0 notas0% acharam este documento útil (0 voto) 503 visualizações16 páginasVerso e Prosa - Octavio Paz
Capítulo do livro "Signos em rotação".
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octavio paz
SIGNOS
EM ROTAGAO
2 EDITORA PERSPECTIVA
AyOctavio Pas na Universidade de Cornell (1966)
VERSO E PROSA
da fala onde nocurso e sim as de atragio © repulsio. Mas
raizamento nunca porque entio a
extinguiria, E com ela, 0’ prdprio pensamento. A lingua
m, por inclinagdo natural, tende a ser ritmo. Como se
eSSeM. Ul cl ‘de gravidade, as palavras
reloram a poesia
do pensamento
poesia pertence a t6das as épocas: & a forma natural de
expresso dos homens. Nao hi povos sem poesia, mas
existem os que niio tém prosa, Portanto, pode-se” dizer
que a prosa no é, u jerente
wde sem _cangdes, mi
s. A prosa cresce em bata
contra as es _naturais do idiom:
mais perfeit
© ritmo e
do sensamento,
Enquanto © poema se apresenta como uma ordem
rosa tende a
fo berta ¢ linear. Valéry comparou a prosa com a
archa e a poesia com a danga. Relato ou discurso,
historia ou demonstragéo, a prosa é um desfile, uma ver-
dadeira teoria de idéias “ou fatos. A figura geométrica
que simboliza a prosa 6 a linha: reta, sinuosa, espiralads,
riguezague: para diante e com uma me!
precisa. Daf que os arquétipos da prosa sejam o discurso
a especulagio e a hist6ria. O poema, pelo
contrério, apresenta-se como um cfrculo ou uma esfera
algo que se fecha sbbre si mesmo, universo auto-suficiente
eno qual o fim 6 também um principio que volt
2
repete e se recria. E esta constante repetigio © recria
(0 © ritmo, maré que vai e que vem, qi
I da prosa se compro
i do idioma,
maneira do
poeta 0 wir pelas fOrgas de
traci ‘do pensamento
correspondéncias,
com boa parte do
‘© mesmo so pode afirmar de
certas novelas orientais, como Os Contos de Genji da
senhora Murasaki ou a célebre novela chinesa O Sonho
12. A primeira recorda Proust, isto
levou a ambiglidade do ro:
entre a prosa e 0 ritmo, 0 conceito e a
la 6 uma vasta alegoria a que dificilment
de que a palavra perca se’
Na re
jam do que
os que vacilam entre © apélogo, a pornografia e a
deserigéo de costumes, como 0 Chin Ping Mei.
Sustentar que o icleo do poema
significado se apresent uma. Uni
dado indivisivel e compacta: a frase poética, o verso. O
metro, ao invés disso, medida abstrata e’ independente
da imagem. A tinica exigéncia do metro 6 que cada verso
tenha as silab: tos requeridos. Tudo se pode
ima férmula de matematic:
, © sitio de Tréia e uma sucessio
de palavras desconexas, se inclusive prescindir da
palavra: basta uma fileira de silabas ou letras. Em si
asce do ritmo ea éle re
as fronteiras entre um e outro sfo confuSenderas que ve Bifurcan sho poems
senor. Ao anes uma ordem con:
dade; depos, sobrevém a tiscrdia'e no seo do clas lef da imagem ¢
estabelse-se uma ida a de imagens, acentos © pausas, si
sta rompe o circere e regtesa © mesmo deve dizer-se do verso livre contemporineo: 0s
em nov ‘© metro € medida que tende s sepe tativos do metro cederam I :
rar-se. a linguagem; 0 tmo jamais se. scpare. da. fala
porque 6 a propria fala
0 verso
iz que &u
verso livre € dada pela imagem e néo pela medida externa,
E cita os versiculos de W
do ritmico forma o mi stole © a didstole ce
abica,
posto pelo menos de
também por acentos
0 mesmo ocorre
cada verso € uma images
a respiracio para dizé-los.
As 6 @ 05 pontos
ae © poema € um fluxo ¢ refluxo ritmico de pal
um determinado nimero dePrincipio de abstragio, uma ret6
tia e uma reflexdo sBbre'nlingusgem, Duraeao paramoente
near, tende a converter-se em mecinica pura, Os seem
zadas ‘do um som com outro, consituem parte concreta
€perminente do metro. As s oscilam entre a
prosa e 0 pocma, 9 ritmo eo dhcurso. ‘Em algumas €
sgermfinicas.
Nio é est
‘A importincia da versificagio silébica revela 0
diseurso e da gramitica. —E éste predo-
‘medida explica também que as etiagdes p06
r de. igu
versificacao si
da imagem ou m
m a medida: a expresso coloqui
mntada s6bre dois versos, as mudangas
de acentos © de pausas, ete.
presenta como um regresso as formas popul
ontineas da poesia. E em suas tentativas mais extre
prescinde do metro e escolhe como meio de expressio a
a ou o verso livre. Esgotados os pod
e evocagio da rima e do metro tra
remonta a corrente, em busca da
anterior & gramatica. E encontra 0
esgrime uma filosofia da natureza e do homem fundada
Principio de analogia:
Lart romantique — 0 espiritual como no
ignificativo, recfproco, correspondente. ... tud
fico... ¢'0 poeta é apes 3, © que decifra.
io ritmica e pensamento
faces de uma mesma moeda. Gragas a
16
esta universal correspondéncia; melhor dizendo, esta cor
respondéncia nfo é outra coisa senio a manifestagio do
no subentende uma mudanga de
lade, E a0 inverso, adotar o prin-
cipio de anal fica Tegressar ao ritmo, Ao afirmar
fs podéres da versificagio acentual diante dos. artificios
do metro fixo, o poeta romfntico prociama o triunfo da
imagem s3bi € 0 triunfo da analogia sObre 0
‘© francés 6 uma
recursos da pausa ¢ da cesura
ue. © primeiro 6 0 menos
ético dos idiomas modernos, 0 menos inesperado; 0
segundo abunda em expresses estranlias © cheias de sur-
présa verbal. Daf que a revolugéo poética moderna tenba
fentidos diverso
A riqueza ter proprio
a0 teatro elisabetano, & poesia dos “metafisicas” & a dos
Nao. obstante, ridade de
, surgem reacdes de si dos om
ertar-se de novo na tradiga0
Dryden e Pope.
a0 que poderia chamar-se
ie Pope. Sobre éste
‘circumscribesséoulo a
iprimeiro’
€ varios p
‘deverse
sta: Ezra Pe
suas obras serem
heranga
jana, em Pound; Dante ¢ Baud
Joyce € mais decis
ropeus. Eliot
re rimado, & man
a falsidade di
enquanto os
Provengal
te
‘© medieval
ide da. Com:
Vietor Hu
tema nao € simplesment
moderne, mas. nostag
rais_ plena
std — que recolhe
10 pessoal aos velhos ritos de fert
jade da sociedade. mo
oema
‘duas ‘Ao mundo de salva
idem as citacdes de Dante, Buda,
Upanishad e os mitos da vegetacio
ibdivide, por si corres
‘a0 nascimento di a, A sue
te situagdo. Por um lado, os de Shakes:
is, Spencer, Webster, reflete 0
oso nascimento do
re, Nerval, 0 folelore urbano,
bios
bre-humano e s6 com Bal
ceaido e uma altetas € a um ficcioni
Ape
sesin provengal
. Em
que €a
ste mundo: A Di
salagto pessoal ot wh
suas br renascer
omg whe mundo de salva
siudem ag cllagdes de
Uponishad eos mitos da ¥
ePetbaivide, por sin vez
pond 20 eno
r Si r, Webster
nos Qi
fo. do mundo moderno; por
ia cologui
os. lzabetanos e058
Revemdhe para expressar a si
‘Com efeito, © Ne
let Prospero
me omega a falar. como um Sef
mundo ‘t 10 ¢ de ratos atravessado por
igdo, As Guerras1a Guerra Mundial; confundidos, presente e passado
a cavidade que € uma boca
is tarde, ésses mesmos fat
pessoas reaparecem, desgastados, sem perfis, flutuando a
deriva sObre uma gua cinzenta. Tod va
aquéle é nenhum. Este caos recobra a
nos colocamos diante do
roagBes © sua
© talo 20 frito, rio hi rupture
eve recorer
ia cm erengas
como iniea 0 extiso ©
Brooks, tent por eablitagio. dot sistema. de
crengas conhecido mas desacreditado"*~ Pode agora’ com
preenderse em que sentido 0 pooma de Bist € tambem
reforma poétic, nfo sem analogss com as de Milton
Pope. Ewa restauragio, mas ¢
algo contra. o.que a Inglaterra, mento,
Nostalgia de uma orde
ritmo de The Waste Lar
Sou lugar 6 ocupado pal as, desde
da unidade da cons sistemtica déste
proceso € um dos m
® mundo de valores eistios
login entre
exceto @ssoviagao. casual de
sO mundo moderno perdeu.0
ho mas cru desta austnta de dveydo
atismo da aasociagdo de idan, que mio’ etd
Fen rte eésmico ou espiital, mes pelo
caso. ‘Todo ise caos do fragmentos e.ruinssspresn.
como & anttese de um universo teol6gico, ordenado
forme on valores da Tgrea romana, © home moderne
So pei ihe € extrinho © cm nada
He se revoohece. Ba excapso. que destente todas. as
ase correspondéncss. “0 homem no ¢ avore, nem
sm ave. Est s6 em meio A ciagéo. E quando
corpo humano no rosa um cea, como queria
© ecos
ntrapartida de The Waste Land 6 a Ce
tecedente imedia
acrescentar que 0 1
20
Limbos ¢ que The Waste Land represents
verso de segundo declaracio do pr
© Inferno, mas o Purgatério?
Pound, “il miglior fabbro”, ¢ 0 mestre de F
le se deve 0 “simultan de The We
de que usa e abuse em The C
derma, ambos os poetas volvem os olhos para o passado
f atualizam a histéria: t6das as épocas so esta época.
Mas deseja efetivamente regressar ¢ reinstalar a
Cristo; Pound serve-se do passado como outra for
futuro. Per
as aventuras. A dife
lum conservador.
Para Pound a
ia 6 marcha, nio circulo, Se embarca com Odisseu
€ para regressar a Itaca, mas por uma séde de espaco
histérico: para ir além, sempre para para o futuro.
A erudigao de Pound é um banquete apés uma expedicio
de conquista; a de Eliot, a busca de uma pauta que dé
sentido & hist6ria, fixag0 20 movimento, Pound acumula
as citagées com um ar hersico de saqueador de timulos;
it ordena-as como. alguém que recolhe reliquias de um
iagem que talvez
no nos Teve a parte alguma; a de Eliot, uma busca da
ccasa ancestral
Pound est enamorado das grandes civilizagées cl
sicas ou, mais prdpriamente, de certos momentos que, nao
le, considera arquetipicos. Os Cantos sio
108 modernos — uma prese?
de épocas, nomes ¢ obras exemplares.. Nosso
mundo flutua sem diregéo; vivemos sob 0 império da
violéncia, mentira, agiotagem e grosseria porque fomos
amputades do pasado. P propée uma tradi
nos oferece tantas &
tem nenhuma. Por
do Séfocles a Frobenius. Téda sua
ca dessa tradigio que éle e seu pais perderam. Mas
essa tradigao nao estava no passado; a verdadeira tradicao
dos Estados Unidos, segundo se manifesta em Whitman,
ivre sociedade dos camaradas, a nova
Jerusalém democritica. O grande projeto histérico dos
21intengoes semelhantes.T
idade ultima entie o hom
se proclamam herdei
travia nesses. grandes cemitérios &
que sé 0 poeta pode ler
poeta, Analogia é ritmo. Yeats co
Eliot "marca 0
tiv valores
Um inventa
, dos Cantos. Esta obra, com
do mundo ¢ da histéria, carece de um centro de
Cantos nfo. a cidade nem o bem-estar coletivo
2 talvez do. Ocidente Carlos s propis-se a. recong
idiom re desde a époch de
E poesia estranha, fan i
saxbes_ sho 0s dissidentes do Ocidente
mais. signitic excéntricas em relagio &
central de nossa civ
ea de Pound e El
éncis, heterodoxos em buses
terranea — Yeats
tradigao. Dada) © em
t os — 0 expressio
essencial romantismo is da América
hindu e simbolismo francés sio
2bam para a
, sem a hipétese de uma
‘A origem de
Bastard men-
Em primeiro lugar,
do que como int
de Baudelaire e dos_simbol
Novalis e noutros poctas ¢ fi alemies, nio se trata
de um empréstimo e um estimulo. A Alemanha
‘uma atmosfera espiritual. Em alguns casos, contudo,
juve 0 transplante. Nerval néo so traduziu’ e imitou
Goethe e varios somfnticos menores: uma das Quimeras
(Difica) € diretamente inspirada em Mignon: Kennst du
das Land, wo die Zitronen bliin... A cangio \tica de
Goethe se transforma em um sonéto hermético que é um
verdadeiro templo (no sentido de Nerval: lugar de
le consagracao). A contribuigdo inglésa tambés
s alemfes deram & Franca uma visio do
mundo e um filosofia simbélica; os ingléses, um mito:
2 imagem do pocta como um desterrado, em’luta contra
(os homens © 0s astros. Mais tarde Baudelaire descobriria
Poe. Uma descoberta que foi uma rectiaglo. 0 infor
tGnio funda uma estética na qual a excecio, a beleza
irregular, & a verdadeira regra. © estranho poeta Baude-
laire
paisagens spanka desapa-
scem. A influencia da Espanha, decisiva nos séculos
XVI ¢ XVIT, 6 inexistente no século utréamont
cita, de passazem, Zorilla (Ieu-o?) e Hugo proclama seu
amor por wero. Néo deixa de ser singular
festa indiferenga, quando se pensa que a literatura espa~
hola — particularmente Calderén — impressionou pro-
fundamente 0s romdnticos alemies ¢ ingléses. Suspeito
que a razao destas atitudes divergentes € a seguinte: en-
quanto os alemies © os ingléses véem nos barracos
cespanhdis uma justificagdo de sua prépria singularidade,
08 poetas franceses procuram algo que a Espanha no Ihes
poderia dar, mas sim a Alemanha; um principio poético
contrério tradigéo.
© contagio alemio, com sua énfase na correspondén-
cia entre sonho ¢ realidade © sua is
, # reforma poética
do sistema de vers
era e € impossivel
interior do
‘© verso livre francés
70s idiomas por ser uma combinag
diversas medidas silabicas e nao de unidades +i
diferentes. Por iss a i
tido na intercomunicagio entre
rosa e verso. A poesia francesa moderna nasce com a
rosa romintica e seus precursores sfio Rousseau ¢ Cha-
teaubriand. A_prosa deixa de ser a servidora da razdo
se confidente da sensibilidade, Seu ritmo obedece
jes do coracio © a0s saltos da fantasia. Logo
se em poema. A analogia rege o
0 esbos
na do discursa ©
mmpleta a vinganga da
‘Abr ivros como Nadja, Le
paysan de Paris, Un certain Plume... verso se bene-
f © primeiro que aceita elementos
doa interomper 0 cote da
© aparecinionto. do prosafsmo.é um Altol, uma cesura
uspensio. do-dnimo, sua fungio € provocar ‘ume
ridade Estetica da, pando, flosofia’ da excegao
te fol a poesia popular ey sobretodo, o veo
gue se dase mas scimay at possb
lidades do versa das; Eliot observa que
nat_méos de Laforpue ers spenas uma comtagao ou de
forgo do alexandrino tradicional. Por. umm momento
pareceu que alo se podia ir mais stém do poeta em prosa
"fo verso lire- 0, process havia chepedo ao seu termo
final." "Mas cm 1867, um amo" anter de” sua morte,
6 publica em uina revista: Un coup de dés jamalt
Wabotine le hastrd
Primera coisa que suprende ¢ a diposgio pe
sxitica Wo. poem.” Imprestas em caracierer de’ diversos
tamantos e expessrae~ versslt, nears, bestardinhos
‘tas palavas 20 reinem ou se dspersam de uma mancira
25gue ext
nem da prosa nem da_ poesia
uum cartaz ov andncio de propaganda.
para est
caractéres d
propriamente de versos
nas de “subdivisions prismatiques de
rao entendimento © nao para o ouvido; mas um enten-
ent que ouve © VE com os sentidos interiores. A
néo é um objeto da 1 na re
nos revela ei formas fugazes, ist
é, em uma ordem
jo pode
> homem,
prisma
das
esp
ads inty conceituais © os). Ma
adiante, na mesma nota que precede a0 poema, 0 posta
9s confia que néo foi estranha & sua inspiragio a misica
tscutada em concertos. E, para tornar mais completa a
irmagao, acrescenta que © seu. texto inaugura
‘ser para 0 verso 0 que € a sinfonia
forma, insinua.
sendo o dominio da
‘ferece uma observa seu pocma
a de reunido "de poursuites particuliéres et chéres &
smps, Je vers libre et le podme
Embora a influéneia de M
na histéria da poesia moderna, dentro e fora da Franca
fndo ereio que tenham sido exploradas t6das as vias que
Esse texto abre & poesia. Talvez nesta segunda metade do
lo, gragas & invengio de instrumentos cada vez mais
perfeitos de reprodugao sonora da palavra, a forma postica
‘A. poesia. ocidental nasce
as duas artes se separaram e cada vez que se
tentou’ reuni-las © resultado foi a ua absorgio
da palavra pelo som. Ass
entfe as duas. A poesia tem a sua propria misica: &
palavra. E esta mésica, como Mallarmé demonstra, &
sta que a do verso e da prosa tradicionais. De
go suméria, mas que é testemunho de sua
contados: “la typographi
ia vez mais 0 poema tendera a ser
A poesia voltaré @ ser palavrapronun
tum perfodo, 0 da_poesia
ro: 0 ‘da poesia con-
se. © ciclo nfo se encerra winds
@ possia de René Char,
Ponge © Yves Bonnefoy se
separacio, entre pr
‘sua pobrez
rancesa desdobro
idiverso do da poesia
palavra que reflete sobre
Enfim, a poesia
se chama de “espiito frances
fora, ron paolo
20" postica mais profunda do século
e discursive se apode-
m ponto em ave cst
sprovida. pod cos. No centro. de
nagio raciocinadors,brotou ‘um bosque de
Ma ava ordem Ge cavalarta, armada dos pés 3 cabest
wmas’ cnvenenadas, A cem anos de distincia do
wismo alemo, # possiaollou a combater nas
s rontciras, "E essa rebelito foi primordialmente
Ser eontra a versifcagao
(© verso espanhol combina de modo
ancés © 0 inglés a versificagao acent
fe assim eqiidistante dos extremos déstes idiomas.
enriquez Urefa divide o verso espanhol em duas
‘acio repular — fundada em
qual nfo importa tanto @
20 dos acentos
vos mesmo no caso dam
ha verso em
pelo fato de os
ealidade, a acentuagaoyma quart e
Acrescente-se 0 val
dos agudos, a diss
as sinalefas © demais recursos que per
contagem das sllabas. Na verdade ‘nao se trata
‘mente de dois sistemas independentes, mas de
ente a qual se combatem e se sep: e
© se funder, as vers
volvem nas entranhas se express
como oposicio entre a imagem e 0 co! Entre nds
a duslidade revela-se como tendéncia para a historia e
inclinago pelo canto. © verso espanhol, qualquer que
seja a sua longitude, \consiste em uma combinaggo de
acentos — passos de’ danca — e medida sildbiea. E uma
idade ma qual se abragam dois contrérios: um que é
danga e outro que & relato linear, marcha, no. sentido
militar da palavra. Nosso verso tradicional, 0 octossilabo,
€ um verso a cavalo, feito para trotar ¢ pelejar, mas
também para dancar. A mesma dualidade se observa
fnos metros maiores, hendecassilabos e alexandrinos, que
serviram a Berceo e Ercilla para narrar ea
Ja Cruz e Dario para cantar." Nossos metros
a dana e 0 galope © nossa poesia se movimenta entre dois
pélos: © Roi
espanhol possui uma natural facilidade para contar
ssucessos herdicos ou cotidianos, com objetividade, precisio
fe sobriedad ndo se diz que o traco. dist
nossa poesia pica é o realismo, compreende-se
realismo ingéauo, © portanto de natueza muito diversa
do moderno, sempre. intelectual ¢ ideolégico, coincide
com o caréter do ritmo espanol? Verso oct
labos ¢ alexandrinos, mostram uma irresistivel’ voca¢ao
para a crénica e para a narrativa. O romance nos conduz
sempre a narrar, Em pleno apogeu da “poesia pura
arrastado pelo ritmo do octossflabo, Garcia Lorea retorna
29 anedético ¢ nio teme incorrer no pormenor descritivo.
Esses episédios e essas imagens perderiam o seu valor em
combinagSes métricas mais irregulares. Alfonso Reyes,
ao traduzir a Made, nfo tem outro remédio sendo vol
20 alexandrino. Em compensago, nossos poetas fracas-
sam quando tentam a narrativa em versos livres, como
se nota em longas ¢ desconjuntadas passagens do’ Canto
General de Pablo Neruda. (Noutros casos acerta plena-
mente, como em Alturas de Macchu Plechis; mas se
poema nio é descri¢go nem narrativa e sim canto.) Dario
fracassou também quando quis criar uma espécie de
hheximetro para as suas tentativas épicas, N&o deixa de
28
quando se pensa
que @ nossa irregular © que a
versificagao
Seja como fo
ia e pela elegincia e,
Os acentos espanhéis nos levam 3
‘como um ser extremoso © 20 mes
fempo como regio de encontro dos mundos inferiores ©
\gudos, graves, esdrixu
pancadas sdbre o couro do tambor, palmas, gritos,
janga festiva ©
uase todos os
claro-escuro, op jolenta entre isto €
mos barroces por
agua j4 esto, em germe, todos os
rastes, 0 realismo dos istics dos picaros
Mas jd se tornou cansat ir a essas duas _veias,
gémeas ¢ contrérias, da nossa tradigio. E que dizer de
ra? Poeta visual, nada mais pléstico do que suas
magens © ao mesmo tempo nada menos feito para os
olhos: hé luzes que cogam, Esta
sem cessar em cada poema’e impi
© tudo pelo tudo do
um punho. Daf a t
ju ainda nesse constante
do engenhoso.
‘versos.transparentes
Corrientes aguas, puras, as,
frboles que os ests miran
sonoros para
no obcecante © 180 citado
in de Ia Cruz. . 0 &xtase niio se
imagem, nem como idéia ou conceito, €, verdadeiramente,
29que pretends exprimir © mesmo arroubo, a
o de palavras: 0 poeta inglés re
10, ao mesmo tempo
parece se encarnar em nossa
dade que em outras. E do
tem que force}
Por isso a prosa_espanhol
i narrativa ¢ prefere a descri clo
© parénteses; s¢ a corta-
disparos,
‘da sexpente
3S casos, para que a marcha nio se torne
recorremos Js imagens. Entio 0 discurso vacila ¢ 1s
palavras se jangar. Rogamos as fronteiras do
cronistas, , todos os grandes. pr
ores espanhéis narram, contam, de ‘abandonam
con ‘Ate
eriow uma prosa
Prosa so
belos corpos
de um alto
de danzar za do
idioma favorece o fascimento de talentos extremados,
solitirids © excéntricos. Ao contrério do que acontece
Franca, entre nés a maioria escreve mal e canta bem.
Mesmo cnire os grandes escritores as fronteiras entre
prosa
rosa in
Ante 0. sim
‘da. vanguarda
experiéncias
seus juizos foram severos e incompr
cs i as for
seu tempo. Ao presador,
se € alguma coi
e do ser",
cas em sua poe!
Durante muitos anos 0 pret
classiea imps
8 entendi
regularidade —métrica
tendéncia & “regularidade” € uma inveneao
3 poetas nem 05 0%
imos e verios de outro modo. Por volta do
medievo inicia-se o apogeu da versificacio regular. M
metros regulares no f8z desaparccer a versi
trata
No primeindas. influéncias
e © contemporaneo.
smo mental
— para mais tarde reconhecer que essas
inovagses eram também, e sobretudo, uma redescoberta
pudéres verbais do castelhar
© movimento in volta de
1885 e se extingue, , durante os anos da
primeira Guerra Mundial. Na Espanha principia e ter
mais tarde: ja francesa foi predomina
dois. potas
Ei
linico escritor’ de lingua castelhana,
© estudo sdbre Ducasse foi
fora da Fr
falha a meméria, pelos ari
wurmont. A poética do modernismo, despt
palavrério da época, oscila entre o ideal es
bolista
as vézes verdadeira
entre musica © céres,”ritm:
dades
criagao
fe © mundo, os sentidos © a alma: missao d
is natural que o centro de suas preoc
\isica do verso. A teoria acompanhou a prit
laragées de Di az. Miron
corifeus do movimento, dois po
a0 tema: © pe
nes Freyre. Os
30 do verso 6 a unidade ritm)
‘Seus estudos
compdem os
labas;, adi (os do francés,
lés e do alemio; ¢ ressuscitaram muitos que tinhat
‘na Espanha,
boos de ve
decisive, a meu ver, foi 0 ©
Castro. No coméso do poetas
m estas novidades. joria foi
‘modernista”, mas
poet
im frimeiro mo-
da escola; depois,
palavra
jonais e do verso livre ©
‘Ambos sofre!
e de seus epi
ambos aproveitaram
Yeats, mais generoso, c
Pound; Jiménez 2 Gi
nde uma poesia carregada que
‘se tornatransparente; ambos
para escrever seus. melhores poemas
morte foi a carreira
is as suas mudancas J
Nio houve evelugéo sim maturagdo, cres:
€ como a da érvore que muda
io foi a simbolista: € ©
"Ao dizer isto
se muitas vézes. A critice
o segundo e no terceiro Jiménez um
‘negador do smo’: como poderia sf: t.
Bs suas conseqiiéncias mais extremas ¢, acrescentarc
33vida postica, Esta
diante da paisagem tr te
paisagens que
iinicamente que
ido? A missio do poeta, diz-nos, néo é salvar
jomem mas salvar 0 mundo: nomeé-lo. “Espacio € um
dos momentos da co
texto capital
técnico © 0 da : n francés
cou om inglés . fala urbana,
Surgem humor 8 conversagio, a collage
verbal. Co e, primeiro, "0 'verda
e é ugones, um dos a
vez se deveria dizer
). Em 1909 publica Li
E Laforgue, mas um Laforgue
0 terreno
Planicie sul-americana
le na mesa do poeta como
© mexicano Lopez, Velarde recolhe
igones. Eo pri
meiro que, na verdade, ouve as pessoas falarem ©
Percebe nesse burburinho confuso'o marulho do. rit
& misica do tempo. O monélogo de Lopez Velarde 6
inquictante porque € composto de duas vozes: 0 “outro”.
‘nosso duplo ¢ nosso. desconhecido, aparece por fim no
poema, dessa época "Jiménez ¢ Machado
proclamam av linguagem popular". ‘A diferenga
com os hispano-americanos é decisiva, A “fala do povo!
vaga nos30 que vem de Herder, néo € a mesma’ coisa
linguagem efetivamente falada nas cidades de noss
A primeira € uma nostalgia do passed
heranca literiria € seu modélo € a cancio tradi
segunda é uma reali: no poem
& tempo
‘Na Espanha 6 por
menor, José Moreno Villa, descobrird
da frase coloqu
na Espanha; grande © pol
a apreciagio de su
obra: aislets. princi que relies
nt lieguagem falada¢ imagem néo'é um
verso, mas em prosa:o grande Ramén Gomer dei
Em 1930 surge a Disgo, que divulen
o grupo de poctas mais rico singular
io. XVI
Albert, Laie Cerna
Nio esrevo umn penoram
senve me toct demas
moderna de nossa agua & mais um exem
blo das relapses entre prost e verso, ritmo e metro, "A
Scsrisdopoderia extendere 0 talino, que pono una
ura Semelante. 20 castcfhano, ou 20 alemlo, mina
mos. No que dit reapeto ao’ cspanhol, vale pons
apogee dave mie, conseqiecia
a francesa em patti
m fhextraram a correspondéncia entre fimo
© imagem poética. Mas uma vez: ritmo e imagem 40
Esta longa digresso nos leva 20 ponto dé
nagem poder dizer-nos como 0. verso,
€ também frase que possui sentido,
2M possi, como todos os vocabulos.
ieagoes. Por ext epresentacio,
omo quando falamos de uma imagem ou escultura de
Apolo ou da Virgom. Ou figura re evo
camos ou produzimos com a imag Neste sentido,
im valor psicolégico: as imagens si0
Nio so éstes seus tnicos signifi
‘nem os que aqui nos interessam. Convém advert
pois, que designamos com a palavra imagem téda forms
verbal, frase ou conjunto de frases, que o pocta diz ¢
jas compdem um poema !. Estas expressGes ver~
cadas pela retérica e se chamam com-
metéforas, jogos de palavras, parono-
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