Gaia Scientia (2014)
Volume Especial Populaes Tradicionais: 110-123
Verso Online ISSN 1981-1268
http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/gaia/index
Estudo taxonmico e etnobotnico sobre a famlia Asteraceae
(Dumortier) em uma comunidade rural no Nordeste do Brasil
Maria Pessoa da Silva*, Felipe Sousa Queiroz Barbosa e Roseli Farias Melo de
Barros
1
Doutoranda em Desenvolvimento e Meio Ambiente (DDMA) da Universidade Federal do Piau (UFPI).
Avenida Santo Antnio, S/N, bairro So Lus, CEP: 64.280-000, Campo Maior, Brasil
2
Mestrando em Desenvolvimento e Meio Ambiente (MDMA), Universidade Federal do Piau, Av.
Universitria, 1310, Campus Ininga, CEP: 64.049-550, Teresina-Brasil;
[email protected]3
UFPI/DDMA/MDMA, Av. Universitria, 1310, Campus Ininga, CEP: 64.049-550, Teresina-Brasil;
[email protected]*Autor para correspondncia:
[email protected].
Resumo
Asteraceae (Dumortier) a maior famlia dentre as Angiospermas com registros de aproximadamente 250 gneros e
2.000 espcies; no Brasil encontra-se distribuda em todo o territrio. Objetivou-se conhecer a relao da comunidade
rural Stio Velho, no municpio de Assuno do Piau/PI, inserida no bioma Caatinga, com as espcies de Asteraceae
utilizadas, tendo em vista a importncia do acervo de informaes taxonmicas e populares para o conhecimento dos
recursos desta regio. As coletas botnicas e herborizao seguiram a metodologia usual e foram incorporadas ao
acervo do Herbrio Graziela Barroso (TEPB) da Universidade Federal do Piau (UFPI). O levantamento dos dados
etnobotnicos foi realizado por meio de entrevistas semiestruturadas, conversas informais e turns-guiadas. Foram
referidas e identificadas sete espcies, distribudas em trs tribos e sete gneros. As espcies que apresentaram maior
VUatual foram Bidens pilosa L. e Acanthospermum hispidum DC.O VUpotencial foi representativo apenas
para Tagetes minuta L. O clculo de rarefao demonstrou que o maior conhecimento botnico est contido na faixa
etria adulta. A partir dessas anlises foi possvel estimar a importncia taxonmica e a aproximao desta com o
conhecimento tradicional acumulado, bem como a interao dos moradores com os bens naturais e o modo de vida
das pessoas.
Palavras-chave: Etnobotnica, Compositae, Comunidade Rural, Taxonomia
Resumen
Estudio taxonmico y etnobotnico de la
familia Asteraceae (Dumortier) en una
comunidad rural en el noreste de
Brasil. Asteraceae (Dumortier) es la mayor
familia entre las angiospermas con un registro
de aproximadamente 250 gneros y 2.000
especies; en Brasil se distribuye en todo el
territorio. El objetivo fue conocer la relacin de
la comunidad rural vieja del sitio en la ciudad de
Asuncin del Piau / PI, se inserta en el bioma
Caatinga, con especies de Asteraceae utilizan,
en vista de la importancia de la recogida de
informacin taxonmica y popular a los
recursos de conocimientos esta regin. Las
colecciones botnicas y herborizacin siguieron
la metodologa habitual y se incorporaron al
acervo Herbario Graziela Barroso (TEPB) de la
Universidad Federal de Piau (UFPI). El estudio
de los datos etnobotnicos se realiz a travs de
entrevistas
semiestructuradas,
las
conversaciones informales y visita guiada. Se
han reportado e identificado siete especies,
divididas en tres tribus y siete gneros. Las
especies ms VUatual eran Bidens pilosa L. y
Acanthospermum hispidum DC.O VUpotencial
era representativa slo para Tagetes minuta L.
El adelgazamiento de clculo mostr que el
mayor conocimiento botnico se encuentra en el
grupo de edad adulta. A partir de estos anlisis,
se pudo estimar la importancia taxonmica y
abordar esto con el conocimiento acumulado
tradicional, as como la interaccin de los
residentes con los recursos naturales y el medio
de vida de las personas.
Palabras clave: Etnobotnica, Compositae,
Comunidad Rural, Taxonoma
Abstract
Taxonomic and ethnobotanical study of the family
Asteraceae (Dumortier) in a rural community in
northeast Brazil. Asteraceae (Dumortier) is the
Gaia Scientia (2014) Ed. Esp. Populaes Tradicionais
Estudo taxonmico e etnobotnico sobre a famlia Asteraceae (Dumortier)...
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largest family among the Flowering Plants with
records of approximately 250 genera and 2,000
species; in Brazil, is distributed throughout the
territory. The objective was to know the relationship
of the rural community Stio Velho in the city of
Assuno of Piaui / PI, inserted into the Caatinga
biome, with Asteraceae species used, in view of the
importance of the collection of information of
taxonomic and popular to knowledge of resources of
this region. The botanical collections and
herborization followed the usual methodology and
were incorporated into the Herbarium Graziela
Barroso acquis (TEPB) of the Federal University of
Piau (UFPI). The survey of ethnobotanical data was
conducted through semi-structured interviews,
informal conversations and tour-guided. Have been
reported and identified seven species, divided into
three tribes and seven genera. The species with the
highest current use (VUatual) was Bidens pilosa L.
and Acanthospermum hispidumDC. The potential
value (VUpotencial) was representative only to
Tagetes minuta L. The calculation of thinning
showed that the greatest botanical knowledge is
contained in the adult age group. From these analyzes
it was possible to estimate the taxonomic importance
and the approach of this, with the traditional
knowledge accumulated, as well as the interaction of
residents with natural resources and the livelihood of
the people.
Key words: Ethnobotany, Compositae, Rural
Community, Taxonomy
Introduo
Asteraceae (Dumortier) a maior
famlia
dentre
as
Angiospermae,
compreendendo aproximadamente 23 mil
espcies, pertencentes a 1.535gneros,
dispostos em 17 tribos (Judd et al. 2009).
Estima-se que cerca da metade das espcies
ocorrem no Novo Mundo, com registros de
aproximadamente 250 gneros e 2.000
espcies no Brasil, distribudas em todo o
territrio nacional (Souza e Lorenzi 2008).
A famlia foi considerada por
Cronquist (1988) como a nica posicionada
na Ordem Asterales, a qual foi relacionada
com as Ordens Gentianales, Rubiales,
Dipsacales e Calycerales. Atualmente,
estudos filogenticos baseados em dados
morfolgicos e moleculares, como os de
APG
III
(2009),
corroboram
o
posicionamento
de
Asteraceae
em
Asterales, juntamente com outras dez
famlias.
Possui representantes perenes ou
anuais, s vezes lactescentes. Folhas
alternas, ocasionalmente opostas, raramente
verticiladas, simples, sem estpulas,
margens inteiras, denteadas, lobadas ou
fendidas. Inflorescncias em captulos
(caracterstica marcante da famlia),
formadas por pequenas flores, assentadas
em um receptculo comum, plano, cncavo
ou convexo, cercado por brcteas
distribudas em sries; flores dispostas em
raios (externos), geralmente estreis e flores
do disco (interno) bissexuadas ou raramente
unissexuadas, comumente actinomorfas,
diclamdeas ou sem clice; corola
comumente
pentmera,
gamoptala,
preflorao geralmente valvar; estames em
nmero de cinco, epiptalos, anteras
rimosas,
sinnteras;
ovrio
nfero,
bicarpelar, com um s lculo, uniovulado,
placentao ereta. Frutos do tipo cipsela
(Judd et al. 2009).
constituda por representantes de
hbito herbceo, subarbustivo, lianas, e
eventualmente, por arbustos ou pequenas
rvores, ocorrendo em praticamente todos
os biomas brasileiros. Na Caatinga, esto
representadas por cerca de 100 gneros e
262 espcies (Nakajima et al. 2014).
Os trabalhos de Baker (1873, 1876,
1882, 1884) foram os primeiros grandes
estudos das Asteraceae em territrio
brasileiro.
Embora
ainda
bastante
consultados, o grande nmero de espcies
descobertas recentemente e outras ainda
no descritas fazem com que esses estudos
tenham fundamental importncia (Nakajima
2000). Nakajima e Semir (2001) aferiram
que Asteraceae no Parque Nacional Serra
da Canastra, a famlia de maior ocorrncia
representada por 215 espcies, pertencentes
a 64 gneros de 11 tribos, sendo que
Vernonieae Cass. com 67 espcies,
Eupatorieae Cass. com 63 espcies e
Heliantheae Cass. com 37 espcies foram as
mais representativas. Outros estudos
relevantes acerca de novos registros e
revises do txon tm sido realizados em
todos os biomas brasileiros (Heiden et al.
2007, 2010; Schneider et al. 2009, Silva e
Santos 2010, 2011).
No Nordeste, especialmente no
estado do Piau, a tribo Vernonieae tem sido
amplamente estudada. Barros (2002)
realizou um estudo taxonmico da tribo em
Gaia Scientia (2014) Ed. Esp. Populaes Tradicionais
Silva et al. 2014
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reas de conservao de Cerrado,
registrando a ocorrncia de sete gneros
agrupando 25 espcies, sendo duas novas
para a cincia (Barros e Semir 2003; Barros
e Esteves 2004).
A famlia Asteraceae apresenta uma
gama de usos populares em diversos
campos, onde ressaltamos, do ponto de
vista econmico, que cerca de 40 espcies
tm importncia direta na alimentao
humana em diferentes partes do mundo,
como alface (Lactuca sativa L.) e chicria
(Cichorium endvia L.), e indireta na
obteno de produtos, como girassol
(Helianthus
annus
L.),
camomila
(Matricaria recutita L.) e carqueja
(Baccharis trimera Less.). Algumas
espcies
silvestres
tm
potencial
nutricional, muitas so de interesse
tecnolgico ou ornamental e centenas
produzem metablitos secundrios de uso
farmacutico ou industrial ou fornecem
nctar e plen para a apicultura, alm de
forragem para a produo pecuria (Vitto e
Petenatti 2009).
Muitos
pesquisadores
tentam
entender como as pessoas classificam os
recursos naturais, sejam eles espcies ou
paisagens
(Albuquerque
2014).
A
taxonomia vegetal pode funcionar como
uma ferramenta que garante credibilidade e
preciso na identificao de plantas citadas
por pessoas. No obstante, existem sistemas
de classificao propostos por cientistas que
visam entender como pessoas enxergam os
seres vivos e os classificam, que
caracterizam a chamada taxonomia folk.
A cincia que trata do estudo da
interao entre homem e planta
denominada de Etnobotnica que definida
por Posey (1986) como a disciplina que se
ocupa do estudo e conceituaes
desenvolvidas por qualquer sociedade a
respeito do mundo vegetal, englobando a
maneira como um grupo social classifica e
atribui utilidades a determinadas plantas.
Toda sociedade humana acumula
um acervo de informaes sobre o ambiente
que as cerca, que vai lhe possibilitar
interagir com ele para promover suas
necessidades de sobrevivncia (Amorozo
1996). Neste repertrio, inscreve-se o
conhecimento relativo ao mundo vegetal
com o qual essas sociedades esto em
contato (Maciel et al. 2002).
Nesse contexto, o Brasil, sempre
conhecido por sua peculiar diversidade
cultural, necessita ter suas tradies
estudadas, a fim de dar respaldo cientfico
aos costumes das comunidades rurais,
muitas vezes negligenciadas pela maior
parte das linhas de pesquisa cientfica.
Alm disso, conhecimento sobre uns dos
diversos usos atribudos s plantas, como o
uso medicinal e alimentar simboliza muitas
vezes o nico recurso disponvel de muitas
comunidades e grupos tnicos (Maciel et al.
2002; Pereira e Diegues 2010). Embora os
estudos etnobotnicos em comunidades
rurais no Piau sejam crescentes (Franco e
Barros 2006; Santos et al. 2008; Chaves e
Barros 2008; Vieira et al. 2008; Oliveira et
al. 2010; Silva et al. 2012; Aguiar e Barros
2012; Chaves e Barros 2012; Chaves e
Barros 2014), ainda so insuficientes para
registrar toda a diversidade biolgica e
cultural da regio (Chaves; Barros 2012).
O presente trabalho teve por
objetivo contribuir para o conhecimento das
Asteraceae ocorrentes no estado do Piau,
por meio do levantamento taxonmico das
espcies e registrar o conhecimento e uso
atribudos a essas plantas pelos moradores
da comunidade rural Stio Velho em
Assuno do Piau.
Material e Mtodos
Descrio da rea
A comunidade Stio Velho (40o 55
38,4W e 05o 48 10,4S) est localizada no
municpio de Assuno do Piau (Figura 1),
macrorregio Meio Norte e microrregio de
Campo Maior, compreendendo uma rea de
1.624km, distante 23 km da sede do
municpio (IBGE 2014). formada por
Caatinga arbrea e arbustiva, com manchas
de campo cerrado (CEPRO 2013).
A comunidade representada por 430
pessoas que constituem 97 famlias, sendo
215 homens e 215 mulheres, a maioria
cadastrada na Associao dos Moradores,
que se oficializou em 1994, com CNPJ/MF
n
02.640.366.0001-50.
A
referida
comunidade dispe de um campo de futebol
situado no centro, uma igreja de crena
catlica, uma de crena evanglica,
implantada no ano de 2013 e uma escola
pblica
estadual
que
oferece
as
modalidades de ensino infantil e
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Estudo taxonmico e etnobotnico sobre a famlia Asteraceae (Dumortier)...
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fundamental. Quanto escolaridade dos
moradores maiores de idade (247 pessoas),
42,9% so alfabetizadas e 57,1% no
alfabetizadas. Diversos ritos compem seus
hbitos culturais, como novenas, festa de
reis, da conscincia negra e a farinhada.
Sobrevivem da agricultura de
subsistncia, sendo o feijo (Vigna
unguiculata (L.) Walp. o principal produto
cultivado, juntamente com a fava (Vicia
faba L.), macaxeira (Manihot utilssima
Crantz), milho (Zea mays L.), abbora
(Cucurbita pepo L.), caboclo (Cucurbita
sp), e melancia (Citrullus lanatus (Thunb.)
Matsum. & Nakai e destaca-se a criao
extensiva de sunos, galinceos, assininos e
bovinos, alm de recursos oriundos de
incentivos do Governo Federal. Em 94,5%
das famlias h a participao de alguns
destes incentivos, sendo que 80% das
famlias recebem R$724,00 do Bolsa
Famlia (Lei n 10.836/2004), 10%
aposentadoria, 6% ProJovem e 4% da
populao recebe Bolsa Estiagem (Lei n
10.954/2004) com o pagamento de R$80,00
durante cinco meses durante os perodos
nos quais o municpio decreta estado de
emergncia.
A
extenso
salarial
corresponde a 60% meio salrio e 28,5%
um salrio mnimo, 9,5% no dispe de
nenhuma renda fixa e 2% acima de trs
salrios mnimos. O tempo de moradia de
97,3% da populao entrevistada se refere
ao tempo de nascimento no local.
Figura 1. Localizao do municpio de Assuno do Piau e da Comunidade
Stio Velho. Fonte: IBGE (2014), adaptado por Franclio Amorim (2014).
Coleta de dados
A pesquisa foi aprovada pelo
Comit de tica em Pesquisa Humana
(CEP) da Universidade Federal do Piau
(UFPI)
com
nmero
CAAE: 11189013.0.0000.5214. Antes do
incio da pesquisa, o projeto foi apresentado
aos membros da Associao de Moradores
e ento foi solicitada a permisso para
realizao do mesmo, obedecendo a
Resoluo N 466/2012 do Conselho
Nacional de Sade.
As coletas botnicas e herborizao
foram procedidas seguindo-se metodologia
preconizada por Mori et al. (1989). A
identificao foi realizada utilizando
bibliografias especficas, comparao com
exsicatas incorporadas no Herbrio Graziela
Barroso (TEPB) da UFPI e confirmadas por
especialistas. A grafia e o nome dos autores
das espcies foram checados no stio do
IPNI (2014). Foram confeccionadas chaves
de identificao inventadas para tribos e
espcies, utilizando caracteres morfolgicos
diagnsticos. Todo material encontra-se
depositado no TEPB.
A
metodologia
etnobotnica
definiu-se em etapas de observao,
reconhecimento da comunidade, entrevistas
semiestruturadas, turns-guiadas (Bernard
1988) e conversas informais, durante os
anos de 2012 a 2014. O universo amostral
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Silva et al. 2014
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foi definido segundo Begossi et al. (2009),
em que comunidades com at 100 famlias
so entrevistadas de 25% a 50% do total.
Nessa pesquisa definiu-se a aplicao de
formulrio semiestruturado (Martin 1995)
para 93 indivduos, distribudos em 41
homens e 52 mulheres, com idades entre 18
e 89 anos. Estes, de acordo com a faixa
etria definida pelo IBGE (2009),
distriburam-se em 27 jovens de 18 a 24
anos, sendo (dez homens e dezessete
mulheres 50%); 54 pessoas adultas de 25
a 59 anos (vinte e cinco homens e vinte e
nove mulheres 37, 5%) e idosos a partir
de 60 anos, 12 pessoas (seis homens e seis
mulheres 50%). Definiu-se um nmero
mximo de trs pessoas entrevistadas por
famlia, sendo estabelecido um jovem, um
dos cnjuges (adulto ou idoso) ou os dois.
As
entrevistas
contiveram
perguntas referentes aos dados individuais,
socioeconmicos: nome, constituio da
famlia - quantidade, gnero, faixa etria e
escolaridade; habitao - prpria, forma de
construo e cmodos; renda mensal atividade econmica primria e secundria;
gua - tratamento, provenincia e descarte;
saneamento - descarte de resduos slidos;
religiosidade - tipo, atividades, participao
e descrio; e das plantas citadas: nome
conhecido, parte utilizada, local de coleta e
forma de uso.
So fornecidas descries dos
txons,
comentrios
taxonmicos,
verificada a abrangncia da distribuio
geogrfica das espcies, bem como citados
os seus usos pela populao local.
Anlise dos dados
Para determinar o esforo amostral
das entrevistas realizadas foi construda a
curva de acumulao sugerida por Gotelli e
Colwell (2001), a qual se refere s medidas
e comparaes de riqueza de espcies
atravs do uso de aleatorizao de amostras.
Para avaliar a acumulao de espcies
citadas nas entrevistas, usadas para gerar
curvas de rarefao seguiu-se o sugerido
por Magurran (1988) e Krebs (1989).
Para quantificar a importncia dos
usos das espcies citadas foi utilizado o
ndice Valor de Uso (VU), onde VU=Ui/n;
em que: Ui=nmero de citaes de uso,
mencionados
por
cada
informante,
n=nmero total de informantes, com a
distino entre as citaes de valor de uso
atual (VUatual) e valor de uso potencial
(VUpotencial). Assume-se, por meio deste
ndice, que a importncia relativa de uma
planta dada basicamente pelo nmero de
usos que apresenta.
O VUatual, considera os usos ainda
realizados
rotineiramente
pelos
informantes, e o VUpotencial, considera os
usos presentes na memria mas que no so
mais utilizados por elas (Rossato et al.
1999; Lucena et al. 2009).
Resultados e Discusso
Inventrio taxonmico
Foram referidas pelos atores sociais
envolvidos na pesquisa o total de sete
espcies, distribudas em sete gneros e trs
tribos, que so usualmente utilizadas no
preparo de remdios caseiros e como
forragem animal. A tribo Heliantheae Cass.
foi a mais representativa (cinco espcies),
seguida por Vernonieae Cass. e Helenieae
Lindl. com uma espcie cada (Figura 2).
Abaixo segue a chave de
identificao das tribos e espcies, seguida
pela descrio botnica e comentrios sobre
os txons ocorrentes na rea de estudo que
so utilizados pela comunidade estudada.
Tribo Vernonieae Cass. (1819)
Caracteriza-se pela ocorrncia de
espcies
herbceas,
subarbustivas,
arbustivas, raramente rvores, apresentam
folhas frequentemente alternas, captulos
homgamos discides, flores bastante
lobadas, de colorao branca, rosa, lils,
azul, vermelha ou prpura, estilete fino com
estigmas de pice agudo, recobertos por
tricomas at abaixo do ponto de bifurcao
e pelos gros de plen com espinhos
dispostos
em
padres
do
tipo
equinoloforado (Bremer 1994). A tribo
ocorre em tipos vegetacionais como
Caatingas, Florestas, Cerrados, Restingas e
Carrasco (Barros 2002). Para o Brasil,
existem 55 gneros e 437 espcies
(Nakajima et al. 2014). Representada na
rea por Vernonia condensata, a qual
cultivada nos quintais residenciais.
Vernonia condensata Baker; Journal of
Botany, British and Foreign 8: 202. 1875.
Arbusto ou arvoreta, de 2 ou 5 m de altura,
perene,
pouco
ramificada,
ramos
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Estudo taxonmico e etnobotnico sobre a famlia Asteraceae (Dumortier)...
quebradios. Folhas simples, opostas,
inteiras,
ovaladas
a
oblongas,
membranceas, 5-12 cm de comp., margens
levemente onduladas no sentido dorsal.
Flores de colorao esbranquiada,
reunidas em pequenas panculas terminais e
axilares de captulos alongados. Cipsela
truncada no pice. Ppus constitudo de
cerdas
finas,
bisseriadas.
Material
examinado: Stio Velho, Assuno do
Piau, 01/VI/2013, fl., M. P. Silva, 29960
(TEPB).
De origem africana, trazida para o
Brasil nos tempos coloniais, bastante
cultivada em jardins e hortas brasileiros
(Lorenzi e Matos 2008).
115
Figura 2. Espcies de Asteraceae ocorrentes e utilizadas na comunidade
Stio Velho, Assuno do Piau/PI. A. Acmella ciliata Kunth.: hbito; B.
Blainvillea rhomboidea Cass.: detalhe do captulo; C.Vernonia condensata
Baker: detalhe do ramo reprodutivo; D. Aspilia martii Baker: detalhe do
captulo; E. Acanthospermum hispidum DC.: detalhe do captulo e cipselas;
F. Tagetes minuta L.: hbito; G. Bidens pilosa L.: detalhe dos captulos.
Chave para identificao das tribos de Asteraceae ocorrentes na Comunidade Stio Velho
1. Flores profundamente lobadas; superfcie estigmtica interna..............................1.Vernonieae
1.Flores de lobos curtos; linhas estigmticas marginais .............................................................2
2. Receptculo paleceo..............................................................................2. Heliantheae
2. Receptculo sem pleas.............................................................................3. Helenieae
Chave para identificao das espcies ocorrentes
1. Captulos homgamos............................................................................................................2
2. Captulo discoide, corola tubulosa...................................................Vernonia condensata
2. Captulo radiado, corola marginal liguliforme e centrais tubulares.........Tagetes minuta
1. Captulos hetergamos..............................................................................................................3
3. Ppus presente........................................................................................................4
4. Ppus aristado..............................................................................................5
5.Aristas do ppus com tricomas retrorsos.....................Bidens pilosa
5.Aristas do ppus sem tricomas retrorsos....Blainvillea rhomboidea
4.Ppus no-aristado.......................................................................................6
6. Flores do raio neutras..........................................Aspilia martii
6. Flores do raio pistiladas...................................Acmella ciliata
3. Ppus ausente..............................................................Acanthospermum hispidum
Gaia Scientia (2014) Ed. Esp. Populaes Tradicionais
Silva et al. 2014
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Tribo Heliantheae Cass. (1819)
Frequentemente ervas ou arbustos,
embora haja alguns gneros com espcies
arbreas ou lianas. De filotaxia oposta, com
folhas trinervadas, ocorrem com frequncia
na tribo. Embora as folhas inteiras sejam
predominantes, existem grupos que
comportam espcies de folhas dissectas. As
flores do disco so monoclinas, ou
funcionalmente estaminadas. Os lobos das
corolas so frequentemente papilosos na
face adaxial. Os captulos podem ser
discides
ou
radiados,
raramente
disciformes, arranjados de forma solitria
ou em vrios tipos de estruturas. Invlucro
de brcteas unisseriado a multisseriado;
geralmente herbceo, s vezes escarioso,
membranoso, cartceo ou foliceo (Karis e
Ryding1994). Compreende 189 gneros e
cerca de 2.500 espcies, distribudas em
todo o mundo, mas principalmente nas
Amricas do Norte e Sul (Nakajima 2000).
Representada
na
comunidade
estudada por: Acanthospermum hispidum,
Blainvillea rhomboidea (ruderais), Acmella
ciliata, Aspilia martii e Bidens pilosa
ocorrentes nas regies de serra em
vegetao de caatinga.
Acanthospermum
hispidum
DC.,
Prodromus Systematis Naturalis Regni
Vegetabilis 5: 522. 1836.
Ervas anuais, eretas, com 50-120
cm de altura, ramosa, com caule denso
pubescente, espinhenta e enfolhada desde a
base.
Folhas
alternas,
ovaladas,
pubescentes, 4-12 cm de comprimento.
Capitulo
solitrio
e
hetergamo.
Receptculo convexo. Cipsela radial,
estriada e espinhosa. Ppus reduzido ou
ausente. Material examinado: Stio Velho,
Assuno do Piau, 01/VI/2013, fl., M. P.
Silva, 29961 (TEPB).
Planta nativa e comumente
associada cultura do algodo como erva
daninha (Voll et al. 1997).
Acmella ciliata (Kunth) Cass., Dict. Sci.
Nat., ed. 2. [F. Cuvier] 24: 331. 1822
Spilanthes ciliata (Kunth), Nova Genera et
Species Plantarum (folio ed.) 4: 163. 1820.
Erva anual ou perene, decumbente,
prostrada, cespitosa ou de caule simples, s
vezes com enraizamento nodal. Folhas
opostas, limbo filiforme a amplamente oval,
margem inteira a denteada. Captulos
radiados ou discides, terminais ou axilares.
Flores do raio pistiladas, flores do disco
andrginas. Ppus de cerdas delicadas ou
ausentes. Material examinado: Stio
Velho, Assuno do Piau, 22/II/2013, fl.,
C. S. Carvalho 29075 (TEPB).
Aspilia martii Baker Fl. Bras. (Martius)
6(3): 195. 1884
Erva
prostrada.
Folhas
lanceoladas, opostas ou verticiladas,
margem levemente serreada. Captulos
solitrios, terminais, pilosos. Flores do raio
liguladas neutras, sendo todas elas frteis.
Mais de 12 por captulo. Cipsela com
margem ciliada. Ppus com escamas
concrescidas na margem. Material
examinado: Stio Velho, Assuno do
Piau, 24/V/2011, fl., M. P. Silva, 29965
(TEPB).
O gnero est constitudo de 150
espcies, sendo que 61 ocorrem no Brasil
(Santos 1992).
Bidens pilosa L. Species Plantarum. 2: 832.
1753.
Erva de caule ereto, ramificado,
quadrangular e de superfcie lisa; colorao
verde, podendo apresentar estrias ou
manchas vermelho-amarronzadas, com ou
sem a presena de tricomas. Folhas
simples,
opostas,
membranceas,
pinatfidas, concolores (verde), base
cuneada, pice caudado, margem denteada,
ciliada na margem dos dentes, apresenta
tricomas esparsos nas duas faces. Captulo
terminal, radiado solitrio. Receptculo
plano, alveolado, paleceo. Cipselas
cilndricas, sulcadas, glabras. Ppus
uniseriado,
3-4
aristas.
Material
examinado: Stio Velho, Assuno do
Piau, 01/VI/2013, fl., M. P. Silva, 29964
(TEPB).
Citada
como
invasora
de
silvicultura (eucalipto e accia) e pastagens
cultivadas (Duarte et al. 2007).
Blainvillea rhomboidea Cass. Dict. Sci.
Nat., ed. 2. [F. Cuvier] 29: 493. 1823
Blainvillea acmella (L.) Philipson, Blumea.
6:(2). 349. 1950.
Subarbusto de caule levemente
achatado,
verde
ou
completamente
avermelhado, recoberto por pilosidade
Gaia Scientia (2014) Ed. Esp. Populaes Tradicionais
Estudo taxonmico e etnobotnico sobre a famlia Asteraceae (Dumortier)...
117
branca e com ramificao em dicsio.
Folhas opostas cruzadas, pecioladas,
romboidais ou ovaladas, com tricomas em
ambas as faces; margens serradas a partir da
parte mais larga da folha em direo ao
pice. Captulos distribudos por toda a
planta, ou seja, nas axilas dos pares de
folhas, nos ngulos dos ramos em dicsio e
terminais, longo-pedunculados, oblongos,
margeados por numerosas brcteas verdes
que se tornam visivelmente paleceas na
maturao.
Receptculo
pequeno,
paleceo. Flores do raio pistiladas, brancas;
flores do disco monclinas, brancas.
Cipselas providas de 3 aristas do mesmo
tamanho.
Ppus
aristado.Material
examinado: Stio Velho, Assuno do
Piau, 01/VI/2013, fl., M. P. Silva, 29963
(TEPB).
Normalmente se desenvolve em
grandes populaes, como vegetao
secundria, sendo considerada indesejvel e
invasora de plantaes e pastos (Gomes et
al. 2010).
Tribo Helenieae Lindl. (1829)
Representada por espcies que
apresentam hbito herbceo, subarbustivo
ou arbustivo, anual ou perene. Folhas
opostas ou alternas, simples, inteiras,
bipinatfidas ou pinatissectas, glabras ou
pilosas,
com
glndulas
alongadas.
Receptculo desprovido de pleas. Estilete
com ramos curtos, pilosos, com tricomas
prolongando-se muito abaixo da bifurcao,
ou ramos do estilete longos, pilosos,
geralmente torcidos, sem tricomas abaixo
do prolongamento de bifurcao. Ppus
cerdoso.
Representada na rea em estudo por
Tagetes minuta. Tagetes minuta L.; Species
Plantarum 2: 887. 1753. (1 May 1753) (Sp.
Pl.)
Erva de cerca de 2 m de alt., com
caule e ramos cilndricos. Folhas ssseis,
estreito-lanceoladas, pice agudo, margem
agudo-serrada, base atenuada, face adaxial
setosa na nervura principal, face abaxial
glabra. Sinflorescncia paniculiforme,
brcteas lineares. Captulos radiados,
setosos. Flores do raio pistiladas, flores do
disco monoclinas. Estiletes com ramos
oblongo-lineares.
Cipselas
estreitocilndricas, setosas, carpopdio assimtrico.
Material examinado: Stio Velho,
Assuno do Piau, 31/V/2013, fl., M. P.
Silva, 29962 (TEPB).
O gnero nativo da Amrica do
Norte e Sul, mas algumas espcies se
naturalizaram ao redor do mundo (Lorenzi e
Matos, 2008).
Inventrio etnobotnico
A rarefao foi calculada a partir do
total de plantas citadas em todas as
categorias de uso, por cada indivduo, em
diferentes faixas etrias, com o intuito de
identificar em qual delas, h um domnio de
conhecimento botnico tradicional (Figura
3).
Figura 3. Grfico de rarefao do conhecimento por faixa etria (jovem, adulto e
idoso), de acordo com o nmero de entrevistas na comunidade rural Stio Velho,
Assuno/PI. Fonte: software que gerou o grfico.
Gaia Scientia (2014) Ed. Esp. Populaes Tradicionais
Silva et al. 2014
118
At a linha perpendicular ao eixo
horizontal, que determina o ponto de
corte para efeito de comparao dos
resultados encontrados para jovens, adultos
e idosos, fica evidente que o maior
conhecimento botnico tradicional est
contido na faixa etria composta por
adultos. Jovens e idosos apresentam o
mesmo conhecimento.
Foram identificadas duas categorias
de uso: medicinal e forrageira, adaptadas de
Heinrich (1998), Galeano (2000) e
Albuquerque & Andrade (2002; b) para este
estudo. As espcie que apresentaram maior
VUatual foram Bidens pilosa L. e
Acanthospermum hispidum DC., (Tabela 1).
O VUpotencial foi representativo apenas
para Tagetes minuta L., que deixou de ser
usada pelos informantes devido
dificuldade de ser encontrada na
comunidade. Este ndice costuma ser
utilizado para verificar quantitativamente a
importncia de um recurso vegetal para
populaes humanas (Phillips & Gentry,
1993; Rossato et al. 1999). Contudo,
possvel que o informante conhea
determinado uso para uma planta, mas no
faa uso de fato desse recurso, tornando
assim o ndice uma medida de
conhecimento, e no necessariamente de
uso (Albuquerque et al. 2006).
Analisando os resultados obtidos,
verificou-se que as plantas da famlia
Asteraceae, na comunidade rural Stio
Velho, so citadas, sobretudo, para cura de
enfermidades (86%) e como forrageiras
(26%). Os usos medicinais foram
agrupados em cinco categorias de acordo
com a OMS (2000) e Almeida &
Albuquerque (2002).
As
principais
indicaes so para tratamento de
inflamaes em geral e disfunes
digestivas. Um nmero elevado de citaes
relacionadas ao sistema digestivo pode
sugerir que a comunidade tenha um sistema
de saneamento bsico precrio e que as
pessoas tenham ms condies de higiene.
Em relao aos usos que a
populao da comunidade faz das espcies
coletadas, foram obtidos os resultados que
constam na Tabela 1 (Anexo).
Acanthospermum
hispidum
comumente
associada
no
Nordeste
brasileiro ao tratamento de inflamaes e
enfermidades
do
trato
respiratrio
(Albuquerque e Andrade 2002; Sales et al.
2009; Roque 2010; Silva e Andrade 2013;
Leite e Marinho 2014). Houve uma
correlao a esses resultados citados pelos
pesquisadores anteriores, visto que na
comunidade em estudo essa espcie
encontrada aos arredores das residncias
oferece uma comodidade s mulheres na
produo de chs para tratamento de gripe
que as crianas contraem, devido ao contato
intenso com areia, disponveis no solo.
Porm, no trabalho desenvolvido por
Gomes e Bandeira (2012), na comunidade
quilombola no Raso da Catarina/BA, foi
identificado uso digestivo.
Acmella ciliata utilizada contra
inflamaes em geral. Silva (2013) relata
seu uso especificamente para tratar
inflamaes na garganta, em Camocim de
So Flix, Pernambuco. Fato idntico
visualizado em Stio Velho, que apresenta
oscilaes de temperatura durante o dia e a
noite, devido a sua localizao geogrfica e
a sua elevada altitude. Cita-se pela primeira
vez o uso de Aspilia martii como medicinal
no estado do Piau. Ocorrncia justificada
para uma rea rural isolada, visto que as
buscas so persistentes por um fitoterpico
para a soluo de suas enfermidades.
Bidens pilosa, entretanto, teve uso
medicinal
atribudo
na
referida
comunidade, o que tambm foi observado
em outros trabalhos de cunho etnobotnicos
como os de Oliveira e Menin-Neto (2012) e
Silva e Andrade (2013).
As informaes relatadas para B.
pilosa so corroboradas pelos achados de
Fotso et al. (2013), que revelaram a
presena de dois flavonoides (quercetina e
iso-okanina), conhecidos por terem carter
anti-inflamatrio.
Bidens pilosa e Blainvillea
rhomboidea, foram apontadas como
forrageiras em Stio Velho, fato tambm
discorrido por Vieira (2008), em So
Miguel do Tapuio, Piau. Santos et al.
(2009), na comunidade Caro, em Altinho,
Pernambuco, apontou o uso como
forrageira apenas para B. rhomboidea.
Nessas reas semiridas, estas espcies
apresentam-se bastante favorveis
conservao e manuteno da criao de
animais para consumo de subsistncia.
Alm desse aspecto, muitas vezes esse o
nico alimento disponvel e no oneroso.
Gaia Scientia (2014) Ed. Esp. Populaes Tradicionais
Estudo taxonmico e etnobotnico sobre a famlia Asteraceae (Dumortier)...
119
Tagetes minuta foi referida por
Sales et al. (2009), no qual os mesmos
constataram seu uso no tratamento da dor
de barriga em estudo desenvolvido sobre
plantas
medicinais
utilizadas
pelos
quilombolas da comunidade Senhor do
Bonfim, em Areia/PB. Em Stio Velho, foi
citada como calmante. Levando em
considerao que os problemas de nervos
so mais percebidos principalmente em
pessoas com faixa etria adulta e idosa, esta
uma resposta preponderncia, da
existncia de pessoas principalmente da
faixa etria adulta no convvio dentro da
comunidade.
Vernonia condensata muito usada
na comunidade estudada contra indigesto e
tambm se observou a mesma informao
em diversos trabalhos (Medeiros 2004;
Teixeira e Melo 2006; Lorenzi e Matos,
2008; Guarim-Neto et al. 2010; Oliveira e
Menin-Neto 2012; Silva e Andrade 2013),
nos quais tambm atribuda atividade
anti-gripal e anti-trmica. Sendo essa
espcie de fcil cultivo, para as pessoas da
comunidade torna-se vivel o uso e cultivo
de V. condensata para a soluo de
problemas corriqueiros, como m digesto e
consequentemente essa a justificativa para
o maior nmero de citaes deferidas
espcie.
A partir das espcies conhecidas e
utilizadas de Asteraceae levantadas no
presente estudo, possvel inferir que a
cultura do povo dessa regio semirida do
Piau est intrinsecamente ligada flora e
que esta famlia botnica possui
considervel importncia para as atividades
socioeconmicas e de sobrevivncia das
pessoas. Pressupe-se que devido a esse
fator, existiria por parte dos moradores
interesse em conservar os recursos naturais
da comunidade. Fica evidente a necessidade
de mais investimentos em estudos
direcionados no uso etnobotnico de
Asteraceae, justificando a escassez e a
importncia dessa famlia botnica para os
tratamentos de doenas relacionados aos
Sintomas e sinais gerais e ao Sistema
digestivo e respiratrio dos residentes em
reas rurais, que muitas vezes no
disponibilizam de recursos e nem acesso
facilitado aos remdios industrializados.
Agradecimentos
Universidade Federal do Piau,
por disponibilizar as instalaes do
Herbrio TEPB e aos moradores da
comunidade, pelo apoio e por darem
condies para o desenvolvimento deste
trabalho.
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Estudo taxonmico e etnobotnico sobre a famlia Asteraceae (Dumortier)...
Tabela 1. Utilizao de espcies de Asteraceae (Dumortier) na comunidade rural Stio Velho,
Assuno do Piau, Brasil.NR = Nmero de Registro. NV = Nome Vulgar. CU = Categoria de
Uso. FU = Forma de Uso. ST = Status. CD = Categoria de Doena. C = Citaes. VUA = Valor
de Uso Atual. VUP = Valor de Uso Potencial. F = forrageira; M = medicinal
NR
ESPCIE
29961
Acanthosper
mum
hispidum
DC.
Carrapic
ho- dejudeu
29075
Acmella
ciliata
(Kunth.)
Cass.
Agrio
29965
Aspilia
martii Baker
123
29964
29963
Bidens
pilosa L.
Blainvillea
rhomboidea
Cass.
NV
CU
FU
ST
CD
VUA
VUP
Ch,
decoco
Sintomas e
sinais
gerais/
doena do
aparelho
respiratrio
0.071
Ch,
decoco
Sintomas e
sinais gerais
0.035
Camar
Ch,
decoco
Doena do
aparelho
digestivo/
respiratrio
0.035
Carrapic
ho- deagulha
M, F
Ch,
decoco,
fresca
Sintomas e
sinais gerais
0.071
Camarleve
Fresca
0.035
0.035
0.035
11
0.035
29962
Tagetes
minuta L.
Cravomadeira
Ch,
decoco
29960
Vernonia
condensata
Baker
Boldo
Ch,
decoco
Perturbaes
mentais e de
comportame
nto
Doena do
aparelho
digestivo
/genitourinrio
Gaia Scientia (2014) Ed. Esp. Populaes Tradicionais