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Mind In The Cave
NDICE
BIOGRAFIA3
INTRODUO...4
RESUMO.....5
CONCLUSO...20
REFERNCIAS....22
BIOGRAFIA
James David Lewis-Williams (nascido em 1934, Cape Town) um estudioso do Sul-Africano. Professor
emrito de arqueologia cognitiva na Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo.
David Lewis-Williams, como ele conhecido por seus amigos e colegas, considerado como um eminente
especialista na cultura ou bosqumanos San, (Xan), especificamente, sua arte e crenas.
Sua pesquisa de campo a estudar a arte rupestre Drakensberg, juntamente com uma anlise detalhada do
Wilhelm Bleek & Lloyd Lucy Collection, na dcada de 1970 levou uma grande procura de seu livro
Believing and seeing: symbolic meanings in southern San rock painting. Este trabalho mudou
fundamentalmente a forma como muitos pesquisadores entendem San arte rupestre na frica do Sul, assim
como as pesquisas da arte Paleoltica.
Esta publicao aborda de modo muito interessante a pesquisa sobre arte do paleoltico, levanta questes a
cerca de como olhar para estes povos primitivos e como alguns mtodos de estudos podem ajudar assim
como podem estar equivocados. Aliado aos novos estudos e por meios de vestgios, hipteses e observao
de povos actuais, no vem definir padres ou ajustar conceitos. Vem sem dvida eliminar a ideia do
selvagem que nos separa destes povos. Procura abranger o maior nmero de campos de investigaes a fim
de criar uma esfera nica capaz de dar uma imagem um pouco mais aproximada do incio da conscincia
humana, alm do incio e motivos que levaram o homem a fazer arte. Porm esta no uma tarefa fcil, ainda
existem muitas lacunas que a falta de pistas mais claras e uma traduo correcta deixam sem preencher.
Quando estas questes tornarem-se mais simples de serem resolvidas (ou se um dia), ser sem duvida um
grande passo na descoberta de nossa origem
Sobre o prefcio
Este livro no apenas um livro sobre arte rupestre, um livro que marca um perodo de investigaes e
descobertas. Lana uma discusso sobre as teorias da arte paleoltica, e mais que isto, baseado nos mtodos
de pesquisa actuais questiona a quantidade de informao necessria para que seja possvel levantar uma
teoria que explique de maneira convincente os motivos que fizeram os homens neste perodo dedicar o seu
tempo a estas actividades. Mais que respostas chega-se a concluso que faz-se necessrio ter as perguntas
certas. No um olhar para o passado, ver uma transformao sobre um pensamento j existente que foi
capaz de mudar a viso do homem sobre seu prprio futuro. Quanto mais descobria-se mais perguntava-se.
Estes questionamentos envolvidos com novas teorias e novos estudos fizeram no apenas levantar poeira
sobre quando o homem passou a ser homem mas tambm sobre toda existncia humana e os alicerces que
at ento a sustentava.
Trs cavernas: trs unidades de tempo
Unidade de tempo I
Tempo: entre 13.000 e 14.000 de anos
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Local: as cavernas de Volp (Enlne e Les Trois Frres), Arige, Frana.
Um homem entra em uma caverna, apenas com uma lamparina feita de gordura. Penetrando na escurido
encontra uma pintura dele a enfrentar um leo, crava um dente de urso na pedra e segue sua segunda misso.
De joelhos passa por estreitas aberturas at chegar em uma cmara abobadada cheia de pinturas e relevos
que ele tenta decifrar.
Unidadde de tempo II
Tempo: ano 1660
Local: caverna de Niaux, Arige, Frana
Ruben de la Vialle e alguns amigos entram em uma caverna perto da cidade de Tarascon. O lugar uma
atraco turstica local considerada uma maravilha natural. Entra por uma passagem que da acesso a um sitio
hoje conhecido como Salon Noir. Ao final deixa sua assinatura e data menos de um metro de umas pinturas
que representam bises, extraordinrias e ntidas, tambm muito chamativas. Porm, nem Ruben, nem
ningum parece prestar ateno a qualquer imagem daquele espao.
Unidade de tempo III
Tempo: ano 1994
Local: caverna Chauvet, Ardche, Frana.
Trs amigos procuram arte paleoltica, Jean-Marie Chauvet, Eliette Brunel Deschamps e Christian Hillaire.
Ao detectarem uma corrente de ar vinda detrs de uma pilha de cascalhos em uma caverna pouco explorada
e pouco promissora. Ao retirar suficientes pedras um deles entra e descobre uma cmara, voltam, desta vez
com mais ferramentas fazem uma abertura maior e penetram no que logo perceberam ser uma grande
descoberta. Pinturas de mamutes, cavalos, cervos, criavam grandes painis. Mais tarde emocionados,
relataram sua experiencia ao mundo.
Descobrindo a Antiguidade Humana
As perguntas provenientes da Unidade de tempo I so muitas: quem eram estas pessoas, por que faziam isto,
idade, sexo, qual o significado da caverna, quais suas crenas, etc. Porm estas no so respostas simples e
no so respostas que permanecem neste determinado perodo, so perguntas que responderiam o que ser
um ser humano hoje.
As jias da humanidade como a inteligncia, a linguagem e tecnologia, que at ento faziam superior a outros
seres, tiveram um abalo e serviram de incmodo ao confronto com nossa origem irracional. Claro que no
foram apenas as cavernas descobertas que fomentaram tais discusses, outras cincias comeavam a surgir,
outros estudos consolidavam-se. A descoberta e interaco com outras novas culturas tambm fizeram
aumentar os questionamentos. Teorias e normas antigas comeavam a cair por terra. No necessrio
dizer que a Igreja era um dos maiores opositores a estas novas teorias e descobertas.
A tecnologia tambm foi um factor que incentivou um novo pensamento. Novos inventos, novas
perspectivas, novas motivaes, novos passos. Foi-se atenuando a diferena entre crebro e mente e
inteligncia e conscincia humana.
Os visitantes da caverna do sculo XVII, no desprezavam aquilo que viam, apenas ignoravam sua
importncia, por no saberem que as representaes eram provas que a origem do homem era muito mais
antiga do que at ento pensa-se, para estes eram apenas desenhos deixados por um visitante anterior.
Como j foi dito, o surgimento de outras cincias foram determinantes para esta evoluo do pensamento
ocidental entre a linha de tempo I e II, entre estas cincias est a geologia, que foi capaz de dizer que a
origem da prpria Terra seria muito mais antiga. Descoberta de fsseis foram de grande valia embora de
inicio serviram para explicar apenas teorias da Bblia como o dilvio por exemplo.
Sem dvida a publicao que causou maior discusso foi a teoria de Darwin sobre a origem das espcies e a
seleco natural. No era uma apenas uma questo que rebatia o criacionismo mas lidava com valores
morais e sociais ao dizer que homem descendia do macaco e no era mais uma criao de um ser supremo,
divino.
A impossibilidade at o momento de uma demonstrao fez-se a importncia de estabelecer parmetros mais
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cuidadosos ao desenvolvimento de hipteses. A reunio de dados e matrias de forma a criar uma hiptese
coerente era um factor determinante para que teorias no passassem por devaneios e epifanias. A
investigao consistia em qual base de dados se debruar e certamente aquela que conseguissem juntar o
maior nmero de campos, conseguiria maiores resultados. Darwin foi muito prudente ao lanar suas
afirmaes pois at ento poucas eram as evidncias. Mas isto no impediu o grande furor na comunidade
cientfica. Para alm de tudo j se dividiam a pr-histria do homem mesmo que sem grandes referncias de
um modo muito parecido como ainda hoje (Idade da Pedra, do Ferro e Bronze).
Arte Paleoltica
O maior nmero de descobertas foi acentuando ainda mais esta revoluo um tanto quanto perturbadora, o
aprimoramento dos estudos levavam novas evidncias, assim como pode-se dizer, a prpria curiosidade
por povos primitivos actuais contriburam para o desenvolvimento destas teorias e novas descobertas. As
Exposies Universais eram grande reflexo de como o interesse da sociedade sobre todas estas cincias
estavam a aumentar. Mesmo assim muitos dos pesquisadores forma acusados de fraude pela impossibilidade
de terem suas descobertas comprovadas.
Sobretudo na arte mvel (ferramentas, utenslios e adornos) e a descoberta do perodo Glacial provaram a
existncia de animais j extintos. A prpria diferena entre a arte parietal e mvel foi objecto de grande
discusso. E a comprovao de uma conscincia primitiva passou a ser discutida. O uso de vrias tcnicas,
aproveitamento de formas, a noo de comportamento sugerem mais que uma simples representao. Cada
vez mais a ideia do selvagem deixa de existir, e como um motor existente at os dias actuais, uma evoluo
tcnica tambm causa uma diferena na forma como arte feita.
Novas questes eram acrescentadas, pois j sabia-se que no era uma questo de "L'art pour l'art" como
acreditava-se, passava-se a dividir a arte mvel como secular e a parental como sagrada, embora este fosse
um conceito que tinha como referncia um pensamento ocidental daquele momento.
Altamira foi sem dvida a descoberta que mais revolucionou o que ento j se conhecia sobre arte do
Paleoltico. Mais e mais questes seguiam-se, era evidente que havia uma separao, uma diviso ou um
modo de representao, mas ainda restava saber como e porque isto era feito. A prpria diviso do espao,
as tcnicas, a distino entre animais, formas e a qualidade conferem um carcter diferenciado porem no
pode-se afirmar se esto em considerao ao seu significado.
Perodos e datas
No inicio era impossvel uma datao precisa, apenas depois de 1950 foi possvel saber mesmo que
imprecisamente a idade das peas, graas a descoberta da tcnica do carbono 14. Assim pode-se definir os
perodos que j haviam sido determinados de uma maneira mais precisa, assim:
Paleoltico Inferior 3 milhes a 130.000 diversos homindeos que fizeram as primeiras ferramentas em
pedra.
Paleoltico Mdio 220.000 a 45.000 Homo Neanderthalensis caadores que utilizavam-se de
ferramentas.
Paleoltico Superior 45.000 a 10.00 considerado como o perodo de exploso criativa, na Europa
ocidental representado pelo Homo Sapiens.
Procurando respostas
Antes de tudo no podemos dizer que estes homens primitivos faziam arte com a mesma conscincia de que
temos hoje. Mesmo quando os objectos foram descobertos corriam o risco de serem mal interpretados pela
noo ocidentalizada de arte que existia at a data. Porm o prprio termo arte muito mais recente do que
pensamos. Pode-se dizer que uma inveno Romntica do sculo XVIII. Esta data no apenas uma
coincidncia, est mesmo vinculada ao interesse de investigao e a necessidade de classificao e diviso de
reas de conhecimento, um pouco parecido como vemos hoje, fazia-se necessrio o controlo e abrangncia
maior sobre o conhecimento.
Arte pela arte, era isto que os primeiros estudos imaginavam. Homem faz necessrio expressar
naturalmente sua conscincia de modo individualista, por puro prazer, por vezes sem significado, apenas pelo
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desejo inato de produzir coisas belas.
Teorias dizem que a arte surgiu do cio. Num perodo de grande abundncia de comida, tanto pelas
estratgias de caa j adquiridas como pela quantidade de animais, o homem no dedicava mais todo seu
tempo na busca por comida, possua mais tempo livre, o que tenha dado origem a novas ideias ou
simplesmente a necessidade de ocupar o seu tempo. Mas isto em comparao a tribos actuais no pode ser
explicado, pois mesmo quando em pocas mais difceis e de tempo escasso, dedicam parte do seu tempo a
produo artstica.
A arte neste perodo assim como hoje no pode ser entendida fora do seu contexto social, mesmo que feita
individualmente, revela uma derivao social feita de smbolos. Mesmo uma linguagem. Desde modo
podemos supor que as formas e animais representados so smbolos carregados de significados. O mesmo
pode se perguntar sobre a arte subterrnea e sua utilidade, por no ser uma arte contemplativa, uma arte que
no vista.
Outras cincias como antropologia, etnologia associavam-se a paleontologia para tentar explicar a origem do
homem assim como seus hbitos.
Muitas teorias sobre o significado de alguns animais foram feitas comparando-se com exemplos
contemporneos. Este tipo de analogia de passado x presente, pode ser equivocada dado que sugere que
povos tidos como primitivos e selvagens que ainda persistem estiveram parados no tempo ou seguiram o
mesmo trajecto dos anteriores apenas de modo muito mais lento.
Totemismo uma delas. Sugere que os animais ou plantas representados simbolizam cls, tanto como forma
de proteco ou como forma de reconhecimento entre si. Assim teramos o povo-guia, o povo-urso, etc,
que tomam para si qualidades e virtudes destes smbolos num carcter sagrado e ate mesmo religioso.
Estes desenhos tambm podem ser elementos de magia: desenhar um biso pode representar a morte de um
vivo, o roubo da sua forma; ou talvez em respeito aquele que serviu de alimento tratam de imortalizar sua
alma na parede ou em algum artefacto. Cultuar, pode ser garantir a sua existncia e abundncia, ou apenas
sinal de agradecimento como muito povos recentes agradecem suas colheitas.
O que importa nisto tudo reconhecer que existe algo mesmo que incompleto, porm deve-se a prudncia
na emisso de valores uma vez que provas no podem ser demonstradas. A grande dificuldade o tipo de
metodologia utilizar para chegar as respostas, j que as cincias j conhecidas valem-se de procedimentos j
determinados para se obter respostas, assim alguns procedimentos foram estabelecidos para que estas novas
ideias no caiam em descrdito por insuficincia de dados ou provas. Cinco critrios so de relevncia para
uma boa explicao:
- A explicao deve concordar com trabalhos gerais aceitados e bem argumentado de modo global
- Hipteses devem ser coerentes
- Abranger o maior nmero de dados e campos
- Deduo a partir de feitos j realizados
- Levantar mais questes
Estes no so caminhos que levam a uma resposta, mas podem apresentar solues ou alternativas mais
coerentes.
Outras vertentes ou cincias tambm tratam de explicar o mundo e todas estas questes de uma outra forma,
estruturalismo. A cincia social de Vico ou Saussure no campo da lingustica. Tambm levam factores de
grande relevncia sobre as simbologias e linguagens que chegaram at os dias actuais.
Estudos da sociedade como os de Marx tambm voltam os olhos a como a sociedade como a enxergamos
pode ser um mecanismo evoludo de necessidades e factores naturais. Um modo sincrnico /anacrnico de
olhar o presente buscando o passado, e ver o passado como uma justificativa ao presente.
Descoberta de cavernas nos anos 40 feitas por Laming-Emperaire, puseram um pouco mais de luz sobre a
real existncia de significado principalmente na arte parental e tambm sobre sua composio.
Exploso Criativa
Assim como uma descoberta de um crnio no humano no sculo XIX, antes mesmo da publicao de
Darwin, embora algumas explicaes tentassem abafar a nova descoberta, este o que foi baptizado de
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Homem de Neandertal e seria o elo entre o macaco e o homem.
Esta espcie conviveu com outra com o Homo Sapiens durante um longo perodo antes do desaparecimento
do primeiro. Foi na regio compreendida hoje entre Frana e Espanha que se deu a Revoluo do
Paleoltico Superior e a Exploso Criativa. Esta transio deu-se por diversos factores, tanto ambientais
como sociais. Mas em contrapartida a arte (ou como assim pode-se chamar criaes) no era algo passivo
como se define no lart pour lart, algo que de algum modo fez-se necessrio e acabou por ajudar guiar
uma espcie. Quase todas as evolues e organizaes neste perodo no fizeram parte de um processo
gradual, ao contrrio, a arte j desde antes via-se a aumentar gradativamente.
Contrastes
Ao olhar a coexistncia desta duas espcies levam a questes muito peculiares, so duas as teorias para a
explicao da substituio destas espcies. A primeira consiste na evoluo rpida do Neandertal para um
homem com aparncia mais moderna, a segunda foi que este homem mais moderno tenha migrado desde
frica ate Europa. A segunda a mais aceita. Facto que estes grupos ocuparam os mesmos territrios
durante milhares de anos, pensa-se que os Sapiens foram tomando o espao gradativamente. visto que
havia uma enorme movimentao dos grupos. E por conchas encontradas, de conhecimento que tambm
estiveram pelo litoral. Em sociedades muito mais organizadas que exigiam linguagens mais complexas e quem
sabe at comrcio.
Pensa-se que esta interaco entre os grupos no foi pacfica, mas talvez dada a abundncia de alimento
caa e a diferena de tcnicas de caa, proporcionaram uma no-competio, mas tambm dada as
diferenas de estruturas sociais tambm no deve ter havido convvio. Provavelmente quando houve escassez
de alimento, houve sim conflito.
As diferenas entre as duas espcies no eram apenas fsicas, mentalmente eram inferiores os Neandertais,
no eram capazes em suas habilidades fazer representaes de si mesmos e nem mesmo compreender as
representaes feitas pelos povo j um tanto quanto mais desenvolvidos. Suas ferramentas eram muito
inferiores e rudimentares, provavelmente no eram capazes de visualizar a forma adequada destas apenas
reproduziam. Um factor determinante eram os incapacidade de fazer rituais funerrios complexos o que leva
a concluir que noo de crenas e criao de mundos alternativos assim como a noo de esprito ainda no
eram visveis nestes povos.
As causas da tal exploso criativa no esto somente explicadas na evoluo neurolgica e sim mais para
um contexto social.
Uma questo de mente
Uma separao de crebro e mente evidente, uma questo actual sobre at onde a mente separada do
corpo. De que forma ou como se deu a evoluo do rgo humano capaz de criar emoes e se abstrair de
sua realidade e at mesmo criar uma outra. Mas o marco que considera-se maior importncia o momento
em que o homem tomou conscincia de si mesmo e mais alm a conscincia da sua morte. Vrias
explicaes existem. Uma que foi por muito tempo aceita mas que hoje j no faz mais sentido era o do
tamanho do crebro, mas hoje sabe-se que sim o tamanho, mas em proporo ao tamanho do corpo.
Voltando as teorias de Darwin, no chamado pecado da carne. A partir do momento em que o homem
experimentou a carne passou a desenvolver estratgias de caa, mas o homem era a presa e no o predador,
sua estrutura no permitia ser uma mquina de matar como os caadores naturais, munidos de presas e
garras. O novo caador era obrigado a ter muito cuidado e a fabricar suas prprias armas. Mesmo o homem
que no caava e alimentava-se de restos de outros animais acabou por desenvolver do mesmo modo
ferramentas para poder aproveitar os restos que existiam dentro dos ossos.
Estes conhecimentos aprendidos eram passados de gerao para gerao, fez do homem um ser cultural e
isto exigia um mnimo de organizao, o modo de aprendizagem fez a humanizao destes seres, o aumento
do crebro tambm fez mudanas no perodo de gestao, fazendo com que o beb nascesse mais
desprotegido, necessitando de mais amparo ao mesmo tempo que seu aprendizado iniciasse mais cedo e
durasse muito mais tempo. Fortalecendo assim os laos sociais, criao de meios de comunicao.
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So propostas quatro tipos de inteligncias adquiridas pelo homem: social, tcnica, natural e lingustica.
Fazendo um estudo a uma tribo, primitiva moderna Xam San e com ajuda de um linguista Wilhelm Bleek,
conseguiu dominar o idioma da tribo. Estudou uma gramtica e a fontica, criando um dicionrio, enquanto
Lloyd tomou nota de histrias, rituais, crenas e mitos da civilizao /Xam.
Um trao muito comum foi a existncia dos xams (shaman), falam de forma muito detalhada sobre os rituais
e crenas. Este factor muito importante para se entender uma organizao social. A dana era o principal
ritual religioso dos Xam. Atravs do transe os xams davam foras as tribos, a potency, estes planos
levavam a mente a novas dimenses e consequentemente a criao de imagens, frutos do inconsciente.
Embora estas vises no fossem permitidas ou alcanadas a todos, eram transmitidas pelos xams. A noo
de cosmo e imagem esto muito ligadas, o que faz o autor mais uma vez reputar a criao de imagens como
algo individual, tudo era feito em sociedade e levava vrios processos, mais propriamente quatro: o ritual
propriamente dito composto pela dana, rituais de cura, leitura das imagens e sonhos (Transes). O segundo
seria a preparao das tintas, o terceiro a pintura feita na pedra e por fim o uso das rochas, que podem ser
vrios, mas entre o principal est o da proteco.
Um estudo parecido foi realizado na Amrica do norte, mais exactamente uma tribo oeste deste pas,
Alfred Kroeber chegou ao veredicto que existem trs reas culturais semelhantes que se diferenciam apenas
por sua maneira de subsistncia. Tambm no norte dos EUA a arte rupestre associada ao xamanismo, uma
arte narrativa dos mundos ou rituais. Tambm feita atravs de transes, o xam na maioria das vezes deslocase para a caverna onde segue sua busca pelo outro mundo. A caverna simboliza a passagem para este
mundo espiritual. Os feiticeiros atribuem geralmente a autoria das imagens aos espritos, no de todo
errado, uma vez que fora de sua conscincia no so os prprios a materializarem estas vises. Alguns rituais
eram iniciticos, os jovens eram submetidos para aprenderem as condutas da tribo e definiam seu papel.
Morte, agresses, afogamentos e relaes sexuais. So alguns componentes destes ritos, todos associados
passagem para o outro mundo, ou seja a morte simblica para que seja possvel penetrar neste mundo dos
espritos. Muitas so as metforas que justificam as cerimnias e tratam de entender e ser associadas ao
povo. Tambm tratam de definir e fazer separaes de modo criar hierarquias. Isto tornava-se mais ainda
estvel pelo secretismo existente no xamanismo americano.
Isto reala a evidncia de uma aparente igual interpretao do natural e da identificao de um mundo
superior por diferentes culturas e comunidades de diferentes regies do planeta. Esta interpretao leva a
novas questes ao Paleoltico Superior Europeu e tambm a novas respostas para questes antigas. pela
assimilao das pessoas e sua interpretao as mudanas na conscincia que se unem os conceitos de
cosmologia, experincias cosmolgicas, conceitos de domnios sobrenaturais e arte. No Paleoltico Superior
do oeste da Europa muito rpida esta mudana. Aparecimento e novos instrumentos, ferramentas e
tcnicas. Mas em relao a arte, no bastava saber fazer, desenhar e pintar, era necessrio criar uma noo
social, ou seja aquela representao poderia ser entendida e partilhada por todos. Uma conscincia
elaborada o que determina a capacidade do homem de lembrar e aprender coisas, os Neandertais
possuam apenas uma conscincia primria, ou seja, poderia aprender algumas coisas porm outras eram
impossveis. Ao contrrio do que se pensava a pintura de animais e homens no foi realizada a partir das
pinturas corporais. A visualizao de imagens bidimensionais algo que deve ser aprendido e no uma
caracterstica inata do homem em associar linhas a volumes reais. Tem a ver com conscincia, mas a grande
discusso seria at onde a conscincia pode ser separada do corpo, estudos comprovam que o crebro
divido em partes que desempenham algumas funes distintas como por exemplo os sistema lmbico e
sistema tlamo cortical, todos ligados entre si, por neurnios. A memria e linguagem moderna so de
extrema importncia para o desenvolvimento social. O indivduo deve ser capaz de lembrar de factos,
imagens, at mesmo sonhos e tambm deve ser capaz de transmitir. Muitos animais sonham, mas nenhum
capaz de lembrar-se e muito mesmo transmitir a outros indivduos. Neste ponto que deu-se a primeira
diviso e separao social, de princpio nem todos eram capazes de recordar seus sonhos e imagens,
tornando-se superiores aos outros do mesmo meio. O homem no inventou as formas bidimensionais, apenas
mudou sua percepo uma vez desta forma que ele enxergava o mundo. Paleoltico Superior seguiu trs
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caminhos de representao de imagens, um deles, continuou a incluir o conjunto de imagens mentais fixado
enquanto estava a ser experienciado, outro vem desta juno de imagens transformada num padro. E o
ltimo vem da observao das imagens feitas anteriormente, deste modo, mesmo quem no tinha as vises
destas imagens era capaz de reconhece-las. A arte mvel tridimensional tem uma origem parecida. Era a
libertao da figura, geralmente animal de dentro da forma. Uma diferena era a maior variedade de tipos de
figuras e a falta de alguns elementos, deixando apenas as principais caractersticas (chifres, garras) onde
eram percebidas como as qualidades dos animais. Acredita-se que os animais representados na arte parental
eram os considerados sagrados, pois eram vistos com maior frequncia.
Uma observao das imagens nas paredes da caverna, levou a hiptese da ligao com xamanismo, assim
como em tribos actuais. As diferenas sensoriais proporcionadas pela caverna eram um exerccio a esta
memria e capacidade de representao. A falta do ambiente externo induzia a mente a buscar a imagem do
meio que ficava impressa. Era quase uma criao de um outro mundo tendo como referncia o que
enxergavam a volta. Isto levava a criao de smbolos e crenas e at mesmo medo dos prprios espritos
frutos de sua mente. Levava a criao e noo de conscincia colectiva. O facto de a caverna ter suas
limitaes, sobretudo a falta de luz, induzia mesmo aqueles que no mentalizavam certas vises a terem uma
possibilidade de ver de modo no to ntido, pode ser que esta distoro provocada pelo ambiente os faziam
acreditar se tratar de algo no material. Hoje temos conscincia do efeito, ou sensaes que podemos
experimentar ao entrar numa caverna, porm no sabemos qual impacto este mesmo acto teria no povo do
paleoltico. Um estudo de Scrates sobre a mente a dividiu em quatro partes, inteligncia, razo, f e iluso.
Se olharmos com mais ateno percebemos que uma liga-se a outra de modo a criar ate mesmo uma linha
em comum.
Isto leva a mais questes a cerca de como se organizava isto, mais questes so definidas.
-Maneiras como eram feitas
-Espaos utilizados
-Implicaes sociais
Seguramente existia uma organizao e estrutura associada a forma da caverna, tem de se analisada a
topografia das cavernas com uma perspectiva social. Ao faze-lo identifica-se reas de actividades espaos
que esta gente se comportava no que se considerava apropriado e nos quais levavam ao cabo rituais
pertinentes aos locais. No foram utilizadas de modo isolado, existiam ideias compartidas sobre o que
deveria ser apropriado, porem era certo que tambm existia um tipo de estrutura, conjunto de crenas sobre
as cavernas que no eram impostas e sim um modo malevel onde a esta gente se inspirava e ao cabo que se
manipulava em certo modo.
Certamente existia uma relao entre as crenas e a forma da caverna, assim como a estrutura social e a
topografia.
Uns exemplos esto nas cavernas de Gabillou e Lascaux, onde h uma ntida diviso dos espaos. Possuem
coerncias e organizao notveis, tombem muito complexas em suas topografias e adornos. Embora no
seja impossvel explicar possvel definir que toda a organizao est envolta de uma cosmologia
xamanstica, porem a maneira que com as quais eram utilizadas sobretudo de Lascaux onde as partes
contrastantes deveriam abrigar diversos rituais que iam desde a busca por vises e at reunies sociais.
A diferena entre as duas cavernas, a segunda com mais ramificaes e mais provas de diferentes actividades
e experincias. Seria imprudente definir que ali suportava um sistema social mais complexo.
O uso comum e repetitivo de alguns animais o que sugere que no foi um perodo de liberdade onde os
artistas pintavam o que bem entendiam, os motivos mantinham suas associaes e significados durante todo
o perodo. Do mesmo modo que impossvel crer que estas sociedades eram idlicas, provavelmente
existiam tenses sociais, criando-se uma dicotomia entre indivduo e sociedade. O primeiro no apenas
passivo diante as oposies de uma comunidade e alguns sabem o modo de que podem mover-se e
manipular em favor prprio os recursos da sociedade, isto no quer dizer que no aceitem ou no acredite
nas crenas deste contexto. Ao mesmo tempo os indivduos no so agentes livres, no so capazes de fazer
o que realmente querem, suas aces so tanto habilitadas como limitadas. Se um artista resolve comunicar
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algo ou um pensamento individual deve usar recursos genricos que sejam compreendidos por todos, ou
seja, limitado por sua prpria linguagem. As comunidades definem seus nveis de conscincia porm estas
so negociadas constantemente, faz parte do indivduo tentar impor suas ideias e pensamentos aos outros.
Era possvel que se utilizassem das alucinaes como meio de comunicar e impor ou simplesmente mudar
algumas regras e padres. Ou quem sabe estas eram apenas linguagens que o subconsciente utilizava para
comunicar.
O mais importante deste perodo a tomada de conscincia que o homem adquiriu sobre si e sobre seu
papel como parte de organismo. No podemos olhar para trs e imaginar estas sociedades como casos
isolados e sim como um lento caminho at nossa actual estrutura.
O mais importante como j foi comentado logo no incio deste texto no apenas buscar as respostas
correctas e sim perceber de que modo as perguntas devem ser feitas. buscar o elo que liga-nos a estes
homens. Embora parea to absurda a ideia de um homem to primitivo ser comparada a uma sociedade
que j alcanou nvel tecnolgico capaz de dominar todo um planeta e subjugar outras espcies, ainda sim
estamos a poucos milmetros desta mesma sociedade.
O que levava um homem pintar uma caverna, pode no ser to diferente do que leva ainda hoje um homem
pintar um fresco em uma igreja. Mudam-se valores e crenas e at mesmo a conscincia de sua existncia,
mas a conscincia colectiva e social prevalece.
A falta de demonstrao e o empirismo leva-nos a meias respostas ou hipteses, talvez por que ainda
enxergamos um mundo bidimensional nosso e no o deles o que podemos supor que a arte no nasceu de
uma simples necessidade, mas tornou-se algo necessrio como uma ligao de um povo e sua sobrevivncia,
um modo de manter e transferir o seu legado, representar aquilo que sua mente criava. Falando deste modo
parece exactamente o contrrio mimesis to argumentada pelos gregos. Homem tomou conscincia de sua
existncia e do mundo a sua volta e de ento j tornava necessrio a criao de um novo mundo uma vez
que do primeiro j no poderia ter todas as respostas para todas as perguntas. Creio que a morte era
sempre o ponto de coeso e ligao, o medo e a dvida de como transpassa-la gera uma conscincia
confortante de como sobrepor este obstculo, receita e indicaes a dizer que no acabou ali, h mais em
algum lado. portanto o homem em eterna luta contra sua natureza, em busca de uma outra origem etrea,
porm por meios artificiais. Ou como os estudos de Margaret Shaw tentavam decifrar ligaes entre o
mundo do homem e o mundo dos espritos traduzindo sua arte, o que para ns parece complicado, para
aquele povo era algo simples explicado por sua f. Ou apenas bruxaria, feitiaria que parece ideia to
distante mas que podem ser observados, de uma maneira diferente, at hoje em rituais na Gr-Bretanha, no
Dia de Guy Fawkes. Os bonecos ali queimados nada mais so que representaes que possuem o mesmo
significado que as pinturas para os povos antigos.
O estudo de Lewis-Williams ainda continua vivo e muitos antroplogos, arquelogos buscam estas mesmas
respostas e ainda h os que ainda dedicam-se a observao de tribos, consideradas por vezes nossos fsseis
vivos. Mas no se pode fazer uma errada analogia, estes povos no estiveram parados no tempo, apenas
pode-se observar caractersticas comuns afim de preservar a essncia em que ambos os tempos podem
compartilhar.
LEWIS-WILLIAMS, David. The mind in the cave. Consciousness and the origins of Art. London: Thames
& Hudson, 2002
LEWIS-WILLIAMS, David. The world of man and the world of Spirit: an interpretation of the linton rock
paintings. South African Museum, Cape Town, 1988
GOMBRICH. E.H. A histria da arte. Lisboa: Pblico, 2005.
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Mind In The Cave
[ 1 ]. The World of Man and The World of Spirit: aninterpretation of the linton rock paintings
[ 2 ]. Gombrich
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