrumento este que alia enormes possibilidades expressivas complexidade tcnica. Chama a ateno para um impulso tpico dos primrdios da poca romntica, onde o virtuosismo era mais

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A linguagem simples dos blues e ragtimes alcana uma fora de expresso surpreendente.
Edino Krieger

importante para compositores e intrpretes que a prpria substncia musical em si. O malabarismo, a exibio de tcnica e habilidade tomam feies autnomas, descobre-se no virtuosismo um atrativo em si, independendo da prpria msica. A afirmao de capacidade individual do instrumentista se antepe obra de arte em si. Edino chama a ateno para a grande capacidade de Bartk de saber explorar os recursos expressivos de todos os instrumentos, remetendo o leitor para algumas obras do citado compositor. Cita, em especial, a Sonata em Sol Maior para violino solo, dedicada a Menuhim, e que, segundo o crtico, vem a ser um verdadeiro compndio de tcnica violinstica, deixando entrever que foi concebida para um virtuose. Mais adiante, comenta a interpretao do artista: Menuhim, entretanto, no parece ter concedido sonoridade a importncia que ela adquire em Bartk, voltando sua ateno unicamente para o aspecto virtuosstico da Sonata. [...] Em todo o programa, alis, Menuhim procedeu com uma displicncia surpreendente, resultando numa apresentao bastante aqum do seu nvel artstico habitual pelo menos daquele com o qual estamos familiarizados atravs das suas esplndidas gravaes.

Marian Anderson e o negro na msica americana. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 5. 10 jul. 1950. Sntese do artigo: Na primeira parte de sua crtica, Edino fala da contribuio do negro para a formao da cultura musical americana, que no se limita s manifestaes de arte popular, chamando a ateno para o fato de que, com a mesma fora interior com que nasce do povo, a msica do negro americano projeta-se no campo erudito, o que se evidencia na criao artstica de compositores como Stravinsky, Bla Bartk, Krenek e Milhaud, e ainda pela formao de intrpretes que se impem no cenrio universal da msica por seus mritos artsticos. No terreno da criao musical, referese ao desenvolvimento no plano tcnico e esttico, que coloca a msica popular americana entre as manifestaes artsticas mais avanadas da atualidade. A linguagem simples dos blues e ragtimes alcana, atravs da improvisao e da estilizao, uma complexidade e uma fora de expresso surpreendentes. Com Dizzy Gillespie, Thelonius Monk, Woody Hermann e Stan Kenton o jazz alcana a sua completa emancipao, disputando com a prpria msica erudita americana o primeiro plano na escala de importncia e valor musicais. Na segunda parte, Edino detm-se a comentar no terreno da interpretao o recital da cantora Marian Anderson, que o impressiona bastante: A extenso incomum de sua voz e a multiplicidade de timbres que abriga fazem de Marian Anderson no uma cantora somente, mas a soma de vrias vozes distintas fundidas numa s. Beethoven Concerto para violino. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 5, 19 jul. 1950. Sntese do artigo: A crtica versa sobre o concerto para violino e orquestra de Beethoven, executado pelo violinista Oscar Borgerth, sob a regncia

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de Horenstein, frente da Orquestra Sinfnica do Rio de Janeiro. Primeiramente, Edino tece algumas consideraes sobre a personalidade de Beethoven, destacando que as afinidades espirituais entre compositor e intrprete, no sendo condio absoluta para a recriao de uma obra de arte, podem concorrer, no h dvida, para um nvel de maior autenticidade na apresentao da obra. Num segundo momento, tece consideraes sobre as dificuldades tcnicas do solista, reconhecendo todavia sua compreenso da obra, paralelamente a seu talento inegvel, somando-se a isso o temperamento vibrante de Horenstein, propiciando um excelente apoio, conduzindo com segurana e equilbrio, obtendo da orquestra uma coeso e uniformidade pouco frequentes. Integram ainda a coluna notcias artsticas esparsas.

Edino aborda a necessidade da participao ativa do intrprete no processo de assimilao cultural.

Cludio Santoro e Francesco Malipiero na OSB. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 27 jul. 1950. Sntese do artigo: A crtica refere-se ao concerto do ltimo sbado, quando o maestro Nino Sanzogno, frente da Orquestra Sinfnica Brasileira, regeu a Sinfonia 101 de Haydn, Quadros de uma exposio de Mussorgsky, Terceira Sinfonia de Francesco Malipiero e Msica para cordas de Cludio Santoro. Edino aborda inicialmente a necessidade da participao ativa do intrprete no processo de assimilao cultural da sociedade moderna, assinalando que de sua conscincia depende, efetivamente, a divulgao de toda a criao musical e da msica contempornea em particular, fator absolutamente essencial para a formao de uma cultura slida e universal. Com relao ao regente, Edino assim se expressa: Nino Sanzogno, como Dimitri Mitropoulos, Arthur Rodzinsky e vrios outros, um regente cnscio de seu compromisso para com a msica de nossa poca. Sua carreira tem sido marcada por um grande nmero de apresentaes de obras novas, percebendo-se a particular ateno que dispensa aos jovens compositores contemporneos. Posteriormente, falando sobre a obra de Santoro, Edino revela que a mesma no a que melhor reflete o talento do jovem compositor; todavia, pela clareza de construo, denota um autor com pleno domnio do mtier. Com sua Msica para cordas Santoro lana tambm as bases de uma nova atitude esttica, fundamentada na vontade consciente de simplificao de todos os meios expressivos, o que vale dizer do prprio contedo musical. Integram ainda a coluna notcias artsticas esparsas. Concerto da Juventude. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7-8, 1 ago. 1950. Sntese do artigo: Um pblico jovem e entusiasta, com o esprito ainda liberto de preconceitos, congregou-se no Teatro Rex na manh de domingo para assistir a mais um Concerto da Juventude, organizado pela Orquestra Sinfnica Brasileira com a colaborao do Ministrio da Educao. Aps esta introduo, Edino ressalta a importncia desses concertos que, segundo ele, se evidencia por seu prprio carter funcional-educativo. Chama ainda a ateno para que a responsabilidade de sua realizao no passe despercebida aos seus organizadores. Eles constituem precioso elemento para a formao de um

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novo pblico, em que pese a conscincia de sua importante funo dentro da vida musical. Pblico e artistas formam um todo interdependente e a ambos se prende uma importncia equivalente e idntica atribuio social. Mais adiante Edino tece consideraes tcnicas sobre a participao do jovem violinista baiano Salomo Rabinovitz na interpretao da Sinfonia Espanhola de Lalo para violino e orquestra, que situava-se dentro de uma programao composta pelo Preldio do 1 ato da pera abolicionista O Escravo, de Carlos Gomes, a sinfonia O Relgio, de Haydn, e Pacific 231, de Honegger, sob a regncia de Nino Sanzogno.

Com seus gestos firmes e incisivos, Pierino domina integralmente a Orquestra.


Edino Krieger

A estreia de Pierino Gamba na Rdio Ministrio da Educao. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 9 ago. 1950. Sntese do artigo: Edino analisa a atuao de Pierino Gamba um jovem italiano de 13 anos quando de seu concerto de estreia como regente da Orquestra Sinfnica Brasileira nos estdios sinfnicos da PRA-2, tendo como repertrio a Abertura do Coriolano, de Beethoven, a Alvorada do Escravo, de Carlos Gomes e a Abertura do Tannhauser, de Wagner: Com seus gestos firmes e incisivos, Pierino domina integralmente a Orquestra, imprimindo-lhe a sua prpria concepo da obra, concepo elaborada percebe-se atravs de um estudo completo da partitura em seu aspecto tcnico e estilstico. Msica para a Juventude. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7-8, 14 ago. 1950. Nota: Este artigo apresentado na ntegra no Anexo 1. Lohengrin. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 17 ago. 1950. Sntese do artigo: Crtica referente Temporada Lrica Oficial, cujo fracasso absoluto j se consumara, segundo Edino, nas rcitas anteriores. A crtica foi extremamente severa, ressaltando que nem mesmo a presena no palco de intrpretes como Gianni Poggi, no papel de Lohengrin, Onella Fineschi vivendo a Oflia ou de Elena Nicolal, Silvio Vieira, Amrico Basso e Antonio Lembo, nem ainda a substituio das campainhas de chamadas por toques de clarins executando os motivos principais de cada ato, conseguiram levar a apresentao a um plano artstico superior mediocridade absoluta. Hendl e Ciccolini na Orquestra Sinfnica Brasileira. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7-8, 21 ago. 1950. Sntese do artigo: Comenta a apresentao do regente americano Walter Hendl e do pianista italiano Aldo Ciccolini frente da OSB, no ltimo sbado, constando da programao o Concerto n 1, de Tchaikowsky, uma das Goyescas, de Granados, como extra na primeira parte. Na segunda parte, o poema sinfnico Don Juan, de Richard Strauss, e Matias, o pintor, de Paul Hindemith.

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Desorganizao e decadncia no meio musical do Rio. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7-8, 24 ago.1950. Sntese do artigo: Denuncia a completa anarquia do nosso meio musical, constatvel mais breve e superficial anlise, ressaltando a falta de organizao interna na temporada, com adiamento de peras, corte nos ensaios, divulgao de concertos sem o prvio conhecimento dos envolvidos, alm dos fatores econmicos. A estreia do Ballet da pera de Paris. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7-9, 29 ago. 1950. Sntese do artigo: De incio, o articulista faz um protesto categrico Direo do Theatro Municipal, na pessoa do sr. Barreto Pinto, que distribuiu pessoalmente os convites aos crticos musicais que lhe convinham, com o vergonhoso propsito de apadrinhamento da crtica. Num segundo momento, procede a uma apreciao crtica do citado bal, que desfruta do prestgio de ser considerado uma das mais importantes organizaes coreogrficas da poca, ressaltando as participaes de Tamara Toumanova, Serge Lifar, Alexandre Kalioujny, Renault e Liane Dayde. Integram ainda a coluna notcias artsticas esparsas.

A Msica de Cmara , por assim dizer, o culto da prpria essncia musical em sua expresso mais pura.
Edino Krieger

A estreia do Quarteto Barylli. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 1 set. 1950. Sntese do artigo: Edino ressalta a importncia da Cultura Artstica em apresentar na temporada o primeiro concerto de msica de cmara, gnero este relegado ao esquecimento por parte de nossas organizaes. A Msica de Cmara , por assim dizer, o culto da prpria essncia musical em sua expresso mais pura: ali o compositor se revela em toda a sua intimidade artstica e humana, intimidade cuja assimilao requer do pblico uma concentrao a mais completa e um esforo auditivo e intelectual sem dvida mais acentuado. A estreia do Quarteto Barylli constitudo de quatro musicistas da Orquestra de Viena, Walter Barylli, Wolfgang Poduschka, Alfons Gruenberg e Wilheim Winkler foi considerada pelo articulista como um dos momentos altos da temporada, sob todos os aspectos. Revivendo a Msica Vienense. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 11 set. 1950. Sntese do artigo: Edino inicia seu artigo evocando a lembrana de Sfocles, que, segundo ele, jamais teria podido imaginar que os primeiros dramas lricos que criara na idade de ouro da velha Grcia iriam se desenvolver e alcanar um lugar de destaque na Histria da Msica. A pera dominou literalmente todas as regies do esprito humano. [...] A Opereta o elo mais popular da enorme cadeia operstica encontrou na jovialidade a um tempo romntica e expansiva da Viena oitocentista o seu manancial criador de maior fertilidade. Edino faz este introito para falar do concerto com que a OSB brindou o pblico na manh de domingo,em seu Festival Strauss, sob a regncia de Eleazar de Carvalho.

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

Camargo Guarnieri em primeira audio na Amrica do Sul. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7-6, 25 set. 1950. Sntese do artigo: Sobre o concerto apresentado pela OSB sob a regncia de Eleazar de Carvalho, constando da apresentao de Escalas, de Jacques Ibert, Assim falou Zaratustra, de Richard Strauss, e Segunda Sinfonia, de Guarnieri, ressaltando que o compositor, nascido da escola nacionalista brasileira encabeada por Villa-Lobos, busca o caminho para a sua afirmao pessoal na evaso das delimitaes em que se envolve o nacionalismo pictrico em seu aspecto escolstico. Recital de Magdalena Tagliaferro. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 28 set. 1950. Sntese do artigo: A expressividade da linguagem musical, com a autonomia e a suficincia que lhe so prprias, no parece encontrar em todos os intrpretes uma dosagem equivalente [...]. Edino levanta alguns fatores causais dessa insuficincia expressiva, alegando ainda circunstncias de momento, que independem do artista. Sobre o recital da pianista na noite de quarta-feira, no Theatro Municipal, Edino diz que Magdalena Tagliaferro nos surpreendeu com uma bastante acentuada carncia no que se refere ao poder expressivo da matria sonora no obstante a musicalidade de que, em recitais anteriores, constatramos ser possuidora. Integram ainda a coluna notcias artsticas esparsas. Yara Bernette na Cultura Artstica. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 29 set. 1950. Sntese do artigo: Referindo-se ao concerto realizado no Theatro Municipal da pianista brasileira, com apresentao de obras de Bach, Brahms, Schumann, Debussy, Prokofieff, e ainda Scarlatti, Villa-Lobos e Chopin como extras, Edino ressalta que a pianista possui a faculdade inata da percepo musical. Independentemente das poucas restries que se possam fazer sua concepo estilstica de alguns autores Bach, Brahms e Debussy em particular , a qualidade que se prende sua atuao se mantm inalterada. Yara Bernette encerrou o seu magnfico programa [...], reafirmando as suas invulgares qualidades tcnicas e musicais, bem como a sua atitude de absoluta seriedade artstica.

A Orquestra Universitria um exemplo da importncia do desenvolvimento profissional, vontade de aprender e realizar de seus jovens integrantes.
Edino Krieger

A Orquestra Universitria, em Msica para a Juventude. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 2 out. 1950. Sntese do artigo: O autor aborda a questo do descaso referente ao desenvolvimento profissional do estudante de msica, que, em geral, restringe-se ao fornecimento de uma orientao tcnica e terica na aprendizagem instrumental e aquisio de conhecimentos musicais, dominando entre ns a mentalidade do solista virtuose. Segundo Edino, um exemplo da compreenso desta importncia a supracitada orquestra, que existe graas ao idealismo de seu fundador, maestro Raphael Baptista, e vontade de aprender e realizar de que so tomados

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Captulo II. O crtico musical

seus jovens integrantes. Ressalta ainda o convite do sr. Ren Cav, dirigido orquestra, para participao mensal no programa Msica para a Juventude, da PRA-2. Recital de Nicola Rossi Lemeni. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 7-8 out. 1950. Sntese do artigo: Trata-se, na realidade, de uma srie de notcias esparsas, sem nenhuma relao com o ttulo, que abordam: (a) o recital do violinista Jacobo Gurevich e da pianista Lilly Kraft, promovido pela Sociedade Brasileira de Cultura Artstica; (b) o Concurso Internacional de violino e piano, iniciativa de S.M. a rainha da Blgica; (c) a apresentao de Pedro e o Lobo, de Prokofieff, e Scherazade, de Rimsky-Korsakov, no programa Msica para a Juventude, com a OSB sob a regncia de Eleazar de Carvalho; (d) o Conjunto de Cmara da OSB; o recital da cantora Marina Medeiros na Escola Nacional de Msica; (e) a abertura de inscries para a srie Estreantes da ABI; (f ) a visita de Schnabel ao Brasil para realizao de um curso de especializao de piano no Curso Internacional de Frias da Pro Arte; (g) as atividades programadas pela Sociedade Internacional de Msica Contempornea; e (h) a apresentao da pianista Magdalena Tagliaferro em recital para a Cultura Artstica. Recital de Rossi Lemeni. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 18 out. 1950. Sntese do artigo: O autor chama a ateno para o domnio exercido sobre o cantor de peras pelo bel canto em seu aspecto escolstico, que tem determinado, em geral, uma delimitao consequente no que se refere adaptao expresso camerstica. Em seu recital de 2 feira Nicola Rossi Lemeni revelou uma evidente flexibilidade no ajuste dos seus meios vocais s particularidades de estilo das obras interpretadas, no obstante os resqucios de sua disposio dramtica [...] se revelarem ainda em sua concepo de Bach e Mozart. Edino ressalta tambm a riqueza da voz do cantor, bem como a musicalidade natural revelada na interpretao de seu programa, que conferem ao recitalista uma absoluta autenticidade como artista e intrprete do repertrio vocal camerstico. Estreia de Erich Kleiber. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 19 out. 1950. Sntese do artigo: Concerto realizado quarta-feira noite no Theatro Municipal, com a OSB sob a regncia do regente alemo Kleiber, constando do programa A abertura de Egmont de Beethoven, a Sute Brasiliana nmero 3, de Radams Gnattali, a Sinfonia nmero 3 de Schumann, encerrando o programa o Preldio e Morte de Isolda, de Wagner. Raramente essa pgina de Wagner tem sido apresentada entre ns numa realizao mais perfeita: o acmulo de tenso provocado pela instabilidade tonal e pela preparao meldica do clmax em ambos os trechos encontrou na performance oferecida por Kleiber uma elaborao magnfica sob todos os pontos de vista.

Preldio e Morte de Isolda, de Wagner. Raramente essa pgina de Wagner tem sido apresentada entre ns numa realizao mais perfeita.
Edino Krieger

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

Bla Bartk na OSB. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7-8, 23 out. 1950. Sntese do artigo: Referindo-se ao concerto de sbado, sob a regncia de Erich Kleiber frente da OSB, o articulista aborda a questo da oportunidade de nosso pblico tomar contato com a criao musical contempornea, fato este extremamente raro poca, conferindo apresentao duplo interesse: pela obra em si, e ainda pela sua qualidade musical. Edino ressalta a importante questo da assimilao por parte da orquestra, que s pode ser alcanada por meio de estudo, e focaliza ainda o rendimento da OSB quando orientada por um artista da categoria de Erich Kleiber. Uma guitarrista argentina. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 27 out. 1950. Sntese do artigo: Traando um perfil da formao, que inclui estudos com Andrs Segvia, e da trajetria da guitarrista Adolfina Raitzin de Tavora, cujo recital teve lugar na noite anterior, na Escola Nacional de Msica (atual Escola de Msica da UFRJ), Edino ressalta que a artista tem dedicado ao seu instrumento um trabalho intenso em suas particularidades tcnicas e expressivas, conduzindo sua carreira a uma constante ascenso, desde os primeiros recitais em seu pas natal participao em Nova York e Buenos Aires como guitarrista da Agrupacin de Instrumentos Antiguos. A propsito da federalizao da OSB. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 30 out. 1950. Sntese do artigo: Ao comentar o anteprojeto apresentado recentemente apreciao da Cmara Federal por uma comisso de componentes da Orquestra Sinfnica Brasileira, o qual, segundo Edino, representa uma das iniciativas de maior importncia que tm sido tomadas ultimamente no mbito artsticomusical do pas, o articulista denuncia a carncia de incentivo que se verifica quanto criao musical no Brasil, devido inexistncia de organismos capazes de difundir o que de mais representativo ela nos oferece. Estreia do Quarteto de Cordas da OSB. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 3 nov. 1950. Sntese do artigo: Criado com o propsito de preencher as lacunas existentes em nosso meio com referncia msica de cmara, o Quarteto de Cordas da Orquestra Sinfnica Brasileira, formado pelos violinos de Anselmo Zlatopolsky e Retyl Gazd; viola Jeremias Waschitz; e cello George Bkefi, estreia no auditrio da Associao Brasileira de Imprensa com a colaborao do pianista Fritz Jank. Edino se congratula com a iniciativa da OSB, fazendo votos de que a escolha do repertrio no se limite ao crculo estreito da preferncia do pblico.

Edino aborda a questo da oportunidade de nosso pblico tomar contato com a criao musical contempornea.

Festival Lorenzo Fernandez. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 7 nov. 1950. Sntese do artigo: Aborda o evento realizado na noite anterior, no Salo Leopoldo Miguez da Escola Nacional de Msica, dedicado obra de Lorenzo Fernandez e promovido pela Associao de Artistas Brasileiros. Edino destaca 82

Captulo II. O crtico musical

a importncia esttica de Lorenzo Fernandez no cenrio musical brasileiro contemporneo, dentro do movimento de renovao americana do incio do sculo XX, movimento do qual resultou a descoberta do manancial folclrico e a sua utilizao como meio decisivo para afirmar as bases de uma cultura nacional liberta das correntes aliengenas. Integram ainda a coluna notcias artsticas esparsas. Voltando aos Piccoli de Podrecca. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 11-12 nov. 1950. Sntese do artigo: Sobre o gratificante espetculo oferecido pelo citado grupo no Teatro Glria na noite anterior, ressaltando que o grupo encontrou a sua expresso mais autntica no grande Pingafogo Piccolowsky e em sua companheira Sinforosa. O espetculo abrangeu todo um complexo de manifestaes artsticas interdependentes pera, opereta, concertos, teatro e circo. Integram ainda a coluna notcias artsticas esparsas. Lamberto Baldi na PRA-2. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 16 nov. 1950. Sntese do artigo: Comenta o concerto realizado pela Rdio Ministrio da Educao em seus estdios sinfnicos, sob a regncia do citado maestro, na noite anterior, abordando a qualidade da performance em seu aspecto tcnico e o contedo artstico do programa. O concerto de ontem apresentou um contedo bastante medocre, determinado pela ausncia de substncia com que foram concebidas a quase totalidade das obras que o integravam [...].

Respighi e Pizzeti na OSB. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 21 nov. 1950.

A existncia do Conservatrio Nacional de Canto Orfenico no parece minorar a carncia que ainda se verifica relativamente difuso de obras corais.
Edino Krieger

Sntese do artigo: Sobre o concerto de Lamberto Baldi frente da Orquestra Sinfnica Brasileira, apresentando obras ainda desconhecidas do nosso pblico, como o Trittico Botticelliano de Respighi e o Concerto Canti della stagione Alta, de Pizzeti.

A propsito de uma carta aberta. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 23 nov. 1950. Nota: Este artigo apresentado na ntegra no Anexo 1. O canto coral no Brasil. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 25-26 nov. 1950. Sntese do artigo: Enfoca a inexistncia de uma tradio de canto coral e a possibilidade de serem criadas condies para o seu desenvolvimento, ressaltando as atividades da Associao de Canto Coral, nica organizao carioca dedicada ao cultivo da msica vocal coletiva. A existncia do Conservatrio Nacional de Canto Orfenico, nascido de uma iniciativa de Villa-Lobos em prol do canto coral, no nos parece minorar a carncia que ainda se verifica relativamente difuso de obras corais entre ns. Integram ainda a coluna notcias artsticas esparsas.

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Segundo Curso Internacional de Frias. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 28 nov. 1950. Sntese do artigo: Sobre o xito alcanado pelo 1 Festival Internacional realizado pela Pro Arte em Terespolis e os preparativos para a viabilizao do 2 Festival. Comenta que os cursos extraordinrios de 1951 estaro a cargo de Karl Ulrich Schnabel e Hermann Scherchen (piano e regncia, respectivamente), condicionando-se a realizao dos mesmos ao nmero de inscritos, de forma a permitir arcar com as despesas. Quarteto de Cordas da OSB. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 30 nov. 1950. Sntese do artigo: Registra a segunda apresentao, na tera-feira noite, no Auditrio da ABI, do Quarteto de Cordas organizado pelo Departamento de Msica de Cmara da Orquestra Sinfnica Brasileira. Integram ainda a coluna notcias artsticas esparsas.

Associao de Canto Coral. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 2-3 dez. 1950. Sntese do artigo: Ao focalizar o concerto de quinta-feira no Theatro Municipal, quando da apresentao dos coros feminino e misto sob a direo das professoras Dinah Buccos Alves e Cleofe Person de Mattos, enaltece a importncia e o pioneirismo da Associao de Canto Coral, composta em sua quase totalidade por elementos no profissionais.

O crtico enfatizou o aspecto artisticamente positivo provocado pela renovao do repertrio sinfnico.

Orquestra Sinfnica Brasileira. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 5 dez. 1950. Sntese do artigo: Tece comentrios sobre a personalidade do regente Lamberto Baldi e sobre a Orquestra Sinfnica Brasileira, que refletiu um aspecto artisticamente positivo provocado pela renovao do repertrio sinfnico, e o programa do concerto do ltimo sbado, que incluiu, entre outras peas, duas das Gymnopedies de Erik Satie em transcrio de Debussy e a Sute n 1 para pequena orquestra de Stravinsky.

Partituras cinematogrficas. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 8 dez. 1950. Sntese do artigo: Menciona os documentrios apresentados na noite de 7/12/50 no Festival de Cinema, levado a efeito no salo do IAPC. Nesta ocasio foram exibidos curta-metragens produzidos na Austrlia, Finlndia, ndia, Blgica e Frana. Edino destaca o interesse musical que as pelculas poderiam oferecer, e a funo da msica de Jacques Chailley e Daymond Cheveulle no filme A histria da catedral em um documentrio sobre Rubens.

Alberto Jaff no Concerto da Juventude. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 12 dez. 1950. Sntese do artigo: Refere-se ao 9 Concerto da Orquestra Sinfnica Brasileira, da srie Juventude Escolar, realizado na manh de domingo, 10/12/50, no Cine Teatro

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Rex, que contou com a participao do violinista Alberto Jaff, um dos vencedores do concurso e sua dupla finalidade: ofereceu oportunidade de alimentar a cultura artstica do povo e um contato dos instrumentistas iniciantes com o pblico. O dodecafonismo na atualidade musical brasileira. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 14 dez. 1950. Nota: Este artigo apresentado na ntegra no Anexo 1. O Magnificat de Bach na OSB. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p.7, 19 dez. 1950. Sntese do artigo: Analisa o concerto que marcou o trmino da temporada, fazendo aluso s dificuldades existentes, enfatizando que uma obra como o Magnificat, de Bach, requer esforos conjugados. Edino critica ainda a precariedade de material humano que se verifica em nosso meio musical, pela inexistncia de uma tradio coral, precariedade ainda mais acentuada pela exiguidade do tempo disponvel que um musicista amador ou profissional tem em nossos dias.

Edino chama a ateno para a dupla finalidade da crtica de arte: informar o pblico e formular um julgamento sobre as realizaes artsticas.

A crtica musical em revista. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 21 dez. 1950. Sntese do artigo: Edino chama a ateno para a dupla finalidade da crtica de arte: informar o pblico e formular um julgamento sobre as realizaes artsticas. Analisa as realizaes da temporada, em seu trmino, trazendo baila crticas formuladas por outros crticos, em outros veculos de comunicao.

Reflexes a propsito da Temporada de 1950. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 23-24 dez. 1950. Sntese do artigo: O articulista rememora as realizaes da Temporada de 1950 em seu aspecto musical, organizao, e todo o conjunto de fatores positivos e negativos, constatando que os elementos em disponibilidade no encontraram, por parte das diversas organizaes artsticas, o aproveitamento racional que seria desejvel.

Duas jovens musicistas brasileiras. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 26 dez. 1950. Sntese do artigo: A crtica se refere compositora Myriam Sandbank e a sua irm, a violinista Jeanne Claire Sandbank, que iniciou seus estudos de violino com Messody Baruel e apresentava-se no momento como solista da Orquestra Sinfnica Brasileira, antes de empreender viagem de estudos aos Estados Unidos.

Congresso de crticos e compositores brasileiros. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 28 dez. 1950. Sntese do artigo: Edino sugere a realizao de um congresso com crticos e compositores, para juntos repensarem as questes da msica no Brasil, indicando

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

o Segundo Curso Internacional da Pro Arte em Terespolis como um ambiente propcio realizao de tal evento. H. J. Koellreutter responde a Camargo Guarnieri. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 30-31 dez. 1950. Sntese do artigo: Edino transcreve partes de um documento que lhe fora enviado por Koellreutter, em resposta a uma carta aberta dirigida por Camargo Guarnieri aos msicos e crticos do Brasil, objeto de consideraes de Edino Krieger na coluna de 23/11/50, p. 7.

Jovens solistas da OSB em 1951. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 2 jan. 1951. Sntese do artigo: Sobre o concurso para escolha dos jovens solistas da Orquestra Sinfnica Brasileira e os concertos dominicais no Rex organizados pela Orquestra Sinfnica Brasileira em combinao com a Diviso Extra-Escolar do Ministrio da Educao e sua importncia para a formao do intrprete. Sugere ainda que esses concursos sejam extensivos aos jovens compositores, como um importante impulso na criao musical brasileira.

Msica e msicos do Brasil (um livro de Luiz Heitor). Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 4 jan. 1951. Sntese do artigo: Anuncia o lanamento pela Livraria Editora da Casa do Estudante do Brasil do citado livro, que, como diz Edino, apresenta-se, indubitavelmente, como uma valiosa contribuio ao estudo da arte musical em nosso pas.

Interpenetrao dos ritmos americanos. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 6-7 jan. 1951. Sntese do artigo: Aborda a assimilao e fuso das caratersticas rtmicas, harmnicas e meldicas aliengenas que integram a criao musical popular, e a interpenetrao de elementos musicais entre os pases cujo processo de cristalizao e personificao culturais se encontra ainda num estgio de evoluo preliminar, em que a unificao nacional no atingiu ainda as suas ltimas consequncias.

Edino analisa as consequncias da crise renovadora da msica contempornea.

Tendncias da msica contempornea. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 9 jan. 1951. Sntese do artigo: Analisa as consequncias da crise renovadora da msica contempornea, que reside na bifurcao que se verifica em sua trajetria evolutiva: de um lado, constata-se o aparecimento de novas formulaes tcnico-estticas que substituem as concepes j superadas; de outro, observa- se a existncia de uma corrente esttica em que a reao antirromntica se traduz no renascimento dos ideais clssicos e pr-clssicos, apresentados em roupagens expressivas caractersticas da linguagem contempornea.

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Captulo II. O crtico musical

Danas pernambucanas. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 11 jan. 1951. Sntese do artigo: Sobre a srie de publicaes que a Livraria Editora da Casa do Estudante do Brasil pretende realizar sobre as danas pernambucanas e o lanamento do primeiro ttulo da srie de Toror, sobre o Maracatu, de autoria de Ariano Suassuna. Decadncia estilstica do Carnaval. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 13-14 jan. 1951. Sntese do artigo: Reporta-se s manifestaes carnavalescas dos ltimos quinze anos sob o ponto de vista musical , e ressalta dois aspectos primordiais. O primeiro deles, visto de forma positiva, se reflete no conhecimento de novos meios expressivos, que permitem um maior enriquecimento das formas musicais e do aos orquestradores maiores e melhores possibilidades de expresso. O segundo diz respeito linha meldica das composies, que resultam de uma simplificao completa de sua estrutura intervalar, mostrando um verdadeiro declnio da capacidade de inventar do compositor.

A linha meldica das composies, que resultam de uma simplificao completa de sua estrutura intervalar, mostram o declnio da capacidade de inventar do compositor.
Edino Krieger

Inicia-se o Segundo Curso Internacional de Frias. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 16 jan. 1951. Sntese do artigo: Artigo sobre o curso realizado pela Pro Arte na cidade de Terespolis, tendo como diretor artstico H. J. Koellreutter, e a programao de atividades artsticas, conferncias e debates em torno das mais importantes e atuais questes. Juan Carlos Paz e a msica sul-americana. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 18 jan. 1951. Sntese do artigo: O artigo transcreve e comenta trechos de uma crnica de Juan Carlos Paz sobre o fenmeno nacionalista da criao musical sul-americana.

Gravaes de msica brasileira. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 23 jan. 1951. Sntese do artigo: Sobre a precariedade crnica dos meios de divulgao com que nos defrontamos, e a inexistncia de um plano governamental que possibilite uma divulgao consistente atravs do disco, em confronto com as gravaes excelentes produzidas pelos Departamentos Culturais das Embaixadas dos pases aqui representados.

Frum artstico da juventude. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 25 jan. 1951. Sntese do artigo: Elogia o alto nvel e a importncia das discusses das mesasredondas no Segundo Curso Internacional de Frias de Terespolis, que contou com exposies do arquiteto, pintor e pedagogo argentino Thomas Maldonado, de Mrio Barata e de H. J. Koellreutter.

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Assistncia injustificvel. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 27-28 jan. 1951. Sntese do artigo: Critica o despreparo e a desorganizao da Temporada Lrica do ltimo ano no Theatro Municipal, sob a responsabilidade de Barreto Pinto, e as notcias sobre ter que se assistir pela segunda vez s barretadas, em funo de um ato continusta proveniente do Governo Municipal.

Concerto camerstico em Terespolis. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 30 jan. 1951. Sntese do artigo: Sobre o segundo concerto camerstico organizado pela direo do Segundo Curso Internacional de Frias de Terespolis, realizado sbado noite no salo nobre da Prefeitura Municipal de Terespolis, que contou com a participao dos professores Hugo Balzo, Anselmo Zlatopolsky e Georges Bkefi. Aspectos do Carnaval contemporneo. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 1 fev. 1951. Sntese do artigo: Com base na crtica datada de 13-14 de janeiro de 1951, sobre a decadncia do Carnaval, o autor enfatiza que as melodias e seus respectivos textos so forjados sem outra preocupao que a de obter sucesso por meio da fcil assimilao pelo ouvido popular, gerando desse modo melodias repetitivas destitudas de originalidade.

As melodias e seus respectivos textos so forjados sem outra preocupao que a de obter sucesso por meio da fcil assimilao pelo ouvido popular.
Edino Krieger

Concerto de msica contempornea. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 3-4 fev. 1951. Sntese do artigo: Sobre a importncia do Segundo Curso Internacional de Frias de Terespolis, realizado no salo do Higino Palace Hotel, que contou com a apresentao, em primeira audio no Brasil, da produo musical contempornea. Nesta ocasio deu-se ainda a estreia mundial da Sonata 1939 para violino e piano, de H. J. Koellreutter.

Concurso internacional de virtuosismo. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 8 fev. 1951. Sntese do artigo: Divulga o Concurso Internacional de Execuo Musical de Genve, na Sua, destinado aos virtuosi instrumentais de todo o mundo, com indicao dos prmios e local de inscrio.

A msica no rdio brasileiro. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 10-11 fev. 1951. Sntese do artigo: Analisa a importncia do servio de radiodifuso como elemento capaz de contribuir decisivamente para o desenvolvimento cultural e artstico de um pas, e os interesses financeiros que interferem na programao.

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Captulo II. O crtico musical

Forma e contedo na arte musical. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 13 fev. 1951. Sntese do artigo: Alude aos debates que o crtico vem assistindo sobre msica contempornea, que apontam o Realismo e o Formalismo como duas grandes tendncias, envolvendo, ambos, dois elementos fundamentais a toda criao artstica: a forma e o contedo.

Uma brasileira no Instituto. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 15 fev. 1951. Sntese do artigo: Relata o xito absoluto alcanado pela musicista Sonia Born nas provas finais a que foi submetida no Curso de Rythmique do Instituto Jacques Dalcroze, em Genve, na Sua.

A msica na educao escolar. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7-8, 17-18 fev. 1951.

Edino aponta para a importncia da iniciativa de se criar pequenos crculos de arte nos estabelecimentos de ensino.

Sntese do artigo: Explica a importncia da iniciativa de se criar pequenos crculos de arte nos estabelecimentos de ensino, possibilitando aos estudantes um contato tanto com o aspecto histrico da evoluo artstica quanto com os prprios meios de expresso de que se serve a arte.

Nininha Gregori no Festival de Frankfurt. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 20 fev. 1951. Sntese do artigo: Menciona a seleo, pelo Jri do Festival de Frankfurt, composto por grandes personalidades do meio musical, da obra Lricas Gregas para soprano, flauta, obo, clarineta, fagote e celesta de Nininha Gregori, para representar o Brasil.

Estreia radiofnica de Schnabel. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 22 fev. 1951. Sntese do artigo: Sobre a importncia da presena de Karl Ulrich Schnabel no Segundo Curso Internacional de Frias, e sua estreia radiofnica sul-americana atravs da Rdio Ministrio da Educao PRA-2, com indicao do programa a ser apresentado.

Locais de estudo para os jovens musicistas. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 27 fev. 1951. Sntese do artigo: Defende a criao de pequenos estdios de msica nos pontos mais acessveis da cidade, os quais seriam alugados a preos mdicos para os estudantes de instrumento, de modo a conciliar as suas atividades escolares ou profissionais com a prtica de seu instrumento em horas que lhes pudessem parecer mais cmodas e convenientes.

Para a formao de um novo pblico. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 1 mar. 1951. Sntese do artigo: Ressalta a importncia da realizao dos Concertos da Juventude

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da Orquestra Sinfnica e a necessidade de se implementar mais atividades que contribuam para a formao de um novo pblico musical. Aspectos da Temporada de Arte Nacional. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 6 mar. 1951. Sntese do artigo: Menciona os vrios fatores que contribuem para a excelncia de uma realizao artstico-musical, e a predominncia de um propsito exclusivamente comercial nas programaes da temporada.

Lenda do Irup e Cavaleria Rusticana no Teatro Repblica. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 8 mar. 1951. Sntese do artigo: Sobre o espetculo operstico ocorrido em 7 de maro de 1951 no Teatro Experimental de pera, onde foram encenadas a Lenda do Irup, de Newton Pdua, e a Cavaleria Rusticana, de Mascagni, ressaltando a iniciativa positiva de se dar a conhecer ao pblico um trabalho de autor brasileiro. Integram ainda a coluna notcias artsticas esparsas.

Recital do baixo-cantante Alexandre Wolkoff. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 10-11 mar. 1951. Sntese do artigo: Refere-se ao recital que o citado intrprete realizou na noite anterior em condies desfavorveis de sade no Conservatrio Brasileiro de Msica. Esperamos que nova oportunidade em breve se nos apresente de ouvir o recitalista de ontem, permitindo-nos um contato mais completo com os seus recursos vocais e interpretativos, dos quais apenas um reflexo nos foi possvel perceber em sua apresentao no Conservatrio Brasileiro de Msica, em virtude das circunstncias em que o recital se realizou.

Atividades da Orquestra Sinfnica Brasileira. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 13 mar. 1951.

Edino chama a ateno para a importncia da incluso de toda uma srie de obras que se situam margem do repertriochamariz habitual.

Sntese do artigo: Chama a ateno para a importncia da incluso de toda uma srie de obras que se situam margem do repertrio-chamariz habitual, e que apresentam interesse, revelando grande contribuio cultural. Revela ainda as personalidades internacionais que deveriam participar da temporada de 1951 como regentes e solistas.

Uma perda para a crtica musical carioca. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 14 mar. 1951. Sntese do artigo: Critica os primeiros reflexos da mudana de direo governamental, que redundaram no afastamento inconsequente de Tude e Souza da direo da PRA-2, num ato de absoluta prepotncia. Comenta tambm os motivos extraprofissionais que levaram ao afastamento do eminente crtico Renzo Massarani da coluna musical dA Manh, resultando numa perda sensvel para a crtica de arte. Integram ainda a coluna notcias artsticas esparsas.

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Captulo II. O crtico musical

A Msica de Cmara na Temporada 1951. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 15 mar. 1951. Sntese do artigo: Perspectivas da temporada com relao msica sinfnica, operstica e virtuosstica, que prometem realizaes de real interesse artstico no que se refere s obras e intrpretes. Lamenta, entretanto, a situao de relativo abandono da msica de cmara. Integram ainda a coluna notcias artsticas esparsas.

Edies de msica brasileira. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 16 mar. 1951. Sntese do artigo: Sobre a necessidade por parte dos organismos governamentais de cultura de ampliar o limitado coeficiente de publicaes musicais, criando um setor especializado que se dedicaria, sob a responsabilidade de uma comisso artstica de competncia, edio das obras mais representativas da criao musical brasileira. Integram ainda a coluna notcias artsticas esparsas.

Inaugurao da Temporada de Arte Nacional (I). Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 17-18 mar. 1951. Sntese do artigo: Analisa a primeira parte do concerto de abertura da Temporada de Arte Nacional de 1951, cujo programa foi a Abertura Trgica, de Brahms, e o Concerto para piano e orquestra, de Shostakovitch, em primeira audio no Brasil, sob a regncia de Camargo Guarnieri e tendo como solista a pianista Nise Obino. Guarnieri: Trs Danas e Brasiliana. Inaugurao da Temporada de Arte Nacional (II). Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 19 mar. 1951. Sntese do artigo: Analisa a segunda parte do concerto de inaugurao da Temporada de Arte Nacional, sob a batuta de Camargo Guarnieri, regendo suas prprias obras, as Trs Danas Dana Selvagem, Dana Negra e Dana Brasileira e a Sute Brasiliana, esta em primeira audio mundial, na sexta-feira ltima, no Theatro Municipal. Integram ainda a coluna notcias artsticas esparsas.

Edino analisa o Concerto para piano e orquestra, de Shostakovitch, em primeira audio no Brasil, sob a regncia de Camargo Guarnieri.

Em defesa da msica popular brasileira. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 20 mar. 1951. Sntese do artigo: Aborda o americanismo dominante, a cuja propagao se dedicam os principais meios divulgadores de que dispomos: o rdio e o disco; a influncia mtua entre os povos americanos e o desvirtuamento do carter prprio de nossa msica por parte de intrpretes populares, revelando completa ausncia de critrio e bom gosto. Integram ainda a coluna notcias artsticas esparsas.

Um festival de msica contempornea no Brasil. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 21 mar. 1951. Sntese do artigo: Aponta a total ausncia de obras contemporneas nos programas da Temporada de Arte Nacional, em favor de obras sempre repetidas,

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

alegando-se estar atendendo ao gosto do pblico e s exigncias econmicas. Edino sugere diversos autores internacionais e nacionais cujas obras so completamente ou quase completamente ignoradas pelo pblico brasileiro. A vitalidade musical de um pas no se mede apenas pela quantidade de espetculos sinfnicos ou opersticos realizados anualmente [...] nem somente pela incluso de grandes virtuosos. Integra ainda a coluna um noticirio musical da semana. Um projeto sem consequncias prticas. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 22 mar. 1951. Sntese do artigo: Refere-se ao projeto de nacionalizao apresentado Cmara por uma comisso de representantes da Orquestra Sinfnica Brasileira, e possvel reduo de verbas em face da situao econmica do pas, mostrando que tal contribuio para a recuperao material do pas no deve passar, em hiptese alguma, pelo asfixiamento de nossas precrias reservas culturais. Integra ainda a coluna um noticirio musical da semana.

Walter S. Porto Alegre e Altea Alimonda numa gravao da Continental. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 27 mar. 1951. Sntese do artigo: Comenta a inconsequncia da escolha, pela Continental, do Concerto para violino e orquestra, de Walter Schultz Porto Alegre, para efeito de gravao, por no oferecer contribuio alguma, em detrimento de outras obras de autores nacionais, e talvez at do mesmo autor. Integram ainda a coluna notcias artsticas esparsas.

Verifica-se, atravs de um exame crtico a que se entregam os redatores da Revista Msica Viva, a existncia de um lastro comum entre os problemas estticos e culturais de toda a humanidade.
Edino Krieger
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Sociedade Internacional de Msica Contempornea. Grande Festival de Frankfurt na Alemanha. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 28 mar. 1951. Sntese do artigo: Reporta-se aos nove concertos programados para o 25 Festival da Sociedade Internacional de Msica Contempornea, realizado de 23 de junho a 1 de julho em Frankfurt. Alm dos autores selecionados, representativos de 17 pases, o Festival contou com a participao de Arnold Schoenberg, de Igor Stravinsky e outras personalidades proeminentes.

A msica contempornea no Egito. Uma publicao Msica Viva do Cairo. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 29 mar. 1951. Sntese do artigo: Sobre a Revista Msica Viva, publicada no Cairo pela agrupao musical que tem o mesmo nome. No obstante as diferenas de formao porventura existentes entre a cultura daquele pas e a dos povos europeus e americanos, verifica-se, atravs de um exame crtico a que se entregam os redatores da Revista Msica Viva, a existncia de um lastro comum entre os problemas estticos e culturais de toda a humanidade. Integra ainda a coluna um noticirio musical da semana. Prepara-se a Cultura Artstica para a sua temporada. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 30 mar. 1951.

Captulo II. O crtico musical

Sntese do artigo: Divulga a Temporada da Cultura Artstica que teria incio no prximo dia 9 de abril, contando em sua programao com a participao do pianista hngaro Robert Weisz 1 prmio do Concurso Internacional de Genve em 1949 , da pianista hngara Sari Biro, do violoncelista Edmund Kurtz, do violinista italiano Rugiero Ricci e de outros virtuosos, e ainda dos Quartetos de Cordas da Orquestra Sinfnica Brasileira e Barylli.

Stravinsky em primeira audio na OSB. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p.7, 2 abr. 1951. Sntese do artigo: Sobre o concerto de estreia da Orquestra Sinfnica Brasileira naquela temporada, sbado tarde, com a apresentao do bailado Sagrao da Primavera, de Stravinsky, em primeira audio no Brasil.

Os Cossacos do Don no Municipal. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 3 abr. 1951. Sntese do artigo: Aborda o concerto de estreia da Associao Brasileira de Concertos, segunda-feira noite, no Theatro Municipal, com o coral masculino russo Os Cossacos do Don, sob a direo de Serge Jaroff, seu fundador e diretor. O programa contou com obras vocais de compositores russos do romantismo oitocentista e canes folclricas intercaladas de algumas danas tpicas, apresentadas pelos bailarinos Kosak e Botchko.

Edino chama a ateno para a programao musical camerstica do Museu de Arte de So Paulo, sob a direo de H. J. Koellreutter.

Quatro concertos do Museu de Arte de S. Paulo. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 5 abr. 1951. Sntese do artigo: Refere-se completa liderana da capital paulista no panorama artstico brasileiro, ressaltando a programao musical camerstica do Museu de Arte de So Paulo, sob a direo de H. J. Koellreutter, que dar oportunidade ao pblico de conhecer obras raramente ouvidas no Brasil, alm de vrias primeiras audies sul-americanas. Seguem-se ainda notcias musicais esparsas.

Despedida dos Cossacos do Don. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 6 abr. 1951. Sntese do artigo: Anlise tcnico-musical do recital de despedida do citado grupo, sob a regncia de Serge Jaroff, com indicao do programa apresentado. Segue-se o noticirio musical da semana. Constam ainda do artigo, sob a forma de noticirio, os seguintes subttulos: Segundo Concerto da OSB, Estreia da Temporada Lrica e Concerto de Cravo.

Obras de Camargo Guarnieri. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 7-8 abr. 1951. Sntese do artigo: Comenta o segundo concerto sinfnico da Temporada de Arte Nacional, na ltima quinta-feira, no Theatro Municipal. O programa foi dedicado inteiramente obra do compositor paulista Camargo Guarnieri, contando com a regncia do autor frente da Orquestra do Teatro. Integram ainda a coluna notcias artsticas esparsas.

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

Cesar Franck e Berlioz na OSB. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 9 abr. 1951. Sntese do artigo: Sobre o segundo programa da Orquestra Sinfnica Brasileira, realizado sbado sob a regncia de Eleazar de Carvalho, contando com a participao da pianista hngara Sari Biro, com indicao do programa do concerto.

Recital do pianista Robert Weisz. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 10 abr. 1951. Sntese do artigo: Primeiro concerto da Temporada da Cultura Artstica, que contou com a apresentao do pianista hngaro Robert Weisz, primeiro prmio no Concurso Internacional de Genve em 1949. Segue-se o noticirio musical da semana.

O Falstaff no Municipal. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 12 abr. 1951. Sntese do artigo: A encenao da pera Falstaff, de Giuseppe Verdi, na noite de quarta-feira, 11/4/51, no Theatro Municipal, iniciando a srie de espetculos opersticos da Temporada de Arte Nacional. Como subttulo, detectamos ainda: Hoje o recital de Sari Biro.

Edino salienta a importncia de as nossas organizaes de concertos concederem descontos, em seus ingressos, para os portadores de carteiras de estudante de msica.

Ingressos com desconto para estudantes. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 13 abr. 1951. Sntese do artigo: Salienta a importncia de as nossas organizaes de concertos concederem desconto, em seus ingressos, para os portadores de carteiras de estudante de msica, de modo a permitir uma frequncia regular aos concertos. Integram ainda a coluna notcias artsticas esparsas.

Verdi na Temporada Lrica. Dois extremos estticos de uma criao. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 16 abr. 1951. Sntese do artigo: Comenta a encenao consecutiva de duas peras de Verdi o Falstaff e o Rigoletto , que oferecem ao espectador um precioso elemento de comparao entre dois extremos estticos de uma trajetria criadora. Integram ainda a coluna notcias artsticas esparsas. Ecos da temporada paulista. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7-8, 17 abr. 1951. Sntese do artigo: Analisa a frtil temporada musical de So Paulo, que apresenta grande interesse no que se refere s obras selecionadas, e ainda pela presena de nomes altamente significativos, contando com a colaborao de diversas organizaes musicais.

Ballet Vassili Lambrinos e Irma Villamil. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 18 abr. 1951. Sntese do artigo: Apresentao do grupo coreogrfico liderado pelo bailarino grego Vassili Lambrinos, na noite anterior, no Theatro Municipal, que contou com a coparticipao da bailarina espanhola Irma Villamil. Integram ainda a coluna notcias artsticas esparsas.

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Captulo II. O crtico musical

Um trplice espetculo no Municipal (I). Pergolesi: La Serva Padrona. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 19 abr. 1951. Sntese do artigo: Concerto de 18/4/51 da Temporada de Arte Nacional no Theatro Municipal, que levou cena trs peras pouco conhecidas do pblico: La Serva Padrona, de Pergolesi, Soror Angelica e Gianni Schicchi, de Puccini. Edino salienta a importncia desta iniciativa, que possibilita ao pblico ampliar o at ento repisado repertrio. A crtica deteve-se ainda na apreciao tcnica da pera La Serva Padrona. Um trplice espetculo no Municipal (II). Puccini: Soror Angelica e Gianni Schicchi. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 20 abr. 1951. Sntese do artigo: Sobre a segunda parte do espetculo operstico de quarta-feira, 18/4/51, no Theatro Municipal, situando as obras esteticamente. Integram ainda a coluna notcias artsticas esparsas.

Schoenberg, Carvalho e Robert Weisz. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 23 abr. 1951. Sntese do artigo: Terceiro concerto da Temporada da Orquestra Sinfnica Brasileira, na tarde de sbado, no Theatro Municipal, sob a regncia de Eleazar de Carvalho, contando com o pianista hngaro Robert Weisz como solista do Segundo Concerto para piano e orquestra, de Liszt, apresentando ainda, dentre outras, a Sinfonia para 15 instrumentos solistas, de Schoenberg. A crtica abordou de forma severa todos os deslizes decorrentes de uma m preparao e escolha do programa.

O programa Msica para a Juventude contribui de forma ativa no processo de formao artstica do Brasil.
Edino Krieger

Msica para a Juventude e o papel educativo do rdio. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 25 abr. 1951. Sntese do artigo: Comenta a importncia do programa Msica para a Juventude, idealizado por Ren Cav, que voltar a ser transmitido aos domingos pela Rdio Ministrio da Educao, contribuindo assim de forma ativa no processo de formao artstica do Brasil. Integram ainda a coluna notcias artsticas esparsas.

Recital de Jorg Demus. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 27 abr. 1951. Sntese do artigo: Apresentao do jovem pianista austraco Jorg Demus um desconhecido entre ns e a coragem de enfrentar o tabu do sucesso garantido por parte do pblico que compareceu ao Municipal e foi presenteado com um concerto em que o intrprete revelou absoluta seriedade, apresentando um atestado de talento.

Uma partitura de Lus Cosme. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 30 abr. 1951. Sntese do artigo: Ressalta a evoluo da obra de Lus Cosme o mais jovem compositor da escola nacionalista brasileira , que, partindo de pesquisa de motivos folclricos e sua transposio s formas clssicas da Sonata e da Sute, encaminhou-se posteriormente no sentido da pesquisa expressiva com relao aos motivos autctones, numa fase em que j superara as

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

formas tradicionais dentro da trajetria evolutiva do nacionalismo, revelando ainda, no bailado Lambe-lambe, um tratamento mais avanado, descobrindo um novo meio tcnico de composio o dodecafonismo , em que se utiliza livremente da procura de sua completa libertao de sua realizao como artista criador. O artigo comporta ainda notcias musicais esparsas. Maria de Lourdes Cruz Lopes. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 4 maio 1951. Sntese do artigo: O concerto da citada soprano, promovido pela Cultura Artstica no Theatro Municipal, na noite de quinta-feira. Edino enumerou uma srie de elementos positivos que atuam em favor da intrprete, ressaltando estar a cantora entre os melhores valores artsticos brasileiros, ocupando particular destaque como intrprete do repertrio vocal camerstico. Integram ainda a coluna notcias artsticas esparsas.

Boris Godunov no Municipal. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 7 maio 1951. Sntese do artigo: Sobre a apresentao de sexta-feira, 4/5/51, da pera de Mussorgsky no Theatro Municipal, integrando a srie operstica da Temporada de Arte Nacional. O artigo aborda a pera em sua concepo literria e musical, que, segundo Edino, por sua importncia esttica ultrapassa o mbito nacional dos cinco russos, projetando-se como uma fora viva na escala universal de valores opersticos. Tece ainda comentrios sobre os intrpretes solistas, coro e orquestra, ressaltando o progresso que revelam em relao s experincias anteriores. Integram ainda a coluna notcias artsticas esparsas.

O trabalho simboliza o processo de nascimento do compositor foclorista em suas trs etapas essenciais.
Edino Krieger

O Guia Prtico de Villa-Lobos. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 9 maio 1951. Sntese do artigo: Refere-se publicao, pela Editora Vitale, do trabalho de pesquisa tnico-musical do Brasil realizado por Villa-Lobos, abordando sua organizao e importncia, chamando a ateno para um aspecto que talvez tenha passado despercebido ao prprio autor: segundo Edino, o trabalho simboliza o processo de nascimento do compositor folclorista em suas trs etapas essenciais: 1 a descoberta dos elementos musicais folclricos em suas fontes originais; 2 a compilao do material e sua transposio para a escrita musical; e 3 a sua elaborao artstica. Integra ainda a coluna um noticirio musical da semana.

La Traviata no Municipal. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 10 maio 1951. Sntese do artigo: Apresentao da pera de Verdi na noite de quarta-feira, 9/5/51, no Theatro Municipal, em substituio pera de Mozart Bodas de Fgaro, programada de incio mas excluda arbitrariamente. Como subttulo, encontramos: Hoje a estreia de Backhaus.

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Captulo II. O crtico musical

Backhaus e Beethoven. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 11 maio 1951. Sntese do artigo: Primeiro recital do pianista Wilhelm Backhaus, na noite de 10/5/51, no Theatro Municipal. Constaram do programa a Sonata op. 26, op. 31 n 3, a Sonata op. 53, e por ltimo a Sonata op. 111, todas de Beethoven. Integram ainda a coluna notcias artsticas esparsas.

Edino divulga a primeira audio da obra Canto de Amor e Paz, de Santoro.

Santoro, Kurtz e Carvalho. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 14 maio 1951. Sntese do artigo: Noticia o concerto do ltimo sbado no Theatro Municipal, com a apresentao do violoncelista Edmund Kurtz como solista do Concerto para violoncelo e orquestra, de Dvork, frente da Orquestra Sinfnica Brasileira sob a regncia de Eleazar de Carvalho, e ainda com a primeira audio da obra Canto de Amor e Paz, de Santoro. Integram ainda a coluna notcias artsticas esparsas.

Segundo recital de Backhaus. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 15 maio 1951. Sntese do Artigo: Sobre o recital de 14/5/51 noite no Theatro Municipal, promovido pela Associao Brasileira de Concertos. Antes de proceder a uma apreciao completa do programa apresentado, Edino optou por realizar uma definio da atitude de Backhaus diante da arte sonora, ressaltando sua personalidade racional, de equilbrio e organizao intelectual, no significando, entretanto, uma ausncia de impulsos emotivos. A apresentao de vrias obras de Chopin proporcionou ao pblico grandes revelaes do valor musical nelas contido, quase sempre obliterado pelo exagero sentimental de alguns intrpretes. Integram ainda a coluna notcias artsticas esparsas. Fracos e fortes de um espetculo operstico. A Carmen no Municipal. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 16 maio 1951. Sntese do artigo: Sobre a apresentao da pera de Bizet no Theatro Municipal, como parte das programaes da Temporada Nacional, mostrando os pontos mais e menos vulnerveis da encenao. Integram ainda a coluna notcias artsticas esparsas. O problema do Theatro Municipal. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 17 maio 1951. Sntese do artigo: Comentando as sugestes contidas no parecer do vereador Pascoal Carlos Magno sobre o problema do Theatro Municipal, Edino explicita que o citado teatro no necessita de concessionrios para existir; necessita apenas de uma administrao que se compenetre de seu papel puramente administrativo e de uma Comisso Artstica independente e capaz de exercer as suas funes culturais. Integram ainda a coluna notcias musicais da semana.

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

Recital de Ruggiero Ricci. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 18 maio 1951. Sntese do artigo: Recital de 17/5/51 do violinista norte-americano Ruggiero Ricci, patrocinado pela Cultura Artstica. Edino ressalta que um dos mais graves perigos a que se expe o instrumentista virtuoso consiste na limitao de sua viso artstica, sendo o malabarismo a sua preocupao primeira. Integram ainda a coluna notcias artsticas esparsas.

Edino relata a retomada da srie de programaes organizadas pela Rdio Ministrio da Educao com a legenda Msica para a Juventude.

Mobilizao musical da juventude. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 19-20 maio 1951. Sntese do artigo: Relata a retomada da srie de programaes organizadas pela Rdio Ministrio da Educao com a legenda Msica para a Juventude, e o concerto a realizar-se domingo, s 10 horas da manh, no Salo Leopoldo Miguez da Escola Nacional de Msica, tendo como objetivos: 1) desenvolver a cultura musical do jovem pblico; e 2) ampliar o coeficiente de experincias artsticas dos jovens intrpretes. Integram ainda a coluna notcias musicais esparsas.

Burocracia ou desinteresse? Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 23 maio 1951. Sntese do artigo: Refere-se situao da Orquestra Sinfnica Brasileira e de seus componentes, cuja subveno oficial se encontra retida nos canais competentes da nossa burocracia estatal desde o princpio do ano, impedindo aquela entidade de quitar suas dvidas para com os professores de seu quadro efetivo. Integram ainda a coluna notcias artsticas esparsas. Inicia-se o Festival Internacional de Dana. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 25 maio 1951. Sntese do artigo: Noticia o espetculo de estreia do Ballet Theatre de Nova York, quarta-feira noite, no Municipal, que deu incio ao Festival Internacional de Dana organizado pela Empresa Viggiani. Integram ainda a coluna notcias artsticas esparsas. Estreia do Quarteto Barylli. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 26-27 maio 1951. Sntese do artigo: Crtica sobre o primeiro concerto camerstico da temporada da Cultura Artstica, quinta-feira noite. Segundo Edino, o pblico que foi assistir ao Quarteto foi brindado com uma realizao magnfica sob todos os pontos de vista, reafirmando a compreenso bem fundamentada de cada obra em seus aspectos estilstico, formal e tcnico. Integram ainda a coluna notcias artsticas esparsas. Duas estreias em So Paulo (1). Stravinsky e Lus Cosme no Museu de Arte. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 28 maio 1951.

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Captulo II. O crtico musical

Sntese do artigo: Apreciao da primeira parte do concerto no Museu de Arte, que contou com a participao do Quarteto Haydn, da pianista Geni Marcondes, de Sadi Cabral declamando ritmicamente, e coreografia da bailarina Chinita Ulmann, todos intrpretes da Novena Senhora da Graa, do compositor Lus Cosme.

Duas estreias em So Paulo (2). L historie du soldat de Stravinsky. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 29 maio 1951. Sntese do artigo: Sobre a segunda parte do concerto no Museu de Arte de So Paulo, sob a direo de Koellreutter, ressaltando todos os responsveis pela apresentao diretores e intrpretes que tornaram vivel a execuo no Brasil de obras to importantes.

O articulista ressalta a experincia e a sensibilidade de Alicia Alonso, Igor Youskevitch e John Kriza.

Pontas, saltos e rodopios. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p.7, 31 maio 1951. Sntese do artigo: Apresentao do Ballet Theatre de Nova York. Edino afirma que a escolha da msica foi a pior possvel, ainda que a apresentao tenha alcanado grande sucesso por parte do pblico. Entretanto, o articulista ressalta a experincia e a sensibilidade de Alicia Alonso, Igor Youskevitch e John Kriza, e chama a ateno para o fato de a apresentao haver consolidado de forma clara e definida os sustentculos tcnicos em que se baseia a sua esttica, ou seja, o bailado clssico. A coluna traz ainda notcias sobre a Orquestra Universitria da Casa do Estudante, a OSB e a vesperal do Ballet Theatre.

Ricci e Rosenthal na Cultura Artstica. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 1 jun. 1951. Sntese do artigo: Segundo o autor, a falta de interesse ou significao do programa fez com que a expectativa do pblico se concentrasse no aspecto virtuosstico de seu solista. Todavia, Edino ressalta uma poca j superada, do malabarismo pelo malabarismo, e de forma enftica revela haver sido um espetculo para ns insuportvel: a supremacia do instrumento e a sujeio do contedo artstico de uma obra de arte. Divulga ainda notcias esparsas sobre as prximas apresentaes da Associao Brasileira de Concertos.

Copland e Prokofieff no Ballet Theatre. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 2-3 jun. 1951. Sntese do artigo: Edino reservou sua apreciao para as obras dos autores citados, em razo de seu maior interesse. O autor fala da coreografia imaginada por Agnes Mille para o Rodeo de Copland, que pareceu menos de acordo com a simplicidade e a vivacidade da partitura do que com a sugesto plstica do Oeste americano. Aborda tambm a coreografia criada por Antony Tudor para a Sinfonia Clssica de Prokofieff, que, segundo Edino, baseava-se num motivo interessante e original. O articulista ressalta as participaes de Mary Ellen Moylan, Charlyne Baker e Barbara Loyd.

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Beethoven e a temporada atual. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 4 jun. 1951.

Edino critica os repetitivos Festivais Beethoven em nossas temporadas e ressalta no haver entre ns a menor discrdia quanto genialidade do citado msico.

Sntese do artigo: Criticando os repetitivos Festivais Beethoven em nossas temporadas, Edino ressalta no haver entre ns a menor discrdia quanto genialidade do citado msico. Apenas duas concluses so possveis: ou no existe realmente nenhum interesse em se apresentar obras menos conhecidas ao nosso pblico, ou essas obras no chegaram ainda ao conhecimento dos organizadores das nossas temporadas. Lamenta ainda que se desperdice o primeiro concerto de Wilhelm Kempff entre ns com a repetio do Concerto n 3 de Beethoven, e ainda a Leonora n 3 e a Sexta Sinfonia, tambm de Beethoven, no mesmo programa. Integram ainda a coluna notcias artsticas esparsas.

Billy the Kid e Interplay. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 5 jun. 1951. Sntese do artigo: Ao comentar a apresentao do Ballet Theatre de Nova York num dos programas mais interessantes de sua temporada entre ns, Edino ressalta que a partitura de Copland Billy The Kid encontrou uma equivalncia expressiva em todo conjunto, bem arquitetado em todos os seus detalhes. Interplay, de Morton Gould, com coreografia de Jerome Robbins, sobre folguedos infantis, por sua simplicidade, ofereceu um espetculo atraente. Edino tambm destaca o desempenho individual de alguns artistas como Alicia Alonso e Igor Youskevitch, muito ovacionados pelo pblico, e ainda Eric Braun, John Kriza, Paula Lloyd, Jack Beaber, Kelly Brown, Virginia Barnes, Liane Piane e Dorothy Scott. Integram a coluna notcias artsticas esparsas.

Um politonalista gacho. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 6 jun. 1951. Sntese do artigo: Analisa a Tocata para piano, do compositor Armando Albuquerque. Sem constituir uma obra-prima de composio e inventiva, a pea oferece um interesse concreto artisticamente: reflete a procura de uma personalidade prpria, de realizao de uma individualidade criadora, o que por si s representa uma semente frtil que poder frutificar, futuramente, numa obra importante para a criao musical brasileira. O articulista fala ainda sobre o academismo, trao caracterstico de todas as nossas instituies musicais no que se refere aos problemas da criao: Nenhum compositor nos tem sido fornecido nos ltimos decnios por qualquer dos Conservatrios oficiais brasileiros. Serge Kussevitzky. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 7 jun. 1951. Sntese do artigo: Sobre o desaparecimento do regente, em 5/6/51, e sua importncia no cenrio musical, ressaltando o apoio por ele dado a todos os compositores da jovem cultura americana, contribuindo sobremaneira para a divulgao internacional de suas obras, em suas atividades no Berkshire Music Center, onde os talentos novos de todo o mundo buscam incentivo, e apresentando ao mundo musical dezenas de jovens regentes, destacando-se os nomes de Leonard Bernstein e Eleazar de Carvalho, para citar apenas alguns. Integram ainda o artigo notcias esparsas referentes ao festival francs da OSB, programao da Associao Brasileira de Concerto e ao Festival Beethoven.

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Captulo II. O crtico musical

Festival Beethoven. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 8 jun. 1951. Sntese do artigo: Analisa a impropriedade do citado festival, pelo fato da sua grande proximidade com o ltimo festival, realizado por Backhaus em dois recitais de sonatas, e ainda pela dificuldade experimentada por Rosenthal em obter um mximo de rendimento por parte da OSB, dificuldade esta atribuda ao prprio regente. O artigo aborda o Concerto n 3, de Beethoven, que teve como solista o pianista Wilhelm Kempff, frente da OSB regida por Manuel Rosenthal. A crtica comporta ainda notcias sobre Ravel na OSB, viagem de artistas internacionais e a lenda da Flor de Pedra.

Jacqueline Potier na OSB. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 11 jun. 1951. Sntese do artigo: Concerto de msica francesa realizado pela OSB, contando com a participao da pianista Jacqueline Potier sob a regncia de Rosenthal. Jacqueline Potier ofereceu da obra uma exposio clara e convincente, possuidora que se revelou de uma excelente escola pianstica e de uma grande receptividade musical. A orquestra procedeu com insegurana diante das dificuldades tcnicas da obra, entregue a uma direo pouco exigente. A crtica faz-se acompanhar de notcias sobre o Ballet Hindu Mrinalini no Theatro Municipal, o Quarteto Barylli na ABI, o recital de Wilhelm Kempff promovido pela Cultura Artstica, e ainda a apresentao dos quartetos Vegh e Hngaro na Pro Arte.

O Quarteto, de Hindemith, constitui sem dvida uma das melhores contribuies do conjunto para contato do nosso reduzido pblico de msica de cmara.
Edino Krieger

O Quarteto Barylli na ABI. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 13 jun. 1951. Sntese do artigo: Comenta o programa do concerto, que incluiu obras de Haydn, Hindemith e Mozart Quinteto em Sol menor , contando neste ltimo com a participao do violista Johannes Orlsner, do Quarteto Haydn de So Paulo. Sobre o Quarteto, de Hindemith, Edino assim se expressa: J apresentada ao nosso pblico quando da estreia do Quarteto Barylli no ano passado, essa obra de Hindemith constitui sem dvida uma das melhores contribuies do conjunto para contato do nosso reduzido pblico de msica de cmara com a criao musical contempornea. Integram ainda a coluna notcias artsticas esparsas.

Notas esparsas sem indicao de ttulo. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 14 jun. 1951. Sntese do artigo: Anuncia os prximos saraus da Associao Brasileira de Concertos, que apresentaro o Ballet Hindu Mrinalini e o recital do pianista Arthur Rubinstein no Theatro Municipal; a temporada de Msica de Cmara da Pro Arte do Rio de Janeiro, com a apresentao dos Quartetos Vegh e Hngaro; a II Semana de Carlos Gomes em Campinas e as inscries para os concursos de canto, piano, violino e banda, com indicao do programa do certame; o recital do pianista Wilhelm Kempff na temporada da Cultura Artstica; e o regresso Europa do Quarteto Barylli.

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

Brasileiros no Festival de Frankfurt. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 15 jun. 1951.

Edino divulga a apresentao da obra da compositora brasileira Nininha Gregori, na programao do XXV Festival Internacional de Msica Contempornea.

Sntese do artigo: Sobre a apresentao da obra da compositora brasileira Nininha Gregori no dia 25/6/51, dentro da programao do XXV Festival Internacional de Msica Contempornea. Integram ainda o artigo notcias sobre o Ballet Hindu Mrinalini, o 5 concerto da srie Msica para a Juventude, sob a regncia de Cludio Santoro, e o Plebiscito Nacional da Paz realizado na Polnia, que teve como signatrio o compositor contemporneo polons Andrej Panufnich.

Recital de Wilhelm Kempff. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 16-17 jun. 1951. Sntese do artigo: Edino lamenta uma certa liberdade que alguns artistas se permitem, ao atingirem a convico de sua grandiosidade, que resulta em realizao falsa de uma obra e, consequentemente, num desempenho interpretativo do virtuose, no obstante o conceito que ele mesmo formula a seu respeito. O articulista ressalta ainda a inconsistncia da realizao da Chacone, de Haendel, ou das quatro peas de Rameau, em que o hbito de arrematar com uma nfase de intensidade as cadncias conclusivas resulta num completo esfacelamento formal das obras. Aponta ainda para a ornamentao abundante de Rameau caraterstica do barroco francs que se viu transformada pela qualidade sonora inconsistente.

Da ndia para o Brasil. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 18 jun. 1951. Sntese do artigo: Sobre a apresentao do Ballet Hindu Mrinalini Sarabhai, promovido pela Associao Brasileira de Concertos no dia 20, no Theatro Municipal, com indicao do programa a ser apresentado. Integram ainda o artigo, sob a forma de notas, a apresentao do regente Arthur Rodzinsky frente Orquestra Sinfnica Municipal de So Paulo; a apresentao da pianista argentina La Cinaglia e do violoncelista Jacques Ripoche no Salo Leopoldo Miguez da Escola Nacional de Msica.

Temporada Lrica Oficial. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 20 jun. 1951. Sntese do artigo: Primeiras informaes referentes citada temporada, no que diz respeito aos intrpretes nacionais e aos convidados internacionais regentes e cantores , com indicao nominal de todos os participantes, ressaltando o fato de o repertrio no haver sido divulgado para a publicidade. Fazem parte ainda do artigo notas sobre o Ballet Hindu, a apresentao do bartono americano Lawrence Winters pela Cultura Artstica, o programa Msica para a Juventude e a apresentao do Festival Sinfnico realizado na Escola Nacional de Msica, tendo como solista o pianista e cravista Mrio Neves sob a regncia da professora Joandia Sodr frente da Orquestra da Juventude.

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Captulo II. O crtico musical

Reflexos de uma cultura milenar. O Ballet Mrinalini Sarabhai no Municipal. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 21 jun. 1951. Sntese do artigo: Edino chama a ateno para a msica que derivada dos instrumentos estranhos que compem a orquestra do citado bal, que nos transporta a um mundo artstico inteiramente diverso, absolutamente primitivo em seu desconhecimento da mais elementar polifonia, com seus esteios rtmicos e de linguagem baseados numa organizao inteiramente diversa do tempo e do espao. Coreograficamente, o Ballet Hindu representa as duas mais importantes escolas da ndia contempornea, estribadas numa tradio secular: Bharata Natyam e Katha Kali. Por todos os aspectos desenvolvidos tcnica de expresso rtmica e fisionmica, riqueza de movimentos plsticos das mos , o citado bal apresentou, segundo Edino, um espetculo de grande beleza e interesse, dada a raridade com que nos dado conhecer expresses artsticas dessa natureza. Integram ainda o artigo notas sobre a visita ao Brasil do Conjunto Angelicum, a apresentao do maestro Nino Sanzogno no Municipal, a Temporada da Pro Arte e a apresentao do pianista Arthur Rubinstein.

Uma estreia de Hindemith na OSB. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 22 jun. 1951.

O crtico enfatiza a importncia da estreia das Oito Peas na primeira posio, de Paul Hindemith, sob a regncia de Nino Sanzogno frente OSB.

Sntese do artigo: Apresentao das Oito Peas na primeira posio, de Paul Hindemith, sob a regncia de Nino Sanzogno frente OSB, em sua estreia na atual temporada de concertos. Edino lamenta que esta obra no esteja inserida nos programas sinfnicos e camersticos dos nossos conservatrios musicais, cumprindo assim a finalidade didtica com que a imaginou seu autor. Seguemse ao artigo notas sobre as apresentaes de Stellinha Egg e da Orquestra AfroBrasileira em Msica para a Juventude, o recital da soprano ligeiro Erna Berger no auditrio da ABI e a reapresentao do Ballet Hindu.

Concurso de Crtica Musical. Premiado o trabalho do estudante Ccero Sandroni. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 25 jun. 1951. Sntese do artigo: Sobre o concurso de Crtica Musical institudo pelo programa Msica para a Juventude, com o intuito de estimular o esprito crtico de seus ouvintes. Edino extraiu trechos da crtica premiada de Ccero Sandroni, que procedeu a uma apreciao musical do repertrio composto por Jos Maurcio Nunes Garcia, Rimsky-Korsakov e Faur, a cargo da Orquestra Universitria, tendo como regentes Pires de Oliveira, Chlo Goulart e Raphael Baptista. Integram o artigo notas concernentes apresentao do Angelicum no Brasil, estreia de Vivaldi e Ernest Bloch na OSB e divulgao do programa do prximo Concerto da Juventude.

Estreia de Arthur Rubinstein. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 26 jun. 1951. Sntese do artigo: A estreia de Arthur Rubinstein na temporada atual da

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Associao Brasileira de Concertos, realizada ontem noite no Theatro Municipal, constituiu um desses eventos que marcam poca nos anais das realizaes artsticas. Do programa constaram obras de Bach, Beethoven, Villa-Lobos, Granados, Albniz, De Falla, e ainda Scribin, Liszt e Prokofieff como extras. O artigo contempla ainda notas referentes apresentao do bartono americano Lawrence Winters na Cultura Artstica de Niteri, Noite de Arte promovida pela Caixa Econmica Federal no auditrio da ABI e ao recital do pianista Fernando Lopes da Silva, no Salo Leopoldo Miguez da Escola Nacional de Msica, sob os auspcios do Centro Artstico Musical. Rubinstein e a obra de Chopin. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 28 jun. 1951. Sntese do artigo: Sobre a omisso involuntria de uma das partes mais importantes do programa do recital anteriormente citado. Foram trs as obras de Chopin: Balada em Sol menor, Improviso em Sol bemol e Scherzo em Si bemol menor. Ao dizermos mais importantes no pretendemos estabelecer uma comparao qualitativa entre as obras que compunham o programa, seno afirmar que em Chopin encontrou Rubinstein um dos seus momentos mais felizes. Fazem parte do artigo notas referentes ao Curriculum Vitae do diretor do Angelicum, assim como sobre o recital de Edme Souza Melo, promovido pelo PEN Clube no auditrio da ABI.

Chopin e Rubinstein. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 29 jun. 1951.

Rubinstein encontra indubitavelmente uma forte afinidade para com a obra de Chopin.
Edino Krieger

Sntese do artigo: Segundo recital promovido pela Associao Brasileira de Concertos, com um programa inteiramente dedicado obra de Chopin. E Rubinstein encontra indubitavelmente uma forte afinidade para com a obra de Chopin. Sua apresentao de ontem constituiu uma afirmativa inconteste de assimilao perfeita do simbolismo emocional que extravasa de cada pgina de Chopin. A crnica comporta ainda notas sobre as duas apresentaes do violoncelista hngaro Georges Bkefi com a OSB, sobre um concerto promovido pela Fundao Napoleo Laureano no Municipal e sobre a chegada do bartono americano Lawrence Winters no Rio de Janeiro.

Casos e descasos de nossa msica popular. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 30-31 jun. 1951. Sntese do artigo: Faz aluso aos conceitos depreciativos que em geral se formulam a propsito dos produtos de casa, sejam produtos naturais, industriais ou artsticos. Num baile de So Joo, realizado pela Associao Brasileira de Rdio num dos clubes da cidade, os pares trajados a carter para a ocasio se moviam ao compasso de ritmos que nada tinham em comum com a festa: os tangos, os mambos, as rumbas e os fox-trotes se sucediam, enquanto as canes e danas prprias das festividades juninas e mesmo o nosso samba apenas assinavam um

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ato de presena obrigatrio. Edino ressalta ainda o descaso para com a nossa msica num outro contexto: No se compreende, realmente, por que motivos no se inclui a nossa msica entre as gravaes que se fazem ouvir antes da exibio dos programas ou nos intervalos das sesses cinematogrficas. Georges Bkefi na OSB. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 2 jul. 1951.

Edino divulga a apresentao do Concerto op. 3 n. 9, de Vivaldi, e da Rapsdia Schelomo, de Ernest Bloch, duas obras para violoncelo, em primeira audio no Brasil.

Sntese do artigo: Apresentao do Concerto op. 3 n. 9 de Vivaldi em arranjo e da Rapsdia Schelomo, de Ernest Bloch, duas obras para violoncelo, em primeira audio no Brasil. Conquanto a apresentao de uma obra do barroco em arranjo nos faa ficar de sobreaviso contra as possveis deturpaes estilsticas que to frequentemente se observam em tais casos, essa preocupao se dissipa ao constatarmos que uma observncia preliminar foi mantida por Dandelot na utilizao orquestral, conservando-se dentro do esprito camerstico da orquestra barroca, limitando-se a conferir ao Concerto Grosso original de Vivaldi uma nova feio atravs da predominncia de um determinado instrumento que no caso o violoncelo.

As prximas estreias da temporada. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 3 jul. 1951. Sntese do artigo: Edino aborda as quatro importantes estreias do ms, oferecendo ao leitor importantes referncias profissionais dos solistas e conjuntos: o bartono americano Lawrence Winters, o grupo musical Angelicum, a dupla de bailarinos espanhis Mariquita Flores e Antonio de Crdoba e a agrupao Coral de Pamplona. Integram ainda o artigo notcias sobre o recital da pianista Lucy Sales no Teatro Municipal de Niteri, o concerto sinfnico no Teatro Municipal patrocinado pela Fundao Napoleo Laureano, a divulgao do Concurso Internacional de virtuosismo realizado pelo Conservatoire de Genve, Sua, e o Concurso de Piano institudo pela II Semana de Carlos Gomes em Campinas.

Concurso Interescolar de Orfees. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 4 jul. 1951. Sntese do artigo: Tece comentrios sobre o concurso institudo pelo Programa Msica para a Juventude da Rdio MEC e sua importncia na formao de nossa juventude. Integram ainda o artigo, sob a forma de notcias esparsas, a no aceitao, por parte do regente Arthur Rodzinski, do cach proposto para uma srie de concertos no Brasil, a convite do compositor Villa-Lobos, presidente da Academia Brasileira de Msica, dirigido ao pblico em geral e classe musical, para uma homenagem ao pianista Arthur Rubinstein; e o programa do concerto Msica para a Juventude a ser realizado na Escola Nacional de Msica, com apresentao de cantos litrgicos e folclricos russos, com o Coro da Igreja Ortodoxa de Santa Teresa na primeira parte e o violoncelista francs Jacques Ripoche na segunda parte.

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

A Apassionata de Beethoven numa anlise de Bernard Gavoty. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 5 jul. 1951.

Com sua dico admirvel e sua maleabilidade de expresses, Bernard Gavoty manteve um interesse constante no seu auditrio.
Edino Krieger

Sntese do artigo: Aborda a visita ao Brasil do crtico musical do Fgaro de Paris, organista da Igreja de S. Lus dos Invlidos da capital francesa e conferencista emrito, para realizar uma srie de conferncias no auditrio da Rdio MEC. Bernard Gavoty faz-se acompanhar pelo pianista Jacques Dupont, responsvel pela ilustrao musical da obra analisada. Com sua dico admirvel e sua maleabilidade de expresses, Bernard Gavoty manteve um interesse constante no seu auditrio. Integram ainda a coluna notcias artsticas esparsas.

Bartono Lawrence Winters. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 6 jul. 1951. Sntese do artigo: Na crtica ao recital do bartono americano no Theatro Municipal, promovido pela Cultura Artstica, Edino ressalta a faculdade do cantor de conseguir se comunicar com o mximo de musicalidade, no obstante sua concepo de alguns autores ser passvel de alguma restrio tcnica, como ocorreu na interpretao dos Lieder de Schubert e Schumann. Lawrence Winters sem dvida um artista, no que de mais profundo possa o termo significar. Disso o seu recital de ontem nos ofereceu uma prova irrefutvel, fazendo-nos desejar que esse concerto, por sua bela voz e extraordinria musicalidade, se repita muito em breve. Integram ainda a coluna notcias artsticas esparsas.

Primeira audio na OSB. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 7-8 jul. 1951. Sntese do artigo: Comenta a atmosfera de maior vitalidade artstica que a OSB vem respirando nos ltimos tempos, com vrias obras importantes em primeira audio, ressaltando o Concerto para Orquestra de Petrassi, cujo autor apresenta-se pela primeira vez em nossos programas de concerto. Fazem parte da crnica notcias sobre o concerto sinfnico no Teatro Municipal de So Paulo, patrocinado pela Fundao Napoleo Laureano, o concerto extraordinrio de Arthur Rubinstein promovido pela Associao Brasileira de Concertos no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, o recital da pianista Lucy Sales na Cultura Artstica de Niteri e, por ltimo, a contratao dos bailarinos espanhis Mariquita Flores e Antonio de Crdoba pela ABC, para dois recitais no Theatro Municipal. Ainda Arthur Rubinstein. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 9 jul. 1951. Sntese do artigo: Sobre as trs novas apresentaes do pianista Arthur Rubinstein promovidas pela Associao Brasileira de Concertos, com indicao de seus respectivos programas de concerto. A crnica refere-se ainda entrevista concedida imprensa por Bernard Gavoty, sobre a situao da arte contempornea de seu pas e vrios outros assuntos, entre os quais Edino ressalta: a msica francesa e suas vrias diretrizes, a influncia do jazz na msica contempornea, a necessidade de se criar uma tcnica especial

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para escrever msica coreogrfica ou para cinema, a decadncia da pera, mestres do presente e do passado, destacando o entrevistado o nome de Villa-Lobos, entre outros. A propsito de uma entrevista de Bernard Gavoty. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 10 jul. 1951. Sntese do artigo: Sobre a entrevista do citado conferencista e a gravidade de uma das afirmaes a ele atribudas, de que o compositor Darius Milhaud encabea a escola dodecafnica francesa. Edino levanta a possibilidade de a afirmao atribuda a Gavoty ser produto de confuso por parte de um jornalista, alegando que, de qualquer forma, tal fato precisa ser retificado. Darius Milhaud representa uma tendncia esttica exatamente oposta: a tendncia que conduz reorganizao do material sonoro tradicional, levado a uma crise pelo colorismo impressionista. Milhaud, que se o saiba, jamais utilizou a tcnica dodecafnica ou o cromatismo diatnico da linguagem atonal: sua linguagem [...] baseiase nas relaes tonais da msica tradicional, alargadas embora pelas necessidades expressivas de um novo gosto artstico. Integram ainda a coluna notcias artsticas esparsas.

Edino refere-se fase pacfica em que se encontravam as discusses em torno da atonalidade e do dodecafonismo, que voltaram baila em funo de um lapso cometido numa entrevista de Bernard Gavoty.

Atiando as brasas. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 11 jul. 1951. Sntese do artigo: Refere-se fase pacfica em que se encontravam as discusses em torno da atonalidade e do dodecafonismo, que voltaram baila em funo de um lapso cometido numa entrevista de Bernard Gavoty, comentado no artigo do dia anterior. Edino diz ainda que o fato foi agravado com o artigo do sr. Bevilacqua, crtico de O Globo, que, ao falar sobre a importncia de Schoenberg, emprega as expresses citadas como se fossem sinnimas, alm de outras impropriedades consideradas absurdas por Edino. O artigo inclui notas sobre cancioneiros do Paraguai, a estreia do Angelicum e a estreia de Rubinstein na OSB.

Polmica do atonalismo. Atiando as brasas... (II). Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 12 jul. 1951. Sntese do artigo: Continuao da crtica anterior, discordando da concepo e explicao do crtico Bevilacqua sobre tonalidade e atonalidade, que parte de uma obedincia rigorosa srie harmnica. Indaga por que no simplificamos a histria, dizendo simplesmente que tonalidade uma linguagem baseada num centro de gravitao as sete notas das escalas diatnicas e que a abolio desse centro traz como consequncia lgica a abolio da linguagem tonal. Integram ainda o artigo notas referentes s felicitaes de Rubinstein frente OSB, a visita de Nino Sanzogno, Obras Corais na OSB e o programa Concerto da Juventude.

Rubinstein em trs concertos para piano. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 13 jul. 1951. Sntese do artigo: Sobre a grande noitada proporcionada pela Associao

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Brasileira de Concertos, em comunho com a Pro Arte, que resultou na apresentao de Arthur Rubinstein, com Nino Sanzogno frente da OSB, apresentando trs concertos para piano e orquestra: o n 4 de Beethoven, o n 2 de Chopin e o n 1 de Tchaikowsky. Integram ainda o artigo notas sobre a estreia naquele dia do Angelicum, Obras Corais na OSB, Concerto da Juventude e conferncia de Bernard Gavoty. O Prefeito e a msica no Distrito Federal. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 14-15 jul. 1951. Sntese do artigo: Sobre a reunio do Dr. Joo Carlos Vital, prefeito do Distrito Federal (Rio de Janeiro), com a imprensa especializada, em seu gabinete, para expor os vrios planos de atividades elaborados em sua administrao, relacionados com alguns problemas fundamentais da vida artstica da cidade. Informando que o plano inclui todos os campos de atividades artsticas, abrangendo msica, bailado, teatro, rdio, cinema, televiso etc., Edino comunica que oportunamente divulgar uma apreciao dos mesmos com respeito aos problemas culturais. Integram ainda o artigo notcias sobre eventos anteriormente mencionados.

Angelicum dei frati Minori. Primeiras apresentaes da organizao musical milanesa. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 16 jul. 1951. Sntese do artigo: Analisa os dois magnficos espetculos do Angelicum que tiveram lugar no Theatro Municipal. O grande organismo da citada agremiao abarca um conjunto de cordas, um coro, um elenco operstico, e ainda uma faco orquestral. Dificilmente encontraramos expresses exatas para relatar o grau de aperfeioamento com que se apresentou o conjunto de cordas em sua estreia no Municipal [...] uma realizao cem por cento perfeita de todas as obras de seu programa, desde o slido barroco italiano [...] at a criao musical italiana do sculo atual. Edino aborda tambm a apresentao do grupo operstico, atribuindo-lhe grandes mritos, ressaltando o alto nvel artstico do conjunto, nomeando os mais representativos. Incluem-se notas sobre o prximo Sarau da Cultura Artstica, cursos de Esttica e Cultura Musical, Concurso de Recitalistas, Temporada Lrica, estreia dos bailarinos espanhis e a visita do Coro de Pamplona.

Edino procede a uma apreciao das obras Canto Absoluto, de Braslio Itiber, e Paixo, de Gian Francesco Malipiero, ambas em estreia no Brasil.
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Duas obras corais na OSB. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 17 jul. 1951. Sntese do artigo: Concerto realizado sbado ltimo pela OSB, que contou com a colaborao do Coro Misto da Associao de Canto Coral. Ressaltando o importante papel desempenhado pela professora Cleofe Person de Mattos, merecedor de estmulo e reconhecimento, o autor procede a uma apreciao das obras Canto Absoluto, de Braslio Itiber, e Paixo, de Gian Francesco Malipiero, ambas em estreia no Brasil. Incluem-se ainda notas sobre o concerto de despedida do Angelicum no Rio de Janeiro e o recital do bartono Lawrence Winters.

Captulo II. O crtico musical

O que o Angelicum de Milo. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 18 jul. 1951. Sntese do artigo: Fornece dados sobre a agremiao coral, que foi fundada nos ltimos anos da guerra, no Mosteiro de Santo Angelo, na Itlia, e sua estreia no Rio de Janeiro e na Amrica do Sul, com informaes referentes sua temporada entre ns. Acompanham o artigo notcias sobre o falecimento de Arnold Schoenberg, divulgao da conferncia de Bernard Gavoty no Theatro Municipal e outros eventos mencionados anteriormente.

Edino fornece dados sobre a agremiao coral, fundada nos ltimos anos da guerra, no Mosteiro de Santo Angelo, na Itlia, e sua estreia no Rio de Janeiro e na Amrica do Sul.

Atividades da Sociedade Bach de So Paulo. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 19 jul. 1951. Sntese do artigo: Sobre o relatrio de atividades da citada entidade referente ao perodo de 1936 a 1951, mostrando a grande importncia da mesma e esclarecendo que sua produtividade no se limita a concertos e audies, pois inclui ainda toda uma srie de carter didtico e pedaggico. Ressalta tambm a dedicao sem limites de Martin Braunwieser, possibilitando a ao e obra da supracitada entidade. O artigo traz outras notcias referentes apresentao dos ganhadores do Concurso para Recitalistas, o recital do tenor Lucy Filho na sala Cames do Liceu Literrio Portugus, o agradecimento do pianista Arthur Rubinstein ABI pela recepo e hospitalidade, o concerto do cantor popular francs Maurice Chevalier e as apresentaes de Msica de Cmara na Pro Arte.

Concurso de Recitalistas. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 20 jul. 1951. Sntese do artigo: Divulga o resultado do Concurso de Recitalistas do programa Msica para a Juventude, promovido pela Rdio MEC, que se inclui no momento como um estmulo oferecido juventude musical. Integram ainda a crnica notcias sobre a apresentao do bartono Lawrence Winters, o programa da Temporada Lrica Oficial do Teatro Municipal de So Paulo, a estreia do Coro de Pamplona no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, a homenagem do programa Msica Viva da Rdio MEC ao compositor Schoenberg, falecido no ltimo dia 15, a Temporada Lrica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e o Concerto Sinfnico no Salo Leopoldo Miguez da Escola Nacional de Msica, tendo como solista o pianista Mrio Neves sob a regncia do maestro Vicente Fittipaldi.

Perspectivas para um jovem musicista. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 21-22 jul. 1951. Sntese do artigo: Edino adverte que o florescimento da arte est diretamente ligado ao desenvolvimento econmico do pas, do mesmo modo que toda a superestrutura cultural, poltica e filosfica de uma sociedade depende, em ltima anlise, das condies materiais de vida dessa sociedade. Para um jovem musicista, por exemplo, o estado de coisas dominante em nosso pas apresenta perspectivas as mais desoladoras.

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

Gravaes de msica brasileira. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 24 jul. 1951. Sntese do artigo: Comentando o completo descaso em que a divulgao de nossa msica atravs do disco tem sido mantida, Edino ressalta a existncia de produo musical representativa e de qualidade, a existncia de aparelhos tcnicos de qualidade nas rdios MEC e Roquette-Pinto, assim como intrpretes capacitados e uma orquestra sinfnica que, sob uma direo competente, pode tambm produzir um trabalho satisfatrio. O que nos falta, na realidade, apenas interesse por parte dos homens do Governo. Integram ainda o artigo notcias sobre as apresentaes de bailarinos espanhis no Municipal, do Coro de Pamplona na Cultura Artstica, do cantor Todd Duncan na Associao Brasileira de Concertos, do Quarteto Vegh na Pro Arte, da cantora Nadir Figueiredo no Salo Leopoldo Miguez e da pianista francesa Marie Therse Fourneau no Teatro Copacabana.

Mariquita Flores e Antonio de Crdoba. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 25 jul. 1951. Sntese do artigo: Crtica sobre a primeira visita dos bailarinos espanhis ao nosso pas e o recital de estreia no Theatro Municipal. E no que se refere ao ritmo que Mariquita Flores e Antonio de Crdoba nos oferecem o melhor de sua atuao: sua sincronizao perfeita e sua variedade de figuraes bastariam para preencher os requisitos de todo um espetculo. O artigo divulga ainda os concertos da Associao Coral de Cmara de Pamplona, os cursos de Esttica e Cultura Musical ministrados por Jos Siqueira e o prximo concerto do programa Msica para a Juventude.

Mariquita Flores e Antonio de Crdoba nos oferecem o melhor de sua atuao: sua sincronizao perfeita e sua variedade de figuraes bastariam para preencher os requisitos de todo um espetculo.
Edino Krieger

Agrupao Coral de Pamplona. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 26 jul. 1951. Sntese do artigo: Sobre o concerto promovido pela Cultura Artstica na noite anterior, apresentando o conjunto vocal espanhol, vencedor do Concurso Internacional de Lille em 1949, destacando-se entre os 186 concorrentes inscritos. Edino destaca a excelncia de tcnica e de musicalidade da agrupao e ressalta que se constituir num dos mais belos momentos de nossa estao artstica atual. Integram o artigo notas sobre a temporada de msica de cmara da Pro Arte, a estreia do Coro de Pamplona e o recital da pianista Marie Therse Fourneau.

Despedida do Coro de Pamplona. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 27 jul. 1951. Sntese do artigo: O articulista lastima a curta temporada do Coro entre ns, alegando a sua grande contribuio para o nosso cabedal de experincias musicais. Tanto o Angelicum quanto a Agrupao Coral de Pamplona nos apresentaram programas inteiros de primeiras audies, transportando-nos a um ambiente de vitalidade artstica. O artigo divulga ainda a programao do concerto Msica para a Juventude, o recital do violoncelista francs Pierre Fournier, a visita dos

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pianistas Jos e Amparo Iturbi ao Rio de Janeiro e o recital da soprano Nadir Figueiredo na Escola Nacional de Msica. A Histria do Soldado na ABI. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 28-29 jul. 1951.

Edino comenta a temporada de concertos camersticos realizada no Museu de Arte de So Paulo, com a apresentao de obras absolutamente inditas.

Sntese do artigo: Sobre a temporada de concertos camersticos realizada no Museu de Arte de So Paulo, com a apresentao de obras absolutamente inditas e a possibilidade da apresentao da supracitada obra de Stravinsky na programao da Pro Arte do Rio de Janeiro. Edino tece duras crticas timidez artstica dos empreendimentos musicais do Rio, limitada pela fora do preconceito e pelo comodismo intelectual, que no percebe o desconforto desse unilateralismo artstico e a necessidade de respirar novas experincias e conhecer novos horizontes estticos. O artigo divulga ainda os recitais do bartono norte-americano Todd Duncan, da cantora brasileira Nadir Figueiredo, e o Concurso de Bandas Militares promovido pela prefeitura. O exemplo de Pamplona. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 31 jul. 1951. Sntese do artigo: O articulista deseja que o exemplo da Agrupao Coral de Pamplona sirva de estmulo para aqueles que lutam ativamente pelo desenvolvimento do canto coral em nosso pas. O citado grupo composto por seis rapazes e oito moas, que se renem diariamente aps um dia de trabalho so comerciantes, empregados pblicos ou estudantes para realizarem um trabalho artstico dos mais difceis, que o estudo do repertrio polifnico de todos os tempos, dos cantos populares de seu pas, e dos autores contemporneos. O artigo divulga ainda os recitais de Todd Duncan, dos pianistas Jos e Amparo Iturbi, da pianista brasileira Arcy Pereira de Melo, e os cursos promovidos pela Sociedade Artstica Internacional.

Bartono Todd Duncan. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 1 ago. 1951. Sntese do artigo: Concerto de estreia e despedida do bartono norteamericano, sob os auspcios da Associao Brasileira de Concertos. Um dos traos caratersticos da personalidade de Duncan , sem dvida, a sua nfase exterior ao sentido dramtico de uma obra. Dissemos exterior porque a atmosfera, o ambiente de cada obra, ele procura sublinhar com expresses fisionmicas e uma atitude teatral: Duncan pertence a um tipo de intrprete, muito comum entre os vocalistas, que necessita agir para comunicar o clima de uma obra. Integram o artigo notas sobre os concertos do violoncelista Pierre Fournier, do Coro da Igreja Ortodoxa de Santa Teresa, e o programa da Temporada de Cmara organizado pela Pro Arte, com a participao do Quarteto Vegh. No estilo de Hollywood. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 2 ago. 1951. Sntese do artigo: Sobre as coisas boas e ruins da meca do cinema. Edino refere-se ao espetculo de estreia de Amparo e Jos Iturbi realizado na noite

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

anterior no Theatro Municipal, ressaltando o perigo a que se expe qualquer artista em seu contato com Hollywood, revelando o concerto um dos aspectos mais lamentveis da influncia hollywoodiana sobre a arte: A estandardizao, a vulgarizao a que conduz os que de outro modo poderiam ser melhores artistas, conquanto menos famosos. Integram ainda o artigo notcias referentes Orquestra Afro-Brasileira, Concertos na Escola Nacional de Msica, cursos musicais, recital das pianistas Yara Andre e Arcy Pereira de Melo, e apresentao do Coro da Igreja Ortodoxa. James Wolfe. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 4-5 ago. 1951. Sntese do artigo: Sobre as futuras apresentaes do jovem pianista norteamericano no Rio de Janeiro, sob o patrocnio do Instituto Brasil-Estados Unidos, chamando a ateno para o fato de a National Music League de Nova York, entidade que tem como objetivo auxiliar jovens talentosos, patrocinando recitais e tornando-os conhecidos do mundo artstico, estar no momento apresentando o citado pianista como merecedor de tal distino. Acompanham o artigo notcias sobre as apresentaes do soprano espanhol Pilarin Garcia, da pianista Arcy Pereira de Melo, do pianista Heitor Alimonda, a estreia do Quarteto Vegh, da Orquestra Afro-Brasileira, e a visita do compositor tcheco Ernst Krenek no incio do prximo ano.

Temporada Camerstica da Pro Arte. Tribuna da Imprensa. Rio de Janeiro, p. 7, 7 ago. 1951.

O crtico aborda a trajetria do Quarteto Vegh, que conquistou o primeiro prmio do Concurso Internacional de Genebra.

Sntese do artigo: Destaca a importncia deste empreendimento, que estreia com o Quarteto Vegh, tendo em vista que a apresentao de conjuntos instrumentais em nossas ltimas temporadas tem sido completamente negligenciada, exceo feita apenas ao Quarteto Barylli. O artigo aborda ainda a trajetria do conjunto, que conquistou o primeiro prmio do Concurso Internacional de Genebra h alguns anos. Seguem-se notcias musicais esparsas.

Concurso de sonatas para violino. Para inaugurar o Festival Bienal de So Paulo. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 8 ago. 1951. Sntese do artigo: Divulgao do concurso aberto a compositores brasileiros ou estrangeiros aqui radicados, lanando as bases do mesmo. Divulgao do concerto de inaugurao da Temporada Lrica Oficial, do concerto do pianista Jos Iturbi e do prximo programa do Concerto para a Juventude.

Arcy Pereira de Melo na ABI. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 10 ago. 1951. Sntese do artigo: Sobre a apresentao da jovem pianista de 14 anos, na srie Valores Novos, instituda pela Associao Brasileira de Imprensa, visando dar um impulso inicial carreira de jovens intrpretes que se encontram num plano intermedirio entre a vida estudantil e a atividade profissional,

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Captulo II. O crtico musical

permitindo-lhes contato com o pblico e a imprensa num mbito extraescolar. Acompanham o artigo notcias esparsas de eventos j divulgados em artigos anteriores. Estreia do Quarteto Vegh. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 13 ago. 1951. Sntese do artigo: Finalmente nos dado ouvir um pouco de msica de cmara. [...] As excelentes qualidades tcnicas e artsticas de cada um de seus componentes permitem a cada qual um mximo de liberdade no desempenho de sua parte, sem que isso prejudique de um modo irremedivel a unidade plstica do conjunto. Edino ressalta que, se restries se podem fazer no mbito mais sutil das sonoridades instrumentais, isto no significa uma depreciao das qualidades instrumentais de seus integrantes.

Orquestra Afro-Brasileira. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 14 ago. 1951. Sntese do artigo: Edino no pde assistir ao concerto realizado no auditrio da ABI e dedicado crtica musical carioca, por motivos de sade. Todavia, fazendo aluso a uma frase de Schoenberg A vontade do homem de gnio determina as leis da humanidade futura , Edino traa um paralelo entre a citao e o trabalho realizado pelo maestro Abigail Moura e seus companheiros de ideal, em prol da divulgao da msica brasileira de origem africana: O gnio no seno o talento mais capaz de sintetizar as foras culturais de seu tempo, impulsionando-as com seu prprio trabalho criador para uma nova etapa evolutiva. Acompanham o artigo notcias sobre o Teatro Folclrico Brasileiro, Concurso de Sonatas, Temporada Lrica, estreia de James Wolfe e transferncia da data do recital de Rushisky na Escola Nacional de Msica.

Bartk e o Quarteto Vegh (I). Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 15 ago. 1951.

Edino ressalta a raridade e a importncia da incluso, em concertos, de obras anteriores a Bach e posteriores a Debussy.

Sntese do artigo: O Quarteto Vegh nos revelou, em seu recital de despedida, um dos aspectos mais importantes seno mesmo o mais importante: a sua excelente qualidade como intrprete da msica contempornea. Edino ressalta a raridade e importncia da incluso, em concertos, de obras anteriores a Bach e posteriores a Debussy, obras que se situam aqum ou alm do permetro cultural do pblico. Integram o artigo notcias sobre o soprano Grace Rinaldi, a recepo a James Wolfe, um curso de Cultura Musical, Horenstein em So Paulo e a volta da Europa do jovem violinista Carlos Zattenbaum.

Obras-primas da msica contempornea. Bartk e o Quarteto Vegh (II). Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 16 ago. 1951. Sntese do artigo: Em sua apresentao de despedida na Associao Brasileira de Imprensa, o Quarteto Vegh deu a conhecer ao nosso pblico uma das seis obras-primas da msica de cmara contempornea verdadeiras joias de inventiva musical, de fora criadora, de beleza arquitetnica, de genialidade:

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

os Seis Quartetos de Cordas, de Bla Bartk. Edino analisa o desenvolvimento esttico do compositor, a transformao interna de sua linguagem atravs de pesquisas expressivas realizadas base de uma contextura essencialmente contrapontstica, traando um paralelo entre Villa-Lobos e Manuel de Falla em algumas de suas obras. Bartk fala uma linguagem hngara, sem se preocupar com as suas frmulas gramaticais. Integram o artigo notcias sobre o incio da Temporada Lrica, o recital da pianista Marialcina Lopes, a estada de GuerraPeixe na Argentina, o retorno de Vanja Orico da Europa e o programa do concerto Msica para a Juventude. Arthur Schnabel. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 17 ago. 1951. Sntese do artigo: Sobre o falecimento no dia 14, na Sua, do supracitado msico. Edino ressalta a slida e importante trajetria e contribuio de Arthur Schnabel, possuidor de enorme fora intelectual, solidificada por grande conhecimento relativo tcnica instrumental e pedagogia, como tambm aos programas de criao artstica, raramente igualada no domnio da arte musical de nosso tempo. Acompanham o artigo notcias musicais esparsas anteriormente mencionadas.

Edino ressalta a enorme fora intelectual de Arthur Schnabel, solidificada por grande conhecimento relativo tcnica instrumental e pedagogia.

Terceiro Curso Internacional de Frias. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 18-19 ago. 1951. Sntese do artigo: Divulgao do curso a realizar-se em Terespolis no incio de 1952, com informaes sobre o corpo docente, cursos, local para informaes e inscries. Integram o artigo notas sobre os recitais de Vladimir Rushisky, James Wolfe, Jacques Ripoche, vesperal da pera La Fuorza del Destino, concerto do programa Msica para a Juventude e concurso de sonatas na I Bienal de So Paulo. A msica do Teatro Folclrico Brasileiro. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 20 ago. 1951. Sntese do artigo: Anuncia a apresentao radiofnica, atravs da PRA-2, dos solistas e coro do grupo citado, inserido no programa dominical da Escola Nacional de Msica, com as participaes do bartono Nelson Ferraz e da soprano Juracy Ferreira; deixa para abordar a msica do referido grupo aps assistir a sua apresentao no Teatro Recreio. Acompanham o artigo notas sobre a Temporada Lrica Oficial e o recital de James Wolfe.

Cortes e recortes. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 21 ago. 1951. Sntese do artigo: Sobre a estreia da Temporada Lrica Oficial, com a apresentao da pera Fora do Destino, de Verdi, indicando que, apesar da seleo da crtica, o fracasso dessa temporada foi idntico ao da precedente. Edino faz um recorte das crticas veiculadas, selecionando alguns trechos de Ayres de Andrade, Antonio Bento, Renzo Massarani e O. Bevilacqua. Integram ainda o artigo notcias esparsas anteriormente divulgadas.

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Captulo II. O crtico musical

O saudosismo da msica popular. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 22 ago. 1951.

O crtico divulga o lanamento do lbum com composies de Noel Rosa e os programas radiofnicos dedicados recordao dos tempos antigos.

Sntese do artigo: A crise da msica popular atual e a fora imaginativa dos compositores populares de hoje, somada influncia perniciosa do americanismo fcil em que se afogam nossos orquestradores, desvirtuam por completo o sabor prprio do nosso populrio, com rarssimas excees. Segundo Edino, o lanamento do lbum com composies de Noel Rosa e os programas radiofnicos dedicados recordao dos tempos antigos so apenas alguns sintomas que podero resultar em uma Renascena para a nossa msica popular. Acompanham o artigo notcias sobre o programa Msica para a Juventude, o recital de James Wolfe, uma reunio no Conservatrio Nacional de Canto Orfenico, a audio dos Canarinhos de Petrpolis, um Concurso de Composio e o recital de Oscar Borgerth.

Estreia do pianista William Kapell. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 23 ago. 1951. Sntese do artigo: William Kapell indubitavelmente um dos maiores talentos da nova gerao de pianistas contemporneos. Edino, aps fazer meno s qualidades artsticas do jovem pianista, tece algumas importantes consideraes com relao ao critrio que deveria nortear a escolha dos programas de um intrprete de sua idade, revelando, dessa forma, uma nova disposio intelectual e artstica. Integram a crtica notas sobre a apresentao da Traviata na Temporada Oficial, um curso de alta interpretao musical com a pianista Magdalena Tagliaferro e outras notcias divulgadas anteriormente.

Uma audio de alunos. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 24 ago. 1951. Sntese do artigo: Sobre a apresentao dos alunos de piano do Conservatrio de Graja, dirigido por Otvio Maul e Laurita Prista Maul, realizada na Escola Nacional de Msica. Edino ressalta que, entre os 18 alunos apresentados, 11 escolheram tocar Chopin, num atestado de significativo provincianismo, somando-se a isto o fato de os alunos no possurem um mnimo de compreenso das obras, num verdadeiro aviltamento do sentido musical emprestado obra por seu criador. No assim que se constri uma cultura musical. Com esta frase Edino encerra sua crtica, desejando que os responsveis por isto um dia se deem conta desta situao. Integram ainda o artigo notas referentes s apresentaes de William Kapell, de Oscar Borgerth, do programa Msica para a Juventude, de um concerto coral e do Quarteto Berezowsky.

margem da temporada. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 25-26 ago. 1951. Sntese do artigo: Refere-se apresentao da Orquestra Universitria da Casa do Estudante, sob a direo de Raphael Baptista, e ao reduzido nmero de estudantes de sopro em nossos conservatrios, o que acarreta despesas

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

extras resultantes da contratao de msicos profissionais para suprir a citada carncia. Edino sugere como soluo programas essencialmente pr-clssicos, e ainda de autores como Hindemith, Milhaud, cuja produo inclui obras ao alcance das possibilidades tcnicas do conjunto. Integram o artigo notas referentes s apresentaes do regente francs Jean Mac Nab frente da OSB, Temporada Lrica, cantora portuguesa Idalina Fragata, a um concerto a dois pianos e ao Curso de Frias de Terespolis. Dois pianistas americanos. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 28 ago. 1951. Sntese do artigo: Edino no se ocupa de proceder a um confronto das qualidades tcnicas dos pianistas James Wolfe e William Kapell, em visita ao Brasil, mas sim dos traos de personalidade que caracterizam cada um. James Wolfe, com efeito, jamais se abandona a si mesmo ou msica que interpreta. [...] William Kapell, ao contrrio, caracteriza-se pela completa expresso de seus impulsos, deixando-os fluir livremente atravs seus dedos habilidosos. Integram a crnica notas referentes divulgao de um curso de Esttica Musical e tambm de um Curso de Frias, apresentao dos pianistas James Wolfe e Din Gombarg, rcita de As Solteironas dos Chapus Verdes no Teatro Repblica e ao Festival de Comdia.

Um jovem regente francs. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 29 ago. 1951. Sntese do artigo: Sobre a apresentao de Jean Mac Nab frente da OSB, no concerto dominical da Rdio MEC na Escola Nacional de Msica, chamando a ateno para o fato de o regente possuir grande experincia na realizao de concertos educacionais em seu pas. Jean Mac Nab um jovem ativo e esclarecido, preocupando-se em realizar a sua carreira num sentido realmente artstico e no puramente rotineiro. Integram ainda o artigo notas divulgando o I Congresso de Folclore, o curso de Magdalena Tagliaferro, a apresentao do Quarteto Hngaro e o programa da quinta rcita da Temporada Lrica.

Edino aborda a apresentao do pianista Heitor Alimonda interpretando Mignone, Guarnieri, Villa-Lobos, Cludio Santoro e Guerra-Peixe no Theatro Municipal.
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Contribuio ao I Congresso Folclrico. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 30 ago. 1951. Sntese do artigo: Aborda a apresentao do pianista Heitor Alimonda interpretando Mignone, Guarnieri, Villa-Lobos, Cludio Santoro e Guerra-Peixe no Theatro Municipal, num concerto oferecido pela prefeitura do Distrito Federal, com composies baseadas no folclore brasileiro, dentro da programao do supracitado congresso. Integram ainda o artigo notas divulgando as apresentaes da Orquestra Universitria, do pianista James Wolfe, de um Quarteto de Cordas, da cantora portuguesa Idalina Fragata Leite Pinto, do programa da Hora da Independncia e das comemoraes da Semana da Ptria.

Divulgao de eventos sem indicao de ttulo. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 31 ago. 1951. Sntese do artigo: Noticia a apresentao do Quarteto Berezowsky, inte-

Captulo II. O crtico musical

grado por Abro Berezowsky, Jacques Niremberg, Henrique Morelenbaum e Mrio Tavares, na Escola Nacional de Msica; as assinaturas para a srie de concertos do Quarteto Hngaro; o Concerto da Juventude oferecido pela Sociedade Bach de So Paulo e a encenao de Manon Lescaut no Theatro Municipal. O caminho esttico de Guerra-Peixe (Contribuio ao I Congresso Folclrico) (II). Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 1-2 set. 1951.

Guerra-Peixe manteve sempre maior contato com a msica popular, onde atuou como orquestrador de mritos.
Edino Krieger

Sntese do artigo: Comentando a Sute nmero 1 para piano de Guerra-Peixe, apresentada pelo pianista Heitor Alimonda, em audio de estreia, no concerto realizado pela prefeitura como contribuio ao Primeiro Congresso de Folclore, Edino procede a uma avaliao da obra de Guerra-Peixe: De todos ns, quando integrantes da corrente atonalista da msica brasileira, GuerraPeixe manteve sempre maior contato com a msica popular contato determinado pelo convvio estreito com o meio musical de nossas emissoras comerciais, onde atuou como orquestrador de mritos. Edino ressalta a trajetria do compositor no atonalismo e as influncias que adviriam do convvio com a msica popular e folclrica em sua produo. Integram ainda o artigo notas divulgando os recitais dos pianistas James Wolfe e Dina Gombarg, um curso de alta interpretao e o programa Msica Viva da Rdio MEC. Notas e notcias. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 3 set. 1951. Sntese do artigo: Relata o fracasso e a falta de interesse da Temporada Lrica Oficial, que no possui nenhum interesse cultural. O nico interesse do sr. Barreto Pinto conseguir as boas graas e o dinheiro de um pblico enchapelado e vazio. Edino ressalta ainda a programao das peras integrantes das temporadas de Milo, Paris, Londres, Frana e Buenos Aires, noticiada pelo crtico Andrade Muricy, do Jornal do Commercio, evidenciando o grande contraste cultural. O artigo presta-se ainda divulgao de eventos da Semana da Ptria, do recital da cantora francesa Luciene Dugard e do quarteto vencedor do Concurso de Quartetos institudo pela Sociedade de Msica de Cmara da Escola Nacional de Msica.

Um artigo de Guerra-Peixe. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 5 set. 1951. Nota: Este artigo apresentado na ntegra no Anexo 1. Canarinhos de Petrpolis. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 6 set. 1951. Sntese do artigo: Apresenta o programa do citado conjunto no concerto a ser realizado no auditrio do Conservatrio Brasileiro de Msica naquela tarde. O artigo divulga ainda notas sobre o Concurso de Orfees Escolares institudo pelo programa Msica para a Juventude, da Rdio MEC, a apresentao do Quarteto Hngaro, o curso de Alta Interpretao Musical, o concerto da srie Juventude Escola, da Orquestra Sinfnica Brasileira, e a apresentao da pera Don Carlos, de Verdi, no Municipal.

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

Os Canarinhos de Petrpolis no CBM. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 8-9 set. 1951.

Edino reporta-se apresentao de Os Canarinhos de Petrpolis e ressalta a tarefa duplamente penosa que envolve a preparao do mesmo por parte de seus dirigentes.

Sntese do artigo: Reporta-se apresentao do conjunto vocal infantil no Conservatrio Brasileiro de Msica, ressaltando a tarefa duplamente penosa que envolve a preparao do mesmo por parte de seus dirigentes e a excelente formao disciplinar e de invulgares qualidades musicais, adquiridas como resultado do treinamento dirio a que so submetidos os jovens. Integram o artigo notas sobre medidas da Unesco visando auxlio a jovens compositores, programa de apresentao do Concerto da Juventude e concurso para concorrer a bolsa de estudos no Conservatrio de Paris, por intermdio do Conservatrio Brasileiro de Msica.

Radams Gnattali na OSB. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 11 set. 1951. Sntese do artigo: Sobre o concerto promovido pela prefeitura e oferecido ao Congresso da Unio Internacional de Advogados. Aps comentar que a primeira parte do programa revelou-se um verdadeiro homicdio artstico transcrio da Tocata e Fuga em R m, de Bach, transportada para uma linguagem absolutamente ridcula de poema sinfnico, numa orquestrao de tal modo primria [...] transformando uma obra de arte numa caricatura, Edino ressalta o programa, detendo-se especialmente no Concerto para piano e orquestra, de Radams Gnattali, tendo como solista a pianista Ncia Roubaud, afirmando que a obra nos interessa em particular pela infrequncia de sua participao em nossos concertos sinfnicos. Seguem-se notas sobre a programao da semana.

Violinista Nathan Schwartzman. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 12 set. 1951. Sntese do artigo: Sobre o concerto do violinista no Salo Leopoldo Miguez da Escola Nacional de Msica, com a colaborao do pianista Alceo Bocchino, ressaltando a trajetria do instrumentista sob a orientao de Edgardo Guerra e Paulina dAmbrosio, at seus estudos com Galamian na Juilliard School of Music de Nova York. O artigo traz ainda notas sobre a programao da semana.

Artigo sem ttulo. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 13 set. 1951. Sntese do artigo: Divulga os principais concertos e eventos da rea, como a apresentao do conjunto Angelicum de Milo no Municipal, o recital do violoncelista italiano Renzo Brancaleon, sob a regncia do pianista Carlo Zecchi, ao microfone da Rdio Ministrio da Educao, o programa do recital do violinista Nathan Schwartzman, as reunies do Centro de Coordenao do Conservatrio Nacional de Canto Orfenico, inscries para o concurso de bolsas de estudos no Conservatrio de Paris, o concerto da pianista Velta Valt no Municipal, a participao de Almirante no programa Msica para a Juventude, a realizao do Terceiro Curso

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Captulo II. O crtico musical

Internacional de Frias da Pro Arte em Terespolis, alm da programao de peras da semana. O retorno do Angelicum de Milo. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 14 set. 1951. Sntese do artigo: O articulista ressalta que o sopro da arte voltou Temporada Lrica com a apresentao do citado grupo. Tudo parece respirar com nova fora no velho palco do castigado Municipal castigado pela mediocridade de um repertrio chamariz e sem valor artstico, pela viso esttica e pela ganncia dos organizadores de nossas estaes opersticas. Afirma ainda que o entusiasmo nos espetculos do Angelicum provm do contedo da obra e da qualidade da realizao.

Artigo sem ttulo. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 17 set. 1951. Sntese do artigo: Divulga as peras e concertos da semana, o concerto lrico promovido pelo Instituto Brasil-Itlia, que oferece uma bolsa de estudos a um cantor brasileiro para realizar estgio de um ano na Itlia, e ainda a visita do compositor tcheco Ernst Krenek para integrar o corpo docente do Terceiro Curso Internacional de Frias da Pro Arte em Terespolis.

Edino divulga o programa dominical da Rdio Ministrio da Educao na Escola Nacional de Msica, contando com a participao de Almirante.

Cancioneiros do Nordeste. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 18 set. 1951. Sntese do artigo: Sobre o programa dominical da Rdio Ministrio da Educao na Escola Nacional de Msica, contando com a participao de Almirante, que iniciou o pblico no domnio da arte fabulosa dos cantores nordestinos, definindo-lhe as formas e o carter, apresentando-a por intermdio de autnticos poetas e cancioneiros populares oriundos de Pernambuco, da Paraba e do Rio Grande do Norte. Aborda ainda alguns aspectos da cantoria nordestina, entre eles o modalismo. Integram o artigo notcias sobre a despedida dos Piccoli de Podrecca no Teatro Repblica, o programa de concerto do Angelicum, a apresentao da pera Ada, de Verdi, e o recital da cantora Vanja Orico, recm-chegada da Europa, no Theatro Municipal.

A criao musical inglesa de 1945 a 1950 (Uma publicao de Frank Howes). Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 19 set. 1951. Sntese do artigo: Comenta o ensaio publicado pelo crtico musical londrino, que funciona como uma extenso de um trabalho anterior intitulado Music since 1939. Divulga ainda a estreia do Quarteto Hngaro, o adiamento da pera Il matrimonio segretto, de Cimarosa, pelo Angelicum, a apresentao da bailarina Iva Kitchel no Recife e os principais intrpretes do Barbeiro de Sevilha, de Rossini, no Municipal.

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

Dificuldades e problemas do jovem intrprete no Brasil. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 20 set. 1951. Sntese do artigo: Sobre a inadequao e a insatisfao dos jovens intrpretes quando regressam de um estgio num meio mais desenvolvido, como Europa e Estados Unidos, que provocam naturalmente um alargamento de horizontes e o confronto com o nosso meio musical acanhado. Nossos Departamentos Oficiais de Cultura so em geral ineficientes no amparo aos jovens musicistas, ressalta a pianista Iris Bianchi, recm-chegada de Paris, estando em nossa cidade para participar de um concerto com a Orquestra Sinfnica Brasileira sob a regncia de Eleazar de Carvalho.

Il matrimonio segretto pelo Angelicum. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7 , 24 set. 1951. Sntese do artigo: Apresentao da obra de Cimarosa, considerada por Edino como sendo sua obra mais importante, no Theatro Municipal. Contemporneo de Haydn e Mozart, Cimarosa realiza em sua obra os ideais estticos do classicismo setecentista. [...] A influncia do racionalismo filosfico do sculo XVIII se observa na msica dos autores citados pelo predomnio da razo sobre o sentimento [...]. Segundo o crtico, a atuao musical e cnica do conjunto foi caracterizada por um grande equilbrio individual e de conjunto, resultando num espetculo totalmente homogneo sob todos os aspectos. Integram ainda o artigo notas sobre peras e concertos da semana e a apresentao do pianista brasileiro Homero de Magalhes na Sala Chopin Pleyel, em Paris. Trs quartetos de Beethoven. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 25 set. 1951.

Edino comenta a constituio jurdica da Sociedade Pr Teatro Experimental da pera fundada em julho de 1951, com o propsito de incrementar o desenvolvimento e a divulgao desse gnero musical entre ns.

Sntese do artigo: Noticia o programa do segundo recital do Quarteto Hngaro na temporada camerstica da Pro Arte, na Associao Brasileira de Imprensa, que constou, entre outros nmeros, da apresentao dos quartetos op. 18 nmero 6 e 3 e op. 131, fazendo uma breve anlise da evoluo formal e esttica do compositor com base nas obras apresentadas. Menciona ainda o programa do recital da pianista Berenice Menegale no Salo Leopoldo Miguez da Escola Nacional de Msica.

Sociedade Pr Teatro Experimental da pera. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 26 set. 1951. Sntese do artigo: Constituio jurdica da supracitada entidade fundada em julho de 1951, com o propsito de incrementar o desenvolvimento e a divulgao desse gnero musical entre ns. Medida indispensvel para o maior desenvolvimento do TEO e sua participao na temporada de 1952 foi a criao da Orquestra Experimental de pera, organizada pelo maestro Andr Vivante e funcionando j em carter definitivo. Integram o artigo, sob a forma de notas, a programao de peras e concertos da semana, uma conferncia do professor Jos Oiticica promovida pela Sociedade Coral Bach e a estreia da bailarina Iva Kitchel.

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Captulo II. O crtico musical

Duas obras de Aaron Copland. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 27 set. 1951. Sntese do artigo: Gravao, pelo sistema long playing, do Concerto para clarinete e orquestra de cordas, com harpa e piano, e do Quarteto para piano, violino e violoncelo do citado autor. Com relao ao Concerto, Edino ressalta: Da passagem do compositor pelo Brasil encontram-se na obra reminiscncias evidentes no s numa sequncia meldica de certo modo relacionada com o chorinho instrumental brasileiro [...], como tambm na utilizao intencional da segunda frase do baio Balanc. Quanto ao Quarteto: Marca um dos pontos altos da criao de Copland, apresentando-se como produto de um completo amadurecimento da personalidade do compositor. Seguem-se ainda notas sobre a programao de peras e concertos, assim como a primeira audio de Copland no Brasil.

Quarteto 1950 (Duas obras de Aaron Copland (II) ). Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 28 set. 1951. Sntese do artigo: Edino comenta que esta obra encerra uma particularidade na criao de Copland, esclarecendo, todavia, que tal singularidade no condicionaria, por si s, o valor e a maturidade da obra. Copland realiza no citado quarteto sua primeira e talvez ltima experincia com a tcnica dodecafnica, a qual utiliza livremente e em particular como organizao meldica. Convida os leitores para a audio da mesma atravs do programa Msica Viva, da Rdio Ministrio da Educao. Integram o artigo notas divulgando as peras e concertos da semana, o Festival Beethoven na OSB, um curso de alta interpretao com Magdalena Tagliaferro no auditrio do Ministrio da Educao, o programa do terceiro concerto do Quarteto Hngaro e o concurso para escolha de um vocalista brasileiro para bolsa de estudos no Conservatrio de Santa Ceclia, em Roma.

O Concerto n 5, de Beethoven, tendo como solista Heitor Alimonda, constituiu sem dvida o ponto alto da tarde.
Edino Krieger

Dois Concertos da OSB. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 1 out. 1951. Sntese do artigo: Sobre o Festival Beethoven, arranjado ltima hora em virtude da impossibilidade de realizao do programa anunciado. Edino considerou no ser esta a melhor soluo, mas ressaltou que o Concerto n 5 para piano e orquestra, tendo como solista Heitor Alimonda, constituiu sem dvida o ponto alto da tarde como realizao artstica. O segundo concerto contou com a apresentao de dois Noturnos de Debussy, uma pgina de Alda Caminha e El salon Mexico de Copland, em primeira audio no Brasil, sob a regncia de Bernardo Federowsky, e ainda o Concerto n 2 para piano e orquestra, de Rachmaninoff, tendo como solista Iris Bianchi sob a regncia de Eleazar de Carvalho. Integram o artigo notas sobre a programao de peras e concertos e um concurso de composio institudo pela Bienal de So Paulo. Pelo Quarteto Hngaro. Brahms e Csar Franck. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 2 out. 1951. Sntese do artigo: O articulista detm-se mais pormenorizadamente na

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

apreciao do estilo e da linguagem musicais dos dois autores, mostrando que o esprito clssico de Brahms prepara o caminho, atravs de uma tendncia ao construtivismo e que Csar Franck j se apresenta como um precursor do impressionismo. Sobre a atuao do conjunto, afirma que nada deixou a desejar como integridade tcnica e estilstica. Sua fuso aprecivel, no obstante a frequncia diversa do vibrato da viola para com os demais instrumentos. Integram o artigo notas sobre a programao semanal de peras e concertos, a audio de uma obra de Lus Cosme e a abertura das inscries para o Terceiro Curso Internacional de Frias.

Os mtodos estrangeiros de tcnica vocal adotados em nossas classes de canto no favorecem a preparao dos alunos para a execuo de peas brasileiras.
Cacilda Barbosa

Estudos brasileiros para canto. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 3 out. 1951. Sntese do artigo: Publicao lanada pela professora Cacilda Borges Barbosa, constando de um volume com 20 estudos, e outro, mais complexo, com 30 vocalises, em que a autora ressalta: Os mtodos estrangeiros de tcnica vocal adotados em nossas classes de canto no favorecem a preparao dos alunos para a execuo de peas brasileiras, em face dos ritmos prprios dessas composies. Integram o artigo notas sobre a programao de peras e concertos da semana, calendrio do concurso para bolsa de estudos no Conservatrio Nacional de Santa Ceclia, programao do Msica para a Juventude e programa de despedida do Quarteto Hngaro.

Debussy, Bartk e Villa-Lobos. Despedida do Quarteto Hngaro. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 4 out. 1951. Sntese do artigo: Sobre o recital da temporada camerstica da Pro Arte realizado na ABI. Edino comenta que no houve, na elaborao desse programa reservado aos Modernos, uma preocupao de representar as principais correntes da criao musical contempornea. Todavia, faz referncia ao magnfico desempenho do Quarteto Hngaro na realizao das trs obras, pela compreenso artstica das mais completas, aliada ao domnio tcnico de cada um de seus participantes. Seguem-se notcias esparsas sobre a programao semanal de peras e concertos. Fim de linha. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 5 out. 1951. Sntese do artigo: O atribulado veculo da Temporada Lrica Internacional chega hoje ao fim de sua jornada com sua carga de realizaes medocres e sua carcaa um tanto avariada pelos pesados bombardeios da crtica. Segundo o articulista, o argumento de que os espetculos, apesar de medocres, foram apresentados com a lotao esgotada, s poder convencer a quem no discerne uma temporada artstica de um campeonato de futebol. Ressalta ainda que em meio caminho ficaram as promessas no cumpridas, sufocadas pela avidez dos mercenrios. Seguem-se notcias sobre a programao semanal de peras e concertos.

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Captulo II. O crtico musical

Edino divulga o Prmio de Viagem a Paris recebido pela jovem pianista brasileira, que dever seguir este ms para a Frana.

Dina Gombarg. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 6-7 out. 1951. Sntese do artigo: Sobre o Prmio de Viagem a Paris recebido pela jovem pianista brasileira, que dever seguir este ms para a Frana com uma bolsa de estudos oferecida pelo governo francs. Integram o artigo notcias sobre o concerto da OSB sob a regncia de Eleazar de Carvalho, a estreia do pianista Antonio Raco, o recital de Magdalena Tagliaferro na Congregao da Faculdade Nacional de Medicina e o recital do violinista Moyss Castro e da pianista Rosa Steiman no Salo Leopoldo Miguez da Escola Nacional de Msica.

Dois jovens frente da OSB. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 9 out. 1951. Sntese do artigo: Comenta a participao do regente Bernardo Federowsky e do violinista Salomo Rabinovitz no concerto da srie Juventude Escolar, realizado na manh de domingo no Cine Teatro Rex. Integram ainda o artigo notas sobre o recital da jovem pianista Arcy Pereira de Melo, peras e concertos da semana, divulgao do corpo docente do Terceiro Curso Internacional de Frias da Pro Arte em Terespolis e o recital da cantora Zilda Hamburger, acompanhada pelo pianista Hermelindo Castelo Branco, na ABI.

Notas e notcias. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 10 out. 1951. Sntese do artigo: O articulista se detm mais demoradamente na dificuldade apresentada pela Orquestra Universitria, que deveria ser organizada exclusivamente com estudantes e amadores, mas que revela a presena de inmeros instrumentistas profissionais. Edino aponta como soluo a possibilidade da formao de um conjunto de cordas realmente universitrio, com a participao espordica de instrumentos de sopro, aliada a uma nova concepo de escolha de repertrio, com a utilizao de obras escritas antes do classicismo. O artigo inclui ainda notas sobre o programa do recital da cantora Zilda Hamburger, o concerto da pianista Ivy Improta, a divulgao do Concurso de Composies Musicais na Bienal do Museu de Arte Moderna de So Paulo e o recital da cantora Yara Coelho no Salo Leopoldo Miguez da Escola Nacional de Msica.

O Orfeu, de Gluck, na Cultura Artstica. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 11 out.1951. Sntese do artigo: Edino faz um balano da temporada atual da supracitada organizao, ressaltando o critrio observado para a escolha das peras at agora apresentadas, cuja preocupao primeira tem sido a de realizar espetculos de interesse esttico e significao cultural, mais do que a de apresentar obras capazes de assegurar, por sua popularidade, um sucesso de bilheteria. Integram o artigo notas referentes programao semanal de peras e concertos, o recital da pianista Flora Nudelman, a apresentao da Orquestra Sinfnica da Juventude sob a regncia da professora Joandia Sodr, o recital da pianista Marina Cordovil e o programa Msica para a Juventude.

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

Pianista Marina Cordovil. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 12 out. 1951. Sntese do artigo: Crtica do recital realizado no auditrio da Associao Brasileira de Imprensa, com um programa dedicado ao perodo pr-romntico. A pianista Marina Cordovil revela, de incio, um critrio seletivo incomum na elaborao de seu programa: raro encontrar-se atualmente um concertista capaz de prescindir de obras consideradas obrigatrias num recital tais como as do perodo que se estende de Beethoven a Liszt, pontilhado por Schubert, Schumann e muito particularmente Chopin. Integra o artigo a programao semanal de peras e concertos.

Duas estreias. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 15 out. 1951. Sntese do artigo: Sobre as estreias da soprano lrica alem Erna Berger e da violinista polonesa Ida Haendel na temporada da Cultura Artstica e Pro Arte, respectivamente. Integram o artigo notas sobre o Terceiro Curso Internacional da Pro Arte, o recital da pianista Dulcemar Lafaille Silva, e ainda a divulgao de concurso para escolha de um cantor brasileiro para estagiar no Conservatrio Santa Ceclia, em Roma.

Edino comenta a apresentao da pera de Gluck, chamando a ateno para a importncia histrica e esttica dessa obra.

Orfeu ed Euridice na Cultura Artstica. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 16 out. 1951. Sntese do artigo: Comenta a apresentao da pera de Gluck, chamando a ateno para a importncia histrica e esttica dessa obra, que representa o primeiro passo no entrosamento da msica com a ao dramtica, lanando a pedra fundamental para o aparecimento de Wagner. Integram o artigo notas referentes ao regresso de Koellreutter do exterior, ao recital da soprano Erna Berger e da violinista Ida Haendel e apresentao da obra Novena Senhora da Graa, do compositor Lus Cosme.

Ernst Krenek vir ao Brasil. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 17 out. 1951. Sntese do artigo: Refere-se participao do citado musicista no Terceiro Curso Internacional de Frias de Terespolis, passando por toda a atividade intelectual de Krenek, tanto no terreno da crtica quanto nos domnios da pedagogia, da musicologia e ainda da criao musical, como professor e compositor. Integram ainda o artigo notcias sobre a participao do maestro Dsir Defauw, em curso de alta interpretao musical, o concurso de canto promovido pelo Centro Cultural Brasil-Itlia, a audio de alunos na ABI, o prximo concerto da Orquestra Sinfnica da Juventude e o recital da pianista Elza Lakschevitz na Escola Nacional de Msica.

Novena Senhora da Graa de Lus Cosme. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 18 out. 1951. Sntese do artigo: Comenta a apresentao da citada pea nos Concertos Camersticos do Grupo Msica Viva, no Museu de Arte de So Paulo, e sua reapresentao na srie de programas que a Rdio MEC apresentou no Salo

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Captulo II. O crtico musical

Leopoldo Miguez da Escola Nacional de Msica, abordando ainda a evoluo esttico-musical do compositor. Integram a coluna notcias musicais esparsas.

Edino divulga o resultado do concurso O Grande Caruso, realizado no Theatro Municipal com representantes de 10 pases.

Joo Gibin vence o prmio Mrio Lanza. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 20-21 out. 1951. Sntese do artigo: Divulga o resultado do concurso O Grande Caruso, realizado no Theatro Municipal com representantes de 10 pases, sendo vitorioso o bartono paulista. Integram o artigo notcias sobre o programa Msica para a Juventude, a estreia da soprano Erna Berger, o concerto da OSB e os recitais do pianista Gerardo Parente e do tenor Beniamino Gigli.

Nova carta aberta de Guarnieri. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 22 out. 1951. Sntese do artigo: Noticia que Camargo Guarnieri escreveu uma nova carta aberta aos msicos brasileiros. Esperemos, pois, que se confirme a notcia de que Camargo Guarnieri voltar a se manifestar sobre o momentoso assunto, lanando um pouco de luz sobre a confuso suscitada por sua prpria atitude tomada na Carta Aberta. Integram o artigo notcias musicais esparsas.

Uma palestra com Flora Nudelman. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 23 out. 1951. Sntese do artigo: Narra uma conversa com a pianista russa naturalizada argentina, antes da apresentao do Concerto em Mi b, de Liszt, com a Orquestra da Rdio Nacional sob a regncia do Maestro Peracchi. Integram o artigo notcias musicais esparsas.

Concurso de sonatas para piano. Iniciativa do pianista Micio Horsowsky. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 24 out. 1951. Sntese do artigo: Divulga a sugesto encaminhada pelo citado msico Academia Brasileira de Msica, e por esta encampada, esclarecendo as condies estabelecidas para o concurso e o respectivo regulamento. Integram o artigo notcias musicais esparsas.

Soprano Erna Berger. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 25 out. 1951. Sntese do artigo: Sobre a apresentao da soprano aos associados da Cultura Artstica, no Theatro Municipal, com comentrios sobre a performance da cantora. Integram o artigo notcias sobre o Orfeo Francisco Manuel, o recital do baixo cantante Oswaldo Neiva acompanhado por Lourdes Vallier, o recital das sopranos Letcia de Figueiredo e Regina Silvares, e ainda o concurso de canto patrocinado pelo Instituto Cultural Brasil-Itlia.

Orfeo Francisco Manuel. O exemplo de 12 jovens universitrios. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 26 out. 1951. Sntese do artigo: Apreciao crtica da apresentao do conjunto vocal masculino,

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

no auditrio do Servio Nacional de Teatro, sob a regncia do maestro Abelardo Magalhes. A falta de estrelas, de divos capazes de produzir gorjeios, moda italiana, no constitui nenhum grave impedimento: ao contrrio, o conjunto apresenta-se assim mais homogneo em seu material de vozes material que poder ser levado, com exerccios de conjunto, a um enriquecimento maior de suas possibilidades tcnicas e expressivas. Integram o artigo notcias musicais esparsas. Notas esparsas. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 27-28 out. 1951. Sntese do artigo: A coluna abarca comentrios sobre a comemorao do 10 aniversrio da Associao de Canto Coral, o recital da violinista polonesa Ida Haendel, a postura do cantor Beniamino Gigli de se conformar cada vez mais com o esprito camerstico do canto, uma srie de concertos culturais promovidos pela Academia Brasileira de Msica em combinao com o Conservatrio Nacional de Canto Orfenico, o 20 programa da srie Msica para a Juventude, um concerto vocal no salo nobre da Associao Crist de Moos, o recital do violinista Lambert Ribeiro e a apresentao da Histria do Soldado, de Stravinsky, no programa Msica Viva.

Edino difunde o regulamento e os prmios do Concurso de Composio aberto em Luxemburgo para compositores.

Concurso Internacional de Composio. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 29 out. 1951. Sntese do artigo: Divulga o regulamento e os prmios do Concurso de Composio aberto em Luxemburgo para compositores de qualquer idade ou nacionalidade, institudo pela Rdio Oficial daquele pas sob a gide de Sua Alteza a Gr-Duquesa Charlotte de Luxemburgo. Integram o artigo notcias musicais esparsas. Violinista Ida Haendel. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 30 out. 1951. Sntese do artigo: Apreciao do nico recital da violinista polonesa naturalizada britnica para o pblico carioca, no Municipal, sob os auspcios da Pro Arte e da ABC, com anlise da performance da artista. Integram o artigo notcias musicais esparsas.

Trs concertos corais. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 31 out. 1951. Sntese do artigo: Sobre as apresentaes dos corais da Associao de Canto Coral, do Orfeo Carlos Gomes do Instituto de Educao e da classe de Canto Coral da professora Ceio de Barros Barreto. Integram ainda o artigo notas sobre o recital do Quarteto Haydn, o recital da cantora Letcia de Figueiredo, a despedida do pianista Wilhelm Backhaus, inscries para bolsa de estudos para o Terceiro Curso Internacional de Frias de Terespolis, a apresentao da 2 parte da Histria do Soldado, de Stravinsky, e o Concerto da Juventude no Cine Teatro Rex.

O Orfeo Carlos Gomes no Municipal. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 3-4 nov. 1951.

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Captulo II. O crtico musical

Sntese do artigo: Refere-se apresentao do citado coral sob a direo da professora Hylda do Nascimento e Silva, com a indicao de todas as obras apresentadas, chamando a ateno para o fato de que algumas so escritas originalmente para coro, enquanto outras so adaptadas. Integra ainda o artigo a divulgao do Programa Msica para a Juventude, que contar com a participao da OSB, sob a regncia do maestro Lo Peracchi, tendo a soprano Regina Silvares como solista.

Sociedade Internacional de Msica Contempornea. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 5 nov. 1951. Sntese do artigo: Informes da Assembleia Geral realizada pela Sociedade Internacional de Msica Contempornea, com sede em Londres, por meio do delegado brasileiro presente aos trabalhos, Hans-Joachim Koellreutter. Como subttulos, temos ainda: Despedida de Backhaus; Bolsa de estudos para Roma; Pianista Lydia Podorolsky; Villa-Lobos e a Mark Twain Society, e Msica para a Juventude.

Edino divulga comunicado aos compositores interessados em enviar partitura para participar do Festival Internacional da Sociedade Internacional de Msica Contempornea.

Msica brasileira para o Festival de Salzburgo. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 6 nov. 1951. Sntese do artigo: Comunicado da Seo Brasileira da Sociedade Internacional de Msica Contempornea aos compositores do Brasil interessados em enviar partitura para participar do Festival Internacional da Sociedade Internacional de Msica Contempornea, a realizar-se em Salzburgo, na ustria. Como subttulos encontramos ainda: ndice cultural do Rio; Schnabel e Krenek viro ao Brasil; Hoje, o recital de Backhaus; Carmen Farnese e J. Otaviano e soprano Alice Ribeiro.

Backhaus e a gerao dos mestres. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 7 nov. 1951. Sntese do artigo: Recital de despedida realizado no Municipal e as caractersticas dessa gerao de artistas, adaptando-se s novas condies sociais, tornando-se na maioria das vezes tcnicos especializados.

Vai ao Paran a Associao de Canto Coral. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 8, nov. 1951. Sntese do artigo: Sobre o convite da Sociedade de Cultura Artstica Braslio Itiber, de Curitiba, para o citado coral se apresentar no Paran em dois concertos. Como subttulos temos ainda: Concerto sinfnico no Municipal; Backhaus e o Quarteto Hngaro; Conjunto Orquestral Francisco Braga; Orquestra de Cordas Macabi; Bolsa de estudo e Concerto vocal.

Fim de semana. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 9 nov. 1951. Sntese do artigo: Notas sobre todas as realizaes musicais previstas para o perodo, alm da divulgao de eventos e palestras ressaltados sob a forma de subttulos: Uma audio de alunos; Recital da pianista Bluette Bukowitz;

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

Edino tece comentrios sobre o declnio do Carnaval e os interesses puramente comerciais das gravadoras.

Msica Brasileira para o Festival de Salzburg; Conferncia intitulada Impresses sobre o Egito; Orquestra Universitria e Conjunto Orquestral Francisco Braga. Gravaes para o Carnaval. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 10-11 nov. 1951. Sntese do artigo: Comentrio sobre o declnio do Carnaval e os interesses puramente comerciais das gravadoras. Integram o artigo outros subttulos como: Associao de Canto Coral; Conjunto Orquestral; Violinista Marcos Granchi; Orquestra Macabi; Terceiro Curso Internacional de Frias e Msica para a Juventude.

Backhaus e o Quarteto Hngaro. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 12 nov. 1951. Sntese do artigo: Cita a iniciativa da Pro Arte e da ABC, reunindo num recital o pianista Wilhelm Backhaus e o Quarteto Hngaro. Integram o artigo outras notas, com os seguintes subttulos: Violinista Marcos Granchi; Orquestra Universitria; Estreantes na ABI; Temporada de bal no Municipal; Irmgard Mueller ir estudar em Roma; e Conferncia sobre a msica egpcia.

Semana da Msica. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 13 nov. 1951. Sntese do artigo: Menciona a Semana da Msica, criada pela Resoluo n 22 de 20/9/48, a ser comemorada entre 16 e 22/11/51, organizada pela Secretaria Geral de Educao e Cultura. O artigo traz como subttulo principal: Francisco Mignone eleito diretor do Municipal, e outros subttulos secundrios: Lamberto Baldi e Jacques Ripoche com a OSB; Festival Internacional de Salzburgo; Temporada de bal e Cantores do Cu na Rdio Nacional.

Recital de sonatas na Bienal de So Paulo. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 14 nov. 1951. Sntese do artigo: nica realizao musical da Bienal, destinada a um recital de sonatas para violino e piano, a cargo da violinista Alteia Alimonda e da pianista Lydia Alimonda, integrando o repertrio do concerto a sonata vencedora do concurso de sonatas de autores brasileiros. Integram o artigo outros subttulos, a saber: Hoje, estreia da Temporada de bal; A Semana da Msica e Terceiro Curso de Frias da Pro Arte.

Ballet no Municipal. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 17-18 nov. 1951. Sntese do artigo: Sobre a primeira apresentao do bal do Theatro Municipal na Temporada de Arte Nacional, com divulgao do programa apresentado e destacando algumas performances. Como subttulos, encontramos: Msica para a Juventude e Concertos Culturais.

Concertos de msica contempornea em Recife. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 20 nov. 1951.

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Captulo II. O crtico musical

Edino divulga o Terceiro Curso Internacional de Frias organizado pela Pro Arte em Terespolis, que conta com a participao de mestres conceituados no Brasil e no exterior.

Sntese do artigo: Apresentao do Agrupacin Nueva Msica de Buenos Aires e a recepo dos pernambucanos em torno das realizaes artsticas, segundo a tica do compositor e flautista argentino Esteban Eitler. Integram ainda o artigo notcias musicais esparsas.

Um frum para a juventude. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 21 nov. 1951. Sntese do artigo: Sobre o Terceiro Curso Internacional de Frias organizado pela Pro Arte em Terespolis, que conta com a participao de mestres conceituados no Brasil e no exterior para trabalhar com os jovens. Acompanham o artigo outras notcias, com os seguintes subttulos: Novo departamento do CBM; Concerto Coral da Semana da Msica e Eleazar de Carvalho na Blgica. Temporada de bailados. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 23 nov. 1951. Sntese do artigo: Refere-se ao segundo espetculo da atual temporada coreogrfica do corpo de Baile do Theatro Municipal e possibilidade de se organizarem temporadas regulares no Municipal. Integram o artigo outros subttulos, como: Msica para a Juventude; Pianista Heitor Alimonda; Vesperal de bal e Orquestra Sinfnica Brasileira.

Um voto de solidariedade. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 24-25 nov. 1951. Sntese do artigo: Anuncia que a crtica musical carioca, composta por Edino Krieger, Renzo Massarani, Andrade Muricy e Eurico Nogueira Frana, tomou a si a oportunidade de colocar em seus devidos termos a situao interna da Diretoria da Escola Nacional de Msica, que vem substituindo em seus programas oficiais as obras mais importantes da literatura musical de todos os tempos (brasileira e internacional) por obras do compositor Carlos Anes, salientando ainda que o programa de piano do citado estabelecimento inclui 48 peas do compositor supracitado. O artigo traz outras notcias musicais esparsas.

Comemorando uma vitria. O concerto da OSB e o regozijo pela causa vencida. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p.7, 26 nov. 1951. Sntese do artigo: Comenta o belo concerto realizado no sbado tarde e a vitria pela aprovao, pelo Senado e pela Cmara Federal, da verba solicitada ao Governo da Repblica como suporte financeiro para enfrentar as enormes despesas da Orquestra Sinfnica Brasileira. Integram ainda o artigo notcias musicais esparsas.

ltimo concerto da Cultura Artstica. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 27 nov. 1951. Sntese do artigo: Discorre sobre a temporada que a Cultura Artstica proporcionou aos seus associados e o concerto de encerramento, que contou com a Associao de Canto Coral, num reconhecimento auspicioso da

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

O terceiro espetculo de bailados da Temporada de Arte Nacional teve como nico atrativo em seu programa o Maracatu de Chico Rei, de Mignone.
Edino Krieger

importncia crescente que vem conquistando esse conjunto entre os nossos disponveis artsticos. Integram ainda o artigo notcias musicais esparsas. Maracatu de Chico Rei. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 28 nov. 1951. Sntese do artigo: Aborda o terceiro espetculo de bailados da Temporada de Arte Nacional, que, segundo o autor, teve como nico atrativo em seu programa o Maracatu de Chico Rei, de Mignone, sobre um argumento pico de Mrio de Andrade, numa coreografia de Edy Vasconcelos. Integram o artigo outros subttulos, a saber: Dirca Scrates Amorim; Concurso Micio Horsowsky; Eleazar de Carvalho na Europa; e Homenagem a Lorenzo Fernandez.

O canto das florestas. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 29 nov. 1951. Sntese do artigo: Fala sobre o long-play lanado pela companhia francesa de gravaes Chant du monde, com uma das obras mais recentes do compositor sovitico Dimitri Shostakovitch, composta para comemorar os trabalhos de reflorescimento na Unio Sovitica. Integram o artigo outros subttulos, como: Vesperal de bailados; Biografias em gravaes; Msica para a Juventude; e Conservatrio de Canto Orfenico. A msica de cmera na Temporada 1951. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 1-2 dez. 1951. Sntese do artigo: Sobre a escassa atividade camerstica e a temporada de cmara com apresentaes do Quarteto Barylli, Quarteto Vegh, Quarteto Hngaro, Quarteto Haydn, e ainda recitais de cmara com a participao de Cristina Maristany, Iber Gomes Grosso e Oscar Borgerth. Integram o artigo os seguintes subttulos: Karl Ulrich Schnabel; Magdalena Tagliaferro; Sociedade Internacional de Msica Contempornea; III Curso Internacional de Frias; e Msica para a Juventude.

Associao de Canto Coral. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 3 dez. 1951. Sntese do artigo: Trata do concerto realizado no dia anterior na srie dominical da Rdio MEC, na Escola de Msica, e da importncia dessa organizao para o canto coral. Integram o artigo outros subttulos, como: Recital de Magdalena Tagliaferro; Pianista Arnaldo Marchesotti; Concerto Coral-Sinfnico; Recital de Canto; e Orquestra Sinfnica Brasileira. Concurso de Sonatinas Henrique Gandelman obtm o Prmio Horsowsky. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 4 dez. 1951. Sntese do artigo: Refere-se ao concurso institudo pelo pianista Micio Horsowsky e organizado pela Academia Brasileira de Msica, contando com a participao de Lus Cosme, Cludio Santoro e Jos Vieira Brando na comisso julgadora. Integram o artigo outros subttulos, a saber: III Curso Internacional de Frias; Recital de Arnaldo Marchesotti; Reunio da SIMC; Maria de Lourdes Cruz Lopes e Tenor Francisco Cardoso.

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Captulo II. O crtico musical

Trs concursos internacionais de composio. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 5 dez. 1951. Sntese do artigo: Divulga os concursos de composio institudos pela Academia Internacional de Msica, com sede em Gnova, compreendendo composies para msica de cmara, para violino solo e para piano, com instrues completas sobre as inscries e premiaes. Integram o artigo outros subttulos, a saber: Transferido o recital de Canto; ltimo espetculo de bal; Escola Cultural de Arte; e Orquestra Sinfnica Brasileira. Um jovem discpulo de Scherchen. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 7 dez. 1951. Sntese do artigo: Sobre a trajetria de Ernesto Schurmann como estudante de violino sob a orientao de Paulina dAmbrosio, passando pela Orquestra Estudantil de Raphael Baptista at os estudos de regncia com Hermann Scherchen, em Zurich. A crnica traz como subttulo: Hoje, o ltimo espetculo de bal.

Fatos e notcias. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 8-9 dez. 1951. Sntese do artigo: Aborda o concerto da Orquestra Sinfnica Brasileira sob a regncia de Lamberto Baldi, contando com duas primeiras audies de obras importantes como as Trs Laudes, de Luigi Dallapiccola, e a Sinfonia em R, de Carl Phillip Emanuel Bach. Divulga ainda uma verba anual do governo para apoio de Orquestra Universitria fundada por Raphael Baptista, alm de chamada para reunio do Conselho Deliberativo da Seo Brasileira da Sociedade Internacional de Msica Contempornea. Integram ainda o artigo outros subttulos, a saber: Teatro Experimental de pera; Audio de alunos; Curso de piano do Colgio dos Santos Anjos; ltimo Concerto da Juventude; e Homenagem imprensa.

Edino divulga as estreias da Sinfonia em R, de Carl Phillip Emanuel Bach, e as Trs Laudes, de Luigi Dallapiccola, em primeira audio na Amrica do Sul.

Duas estreias sul-americanas. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 10 dez. 1951. Sntese do artigo: Comenta as estreias da Sinfonia em R de Carl Phillip Emanuel Bach e as Trs Laudes, de Luigi Dallapiccola, em primeira audio na Amrica do Sul, com a Orquestra Sinfnica Brasileira sob a regncia de Lamberto Baldi. Integram ainda o artigo subttulos como: Compositor Henrique Gandelman; Associao de Canto Coral; Pianista Ivy Improta e Recital de Canto. O Festival de Msica de Cmera no III Curso Internacional de Frias. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 11 dez. 1951. Sntese do artigo: Trata dos concertos camersticos programados para o Curso de Frias promovido pela Pro Arte em Terespolis. Integram o artigo os seguintes subttulos: Msica para a Juventude; Associao de Canto Coral; Pianista Ivy Improta; Homenagem a Nicolino Milano; e Sociedade Internacional de Msica Contempornea.

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

Uma data e uma obra. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 12 dez. 1951. Sntese do artigo: Sobre o transcurso do 10 aniversrio da Associao de Canto Coral, nesta data, fazendo meno primeira apresentao do conjunto feminino, com 22 integrantes, num concerto patrocinado pela Sociedade Pro-Msica. Ressalta em especial o excelente trabalho das professoras Cleofe Person de Mattos e Dinah Buccos Alves. Integram o artigo outros subttulos: 5.000 Concerto da Filarmnica de Nova York; Audies de alunos; e Pianista Dyla Josetti.

Renovao ou morte. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 13 dez. 1951. Sntese do artigo: Critica as rotinas das temporadas livres do Municipal e do ensino musical, que vm levando estagnao, com a criao de um crculo que se repete mecanicamente, sem considerar as transformaes que se operam no tempo e no espao. Integram ainda o artigo notcias musicais esparsas.

Edino informa sobre a criao do Intermusic, que tem como objetivo um intercmbio entre artistas brasileiros e italianos.

Intercmbio concertstico internacional. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 14 dez. 1951. Sntese do artigo: Informa sobre a criao do Intermusic, que tem como objetivo um intercmbio entre artistas brasileiros e italianos, e o primeiro desses encontros, realizado a 15 de novembro de 1951 no Palcio Antici Mattei, contando com a apresentao da jovem pianista brasileira Sula Jaff. Integram ainda o artigo notcias musicais esparsas.

Matinais de msica e bailados. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 15-16 dez. 1951 Sntese do artigo: Sobre os concertos de encerramento da temporada, ressaltando os da Orquestra Sinfnica Brasileira, do Corpo de Baile do Municipal, e tambm do programa Msica para a Juventude, organizado pela Rdio MEC. Integram ainda o artigo notcias musicais esparsas. Mignone, Dallapiccola e Csar Franck. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 17 dez. 1951. Sntese do artigo: Aborda o encerramento do programa Msica para a Juventude, sob a regncia de Lamberto Baldi frente da Orquestra Sinfnica Brasileira, tendo como solistas a soprano Maria de S Earp e a pianista Saloma Zeigarnikas. Integram ainda o artigo notcias musicais esparsas. Tenor Roberto Miranda. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 18 dez. 1951. Sntese do artigo: Recital de canto no Salo Leopoldo Miguez da Escola Nacional de Msica, promovido pelo Servio de Recreao e Assistncia Social do Ministrio do Trabalho. Integram ainda o artigo notcias musicais esparsas.

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Captulo II. O crtico musical

Recortes e comentrios. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 19 dez. 1951. Sntese do artigo: Refere-se abordagem de um cronista da ltima Hora ao falar sobre o vencedor do concurso Micio Horsowsky o compositor Henrique Gandelman , e do colunista musical do Correio da Noite, sobre as Trs Laudes, de Dallapiccola, executadas pela Orquestra Sinfnica Brasileira. Integram ainda o artigo notcias musicais esparsas.

Edino comenta a programao esmerada que a Rdio MEC manter, com msicas de Natal de todos os pases.

O Natal no rdio brasileiro. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 20 dez. 1951. Sntese do artigo: Comenta a total ausncia de um produto nacional veiculado atravs das rdios, e a programao esmerada que a Rdio MEC manter, com msicas de Natal de todos os pases, tanto folclricas quanto eruditas. Integram ainda o artigo notcias musicais esparsas.

Programas de canto. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 21 dez. 1951. Sntese do artigo: Critica o aspecto conservador dos programas de canto e a crena errnea de que uma personalidade se cria pela simples repetio das pginas consagradas pelo pblico.

Encerrando a temporada sinfnica. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 24 dez. 1951. Sntese do artigo: Sobre o concerto de encerramento da Orquestra Sinfnica Brasileira, mencionando que no dia 27 far uma retrospectiva. Integram ainda o artigo notcias musicais esparsas.

O roteiro musical de 1951. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 26 dez. 1951. Sntese do artigo: Trata-se de um retrospecto de todos os concertos, projetos musicais e cursos ocorridos no ano de 1951, com citaes de atividades em So Paulo e no Rio de Janeiro, destacando as mais representativas. Prepara-se o III Curso Internacional de Frias. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 7, 28 dez. 1951. Sntese do artigo: Aborda os preparativos para o incio do Curso da Pro Arte em Terespolis, com nomeao do corpo docente envolvido, explanao das atividades e informaes quanto s inscries.

Concurso Internacional de Msica. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 31 dez. 1951. Sntese do artigo: Sobre o Concurso Internacional de Msica para violinistas, organizado pela Academia Nacional de Santa Ceclia, na Itlia, em memria de Arrigo Serato. Integram ainda o artigo outros subttulos: Msica de Cmara em Terespolis e Conservatrio do Distrito Federal.

Problemas do ensino musical. Por que no produzimos novos compositores? Tribuna

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 2 jan. 1952. Sntese do artigo: Expe a falta de condies para o desenvolvimento de talentos criadores, afirmando que aos nossos conservatrios, no campo da composio, faltam precisamente os mestres. Falta-lhes uma orientao mais lcida e maior dinamismo. O fornecimento de regras acadmicas no basta para formar um criador.

Problemas do ensino musical. Instrumentos de sopro. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 3 jan. 1952. Sntese do artigo: O crtico indaga: Por que apenas aos pianistas e violinistas dado o estmulo de que necessitam todos os estudantes?, alegando no ser compreensvel, em uma universidade ou em um conservatrio, a inexistncia de audies camersticas das quais participem estudantes de todos os instrumentos.

Conservatrio do Distrito Federal. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 4 jan. 1952. Sntese do artigo: Sobre a entrega dos certificados aos alunos que concluram os cursos tcnico-profissionais de instrumentos e matrias tericas, e os prximos exames de habilitao de seus vrios cursos. Como subttulo, o Concurso Interescolar de Orfees.

Progresso bimensional. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 5-6 jan. 1952.

Edino divulga oTerceiro Curso Internacional de Frias da Pro Arte, com pedagogos de primeira grandeza, entre eles Ernst Krenek e Karl Ulrich Schnabel.

Sntese do artigo: Trata do limiar desta nova era musical que estamos vivendo, em seu constante processo de transformao e evoluo. Edino diz tratar-se de uma crise generalizada, decorrente de um fenmeno idntico em todas as artes. Nota: O ttulo deste artigo aparece conforme foi grafado pelo jornal.

Inaugura-se o III Curso de Frias. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 7 jan. 1952. Sntese do artigo: Cita o Terceiro Curso Internacional de Frias da Pro Arte, em Terespolis, contando com um grupo de pedagogos de primeira grandeza, entre eles Ernst Krenek e Karl Ulrich Schnabel, discorrendo sobre as principais atividades artsticas, palestras e cursos. Problemas do ensino musical. Obos e Fagotes. Uma palavra do maestro Lazzoli. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 8 jan. 1952. Sntese do artigo: Sobre a resposta enviada pelo maestro Alberto Lazzoli catedrtico das classes de obo e fagote da Escola Nacional de Msica , onde o professor lista uma relao de resultados de seu trabalho em prol da formao de novos musicistas, em contraponto referncia feita pelo crtico em sua coluna de quinta-feira, 3 de janeiro de 1952, pgina 8.

Inscries para o CBM. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 9 jan. 1952. Sntese do artigo: Transcrio, na ntegra, das condies para inscrio para

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Captulo II. O crtico musical

os exames de admisso aos diversos Cursos do Conservatrio Brasileiro de Msica. Relatrio da diretoria da OSB. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 10 jan. 1952. Sntese do artigo: Divulga o relatrio de fim de gesto distribudo imprensa, dando conta da situao financeira, medidas heroicas, auxlios, subvenes e sntese de atividades.

Inicia-se o Festival de Msica de Cmera. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 11 jan. 1952.
Sntese do artigo: Sobre as atividades do III Curso Internacional de Frias da Pro Arte, ressaltando o Festival Camerstico anexo ao citado evento. Integram ainda o artigo notcias musicais esparsas.

O crtico refere-se ao difcil contato auditivo do jovem compositor brasileiro com suas prprias obras.

Um ensaio mensal para os estudantes. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 1213 jan. 1952. Sntese do artigo: Refere-se ao difcil contato auditivo do jovem compositor brasileiro com suas prprias obras e instituio de um ensaio mensal da Orquestra Sinfnica Brasileira a ser criado como estmulo e dedicado inteiramente leitura de obras sinfnicas de estudantes de composio. Integram o artigo outros subttulos: Concerto de Cmara; Curso de Bailados; Ballet da Juventude; e Associao Brasileira de Concertos.

Problemas do ensino musical. Mais estmulo e melhor orientao pra o estudante de composio. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 14 jan. 1952. Sntese do artigo: Dando continuidade ao artigo de 2/1/52, Edino Krieger colhe a opinio do ento jovem compositor Cludio Santoro, que indica quatro importantes pontos de discusso, chamando a ateno para o fato de que alguma coisa deve estar errada no ensino oficial de composio no Brasil e alertando que no basta ensinar ao aluno a teoria da composio musical: necessrio sobretudo no criar entraves ao seu desenvolvimento. Santoro, citado por Edino, enfatiza ainda que um congresso de compositores para debater o assunto e mais estmulos prmios de viagem e concursos , dentre outras medidas, seriam extremamente importantes. Problemas do ensino musical. Abolir o academicismo dogmtico. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 15 jan. 1952. Sntese do artigo: Edino Krieger d seguimento aos artigos anteriores, onde aborda a questo da criao musical brasileira, trazendo em forma de depoimento a contribuio do compositor gacho Lus Cosme.

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

Edino comenta a presena do padre Jaime Diniz compositor e estudioso da msica sacra no Terceiro Curso Internacional de Frias de Terespolis.

Problemas do ensino musical. Sobre a composio musical em So Paulo. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 16 jan. 1952. Sntese do artigo: Continuando a enquete que vinha realizando desde o incio do ano, Edino reporta-se ao depoimento do compositor Roberto Schnorrenberg, no momento trabalhando com Ernst Krenek no Curso de Frias de Terespolis. A msica sacra no Brasil. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 17 jan. 1952. Sntese do artigo: Refere-se ao padre Jaime Diniz compositor e estudioso da msica sacra , presente no Terceiro Curso Internacional de Frias de Terespolis, na qualidade de estudante, e realizando paralelamente uma srie de palestras com debates sobre a msica religiosa de todos os tempos.

A propsito de uma carta. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 18 jan. 1952. Sntese do artigo: Sobre as questes levantadas pelo sr. Bernardo Morgado da Silva de profisso e residncia ignoradas contra a atuao do crtico com relao ao compositor Carlos Anes. Trata-se de um direito de resposta de Edino s acusaes de insinceridade, de perversidade e de inveja que lhe foram imputadas pelo citado senhor.

Problemas do ensino musical. Reforma total no ensino da composio. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p .8, 19-20 jan. 1952. Sntese do artigo: Prossegue na srie de entrevistas, contando agora com a participao do compositor e pedagogo H. J. Koellreutter, que afirma: O ensino atual impede o aparecimento de novos compositores, alegando que o mesmo necessita de bases concretas para uma reforma total, pois o programa atual de ensino ineficiente. Ainda Koellreutter, citado por Edino: A reforma deve ser radical. No adianta consertar uma situao que se encontra fundamentalmente errada, pois a verdade que os diplomas que se conferem em nossas escolas musicais no garantem que seu titular no passe de um amador.

Dois conjuntos camersticos. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 21 jan. 1952. Sntese do artigo: Sobre as estreias dos conjuntos Trio Pro Arte e Quarteto Ripoche no III Curso Internacional de Frias de Terespolis, alm de impresses sobre os cursos e planos futuros. Como subttulo, Conservatrio Nacional de Canto Orfenico.

Krenek fala de sua experincia no Brasil no III Curso Internacional de Frias de Terespolis. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 22 jan. 1952. Sntese do artigo: Krenek d depoimentos sobre a sua participao no Brasil como professor de composio e palestrante sobre o tema Esttica, no III Curso Internacional de Frias de Terespolis. Integram ainda o artigo os subttulos: Concurso Musical em Genebra; Cantora Sylvia Moscovitz;

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Captulo II. O crtico musical

Exames de habilitao; Festival de Msica de Cmara; Concursos Musicais; e Curso de bal. Notcias esparsas e, como subttulo, Prokofieff, Guarnieri e Dvork. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 23 jan. 1952. Sntese do artigo: Como indicado no ttulo principal, trata-se de um informativo musical da semana; no subttulo, temos um retrospecto dos concertos camersticos acoplados ao III Curso de Frias da Pro Arte, como atividade suplementar, onde so indicados alguns autores contemplados pelos conjuntos.

Edino aborda o carter de transio de duas linguagens a modal em fins da Idade Mdia e a sem tonalidade, j na segunda dcada do sculo XX.

Atualidade de Machault. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 24 jan. 1952. Sntese do artigo: Refere-se a uma das ltimas palestras de Krenek no III Curso Internacional, em que o compositor tece consideraes sobre a trajetria da dissonncia na criao musical polifnica, dos primeiros passos da polifonia at a Renascena. O articulista considera, ainda, o carter de transio de duas linguagens a linguagem modal em fins da Idade Mdia e a linguagem sem tonalidade, j na segunda dcada do sculo XX. Integram ainda o artigo os subttulos: Cantora Sylvia Moscovitz; Exames de habilitao; Festival de Msica de Cmara; Concursos Musicais; e Curso de bal.

Problemas do ensino musical. O mal de nascena no ensino da composio. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 25 jan. 1952. Sntese do artigo: Sobre o depoimento do professor Paulo Silva, da Escola Nacional de Msica, que, segundo Edino, se faz credor de um mximo de respeito e autoridade, enfatizando que por suas mos passaram inmeros dos atuais professores de vrios conservatrios brasileiros, sendo ainda autor de vrias publicaes tcnicas sobre a matria de sua especialidade. Salientamos ainda alguns itens mencionados por Paulo Silva e citados por Edino, como: Precisamos acabar com a roupa velha; Estudo livresco improfcuo; Sistema de exame no satisfaz; Nem s os escritores devem aprender gramtica e Deficincias do ambiente, dentre outros, que influenciam no ensino da composio.

Curso de Histria e Preparao Musical. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 26 jan. 1952. Sntese do artigo: Sobre um ciclo de prelees realizadas no Conservatrio Brasileiro de Msica, departamento de Copacabana, com o jornalista italiano Maurcio Quadrio, sobre vrios aspectos da arte musical, servindo-se de gravaes, filmes e vrios artistas para as ilustraes. Como subttulo, Concurso de Habilitao.

A ENM na televiso e novo departamento. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 29 jan. 1952. Sntese do artigo: Divulga as apresentaes realizadas pela Televiso Tupi, todas as teras-feiras, s 22h05, em um programa em colaborao com o Diretrio

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

Acadmico da Escola Nacional de Msica, e ainda a possibilidade de instalarse no Colgio Mallet Soares um departamento musical do Conservatrio de Msica do Distrito Federal. Problemas do ensino musical. Aspectos da arte pianstica no Brasil. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 30 jan. 1952. Sntese do artigo: Participao do professor e pianista Toms Tern, inscrito no III Curso Internacional, na enquete realizada pela Tribuna da Imprensa, abordando as questes referentes ao ensino do piano. Problemas do ensino musical. A escola de Karl Ulrich Schnabel. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 31 jan. 1952. Sntese do artigo: A contribuio do pianista, ex-aluno de Kreutzer e professor do III Curso Internacional, na discusso sobre a problemtica que envolve o ensino do piano, abordando pontos como: Liberdade de ensino; Orientao individual; Como estudar; A memria; e O exemplo dos peixinhos dourados, citando uma experincia de reflexo condicionado por ele realizada com peixinhos do aqurio de sua casa, traando um paralelo desta experincia com as questes referentes tcnica de memorizao.

Quarteto Tripoche. De sua atuao no sbado ltimo, cabe mencionar com destaque o Quarteto opus 50, de Sergei Prokofieff, apresentado em primeira audio no Brasil.
Edino Krieger

Zilda Hamburger e o Quarteto Tripoche. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 1 fev. 1952. Sntese do artigo: Sobre o terceiro concerto do Festival de Msica de Cmara, realizado dentro da programao do III Curso Internacional de Frias de Terespolis, contando com a participao dos supracitados musicistas, com explicitao do programa por eles apresentado. Sobre o quarteto, o articulista ressalta que: De sua atuao no sbado ltimo, cabe mencionar com destaque o Quarteto opus 50 de Sergei Prokofieff, apresentado em primeira audio no Brasil.

Problemas do ensino musical. A arte no um passatempo. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 2 fev. 1952. Sntese do artigo: Continuando a enquete que vinha realizando, Edino conta com a participao de Ilara Gomes Grosso, livre-docente da Escola Nacional de Msica, abordando os problemas do ensino do piano e destacando, dentre outros, a necessidade de melhorar o ambiente musical estudantil; a carncia de estmulo; a importncia de o governo ter maior interesse pela cultura artstica; a liberdade, tida pela professora como ponto de partida de uma escola; e ainda as deficincias musicais dos estudantes de instrumentos.

Problemas do ensino musical. Atribuies do professor. Educador, psiclogo e mdico. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 4 fev. 1952. Sntese do artigo: Prosseguindo no levantamento dos problemas do ensino musical, Edino entrevista a jovem pianista Saloma Zeigarnikas, formada na classe de piano de Elzira Ambile, tendo realizado Curso de Especializao em Iniciao Musical com Antonio de S Pereira. A pianista ressalta como importante ponto de discusso a formao dos

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Captulo II. O crtico musical

professores, que julga ser ineficiente: Ouso ir mais longe. Dependendo da aprendizagem das relaes entre professor e aluno, acredito que o bom professor (psiclogo e musicista) deva agir tambm como educador e mdico. Ressalta ainda o problema da escola padro e as bases cientficas para a Iniciao Musical. Escola Livre de Msica de So Paulo. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 5 fev. 1952. Sntese do artigo: Trata da necessidade de criar um ambiente artstico propcio ao desenvolvimento de jovens musicistas, o que levou a Pro Arte a fundar em So Paulo a citada escola. Divulga ainda seus objetivos, organizao e corpo docente. Festival de msica francesa. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 6 fev. 1952. Sntese do artigo: Sobre o concerto realizado no ltimo sbado em Terespolis, a cargo do violoncelista Jacques Ripoche e do Trio Pro Arte, com divulgao do programa apresentado e anlise da performance do grupo camerstico. Como subttulo, detectamos ainda: Ballet da Juventude.

Edino comenta a participao da professora Geni Marcondes na enquete por ele realizada. Na poca, Geni era dirigente do setor infantojuvenil das emissoras do Ministrio da Educao.

Problemas do ensino musical. A educao musical da criana. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 7 fev. 1952. Sntese do artigo: Participao da musicista, compositora e professora Geni Marcondes na poca, dirigente do setor infantojuvenil das emissoras do Ministrio da Educao na enquete realizada por Edino, ressaltando como pontos importantes: qualquer ser humano capaz de criar; o problema da criao espontnea; o professor deve fazer tudo, menos ensinar; poucas publicaes sobre a criao musical infantil; poucas experincias no setor musical; e a necessidade de criao de um centro de pesquisa no Brasil.

Isabel Mouro nos Estados Unidos. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 8 fev. 1952. Sntese do artigo: Refere-se apresentao da jovem pianista brasileira uma das 10 melhores pianistas do Concurso Internacional Marguerite Long 1946 no Town Hall de Nova York, e o sucesso com que foi entusiasticamente recebida pelo pblico e pela crtica.

Dina Gombarg no Conservatrio de Paris. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 11 fev. 1952. Sntese do artigo: Noticia o primeiro lugar no concurso para estrangeiros obtido pela jovem pianista no citado conservatrio, obtendo bolsa de estudos do governo francs. Integram ainda o artigo os seguintes sub-ttulos: Composio de Ernst Krenek; Jornal de Msica; e Nova diretoria da OSB.

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

Cludio Santoro no Festival da SIMC. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 12 fev. 1952. Sntese do artigo: Escolha da obra Canto de amor e paz, de Santoro, para representar o Brasil no prximo Festival da Sociedade Internacional de Msica Contempornea, a realizar-se em Salzburgo, ustria, entre 21 e 29/6/52. E ainda, como subttulo, Concurso de Orfees Escolares. Problemas do ensino musical. Os sopros tambm so instrumentos musicais. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 13 fev. 1952. Sntese do artigo: Participao do maestro Alberto Lazzoli, catedrtico de obo e fagote da Escola Nacional de Msica, regente e orquestrador da Orquestra da Rdio Nacional, na enquete realizada pela Tribuna da Imprensa sob a responsabilidade de Edino Krieger, destacando questes como: a precria situao dos sopros; aspectos econmicos e sociais; Pedro II e a mentalidade do msico brasileiro; instrumentos aprisionados na Escola Nacional de Msica: e facilidades para o estudante militar.

Edino divulga a estreia das trs sonatas e um ciclo de canes de Krenek em primeira audio sul-americana.

Estreia sul-americana de Ernst Krenek. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 14 fev. 1952. Sntese do artigo: Sobre a estreia das trs sonatas e um ciclo de canes de Krenek em primeira audio sul-americana , apresentadas no quinto concerto do Festival da Msica de Cmara, que integra a programao do III Curso Internacional de Frias da Pro Arte em Terespolis, procedendo a uma breve anlise do programa e da trajetria do citado compositor.

Problemas do ensino musical. Escola Universal de Canto. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 15 fev. 1952. Sntese do artigo: Depoimento da professora Hilde Sinnek, do Conservatrio Brasileiro de Msica natural da ustria e descendente, em linha direta, da nova escola de Lili Lehmann , que participa como professora no III Curso Internacional de Frias de Terespolis. A professora destaca algumas peculiaridades do aparelho vocal, como o fato de o instrumento no ser visvel como os demais, sendo, portanto, importante primeiro conhec-lo. O artigo traz ainda os seguintes subttulos: Escola italiana; poca do intelectualismo; Escola universal; e O canto no Brasil.

Encerra-se o III Curso Internacional de Frias. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 16-17 fev. 1952. Sntese do artigo: Atividades de encerramento do Curso, com uma missa celebrada pelo padre Jaime Diniz, e ainda a participao do coro de alunos apresentando uma missa de Mozart, sob a regncia de Koellreutter, e o manifesto assinado por 70 participantes, solicitando ao governo a criao de bolsas de estudos para estudantes de todo o estado. Como subttulo, detectamos ainda: 70 prmios distribudos no Festival da Msica Polonesa.

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Captulo II. O crtico musical

Notcias musicais da Itlia. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 18 fev. 1952. Sntese do artigo: Divulga um boletim de informaes publicado na Itlia, que traz vrias notcias de interesse sobre acontecimentos e planos musicais do continente europeu: fundao em Genebra, na Sua, de uma associao europeia de festivais musicais; pera de Spontini inaugura a estao lrica de Npoles; motetos e madrigais na Camerata Musicale Romana; Concurso Internacional de Melodrama e Quintetos; msica italiana em Paris; e IV Centenrio do Oratrio.

O crtico comenta a apresentao da Missa em D Maior de Mozart, em primeira audio nas Amricas, sob a regncia de Koellreutter.

At para o ano, se Deus quiser. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 19 fev. 1952. Sntese do artigo: Sobre o ltimo dia do III Curso Internacional de Frias da Pro Arte, ressaltando, entre outras, a apresentao da Missa em D Maior de Mozart, em primeira audio nas Amricas, sob a regncia de Koellreutter. E ainda, como subttulo, Um libelo contra o doutrinarismo acadmico; Karl Ulrich Schnabel interpreta Brahms; e Confraternizam os estudantes.

Concursos musicais para a juventude. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 20 fev. 1952. Sntese do artigo: Sobre os concursos institudos pela Orquestra Sinfnica Brasileira e pelo programa Msica para a Juventude da Rdio MEC, abertos para jovens estudantes de piano, violino, violoncelo, canto, flauta, obo, clarinete, fagote, trompa, trompete e trombone, com indicao do local para inscries, e ainda as bases para os referidos concursos, destinados a selecionar os solistas dos Concertos para a Juventude.

Repertrio universal de fontes musicais. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 21 fev. 1952. Sntese do artigo: Entidades especializadas Sociedade Internacional de Musicologia e da Associao de Bibliotecas de Msica estudam a tarefa de compilar todos os dados sobre obras musicais anteriores a 1800, visando substituir o Quellen-Lexickon que anteriormente se publicava. Congraamento de todas as artes. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 22 fev. 1952. Sntese do artigo: Sobre a visita ao atelier de pintura no Curso de Frias de Terespolis, contando com a participao da professora Tiziana Bonazzola, discorrendo sobre as tendncias da pintura contempornea e ressaltando que as artes plsticas devem ocupar posio idntica da msica nos cursos futuros.

Recital de Karl Ulrich Schnabel. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 23-24 fev. 1952. Sntese do artigo: Analisa os recitais realizados pelo pianista em Terespolis e atravs das emissoras do Ministrio da Educao, e a completa inatividade do nosso meio

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

musical, que impossibilitou a sua apresentao pblica em outros espaos de concerto. Ainda, como subttulo, Werther de Massenet, no Sadlers Wells de Londres. Preparativos para a temporada musical. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 28 fev. 1952. Sntese do artigo: A dificuldade de se prever o que ser a prxima estao musical, ressaltando que no setor operstico, pelo menos, verifica-se um ambiente de maior seriedade, de maior responsabilidade, uma vez que o planejamento dos espetculos est entregue a uma Comisso Artstica.

Planos para a temporada musical. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 1-2 mar. 1952. Sntese do artigo: Comenta os planos da Associao de Canto Coral quanto a concertos e novo repertrio, envolvendo ainda apresentaes em So Paulo, Rio Grande do Sul e Montevidu. Ontem tarde teve lugar o primeiro ensaio da Associao de Canto Coral, sob a regncia das professoras Cleofe Person de Mattos e Dinah Buccos Alves, para a preparao das novas obras a serem apresentadas no decorrer da temporada.

A Escola Coreogrfica de Yana-Rudzka. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 3 mar. 1952. Sntese do artigo: Relata a passagem da coregrafa e bailarina polonesa pelo Rio de Janeiro, a caminho de So Paulo, onde ministrar um curso especial de sua arte na Escola Livre de Msica de So Paulo.

A Orquestra Universitria na prxima temporada. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 4 mar. 1952. Sntese do artigo: Expe os problemas e dificuldades da Orquestra da Casa do Estudante do Brasil, dirigida pelo maestro Raphael Baptista, e refere-se tambm ao reincio dos ensaios, concursos para solistas e renovao do repertrio, dentre outros assuntos.

O concerto inaugural da Temporada Nacional de Arte ser uma homenagem ao centenrio de Henrique Oswald.
Edino Krieger

O que ser a prxima Temporada Nacional de Arte. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 5 mar. 1952. Sntese do artigo: Sobre a entrevista coletiva concedida imprensa especializada pela Comisso Artstica Cultural do Theatro Municipal, mostrando um esboo da Temporada Nacional a ser realizada nos meses de maro, abril e maio, esclarecendo que a qualidade a primeira preocupao e relatando que o primeiro concerto ser uma homenagem a Henrique Oswald, cujo centenrio naquele ano se comemorava. Foram divulgados ainda dados sobre as peras que sero apresentadas, relao dos regentes, cengrafos e coregrafos, os bailados, cantores e tambm espetculos de comdia.

Honegger, Cocteau, Claudel e Milhaud. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 7 mar. 1952.

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Captulo II. O crtico musical

Sntese do artigo: Reporta-se encenao, em Paris, de duas das mais importantes obras lrico-musicais francesas: Antigoni, de Honegger, com texto de Cocteau, e Jeanne dArch au Bucher, de Milhaud, baseada num poema de Claudel. Como subttulos encontramos ainda: Jacques Ripoche e Suzan Meghe; Concurso de Iniciao Musical; e Obras de Ernst Krenek. Concurso Wieniawsky para violinistas. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 8-9 mar. 1952. Sntese do artigo: Sobre um grande concurso musical na Polnia, voltado para violinistas de todos os pases, com divulgao das normas de inscrio, documentos, obras exigidas, prova final, prmios e despesas pagas. Como subttulos encontramos ainda: Obras de Ernst Krenek e Cursos de Cultura e Esttica.

Salamanca do Jarau de Lus Cosme. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 10 mar. 1952. Sntese do artigo: Bailado que introduz a Temporada Nacional. O artigo d a conhecer ao pblico a origem da lenda e o roteiro do citado bailado, indicando suas partes: A caverna assombrada; O campeiro Blau Nunes; As sete provas; e O desencantamento.

O mundo musical em revista. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 11 mar. 1952. Sntese do artigo: Notcias do 26 Festival da Sociedade Internacional de Msica Contempornea no Mozarteum de Salzburgo, na ustria, do Festival Wagner em Bayreuth, de uma olimpada musical na Califrnia, dentre outras.

Edino aborda a inaugurao oficial da Escola Livre de Msica em SP, contando com as presenas de Karl Ulrich Schnabel e Ernst Krenek.

Inaugura-se a Escola Livre de Msica em SP. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 12 mar. 1952. Sntese do artigo: Sobre a cerimnia de inaugurao oficial, dia 17/3/52, s 17 horas, contando com as presenas de Karl Ulrich Schnabel e Ernst Krenek, convidados para o I Curso intensivo de suas matrias durante seis semanas, com divulgao, ainda, do programa do primeiro concerto e intrpretes, alm de todo o corpo docente envolvido. Seguem-se notcias musicais esparsas.

Introduo Temporada Nacional de Arte. O Papagaio de Moleque, de Villa-Lobos. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 13 mar. 1952. Sntese do artigo: Sobre a temporada de bal do Theatro Municipal que contar com a apresentao de quatro bailados de autores nacionais, a saber: Salamanca do Jarau, de Lus Cosme, Papagaio de Moleque, de Villa-Lobos, Sinh do Bonfim, de Camargo Guarnieri, e Valsa de Esquina, de Francisco Mignone. O artigo oferece

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ao leitor um resumo da parte coreogrfica da obra de Villa-Lobos, tomando como base o depoimento de Vaslav Veltchek, coregrafo do espetculo. A temporada da Associao Brasileira de Concerto. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 14 mar. 1952. Sntese do artigo: A participao do conjunto Camerstico Os Virtuosi de Roma, do violinista Lino Francescatti, do pianista Friedrich Gulda, da cantora Elizabeth Schwartzkopf e da bailarina Cill Wang na temporada que ter incio em 7/4/52 com o harpista Nicanor Zabaleta.

Edino difunde os principais objetivos de Henrique Niremberg com a Orquestra de Cordas Macabi.

A Orquestra de Cordas Macabi na temporada musical. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 15-16 mar. 1952. Sntese do artigo: Sobre a orquestra fundada em 1947 por iniciativa do maestro Henrique Niremberg, informando os planos para a temporada que se aproxima, ressaltando os principais objetivos, como: divulgar a msica brasileira; primeiras audies de autores antigos e contemporneos; maior divulgao possvel de autores brasileiros e a realizao de concertos nas escolas. Encontramos ainda como subttulos: Festival Henrique Oswald e Recitais radiofnicos.

Decidida a vinda do Grand Ballet du Marquis de Cuevas na temporada musical. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 17 mar. 1952. Sntese do artigo: Divulga a apresentao do citado bal no Theatro Municipal, contando com John Taras como mestre de baile, com indicao do programa e do elenco. Encontramos ainda como subttulos: Inaugura-se a Escola Livre; Cursos de Cultura Musical; Harpista Nicanor Zabaleta; e Hoje, a prova de piano do concurso da OSB.

Sinh do Bonfim de Camargo Guarnieri. Introduo Temporada Nacional de Artes. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 18 mar. 1952. Sntese do artigo: Bailado a ser encenado no Municipal em abril, baseado na maior festa popular da Bahia, sendo Veltchek o responsvel pela coreografia e Mrio Conde pelo cenrio, e os costumes do bailado inspirados nos desenhos de Caryb.

A msica contempornea atravs do rdio. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 19 mar. 1952. Sntese do artigo: As transformaes ocorridas nas programaes das rdios e nos ouvintes, com relao s audies de msica contempornea, mostrando melhoras sensveis, diferentemente das primeiras reaes por volta de 1943, poca do programa Msica Viva e da transmisso do melodrama Pierrot Lunaire de Arnold Schoenberg e outras do mesmo quilate. Seguem-se outros subttulos, a saber: Concurso da OSB; Amanh, o Festival Henrique Oswald; Temporada da ABC; e Trs concursos musicais para a juventude.

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Captulo II. O crtico musical

Inaugura-se a temporada sinfnica. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 20 mar. 1952. Sntese do artigo: Primeiro concerto sinfnico do ano, com a Orquestra Sinfnica do Theatro Municipal sob a direo de Edoardo de Guarnieri, em homenagem ao centenrio do nascimento de Henrique Oswald, com a apresentao dos trabalhos mais significativos do autor. Seguem-se outros subttulos, a saber: Recital de Ernst Krenek; Temporada Lrica do Municipal; e Cursos de Esttica e Cultura Musical.

Grandes transformaes na Orquestra Sinfnica Brasileira. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 21 mar. 1952. Sntese do artigo: Sobre o plano de atividades da Orquestra Sinfnica Brasileira para 1952, de acordo com o Diretor Artstico da entidade, maestro Eleazar de Carvalho. O citado plano abrange um grande quantitativo de concertos, contando com 91 regentes e 21 solistas de renome, novos instrumentistas efetivos, amparo social aos instrumentistas no contratados, renovao do repertrio, e ainda uma escola de formao de instrumentistas, com a colaborao do SESI.

Henrique Oswald e o perodo pr-natal da msica brasileira. A propsito de um centenrio. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 22-23 mar. 1952. Sntese do artigo: Refere-se s obras dos compositores Jos Maurcio, Carlos Gomes, Leopoldo Miguez e Henrique Oswald, consideradas pelo crtico como o perodo pr-natal de nossa vida prpria, de uma cultura que emana da terra, embora com influncias europeias.

A Cultura Artstica anuncia a sua temporada. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 24 mar. 1952.

Edino ressalta a presena do pianista Heitor Alimonda, realizando as primeiras gravaes de msica brasileira para divulgao em grande escala no exterior.

Sntese do artigo: Comenta sobre a participao de artistas de renome, como Harold Kreutzberg, Alfred Cortot, Ellen Joyce, Louis Kaufman, Joseph Battista, Paolo Spagnoso, Victoria de los Angeles, Leily Howell, dentre outros, na prxima temporada da citada organizao.

Recortes em revista. O que diz a crtica especializada. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 25 mar. 1952. Sntese do artigo: Sobre o panorama da crtica especializada nos peridicos cariocas, mostrando e comentando trechos de Benedito Lopes, lvaro Lins e Silva na coluna Prato do dia em O Radical, Mario Accioly na Folha Carioca e DOr no Dirio de Notcias. Como subttulo, encontramos ainda: Inicia-se dia 2 a Temporada Lrica.

Ser uma realidade o Servio de Difuso Musical do Itamarati. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 26 mar. 1952. Sntese do Artigo: Relata a presena do pianista Heitor Alimonda nos estdios sinfnicos da Rdio MEC, realizando as primeiras gravaes de msica

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

brasileira para divulgao em grande escala no exterior, contando com obras de Villa-Lobos, Frutuoso Viana, Francisco Mignone, Camargo Guarnieri, Lorenzo Fernandez, Radams Gnattali, Cludio Santoro e Guerra-Peixe. No sejamos provincianos. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 28 mar. 1952. Sntese do artigo: Analisa a proibio categrica e absurda de muitos professores, diante da determinao de seus alunos em participar dos Cursos de Frias de Terespolis, onde aproveitariam o contato com uma personalidade como Karl Ulrich Schnabel. Seria difcil encontrar-se em qualquer parte do mundo um ambiente de tal modo acanhado, retrgrado, mesquinho e prejudicial juventude como o nosso ambiente de ensino musical. Segue-se ainda como subttulo: Arnaldo Estrella na temporada prxima.

O crtico divulga os concertos das sries popular e educacional que a OSB far com o intuito de desenvolver uma campanha intensa em prol da musicalizao do povo.

Os primeiros concertos da nova OSB. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 1 abr. 1952. Sntese do artigo: Divulga os concertos das sries popular e educacional que a Orquestra Sinfnica Brasileira far com o intuito de desenvolver uma campanha intensa em prol da musicalizao do povo, criando na massa o hbito de ouvir concertos sinfnicos. Seguem-se ainda como subttulos: Concerto da Juventude; e Schnabel e Austin inauguram a srie cultural.

Inicia-se hoje a estao lrica. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 2 abr. 1952. Sntese do artigo: Apresentao da pera de Offenbach Os contos de Hoffmann sobre libreto de Lules Barbier, no Theatro Municipal, destacando os principais papis e a preparao do espetculo, a cargo de Mme. Leblanc Papin, cabendo a direo musical ao maestro Edoardo de Guarnieri. Como subttulos, encontramos: Estreia dia 5 a Temporada de Bailados; Obras do compositor Lilien; e Programa da semana.

Os que visitaro o Brasil este ano. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 4 abr. 1952. Sntese do artigo: Enumerao de alguns dos nomes mais destacados do cenrio artstico universal solistas, conjuntos, regentes que integraro as programaes da Associao Brasileira de Concertos, da Organizao Cultural Artstica e da Orquestra Sinfnica Brasileira na temporada musical que se iniciava. Incluem-se ainda como subttulos: L Amico Fritz, a prxima pera; Maestro Jean Mac Nab; e Programa da semana.

Hoje, o primeiro espetculo de bailados. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 5-6 abr. 1952. Sntese do artigo: Sobre a nova orientao que vem recebendo o Theatro Municipal, proporcionando um melhor aproveitamento de seus corpos estveis, sendo nesta data apresentado o primeiro espetculo coreogrfico da

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Captulo II. O crtico musical

temporada. Indicao do programa e dos papis principais. Como subttulo, encontramos: Segunda-feira, o harpista Zabaleta. Animadora a estreia do Corpo de Baile do Municipal. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 7 abr. 1952. Sntese do artigo: O talento e aptides revelados pelo Corpo de Baile do Theatro Municipal na apresentao do dia anterior, solicitando para o mesmo uma ateno maior do que a que tem sido dispensada at ento. Indicao do programa apresentado, destacando as melhores performances. Seguem-se notcias musicais anteriormente mencionadas.

Zabaleta inaugura os recitais do ano. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 8 abr. 1952. Sntese do artigo: Sobre o recital do harpista espanhol Nicanor Zabaleta no Theatro Municipal, na noite anterior, com indicao do programa do recital. Integram ainda o artigo os subttulos: LAmico Fritz, hoje; e Maria Henriques na Temporada Nacional. LAmico Fritz e a orientao do Municipal. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 9 abr. 1952. Sntese do artigo: Comenta o segundo espetculo operstico da temporada, com apresentao da obra de Mascagni sobre libreto de Suardin, sob a regncia do maestro Santiago Guerra, indicando ainda os principais papis e ressaltando como nico ponto positivo da apresentao o desempenho equilibrado de todos os jovens artistas lricos. Como subttulo: Recital do harpista espanhol Nicanor Zabaleta.

Em defesa de uma escola. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 15 abr. 1952. Sntese do artigo: Sobre um artigo escrito por Vasco Mariz para o Correio da Manh de 30/3, sob o ttulo Guerra-Peixe, em que Mariz esboa de incio a biografia do compositor e tece analiticamente o perfil do compositor brasileiro, aderindo tese lanada por Camargo Guarnieri em sua Carta aberta. Edino Krieger expe seu total desacordo a esta posio de Vasco Mariz, afirmando que o senso de justia e da verdade, a averso ao preconceito e s acusaes mesquinhas o levam a assumir a defesa da escola de Koellreutter. Como subttulos, encontramos: Msica e Tempo; e Amanh, Andrea Chenier, de Giordano.

Edino difunde as notcias da crtica francesa, apontando a pianista brasileira como uma das mais destacadas intrpretes de Bach.

Oflia do Nascimento em Paris. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 16 abr. 1952. Sntese do artigo: Divulga as notcias elogiosas da crtica francesa, apontando a pianista brasileira como uma das mais destacadas intrpretes de Bach na atualidade. Como subttulos, detectamos: Hoje, Andrea Chenier de Giordano; Temporada de Bailados; e Orquestra Sinfnica Brasileira.

A Msica do IV Centenrio de So Paulo. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 18 abr. 1952.

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

Sntese do artigo: Comenta a programao, que j se encontra esboada em suas linhas gerais, incluindo um grandioso programa de bal, apresentando famosas organizaes coreogrficas e diversas organizaes musicais estrangeiras, conjuntos de pera, corais, regentes e solistas de renome. Como subttulos, encontramos: Hoje, o recital de Paolo Spagnolo; Karl Ulrich Schnabel com a OSB; Orquestra Universitria; e Msica para a Juventude.

Inicia a OSB a sua temporada no Municipal. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 19-20 abr. 1952. Sntese do artigo: Anuncia o concerto de abertura da temporada, que contar com a participao do pianista austraco Karl Ulrich Schnabel, solista do Concerto em L maior de Mozart, sob a regncia de Eleazar de Carvalho. Como subttulo: Andrea Chenier em vesperal.

Notcias da temporada. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 21 abr. 1952. Sntese do artigo: Sobre as apresentaes da Associao Brasileira de Concertos, da Cultura Artstica, da Orquestra Universitria, da Temporada de bal e do programa Msica para a Juventude, e ainda, como subttulos: Segundo espetculo de bal; Kreisler oferece um Guarnerius Biblioteca de Washington; e A psicologia em face da msica palestra com a psicloga Noemi Silveira no Conservatrio Brasileiro de Msica.

Mozart, Schnabel, Carvalho e OSB. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 22 abr. 1952. Sntese do artigo: Aborda o concerto inaugural da temporada, em 19/4/52, que contou com a regncia de Eleazar de Carvalho frente da OSB, tendo como solista do Concerto em L maior para piano e orquestra, de Mozart, o pianista Karl Ulrich Schnabel, com apreciao crtica da performance do concerto. Como subttulo, temos: Amanh, La Bohme de Puccini.

Edino divulga a apresentao do violinista Louis Kaufman na programao da Cultura Artstica.

Il cimento dellarmonia e dell invenzione de Vivaldi. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 23 abr. 1952. Sntese do artigo: Sobre a apresentao do violinista Louis Kaufman na programao da Cultura Artstica, executando um grupo de 12 concertos para violino e cordas, opus VIII, obras designadas em seu conjunto pelo ttulo citado e que foram descobertas pelo violinista na biblioteca do Conservatrio Real de Bruxelas. Como subttulos, encontramos ainda: Witold Malcuzynski no Municipal; e Hoje, La Bohme de Puccini.

Fim de semana nos auditrios. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 25 abr. 1952. Sntese do artigo: Sobre os concertos nas diversas salas do Rio de Janeiro, ressaltando em especial o do violinista Louis Kaufman, uma primeira audio

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Captulo II. O crtico musical

de Vivaldi, a estreia de Richard Austin na OSB e o programa do Concerto para a Juventude. Kaufman apresenta Vivaldi no Municipal. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 28 abr. 1952. Sntese do artigo: Comenta a magnfica noitada que a Cultura Artstica proporcionou ao pblico na ltima sexta-feira, contando com a participao do violinista Louis Kaufman, que apresentou em primeira audio no Brasil Il cimento dellarmonia e dellinvenzione de Vivaldi, chamando a ateno para o fato de que concertos como este deveriam ter lugar com maior frequncia em nossas temporadas.

A elegncia e a sobriedade britnicas se impem no Municipal.


Edino Krieger

Richard Austin frente da OSB. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 29 abr. 1952. Sntese do artigo: Sobre o segundo concerto da srie cultural da Orquestra Sinfnica Brasileira, que contou com a regncia de Richard Austin, chefe de orquestras britnicas, ressaltando que a elegncia e a sobriedade britnicas se impem no Municipal. Como subttulo: Orquestra Universitria.

Cavalleria Rusticana e Pagliacci. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 30 abr. 1952. Sntese do artigo: Sobre a apresentao das peras de Mascagni e Leoncavallo no Theatro Municipal, dando prosseguimento estao operstica da Temporada Nacional de Arte, com indicao dos principais papis. Como subttulos, detectamos ainda: Notcia falsa e Estreia de Gyorgy Sandor.

La Commedia finita... Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 2 maio 1952. Sntese do artigo: Crtica da apresentao das peras Cavalleria Rusticana e I Pagliacci para um pblico que superlotou o Municipal, ressaltando que os solistas em geral no estiveram mal; o coro, todavia, teve uma atuao sofrvel. Como subttulo: Hoje, Gyorgy Sandor.

Richard Austin e os jovens compositores. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 3-4 maio 1952. Sntese do artigo: O maestro britnico, que dirige em Londres a New Era Society, encontra-se no Brasil para dirigir a Orquestra Sinfnica Brasileira e d depoimento ao articulista sobre a importncia de se reservar determinados ensaios para a leitura de obras novas, com a presena de seus autores. Como subttulos, distinguem-se ainda: Conservatrio Brasileiro de Msica; e Austin dirige a OSB no Rex.

Roteiros dos auditrios. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 5 maio 1952. Sntese do artigo: Refere-se s apresentaes do pianista hngaro Gyorgy Sandor, do pianista polons Witold Malcuzynski e da violinista inglesa Leily Howell nos espaos de concerto do Rio de Janeiro, num eterno crculo vicioso,

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

com a eterna limitao do malabarista, e a estreia, em Paris, do Choro 1951 de Camargo Guarnieri, tendo Mariuccia Iacovino como intrprete, chamando a ateno para o fato de que preciso atravessar o Atlntico para ouvir coisa nova, pois aqui as obras de compositores brasileiros passam por um estgio obrigatrio de 10 anos na gaveta. Um intrprete de Bartk no Municipal. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 6 maio 1952. Sntese do artigo: Segundo recital do pianista Gyorgy Sandor, que revelou um brilho invulgar no modo de produzir as suas sonoridades. Sem dvida, um arteso que conhece o seu ofcio, totalmente distinto do primeiro recital, onde o mesmo passou a impresso de tratar-se apenas de mais um pianista que por aqui transita, sem marcar com muito vigor a sua passagem. Como subttulos, registramos ainda: Uma obra de Monteverdi no Municipal; Henrique Gandelman nos Festivais da Rdio Nacional; e Regressa hoje Luizita da Silva.

Mrio de Andrade e o brasileirismo de Carlos Gomes. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 7 maio 1952. Sntese do artigo: Comenta a apresentao da obra O Guarany, indicando os principais papis, e o fato de o autor haver escolhido um tema literrio brasileiro para essa pera e tambm para O Escravo, o que foi apontado por Mrio de Andrade como um dos primeiros reflexos do movimento nacionalista. Como subttulos, registramos ainda: Gyorgy Sandor em Niteri; Espetculos de Bailados; e Villa-Lobos, Dvork e Bartk.

Devemos render um tributo de honra memria de Carlos Gomes.


Edino Krieger

O Guarany no Municipal. Tribuna da Imprensa , Rio de Janeiro, p. 8, 8 maio 1952. Sntese do artigo: Sobre a apresentao da pera e a capacidade de Carlos Gomes em inventar melodias de bom gosto, muitas revelando mesmo um certo peso artstico, que o tornaram a figura mais proeminente da msica sulamericana. Afirma que devemos render um tributo de honra sua memria e alerta para o fato de que, ao falarmos de genialidade, devemos faz-lo de forma cautelosa, para que o vocbulo no se perca como um puro ato de patriotismo. Como subttulos, temos ainda: Heitor Alimonda no Concerto para a Juventude; e Conservatrio Brasileiro de Msica. Prmio Carlos Gomes para obras sinfnicas. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 9 maio 1952. Sntese do artigo: Divulga o concurso institudo pela Comisso do IV Centenrio de So Paulo para escolha de um poema sinfnico, que dever ser inspirado em elementos da histria de So Paulo ou de seu desenvolvimento, indicando as normas do concurso, bem como prazos e local para inscrio. Como subttulos, integram ainda o artigo: Yell Bittencourt, solista dos Quadros de uma Exposio, no Municipal; Richard Austin e Leily Howell no concerto da OSB; e Msica para a Juventude.

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Captulo II. O crtico musical

Hoje e amanh nos auditrios. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 10-11 maio 1952. Sntese do artigo: Sobre as diversas apresentaes que tiveram lugar no final de semana, destacando-se a da violinista Leily Howell (tendo como regente Richard Austin), do pianista Heitor Alimonda, do poema sinfnico Madona de Villa-Lobos, do bailado Salamanca do Jarau de Lus Cosme e da pantomima lrica bailada Il Combattimento di Tancredi e Clorinda, de Monteverdi. Como subttulos encontramos: Amanh, vesperal do Guarany; Pianista Joseph Battista; e Gyorgy Sandor com a OSB.

A semana musical em revista. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 12 maio 1952. Sntese do artigo: As programaes do Theatro Municipal, da Pro Arte, da ABC, da Cultura Artstica, e ainda o Festival Beethoven da Orquestra Sinfnica Brasileira, com indicao dos programas dos concertos e recitais.

Malcuzynski interpreta Chopin. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 13 maio 1952. Sntese do artigo: Comenta o programa apresentado e o nvel tcnico-artstico do intrprete. Integram ainda o artigo os subttulos: Estreia de Joseph Battista; Hoje, Gyorgy e Eleazar de Carvalho; Grand Ballet du Marquis de Cuevas; e Espetculo coreogrfico.

Sandor versus Carvalho. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 14 maio 1952. Sntese do artigo: Analisa a realizao do concerto, que cercou-se de circunstncias altamente desfavorveis: o pianista Gyorgy Sandor, que atuou como solista, no teve tempo de ensaiar os dois concertos com a orquestra, em virtude do atraso com que chegou a So Paulo. Integram ainda o artigo os subttulos: Estreia de Joseph Battista; Festival Beethoven; e Salamanca do Jarau, de Lus Cosme.

Edino comenta a apresentao da obra Il Combattimento di Tancredi e Clorinda, de Monteverdi, que, segundo o crtico, viveu momentos de grande interesse musical e artstico.

Monteverdi e Lus Cosme no Municipal. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 15 maio 1952. Sntese do artigo: Apreciao crtica da apresentao da pantomima lrica bailada Il Combattimento di Tancredi e Clorinda, no Municipal, que, segundo o crtico, viveu momentos de grande interesse musical e artstico, formando um conjunto admirvel, plstica e musicalmente; e ainda da apresentao do bailado Salamanca do Jarau, de Lus Cosme. Como subttulos, detectamos ainda: A dana atravs dos povos; Amanh, estreia de Joseph Battista; e Grand Ballet du Marquis de Cuevas.

Recital do contralto Marieta Lopes de Souza. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 16 maio 1952. Sntese do artigo: Anuncia o recital da cantora medalha de ouro da Escola Nacional de Msica que realizou curso de aperfeioamento na Europa

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

no auditrio do Ministrio da Educao, com indicao do programa a ser apresentado. Como subttulos, encontramos ainda: Clube de Jazz; Associao Brasileira de Concertos; Artistas itinerantes; Pianista Joseph Battista e O Guarany, no Municipal O caso da Orquestra Sinfnica Brasileira. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 21 maio 1952. Sntese do artigo: Sobre a dispensa indiscriminada de 11 componentes da Orquestra Sinfnica Brasileira, alguns de capacidade comprovada deixando outros em condies tcnicas inferiores , com 7, 9 e 11 anos de servio, alguns fundadores da sociedade, sem mesmo estudar a possibilidade de que fossem indenizados. Como subttulos, registramos ainda: Hoje, Don Pasquale, de Donizetti; Estreantes da ABI; Malcuzynski com a OSB; e Vivaldi e o bandolim.

Todo o espetculo foi de fato uma revelao do que se pode fazer no Municipal em matria de arte autntica, de espetculos dignos de qualquer plateia europeia.
Edino Krieger

Don Pasquale no Municipal. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 22 maio 1952. Sntese do artigo: Apresentao da pera de Donizetti, que contou com as inovaes introduzidas pelo regisseur francs Bronislaw Horowicz, com cenrios de Eduardo Leoffler. Todo o espetculo foi de fato uma revelao do que se pode fazer no Municipal em matria de arte autntica, de espetculos dignos de qualquer plateia europeia. Registrem-se ainda como subttulos: Cavalleria Rusticana e I Pagliacci; Bailados em vesperal; e Hoje, estreia de Gulda.

Gulda: um mestre precoce. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 23 maio 1952. Sntese do artigo: A crtica reverencia o jovem pianista 22 anos de idade e 15 de piano , mostrando toda a sua maturidade de esprito e concepo artstica. Extremamente sensvel s diferenciaes estilsticas, dir-se-ia tornarse um novo pianista cada vez que interpreta um novo autor. Como subttulo: Monteverdi e Lus Cosme no Municipal.

Giardino e Battista com a OSB. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 26 maio 1952. Sntese do artigo: Sobre a estreia do regente francs Jean Giardino trazendo como referncias o Prmio do Disco (Frana) de 1947 e vrios cargos como diretor de orquestras , contratado pela Orquestra Sinfnica Brasileira para uma srie de concertos, e a apresentao do jovem Joseph Battista como solista do Concerto n 2 de Chopin. Edino assim se expressa: Indcios pronunciados de insegurana se verificaram, resultando de uma falta de domnio tcnico e psicolgico do regente sobre o complexo organismo orquestral. [...] O jovem Joseph Battista, sem que sua performance apresentasse qualquer atrativo de ordem tcnica ou artstica, primou, com efeito, pelo desinteresse e pela imaturidade. Registrem-se ainda os subttulos: Hoje, estreia de Kreutzberg em

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Captulo II. O crtico musical

Niteri; Mariuccia Iacovino e Arnaldo Estrella; Malcuzynski e Carvalho com a OSB; Hoje, segundo recital de Gulda; Orquestra Universitria; e Recital de Jamile Karam. Gulda, Mignone e Chopin. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 27 maio 1952. Sntese do artigo: Refere-se ao segundo recital do pianista Friedrich Gulda para a Associao Brasileira de Concertos e ao programa do recital, que inclua, dentre outras, obras de Mignone e Chopin. Da interpretao de Gulda, Edino ressalta que dificilmente se poderia conceber algo de mais convincente como musicalidade e concepo estilstica.

O crtico aborda o concerto de encerramento da Temporada de Arte no Municipal, com a apresentao das peras Il Neo, de Henrique Oswald, e Pedro Malazarte, de Camargo Guarnieri.

Oswald e Guarnieri em estreia mundial. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 28 maio 1952. Sntese do artigo: Sobre o encerramento da Temporada de Arte no Municipal, com a apresentao das peras Il Neo, de Henrique Oswald, e Pedro Malazarte, de Camargo Guarnieri, sob a direo musical segura de Nino Gaione. Edino sugere, com relao ltima, que deveria merecer uma nova encenao, aproveitando o esforo j realizado. Registrem-se ainda os subttulos: Hoje, Kreutzberg no Municipal; Gulda em recital extraordinrio; Ballet du Marquis de Cuevas; e Recital de canto e piano.

Kreutzberg: uma obra de arte. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 29 maio 1952. Sntese do artigo: Reportando-se apresentao, na noite anterior, no Municipal, do bailarino Harald Kreutzberg, Edino tece comentrios sobre a performance do bailarino, e faz a ressalva de que uma crtica tcnica de to extraordinrio artista seria tarefa para uma autoridade em assuntos de arte coreogrfica, autoridade que no se pode atribuir, via de regra, a um crtico musical. Como subttulos, registrem-se ainda: A dana atravs dos povos; e Hoje, recital de Gulda.

O Ballet comeou mal.... Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 2 jun. 1952. Sntese do artigo: Sobre a primeira apresentao da companhia francoamericana Grand Ballet du Marquis de Cuevas e a incompatibilidade entre as excelentes condies tcnicas de seus bailarinos e o nvel artstico do espetculo apresentado. Segundo Edino, a impresso deixada foi precisamente esta: um grupo de excelentes bailarinos preocupados com a perfeio tcnica de sua atuao, porm desligados de qualquer contedo atual do ponto de vista esttico. Registrem-se ainda como subttulos: Ballet da Juventude; Hoje, Orquestra Universitria; Orquestra Francisco Braga; e Amanh, recital de Gulda.

Um bailado de Katchaturian. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 3 jun. 1952. Sntese do artigo: Nessa segunda visita do Grand Ballet du Marquis de

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

Cuevas, inmeros imprevistos impediram um melhor resultado: as partituras ficaram retidas na Alfndega, e isso chegou ao conhecimento do regente William Dermott tardiamente, no lhe possibilitando um melhor preparo da orquestra. A realizao musical das partituras carecia de melhor acabamento. De qualquer acabamento, diramos mesmo. Como subttulos, detectamos ainda: Recitais; e Empresa Attlio Lamponi. Violinista Danilo Belardinelli. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 5 jun. 1952. Sntese do artigo: Sobre o recital realizado na Escola Nacional de Msica sob os auspcios da Empresa Attlio Lamponi. Segundo a crtica, o programa no oferecia qualquer atrativo aprecivel. Tecnicamente, o violinista apresentava tanto defeitos quanto qualidades. Comeando pelas ltimas, a sua sonoridade em geral agradvel, embora sem dinmica, sendo seu instrumento um guarnerius , ao que parece, responsvel pela qualidade sonora obtida. A isso opunha-se a desafinao, o fraseado medocre e intuitivo, sem articulao conveniente dos motivos e sem as cesuras indispensveis. Registrem-se ainda como subttulos: Odala de Carvalho; Hoje, Elisabetta Barbato; Audio de alunos; Conjunto orquestral; e Hoje, Vesperal de bal.

Elisabetta Barbato no Municipal. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 6 jun. 1952. Sntese do artigo: Analisa o recital da soprano, recital esse organizado por iniciativa da Empresa Lamponi. Sua voz e a maneira com que utilizada do ponto de vista estilstico pareceu-nos, realmente, um tanto igual nas diversas pginas da primeira parte, em que se registraram, a par disso, pequenos deslizes de entonao. Como subttulos, encontramos ainda: Ballet du Marquis de Cuevas; Msica para a Juventude; Temporada da Pro Arte; e Conjunto Orquestral.

Um contato com a incrivelmente rica e complexa polifonia entre 1300 e 1600 abriria os ouvidos e as ideias dos ouvintes contemporneos.
Edino Krieger

Odala de Carvalho. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 7-8 jun. 1952. Sntese do artigo: Aborda o recital da cantora na ABI, dentro da programao da Associao Artstica Mathilde Bailly, cujo mrito consiste em apresentar ao pblico novos cantores, alguns apenas sados das lides estudantis, no se tratando de recitalistas professores, mas sim de amadores e estudantes. Como subttulos, registrem-se ainda: Vesperais de Bailado e Conjunto Orquestral.

Krenek e a msica antiga. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 9 jun. 1952. Sntese do artigo: Cita um artigo de Krenek, Por que devemos conhecer melhor a msica antiga, para a Revista Intercmbio, onde o articulista afirma que: Um contato com a incrivelmente rica e complexa polifonia entre 1300 e 1600 abriria os ouvidos e as ideias dos ouvintes contemporneos nova orientao polifnica que governa tantas composies de nosso sculo. Registrem-se ainda como subttulos: Maria Luiza Anido e Gieseking e Francescatti.

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Captulo II. O crtico musical

Concertos e protestos. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 11 jun. 1952. Sntese do artigo: O articulista menciona algumas crnicas que lhe pareceram as mais interessantes dos ltimos dias. A primeira, de Eurico Nogueira Frana, no Correio da Manh, refere-se aos embaixadores musicais do Brasil no exterior; a segunda, de Antonio Bento, transcreve, no Dirio Carioca, uma carta em que o signatrio investe furiosamente contra a pera Pedro Malazarte de Camargo Guarnieri. Registrem-se ainda como subttulos: Bal no Municipal; Orquestra Universitria; e Arthur Moreira Lima.

Voltando ao Ballet. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 13 jun. 1952. Sntese do artigo: A respeito de mais um recital do Grand Ballet du Marquis de Cuevas: Sem depreciar em absoluto a destreza extraordinria dos bailarinos, no obstante as falhas de conjunto, o espetculo se transporta para um picadeiro, onde importa apenas o virtuosismo conquistado pelos bailarinos atravs de seu longo treinamento. Como subttulos, registrem-se ainda: Francescatti; Orquestra Sinfnica Brasileira; Curso de Canto Coral; Apresentao da Lrica; e Msica para a Juventude. Meia temporada em revista. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 14-15 jun. 1952. Sntese do artigo: Edino refere-se s nossas desalentadoras temporadas musicais, restando poucas coisas como acontecimentos memorveis. No domnio dos recitais, Gulda se distancia de todo o resto; no campo da pera, Pedro Malazarte de Guarnieri, que no foi repetida. Em matria de bailados, o Combattimento de Monteverdi e A Salamanca do Jarau de Lus Cosme e ainda Kreutzberg ficaram gravados. Do resto, apenas uma ou outra obra apresentada pela Orquestra Sinfnica Brasileira. Como subttulo, tem-se: Espetculo de bal.

No domnio dos recitais, Gulda se distancia de todo o resto.


Edino Krieger

Despedida de Giardino. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 16 jun. 1952. Sntese do artigo: O ltimo concerto de Jean Giardino frente da Orquestra Sinfnica Brasileira. Dificilmente se poder imaginar um Brahms sem sentido. Giardino, entretanto, conseguiu o impossvel. O resultado musical, segundo o articulista, foi dos mais precrios.

Inicia-se em agosto a lrica internacional. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 17 jun. 1952. Sntese do artigo: Sobre a programao organizada e divulgada pela Comisso Artstica e Cultural do Theatro Municipal quanto ao repertrio, regentes e solistas nacionais e internacionais para a Temporada Lrica a ser iniciada em agosto. Como subttulos, encontramos: Curso de Gieseking; Georges Boulanger; e Concurso em Varsvia.

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

Edino comenta a apresentao da Orquestra Universitria em um programa da Rdio MEC na Escola Nacional de Msica.

Orquestra Universitria. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 18 jun. 1952. Sntese do artigo: Reporta-se apresentao do conjunto na ocasio em turn artstica pelo Norte brasileiro em um programa da Rdio MEC na Escola Nacional de Msica, onde foi homenageado o seu fundador, maestro Raphael Baptista, pelos jovens regentes Adolfo Colker e Chlo Goulart e pelo compositor Henrique Gandelman. Como subttulos, temos: Hoje, bal ao ar livre; Kreutzberg em Quitandinha; e Francescatti no Rio. A lrica internacional. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 19 jun. 1952. Sntese do artigo: Comenta a presena no Brasil de toda uma companhia especializada em peras alems, com um elenco entregue direo do Teatro de Estado de Wiesbaden. Embora os nomes sejam desconhecidos, exceo talvez do regente Karl Elmendorff, o programa do grupo considerado bastante representativo e srio. Como subttulos, registrem-se ainda: Concerto da Juventude e Alfred Cortot.

Soprano Nathalie Kachouk. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 20 jun. 1952. Sntese do artigo: Apresentao da soprano Nathalie Kachouk chegada ao Brasil de Tel Aviv no Salo Lorenzo Fernandez do Conservatrio Brasileiro de Msica. Como subttulo encontramos ainda: Kreutzberg em Quitandinha.

Orquestra Sinfnica Brasileira. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 21-22 jun. 1952. Sntese do artigo: Sobre a organizao pretensiosa, porm incompatvel com as condies tcnicas e profissionais do conjunto, com realizao de concertos em outras localidades, em plena temporada, resultando em concertos populares mal-acabados, sem ensaios e com programas fraqussimos. Como subttulos registrem-se ainda: Concerto da Juventude; e Recital de Kreutzberg.

Dois concertos da OSB. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 23 jun. 1952. Sntese do artigo: Sobre a mediocridade geral com que se desenvolveu o programa, em face do estado anrquico em que se encontra esta organizao, em virtude de seu aproveitamento para fins de propaganda pessoal. A Orquestra Sinfnica Brasileira se transforma a olhos vistos num circo de cavalinhos, enquanto as suas obrigaes para com a cultura so esquecidas. Como subttulos encontramos ainda: Francescatti e Giulietta Simionato.

Panorama musical. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 25 jun. 1952. Sntese do artigo: Menciona a recente fundao da entidade Juventudes Musicais Brasileiras, filiada Federao Internacional das Juventudes Musicais, e ainda um Curso de Composio Dodecafnica realizado pela primeira vez no Brasil, alm de divulgar a Temporada Lrica Internacional. Como subttulos, detectamos ainda: Bal da juventude; e Obras de Jos Siqueira.

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Captulo II. O crtico musical

Sistema trimodal brasileiro. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 26 jun. 1952.

O importante trabalho da obra de Jos Siqueira sistematiza o emprego das escalas modais nordestinas e traa uma nova esttica modal.
Edino Krieger

Sntese do artigo: Sobre o concerto sinfnico de obras de Jos Siqueira no Salo Leopoldo Miguez da Escola Nacional de Msica, sob a regncia do autor. As obras apresentadas so baseadas no sistema citado, transformado em tese. Segundo Edino, o importante trabalho sistematiza o emprego das escalas modais nordestinas e traa uma nova esttica modal. Como subttulos, registrem-se ainda: Concerto Sinfnico; Francescatti; Msica para a Juventude; e Temas com variaes.

Atividades da SIMC. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 27 jun. 1952. Sntese do artigo: As vrias atividades da Seo Brasileira da Sociedade Internacional de Msica Contempornea e o prximo Festival a realizarse em Salzburgo, com a participao do compositor brasileiro Cludio Santoro. Registrem-se ainda como subttulos: Obras de Jos Siqueira; Recital de Sonatas; Msica para a Juventude; e Zilda Hamburger na BBC.

As prximas estreias. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 1 jul. 1952. Sntese do artigo: As prximas apresentaes da Associao Brasileira de Concertos, que contaro com o violinista Zino Francescatti e os pianistas Walter Gieseking e Alfred Cortot; a temporada camerstica da Pro Arte, com os Virtuosi di Roma, e ainda a Orquestra de Cordas Macabi, fundada e dirigida pelo maestro Henrique Nirenberg.

Juventude Musical Brasileira. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 2 jul. 1952. Sntese do artigo: Sobre a funo educativa e cultural da recm-criada organizao, filiada Federao Internacional das Juventudes Musicais, e as vrias homenagens que sero prestadas no Rio de Janeiro ao seu idealizador, o belga Marcel Cuvelier. Registrem-se ainda como subttulos: Victoria de los Angeles; Francescatti, amanh; e Festival G.E. A vida musical do norte brasileiro numa palestra com Raphael Baptista. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 3 jul. 1952. Sntese do artigo: Sobre a viagem realizada ao Norte brasileiro pelo maestro fundador e diretor da Orquestra Universitria da Casa do Estudante do Brasil, a convite da Orquestra Sinfnica do Par, trazendo-nos as impresses de seu contato com as instituies musicais do Norte e do Nordeste. Seguemse ainda como subttulos: Hoje, a estreia de Francescatti; e Guerra-Peixe e Britten na OSB.

Francescatti virtuose e musicista. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 4 jul. 1952. Sntese do artigo: Recital do violinista francs Zino Francescatti, que reuniu

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

Sobre a apresentao da Sute para cordas, de Guerra-Peixe, e das Variaes sobre um tema de Purcell, de Britten, em primeira audio, a cargo da OSB.

as qualidades de virtuose com a substncia de um verdadeiro musicista, com indicao do programa apresentado. Como subttulos, registrem-se ainda: Maestro Raphael Baptista; Alfred Cortot; Orquestra Sinfnica Brasileira; e Concerto da Juventude. Guerra-Peixe e Benjamin Britten. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 5-6 jul. 1952. Sntese do artigo: Sobre a importncia da apresentao da Sute para cordas, de Guerra-Peixe, e das Variaes sobre um tema de Purcell, de Britten, em primeira audio, a cargo da Orquestra Sinfnica Brasileira, no Theatro Municipal, sob a regncia de Eleazar de Carvalho, com comentrios alusivos aos dois compositores.

Orquestra Sinfnica Brasileira. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 8, 9 jul. 1952. Sntese do artigo: A atuao da citada orquestra no concerto do ltimo sbado, e a nova orientao esttica do jovem compositor brasileiro Guerra-Peixe, que pretendeu conciliar as conquistas recentes no terreno da expresso com os elementos do folclore nordestino, a cuja pesquisa e estudo se entrega nos ltimos anos. Registrem-se ainda como subttulos: Valdo Ballet e Cortot; e Chopin.

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Captulo II. O crtico musical

Jornal do brasil Compositores britnicos contemporneos (I). Lennox Berkeley. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 25 nov. 1956. Suplemento Dominical, p. 7. Sntese do artigo: Sobre valores novos da criao musical britnica contempornea, enfatizando que eles nem sempre so jovens recm-sados dos bancos escolares; em sua maioria, trata-se de compositores de experincia bastante longa, mas cuja projeo no plano internacional se viu retardada por algum motivo. Edino enfatiza que, embora pertencendo gerao de Britten, Lennox Berkeley s recentemente comeou a impor-se alm-fronteiras. O articulista procede a uma anlise da trajetria de Berkeley, ressaltando sua formao e principais obras.

Toda obra de Searle pretende alcanar, assim, uma sntese do estilo Liszt e da tcnica dodecafnica.
Edino Krieger

Compositores britnicos contemporneos (II). Humphrey Searle. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 2 dez. 1956. Suplemento Dominical, p. 4. Sntese do artigo: Edino esclarece que o compositor ocupou a posio de lder da escola dodecafnica na Inglaterra, mostrando que vrias de suas obras aludem influncia direta dos mestres dodecafnicos. Toda a obra de Searle pretende alcanar, assim, uma sntese do estilo de Liszt e da tcnica dodecafnica, num estranho alquimismo em que se mesclam elementos de naturezas to diversas. [...] interessante observar-se, na prtica, como Searle concilia o seu fervor pela obra de Liszt e o mtodo dodecafnico que poderia ser considerado, em muitos aspectos, como a sua prpria anttese. Edino cita ainda a Sonata para piano , estreada no Wigmore Hall de Londres, em 1951, num concerto comemorativo do 140 aniversrio do nascimento de Liszt, onde Searle realiza, segundo suas prprias palavras, uma tentativa de combinar a ideia da transformao temtica de Liszt com a tcnica dodecafnica de Schoenberg.

Compositores britnicos contemporneos (III). Michael Tippet. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 9 dez. 1956. Suplemento Dominical, p. 4. Sntese do artigo: Edino comenta que a bagagem de Tippet pouco numerosa, valendo citar como obras representativas: uma sinfonia, trs quartetos de cordas, o oratrio A Child of our Time e a pera Midsummer Marriage.

Compositores britnicos contemporneos (III) [sic]. Benjamin Britten. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 16 dez. 1956. Suplemento Dominical, p. 4. Sntese do artigo: Sobre a trajetria e a obra do compositor, ressaltando a criao operstica, focalizando ainda a fundao do Grupo de pera Inglesa, criado com o propsito de rever as peras dos velhos mestres ingleses e de estimular a criao de novas.

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

Compositores britnicos contemporneos (IV). [sic]. William Walton. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 30 dez. 1956. Suplemento Dominical, p. 4. Sntese do artigo: William Walton um dos compositores contemporneos que se podem apontar como exceo: suas obras executadas regularmente, gravadas e editadas, constituem praticamente a totalidade da sua produo, alis de propores reduzidas [...]. No obstante pequena, a obra de Walton se apresenta dividida estilisticamente em fases muito mais ntidas do que a de outros compositores mais prolferos.

Ralph Vaughan Williams representa para a msica britnica o que Smetana representa para os tchecos, Grieg para os noruegueses ou Villa-Lobos para ns.
Edino Krieger

Compositores britnicos contemporneos (VI) Vaughan Williams. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 20 jan. 1957. Sntese do artigo: Segundo o articulista, Ralph Vaughan Williams representa para a msica britnica o que Smetana representa para os tchecos, Grieg para os noruegueses ou Villa-Lobos para ns: seu nome e sua obra so uma espcie de bandeira, smbolos de uma poca e de um ideal. Edino aborda a formao do compositor doutor em msica em Cambridge , seu envolvimento com o folclore de seu pas, como pesquisador e compositor, bem como tece consideraes sobre as suas obras mais representativas.

Ponto Contra Ponto (I). Camargo Guarnieri. Meio sculo e o meio musical brasileiro. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 10 fev. 1957. Suplemento Dominical, p. 10. Sntese do artigo: Camargo Guarnieri completou meio sculo no dia 1. Feito heroico no Brasil, um compositor sobreviver 50 anos, o mais natural seria ou morrer de fome, ou desistir da msica, para subsistir. Edino ressalta que Camargo Guarnieri resistiu, e que em sua obra se podem traar as trs dimenses essenciais dos mestres estatura, continuidade e profundidade , situando-se com deciso no tempo e no espao, aproveitando as melhores experincias do esprito criador contemporneo, imprimindo-lhes o contedo novo, fornecido pela alma coletiva de seu prprio meio. Guarnieri, entrevistado por Edino, diz numa de suas falas que o Brasil um pas onde a mediocridade prolifera como a tiririca, fazendo aluso s crticas que Santoro vinha recebendo pela escolha dos compositores que integrariam os 10 discos de msica erudita brasileira do Itamaraty. Guarnieri sentencia que em vez de tristeza, deveriam fazer uma fogueira e destruir todos os vestgios de sua prpria burrice, de sua falta de talento e de sua incompetncia. Junto, deveriam queimar tambm os diplomas, a mais ferina das armas da mediocridade (referindo-se aos compositores no escolhidos).

Ponto Contra Ponto (II). Cludio Santoro (10 Long Plays) e a difuso da Msica Brasileira. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 17 fev. 1957. Suplemento Dominical, p. 10. Nota: Este artigo apresentado na ntegra no Anexo 1.

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Captulo II. O crtico musical

Academia Lorenzo Fernandez. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 31 mar. 1957. Suplemento Dominical, p. 10. Sntese do artigo: O articulista abre espao professora Helena Lorenzo Fernandez, fundadora e diretora da supracitada academia, para divulgar as realizaes, experincias, novos cursos e planos para o ano em curso, a exemplo do que ocorrera em semanas anteriores com outras entidades congneres, a Pro Arte e a Academia Plnio Senna.

Um Singspiel brasileiro. O Primo da Califrnia. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 14 abr. 1957. Suplemento Dominical. Sntese do artigo: Trata-se de uma pera cmica, cuja estreia foi noticiada no Dirio do Rio de Janeiro, onde constava: A 12 de abril de 1855 no Theatro Gimnasio Dramtico Sala de So Francisco a estreia da pera cmica em 2 actos pelo sr. Dr. Joaquim Manoel de Macedo, msica do sr. Demetrio Rivero, intitulada O Primo da Califrnia. Edino informa que a pera seria encenada com msica escrita por Geni Marcondes. Nota: Na pesquisa por ns realizada no setor de microfilmes da Biblioteca Nacional, verificamos que todo o Suplemento Dominical est sem paginao. Verificamos, ainda, no setor de pesquisa do Jornal do Brasil, que, pelo fato de o caderno ser maior do que o fotograma, tiveram provavelmente de cortar as margens superiores e inferiores.

Edino parte da formulao histrica de que o cromatismo evidenciado a partir de Wagner pudesse levar, por meio de Strauss, Schoenberg, Webern e Haba, ruptura da linguagem musical.

Contribuio polmica do Concretismo (II). Significao histrica da msica concreta. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 28 abr. 1957. Suplemento Dominical, p. 10. Sntese do artigo: O crtico parte da formulao histrica de que o cromatismo acentuado evidenciado a partir de Wagner pudesse levar, por meio de Strauss, Schoenberg, Webern e Haba, ruptura da linguagem musical tradicional abrindo o caminho para a msica concreta. Enfatizando no haver sido esse o nico caminho, passando por Hindemith, Bartk, Shostakowitch, Khatchaturian e Villa-Lobos, aborda a criao musical e sua insero dentro da corrente restauradora da msica, independente de cada cultura nacional. Termina afirmando que de modo algum, como se pretende, a msica concreta substituir a msica em seu conceito tradicional.

Villa-Lobos, patriarca da msica brasileira. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 28 jul. 1957. Suplemento Dominical. Sntese do artigo: Um tributo a Villa-Lobos, mostrando o sentido de universalidade que emerge claramente de sua obra, em que se refletem os mais variados elementos tnicos, estticos, de nossa cultura musical, revelando-se um autntico patriarca, condio que lhe conferida por sua situao histrica e pelo sentido de sua obra, e que nem mesmo outros gnios lhe poderiam arrebatar.

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

Os Festivais de Edinburgo e Cheltenham em 1957. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 4 ago. 1957. Suplemento Dominical. Sntese do artigo: Sobre o Festival realizado na Esccia de 18 de agosto a 7 de setembro de 57 o XI Festival Internacional de Edinburgo. No obstante incluir exibies de pinturas e espetculos teatrais, o Festival de Edinburgo essencialmente um festival de msica, incluindo concertos sinfnicos, de msica de cmara, pera e bailado. Oferece ainda a sua rica tradio folclrica, suas danas, seus tocadores de gaitas, festivais de filmes e outras artes, que so em geral realizados simultaneamente. Edino resume todas as atividades que foram colocadas disposio dos visitantes, que acorriam de todas as partes do mundo.

Intervalo do I Concurso Internacional de Piano: Lili Kraus: Msica, experincia vital Henrik Sztompka: A frase musical de Chopin. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 11 ago. 1957. Suplemento Dominical. Sntese do artigo: Sobre um dos mais importantes acontecimentos musicais da temporada o Concurso Internacional de Piano , incluindo depoimentos de Lili Kraus e Henrik Sztompka, tomados no intervalo das provas. De partida para a Europa. Jacques Klein: Seidlhofer, Itinenrio na Europa, Concurso de Piano. Jornal do Brasil , Rio de Janeiro, 18 ago. 1957. Suplemento Dominical. Sntese do artigo: Sobre a trajetria de Jacques Klein, ganhador por unanimidade do Concurso de Genve em 1953 tal e qual ocorrera com Gulda em sua poca , abordando ainda seu trabalho como discpulo de Seidlhofer.

Uma estreia Radiofnica. The Turn of the Screw, de Benjamin Britte (sic.). Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 1 set. 1957. Suplemento Dominical. Sntese do artigo: Apresentao pela Rdio MEC, em 1 audio radiofnica, da pera citada de Britten, em uma gravao do Grupo de pera Inglesa, levada cena pela primeira vez na Bienal de Veneza, em 1954. O artigo trata do libreto da pera e da msica propriamente dita.

Considero sobretudo o canto como alfa e mega da msica. Quem no capaz de cantar no poder tocar satisfatoriamente.
Hans Sittner
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Hans Sittner: O canto e o piano na formao musical. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 8 set. 1957. Suplemento Dominical. Sntese do artigo: Edino informa que foi no perodo de crise, ao trmino da guerra, que se iniciou a reorganizao da Academia de Msica de Viena, entregue a tarefa ao Dr. Hans Sittner, pianista e compositor, convidado para integrar o jri do I Concurso Internacional de Piano do Rio de Janeiro. O Dr. Sittner declara: Considero sobretudo o canto como alfa e mega da msica. Quem no capaz de cantar no poder tocar satisfatoriamente. Grande parte das deficincias de intrpretes inclusive regentes se deve falta de contato com o canto, incapacidade de produzir msica com o

Captulo II. O crtico musical

instrumento de que o prprio organismo humano dotado. Edino ressalta que o Dr. Sittner deu grande nfase ao estudo do canto na Academia, tornando-o obrigatrio at para os bailarinos. O MEC e a msica de cmara. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 22 set. 1957. Suplemento Dominical. Sntese do artigo: Sobre a iniciativa louvvel do MEC de manter alguns conjuntos camersticos estveis, como o Quarteto do Rio de Janeiro, o Quarteto de Cordas da Rdio MEC e a Orquestra de Cmara da emissora oficial. Edino destaca a importncia do amparo efetivo nossa vida musical, iniciado com a subveno destinada Orquestra Sinfnica Brasileira pelo referido rgo, que agora o estende tambm msica de cmara. Msica brasileira na Argentina. Quatro compositores mineiros do sculo XVIII. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 13 out. 1957. Suplemento Dominical, p. 1. Sntese do artigo: Concerto realizado no salo nobre da Faculdade de Direito e Cincias Sociais de Buenos Aires no dia 1/10/57, sobre Msica Sacra da Escola de Compositores de Minas Gerais (sculo XVIII), promovido pelo eminente musiclogo Dr. Francisco Curt Lange, pesquisador fecundo a quem a musicologia brasileira deve toda uma srie de importantes trabalhos. O concerto foi patrocinado pela Embaixada do Brasil e transmitido em cadeia pela Rdio MEC e pela Rdio Nacional de Buenos Aires. Uma comdia musical. Guerras do Alecrim e da Manjerona. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 3 nov. 1957. Suplemento Dominical, p. 7. Sntese do artigo: Edino tece comentrios sobre o singspiel, a comdia dellarte, mostrando como estava ganhando espao no meio musical, desde dois anos atrs, quando o Tablado apresentou a comdia musical de Macedo, O macaco da vizinha, e mais recentemente, sob os auspcios da Sociedade de Arte, outra pea de Macedo: O primo da Califrnia. A seguir, fala sobre a temporada do Teatro Nacional de Comdia, com Guerras do Alecrim e da Manjerona, de Antonio Jos da Silva, o judeu, sob a direo de Gianni Rato. Trata-se de uma deliciosa farsa, maneira da pera buffa setecentista. Coube a Geni Marcondes a autoria das partituras musicais desta pea e das anteriormente citadas. Edino exalta ainda as qualidades de Geni Marcondes, que conferiu partitura o clima de leveza rococ, a atmosfera exata capaz de formar uma unidade com o texto, aliadas excelente orquestrao de Esther Scliar.

Dezessete anos antes da 1a Bienal de 1975, Edino sugere que o Ministrio da Educao e Cultura promova a realizao de Festivais Bienais de Msica Brasileira.

Festival Bienal de msica brasileira. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, p. 6, 5 jan. 1958. Sntese do artigo: Edino 17 anos antes da 1 Bienal de 1975 sugere que o Ministrio da Educao e Cultura promova a realizao de Festivais Bienais de Msica Brasileira, incluindo msica sinfnica, para orquestra de cmara, quartetos, peras, bailados, msica coral, canes e msica para instrumento solista, salientando a existncia dos diversos conjuntos estveis de que j

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

dispe a Rdio MEC, o Theatro Municipal e, ainda, a Associao de Canto Coral. O articulista chama a ateno para o momento excepcionalmente favorvel, em virtude da condio de simpatizante da msica que se confirma no ministro Clvis Salgado. Lus Cosme faz 50 anos. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 9 mar. 1958. Suplemento Dominical, p. 1. Sntese do artigo: O articulista aborda o meio sculo de existncia de Lus Cosme transcorrido sem comemoraes especiais, focalizando a produo do compositor, que se encontra cindida cronolgica e esteticamente em dois perodos distintos, o primeiro de feio nacionalista e o segundo, aberto compreenso de todos os experimentos novos, com utilizao do processo de compor com 12 sons. Enfatiza, ainda, a importante obra do compositor como musiclogo e divulgador da boa msica atravs do rdio, desenvolvida entre as duas fases criadoras anteriores, num perodo de inatividade como compositor em consequncia de sade precria. Msica, uma corrida no tempo. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 11 set. 1966. Caderno B, p. 1. Sntese do artigo: Refere-se semana de msica de vanguarda realizada na Sala Ceclia Meireles e ainda enciclopdia A Lexicon of Music Invenctive, elaborada pelo musiclogo norte-americano Nicholas Slonimsky. OSB, Fernando Lopes e Tortelier. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 3 maio 1967. Suplemento Dominical, p. 2. Sntese do artigo: Sobre o concerto do ltimo sbado na Sala Ceclia Meireles, assinalando que a Orquestra Sinfnica Brasileira, sob a direo de Karabtchevsky, rememorou os velhos tempos, dando a certeza de um futuro brilhante, apresentando um dos seus melhores programas da temporada. Mignone, Siqueira e Gnattali. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 4 maio 1967. Suplemento Dominical, p. 2. Sntese do artigo: Sobre o programa inaugural da nova srie que a Sala Ceclia Meireles dedicou naquele ano msica moderna do Brasil, que incluiu a Segunda Sonatina para 2 fagotes, de Mignone, na interpretao dos fagotistas Noel Devos e Airton Barbosa, a Cantata a Manuel Bandeira, de Jos Siqueira, na interpretao de Alice Ribeiro e do Quarteto de Cordas da antiga Escola Nacional de Msica, e a Cantata Maria Jesus dos Anjos, de Radams Gnattali, sobre textos de Boror com narrao de Milton Gonalves, o piano de Murilo Santos, a percusso dirigida por Luciano Perrone, o coro preparado por Santiago Guerra e a Orquestra do Theatro Municipal sob a regncia de Mrio Tavares. A msica nos 10 anos do ICBA. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 5 maio 1967. Caderno B, p. 2.

Orquestra Sinfnica Brasileira, sob a direo de Karabtchevsky, rememorou os velhos tempos, dando a certeza de um futuro brilhante.
Edino Krieger

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Captulo II. O crtico musical

Sntese do artigo: Edino ressalta a msica como atividade essencial nas programaes do Instituto Cultural Brasil-Alemanha, que transcende de sua condio de representante do Goethe-Institut de Munique para transformar-se num ativo centro de difuso cultural, onde a msica, a poesia, o drama, as artes plsticas, a literatura e o cinema formam um valioso complemento extracurricular para os estudantes e um motivo permanente de interesse para o pblico em geral, ressaltando a figura de seu dinmico diretor, Willy Keller o mais carioca dos alemes integrados na paisagem humana da cidade , como responsvel direto. Chama a ateno para o alto nvel das programaes, com presena predominante de msica representativa do repertrio universal antigo e contemporneo e contando com intrpretes e conjuntos de alto nvel, que o articulista nomeia. Eduardo Abreu e os solistas do Rio. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 28 maio 1967. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: O articulista aborda o programa do recital do jovem violonista Eduardo Abreu a imagem viva de um Segvia juvenil, na Sala Ceclia Meireles, antes de viajar a Paris para representar o Brasil no Concurso Internacional de Guitarra promovido pela RTF. Edino ressalta que a compreenso do msico no provm de sua compreenso morfolgica da construo musical, mas sim de um sentir profundo, de um instinto ancestral que no se forja, apenas . O artigo aborda a estreia mundial da obra Monotonia e Movimento de Radams Gnattali pelo conjunto Solistas do Rio no Theatro Municipal, bem como divulga as principais atividades musicais da semana, com nfase no recital de Nelson Freire na ABC Pro Arte. Santoro, Mignone e Guarnieri em primeira audio. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 30 maio 1967. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Destaca a iniciativa de Ayres de Andrade em colocar nas primeiras audies da srie intitulada Msica Brasileira Contempornea, sob os auspcios da Sala Ceclia Meireles, os trs maiores nomes da msica brasileira Santoro, Mignone e Guarnieri. Programa de excepcional qualidade, quer pelos compositores, quer pelos conjuntos e msicos do melhor calibre. Nelson Freire. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 6 jun. 1967. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: sempre grato saudar com entusiasmo um talento que se realiza. Sobretudo quando esse talento rene tantas e to raras qualidades como as que se somam no comportamento artstico de Nelson Freire. No apenas a identificao completa com o seu instrumento, nem apenas a conquista de um domnio tcnico adquirido pelo treinamento exaustivo, nem ainda a pura manifestao de um sopro inato de musicalidade generosa; a soma, a multiplicao de todos esses fatores, reunidos harmonicamente numa unidade perfeita. Edino aborda ainda o programa do recital. O milagre Tortelier. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 9 ago. 1968. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: A crtica versa sobre o fato considerado por Edino como dois

Sobre Nelson Freire: no apenas a identificao completa com o seu instrumento, nem apenas a conquista de um domnio tcnico, nem a pura manifestao de musicalidade; a soma, a multiplicao de todos esses fatores.
Edino Krieger

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

milagres: o primeiro, de Ayres de Andrade levar um pblico numerosssimo Sala Ceclia Meireles; o segundo, Tortelier ter premiado esse pblico com uma das experincias musicais mais intensas e profundas de que tero lembrana os ouvintes privilegiados. O assombro dos ouvidos quase incrdulos continuou no segundo concerto, cuja primeira parte, constituda de trs Sonatas para viola da gamba e cravo, teve a participao excepcional de Arnaldo Estrella, que se integrou perfeitamente no mistrio do milagre. Stern e a nova OSB. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 11-12 ago. 1968. Caderno B, p. 8. Sntese do artigo: O artigo versa sobre o concerto da OSB com a presena de novos instrumentistas contratados pela orquestra na Tcheco-Eslovquia , contando com a participao do violinista Isaac Stern, sob a regncia de Eleazar de Carvalho, incluindo no programa do concerto a Sinfonia em Sol menor, de Alberto Nepomuceno, o Concerto em Sol maior, de Mozart, e o Concerto em R maior, de Brahms. A grande atuao do programa da OSB, responsvel pela presena de um pblico to entusiamado quanto numeroso, que voltou a superlotar o Municipal como nos melhores tempos da OSB, foi o violinista Isaac Stern, que atuou como solista em dois concertos. Municipal ovaciona primeira-dama do canto. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, p. 10, 13 ago. 1968. Sntese do artigo: O artigo aborda a apresentao, no Theatro Municipal, da cantora Elizabeth Schwartzkopf acompanhada pelo pianista Geoffrey Parson, num dilogo genial, onde tcnica e musicalidade fora do comum foram a tnica. Edino ressalta os prodgios da tcnica mais perfeita, do domnio do instrumento e da musicalidade mais generosa que desfilaram por todo o programa, transportando o pblico de um xtase a outro. A divina paixo de Richter. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, p. 10, 24 ago. 1968. Sntese do artigo: A crtica versa sobre a apresentao da Paixo segundo So Joo, de Bach, na Sala Ceclia Meireles, com a Associao de Canto Coral que soma, com sua excelente atuao [...], mais um servio relevante prestado msica e a Orquestra do Theatro Municipal e a mesma transfigurao que operou no coro, obteve tambm da Orquestra [...], que nunca soou to homognea , sob a regncia de Karl Richter. O articulista ressaltou que a realizao da Paixo no teria atingido o nvel superlativo sem a participao do excelente grupo de solistas Johnvan Kestern, Norma Lerer, Ernest Gerold Schramm, Peter Lagger e Maria Stader , que contriburam para que a Paixo se confirmasse como o acontecimento mximo do Ciclo Bach. A nova linguagem do Deutscher Jazz 68. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 4 set. 1968. Caderno B, p. 2.

A cantora Elizabeth Schwartzkopf acompanhada pelo pianista Geoffrey Parson, num dilogo genial, onde tcnica e musicalidade fora do comum foram a tnica.
Edino Krieger

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Captulo II. O crtico musical

Sntese do artigo: O artigo versa sobre o surgimento do jazz, de incio visto como expresso musical da cultura americana, constituindo-se posteriormente numa arte universal por seu alto valor musical intrnseco. J no so os americanos a receber a influncia musical de Wagner, registrada nas obras de MacDowell e seus contemporneos: so os alemes do Deutscher Jazz 1968 que nos trazem hoje a quintessncia de uma arte nascida do canto rouco dos negros de Nova Orleans, e que adquiriu dimenses universais, tal como as frmulas do barroco italiano ou os princpios da polifonia flamenga. O articulista chama a ateno que dentro dessa perspectiva que devem ser compreendidas a linguagem e o estilo do Deutscher Jazz 1968, formado por Manfred Schoof, Ack Rooyen, Rudi Fuesers, Albert Mangelsdorff, Rolf Kuehn, Gerd Dudek, Hainz Sauer, Emil Mangelsdorff, Wolfgang Dauner, Guenter Lenz, Ralf Huebner e Willi Johanns e que foi apresentado na ltima sexta-feira na Sala Ceclia Meireles, num concerto promovido pelo Instituto Brasil-Alemanha. Edino ressalta ainda a qualidade musical resultado de um grupo de instrumentistas excepcionais e o vanguardismo da apresentao, que teve como resultado uma singular simbiose; a da msica mais regional e primitiva com os processos e concepes mais avanados da msica contempornea, produzindo uma nova compreenso do som como linguagem. A arte da Fuga. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 5 ago. 1969. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Crtica sobre o segundo programa do III Ciclo Bach na Sala Ceclia Meireles, com o Quarteto Dornbusch, evento ocorrido com o patrocnio do Instituto Cultural Brasil-Alemanha, com comentrios sobre a obra de Bach. Detmolderblaserkreis: a outra face de Mozart. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 12 ago. 1969. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre a estreia do Conjunto de Sopros Detmold, dirigido por Jost Michaels (clarinete), na ltima sexta-feira, na Sala Ceclia Meireles, patrocinado pelo Instituto Goethe de Munique atravs do Instituto Cultural Brasil-Alemanha. Panorama da Msica. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 13 ago. 1969. Caderno B, p. 3. Sntese do artigo: Sob o ttulo Panorama das letras, das artes, da msica e do teatro, cada crtico especializado assina uma parte, com indicao apenas das iniciais de seus nomes. Edino Krieger, aqui identificado como EK, discorre sobre notcias esparsas da rea de msica. Turbio Santos. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 22 ago. 1969. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Aborda a guitarra espanhola aclimatada no Brasil e nacionalizada com o nome de violo e sua importante participao na msica brasileira, como introduo crtica sobre o concerto que superlotou

O jovem maranhense Turbio Santos rene trs qualidades raras: aplicao, talento e seriedade.
Edino Krieger

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

a Sala Ceclia Meireles. Sobre o surgimento do violonista, Edino assim se expressa: O jovem maranhense Turbio Santos, que rene trs qualidades raras, como a aplicao, o talento e a seriedade, representa hoje a primeira evidncia de uma fatalidade histrica [...], mas no bastaria a fatalidade histrica para que Turbio Santos se tornasse esse cosmonauta do violo. Grande entusiasmo na estreia do San Carlo. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, p.10, 30 ago. 1969. Sntese do artigo: Apreciao crtica da estreia, na noite anterior, s 21h05, no Municipal. A semana musical. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 31 ago. - 1 set. 1969. Caderno B, p. 6. Sntese do artigo: Divulga todos os acontecimentos musicais da semana, em todas as salas de concerto, com suas programaes e designao das obras e intrpretes, incluindo as comemoraes da Semana da Ptria. A semana musical. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 7-8 set. 1969. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre as notcias da semana, os ltimos eventos da Semana da Ptria e incio dos concertos que o Jornal do Brasil promover com a Pr-Juvenis da Orquestra Sinfnica Brasileira. Aborda ainda o I Concurso Internacional de Piano da Guanabara e o Festival Internacional de Msica. Msica na semana. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 2-3 maio 1971. Caderno B, p. 14. Sntese do artigo: O artigo d destaque aos dois concertos do Conjunto Msica Nova dirigido por Ernst Huber-Contwig da Universidade Federal da Bahia, no Museu de Arte Moderna, passando pelo roteiro da semana musical, a saber: Concertos para a Juventude da Rdio MEC, com a Orquestra Sinfnica Nacional sob a regncia de Mrio Tavares, tendo como solista Las de Souza Brasil; Coral da Universidade Gama Filho sob a regncia de Abelardo Magalhes; Pianistas Benedito Sousa Lima e Thomas Mc Intosh; Conjunto Roberto de Regina; e Ciclo Msica Nova da Orquestra Sinfnica Brasileira sob a regncia de Karabtchevsky e Koellreutter, contando com a participao de Margarita Koellreutter como solista. Msica na semana. Contraste e variedade. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 17 maio 1971. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Roteiro musical da semana, ressaltando a volta do Trio Play Bach ao Municipal, e do conjunto Ars Barroca Sala Ceclia Meireles, os dois ltimos concertos do ciclo Msica Viva da Orquestra Sinfnica Brasileira e a estreia do bal do Senegal. Msica. Notas e pausas. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 19 maio 1971. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre o sucesso de dois programas camersticos da semana:

O crtico d destaque aos dois concertos do Conjunto Msica Nova dirigido por Ernst Huber-Contwig da Universidade Federal da Bahia, no Museu de Arte Moderna.

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Captulo II. O crtico musical

a apresentao do Ars Barroca e do Quarteto da Guanabara; a participao do regente Simon Blech junto Orquestra Sinfnica Nacional, e ainda o V Festival Interamericano de Msica de Washington. A msica na semana. A estreia de Romeu e Julieta. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 24 maio 1971. Sntese do artigo: Aborda mais detidamente a primeira audio no Brasil, sexta-feira, s 21 horas, no Theatro Municipal, da sinfonia dramtica Romeu e Julieta de Berlioz, sob a orientao de Eleazar de Carvalho, apontando dados sobre os motivos que levaram Berlioz concepo da pea. Fornece ainda o roteiro musical da semana. Ars Barroca Msica Viva. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 26 maio 1971. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre o concerto na Sala Ceclia Meireles do conjunto Ars Barroca, promovido pelo Instituto Cultural Brasil-Alemanha, e o ciclo Msica Viva da Orquestra Sinfnica Brasileira, tendo como principais agentes desta integrao Oriente e Ocidente o compositor, regente e pedagogo H. J. Koellreutter, os instrumentalistas indianos Imrat e Latif Khan e o compositor japons Makoto Moroi. Romeu e Julieta. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 1 jun. 1971. Caderno B, p. 2.

Cussy de Almeida, Clvis Pereira, Jarbas Maciel, Capiba e Guerra-Peixe conseguiram transportar, com um mximo de pureza musical e autenticidade, as caractersticas essenciais das rabecas e dos pfanos para o conjunto barroco.
Edino Krieger

Sntese do artigo: A estreia do Romeu e Julieta, de Berlioz, sob a regncia de Eleazar de Carvalho, tendo como solistas Maria Lcia Godoy, Constante Moret e Zuinglio Faustini. Solistas, coro, orquestra e regente mereceram amplamente os prolongados aplausos que premiaram o seu esforo conjunto. Orquestra do Concertgebouw. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 2 jun. 1971. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre a Nona Sinfonia de Mahler no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, pela orquestra do Concertgebouw de Amsterd, que apresentou ainda a Abertura Trgica, de Brahms, e a Sinfonia para Instrumentos de Sopro, de Stravinsky. Orquestra Armorial. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 4 jun. 1971. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Comenta o importante trabalho realizado pela Orquestra Armorial do Recife. Sem pretender apontar solues nem caminhos definitivos, Cussy de Almeida, Clvis Pereira, Jarbas Maciel, Capiba e Guerra-Peixe conseguiram transportar, com um mximo de pureza musical e autenticidade, as caractersticas essenciais das rabecas e dos pfanos para o conjunto barroco de 2 flautas, cordas e bateria. La Bohme. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 28 ago. 1972. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: A encenao da pera La Bohme, de Puccini, na semana anterior, contando com elementos humanos de primeira qualidade como 169

EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

Nlson Portella, Ruth Staerke, Maria Helena Buzelin. Menciona ainda o concerto de Claudio Arrau. Filarmnica de Israel: o sublime exerccio da msica. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 5 set. 1972. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Refere-se ao concerto que inaugurou a primeira turn latinoamericana da Orquestra Filarmnica de Israel, sob a orientao de Zubin Mehta, que antes das obras programadas tocou os Hinos Nacionais do Brasil e de Israel. Mais do que uma formalidade, foi uma experincia de musicalidade. A resposta do pblico. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 20 set. 1972. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Mencionando o pblico sempre fiel que vinha lotando as salas de concerto e espaos ao ar livre, como os espetculos de pera no Municipal, os Concertos de Msica Nova do Instituto Cultural Brasil-Alemanha na Escola de Msica, a srie especial da Orquestra Sinfnica Nacional no Municipal, os Concertos para a Juventude, os Concertos Populares ao ar livre, comenta o atual afastamento desse mesmo pblico das salas de concerto, chamando a ateno para o fato de que alguma coisa de errado deve estar acontecendo. Arthur Moreira Lima. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 21 set. 1972. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre o recital de despedida da Temporada Carioca, que lotou o Municipal na segunda-feira.

Edino chama a ateno para o alto servio cultural prestado pelo Quarteto da Guanabara, formado por Arnaldo Estrella, Mariuccia Iacovino, Iber Gomes Grosso e Frederick Stephany, comunidade.

Brahms na OSB. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 26 set. 1972. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Noticia o concerto de sbado tarde da Orquestra Sinfnica Brasileira no Municipal, interpretando Brahms, sob a regncia de Peter Eros, tendo Jacques Klein como solista do Concerto n 2. Nona Sinfonia. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 3 out. 1972. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Apreciao do concerto de sbado tarde no Municipal, que contou com a participao da Orquestra Sinfnica Brasileira e da Associao de Canto Coral, sob a regncia de Karabtchevsky, com o quarteto solista composto por Erich Wenk (baixo-bartono), Peter Wetzler (tenor), Heather Harper (soprano) e Hildegard Laurich (contralto). Quarteto da Guanabara. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 6 out. 1972. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre o concerto de tera-feira, que lotou o foyer do Theatro Municipal, chamando a ateno para o alto servio cultural prestado pelo Quarteto da Guanabara, formado por Arnaldo Estrella, Mariuccia Iacovino, Iber Gomes Grosso e Frederick Stephany, comunidade. O artigo aborda ainda, sob o subttulo Um espetculo deprimente, a apresentao de quartafeira no Theatro Municipal das peras Cavalleria Rusticana e I Pagliacci.

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Captulo II. O crtico musical

A Sonata n1 para piano, de Camargo Guarnieri, um desses monumentos definitivos da nossa cultura.
Edino Krieger

Quarteto Endres som e expresso da msica contempornea. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 15 ago. 1973. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre o concerto de sbado tarde, promovido pelo Instituto Cultural Brasil-Alemanha na Escola de Msica da UFRJ, contando com a participao do Quarteto Endres, formado pelos violinos de Heinz Endres e Joseph Rottenfusser, o violoncelo de Adolph Schmidt e a viola de Rolando Matzger, incluindo obras de Hindemith, Almeida Prado, Webern e Stravinsky. A propsito de uma estreia. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 6 set. 1973. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Estreia carioca da Sonata n 1 para piano, de Camargo Guarnieri, na ltima segunda-feira, na Sala Ceclia Meireles, tendo como intrprete Las de Souza Brasil. Slida, em sua estrutura de concreto e ferro, como uma catedral de Lucio Costa, mas to brasileira em seu contedo quanto um mural de Portinari, a Sonata de Camargo Guarnieri um desses monumentos definitivos da nossa cultura. Edino chama a ateno para a falta de uma poltica cultural que ampare e incentive a criao musical, clamando pela formao de um Instituto Nacional de Msica, pois as obras de vrios grandes nomes permanecem, em sua grande maioria, sob a forma de manuscritos, no tendo sequer gravao fonomecnica e edio. Vive-se na pr-histria da comunicao. Obrigado, Maestro Massarani. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 23 dez. 1973. Caderno B, p. 10. Sntese do artigo: Registra o desaparecimento do citado msico, nascido em 26/3/1898. Edino aborda os 22 anos de atuao digna, competente e relevante do maestro, compositor e crtico musical Renzo Massarani. Nada passou pelos caminhos da msica que no tivesse registro nas crnicas de R.M., que foi ainda ocupante da cadeira n 18 da Academia Brasileira de Msica. Diversificao, a marca da temporada. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 29 dez. 1973. Caderno B, p. 5. Sntese do artigo: Sobre a diversificao e descentralizao que marcaram a atividade musical da temporada carioca de 73. A fraca programao das duas principais salas de espetculos Sala Ceclia Meireles e Theatro Municipal facilitou o interesse do pblico em voltar-se para outros espaos. Essa valorizao dos pequenos auditrios trouxe como consequncia natural um incremento da msica de cmara. Conjuntos das mais diversas formaes foram presenas constantes, e tambm o bal teve destaque o Royal Ballet de Londres, o London Contemporary Ballet Theatre, o Ballet Batdor de Israel, o Ballet Folclrico do Senegal, o Corpo de Baile do Theatro Municipal e o Ballet Stagium de So Paulo. Edino abordou ainda a pera, as orquestras com todos os regentes e solistas, mais a Srie Msica Nova do Instituto Cultural Brasil-Alemanha, abarcando todas as realizaes artsticas.

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

Guerra-Peixe. O balano musical dos 60. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 10 maio 1974. Caderno B, p. 10. Sntese do artigo: O artigo de pgina inteira aborda a trajetria do supracitado compositor petropolitano nascido a 18 de maro de 1914 desde suas primeiras experincias musicais sob a tutela de seu pai, passando por experincias musicais em conjunto de choro, pianista de cinema mudo, msico da Taberna da Glria, arranjador, pesquisador, at a publicao de seu catlogo de obras, publicado no volume 16 de Compositores de Amrica, editado pela OEA. Aborda o impacto que o livro Ensaio sobre a msica brasileira de Mrio de Andrade causou em Guerra-Peixe (Eu nem sabia que existia uma tal de msica brasileira) e suas incurses no campo da pesquisa folclrica em Pernambuco, por ocasio do trabalho na Rdio Jornal do Commercio, do Recife, e, ainda, seu estudo com Paulina dAmbrosio, Newton Pdua e Koellreutter. Msica brasileira s suas ordens. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 14 maio 1974. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Versa sobre dois concertos do fim de semana que marcaram a primeira presena da msica brasileira na temporada de 1974, com obras de Lindembergue Cardoso, Almeida Prado, Fernando Cerqueira, Ernst Widmer e Francisco Mignone, a cargo da Orquestra Sinfnica Nacional sob a regncia de Vicente Fittipaldi, tendo como solista o clarinetista Jos Botelho e, ainda, do Quarteto de Cordas da Universidade de Braslia. Edino ressaltou que o pblico numeroso e atento assistiu a um programa e execuo de um nvel internacional, exclusivamente com obras e intrpretes brasileiros.

Edino chama a ateno para a estreia no Brasil da obra de Hindemith Os Quatro Temperamentos em que a pianista Las de Souza Brasil atuou sob a regncia do prprio autor.

hora de brigar pela msica brasileira. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 21 jun. 1974. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Aborda a trajetria da pianista Las de Souza Brasil iniciada no Curso de Iniciao Musical da Escola de Msica da Universidade Federal do Rio de Janeiro sob a orientao de Naide e Antnio S Pereira, passando por sua ida Europa para estudar com Seidlhofer, como resultado da concesso da Medalha de Ouro de sua turma, como aluna de Guilherme Fontainha. Edino ressalta a disposio de Las de ir alm da rotina que marca a personalidade do verdadeiro artista. Aponta para a estreia no Brasil da obra de Hindemith Os Quatro Temperamentos em que a pianista atuou sob a regncia do prprio autor, alm da importante obra de Camargo Guarnieri, visitada regularmente pela musicista, sendo Las responsvel por diversas primeiras audies. Sinto que h aqui um preconceito generalizado contra a nossa msica insiste Las e O que est faltando aqui uma infra-estrutura para a nossa vida musical, conclui a pianista. Novo recorde brasileiro. O mais caro concerto do mundo. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 4 jul. 1974. Caderno B, p. 4. Sntese do artigo: Noticia o espetculo levado no Recife, dentro do Plano de

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Captulo II. O crtico musical

Ao Cultural do MEC. Segundo Edino, foi o concerto mais dispendioso realizado at ento em todo o mundo; de outro lado, tem-se a precariedade dos recursos destinados rea de msica, dando como exemplo a extinta Orquestra Filarmnica de So Paulo. No Centenrio de Schoenberg. A grande viagem alm do abismo. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 13 jul. 1974. Caderno B, p. 10. Nota: Este artigo apresentado na ntegra no Anexo 1. Msica brasileira para Unesco ouvir. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 23 jul. 1974. Caderno B, p. 2 Sntese do artigo: O articulista aborda a reunio plenria do Comit Executivo do Conselho Internacional de Msica da Unesco realizada no Rio de Janeiro e em So Paulo, ressaltando que o citado conselho pela primeira vez se reuniu fora da Europa. Apesar de a reunio haver transcorrido sem grande alarde, o alto poder representativo das personalidades e entidades internacionais participantes deu ao evento uma fantstica densidade cultural. Edino tece comentrios sobre as peas apresentadas em trs concertos, com obras de Camargo Guarnieri, Villa-Lobos, Almeida Prado, Aylton Escobar, Jorge Antunes, Guerra-Peixe, Fernando Cerqueira, Bruno Kiefer, Mrio Ficarelli, Gilberto Mendes, Lindembergue Cardoso, Edino Krieger e Marlos Nobre, que fizeram parte da amostra do nosso potencial criador no campo da msica. Cage e Beethoven: uma lio em dois tempos. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 26 jul. 1974. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Versa sobre as audies de msica nova na programao da Escola de Msica da UFRJ que vm se constituindo num acontecimento corriqueiro que comearam como promoes sistemticas do Instituto Cultural Brasil-Alemanha, responsvel, segundo Edino, por toda uma srie de realizaes memorveis dentro da Escola, que contou ainda com o importante apoio de Heitor Alimonda como vice-diretor da mesma. Numa segunda parte aborda o recital do pianista americano Janes Tocco primeiro prmio do Concurso de Piano das Amricas dentro do Ciclo Beethoven, que, segundo o articulista, foi uma verdadeira lio de Beethoven.

Edino divulga as audies de msica nova na programao da Escola de Msica da UFRJ, que comearam como promoes sistemticas do Instituto Cultural Brasil-Alemanha.

A Dama e o Cavaleiro. Msicos do Castelo de Brhl na Sala Ceclia Meireles. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 1 ago. 1974. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: A primeira crnica fala da apresentao da pianista Magdalena Tagliaferro na Sala Ceclia Meireles com a OSB regida por Gerard Devos, com obras de Faur, Ravel, Berlioz, Henrique Oswald e Schumann. A segunda versa sobre o concerto promovido pelo Instituto Cultural Brasil-Alemanha, que contou com a apresentao da Orquestra de Cmara de Colnia sob a regncia de Helmut Muller-Brhl, com divulgao do programa a ser executado.

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

Msica cnica. A arte combinatria de palco e plateia. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 9 ago. 1974. Caderno B, p. 4.

A qualidade realmente a marca mais eloquente da arte de Turbio, uma qualidade conquistada, trabalhada, alcanada palmo a palmo.
Edino Krieger

Sntese do artigo: O artigo versa sobre a tendncia mais atual da msica de vanguarda msica cnica que incorpora elementos de msica, linguagem, teatro, dana, expresso corporal e artes plsticas resultando numa forma de espetculo total e integrado. O articulista aborda, atravs dos tempos, as diversas formas musicais em que o elemento visual ganhou maior representatividade no contexto musical, indo das antigas pastorais, passando pela pera renascentista at os mais variados musicais modernos. Como exemplo Edino cita algumas obras de Gilberto Mendes, Jorge Antunes, Fernando Cerqueira e John Cage. Turbio Santos: a opo da qualidade. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 21 ago. 1974. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Versa sobre uma apreciao crtica do concerto de Turbio Santos no sbado noite na Sala Ceclia Meireles, com a casa lotada. Afirmando ser a carreira do violonista um exemplo admirvel de conscincia e definio, Edino revela que a qualidade realmente a marca mais eloquente da arte de Turbio, uma qualidade conquistada, trabalhada, alcanada palmo a palmo por uma conscincia total do artista e do profissional, do homem e do msico, da tcnica e da sensibilidade. O caro e intil turismo sinfnico. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 22 ago. 1974. Caderno B, p. 10. Sntese do artigo: Aborda a turn que a Orquestra Sinfnica Brasileira realizou nos grandes centros sinfnicos da Europa, financiada pelo Governo Federal, dentro do Plano de Ao Cultural do DAC. Aps tecer srias e importantes consideraes sobre o desenvolvimento da msica sinfnica no Brasil, Edino afirma: S uma circunstncia poderia justificar uma viagem ao exterior de uma orquestra brasileira a execuo de msica de autores nacionais (vale dizer, de um repertrio que as orquestras e o pblico de outros pases desconhecem e que as nossas tm obrigao de executar melhor). Satie em Curitiba. Vexation repetida 840 vezes. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 30 ago. 1974. Caderno B, p. 9. Sntese do artigo: Sobre a execuo ininterrupta da composio Vexation, de Erik Satie, das 6 horas da manh 0h40, na rua 15 de Novembro, em Curitiba. A msica ser repetida 840 vezes por dezenas de pianistas voluntrios, sendo a pianista e compositora Jocy de Oliveira a criadora do roteiro e coordenadora da execuo. Os caminhos musicais de Satie a Cage. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 12 out. 1974. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Edino fala sobre as afinidades da msica com as artes visuais e literrias, integrando-se como forma de pensamento e de expresso

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Captulo II. O crtico musical

num grande complexo, num sistema universal de representao esttica dos impulsos criadores do esprito humano. Aborda a correspondncia que se estabelece entre o movimento surrealista e a msica de Satie, mostrando que, com o americano John Cage, a atitude contestatria de Satie renasce e inicia um novo ciclo de influncias que se prolonga at hoje. Msica brasileira no outono de Graz. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 6 nov. 1974. Caderno B, p. 8. Sntese do artigo: Sobre a presena da msica brasileira no grande encontro de cultura realizado entre setembro e novembro em Graz, capital da Estria, na ustria. O programa dedicado msica brasileira de vanguarda contou com a participao da Orquestra Pro Arte de Graz sob a regncia de John Neschling, compreendendo obras de Almeida Prado, Lindembergue Cardoso e Jorge Antunes em primeira audio mundial e, ainda, Cludio Santoro e Marlos Nobre. Concurso de Goinia revela talentos novos. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 23 dez. 1974. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Refere-se ao I Concurso Nacional de Msica de Goinia (destinado ao piano), promovido pelo Instituto de Artes da Universidade Federal de Gois, dirigido pela pianista Belkiss Carneiro de Mendona e subsidiado pela Caixa Econmica Estadual. GUARA/75. Um festival de muitas e belas vozes. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 24 fev. 1975. Caderno B, p. 8. Sntese do artigo: Sobre a realizao do VIII Curso/Festival de Msica de Curitiba que reuniu 90 professores, 800 alunos e um pblico entusiasmado que sempre lotou os 3 mil lugares do Teatro Guara. O artigo d destaque ao concerto de encerramento em que foi apresentada a Missa Solene de Beethoven, que contou com a participao de um coro de 500 alunos, solistas e a Orquestra do Festival sob a regncia de Roberto Schnorrenberg, auxiliado por Samuel Kerr na preparao do coro.

Edino comenta a estreia de obras recuperadas de autores brasileiros do sculo XVIII Lobo de Mesquita e padre Jos Maurcio.

Luigi Dallapiccola, um mestre lrico do serialismo. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 25 fev. 1975. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Noticia o desaparecimento, aos 71 anos de idade, completados no dia 3 daquele ms em Florena, do compositor italiano Luigi Dallapicola e relata sua trajetria musical. Msica do Brasil Colnia em estreia no Municipal. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 25 abr. 1975. Caderno B, p. 5. Sntese do artigo: Aborda o concerto de abertura da temporada da Orquestra Sinfnica Nacional no Theatro Municipal, com a incluso de quatro obras de autores brasileiros do sculo XVIII Jos Joaquim Emerico Lobo de Mesquita e padre Jos Maurcio Nunes Garcia recuperadas pelo trabalho de pesquisa 175

EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

de Regis Duprat, Cleofe Person de Mattos e Olivier Toni, com depoimento deste ltimo. Bach e Liszt em edies completas. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 28 abr. 1975. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre a filosofia das grandes editoras europeias e americanas com as frequentes edies de obras completas, que encontra no momento eco no Brasil. O articulista aborda a primeira experincia da Phonogram no Brasil, com o lanamento da obra completa de Chopin, acenando que a editora pretende continuar nesse caminho oferecendo agora ao mercado trs novos lbuns, contemplando as obras de Bach e Liszt. Aborda ainda a coleo dos Concertos produzida pela Archiv, que garante categoria atravs da qualidade excepcional das gravaes, do excelente nvel tcnico da prensagem e de um rico material analtico sob a responsabilidade de Heinz Becker e Hans-Gunter Klein. O Mito Violado e o Gymnopedista. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 26 maio 1975. Sntese do artigo: Sobre a terceira visita ao Rio a convite do Instituto Cultural Brasil-Alemanha do Grupo de Ao Instrumental de Buenos Aires, com apresentao de dois programas. O primeiro O Mito Violado se debrua sobre a Tetralogia de Wagner e o segundo, Erik Satie, Gymnopdiste, mostra, segundo Edino, uma identificao mais evidente entre o mundo de Satie e a proposta interpretativa de ao. Discos clssicos. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 5 jun. 1975. Caderno B, p. 7. Sntese do artigo: Sobre o lanamento pela CBS/Odyssey de discos clssicos, ressaltando o do violonista John Williams e o LP Msica da Renascena com Guy e Elizabeth Robert. Edino menciona ainda trs novos LPs da srie Greatest Hits, com algumas das pginas favoritas de trs grandes mestres romnticos: Liszt, Saint-Sens e Rimsky-Korsakov. Discos clssicos. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 19 jun. 1975. Caderno B, p. 6. Sntese do artigo: Sobre o suplemento clssico que a Odeon lanou, que inclui um LP dedicado a Brahms tendo como solista o pianista Ashkenazy sob a regncia de Zubin Mehta; outro LP dedicado a Rachmaninoff, a cargo da pianista Ilana Vered como solista, tendo como regentes Andrew Davis e Hans Vonk e, por ltimo, um LP que contou com Ravi Shankar como compositor e intrprete do concerto para ctara e orquestra regido por Andr Previn. Discos clssicos. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 26 jun. 1975. Caderno B, p. 7. Sntese do artigo: Divulga a coleo da Tapecar, intitulada Unbelievable, com gravaes de Saint-Sens, Hofmann, Ravel, Busoni e Prokofieff.

O articulista comenta a terceira visita ao Rio a convite do Instituto Cultural Brasil-Alemanha do Grupo de Ao Instrumental de Buenos Aires.

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Captulo II. O crtico musical

Discos clssicos. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 3 jul. 1975. Caderno B, p. 7. Sntese do artigo: Sobre o lanamento do ltimo suplemento clssico da Copacabana, reproduzindo gravaes originais Vanguard, da srie popular Everyman Classics, incluindo oito cantatas de Bach e quatro concertos para violino e orquestra do ciclo La Cetra, de Vivaldi, em cinco LPs. Discos. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 10 jul. 1975. Caderno B, p. 7. Sntese do artigo: Sobre o ltimo suplemento clssico da Phonogram em dez LPs, sendo quatro deles dedicados obra de Rossini, Beethoven, Albinoni, Pachelbel, Boccherini, Respighi e Mendelssohn, sob a regncia de Herbert von Karajan, e outros seis LPs com obras de Tchaikowsky, Prokofieff, Berlioz, Ravel e Beethoven sob a regncia de Seiji Ozawa, com indicao dos principais solistas e orquestras envolvidos. Discos clssicos. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 17 jul. 1975. Caderno B, p. 7. Sntese do artigo: Sobre os ltimos lanamentos nacionais de discos de msica clssica. O Lago dos Cisnes, de Tchaikowsky, em duas novas edies pelas gravadoras Copacabana e Odeon; um LP que marca a estreia do alaudista e violonista Oscar Ohlsen, com obras de autores da Renascena e do Barroco pela Odeon, assim como a Sute do bal A bela Adormecida, de Tchaikowsky, e a Nona Sinfonia de Beethoven. O suplemento da Copacabana compreende ainda o lanamento completo do bal O Quebra-Nozes, de Tchaikowsky. Recomendando s editoras que inclussem a cronometragem das msicas e tambm que observassem um espao razovel entre as faixas, o articulista nomeia ainda os principais solistas, orquestras e regentes envolvidos. Discos clssicos. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 24 jul. 1975. Caderno B, p. 7. Sntese do artigo: Sobre o lanamento pela CBS dos maiores sucessos de Johann Strauss na srie Greatest Hits em trs LPs, contando com a participao de Ormandy frente da Orquestra da Filadlfia, Bernstein conduzindo a Filarmnica de Nova York, George Szell com a Orquestra Cleveland e Kostelanetz com sua orquestra. Edino ressalta o nvel das gravaes e afirma que Qualidade tambm cultura, quer se trate da Nona Sinfonia ou do Danbio Azul. Stanislav Heller. O grande universo do cravo. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 25 jul. 1975. Caderno B, p. 8. Sntese do artigo: Sobre a trajetria de Stanislav Heller considerado um dos grandes cravistas da atualidade incluindo seu ltimo disco, dedicado s Seis Partitas de Bach para cravo; sua atuao como solista dos Concertos Brandemburgo n 5 em R menor, com a Orquestra Sinfnica Brasileira no Theatro Municipal, sob a regncia de Isaac Karabtchevsky e um curso de interpretao na Escola de Msica da UFRJ, contando, ainda, com depoimentos do citado intrprete.

Edino discorre sobre a trajetria de Stanislav Heller incluindo seu ltimo disco, dedicado s Seis Partitas de Bach para cravo.

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

Dentro do deserto que a produo fonogrfica nacional, h um osis, representado pelas edies do Museu Villa-Lobos.
Edino Krieger

Discos clssicos. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 31 jul. 1975. Caderno B, p. 7. Sntese do artigo: Sobre o lanamento de dois Quartetos de Cordas de VillaLobos, gravados ao vivo por Franck Acker por ocasio do Concurso Internacional de Quartetos, em 1966. Edino parabeniza a determinao e a pertincia admirvel de Mindinha, que com mnimos recursos promove regularmente a edio de um novo LP. Dentro do deserto que a produo fonogrfica nacional, no campo da chamada msica erudita, h um osis, representado pelas edies sistemticas do Museu Villa-Lobos. O som do inferno. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 6 ago. 1975. Caderno B, p. 1. Sntese do artigo: bem provvel que Penderecki, ao ouvir interiormente os sons dilacerados de sua Trenodia para as Vtimas de Hiroxima, tivesse diante de si a imagem do inferno. Edino assinala ainda que a citada obra, recomendada pela Tribuna da Unesco, marcava no s o incio de uma das carreiras internacionais mais brilhantes da criao musical contempornea, mas tambm uma nova etapa na histria da tcnica dos instrumentos de cordas, com a introduo de um novo vocabulrio sul ponticello, sul tasto, col legno, legno battuto , criando procedimentos tcnicos que gerariam uma verdadeira escola de composio. Discos clssicos. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 7 ago. 1975. Caderno B, p. 7. Sntese do artigo: Edino chama a ateno para a importncia da gravao ao vivo com o pblico, ressaltando que naquele momento melhor se realiza o milagre da recriao musical. O articulista afirma ainda que nem todos os concertos merecem ser lembrados. Entretanto h alguns, de tal modo privilegiados em sua arte musical, que desejaria perpetuar num tempo menos frgil que a precria memria humana. o caso do LP do Duo Morozowicz, gravado ao vivo na Sala Ceclia Meireles, sob a responsabilidade de Frank Acker, um momento digno de ser lembrado e revivido. Alguns poucos descompassos na sinfonia harmoniosa do festival. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 8 ago. 1975. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre a estreia da Floresta Amaznica de Villa-Lobos, na forma de bal, proporcionada pela coreografia de Dalal Achcare Sir Frederick Ashton, pelos cenrios e figurinos de Jos Verona e pela presena de Margot Fonteyn e David Wall comosolistas, dentro da programao do I Festival de Inverno de Dana, realizado no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Trio jovem e cravo adulto na Sala. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 14 ago. 1975. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre os dois ltimos concertos da Srie Vesperal lanada por Myrian Dauelsberg em 1974, que contou com dois momentos extremamente gratificantes. No primeiro programa, a estreia brasileira do Trio do Rio de Janeiro, formado por Eliane Kardosos, Paulo Bossio e Antonio Meneses,

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Captulo II. O crtico musical

trs jovens que realizam estgio de aprimoramento na Europa. No segundo concerto, a arte adulta do cravista Stanislav Heller que para Edino foi mais do que um recital: foi um ponto de referncia da prpria arte e cincia secular do cravo. Discos clssicos. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 14 ago. 1975. Caderno B, p. 7. Sntese do artigo: Sobre a gravao pela RCA dos 12 Estudos para violo, de Villa-Lobos, tendo o violonista Turbio Santos presena mais assdua de um artista brasileiro nos catlogos fonogrficos internacionais como intrprete. Edino fala sobre a trajetria do artista, desde o primeiro prmio no Concurso Internacional de Violo da ORTF, em 1965, enfatizando que Turbio Santos nunca esqueceu suas razes culturais. Turbio est promovendo a edio, pela Max Eschig, e a gravao, pela Erato, de obras de outros compositores brasileiros, especialmente encomendados por sugesto sua pelo Itamaraty. Discos clssicos. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 21 ago. 1975. Caderno B, p. 7. Sntese do artigo: Sobre trs novos LPs de msica antiga lanados pela Odyssey com a ficha tcnica das gravaes. Edino informa que o primeiro dedicado a trs mestres desconhecidos do barroco francs Andr Cardinal Destouches, Jean-Joseph Cassania Mondoville e Antoine Forqueray ; o segundo, ao repertrio do Natal, com obras de autores dos sculos XVI a XVIII; e o ltimo, Musiques Spirituelles du Soir, um quase documento da atividade musical que se desenvolve na igreja de So Marcial, em Avinho. A unidade mais que perfeita da Paixo segundo So Joo. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 28 ago. 1975. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre os concertos de segunda noite e tera tarde na Sala Ceclia Meireles, que integram os Ciclos Bach criados por Ayres de Andrade e retomados por Myrian Dauelsberg. A crtica chama a ateno para a figura iluminada do intrprete maior que Karl Richter, que como regente e cravista acompanhando os recitativos faz de sua atuao um acontecimento parte, marcando o evento os desempenhos esplndidos da Associao de Canto Coral e da Orquestra Sinfnica Brasileira. Um jovem mestre do violoncelo. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 4 set. 1975. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre o recital do violoncelista Boris Pergamenschicov primeiro prmio do Concurso Internacional Tchaikowsky que contou com a participao da pianista Aleida Schweitzer na vesperal de tera-feira na Sala Ceclia Meireles. O seu recital de estreia foi mais que uma confirmao: foi uma revelao. Mais adiante, aps fazer uma apreciao crtica do concerto, Edino ressalta que: As qualidades musicais de Pergamenschicov so to evidentes quanto o seu domnio da tcnica.

As qualidades musicais de Pergamenschicov so to evidentes quanto o seu domnio da tcnica.


Edino Krieger

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

Discos clssicos. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 4 set. 1975. Caderno B, p. 6. Sntese do artigo: Edino d continuidade ao trabalho de divulgao dos novos LPs da srie Para milhes que a Phonogram est lanando atravs do selo original Deutsche Grammophon, fornecendo a ficha tcnica dos cinco novos LPs que contemplam a obra de Debussy, Rachmaninoff, Bruckner, Wagner e a famlia Strauss. Adverte ainda o leitor que a partir da prxima semana a coluna estar a cargo de Ronaldo Miranda. La Grande Ecurie et la Chambre du Roy. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 8 set. 1975. Caderno B, p. 2, Sntese do artigo: Sobre o renascimento, em pleno sculo XX, da Grande Ecurie e da Chambre du Roy criada pelo rei Franois I e o alcance que esse ato iria ter quatro sculos depois atravs desse veculo de democratizao musical que o disco. Edino aponta o LP como o principal heri desse ressurgimento avassalador da msica antiga com seu insacivel mercado consumidor fonogrfico. O articulista ressalta que as apresentaes pblicas, as turns internacionais, so a partir da uma decorrncia natural. O artigo aborda ainda a apresentao do grupo liderado pelo obosta Jean-Claude Malgoire j conhecido do pblico por suas excelentes gravaes em dois concertos na Sala Ceclia Meireles. A OSN, Soler e Moreira Lima. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 10 set. 1975. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Na introduo do artigo, Edino fala do mrito que tem a Orquestra Sinfnica Nacional por haver formado o seu prprio pblico. O articulista faz uma apreciao crtica do dcimo concerto da OSN no Theatro Municipal que contou com a regncia de Carlos Alberto Pinto Fonseca e de dois recitais na Sala Ceclia Meireles a cargo do violonista Pedro Soler e do pianista Arthur Moreira Lima.

Edino fala do mrito que tem a Orquestra Sinfnica Nacional por haver formado o seu prprio pblico.

O amlgama certo e a resposta do pblico. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 13 set. 1975. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Edino faz uma apreciao crtica de dois concertos promovidos pela Sala Ceclia Meireles, que contaram com a participao dos pianistas Maria da Penha discpula de Marguerite Long e Arnaldo Cohen, ganhador do Prmio Ferrucio Busoni de 1972. O violo de Cceres, em recital e estudos. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 14 set. 1975. Caderno B, p. 6. Sntese do artigo: O artigo aborda a trajetria do violonista Oscar Cceres, divulga o programa de seu recital e um curso de interpretao, ambos a cargo da Sala Ceclia Meireles. Encontramos ainda notcias musicais esparsas sobre: Seminrios de Msica Pro Arte, Concurso Nacional de Composio, Concurso para Jovens Instrumentistas e Roteiro Musical da Semana.

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Captulo II. O crtico musical

O Duo Abreu, cuja virtuosidade e musicalidade o mundo reconhece como o mais perfeito duo de violes da atualidade.
Edino Krieger

Vocao, decepo, tradio e perfeio. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 16 set. 1975. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: O articulista faz uma apreciao crtica de trs concertos realizados na semana e que contaram com as participaes do violinista Ricardo Cyncynat como solista da Orquestra de Cmara do Brasil, do Quarteto Amadeus e do Duo Abreu em cuja virtuosidade e musicalidade o mundo reconhece o mais perfeito duo de violes da atualidade , formado pelos irmos Sergio e Eduardo Abreu.

Quadro Cervantes e lieder alemes. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 18 set. 1975. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre o recital do supracitado conjunto integrado por Myrna Herzog, Rosana Lanzelotti e Helder Parente no auditrio do Ibam, numa srie de concertos musicais que j se incorporaram ao calendrio musical da cidade, e o recital (Schumann Schubert) de Eliane Sampaio e Jacques Klein, advertindo o articulista que o nome do pianista no constava do programa. Cordas em dois tempos. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 20 set. 1975. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre o recital de Oscar Cceres artista sensvel e bem formado e que se integra perfeitamente nessa nova dimenso da guitarra e a apresentao do I Solisti Aquilani, este ltimo em promoo conjunta do Instituto Italiano de Cultura e da Pro Arte, ambos na Sala Ceclia Meireles.

Servio completo. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 20 set. 1975. Caderno B, p. 6. Sntese do artigo: No se trata de um artigo, mas sim de recomendaes dos crticos especializados nas reas de cinema, artes plsticas, teatro, filmes na TV e msica, esta ltima assinada pelo crtico musical com as iniciais EK. Edino recomenda o concerto da Orquestra Sinfnica Nacional sob a regncia de David Machado, tendo como solista a cantora Glria Queiroz, a ser realizado no Theatro Municipal no prprio dia 20. I Musici e Salvatore Accardo. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 21 set. 1975. Caderno B, p. 10. Sntese do artigo: Sobre a apresentao do I Musici primeiro e mais conhecido de todos os conjuntos que promoveram [...] essa redescoberta do barroco e o premiadssimo violinista Salvatore Accardo na Sala Ceclia Meireles, sob o patrocnio do Instituto Italiano de Cultura, num programa todo dedicado a Vivaldi. Como subttulo encontramos: O legado de Hermann Turtur (exdiretor do Instituto Cultural Brasil-Alemanha) e Roteiro da Semana. A boa estrela e o talento confirmado. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 23 set. 1975. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre o recital do violoncelista Santiago Sabino que contou

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

com a colaborao da pianista Aleida Schweitzer na Srie Vesperal da Sala Ceclia Meireles e o concerto da OSN sob a regncia de David Machado no Theatro Municipal. Edino ressalta que, depois da vibrao espontnea dos aplausos, ficou a certeza de que o pblico participara como testemunha de um dos melhores acontecimentos musicais da temporada.

realmente admirvel o grau de intimidade, de autocontrole, de unidade sonora e interpretativa alcanado pelo Quarteto da Guanabara.
Edino Krieger

Orao com final barroco. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 25 set. 1975. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre os concertos realizados pelo Quarteto da Guanabara. H alguma coisa de religioso, no sentido mais amplo e mais conceitual, nessa peregrinao fiel do pblico ao foyer do Municipal. Mais adiante Edino enfatiza que: realmente admirvel o grau de intimidade, de autocontrole, de unidade sonora e interpretativa alcanado pelo Quarteto da Guanabara, formado de individualidades to marcadas e to definidas. Servio completo. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 25 set. 1975. Caderno B, p. 7. Sntese do artigo: No se trata de um artigo, mas da recomendao de um programa musical para a noite do dia 25, assinado com as iniciais EK. Trata-se da apresentao do Coral da Universidade Federal de Gois sob a regncia da professora Maria Lucy Veiga Teixeira no Salo Leopoldo Miguez da Escola de Msica da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Servio completo. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 27 set. 1975. Caderno B, p. 6. Sntese do artigo: A coluna citada congrega recomendaes de articulistas que atuam nas reas de cinema, teatro e msica. Edino aqui assinado como EK indica dois programas para o dia de hoje. s 16h30, no Municipal, a Orquestra Sinfnica Brasileira apresenta o Festival Ravel com a participao da Associao de Canto Coral e Jacques Klein sob a regncia de Isaac Karabtchevsky. s 21h, na Sala Ceclia Meireles, o recital do pianista vienense Alexander Jenner, vencedor do I Concurso Internacional de Piano do Rio de Janeiro. O caminho revelado e Ravel comemorado. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 1 out. 1975. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: O artigo versa sobre dois concertos do final de semana. O primeiro, realizado sexta-feira, na Srie Vesperal da Sala Ceclia Meireles, contou com a participao da Orquestra de Cmara da Rdio MEC sob a regncia de Ricardo Tacuchian, destacando-se a presena do violoncelista Antonio Meneses e do flautista Carlos Rato. O segundo teve lugar no Municipal, dentro da programao do Festival Ravel e contou com a atuao da Orquestra Sinfnica Brasileira, sob a regncia de Karabtchevsky, da Associao de Canto Coral, do pianista Jaques Klein, alm de excelentes cantores nacionais. Som, tradio e humanidade. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 7 out. 1975. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Aborda trs concertos. O primeiro deles contou com a

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Captulo II. O crtico musical

Edino divulga o manifesto lido pelo compositor Bruno Kiefer produzido pelos 35 compositores participantes , antes do concerto de encerramento da I Bienal.

participao do pianista Roberto Szidon na srie Concert Hall que a Cultura Inglesa promove na Sala Ceclia Meireles. O segundo concerto, patrocinado pela Pro Arte, na Sala Ceclia Meireles, esteve a cargo do Coral Bach de Hamburgo e o terceiro, no Theatro Municipal, contou com a participao do Coro do Instituto Israelita Brasileiro de Educao e Cultura e da Escola Eliezer Steinberg sob a regncia de Henrique Morelenbaum. I Bienal de Msica. Realidade e perspectivas. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 15 out. 1975. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre o manifesto lido pelo compositor Bruno Kiefer produzido pelos 35 compositores participantes , antes do concerto de encerramento da I Bienal 8 a 12 de outubro de 1975 , reconhecendo a importncia do evento e clamando pela continuidade do mesmo. Edino fala de toda uma srie de ensinamentos e de perspectivas que se abrem dentro do panorama musical do pas, ressaltando a capacidade de acreditar de Myrian Dauelsberg, que tornou vivel a realizao do evento. Uma sala anti-sinfnica. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 23 out. 1975. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre os dois concertos realizados no ltimo fim de semana na Sala Ceclia Meireles pela Orquestra Sinfnica Brasileira e a Orquestra Sinfnica Nacional, que trouxeram tona a questo da necessidade urgente de se ter um auditrio apropriado para a msica sinfnica, a exemplo do Theatro Municipal. Para uma cidade que pretende manter a imagem de capital cultural do pas, essa uma verdade estarrecedora, que nos coloca em posio de inferioridade ante qualquer pequena cidade europeia de 30 mil habitantes. Edino traa ainda um paralelo com pequenas cidades sul-americanas e afirma que: Aqui, em lugar de corrigir essa anomalia secular, d-se um jeitinho. O articulista aponta tambm para a impropriedade do repertrio escolhido. Nessas circunstncias, chega a ser um crime incluir no programa obras como a Abertura do Tannhauser de Wagner. O difcil equilbrio. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 27 out. 1975. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Focaliza o concerto de encerramento da srie de assinatura da Orquestra Sinfnica Brasileira na Sala Ceclia Meireles, sbado tarde. Edino afirma que sentia-se o empenho louvvel de recompor o equilbrio sonoro da orquestra no ambiente acstico adverso, moderando a intensidade dos metais e da percusso e enfatizando a presena das cordas. Ainda que extremamente difcil, Alceo Bocchino conseguiu manter o mximo equilbrio possvel. Sonata sem luar. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 30 out. 1975. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Recital Beethoven de Jacques Klein, segunda-feira, na

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

Sala Ceclia Meireles. Sem luar, mas com muito mais sentido musical a iluminar a sua beleza privilegiada, a Sonata op. 27 n 2 de Jacques Klein valeria, sozinha, por todo um programa Beethoven.

Edino chama a ateno sobre os 16 anos de ausncia de Villa-Lobos, lembrados por meio de concertos e do Concurso Internacional de Regncia.

Presena de Villa-Lobos. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 2 nov. 1975. Caderno B, p. 8. Sntese do artigo: Sobre os 16 anos de ausncia de Villa-Lobos lembrados por meio de concertos e do Concurso Internacional de Regncia de 17 a 25 de novembro na Sala Ceclia Meireles, promovido pelo Museu Villa-Lobos. Integra ainda o artigo o noticirio musical semanal. Pela janela aberta, os sons do Mundaru. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 6 nov. 1975. Caderno B, p. 9 et seq. Sntese do artigo: Sobre o programa de estreia do Ballet Stagium, hoje noite na Sala Ceclia Meireles, que marca tambm a apresentao de um trabalho musical: a partitura de Aylton Escobar, especialmente criada para o bailado Quebradas do Mundaru com argumento extrado de uma pea teatral de Plnio Marcos. O artigo conta com depoimentos do compositor fornecendo importantes subsdios sobre todas as fases que envolveram a criao da obra. Cravo e piano. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 9 nov. 1975. Caderno B, p. 8. Sntese do artigo: Aborda o noticirio musical semanal, destacando as apresentaes do cravista Felipe Silvestre e do pianista Heitor Alimonda. Nota: A leitura do artigo na Seo de Microfilmes da Biblioteca Nacional foi prejudicada em consequncia da ininteligibilidade do texto.

Artigo sem ttulo. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, p. 6, 16 nov. 1975. Sntese do artigo: Trata-se de um roteiro dos principais acontecimentos musicais da semana. O Concurso Internacional de Regncia. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro. 17 nov. 1975. Caderno B, p. 9. Sntese do artigo: Sobre o supracitado evento, considerado como ponto culminante do Festival Villa-Lobos, promovido pelo Museu Villa-Lobos do MEC. Edino fornece a relao nominal dos 28 regentes concorrentes, passando pelo contedo das provas e premiaes, abordando ainda a formao do jri do concurso. A Trilha do Mundaru. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, p. 8, 17 nov. 1975. Sntese do artigo: O articulista chama a ateno para o fato de que a msica de um bal desde Lully at Stravinsky no nasce por acaso. Citando diversos exemplos bem-sucedidos na msica universal, Edino menciona duas iniciativas surgidas de organizaes privadas Companhia Brasileira de bal de Dalal

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Captulo II. O crtico musical

Achcar e o Ballet Stagium de So Paulo que podem ser indcios de uma nova fase para a criao de um repertrio brasileiro de bal. Ressalta ainda a estreia de uma partitura de Aylton Escobar Quebradas do Mundaru. A volta s origens. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 18 nov. 1975. Caderno B, p. 2.

Edino aborda o retorno do pianista Heitor Alimonda sua condio original de concertista.

Sntese do artigo: Edino inicia relembrando a trajetria de Schoenberg, que depois de romper com o sistema tonal, criando a tcnica dodecafnica, confessou sentir com frequncia saudade da tonalidade. Aps esse preldio, ele aborda o retorno do pianista Heitor Alimonda sua condio original de concertista, depois de oito anos de uma respeitvel e exemplar atividade como camerista do Sexteto do Rio e do Ars Barroca. Agora, um pouco mais nervoso e muito mais amadurecido, era outra vez o concertista in totum no o revelador de obras novas dos tempos da Msica Viva, mas o virtuoso enamorado dos problemas tcnicos propostos pela msica de Brahms, VillaLobos e Liszt. Antunes em 2 concertos. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 23 nov. 1975, p. 8. Sntese do artigo: Sobre a apresentao de trs peas do compositor Jorge Antunes Para Nascer Aqui, Trio em L Pis e Vivaldia MCMLXXV com o Grupo de Experimentao Musical da Universidade de Braslia e a Orquestra Sinfnica Brasileira, sob a direo do prprio autor, tendo como palcos a Concha Acstica da UERJ e a Sala Ceclia Meireles. Integra ainda o artigo o noticirio musical semanal. Concurso Internacional de Regncia (II). A prova dos mestres. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 25 nov. 1975. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre o Concurso Internacional de Regncia do Festival VillaLobos e a apresentao de quinta-feira e domingo, na Sala Ceclia Meireles, de 10 dos 24 concorrentes: Juan Carlos Zorzi da Argentina; Michel Rochat da Sua; Jaime Braude da Argentina; Frantissek Vajnar da Tcheco-Eslovquia; Guido Mansuno da Itlia; Vladimir Verbitsky; Guilhermo Scarabino da Argentina; Roberto Ricardo Duarte do Brasil; Paul Traver dos EUA; Chiyuki Murakata do Japo.

Concurso Internacional de Regncia (III). A noite dos laureados. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 27 nov. 1975. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre o concerto de encerramento do citado concurso reunindo trs obras fundamentais do repertrio villalobiano para coro e orquestra, a saber: a Sute n 4 do Descobrimento do Brasil, o Choros n 10 e o Noneto. Edino ajuizou a performance de cada um dos finalistas, divulgando a classificao final do jri: em primeiro lugar Prmio Villa-Lobos , Michel Rochat; em segundo Prmio Serge Koussevitzky , Roberto Ricardo Duarte; e em terceiro Prmio Edoardo de Guarnieri , Vladimir Verbitsky.

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Concerto, recitais e pera de cmara. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 30 nov. 1975. Caderno B, p. 8. Sntese do artigo: Sobre a programao musical da semana incluindo obras, intrpretes, conjuntos, orquestras e locais. No subttulo Em pauta um destaque para: o retorno a Nova York da pianista Jocy de Oliveira; o recital de msica brasileira, no Salo Dourado do Teatro Coln de Buenos Aires, com a cantora argentina Amlia Bazan; a excurso artstica da pianista Eudxia de Barros por vrias cidades do Paraguai, da Bolvia, do Peru e da Colmbia; e, por ltimo, a apresentao da Orquestra Bach de Munique na prxima temporada da Sala Ceclia Meireles. Msica Nova em estreia na OSB. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 3 dez. 1975. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre a estreia de trs obras de dois autores brasileiros, a saber: Contrastes de Henrique Dawid Korenchendler, Isomerism e Catastrophe Ultra-Violette de Jorge Antunes, no concerto especial da Orquestra Sinfnica Brasileira, na Sala Ceclia Meireles, com apreciao crtica do programa. Histria do Soldado encerra temporada. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 7 dez. 1975. Caderno B, p. 10 Sntese do artigo: Sobre o concerto de encerramento da temporada carioca, tera-feira noite, na Sala Ceclia Meireles, apresentando a verso integral da Histria do Soldado, tal como a concebeu Stravinsky a partir do texto de Ramuz, com narrador, conjunto instrumental e trs bailarinos. Integra ainda o artigo toda a programao da semana. As contradies do sucesso. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 12 dez. 1975. Caderno B, p. 6.

Edino enfatiza a estreia de trs obras de Ravel e Cinco Canes de Aaron Copland, com o grupo de Msica Contempornea do Rio de Janeiro.

Sntese do artigo: Sobre a diferena gritante de atitude que h frente conquista de um ttulo mundial conquistado por um desportista brasileiro recebido aqui como heri e quando o mesmo se d, todavia, com um artista brasileiro. Edino refere-se ao primeiro prmio do Concurso Internacional de Piano de Vercelli, na Itlia, conquistado por unanimidade pelo pianista dson Elias e a pequena repercusso que o fato teve. Ravel e Copland encerram temporada. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 14 dez. 1975. Caderno B, p. 9. Sntese do artigo: O artigo enfatiza a estreia de trs obras de Ravel a Pavana para uma Princesa Morta, a Pavana da Bela Adormecida e as Histoires Naturelles e as Cinco Canes de Aaron Copland, que o grupo de Msica Contempornea do Rio de Janeiro estar apresentando no auditrio do Ibam. Alm do roteiro musical da semana, Edino ressalta o recital de inaugurao do novo cravo de Roberto de Regina na Casa de Rui Barbosa.

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Captulo II. O crtico musical

Os dois lados da histria. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 16 dez. 1975. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: O artigo versa sobre experincias artsticas realizadas com sucesso na Sala Ceclia Meireles e outras ainda desastrosas. No s a msica de cmara, mas tambm os espetculos cnicos de propores limitadas o teatro musical, a pera e o bal de cmara podem ter na Sala Ceclia Meireles o ambiente ideal. Edino faz ainda um levantamento das experincias bem e mal-sucedidas.

Trio Brasileiro. Ali estava a evidncia mais flagrante de que a qualidade da msica continua a ser mais importante do que qualquer dado quantitativo. Edino Krieger

Um trio excepcional. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 19 dez. 1975. Caderno B, p. 4. Sntese do artigo: Estreia carioca, na Casa de Rui Barbosa, do Trio Brasileiro integrado por Erich Lehninger (violino), Watson Clis (violoncelo) e Gilberto Tinetti (piano). Ali estava a evidncia mais flagrante de que a qualidade da msica, dos executantes e da audincia continua a ser (e ser sempre) mais importante do que qualquer dado quantitativo. Concursos e festivais internacionais de msica nova em 1976. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 22 dez. 1975. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: O artigo se presta divulgao de concursos tais como: Internacional de Composio, memria de Manuel de Falla, no I centenrio de seu nascimento, 1976, na Espanha, e o Concurso Internacional de Composio para piano solo na Inglaterra, fornecendo aos interessados os regulamentos e respectivos endereos para remessa. Aborda ainda um festival promovido pela Sociedade Internacional de Msica Contempornea Os Dias da Msica Mundial 1976 a realizar-se nos Estados Unidos. Como subttulos encontramos referncias aos cursos de frias, a saber: Curso Internacional de Msica Contempornea na Escola de Comunicao e Artes da Universidade de So Paulo; 26 Curso Internacional de Frias Pro Arte; Curso Intensivo de teoria, solfejo, leitura e ditado na Associao de Canto Coral e um Curso Intensivo de leitura e escrita musical dirigido por Guerra-Peixe no Centro de Estudos Musicais de Copacabana. Cristina Ortiz: os ltimos acordes. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 28 dez. 1975. Caderno B, p. 7. Sntese do artigo: Sobre o concerto de encerramento da temporada musical na Sala Corpo e Som do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro a cargo da citada pianista, fazendo-se acompanhar de uma sntese biogrfica da artista. Como subttulo encontramos: Temporada Internacional em Londres, que divulga as principais orquestras, solistas e regentes que iro se apresentar nas duas maiores salas de concerto da cidade: o Royal Festival Hall e o Royal Albert Hall. Muita criao e muitos problemas. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 30 dez. 1975. Caderno B, p. 4. Sntese do artigo: Chama a ateno para a presena da msica no primeiro

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Edino enfatiza a presena de quatro mulheres dinmicas que comandaram a vida musical da cidade.

ano de existncia do novo Estado do Rio de Janeiro, que segundo Edino foi prdigo de excelentes realizaes, ficando os problemas limitados rea administrativa, como um resultado natural da fuso do estado. O articulista faz um retrospecto do ano de 1975, ressaltando as apresentaes e eventos mais marcantes em todos os locais e entidades, assim como a presena de quatro mulheres dinmicas que comandaram a vida musical da cidade, a saber: Myrian Dauelsberg diretora da Sala Ceclia Meireles, grande centro da vida musical da cidade com 228 concertos ; Riva Fineberg diretora da programao musical do Ibam; Lilian Barreto responsvel pela organizao das atividades musicais da Casa de Rui Barbosa ; e Mindinha, diretora do Museu Villa-Lobos. Coloca ainda em evidncia instituies culturais que tiveram participao importante como: a Pro Arte, o ICBA, a Cultura Inglesa, a Aliana Francesa, a Maison de France, o Instituto Italiano de Cultura, o Ibeu, o Centro de Artes Integradas do Teatro Santa Rosa, a PrMsica Silvestre e o Teatro Senac. O pequeno grande mundo musical de Lus Cosme. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 3 jan. 1976. Sntese do artigo: Focaliza a trajetria do compositor e musiclogo gacho Lus Cosme, como resultado de duas lembranas episdicas a execuo do bailado Lambe-lambe e a utilizao de temas de um auto de Natal do citado compositor pela TVE, na vspera de Natal, marcando a passagem do 10 aniversrio de morte do compositor em 1975. Edino ressalta que o trabalho criador de Lus Cosme se mede mais pela qualidade do que pela quantidade, limitada em seu nmero no por falta de talento criador, mas por contingncias impostas por sua longa enfermidade. Braslia tem vero com msica. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 4 jan. 1976. Caderno B, p. 8. Sntese do artigo: Sobre o I Curso Internacional de Vero promovido pela Secretaria de Educao e Cultura, pela Fundao Cultural e Educacional do Distrito Federal e com a colaborao do ICBA de Braslia, da Universidade de Braslia e da Sociedade Brasileira de Msica Contempornea, com divulgao dos cursos e corpo docente envolvido. Como subttulo detectamos ainda a divulgao de concursos internacionais de composio, a saber: Concurso Schnittgerpreis Zwolle, Concurso Internacional Gaudeamus ambos na Holanda , Concurso Rainha Maria Jos na Sua, Concurso Internacional de Composio nos EUA, Stroud Festival l976 na Inglaterra e prmio Oscar Espl na Espanha. As primeiras luzes da temporada. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 18 jan. 1976. Caderno B, p. 9. Sntese do artigo: Sobre a inrcia alarmante da Funterj e a competncia administrativa de Myrian Dauelsberg e Arminda Villa-Lobos no comando da vida musical da cidade. Edino divulga o plano de atividades da Sala Ceclia

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Meireles, incluindo todos os concertos com seus respectivos intrpretes e, ainda, torna pblico o regulamento completo do Concurso Internacional de Violoncelo, como um dos eventos do Festival Villa-Lobos promovido pelo Museu Villa-Lobos.

O crtico ressalta a importncia do apoio governamental para a valorizao da pera.

Um elixir para salvar a pera. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 23 jan. 1976. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: S no Brasil [...] que a pera est morrendo. No resto do mundo, a pera est mais viva do que nunca, e cada vez mais popular. Edino inicia seu artigo com esta citao do bartono brasileiro Nlson Portella, extremamente bem-sucedido na Europa e na Temporada Lrica Internacional de Santiago do Chile, onde o apoio do governo notrio em todos os planos. O articulista menciona ainda que a presena de Gianni Rato na direo artstica de nossa Funterj representa uma esperana para ns. Compositores brasileiros para plateias alems. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 25 jan. 1976. Caderno B, p. 8. Sntese do artigo: Sobre o Concurso Nacional de Composio para violo institudo pelo Festival de Altmhltal de 1976, na Alemanha. O concurso foi realizado no Brasil pelos Institutos Culturais que representam o Instituto Goethe de Munique, a Lufthansa, a editora alem Wilhelm Zimmermann e a Sociedade Brasileira de Msica Contempornea. Foram inscritas 15 composies de autores brasileiros procedentes do Rio de Janeiro, So Paulo, Belo Horizonte e Braslia. Integra ainda o artigo toda a programao dos principais eventos na rea de msica. Petrpolis e concursos: algumas opes para os jovens. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 1 fev. 1976. Caderno B, p. 8. Sntese do artigo: Versa sobre a abertura no Liceu Municipal do V Festival de Vero de Petrpolis, organizado pela Abrarte e Cultura Artstica, incluindo a programao de Concertos e um Concurso Nacional de Instrumentos de Cordas, aberto a jovens instrumentistas. Como subttulo encontramos: Piano e canto em competio internacional, onde Edino divulga as normas para inscrio no 11 Concurso Internacional de Piano de Montreal e no Concurso Internacional de Canto de Paris.

Pior a emenda. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 8 fev. 1976. Caderno B, p. 7. Sntese do artigo: Sobre a substituio do Festival Wagner pela Nona Sinfonia de Beethoven na programao da Sala Ceclia Meireles sob a direo do pianista Jacques Klein. Se a antecipao de abertura da temporada se justifica plenamente, tendo em vista o fechamento do Municipal, o que parece no ter justificativa a substituio de um programa imprprio [...] por outro ainda menos apropriado, sentencia Edino. Como subttulo

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encontramos: Cristina Ortiz na Europa e Um bombeiro no quarto, sobre a comdia musical The Plumbers Progress, em cartaz no Teatro Prncipe de Gales, em Londres. Confrontos de inverno. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 15 fev. 1976. Caderno B, p. 6. Sntese do artigo: Sobre o Concurso Nacional de Msica de Cmara que a Universidade de Braslia realizar nos dias 2, 3 e 4 de junho com a colaborao do MEC, e o I Concurso Estadual de Piano a ser realizado em julho em Petrpolis, com regulamento completo de ambos. Encontramos ainda como subttulos: Msica na Tcheco-Eslovquia, Jocy em festival na Flrida, Crticos em congresso e Morelenbaum internacional.

Sobre os eventos musicais produzidos por Ceclia Conde, Edino sugere acrescentar um elemento de importncia decisiva: a continuidade.

Uma demo de msica. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 23 fev. 1976. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre o relatrio Uma Demo de Cultura da secretria Myrtes Wenzel, em que ela presta contas do esforo inicial desenvolvido pelo Departamento de Cultura no segundo semestre de 1975. No campo especfico da msica a cargo de Ceclia Conde , foram realizados um total de 120 eventos com importantes solistas e conjuntos musicais. Reconhecendo a relevncia do projeto pela quantidade, diversidade e amplitude geogrfica, Edino sugere acrescentar um quarto elemento, de importncia decisiva: a continuidade. Um bom comeo de temporada. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 7 mar. 1976. Caderno B, p. 8. Sntese do artigo: Sobre a abertura da temporada oficial da Funterj na Sala Ceclia Meireles, no dia 2 de abril, cuja execuo estar a cargo do Coro e da Orquestra Sinfnica do Theatro Municipal, sob a regncia de Eleazar de Carvalho. Edino chama a ateno para o acerto na escolha do programa: um concerto de msica brasileira, com obras representativas de quatro perodos da nossa criao musical. Como subttulos: Educao Artstica curso de preparao musical para professores, promovido pela Pro Arte ; Msica para crianas promovido pela Associao de Canto Coral do Rio de Janeiro ; e Szidon e Nelson Freire pianistas brasileiros includos em gravaes de discos comentados por Ulrich Schreiber.

O caminho encontrado. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 22 mar. 1976. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre a atuao da Comisso Artstica da Funterj formada por Mrio Tavares, Henrique Morelenbaum, Paulo Fortes, Zuinglio Faustini e Gianni Rato que constitui o melhor indcio de que a entidade est encontrando o caminho certo, com a divulgao da programao de Concertos na Sala Ceclia Meireles, em virtude do fechamento do Theatro Municipal para obras de recuperao.

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Homenagem ao JB abre temporada da OSB. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 4 abr. 1976. Caderno B, p. 4. Sntese do artigo: Sobre o calendrio artstico da Orquestra Sinfnica Brasileira com um concerto de abertura em comemorao aos 85 anos do Jornal do Brasil, divulgando os nomes dos regentes, solistas e autores envolvidos. Como subttulos encontramos: Ars Barroca no Sul, Do foyer ao Glucio Gil sobre a transferncia das apresentaes do Quarteto da Guanabara , Do koto ao cravo, Encontro de Corais e Concurso de Composio.

O articulista chama a ateno para a mais alta categoria do conjunto Ars Barroca, to bom quanto os melhores que nos visitam.

Ars Barroca. A Unidade Mltipla. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 7 abr. 1976. Caderno B, p. 5. Sntese do artigo: O articulista chama a ateno para a mais alta categoria do conjunto, to bom quanto os melhores que nos visitam. A seleo das obras, passando pelo grau de maturidade artstica de seus integrantes e a execuo realmente perfeita, conferiu ao recital que abriu o Ciclo de Msica de Cmara da Sala Ceclia Meireles um encontro privilegiado de belezas e grandezas. Ocidente e Oriente nas ressonncias do cravo. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 8 abr. 1976. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre a apresentao do cravista japons Eiji Hashimoto na Sala Ceclia Meireles, em recital promovido pelo Instituto Cultural BrasilJapo, com apreciao crtica do mesmo. Esse carter de ineditismo se prendia menos procedncia do artista, mas antes sua especialidade o cravo j que nos domnios dos instrumentos pr-clssicos ocidentais menos conhecida a atuao dos orientais.

O Canto da Terra e do Cu. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 11 abr. 1976. Caderno B, p. 1. Sntese do artigo: Aborda a programao musical da Semana Santa, destacando-se o concerto de quarta-feira, na Sala Ceclia Meireles, apresentando O Canto da Terra, de Mahler, com a participao da Orquestra Sinfnica Brasileira sob a regncia de Isaac Karabtchevsky. Um precioso legado musical. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 14 abr. 1976. Caderno B, p. 5. Sntese do artigo: Sobre a atuao do Coro e da Orquestra Sinfnica do Theatro Municipal, no concerto de abertura da srie evolutiva do barroco aos contemporneos. Nesse ato de louvor msica, coro, orquestra, regente, solistas veteranos e estreantes mostraram a qualidade do material humano de que dispe a Funterj para as suas atividades.

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Mahler. Um tempo que chegou. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 17 abr. 1976. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre a estreia do Canto da Terra pela Orquestra Sinfnica Brasileira. Edino enfatiza que a atualidade de Mahler vai alm de uma descoberta casual, sendo ainda alimentada pela necessidade psicolgica do mito. Musicalmente, representa no s a decorrncia ltima de Tristo e Isolda, de um alargamento da tonalidade que desemboca no limiar extremo do romantismo e prepara o advento de Schoenberg. Mais adiante afirma que o mundo sonoro de Mahler vai alm do prprio Schoenberg, no pela ousadia harmnica, mas pelos padres de comportamento estrutural que estabelece. Piano, violino e vanguarda. Os primeiros sons da temporada. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 18 abr. 1976. Caderno B, p. 4. Sntese do artigo: Sobre os concertos da temporada, incluindo o ciclo Panorama do Piano Brasileiro na Sala Ceclia Meireles, a programao conjunta do Ibam e do Ibeu, da Sala Corpo e Som do Museu de Arte Moderna e da Orquestra Sinfnica Brasileira. Como subttulo encontramos: Um novo compositor sobre Francisco Zumaqu Gomes , Encontro de flautistas, Uma pera infantil apresentao da pera Maroquinhas Fru Fru na Escola de Msica de Piracicaba , Curso de Interpretao a cargo de Miguel Proena , LP de Antonio Barbosa e Bolsas de estudo. Ann Schein no Ibam. Tcnica e musicalidade. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 21 abr. 1976. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre o recital da jovem pianista americana, discpula de Rubinstein. Edino chama a ateno para os recursos tcnicos bem formados de Ann Schein, que aliam tcnica com musicalidade interior espontnea, resultando em uma versatilidade e imediata adaptabilidade aos diversos estilos e linguagens.

Erich Lehninger e Sonia Goulart acrescentaram ao programa uma quarta dimenso, a de virtuosidade pura, com um nvel mximo de intensidade e musicalidade.
Edino Krieger

Um violino em quatro dimenses. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 23 abr. 1976. Caderno B, p. 8. Sntese do artigo: Sobre o recital do violinista Erich Lehninger e da pianista Sonia Goulart na Sala Ceclia Meireles, enfatizando tratar-se de dois talentos musicais e instrumentistas de primeira grandeza. Edino revela que os msicos acrescentaram ao programa uma quarta dimenso, a de virtuosidade pura, num belssimo programa, com um nvel mximo de intensidade e musicalidade.

Radams Gnattali. A festa dos 70 anos. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 25 abr. 1976. Caderno B, p. 10. Sntese do artigo: Sobre as comemoraes do aniversrio do compositor gacho em dois concertos na Casa de Rui Barbosa e no Crculo de Arte Vera Janacpulos num programa completo de suas obras, com uma breve retrospectiva da trajetria de Radams Gnattali. Como subttulo detectamos:

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Piano de vanguarda, A vez dos clssicos, Recital na Tijuca, Msica no campus da UFRJ, Orquestra da Escola e Concerto lrico. Outono com calor de Brahms. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 27 abr. 1976. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre o segundo Concerto de Outono da Orquestra Sinfnica Brasileira na Sala Ceclia Meireles, sob a regncia de Isaac Karabtchevsky, tendo como solista o pianista Jacques Klein. Como subttulo encontramos: Variaes diablicas, como uma chamada ao recital do pianista Caio Pagani, inserido no Panorama do Piano da Sala Ceclia Meireles. Edino chama a ateno que as 33 Variaes de Beethoven, sobre uma valsa de Diabelli, no so apenas Diablicas: so diablicas.

Edino refere-se ao compositor Frutuoso Viana, afirmando que j em 1931 Mrio de Andrade lhe reconhecia os mritos.

No preciso crescer para ser grande. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 28 abr. 1976. Caderno B, p. 4. Sntese do artigo: Sobre os mil caminhos que compem o labirinto misterioso da criao musical. Edino refere-se ao compositor Frutuoso Viana, afirmando que j em 1931 Mrio de Andrade lhe reconhecia os mritos. impossvel traar-se um quadro da nossa criao pianstica sem incluir sua Dana de Negros, seu Corta-Jaca, suas miniaturas. Mais adiante o articulista revela que so composies de pequena durao no tempo cronolgico, mas eternizadas pela significao de sua substncia musical. Vanguarda e classicismo em realizaes exemplares. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 30 abr. 1976. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre o recital do pianista Fernando Lopes no Panorama do Piano Brasileiro da Sala Ceclia Meireles, com obras de Raul do Valle, Almeida Prado, Ernst Widmer e Lindembergue Cardoso, enfatizando que em qualquer parte do mundo so muito raros os intrpretes que unem qualidades to flagrantes na abordagem da msica brasileira. Num segundo momento Edino retrata o concerto da srie Do Barroco ao Contemporneo que a Orquestra Sinfnica do Theatro Municipal est apresentando na Sala, sob a regncia de Mrio Tavares, tendo como intrprete Heitor Alimonda, cujo programa mostrava obras de Gluck, Mozart e Haydn. Como um segundo ttulo: V Concurso de Corais, peas inditas para o confronto, com o regulamento completo do evento. Sol mediterrneo brilha no outono musical. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 3 maio 1976. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre o programa do terceiro Concerto de Outono da Orquestra Sinfnica Brasileira, na Sala Ceclia Meireles, que, segundo Edino, Roberto Schnorrenberg inseriu como um rasgo de Sol mediterrneo na paisagem desse frtil ciclo da Orquestra Sinfnica Brasileira, que incluiu a Abertura em Si bemol, de Bernardo Jos de Souza Queiroz forte influncia

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rossiniana , o Concerto para dois violes, de Radams Gnattali, e a Sinfonia Italiana, de Mendelssohn. A primeira grande enchente. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 4 maio 1976. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre o cancelamento de um concerto sexta-feira, na Sala Ceclia Meireles, em consequncia de uma enchente. Edino revela que no domingo seguinte houve ainda outro tipo de enchente: do pblico. Atrados pela gratuidade do espetculo e talvez ainda pelo programa Rachmaninoff e Tchaikowsky , o pblico compareceu em massa ao concerto inaugural da Orquestra Sinfnica Nacional da Rdio MEC, ampliando em muito o pblico certo que a OSN j conquistou. Cordas em noite dupla. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 6 maio 1976. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Edino ressalta que antes da Funterj era comum a coincidncia de concertos num mesmo dia e horrio em salas diferentes e nenhum no outro dia. Tal fato era atribudo falta de centralizao. Foi criada a Funterj. Entretanto, no houve modificao alguma, pois dois bons concertos Jerzy Milewsky e Aleida Schweitzer abrindo um ciclo de violino e o Quarteto da Guanabara, o Festival Schubert foram programados para o mesmo dia, ficando o dia seguinte sem programao.

Edino divulga os concertos que incluem nomes internacionais, como o Quatuor de France, a cantora Victoria de los Angeles e o pianista Abbey Simon.

Piano, vozes e conjuntos numa semana internacional. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 9 maio 1976. Caderno B, p. 10. Sntese do artigo: Sobre os acontecimentos musicais da semana que incluem trs nomes internacionais, a saber: O Quatuor de France conhecido como Quarteto da ORTF , a cantora Victoria de los Angeles e o pianista Abbey Simon. Como destaques nacionais Edino ressalta as apresentaes da pianista Maria da Penha, da cantora Maria Lcia Godoy, da Orquestra de Cmara do Brasil, do pianista Moreira Lima em benefcio da Pr-Matre, de Santoro e Shostakowitch programados pela Orquestra Sinfnica Brasileira, do pianista Jos Carlos Cocarelli, do cantor Paulo Barcelos e o ciclo de palestras Villa-Lobos. Alto padro sinfnico. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 10 maio 1976. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre o incio da temporada musical e a quantidade e qualidade dos bons concertos que a Orquestra Sinfnica Brasileira e a Orquestra Sinfnica do Theatro Municipal vm propiciando ao pblico. Edino ressalta a preocupao de nossas orquestras em mostrar o melhor de suas capacidades com o intuito de reconquistar um pblico que se dispersou. O artigo em questo aborda a Orquestra Sinfnica Brasileira em todos os Concertos de Outono sob a regncia de Isaac Karabtchevsky, afirmando que a orquestra alcanou um grau altamente significativo, difcil mesmo de ser superado.

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Encantos do romantismo nascente. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 11 maio 1976. Caderno B, p. 4. Sntese do artigo: Sobre o concerto da srie Do Barroco ao Contemporneo na Sala Ceclia Meireles, que contou com a participao da Orquestra Sinfnica do Theatro Municipal sob a regncia de Roberto Duarte, tendo como solista Maria Lcia Godoy. Victoria, voz e corao de Espanha. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 12 maio 1976. Caderno B, p. 4. Sntese do artigo: Sobre o recital da cantora Victoria de los Angeles na Sala Ceclia Meireles, passados mais de vinte anos de sua visita anterior, tendo como acompanhador o pianista Leonidas Lipovetsky. Edino ressalta que Lipovetsky foi raramente um coadjuvante satisfatrio e adverte que: Felizmente, era para Victoria que todos os ouvidos estavam atentos. Maria dos elementos. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 13 maio 1976. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre o recital da pianista Maria da Penha no Ciclo do Piano Brasileiro na Sala Ceclia Meireles. Edino, falando sobre os poderes que lhe conferem sua privilegiada natureza musical, assim se expressa: Com o seu domnio de todos os elementos, de todas as matrias que a ao muscular, ordenada pela tcnica exuberante, pode extrair do instrumento, Maria da Penha tem o domnio natural de todas as formas, de todos os estilos. Heifetz e Simon em temporada carioca. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 17 maio 1976. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre a agenda musical da semana que inclui apresentaes do violinista Daniel Heifetz filho de Jascha Heifetz como solista da Orquestra Sinfnica Brasileira sob a regncia de Isaac Karabtchevsky, do pianista norteamericano Abbey Simon, do pianista Heitor Alimonda no Panorama do Piano Brasileiro na Sala Ceclia Meireles, do clarinetista Jos Botelho como solista da srie Do Barroco ao Contemporneo com a Orquestra Sinfnica do Theatro Municipal, sob a regncia de Alceo Bocchino, e, ainda, do Trio da Escola de Msica Villa-Lobos e da Banda Antiqua, ambos na Aliana Francesa da Tijuca e do Mier, respectivamente.

Trio Beaux Arts. Ningum consegue ficar indiferente ouvindo esse milagre de perfeio tcnica e de fora de comunicao musical.
Edino Krieger

Trio Beaux Arts. A emoo multiplicada. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 18 maio 1976. Caderno B, p. 4. Sntese do artigo: Sobre a apresentao do citado trio (Menahem Pressler piano , Isidore Cohen violino e Bernard Greenhouse violoncelo) na Sala Ceclia Meireles, afirmando que ningum consegue ficar indiferente ouvindo esse milagre de perfeio tcnica e de fora de comunicao musical. Edino esclarece que o domnio absoluto de todos os fatores de sua ao conjunta, de cada instrumento, individualmente, de sua integrao maravilhosa como conjunto, e do sentido musical de cada obra, como

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msicos de uma sensibilidade de exceo, tornam o Trio Beaux Arts um verdadeiro fenmeno. Schumann nas mos de um mestre raro. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 19 maio 1976. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Concerto do pianista Heitor Alimonda, considerado como um intrprete de amplos voos e largos recursos tcnicos, que a longa vivncia camerstica apurou, sem diminuir as qualidades do solista que ainda cresce e se supera a cada nova atuao, nessa antiga atividade agora retomada. Abbey Simon. Um duplo desafio. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 20 maio 1976. Caderno B, p. 4. Sntese do artigo: Sobre a estreia do pianista norte-americano na Sala Ceclia Meireles, enfatizando que no foi um simples recital, foi um desafio. O programa, que inclua a Fantasia Op. 17 de Schumann, as Variaes sobre um tema de Paganini de Brahms e os 12 Estudos Op. 25 de Chopin, num mesmo recital, representava uma dose excessiva. Ele faz no teclado o que quer e sempre com um sentido musical admirvel, sentencia Edino. Na Pro Arte a temporada comea hoje. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 24 maio 1976. Caderno B, p. 8. Sntese do artigo: Sobre o concerto do violinista Daniel Heifetz, na quintafeira, como solista da Orquestra Sinfnica Brasileira, e diversas outras notcias musicais. Nelson Freire. A eterna descoberta. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 27 maio 1976. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Edino considera como um momento de espiritualidade suprema o recital Chopin com Nelson Freire na Sala Ceclia Meireles. To transcendente a significao desse encontro que j no basta assinalar os prodgios da tcnica, a docilidade do mecanismo do instrumento diante da ao digital assombrosa. O articulista chama a ateno para um privilgio de Nelson Freire, que esse eterno renascer dentro de si mesmo, essa intensidade sempre renovada, que faz de cada encontro com a msica uma nova aurora. Ciclo Brahms marca a programao de junho. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 1 jun. 1976. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: O artigo divulga toda a programao musical de junho, ressaltando o supracitado ciclo na Sala Ceclia Meireles, que contar com a participao do Sexteto Wuehrer. Como subttulo encontramos: Dvork em estreia, Nelson Freire e Janos Starker, Quarteto da Guanabara, Orquestra de cmara e Dirca Amorim na Tijuca.

Nelson Freire: To transcendente a significao desse encontro que j no basta assinalar os prodgios da tcnica, a docilidade do mecanismo do instrumento.
Edino Krieger

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Inverno musical abre com temperatura oscilante. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 8 jun. 1976. Caderno B, p. 7. Sntese do artigo: Sobre a impropriedade da programao da obra Petrouchka, de Stravinsky no obstante o grande interesse musical que encerra com a Orquestra Sinfnica Brasileira na Sala Ceclia Meireles, sob a regncia de Isaac Karabtchevsky, em face das limitaes acsticas do local, inadequado a esse tipo de repertrio. Edino afirma que: Nenhum dos trs requisitos fundamentais, indispensveis na execuo de uma partitura como essa de Stravinsky (afinao, preciso e equilbrio), chegaram a atingir um nvel satisfatrio de realizao. Brahms um Universo revelado ou Brahms tambm necessrio. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 9 jun. 1976. Caderno B, p. 5. Sntese do artigo: Sobre a oportuna criao do Ciclo Brahms a exemplo de Bach, Beethoven e Chopin pela Sala Ceclia Meireles, dedicado parcela mais significativa e menos conhecida de sua produo, que contou com a participao do Sexteto Wuehrer de Hamburgo na estreia, divulgando os demais concertos da srie. Onde testar o seu talento. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 17 jun. 1976. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre os vrios concursos nacionais e internacionais, para compositores, cantores e instrumentistas, abertos participao dos novos talentos brasileiros. Edino divulga todo o regulamento dos concursos: de composio na Paraba, de violoncelo do Festival Villa-Lobos, de oratrio, pera e lied para intrpretes na Holanda, de composio sinfnica na Itlia, de piano em Petrpolis e de violino em Gnova, na Itlia. Ciclo Brahms. O sopro camarstico. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 19 jun. 1976. Caderno B, p. 4. Sntese do artigo: Sobre o quarto concerto do Ciclo Brahms na Sala Ceclia Meireles, que incluiu a apresentao de trs das cinco obras camarsticas do autor que requerem a participao dos sopros, contando com a participao de Jos Botelho clarinete , Zdenek Svab trompa , Zygmunt Kubala violoncelo , Miguel Proena piano e Frantisek Bartik violino. Msica. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 21 jun. 1976. Caderno B, p. 7. Sntese do artigo: Trata-se de um noticirio musical semanal incluindo o X Concurso Nacional de Canto Carmen Gomes. Como subttulos encontramos: Banda Antiqua, Concertos de Outono, Duo Pianstico a quatro mos, Panorama do Piano Brasileiro, Ciclo Brahms, Cappella Accademica Graz, Srie Vesperal e Solo Now. Ouro Preto, Petrpolis, Campos do Jordo. Calor musical para o inverno. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 21 jun. 1976. Caderno B, p. 8. Sntese do artigo: Sobre os festivais de inverno e vero que j fazem parte do calendrio musical brasileiro de Curitiba, Terespolis, Ouro Preto, Petrpolis

O crtico divulga os vrios concursos nacionais e internacionais, abertos participao dos novos talentos brasileiros.

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

e Campos do Jordo , com a divulgao de todo o programa de cursos e concertos, com incluso nominal de todos os professores participantes, alm dos contatos para obteno de informaes. Regente jovem estreia com sucesso. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 22 jun. 1976. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre a estreia do regente Ernani Aguiar aos 22 anos de idade frente da Orquestra de Cmara da Rdio MEC, na Sala Ceclia Meireles. Em todo o seu variado programa, feito de obras do barroco, na primeira parte, e de autores contemporneos, na segunda, teve Ernani Aguiar suficientes oportunidades para demonstrar uma disposio flagrante para a regncia. Janos Starker. O eloquente cantor da simplicidade. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 25 jun. 1976. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre a participao do violoncelista Janos Starker no Concerto de Inverno da Orquestra Sinfnica Brasileira, na Sala Ceclia Meireles. Mas Starker no s o cantor eloquente da simplicidade: tambm um mestre soberbo das transas mais complexas, dos arpejos e das escalas velozes do brilhante movimento final, onde a mxima substncia musical se associa ao prazer lcido da digitao instrumental, afirma Edino. Juan Carlos Zorzi. A Msica acionada (hoje) para a sobrevivncia espiritual. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 27 jun. 1976. Caderno B, p. 12. Sntese do artigo: Sobre a apresentao do regente, compositor e professor argentino Juan Carlos Zorzi frente da Orquestra Sinfnica Nacional da Rdio MEC, na Sala Ceclia Meireles. Constam ainda do artigo importantes depoimentos sobre: a importncia da msica na educao, a errada afirmao de que a msica clssica difcil para o povo, a impossibilidade de sobreviver somente como compositor e a insero da msica na problemtica da vida e do mundo de hoje. Arcos, pianos e batutas. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 27 jun. 1976. Suplemento, p. 9. Sntese do artigo: Sobre os cartazes internacionais que prestigiam o calendrio da semana na Sala Ceclia Meireles. Brahms em madrigal e a luminosidade de um conjunto. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 28 jun. 1976. Caderno B, p. 4. Sntese do artigo: Sobre a segunda parte do programa do quinto concerto do Ciclo Brahms na Sala Ceclia Meireles, a cargo do coro da Associao de Canto Coral, dirigido por Cleofe Person de Mattos, que contou com a apresentao de 22 canes corais do compositor. Num segundo momento Edino focaliza a apresentao do conjunto Cappella Accademica de Graz numa promoo da Pro Arte do Rio de Janeiro.

Edino chama a ateno sobre a importncia da msica na educao e sua insero na problemtica da vida e do mundo.

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Captulo II. O crtico musical

Zorzi obteve um nvel de moderao sonora suficiente para deixar ouvir o violoncelo solista de Zygmunt Kubala.
Edino Krieger

Zorzi e Kubala. Batuta romntica e violoncelo raro. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 30 jun. 1976. Caderno B, p. 8. Sntese do artigo: Sobre o concerto da Orquestra Sinfnica Nacional na Sala Ceclia Meireles, tendo como solista de uma das obras o violoncelista Zygmunt Kubala sob a regncia de Juan Carlos Zorzi. Sem excluir, de seu temperamento, a sensibilidade tambm para os matizamentos sutis e o equilbrio das sonoridades, Zorzi obteve um nvel de moderao sonora suficiente para deixar ouvir o violoncelo solista de Zygmunt Kubala. Matizes musicais do Sculo XX. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 2 jul. 1976. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre o concerto da srie Do Barroco ao Contemporneo na Sala Ceclia Meireles, com a Orquestra Sinfnica do Theatro Municipal, sob a regncia de Carlos Alberto Pinto Fonseca, que teve como solista a pianista Las de Souza Brasil. Edino chama a ateno para o talento especial do regente para os detalhes, o colorido tmbrico e o equilbrio das sonoridades, se utilizando de gestos curtos, apenas essenciais, favorecendo a clareza da execuo. Afirma ainda que a solista estava profundamente identificada com a obra Quatro Temperamentos, de Hindemith por ela introduzida aqui h 20 anos, sob a regncia e a superviso do prprio autor. Salvatore Accardo. Um encontro emocionante de tcnica e musicalidade. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 5 jul. 1976. Caderno B, p. 4. Sntese do artigo: Sobre o concerto da Orquestra Sinfnica Brasileira na Sala Ceclia Meireles, tendo como solista o violinista Salvatore Accardo, sob a regncia de Julio Medaglia. Edino enfatiza que, ao deixar a Sala superlotada, o pblico deve ter sentido uma emoo a mais: a da certeza de ter acabado de ouvir, nesse jovem napolitano de 35 anos, um dos luminares da arte do violino de todos os tempos.

Msica. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 5 jul. 1976. Caderno B, p. 6. Sntese do artigo: Trata-se de um noticirio musical semanal com divulgao das apresentaes: da Banda Antiqua, do Quarteto da Guanabara, do Waverly Consort, do pianista ingls John Ogdon, do Ciclo Brahms, da Srie Vesperal e dos Concertos de Inverno. Msica. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 6 jul. 1976. Caderno B, p. 7. Sntese do artigo: Edino divulga a agenda semanal de concertos, que inclui apresentaes: da Banda Antiqua, do Ciclo Brahms, da Srie Vesperal, dos Concertos de Inverno, dando destaque ao concerto inaugural da srie Concert Hall da Cultura Inglesa do Rio de Janeiro, na Sala Ceclia Meireles, com a participao do pianista ingls John Ogdon.

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O Waverly Consort impressiona: no s a multiplicidade dos instrumentos e sua diversidade, resultando numa riqueza de timbres e matizamentos.
Edino Krieger

Waverly Consort, a juventude eterna da msica antiga. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 7 jul. 1976. Caderno B, p. 5. Sntese do artigo: Sobre o concerto do supracitado conjunto de Nova York na Sala Ceclia Meireles, que proporcionou ao pblico momentos inesquecveis. No s a multiplicidade dos instrumentos e sua diversidade, resultando numa riqueza de timbres e matizamentos capaz de competir com vantagem com qualquer sintetizador eletrnico de hoje, mas tambm a destreza de sua manipulao e a justeza de sua difcil afinao individual e conjunta, impressiona na atuao do Waverly Consort, afirma Edino. Msica. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 7 jul. 1976. Caderno B, p. 7. Sntese do artigo: Sobre a agenda de concertos que inclui a presena de Salvatore Accado no programa do Ciclo Brahms, a apresentao da Banda Antiqua, os Concertos de Inverno e a Srie Vesperal, dentre outros. John Ogdon. O som maior. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 8 jul. 1976. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre o concerto de abertura da srie Concert Hall com o pianista John Ogdon primeiro prmio dos Concursos Internacionais Liszt de Londres e Tchaikowsky de Moscou afirmando que o programa era rico em substncia, embora sem fugir rotina. Edino lamentou a ausncia de obra de compositor ingls no programa, que conferiria ao mesmo um maior interesse. Se a qualidade musical se medisse em decibis, ele seria certamente um campeo indiscutvel, sentencia Edino. Romantismo renovador. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 14 jul. 1976. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre o quarto Concerto de Inverno da Orquestra Sinfnica Brasileira, sob a regncia de Isaac Karabtchevsky, e a incluso de duas obras Concerto n 1 de Liszt e Sinfonia n 4 de Mahler que, segundo Edino, so mais para os ouvidos de agora do que para os de sua poca. Citando a rejeio dessas obras em sua poca, Edino ressalta que: A Histria provaria, com seu juzo acima do condicionamento e das limitaes do momento, serem essas obras representaes admirveis de um impulso de libertao, cujas consequncias teriam que ser medidas no pelo que destruram do passado, seno pelo que ofereceram ao futuro. De Brahms a Alban Berg. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 16 jul. 1976. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Divulga a programao da semana, com concertos do Quarteto Beethoven de Roma, integrado pelo violino de Felix Ayo, a viola de Alfonso Ghedin, o violoncelo de Enzo Altobelli e o piano de Carlo Bruno, e os concertos sinfnicos da Srie Do Barroco ao Contemporneo, com David Machado frente da Orquestra Sinfnica do Theatro Municipal e a cantora

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Helena Rodrigues como intrprete, em primeira audio no Brasil, das 7 Canes de Juventude de Berg. Roberto Szidon. Evidncias do temperamento... Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 20 jul. 1976. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre a substituio de duas obras do programa divulgado as Variaes de Liszt pela Sonata op. 101 de Beethoven e os Cinco Preldios de Scribrin pela Fantasia sobre o Hino Nacional Brasileiro de Gottschalk, alegando que em nada afetou substancialmente a atuao do pianista Robert Szidon, recitalista da srie Panorama do Piano Brasileiro, na Sala Ceclia Meireles. Edino, entretanto, aponta que a alterao do programa pode ser um indcio a mais do papel preponderante que seu temperamento assume em sua brilhante carreira, seja na liberdade, na volpia da redescoberta que suas verses constantemente denotam, seja no teor polmico e patant de seus pronunciamentos. Arto Noras. O prazer da dificuldade. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 23 jul. 1976. Caderno B, p. 8. Sntese do artigo: Sobre o culto da virtuosidade evocando a lembrana de Locatelli e Paganini que parece definir o violoncelista finlands Arto Noras, no recital promovido pela Pro Arte, na Sala Ceclia Meireles. Aprovado com louvor nas provas de destreza, outrossim deixou a desejar na execuo da Sute em D menor de Bach. A virtuosidade de Arto Noras parecia um pouco perdida, a ponto de quase perder efetivamente o rumo de sua tortuosa caminhada, sentencia Edino. Tradio e vanguarda. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 24 jul. 1976. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Crtica da montagem sonora da Nau Catarineta, apresentada na sexta-feira na Srie Vesperal da Sala Ceclia Meireles. Musicalmente, a Nau Catarineta de Fernando Lbeis, Ceclia Conde, Grisolli e seus companheiros mais do que uma simples tentativa de mostrar a um pas incrdulo e negligente de seus prprios valores culturais uma verso estilizada de um auto dramtico popular. Mais que isso, representa um ato de criao que extrapola o nvel da referncia e da citao, para surgir como uma proposio formal nova, onde o fato folclrico vivenciado e recriado, assumindo uma nova configurao sem perder as suas razes. Edino ressalta ainda o trabalho atualssimo de criao sonora de Ceclia Conde e a qualidade de sua execuo, tanto vocal quanto instrumental, enfatizando que nenhum dos artistas interpreta, todos vivem intensamente cada som que produzem. O piano feminino de Cristina. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 25 jul. 1976. Caderno B, p. 11. Sntese do artigo: Sobre o recital da pianista Cristina Ortiz primeiro prmio no Concurso Internacional Van Cliburn, no Texas e a questo da sonoridade instrumental, um fenmeno fsico-acstico independente das diferenas de

A Nau Catarineta de Fernando Lbeis, Ceclia Conde, Grisolli e seus companheiros mais do que uma simples tentativa de mostrar a um pas incrdulo e negligente de seus prprios valores culturais, um auto dramtico popular.
Edino Krieger

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A obra Dies Irae, de Penderecki, foi um acontecimento parte, dentro do conjunto de valores excepcionais que o programa reuniu.
Edino Krieger

sexo. Edino ressalta que o som tipicamente feminino da pianista no chega a perturbar em momentos de intimidade potica. Entretanto, torna-se frustrante em uma obra masculina, em que a presena fsica do som uma exigncia da prpria expresso musical. O articulista adverte no ser esse um problema incontornvel, pois pode ser compensado por um poder de valorizao tmbrica do som. Dies Irae, de Penderecki. O vento amanhece, preciso tentar viver. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 27 jul. 1976. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre a programao do concerto de encerramento do ciclo Do Barroco ao Contemporneo, na Sala Ceclia Meireles, com a Orquestra do Theatro Municipal, sob a regncia de Henrique Morelenbaum, que contou com trs primeiras audies no Rio o Ludus Instrumentalis, de Marlos Nobre, o Concerto para Quarteto e Orquestra, de Radams Gnattali, e o Dies Irae, de Kryztof Penderecki. Edino ressalta a importncia musical dessa ltima pea composta em l967 para a solenidade de inaugurao do monumento em memria das vtimas do campo de concentrao de Auschwitz, na Polnia enriquecendo seu artigo com depoimentos do regente. A sublime expresso do terror. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 31 jul. 1976. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre o concerto anteriormente citado destacando que a obra Dies Irae, de Penderecki de uma complexidade to grande quanto a sua prpria fora musical foi um acontecimento parte, dentro do conjunto de valores excepcionais que o programa reuniu. Humanizada pela prpria desumanidade da tragdia que a inspirou, a partitura de Penderecki a expresso sublime de uma realidade terrvel transfigurada em arte.

Ciclo Brahms. A melhor das despedidas. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 2 ago. 1976. Caderno B, p. 5. Sntese do artigo: Sobre os dois excelentes concertos de encerramento do Ciclo Brahms na Sala Ceclia Meireles, que contaram com a participao do Trio de Trieste, do cantor Aldo Baldin, das cantoras Eliane Sampaio e Lenice Priolli, das pianistas Maria Lucia Pinho e Lilian Barreto. Segundo Edino, o rendimento do belo programa deixou no pblico no s a sensao de plena recompensa, mas o desejo de prolongar por outra hora e meia esse gratificante final do Ciclo Brahms. Servio. Msica. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 2 ago. 1976. Caderno B, p. 8. Sntese do artigo: Inclui a programao da semana, com indicao dos recitais do Quarteto da Guanabara, do Ciclo Bach-Haendel, do Panorama do Piano Brasileiro, do Conjunto Das Neue Werk da Holanda e da homenagem a Octavio Maul, dentre outros.

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Captulo II. O crtico musical

O doce martrio de Debussy. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 3 ago. 1976. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre o concerto de sbado tarde da Orquestra Sinfnica Brasileira e do Coro da Associao de Canto Coral preparado por Cleofe Person de Mattos e Elza Lakschevitz, sob a regncia de Gerard Devos, tendo Philipe Rondest como narrador, Ruth Staerke como solista e Lucia Passos e Nazareth Silverio no dueto dos gmeos. Ciclo Bach-Haendel. O encontro dos mestres. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 7 ago. 1976. [Coluna] Cidade, p. 5. Sntese do artigo: Sobre o concerto de abertura do ciclo comemorativo dos 85 anos do Jornal do Brasil na Sala Ceclia Meireles, que segundo Edino resultou num quarteto de grandezas, dois mestres maiores do barroco Bach e Haendel e dois intrpretes maiores de hoje Richter e Kogan , contando ainda com a Orquestra Bach de Munique.

Kogan-Richter. O dilogo perfeito. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 10 ago. 1976. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre a execuo de um grupo de Sonatas para violino e cravo, de Bach, executadas pelo violinista Leonid Kogan e pelo cravista Karl Richter. Edino afirma tratar-se de um dilogo de sensibilidades extremas que se contrapem e se completam, iguais no equilbrio natural de seu potencial sonoro, sem necessitar qualquer esforo para equalizar os seus nveis dinmicos em perfeita correspondncia mtua. O melhor Messias. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 12 ago. 1976. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre a apresentao do oratrio Messias, de Haendel, na Sala Ceclia Meireles. Edino ressalta que a qualidade dos participantes permitia prever um nvel musical superior. Entretanto, a realizao superou toda expectativa. Foi sem sombra de dvidas o melhor Messias que o pblico carioca j teve a oportunidade e o privilgio de ouvir, enfatiza o articulista. O concerto esteve a cargo: da Orquestra Bach de Munique, sob a regncia de Karl Richter, tendo como solistas Gabriele Fuchs, Anna Reynolds, Ernst Haefliger e Ernst-Gerold Schramm; do coro da Associao de Canto Coral preparado por Cleofe Person de Mattos e Elza Lakschevitz e de uma dezena de excelentes msicos brasileiros.

O Bach de Richter realmente uma aula viva de morfologia para um msico.


Edino Krieger

Bach-Richter. A energia liberada. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 14 ago. 1976. Caderno B, p. 5. Sntese do artigo: Sobre o programa Bach realizado na Sala Ceclia Meireles pela Orquestra Bach de Munique, sob orientao de Karl Richter, mostrando que o altssimo padro da citada orquestra o resultado da soma das qualidades individuais de cada um de seus integrantes. Mais adiante Edino revela que: O Bach de Richter realmente uma aula viva de morfologia para um msico,

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alm de transmitir, para qualquer ouvinte, toda a grandeza e toda a energia que o esprito humano capaz de conceber e assimilar e que a obra de Bach resume. Trio Burle Marx. Intrpretes e autores jovens. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 19 ago. 1976. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre a estreia do Trio Burle Marx (Barbara Westphal violino , Madalena Burle Marx violoncelo e James Swisher piano) no auditrio do Ibam, em promoo conjunta com o Ibeu, apresentando obras de Copland, Beethoven e Villa-Lobos.

Antonio Barbosa. Na linha do canto, a fidelidade a Schubert. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 23 ago. 1976. Caderno B. p. 9 et seq. Sntese do artigo: Sobre o programa do recital do pianista Antonio Barbosa na srie Panorama do Piano Brasileiro, com a incluso da transcrio das Sete Canes de Schubert por Liszt, e, ainda, obras de Mozart e Chopin. Edino chama a ateno para a ausncia de uma pea de autor brasileiro no programa, fugindo dessa forma proposio subentendida no prprio ttulo da srie. Um ttulo que deveria justificar-se no s pela nacionalidade dos intrpretes, mas tambm pela presena da criao musical dos nossos autores. Tashi. A boa sorte de quem ouve. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 25 ago. 1976. Caderno B, p.5. Sntese do artigo: Refere-se ao concerto de sbado noite, na Sala Ceclia Meireles, do Quarteto Tashi, formado por Peter Serkin (piano), Richard Stoltzman (clarinete), Fred Sherry (violoncelo) e Ida Kavofian (violino). Seus integrantes fazem parte de uma seita que visa penetrar e revelar o sentido mais profundo da mensagem sonora, uma espcie de integrao com a natureza por meio da msica. Segundo Edino, um dos melhores concertos da temporada. O que aconteceu, em cada uma das quatro obras apresentadas, ultrapassa os limites de uma simples execuo bem-sucedida. Foi um fenmeno raro de identificao total, de cada um com a msica e de todos entre si.

Edino comenta a estreia da obra The Rakes Progress, de Stravinsky, em uma tentativa de ressurreio da pera dentro da vida musical carioca.

Uma esperana para a pera. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 28 ago. 1976. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre a apresentao de estreia da temporada lrica da Funterj, na Sala Ceclia Meireles, da obra The Rakes Progress, de Stravinsky, em uma tentativa de ressurreio da pera dentro da vida musical carioca, ainda que sem contar com a parte cnica. Edino faz uma anlise dos aspectos positivos e negativos que envolveram a escolha dessa obra e a forma de sua apresentao, mostrando que as dificuldades tornaram ainda maior o mrito da realizao da obra, que teve Henrique Morelenbaum como o verdadeiro heri do espetculo.

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Saber cantar por certo um requisito fundamental para quem toca Schubert. So palavras de Edino, referindo-se ao concerto do pianista Miguel Proena.

Spivakov e Tuckwell. Violino e trompa em atuaes soberbas. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 30 ago. 1976. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre as apresentaes do violinista Spivakov na srie Concert Hall e do Ciclo do Violino e, ainda, do trompista Barry Tuckwell na Sala Ceclia Meireles, com a Orquestra Sinfnica Brasileira, sob a regncia de Isaac Karabtchevsky. Edino revela que todo o programa, anunciado, impresso e devidamente comentado, foi substitudo. Outrossim, informa que pelo menos os artistas eram os mesmos e que o pblico recebeu a mesma dose de musicalidade e perfeio. Miguel Proena. A funo respiratria da harmonia. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 3 set. 1976. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Analisa o concerto de segunda-feira no Ciclo de Piano da Sala Ceclia Meireles, enfatizando: Saber cantar por certo um requisito fundamental para quem toca Schubert. Octuor de Paris. O refinamento francs no romantismo germnico. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 6 set. 1976. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre a apresentao do Octuor de Paris na Sala Ceclia Meireles, em promoo da Pro Arte, com obras de Jean Franaix, Weber, Schubert e Beethoven, com indicao dos msicos que mais se destacaram. Quais as opes para um fim de semana sem concertos? Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, out. 1976. Sntese do artigo: Informa no existir programao musical prevista para o fim de semana. Entretanto, afirma que no por falta de pblico, j que o ndice de frequncia aos concertos da Orquestra Sinfnica Brasileira, da Pr-Msica Silvestre e da Orquestra Sinfnica Nacional tem sido mais do que satisfatrio. Edino afirma que o problema ainda e sempre a falta de planejamento e de coordenao da programao musical. Servio. Msica. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 8 out. 1976. Caderno B, p. 8. Sntese do artigo: Versa sobre a programao do dia, que inclui a apresentao dos corais Harmonia e do Centro Educacional de Niteri, dos Quartetos da UFRJ e de Cordas da Holanda e, ainda, o recital do violinista Jerzy Milewski e da pianista Aleida Schweitzer. Malcolm Frager. Cabea, corao e dedos. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 9 out. 1976. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Apreciao crtica do recital do pianista Malcolm Frager, chamando a ateno para o fato de que muitos pianistas e regentes demonstram, por meio de uma abundante gesticulao, intenes que muitas vezes nem chegam a se materializar no plano sonoro, atuando mais como mestres da comunicao visual do que da comunicao musical. Malcolm Frager pertence

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a uma categoria oposta: sua postura quase esttica, os braos quase colados cintura, os antebraos apenas acionados o suficiente para transmitir a energia aos dedos. Uma semana de muitas vozes e poucos instrumentos. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 10 out. 1976. Caderno B, p. 6. Sntese do artigo: O articulista chama a ateno para o confronto de corais de vrios estados, uma promoo da Rdio e do Jornal do Brasil (V Concurso de Corais do RJ), por ele considerado o acontecimento marcante da semana.

Pergamenschicov mostrou no s o seu domnio assombroso do instrumento, mas tambm uma extrema sensibilidade para a msica.
Edino Krieger

Violoncelo russo e quarteto holands. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 12 out. 1976. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre o recital do violoncelista Boris Pergamenschicov na Sala Ceclia Meireles, que contou com a participao da pianista Aleida Schweitzer. Edino ressalta que Pergamenschicov mostrou no s o seu domnio assombroso do instrumento, mas tambm uma extrema sensibilidade para a msica contempornea. O articulista tece ainda uma apreciao crtica da apresentao do quarteto de cordas da Holanda, que teve como ponto crtico a afinao imprecisa. Os acontecimentos mais sensacionais da partitura chegavam ao ouvido como lugares-comuns. Como subttulo encontramos: Passport d curso de Jazz e Concursos de Composio Concurso de Composio da cidade de Curitiba, Concurso Nacional de Composio do Instituto Goethe e Concurso Nacional de Composio da Secretaria de Educao e Cultura da Paraba. Violino, sopro e piano em noite prdiga. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 14 out. 1976. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre os recitais: de Jerzy Milewsky, que contou com a participao da pianista Aleida Schweitzer no Conservatrio Brasileiro de Msica; o programa de Sonatas para sopros e piano, que contou com a participao de Heitor Alimonda, Jos Botelho e Svab no Ibam; e o recital do pianista Edson Elias no Ciclo do Piano Brasileiro, na Sala Ceclia Meireles.

pera e Quarteto em semana intensa e variada. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 17 out. 1976. Caderno B, p. 6. Sntese do artigo: Aborda a estreia mundial da pera O Chalaa (apelido de Francisco Gomes da Silva) de Francisco Mignone, com libreto de Mello Nbrega, com depoimentos do bartono Paulo Fortes e da mezzosoprano Glria Queiroz, que representaram o Chalaa e Dona Domitila, respectivamente.D destaque tambm apresentao do Quarteto de Sidney, Austrlia (Harry Curby e Dorel Tincu violinos, Alexandre Todicescu viola e Nathan Waks violoncelo), no Ibam. Edino divulga a programao musical semanal que mobilizou os diversos auditrios da cidade.

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V Concurso de Corais do Rio de Janeiro. Emoo e entusiasmo no confronto de mil vozes. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 20 out. 1976. Caderno B, p. 4. Sntese do artigo: Sobre o concurso realizado de quarta a domingo na Sala Ceclia Meireles, sob o patrocnio da Rdio e do Jornal do Brasil, que contou com a participao de corais de diversas cidades: 14 do Rio de Janeiro, 5 de Niteri, 2 de Nova Iguau,1 de So Gonalo, 1 de Alcntara, 3 de Belo Horizonte, 1 de Montes Claros e Braspolis, Salvador e Santos e 2 de So Paulo. Edino chama a ateno para o nvel qualitativo, que vem subindo sensivelmente, sem levar em conta o quantitativo, que j feito sabido. Comenta ainda, de forma resumida, a atuao dos 21 corais finalistas.

Edino aborda a estreia mundial da pera O Chalaa, de Francisco Mignone.

O Chalaa. Um milagre a mais. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 26 out. 1976. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Crtica da estreia mundial da pera O Chalaa, de Francisco Mignone, sobre libreto de Mello Nbrega, na Sala Ceclia Meireles, em virtude de o Municipal estar fechado para obras. E o que mais notvel que essa estreia, no obstante as adversidades, se realizou dentro de um padro de qualidade e profissionalismo que raramente o Municipal conheceu. O que prova, mais uma vez, que o recurso bsico para qualquer atividade artstica a vontade de realizar, por parte de quem tem nas mos o poder de deciso. Primavera brilha mais na acstica da Escola. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 27 out. 1976. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre o programa da Temporada de Primavera da Orquestra Sinfnica Brasileira, sob a regncia de John Neschling, sbado tarde, no Salo Leopoldo Miguez da Escola de Msica da UFRJ. Edino ressalta o pequeno uso do salo, que tem a melhor acstica do Rio de Janeiro, e chama a ateno para a gesto de Heitor Alimonda como vice-diretor, por curto espao de tempo quando foram realizadas excelentes programaes. Vozes brasileiras na Alemanha. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 1 nov. 1976. Caderno B, p. 8. Sntese do artigo: Sobre a presena do tenor Aldo Baldin e da soprano Eliane Sampaio entre os cartazes da temporada musical alem. Como subttulo encontramos: Projetos para a Espanha sobre a atuao da professora Helena Lorenzo Fernandez como assessora musical da Embaixada Brasileira , Morre um amigo do Brasil sobre o desaparecimento do crtico musical e musiclogo argentino Jos Maria Fontova e Catlogos sobre o acrscimo do catlogo de obras de Brenno Blauth coleo editada pelo Ministrio das Relaes Exteriores. A revelao da Camerata e o Chopin essencial. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 2 nov. 1976. Caderno B, p. 8. Sntese do artigo: Sobre a apresentao da Camerata Antiqua de Curitiba na

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

Sala Ceclia Meireles, sob a orientao de Roberto de Regina, com a incluso de duas cantatas raramente ouvidas, a Actus Tragicus de Bach e Alles was Irh Tut de Buxtehude. Edino aborda ainda o recital do pianista Antonio Barbosa na Sala Ceclia Meireles, enfatizando que no preciso colocar na msica nenhuma inteno alm daquela expressa em sons pelo compositor. Srie Msica Nova (I). Sem barulho e sem pressa, mas com humor e sensibilidade. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 8 nov. 1976. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre o concerto de abertura da Srie Msica Nova, com Jocy de Oliveira tocando Catalogue dOiseaux de Messiaen, Sequenza IV de Luciano Berio, Ni Bruit Ni Vitesse de Lucas Foss com a participao de Nelson Melin, Homenagem a De Sica e Blirium c-9 de Gilberto Mendes e Phantasiestuck III de Willy Correa de Oliveira. Srie Msica Nova (II). Vozes e instrumentos em noite de alto nvel. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 9 nov. 1976. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre a presena predominante da msica brasileira no segundo e no terceiro programas da srie Msica Nova, que contou com as participaes: do Trio Alimonda (Alteia violino , Lydia e Heitor piano); do Quinteto Villa-Lobos; da pianista Sonia Muniz; dos cantores Eladio Prez, Ruth Staerke, Marcos Thadeu Miranda Gomes e Sonia Born; do coro feminino da Associao de Canto Coral, sob a regncia de John Neschling, e do Quarteto de Cordas da Universidade de Braslia.

O Escravo aprova Joo Caetano como teatro de pera. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 11 nov. 1976. Caderno B, p. 5. Sntese do artigo: Sobre a apresentao da supracitada pera no Joo Caetano, como substituto natural do Theatro Municipal, afirmando que, se a ideia foi testar, o resultado foi amplamente satisfatrio. Edino esclarece que no se compreende que a Funterj tenha permitido e programado a sobrecarga da Sala Ceclia Meireles, enquanto um local apropriado para essas realizaes bloqueado por uma programao exclusiva de shows populares. mais uma evidncia do desprestgio da chamada msica erudita. Srie Msica Nova (III). Dois bons concertos. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 13 nov. 1976. Caderno B, p. 8. Sntese do artigo: Sobre os concertos de segunda-feira e quarta-feira noite na Sala Ceclia Meireles, que contaram com a participao do conjunto Ars Contemporanea e com estreias mundiais de peas de Murilo Santos e Esther Scliar. Os Curumins. Trinta aprendizes de mestres cantores. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 1 dez. 1976. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre a apresentao do coral Os Curumins da Associao de

Os Curumins, da Associao de Canto Coral, sob a regncia de Elza Lakschevitz: o conjunto modelo de perfeio e beleza.
Edino Krieger

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Captulo II. O crtico musical

Canto Coral, no auditrio do Hospital Adventista Silvestre, como vencedores de sua categoria no Concurso Nacional de Corais promovido pelo Jornal do Brasil. O conjunto formado por cerca de 30 crianas entre 6 e 12 anos , sob a orientao da regente Elza Lakschevitz, responsvel por transmitir aos seus pupilos uma conscincia global de respeito msica e prpria atividade do canto coletivo, conquistou pelo trabalho um domnio de afinao que resultou em uma execuo que modelo de perfeio e beleza. Madeiras a quatro. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 11 dez. 1976. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre a estreia do Quarteto de Sopros do Rio de Janeiro (Norton Morozowicz flauta , Harold Emmert obo , Jos Botelho clarinete , Noel Devos fagote) no auditrio do Ibam, composto por instrumentistas de primeira grandeza, msicos at a medula e camaristas que honrariam qualquer plateia do mundo. Edino chama a ateno para o lado nada convencional da programao, que inclua 95% de autores contemporneos, sendo metade de brasileiros. Beethoven. Aquele que emancipou a msica. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 26 mar. 1977. Caderno B, p. 7 et seq. Sntese do artigo: O articulista analisa o que representou e ainda representa Beethoven e todo o legado por ele deixado humanidade, num texto que faz referncia aos 150 anos de ausncia, completados naquele dia. Sala Itlia inaugura os Lunedi Musicali. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 26 mar. 1977. Caderno B, Msica. Sntese do artigo: Sobre a iniciativa do Instituto Italiano de Cultura de colocar em atividade mais uma sala de concertos. Para essa inaugurao foi convidada a pianista Lcia Lucas, Medalha de Ouro do Concurso Internacional Gian Battista Viotti, em Vercelli, na Itlia. Edino ressalta que teria sido oportuna a incluso de uma obra de autor brasileiro, em um programa inaugural de uma temporada. Eugen Szenkar. Morre em Dsseldorf o fundador da OSB. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 2 abr. 1977. Caderno B, p. 5. Sntese do artigo: Sobre o desaparecimento do regente hngaro Eugen Szenkar (1891-1977) aos 86 anos incompletos, fazendo uma retrospectiva de sua carreira. Edino revela que o regente estava em turn pelo Brasil quando foi surpreendido pelo incio da guerra e que, sem condies de retornar Europa, Szenkar se viu imediatamente cercado por um grupo de msicos brasileiros que lhe propuseram participar da organizao de uma orquestra. Pouco depois, juntamente com Arnaldo Estrella, Anto Soares, Jos Siqueira, Moacyr Liserra e outros instrumentistas e musicfilos, ele fundava a Orquestra Sinfnica Brasileira, da qual foi o regente titular at 1950.

Edino relata que: juntamente com Arnaldo Estrella, Anto Soares, Jos Siqueira, Moacyr Liserra e outros msicos, Eugen Szenkar fundava a OSB.

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

Vencedor de Terni e Via del Mar segunda-feira no Ibam e Assinaturas para concertos coloridos. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 2 abr. 1977. Sntese do artigo: O primeiro artigo divulga o recital do pianista Luiz Medalha detentor dos primeiros prmios da Orquestra Sinfnica Brasileira, do Concurso Nacional do Rio, IV Concurso Nacional da Bahia, Concurso Internacional de Terni, na Itlia, e Concurso Internacional de Via del Mar no Ibam. O segundo artigo versa sobre as trs novas sries coloridas da Sala Ceclia Meireles, a exemplo de modelos europeus, de modo a eliminar o carter isolado de cada concerto e, ainda, permitir baratear o custo do ingresso, favorecendo tambm a divulgao. Luiz Medalha no Ibam. A beleza alm do bvio. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 7 abr. 1977. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre apreciao crtica do recital do pianista Luiz Medalha no Ibam, ressaltando que o intrprete possui um talento especial para revelar aspectos esquecidos de certas obras, apontando uma qualidade a mais, raramente mostrada com tanta evidncia, que era uma certa pureza musical, um valor intrnseco absoluto, que independe dos acentos enfticos da expresso telrica. A excelente execuo do pianista motivou Edino a sugerir ao Instituto Nacional de Msica o registro desse recital em disco. A corte musical do Rei Sol revive hoje no corao da Lapa. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 11 abr. 1977. Caderno B, p. 4. Sntese do artigo: Sobre os concertos da Orquestra de Cmara de JeanFranois Paillard na Sala Ceclia Meireles, s 21 horas, abrindo a temporada musical de 1977, com a apresentao dos seis mestres maiores do barroco musical francs. Edino faz aluso ainda vocao de artista de Lus XIV, que fez com que se criassem em sua corte as condies ideais de florescimento de todas as artes. Primeira crtica. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 12 abr. 1977, p. 19. Sntese do artigo: Sobre o concerto de abertura da Sala Ceclia Meireles, que contou com a estreia da Orquestra de Cmara de Jean-Franois Paillard, j conhecida do pblico atravs da programao clssica da Rdio Jornal do Brasil, apresentando obras de Mouret, Leclair, Delalande e Francoeur. Requiem Alemo. Um canto de louvor vida. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 16-17 abr. 1977. Servio, p. 1. Sntese do artigo: Sobre o incio da temporada da Orquestra Sinfnica Brasileira, na Sala Ceclia Meireles, com a apresentao do Requiem Alemo, de Brahms, tendo como participantes Eliane Sampaio, Zuinglio Faustini e coro da Associao de Canto Coral, sob a regncia de Brckner-Rggeberg.

Edino aponta para a vocao de artista de Lus XIV, que fez com que se criassem em sua corte as condies de florescimento de todas as artes.

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Captulo II. O crtico musical

Fanfarras de Versalhes anunciam segunda-feira o incio da temporada. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 16 e 17 abr. 1977. Sntese do artigo: Sobre a primeira das quatro apresentaes da Orquestra de Cmara de Jean Paillard na Sala Ceclia Meireles, que contar dentre outras com a apresentao da obra Fanfarras em R Maior, de Jean-Joseph Mouret, mostrando as sonoridades festivas que caracterizam essa obra, representativa do esprito luminoso do barroco francs. O artigo inclui a programao das quatro apresentaes. Jean-Franois Paillard. Um conjunto de solistas admirveis. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 16 e 17 abr. 1977. Caderno B, p. 6. Sntese do artigo: Sobre o segundo programa da Orquestra de Cmara de Jean Paillard na Sala Ceclia Meireles, inteiramente dedicado ao barroco alemo e italiano, com obras de Haendel, Telemann, Vivaldi e Cimarosa. Edino ressalta a qualidade do conjunto, produto da soma de preciosos valores instrumentais individuais, que se superpem para formar um conjunto de homogeneidade exemplar, refletida tambm na unidade de tcnica e de estilo de todos e de cada um. Concerto Trplice e Missa Lord Nelson. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 16 e 17 abr. 1977. Servio, n 59, p. 13. Sntese do artigo: Versa sobre duas grandes obras para coro e orquestra que sero apresentadas no final da semana, a saber: o Requiem Alemo, de Brahms, e a Missa Lord Nelson, de Haydn. Informa ainda sobre a apresentao do Concerto Trplice, de Beethoven, tendo como solistas Gilberto Tinetti, Erich Lehninger e Watson Clis, sob a regncia do maestro Alceo Bocchino. Stokowski, 95 anos. Uma batuta voltada para o futuro. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 18 abr. 1977. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre os 95 anos de idade completados hoje por Leopold Stokowski, que ter como ponto culminante a regncia de um concerto, como parte natural de uma rotina iniciada h mais de meio sculo e que at hoje permanece em vigor. Edino afirma que o que distingue Stokowski entre os grandes regentes deste sculo, a par da exuberncia, a sua viso permanente do futuro. Foi ele, provavelmente, o primeiro grande regente a se integrar totalmente no esprito do sculo XX. O artigo fornece ainda uma sntese da trajetria do regente. Anjos e ninfas na abertura sinfnica. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 19 abr. 1977. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre o incio da temporada sinfnica com a apresentao de duas das trs orquestras cariocas, tendo como programa da Orquestra Sinfnica Brasileira a apresentao do Requiem Alemo, de Brahms, com a Associao de Canto Coral e a Missa Lord Nelson, de Haydn, pela Orques-

Edino afirma: o que distingue Stokowski entre os grandes regentes deste sculo, a par da exuberncia, a sua viso permanente do futuro.

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

tra Sinfnica Nacional e o Coro da Rdio MEC. Enfatizando no ser o espao da Sala Ceclia Meireles o local apropriado para a apresentao de obras sinfnicas, Edino tece alguns comentrios sobre o primeiro programa citado.

Alceo Bocchino, com extrema habilidade e inteligncia, conseguiu manter a orquestra com tal equilbrio sonoro, que de repente a estrutura camerstica das partes solistas se revelava por inteiro.
Edino Krieger

A motivao da boa msica. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 21 abr. 1977. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Sobre a apresentao da Orquestra Sinfnica Nacional na Sala Ceclia Meireles, com a casa lotada, num concerto cuja divulgao do programa sem apelaes, anunciado sem estardalhao, resultou em uma resposta do pblico a todos os tipos de aviltamento a que a msica tem sido submetida. Edino ressalta que o maestro Alceo Bocchino, com extrema habilidade e inteligncia, conseguiu manter a orquestra dentro de uma tal proporcionalidade sonora, que de repente a estrutura camerstica das partes solistas se revelava por inteiro. Constavam do programa: o Concerto Trplice e a Abertura Egmont, de Beethoven, e a Missa Lord Nelson, de Haydn.

Trs orquestras, piano, coro, violo e muito Beethoven e Um piano clssico entre a vanguarda de Londres e a msica antiga de Paris. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 22 abr. 1977. Servio, p. 6. Sntese do artigo: O primeiro artigo aborda a presena dominante de Beethoven na programao da semana, que inclui o segundo concerto da Srie Outono da Orquestra Sinfnica Brasileira, sob a regncia de BrcknerRggeberg na Sala Ceclia Meireles, com um Festival Beethoven, destacando dentre outras a Fantasia para piano, coro e orquestra, com a participao do pianista mexicano Jos Kahan e do coro do Instituto IsraelitaBrasileiro de Cultura e Educao. Edino ressalta ainda a presena de Beethoven no programa da Orquestra Sinfnica Nacional da Rdio MEC, alm de divulgar as apresentaes da Orquestra de Cmara da Rdio MEC na Escola de Msica da UFRJ e do violonista Nlio Rodrigues no Museu Imperial. O segundo artigo se debrua sobre trs apresentaes internacionais dentro das sries coloridas da Sala Ceclia Meireles, a saber: a pianista Ingrid Haebler, iniciando a Srie Verde; o conjunto The Fires of London, comeando a Srie Rosa com repertrio de msica de vanguarda; e o conjunto Ars Antiqua de Paris, com um programa dedicado msica medieval e renascentista. Brckner-Rggeberg, regente de hoje da OSB. Haendel no dedo, Beethoven nas estantes e as crianas no corao. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 23 abr. 1977. Caderno B, p. 5. Sntese do artigo: Comenta a atuao do maestro Wilhelm Brckner-Rggeberg frente da Orquestra Sinfnica Brasileira e os concertos didticos para jovens por ele iniciados h 30 anos, em Hamburgo, afirmando o regente que o futuro da msica est nas crianas, justificando sua ateno para com elas.

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Captulo II. O crtico musical

Vou simplesmente cantar como a seresteira que sempre fui e sempre serei.
Maria Lcia Godoy

Maria Lcia Godoy na Praa Tiradentes. Apenas uma seresteira. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 24 abr. 1977. Caderno B, p. 1. Sntese do artigo: Sobre a incluso pela primeira vez na srie Seis e Meia, do Teatro Joo Caetano, de um grupo de artistas eruditos como: o pianista Miguel Proena, o Quinteto Villa-Lobos (Carlos Rato flauta , Eros Martins obo, Paulo Srgio clarinete , Carlos Gomes trompa , Airton Barbosa fagote) e a cantora Maria Lcia Godoy, com depoimentos dessa ltima. Na verdade, no vou cantar como cantora lrica nem vou imitar o estilo dos cantores populares: vou simplesmente cantar como a seresteira que sempre fui e sempre serei. O melhor de Viena. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 29 abr. 1977. Caderno B, p. 2. Sntese do artigo: Concerto da pianista Ingrid Heabler interpretando Mozart e Schubert; segundo Edino, uma trindade que representa to bem a sensibilidade do esprito musical vienense.

Trovadores e bonecos e Deller, ballet e Beethoven. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 29 abr. 1977. Servios, p. 6. Sntese do artigo: O primeiro artigo versa sobre a apresentao da pera de cmara para marionetes El Retablo de Maese Pedro, de Manuel de Falla, no Teatro SESC da Tijuca, alm de divulgar as apresentaes: do terceiro Concerto de Outono da Orquestra Sinfnica Brasileira na Sala Ceclia Meireles, sob a regncia de Gilbert Varga, tendo como solista Cussy de Almeida; da srie Pr-Msica Silvestre, com a participao do Coral de Cmara de Niteri sob a direo de Roberto Duarte; do concerto inaugural da Orquestra Sinfnica da Escola de Msica da UFRJ e do violeiro Renato Andrade, mostrando como uma viola caipira pode ser um instrumento de concerto. O segundo artigo aborda as apresentaes do Deller Consort de Londres (Honor Sheppard e Rosemary Hardy sopranos , Paul Elliot tenor , Maurice Bevan bartono , Robert Spencer alade); do Grupo de Dana Moderna de Nina Verchinina na srie Grandes Vesperais do Teatro Joo Caetano; e mais uma homenagem aos 150 anos da morte de Beethoven, com a participao da Orquestra Sinfnica Brasileira, tendo como solista o pianista Jacques Klein, sob a regncia de Roberto Schnorrenberg. The Fires of London. Do Antecristo ao Pierrot. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 30 abr. 1977. Caderno B, p. 4. Sntese do artigo: Sobre o conjunto The Fires of London, integrado por Beverly Davison (violino), Lesley Shriglay (violoncelo), Sebastian Bell (flautas em D e Sol), David Campbell (clarinete) e Stephen Prusline (teclado), interpretando o Antecristo de Peter Maxwell Davies e Pierrot Lunaire de Schoenberg, tendo como solista Mary Thomas.

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

The Rakes Progress no Teatro Coln. A surpreendente consagrao de um libertino. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 26 ago. 1977. Caderno B, p. 8. Sntese do artigo: Comenta a apresentao da sexta funo da assinatura vesperal de domingo, no Teatro Coln de Buenos Aires, apresentando a pera The Rakes Progress de Stravinsky.

Prover a cultura do povo uma obrigao fundamental do governo.


August Everding

pera na Alemanha. A fantstica (e deficitria) indstria do espetculo. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 4 abr. 1979. Caderno B, p. 9 et seq. Sntese do artigo: O artigo de pgina inteira versa sobre o maior centro produtor e consumidor, na atualidade, de espetculos musicais em geral e pera em particular, mostrando em cifras o porqu de a Alemanha ocupar lugar to destacado no panorama artstico mundial, reflexo natural de uma sociedade altamente desenvolvida. para ns ponto pacfico, fora de qualquer discusso, que prover a cultura do povo uma obrigao fundamental do governo, sentencia August Everding professor e diretor da pera de Hamburgo, atualmente diretor da pera de Munique em depoimento ao articulista. O artigo d um panorama geral da pera na Alemanha e tem como subttulos: Uma indstria deficitria, Mercado de valores, Infra-estrutura empresarial e Repertrio.

A volta da Msica Viva. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, [19-]. Sntese do artigo: Sobre o esprito do movimento Msica Viva iniciado aqui em 1939 por Koellreutter que retorna agora, com seu fundador, na forma de uma srie de concertos, palestras e debates promovidos pela Orquestra Sinfnica Brasileira, com divulgao de toda a programao. Como subttulo encontramos Roteiro da semana, com a divulgao semanal das atividades musicais.

Ciclo Beethoven gera novo trio. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, [19-]. Sntese do artigo: Aborda de incio a importncia de uma direo artstica para uma casa de espetculos musicais, citando como exemplo a Sala Ceclia Meireles e as competentes direes de Ayres de Andrade e Myrian Dauelsberg, que fizeram da Sala cada um em seu tempo o mais importante centro de atividades musicais do pas. Para dar mais veracidade ao exemplo, Edino cita o Theatro Municipal do RJ, sem direo artstica e mergulhado em um marasmo total. Em seguida o articulista ressalta a criao de um novo trio nascido em funo do Ciclo Beethoven formado por Jacques Klein, Cussy de Almeida e Peter Dauelsberg. Villa em fagote. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 21 set. 1987. Caderno B, p. 5. Sntese do artigo: Sobre o 43 Concurso Internacional de Genebra um dos mais importantes do mundo e a incluso da obra Ciranda das sete notas, de Villa-Lobos, juntamente com o Concerto de Vivaldi, na prova final de fagote. Nota: No Jornal do Brasil de tera-feira, 13 de outubro de 1987, no Caderno B, pgina 2, na coluna Cartas e sob o ttulo Fagote, Edino esclarece melhor duas informaes contidas no referido artigo.

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Captulo II. O crtico musical

O ponto culminante, segundo Edino, foi o grande Festival de Msica Brasileira, mostrando a criao musical brasileira do passado e do presente.

Nem s Hanver. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 6 jul. 2000. Opinio, p. 9. Sntese do artigo: Sobre as comemoraes dos 500 anos do Brasil na Alemanha, que foi palco de realizaes culturais da mais alta relevncia. Dentre elas o articulista ressaltou: duas realizaes em Berlim, a primeira delas por meio do Instituto Latino-Americano da Freie Universitt, com o apoio do Instituto Cultural Brasileiro na Alemanha, que promoveu um ciclo de conferncias sobre os 500 anos de cultura brasileira, contando com a participao de nomes expressivos nas diversas reas; e a segunda, no bairro de Kreutzberg, com o desfile de aproximadamente 100 carros alegricos representativos de 70 pases segundo Edino, que atuava como integrante do jri desse desfile, mais de uma dzia desses carros eram dedicados ao Carnaval brasileiro , mostrando o Carnaval das Culturas. O ponto culminante, segundo Edino, foi o grande Festival de Msica Brasileira que durou uma semana organizado pela reitoria da Universidade de Msica de Karlsruhe, aqui representada pela pianista brasileira Fany Solter , mostrando a criao musical brasileira do passado e do presente, ante um pblico numeroso e entusiasmado. Criativo exerccio de imaginao. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 30 jan. 2007. Caderno B, p. 3. Sntese do artigo: O texto aborda o filme O segredo de Beethoven, cuja trama, segundo Edino, um exerccio de imaginao criativa, a partir de dezenas de relatos, textos bibliogrficos e, ainda, de licena cinematogrfica. Ele ressalta a importncia do cinema como veculo de difuso, ampliando o contato do pblico com a msica desse mestre exponencial.

Nota
1

Cabe ressaltar que os responsveis pelo setor de pesquisa do jornal Tribuna da Imprensa nos permitiram e facilitaram o acesso aos arquivos de forma irrestrita. Tal fato nos permitiu arrolar todas as crticas produzidas pelo compositor. Entretanto, no se deu da mesma forma com relao ao Jornal do Brasil, cujo impedimento remeteu-nos para a consulta na Seo de Microfilmes da Biblioteca Nacional o tamanho do peridico dificultou o enquadramento no visor da tela, no sendo possvel, s vezes, saber o dia ou a pgina e, ainda, no arquivo particular do compositor. Como consequncia da citada impossibilidade e a forma como se deu a coleta das informaes, o levantamento das crticas pode ter sofrido alguma soluo de continuidade.

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

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Captulo III

O PRODUTOR MUSICAL

histria da msica brasileira, em especial a contempornea, seria outra, no tivesse existido Edino Krieger. Afirmamos que a atuao do criador como produtor musical estabeleceu um marco importante, um divisor claro na evoluo, na preservao e no resgate de nossa msica, quaisquer que sejam os vieses abordados. A pluralidade de fazeres uma marca de Edino, que sempre se desdobrou em atividades as mais diversas simultaneamente. Ao abordarmos o produtor musical, optamos por contextualiz-lo por meio de uma textura predominantemente polifnica, em que o sujeito s vezes evocado por meio de suas atividades na Rdio MEC, passando pela Rdio JB, pelos Concursos Corais, pelos Festivais de Msica da Guanabara, pelas Bienais de Msica Brasileira Contempornea, pela Direo Musical da Funterj, pela Direo do Instituto Nacional de Msica e Presidncia da Funarte, num stretto quase maestrale, tendo como contrassujeito outras realizaes mais fugazes; podemos ainda, em prol de uma melhor conduo do texto, evocar algum episdio. Edino Krieger iniciou sua trajetria pblica no Servio de Radiodifuso Educativa do Ministrio da Educao e Cultura, em 1950, como colaborador. Geni Marcondes intermediou o contato de Edino Krieger com Tude de Souza, diretor-geral, e Ren Cav, diretor artstico, para avaliarem a possibilidade de ele comear um trabalho na Rdio MEC. Da pasta nmero 38, por ns consultada no Setor de Pessoal, consta que Edino atuou, j no ano de 1950, como organizador de fichas para gravaes norte-americanas de msica contempornea, iniciando um trabalho de reorganizao do arquivo sonoro da discoteca, preparando textos com comentrios das obras para ilustrar as audies musicais. Consta ainda que ele foi o organizador dos programas da srie Msica Viva, de janeiro a dezembro. At essa poca no havia assinado nenhum contrato, trabalhava como freelance e recebia contrarrecibo. Sabe-se que essa folha de servios prestados s saa por volta de julho, agosto. At o pagamento chegar, a soluo era atrasar a penso da Dona Lina situada na rua Oriente, em Santa Teresa, onde conheceu a pintora Djanira que, segundo Edino, tinha os quadros pendurados por todas as paredes da penso , comer no china ou na casa de amigos. Abrindo um parntese, nessa mesma poca
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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

Edino mantinha um contato bem assduo com o compositor Lus Cosme, que residia em frente. Edino nos narra um pouco dessa relao:
Muito frequentemente eu ia casa do Lus Cosme para conversar com ele, com a filha dele que tambm se interessava muito por msica. O Lus Cosme nessa poca j estava comeando a enfermidade dele, uma espcie de degenerao progressiva do sistema nervoso. Ele sempre foi muito gago, mas ele era bemhumorado. Ele falava com certa dificuldade, mas ele mesmo fazia muita gozao da prpria dificuldade. Numa ocasio, ele tentando falar alguma coisa e no saa, a ele parou, olhou para mim e disse assim, com muita dificuldade: Eu sou gago, mas o Otto Maria Carpeaux me irrita, porque ele era muito gago, a caa na gargalhada! Ele era muito bem-humorado, muito inteligente e, por fora dessa enfermidade, deixou uma obra muito pequena, porque ele comeou a ter dificuldades de escrever, de se locomover, foi uma tristeza o fim da vida dele!

Na Rdio MEC (1950), seu primeiro trabalho foi como assistente de Nelson Nobre, que ento era o rei Momo do Carnaval carioca e que era o responsvel pela discoteca da rdio. Aos poucos, comeou tambm a redigir textos para diversos programas, entre eles o do Grupo Msica Viva. O pianista e compositor Heitor Alimonda, companheiro de Edino no Grupo Msica Viva, em depoimento escrito datado de 18/8/2000, sob o ttulo Edino Krieger e a luta contra o tempo, nos fala sobre sua participao, juntamente com Edino, num desses programas da Rdio Ministrio da Educao, batizada por Guerra-Peixe (segundo Alimonda) de Rdio Mistrios da Educao:
Heitor Alimonda, Edino Krieger e Hans-Joachim Koellreutter aps concerto do ciclo Edino Krieger Trajetria Musical, homenagem aos 70 anos do compositor. Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro ( RJ), 24/3/1998. Foto: Fernando Krieger.

Diretor-geral Rizzini mais tarde diretor do Jornal do Commercio e, cuidando do setor musical, Neusa Feital. Pois bem, redator de programas, Edino Krieger. Chegava-se para tocar e a primeira coisa que se ouvia era Corre l em cima e pega o texto com o Edino. A comeava a guerra: O que mesmo que voc vai tocar? Quantos minutos? E a gente: Corre, Edino, o programa j vai pro ar... E ele corria mesmo e conseguia, com dois dedos velozes, compor uma apresentao sempre bonita e, inacreditvel, lgica, na mquina de escrever. Essa capacidade do Edino sempre me espantou. O compositor profcuo e de elevada estirpe, o organizador de festivais, o presidente da Academia, o comentarista. No sei qual a surpresa que o Edino guarda na manga, para a qualquer momento, qual mgico que tira coelho da

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Captulo III. O produtor musical

cartola, nos fazer cair para trs de espanto. Mas a velha lembrana continua: com o texto na mo, entregar rpido para o locutor, sentar ao piano, respirar fundo e ouvir Com Heitor Alimonda ao piano, ouviremos, dando incio a este programa, a msica.... Grandes tempos!!!

Em 1951 Edino ampliou suas atividades, organizando no segundo semestre os programas Autores e Intrpretes, Roteiro Musical e, ainda, o Msica Viva, que se estendeu at 1952. Esse programa foi o grande responsvel pela divulgao da msica da atualidade, promovendo diversas primeiras audies radiofnicas de obras importantes, como por exemplo o Pierrot Lunaire de Schoenberg e a Sagrao da Primavera de Stravinsky. Sobre essa poca, Edino deu-nos um interessante depoimento:
Cada integrante do grupo cuidava de fazer a redao de um dos programas e tambm fazia a seleo das gravaes. Era ao vivo, direto, e ningum ganhava nada para fazer o programa. A estreia radiofnica de Pierrot Lunaire foi um escndalo, na poca. Os tcnicos que faziam o programa tambm no gostavam do tipo de msica que ns colocvamos. Certa ocasio, Geni Marcondes, na poca casada com Koellreutter, me pediu que compusesse umas canes para um programa infantil que ela tinha na rdio, e as msicas foram tocadas num desses programas. Que msica interessante, essa que voc fez! Eu no sabia que voc sabia fazer msica tambm! Eu s ouvia aquelas coisas que voc faz no Msica Viva... mas msica, mesmo, eu no sabia que voc tambm era capaz de fazer!, disse um dos tcnicos.

A partir de junho de 1952, ele passa a organizar outros programas: O Passeio Musical e Msica para a Juventude, aos domingos pela manh. Ren Cav havia gostado do artigo que Edino escreveu na Tribuna da Imprensa, intitulado Concertos para a juventude, considerou suas observaes procedentes e resolveu dar a ele mais espao, propondo-lhe que organizasse e cuidasse da redao e produo do citado programa, que tinha como palco o Salo Leopoldo Miguez, da Escola de Msica da UFRJ.1 Mais tarde, esse programa passou a ser promovido pela TV Globo. Ainda em 1952, Edino organizou o I Concurso de Corais Escolares do Rio de Janeiro, iniciativa da Rdio MEC em conjunto com a Associao de Canto Coral, concurso este que fez ressurgir o movimento coral nas escolas. Posteriormente, Edino deu continuidade a esses concursos na Rdio Jornal do Brasil. Data dessa poca o primeiro encontro de Edino Krieger com Villa-Lobos. Edino quem nos fala:
Eu conheci pessoalmente Villa-Lobos em funo do I Concurso de Corais Escolares que eu organizei na Rdio MEC, juntamente com a Associao de

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Canto Coral. O Theatro Municipal ficou lotado com corais de todas as escolas do Rio de Janeiro. Quando eu organizei o concurso, eu pensei imediatamente em convidar o Villa-Lobos para ser o Patrono do concurso, porque ele tinha sido o grande incentivador do Canto Coral no Brasil. Eu telefonei para ele no Conservatrio Nacional de Canto Orfenico e acho que foi a Mindinha que atendeu. Ela marcou uma hora para eu ir l conversar com Villa-Lobos, que me recebeu muito bem. A Mindinha estava ao lado dele e, antes que eu comeasse a falar, a Mindinha me disse: O senhor est escrevendo, fazendo a crtica na Tribuna da Imprensa?. Estou sim, fui convidado pelo maestro Mignone. O senhor no falou muito bem da 6 Sinfonia do maestro!, que tinha sido executada no Theatro Municipal. Eu tinha feito uma crtica que dizia que as sinfonias, no meu entendimento, no eram as coisas mais representativas do gnero Villa-Lobos, que eu gostava mais das Bachianas, dos Choros etc. Mas a Mindinha tomou isso mais como uma crtica e Villa-Lobos ento disse: Oh! Mindinha, deixe isso pra l, isso no tem a menor importncia, no foi para isso que o moo veio aqui falar comigo. Diz afinal o que voc quer?. Eu falei para ele que ia fazer um Concurso de Corais Escolares e ele disse muito bem. E eu queria a permisso dele para ser o Patrono, se ele permitia. Ah! Sim, com muita honra. Ento foi assim, uma conversa mais ou menos formal durante pouco tempo. Ele agradeceu muito e eu fui embora. Deixei ele l com o charuto e a Mindinha e ela, muito tempo mais tarde, acabou sendo nossa madrinha de casamento.

Voltando s atividades de Edino na Rdio MEC, a partir de 1 de janeiro de 1953, foi admitido na funo de assistente de programas musicais.2 No ano seguinte, somou ao seu currculo de programador mais trs programas: Ciclo de Recitais, apresentado teras-feiras, s 2l horas, Msica do Nosso Tempo panorama dinmico da msica de hoje e 2000 Anos de Msica. Este ltimo programa teve algumas de suas apresentaes radiofnicas transcritas e publicadas no Boletim Informativo da Rdio Ministrio da Educao (ver no Anexo 4). Falando de Msica foi outro interessante programa por ele organizado. Era uma espcie de mesa-redonda sobre assuntos musicais, em que se procedia apreciao de uma mesma obra na concepo de diferentes intrpretes, ficando os comentrios a cargo de uma equipe formada, entre outros, por Ayres de Andrade e Arnaldo Estrella. O programa acontecia sempre ao vivo, naquela poca no se usava gravar. Edino nos fala sobre essa poca de efervescncia musical: s vezes fazamos debates com pessoas convidadas. Brailowsky e Segovia, quando estiveram no Rio de Janeiro, foram convidados e participaram. Era uma poca assim, de grande movimento na Rdio MEC, ela era uma pequena BBC.
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Nessa mesma poca (1954), s vsperas do Carnaval, Edino foi convidado por Reinaldo Jardim, Diretor Artstico da Rdio Jornal do Brasil, para conhecer a rdio. A partir da, passou a trabalhar simultaneamente nas duas emissoras. O Carnaval parece estar sempre atravessando a vida de Edino, pois seu primeiro programa na Rdio JB foi sobre a trajetria das festas de Momo: 20 Anos de Carnaval:
Eu fiz uma srie de programas sobre a msica de Carnaval, dos anos 20 at ento. Sa pesquisando, levantando material, fui Rdio Nacional, fui em tudo que lugar e consegui gravaes antigas. Eu fazia os textos e a seleo musical, seguindo cronologicamente. E depois entrevistei algumas pessoas famosas, compositores de msica carnavalesca. O ltimo deles foi o Lamartine Babo. Ele veio ao microfone e falou sobre a sua produo para o Carnaval. Depois veio o programa Concerto JB. Convidava artistas para fazer o programa, fazia o script, ele era transmitido ao vivo, com plateia assistindo. Dele participaram Arnaldo Estrella, Jacques Klein, Iber Gomes Grosso, Oscar Borgerth, Yara Bernette. Era um recital ao vivo com os grandes nomes da poca.

De meados de 1955 a 1956 Edino esteve ausente, usufruindo de uma bolsa do Conselho Britnico em Londres. Em 1957 retoma suas atividades nas Rdios Jornal do Brasil e MEC, dando continuidade, nessa ltima, ao programa Ciclo de Recitais. Sua experincia como coralista permitiu-lhe, ainda na Rdio MEC, atuar como diretor do Madrigal. O compositor Edino Krieger, paralelamente s suas atividades como produtor e crtico musical, se engajava no movimento poltico-musical da cidade. Na poca em que viajou com a delegao brasileira para o Festival de Varsvia, e antes de ir para Londres, Edino hospedou-se por algum tempo na casa de Jos Siqueira, em Paris, que lhe falou sobre sua ideia de criar no Brasil a Ordem dos Msicos. Edino juntamente com representantes do Sindicato, das orquestras, de vrios segmentos da comunidade musical participou do trabalho preliminar de discusso, que ajudou a elaborar o projeto que criava a citada entidade. Estava ainda entre os msicos que foram entregar esse projeto ao presidente Juscelino Kubitschek Pixinguinha, o violinista Hlio Bloch, o violoncelista e professor da Escola de Msica Newton Pdua, Mrio Tavares e Jos Siqueira, para citar apenas alguns dos integrantes da comisso , ento domiciliado no Palcio das Laranjeiras, forando o presidente a acordar numa festiva alvorada musical, ou melhor, numa seresta em grande estilo logo ao amanhecer. Cabe ainda ressaltar que nessa poca Edino morava na sede da Ordem dos Msicos, no Rio de Janeiro, como ele prprio narra:
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Eu estava vindo da Inglaterra, no tinha onde morar e o Siqueira disse: Olha, aqui tem um sof-cama, voc pode ficar dormindo a. E eu fiquei, durante alguns meses. No sei... fiquei uns dois, trs meses, at me alojar novamente no Rio. Fiquei morando e trabalhando na Ordem dos Msicos.

Quando Tude de Souza saiu da Rdio MEC e foi para a Rdio RoquettePinto (1957-1958), convidou Edino para fazer um programa semanal, Pelo Maravilhoso Mundo da Msica, levado ao ar s 20h30 de quarta-feira, em que ele atuou como produtor e organizador. No Boletim Informativo nmero 2, de maro de 1952, da Rdio Roquette-Pinto, encontramos algumas informaes sobre o carter e o propsito deste programa:
Eminentemente educacional, com o propsito de despertar o interesse pela msica, seus problemas e grandes vultos por meio de transmisses acessveis ao pblico. Tipo uma viagem atravs dos tempos, sendo dois estudantes de msica os protagonistas, os quais percorrero as pocas principais da Histria da Msica com flashes focalizando eventos importantes das diversas pocas. Abordar as ideias dos compositores das diferentes pocas, relacionando-os com a vida e o meio social de cada um, utilizando ainda as relaes existentes entre as diferentes artes desde a Antiguidade at os dias atuais.

O ano de 1959 foi repleto de atividades as mais variadas. Edino prestou assessoria tcnica aos programas Msica e Naes e Concerto Moderno, alm de atuar como um dos produtores de importante srie criada na Rdio MEC por Mozart de Arajo, Msica e Msicos do Brasil, cujo produto resultante, mais tarde, viria dar origem Coleo Rdio MEC de CDs produzidos pela Sociedade dos Amigos Ouvintes da Rdio MEC com as relquias extradas do acervo da emissora. Edino afirma tratar-se de um dos acervos mais preciosos que existem no pas em termos de msica brasileira. Para que se tenha uma ideia da envergadura desse programa semanal, cabe nomear alguns de seus ilustres produtores: Andrade Muricy, Ayres de Andrade, Alceo Bocchino, Ademar Nbrega e Edino Krieger. Participou tambm de um curso organizado na Rdio MEC, que tinha como objetivo a preparao de redatores de programas radiofnicos, levados ao pblico por meio de uma programao chamada Colgio do Ar. Alguns destes programas radiofnicos mereceram transcrio e foram publicados no Boletim Informativo da Rdio Ministrio da Educao sob o ttulo Anotaes do Curso de Msica (Vide anexo 4). Em 1960, a exemplo de 1959, Edino atuou como redator, elaborador, produtor de programas, regente e instrumentador. Por volta de 1961, Edino Krieger foi enfim efetivado como redator radiofnico da Rdio MEC. Houve o chamado enquadramento de todas
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as pessoas que prestavam servios de carter continuado, e essas pessoas passaram a ser estatutrias, tornando-se funcionrios efetivos. Na gesto de Mozart Arajo, Edino atuou como assessor musical da Orquestra Sinfnica Nacional, participando ainda do seu Conselho Artstico; foi tambm regente assistente de Francisco Mignone a convite do prprio, que o indicou ao Murilo Miranda, ocasio em que realizou prioritariamente gravaes de obras sinfnicas de autores brasileiros, j que esse era seu objetivo principal. Segundo Edino, a Orquestra Sinfnica Nacional foi criada na Rdio MEC seguindo os moldes de importantes rdios europeias, como a BBC de Londres, a RAI ou a Rdio Bvara de Munique, na Alemanha. O Setor Musical passou a existir por ocasio da criao da Orquestra, em outubro de 1961, quando era diretor o sr. Murilo Miranda. Uma Ordem de Servio, datada de 22/2/1962, designou o servidor Edino Krieger como assessor musical junto ao gabinete do diretor, situao confirmada no ano seguinte com a Ordem de Servio n 3, de 7/3/1963, que o colocava na funo de encarregado do Setor Musical, ainda sob a direo de Murilo Miranda. Edino continuou nessa funo at 14/3/1964, j na direo de Maria Yedda Linhares, quando solicitou licena, tendo sido substitudo pelo maestro Alceo Ariosto Bocchino a partir de 15/3/1964. No houve portarias de dispensa nem de admisso, tudo foi feito verbalmente. Ao longo de sua jornada na Rdio JB, Edino desincumbiu-se ainda de diversos outros programas: Pequenas Histrias de Grandes Msicos, Regentes de Todo o Mundo e Sinfonia, levados ao ar s segundas, quartas e sextas-feiras, das 13 s 14 horas; Msica do Tempo Presente, s teras-feiras, s 21h30 evoluo da arte musical do pr-impressionismo at a atualidade e Revista dos Auditrios, s 21 horas dos sbados comentrios crticos dos principais concertos havidos na cidade. A partir de 1961 ele organiza e dirige a programao de msica clssica Primeira Classe, Clssicos em AM e FM da Rdio Jornal do Brasil, que consistia em dois a trs programas dirios de cerca de cinco minutos, onde Edino fazia a smula de uma determinada obra musical. Era uma espcie de flash de uma sinfonia, de um poema sinfnico, possua um carter bastante didtico e tinha Alberto Cury como narrador. Tendo em vista o grau de importncia que esse programa comeou a adquirir, o seu diretor, Dr. Nascimento Brito, decidiu ampliar o tempo de durao: o programa passou a ter uma hora diria, sendo irradiado ao meio-dia e noite, mas j com carter de um programa de msica clssica. Quando a rdio se transferiu do Edifcio Conde Pereira Carneiro, na Avenida Rio Branco, para suas novas instalaes na Avenida Brasil (em 1976), teve incio a programao em FM, optando-se por extinguir a programao em AM, o que gerou protestos, em
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especial de pessoas residentes em outros estados, que costumavam sintonizar as ondas mdias da citada emissora. Edino organizou tambm os Concursos Corais promovidos pelo Jornal do Brasil e pela Rdio JB, lanados em 17/5/1970 e que tiveram incio em outubro de 1970 (de 5 a 17/10/1970) at o ano de 1988, passando por todas as edies do citado evento 2, de 11 a 23/10/1971, 3, de 16 a 22/10/1972, 4, de 23 a 27/10/1974, 5, de 13 a 17/10/1976, 6, de 8 a 12/11/1978, 7, de 1 a 5/10/1980, 8, de 6 a 10/10/1982, 9, de 24 a 28/10/1984, 10, de 5 a 9/11/1986 e 11, de 22 a 26/11/1988. A relevncia desses eventos pde ser constatada quando se verificou o grande crescimento da atividade coral, j quase em extino nas escolas pblicas depois do Canto Orfenico de Villa-Lobos. Edino abriu, ainda, as portas da edio aos compositores, encomendando aos mesmos as msicas de confronto que deveriam ser interpretadas por ocasio do concurso pelos grupos corais participantes, dando, dessa forma, um grande incentivo criao musical brasileira e formao de repertrio especfico. Todas essas obras foram editadas no caderno intitulado Peas de Confronto, publicado em todos os Concursos de Corais Escolares da Guanabara (at 1974) e do Rio de Janeiro (aps 1978), promovidos pela Rdio JB e pelo Jornal do Brasil, sendo distribudas aos regentes corais. Autores como Francisco Mignone, Guerra-Peixe, Marlos Nobre, Camargo Guarnieri (I Concurso), Edino Krieger, Osvaldo Lacerda, Aylton Escobar (II Concurso), Ricardo Tacuchian, Jos Vieira Brando, Eunice Katunda, Lindembergue Cardoso (III Concurso), Cacilda Borges Barbosa, Almeida Prado, Bruno Kiefer, Ernst Widmer (IV Concurso), Ernst Mahle, Esther Scliar, Vania Dantas Leite, Gilberto Mendes (V Concurso), Jorge Antunes, Fernando Cerqueira, Brenno Blauth, Murilo Santos (VI Concurso), H. Dawid Korenchendler, Srgio Vasconcellos Corra, Nestor de Hollanda Cavalcanti, Jamary Oliveira (VII Concurso), Mirian Rocha Pitta, Ernani Aguiar, Henrique de Curitiba, Cirlei de Hollanda (VIII Concurso), Vanda L. Bellard Freire, Emlio Terraza, Marisa Rezende, Raul do Valle (IX Concurso), Jos Alberto Kaplan, Ronaldo Miranda, Cludio Santoro (X Concurso), Marcos Leite, Fernando Ariani e Carlos Alberto Pinto Fonseca (XI Concurso) foram convidados a escrever peas de confronto para as mais diversas categorias de formaes corais. Nesse mesmo perodo (incio dos anos 1960), Edino trabalhou em Braslia, na Fundao Cultural do Distrito Federal, como coordenador da parte de msica. O coordenador de artes plsticas era Ferreira Gullar, e Reinaldo Jardim, que o havia levado para a Rdio JB, era o coordenador-geral. Edino ia a Braslia uma vez por ms e, durante a semana em que l permanecia, trabalhava arduamente. Como no tinha residncia na cidade, ficava hospedado no Hotel Alvorada. Foi nessa ocasio que conheceu Jos Aparecido de Oliveira, chefe do gabinete
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do presidente Juscelino Kubitschek. Edino foi o responsvel pelas primeiras temporadas de concertos na cidade, realizados na Escola-Parque, tendo em vista que o Teatro Nacional ainda estava em construo. A programao inclua um concerto pblico na citada escola e uma apresentao na Rdio Nacional de Braslia. Grandes nomes da poca participaram desses concertos, como Arnaldo Estrella, o Quarteto Guanabara, Iber Gomes Grosso, para citar apenas alguns. O ltimo concerto por ele programado foi o da Orquestra Sinfnica de Bamberg. Data tambm dessa poca 1963 sua participao como membro do Conselho Federal de Cultura, criado pelo presidente Jnio Quadros, juntamente com o maestro Eleazar de Carvalho, atuando Edino Krieger como secretrio desse rgo por solicitao de seu presidente, Mrio Pedrosa. Por meio da Portaria n 8, de fevereiro de 1971, o servidor Edino Krieger voltou a responder pelo Setor Musical da Rdio MEC, na direo do sr. Avelino Henrique. Edino tinha sob sua responsabilidade as atividades da Orquestra Sinfnica Nacional, da Orquestra de Cmara e dos conjuntos camersticos da emissora, alm da programao externa, que envolvia o programa Concertos para a Juventude, j com a participao da TV Globo, e mais recitais e concertos no Theatro Municipal, na Sala Ceclia Meireles e no auditrio do MEC. A nomeao de Edino para responder pelo Setor Musical da Rdio MEC gerou euforia no meio musical, euforia essa detectada atravs da crtica musical. O crtico Antonio Hernandez, um dos mais entusiastas, no jornal O Globo de 13/2/1971 diz que, para neutralizar a onda musiquentista que vinha aniquilando a Rdio Ministrio da Educao e Cultura, em benefcio do abaixo as barreiras entre Beethoven e o mocot, estava ali nada menos que Edino Krieger a honestidade, o conhecimento, a seriedade, o equilbrio, a experincia, a fora criadora, todos os substantivos, enfim, indispensveis ao exerccio de diretor musical. Mais adiante ele afirma: O maestro Krieger no far milagres. J os fez, porm, em mundos diferentes. O Ludus e as Variaes Elementares no so milagres de bom gosto? E os dois grandes Festivais de Msica da Guanabara no foram realizaes notveis? To logo reassumiu o Setor Musical, Edino Krieger realizou o I Encontro de Compositores, promovido pela Rdio MEC no perodo de 8 a 12/3/1971, para que se discutissem os problemas da divulgao da produo musical brasileira no pas e no exterior. Ricardi, na Folha de S. Paulo de 23/2/1971, p. 11, discorre sobre o evento, informando de incio que:
Os compositores vo reunir-se no Rio e a Rdio MEC dar passagens e hospedagem aos compositores de outros estados. Um dos maiores objetivos do conclave ser a criao da Sociedade Brasileira de Msica Contempornea e sua

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filiao Socit Internationale de Musique Contemporaine. Participaro do conclave os seguintes compositores: Ernst Widmer, Lindembergue Cardoso, Milton Gomes, Rufo Herrera, Jamary Oliveira e Marco Antonio Guimares, da Bahia; Nicolau Kokron, Fernando Cerqueira, Conrado Silva e Emlio Terraza, de Braslia; Bruno Kiefer e Armando Albuquerque, do Rio Grande do Sul. Foram convidados: Henrique de Curitiba e Jos Penalva, do Paran; Gilberto Mendes, Willy Correa, Srgio Vasconcellos Corra, Osvaldo Lacerda, Olivier Toni, Mario Ficarelli, Camargo Guarnieri, Brenno Blauth e Ernst Mahle, de So Paulo; Jaceguay Lins, Edino Krieger, Marlos Nobre, Rinaldo Rossi, Marlene Fernandes, Aylton Escobar, Dieter Lazarus, Jorge Antunes, Reginaldo de Carvalho, Guerra-Peixe, Francisco Mignone, H. Dawid Korenchendler e Mrio Tavares, da Guanabara.

Como fruto desse Encontro, foi criada a Sociedade Brasileira de Msica Contempornea (SBMC), assim como procedeu-se eleio da primeira direo da instituio. Foram apresentadas duas chapas: uma formada por compositores do grupo Bahia-Braslia e a outra, da Guanabara, chapa esta que presidida por Edino Krieger , aps um empate, logrou ser eleita. Com um esprito altamente empreendedor, Edino recm-empossado tratou logo de abrir um espao para a msica contempornea brasileira, promovendo a I Temporada de Vero de Msica de Vanguarda, como uma iniciativa da SBMC, no Teatro Glucio Gil, contando com a participao do conjunto Ars Contempornea, sob a regncia do compositor Ricardo Tacuchian. Edino trabalhou at 1981 na Rdio MEC, quando teve que optar para evitar acumulao de cargos, pois fora convidado por Mrio Machado diretor-executivo da Funarte para assumir a direo do Instituto Nacional de Msica, onde tomou posse em 5/8/1981. Um de seus ltimos feitos na Rdio MEC foi prestar assistncia artstica e musical ao Projeto Paran Canta, da Secretaria da Cultura e Esporte do Estado do Paran, conforme designao do diretor do Servio de Radiodifuso Educativa do MEC, sr. Heitor Sales, pela o Portaria n 3, de 7/5/1981. de se ressaltar na trajetria do produtor Edino Krieger a capacidade de se doar, pelo prazer nico de realizar coisas em prol da msica e do msico brasileiro, perseguindo sem reservas um ideal. Um exemplo tpico dessa sua atuao mpar foi a realizao dos I e II Festivais de Msica da Guanabara, em 1969 e 1970 respectivamente, um marco na evoluo da msica contempornea brasileira, em que ele trabalhou intensamente, sem fazer jus a um s centavo. Uma leitura acurada dos peridicos que abordaram os dois eventos nos permitem melhor ajuizar a importncia e a dimenso dos mesmos para a criao musical brasileira. O I e o II Festivais de Msica da Guanabara se transformaram no grande palco para os novos valores que surgiam, vindo a se constituir no embrio das
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Bienais de Msica Brasileira Contempornea. O evento foi criado pela Secretaria de Educao e Cultura (SEC) da Guanabara, cujo titular era o professor Gama Filho, e suas duas realizaes foram promovidas pelo Museu da Imagem e do Som (MIS) por meio de seu diretor, Ricardo Cravo Albin, sob a coordenao geral do compositor Edino Krieger. A comisso organizadora era integrada ainda por Vicente Barreto (diretor do Departamento de Cultura), Antonio Vieira de Melo (diretor do Theatro Municipal), Jos Mauro Dias da Cruz Gonalves (diretor da Sala Ceclia Meireles), Orlando de Almeida (diretor do Departamento Financeiro da SEC) e Alan Caruso (assessor jurdico da SEC). O Jornal do Commercio (24/11/68, p. 9) deu ampla cobertura ao evento, publicando o regulamento completo, com indicao detalhada sobre as obras e premiaes. Informando que as obras finalistas seriam gravadas em disco pelo MIS, fez ainda as seguintes observaes:
O I Festival de Msica da GB atende a trs aspectos importantes: 1) Estimula a criao de obras novas, motivando o esprito criador de nossos compositores, enriquecendo o acervo musical do Pas; 2) Premia em dinheiro o trabalho artesanal dos compositores pelo reconhecimento dos mritos artsticos de suas obras; 3) Promove a mais ampla difuso de suas obras, seja pela sua execuo pblica imediata, seja pelas gravaes das obras premiadas.

O Globo de 31/3/69, pgina 6, comenta:


Todas as tendncias estticas e os meios tcnicos esto representados nas obras j inscritas: desde o folclorismo direto at o abstracionismo eletrnico, desde o nacionalismo romntico at o serialismo centro-europeu, a msica experimental aleatria, concreta, atonal, post-serial.

Ainda sobre o evento, que ocupou todos os jornais da poca por quase seis meses, encontramos outra informao relevante no Dirio de Notcias de 2/4/69:
Foram encerradas, anteontem, oficialmente, as inscries para o I Festival de Msica, com um total de 90 partituras de 70 compositores de So Paulo, Guanabara, Rio Grande do Sul, Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Alagoas, Paran, Rio Grande do Norte e Distrito Federal. Existem ainda concorrentes naturalizados, tais como dois hngaros, dois argentinos, um persa, italiano, portugus e alemo.

Para se ter uma ideia da dimenso do evento, levantamos, ainda, alguns nomes que figuraram na comisso de seleo: Renzo Massarani; Henrique
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Morelenbaum; o compositor e regente argentino Armando Krieger que, apesar da coincidncia do sobrenome, no tinha nenhum parentesco ; e o compositor, musiclogo e regente panamenho Roque Cordero. Edino Krieger presidia essa comisso, todavia sem direito a voto. Integrando o jri na fase final, para citar apenas alguns, temos os nomes de grandes expoentes do panorama nacional e internacional, como Ayres de Andrade, Csar Guerra-Peixe, Joo de Souza Lima, Roberto Schnorrenberg, Fernando Lopes Graa (Portugal), Hector Tosar (Uruguai), Johannes Hoemberg (Alemanha), novamente Roque Cordero (Panam) e Krzysztof Penderecki (Polnia). Damos a seguir a relao dos 16 compositores selecionados, alguns deles muito jovens poca do evento. So eles: Francisco Mignone, Camargo Guarnieri, Cludio Santoro, Radams Gnattali, Olivier Toni, Marlos Nobre, Jos Antonio de Almeida Prado, Jorge Antunes, Aylton Escobar, Sergio Vasconcelos Corra, Ernst Widmer, Milton Gomes, Jamary Oliveira, Rufo Herrera (de nacionalidade argentina), Fernando Cerqueira e Lindembergue Cardoso. No jornal O Globo de 3/6/69, pgina 13, publicada a relao dos premiados num concurso que revelou uma preferncia dos jurados pela contemporaneidade das peas. Em primeiro lugar, com apenas 25 anos poca, o paulista Almeida Prado, com a obra Pequenos Funerais Cantantes; em segundo, o pernambucano Marlos Nobre, com Concerto Breve; em terceiro, o baiano Lindembergue Cardoso, com a pea Procisso das Carpideiras, sendo que esta, juntamente com Poemas do Crcere, de Aylton Escobar, recebeu o primeiro lugar na votao paralela realizada pelo pblico presente; em quarto lugar, o baiano Fernando Cerqueira, com Heterofonia do Tempo; e em quinto lugar, o tambm baiano Milton Gomes, com Primevos e Postrdios. As composies premiadas foram imediatamente editadas pelo MIS, em um lbum duplo lanado em 17/1/1970. O compositor Jos Antonio de Almeida Prado assim se expressa sobre o evento: O nosso Festival foi a coisa mais importante do Brasil Musical de hoje; Krieger deu todo o seu esforo, num trabalho dinmico e por vezes heroico. (Jornal do Brasil, de 3/6/69, Caderno B, p. 1). O compositor Roberto Schnorrenberg tambm se pronuncia afirmando que: Krieger, compositor dos melhores que temos, sempre se caracterizou pela falta de egosmo e a dedicao com que tem lutado: est de parabns por este novo xito alcanado. (Jornal do Brasil, de 3/6/69, Caderno B, p. 1). O compositor Almeida Prado costuma dizer que Edino Krieger foi seu padrinho em sua vida de compositor, porque graas ao dinheiro por ele recebido com o prmio ele foi o primeiro colocado no Festival de Msica da Guanabara em 1969 , Almeida Prado se deu uma bolsa de estudos em Paris, pois era um prmio altssimo, jamais dado em um festival no Brasil e que,
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segundo o citado compositor, daria para comprar um bom apartamento em So Paulo. Em seu depoimento datado de 9/3/2001 ele enfatiza que:
Considero que eu repetiria com total nfase que ele foi o responsvel pelos maravilhosos Festivais de Msica da Guanabara, que ficaram limitados a duas aparies, 1969 e 1970. Edino Krieger foi o pai do festival, o mentor. Edino sempre teve essa capacidade de esquecer dele prprio, da prpria carreira de compositor e ajudar os outros, isso uma qualidade que eu no encontro sempre em colegas. Esse esquecimento do prprio benefcio de uma carreira, para incentivar um jovem compositor, para incentivar toda uma gerao que vai surgindo nas Bienais de que ele foi tambm mentor. O trabalho dele na Funarte, no INM, fazendo festivais de coros, concursos, e mandando as msicas dos compositores para o exterior e o trabalho magnfico que ele est fazendo na Academia Brasileira de Msica, a Academia est com um fulgor que nunca teve antes. Quando eu digo que nunca teve antes, eu no quero esquecer os nomes de Ricardo Tacuchian um grande presidente , o Vasco Mariz e outros. Atualmente a Academia est tendo uma personalidade muito prpria com a Revista Brasiliana, com seu endereamento constante de notcias para os acadmicos, prestao de contas. A Academia est muito viva, muito atuante. Edino Krieger esse presidente maravilhoso que ns temos. E tambm um excelente regente. Eu o assisti reger em Colnia aquela obra maravilhosa dele que o Canticum Naturale.

O II Festival de Msica da Guanabara, alm de uma parte competitiva, possua uma parte de obras encomendadas a autores j consagrados. Edino Krieger teve uma pea encomendada pela Editora Delta para a noite de abertura do evento, em 9/5/70. Sobre a obra composta Fanfarra e Sequncias , o compositor, em depoimento ao Jornal do Brasil de 9/5/70, 1 Caderno, assim se pronunciou:
A msica substituir o tradicional terceiro sinal para chamar os espectadores plateia. Os instrumentos comearo a tocar no foyer do teatro, e quando acabar a primeira fanfarra, a maior parte da orquestra j estar no palco e os metais espalhados pelo balco nobre. A as campanas iniciaro as sequncias, baseadas em motivos de trs notas. Trata-se de sequncias fixas e curtas, que aos poucos vo se acumulando e culminam em um tutti em que todas elas so executadas simultaneamente. Apelando para certos recursos das tcnicas de vanguarda, mas sem a complexidade caracterstica da criao musical contempornea, as trs notas bsicas se transformam em diferentes tipos de motivos. Utilizo processos aleatrios, deixando ao critrio do regente o tempo de durao de cada sequncia e a escolha dos andamentos, indicando porm a ordem de acumulao dos grupos.

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O crtico Eurico Nogueira Frana, no Correio da Manh de 12/5/70, comparou a obra de Edino com os vibrantes clangs de Bayreuth, nas sacadas do Festspielhaus, que chamam o pblico para o incio das peras de Wagner. Integraram a comisso de seleo do II Festival os compositores Edino Krieger, Francisco Mignone e Roberto Schnorrenberg, o maestro Henrique Morelenbaum e o crtico musical Renzo Massarani. No jornal O Globo de 3/3/70, pgina 11, consta que foram inscritas 126 partituras, sendo 54 de msica de cmara, 52 sinfnicas e 20 sem indicao do gnero; 47 do Brasil provenientes da Guanabara, So Paulo, Bahia, Braslia, Minas, Rio Grande do Sul e Paran , 21 da Argentina, trs do Chile, duas da Colmbia, duas de Paris e 37 sem indicao. Edino Krieger, em seu depoimento para o supracitado jornal, mostrou-se feliz com o nmero de obras inscritas e com a alta qualidade das partituras, chamando a ateno para o ineditismo do Festival da Guanabara, que permitiria, ainda, oferecer um panorama completo da criao musical contempornea nas Amricas. Ele revela que:
A maior parte dos festivais de msica contempornea organizada com obras encomendadas. O nosso festival, porm, incluindo uma parte competitiva, ter uma representao mais completa dos compositores das trs Amricas. Ser um festival aberto a todos os criadores, a todas as tendncias estticas e a todas as tcnicas de composio. O certame inclui tambm obras encomendadas, sob o patrocnio de firmas particulares, aos compositores de maior prestgio, como os brasileiros Guarnieri, Mignone, Guerra-Peixe e Santoro, o argentino Ginastera, o chileno Santacruz, os norte-americanos Lukas Foss e Earle Brown e o maestro mexicano Carlos Chvez.

O Jornal do Brasil de 3/3/70 comentava a tendncia vanguardista, j manifestada no ano anterior, revelando que nesse ano tal tendncia atingia aproximadamente a metade das obras, que se utilizam de processos grficos completamente novos, exigindo da comisso uma espcie de estudo cuidadoso de cada partitura. Segundo Edino, esta necessidade de se apelar para novos smbolos vinha do fato de que a maioria dos compositores contemporneos j no mais se utilizava do sistema temperado tradicional, criando novos sons que so quase impossveis de serem representados pelas grafias usadas at ento. O jri final do concurso foi composto por Guillermo Espinosa (Colmbia), Franco Autori (EUA), Tadeusz Baird (Polnia), Vaclav Smetacek (Checoslovquia), Jorge Peixinho (Portugal), Garcia Morillo (Argentina), Domingo Santacruz (Chile), Hctor Tosar (Uruguai), Roque Cordero (Panam), sob a presidncia de Francisco Mignone.
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O crtico Antonio Hernandez, em O Globo de 5/5/70, pgina 6, sob o ttulo Um milagre de ativao do meio musical do Rio, afirma que:
A principal garantia da seriedade da realizao repousa no nome do maestro Edino Krieger, responsvel pela iniciativa e a quem a Secretaria de Educao confiou a coordenao geral do certame que ser prestigiado pelas presenas de autoridades respeitadas no mundo inteiro.

O citado crtico assinala ainda alguns dos benefcios que o Festival traria para o Brasil. Dentre outros, ressaltamos:
1) Os compositores tero oportunidade de ouvir as suas obras executadas at trs vezes [...] numa espcie de laboratrio de experimentao; 2) O pblico e a crtica podero desenvolver um sentido de percepo muito maior, em virtude da quantidade de informaes contidas na msica contempornea; 3) Os executantes sero obrigados pelo Festival a um esforo concentrado de atualizao dos seus prprios recursos para obedecer s exigncias das partituras; [...] e 4) Para a Msica Brasileira, especificamente, esse Festival ser a segunda grande oportunidade de projeo de novos talentos.

Renzo Massarani, no Jornal do Brasil de 22/5/70, Caderno B, pgina 1, comenta que no II Festival se firmou uma nova tendncia na criao musical das Amricas. S as obras de vanguarda tiveram xito, e as poucas tradicionalistas no conseguiram sequer chegar s finais, tanto no gnero sinfnico quanto no camerstico. Esses eventos tiveram uma importncia capital na divulgao da nova msica, da msica do nosso tempo, na sedimentao das novas correntes esttico-musicais, na formao de uma nova maneira de o pblico ouvir e perceber os sons da atualidade, e ainda para a nova pedagogia que surgia, redimensionando o fazer musical com base na msica contempornea. A histria do movimento das oficinas de msica, nos seus primrdios, encontrou em muitos dos compositores que ali participaram uma base de sustentao para o seu desenvolvimento, alm de o evento consolidar o importante movimento musical criado por Koellreutter na Universidade Federal da Bahia, que frutificou em uma verdadeira escola de composio e que, a partir de 1956, passou a contar, tambm, com a colaborao de Ernst Widmer. Ricardo Cravo Albin, diretor do MIS por ocasio dos Festivais de Msica da Guanabara, logo que assumiu a entidade, por sugesto de Ary Vasconcelos, criou um Conselho de Msica Popular composto por 40 membros representativos desse segmento. Logo depois, inspirado nesse Conselho, criou
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o Conselho de Msica Erudita, sendo Edino Krieger o secretrio-executivo. Segundo Cravo Albin, o MIS no tinha um nico tosto, os conselheiros no recebiam nada, mas isso era substitudo pela chama da paixo, pelo idealismo. Ele conviveu ainda com Edino na Rdio MEC, onde era radialista e diz que, desde essa poca, Edino j denotava uma grande preocupao com a qualidade. Sobre a atuao de Edino nos Festivais de Msica da Guanabara, ele declara:
O convvio com Edino foi de 1966 a 1971. Ele me ajudou muito, de trato muito agradvel, um idealista. No sei se a ideia do Festival partiu dele ou de mim. Ele abraou a ideia com um idealismo muito raro. O Festival foi feito graas fora do Edino. (Comunicao pessoal de 10/10/1997)

O maestro Henrique Morelenbaum d seu testemunho sobre os Festivais da Guanabara.


Na poca o diretor do MIS era o Ricardo Cravo Albin, que estava com Edino, que foi um grande apoio para todos os msicos. Edino foi a alma desses Festivais, ele gozava da confiana de todos. Foi um fenmeno de realizao. Tudo feito de forma muito democrtica e positiva. A importncia bsica desses Festivais da Guanabara foi a de estimular e revelar novos valores, alm de reestimular valores j consagrados. (Comunicao pessoal de 18/8/1997)

O incentivo criao musical sempre mereceu especial ateno por parte de Edino Krieger. Segundo ele, a criao musical de qualquer pas se apoia em trs fatores bsicos:
1o. O talento criador dos seus compositores; 2. O interesse do mercado de consumo interno e externo, representado pelo pblico e as organizaes musicais; e 3o. A organizao do sistema de apoio da produo, como elo intermedirio entre a criao e o consumo. (Depoimento ao jornal Dirio de Notcias, de 4/2/72, 2 Caderno, p. 5)

De acordo com o compositor, os dois primeiros fatores tm sido fartamente comprovados no Brasil. Os Festivais de Msica da Guanabara foram uma demonstrao do vigor, volume e qualidade da produo brasileira de hoje. Para Edino, ningum mais tem o direito de desconhecer a existncia de um nmero considervel de talentos de primeira grandeza surgidos das diversas escolas atuantes no pas, que constituem hoje uma constelao de talentos de que qualquer pas se orgulharia. Edino continua:
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Do interesse do pblico pelas obras desses compositores e pela msica brasileira em geral, temos tambm exemplos fartos na afluncia aos festivais da Guanabara [...], e ainda mais recentemente com a I Temporada de Vero de Msica de Vanguarda, realizadas com salas superlotadas no Teatro Glucio Gil. Tambm no exterior esse interesse tem sido constante, haja vista o convite do Festival de Washington Orquestra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro [...] e a participao de compositores brasileiros em quase todos os mais importantes Festivais da Europa e das Amricas. Mas se, em matria de talentos, de interesse do pblico e de projeo internacional, a criao musical do Brasil de hoje pode fazer at inveja, no plano da organizao de apoio estamos com um atraso de pelo menos dois sculos em relao Europa e aos Estados Unidos, e de 50 anos em relao s demais artes, aqui mesmo no Brasil. No existe, no Brasil, uma nica entidade de apoio e de organizao dedicada nossa criao musical. A msica brasileira no existe, em termos de organizao. No foi, at hoje, reconhecida oficialmente por nenhum governo, em termos definitivos. [...] De resto, a criao musical brasileira no editada, no gravada, no levada a participar efetivamente da emulao cada vez maior do mercado artstico internacional. Alguns esforos isolados e benemritos, como o da Rdio MEC e de outras entidades, no chegam a ser seno um paliativo transitrio, sem a amplitude e a continuidade que o volume e a qualidade da nossa criao musical reclamam. No ano em que se comemoram 150 anos de nossa independncia, seria lcito esperar que o Governo Federal, to atento aos problemas educacionais, sem dvida prioritrios, prestasse um servio que a msica brasileira est merecendo desde aquele primeiro 7 de setembro: a criao de um Instituto Nacional de Msica nos moldes de seus similares do cinema, do livro e do teatro, com a funo especfica e obrigatria de amparar, organizar, divulgar, editar, gravar e promover, no pas e no exterior, a criao musical brasileira. E promover, ainda este ano, uma primeira bienal de msica que se transformasse numa mostragem sistemtica da produo musical do Brasil. (Dirio de Notcias, 4/2/72, 2 Caderno, p. 5)

Os Festivais de Msica da Guanabara acabaram se transformando no embrio das Bienais de Msica Brasileira Contempornea o mais antigo, importante e regular evento no gnero, j na sua XIX edio (2011) , cujo projeto, de autoria de Edino Krieger, foi descoberto pela professora Myrian Dauelsberg, que se desincumbia em 1975 da direo da Sala Ceclia Meireles, e que, com sua sensibilidade e competncia, tratou de encamp-lo para benefcio da msica e do msico brasileiro. As Bienais acolheram compositores de todas as tendncias e geraes, abrindo espao para talentos jovens e desconhecidos, e assegurando ainda espao para os compositores j reconhecidos nacional e internacionalmente.
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No peridico Rio Artes n 19, de 1995, pgina 24, Edino fala sobre as origens desse importante evento:
A ideia de um festival bienal de msica brasileira j estava embutida no projeto do I Festival de Msica da Guanabara, de 1969. Foi o Secretrio de Educao do ento Estado da Guanabara, Gonzaga da Gama Filho, quem ponderou que os trs primeiros Festivais deveriam ser anuais: preciso firmar a ideia durante trs anos, para depois adotar uma periodicidade maior disse. Se deixarmos passar dois anos, o Festival cai no esquecimento e corre o risco de no haver o segundo. E assim foi: ele mesmo supervisionou a realizao do segundo Festival, em 1970, e animado pelo xito alcanado como no primeiro pediu-me que elaborasse o projeto do terceiro. Mas no viveu para aprov-lo [...] e o projeto, encaminhado ao seu sucessor, Vieira de Mello (diretor do Theatro Municipal quando da realizao dos dois Festivais), foi arquivado sob alegao de falta de recursos... Mas a ideia de uma Bienal, recebida com tanto entusiasmo pelo secretrio Gaminha [...], merecia ser levada adiante. Elaborei ento o projeto das Bienais, e sa procura de apoio: do Governo Estadual, da Rdio MEC, do Ministrio da Educao e Cultura. Durante anos, silncio total. [...] At que um telefonema de Myrian Dauelsberg, ento marcando com sua gesto dinmica a presena da Sala Ceclia Meireles na vida musical da cidade e do pas, fez ressuscitar o projeto das Bienais. Encontrei seu projeto numa gaveta do MEC, disse-me. Haveria alguma objeo em que a Sala Ceclia Meireles assumisse as Bienais? perguntou. Claro que no havia, ao contrrio: o importante era iniciar as Bienais, e sob a tutela da Sala o projeto tinha tudo para dar certo. E deu. Com seu entusiasmo e sua boa estrela de fada madrinha, Myrian fazia realizar, de 8 a 12 de outubro de 1975, a I Bienal de Msica Brasileira Contempornea, com o apoio do Plano de Ao Cultural do MEC, do Departamento de Cultura do Estado, da Rdio MEC, do BNH e da Universidade de Braslia. [...] A II Bienal, organizada pela Sala Ceclia Meireles (ainda na gesto de Myrian Dauelsberg) com o apoio da Funarte, realizou-se de 15 a 23 de outubro de 1977 e teve como inovao a realizao de um Concurso Nacional de Composio, com o objetivo de selecionar obras de compositores jovens e garantir assim um espao para o compositor emergente.

O objetivo das Bienais, segundo a concepo de Edino Krieger coordenador-geral do evento da I at a XII Bienal , era montar um vasto painel sonoro das correntes estticas que atuam no Brasil, promovendo uma amostra sistemtica da produo musical brasileira, com representantes das mais avanadas tendncias da msica contempornea, das msicas cnicas e eletroacstica corrente tradicional nacionalista, objetivo esse compartilhado tambm pelos compositores que participaram da I Bienal
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no ano de 1975 e que, em declarao conjunta, manifestaram a necessidade de um espao aberto para apresentao e divulgao peridica da produo musical brasileira contempornea. Em todas as Bienais, Edino sempre contou com uma pliade de excelentes compositores, representativos das mais diversas tendncias, e que atuavam junto a ele compondo a comisso de seleo e programao, que buscava sempre homenagear importantes vultos da histria da msica brasileira de todos os tempos. Por ocasio da XI Bienal de Msica Brasileira Contempornea, no ano de 1995 ano em que se comemoravam 20 anos ininterruptos de Bienais , as homenagens se estenderam a Koellreutter, pelos seus 80 anos, ao msico amazonense Waldemar Henrique, j falecido, e empresria Myrian Dauelsberg, uma das criadoras da Bienal. No jornal ltima Hora de 22/11/89, pgina 1, Edino Krieger revela que importante fazer esta reviso histrica, mostrando que muita coisa aconteceu e que a amostra agora tem um ar de coisa amadurecida. O compositor Ricardo Tacuchian, que antecedeu a Edino na presidncia da Academia Brasileira de Msica, falando sobre a trajetria das Bienais diz que a transformao ideolgica das mesmas reflete a mentalidade de Edino. De acordo com a leitura de Tacuchian, as Bienais foram paulatinamente se modificando:
A Bienal era uma espcie de vitrine das coisas mais importantes. Na primeira fase era uma mostragem das coisas que estavam acontecendo; na segunda fase ela comeou a se abrir para os compositores emergentes, e na terceira transformouse numa feira de amostra para 80 compositores emergentes. (Comunicao pessoal de 13/10/1997)

Joo Guilherme Ripper, assistente de Edino na coordenao das VIII e IX Bienais, em 1989 e 1991, revela que o contato mais frequente com Edino levou-o a apreciar ainda mais o compositor e a figura humana, dono de uma personalidade afvel mas fortemente direcionada aos seus objetivos. Ripper nos conta que:
Edino transps obstculos que ameaavam a realizao das Bienais. Em ambas as ocasies, a burocracia fez com que recursos fossem liberados no ltimo minuto; em ambas as ocasies, ainda, greves inoportunas fizeram com que a coordenao do evento ficasse reduzida a poucos voluntrios e alguns concertos fossem mesmo cancelados. Entretanto, em momento algum no realizar a Bienal foi uma opo. (Comunicao pessoal, 11/1/1998)

Em 1997, retornando ao Brasil aps alguns anos no exterior, Ripper foi novamente convidado por Edino Krieger para participar da coordenao
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da XII Bienal, evento esse que contou com mais de 100 compositores e aproximadamente 300 intrpretes, em uma amostra bastante abrangente das principais tendncias estticas da msica de nossa poca. Ripper nos diz que as dificuldades cresceram proporcionalmente, propulsionadas pela burocracia que se coloca sempre na contramo da arte. Ripper acrescenta que:
Com a tenacidade e experincia que concretizaram tantos outros projetos, Edino Krieger fez dessa edio da Bienal uma grande celebrao da msica brasileira. Foram dezesseis concertos realizados na Sala Ceclia Meireles e no Salo Leopoldo Miguez da Escola de Msica da UFRJ, com a presena da maioria dos compositores, transmisso ao vivo pela Rdio MEC e excelente presena de pblico. (Comunicao pessoal, 11/1/1998)

O compositor Rodrigo Cicchelli Velloso, em depoimento datado de 20/8/2000, tambm nos fala um pouco desse Edino criador e coordenador de vrias Bienais:
Conheci Edino Krieger quando retornei ao Brasil em 1997, aps seis anos de estudos na Europa. Lembro bem do dia em que fui fazer a inscrio de uma pea na Bienal daquele ano, e o mestre me recebeu pessoalmente em seu escritrio na Funarte. Para minha surpresa, fui convidado por ele a participar da Comisso de Seleo de Obras, e conversamos longamente sobre vrios assuntos de reminiscncias britnicas situao do Brasil no que concerne poltica cultural para a msica de concerto. Qualquer depoimento sobre Edino seria incompleto se no mencionasse a profunda contribuio que ofereceu ao idealizar e coordenar as Bienais de Msica Brasileira Contempornea e tantos outros eventos e iniciativas ao longo de sua carreira na Funarte. De fato, no fosse seu esforo, a msica brasileira estaria muito empobrecida. Devemos a ele a manuteno exemplar e tenaz de um dos poucos eventos onde a produo de diversos compositores brasileiros pode ser ouvida. [...] Espero que aqueles que o substituem atualmente e que venham a ocupar a mesma funo no futuro possam levar adiante seu trabalho com o mesmo esprito de iseno e dedicao.

A compositora e professora da Escola de Msica da UFRJ Marisa Rezende fala dessa qualidade agregadora de Edino e ressalta que:
Ningum vai conseguir substitu-lo nas Bienais, porque impressionante a calma que ele tem para passar por tantas preocupaes, como a Bienal representa, e ele faz isso com a maior tranquilidade. Brinca, procura levar a coisa de uma maneira mais leve, e isso muito raro. Ele consegue agregar as pessoas com o seu bom humor, ele uma pessoa muito mpar, muito querida por todos. (Comunicao pessoal de 10/11/1997)

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Mais tarde, Edino Krieger expandiu seu potencial administrador Fundao de Teatros do Estado do Rio de Janeiro (Funterj), quando teve seu nome indicado pelo presidente da Fundao, sr. Adolpho Bloch, secretria de Educao e Cultura do Estado do Rio de Janeiro, sra. Myrthes de Luca Wenzel. Edino foi investido na funo de diretor artstico da Funterj que englobava o Theatro Municipal, a Sala Ceclia Meireles, o Teatro Joo Caetano, o Teatro Arthur Azevedo etc. atravs do Ofcio no 150, de 22/4/1977.3 Uma das primeiras tarefas de Edino foi organizar a temporada de reabertura do Theatro Municipal, que tinha estado fechado durante aproximadamente dois anos, para recuperao fsica. Em conversa com Nlson Portella, que atuava na poca com frequncia no Teatro Coln de Buenos Aires, Edino sugeriu a hiptese de aproveitar a reabertura para reorganizar todo o Setor de pera do Theatro Municipal, que estava totalmente esfacelado e sem tcnicos para as reas de construo, de cenografia. Edino resolveu fazer uma visita ao Coln, ocasio em que assistiu pera The Rakes Progress, de Stravinsky, com a participao de Portella, e fez importantes contatos com pessoas da rea tcnica daquele teatro, em especial com o rgisseur Oscar Figueroa. Edino conseguiu motiv-lo a vir, com alguns membros de sua equipe, reorganizar toda a estrutura operstica do Theatro Municipal. E com essa equipe se montou o espetculo de reabertura do Theatro Municipal, apresentando a pera Turandot, de Giacomo Puccini, em 15/3/1978. Nesse perodo Edino foi convidado pelo governo da Alemanha a visitar a pera de Hamburgo, que comemorava seu 3 centenrio; conheceu ento os Teatros de peras de Hamburgo, Berlim e Munique, o que trouxe importantes subsdios sua gesto.4 A partir da, foi reorganizada a central tcnica de Inhama, central de produes do Theatro Municipal, e montada uma equipe para as reas de suporte da pera. O espao j existia, todavia era minimizado, sendo utilizado apenas como depsito de cenrios. A ideia bsica foi constituir um corpo tcnico para que o Theatro Municipal tivesse uma estrutura, uma infraestrutura de teatro de pera, que permitisse uma programao de pera continuada, a exemplo do Teatro Coln. A direo de Edino almejava de incio alcanar trs importantes objetivos: a criao de um grupo de pera nacional; um concurso de libretos de pera em um ato; e encomendar sistematicamente obras aos compositores brasileiros trs por temporada , num estmulo criao nacional. Consta que para a temporada de 1970 haviam sido encomendadas uma Sinfonia a Radams Gnattali, um Bailado a Francisco Mignone e uma Cantata a Marlos Nobre, sendo que para 1971 o Theatro Municipal objetivava encomendar uma obra sinfnica a Guerra-Peixe, um Quarteto a Camargo Guarnieri e uma obra coral a um dos compositores jovens cujos nomes foram revelados no I Festival de Msica
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da Guanabara.5 Com relao ao primeiro objetivo, seria criado um elenco oficial da casa, integrado por artistas brasileiros que seriam contratados por temporadas, aproveitando as melhores vozes, e ainda cantores em formao. Haveria tambm a categoria de bolsistas, obrigados por contrato a estudar os papis principais, sendo que de incio se ocupariam de representar em pblico exclusivamente os papis secundrios. Sobre esses ideais, Edino quem nos fala:
A ideia era que se organizasse um repertrio bsico de pera, que a cada ano se acrescentassem dois ou trs ttulos, e esse repertrio passasse a ser um repertrio normal, que se levassem durante o ano inteiro essas peras. No s de Carlos Gomes, mas de outros compositores. Queramos fazer um levantamento disso para programar sistematicamente, pelo menos a cada ano, uma pera brasileira, que fosse se acrescentando ao repertrio permanente de peras do Theatro Municipal. Essa era a ideia bsica do projeto. Fizemos Turandot, La Prichole, Tosca, e a Traviatta, com Zefirelli.

Como resultado da pesquisa que empreendemos no setor de documentao de teatro, com o intuito de levantar toda a programao realizada no perodo, detectamos apenas a referida pera Turandot, as apresentaes de La Prichole, de Jacques Offenbach, em 28/9/1978, e O Sargento de Milcias, de Francisco Mignone obra encomendada pela Funterj por recomendao de Edino em dezembro de 1978, alm de dois espetculos de bal, no havendo nos arquivos registro das outras peras anteriormente citadas. A crtica especializada cobriu o espetculo de reabertura do Theatro Municipal, sendo o trabalho de Edino Krieger alvo de elogiosas crticas, sem falar na comunidade musical, que prestigiou sobremaneira o evento, que contou ainda com a presena do presidente da Repblica, Ernesto Geisel. No Jornal do Brasil de 15/3/78, Caderno B, pgina 1, em crtica no assinada, encontramos o depoimento de Nlson Portella, que assim se refere ao concerto de reabertura: E entre os que trabalharam para que isso acontecesse, destaco o nome do maestro Edino Krieger, um trabalhador permanente. Ainda no citado peridico, em 30/3/78, Luiz Paulo Horta comenta que: , assim, quase milagre que o Rio de Janeiro possa dispor, eventualmente, de uma boa temporada lrica, organizada a deste ano sob a orientao eficaz e pouco reconhecida de Edino Krieger. O jornal ltima Hora de 10/5/78, em artigo assinado por Maria Abreu, mostra a indignao da articulista gerada pela omisso do nome de Edino Krieger no programa do evento:
Outra incongruncia est na omisso total no programa do nome de Edino Krieger, o verdadeiro Autor Maior de tudo o que se est realizando no

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Municipal. Ele foi quem congregou os bons elementos, quem orientou a programao, enfim quem virou a pgina, no Brasil, do amadorismo precrio para que chegasse a um teatro lrico de verdade. Omitir seu nome nas atuais realizaes da Funterj trapacear a histria.

Antonio Hernandez, crtico do jornal O Globo, em 5/5/78, pgina 41, mostra que a reconduo de Edino foi um caso raro em que a competncia acabou prevalecendo, mostrando o bom-senso dos dirigentes:
A vontade de acertar do Governo Faria Lima demasiado evidente, como demonstrou a simples reconduo do maestro Edino Krieger s responsabilidades da direo artstica da fundao presidida pelo sr. Adolpho Bloch. Se ao presidente e ao seu secretrio-executivo, sr. Geraldo Matheus Torloni, o Rio deve o sucesso na recuperao fsica do Teatro, o alto nvel artstico da atual atividade lrica um crdito de Krieger, que teve a iniciativa e a coragem de roubar ao Teatro Coln de Buenos Aires a sua melhor equipe tcnica.

Ronaldo Miranda, no Jornal do Brasil de 16/5/78, mostra a receptividade e o reconhecimento do pblico com a nova fase do Theatro Municipal:
Na vesperal de domingo, a penltima rcita da Tosca recebeu uma plateia numerosa e entusiasta, constatando-se que, apesar das condies adversas altos preos, falta de informaes precisas na divulgao dos espetculos, eventuais desnveis nos elencos , o pblico do Rio mostra-se bastante sensvel ao gnero lrico, quando tratado com a seriedade e o bom gosto que vem demonstrando a equipe liderada por Edino Krieger e Oscar Figueroa.

No entanto, apesar de todo o sucesso de pblico e crtica, o srio trabalho de Edino no estava agradando a todos. Alguns o acusavam absurdamente de favorecer o msico estrangeiro, gerando descontentamento e terminando por provocar seu afastamento: em carta datada de 10/10/78, Edino solicitou demisso em carter irrevogvel. Ele enviou carta imprensa esclarecendo os motivos que o levaram a renunciar, agradecendo ainda o apoio recebido por parte da crtica. NO Globo de 13/10/78, Edino esclarece que:
[...] Estou deixando a direo artstica da Funterj, por considerar que a estrutura burocrtica da entidade e sua excessiva dependncia de recursos financeiros governamentais, compreensivelmente limitados, no comportam um projeto ambicioso como o da transformao do Theatro Municipal num grande teatro permanente de pera e bal um projeto, vale dizer, que

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equivale criao de um Teatro Nacional de pera e Bal, e que constitui a preocupao prioritria do Departamento Artstico desde o incio de minha gesto.

No mesmo peridico, com data de 19/10/78, Edino Krieger critica a direo da Funterj, defende Figueroa rgisseur argentino e fala do seu sentimento de profunda revolta diante da inominvel injustia que se perpetrou contra o desempenho do citado profissional. O ponto alto das atividades administrativas de Edino Krieger, e que nos possibilita afirmar que se trata de um grande marco divisor na histria e na evoluo da cultura musical brasileira, foi, de forma indubitvel, sua gesto na direo do Instituto Nacional de Msica (INM), de 1981 a 1989, sendo ele, como se sabe, o responsvel pela ideia da criao do INM no quadro da Funarte, iniciativa encaminhada em 1975 ao ento ministro da Educao Ney Braga. A nomeao de Edino Krieger para o cargo de direo do Instituto Nacional de Msica da Funarte, pela Portaria Ministerial no 467, publicada no D.O.U. de 28/7/81, na gesto do ministro Rubem Ludwig, veio trazer luz ao cenrio da produo musical brasileira. O jornal O Globo de 25/7/81, por meio do crtico Antonio Hernandez, ressaltou a importncia da indicao de Edino Krieger para presidir o INM, narrando alguns de seus mais importantes feitos ao longo de sua trajetria, regozijando-se com sua nomeao:
O ministro da Educao Rubem Ludwig nomeou ontem o maestro Edino Krieger para o cargo de diretor do Instituto Nacional de Msica. O ato do ministro, aceitando a indicao de Mrio Machado sucessor de Roberto Parreira como diretor-executivo da Funarte , pe fim a uma verdadeira guerra de recomendaes para o cargo, que durou cerca de 2 meses, desde o afastamento de Jos Mauro Gonalves, diretor do rgo no tempo do ministro Eduardo Portella. Edino Krieger ocupava desde 1979 a funo de coordenador do Projeto Memria Musical Brasileira (Pro-Memus), criado por sua iniciativa na gesto do violinista Cussy de Almeida. [...] frente do Pro-Memus, Edino Krieger vinha realizando um trabalho de capital importncia para a conservao e divulgao da criao musical brasileira dos ltimos cem anos. O programa editorial de partituras e de discos, que comeou com o lanamento de 17 eleps, constitui hoje o empreendimento oficial mais srio j realizado em mbito federal, em favor da cultura musical. Da probidade exemplar do maestro Edino Krieger, o Brasil e particularmente o Rio de Janeiro j tiveram inmeras provas e a ele a nossa cultura musical deve alguns dos mais importantes impulsos em favor de um desenvolvimento inteligente e que, se no tiveram maiores consequncias,

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foi por falta de continuidade de seu trabalho, sempre estrangulado por interesses extramusicais dos seus superiores administrativos. Da sua autoridade dependeram, por exemplo, algumas das mais importantes realizaes da Rdio MEC, no perodo de maior esplendor da emissora oficial; os Festivais de Msica da GB, em que fizeram suas primeiras armas dez anos atrs praticamente todos os grandes compositores brasileiros que ainda hoje no atingiram os 50 anos de idade; a ressurreio da arte operstica do Theatro Municipal, a partir de 1978; e, mais recentemente, o Projeto Memria Musical Brasileira, cuja existncia redime o Instituto Nacional de Msica dos seus inmeros pecados contra a arte de Bach e de Villa-Lobos. [...] Assim mesmo e pelos mritos de obras-primas como as Variaes Elementares, o Ludus Symphonicus, o Estro Armonico, o Canticum Naturale, as Sonncias, as Convergncias, e sem citar nada da sua produo camerstica, ele pode ser considerado tranquilamente como um dos dois ou trs melhores compositores das geraes que sucedem Villa-Lobos, Guarnieri e Mignone.

Ronaldo Miranda, no Jornal do Brasil de 25/7/81, afirmava que:


A escolha de Krieger para a direo do INM pode, portanto, representar uma fase auspiciosa para o desenvolvimento de nossa cultura musical. Com sua posse, hoje a Funarte passa a contar com um elemento altamente qualificado para comandar os destinos da msica no pas.

Emlia Silveira, na Revista Cultura de jul./set. de 1981, s pginas 12-14, sob o ttulo INM: o desafio do msico Krieger, ressalta a importncia e a contribuio de sua passagem por diversas instituies, enriquecendo o artigo com depoimentos do prprio compositor focalizando seu plano de ao para o rgo:
Com experincia administrativa que engloba a responsabilidade, desde 1979, pelo Projeto Memria Musical Brasileira da Funarte, a direo musical da Rdio MEC na dcada de 50, a Secretaria-Geral do Conselho de Msica do Museu da Imagem e do Som por 12 anos, a direo artstica da Fundao dos Teatros do Rio de Janeiro e a presidncia da Sociedade Brasileira de Msica Contempornea, Edino Krieger o quarto diretor do INM nos seus cinco anos de existncia. [...] O INM deve ser a instituio responsvel pelo apoio criao musical do Pas, ou seja, da pesquisa, memria, documentao dessa memria, avaliao crtica, divulgao, alm de um programa editorial e fonogrfico. Edino Krieger considera que a questo do repertrio seja mais importante que o mercado, chamando a ateno para o fato de que toda vez que a Orquestra Sinfnica quer fazer um concerto de msica brasileira esbarra nas maiores dificuldades. No sabe onde encontrar partituras, no existem

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editadas etc. Segundo o compositor, essa deficincia fica mais grave ainda quando sabemos da enorme riqueza da criao brasileira. Se os compositores so desconhecidos, se Brahms mais programado do que Villa-Lobos, temos que atuar sobre essa realidade, valorizando, sem xenofobismo, o nosso criador. Quanto ampliao de mercado de trabalho para o msico, Edino Krieger diz que a Rede Nacional de Msica age na rea de criao de mercado para o artista nacional. O projeto est sendo aperfeioado desde o incio do INM, e consiste em criar locais de concertos em vrias cidades, comprometendo instituies locais na produo dos espetculos.

Mara Caballero, no Jornal do Brasil, Caderno B, p. 1, de 3/8/81, esclarece que o compositor pretendia enquadrar o INM nos mesmos objetivos de outros rgos Embrafilme, Instituto Nacional do Livro, Servio Nacional de Teatro , s que voltado para a msica, especialmente para a criao musical brasileira. A articulista informa que:
Edino Krieger ser oficialmente empossado em 5/8/81. Ele pretende transformar o INM num centro de discusso, de modo a melhor conhecer as necessidades do meio e ajust-las estrutura de funcionamento. A funo do INM no resolver todos os problemas com ao direta, mas ser um instrumento auxiliar. Intermediar a melhor palavra para definir o trabalho do Instituto. Edino Krieger pretende ainda proceder a um trabalho de aprofundamento e complementao dos projetos j existentes, os projetos Bandas, de apoio s orquestras e Universidade.

Fora do mbito do Rio de Janeiro, a indicao do compositor foi tambm alvo de manchetes em diversos peridicos. Os jornais O Estado de Florianpolis, Correio do Povo de Porto Alegre, Dirio do Grande ABC de Santo Andr, no estado de So Paulo, Jornal da Tarde, Dirio Popular, Folha da Tarde, O Dia, todos de So Paulo, Estado de Minas e Jornal do Commercio do Recife congratularam-se com o compositor em uma srie de artigos que lhe rendiam efusivas homenagens. O incio da trajetria de Edino Krieger na Funarte, como se sabe, se deu em 1979, na qualidade de prestador de servios do Instituto Nacional de Msica, na gesto de Cussy de Almeida. A convite deste, Edino apresentou um projeto, que denominou Projeto Memria Musical Brasileira Pro-Memus , que tinha como alvo a documentao e a difuso da msica brasileira, promovendo uma assistncia efetiva no campo da documentao musical, tendo sido seu idealizador, organizador e coordenador. O Projeto previa, na sua ntegra: 1) a criao de um Arquivo Central de Msica Brasileira, com obras editadas no Brasil e no exterior; 2) um Cadastro Geral de Msica Brasileira; 3) um Centro
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de Informaes Musicais; 4) um Arquivo Fonogrfico; 5) um Programa Editorial permanente, objetivando a edio regular de catlogos, partituras (algumas na condio de manuscritos, e outras ainda em edies precrias pelo desgaste do tempo), livros e gravaes de msica brasileira representativa de todos os perodos; 6) um Programa de Incentivo criao musical brasileira, com encomenda de obras a autores reconhecidos e abertura de concursos de composio; 7) um Programa de Divulgao e Promoo da msica brasileira, promovendo concertos e recitais, alm de auxiliar nas realizaes de festivais e a criao de postos de venda desses materiais de incio um posto central, depois multiplicando-se em outros estados de modo a possibilitar e facilitar o acesso dos intrpretes e do pblico. Nessa poca 1979-1980 , Edino procedeu a um levantamento do acervo de gravaes (em fita magntica) de msica brasileira da Rdio MEC, selecionando quinze discos para serem editados, com autorizao da citada emissora. A riqueza do material selecionado, que surpreende pela excepcional qualidade tcnica, passou a ser objeto de um processo de revitalizao e polimento, buscando assegurar uma sonoridade estereofnica altura de obras de rara apresentao, resgatando o trabalho de msicos conceituados em nosso meio artstico, alguns j desaparecidos e outros residentes no exterior. Eram gravaes da Orquestra Sinfnica Nacional (regida por Camargo Guarnieri, Guerra-Peixe e Mignone), da Orquestra de Cmara, do Quarteto de Cordas da Rdio MEC (Salomo Rabinovitz e Alfredo Vidal nos violinos; George Kiszely na viola e Giorgio Bariola no violoncelo), do Trio Rdio MEC (Anselmo Zlatopolsky no violino, Iber Gomes Grosso no violoncelo e Alceo Bocchino no piano), todos conjuntos estveis da rdio, e do Quarteto Brasileiro (Santino Parpinelli e Rabinovitz nos violinos, Jacques Niremberg na viola e Eugen Ranevsky no violoncelo). Os critrios para essa escolha eram, primeiro, obras que nunca tivessem sido gravadas e, segundo, evidentemente, qualidade da execuo musical. Foram editados aproximadamente 58 LPs, quatro catlogos e umas 362 partituras. Transcorrido pouco tempo de trabalho, a comunidade musical j colhia os frutos de to sria realizao de Edino como coordenador do Pro-Memus. O Jornal do Brasil, Caderno B, p. 7, de 22/11/80, em artigo assinado por Ronaldo Miranda, revelava que aps um ano e meio de sua criao o citado Projeto dava seu primeiro grande passo no setor da documentao fonogrfica: J esto prontos e sero lanados quinta-feira 27/11/80 s 17h, na prpria Funarte, os 15 primeiros discos de uma srie que pretende registrar a msica nacional do presente e do passado. Guerra-Peixe, em carta ao Exmo. sr. Roberto Parreira, diretor-executivo da Funarte, datada de 31/1/1980, pgina 2, depositada na Diviso de Msica e
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Arquivo Sonoro da Biblioteca Nacional Coleo Guerra-Peixe, carta n 25 , tece vrias crticas ao INM e enfatiza que:
Pelo visto, o INM conserva seus vcios, seus erros, seus critrios dbios, suas resolues domsticas tal e qual como comeou. Eu j disse a um jornal e repito: a Funarte tem sido o maior malefcio que o Governo Federal tem feito s artes, em especial msica. E tende a piorar. Quero fazer uma ressalva Memria Musical Brasileira Pro-Memus, que se prosseguir conduzida por Edino Krieger poder prestar valioso servio msica brasileira; caso contrrio, j se viu!

Um ano mais tarde, e novamente Ronaldo Miranda, no Jornal do Brasil, Caderno B, p. 8, de 28/11/81, divulgava o lanamento de 10 partituras de msica coral brasileira atravs do Pro-Memus, onde Edino Krieger incorporava ao projeto sob sua responsabilidade cinco msicas corais para coro misto feitas sob encomenda da gesto anterior:
Esta srie que est sendo progressivamente editada apresenta agora os seguintes ttulos: Ave-Maria de Cludio Santoro, Topologia do Medo de Cirlei de Hollanda, Pea Coral n 1 de Emlio Terraza, A Arca de No de Ernst Mahle e O Vento no Carnaval de Ernst Widmer. As outras 5 peas recm-lanadas pelo Pro-Memus destinam-se a vozes infantis, tendo sido selecionadas para edio entre as que concorreram ao 1 Concurso Nacional de Composio para coro infantil, promovido pelo INM ao fim da gesto de Cussy de Almeida. So elas: O Livro Mgico do Curumim de Almeida Prado, Um Ideal de Vanda Freire, Cano da Chuva e do Vento de Murilo Santos, O Mosquito Escreve de Maura Machado e O Navio Pirata de Lindembergue Cardoso.

Edino categrico: o Pro-Memus partia da premissa de que no possvel se pensar num projeto de divulgao da msica brasileira se no se tiver as partituras. Para que os intrpretes participem dessa divulgao, preciso ter o material disponvel:
Geralmente voc ouve dizer: Os intrpretes no se interessam pela msica brasileira. No bem assim! Na verdade, o que eles no tm acesso ao repertrio de msica brasileira. mais fcil tocar Beethoven, o repertrio estrangeiro, porque a msica brasileira no existe editada em lugar algum. Ento, comeamos a tentar preencher essa lacuna. E tambm a edio de discos: isso tambm fundamental, para voc poder divulgar atravs do rdio, mandar para o exterior. Esses discos passaram a ser divulgados a nvel internacional. Mandamos para as rdios e emissoras oficiais do mundo inteiro. Alm desses discos de msica que foram editados, entrei em entendimento

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com a direo da Rdio MEC e fizemos transcrio de todo o acervo de gravaes de msica brasileira da Rdio. Fizemos uma cpia, e essa cpia est arquivada na Funarte at hoje. Para evitar que, de repente, as fitas da Rdio que eram antiqussimas, algumas de 30 anos se perdessem, perdessem a sua qualidade tcnica e no tivessem uma cpia, pelo menos, para salvar o registro documental. A ideia era fazer um arquivo pblico sonoro, para que esse acervo fosse colocado disposio dos estudiosos, dos pesquisadores. Isso nunca se conseguiu realizar. Essas fitas esto guardadas num espao com ar condicionado, desumidificadores etc. l na Avenida Brasil, no Setor de Vdeo da Funarte.

Em 1981, quando da direo executiva de Mrio Machado, Edino foi convidado a assumir o INM, passando a funcionrio da Funarte, tendo ento que abdicar de suas atividades na Rdio MEC. Edino dirigiu o INM de 5/8/1981 at 1989, quando foi alado ao cargo mximo de presidente da Funarte, por indicao do ministro Jos Aparecido. Sabe-se que Mrio Machado, ao assumir a direo executiva da Funarte, procedeu a uma consulta com os funcionrios da rea tcnica, trocando ideias com eles. Edino foi um dos que conversou muito com ele, e sempre sobre o Pro-Memus, sobre seu interesse nico de consolidar e desenvolver esse Projeto, pois no estava muito interessado em cargos de direo. Como resultado dessas conversas, Edino foi investido no cargo de diretor do INM. Sobre essa poca, Edino nos deu seu depoimento:
Quando assumi, fui obrigado a reestruturar todo o INM, porque a maioria dos coordenadores de projetos, como eu mesmo no Pro-Memus, eram todos contratados por servios prestados. Eram contratos que eram renovados de trs em trs meses. Logo que assumi, o Mrio Machado me chamou e disse: Olha, est havendo uma determinao da Secretaria de Planejamento, proibindo a renovao sistemtica de contratos por servios prestados.

Ento, foram criadas vagas dentro do quadro de funcionrios do INM, de modo que esses coordenadores passassem a integr-lo. A partir desse momento, o INM passou a ter uma estrutura administrativa efetivamente mais slida. Edino procurou suprir as vrias lacunas, colocando frente de cada rea pessoas especializadas. Ele fala sobre seu grupo de trabalho:
Lembro que os primeiros a serem efetivados foram a Elza Lakschevitz, que cuidava do Projeto Villa-Lobos, da rea de corais, e que no era funcionria; a Valria Peixoto, da rea de Educao Musical (que havia sido criada por mim); a Vnia Bonelli, que cuidava da Rede Nacional de Msica; o Celso Woltzenlogel,

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que cuidava do Projeto Bandas, no pde ser funcionrio da Funarte porque era professor da Escola de Msica e continuou em carter excepcional a prestar servios. Havia alguns, como o Flvio Silva e a Irene Moutinho, que j eram funcionrios e cuidavam da parte de atendimento demanda externa, a parte de convnios com outras instituies. A Funarte tinha no oramento uma dotao especfica para isso. Cada uma dessas coordenadorias era formada por um coordenador e um assistente. Ento, era uma equipe de duas pessoas, que realmente tocavam todo um trabalho a nvel nacional. Havia, evidentemente, alguns funcionrios da rea de apoio, da rea administrativa, serventes. A estrutura do corpo tcnico era realmente muito pequena, inclusive para a dimenso do trabalho que a gente fazia, de abrangncia nacional.

Edino nunca cuidou apenas de suas realizaes pessoais. Ele manteve muitos projetos que vinham das gestes anteriores, mas redimensionando-os, imprimindo-lhes uma perspectiva mais arrojada e abrangente, aperfeioandoos, ou simplesmente apoiando-os, como o caso do Projeto Pixinguinha, um projeto inteiramente independente e que tinha como coordenador Hermnio Bello de Carvalho. Na administrao de Edino esses projetos cresceram, se desenvolveram e apresentaram novas perspectivas. Como exemplo, citamos a Rede Nacional de Msica, existente desde o incio da Funarte, e que foi ampliada, permitindo a realizao de recitais em diversas regies do pas no somente com artistas convidados, mas contando ainda com a participao de artistas locais, que dividiam o palco com importantes nomes, desdobrando-se tambm em oficinas, workshops com concertistas que iam a uma determinada regio e l permaneciam alguns dias, com o intuito de realizar um trabalho de carter didtico com os estudantes locais. Isso ocorreu com o pianista Gilberto Tinetti, convidado a fazer um concerto na regio Nordeste; buscou-se ento arregimentar um grande nmero de estudantes de piano, oferecendo aos mesmos um trabalho de oficina. Tal iniciativa repetiu-se com diversos artistas. Com relao ao repertrio, deixou-se de fazer unicamente Beethoven, Brahms e Chopin, trabalhando-se efetivamente msica brasileira. Houve ainda uma mudana no perfil do artista da Rede: no eram mais somente pianistas que participavam, mas tambm intrpretes de outros instrumentos, assim como corais, duos, trios, quartetos e quintetos. A democratizao da Rede tambm resultado da administrao de Edino, que, em lugar de ficar repetindo sempre os mesmos msicos, criou um mecanismo que permitia o acesso de qualquer profissional, por meio da apresentao de uma proposta contendo o programa, o currculo e alguma gravao, quando se tratava de algum desconhecido. O Projeto Villa-Lobos foi ampliado aps a gesto de Edino, passando a participar da programao do Pro-Memus, por meio da edio de composies corais para coro infantil e misto, provenientes de concursos de composio,
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alm de arranjos de msicas folclricas. O investimento maior passou a ser a formao de recursos humanos. A coordenao investia no regente coral, em melhorar o seu desempenho, que naturalmente se refletia na melhora da qualidade do conjunto, propiciando ainda reciclagens regionais com durao de uma semana. Tomamos parte ativa nesse Projeto, no Rio de Janeiro, integrando o primeiro e o segundo Painel Funarte de Regncia Coral, e mais adiante, na qualidade de professora de Percepo Musical, em Curitiba e em Braslia, quando nos foi possvel avaliar a extenso exata de seu benefcio em prol do canto coral. A semana tornava-se pequena para uma srie de interessantes trabalhos propostos sob a forma de palestras, workshops, cursos de regncia, de educao musical, de tcnica vocal, orientao quanto a repertrio, revelandose um encontro extremamente rico, que possibilitava uma grande troca de informaes e experincias entre os participantes. O projeto Oficina-Escola de Luteria, que funcionava na Funabem aberto tambm aos internos da instituio , em Quintino, no Rio de Janeiro, e que objetivava a formao de tcnicos em construo e reparo de instrumentos de cordas, foi criado na poca em que o luthier paulista Guido Pscoli estava vivendo no Rio de Janeiro. Aps seu desaparecimento, o funcionrio Orlando, discpulo de Guido Pscoli, deu continuidade ao trabalho. Esse projeto abrigava candidatos a tcnicos em construo e reparao de instrumentos de cordas vindos de diversos lugares do Brasil onde havia a necessidade desse tipo de mo de obra, e que aps trs anos de estudo como bolsistas da Funarte retornavam s suas origens. Vrios luthiers que hoje esto trabalhando por esses Brasis afora so produto desses cursos. A partir de um determinado momento, o INM suspendeu esse projeto, pelos motivos que Edino nos aponta:
Num certo momento, a demanda por esse tipo de mo de obra cessou, porque no se criaram novas orquestras, o movimento nesse sentido ficou mais ou menos estagnado. Ento, decidimos que no havia mais razo de se criar outras turmas de tcnicos em luteria, porque j estava comeando a acontecer que esses rapazes, que eram formados para construir violinos, violas e violoncelos, quando terminavam o curso e no tinham aproveitamento da sua mo de obra especializada, para sobreviver tinham que construir armrios, estantes... o que no tinha muito sentido. Ento, a Oficina-Escola deixou de funcionar mais ou menos em 1988.

Esses artesos tambm aprendiam a consertar e construir violes, todavia a especialidade deles era a construo de instrumentos de arco. ainda Edino quem nos relata:
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Ns importvamos madeira da Europa, para manter essa Oficina em funcionamento. Os aprendizes construam os instrumentos, e esses instrumentos eram periodicamente doados a escolas, a instituies. Importvamos tambm quantidades de madeira para outras oficinas que tinham sido criadas com os aprendizes que se formavam aqui: da Bahia, da Paraba, de Minas e de outros lugares. Ento, quando essa Oficina terminou as atividades, distribumos o que restou das madeiras disponveis, at esgotar esse material. Ficamos s com um tcnico, e a funo dele no era mais a de formar novos aprendizes, mas de supervisionar e dar assistncia s oficinas que foram criadas nas vrias regies. Eu acho que uma meia dzia de oficinas foram criadas pelo Brasil afora.

O Projeto Bandas, a exemplo dos citados, tambm foi ampliado. No princpio ele se limitava distribuio, por parte da Funarte, dos instrumentos solicitados pelas bandas de msica cadastradas. Especialistas eram convidados pelo INM para examinar a qualidade tcnica dos instrumentos, levando-se em conta a exigncia da Funarte, desde o incio, de que os instrumentos comprados para distribuio fossem os melhores que as fbricas pudessem construir. O projeto piloto tambm previa cursos sistemticos e intensivos para reciclagem de mestres de banda, que geralmente se formam na prtica. Na gesto de Edino foram criados cursos de restaurao e recuperao de instrumentos de sopro, com msicos especialistas que se deslocavam para vrias regies do pas, de modo a possibilitar o melhor uso e preservao dos mesmos, evitando dessa forma que o instrumentista pusesse de lado o instrumento por no saber como consert-lo. O depoimento de Edino Krieger revela o benefcio desses cursos para o msico de banda:
Esses cursos foram muito bons, porque realmente os prprios msicos e mestres das bandas passaram a aprender a consertar, a recuperar os instrumentos: a fazer uma solda, a colocar uma sapatilha, enfim, toda essa parte tcnica.

No jornal A Notcia, de Joinville, datado de 3/4/83, Edino revela algumas aes que foram sendo implementadas junto a estes projetos. Sobre essas aes, de um modo geral, ele assim se pronunciou:
Ns queremos recolher essas msicas, fazer uma avaliao de seu valor musical e comear a edit-las em partitura, na coleo O Repertrio de Ouro das Bandas de Msica do Brasil, para divulgao no pas e no exterior. [...] Outros projetos que sero desenvolvidos este ano relacionam-se com a pesquisa de madeiras nacionais para a fabricao de instrumentos musicais e o levantamento de todos os instrumentos brasileiros (folclricos, indgenas,

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artesanais e industriais), para a elaborao de um Guia de Instrumentos Musicais Brasileiros. [...] Estamos tambm promovendo um mapeamento dos rgos existentes no Brasil, para estudar a possibilidade de sua recuperao e conservao. [...] Poderia citar como contribuies especficas da minha gesto o apoio intensivo e ostensivo do INM msica brasileira dentro da ao de todos os projetos; a criao da Comisso de Legislao Musical, que fornece ao MEC pareceres sobre projetos da lei na rea da msica, examina e estuda toda a legislao musical do pas e elabora propostas de projetos de lei de interesse nacional na rea da msica; a criao da Comisso de Educao Musical e da Coordenadoria de Educao Musical, que esto iniciando levantamento completo de toda a problemtica da educao musical no pas e promovendo cursos de reciclagem e orientao pedaggica e curricular para professores que atuam na rea da msica dentro das escolas. Essa retomada, pelo INM, de uma rea que esteve bastante abandonada desde a morte de Villa-Lobos, e cuja importncia a ministra Esther de Figueiredo Ferraz apontou em entrevista recente, tem sido aplaudida como uma das iniciativas mais importantes do INM. Na verdade, no basta levar a msica ao pblico adulto; preciso fazer com que a msica entre para o cotidiano das crianas, atravs da atividade musical na escola. o que se faz nos Estados Unidos e na Europa, e por isso que l existe um pblico to numeroso para a pera, os concertos e todo tipo de manifestaes musicais. [...]

Em depoimento ao jornal O Estado de S. Paulo datado de 3/11/85, pgina 33, Edino revela que o INM j havia atendido a cerca de 700 das 1.500 bandas cadastradas. Enfatiza ainda que: Das 800 a que falta atender, diariamente recebemos solicitaes de verbas para a compra de instrumentos. Do mesmo modo que pedidos de prefeituras para formar suas primeiras bandas. fato indiscutvel que o INM viveu seu apogeu na gesto de Edino Krieger. O funcionamento a contento de todas as coordenaes sob a superviso geral de Edino que tinha como principal caracterstica o fato de no ser centralizador se deve muito ao desenvolvimento de um trabalho em que respeito mtuo, confiana, delegao de poder, liberdade, competncia e seriedade eram indissociveis. Edino comenta:
Eu fazia um acompanhamento. Ns, inclusive, estabelecamos toda a nossa programao em reunies semanais de toda a equipe tcnica. Isso funcionou muito bem, porque todos participavam de todas as decises, de toda a programao. Ns tnhamos uma espcie de colegiado de coordenadores, que estabelecia as linhas de programao, inclusive participava da questo de distribuio de recursos. Ns fazamos a distribuio dos recursos de uma maneira muito democrtica.

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Valria Peixoto revelou-nos que, nesse momento, cada um argumentava em favor da rea pela qual era responsvel, e que o voto de Minerva, evidentemente, era sempre de Edino, mas sempre exercido com muita justia, sempre de uma forma muito clara:
Ele nunca prejudicou outros projetos porque sua paixo era o Pro-Memus ou a realizao de uma bienal de msica. Absolutamente. Ele reconhecia a pertinncia, a seriedade de cada oramento de cada rea, e tentava corresponder expectativa de cada coordenador. Como presidente da Funarte, em momento nenhum ele deu uma verba maior para a rea de msica s porque ele era msico. (Comunicao pessoal de 7/11/1997)

Na gesto de Edino foram criados alguns projetos, dentre eles o Projeto Orquestra, com o objetivo de dar apoio sobretudo a orquestras jovens. Foram realizados alguns encontros de regentes de orquestras jovens, e o Projeto voltou-se tambm para a questo da formao do regente dessas orquestras, a questo da formao do repertrio, sobretudo na rea de msica brasileira. Para suprir essa lacuna, foram realizados concursos de composio para as referidas orquestras, cujas partituras premiadas no foram editadas em razo da dissoluo da Funarte, em 1990, no Governo Collor. Ao que se sabe, at o presente momento esse material no foi recuperado. A Coordenadoria de Educao Musical criada na gesto de Edino realizou tambm um trabalho de apoio formao de recursos humanos junto aos professores de Educao Musical. Valria Peixoto, a coordenadora dessa pasta, em depoimento datado de 7/11/1997 nos fala sobre essa poca:
Eu conheci o Edino pessoalmente quando vim trabalhar com ele, a seu convite, para criar no INM um setor que cuidasse especificamente da educao musical. O Edino um compositor muito importante, dos grandes neste pas, e um dos poucos que se preocupa com a questo da educao musical. E a j revela um aspecto interessante dele, que esta preocupao sistemtica com uma rea que no a dele por origem, mas que dele por conscincia poltica. Ele se preocupa com a questo da formao do msico, com a questo da formao da plateia, com a sensibilizao de toda a comunidade. Isso muito raro hoje em dia.

Valria Peixoto, que convive com Edino desde 1981, primeiro como diretor do INM, depois como presidente da Funarte (quando ele a convidou para assumir o lugar que era dele) e atualmente na Academia Brasileira de Msica, ainda nos fala sobre Edino:

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Edino deixou um INM organizado, em que voc tinha claramente cinco linhas de apoio: a de formao de recursos humanos, que compreendia todos os programas, todos os projetos que buscavam melhorar a qualidade da formao do msico em todos os seus desdobramentos; a de difuso musical, voltada prioritariamente para o compositor e o intrprete brasileiro, com divulgao em todo o pas atravs da Rede Nacional da Msica projeto itinerante de concertos com nfase no msico e na msica de autor brasileiro; a de pesquisa e documentao, que resultou no Projeto Pro-Memus, que brilhante, maravilhoso, e que nunca foi viabilizado na sua totalidade (ele criou tambm, dentro desse Projeto, um banco de partituras, que na primeira verso reunia principalmente a obra sinfnica de compositores brasileiros); a de apoio infraestrutura, visando apoiar programas e projetos que ajudassem 6 indiretamente o fazer musical, como, por exemplo, o afinador de piano, a melhoria da qualidade tcnica dos instrumentos de sopro, desde a qualidade do som at a durabilidade do instrumento; e a linha de apoio criao musical, voltada especialmente para o compositor, com a realizao de concursos de composio e a encomenda de obras aos compositores. (Comunicao pessoal de 7/11/1997)

A formao de recursos humanos envolveu ento todos os projetos que, de acordo com suas especificidades, objetivavam a formao, a reciclagem, a especializao e o aperfeioamento de regentes corais e coralistas (Projeto Villa-Lobos); de mestres e msicos de banda em conjuno com a escola de Luteria (Projeto Bandas); de msicos e determinados naipes de instrumentistas de orquestra (Projeto Orquestra), e ainda de professores de msica (Projeto Educao Musical) que atuassem em conservatrios, em escolas regulares de msica, ou ainda na rede oficial de ensino, por meio de seminrios, cursos, laboratrios e oficinas. De todos os feitos de Edino frente do Instituto Nacional de Msica, cabe ainda salientar como ponto culminante o excepcional trabalho de pesquisa, resgate e divulgao realizado pelo Projeto Pro-Memus, que resultou em um trabalho incomensurvel em prol da histria e evoluo da msica brasileira de todos os tempos, e que se fez conhecer atravs da publicao de um rico acervo composto de quatro catlogos completos de obras Alberto Nepomuceno, Oswaldo de Souza, Coleo Msica Sacra Mineira e Jos Joaquim Emerico Lobo de Mesquita , diversos livros, 373 partituras, alm de 58 edies fonogrficas de alto valor histrico e documental. Com o objetivo de complementar o trabalho das editoras comerciais de msica do Brasil, o Projeto Pro-Memus assumiu a edio de obras que, no tendo assegurado um mercado compensador para um investimento comercial, haviam permanecido at ento inditas, a despeito de seu valor artstico e de seu interesse histrico. No Catlogo de Edies Funarte
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[198-] em portugus, espanhol, italiano, francs, ingls e alemo Edino explica que, dentro desse critrio,
a programao editorial de partituras incluiu obras de autores do passado que tiveram uma importncia considervel em sua poca, como o padre Jos Maurcio Nunes Garcia e os compositores de msica religiosa de Minas Gerais, alm de partituras sinfnicas de compositores do passado e do presente, obras para coro misto, msica de cmara e para instrumentos solistas, obras encomendadas pelo INM, obras para coro infantil, arranjos corais de temas folclricos e composies para orquestras jovens, de dificuldades tcnicas reduzidas, premiadas em concursos nacionais de composio. A programao editorial de msica inclui ainda a edio sistemtica de discos de msicas de concerto e msica popular, a partir de gravaes histricas como as da coleo Documentos da Msica Brasileira, de gravaes realizadas ao vivo como as das Bienais de Msica Brasileira Contempornea, do Concurso Nacional Jovens Intrpretes da Msica Brasileira, ou ainda de gravaes novas realizadas em estdio. Com este trabalho editorial, espera a Funarte contribuir para um melhor conhecimento da volumosa e diversificada produo musical do Brasil.

A grande contribuio que nos foi legada pelo Projeto Pro-Memus (ver no Anexo 9 a relao de partituras, catlogos e discos que foram editados) permitenos afirmar que a produo musical brasileira se divide em dois tempos: antes e depois de Edino Krieger. No Jornal do Brasil de 22/3/1992, Seo Negcios e Finanas, pgina 5, Edino Krieger, que participava como debatedor no Rio Polo Cultural (dcima etapa do Frum Rio Sculo XXI), afirmou que a crnica falta de recursos oficiais nos governos simplesmente falta de vontade poltica. O compositor evidencia em sua fala uma srie de aes concretas e passveis de realizao. Do alto de sua importante trajetria como mentor de causas pblicas, resultante de 40 anos de militncia no setor, Edino Krieger aponta uma srie de aes concretas e passveis de realizao que o poder pblico deveria encampar, como:
1. Manuteno de espaos para atividades musicais. Citando os espaos existentes, como o Theatro Municipal, a Sala Ceclia Meireles, o Espao Cultural Srgio Porto e os espaos ao ar livre na Catacumba e no Arpoador, sugere ainda outros lugares na periferia da cidade e uma concha acstica para permitir apresentaes de boa qualidade artstica e acstica para o grande pblico. 2. Manuteno de conjuntos artsticos estveis em pelo menos um desses espaos, a exemplo do Theatro Municipal, que dispe de orquestra, coro e um corpo de baile. Esclarece que no bastaria apenas mant-los, mas, sobretudo,

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valoriz-los profissional e politicamente, para que eles possam produzir uma retribuio cultural altura de seu custo e principalmente das necessidades e exigncias de um grande centro como o Rio [...]. 3. Facilitar ao artista brasileiro o uso desses espaos, evitando taxas de ocupao fora da realidade, sobretudo num momento de crise como o atual. No se justifica que o poder pblico penalize o artista brasileiro, precisamente no momento em que mais deveria apoi-lo, transformando os espaos oficiais em casas de aluguel, quando sua funo no lucro, mas o apoio cultura. 4. Criar, manter ou apoiar instituies ou programas de preservao da memria musical brasileira, atravs de arquivos de documentao, pesquisa e divulgao dos valores mais representativos da msica brasileira, sem descartar a edio ou multiplicao de partituras e gravaes fonogrficas, colocando assim a tecnologia a servio da cultura como deveria ser a sua verdadeira vocao. 5. Instituir ou apoiar programas ou projetos na rea de formao de recursos humanos para educao musical (citando o Canto Orfenico, de Villa-Lobos). Ajudar a restabelecer a presena da msica nas escolas, mas com um trabalho de qualidade, seria um investimento com retorno cultural absolutamente certo, por parte do poder pblico. 6. Por extenso, instituir e apoiar centros de atividades musicais no s nas escolas, mas em organizaes comunitrias, sobretudo na periferia, junto populao mais carente. Formar corais, bandinhas, grupos de choro e de danas folclricas com crianas de rua e de regies carentes certamente uma forma de canalizar para uma atividade coletiva centenas de crianas que podem ser, por falta de opes, os trombadinhas de hoje e os assaltantes de amanh. 7. Apoiar e incentivar tambm as atividades musicais de carter sociocultural, como as bandas de msica e os corais amadores, como alis j acontece e de maneira bastante expressiva no Rio de Janeiro, onde os certames oficiais de banda de msica j so uma tradio. 8. Estimular os jovens talentos musicais, promovendo ou apoiando concursos e abrindo espaos para as suas apresentaes inclusive e principalmente nas escolas da rede pblica , o que estimula os jovens artistas e ao mesmo tempo ajuda a formar novas plateias, levando criana a oportunidade de conhecer uma forma importante de experincia espiritual como a msica. Em cumprimento, alis, ao que preceitua a prpria Constituio. 9. Estimular e apoiar projetos de despoluio sonora, levando o assunto ECO 92 (o Rio a capital mundial da poluio sonora). 10. Apoiar o acesso de valores novos ao mercado cultural.

A mltipla atividade de Edino Krieger como criador, crtico musical e gestor de causas pblicas jamais o impediu de exercer paralelamente outras atividades e tomar parte ativa em importantes eventos e movimentos musicais, tanto no Brasil quanto no exterior. Assim que, para citar apenas algumas
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aes, atendendo a carta-convite datada de 24/9/1968, assinada pelo redatorchefe Bolvar Costa, assume a funo de Consultor de Msica da Enciclopdia Barsa; de 1964 a 1968, participa como professor de Composio nos Cursos Internacionais de Msica de Curitiba, no Paran, atividade esta que viria a se repetir na dcada de 1990; em 1988 participa da reunio de instalao do Conselho Internacional de Cultura Catal, em Barcelona, e em 1993 de uma 7 reunio do citado Conselho; em 1988 preside o Jri do Concurso Nacional de Piano Edino Krieger, realizado em Brusque, sua cidade natal, por ocasio das homenagens pela passagem de seus 60 anos; em 1994 realiza estgio de dois meses em Berlim, Alemanha, a convite do Goethe Institut; em 1995 passa 8 a integrar o Conselho de Cultura do Estado do Rio de Janeiro e participa do Festival de Msica Brasileira de Tquio, onde assiste execuo de seu 9 Estro Armonico pela Orquestra Shinsei; em abril de 1996 participa do Festival Sonido de las Americas: Brasil, organizado em Nova York pela American Composers Orchestra com o patrocnio do Carnegie Hall, quando seu Concerto para 2 violes e orquestra de cordas recebe sua estreia mundial pela Orquestra de Cmara da ACO, sob a regncia de Paul Dunkel e com Srgio e Odair Assad como solistas; ainda em 1996, em julho, participa do Festival de Msica 10 de Londrina, e em outubro, do Encontro de Compositores de Porto Alegre, Rio Grande do Sul; eleito presidente da Sociedade dos Amigos Ouvintes da Rdio MEC Soarmec; em 1997 eleito presidente da Academia Brasileira de 11 Msica; em 1998, no ms de julho, assiste estreia europeia do Concerto para 2 violes e orquestra de cordas, com o Duo Assad, na Abadia dAulne, Blgica; em outubro dirige a Orquestra Filarmnica Sdwestfalen na execuo de seu

Posse de Edino Krieger na Academia Brasileira de Msica. Jos Maria Neves, Ricardo Tacuchian (presidente da ABM), Edino Krieger e Turbio Santos. Antiga sede da ABM (Praia do Flamengo), Rio de Janeiro (RJ), 30/5/1994. Foto: Nenem Krieger

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Canticum Naturale, em Colnia, Alemanha; assiste ainda execuo de seu Concerto para 2 violes e orquestra de cordas tendo o Duo Assad como solistas, sob a regncia de Leo Brouwer, na estreia da temporada do Gran Teatro de Crdoba, na Espanha e, em dezembro, homenageado no Muro da Fama do MIS; em 2000, participa do Festival de Msica Brasileira da Universidade de Msica de Karlsruhe, Alemanha. Mas Ednamo Krieger como bem o definira o maestro e compositor Ernani Aguiar parecia no estar satisfeito com a sua formao e resolveu voltar aos bancos escolares. Heloisa Tolipan, em sua coluna Gente, no Jornal do Brasil de 11 de abril de 2002, pgina 7, pela chamada Nunca tarde noticia que:
Aos 74 anos, o compositor Edino Krieger est de volta aos bancos de uma universidade. Ele embarcou anteontem para a Alemanha, onde vai estudar msica na Universidade de Karlsruhe durante trs meses. Krieger ganhou a Bolsa Virtuose do Ministrio da Cultura.

Em Karlsruhe, Edino realizou um estgio como compositor convidado junto ao Departamento de pera e Msica Cnica na Universidade. Acompanhou os ensaios e assistiu aos espetculos da pera Die Eroberung von Mexico (A conquista do Mxico), em homenagem aos 50 anos do compositor Wolfgang Rihm, um dos mais famosos entre os alemes contemporneos, e que natural de Karlsruhe. Segundo Edino, a pera baseia-se em um livro do francs Antonin Artaud.
O libreto em alemo e a direo musical e a regncia foram da diretora do Departamento de pera e Msica Cnica, Alicia Mounk. A direo cnica foi de duas professoras do Departamento, Renate Ackermann e Andra Raabe. O elenco era todo de alunos e ex-alunos do Departamento. A pera extremamente difcil, com uma linguagem muito avanada, mas os cantores tinham uma segurana absoluta de ritmo e entonao.

Paralelamente a esse trabalho, Edino produziu ainda algumas obras novas, a saber: Momentos para cravo, dedicada a um aluno de cravo da Universidade Wilke Lahmann que tambm professor de cravo em um conservatrio local; e uma nova verso da obra Sonncias: Sonncias IV, para violino e dois violes, dedicada ao Duo Assad e violinista Nadja Salerno-Sonnenberg. Mas a grande surpresa ainda estava por vir. Ana Ceclia Martins, no Jornal do Brasil de 15 de fevereiro de 2003, pgina B8 confirmada pelo Decreto de 25 de fevereiro de 2003 da governadora do Estado do Rio de Janeiro, Rosinha Garotinho, publicado no D. O. de 26 de fevereiro de 2003, p. 1 por meio da chamada Edino Krieger assume o MIS informa que:
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O compositor Edino Krieger, um dos principais nomes da cena musical brasileira, aceitou, na ltima quinta-feira, o convite feito pela secretria estadual de Cultura, Helena Severo, para assumir a instituio. Presidente da Academia Brasileira de Msica (ABM), Edino vai levar para o MIS a musicloga Valria Peixoto, seu brao direito na administrao da ABM, e pea-chave na elaborao de projetos da casa como o Banco de Partituras, dedicado digitalizao e divulgao do repertrio clssico nacional.

Edino, ao que parece, est sempre pronto a colocar seus prstimos a servio da administrao pblica. O pedido de demisso de Ronaldo Miranda frente da Sala Ceclia Meireles colocou-nos em contato com as sete vidas desse excepcional administrador pblico. Ao abrirmos o Caderno B do Jornal do Brasil de 24 de maro de 2004, pgina B3, deparamos com a seguinte manchete: Krieger assume a Sala. Maestro acumula direo da Ceclia Meireles com a do Museu da Imagem e do Som. A nota informa que Edino, aos 76 anos, atendeu ao apelo do secretrio de Cultura Arnaldo Niskier. Segundo o citado secretrio, o compositor o melhor nome dos nossos quadros. Consta que ele aceitou a proposta interinamente, mas sem data especfica para sair. Voltando ao Jornal do Brasil de 15/2/2003, a articulista enfatiza que a dupla ir encontrar pela frente um cenrio deveras desolador: de problemas estruturais nos dois prdios do Museu da Imagem e do Som o situado na Lapa e o da sede na Praa XV , passando pelas condies inadequadas do precioso acervo que comporta os arquivos de Jacob do Bandolim, de Almirante e da Rdio Nacional, e as colees de fotografias de Augusto Malta e Guilherme Santos, dentre tantos outros , e, o mais grave, a total falta de verbas. Entretanto, sabemos que competncia e vontade poltica so virtudes inerentes dupla, que possui em seus currculos uma extensa lista de realizaes. A gesto de Edino Krieger (presidente) e Valria Peixoto (vice-presidente) foi relativamente curta (2003-2006), porm prdiga em realizaes. Logo no incio desta gesto, o prdio da Praa XV foi interditado pela Defesa Civil e precisou passar por reformas, tendo sido reaberto no dia 17 de fevereiro de 2004 com a exposio As Escolas de Samba no trao de Lan e o Carnaval de rua pelas lentes de Augusto Malta e Guilherme Santos. Graas a parcerias com importantes instituies, o MIS conseguiu, nesse perodo, recuperar e salvar parte significativa do seu acervo. Com o apoio da Petrobras, a instituio realizou a reforma da sede da Lapa, alm de ter executado dois grandes projetos: a instalao de um laboratrio de digitalizao

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e a prpria digitalizao de 20 mil partituras e cinco mil acetatos (discos de 12 polegadas) da Coleo Rdio Nacional. Sob o patrocnio da Fundao Vitae, o citado rgo providenciou a higienizao e a restaurao dos 23 lbuns de fotografias da Coleo Augusto Malta (uma das mais importantes do pas) e a digitalizao dos negativos panormicos do fotgrafo, alm de diversas outras importantes aes. Entretanto, a forma delicada e atenciosa que permeou o convite para que Edino Krieger assumisse o Museu da Imagem e do Som em 2003 no foi observada quando de sua sada. A forma deselegante como se deu o ato de sua demisso um total descaso e desrespeito trajetria administrativa e pessoal de Edino ensejou a realizao de uma homenagem realizada por seus amigos no Museu Villa-Lobos, s 18 horas do dia 4 de maio de 2006, que contou com expressiva presena de pessoas de renome do meio musical e amigos. Dentre os vrios depoimentos importantes sobre a competente direo de Edino Krieger e Valria Peixoto frente do MIS como os de Jards Macal e Hermnio Bello de Carvalho , ressaltamos o de Elena Bittencourt filha de Jacob do Bandolim que desde o desaparecimento do pai, em 13 de agosto de 1969, vinha lutando nas mais diferentes esferas pela preservao e recuperao de obras raras sem lograr obter xito. E, numa parceria do MIS com o Instituto Jacob do Bandolim, foi finalmente feita a digitalizao de 122 fitas-rolo do acervo deste excepcional musicista, que teve assim dezenas de suas histricas gravaes recuperadas para a posteridade. Razes polticas? Ausncia de um esprito administrativo empreendedor? No importam as razes, mas sim constatar que, nos trs anos da administrao da citada dupla, o projeto foi colocado em pauta e executado, assim como muitas outras aes relevantes, compatveis com uma administrao mpar, comprometida com a qualidade e com a cultura brasileira. Reconhecido como administrador e respeitado como compositor, Edino Krieger usufruiu de uma experincia gratificante, por ocasio do 37 Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordo, em So Paulo, em julho de 2006. Na qualidade de compositor residente, proferiu conferncias e participou de debates, pde ouvir suas obras executadas por diversos artistas, alm de assistir estreia mundial de sua pea Ritmetrias (Variantes rtmicas sobre um metro contnuo), composta no incio daquele ano especialmente para o evento. A ausncia temporria de Edino (em funo de sua aposentadoria compulsria) frente de rgos pblicos, gerenciando a cultura e a msica brasileira, no impediu que o compositor continuasse a ser um importante lder, norteador e formador de opinies, dando continuidade, assim, sua brilhante trajetria em prol da msica e do msico brasileiro.
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Depoimentos da Comunidade Musical


Como compositor, Edino Krieger exerceu benfica e slida influncia na nova gerao de compositores, estimulando-os e abrindo-lhes espaos. Como administrador, no poderia ser diferente; vrios foram aqueles que desfrutaram do convvio com o administrador, de forma mais ou menos direta, e em todas as circunstncias ele sempre se revelou um batalhador incansvel em prol da msica e do msico brasileiro, uma pessoa capaz de pensar a msica de forma grande, sem barreiras ou preconceitos. Muitos dos gerenciadores que esto na administrao de polticas culturais na atualidade vm-se espelhando no exemplo por ele dado no decorrer de sua marcante administrao pblica, seja na Rdio MEC, na Funterj, no INM da Funarte, ou ainda frente da Soarmec, da Academia Brasileira de Msica ou no MIS. Edino com certeza fez escola. Vnia Drummond Bonelli, subsecretria municipal de Cultura do Rio de Janeiro, em depoimento datado de 3/11/1997 afirma:
Edino Krieger um exemplo de competncia, determinao e sensibilidade, tanto como compositor quanto gestor de polticas culturais de incentivo criao, memria e difuso da msica brasileira. Por intermdio de sua obra, o Brasil projeta internacionalmente o que de melhor existe na produo musical contempornea. A partir de experincias e desafios que compartilhamos, aprendi a considerar Edino Krieger uma referncia indispensvel no desempenho cotidiano de minha atividade profissional.

Maria Jlia Vieira Pinheiro, gerenciadora de polticas pblicas na rea cultural, em exerccio atualmente no RioArte, afirma dever a dois importantes compositores boa parte de sua experincia na rea: Guerra-Peixe e Edino Krieger. Com relao ao ltimo, ela menciona que o primeiro contato ocorreu em 1993, atravs de uma ligao telefnica:
Eu coordenava a rea de Msica do Instituto Municipal de Arte e Cultura, e o maestro me props um concerto no Espao Cultural Srgio Porto. Ele organizava os eventos da X Bienal da Msica Brasileira Contempornea. E, num agradvel encontro, estabelecemos a realizao de um concerto eletroacstico, trazendo a msica do sculo XX para um espao coordenado pela Prefeitura. Sempre me interessei pela msica de vanguarda e acompanhei a carreira de Edino desde os Festivais da Guanabara, depois com projetos que se espalhavam por esse Brasil afora e se comercializavam na edio e gravao de obras musicais, nas Bienais desde 1975, no Projeto Memria Musical Brasileira, na Escola de Luteria e em muitos outros. Ficamos amigos. E pude assim conhecer mais de perto

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um maestro sensvel e inventivo, que construiu uma expressiva obra musical com muita dedicao e trabalho. Edino tem sido para mim um parceiro nas realizaes de projetos e um amigo desinteressado quando recorro aos seus sbios conselhos. Ele sabe avaliar os momentos e as motivaes como acordes de uma nova composio. (Comunicao pessoal de 21/7/1998)

O maestro e compositor Ernani Aguiar, em depoimento datado de 25/12/1997, chama a ateno para eventos como os vitoriosos Festivais de Msica da Guanabara, que resultaram nas atuais Bienais, e o monumental Pro-Memus, dos melhores tempos da Funarte, mostrando que a semente ficou, apesar de o projeto haver sido cortado: Bastariam essas realizaes para merecerem os aplausos de p. Contudo, necessrio tambm lembrar que o maestro consegue algo raro: aliar o artista ao administrador cultural e executivo, sem perda para nenhum dos lados. Isso rarssimo!. A pianista e professora da Escola de Msica da UFRJ Snia Maria Vieira revela que, a par de seu brilhantismo como compositor e administrador, Edino uma pessoa admirvel, sempre pronto a ajudar e a sugerir solues para problemas. Enfatizando que uma honra ser sua colega na Academia Brasileira de Msica, ela d o testemunho de sua admirao:
Carter suave, pacfico, empreendedor nato e batalhador incansvel, devemos sua iniciativa projetos como os Festivais de Msica da Guanabara que revelaram tantos novos compositores , as Bienais de Msica Contempornea a mais importante amostragem da msica brasileira atual , alm de variados e importantes projetos da Funarte. (Comunicao pessoal de 11/11/1997)

Valria Peixoto afirma que trabalhar com Edino foi uma experincia determinante na sua trajetria de vida. Em comunicao pessoal de 7/11/1997 autora deste ensaio, ela acrescenta:
Foi muito importante ter conhecido um homem pblico que eu respeitava j como compositor e como crtico, que eu reverenciava como um grande mestre da msica brasileira, conhecer o homem Edino nesse papel de diretor do Instituto Nacional de Msica da Funarte. Acho que bom ressaltar a dignidade com que ele dirigiu sempre os trabalhos, tanto como diretor do INM como depois, como presidente da Funarte, porque ele tem conscincia de que msica mais do que voc sentar e escrever, ou sentar ao piano e tocar, que msica uma linguagem que precisa ser democratizada, que importante que o pas conhea a msica que se produz aqui. Ele uma pessoa que consegue perceber a funo social que a msica exerce e a importncia cultural da msica para

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o nosso pas. Por fora dessa conscincia que ele conseguiu se dedicar ao poder pblico, no se omitindo. A maior parte dos compositores, dos msicos brasileiros, tem sempre muitas crticas a fazer em relao aos governos, seja municipal, estadual ou federal, tem sempre muitas ideias fantsticas na cabea, mas a maior parte deles no arregaa as mangas para fazer, a maior parte deles torce o nariz para a coisa administrativa e burocrtica, que absurdamente difcil, mas que precisa ser enfrentada por quem de direito. Eu acho que Edino compreendeu isso, ele compreendeu que apesar desse monstro que significa pra gente esse aparelho do estado administrativo, que apesar disso, ele precisava arregaar as mangas e atuar, no precisando prescindir da sua condio de msico, mas ampliando as suas possibilidades como administrador.

A maestrina Elza Lakschevitz teve oportunidade de trabalhar com Edino no INM, na coordenao do Projeto Villa-Lobos, voltado para o canto coral. Ela nos fala desse perodo, comeando pela figura humana que ele :
Na coordenao do Projeto Villa-Lobos ele dava ampla liberdade de ao, respeitava nossas ideias e apoiava realmente e presentemente, com uma participao objetiva, carinhosa. Resultou um trabalho de equipe muito profcuo, mas para mim a figura marcante de diretor a dele. Ao mesmo tempo, ele junta uma capacidade tcnica indiscutvel, mas que nunca fez questo de se mostrar, de aparecer. Ele s vezes pecava por excesso de discrio. Esse convvio durou aproximadamente 11 anos. Os projetos eram levados em considerao, apreciados e criticados naturalmente. As reunies que ns tnhamos se passavam com muita tranquilidade. (Comunicao pessoal de 22/9/1997)

Joo Guilherme Ripper, professor da Escola de Msica da UFRJ, cursou com distino a escola administrativa de Mestre Edino Krieger. Seu depoimento, datado de 11/1/1998, rico em informaes, comea por afirmar que os musiclogos nos devem uma reviso histrica que aprofunde nossos conhecimentos sobre pessoas e instituies cujas iniciativas contriburam decisivamente para a msica do sculo XX. Ele cita como exemplos Diaghilev e suas encomendas a Debussy e Stravinsky, para a Companhia de Bal Russo de Paris; os annimos que apoiaram Messiaen e Leibowitz na criao dos cursos de vero de Darmstadt; a Rdio Frana e a Rdio de Colnia, que abriram as portas de seus estdios para Shaeffer, Stockhausen, Boulez e outros. E prossegue:
No Brasil no seria diferente. Quando a saga de nossa msica contempornea contada, ela passa necessariamente pela clebre polmica entre os atonais e

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nacionalistas, seguindo depois por entre seus epgonos, variantes e renovaes. Contudo, as reverberaes de eventos como os Festivais da Guanabara e as Bienais de Msica Brasileira Contempornea no desenvolvimento de nossos compositores carecem ainda de uma avaliao, assim como a criao de projetos de edio de partituras, gravaes e outras iniciativas que possibilitaram o resgate documental de parte de nossa memria. Atrs de muitas dessas realizaes esto os ideais do compositor Edino Krieger, que, ao estabelecer um constante dilogo entre presente e passado, vem contribuindo decisivamente para o crescimento e revitalizao da msica brasileira nos ltimos 40 anos.

A doao causa do msico e da msica brasileira foi apontada pela maioria dos entrevistados como sendo algo que restringiu a atividade criadora de Edino Krieger. A pianista Las de Souza Brasil, em depoimento datado de 11/9/1997, tambm compartilha desse pensamento:
Ele foi sempre um defensor dos interesses da msica brasileira e dos compositores brasileiros vivos ou mortos. A modstia sempre foi uma presena restritiva carreira dele. Seria muito mais conhecido, mas a ateno dele esteve voltada prioritariamente para os interesses e a defesa da msica brasileira. Ele d o melhor de sua inteligncia nisso.

O violonista Turbio Santos, diretor do Museu Villa-Lobos (1986 a 2010) e atual presidente da Academia Brasileira de Msica, ressalta o msico talentosssimo, dedicado e abnegado. Turbio, em depoimento datado de 25/8/1997, enftico: Ele tem a grandeza de nunca pensar nele, ele pensa sempre nos outros primeiro. Os amigos dele que ficam irritados com ele. O crtico e musiclogo Luiz Paulo Horta, companheiro de Edino na Academia Brasileira de Msica, em depoimento datado de 8/10/1997, mostra que Edino sempre soube enxergar um pouco alm de sua atividade pessoal, e foi assim em toda a sua trajetria, comeando pela Rdio MEC, programa Msica e Msicos do Brasil, at os Festivais da Guanabara, trabalho difcil que veio a se transformar no embrio das Bienais. Ele vai mais longe e categrico ao afirmar que: Edino tem uma grande capacidade de organizao, que culminou com a sua atuao na Funarte. O perodo do Edino no INM foi a primeira vez em que se pensou realmente numa poltica nacional de msica. O crtico Ilmar Carvalho, fazendo meno aos produtivos anos passados por Edino frente do INM, na Funarte, e ainda coordenao das Bienais de Msica Brasileira Contempornea, a cargo do compositor, afirma em seu artigo de quatro pginas para o Dirio Catarinense de 30/3/96 que esses 10 anos transcorridos na Funarte
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dizem bastante da criatividade, da capacidade executiva e de gesto de um homem que est dando ao pas, alm de sua obra musical preciosa, toda a energia e capacidade mltipla de trabalho em reas em que tudo estava por fazer. [...] E nada, rigorosamente, em proveito prprio, mas em favor do msico e da msica do seu pas, que precisa, merece e tem que ser reconhecida por todo brasileiro.

Hermnio Bello de Carvalho, alegando que sobre o compositor j se escreveu todavia nunca o suficiente da modernidade, to brasileira, de sua belssima obra, por essa razo prefere abordar outra faceta:
Prefiro falar do ex-colega da Rdio MEC e meu ex-diretor do INM da Funarte, ele sempre estimulando meus projetos sobre documentao, pesquisa e formao de recursos humanos, todos eles em linha direta com os inmeros programas que desenvolvia, voltados tambm para a rea de educao musical. Sempre admirei esse grande sentimento que continua impregnando seu trabalho como administrador cultural, para mim de grande exemplaridade. comum, nessas funes burocrticas, que surjam divergncias ou at mesmo invejas mesquinhas. De Mestre Edino s recebi apoio e solidariedade. Retribuo com reverncias de grande admirador que sou de sua obra e de seu firme carter. (Comunicao pessoal de 12/7/2000)

O pianista Miguel Proena conheceu Edino na Rdio MEC, e ao longo dos anos conviveu com ele em diversas outras situaes. Em seu depoimento, datado de 21/8/2000, ele fala dessas experincias:
Quando cheguei ao Rio de Janeiro em 1962, ele j era um grande nome da Rdio MEC. Ele um produtor excelente. Nos Festivais de Msica da Guanabara e nas Bienais de Msica Brasileira Contempornea ele participou sempre de maneira discreta, procurando mostrar mais os compositores colegas, os talentos que estavam surgindo. Vrias vezes disse a ele que ele tinha que mostrar mais a sua obra. Ele um grande animador cultural, um personagem muito importante para todos ns, msicos, que estvamos tentando fazer carreira. Sempre apoiou e liderou os movimentos artsticos engajados no resgate da memria brasileira, o resgate dos talentos, sempre com aquela discrio peculiar personalidade dele. Ns somos verdadeiramente amigos, estamos sempre juntos nas horas felizes e nas tristes, uma amizade assim que solidifica toda essa nossa convivncia.

A educadora musical Ceclia Conde, membro da Academia Brasileira de Msica, em depoimento datado de 3/3/1998 revela que o que mais lhe chama a ateno no Edino sua preocupao constante com a Educao Musical. Ao longo de seu depoimento, diversas facetas de Edino foram abordadas:
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Edino uma grande figura da msica brasileira. Ele v a msica de forma global, completa. Ele muito aberto, aceita todas as correntes. No sectrio, tenta abrir a escuta. Ele no esconde a cara, no esconde o partido. Sempre modesto, discreto, no adula ningum. Ele no tem inimigo, das pessoas mais queridas, participativas, possui uma enorme pacincia de ouvir e aos poucos vai colocando as coisas. No INM, na dcada de 1980, ele fez uma equipe fantstica, com pessoas representativas de cada instituio CBM, UniRio, UFRJ, Instituto de Educao para pensar de forma grande a Educao Musical para o Brasil. Ele realizou uns quatro encontros. Queria traar um plano de publicaes para subsidiar o trabalho dos professores de Educao Musical.

O compositor e professor da UFRJ e da UERJ Antonio Jardim trabalhou em 1983 no INM, a convite de Valria Peixoto, integrando a equipe da Coordenadoria de Educao Musical, juntamente com Leonardo S, tendo Edino Krieger como diretor-geral do Instituto Nacional de Msica. Nessa ocasio, o citado rgo promoveu uma pesquisa sobre a formao do msico no Brasil, cabendo a ele a coordenao dessa pesquisa no Rio de Janeiro. Seu convvio com Edino se deu ainda na Bienal de Msica Brasileira Contempornea, e mais recentemente, na dcada de 1990, em jris e comisses a convite do RioArte e da Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro:
Essas foram as oportunidades em que estivemos juntos, direta ou indiretamente, em situaes de trabalho. Foram sempre situaes em que a serenidade e o bom senso, alm da grande integridade de Edino, puderam se apresentar como fatores marcantes desta figura de tanta importncia para a msica brasileira. Falar de Edino falar da prpria msica brasileira no perodo que compreende pelo menos os ltimos quarenta e cinco anos. Falar deste msico catarinense de Brusque deve ser motivo de satisfao para qualquer msico brasileiro, pois alm do excelente compositor, com uma obra que apresenta seguro mtier, sua obra uma grande contribuio ao que de melhor se criou musicalmente no Brasil, no mbito da msica de concerto. Se tivesse que definir Edino Krieger, seja o msico, seja o ser humano, numa palavra, a que mais fortemente se me apresenta a palavra integridade. Isto quer dizer no disfuno entre artista e obra, entre pessoa e msico, entre o diretor de um instituto e o perfil humano. Edino sempre se apresentou para mim como uma figura exemplar pelo seu equilbrio, serenidade, competncia e tolerncia. (Comunicao pessoal de 13/8/2000)

Encerramos esta seo com depoimentos de dois msicos que pertencem a distintas geraes e com ricas histrias de vida, mas que se encontram
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na admirao, no respeito e no reconhecimento incomensurvel sobre a importncia de Edino, que segundo eles um ser mpar, nico. O compositor e maestro Alceo Bocchino12 em depoimento datado de 23/2/2011 por 14 anos titular da Orquestra Sinfnica Nacional e quatro anos frente da Orquestra Sinfnica Brasileira trabalhou muitos anos com ele na Rdio MEC e assim se expressa:
Edino um ser completo, como homem e como msico. Ele para mim como se fosse um irmo! Ele bom em tudo o que ele faz. Em 1980, eu tive um problema srio na Rdio MEC e ele tomou a minha defesa. Ele sabe se defender e defender os outros muito bem. Fala, esclarece por que razo ele est falando, sem ofender, com muito amadurecimento, jamais agredindo quem quer que seja. Tem uma imaginao frtil. Suas obras so muito bem escritas e originais. um msico de talento, completo. Em posio de mando foi sempre brilhante. Ele faz tudo para enaltecer, erguer as pessoas. Jamais vi Edino fazer uma crtica depreciativa. um organizador colossal, decide fazer e faz e, sempre obteve timos resultados. Sempre honrou o lugar onde esteve. Sempre beneficiou os colegas, valoriza e aplaude os que tm valor. Ele ntegro na sua profisso, tem retido de carter e uma obra-prima de educao, simplicidade e elegncia.

Novamente o compositor Joo Guilherme Ripper, em seu depoimento de 11/1/1998, nos fala sobre sua experincia como integrante da equipe do Instituto Nacional de Msica, por ocasio de seu trabalho no Projeto Memria Musical Brasileira:
Com a nomeao de Edino para o cargo de diretor do INM, o Projeto passou a ser coordenado por Ronaldo Miranda, ficando Luiz Cludio Przia de Paiva responsvel pelas edies e gravaes. O ritmo de trabalho era intenso. Alm das atividades permanentes, o Pro-Memus centralizava ainda a coordenao da Bienal de Msica Brasileira Contempornea outra criao de Edino Krieger , que se tornou o mais importante festival do gnero no pas. Apesar de suas diversas atribuies como diretor, Edino mantinha um constante acompanhamento dos projetos da instituio. Ao Pro-Memus Edino juntava agora o Banco de Partituras e Materiais de Orquestra, com o objetivo de recuperar partituras e partes orquestrais em mau estado de conservao, viabilizando a execuo de obras de autores brasileiros atravs da divulgao de catlogo junto s orquestras nacionais e estrangeiras. Nessa poca os programas de editorao eletrnica de partituras Finale, Encore etc. ainda no haviam chegado ao Brasil, e o trabalho envolvia diversos copistas e revisores, alm de muito tempo. Mesmo assim, o Banco de Partituras, em seus quatro anos de existncia, reconstituiu diversas obras

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de autores brasileiros e abriu o campo para a divulgao de obras de novos autores. Lembro-me especialmente de um dos trabalhos que mais despertou o entusiasmo de todos os que dele participaram: a confeco do material de orquestra da Sinfonia de Alexandre Levy. Graas ao Banco de Partituras, esta obra precursora do nacionalismo musical voltou a ser ouvida em concerto aps quase 30 anos, apresentada pela Orquestra Sinfnica de Campinas sob a direo de Benito Juarez, em 1987. Neste mesmo ano, Edino Krieger encarregou-me da pesquisa e organizao de um catlogo de obras orquestrais brasileiras que foi publicado pelo INM/Funarte em 1988, sob o ttulo Msica Brasileira para Orquestra Catlogo Geral. Apesar de eventuais omisses e de sua inevitvel desatualizao, o livro permanece ainda hoje como a nica referncia do gnero.

Durante o tempo em que esteve na coordenao do Banco de Partituras, Ripper foi se apercebendo gradativamente da imensa importncia do ProMemus na preservao e divulgao de nossa memria musical. Segundo ele, a estrutura que sustenta a msica brasileira transcendia os pentagramas e dependia de iniciativas e realizaes concretas como as que ocorriam no Instituto Nacional de Msica durante esse perodo. Como do conhecimento pblico, a extino da Funarte e de todos os seus projetos atravs da Medida Provisria 829 de abril de 1990 , pelo Governo Collor, fez calar um importante veculo de disseminao e propagao da cultura musical brasileira, do perodo colonial aos nossos dias. Em seu lugar foi criado em junho de 1990 o Instituto Brasileiro de Arte e Cultura, com a juno da Funarte, da Fundacen e da Fcb. Ainda hoje mesmo com o ressurgimento da Funarte pela Medida Provisria 610 de 8/9/1994, mantidas suas competncias e natureza jurdica , o catlogo de obras orquestrais e as edies e gravaes do Pro-Memus constituem-se em um valioso e, em alguns casos, nico material disposio de msicos, estudiosos e interessados. Se tivssemos que preencher um formulrio com as palavras-chave referentes aos atributos de Edino, com base nos depoimentos da comunidade musical, estas seriam Talento, Criatividade, Justia, Competncia, Simplicidade, Integridade, Honestidade e, sobretudo, respeito msica, ao prximo e s instituies. Como diz maestro Alceo Bocchino: uma figura a quem a gente tem que agradecer o que fez e tem feito.

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Notas
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A Portaria n 40, de 21/6/1955, assinada pelo diretor Fernando Tude de Souza, revela que Edino Krieger foi instado a prestar servios transitrios emissora. Como tarefa, consta: Organizao e redao dos programas radiofnicos Recital Concerto e Msica para a Juventude, pelo perodo de 1/1/55 a 30/6/55, num total de oito programas, sendo quatro com a durao de uma hora, e quatro com duas horas de durao. Juntamente com a meno ao salrio mensal de dois mil cruzeiros, vinha a seguinte indicao: desde que cumpra a produo mnima mensal; em caso contrrio, o pagamento ser efetuado em base proporcional produo realmente apresentada, reservando-se ainda a mesma repartio faculdade de cancelar o presente ajuste, se assim lhe convier. Atravs da Portaria n 4/53, do S.R.E., publicada no Dirio Oficial de 10/4/53, na Tabela de Funes da Verba 3 Servios Educativos e Culturais. No Boletim de Servio n 15, de 19/4/1985, consta que Edino atuou como colaborador de 1/1/50 a 5/10/61, tendo sido admitido em 5/10/1961 no cargo de Tcnico em Comunicao Social, no Nvel NS 931 CL Referncia N.S.18, matrcula 2099.950, conforme publicado no Dirio Oficial de 26/12/62, Lei 3.967/61. Consta ainda de sua pasta funcional que ao longo de sua trajetria na Rdio MEC ele foi obtendo aumentos e progresses funcionais por antiguidade, sendo que em 1/7/1980 recebeu aumento por mrito, passando para a Referncia 49. Sua nomeao, publicada no Dirio Oficial de 19 de maio de 1977, pgina 22, se deu atravs do Processo n E 03/400284/77 de 22 de abril de 1977, fls. 3, com fundamento no Art. 6, item XIII, da Resoluo n 12, de 30/6/75, para exercer a funo de confiana de diretor do Departamento Artstico, com validade a contar de 20 de abril de 1977, concedendo-lhe, na forma prevista na Resoluo n 30 de 11 de novembro de 1975, igualmente, as gratificaes previstas nos Arts. 2 e 3 da mencionada Resoluo n 30, nos seus nveis percentuais mximos. O sr. Geraldo Matheus Torloni, secretrio-executivo da Funterj, em declarao datada de 10/2/1978, informa que o sr. Edino Krieger, assessor da direo da Fundao, viajaria no perodo de 22/2 at 10/3/78, como convidado oficial do governo da Repblica Federal da Alemanha, para as comemoraes do tricentenrio da pera de Hamburgo. Esclarecemos que essa viagem de suma importncia para esta Fundao, tendo em vista os inmeros contatos culturais e artsticos que o sr. Edino Krieger realizar nessa oportunidade e que em muito beneficiaro a temporada de reabertura do Theatro Municipal. Conforme recorte do jornal O Globo do ano de 1970. Consultado durante a pesquisa que realizamos no arquivo particular do compositor, o recorte no traz outras indicaes de data, pgina, e do crtico responsvel pelo artigo. Valria Peixoto relatou-nos que o afinador de piano um ser em extino em nosso pas, e que por meio de convnios e projetos especiais se apoiava a formao de afinadores ou o envio dos mesmos para as regies que no dispusessem de profissionais. Ela conta que, para organizar a Rede Nacional de Msica na regio amaznica, precisou antes mandar afinar os pianos do Teatro Amazonas, pois em toda a regio no havia um s afinador. Nesta segunda ocasio, proferiu uma palestra sobre A msica e os meios de comunicao de massa no Brasil. A convite do ento governador Marcello Alencar, por indicao do senador Artur da Tvola. Edino tinha ento como colegas conselheiros: Afonso Carlos Marques dos Santos, Alcdio Mafra de Souza, Ana Arruda Callado, Carlos Eduardo Novaes, Carlos Scliar, Diva de Mcio Teixeira Heimburger, Fernando Portella, Glaucia Camargos, Helio Portocarrero, Joo Sattamini Netto, Luiz Emygdio de Mello Filho, Maria Yedda Linhares, Moacyr Werneck de Castro, Nlida Pion, Oscar Niemeyer, Paulo Moura, Ubiratan Corra, Zelito Viana, Teresa Maria Mascarenhas, Antonio Carlos Austregsilo de Athayde e Walter Santos Filho. No Governo de Anthony Garotinho, Edino Krieger foi convidado a permanecer neste egrgio conselho, tendo agora como colegas conselheiros: Adair Leonardo Rocha, Arthur Moreira Lima, Beth Carvalho, Caique Botkay, Carlos Heitor Cony, Dina Lerner, Fausto Wolff, Fernando Cotta Portella Filho, Frederico Augusto Liberalli de Ges, Joo Leo Sattamini Netto, Jos Lewgoy, La Garcia, Lena Frias, Luiz Carlos Ribeiro Prestes, Martha de Carvalho Rocha, Moacyr Werneck de Castro, Nlida Pion, Oscar Niemeyer, Paulo Roberto Menezes Direito, Teresa Maria Mascarenhas e Ubiratan Corra. Assiste, nessa ocasio, execuo de sua obra Estro Armonico pela Orquestra Sinfnica Shinsei de Tquio, sob a regncia de Chiyuki Murakata. Realiza ainda palestras sobre msica brasileira em escolas de msica, por ocasio da execuo de outras obras suas para piano, violo e quinteto de sopros. A estreia brasileira do Concerto para 2 violes e orquestra de cordas se deu com a Orquestra do Festival de Londrina, sob a regncia de Norton Morozowicz e com os mesmos solistas da estreia mundial. Onde imprimiu de imediato sua marca de grande empreendedor, promovendo os encontros mensais da srie denominada Brasiliana para divulgao da msica e do msico brasileiro , da revista quadrimestral Brasiliana, alm da criao do Banco de Partituras de Msica Brasileira. A entrada de Edino para a Academia em 1994 se

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Captulo III. O produtor musical

deu de forma inusitada, quase que por imposio de amigos msicos. Desde Andrade Muricy, Edino era incitado a candidatar-se. Mignone tambm no logrou obter xito na tentativa de faz-lo pleitear tal intento. Edino relutava alegando que no tinha esprito acadmico por natureza, que muitas pessoas deviam entrar antes dele GuerraPeixe, Santoro e Koellreutter para citar apenas alguns e que era apenas uma pessoa que gostava de fazer coisas. Na gesto do compositor Ricardo Tacuchian ele aceitou ter seu nome indicado, todavia fazendo a ressalva de que no iria ficar telefonando para os acadmicos e enviando seu curriculum vitae na tentativa de angariar votos. Tal atitude, entretanto, era fruto de uma personalidade simples e tmida ao extremo. Edino foi ento eleito por unanimidade para ocupar a cadeira n 34 anteriormente ocupada por Csar Guerra-Peixe , fundada por Newton Pdua, cujo patrono Jos de Arajo Vianna.
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Alceo Bocchino foi um dos fundadores da Orquestra Sinfnica Nacional, juntamente com Eleazar de Carvalho, Francisco Mignone, Edino Krieger e Adhemar da Nbrega. Na OSB, comeou como assistente de Eleazar de Carvalho, passando a presidente da Comisso Artstica, antes de se tornar o titular da citada orquestra.

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NDICE

A Imprensa, 63 A Manh, 63 A Renascena, 63 Abreu, Eduardo, 165, 181 Abreu, Zequinha de, 31 Academia Brasileira de Msica, 171, 229, 235, 250, 254, 256, 258, 259, 261, 262 Academia Internacional de Msica, 131 Accardo, Salvatore, 181, 199 Accioly, Mario, 145 Achcar, Dalal, 178, 185 Acker, Franck, 178 Aguiar, Ernani, 198, 224, 255, 259 Albin, Ricardo Cravo, 227, 231, 232 Albuquerque, Armando, 100, 226 Alimonda, Alteia, 92, 128, 208 Alimonda, Heitor, 38, 112, 116, 117, 121, 129, 145, 150, 151, 173, 184, 185, 193, 195, 196, 206, 207, 218, 219 Alimonda, Lydia, 128, 208 Almeida, Cussy de, 169 Alonso, Alicia, 99, 100 Altobelli, Enzo, 200 Alves, Dinah Buccos, 84, 132, 142 Ambile, Elzira, 138 Amado, Jorge, 54 Amrica Orquestra, 23 American Composers Orchestra, 254 Anderson, Marian, 76 Andrade, Ayres de, 63, 114, 165, 166, 179, 214, 220, 222, 228 Andrade, Mrio de, 150, 172, 193 Andre, Yara, 112 Anes, Carlos, 129, 136 Angeles, Victoria de los, 145, 157, 194, 195 Antunes, Jorge, 173, 174, 175, 185, 186, 224, 226, 228 Arajo, Mozart de, 67, 222, 223 Ashton, Frederick, 178

Associao Brasileira de Concertos, 75, 93, 97, 99, 100, 101, 102, 104, 106, 110-113, 135, 146, 148, 152, 153, 157, Associao Brasileira de Imprensa, 82, 112, 113, 120, 124 Associao Crist de Moos, 126 Associao de Canto Coral, 108, 126, 127, 128, 129, 130, 131, 142, 166, 182, 187, 190, 198, 202, 203, 208, 210, 211, 219 Austin, Richard, 149, 151 Ayo, Felix, 200

Babo, Lamartine, 221 Bach, Carl Phillip Emanuel, 131 Backhaus, Wilhelm, 96, 97, 101, 126, 127 Baker, Charlyne, 99 Baldi, Lamberto, 83, 84, 128, 131, 132 Baldin, Aldo, 202, 207 Balzo, Hugo, 88 Banda Musical Aurora, 23 Banda Musical Concrdia, 22, 23, 24 Banda Musical Liberdade, 22 Bandolim, Jacob do, 256, 257 Baptista Filho, Zito, 44 Baptista, Raphael, 42, 43, 80, 103, 115, 131, 142, 156, 157, 158 Barata, Mrio, 87 Barbato, Elisabetta, 154 Barbier, Lules, 146 Barbosa, Antonio, 192, 204 Barbosa, Cacilda Borges, 122, 224 Barnes, Virginia, 100 Barreto, Ceio de Barros, 126 Barreto, Lilian, 202 Bartk, Bla, 75, 76, 82, 113, 114, 122, 150, 161 Baruel, Messody, 85 Barylli, Walter, 79 Basso, Amrico, 78 Battista, Joseph, 145, 151, 152, 153

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ndice

Beaber, Jack, 100 Bkefi, George, 82, 88, 104, 105 Belardinelli, Danilo, 154 Bento, Antonio, 114, 155 Berezowsky, Abro, 117 Berger, Erna, 103, 124, 125 Berkeley, Lennox, 55, 56, 159 Berkowitz, Marc, 44 Bernardes, Oscar, 14 Bernette, Yara, 80, 221 Bernstein, Leonard, 47, 100, 177 Bevilacqua, Octvio, 63, 107, 114 Bianchi, Iris, 120, 121 Bienais de Msica Brasileira Contempornea, 16, 163, 217, 227, 233, 236, 252, 259, 261, 262 Biro, Sari, 93, 94 Bittencourt, Elena, 257 Bittencourt, Yell, 150 Blank, Gisela, 52 Bloch, Adolpho, 237, 239 Bloch, Ernest, 103, 105 Bloch, Hlio, 221 Bocchino, Alceo, 118, 183, 195, 211, 212, 222, 223, 243, 264, 265 Bonazzola, Tiziana, 141 Bonelli, Vnia Drummond, 245, 258 Bordes, Frau, 25 Borgerth, Alda, 54 Borgerth, Oscar, 54, 55, 76, 115, 130, 221 Born, Sonia, 89 Bossio, Paulo, 178 Botelho, Jos, 172, 195, 197, 206, 209 Braga, Francisco, 127, 153 Braga, Roberto Saturnino, 54, 55 Brando, Jos Vieira, 130, 224 Brasil, Las de Souza, 72, 168, 171, 172, 199, 261 Braun, Eric, 100 Braunwieser, Martin, 109 Brazil Herald, 43

Brito, Nascimento, 64, 223 Britten, Benjamin, 55, 56, 157, 158, 159, 162 Brown, Kelly, 100 Brckner-Rggeberg, Wilhelm, 210, 212 Brun, Herbert, 47 Bruno, Carlo, 200 Brusque, Francisco Carlos de Arajo, 20 Bukowitz, Luette, 127 Burle Marx, Madalena, 204 Buzelin, Maria Helena, 170

Cabral, Mrio, 64 Cabral, Sadi, 99 Cceres, Oscar, 180, 181 Cage, John, 174, 175 Cmara, Dom Jayme de Barros, 22 Cameu, Helza, 68 Caminha, Alda, 121 Capiba, 169 Cardoso, Lindembergue, 172, 173, 175, 193, 224, 226, 228, 244 Carpeaux, Otto Maria, 218 Carvalho, Eleazar de, 47, 68, 69, 79, 80, 81, 94, 95, 97, 100, 120, 121, 123, 129, 130, 145, 148, 151, 158, 166, 169, 190, 225, 267 Carvalho, Hermnio Bello de, 246, 257, 262 Carvalho, Ilmar, 261 Carvalho, Odala de, 154 Castelo Branco, Hermelindo, 123 Castro, Moyss, 123 Cav, Ren, 81, 95, 217, 219 Cazes, Henrique, 31 Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), 33, 218 Cerqueira, Fernando, 172, 173, 174, 224, 226, 228 Chailley, Jacques, 84 Chase, Gilbert, 43 Chateaubriand, Assis, 63 Chevalier, Maurice, 109

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

Cheveulle, Daymond, 84 Chopp com Rosca, 22, 29 Cia. Industrial Schlsser, 20 Ciccolini, Aldo, 78 Cinaglia, La, 102 Clis, Watson, 187, 211 Clube Musical, 23 Cocarelli, Jos Carlos, 194 Coelho, Yara, 123 Cohen, Arnaldo, 180 Cohen, Isidore, 195 Colgio Cnsul Carlos Renaux, 27 Colker, Adolfo, 156 Colnia Itajahy, 19, 20 Concursos Corais, 16, 217, 224 Conde, Ceclia, 72, 190, 201, 262 Conde, Mrio, 144 Conjunto Serenata, 23, 24 Conservatrio Brasileiro de Msica, 35, 37, 38, 66, 90, 117, 118, 134, 137, 140, 148, 149, 156, 206 Conservatrio de Msica de Brusque, 23, 27 Conservatrio Nacional de Canto Orfenico, 27, 66 Copland, Aaron, 43, 45, 46, 47, 50, 99, 100, 121, 186, 204 Coral da Comunidade Evanglica, 22 Cordero, Roque, 228, 230 Crdoba, Antonio de, 105, 106, 110 Cordovil, Marina, 123, 124 Coro Catlico, 22 Corra, Sergio Vasconcelos, 224, 226, 228 Correio Brusquense, 43 Correio da Manh, 43, 63, 155, 230 Cortot, Alfred, 145, 156, 157, 158 Cosme, Lus, 65, 95, 98, 99, 122, 124, 130, 135, 143, 151, 152, 155, 164, 188, 218 Cowell, Henry, 43 Cunha, Joo Itiber da, 63 Cury, Alberto, 223 Cuvelier, Marcel, 157 Cyncynat, Ricardo, 181

dAmbrosio, Paulina, 118, 131, 172 DOr, 44, 63, 145 Dallapiccola, Luigi, 131, 132, 175 Dantas, Ondina Ribeiro, 63 Dauelsberg, Myrian, 73, 178, 179, 183, 188, 214, 233, 234, 235 Dauner, Wolfgang, 167 Dayde, Liane, 79 Defauw, Dsir, 124 Demus, Jorg, 95 Dermott, William,154 Devos, Gerard, 173, 203 Devos, Noel, 209 Dirio Catarinense, 22, 261 Dirio da Tarde de Belo Horizonte, 43 Dirio de Notcias, 43, 63 Dirio de Petrpolis, 70 Diegoli, Adelaide, 23, 24 Diegoli, Anbal, 14, 24, 29 Diegoli, Augusto, 14, 24, 29 Diegoli, Gregrio, 29 Diegoli, Guilherme, 24 Diegoli, Ivo, 29 Diegoli, Primo, 14, 22, 24, 29 Diegoli, Rudi, 14, 24, 29 Diegoli, Willy, 22, 24 Diegoli, Wladmir, 24 Diniz, Fernando, 53 Diniz, Jaime, 136, 140 Djanira, 51, 217 Drdla, F., 33 Duarte, Roberto, 185, 195, 213 Dudek, Gerd, 167 Dugard, Luciene, 117 Duncan, Todd, 110, 111 Dupont, Jacques, 106

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ndice

Duprat, Regis, 176 Dvork, A., 33, 97, 137, 150, 196

Earp, Maria de S, 132 Egg, Stellinha, 54, 55, 103 Elmendorff, Karl, 156 Elsas, Walter, 51 Emmert, Harold, 209 Endres, Heinz, 171 Escobar, Aylton, 173, 184, 185, 224, 226, 228 Escola de Msica da UFRJ. Ver Escola Nacional de Msica Escola Nacional de Msica, 42, 66, 70, 81, 82, 98, 102, 104, 105, 109, 111-120, 123, 124, 125, 129, 130, 132, 134, 137, 138, 140, 151, 154, 156, 157, 164, 171, 173, 177, 193, 207, 212, 213, 219, 236, 259, 260 Estrella, Arnaldo, 54, 146, 153, 166, 170, 209, 220, 221, 225 Everding, August, 214

Fbrica de Tecidos Carlos Renaux, 20, 33 Falla, Manuel de, 114, 187, 213 Farnese, Carmen, 127 Faustini, Zuinglio, 169, 190, 210 Federowsky, Bernardo, 121, 123 Feital, Neusa, 218 Fernandez, Helena Lorenzo, 207 Fernandez, Oscar Lorenzo, 38, 39, 46, 55, 82, 83, 130, 146 Ferraz, Nelson, 114 Ferreira, Juracy, 114 Festivais de Msica da Guanabara, 12, 16, 217, 225, 226, 229, 231, 232, 233, 234, 237, 258, 259, 261, 262 Figueiredo, Letcia de, 125 Figueiredo, Nadir, 110, 111 Filho, Lucy, 109 Fineberg, Riva, 188 Fineschi, Onella, 78 Fittipaldi, Vicente, 109, 172

Flores, Mariquita, 105, 106, 110 Fonseca, Carlos Alberto Pinto, 180, 199, 224 Fontainha, Guilherme, 172 Fonteyn, Margot, 178 Fortes, Paulo, 190, 206 Foss, Lukas, 47, 208, 230 Fourneau, Marie Therse, 110 Fournier, Pierre, 110, 111 Frager, Malcolm, 205 Frana, Eurico Nogueira, 44, 63, 129, 155, 230 Francescatti, Zino, 144, 155, 156, 157, 158 Franck, Cesar, 94, 121, 122, 132 Freire, Nelson, 165, 190, 196 Fuchs, Gabriele, 203 Fuesers, Rudi, 167 Funabem (Fundao Nacional do Bem-Estar do Menor), 247 Funarte (Fundao Nacional de Arte), 16, 72, 217, 226, 229, 234, 236, 240-248, 250, 252, 258, 259, 261, 262, 265 Fundao Rotteline de Roma, 54 Fundacen (Fundao Nacional de Artes Cnicas), 265 Funterj (Fundao dos Teatros do Rio de Janeiro), 16, 64, 188-191, 194, 204, 208, 219, 237-240, 258

Gaia, Lindolfo, 40, 54 Gaione, Nino, 153 Galamian, Ivan, 50 Gallotti, Luiz, 36 Gamba, Pierino, 78 Gandelman, Henrique, 130, 131, 133, 150, 156 Gandelman, Saloma, 52, 65, 132, 138 Garcia, Jos Maurcio Nunes, 103, 175, 252 Garcia, Pilarin, 112 Gattone, Alberto, 21 Gavoty, Bernard, 106, 107, 108, 109 Gazd, Retyl, 82 Gevaerd, Ayres, 19

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

Gevaerd, Vitor Ademar, 23 Gezang-Verein Brusque, 22 Ghedin, Alfonso, 200 Giardino, Jean, 152, 155 Gibin, Joo, 125 Gieseking, Walter, 155, 156, 157 Gigli, Beniamino, 125, 126 Gil, Gilberto, 46 Gillespie, Dizzy, 76 Gnattali, Radams, 81, 118, 146, 164, 165, 192, 194, 202, 228, 237 Godoy, Maria Lcia, 169, 194, 195, 213 Goeb, Roger, 50 Gombarg, Din, 116, 117, 123, 139 Gomes, Carlos, 33, 37, 78, 126, 145, 150, 213, 218 Gomes, Milton, 226, 228 Gonzaga, Chiquinha, 31 Gonzaga, Luiz, 31 Goulart, Chlo, 103, 156 Goulart, Maria do Carmo Ramos Krieger, 19 Goulart, Sonia, 192 Gould, Morton, 100 Graa, Fernando Lopes, 228 Granchi, Marcos, 128 Greenhouse, Bernard, 195 Gregori, Nininha, 89, 102 Grosso, Iber Gomes, 130, 170, 221, 225, 243 Grosso, Ilara Gomes, 65, 138 Gruenberg, Alfons, 79 Grupo Msica Viva, 41, 43, 68, 73, 92, 96, 109, 117, 121, 124, 126, 144, 168, 169, 185, 214, 217, 218, 219 Guanabarino, Oscar, 63 Guarnieri, Camargo, 11, 12, 66, 86, 91, 93, 125, 143, 146, 149, 153, 160, 228 Guarnieri, Edoardo de, 145, 146 Guarnieri, Vera Silvia Camargo, 67 Guerra, Edgardo, 118 Guerra, Santiago, 147, 164

Guerra-Peixe, Csar, 40, 41, 67, 116, 117, 146, 147, 157, 158, 169, 172, 173, 218, 224, 226, 228, 230, 237, 244, 258 Gulda, Friedrich, 144, 152, 153, 155, 162 Gullar, Ferreira, 224 Gurevich, Jacobo, 81

Haefliger, Ernst, 203 Haendel, Ida, 124, 126 Hamburger, Zilda, 123, 138, 157 Harper, Heather, 170 Hashimoto, Eiji, 191 Heabler, Ingrid, 213 Heifetz, Daniel, 195, 196 Heifetz, Jascha, 195 Heller, Stanislav, 177, 179 Hendl, Walter, 78 Henrique, Waldemar, 235 Hermann, Woody, 76 Hernandez, Antonio, 63, 225, 231, 239, 240 Herrera, Rufo, 226, 228 Herzog, Myrna, 181 Hesse, Pastor, 21 Hindemith, Paul, 46, 78, 101, 103, 116, 161, 171, 172, 199 Hoemberg, Johannes, 228 Horowicz, Bronislaw, 152 Horsowsky, Micio, 125, 130, 133 Horta, Luiz Paulo, 63, 65, 73, 238, 261 Howell, Leily, 145, 149, 151 Huebner, Ralf, 167

Iacovino, Mariuccia, 150, 153, 170 Ideal Jazz Band, 23, 24 Improta, Ivy, 123, 131 Indstrias Txteis Renaux S.A., 20 Institute of International Education, 44, 45

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ndice

Instituto Brasil-Estados Unidos, 44, 112 Instituto Cultural Brasil-Alemanha, 57, 165, 167, 169, 170, 171, 173, 176, 181 Instituto Internacional de Cultura, 50 Instituto Nacional de Msica da Funarte, 13, 16, 217, 226, 240 Instituto Nacional do Livro, 242 Itiber, Braslio, 108, 127 Iturbi, Amparo, 111 Iturbi, Jos, 111

Jafe, Alberto, 52 Jank, Fritz, 82 Jardim, Antonio, 263 Jardim, Reinaldo, 221, 224 Jaroff, Serge, 93 Jazz Band America, 23, 29 Jenner, Alexander, 182 Johanns, Willi, 167 Jornal do Brasil, 43, 57, 63, 64, 66, 72, 73, 74, 159-215 Jornal do Commercio, 43, 63, 70, 171, 172, 218, 227, 242 Jornal dos Transportes, 70 Joyce, Ellen, 145 Juilliard School of Music de Nova York, 47, 50, 118

Kachouk, Nathalie, 156 Kali, Katha, 103 Kalioujny, Alexandre, 79 Kapell, William, 115, 116 Karabtchevsky, Isaac, 164, 168, 170, 177, 182, 191, 193, 194, 195, 197, 200, 205 Kardosos, Eliane, 178 Katunda, Eunice, 40, 224 Kaufman, Louis, 145, 148, 149 Kavofian, Ida, 204 Keller, Willy, 57, 165

Kempff, Wilhelm, 100, 101, 102 Kenton, Stan, 76 Kestern, Johnvan, 166 Kiefer, Bruno, 173, 183, 224, 226 Kitchel, Iva, 119, 120 Kleiber, Erich, 81, 82 Klein, Jacques, 162, 170, 181, 182, 183, 184, 189, 193, 213, 214, 221 Knowles, Susan, 56 Koellreutter, Hans-Joachim, 38, 39, 40, 41, 43, 46, 47, 50, 51, 52, 65, 66, 67, 73, 86, 87, 88, 93, 99, 124, 127, 136, 140, 141, 147, 168, 169, 172, 214, 218, 219, 231, 235 Kogan, Leonid, 203 Korenchendler, Henrique Dawid, 186, 224, 226 Kraft, Lilly, 81 Kraus, Lili, 162 Krause, Frau, 33 Krenek, Ernst, 52, 65, 76, 112, 119, 124, 127, 134, 136, 137, 139, 140, 143, 145, 154 Kreutzberg, Harold, 145, 153, 155, 156, 215 Krieger, Aldo, 14, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 31, 32, 33, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 47 Krieger, Armando, 228 Krieger, Aurora, 23 Krieger, Axel, 14, 23, 29 Krieger, Bertilha, 23 Krieger, Carmelo, 24, 25, 26, 28, 29, 49 Krieger, Carmen, 24, 25, 29, 32, 34, 47, 57 Krieger, Cau, 58, 59 Krieger, Dante, 24, 25, 26, 29, 32 Krieger, Dinorah, 24, 25, 29, 32, 49 Krieger, Dirce, 23 Krieger, Edino como crtico musical, 63-71 depoimentos da comunidade musical, 71-74 como produtor musical, 217-257 depoimentos da comunidade, 258-265 origens, 19-61 resenha das crticas levantadas, 74 Jornal do Brasil, 159-215

273

EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

Tribuna da Imprensa, 75-159 Krieger, Eduardo (Edu), 58, 59 Krieger, lida, 23 Krieger, rico, 14, 23, 29, 30 Krieger, Fabiano, 58, 59 Krieger, Fernando, 58, 59 Krieger, Gertrudes Rgis, 24, 25, 26, 32, 33 Krieger, Guilherme, 22, 23, 24 Krieger, Gustav Philipp, 23 Krieger, Gustavo, 14, 22, 23, 24, 29, 36, 51 Krieger, Harry Nelson, 25 Krieger, Hermann, 22, 24 Krieger, Jacob, 23 Krieger, Jeanette Aurora, 24 Krieger, Lilly, 23 Krieger, Marcelo, 24, 25, 26, 28, 48 Krieger, Maria de Lourdes Lyra. Ver Krieger, Nenem Krieger, Melida, 23 Krieger, Mozart, 24, 25, 26, 27, 29, 32, 35, 36 Krieger, Myriam, 24, 25, 26, 29, 32, 34, 36, 47 Krieger, Nenem, 57, 58, 59 Krieger, Nilo, 14, 23, 29 Krieger, Oscar Gustavo, 14, 23, 29 Krieger, Oswaldo, 23 Krieger, Otto, 22, 24 Krieger, Raynerio Osvaldo, 24 Krieger, Renato, 24, 32, 35, 51, 52 Krieger, Walkyria, 23, 33 Krieger, Willy, 22, 24 Krieger, Zita Adelaide, 24 Kriza, John, 99, 100 Kubala, Zygmunt, 197, 199 Kubitschek, Juscelino, 221, 225 Kuchenbaecker, Augustine Fridericke Luise, 23 Kuchenbecker, Otto, 23 Kuehn, Rolf, 167 Kurtz, Edmund, 93, 97 Kussevitzky, Serge, 100

Lacerda, Carlos, 67, 68, 69, 70 Lacerda, Osvaldo, 224, 226 Lagger, Peter, 166 Lakschevitz, Elza, 72, 124, 203, 208, 209, 245, 260 Lambrinos, Vassili, 94 Lanzelotti, Rosana, 181 Laurich, Hildegard, 170 Lazzoli, Alberto, 65, 134, 140 Lbeis, Fernando, 201 Lehmann, Lili, 140 Lehninger, Erich, 187, 192, 211 Lembo, Antonio, 78 Lemeni, Nicola Rossi, 81 Lenz, Guenter, 167 Leoffler, Eduardo, 152 Lerer, Norma, 166 Lifar, Serge, 79 Lima, Arthur Moreira, 155, 170, 180, 194 Lima, Joo de Souza, 228 Linhares, Maria Yedda, 223, 266 Lins e Silva, lvaro, 145 Lipovetsky, Leonidas, 195 Liserra, Moacyr, 209 Lloyd, Paula, 100 Lodi, Euvaldo, 69, 70 Long, Marguerite, 139, 180 Lopes, Benedito, 145 Lopes, Fernando, 164, 193, 228 Lopes, Maria de Lourdes Cruz, 96, 130 Lopes, Marialcina, 114 Loureiro, Norival, 26 Loyd, Barbara, 99 Lbcke, Frau, 26 Lucas, Lcia, 209

274

ndice

Macal, Jards, 257 Machado, David, 181, 182, 200 Machado, Mrio, 226, 240, 245 Maciel, Jarbas, 169 Madrigal da Associao das Damas de Caridade, 22, 23 Magalhes, Abelardo, 126, 168 Magalhes, Homero de, 120 Magno, Pascoal Carlos, 97 Malcuzynski, Witold, 148, 149, 151, 152, 153 Maldonado, Thomas, 87 Malipiero, Gian Francesco, 77, 108 Maluche, Augusto, 22 Manchete, 63 Mangelsdorff, Albert, 167 Mangelsdorff, Emil, 167 Manuel, Francisco, 125 Marcondes, Geni, 53, 65, 99, 139, 161, 163, 217, 219 Maristany, Cristina, 130 Mariz, Dr. Vasco, 147, 229 Massarani, Renzo, 44, 57, 63, 64, 73, 90, 114, 129, 171, 227, 230, 231 Mattioli, Humberto, 22, 23, 29 Mattos, Cleofe Person de, 68, 84, 108, 132, 142, 176, 198, 203 Matzger, Rolando, 171 Maul, Laurita Prista, 115 Maul, Otvio, 115, 202 Maurcio, Jos, 145 Medaglia, Julio, 199 Medalha, Luiz, 210 Medeiros, Marina, 81 Mehta, Zubin, 170, 176 Melo, Arcy Pereira de, 111, 112, 123 Melo, Edme Souza, 104 Mendes, Gilberto, 173, 174, 208, 224, 226 Menegale, Berenice, 120 Meneses, Antonio, 178, 182

Mennin, Peter, 50 Mesquita, Jos Joaquim Emerico Lobo de, 251 Mignone, Francisco, 67, 68, 75, 116, 128, 130, 132, 143, 146, 153, 164, 165, 172, 206, 207, 220, 223, 224, 226, 228, 230, 237, 238, 241, 243 Mignone, Liddy Chiafarelli, 67, 68 Miguez, Leopoldo, 145 Milewsky, Jerzy, 194, 206 Milhaud, Darius, 47, 76, 107, 116, 142, 143 Mille, Agnes, 99 Mindinha, 176, 188, 220 Ministrio da Educao e Cultura, 53, 77, 139, 141, 152, 163, 217, 234 Miranda, Murilo, 223 Miranda, Ronaldo, 63, 65, 73, 180, 224, 239, 241, 243, 256, 264 Mitropoulos, Dimitri, 77 Monk, Thelonius, 76 Monti, V., 33 Morelenbaum, Henrique, 72, 73, 117, 183, 190, 202, 204, 227-228, 230, 232 Moret, Constante, 169 Moritz, Carlos, 25 Moritz, Lehmann, 24 Moritz, Mathias, 24 Morozowicz, Norton, 209 Moura, Abigail, 113 Moura, Paulo, 73 Mouret, Jean-Joseph, 210 Moylan, Mary Ellen, 99 Mozart Chamber Orchestra, 50 Mozart, Wolfgang Amadeus, 13, 33, 37 Muller-Brhl, Helmut, 173 Muricy, Andrade, 27, 63, 117, 129, 222

Nab, Jean Mac, 116, 146 Nascimento e Silva, Hylda do, 127

275

EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

Natyam, Bharata, 103 Nazareth, Ernesto, 31 Neiva, Oswaldo, 125 Nepomuceno, Alberto, 166, 251 Neves, Jos Maria, 66, 74, 254 Neves, Mrio, 102, 109 Nicolal, Elena, 78 Niremberg, Henrique, 144 Niremberg, Jacques, 117, 243 Nobre, Marlos, 173, 175, 202, 224, 226, 228, 237 Nobre, Nelson, 218 Nbrega, Ademar, 222 Noras, Arto, 201 Nowinski, William, 50 Nudelman, Flora, 123, 125

196, 198, 199, 200, 204, 205, 207, 209-213, 264 Orquestra Sinfnica Nacional, 168, 169, 170, 172, 180, 181, 182, 194, 198, 205, 211, 212, 223, 225, 243, 264 Orthmnner, Kapelle, 22 Ortiz, Cristina, 187, 190, 201 Oswald, Henrique, 142, 144, 145, 153, 173 Otaviano, J., 127

O Debate de Brusque, 43 O Globo, 43, 63, 66, 70, 107, 225, 227, 228, 230, 231, 239, 240 O Jornal, 63 O Nacional, 70 Obino, Nise, 91 Ogdon, John, 199, 200 Oiticica, Jos, 120 Oliveira, Jamary, 224, 226, 228 Oliveira, Jocy de, 174, 186, 208 Oliveira, Jos Aparecido de, 224, 245 Oliveira, Pires de, 103 Orfeo Evanglico de Brusque, 22 Orfeo Juvenil Amadeus Mozart, 23, 48 Orico, Vanja, 114, 119 Orloff, Nicolai, 75 Orquestra da Casa do Estudante do Brasil, 43 Orquestra Sinfnica Brasileira, 68, 69, 77, 78, 82-86, 90, 92, 93, 94, 95, 97, 98, 117, 120, 129-133, 135, 141, 145, 146, 147, 149, 151, 152, 155, 156, 158, 163, 164, 168, 169, 170, 172, 174, 177, 179-183, 185, 186, 190-

Pdua, Newton, 90, 172, 221 Pagani, Caio, 193 Paganini, Niccol, 33, 37, 196, 201 Panufnich, Andrej, 102 Papin, Leblanc, 146 Parente, Gerardo, 125 Parente, Helder, 181 Parson, Geoffrey, 166 Pscoli, Guido, 247 Passos, Lucia, 203 Paz, Juan Carlos, 65, 87 Pedrosa, Mrio, 53, 225 Peixoto, Valria, 71, 245, 250, 256, 257, 259, 263 Penderecki, Kryztof, 178, 202, 228 Penha, Maria da, 180, 194, 195 Pequena Orquestra de Cmara, 22, 24 Peracchi, Lo, 125, 127 Pereira, Clvis, 169 Prez-Gonzlez, Eladio, 72, 208 Pergamenschicov, Boris, 179, 206 Piane, Liane, 100 Piccolowsky, Pingafogo, 83 Pinheiro, Maria Jlia Vieira, 258 Pinho, Maria Lucia, 202 Pinto, Barreto, 79, 88, 117 Pinto, Idalina Fragata Leite, 116 Pixinguinha, 31, 221 Podorolsky, Lydia, 127 Poduschka, Wolfgang, 79

276

ndice

Poggi, Gianni, 78 Portella, Eduardo, 240 Portella, Nlson, 170, 189, 237, 238 Porto Alegre, Walter Schultz, 92 Prado, Jos Antonio de Almeida, 13, 172, 193, 228 Prmio Msica Viva, 42-43 Pressler, Menahem, 195 Priolli, Lenice, 202 Proena, Miguel, 73, 192, 197, 205, 213, 262 Projeto Bandas, 13, 242, 246, 248, 251 Projeto Educao Musical, 251 Projeto Memria Musical Brasileira (Pro-Memus), 13, 16, 17, 240, 243, 245, 246, 250, 251, 252, 259, 264, 265 Projeto Oficina-Escola de Luteria, 247 Projeto Orquestra, 250, 251 Projeto Pixinguinha, 246 Projeto Villa-Lobos, 13, 246, 251, 260

Quadrio, Maurcio, 137 Queiroz, Bernardo Jos de Souza, 193 Queiroz, Glria, 181, 206

Rabinovitz, Salomo, 78, 123, 243 Rdio Jornal do Brasil, 12, 16, 217, 223, 224 Rdio Jornal do Comercio, 41 Rdio MEC, 12, 16, 67, 71, 105, 106, 109, 110, 116, 117, 124, 130, 132, 133, 141, 145, 156, 162, 163, 168, 182, 194, 198, 211, 212, 217-223, 225, 226, 232-234, 236, 241, 243, 245, 261, 262, 264 Rdio Roquette-Pinto, 16 Ramos, Nereu, 35 Rato, Carlos, 182, 213 Rato, Gianni, 163, 189, 190 Rede Nacional de Msica, 13 Reeger, Wallingford, 50 Regina, Roberto de, 168, 186, 208 Rgis, Albertina Mafra, 25

Rgis, Joaquim Egydio, 25 Renaux, Carlos, 23, 24, 27, 36 Rescala, Tim, 33 Reynolds, Anna, 203 Rezende, Marisa, 224, 236 Ribeiro, Alice, 127, 164 Ribeiro, Lambert, 37, 38, 126 Ricci, Rugiero, 93 Richter, Karl, 166, 179, 203 Rimsky-Korsakov, 81, 103, 176 Rinaldi, Grace, 113 Ripoche, Jacques, 102, 105, 114, 128, 136, 139, 143 Ripper, Joo Guilherme, 235, 236, 260, 264, 265 Robbins, Jerome ,100 Robert, Elizabeth, 176 Robert, Guy, 176 Rodrigues, Helena, 201 Rodzinsky, Arthur, 77, 102 Rondest, Philipe, 203 Rooyen, Ack, 167 Rosenthal, Manuel, 101 Rottenfusser, Joseph, 171 Roubaud, Ncia, 118 Royal Academy of London, 55 Rubinstein, Arthur, 101, 103, 104, 105, 106, 107, 108, 109, 192 Rushisky, Vladimir, 113, 114

S, Leonardo, 263 Sabino, Santiago, 181 Sales, Lucy 105, 106 Sampaio, Eliane, 181, 202, 207, 210 Sandbank, Jeanne Claire, 85 Sandbank, Myriam, 85 Sandor, Gyorgy ,149, 150, 151 Sandreczki, Pastor, 21 Sandroni, Ccero, 103

277

EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

Santoro, Cludio, 15, 40, 41, 65, 77, 97, 102, 116, 130, 135, 140, 146, 157, 160, 165, 175, 194, 224, 228, 230, 244 Santos, Turbio, 72, 167, 168, 174, 179, 254, 261 Sanzogno, Nino, 77, 78, 103, 107, 108 Satie, Erik, 84, 174, 175, 176 Sauer, Hainz, 167 Schaefer, Euvaldo, 20 Schein, Ann, 192 Scherchen, Hermann, 84, 131 Schlsser, Gustav, 20 Schmidt, Adolph, 171 Schnabel, Arthur, 114 Schnabel, Karl Ulrich, 65, 84, 89, 134, 138, 141, 143, 146, 148 Schnorrenberg, Roberto, 65, 136, 175, 193, 213, 228, 230 Schoenberg, Arnold, 57, 92, 95, 107, 109, 113, 144, 159, 161, 173, 185, 193, 213, 219 Schola Cantorum, 22 Schoof, Manfred, 167 Schramm, Ernest Gerold, 166, 203 Schreiber, Ulrich, 190 Schumann, Robert, 33, 75, 81, 106, 124, 173, 196 Schurmann, Ernesto, 131 Schwartz, Antnio, 22 Schwartzkopf, Elizabeth, 144, 166 Schwartzman, Nathan, 118 Schweitzer, Aleida, 179, 182, 194, 205, 206 Scliar, Esther, 40, 52, 163, 208, 224 Scott, Dorothy, 100 Searle, Humphrey, 56, 159 Sebastiani, Pia, 43 Secretaria de Educao e Cultura, 128, 188, 226, 227 Segvia, Andrs, 82 Serkin, Peter, 204 Seyferth, Giralda, 21 Sherry, Fred, 204 Shostakovitch, Dimitri, 91, 130 Silva, Bernardo Morgado da, 136

Silva, Dulcemar Lafaille, 124 Silva, Fernando Lopes da, 104 Silva, Flvio, 67, 246 Silva, Paulo, 65, 137 Silvares, Regina, 125, 127 Silveira, Emlia, 241 Silveira, Nise da, 53 Silveira, Noemi, 148 Silverio, Nazareth, 203 Silvestre, Felipe, 184 Simon, Abbey, 194, 195, 196 Sinnek, Hilde, 65, 140 Siqueira, Jos, 15, 54, 55, 75, 110, 157, 164, 209, 221, 222 Sittner, Hans, 162 Smith, Carleton Sprague, 43 Soares, Anto, 209 Soarmec (Sociedade dos Amigos Ouvintes da Rdio MEC), 254, 258 Sociedade Brasileira de Msica Contempornea (SBMC), 226 Sociedade Cultural e Beneficente Cnsul Carlos Renaux, 36 Sociedade dos Amigos de Brusque, 22 Sociedade Internacional de Msica Contempornea, 81, 92, 127, 130, 131, 157, 187 Sociedade Musical Concrdia, 22, 23 Sociedade Schtzen-Verein Brusque, 22 Sodr, Joandia, 102, 123 Soler, Pedro, 180 Souza, Honorato de, 32, 33 Souza, Marieta Lopes de, 152 Souza, Oswaldo de, 251 Souza, Tude de, 90, 217, 222 Spagnoso, Paolo, 145 Stader, Maria, 166 Staerke, Ruth, 170, 203, 208 Starer, Robert, 47 Starker, Janos, 196, 198 Steiman, Rosa, 123 Stephany, Frederick, 170

278

ndice

Stern, Isaac, 166 Stokowski, Leopold, 211 Stoltzman, Richard, 204 Stravinsky, Igor, 76, 84, 92, 93, 98, 99, 111, 126, 169, 171, 184, 186, 197, 204, 214, 219, 237, 260 Suassuna, Ariano, 87 Swisher, James, 204 Sylvia, Maria, 68 Szenkar, Eugen, 209 Szidon, Roberto, 183, 190, 201 Sztompka, Henrik, 162

Tudor, Antony, 99 Tupinamb, Marcelo, 31

Ulmann, Chinita, 99 ltima Hora, 63, 133, 235, 238 Urca Jazz, 23

Tacuchian, Ricardo, 182, 224, 226, 229, 235, 254 Tagliaferro, Magdalena, 80, 81, 115, 116, 121, 123, 130, 173 Taras, John, 144 Tavares, Mrio, 117, 164, 168, 190, 193, 221, 226 Tavora, Adolfina Raitzin de, 82 Teatro lvaro de Carvalho, 35 Teatro Municipal de Niteri, 105 Teatro Municipal de So Paulo,106 Teixeira, Maria Lucy Veiga, 182 Tern, Toms, 65, 138 Theatro Municipal do Rio de Janeiro, 75, 79, 80, 81, 84, 88, 91, 93, 94, 95, 96, 97, 101, 102, 104, 108, 109, 110, 112, 116, 117, 119, 120, 125, 128, 129, 142, 143, 144, 145, 146, 147, 149, 151, 155, 158, 161, 164, 165, 166, 169, 170, 177, 178, 180, 181, 182, 190, 191, 193, 194, 195, 199, 200, 208, 214, 220, 225, 227, 233, 234, 237, 238, 239, 241, 252 Tinetti, Gilberto, 187, 211, 246 Tippet, Michael, 56, 159 Tocco, Janes, 173 Toni, Olivier, 176, 226, 228 Tosar, Hector, 43, 228, 230 Toumanova, Tamara, 79 Tribuna da Imprensa, 12, 15, 16, 52, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 70, 7, 75-158 Tribuna Popular, 51

Valle, Raul do, 193, 224 Vallier, Lourdes, 125 Valt, Velta, 118 Vasconcelos, Edy, 130 Velloso, Rodrigo Cicchelli, 236 Veltchek, Vaslav, 144 Verdi, Giuseppe, 29, 94, 96, 114, 117, 119 Verona, Jos, 178 Viana, Frutuoso, 146, 193 Viana, Zelito, 42 Vieira, Silvio, 78 Vieira, Snia Maria, 259 Villa-Lobos, Arminda Ver Mindinha Villa-Lobos, Heitor, 26, 27, 28, 41, 42, 80, 83, 96, 104, 105, 107, 114, 116, 122, 127, 143, 144, 146, 150, 151, 160, 161, 173, 178, 179, 184, 214, 219, 220, 224, 241, 242, 249 Villamil, Irma, 94 Vita, Mirella, 38 Vital, Joo Carlos, 108 Vivante, Andr, 120 Von Schneburg, Maximilian, 19

Walendowsky, Adolpho, 24, 27 Wall, David, 178 Walton, William, 56, 160 Wang, Cill, 144 Warmeling, Gregrio, 22

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EDINO KRIEGER: Crtico, produtor musical e compositor

Waschitz, Jeremias, 82 Weber, Carl Maria von, 31, 205 Weisz, Robert, 93, 94, 95 Wenk, Erich, 170 Westphal, Barbara, 204 Wetzler, Peter, 170 Widmer, Ernst, 172, 193, 224, 226, 228, 231, 244 Williams, John, 176 Williams, Vaughan, 56, 160 Winkler, Wilheim, 79 Winters, Lawrence, 102, 104, 105, 106, 108, 109 Wolfe, James, 112, 113, 114, 115, 116, 117 Wolkoff, Alexandre, 90

Yana-Rudzka, 142 Youskevitch, Igor, 99, 100

Zabaleta, Nicanor, 144, 147 Zaguini, Wanda Helena, 35 Zattenbaum, Carlos, 113 Zecchi, Carlo, 118 Zeigarnikas, Saloma. Ver Gandelman, Saloma Zimmermann, Wilhelm, 189 Zlatopolsky, Anselmo, 82, 88, 243 Zorzi, Juan Carlos, 185, 198, 199

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