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Aula 1 Cirurgia - FISIOLOGIA DA CICATRIZAÇÃO

1) A pele tem como principais funções proteção e controle da temperatura corporal. É subdividida em derme e epiderme. 2) As feridas são classificadas pelo agente causal, grau de contaminação e profundidade. O tratamento evoluiu ao longo da história. 3) A cicatrização ocorre em fases inflamatória, de epitelização, celular e fibroplásica, com proliferação de fibroblastos e formação de colágeno.

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Aula 1 Cirurgia - FISIOLOGIA DA CICATRIZAÇÃO

1) A pele tem como principais funções proteção e controle da temperatura corporal. É subdividida em derme e epiderme. 2) As feridas são classificadas pelo agente causal, grau de contaminação e profundidade. O tratamento evoluiu ao longo da história. 3) A cicatrização ocorre em fases inflamatória, de epitelização, celular e fibroplásica, com proliferação de fibroblastos e formação de colágeno.

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FISIOLOGIA DA

CICATRIZAÇÃO
FERIDAS E CURATIVOS

Jader Bueno Amorim


Introdução:
A pele é o maior órgão do corpo humano, tendo como principais funções:
• 1- proteção contra infecções, lesões ou traumas, raios solares;
• 2- função no controle da temperatura corpórea .
• A pele é subdividida em:
• 1- derme
• 2 -epiderme.
• Epiderme, histologicamente constituída das camadas basal, espinhosa, granulosa, lúcida e
córnea é um importante órgão sensorial.
• Derme, encontramos os vasos sanguíneos, linfáticos, folículos pilosos, glândulas sudoríparas e
sebáceas, pelos e terminações nervosas, além de células como: fibroblastos, mastócitos,
monócitos, macrófagos, plasmócitos entre outros
FERIDAS
• As feridas são conseqüência de uma agressão por um agente ao
tecido vivo.
• O tratamento das feridas vem evoluindo desde 3000 anos A.C.,
onde as feridas hemorrágicas eram tratadas com cauterização;
• o uso de torniquete é descrito em 400 A .C.; a sutura é
documentada desde o terceiro século A.C.
• Na Idade Média, com o aparecimento da pólvora, os ferimentos
tornaram-se mais graves.
• O cirurgião francês Ambroise Paré, em 1585 orientou o tratamento
das feridas quanto à necessidade de desbridamento, aproximação
das bordas e curativos.
• Lister, em 1884, introduziu o tratamento anti-séptico. No século XX,
vimos a evolução da terapêutica com o aparecimento da sulfa e da
penicilina.
CLASSIFICAÇÃO DAS FERIDAS
• As feridas podem ser classificadas de
várias maneiras:
1 - pelo tipo do agente causal;
2 - de acordo com o grau de contaminação
3 - pelo tempo de traumatismo
4 - pela profundidade das lesões.
** as duas primeiras são as mais utilizadas.
QUANTO AO AGENTE CAUSAL
• 1. Incisas ou cortantes - são provocadas por agentes cortantes, como faca, bisturi,
lâminas, etc.; suas características são o predomínio do comprimento sobre a
profundidade, bordas regulares e nítidas, geralmente retilíneas. Na ferida incisa o
corte geralmente possui profundidade igual de um extremo à outro da lesão, sendo
que na ferida cortante, a parte mediana é mais profunda.
2. Corto-contusa - o agente não tem corte tão acentuado, sendo que
a força do traumatismo é que causa a penetração do instrumento,
tendo como exemplo o machado.
3. Perfurante são ocasionadas por agentes longos e pontiagudos
como prego, alfinete. Pode ser transfixante quando atravessa um
órgão, estando sua gravidade na importância deste órgão.
4. Pérfuro-contusas - são as ocasionadas por arma de fogo, podendo
existir dois orifícios, o de entrada e o de saída.
5. Lácero-contusas - Os mecanismos mais freqüentes são a compressão: a pele é esmagada de
encontro ao plano subjacente, ou por tração: por rasgo ou arrancamento tecidual. As bordas são
irregulares, com mais de um ângulo; constituem exemplo clássico as mordidas de cão.
6. Perfuro-incisas - provocadas por instrumentos pérfuro-cortantes que possuem gume e ponta, por
exemplo um punhal. Deve-se sempre lembrar, que externamente, poderemos ter uma pequena
marca na pele, porém profundamente podemos ter comprometimento de órgãos importantes como
na figura abaixo na qual pode ser vista lesão no músculo cardíaco.
7. Escoriações - a lesão surge tangencialmente à superfície cutânea, com
arrancamento da pele.
8. Equimoses e hematomas - na equimose há rompimento dos capilares,
porém sem perda da continuidade da pele, sendo que no hematoma, o sangue
extravasado forma uma cavidade.
QUANTO AO GRAU DE CONTAMINAÇÃO

• Esta classificação tem importância pois orienta o tratamento


antibiótico e também nos fornece o risco de desenvolvimento de
infecção.
1 - limpas - são as produzidas em ambiente cirúrgico, sendo que não foram
abertos sistemas como o digestório, respiratório e genito-urinário. A
probabilidade da infecção da ferida é baixa, em torno de 1 a 5%.
2 - limpas-contaminadas – tabém são conhecidas como potencialmente
contaminadas; nelas há contaminação grosseira, por exemplo nas
ocasionadas por faca de cozinha, ou nas situações cirúrgicas em que
houve abertura dos sistemas contaminados descritos anteriormente. O
risco de infecção é de 3 a 11%.
3 - contaminadas - há reação inflamatória; são as que tiveram contato com
material como terra, fezes, etc. Também são consideradas contaminadas
aquelas em que já se passou seis horas após o ato que resultou na
ferida. O risco de infecção da ferida já atinge 10 a 17%.
4 - infectadas - apresentam sinais nítidos de infecção.
CICATRIZAÇÃO
• Após ocorrer a lesão a um tecido, imediatamente iniciam-se
fenômenos dinâmicos conhecidos como cicatrização > é uma
seqüência de respostas dos mais variados tipos de células
(epiteliais, inflamatórias, plaquetas e fibroblastos), que interagem
para o restabelecimento da integridade dos tecidos.
• O tipo de lesão também possui importância no tipo de reparação;
assim, em uma ferida cirúrgica limpa, há necessidade de mínima
quantidade de tecido novo, enquanto que por exemplo em uma
grande queimadura, há necessidade de todos os recursos
orgânicos para cicatrização e defesa contra uma infecção.
• Na seqüência da cicatrização de uma ferida fechada, temos a
ocorrência de quatro fases distintas:
• Inflamatória;
• Epitelização;
• Celular
• Fibroplásica.
FASES:
***** Fase inflamatória - O processo inflamatório é de vital importância para
o processo de cicatrização; de início, ocorre vaso-constricção fugaz,
seguida de vaso-dilatação, que é mediada principalmente pela histamina,
liberada por mastócitos, granulócitos e plaquetas com aumento da
permeabilidade e extravasamento de plasma; possui duração efêmera
de mais ou menos 30 minutos, sendo que a continuidade da vaso-
dilatação é de responsabilidade de prostaglandinas.
• Nos vasos próximos, ocorrem fenômenos de coagulação, formação de
trombos, que passam a levar maior proliferação de fibroblastos.
>> fatores plaquetários são importantes
PF4 (fator plaquetário 4) - estimula a migração de células inflamatórias
PDGF (fator de crescimento derivado plaquetário) - responsável pela atração
de monócitos, neutrófilos, fibroblastos e células musculares lisas, e
produção de colagenase pelos fibroblastos.
• Os monócitos originam os macrófagos, bactericidas, que fagocitam
detritos. Inibidores de prostaglandinas, por diminuírem a resposta
inflamatória desaceleram a cicatrização.
FASES:
• Fase de epitelização > nas bordas da ferida suturada, em cerca de 24
a 48 horas, toda a superfície da lesão estará recoberta por células
superficiais que com o passar dos dias, sofrerão fenômenos de
queratinização.
• Fase celular - No terceiro e quarto dia, após a lesão, fibroblastos
originários de células mesenquimais, proliferam e tornam-se
predominantes ao redor do décimo dia.
 Agem na secreção de colágeno, matriz da cicatrização;
 formam feixes espessos de actina
 O colágeno é responsável pela força e integridade dos tecidos.

* A rede de fibrina que se forma no interior da ferida orienta a migração e o


crescimento dos fibroblastos. Os fibroblastos não tem a capacidade
de lisar restos celulares, portanto tecidos macerados, coágulos e
corpos estranhos constituem uma barreira física à proliferação com
retardo na cicatrização.
* Após o avanço do fibroblasto, surge uma rede vascular intensa, que possui
papel crítico para a cicatrização das feridas. Esta fase celular dura
algumas semanas, com diminuição progressiva do número dos
fibroblastos.
FASES:
• Fase de fibroplasia - Caracteriza-se pela presença de
colágeno, proteína insolúvel, sendo composto
principalmente de glicina, prolina e hidroxiprolina.
> Para sua formação requer enzimas específicas que
exigem co-fatores como oxigênio, ferro, ácido ascórbico;
• São os feixes de colágeno que originam uma estrutura
densa e consistente que é a cicatriz. As feridas vão
ganhando resistência de forma constante por até quatro
meses, porém sem nunca adquirir a mesma do tecido
original.
• Esta fase de fibroplasia não tem um final definido, sendo
que as cicatrizes continuam modelando-se por meses e
anos, sendo responsabilidade da enzima colagenase.
> Esta ação é importante para impedir a cicatrização
excessiva que se traduz pelo quelóide.
Classificação quanto a intenção
• A cicatrização pode se fazer por:
1 – primeira,
2 – segunda
3 - terceira intenção.
Na cicatrização por primeira intenção, ocorre a volta ao tecido normal, sem presença
de infecção e as extremidades da ferida estão bem próximas, na grande maioria das
vezes, através da sutura cirúrgica.
Na cicatrização por segunda intenção, não acontece a aproximação das superfícies,
devido ou à grande perda de tecidos, ou devido a presença de infecção; neste caso,
há necessidade de grande quantidade de tecido de granulação.
Diz-se cicatrização por terceira intenção, quando se procede ao fechamento secundário
de uma ferida, com utilização de sutura.
• Nas feridas abertas (não suturadas), ocorre a formação de um tecido granular fino,
vermelho, macio e sensível, chamado de granulação, cerca de 12 a 24 horas após
o trauma. Neste tipo de tecido um novo fato torna-se importante, que é a contração,
sendo que o responsável é o miofibroblasto; neste caso, não há a produção de uma
pele nova para recobrir o defeito.
• A contração é máxima nas feridas abertas, podendo ser patológica, ocasionando deformidades e prejuízos funcionais, o que poderia ser evitado, através de um enxerto
de pele.
• Excisões repetidas das bordas diminuem bastante o fenômeno da contração.
• Deve-se enfatizar a diferença entre contração vista anteriormente, e retração que é um fenômeno tardio que ocorre principalmente nas queimaduras e em regiões de
dobra de pele.
Existem alguns fatores que interferem diretamente com a cicatrização normal:
1- idade
2 – nutrição
3 - estado imunológico
4 - oxigenação local
5 - uso de determinadas drogas
6 – quimioterapia
7 – irradiação
8 – tabagismo
9 – hemorragia
10 - tensão na ferida (entre outros).

• Idade - quanto mais idoso, menos flexíveis são os tecidos; existe diminuição progressiva do colágeno.
• Nutrição - está bem estabelecida a relação entre a cicatrização ideal e um balanço nutricional adequadoUma perda de 15 a 20% do
peso habitual interfere significativamente com o processo cicatricial. Níveis de albumina inferiores a 2g/dl estão relacionados a uma
maior incidência de deiscências, além de atraso na cicatrização de feridas. A deficiência de vitamina C é a hipovitaminose mais
comumente associada à falência da cicatrização de feridas. Nesses casos, o processo pode ser interrompido na fase de fibroplasia.
Doses de 100 a 1000mg/ dia corrigem a deficiência. A carência de vitamina A também pode prejudicar o processo de cicatrização. A
carência de zinco (rara, presente em queimaduras extensas, trauma grave e cirrose hepática), compromete a fase de epitelização. .
• Estado imunológico - a ausência de leucócitos, pelo retardo da fagocitose e da lise de restos celulares, prolonga a fase inflamatória e
predispõe à infecção; pela ausência de monócitos a formação de fibroblastos é deficitária.
• Oxigenação - a anóxia leva à síntese de colágeno pouco estável, com formação de fibras de menor força mecânica. A perfusão tecidual
depende basicamente de três fatores: volemia adequada, quantidade de hemoglobina e conteúdo de O2 no sangue. Assim, a anemia,
desde que o paciente esteja com a volemia adequada, só interfere na cicatrização se o hematócrito estiver abaixo de 15% (VN~36).
• Diabetes - A síntese do colágeno está diminuída na deficiência de insulina; devido à microangiopatia cutânea, há uma piora na
oxigenação; a infecção das feridas é preocupante nessas pacientes.
• Drogas - As que influenciam sobremaneira são os esteróides, pois pelo efeito anti-inflamatório retardam e alteram a cicatrização.
• Quimioterapia - Levam à neutropenia, predispondo à infecção; inibem a fase inflamatória inicial da cicatrização e interferem nas mitoses
celulares e na síntese protêica.
• Irradiação - Leva à arterite obliterante local, com conseqüente hipóxia tecidual; há diminuição dos fibroblastos com menor produção de
colágeno.
• Tabagismo - A nicotina é um vaso-constrictor, levando à isquemia tissular, sendo também responsável por uma diminuição de
fibroblastos e macrocófagos. O monóxido de carbono diminui o transporte e o metabolismo do oxigênio. Clinicamente observa-se
cicatrização mais lenta em fumantes.
• Hemorragia - O acúmulo de sangue cria espaços mortos que interferem com a cicatrização.
• Tensão na ferida - Vômitos, tosse, atividade física em demasia, produzem tensão e interferem com a boa cicatrização das feridas
Infecção:
• A grande complicação das feridas é a sua INFECÇÃO:
 os fatores predisponentes podem ser
a) locais
b)gerais.
Os locais são: contaminação, presença de corpo estranho, técnica de sutura inadequada, tecido
desvitalizado, hematoma e espaço morto.
• Causa mais comum de atraso do processo cicatricial. Quando a contaminação bacteriana
ultrapassa 100000 unidades formadoras de colônia (CFU) ou na presença de qualquer
estreptococo beta hemolítico, o processo de cicatrização não ocorre, mesmo com o uso de
enxertos ou retalhos.
• A infecção bacteriana prolonga a fase inflamatória e interfere com a epitelização, contração e
deposição de colágeno.
• Clinicamente há sinais flogísticos, geralmente acompanhados de drenagem purulenta. Nesses
casos, deve- se expor a ferida, com retirada das suturas, realizar cuidados locais e
antibioticoterapia, se necessário.

São fatores gerais que contribuem para aumentar este tipo de complicação: debilidade, idade
avançada, obesidade, anemia, choque, grande período de internação hospitalar, tempo cirúrgico
elevado e doenças associadas, principalmente o diabetes e doenças imunodepressoras.
** Outras complicações são a HEMORRAGIA e a DESTRUIÇÃO TECIDUAL.
CURATIVOS
• Por definição:
****Curativo é todo material colocado diretamente por sobre uma ferida, cujos objetivos são:
1 - evitar a contaminação de feridas limpas;
2 - facilitar a cicatrização;
3 - reduzir a infecção nas lesões contaminadas;
4 - absorver secreções,
5 - facilitar a drenagem de secreções,
6 - promover a hemostasia com os curativos compressivos,
7 - manter o contato de medicamentos junto à ferida e promover conforto ao paciente.
• Os curativos podem ser:
1 - abertos
2 - fechados, sendo que os fechados ou oclusivos são subdivididos em:
a) Úmidos
b) Secos.
Os curativos úmidos tem por finalidade: reduzir o processo inflamatório por vaso-constricção; limpar
a pele dos exudatos, crostas e escamas; manter a drenagem das áreas infectadas e promover a
cicatrização pela facilitação do movimento das células.
*As medicações tópicas podem ser veiculadas através de pós, loções, cremes, géis, pastas,
pomadas, sprays, aerosóis, etc.
O tratamento da ferida envolve os seguinte tópicos :

1 - anamnese sucinta sobre as condições em que ocorreram as lesões


2 - sinais vitais
DEFINIR:
> classificação das feridas: se existe perda de substância, se há penetração da cavidade, se
há perda funcional ou se existe corpo estranho e a necessidade de exames auxiliares.
> anti-sepsia: básicamente a irrigação vigorosa e intensa com soro fisiológico é bastante eficaz
para a diminuição da infecção.
> anestesia
> hemostasia, exploração e desbridamento: a hemostasia deve ser muitas vezes realizada
antes de qualquer outro procedimento, até em via pública.
> sutura da lesão.

• As soluções mais utilizadas nos curativos são:


soro fisiológico para limpeza e como emoliente;
soluções anti-sépticas como polvidine tópico ou tintura a 10% (PVPI – Polivinil Pirrolidona) ou cloro-
hexidine a 4%;
álcool iodado com ação secante e cicatrizante.
• o éter que remove a camada gordurosa da pele, sendo útil na retirada de esparadrapos e outros adesivos.
• Solução de benjoin
Os princípios científicos relacionados à uma curativo são:
microbiológico - técnica asséptica no manuseio do material estéril;
físico - movimentos de execução, mobilização e imobilização;
químico e farmacológico - sobre as substâncias utilizadas;
sociológicos - orientação para a paciente e família quanto aos cuidados
necessários.

• Existem alguns tipos de ferida que devem ser particularizadas:


Nas lesões por mordeduras, em princípio, as mesmas não devem ser suturadas, pois
são potencialmente infectadas; apenas naquelas que são profundas, com
comprometimento do plano muscular, este deve se aproximado.
Nas feridas por arma de fogo, a decisão da retirada do projétil deve ser avaliado caso à
caso; caso haja apenas um orifício, este não deve ser suturado, devendo-se lavar
bem o interior do ferimento, sendo que quando houver dois orifícios, um deles
poderá ser suturado.
As lesões por prego devem ser limpas e não suturadas, tomando-se o cuidado com a
profilaxia do tétano.
Substâncias mais utilizadas em curativos de feridas abertas e infectadas:

• PAPAÍNA - é uma enzima proteolítica extraída do látex da caricapapaya.


Indicação: em todo tecido necrótico, particularmente naqueles com crosta
Mecanismo de ação: ação anti-inflamatória, bactericida e cicatricial; atua como desbridante
Modo de usar: preparar a solução em frasco de vidro, irrigar a lesão e deixar gaze embebida na
solução
* Observações: a diluição é feita de acordo com a ferida: 10% em tecido necrosado, 6% nas com
exudato purulento e 2% naquelas com pouco exudato.
• HIDROCOLÓIDE - partículas hidroativas em polímero inerte impermeável
Indicação - lesões não infectadas com ou sem exudato, áreas doadoras e incisões cirurgicas
Mecanismo de ação - promove barreira protetora, isolamento térmico, meio úmido, prevenindo o
ressecamento, desbridamento autolítico, granulação e epitelização
Modo de usar - irrigar a lesão com soro fisiológico, secar as bordas e aplicar hidrocolóide e fixar o
curativo à pele
* Observações - não deve ser utilizado para feridas infectadas
• TRIGLICÉRIDES DE CADEIA MÉDIA (TCM) - ácidos graxos essenciais, lipídios insaturados
ricos em ácido linolêico
Indicação - todos os tipos de lesões, infectadas ou não, desde que desbridadas previamente
Mecanismo de ação - promove quimiotaxia para leucócitos, facilita a entrada de fatores de
crescimento nas células, promove proliferação e mitose celular, acelerando as fases da
cicatrização.
Modo de usar - irrigar a lesão com soro fisiológico, aplicar AGE por toda a área da ferida e cobrir.
* Observações - não é agente desbridante, porém estimula o desbridamento autolítico.
OUTRAS SUBSTÂNCIAS
• > Carvão ativado - nas feridas infectadas exudativas. Cobertura estéril, composta de tecido de carvão ativado impregnado
com prata, envolvido externamente por invólucro de não-tecido poroso feito de fibras de náilon, selado em toda sua
extensão. É produzido pela carbonização de raiom de viscose. Possui um sistema de poros no tecido capaz de reter
bactérias, que são inativadas pela ação da prata, diminuindo a contagem bacteriana e, consequentemente odores
desagradáveis. É uma cobertura primária e requer cobertura secundária, sendo usualmente com gazes, que deve ser
trocada diariamente ou mais de uma vez ao dia, porém o carvão deverá ser trocado assim que atingir o ponto de
saturação. É indicado para feridas infectadas ou não, deiscências cirúrgicas, úlceras vasculogênicas, feridas fúngicas,
neoplásicas, úlceras por pressão e aquelas com drenagem de exsudato moderado ou abundante É contra indicado em
feridas secas e recobertas por escara. Em lesões com pouco exsudato, o carvão ativado pode aderir e causar
sangramento durante sua remoção, principalmente nas áreas com tecido de granulação. Não deve ser cortado, pois tem
risco de dispersão de partículas de carbono no leito da ferida que atuarão como corpos

• > Alginato de cálcio - nas lesões exudativas com sangramento Os alginatos são polissacarídeos derivados do ácido
algínico, que por sua vez é obtido principalmente de algas marinhas da espécie Laminaria. É utilizado há algumasdécadas
devido a suas propriedades hemostáticas. O sódio do exsudato e o cálcio do alginato sofrem troca iônica formando um gel
solúvel de alginato de sódio. Esse gel não é aderente à ferida. A geração de íon livre de cálcio amplifica a cascata de
coagulação conferindo propriedade hemostática. É indicado para feridas exsudativas, uma vez que o exsudato é
necessário para transformar o alginato em gel. Também são utilizados para o tratamento de feridas de espessura total,
como deiscência de ferida cirúrgica, úlceras, etc. É de fácil aplicação, tem duas apresentações, em placa ou fita. Pode ser
repartido para se moldar ao tamanho da ferida, porém deve ser bem avaliado quanto sua indicação por ter custo elevado.
É classificado como cobertura primária, sendo necessária uma cobertura secundária. O alginato precisa ser trocado
apenas quando estiver bem saturado O gel emite um odor forte e tem aparência purulenta que não deve ser confundido
com infecção

• > Filme com membrana de poliuretano - para proteção de lesões profundas não infectadas. Hidrogel - É um gel
transparente, formado por redes tridimensionais de polímeros e copolímeros hidrofílicos compostos de água (78 a 96%),
uretanos, polivinil pirrolidona (PVP) e polietileno glicol. Está disponível em forma de placa e gel e requer a utilização de
cobertura secundária. Reduzem significativamente a dor, dando uma sensação refrescante, devido a sua elevada umidade
que evita a desidratação das terminações nervosas. Esse ambiente ajuda na autólise, ou seja amolece e hidrata tecidos
desvitalizados, facilitando sua remoção. Em feridas livres de tecidos desvitalizados, propicia o meio ideal para a reparação
tecidual. São indicadas em feridas com perda tecidual parcial ou profunda, feridas com tecido necrótico, áreas doadoras de
pele, queimaduras de primeiro e segundo grau, dermoabrasões e úlceras. Devido a reduzida capacidade de absorção, é
contra indicada em feridas exsudativas. No entanto existem alguns produtos que associam o hidrogel ao alginato de cálcio,
ampliando seu uso para feridas com moderado exsudato. As trocas devem ser realizadas entre 1 a 3 dias.
OUTRAS SUBSTÂNCIAS
• Os antibióticos e antibacterianos utilizados diretamente na cicatrização de feridas, na
forma de pomadas, incluem, entre outros a sulfadiazina de prata , a Kolagenase
( cloranfenicol), a nitrofurazona e associações de bacitracina, neomicina e polimixina
B.
• Embora tenha-se constatado sua eficácia na cicatrização de feridas, esta não diferiu
significativamente de tratamentos realizados com placebos, exceto para a
nitrofurazona. Muita pesquisa clínica é necessária antes que recomendações, como
estas, sejam feitas.
• Se antibacterianos tópicos são utilizados, a duração do tratamento deve ser mínima
para prevenir o desenvolvimento de resistência bacteriana.
• A utilização de agentes antimicrobianos tópicos deve ser fugaz, deve-se confiar mais
no uso de curativos úmidas e/ou secas, combinadas com lavagem antisséptica
durante a troca do curativo, para controlar infecção bacteriana.
• O ideal é o uso de antibióticoterapia ou antibioticoprofilaxia.
• As combinações de esteróides e antibióticos tópicos diminuem marcantemente à
produção de líquidos, permitindo trocas menos freqüentes de bandagens. A
superfície da ferida torna-se mais lisa, facilitando a migração epitelial e
aparentemente, a associação de antibióticos com esteróides ativa a granulação de
retração da lesão e ocorre diminuição do tamanho da lesão logo após sua aplicação.
Estudos mostram que as lesões tratadas com esteróides tópicos cicatrizaram mais
rápido do que aquelas nas quais não se utilizou esteróides. Histologicamente, não se
observou nenhuma diferença entre feridas tratadas com combinação de esteróides e
antibióticos e aqueles tratados de outra maneira.
PRINCÍPIOS PARA O CURATIVO IDEAL
(TURNER – 1982)

• Manter elevada umidade entre a ferida e o curativo


• Remover excesso de exsudação
• Permitir troca gasosa
• Fornecer isolamento térmico
• Ser impermeável à bactérias
• Ser asséptico
• Permitir a remoção sem traumas
PROCEDIMENTOS PRÁTICOS
CURATIVO DE FERIDAS SIMPLES E LIMPAS

• Lavar as mãos para evitar infecção


• Explicar o procedimento ao paciente e familiares, para assegurar sua tranqüilidade
• Reunir todo o material em uma bandeja auxiliar
• Fechar a porta para diminuir corrente de ar
• Colocar o paciente em posição adequada
• Manipulação do pacote de curativo com técnica asséptica, incluindo a utilização de luvas
• Remover o curativo antigo com pinça dente de rato
• Fazer a limpeza da incisão com pinça de Kelly com gaze umedecida em soro fisiológico, com
movimentos semi-circulares, de dentro para fora, de cima para baixo, utilizando-se as duas
faces da gaze, sem voltar ao início da incisão
• Secar a incisão de cima para baixo
• Secar as laterais da incisão de cima para baixo
• Colocar medicamentos de cima para baixo, nunca voltando a gaze onde já passou
• Retirar o excesso de medicação
• Curativo quando necessário
• Lavar as mãos
• Recolher o material
PROCEDIMENTOS PRÁTICOS
CURATIVO DE FERIDAS ABERTAS OU INFECTADAS

• As diferenças básicas, podem ser assim resumidas:


• Os curativos de ferida aberta, independente do seu aspecto, serão
sempre realizados conforme a técnica de curativo contaminado, ou
seja, de fora para dentro.
• Para curativos contaminados com secreção, principalmente em
membros, colocar uma bacia na área a ser tratada, lavando-a com
soro fisiológico a 0,9%.
• As soluções anti-sépticas mais utilizadas são a solução aquosa de
PVPI a 10% (1% de iodo livre) e cloro-hexidine a 4%.
• Quando houver necessidade de troca de vários curativos em um
mesmo paciente, deverá iniciar pelos de incisão limpa e fechada,
seguindo-se de ferida aberta não infectada, depois os de ferida
infectada, e por último as colostomias e fístulas em geral
• Utilizar máscaras, aventais e luvas esterilizadas.
Realização de medidas da ferida com uso de régua
Irrigação de solução fisiológica em ferida profunda com uso de catéter conectado a uma
seringa
Filme de poliuretano sobre úlcera por pressão estágio I
Placa de hidrocolóide sobre úlcera por pressão estágio II sacral
Hidrogel em úlcera isquêmica de membro inferior
Aplicação do carvão ativado em úlcera de perna

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