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3.nas Garras de Um Vampiro

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Nas Garras de um Vampiro

I Only Have Fangs for You

Kathy Love

Morda-me se for capaz... Sebastian adora ser vampiro! Afinal, quem no gostaria de ter eternamente vinte e cinco anos, ser solteiro e fazer um enorme sucesso entre as mulheres? Sim, sem sombra de dvida, muito bom ser imortal. A nica coisa que Sebastian leva a srio na vida seu clube noturno, o Carfax Abbey. o tipo de lugar misterioso, onde os vampiros podem ficar vontade, saindo das sombras para se alimentar e proporcionar prazer aos mortais desavisados... Wilhelmina Weiss, no entanto, est empenhada em fechar o Carfax Abbey. Ela no aprova os mtodos de Sebastian, e trabalha disfarada de garonete no bar, inventando mil estratgias secretas para tentar fechar o clube. Sebastian tem certeza de que pode convencer a bela garonete de que nada supera o xtase de uma lenta e deliciosa mordida de vampiro, mas Wilhelmina tem certeza de que pode resistir ao charme dele pelo tempo que for necessrio para faz-lo mudar de ideia... Finalmente, Sebastian encontrou uma garota que no faz o seu tipo, mas que sua alma gmea. No que ele esteja disposto a abrir mo de sua boa vida por ela, mas uma coisa certa: ele nunca ficou to encantado com uma mulher!

Digitalizao e Reviso: Projeto Revisoras

Kathy Love - Nas Garras de um Vampiro (Bianca 922)

Querida leitora, Neste fabuloso romance de Kathy Love, a jovem vampira Wilhelmina est incumbida de deter o perigoso vampiro Sebastian e impedi-lo de continuar a morder humanos. Quanto mais ela se aproxima de seu objetivo, mais prxima ela fica de Sebastian. E logo ela compreende que o maior perigo que aquele homem representa para o seu corao... Leonice Pompnio Editora

Copyright 2006 por Kathy Love Originalmente publicado em 2006 pela Kensington Publishing Corp. PUBLICADO SOB ACORDO COM KENSINGTON PUBLISHING CORP. NY. NY USA Todos os direitos reservados. Todos os personagens desta obra so fictcios. Qualquer semelhana com pessoas vivas ou mortas ter sido mera coincidncia. TTULO ORIGINAL: I Only Have Fangs for You EDITORA Leonice Pomponio ASSISTENTES EDITORIAIS Patrcia Chaves EDIO/TEXTO Traduo: Jussara Gonzales Copidesque: Paula Rotta ARTE Mnica Maldonado ILUSTRAO Yamada Taro/Getty Images MARKETING/COMERCIAL Andra Riccelli PRODUO GRFICA Snia Sassi PAGINAO Ana Beatriz Pdua Copyrigh 2010 Editora Nova Cultural Ltda. Rua Butant, 500 9 andar CEP 05424-000 So Paulo - SP www.novacultural.com.br Impresso e acabamento: Prol Editora Grfica

Kathy Love - Nas Garras de um Vampiro (Bianca 922)

Captulo I

Algum j lhe disse que voc tem um pescoo maravilhoso? Sebastian pressionou os lbios no pescoo em questo. A pele nua abaixo do lbulo da orelha da mulher estava quente e deliciosamente perfumada, e num piscar de olhos, suas presas aumentaram de tamanho. No entanto, ele reprimiu a fome e sorriu, sem-graa, quando percebeu que a mulher havia se assustado. Ela deu um pulo e voltou-se para ver quem estava tomando tamanha liberdade. A expresso de raiva, porm, dissolveu-se num sorriso alegre. Sebastian! Ela suspirou, e inclinou a cabea, de modo que os longos cabelos loiros caram sobre o ombro, expondo ainda mais o colo e o pescoo adorveis. O minsculo pulso na base do pescoo acelerou, enviando um fluxo rpido por baixo da pele bronzeada. Os olhos o examinaram com admirao e Sebastian sorriu. Sempre podia contar com as boas-vindas de Hannah. E ele precisava ser bem recebido esta noite. Depois da semana que tivera, merecia uma Hannah bastante receptiva. O nome dela era Hannah, no era? Ou seria apenas Ana? Obviamente, haviam passado algumas noites juntos no pas sado. Mas, para ser honesto, houvera muito pouca conversa envolvida. Depois disso, tinham se encontrado ali, no clube noturno, cheio de clientes e com msica alta. Ento, no ter certeza do nome dela era um erro perfeitamente perdovel e compreensvel. Hannah... Ana... Em sua mente, ele, de repente, pde ver os olhares de desaprovao no rosto dos irmos. Rhys com o semblante fechado, e Christian, mais condescendente, com a sobrancelha erguida. Voltou a concentrar-se em Hannah... bem, provavelmente Hannah. Mas o nome dela no importava, de fato. No para o que tinha em mente. Apesar disso, percebeu que a estudava, avaliando a idade que ela teria. Embora soubesse que ela, com certeza, tinha idade suficiente para estar ali no clube. Contudo, depois de ter sido chamado de volta de suas f rias se que algum pudesse chamar o tempo passado em companhia de seus irmos de frias porque a polcia havia recebido uma denncia de que o Carfax Abbey estava servindo bebida a menores, Sebastian sentiu necessidade de tomar mais cuidado. Apesar de aquela fora uma acusao ridcula. Claro, ele que no poderia contar aos policiais que seu clube jamais havia atendido menores, porque os guarda-costas que ficavam na portaria eram criaturas sobrenaturais. E seres sobrenaturais eram magnficos para detectar clientes menores de idade. Em geral, os menores sempre apresentam uma vibrao bastante forte e especfica. Juventude, nervosismo, excitao... Fcil de notar e fcil de recusar... Felizmente, a polcia havia se convencido de que a denncia era infundada. Com esse problema resolvido, Sebastian estava agora pronto para concentrar-se em assuntos mais agradveis. Precisava disso. Entre a polcia de Nova York e seus irmos, ele
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precisava de um pouco de diverso. Tambm precisava auto afirmar-se. Precisava reafirmar a si mesmo que sua existncia estava bem do jeito que era, apesar da opinio contrria dos irmos. Era solteiro, era imortal e estava feliz com as duas coisas. Sorriu para a jovem. Ol, Han... querida. Talvez fosse melhor evitar nomes. A provvel Hannah alargou o sorriso, mas estreitou os olhos com uma fome predatria que poderia envergonhar qualquer vampiro. Ela aproximou-se dele, pressionando os seios no brao forte e musculoso quando se inclinou para falar: Sebastian, senti sua falta. Ele quase gemeu com a sensao do corpo feminino contra o seu. Oh, sim, o corpo da provvel Hannah era definitivamente o lugar correto para comear a reafirmarse. Por onde voc andou? No o vi da ltima vez em que estive aqui. Voc procurou por mim? Quando? ele perguntou, fazendo questo de soar desapontamento na voz. Sbado passado. Deveria ter adivinhado. A provvel Hannah era uma das frequentadoras habituais do clube. Assduas clientes mortais que os clientes vampiros costumavam chamar de loucas por presas. Mortais que voltavam sempre ao clube noturno na esperana de ficar com um ser sobrenatural. Claro que os mortais no entendiam por que ficavam viciados. Tudo o que sabiam que o que acontecia ali no acontecia em nenhum outro lugar. Sebastian olhou por sobre os ombros da provvel Hannah e viu um grupo de mulheres olhando para ele. Sorriu e cada uma delas correspondeu com alguma forma de convite: um sorriso tentador, um bater de clios, um excitante cruzar de pernas. Todas elas querendo dizer: aqui estou eu. Ele respirou fundo, satisfeito. Deus, como era bom ser vampiro! E proprietrio de um dos mais famosos nightclubs de Manhattan. Este era seu domnio, onde reinava absoluto e onde todas as possibilidades estavam abertas. Mas por esta noite j havia feito sua escolha. Podia no se lembrar se o nome dela era Hannah ou Anna, mas ele no havia esquecido a reao dela a seu toque, o gosto dela em sua lngua. O corpo reagiu, as presas alongando-se mais um pouquinho. Gostaria de danar? Apontou para a pista iluminada por luzes de cor prpura. Ela aceitou enlaando o brao no dele, movendo-se em direo pista. O clube Carfax Abbey, nome tirado do famoso castelo de Drcula, estava cheio esta noite. Assim que se misturou aos outros danarinos, Sebastian sentiu-se inebriado pelo cheiro dos mortais, quente, doce e almiscarado, com um leve toque rstico. Em meio a todos aqueles aromas, ele sentiu a presena de outros seres sobrenaturais. A presena dessas criaturas fazia o ar vibrar como se as molculas e os tomos se agitassem, pela simples existncia deles. A sensao era to excitante quanto
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os perfumes dos humanos, mas no to tentadora. Sebastian puxou a bela loira para si e comeou a mover-se ao ritmo da msica eletrnica. Ela ergueu os braos, enroscou-se em seu pescoo e comeou a brincar com os cabelos dele. Os olhos de ambos se encontraram, e ela entrou no ritmo, instintivamente, os corpos apertados numa frico deliciosa. Adoro esta msica disse ela, os lbios roando o ouvido dele. Adoro o jeito como voc dana. Ele a estreitou contra si, mais interessado em aproveitar aquele corpo esguio do que a conversa ftil. O que poderia explicar o fato de sequer saber o nome dela. Afundou o nariz nos cabelos perfumados, sentindo o cheiro de frutas do xampu e o doce aroma do sangue correndo embaixo da pele aveludada. Mais uma ou duas msicas e ento a convidaria para seu apartamento, no andar superior. J estava no limite, mal conseguindo suportar a fome. Sexo e comida eram seus passatempos favoritos e esta noite o corpo ardia por ambos. Ol, Hannah, vejo que o encontrou. Ah! Estava certo, o nome era Hannah. Ele voltou-se para se deparar com uma ruiva maravilhosa, vestida com um corpete justssimo preto e vermelho e uma minscula saia de couro preto. Um par de botas pretas vinha at os joelhos. Sebastian comeou a falar, mas conteve-se. J havia dormido com ela tambm, ou no? Como era mesmo o nome dela? Alex?... Alice?... Elise?... Droga! Sim, finalmente eu o encontrei. V, Sebastian, ns sentimos muito a sua falta. A outra jovem, cujo nome ele tinha quase certeza de que comeava por uma vogal, sorriu, concordando. Sebastian Young! Uma terceira mulher, com exticos olhos to escuros quanto os longos cabelos, juntou-se a eles. Por onde tem andado? Colocou-se no meio das outras duas e o abraou. Ah, mas essa ele sabia o nome. Ol, Leah. A morena afastou-se e sorriu, corrigindo-o: Gia, meu querido. Ele limpou a garganta, meio sem jeito. Tem razo, desculpe, Gia. Ento, Sebastian, por que no tem vindo aqui? quis saber a ruiva, tocando-o no brao, enquanto falava. Compromissos familiares ele explicou. Na verdade, tormentos familiares. Amava seus irmos, mas eles eram recmtransformados e completamente contrrios ao hbito de morder. Em outras palavras, uns chatos depois de mortos. No que tivessem sido muito animados quando vivos. Este era o motivo de ele estar ali.
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Mas chega de conversa chata. Deixem-me oferecer bebidas para todas vocs. Levou-as na direo do bar, j pressentindo os prazeres que aquela noite prometia. Toda a extenso do balco estava ocupada por clientes, enquanto dois de seus bartenders, Nadine e Ferdinand, corriam para atender aos pedidos. Sebastian foi at a parte do balco que ficava livre para que os funcionrios pudessem apanhar os pedidos. Essa rea estava vazia, exceto por uma garonete de aparncia comum, com os cabelos pretos presos em dois rabos de cavalo no topo da cabea e culos com armao de plstico. A princpio, ele pensou tratar-se de uma mortal, o que o surpreendeu, pois era poltica da empresa jamais contratar mortais. Ento, quando se aproximou, percebeu o que ela realmente era: uma vampira. Olhou para ela quase sem acreditar no que via. Aquela criatura era uma vampira? A vibrao que ela emanava no era to bvia quanto a da maioria de seus pares. De fato, era muito fraca, mas estava l. Sebastian a estudou, atento, percebendo que a fraca vibrao no era a nica coisa estranha nela. Nem todas as vampiras eram lindas, mas todas eram atraentes, de alguma maneira. Entretanto, no havia nada de notvel naquela moa. Beleza, graa, estilo, nada! O nico diferencial, era a pele, que parecia ser mais plida que qualquer outra que ele j vira. Mesmo para uma vampira. Quando parou perto dela, Sebastian recebeu um olhar contrariado. Em seguida, ela lhe deu as costas, virando-se para apanhar a bandeja cheia de drinks, to desajeitada, que quase derrubou alguns copos. Sem olhar para ele outra vez, saiu em direo s mesas no canto do clube. Sebastian continuou a fit-la at que a voz de Nadine chamou sua ateno. O que vai ser esta noite, chefe? a moa perguntou com um sorriso malicioso nos lbios carnudos e vermelhos. Cham-lo de chefe era um tipo de brincadeira. Com um metro e oitenta de altura, poucos poderiam dizer-se chefe dela. Acrescentando-se a isso o fato de ela ser uma loba, o que nenhuma outra ali era. Alm de ser sua melhor funcionria e uma das melhores amigas. Nadine fez um gesto com a cabea na direo da garonete. Ela nova. Foi voc quem a contratou? ele quis saber. Ela assentiu. Wilhelmina? Sim. Wilhelmina? repetiu Sebastian. Deveria saber que ela s poderia ter um nome estranho. Deve estar brincando. Ela uma garota legal e precisa do emprego explicou Nadine. E nem todos ns podemos ser to perfeitos quanto voc. Ele riu. Nadine sabia que era to perfeita quanto ele. Voltou a olhar para a nova garonete. Ela limpava uma das mesas e derrubou uma taa vazia. Inclinando-se, conseguiu apanh-la pela haste um segundo antes que se espatifasse no cho. Ento, o que vai ser? repetiu Nadine.
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Gostaria de uma rodada para estas trs beldades aqui Sebastian disse, apontando para o trio que ria e se agitava atrs dele. Nadine ergueu a sobrancelha perfeita, depois riu e balanou a cabea. Apenas trs? Sebastian entendeu o comentrio. Nadine gostava de brincar com ele por causa de suas mulheres, ou melhor... pela quantidade delas. Sim, apenas trs. Tomarei o meu mais tarde. Nadine balanou a cabea outra vez. Bem, considerando-se que ficou afastado algum tempo... Tem razo ele admitiu. Ficara afastado bastante tempo e, pela maneira que a fome o estava atormentando, esta noite no tinha dvidas de que poderia satisfazer as trs mulheres. Quem sabe mais de uma vez. Voltou-se para elas, que esperavam ansiosas. E ento sorriu , o que as garotas gostariam de fazer esta noite? Wilhelmina colocou a bandeja sobre o balco do bar e soprou uma mecha de cabelo que teimava em cair nos olhos. Ajeitou o uniforme de garonete, um vestido de brocado preto de estilo asitico, com gola mandarim. A roupa a cobria do pescoo at os joelhos, na verdade, at o meio das coxas, mas sentia-se como se estivesse nua. Noite movimentada, hein? comentou Nadine, entregando um copo de bebida a Ferdinand, antes de voltar-se para Wilhelmina. Sim, e acho que no sou bastante rpida ela admitiu. Sendo do tipo recluso, acreditava que a multido e todo o barulho seriam a pior parte do trabalho em um clube noturno. Jamais soubera lidar com multides, mas no esperava que o emprego de garonete fosse se revelar to duro. Atenta aos pedidos de bebidas, ela desviava-se dos clientes que se aglomeravam no salo, sem esquecer por um minuto o verdadeiro motivo de sua presena ali. Entregou a Nadine uma lista com cerca de uma dzia de pedidos de drinks. A amiga pegou a anotao e rapidamente comeou a providenci-los. Wilhelmina ainda tinha que se equilibrar nos enormes saltos dos sapatos, outro item do uniforme a que no estava acostumada. No era de se admirar que fosse to lenta. Aproveitando o raro momento de folga, ela examinou o clube. Vampiros, lobisomens e outros mutantes de vrias espcies misturavam-se e danavam com os mortais. E os pobres mortais no faziam a mnima ideia do que ocorria ali. Ela viu quando uma vampira pegou a mo de um mortal e dirigiu-se para a porta de sada. Teve mpetos de correr atrs daquele mortal e dizer-lhe o que aconteceria depois que sassem dali. Mas j sabia, por experincia, que de nada adiantaria. Tentara vrias vezes antes e tudo o que recebera em troca havia sido olhares humanos, achando que ela era louca. Para no falar de uma vez em que um mortal ameaara chamar a polcia para prend-la, caso ela continuasse a interferir. Wilhelmina tremia de medo s de lembrar. Queria evitar aquilo a todo custo. No, seguir os mortais e dizer-lhes a verdade, definitivamente, no era a melhor maneira de proteg-los. Ela esperava que, algum dia, vampiros e mortais pudessem viver em harmonia,
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sem que os vampiros tivessem que se esconder e sem que os humanos fossem apenas fonte de alimento e de diverso para eles. Aquela era, tambm, a esperana de todos os vampiros, mutantes e das outras criaturas envolvidas na Sociedade dos Seres Sobrenaturais. Entretanto, a nica maneira daquele sonho se concretizar seria dar um fim a todas as lendas e mitos que envolviam os seres sobrenaturais. Desse modo, essas criaturas no poderiam continuar a agir como monstros de folclore. Eles tinham que perceber que suas aes estavam propagando esses mitos. Wilhelmina observou o casal que saa do clube, sentindo-se triste e aborrecida. Gostaria de fazer mais para ajudar os mortais. E ajudar os vampiros tambm, claro. Infelizmente, as mudanas verdadeiras sempre foram um processo lento. Pensar de forma geral e agir de forma localizada. Este era o motivo de ela estar aqui. Correndo a vista pelo clube, ela estudou o layout do lugar. No andar superior havia mesas e cabines reservadas, enquanto que no trreo ficava a pista de dana, lotada de casais quela hora. Esperava que seu novo plano funcionasse melhor que o primeiro. E esperava tambm que no fosse perigoso demais. Sua inteno era proteger os mortais, no achar um jeito no-sobrenatural de fazer mal a eles. E ento ela o viu. Mesmo no meio daquele mar de seres humanos bonitos e de criaturas sobrenaturais lindssimas, ele se destacava. Alto, esbelto, vestido com roupas elegantes, olhos intensos, lbios carnudos, Sebastian Young era o modelo perfeito de vampiros extremamente bonitos. A nica coisa que no combinava eram os cabelos que, em vez de pretos como os de Drcula ou de outros vampiros gticos, eram loiros como os de um surfista. Wilhelmina j ouvira dizer que ele era belo, mas mesmo assim, no estava preparada para a primeira viso dele logo no comeo da noite. Quando Sebastian se aproximou do bar, seguido por aquelas mortais, ela ficou fisicamente atrada por ele. Ela considerava-se uma pessoa prtica, difcil de se impressionar, por isso odiava admitir que ficara muito impressionada. Agora, ele danava com uma das mulheres com quem estivera no bar. Estreitava a loira nos braos, as costas dela roando em seu peito. Wilhelmina observou como ele acariciava a mortal atravs do tecido fino do vestido, com movimentos lentos para cima e para baixo, sobre o abdmen e bem abaixo da curva dos seios fartos. Engoliu em seco, dizendo a si mesma para desviar os olhos. Mas parecia impossvel no olhar para ele, nem para o que estava fazendo. Sebastian afundava o rosto nos cabelos sedosos da jovem enquanto as mos a apertavam pela cintura. Os lbios carnudos entreabriram-se quando os pressionou na curva dos ombros nus e a lngua sentiu o gosto da pele dourada. Wilhelmina sentiu os prprios lbios abrirem-se para soltar a respirao que at ento estivera presa. Que tentao, no mesmo? Ela pulou, assustada, e depois olhou para Nadine, cheia de culpa. Como?... Quem? Nadine sorriu, obviamente sem acreditar na tentativa de Wilhelmina dissimular suas emoes. Nosso chefe ela esclareceu. Aquele que voc estava olhando como se
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tivesse vontade de devor-lo. Eu no estava olhando ela afirmou. Aquilo era ridculo. Nadine, porm, no pareceu convencida. O sorriso alargou-se mais, os dentes perfeitos brilhando em contraste com a pele escura. Vou ter de apresent-la. Olhou para a pista de danas. Mas parece que agora ele est ocupado. Wilhelmina arriscou um olhar. Outra mulher havia se juntado a eles, abraando Sebastian por trs, de modo que ele ficara prensado entre as duas. Muito ocupado para dizer a verdade concluiu Nadine com um sorriso condescendente e comeou a colocar os drinks na bandeja. Wilhelmina ainda ficou contemplando o grupo por mais alguns instantes, antes de apanhar a bandeja j cheia de copos. Ento finalmente conhecera o famoso Sebastian Young. Sabia que aquilo iria acontecer mais cedo ou mais tarde, e ela no ia se deixar abalar pela presena dele. S precisava manter-se focada no motivo que a trouxera ali. No motivo que a fizera escolher aquele clube e aquele vampiro. Sebastian causava-lhe um certo desconforto. Ele era tudo o que ela desprezava em um vampiro. E planejava destru-lo.

Captulo II

Wilhelmina entregou todos os drinks antes de esgueirar-se para o quarto dos fundos. Dado o que pretendia fazer, pareceu um pouco tolo preocupar-se com os pedidos dos clientes. Mas precisava parecer uma boa funcionria. No podia dar-se o luxo de ser despedida. Mesmo que aquela tentativa no funcionasse, ela ainda no poderia deixar o clube. Para que sua sabotagem funcionasse, tinha que ter acesso aos trabalhos internos do Carfax Abbey. Carfax Abbey. At o nome do lugar era pomposo. O mesmo nome do esconderijodo mais famoso vampiro de todos os tempos. Ser que Sebastian se considerava famoso? Por tudo o que j ouvira sobre ele, tinha certeza de que sim. A Sociedade dos Seres Sobrenaturais dizia que a fome dele era insacivel e, portanto, uma ameaa real. No caminho at o cmodo que servia de depsito, Wilhelmina parava ocasionalmente para ouvir algum rudo. No havia ningum por perto, mas mesmo assim, ela sabia que teria de ser muito rpida. Olhou para o teto. A cada dois metros, mais ou menos, um sprinkler de prata saa da parede. Foi at os fundos, onde um enorme barril de metal era usado para recolher materiais reciclveis. Com cuidado, ela ergueu o barril e o colocou embaixo dos sprinklers. Depois,
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voltou para o lugar onde havia algumas caixas de cerveja quebradas e outras de papelo. Rapidamente, colocou todo o material inflamvel dentro do barril e procurou nos bolsos uma caixa de fsforos. Abriu-a e hesitou um pouco, olhando para os palitos cujas cabeas avermelhadas pareciam gotas de sangue em suas mos. O que estava fazendo? No podia continuar com aquilo. No queria que ningum se ferisse. Tudo o que desejava era proteger os humanos que, ingenuamente, vinham at ali por acreditar que o clube no era nada alm de uma casa noturna igual a qualquer outra. Talvez aquele no fosse o melhor jeito. Suspirando, ela fechou a caixa de fsforos e comeou a guard-la no bolso do vestido, quando o letreiro da casa atraiu sua ateno: Carfax Abbey, escrito em letras vermelhas como se fossem jatos de sangue caindo sobre os clientes. Wilhelmina pensou em Sebastian e em todas as coisas que ouvira a respeito dele. O jeito como ele usava as mulheres mortais, a fome insacivel, a arrogncia. Abriu a caixa de fsforos de novo. Estava fazendo a coisa certa, pelos motivos certos. Sebastian Young tinha de ser detido. Riscou o fsforo, e antes que pudesse pensar melhor, colocou fogo no papelo dentro do barril. O papel grosso demorou muito para pegar fogo. Pouco fogo e muita fumaa. Porm, finalmente, comeou a queimar. Wilhelmina deu um passo para trs, olhando e esperando que o sprinkler funcionasse antes que a fumaa acionasse o alarme de incndio. Um alarme de incndio apenas adiaria o prazer do vampiro. E ela pretendia uma real interrupo. gua espalhada por todo lado, trabalhos de limpeza e de restaurao suspenderiam as atividades nefastas do clube por um bom tempo. Ela espiou pela porta para ter certeza de que ningum fora atrado pelo cheiro da fumaa. A quantidade de fumaa j era suficiente para atrair os mortais, quanto mais os seres sobrenaturais. Mas pelo que pde observar de seu limitado campo de viso, todos continuavam ocupados bebendo, danando e socializando-se. Um estrondo atraiu sua ateno de volta ao fogo. Ela apressou-se em correr at o barril de metal. As labaredas chegavam at a borda do barril, mas estavam contidas. Felizmente. Queria o clube fechado, no destrudo. Nadine havia lhe contado que o irmo de Sebastian e a cunhada viviam em um apartamento no andar de cima do clube. E ela no tinha inteno de ferir ningum. Sentiu o calor do material queimando e a fumaa havia diminudo. Ento agora s tinha que esperar. E no teve de esperar muito. Dentro de alguns segundos, o sprinkler sobre o tambor comeou a espirrar gua como se fosse um chuveiro. Wilhelmina riu de alegria. Desta vez tinha conseguido seu intento. Os mortais dentro do clube estavam salvos e no teriam de experimentar a mordida de um vampiro. Ela prestou ateno, esperando ouvir os gritos dos clientes quando a gua fosse despejada sobre eles. De repente, silncio na pista de dana, depois centenas de ps correndo em direo sada, mas nada alm disso. Nada, alm de uma voz grave e irritada. Que diabos est acontecendo aqui? Wilhelmina virou-se e os saltos altos de seus sapatos deslizaram na gua que j se
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acumulara a seus ps. Antes que ela pudesse evitar, caiu sentada sobre a poa d'gua, o sprinkler jorrando sobre sua cabea. Aturdido, Sebastian olhava para a mulher ensopada, sentada na poa d'gua que no parava de crescer. No era exatamente isso o que ele esperava quando havia pensado em ter uma mulher a seus ps esta noite. E para ser honesto, no estava disposto a afastar-se das mulheres que queria efetivamente a seus ps. Mas quando tinha ido at o bar pedir outra rodada de bebidas, sentiu cheiro de fumaa. Seguiu o cheiro at deparar-se com aquela cena: a nova garonete no cho, encharcada at os ossos, perto do barril de reciclagem. Que diabos est acontecendo aqui? tornou a perguntar. A vampira apoiou as mos no cho e comeou a levantar-se. Sebastian ofereceu a mo para ajud-la, mas ela recusou-se a aceitar, puxando o brao. Esse movimento fez com que ela escorregasse outra vez e l se foi a moa de novo parar na poa d'gua. Voc est bem? perguntou ele, abaixando-se para ficar no mesmo nvel que ela. Wilhelmina olhava para ele atravs dos culos cheios de gua e de uma mecha dos cabelos pretos, que havia escapado daquele penteado engraado. Os dois birotes no alto da cabea, que lembravam um par de chifres, agora, depois de cados, pareciam mais orelhas de ces. Sebastian teria rido daquela imagem se seu olhar no tivesse escorregado dos cabelos para o restante do corpo. O brocado do uniforme havia aderido ao corpo benfeito, revelando cada curva, cada salincia dele. A saia, j curta, aderiu de tal forma s coxas alvas e rolias, que prometia mostrar ainda mais. Por favor, deixe-me ajud-la ele insistiu, mais preocupado do que pretendia. Entrou debaixo do jato, encharcando a camisa, mas conseguiu peg-la pelo cotovelo. Dessa vez, ela consentiu em ser ajudada. Escorregou ainda uma vez, mas finalmente conseguiu ficar de p. A nova posio no ajudou tanto quanto ele pensava. O tecido continuava grudado na pele dela, exibindo as formas arredondadas dos seios e os mamilos pontudos. A saia grudou ainda mais, formando um "V" na juno das pernas. Contemplando a viso tentadora, Sebastian sentiu o sexo pulsar dentro das calas, apesar da gua fria que ainda caa sobre ele. Soltou o brao dela imediatamente. Aquilo tudo era uma loucura. Estavam os dois de p dentro de uma poa d'gua que no parava de aumentar, olhando um para o outro. E ele estava se sentindo irremediavelmente atrado por aquela nova, estranha e molhada garonete. Droga! A imprecao de Nadine pareceu quebrar o encanto. Sebastian virou-se para ver Nadine e Ferdinand parados na porta. Deu um passo para fora da fonte de gua e passou a mo pelos cabelos ensopados. Sabia que era cheiro de fumaa disse Ferdinand. O que aconteceu? quis saber Nadine. No fao a mnima idia Sebastian respondeu. Em seguida, virou-se para Wilhelmina, O que houve? Eu... bem... comeou ela, saindo da gua tambm. Estava trmula e, felizmente cruzou os braos sobre os seios, escondendo os mamilos rgidos.

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Sebastian cerrou os dentes. Como conseguia pensar naquilo? Seu depsito estava inundado, pelo amor de Deus! Eu... Wilhelmina estremeceu de novo, o olhar fixo na gua que se espalhava lentamente em direo s caixas do caro Bourbon! Eu... estava fumando um cigarro e... acho que o joguei por acidente no tambor e comeou a pegar fogo. Voc fuma?! admirou-se Nadine. Wilhelmina voltou-se para ela, abraando-se com mais fora Hum... Sim... s vezes. Sebastian olhou, desconfiado, para a trmula mulher. Alguma coisa no se encaixava, s no conseguia descobrir o qu. Seus sentidos ainda estavam alerta por causa da visita anterior da polcia. Alm disso, pelo que tinha visto at agora, nada que envolvia aquela moa se encaixava. Ferdinand, h um registro no corredor dos fundos, perto do banheiro. Feche-o, por favor ele pediu. Deve e star assinalado. Ferdinand assentiu com um gesto de cabea e desapareceu pelo corredor. Venha disse Sebastian, estendendo a mo para Wilhelmina. Voc precisa se secar. E... e o restante do bar? Ela mordeu o lbio inferior, demonstrando nervosismo. O olhar de Sebastian acompanhou o gesto, observando como os lbios eram vermelhos e benfeitos. Vermelhos e macios... Ento irritou-se por achar a cena to fascinante. O que h com o restante do bar? perguntou ele, confuso. No h sprinklers em todo o clube? Ah disse ele, entendendo a preocupao. De fato, h, mas o sistema foi projetado para disparar apenas os jatos que sofrem aumento de temperatura. O r estante do clube est normal. Oh... ela murmurou, uma expresso no rosto que parecia desapontamento, mas Sebastian no teve certeza. Antes que ele pudesse certificar-se, o jato parou, deixando o depsito estranhamente silencioso, mesmo com o som da msica estridente no salo principal. Sebastian estalou os dedos da mo ainda estendida para ela. Venha. Vamos nos secar. Wilhelmina hesitou, encarando-o com olhos preocupados por trs das lentes cheias de gua. Ento ela concordou, mas mesmo assim, no aceitou a mo que ele lhe oferecia e ficou de p ao lado dele. Deus, como havia sido estpida! Como pudera no perceber que o incidente que causara acionaria apenas o jato perto do fogo? Devia saber disso. Aqui embaixo, venha. Wilhelmina parou, pasma com a prpria estupidez e voltou sua ateno para o homem que caminhava alguns passos frente dela. A bela camisa verde, agora toda molhada, aderia aos ombros largos e s costas musculosas. As calas, igualmente encharcadas, deixavam ver a curva das coxas fortes. Imediatamente, ela desviou os olhos
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do traseiro perfeito e preferiu fixar a ateno no som de suco dos caros sapatos ensopados, descendo o corredor. Por aqui anunciou Sebastian, olhando para trs e apontando um grande elevador de carga. Ergueu a grade de metal que servia como porta e esperou que ela entrasse. Wilhelmina olhou para o exguo espao, ansiosa. Aonde vamos? L em cima, no meu apartamento. Ela retrocedeu. Por qu? Ser que ele queria ficar a ss com ela para castig-la? A pele de seu corpo arrepiou-se e ela soube que era medo. Medo absoluto. Mas em vez de um riso malfico e da informao de qual seria o castigo, Sebastian ofereceu-lhe um sorriso encantador. Porque l que eu guardo as minhas toalhas. Quando nem assim ela se moveu, Sebastian ergueu ainda mais a grade do elevador. Por favor, entre. Se voc no se importa de ficar molhada, eu gostaria de trocar as minhas roupas. Ela hesitou mais um segundo e por fim entrou. Sebastian abaixou a grade e apertou o terceiro boto. Embora o elevador fosse grande, fora do tamanho padro, Wilhelmina sentiu-se sufocar. Sebastian, que estava do outro lado do elevador, no estava ajudando muito. O corpo forte parecia diminuir ainda mais a distncia entre eles. Olhou-o com o canto dos olhos, a presena marcante deixando-a nervosa, mais nervosa que com o espao exguo. Notou outra vez as roupas molhadas grudadas nos msculos definidos. Sorriu, forandose a olhar para o piso metlico. Era natural que estivesse nervosa, depois de todas as coisas terrveis que ouvira sobre aquele homem, disse a si mesma. Porm quando a pele arrepiou-se de novo, no teve certeza de que fosse totalmente verdade. Depois de alguns segundos que pareceram uma eternidade, o elevador parou e Sebastian ergueu a grade. Passou por ela e saiu em um corredor bastante semelhante ao dos fundos do clube com paredes de gesso sem pintura e tubulao aparente no teto. A nica diferena era que no final deste havia uma pesada porta de madeira entalhada, que dava acesso ao apartamento. Mais uma vez, Wilhelmina pensou em dizer que estava bem e pegar o elevador de volta. Ento, foi brindada com outro daqueles sorrisos e, por alguma razo que no sabia explicar, o seguiu. No entendeu bem por que o fez. No tinha nada a ganhar entrando naquele apartamento. Depois do fracasso de sua segunda sabotagem, tinha quase certeza de que no permaneceria empregada no Carfax Abbey por muito tempo. Sebastian abriu a porta e afastou-se para que ela entrasse. Wilhelmina deparou-se, ento, com um vestbulo revestido de madeira escura e paredes cor de vinho. Parou outra vez, todos os sentidos alerta, dizendo-lhe que aquilo era muito arriscado. No deveria ficar a ss com aquele vampiro. Ele no era confivel, alm de ser potencialmente perigoso. Ento, lembrou-se de que Sebastian morava com o irmo, Rhys. Conhecera Rhys por intermdio do dr. Fowler, o cientista que havia provado a verdade sobre os seres
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sobrenaturais. Rhys passara a ser seguidor do dr. Fowler, e Wilhelmina sabia que podia confiar nele. Com certeza, Rhys e sua companheira desaprovavam os hbitos do irmo. Atravessaram uma pequena cozinha e chegaram em uma espaosa sala. A sala apresentava o mesmo assoalho de madeira escura e estava decorada com um tom profundo de ameixa, toda mobiliada em tons de cinza. As paredes estavam tomadas por prateleiras cheias de livros e uma lareira de mrmore cinza-claro dava um ar acolhedor ao ambiente. Wilhelmina ficou surpresa. De fato, no era o tipo de lugar que achava que abrigaria o infame Sebastian Young. Imaginava um lugar de seduo, no este, cheio de calor e de aconchego. Devia ser influncia do irmo. Concentrou-se, tentando sentir outras presenas no apartamento. Contudo, no detectou nenhuma. Seu irmo no mora com voc? indagou. Rhys mora no apartamento em cima deste Sebastian respondeu. Eu vivia l tambm, mas desde que ele se casou com Jane, achei que deveria deix-los vontade. Reformei este lugar para mim h pouco mais de seis meses. Quer dizer que ele mesmo havia decorado aquele apartamento? Wilhelmina olhou ao redor. Onde estavam os tetos de espelhos? No que um vampiro gostasse de espelhos. Mas onde estavam os carpetes, as luzes fracas e coloridas, a msicaambiente? Teve conscincia, por fim, de que estava a ss com ele e um arrepio percorreu-lhe a espinha. Acolhedor ou no, e se ele a tivesse levado ali para cima com inteno de fazer algo nefasto? Com certeza, estava furioso com o alagamento do quarto dos fundos e poderia castig-la de alguma forma. Afastou-se dele, olhos fixos na porta: Se permanecesse calma, poderia voltar pelo corredor e chegar ao elevador antes que ele a apanhasse. Voltou a fit-lo, notando agora as pernas longas e os msculos fortes. Talvez conseguisse, talvez no. Todavia, em vez de Sebastian aproximar-se dela com jeito de vilo, afastou-se e abriu uma pesada porta de madeira do outro lado da sala. O banheiro aqui, caso queira se secar. Embora no parecesse haver nada ameaador na oferta, ela ainda estava desconfiada. Ele acendeu a luz e abriu bem a porta. Veja, um banheiro de verdade. Nada mais que isso. Sentindo-se um pouco tola, Wilhelmina atravessou a sala, devagar. O banheiro era enorme com uma rea separada para a banheira de hidromassagem. Mas aquele era o nico luxo do lugar. A decorao era em mrmore cinza, elegante e funcional. Sebastian foi para o quarto de vestir, perto do banheiro, e Wilhelmina ficou de p, na porta, observando-o. Ele apanhou uma toalha e caminhou na direo dela. Ah! Ento era isso. Agora ele ia sugerir que ela tirasse a roupa, ou algo do gnero. Ela estremeceu, mas nada aconteceu. Ele apenas parou em frente a ela, e estendeu-lhe uma toalha branca. Aqui est. E pode usar qualquer coisa que quiser. Em seguida, ele apanhou uma toalha para si mesmo e foi em direo porta.

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Espere! Wilhelmina quase gritou. Ele parou e voltou-se, curioso. Voc no.... Voc no vai me despedir? perguntou, irritada com o tom da prpria voz, mais suave e trmula do que pretendia. Sebastian balanou a cabea, negando. No. Acidentes acontecem. Ofereceu-lhe outro sorriso e saiu. Wilhelmina permaneceu imvel, a toalha nas mos. Mal podia acreditar. No ia ser despedida. Afinal seus planos para ele e para o Carfax Abbey no estavam perdidos. Ento, por que no se sentia feliz?

Captulo III

Meu Deus! O que aconteceu? Wilhelmina entrou em seu apartamento e deixou cair a bolsa no cho. Tirou os cabelos ainda molhados do rosto e descalou os sapatos encharcados, antes de responder pergunta de Lizzie, sua colega de quarto. Sentada no sof, um prato enorme de nachos no colo, Lizzie estava linda como sempre, os longos cabelos cor de conhaque sobre os ombros, o que fez Wilhelmina lembrar-se de sua aparncia de rato molhado. Bem comeou ela , disparei um sprinkler. Lizzie colocou o prato sobre a mesinha de centro e inclinou-se para a frente, excitao brilhando nos olhos azul-claros. Voc conseguiu! Depois fez uma pausa. Voc disse um sprinkler. Wilhelmina assentiu, erguendo o indicador. Por qu? O que aconteceu? Ela deixou-se cair em uma poltrona que ocupava quase todo o canto da pequena sala. Ignorou o fato de seu vestido estar encharcando as almofadas de chenil. Parece que quando voc provoca um incndio embaixo de um sprinkler apenas aquele acionado e no todos os outros. Bem, todos so acionados nos filmes. Eu sei concordou Wilhelmina, desgostosa com o fiasco e com sua confiana na verdade cinematogrfica. Mas infelizmente no foi s isso. Lizzie parou, o nacho pingando queijo no meio do caminho at a boca. Como se no bastasse ter acionado apenas um dos jatos, eu ainda escorreguei e ca na gua. Bem na frente dele. Os olhos plidos de Lizzie pareceram acender-se. Ento o super-vampiro est de volta? Sim, ele voltou para tratar da investigao policial sobre a acusao de que o
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Carfax Abbey estaria servindo bebidas a menores de idade. Essa foi muito boa disse Lizzie. Achei que fosse funcionar. Wilhelmina suspirou. Ela tambm tinha acreditado que fosse funcionar. Enfim, o nico efeito das minhas tentativas de sabotagem foi atrair o vampiro de volta a seu clube, para ser testemunha do meu tombo no alagamento que eu mesma criei Suspirou mais fundo, desta vez. E pouco provvel que isso o detenha. Lizzie balanou a cabea, mas depois sorriu para ela com simpatia. Acabou de colocar o nacho na boca e mastigou com vontade. Bem, pelo menos foi uma boa tentativa. Ela comeu outro nacho e levantou-se do sof, as pernas incrivelmente longas e elegantes, mesmo dentro dos jeans. E ele no despediu voc, no mesmo? No Wilhelmina respondeu, ainda sem ter certeza de como se sentia a respeito desse fato surpreendente. E isso bom, no ? perguntou Lizzie, desaparecendo na cozinha, sem esperar pela resposta. Wilhelmina fechou os olhos e recostou a cabea na poltrona. Apreciava o apoio de Lizzie, especialmente depois que soube que sua colega de quarto achava o envolvimento com a Sociedade dos Seres Sobrenaturais um tanto tolo. Entretanto, os sorrisos simpticos da amiga, apenas a faziam sentir-se um fracasso total. Sabia que Lizzie a apoiava porque era sua amiga. Nunca perguntava pelos detalhes, embora tivesse tentado ajudar com as idias das sabotagens. Ela parecia gostar da Sociedade, apesar de considerar grande parte de seu trabalho uma tolice. No era a favor da integrao das criaturas sobrenaturais, preferia a cura delas. Era nisso que concentrava toda a sua energia e sua pesquisa. Mas at que, e se, uma cura fosse encontrada, Wilhelmina achava que devia ajudar os mortais da melhor maneira que pudesse. Mesmo que isso envolvesse sabotar um estabelecimento de seres sobrenaturais de cada vez. Ela estremeceu, embora sua pele sem sangue no registrasse a friagem das roupas midas como registraria se ela fosse humana. Mas estava tremendo desde que se molhara e desde que... Uma imagem do proprietrio do Carfax Abbey surgiu por trs de suas retinas. De certa forma, Sebastian era exatamente como ela havia imaginado, mas, por outro lado, era bem diferente. Como a inesperada reao dele ao incidente com a gua. Ele lidara com aquilo com a leveza e a descontrao que no seriam de se esperar de um vampiro arrogante, dissoluto e malvado. Chegara at a ajudar a secar o cho. Apesar de ainda parecer o mesmo vampiro indecente ao faz-lo. E havia ainda outra reao que ela no fora capaz de prever: seu fascnio pela aparncia fsica dele. J encontrara muitos vampiros bonitos em toda sua existncia e estava preparada para conhecer Sebastian. Bem, pelo menos achava que sim. E mesmo assim, pegou-se olhando para ele o turno de trabalho inteiro que, por acaso, fora mais curto, pois ele a mandara para casa por falta de roupas secas. Algo que tambm no se deveria esperar de um vampiro infame. Wilhelmina abriu os olhos. No poderia deixar que aquelas maneiras gentis a enganassem. Aquilo certamente fazia parte do encanto para atrair as pessoas e para esconder o que ele, de fato, era. E como o dono do clube? quis saber Lizzie, l da cozinha. tudo aquilo o que a Sociedade diz que ele ?
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Wilhelmina chegava a odiar a habilidade quase animal que a amiga tinha de adivinhar seus pensamentos. No queria que ningum desconfiasse dos sentimentos que fervilhavam em seu peito naquele momento, nem de como achara intrigante a figura do proprietrio. No, no, no! Apenas o achava interessante porque ele era seu oponente... sua vingana. Uma atitude inteligente seria estud-lo, da mesma forma que seria inteligente lembrar-se de que ele era to fascinante e atraente como uma mosca para uma aranha. E ela j sabia que a mosca nunca se dava bem neste tipo de atrao. E ento? insistiu Lizzie, quando voltou da cozinha com um copo de ch gelado em uma mo e trs pacotes de biscoitos na outra. Wilhelmina balanou a cabea. Se Lizzie fosse humana, pesaria cem quilos. Tambm, se fosse humana, no teria tamanho apetite. Como esse super-vampiro? Lizzie perguntou. Ela suspirou, outra imagem de Sebastian formando-se em sua mente, olhos dourados e o sorriso matador. Perigoso... Muito, muito perigoso. Lizzie assentiu ao dar uma mordida no biscoito. E agora qual o seu novo plano de ataque? Wilhelmina suspirou. Por um momento, considerou desistir daquela idia maluca. Porm no podia fazer isso. Acreditava no que estava fazendo e tinha de ser determinada. Teria de ver o Carfax Abbey fechado. Infelizmente desperdiara os dois melhores planos. No sei ainda admitiu a contragosto. E quanto idia de esvaziar as garrafas de gim e de vodka e ench-las de gua? Wilhelmina piscou. Ser que ela realmente chegara a acreditar que aquilo poderia fechar o clube? No, isso no funcionaria. Voc tambm poderia substituir o usque por ch sugeriu Lizzie, erguendo o copo cheio do lquido mbar para demonstrar. Isso apenas custaria algum dinheiro para ele, nada mais. Provavelmente Lizzie concordou, para depois rir, divertida. Mas seria muito engraado. E se eu colocasse algo na cerveja capaz de fazer os clientes humanos ficarem doentes? : arriscou Wilhelmina. Lizzie balanou a cabea, discordando. No. Intoxicao alimentar uma pssima idia. Os humanos so muito frgeis e voc poderia acabar matando aqueles a quem pretende salvar. A lgica do argumento era irrefutvel e ambas ficaram em silncio, imaginando outras possibilidades. J sei! quase gritou Lizzie. Entro no clube antes de ele abrir as portas e ponho fogo no lugar. Se queimar at o cho, com certeza no poder ser reaberto to cedo.
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Wilhelmina meneou a cabea. Lizzie estava certa quando disse que ela no queria ferir ningum. Apenas pretendia interromper o que acontecia no clube. No era to radical a ponto de acreditar que os fins justificavam os meios. Embora alguns membros da Sociedade pensassem assim, ela s queria livrar os humanos de vampiros sdicos e parasitas. Certo murmurou Lizzie. No podemos queimar o clube. A gua no funcionou... substituir as bebidas no funcionaria... O que podemos fazer para fechar esse maldito clube por algumas noites? Achei! gritou Wilhelmina, de repente. Inspetores sanitrios. Lizzie pareceu impressionada. Sim, isso pode funcionar, se voc fizer as coisas direito. Wilhelmina sorriu. Oh, sim, desta vez faria as coisas direito! Desta vez seu plano ia funcionar direitinho. Sebastian andava pelo nightclub, cumprimentando os funcionrios por onde passava. Estavam todos ocupados com seu trabalho, preparando outra noite de divers o. Ele procurou no salo pelos cabelos escuros e os culos de armao preta, mas no os viu. A nova garonete ainda no havia chegado, ou talvez fosse seu dia de folga. Ou melhor ainda, talvez tivesse desistido do emprego. Onde est a garota nova? perguntou a Nadine, tentando manter um tom casual, enquanto acomodava-se na banqueta do bar. Nadine olhou para ele e apanhou um pacote de guardanapos. Ela deve chegar a qualquer minuto. Qual o problema com ela? O que quer dizer? perguntou Nadine sem desviar os olhos da prateleira que estava arrumando. Ele um tanto... estranha. Nadine amassou o invlucro dos guardanapos e o atirou em uma enorme lata de lixo cinza. verdade ela concordou. Mas inofensiva. Quando no est provocando incndios nos fundos do salo. Aquilo foi um acidente. Sebastian assentiu, mas sabia que no estava convencido. Havia algo no comportamento da nova funcionria que no se encaixava. Era como se ela tivesse ficado desapontada ao saber que o restante da casa no havia sido afetado. E depois, no apartamento, estava morrendo de medo dele. O medo poderia ser atribudo ao fato de que esperava ser demitida. O que qualquer outro patro teria feito. Ele ficou imaginando por que no o fizera. Voc disse que ela precisa deste emprego comeou. Por qu? Qual a histria dela? Nadine despejou cerejas em uma travessa de metal. No sei muito sobre ela. bastante reservada. Ento como pode saber... Calou-se ao ver olhar srio que Nadine lanou sobre ele.
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Senti a vibrao de que ela precisa do emprego. Havia algo... desesperado nela. No havia como Sebastian discordar. Pelo menos, havia algo desesperadamente estranho com ela. Ia dizer isso quando o comentrio de Nadine o interrompeu. Ela parecia perdida. Sebastian ficou pensativo. No fora exatamente isso o que sentira a respeito da nova garonete tambm? Apenas no fora capaz de definir como Nadine acabara de fazer. De fato, havia algo ansioso e quase perdido na moa. Ela era diferente de qualquer outra vampira que j conhecera. Tinha de admitir que estava curioso. Embora fosse propensa a acidentes, era evidente que ela no era perigosa. Alm disso, no era atraente. Outro aspecto peculiar para uma vampira. Vampiros no eram nada se no forem espetaculares. E ela no era. Exceto quando molhada, emendou. Definitivamente espetacular, ento. A imagem dela sentada na poa d'gua, o vestido grudado no alto das rolias coxas surgiu em sua mente outra vez. Sebastian cerrou os lbios, irritado consigo mesmo. No por ter notado. Afinal era isso o que mais fazia: notar as mulheres. O que o irritava era o fato de a imagem estar to viva em sua mente. J vira cenas mais provocantes, com mulheres muito mais bonitas. J vira cenas em... qual era mesmo o nome dela? Wilhelmina. Sorriu. Algo em Wilhelmina havia prendido sua ateno. A verdade era que estava ficando fora de forma. A convivncia com os irmos devia estar estragando seu estilo. E o incidente da noite anterior fora como um balde de gua fria em seus planos. Quando havia terminado a limpeza do depsito, decidira subir para seu apartamento e relaxar. Sozinho. Estava preocupado demais em saber quem teria chamado a polcia e, por mais que odiasse admitir, com Wilhelmina. Pensara mais nela do que nos malditos policiais. Suspirou, lembrando-se das trs mulheres que havia recusado. Como fora estpido! No estaria se sentindo to mal se tivesse passado a noite saciando sua fome e divertindo-se com elas. Quem sabe elas voltassem hoje, e ento ele poderia reparar seu mau comportamento. Elas o perdoariam. As mulheres sempre perdoavam. Outra vez a nova garonete ocupou seus pensamentos. Exceto ela. Wilhelmina no reagiria a ele como a maioria das mulheres, vampiras ou humanas. At Nadine era mais receptiva a seu charme... e Nadine era uma loba e tanto. Nadine uma loba, repetiu a si mesmo. Esta era a razo pela qual ela estava defendendo a nova funcionria. Os lobisomens eram protetores por natureza. Nadine, aprecio sua deciso, mas no tenho certeza de que este o lugar certo para ela. Quero dizer, olhe para Greta. Fez um gesto na direo de uma loira de longas pernas na outra extremidade do balco, conversando com Crystal, uma morena cheia de curvas. E para Crystal. Nossas garonetes so parte dos atrativos deste lugar. Elas devem ser um chamariz para os clientes. D uma chance a Wilhelmina. Aqui onde ela deve estar afirmou Nadine, totalmente convencida. Sebastian estudou a amiga e brao direito na administrao do clube. Nadine conhecia bem o carter das pessoas, outra caracterstica dos lobisomens. E confiara a ela todas as contrataes. No havia por que questionar agora.
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Entretanto, continuava a sentir-se desconfortvel. Talvez devesse ignorar a opinio de Nadine e despedir a nova garonete. Ol, Mina! Ouviu Greta cumprimentar a prpria. Ele olhou a tempo de v-la entrar no clube. Os cabelos estavam presos naquele penteado peculiar em forma de chifres e os culos de plstico escorregando para a ponta do nariz. Andava sem graa nenhuma, a pesada mochila nas costas parecendo uma corcunda. Ol ela respondeu, apressada. Wilhelmina hesitou um pouco quando seus olhos encontraram os de Sebastian. Ento, quando voltou a andar, o dedo do p esquerdo ficou preso em uma ranhura quase inexistente no cho de mrmore. Tropeou, mas conseguiu agarrar-se a das banquetas do bar, antes de cair. Sebastian levantou-se com a inteno de certificar-se de que ela estava bem, mas antes que o fizesse, ela passou por ele em direo sala dos empregados. Mina ele chamou, virando-se na direo dela. Esperava que ela fosse ficar relutante em falar com ele, mas ela virou-se para encar-lo. Sim? respondeu, os olhos desviando-se dele para Nadine e de volta para ele. Voc est bem? Assim como em seu apartamento, teve a vibrao de que ela estava assustada. Sim, estou Wilhelmina apressou-se em responder. S preciso ligar para minha colega de quarto antes do incio do meu turno. Esqueci de lhe dizer algo muito importante. Nesse instante, a mochila caiu de seu ombro e ela a agarrou por uma das tiras. Deu um para trs. S preciso... fazer uma ligao. Continuou a afastar-se de costas, depois se virou e, literalmente, fugiu para a pequena sala. Sebastian e Nadine tocaram um olhar surpreso. Espero que voc esteja certa a respeito dela. Nadine, com um olhar divertido, expressou suas dvidas. Eu tambm.

Captulo IV

Um suspiro de alvio escapou dos lbios de Wilhelmina quando entrou na sala dos empregados e a encontrou vazia. Graas a Deus! Procurou apoiar-se na parede, o corao disparado, os joelhos fracos. Mas no ltimo momento, quando a mochila tocou a parede de gesso, ela afastou-se e a tirou das costas. Colocou a enorme mochila no cho e observou o modo como o nylon se mexia e
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ondulava, como se fosse algo vivo. Claro que as criaturas ali dentro estavam vivas. E, a julgar pelos grunhidos, vivas e enfurecidas. A dona da loja de animais ficara um tanto surpresa quando ela havia se oferecido para comprar todos os ratos que tinha na loja e os colocara dentro da mochila. Bem, fizera o que tinha de ser feito. Desculpem, garotos murmurou para a mochila , mas vocs no podem estar mais estressados do que eu. A ltima pessoa que ela esperava ver no bar era Sebastian. Acreditava que o grande Sebastian Young no faria sua apario antes que a casa estivesse fervilhando de vtimas humanas. Afinal, era para isso que ele mantinha o clube, no era? No esperava que ele estivesse sentado bem ali, olhando-a com aqueles intensos olhos dourados. Ela estava preparada para o restante dos funcionrios e para atravessar o bar bem depressa, de modo que no sentissem a presena dos roedores em sua mochila. Quase estragara tudo quando o vira e seus olhos se encontraram. Foi um milagre ter conseguido levantar-se to rpido. Quando Sebastian a chamou, achou que ele tivesse sentido a presena dos ratos. Mas no. Felizmente o material emborrachado prova d'gua conseguira filtrar o cheiro dos animais. Porm, no por muito tempo. Lobisomens possuam o olfato muito apurado. Precisava acabar logo com aquilo. Foi at a porta e olhou para os dois lados do corredor para certificar-se de que ningum, especialmente Sebastian, a havia seguido. Caminho livre, voltou para a mochila e abriu o zper. Uma fonte de ratos pareceu jorrar de dentro da abertura, pisando uns sobre os outros e sobre as mos dela, arranhando-a com suas pequenas patas em seu desespero para escapar. Desculpem, rapazes murmurou de novo. Mas esto livres agora. Podem correr para onde quiserem. A dzia ou mais de ratos pareceu entender suas palavras e espalhou-se para os quatro cantos da sala. Ela os observou por alguns segundos, sentindo uma estranha conexo com os animais. Tinha vivido daquela forma por muitos anos, escondendo-se, evitando expor-se ao mundo, tentando passar despercebida. S assim conseguira sobreviver. Mas, felizmente, estava saindo do casulo agora. Levantou-se, de repente, sentindo-se menos nervosa e com mais certeza de que aquela era a coisa certa a fazer. Abriu o zper lateral da mochila e apanhou o celular. O nmero do Departamento de Sade de Nova York, que conseguira antes de sair de casa, apareceu na lista de contatos. Clicou nele e o telefone comeou a tocar. Ol. Quase deixou o aparelho cair ao tentar fech-lo rapidamente quando ouviu a voz aveludada. Tentando parecer casual, virou-se para o dono daquela maravilhosa voz. Sebastian estava encostado porta, fitando-a com ar preocupado. Ol repetiu ele. Tem certeza de que est bem? Wilhelmina piscou, incapaz de dizer o que quer que fosse, surpresa mais uma Vez que algum, sobrenatural ou humano, pudesse ser to atraente. E combinado com aquela voz, ento...
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A preocupao de Sebastian pareceu aumentar e ele entrou na sala, fechando a porta atrs de si. Wilhelmina afastou-se, percebendo que ele estivera espionando, s no sabia por quanto tempo. Tempo suficiente para ter visto os ratos? Cus, o que ia fazer agora?! Olhou para sua mochila, aberta bem no meio do assoalho. No queria ser questionada sobre a mochila, agora vazia. Ento, dando um passo para o lado, que esperava tivesse sido sutil, posicionou-se na frente da mochila. Com o calcanhar, empurrou-a para debaixo de uma cadeira. O zper bateu no p de metal de uma delas e, por um momento, ela temeu que pudesse ser um dos ratos. Para disfarar, levou a mo boca e tossiu forte, dramtica. Sebastian aproximou-se, ergueu a mo para dar-lhe uns tapinhas nas costas, mas ela esquivou-se, deixando-se cair pesadamente na cadeira sob a qual acabara de esconder a mochila. Estou bem assegurou, desejando que ele sasse logo dali. Tinha medo de que os ratos ainda no tivessem dispersado e pudessem ser detectados, para no mencionar que seu corpo estava reagindo proximidade de Sebastian. A perna dele praticamente roava seu joelho nu. Olhou, longamente, para o ponto de contato, depois forou-se a encontrar aqueles olhos intensos. Est tudo bem repetiu, apertando a mo na garganta. Apenas alergia... acho Ofereceu-lhe um sorriso forado. Eu... eu preciso muito fazer uma ligao. Ainda segurava o celular bem apertado na mo. Sebastian a estudava, e dessa vez havia uma emoo nos olhos dele, que ela no conseguia entender. E, por uma frao de segundos, poderia jurar que o olhar desceu at seus lbios. Talvez por ter percebido que o sorriso era forado. Logo descobriu que jamais seria uma boa atriz. Os olhos dourados de Sebastian apertaram-se, e antes que ela pudesse pensar em reagir, ele tomou-lhe a mo. O que houve? Wilhelmina olhou para o dedo que acariciava sua pele e demorou um pouco para perceber que ele estava traando as marcas das unhas dos ratos em sua pele clara. Oh, isso? perguntou para ganhar tempo, procurando uma desculpa, mas sua mente no podia se concentrar em nada alm daqueles dedos macios como veludo em sua pele. Parece arranho de gato arriscou ele, voltando a fit-la tios olhos. E ela murmurou, aceitando a sugesto. Eu... eu tenho um gato. Sebastian ergueu uma sobrancelha, surpreso. Gatos e vampiros no se do muito bem. Ns os assustamos. Os dedos acariciaram as pequenas marcas outra vez. Mas vejo que voc j aprendeu isso. Sim ela concordou, forando outro sorriso. Ou pelo menos ela pensou que fosse um sorriso. No podia ter certeza, uma vez que no conseguia se concentrar em nada alm dele. E de seus dedos... Quando conseguiu pensar direito, retirou a mo. Sebastian permitiu a retirada, mas continuou o contato ocular.
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Tem certeza de que est tudo bem? Ela assentiu. Sim. S preciso fazer a ligao. muito importante. Sebastian olhou-a mais de perto, e Wilhelmina teve a impresso de que ele no tinha acreditado. particular acrescentou, esperando que assim ele sasse. Por um segundo ele no se moveu, mas depois concordou. Est bem. Dirigiu-se at a porta e antes de sair, voltou-se e seus lbios se abriram como se fosse dizer alguma coisa, mas fez um gesto com a cabea e saiu. Wilhelmina soltou a respirao que nem sabia que estava segurando. Recostou-se na cadeira e ficou assim por alguns minutos, incapaz de se mover. Em seguida, apanhou o telefone e ligou outra vez. Al respondeu voz do outro lado da linha. Estava sem flego, mas a voz era determinada. Quero denunciar uma violao do cdigo sanitrio. Acho que vocs devem enviar algum imediatamente ao Carfax Abbey. O lugar est infestado de ratos. Sim... sim. Por fim, forneceu o endereo mulher do outro lado da linha. Obrigada. Com as mos trmulas, desligou e guardou o aparelho com a certeza de ter feito a coisa certa. E no tempo certo tambm. Sebastian Young acabara de provar o quanto era perigoso... e no s para os mortais, para ela tambm. J ouviu falar de algum vampiro com alergia? Sebastian perguntou a sua cunhada, Jane. Ela ergueu os olhos do computador onde estivera preparando a folha de pagamento. algum tipo de piada? Sebastian teve a estranha sensao de que era. J ouviu falar disso? repetiu. Jane meneou a cabea. No. Mas sou novata nessa coisa de vampiro. Ele no. Era relativamente velho e jamais ouvira falar em algo parecido. J ouviu falar de algum vampiro que possua um gato? Jane afastou a cadeira e o encarou com seus vividos olhos verdes. O que est acontecendo? Voc conhece a nova garonete? ele perguntou, sentando-se e pousando as mos nos polidos braos de madeira da cadeira. Wilhelmina o nome dela. No. por causa dela que voc est to agitado? Ele no estava agitado. Ento olhou para baixo e percebeu que estava agarrando a beirada da mesa. Largou a madeira e encostou-se nos espaldar da cadeira. No estava agitado. Estava... apenas confuso. No sabia o que pensar de Wilhelmina. Podia sentir emoes nela que jamais
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sentira em nenhuma outra mulher. Ansiedade, um pouco de medo e uma forte determinao tambm. Tinha a impresso de que ela estava escondendo alguma coisa. Ela diferente concluiu. Jane balanou a cabea, um sorriso perspicaz nos lbios. Oh, no, no, no nada disso que voc est pensando disse Sebastian, percebendo o rumo dos pensamentos da cunhada. Ela diferente, de uma maneira estranha e nada atraente. Assim que pronunciou as palavras, soube que no era verdade. Os olhos de Jane ficaram arregalados. Nunca ouvi voc falar assim de uma mulher. Sebastian suspirou. Jane estava certa. Ele apreciava todas as mulheres e suas palavras pareceram um tanto rudes. Que mulher? Rhys apareceu na porta do escritrio, braos cruzados sobre o peito, expresso divertida no olhar, meio parecida com a expresso de sua esposa. Droga Sebastian resmungou. As pessoas apaixonadas parecem traficantes de drogas. Vocs esto sempre tentando convencer os outros, que esto felizes solteiros, a se casar. Isto profundamente chato. Rhys sorriu, um gesto que ainda causava estranheza no irmo. Aproximou-se por trs da escrivaninha e pegou a mo da esposa. Jane levantou-se e deslizou para os braos dele. Voc deveria experimentar. No sabe o que est perdendo, meu irmozinho. Jane sorriu, concordando. Sim, experimente. Por que no? Tem medo? Sebastian rolou os olhos quando o irmo e cunhada comearam a se beijar. Fora vocs dois. E tratem de arrumar um quarto. Agora ele ordenou. Rhys afastou os lbios dos da esposa, sem deixar de fit-la apaixonadamente. exatamente o que vamos fazer. Jane exibiu um sorriso malicioso. O casal saiu do escritrio de mos dadas, deixando Sebastian ali, sozinho e esquecido. Estarei fazendo o mesmo que vocs esta noite gritou atrs deles. E ser to bom quanto. Inclinou-se na direo da porta e acrescentou. Ou melhor ainda. A risada de Jane foi sua nica resposta. Um sonoro e melodioso riso de descrena. Sebastian bufou, ento levantou-se e foi para o outro lado da escrivaninha. Fechou o programa que sua cunhada estivera usando e abriu o relatrio de vendas para examinar as cifras do ms anterior. Porm as colunas numricas ficaram embaraadas quando se lembrou dos sorrisos felizes de Rhys e de Jane. Embora apreciasse o amor que havia entre eles, no significava que desejava o mesmo para si. Sem ser convidada, a lembrana do sorriso de Wilhelmina apareceu em sua mente. Desajeitado, forado, mas ainda assim tentador. Ficou imaginando como seria um sorriso espontneo, de verdade. Seria doce, um pouco desdenhoso? Ou um pouco de ambos? Voltou a ateno para o computador. O que era aquilo? No estava interessado na vampira.
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Ela estranha, com aquele penteado engraado e os culos. Que tipo de vampira usa culos? E ela possui um gato! Todos sabem que gatos odeiam vampiros. Outra vez tentou concentrar-se no documento na tela. J tinha muito no que pensar, no precisava pensar em Wilhelmina, a dona da pele mais suave que ele jamais tocara. Praguejou, afastando-se da escrivaninha. Que fixao era aquela na nova garonete? Por que ficava relembrando cada detalhe sem importncia? Porque voc precisa exatamente do mesmo que seu irmo disse em voz alta na sala vazia. Bem, no exatamente a mesma coisa. Ele precisava de sexo livre, divertido, sem compromisso. Assim, teria controle de seus pensamentos. O som abafado da msica eletrnica no clube chamou sua ateno. Um convite para encontrar uma companheira para a noite. Desligou o computador e levantou-se, no exato momento em que Nadine entrava, a expresso preocupada. O que houve? Os inspetores sanitrios esto aqui ela explicou, um tanto confusa. Inspetores sanitrios? ele repetiu. Por qu? Parece que receberam uma denncia sobre uma infestao de ratos. O qu? Sebastian saiu do escritrio, apressado para saber o que estava acontecendo. Wilhelmina abriu caminho no meio da multido at onde Sebastian, de p, conversava com um homem e uma mulher perto da porta que levava sala dos empregados e ao depsito. Tanto o homem quanto a mulher usavam roupas de trabalho e nem de longe lembravam os freqentadores do clube. A mulher examinava alguns papis na prancheta que segurava. Os inspetores sanitrios, ela concluiu. Wilhelmina no conseguiu deter o sorriso que insistia em aparecer em seus lbios enquanto observava a mulher escrevendo algo no papel. Provavelmente uma notificao para que o clube fosse fechado at que o problema dos ratos fosse solucionado. Aproximou-se mais, tentando ouvir a conversa. Sentimos muito por ter de tomar seu tempo o homem dizia. O palet abotoado abaixo do abdmen volumoso, no condizia com a imagem de um funcionrio da sade. Sebastian sorria para o homem. Compreendo. O senhor tem que fazer o seu trabalho. Wilhelmina ficou preocupada. Ele deveria estar furioso porque seu clube ia ser fechado por tempo indeterminado. Curiosa, aproximou-se ainda mais. Mas intil desperdiarmos nosso tempo e o seu quando no h evidncias de nenhuma violao do cdigo sanitrio aqui declarou a mulher, enquanto escrevia mais alguma coisa na prancheta. Nenhuma violao?! Boquiaberta, Wilhelmina parou perto do grupo. Do que a mulher estava falando?
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Havia pelo menos uma dzia de ratos no depsito. Como no puderam encontrlos? Precisa de alguma coisa? Ela assustou-se com a pergunta do patro. Sebastian a encarou, srio. H alguma coisa que voc queira me dizer? Apertando a bandeja vazia contra o peito, ela balanou a cabea. No... na verdade, no. Afastou-se, confusa, ainda tentando entender com nada havia acontecido. Absolutamente nada! No era possvel! Ela parou na extremidade do balco onde eram entregues os drinks e depositou ali a bandeja, ainda olhando para o grupo. Sebastian continuava a conversar com eles, um sorriso gracioso nos lbios. Ela balanou a cabea com se assim pudesse tirar da mente o que acabara de ouvir. Algum pedido? perguntou Nadine, desviando sua ateno do trio. Ah, sim. Procurou o bloco de pedidos no bolso do vestido, tirou algumas folhas e entregou-as amiga. Nadine examinou a lista e apressou-se a preparar as bebidas. Wilhelmina voltou a olhar para Sebastian, que agora levava os inspetores at a porta. Ela teve vontade de correr at eles e pedir que olhassem de novo. Os ratos estavam l. Ela sabia. Porm, no poderia fazer isso sem se denunciar. E no estava disposta a se desmascarar na frente dele, nem mesmo pela causa. Aqui esto. Nadine colocou os drinks na bandeja. Obrigada ela respondeu, sem desviar o olhar da porta. Teve vontade de gritar. Por que ele tinha de ser o vampiro mais charmoso da face da Terra? Est imaginando quem so eles? perguntou Nadine. Wilhelmina assentiu para no demonstrar que, na verdade, estava admirando a beleza do chefe. Inspetores sanitrios Nadine confidenciou. Receberam uma denncia dizendo que o Carfax Abbey estava infestado de ratos. Loucura, no? Ela assentiu outra vez, apesar de achar que no era loucura nenhuma. Este seria o ltimo lugar de Nova York a ter problemas com roedores continuou Nadine. Por qu? Wilhelmina surpreendeu-se com a certeza da colega de trabalho. Nadine chegou mais perto para que ningum mais pudesse ouvir. Todos sabem que os ratos tm pavor dos seres sobrenaturais. E com a quantidade deles que h por aqui, ns somos mais eficientes que qualquer exterminador. Ela endireitou-se e riu, como se aquela fosse a piada do ano. E Wilhelmina foi obrigada a concordar que era uma piada muito boa, caso no fosse ela mesma a piada maior.

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Captulo V

Ei! Esse no o meu drink. Wilhelmina parou e voltou-se para a mesa cercada de uma mistura de humanos e, conforme ela suspeitava, se o tamanho dos homens fosse alguma indicao, lobisomens alias. O enorme homem musculoso que falava com ela, apontava para o copo. O coquetel na frente dele era cor-de-rosa com cerejas e um guarda-chuva vermelho. Definitivamente, no era o tipo de bebida que um gigante como aquele pediria. Rapidamente, ela recolheu o copo e examinou os outros drinks, decidindo que o dele, com certeza, era a jarra de cerveja escura. Com cuidado, colocou a bebida na frente do homenzarro, esperando ter acertado. Felizmente ele aceitou a cerveja e bebeu quase a metade de um gole s . Wilhelmina respirou, aliviada, e foi entregar o restante das bebidas, tentando adivinhar quem as pedira, pois seus pensamentos no estavam no trabalho e sim na outra tentativa de sabotagem frustrada. Parou na mesa seguinte, tentando se lembrar o que aqueles fregueses haviam pedido. Vinho ou cerveja? Depois de algum tempo, preferiu perguntar. Eles responderam cerveja, que ela colocou diante deles, antes de ir em direo prxima mesa. Voc acredita que algum chamou o Departamento de Sade? Wilhelmina voltou-se para ver Greta ao seu lado. Greta era tudo o que uma vampira tinha de ser. Linda, graciosa, sedutora. S que hoje faltava aquele sorriso bonito nos lbios. No mentiu ela, tentando imitar o espanto da outra. Graas a Deus no acharam nada disse a loira com um leve sotaque denunciando a origem sueca. No posso perder este emprego. Preciso do dinheiro e este o nico lugar em que meu segredo est totalmente seguro. No nada fcil ser o que somos e ainda encontrar trabalho. Com um suspiro, a moa afastou-se para entregar os pedidos em uma mesa rodeada de mortais, que a olhavam fascinados. Wilhelmina a observou por um segundo. Depois seu olhar moveu-se para Crystal, outra vampira deslumbrante, que tambm atendia as mesas. Depois Charlie, um simptico vampiro que carregava uma enorme bandeja acima da cabea. Constantine, um extico lobisomem grego, de braos cruzados sobre o peito largo, cuidando para que nenhuma violncia perturbasse o divertimento. David, ou dr. No, como ele mesmo se chamava, um humano baixinho, com abafador no ouvido que cuidava do som. Enfim, havia pelo menos vinte e cinco empregados trabalhando aquela noite. Todos eles, com exceo de David, eram seres sobrenaturais, de uma espcie ou de outra. Pela primeira vez, ela considerou que aqueles indivduos, apesar de seu destino sobrenatural, precisavam de seus empregos. Dependiam deles. Wilhelmina sentiu-se miservel por jamais ter considerado aquele fato ao planejar
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os ataques ao clube. Mas deveria. Afinal, no era mais aquela herdeira mimada, superprotegida que no conhecia o mundo real. Isso fora h muito tempo. Estava to determinada a deter Sebastian que se esquecera de que, para os outros, aquele local era apenas um emprego. Como pudera no perceber? Determinada a ver o local fechado e a salvar os mortais, esquecera-se completamente de seus semelhantes. Gostava de seus companheiros de trabalho, fora bem recebida ali e, apesar disso, estava disposta a destruir o meio de vida deles. Ei chamou um homem a poucos metros dela. Estes so os nossos drinks? Ela piscou, esquecida da bandeja que tinha nas mos. Desculpe disse quando colocou as bebidas na mesa, diante deles. Aquela mesa era toda de vampiros. Vampiros famintos. No mesmo instante, sua pele ficou toda arrepiada. Os pelos de sua nuca se levantaram e ela estremeceu. De repente, lembrou-se daquele tipo intenso e assustador de fome dirigido a ela e da dor imensa que sentira. Apressada, afastou-se dali e nem sequer olhou para trs. Eles eram o tipo de cliente sobrenatural que tinha de ser detido, no os empregados do Carfax Abbey. O problema era que ela no sabia como fazer isso, sem prejudic-los. Ainda estava considerando o que poderia ser feito, quando parou na mesa seguinte. Tudo o que restara na bandeja eram vrios coquetis cor-de-rosa com cerejas e guarda-chuvas, iguais ao que tentara entregar ao lobisomem. Viu um grupo de mulheres mortais que riam muito e decidiu que as bebidas tinham de ser delas. Comeou a coloc-los sobre a mesa, quando algumas mulheres comearam a chamar. Sebastian! Wilhelmina fechou os olhos por um momento. timo, ele estava vindo na direo delas. Era tudo o que ela precisava. No o tinha visto depois que os inspetores haviam partido e esperava no v-lo mais nesta noite. Contudo, parecia que estava sem sorte. Boa noite Sebastian cumprimentou, reunindo-se s mulheres que abriram espao para ele. O desejo delas impregnou o ar com um perfume adocicado, que desorientou Wilhelmina. Ento ele a viu e ofereceu-lhe um sorriso matador. Ol, voc poderia trazer outra rodada para as senhoras e um usque puro para mim? Wilhelmina continuou a fit-lo mesmo depois que ele voltou sua ateno para as mulheres, exibindo o mesmo sorriso sexy para elas. Ento, o desejo e a fome de Sebastian se mostraram de forma to intensa e devastadora, que ela recuou. Mas ao contrrio da fome dos outros vampiros, a de Sebastian a desagradou ainda mais. Algo fez seus joelhos fraquejarem e a pele arder em brasa. De repente, ela percebeu que todas as mulheres estavam olhando para ela e, para disfarar, comeou a retirar da mesa os copos vazios e os guardanapos espalhados. : Betty, que prazer rev-la galanteou Sebastian. A morena perto dele riu, batendo os clios.
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Meu nome Becky. Claro, Becky ele corrigiu, e Wilhelmina no se surpreendeu por ver a mulher perdo-lo de imediato. E voc tambm, Gina. Sebastian sorriu para a garota em frente a ele. A jovem, com os peitos que ameaavam pular para fora da blusa, sorriu condescendente. Nina, meu querido. Claro... claro admitiu ele sem qualquer remorso ou constrangimento. Parece que aquelas confuses eram bastante freqentes, Wilhelmina constatou. Afinal, tudo o que Sebastian queria daquelas mulheres era um jantar e um pouco de diverso. Isso se elas tivessem sorte. Embora, pensou com amargura, a maioria das pessoas fosse capaz de lembrar o nome de sua refeio predileta. Subitamente, ela ficou irritada demais e, pela primeira vez desde que o encontrara, causou um acidente de forma intencional. Ao apanhar outro copo vazio, esbarrou no coquetel de Becky, fazendo com que o lquido cor-de-rosa esparramasse na camisa azulclara de Sebastian. No mesmo instante, ele pulou, enquanto olhava para a roupa arruinada. As mulheres se apressaram em oferecer-lhe seus guardanapos na tentativa de ajudar. Oh, no! Wilhelmina disse. Eu sinto muito. Sebastian ergueu os olhos e podia jurar que viu um sorriso naquele rosto inocente. Desculpe-me, senhoras disse ele. E antes que a garonete pudesse reagir, agarrou-a pelo pulso e fez com que ela o acompanhasse. Sentiu que ela resistia e tambm percebeu os olhares de alguns clientes, mas nada disso o deteve. Estava fazendo uma cena, mas no se importava. J estava farto daquela estranha, desajeitada e... atraente vampira. Para no mencionar que a noite j havia sido bastante conturbada. Tivera que se explicar para os agentes sanitrios, o que fora bastante ridculo. E perigoso. Procurava trabalhar de forma a no dar motivos a questionamentos. Fazia tudo certo e agora, duas vezes na mesma semana, as autoridades haviam sido chamadas ao clube. Uma de suas principais preocupaes era manter o Carfax Abbey sempre do lado da lei. Isto mantinha a polcia longe, o que permitia que os sobrenaturais que trabalhavam ou que freqentavam o lugar se sentissem seguros. Preocupava-se da mesma forma com os clientes humanos. Por isso havia tantos seguranas e tantas cmeras por todos os lados. Se houvesse qualquer incidente, o que era raro, tudo era resolvido internamente. Contudo, sempre tivera sorte. Os sobrenaturais que freqentavam o lugar conheciam as regras e as obedeciam. Os inspetores sanitrios no tinham encontrado nada de irregular no clube e haviam comentado que a denncia fora ridcula, assim como os policiais. Mas mesmo assim, ter duas denncias annimas na mesma semana era preocupante demais para ser apenas coincidncia. E isso o deixava nervoso. E aquela garonete desajeitada fora a gota d'gua. Empurrou-a para dentro da sala dos empregados. Valerie, uma das garonetes, estava em frente a seu armrio, retocando
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o batom vermelho. Quando viu a expresso no rosto do chefe, guardou o batom dentro do armrio e fechou-o, olhando preocupada para a amiga. Sebastian suspirou, contrariado. Afinal, no era nenhum monstro. Baixou o olhar para a mo que segurava o pulso delicado da jovem. Wilhelmina olhava para ele, olhos arregalados por trs das lentes dos culos. Pela primeira vez percebeu que os olhos dela eram azuis, o azul mais profundo que j vira, como o cu da meia-noite. E estavam assustados. Sentiu o medo dela percorrer sua espinha. Como um arrepio. Largou o pulso frgil, arrependido do comportamento grosseiro. Assim que se viu solta, Wilhelmina deu vrios passos para trs, esfregando o brao, os olhos azuis fixos nos dele. Sinto muito ele desculpou-se, sentindo-se culpado. No costumava irritar-se facilmente, mas os acontecimentos dos ltimos dias o deixara abalado. Droga, no haviam sido os policiais, nem os inspetores sanitrios, nem os telefonemas annimos. Ela o deixava nervoso. Arriscou um olhar para ela, esperando que dissesse alguma coisa. Nada. Wilhelmina apenas ficou ali, olhando para o pulso. Eu no devia ter agarrado voc desse jeito. No, no devia ela disse, ainda com os olhos presos no brao. Escute, eu... Sebastian deu um passo na direo dela. Wilhelmina deu um passo para trs, mantendo a mesma distncia entre eles. Sebastian respirou fundo e, dessa vez, ele mesmo afastou-se. No queria assust-la ainda mais. Perdera o controle, mas no achava que merecia o pavor que ela estava demonstrando. Por favor, perdoe meu comportamento grosseiro. Foi uma noite terrvel, mas sei que no deveria ter descontado em voc. Ainda assim, ela no respondeu. Os dedos acariciando o local que ele apertara. De repente, ele lembrou-se do toque agradvel da pela macia e aveludada. Na verdade, no a agarrara com tanta fora, para no mencionar que vampiros no se ferem com facilidade. No conseguia ver nenhuma marca naquela pele to branca. At os arranhes que vira mais cedo tinham desaparecido. Fez uma pausa, olhando para as mos dela. Qual o nome do seu gato? perguntou sem mais nem menos. Wilhelmina olhou para ele, surpresa. O qu? Seu gato. Qual o nome dele? Spot ela respondeu de pronto, mas Sebastian pde ver a confuso nos olhos dela sem poder discernir se fora causada pela pergunta ou por sua proximidade. Assim como no conseguia determinar se ela era a autora de ambas as denncias. Os arranhes no eram uma prova. Mas fora ela quem acionara os sprinklers. Teria sido outra tentativa de prejudic-lo? Teria ela trazido ratos para o clube? Ficou estudando-a, tentando sentir algo que pudesse confirmar ou negar suas suspeitas. No sentia nada. Tudo o que via era uma pequena vampira com os olhos azuis mais escuros e a pele mais clara que j vira em toda sua vida. E outra vez lembrou-se da palavra que Nadine usara para descrev-la. Perdida. E neste momento ela parecia mesmo muito perdida.
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Antes que pudesse pensar, tocou o rosto plido. Spot? Belo nome. Wilhelmina continuou imvel. Machuquei voc? ele perguntou com suavidade. Ela balanou a cabea em negativa, fazendo com que seus dedos acariciassem a pele macia. Mechas dos cabelos negros que haviam escapado dos birotes esquisitos tocaram a mo dele. Sebastian engoliu em seco quando uma onda irresistvel de desejo o invadiu, to repentina quanto intensa. Suspirou, dizendo a si mesmo que o arrepio na pele era somente uma reao inadequada ao stress das ltimas horas, assim como a atitude de t-la arrastado pelo salo. Continuava a dizer isso a si mesmo, mas no conseguia deixar de toc-la. Pele contra pele, roando-se suavemente. Ficou imaginando como seria o toque daquela pele branca embaixo do seu corpo e como seria ser tocado por ela. Desolado, deixou a mo pender ao lado do corpo. Alguns segundos atrs, pensava na possibilidade de ela ser a autora das denncias. Agora estava pensando em... No, no era possvel! Concentrou-se na roupa encharcada de bebida. Bem, conheo voc h dois dias e a segunda vez que termino ensopado. O olhar de Wilhelmina moveu-se para a camisa arrumada e depois desceu lentamente para a mancha escura nas calas. Sebastian sentiu-se reagir ao olhar intenso. Afastou-se e tornou a olhar para o rosto dela, outra vez cheio de medo. Mas havia algo mais naquele olhar, apenas perceptvel debaixo daquela emoo. Voc no est ensopado disse ela com voz trmula. O corpo de Sebastian reagiu ao tom sexy e rouca da voz dela, mas ele preferiu ignorar. Bem, verdade que no estou to molhado como no dia do sprinkler, mas estou muito mais pegajoso. Outra vez, aquele olhar em suas calas. Droga! Se ela no fosse capaz de sentir que ele estava excitado, poderia claramente ver sua ereo. Ele mudou de posio outra vez e os olhos dela voltaram para o pulso, os dedos tocando o mesmo ponto. Sem perceber o que fazia, Sebastian tocou-a outra vez. Os msculos enrijeceram, mas ela no fugiu dessa vez. Nem ele. Os dedos fizeram a curva da mandbula, o polegar acariciando o canto da boca vermelha. Testou a curva suave do lbio inferior, imaginando qual seria a sensao dos prprios lbios contra ele. Seriam como cerejas maduras? Muitas emoes os envolviam, mas Sebastian no conseguia decifr-las. Wilhelmina no se afastou, mas permaneceu imvel, de modo que ele no sabia se ela estava gostando ou no. As emoes daquela mulher eram complicadas demais, impossveis de serem lidas. No que ela estivesse tentando bloque-las, o problema era que havia uma infinidade delas, misturadas. Ah, como desejava saber o que ela estava pensando, o que estava sentindo! Eu... comeou ela, e ele esperava ouvir uma explicao sobre o que acontecia por trs daqueles olhos impenetrveis. Mas, em vez disso, ela deu um passo
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para trs, afastando-se. Tenho que voltar ao trabalho disse com a voz fria e distante, como se no partilhasse do desejo que o consumia. E aquilo o incomodou. Quase tanto como o fato de estar sentindo desejo. Um desejo muito intenso. A menos que esteja despedida ela completou depois de alguns segundos de silncio. Sebastian a estudou por algum tempo. Ela acabara de lhe oferecer uma sada, uma maneira de livrar-se dela. Se ela estivesse envolvida nas denncias, tudo estaria resolvido. E se no estivesse, de todo modo, era uma garonete sofrvel. J despedira empregados por muito menos. E, mais importante de tudo, nunca mais teria de v-la e sentir o que estava sentindo. Abriu a boca para dizer que o melhor seria mesmo ela ir embora. Ento, fitou os olhos dela e ficou chocado com o tamanho da dor que viu neles. Porm, a emoo logo desapareceu nas profundezas daquele azul de meia-noite. Em vez do "sim" que a razo mandara dizer, sua boca disse: No, no... Wi... Mina. Outra vez, a boca pareceu funcionar sem consultar o crebro. E, de alguma maneira, ela o fez lembrar-se de Mina, no filme de Drcula. Cabelos escuros, pele alva, inocente, porm determinada. Perdida, mas sempre buscando. Voc no est despedida. Mas a idia desta Mina continuar em seu Carfax Abbey no o aliviou nem um pouco.

Captulo VI

Wilhelmina abriu a porta de seu apartamento e entrou na pequena sala. Havia uma luminria acesa na mesinha ao lado do sof, mas o lugar parecia estar deserto. Parou, tentando sentir a presena de Lizzie. Caminhou pelo corredor e passou pela porta do quarto da amiga. Aporta estava aberta, o quarto escuro. Lizzie no estava em casa. Wilhelmina sabia que ela devia estar no Instituto Dr. Fowler, onde estava montando o novo laboratrio. Uma combinao de alvio e de desapontamento a fez suspirar. No desejava explicar a uma loba to sensvel, porque estava to abalada. Por outro lado, no suportaria ficar a ss com os prprios pensamentos. Entrou em seu pequeno quarto e, sem acender a luz, tirou o apertado uniforme de garonete, vestiu um robe e foi para a cozinha. Calma disse a si mesma. Respirou fundo e expirou lentamente, mas nada a ajudava a relaxar. Na verdade, nem sabia como conseguira completar o restante do turno de trabalho no clube. Agora
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que estava em casa, sentia-se ainda mais abalada do que quando estava l... perto de Sebastian. Foi direto ao refrigerador. Na prateleira superior, entre duas garrafas de suco, duas de leite e vrias de soda, alcanou a jarra de plstico azul. Apanhou uma taa no armrio e despejou um pouco do lquido vermelho viscoso. Voltou para a sala e deixou-se cair no sof, ainda repetindo para si mesma: Calma, calma. Puxou as pernas at o peito, segurou a taa com ambas as mos e levou-a aos lbios com cuidado. Assim que o familiar sabor agridoce encheu-lhe a boca, sentiu-se relaxar um pouco. Tomou outro gole, depois mais um, at que um calor gostoso aliviou a tenso de todo o seu corpo. Descansou os pulsos nos joelhos, a taa ainda nas mos e deixou a cabea pender para trs, contra as almofadas do sof. No havia se alimentado bem. Esta era a razo de estar se sentindo to mal, to agitada. Mas quando disse isso a si mesma, soube que no era verdade. No era a fome que a deixara to nervosa a ponto de no poder controlar os tremores em suas pernas. Era Sebastian. Gemeu, fechando os olhos na tentativa de bloquear as lembranas, as sensaes. No queria pensar nos acontecimentos daquela noite. Mas tambm no conseguia pensar em outra coisa. Acreditava que seria capaz de lidar com aquela situao. Quando a Sociedade havia decidido que Sebastian Young, dono do Carfax Abbey, deveria ser posto na lista dos vampiros mais perigosos para os mortais, ela oferecera-se como voluntria para sabotar o local. Conhecia o modo como ele agia para seduzir e usar os mortais. E sabia que seria capaz de resistir ao charme do to temido vampiro. Agora, j no tinha certeza de nada. Nada sara conforme o planejado. As tentativas de sabotagem haviam falhado. No havia pensado na possibilidade de vir a gostar dos empregados do clube e nem conseguia entender o que acontecera entre ela e Sebastian esta noite. S sabia que tinha sido afetada. Tomou outro gole da bebida e colocou a taa em cima da mesinha, porque as mos no paravam de tremer. Encostou a cabea nos joelhos tentando afastar as sensaes que ainda a atormentavam. Estava descontrolada e odiava sentir-se assim. Esforara-se durante muitos anos para adquirir o controle de si mesma, e no pretendia perder isso por nada deste mundo. No entanto, nem a mente nem o corpo estavam obedecendo esta noite. Mesmo agora, podia sentir a presena de Sebastian, sentir o toque em seu pulso, em sua mo, no rosto, nos lbios. Voc no pode fazer isso, tentou se convencer. Tinha de deixar o clube imediatamente. Aquilo tudo era demais para ela, no conseguia lidar com a situao. Abraou mais forte os joelhos e fechou os olhos. Tinha de contar a verdade aos membros da Sociedade. Podia imaginar a reao de todos, pois nenhum deles acreditara que ela seria capaz de deter Sebastian. Diminuiu a presso nas pernas e endireitou-se. No. No ia pensar dessa forma. O dr. Fowler no a havia convencido de que no precisava esconder-se nas sombras? Que ela poderia ter sua vida de volta? Era uma vampira agora, mas ainda tinha seu lado
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humano, sua alma. E no pretendia voltar a ser a criatura assustadora e sem esperana que era quando o dr. Fowler a encontrara. E agora, havia a Sociedade dos Seres Sobrenaturais tambm, e eles a ajudavam a sentir-se mais poderosa e confiante. Sim, era capaz de cumprir sua misso. S precisava de outro plano! Um plano que enfocasse apenas o problema real: Sebastian Young. Era ele quem estava abrindo um precedente no Carfax Abbey. Ele era, de longe, o maior explorador dos mortais. ele quem ter de ser detido murmurou. E eu tenho de fazer isso. Tenho de achar um jeito de det-lo. Sebastian espiou para dentro do escritrio de Mick. Mick, o chefe da segurana do clube, estava sentado atrs de uma infinidade de telas de computador, as pernas cruzadas ao lado da escrivaninha. Para os outros, Mick poderia parecer relaxado demais e insolente demais para ser um bom chefe de segurana. Mas Sebastian sabia que ele era o melhor. Descobriu alguma coisa? Mick balanou a cabea. Tenho algum trabalhando no sistema de computadores do Departamento de Sade. Ele deve me ligar em breve com a lista das chamadas recebidas no dia vinte e cinco. E a polcia? Nada ainda. Mas no desisti. Bom disse Sebastian. Quero ser informado assim que voc descobrir alguma coisa. Mick assentiu e voltou-se para os monitores, as, feies parecendo mais graves e mais brutais luz azulada. Sebastian saiu do escritrio em direo aos fundos do clube. O lugar ainda no estava cheio, mas sabia que dentro de poucas horas, a pista de dana estaria repleta. Imaginou se o autor ou autora da denncia viria esta noite, ou quem sabe j no estaria ali. Apesar das ltimas duas noites terem sido bastante tranqilas, ele tinha o pressentimento de que a pessoa que tentava prejudic-lo no havia desistido. Talvez estivesse se preocupando toa, mas a experincia de seus duzentos anos lhe dizia que era bom seguir os instintos. E todos seus instintos estavam alerta. Entrou em um dos camarotes do andar superior, examinando o salo principal l embaixo. A fome o atormentava. Um efeito colateral de tantas emoes que o tinha desviado de seus hbitos alimentares. Porm, como no podia fazer nada alm de esperar pelo relatrio de Mick, poderia tentar satisfazer suas necessidades e relaxar um pouco. Quem poderia ser sua companhia nesta noite? E, como se fosse uma brincadeira de mau gosto, Wilhelmina surgiu no pequeno bar paralelo parede dos fundos. Sebastian havia decidido que aquela estranha atrao por ela era o resultado direto de sua falta de alimentao e de sexo. Isso sempre o deixava um pouco descompensado. Por isso a evitara nas duas ltimas noites e tinha a impresso de que ela fizera o mesmo. Hoje os cabelos estavam presos em dois rabinhos de cavalo. Tal penteado deveria faz-la parecer infantil, mas combinado com o uniforme preto e justo, a pele clara e os
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carnudos lbios vermelhos, ela mais se parecia com uma colegial travessa e vida por um pouco de diverso... Ele estudou o corpo esguio e benfeito, as curvas suaves sob o vestido de brocado. Cerrou os lbios e desviou a ateno para a pista de dana. O que ele estava pensando? Ela sequer era seu tipo. Apreciava mulheres exuberantes com cabelos longos, longas pernas e curvas abundantes. Wilhelmina tinha uma aparncia comum, cabelos esquisitos e as pernas eram... Contra a prpria vontade, voltou a olhar para ela, mas no conseguiu ver as pernas dela, de onde estava. Embora as tivesse visto naquela noite do incidente com o sprinkler. Eram bem torneadas, lisas e branquinhas. Sentiu uma ereo dentro dos jeans escuros. Bryce, o bartender do andar superior, inclinou-se para cochichar algo no ouvido dela. Do ngulo em que estava, Sebastian podia v-la de perfil, e percebeu que ela sorria, enquanto Bryce falava. Lembrou-se ento de que jamais a vira sorrir, no um sorriso de verdade. Bryce disse mais alguma coisa, e Wilhelmina riu. Um riso breve, sem muito gosto, mas mesmo assim, Sebastian moveu-se para a frente na tentativa de ouvir a conversa. Curioso, afastou-se da mesa e foi at o bar, ocupando um banquinho perto de onde ela estava de p. Boa noite, Bryce ele cumprimentou. Ol, Mina. Wilhelmina olhou para ele, algo parecido com desdm no olhar e voltou a prestar ateno em Bryce. Ol, Sebastian respondeu o barman com seu sotaque sulino. O simptico lobisomem parecia deslocado na cidade grande, embora estivesse trabalhando no clube fazia trs anos. Sebastian olhou para Wilhelmina. Ela tambm parecia fora de lugar. Mas, ao contrrio de Bryce, cuja personalidade amigvel permitia que se adaptasse a qualquer ambiente, Wilhelmina parecia no pertencer quele lugar. Outra vez seus instintos despertaram e, outra vez, ele perguntou-se por que ela estava ali. Estaria ela envolvida nos telefonemas sobre o clube? Ficou a estud-la, enquanto ela esperava que as bebidas fossem preparadas. Tentou ler as emoes dela, mas, como sempre, estavam muito bem guardadas. Achou estranho que uma pessoa to reservada pudesse estar cercada por um redemoinho de emoes. Imaginou o que aconteceria se ela relaxasse e as deixasse transparecer. A idia o excitou. Bryce, pode me servir um usque, por favor? pediu de repente, sentindo a urgncia de beber algo para acalmar-se. Um pouco de bebida alcolica, muito sangue... e ele poderia pensar com mais clareza. E certamente no pensaria mais em Wilhelmina. Claro, chefe. E preciso daquilo tambm. Riu e apontou para uma loira que passava. Tenho certeza de que no ter problema em encontrar algumas esta noite. Bryce riu de volta. Sebastian mais sentiu do que viu a reao de Wilhelmina conversa entre eles. Ela olhava para o bloco de pedidos, a testa franzida, os lbios levemente trmulos. Ele no conseguia decifrar se aquela reao significava cime ou desdm. Desdm, com certeza. Mas de qualquer forma, ela estava reagindo e, por algum motivo, ele gostou do
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fato de estar conseguindo alguma resposta dela. Deliciou-se ao ver os lbios carnudos contrarem-se como se ela tivesse afundado suas presas em um limo. Por um segundo, pensou como seria senti-los contrados por outro motivo. Vi uma loira alta aqui ontem noite e espero que ela volte hoje. Pernas capazes de fazer um marmanjo chorar ele disse, examinado as faces de Wilhelmina. Concentrada no bloco de pedidos, ela parecia nem ter ouvido. E que traseiro! completou, rindo. Wilhelmina arrancou uma folha do bloco, talvez com mais fora do que necessrio, mas foi sua nica reao. Bryce, entretanto, riu enquanto servia o usque ao patro. , parece bom. Sebastian estudou Wilhelmina por mais um momento, desejando ver algo alm de seu costumeiro distanciamento. Mas ela continuava a examinar o bloquinho. Olhou para o bartender, apenas para v-lo olhando para ela tambm. Um interesse bastante determinado nos olhos castanhos do lobisomem. Um sentimento de posse apertou o peito de Sebastian e ele expirou com fora. Que diferena faria se Bryce e Wilhelmina formassem o mais novo par do Carfax Abbey? Talvez um pouco de sexo selvagem com um lobisomem fosse bom para des contra-la. Mas enquanto dizia isso a si mesmo, suas presas se distenderam, arranhando o lado interno dos lbios, deixando-o agitado. Que diabos estava acontecendo com ele?! Nunca, jamais, estivera interessado em uma mulher que tambm no se interessasse por ele. Alm disso, o mundo estava cheio de mulheres querendo se divertir. Quando Bryce colocou um drink na bandeja de Wilhelmina, ela sorriu. Um sorriso tmido, contido, mas sem dvida, um sorriso. Algo que nunca dera a Sebastian. Outra onda de algo que ele achou ser parecido demais com cime. Sem qualquer palavra, apanhou sua bebida e saiu do bar, voltando para seu camarote. Como esperava atrair ateno feminina se ficara irritado s de ver Wilhelmina sorrindo para um companheiro de trabalho? Afinal, poderia ach-la atraente de alguma estranha maneira, mas no a queria. E ela tambm no o queria. Wilhelmina observou a sada de Sebastian com um misto de confuso e de alvio. Passara os ltimos dois dias procurando manter-se longe dele. Aquele homem a irritava e tornavas as coisas mais difceis. O pior era que ainda no tinha um novo plano e no sabia o que fazer para evitar que ele continuasse com sua nefasta atividade. Pensou em comear a espalhar boatos no clube. Algo como dizer que ele pertencia mfia ou que era casado, mas achava que isso no diminuiria o interesse das mulheres. Sebastian era charmoso demais, bonito demais, sensual demais para que tais rumores as desencorajassem. Tinha dvidas de que houvesse alguma coisa capaz de afastar as simples mortais dele. Como se para ilustrar o que pensava, uma loira alta, talvez aquela que ele tinha mencionado, aproximou-se do camarote, sorrindo para ele. O olhar de Wilhelmina logo desceu para o traseiro da mulher. Sim, era ela. Sebastian riu para a loira, aquele sorriso que o tornava to carismtico, to charmoso e to inofensivo. Fez um gesto para que a mulher se aproximasse, e ela
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prontamente obedeceu, sentando-se ao lado dele. Olhe s, o cara bom mesmo comentou Bryce ao lado de Wilhelmina. Ela voltou-se para ver o barman balanar a cabea, admirado. Respirou fundo, pronta para discordar. Sebastian era desprezvel. Mas Greta a interrompeu, colocando a bandeja sobre balco. Quem bom? Bryce virou-se a apontou o queixo na direo de Sebastian. Nosso patro. Greta voltou-se para olhar para ele, um belo sorriso nos lbios. Ah, sim, ele mesmo. Wilhelmina olhou para a bela e exuberante vampira assim que entendeu o significado daquelas palavras. Greta deixou escapar uma gargalhada. No fique to chocada. No foi nada demais. Apenas passamos uma noite juntos. Abanou-se. E que noite! Wilhelmina continuava a encarar a amiga, surpresa. Sabia que as mortais no podiam se defender do charme sobrenatural de Sebastian, mas no pensara na possibilidade de seres sobrenaturais tambm se apaixonarem por ele. Por qu? conseguiu dizer, finalmente. Greta riu da expresso incrdula da outra. Ser que voc ainda no olhou para ele? Claro que sim Wilhelmina respondeu. Ento no pode negar que ele lindo. No ela concedeu a contragosto. Se voc gosta do tipo. Agora foi a vez de Greta apresentar uma expresso de incredulidade. E quem no gosta daquele tipo? Wilhelmina comeou a dizer que ela no gostava, at que cometeu o erro de olhar na direo dele. A loira mortal falava animada, e Sebastian olhou por cima dos ombros dela. Os intensos olhos cor de topzio encontraram os Wilhelmina, transmitindo uma emoo que ela no compreendia. To forte que se esqueceu de respirar. Ficaram olhando um para o outro por um momento, at que a loira tocou a mo do vampiro e quebrou a conexo. Wilhelmina respirou fundo, tentando ignorar o tremor nas pernas. Sentiu-se profundamente irritada consigo mesma, com Greta, e com aquela loira idiota, que no tinha a menor idia do que iria acontecer com ela. No a aborrece saber que foi apenas... : Por mais irritada que estivesse, no conseguiu terminar a frase grosseira. Greta, porm, riu e completou por ela. Apenas mais uma entre tantas outras? No. Sebastian no homem de uma mulher s. Somos amigos, nos divertimos, foi muito bom e ponto. Assim dizendo, Greta apanhou os drinks e afastou-se para entreg-los. Wilhelmina ficou olhando a amiga se afastar, com a imagem de Greta e Sebastian juntos, os corpos bonitos entrelaados, pele dourada contra pele dourada. Mos e bocas explorando...
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O tremor, que quase havia se dissipado, voltou com fora e at um pouco de nusea chegou a apertar-lhe o estmago. Deixou escapar um gemido de raiva. Como Greta poderia ser to estpida a ponto de se deixar usar daquela maneira? As mortais no sabiam quem ele era, mas e Greta? A idia a perturbou e aborreceu ainda mais. Ser que ningum estava imune a Sebastian? Nem mesmo... Olhou outra vez. Ele conversava com a mortal, charmoso, provocante. Enganandoa com fingido interesse, quando na verdade s estava interessado em mord-la e se alimentar de seu sangue. No sabia como det-lo, mas no ia permitir que ele continuasse a ferir mais humanos. Ao menos, no ia deixar que ferisse esta mortal. Antes que pudesse pensar melhor, foi em direo ao camarote.

Captulo VII

Como consegue viver consigo mesmo? Sebastian olhou para cima para ver Wilhelmina, de p, mos nos quadris, olhos faiscando. Por um momento ficou sem ao e no respondeu. Estava perplexo. Wilhelmina, que jamais erguera a voz desde que tinham se conhecido, a garota cujas nicas emoes eram o medo e a ansiedade, estava ali, de p, perto de sua mesa, irradiando raiva por todos os poros. Desculpe-me, o que disse? conseguiu finalmente articular. Liza, ou fosse qual fosse o nome da mulher, ofereceu-lhe um olhar preocupado. Voc conhece essa mulher? Sebastian fez que sim com a cabea, embora, naquele momento, ele prprio duvidasse. No conhecia Wilhelmina muito bem, mas o pouco que conhecia no era esta mulher que estava a sua frente, parecendo uma pequena, plida e perversa vingadora. Mina? O que est acontecendo? Um riso nervoso escapou da garganta dela. V? Ele sequer sabe meu nome. Ela dirigiu-se loira. E aposto que nem sabe o seu tambm. Olhou-o bem nos olhos. Qual o nome dela? Sebastian suspirou longamente. Tudo bem, ele no sabia o nome da loira! O que no entendia era por que Wilhelmina estava to preocupada com esse fato? Vamos, diga, qual o nome dela?
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Agora a loira voltara-se para Sebastian e tambm aguardava a resposta. Ele tornou a suspirar. Isto maluco. Wilhelmina arqueou a sobrancelha e voltou-se para a loira, vitoriosa. Viu! A loira ento dirigiu-se a Sebastian, ignorando-a. Ela no uma das suas empregadas? Ento, faa alguma coisa com ela. Os olhos de Wilhelmina se arregalaram. Comigo?! Estou tentando ajudar voc. Estou tentando evitar que voc seja mais uma da longa fila de mulheres que este homem narcisista, egoc ntrico, depravado e... e... ftil usa para seu prazer e diverso. Chocado demais com a. opinio da garonete a seu respeito, Sebastian no reagiu. Por um momento. Depois uma raiva enorme apoderou-se dele. Aquela mulher mal o conhecia, ento como poderia ter tal opinio a seu respeito? Aquilo o enfureceu. Quem era ela para julg-lo daquela maneira? Desculpe-me disse para a loira, sinalizando que precisava sair do camarote. Preciso ter uma conversa com minha funcionria. A loira levantou-se e, para sua surpresa, no teceu nenhum comentrio. Ele saiu do camarote e parou em frente a Wilhelmina, que, tambm para sua surpresa, no fugiu. Como o queixo empinado, ela o encarou. Acho que temos que discutir sua opinio a meu respeito em um lugar mais reservado sugeriu ele. Ela cruzou os braos no peito e olhou ao redor. Por qu? Todo mundo j sabe como voc . Sebastian olhou por sobre o ombro dela, e antes que pudes se melhor a respeito, puxou-a pelo brao e arrastou at os fundos do salo. Sem hesitar, conduziu-a pela escada estreita que levava a seu apartamento. No! ela gritou, a voz demonstrando pnico. Deixe-me ir. Wilhelmina lutava, tentando no mexer os ps e procurava livrar-se dos dedos que a seguravam como um visgo, mas as tentativas de libertar-se sequer fizeram com que ele diminusse o passo. No at que comeou a subir as escadas e ela tropeou, caindo de joelhos no degrau. S ento Sebastian percebeu o que estava fazendo. Olhou para ela e viu pnico em seus olhos. Que diabos estava acontecendo com ele? Por que continuava a reagir como um Neanderthal perto dessa mulher? Claro, estava zangado pelo que ela fizera. Sim, queria saber por que ela tinha uma opinio to terrvel sobre ele. Principalmente porque tivera duas ocasies para despedi-la e no o fizera. Porm, isso no lhe dava o direito de arrast-la como se fosse um homem das cavernas destemperado. Abaixou-se e tomou-a pelo cotovelo. Wilhelmina aceitou a ajuda, mas assim que se viu de p, afastou-se dele. Sebastian permitiu a pequena fuga porque podia sentir o pavor ao redor dela como nuvens de fumaa e no queria assust-la ainda mais. Entretanto, queria respostas. Por que faz to mau juzo de mim?
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Ela no respondeu nem olhou para ele, em vez disso, desceu outro degrau. Ele fez o mesmo e seus corpos ficaram frente a frente na escada estreita. Contudo, ele no a tocou. Diga insistiu com mais fora do que pretendia, principalmente porque ela ainda olhava para os degraus, o que o irritava sobremaneira. Tentou manter a voz bem baixa e suave. Voc s trabalha aqui h poucas semanas. O que eu fiz nesse tempo para que voc pensasse to mal de mim? Wilhelmina continuou calada, mais medo no ar. Algo naquele medo o enfurecia. Era diferente, profundo, mais desesperado que qualquer fria que j sentira antes. Por qu? Ou melhor, por que no me diz por que tem tanto medo de mim? Desta vez, ela ergueu a cabea e o encarou, altiva. No tenho medo de voc! Sebastian a estudou por um momento e depois suspirou. Sabe que no verdade. Ela endireitou-se, o que fez com que sua altura chegasse ao queixo dele, mas os olhos focalizaram um ponto no vazio, sobre o ombro direito dele. Mina ele comeou, e os olhos azuis voltaram-se para ele, contrados de raiva. De algum modo, achava isso mais suportvel do que o pnico que vira antes. Esse no o meu nome. Ele respirou fundo. Seu nome Wilhelmina, eu sei. Mas para ser franco, voc no parece uma Wilhelmina para mim. Voc parece Mina. Mas posso me lembrar de cham-la pelo nome completo se isso melhorar sua opinio a meu respeito. Os olhos de ambos se encontraram por um breve momento, mas ela voltou a desviar o olhar para longe. No, no vai melhorar. Ele bufou. , eu acho que no. Ficaram ali por mais um momento, Sebastian olhando para ela e ela, para o cho. Por que tem tanto medo de mim? ele perguntou com suavidade. No podia deixar que ela fugisse, no sem antes entender o motivo daquela exploso. Mi... Wilhelmina, fale comigo. Colocou a mo na parede, bloqueando-lhe a fuga. O olhar que recebeu foi de mais raiva e de mais medo. Voc pode impressionar aquelas pobres mortais, mas a mim no impressiona ela disse por entre os dentes. Sebastian suspirou. No pretendo impressionar voc, nem ningum. E tambm no pode me seduzir ela informou. Mas eu... Seduzi-la? Ento era isso? Voc que eu a seduza? perguntou
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com um sorriso curioso. Talvez, esse fosse o motivo da estranha reao. Ela estava com cimes. Wilhelmina riu alto. No seja tolo! Acabei de dizer bem o contrrio. No desejo que voc me seduza. No ele disse, devagar. Voc disse que eu no posso. Parece um desafio para mim. Agora a irritao era mais forte que o medo. Creia, no estou nem um pouco interessada. Ele ergueu uma sobrancelha, ctico. Ento, por que a incomodou tanto me ver com aquela loira? Aquela loira? Ento assim que identifica todas as mulheres? Pela cor dos cabelos? Deve ser um sistema um tanto confuso, pois muitas delas acabariam recebendo o mesmo nome. Sebastian estudou-a mais um pouco, notando um pouco de cor no rosto plido. Tem certeza de que no quer que eu a seduza? repetiu, pois no conseguia ver outro motivo para aquela reao abrupta. Quanto mais irritada ela ficava, mais Sebastian sentia-se atrado. Por que voc disse tudo aquilo? insistiu. O que eu fiz para voc achar que sou to terrvel? Os olhos azuis voltaram a encontrar os dele. Vai negar que um narcisista? Ele pensou um pouco. Vou sim. Posso ser autoconfiante, mas no, no sou narcisista, Ela levantou uma incrdula sobrancelha. E vai negar que egocntrico tambm? Bem, j que egocntrico e narcisista so o mesmo para mim, sim, eu nego. Wilhelmina cerrou os dentes, furiosa, o que, por alguma razo, fez Sebastian sorrir. Ele a estava deixando maluca e gostava da idia. Na verdade, estava adorando a idia de ter conseguido ultrapassar aquela couraa. Veja bem continuou ele , acho que essa opinio horrvel que voc tem sobre mim faz parte de um mal-entendido. O que voc conceitua como narcisismo, egocentrismo, vaidade, na verdade auto-estima. O sorriso dele alargou-se, e Wilhelmina teve vontade de gritar. Ele estava se divertindo a sua custa. O canalha egosta de sempre, mesmo agora, depois que ela acabara de dizer o que pensava dele. Este homem era ainda pior do que imaginava. E quanto a depravado? insistiu ela, acreditando que o novo insulto o faria perceber o que pensava dele. Divertido, Sebastian a fitou de alto a baixo, com aquele olhar de vampiro depravado. Fingiu pensar um pouco, depois balanou a cabea. No, no vou negar, embora me considere mais debochado do que depravado. Mas de uma maneira muito boa.

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Sorriu de novo, aquele sorriso sexy e o olhar dela no conseguiu evitar os lbios. Lbios carnudos e benfeitos que qualquer mulher gostaria de beijar. Cus, o que estava pensando?! Os olhos voltaram para os dele, que brilhantes e inteligentes, haviam percebido para onde ela estivera olhando. Cerrou os dentes e voltou a encarar o vazio sobre o ombro dele. Sebastian mudou de posio e ficou um pouco mais perto, o peito quase tocando o dela. A proximidade do corpo msculo deveria t-la assustado, mas ela apenas sentiuse... excitada. Bom, agora que j decidimos isso, por que no passamos para minha outra pergunta? Wilhelmina engoliu em seco, tentando ignorar como a voz parecia de veludo contra sua pele. No se permitiu olhar para ele, temendo o efeito daqueles olhos cor de topzio. Por que tem medo de mim, Mina? Porque era fraca demais. Porque, apesar de tudo o que sabia a respeito dele, apesar de saber o quanto ele era perigoso, adorava seu sorriso, os lbios, os olhos dourados... Porque gostava quando ele a chamava de Mina. Porque no conseguia esquecer o toque dos dedos dele em sua pele. Sentiu-se estremecer. Jamais poderia dizer isso tudo a ele. Se admitisse, ficaria ainda mais vulnervel e no podia ficar vulnervel outra vez. Sem esquecer de que aprendera havia muito tempo a no confiar em ningum. Ela quase pulou quando os dedos suaves tocaram seu queixo e fizeram com que mergulhasse de novo naqueles olhos que brilhavam como fogo. Lembrou-se do destino das pobres mariposas atradas pelas lmpadas, mas nem assim conseguiu desviar o olhar. No precisa ter medo de mim ele lhe assegurou. Sim, ela precisava. Deus era testemunha de que precisava. Antes que percebesse, os lbios carnudos tocaram os dela. Um beijo rpido, macio e muito doce. E terminou antes que ela pudesse reagir. Wilhelmina ergueu a cabea, e Sebastian a olhava com tanta intensidade, como se quisesse ler seus pensamentos. Depois beijou-a novamente. Desta vez, os lbios foram mais que um carinho suave. Ela fechou os olhos e movimentou os lbios sob os dele, devolvendo a carcia. Lbios macios como veludo, tocando-se, moldando-se perfeitamente. Ento a lngua de Sebastian tocou-lhe o lbio inferior. Seda mais spera e quente, que a fez hesitar. Mas quando ele a puxou de encontro ao peito forte, ela no pde mais resistir. Pressionou os seios contra ele, as mos movendo-se pelos braos e ombros largos. Mina... ele murmurou com desejo. O desejo de Sebastian acendeu o dela e fez seu corpo todo arder. Os beijos tornaram-se mais urgentes, mais famintos. As lnguas encontraram-se. As mos de Sebastian tocaram os quadris dela, fazendo-a retroceder, at que ficou presa entre ele e a parede. De repente, a escurido e o frio tomaram conta de sua mente e Wilhelmina quase desfaleceu. O medo caiu como gua gelada em seu corpo quente. Ergueu as mos at o
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peito dele e o empurrou com fora. Sebastian retrocedeu, mas no interrompeu o beijo. Os lbios tornaram-se mais suaves, provocando, excitando, forando-a a responder. As mos acariciavam seu rosto com delicadeza e logo o calor retornou, aquecendo o frio em suas veias. Mina ele sussurrou de encontro s linhas da mandbula , quero voc. Sem defesa, ela gemeu. Oh, Deus, ela o queria tambm! Segurou-se nos botes da camisa dele quando os lbios voltaram a beij-la. Outra vez a lngua vida explorava seus lbios fechados. Entreabriu-os para que ele sentisse seu gosto. Sebastian gemeu e aquele som reverberou em seu ntimo. Seu corpo reagia a cada toque, enquanto o beijava... faminta. E foi ento que ela as sentiu. As pontas afiadas das prprias presas no lbio inferior dele, uma leve picada e uma doura infinita. Aterrorizada, Wilhelmina deixou escapar um grito e o empurrou com fora. Logo estava correndo, descendo as escadas, sem ver nada alm do corredor, l embaixo. Sebastian a chamou, mas ela sequer olhou para trs. No queria ver a expresso no rosto dele, no queria v-lo nunca mais! Tudo o que queria era escapar, fugir e esquecer o que havia acontecido. Saiu pelo corredor, sem ter certeza para onde estava indo. Mina! chamava ele, a voz fazendo eco nas paredes de gesso, parecendo vir de todas as direes. Um choro convulsivo escapou de sua garganta e a fez mover-se ainda mais rpido. Correu sem rumo pelo corredor at que encontrou outro lance de escadas. Essas escadas levavam at um outro corredor e, no final, viu as portas duplas de metal cinza, que deviam levar ao exterior. Chegou at elas, lutando contra as muitas correntes e cadeados que as fechavam. Ouviu um barulho atrs de si, mas estava agitada demais para sentir quem era. Porm, no precisava. S podia ser Sebastian. Wilhelmina soltou o ltimo cadeado e abriu as portas, fugindo por uma alameda escura e mida. Ouviu a porta bater atrs dela, depois nada. Nem passos, nem vozes. Nada. Exceto o barulho constante do trfego e das buzinas. Mesmo assim continuou a correr no meio dos pedestres, chegando a chocar-se com alguns deles em sua pressa. Poas de gua suja formadas pela chuva de algumas horas atrs ensopavam seus ps e pernas. Ela sequer percebeu. Continuou a correr at que estava a um quarteiro do Carfax Abbey. Talvez dois, no sabia ao certo. Virou em uma ruela e encostou as costas na parede de tijolos midos e sujos de um edifcio. As mos ainda tremiam quando as levou boca, tentando tirar o gosto levemente salgado e doce dos lbios. Tentando esquecer a maciez da boca de Sebastian e o desejo feroz no corpo dele. Afastou as mos do rosto, olhando para os dedos trmulos. Havia manchas vermelhas nas pontas dos dedos, como se tivesse mexido com tinta ou com blush. S que as manchas no eram nada assim to corriqueiro ou normal. Era sangue. Ela sentiu o gosto em sua boca. Sangue de Sebastian. Quando as presas ficaram expostas, feriram os lbios de Sebastian. Ento pde sentir o gosto dele, sentir mesmo aquela pequena parte dele, dentro dela.
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A essncia de Sebastian dentro dela, quente, real, emocionante. E tudo o que ela jamais queria sentir ou experimentar outra vez.

Captulo VIII

Sebastian afastou-se da parede, tentando entender o que havia acontecido. Chamou Wilhelmina, mas s ouvia o som dos sapatos dela afastando-se. Respirou fundo vrias vezes, tentando acalmar o desejo arrasador, tentando clarear o crebro entorpecido. Mina gritou de novo, sabendo que ela no ia parar. O medo dela estava ali, palpvel, quase to violento quanto o sangue que corria em suas veias. Droga! Num minuto estavam se beijando. Um beijo completamente ertico, doce e enlouquecedor. E a resposta dela fora to surpreendente e diferente de qualquer outra mulher que j beijara. Comeou a descer os degraus de dois em dois. O que havia acontecido? Por que ela fugira? Por que ficara to aterrorizada? O corredor estava vazio, mas ele conseguiu ouvir o barulho dos cadeados. Desceu outro andar ainda a tempo de v-la desaparecer na alameda escura. Saiu atrs dela, mas desistiu, consumido por uma mistura de emoes: medo, frustrao, angstia. Parou, ainda sem entender a repentina mudana de rumo dos acontecimentos. Encostou-se na parede, olhando para as portas fechadas, tentando decidir se deveria segui-la ou dar-lhe um tempo para que se acalmasse. Aquela reao to violenta teria relao com a opinio que ela tinha dele? Achava que no. Quando estavam discutindo os traos de sua personalidade, percebeu o olhar dela em seus lbios. Sentiu o desejo vibrando ao redor deles, viu algo muito bonito desabrochar. E essa vibrao o havia excitado mais do que a presena da loira no clube. Na verdade, havia beijado Wilhelmina para confirmar se o que sentia era real. E se ele j achava aquela garonete atraente, no estava preparado para o sabor enlouquecedor dela e de sua resposta tentadora. Intensa e tmida ao mesmo tempo, como se ela jamais houvesse beijado um homem antes. T o doce e excitante que Sebastian demorou muito para recuperar seu controle. Especialmente quando sentiu a pequena picada das presas dela. Estava pronto para tom-la naquele instante. Ento, o encanto se quebrou e ela fugiu, assustada. Ele precisava saber se ela tinha medo dele ou de outra coisa. Simplesmente no compreendia. Estava perto da porta dos fundos quando uma voz o deteve. Sebastian! Ele voltou-se para ver Mick na porta do escritrio, suas formas definidas pela luz
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azul das telas dos computadores atrs dele. O rosto impassvel no denunciava se ele havia presenciado a cena com Wilhelmina. Mas era evidente que sim. Mick via tudo o que acontecia no clube. Como um ser sobrenatural bastante antigo, ele possua a habilidade de assimilar diversas coisas ao mesmo tempo. Est tudo bem disse ele, segurando vrias folhas de papel. Sebastian hesitou, ainda olhando para a porta, depois aproximou-se dele e pegou os papis. Lista de nmeros de telefone. Chamadas para o Departamento de Sade. Acho que vai se interessar pela origem da chamada ao Departamento de Sade trs dias atrs s 8h52m. Sebastian examinou a lista at que encontrou o nmero que Mick havia sublinhado com marcador amarelo. Um telefone celular de Nova York. Voc rastreou... Antes que ele pudesse terminar, Mick apresentou outra folha, desta vez de seu prprio computador. Uma lista de endereos e telefones de todos os empregados. A chamada partiu de algum da equipe? Mick assentiu e apontou para o papel. Sebastian nem teve de olhar para o nome para saber quem era. O nome Wilhelmina Weiss estava sublinhado com tinta amarela. Com um peso no estmago, ele olhava para a pagina, o nome e o endereo dela brilhando na frente de seus olhos. No podia acreditar, apesar da idia j ter lhe passado pela cabea. Sabia que havia algo estranho no comportamento dela. Os nmeros combinavam. A data e o horrio tambm. Ela tinha feito a chamada, no havia mais dvida. Mas por qu? O que ela tinha contra o Carfax Abbey? Wilhelmina no sabia por quanto tempo vagara pelas ruas, perdida em seus pensamentos, at que comeou a chover de novo e percebeu que tinha de ir para casa. Quando chegou ao prdio de apartamentos, quase esperava ver Sebastian ali, esperando por ela, mas o hall estava vazio. Vazio, graas a Deus, disse a si mesma, estranhando a frustrao que fez seu estmago doer. Abriu a porta e encontrou o apartamento s escuras. Lizzie certamente havia ido ao laboratrio outra vez. Foi direto ao banheiro e abriu o chuveiro. Enquanto a gua esquentava, olhou-se no espelho. Algo que no fazia com freqncia, pois seu reflexo translcido servia para lembr-la o que realmente era. E, embora tivesse aprendido a lidar com o vampirismo, ainda no conseguia lidar com esta prova to vivida e inegvel. A imagem no espelho olhava para ela como se seu prprio fantasma tivesse vindo assombr-la. Um passado que acreditava estar enterrado. Ela continuou olhando at que o vapor fez com que suas feies indistintas desaparecessem por completo. Ento, despiu-se e entrou no chuveiro. A gua quente aqueceu-lhe a pele. Estremeceu, embora as alteraes de temperatura no afetassem sua pele sem sangue. Por alguma razo, seu corpo parecia no se lembrar desse fato. De p embaixo do chuveiro, ela desejava fazer com que as memrias desaparecessem. Os lbios de Sebastian pressionados contra os dela, a explorao do prprio desejo, o gosto da lngua dele. Mesmo agora sentia-se envolvida pela doura de seus beijos. Um grito ecoou nos azulejos do banheiro e Wilhelmina levou um momento para perceber que o som havia sado dela. Encostou-se na parede e fechou os olhos.
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Oh, Deus, isso no devia estar acontecendo! No poderia ter acontecido. No deveria ter sentimentos como aqueles. Nem uma nica vez desde que fora transformada, seu corpo havia reagido a um homem. Ela era capaz de realizar aquela misso, disse a si mesma, desesperada para que fosse verdade. No se deixaria atrair por um vampiro charmoso. No se permitiria reagir nem como vampira, nem como mulher. Mas ela tinha falhado. Deus, ela havia falhado! Abaixou-se devagar, deixando a gua cair sobre o. corpo. Abraou os joelhos e pressionou o rosto neles. Falhara. Havia falhado em algo alm da misso. E agora no sabia o que fazer, nem por onde recomear. Desejava voltar atrs, ao tempo em que no conhecia Sebastian, ao tempo em que no duvidava de suas verdades, nem do controle que tinha sobre si mesma. Permaneceu agachada no cho do banheiro, desejando livrar-se dos sentimentos que a aterrorizavam. Sentimentos que lhe traziam uma dor excruciante. Sebastian sentou-se no bar, enquanto olhava para o nome de Wilhelmina impresso na pgina branca. Por que ela havia feito aquilo? Por que ele, por que seu clube? O bar estava quase vazio agora, exceto por poucos funcionrios que ainda estavam terminando seu trabalho. Greta limpava as mesas, enquanto Bryce secava os copos e os colocava no lugar. Voc conhece bem Mina? ele perguntou ao lobisomem. Bryce assustou-se com a sbita pergunta, provavelmente surpreso por Sebastian ter falado com ele, que estava sentado do outro lado do bar, quieto. Mina? Sim, Wilhelmina explicou Sebastian. No muito bem. Ela est aqui h poucas semanas e no de falar muito. Exatamente a resposta que Sebastian esperava ouvir, mas, apesar disso, seus msculos relaxaram apenas um pouco. Tentou convencer-se de que era porque detestava que seus empregados soubessem mais sobre o sabotador do que ele mesmo. Porm, sabia que no era verdade. Detestava a idia de que Bryce soubesse mais sobre Wilhelmina e ponto. E j que ela estava tentando fechar seu clube, no entendia por que se preocupava com isso. Assim como no saberia explicar porque estava desapontado, quando devia estar furioso com ela. Voltou a olhar para o papel, lendo o endereo pela centsima vez. A noite toda pensara se deveria ir ao apartamento dela, mas no conseguia se decidir. Havia toda a possibilidade de que ela jamais retornasse. Estava assustada demais para isso. E, se por acaso ela voltasse, ele pediria a Nadine para que a despedisse. Desse modo jamais teria de v-la novamente. Entretanto, essa ideia no o fez sentir-se melhor. Talvez fosse porque queria respostas, e porque tinha muitas perguntas. Ol. Sebastian voltou-se para ver Rhys acomodar-se no banquinho ao lado.
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Ol ele respondeu, um tanto surpreso de ver Rhys no clube. Tratava-se do scio ausente do Carfax Abbey. Rhys nunca gostara muito do lugar e raramente aparecia por l. Alm disso, j era muito tarde. O que est fazendo por aqui? Nadine me telefonou e disse que voc passou a noite toda sentado aqui, ignorando todas as belas mulheres que tentavam atrair sua ateno. E da? ele perguntou, imaginando se o fato seria to preocupante a ponto de Nadine incomodar Rhys. Bem, todos ns sabemos que este no seu comportamento normal. Aquilo o irritou. Esto querendo dizer que sou to degenerado que no posso ficar sozinho, sem nenhuma mulher por perto? Rhys olhou para ele, preocupado. No, no acho que seja um degenerado. Mas sei que voc adora companhia feminina e nunca negou isso. Sebastian olhou para o irmo, depois desviou o olhar. Aquilo era absolutamente verdade, mas por que Rhys deveria se preocupar? O que est acontecendo, Sebastian? Olhou outra vez para o irmo e apresentou-lhe a folha de papel. Isto o que est acontecendo. Rhys examinou o papel sem entender do que se tratava. Wilhelmina, uma de nossas empregadas, foi quem fez a ligao para o Departamento de Sade e, provavelmente, para a polcia tambm. Os olhos de Rhys abriram-se mais ao compreender a seriedade do assunto. Sebastian havia mencionado os telefonemas annimos e ele mesmo concordara que o espao entre as denncias era muito pequeno para que no tivessem relao uma com a outra. Verdade? E o que voc fez? Voc a despediu? Bem Sebastian suspirou , no exatamente. Rhys ficou esperando que ele continuasse. Sebastian considerou contar-lhe sobre o beijo, mas em vez disso, mentiu. Tivemos um incidente... no relacionado s tentativas de sabotagem e ela se foi. Rhys meneou a cabea. Tem certeza de que ela no vai voltar? Sim. Ele tinha certeza, s no sabia por que se sentia to infeliz. Creio que voc deve denunci-la as autoridades Rhys sugeriu. O Carfax Abbey tudo para voc e precisa assegurar-se de que nada de mau acontea ao clube ou aos funcionrios. Essa moa deve ser maluca. Voc no a conhece, meu irmo. Ela tem problemas, mas no maluca. Por que diabos a estava defendendo?, pensou, irritado. E voc a conhece? Ela uma de suas ex-mulheres tentando prejudic-lo para vingar-se? No afirmou Sebastian. Outra vez as mulheres... Tem certeza?

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Por que todo mundo acha que eu no posso controlar minhas ex-mulheres? Porque, na verdade, voc no voc pode. timo! Seu prprio irmo tinha a mesma opinio sobre ele. Perfeito! Olhe, no sou narcisista, nem depravado foi logo afirmando. Mas eu no disse isso. Escute, por que est to aborrecido com isso? Pensei que se orgulhasse de suas mulheres. Pois me orgulho afirmou. Acontece que Mina diferente. Rhys ergueu uma sobrancelha e ofereceu-lhe um irritante olhar de entendimento. No diferente do jeito que voc est pensando. Afinal ela uma sabotadora. Rhys no pareceu nem um pouco convencido. Ento por que voc no foi atrs dela para pedir explicaes? Aquela era a pergunta que ele se fazia.

Captulo IX

Wilhelmina sentou-se em uma cadeira na cozinha, bebendo de uma garrafinha plstica. Cada gole do glutinoso lquido frio tinha gosto mais amargo e menos apetitoso do que o anterior. Forou-se a ignorar o sabor, dizendo a si mesma que o gosto desagradvel era sua imaginao. A mistura de protena jamais a incomodara antes. Tomou mais um gole e colocou a bebida sobre a mesa. Descansou o rosto nos joelhos e ficou olhando a chuva atravs da janela da cozinha. Como odiava a chuva! Depois do banho, ela tinha ido a cama, esperando que a madrugada chegasse. Sabia que o sol foraria sua mente a desacelerar e, finalmente, conseguiria dormir e esquecer tudo. Havia acordado mais calma, mas no menos miservel. Como um simples beijo pudera virar seu mundo de cabea para baixo? Agora j no sabia mais como reconquistar aquela paz que demorara mais de cem anos para encontrar. Wil chamou Lizzie da porta ,eu estava planejando voltar para o laboratrio, se voc no se importar. Wilhelmina forou-se a sorrir para a amiga. Vestida com calas de couro e jaqueta de motociclista, Lizzie no se parecia nada com uma cientista. Tudo bem respondeu. No se preocupe, tenho uma reunio na Sociedade esta noite. Aquilo era uma mentira, pois a ltima coisa que desejava era entrar em contato com a Sociedade. Ainda no. No com o fracasso to recente.
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Lizzie hesitou por um momento, mas depois concordou. Ergueu o capacete vermelho em forma de adeus. Vou tentar no voltar muito tarde. Wilhelmina sorriu. Boa sorte. Ouviu a amiga deixar o apartamento e voltou a contemplar a chuva. Talvez Lizzie tivesse razo. Era preciso curar os sobrenaturais e no tentar modific-los. Com certeza, ela no conseguira fazer uma nica mudana nas criaturas do Carfax Abbey. Na verdade, ela tinha sido a nica que sara diferente da experincia. Fechou os olhos tentando imaginar como poderia contar Sociedade a respeito das tentativas frustradas de deter Sebastian. Sebastian. Aquele nome a fez lembrar-se de coisas e de sentimentos que preferia esquecer. Levantou-se e andou pela minscula cozinha. No, no podia ficar ali sozinha, pensando em coisas que no queria lembrar. Apesar da relutncia em admitir o fracasso total, teria de participar da reunio da Sociedade. Falar com os outros membros poderia ser uma maneira de clarear sua mente. Cercar-se de seres sobrenaturais que comungavam das mesmas idias seria uma maneira de reafirmar que o que ela sabia era verdade. Alm disso, seria um lugar para sentir-se bem e segura. Tinha de voltar, por mais difcil que fosse. Sentindo-se melhor, foi at o quarto para se vestir. Sebastian acabou de abotoar a camisa e procurou os sapatos. Encontrou-os ao lado da cama e os calou, dizendo a si mesmo que iria para o clube retomar a vida normalmente, sem garonetes estranhas, sem telefonemas annimos, nem tentativas de sabotagem. Apenas divertimento e prazer. Sem preocupaes. Foi para hall e entrou no elevador. Apertou o boto para o primeiro andar. Quando o elevador se moveu com um solavanco, Sebastian respirou fundo. Na noite anterior ficara pensando na pergunta de Rhys. Por que no questionara Wilhelmina? E chegou concluso de que no havia motivo para falar com ela. Os sentimentos dela estavam bastante claros. Ela o odiava o suficiente para querer fechar o clube. E havia fugido do beijo. Qual a vantagem de voltar a falar com ela? Pura perda de energia. O elevador parou e abriu a grade de metal. Sebastian entrou no clube, atravessando a pista de dana deserta at o bar. Ao v-lo, Nadine parou de polir o balco de carvalho, a flanela suspensa no ar. Soube de Mina. Lamento ter me enganado com ela. Sebastian deu de ombros. Essas coisas acontecem. Pelo menos, nada e nem ningum foi afetado. Ao dizer isso, percebeu que no era totalmente verdade. Ele sentia-se muito afetado por Wilhelmina, mas pretendia ignorar a sensao at que esta desaparecesse. Nadine anuiu, porm ele sentiu que ela desejava dizer algo mais. No entanto, ela terminou de limpar o balco e seguiu para a cozinha sem nada mais dizer.
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Sebastian sentou-se na banqueta, observando o trabalho dos funcionrios, mas estava inquieto. Talvez quando os clientes chegassem se sentiria melhor e as noites voltariam a ser com eram antes. S precisava esquecer que Wilhelmina existia. Nadine voltou pouco depois, trazendo algumas caixas de papelo, que colocou sobre o balco. No sei como pude me enganar tanto assim com Mina. Achava que ela fosse apenas uma vampira precisando de ajuda, de alguma direo. Ela precisava mesmo de ajuda murmurou Sebastian. Bem, acho que foi melhor assim. Ela desapareceu ontem, bem na metade de seu turno. Deve ter percebido que foi desmascarada. Sebastian assentiu, sem corrigir a concluso de Nadine. Por alguma razo, no desejava partilhar o que acontecera entre ele e Wilhelmina na escada. N o porque fosse embaraoso ou lamentvel. Apenas particular. Acho que jamais saberemos por que ela escolheu o Carfax Abbey Nadine completou. Sebastian fez um meneio de cabea e ento pensou em pedir um drink, mas decidiu que no adiantaria. Quando os clientes chegassem, disse a si mesmo outra vez. Olhou para a porta e viu uma mulher de cabelos escuros entrar. Era Valerie, atrasada para o trabalho como sempre. Sebastian acomodou-se melhor na banqueta, no entendendo por que se sentira to desapontado. Mas o crebro insistia em dar-lhe a resposta: Vai ficar pensando nela at que tenha as respostas. At que voc compreenda. No tinha nada a ver com desejo ou com atrao. O problema era que ele queria saber a verdade. Tenho que ir disse a Nadine, deslizando da banqueta. No esperou pela resposta e saiu do clube para a noite gelada. Fez sinal para um txi e deu ao motorista o endereo de Wilhelmina, sem questionar o fato de que j o sabia de cor. Acomodou-se no assento, sentindo-se mais calmo do que jamais se sentira desde o momento em que seus lbios haviam tocado os dela. Sebastian bateu na porta outra vez, apesar de saber que o apartamento estava vazio. No sentia a presena Wilhelmina ali. Olhou para os lados para certificar-se de que estava sozinho no corredor. Quando teve a certeza de que estava, concentrou-se, o corpo desaparecendo lentamente at que ele se transformou em sombra e deslizou atravs da porta. Do outro lado, seu corpo comeou a reaparecer, primeiro como uma nvoa, depois cada vez mais focado. Ele olhou ao redor. O apartamento era pequeno, tpico de cidade grande. A moblia era bonita e funcional, livros e jornais cobrindo quase toda a superfcie disponvel. Ele podia ver Wilhelmina como uma leitora voraz, talvez por causa dos culos que ela sempre usava. Totalmente desnecessrios, sabia. Outra pergunta que gostaria de fazer-lhe. Caminhou pelo apartamento procurando uma indicao de onde ela poderia ter ido. Apesar de que, se no encontrasse nenhuma pista, estava disposto a esperar at que ela voltasse. Entrar sem ser convidado, talvez a deixasse aborrecida. Mas considerando suas
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tentativas de sabotagem, era pouco provvel que ela chamasse a polcia. Sebastian foi at o corredor que presumiu levasse ao dormitrio dela. Parou em frente a primeira porta, abriu-a e entrou, sentindo o quarto escuro. Estudou as emoes, os cheiros, as vibraes e decidiu que, apesar de ser um quarto feminino, no era o de Wilhelmina. Sorriu. Por razes que preferiu no ponderar, ficou feliz em saber que ela morava com outra garota. De repente, o sorriso desapareceu. A menos que ela gostasse de garotas, o que explicaria sua reao ao beijo. Depois achou a idia idiota, pois na verdade, ela respondera ao beijo. At o momento em que o empurrara contra a parede. Ele saiu do quarto e parou diante de outra porta. Sem se conter, abriu-a. Era um banheiro. Um banheiro pequeno com banheira e chuveiro combinados, uma pia com produtos de bsicos de toalete bsicos. Tornou a fech-la. Por fim, encontrou o quarto de Wilhelmina e reconheceu o cheiro dela imediatamente. O perfume floral sutil de lrios do campo. Respirou fundo e acendeu a luz. A cama estava arrumada, o uniforme de garonete jogado sobre ela. Ele apanhou o vestido e o levou at o nariz, esperando sentir alguns traos do desejo que sentira nos lbios dela. Mas tecido de brocado continha apenas o cheiro da chuva da cidade e um trao bem longnquo de lrios. Recolocou o vestido sobre a cama e continuou a procurar por pistas de onde ela poderia ter ido. No encontrou nada alm de mais livros, uma pilha de CDs e revistas diversas. Bem, ento Wilhelmina no era somente uma sabotadora. Ele teve muitas impresses boas sobre ela, ms nada que revelasse seu paradeiro. Apagou a luz e voltou para a sala. Uma busca no local tambm no se revelou produtiva, mas sobre uma mesa minscula, havia um bilhete escrito a mo: Ol, Lizzie Decidi ir reunio da Sociedade. Vamos nos encontrar nos fundos do restaurante Grindelia, na rua 54. Se chegar a tempo, junte-se a ns que ser bem-vinda. Mina. Sebastian apanhou o papel. A Sociedade? O que era aquilo? Ele recolocou o bilhete em cima da mesa. Ele no sabia se Lizzie seria capaz de ir ao encontro de Wilhelmina, mas ele certamente iria. Wilhelmina virou a esquina e apertou o passo na viela do restaurante, cheia de lixo e de dejetos. Alcanou a porta dos fundos no momento em que a chuva comeou a cair. Bateu e algum que ela acreditava chamar-se Al, abriu e a deixou entrar. Como os sobrenaturais ainda no haviam sido aceitos pela populao em geral, a Sociedade considerava prudente manter as reunies secretas. Para associar-se, a pessoa precisava ser convidada. Wilhelmina imaginou se o convite dela seria revogado depois que contasse sobre o fiasco no Carfax Abbey. Entrou na sala de reunio. Havia pouca luz e o cheiro de po assando permeava as paredes de tijolos. O cheiro de comida no lhe despertava mais o apetite, mas ainda gostava senti-lo. Engraado como o aroma dos alimentos, mesmo aqueles que no
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comia, a fazia sentir-se quente e segura. Vedette Grindalia, a dona do restaurante e membro bastante ativo da Sociedade, recebeu-a com um abrao apertado. Vedette era uma loba, apesar de sua aparncia maternal. Que bom ver voc, querida ele disse com um largo sorriso. Como est? Wilhelmina esboou um sorriso. Bem e voc? Ocupada, muito ocupada. Fez um gesto amplo na direo dos outros e afastou-se para receb-los. Esta noite, havia quase cinqenta scios presentes. timo. Ela teria uma grande audincia para ouvir sobre seu fracasso. Hesitou, considerando fugir sem que ningum notasse. Mina chamou uma voz suave, com leve sotaque. Era Jackson Hallowell, o presidente da Sociedade. Ele aproximou-se e tomou a pequena mo de Wilhelmina nas suas, enormes e geladas. O esfuziante Jackson vampiro estava vestindo um terno azul pavo e calava botas pretas, imaculadamente polidas. Estou feliz que tenha vindo. Ele sorriu, exibindo dentes brancos e perfeitos. Como est seu trabalho no Carfax Abbey? Conseguiu deter aquele vilo? Bem comeou ela , na verdade... Outro scio chamou Jackson, acenando efusivamente. Desculpe, preciso ir. Talvez voc queira dar um depoimento para o grupo todo esta noite. Pode ser? Bem, creio que eu... timo Jackson a interrompeu. Combinado, ento. Piscou e afastou-se em direo a Um grupo na outra extremidade da sala. Wilhelmina permaneceu ali nos fundos, perto de uma das vrias colunas, na esperana de esconder-se o maior tempo possvel. Mas logo depois o incio da reunio foi anunciado. Os membros da diretoria ocuparam seus lugares mesa e o vice-presidente, Jude Anthoney, subiu ao pdio, esperando que todos voltassem para seus assentos. Jude era o oposto de Jackson. Sua aparncia era a de um jovem de vinte e poucos anos, embora, na verdade, fosse muito mais velho que qualquer outro ser sobrenatural ali presente. E, apesar de Wilhelmina admirar o trabalho dele na Sociedade, ele sempre a deixava nervosa. Em especial nesta noite, ele ia deix-la bastante nervosa. Talvez no tivesse sido uma boa idia ter vindo. Ela ocupou uma cadeira nos fundos e respirou profundamente. Tentou convencerse de que tudo ia ficar bem. E tudo ia bem at que ouviu Jude anunciar: Hoje gostaria de ouvir o que nossos scios tm feito desde a ltima reunio. Jackson aproximou-se da mesa, esperando, impaciente para falar. Jude ofereceu um olhar ameaador ao presidente, mas afastou-se para dar-lhe lugar.
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Jackson sorriu para a multido, antes de comear. Bem, meus amigos, como vejo que h muitas caras novas aqui esta noite, gostaria de discorrer, mais uma vez, sobre os objetos de nossa Sociedade, antes de ouvirmos as ltimas realizaes de nossos scios. Wilhelmina relaxou na cadeira. Aquilo ia levar muito tempo, pois Jackson era bastante prolixo. Embora j tivesse ouvido a filosofia e os objetivos da Sociedade diversas vezes, ela nunca ficara to feliz em ouvi-los de novo. Teria oportunidade de relembrar pelo que estava trabalhando. Somos um grupo de seres sobrenaturais que acreditamos que podemos ser aceitos na sociedade mortal. Embora sejamos diferentes do seres humanos, fizemos um pacto solene de viver o mais perto possvel deles. Isto significa que no caamos, no ferimos, no nos alimentamos, nem usamos os humanos para qualquer finalidade. A Sociedade tem trabalhado muito para mudar o conceito de nossa espcie. No somos monstros Jackson fez uma pausa, dando maior impacto a suas palavras , nem os humanos so nossa fonte de alimento. Sebastian tossiu, lutando contra a vontade de rir. Escondido atrs de uma coluna, esperava no ter atrado a ateno de ningum. Balanou a cabea. Bom Deus, aquele pessoal era maluco! Tambm achamos impossvel nos integrarmos se formos temidos pelos mortais. No queremos ser vistos como monstros. Sebastian franziu o cenho. Vistos como monstros? Ele tinha certeza de que nenhum dos mortais freqentadores de seu clube os viam como monstros. Na verdade, os humanos que freqentavam seu bar acreditavam que todos eram humanos ali. Afinal, tinha sido assim que vampiros e mutantes haviam sobrevivido por milhares de anos. Do que esses malucos estavam falando? Eles j estavam integrados, pelo menos to integrados quanto era possvel estar. Sem conseguir ouvir mais tanta tolice, pensou em sair. Ento, dois rabos de cavalo enrolados como coques, chamaram sua ateno. Wilhelmina. E, felizmente, ela estava na ltima fila. Ele aproximou-se dela com cuidado para no atrair a ateno do maluco que falava no pdio, nem do imenso guarda-costas na entrada. Tivera sorte de conseguir infiltrar-se no meio de um grupo de convidados, quando percebera que havia um tipo de senha para ser admitido ali dentro. Enquanto o vampiro discursava sobre as injustias praticadas diariamente contra os humanos, Sebastian abaixou-se e tocou o ombro de Wilhelmina. Ela virou-se e arregalou os olhos, enormes, por detrs dos culos. Abriu a boca como se fosse gritar, mas conteve-se, no querendo, ela mesma, chamar ateno. Venha comigo sussurrou ele. Wilhelmina hesitou, e ele pensou que ela fosse recusar, porm ela fez um gesto com a cabea, concordando. Sebastian olhou ao redor para certificar-se de que ningum o vira. Todos estavam atentos ao palestrante, que falava sobre os vampiros serem quase humanos, exceto pelas presas, pela dieta lquida, a impossibilidade de sair luz do sol, a capacidade de mudar
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de forma, a aparncia sobrenatural e pela imortalidade. Sebastian revirou os olhos. Sim, somos praticamente humanos. Wilhelmina levantou-se e, ansiosa, fez um gesto na direo da porta, to impaciente quanto ele para sair dali. Ento, ele percebeu que ela olhava para os lados, apreensiva, No, ela no queria sair, s queria que ele sasse sem ser visto. A idia o aborreceu. Wilhelmina sentia-se embaraada por causa de sua presena ali. Desde quando ela comeara a andar com esse bando de malucos? Entretanto, ela no reagiu. Virou-se na direo da porta e saram juntos, sem qualquer incidente. Quando dobraram a esquina na viela escura, mida e malcheirosa, Sebastian parou e a encarou. Ento este bando de lunticos o motivo de voc estar tentando sabotar meu clube?

Captulo X

Quando Wilhelmina havia virado a cabea e visto Sebastian na reunio, seu primeiro pensamento tinha sido de tir-lo dali. Como um dos maiores inimigos da Sociedade, o vampiro no poderia estar seguro ali. Ela sequer questionara por que seu primeiro pensamento havia sido de proteg-lo. Agora que sabia que ele estava ali por causa da sabotagem, talvez devesse ter permanecido l dentro e deixado que ele se entendesse com os outros membros. Embora tivesse de admitir que ele parecia surpreendentemente calmo. Eles a convenceram a fazer isso? Ela pensou em fazer-se de boba e negar tudo, mas sabia que no ia adiantar. No, eu me ofereci. Os olhos de Sebastian brilharam, surpresos. Por qu? Por que voc usa os humanos. Voc os trata como coisas que existem apenas para seu divertimento. Porque voc imoral e... Ela procurou um insulto mais adequado. Narcisista? completou ele. No! Bem, sim. Mas no apenas isso... Depravado, ento? ele sugeriu. Wilhelmina percebeu que ele estava se divertindo com seus insultos. Aquele homem tinha um ego enorme. Respirou fundo, frustrada. Ento, ele inclinou-se com um
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sorriso nos lbios. Adoro quando voc faz isso. Ela chegou a puxar a respirao outra vez, mas deteve-se. No ia fazer nada que agradasse aquele egosta. Quando Sebastian percebeu que ela no ia falar, deu um passo para trs, afastando-se dela. Mas por que eu? exigiu saber. Sei que nunca nos encontramos antes. Ento por que me escolheu? Tem certeza de que nunca nos encontramos? ela perguntou. Devido memria dele, poderiam ter se encontrado dezenas de vezes e ele nem se lembraria. Wilhelmina ficou surpresa quando ele balanou a cabea com convico. No, jamais nos encontramos. Como se voc fosse se lembrar ela resmungou. Sebastian aproximou-se de novo e brincou com uma mecha que havia se soltado do rabo de cavalo. Acredite, eu me lembraria de voc, Mina. Os joelhos fraquejaram e Wilhelmina disse a si mesma para afastar-se, a fim de colocar alguma distncia entre ele e aqueles sentimentos descontrolados dentro do peito. Sebastian era perigoso, mas suas pernas no se moviam, exceto para continuar tremendo. Ento, por que eu? A voz dele agora parecia um veludo aquecido. Wilhelmina engoliu em seco, tentando ignorar os dedos que ainda brincavam com seus cabelos. Foi ento que cometeu o erro de fit-lo nos olhos. Fogo dourado. Seus joelhos quase dobraram. Porque voc estava na lista balbuciou. S isso. Que lista? A Sociedade dos Seres Sobrenaturais contra os maus-tratos aos mortais criou uma lista com o nome dos elementos mais perigosos para os humanos. Os olhos de Sebastian arregalaram-se e ele parou de toc-la. E eu estou na lista? Ela assentiu. Voc o nmero trs. Nmero trs! Isso insano. Eu no sou perigoso. Wilhelmina chegou a ressentir-se do olhar ofendido dele, que parecia mais afetado por essa novidade do que pelas tentativas de boicote ao clube. Vai negar que se alimenta dos mortais? quis saber ela. Que os usa para obter sangue e prazer? No Sebastian respondeu de imediato. Mas eu sou um vampiro. E isso o que se espera dos vampiros. Ela o olhou com desdm, desapontada com sua atitude arrogante. Vamos, Mina, vai me dizer que no aprecia uma boa, longa... ele aproximou55

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se, os corpos quase se tocando, a boca praticamente encostada na orelha dela ...e lenta mordida. Ela estremeceu, tentada a reclinar-se contra ele. Mas resistiu e afastou-se. No. No acredito nisso. Pois verdade ela afirmou, olhando-o bem nos olhos. Est me dizendo que nunca morde? Estou. Sabe que no verdade. Voc me mordeu. Foi pouco mais que um arranho, verdade, mas... Ela cerrou os dentes. Claro que ele ia tocar naquele assunto. Aquilo... aquilo foi um acidente. Uma reao por ter sido pega desprevenida. Uh-huh. Ela no parecia convencido. Verdade. Eu no mordo... no gosto disso. Mas isso errado afirmou ele. Bem, acho que o que voc faz errado. No ele continuou, sorrindo. O que eu fao normal. O corpo de Wilhelmina reagiu ao sorriso bonito. Precisava afastar-se logo. Bem, agora que j sabe a verdade, estamos quites. O sorriso dele desapareceu. Acho que no. Wilhelmina ficou apreensiva. Ser que ele pretendia puni-la de alguma maneira pelas tentativas de sabotagem? Deu alguns passos para trs e seu traseiro alcanou um lato de lixo. A tampa de metal deslizou, rolando ruidosamente na viela estreita. Assustada, ela deu um pulo, e Sebastian a agarrou pelo pulso. Gostaria que acreditasse que no h motivo para ter medo de mim. O polegar acariciava a mo dela, tentando acalm-la. Ah, sim, havia muitas razes para tem-lo. Acredito que a Sociedade no deve estar muito satisfeita por voc no ter conseguido fechar meu clube. Esperou que ela confirmasse, Eles ainda no sabem. No contei a eles. Bem ele comeou, contemplando-a , vou oferecer-lhe uma sada para a enrascada em que se meteu. Concordarei em no morder nenhum ser humano por... Pensou um pouco. Digamos, por um ms. E o que terei de fazer? ela perguntou, desconfiada. Sebastian sorriu aquele sorriso encantador. Um sorriso que sempre a deixava nervosa. Tudo o que ter de fazer ser deixar que eu lhe mostre como divertido ser um vampiro. Por que diabos ele ia querer isso? E por que ela estava pensando em concordar?
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Examinou-o mais de perto. No havia nenhum sorriso nos lbios, nenhuma malcia no olhar. Sebastian estava srio e parecia que a resposta dela era muito importante. E eu no terei de morder ningum?... Ouviu-se perguntar, como se outra pessoa estivesse no controle. No, a menos que deseje. E no terei de explorar os humanos de forma alguma? Absolutamente no ele assegurou. Ela considerou as palavras dele. Por que continuava a considerar a proposta to absurda? Porque, afinal, estaria conseguindo o que pretendia. Sebastian no morderia nenhum mortal por um ms, alm de salv-la de ter de informar a Sociedade de seu estrondoso fracasso. E ele estava se oferecendo para mostrar-lhe como era bom ser um vampiro. Ela precisava de auxlio nesse quesito, admitiu. Estava determinada a ser to humana quanto possvel que nem se preocupara em conhecer melhor as habilidades de um vampiro. Como o fiasco com os ratos, por exemplo. Saber mais sobre suas capacidades imortais poderia ser til numa prxima misso. Sorriu levemente. Poderia usar os ensinamentos contra ele mesmo. Gostou da idia. E por que voc iria querer me mostrar as vantagens de ser um vampiro? Porque estou cercado de vampiros que no compreendem como maravilhoso ser imortal. Meus irmos, por exemplo, no compreendem como emocionante, como isso nos torna poderosos. Concordo que as experincias que tiveram como vampiros no foram l muito boas, mas isso passado. Hoje, eles tm amor e felicidade, mas mesmo assim no aproveitam sua condio. Surpresa, Wilhelmina apreciava o fervor daquelas palavras, gostava de ouvi-lo falar de amor e felicidade, sem desdenhar dos conceitos. Meus irmos seguem a filosofia do dr. Fowler. A Sociedade tambm acredita na idias dele? Ela balanou a cabea. No. A maioria dos membros aprecia os ensinamentos do dr. Fowler, mas acham que ele passivo demais em seus modos de integrao na sociedade humana. O dr. Fowler pretende fazer com que os humanos compreendam que as diferenas entre as nossas espcies sejam apenas filosficas. A Sociedade prega aes mais assertivas e proativas. Como sabotagem, por exemplo completou ele, com um olhar incrdulo. Talvez ela pudesse conseguir fazer algo melhor que sabotagem. Se conseguisse convenc-lo da importncia do trabalho da Sociedade, se pudesse convenc-lo... Sebastian voltou a afirmar que ela no teria de ferir ningum, E isso lhe daria um ms para tentar convert-lo. Talvez funcionasse. E se no funcionasse, pelo menos estaria melhor preparada para a prxima misso. Concordo disse, por fim, embora sua voz no soasse to firme quanto pretendia. Sebastian sorriu e puxou-a pela mo. Muito bom, vamos.
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Aonde? ela perguntou com a voz menos firme ainda, j comeando a seguilo. Para longe daqui. Se voc s anda por vielas malcheirosas e cheias de lixo, no de admirar que no goste de ser uma vampira. Quando chegaram rua principal, Sebastian virou esquerda, tentando no pensar por que estava to feliz com o acordo. Afinal, prometera no morder ningum por um ms e aquilo no era nada divertido. Alm do mais, prometera isso mulher que tentara fechar seu clube. Deveria estar com raiva dela, no entanto estava feliz, muito feliz. Estranho! Apesar da hora adiantada e da chuva, ainda havia algumas pessoas na rua. Sebastian virou em outra rua, na direo do Central Park. J que, por alguma razo, ela havia concordado, planejava comear seu trabalho de imediato. Na entrada do parque, Wilhelmina parou. Sebastian a imitou e virou-se para olhar para ela. Fagulhas de medo surgiram entre eles, e ela puxou a mo, tentando libertar-se. Qual o problema? Por que vamos entrar a? Porque quero mostrar uma coisa para voc. Sebastian queria que ela sentisse a grama, as rvores e a chuva com seus sentidos de vampiro, algo que pressentira que ela jamais fizera. Alm do qu, desejava ficar a ss com ela. Mas preferiu no questionar esse desejo. Ela balanou a cabea. Est tarde. No podemos comear amanh? Ele queria perguntar por que o Central Park a assustava, mas teria de ir devagar para obter as respostas de que precisava. Claro, podemos comear amanh. Imediatamente, o medo desapareceu do semblante de Wilhelmina. Tomando a mo dela, comearam a descer a rua, evitando outros pedestres e as poas d'gua. Nenhum dos dois falou, mas Sebastian podia sentir que ela estava insegura. Por que ela era assim, to reservada? Vislumbrara um pouco da real natureza de Wilhelmina quando haviam se beijado, porm ele queria mais. Esse acordo ia ser muito mais divertido do que imaginara. Como soube onde eu estava? perguntou ela, de repente. Sebastian decidiu que no havia motivo para mentir. Entrei em seu apartamento e encontrei o bilhete. Ela parou e o encarou. Voc entrou em meu apartamento? Lizzie estava l? No. Desculpe, mas eu mesmo me convidei a entrar. Os olhos de Wilhelmina faiscaram de raiva. Voc no pode entrar na casa das pessoas sem ser convidado!

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Ele sorriu. Voc est se referindo ao velho mito de ter de ser convidado para entrar em um lugar? Porque ns dois sabemos que aquilo no se refere a casas. Por um momento, ele achou que Wilhelmina realmente no sabia do que ele estava falando. Talvez no soubesse mesmo. O beijo dela era inocente demais, e a lenda de que os vampiros tinham de ser convidados, na verdade, referia-se a sexo. Talvez ela no soubesse disso. As sobrancelhas de Wilhelmina se estreitaram, fazendo com que seu nariz franzisse levemente. ilegal. Sebastian tornou a rir. E o que voc fez no meu clube no ilegal? Sem argumentos, ela apenas ficou olhando para ele, depois desviou o olhar ao sentir a chuva que comeava a cair. J que sabe exatamente onde moro, deve saber que temos uma longa caminhada pela frente. melhor pegarmos um txi. Ele balanou a cabea. No, ainda no. No queria deix-la. Adorava o jeito como a camiseta de algodo colava ao corpo mido, a saia apertando a forma das pernas. Queria abra-la, beij-la, mas sabia que ela fugiria. Nada de txi. Pegou as duas mos dela e postou-se a poucos centmetros de distncia. O que est fazendo? ela perguntou, insegura. Nossa primeira lio. Confie em mim e faa o que eu mandar. Wilhelmina inclinou a cabea e olhou desconfiada por detrs dos culos. Vamos, confie em mim. Afinal, sou apenas o terceiro vampiro mais perigoso da cidade. Ou seria do Estado? Quando ela se limitou a revirar os olhos, sem nada dizer, ele acrescentou: Do mundo?... Se considera isso um cumprimento... Sebastian sorriu e ento, com cuidado, tirou os culos do rosto dela. Pega de surpresa, Wilhelmina recuou um passo. Voc no precisa deles para o que vamos fazer ele explicou. Na verdade, no precisa deles para nada, no ? Para sua surpresa, ela permitiu que tirasse os culos. Os olhos pareceram de um azul mais vivo, mais profundo, e ele pde apreciar o ngulo delicado das mas do rosto. Certo. Agora segure minhas mos e olhe para o cu. Ela olhou como se ele estivesse ficando louco, mas obedeceu. Bom. Agora focalize na chuva sobre sua pele. Ou melhor, sinta a chuva na sua pele. Devagar, as feies contradas relaxaram e ela fez o que Sebastian lhe pedia. Respirava fundo, o que fazia com que o peito subisse e descesse lentamente. As gotas
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de gua rolavam lentas sobre a pele sedosa, o tecido azul-claro da camiseta moldando a curva dos seios. Sebastian tambm respirou fundo, sentindo a prpria ereo. Os dedos apertaram os dela, numa tentativa de controlar o desejo. Ela apertou os dele de volta e passou a lngua nos lbios com um sorriso suave. Sem pensar no que fazia, Sebastian a puxou para si e a beijou. Wilhelmina nunca gostou de chuva. Pelo menos no at aquela noite... Afastou a recordao e fez o que Sebastian pedia. Sentiu a chuva, em vez das memrias que ela trazia. Sentiu as gotas no rosto, a textura da gua, a combinao das molculas como centenas de carinhos minsculos. Mesmo o cheiro da chuva, uma estranha combinao de frescor e de mofo era mais do que se lembrava j ter experimentado. A princpio, no entendeu o que Sebastian pretendia. Tudo o que sentia eram as mos dele envolvendo as suas, mas depois entregou-se e permitiu-se apreciar as delcias que a natureza lhe oferecia. Sorriu maravilha de uma coisa to simples, surpresa por jamais ter sentindo a chuva antes... No daquele jeito to fantstico. E ento, estava nos braos dele, o peito pressionado contra ele e aqueles lbios, moldados aos seus, lambendo a chuva, sentindo o calor. O desejo em seu corpo sensvel foi avassalador. Os dedos agarraram-se aos ombros fortes, procurando algo slido em que se fixar, algo concreto para que seu corpo no se transformasse em fumaa. Sentir os msculos rgidos, a ondulao deles sob a palma de suas mos s fez aumentar seu desejo e enfraquecer suas pernas. Para no falar dos lbios, fortes e suaves ao mesmo tempo, que a beijavam sem parar. As enormes mos em suas costas a apertavam, e ela sentiu uma estranha necessidade de roar seu corpo contra o dele. Queria mais, muito mais, de algo que sequer compreendia. Ento, os lbios dele se separaram e ele comeou a lamber a chuva de suas faces. Deus, como quero voc sussurrou perto da orelha. Ela o queria tambm. Pelo menos, tinha de admitir para si. E aquilo a assustava e excitava ao mesmo tempo. Mas, como a chuva, s desejava sentir. Gemeu, chocada com o prprio gesto de virar a cabea e de beij-lo, faminta, os braos ao redor do pescoo dele, moldando-se a ele, sentindo. Sem pensamentos. Somente sensaes. Seu gosto to bom ele murmurou contra os lbios dela, as palavras aveludadas. De repente, ela se afastou e piscou vrias vezes. O que estava fazendo? Sem entender, Sebastian tentou abra-la de novo, mas ela retrocedeu, o calcanhar batendo em um engradado na calada. Ele a segurou para que no casse, mas logo a soltou. Preciso ir para casa ela disse, surpresa por sua voz parecer to calma. Sebastian fitou-a por mais um segundo, assentindo, depois olhou para o cu. A
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chuva caa em gotas pesadas sobre o concreto. Apontou para uma marquise. Espere ali debaixo, enquanto providencio um txi. Wilhelmina obedeceu automaticamente, enquanto ele se afastava. No pde deixar de apreciar o quanto ele era belo e seu corpo doeu de desejo. Finalmente, um txi parou e Sebastian acenou para que ela se juntasse a ele. Dentro do carro, deixou o maior espao possvel entre eles. Sebastian no tentou diminuir o espao e ambos ficaram em silncio. Vou lev-la at o apartamento ele ofereceu quando chegaram, mas Wilhelmina recusou, abrindo a porta do txi. No preciso, estou bem conseguiu dizer. S que no estava bem. As pernas tremiam, as mos estavam geladas, o corpo todo doa. Mina Sebastian chamou, quando ela comeou a se afastar , apanho voc aqui amanh noite. Assim que Wilhelmina se trancou no minsculo apartamento, deixou-se cair no sof, a cabea entre as mo trmulas. Que diabos estava fazendo? No podia sentir o que estava sentindo. Concordara com a barganha que ele havia proposto, mas apenas para aprender a lutar contra os vampiros como ele. Para evitar ter de contar Sociedade que fracassara. E, quem sabe, para voltar e dizer-lhes que Sebastian Young havia se convertido e que era um deles agora. No para cair em seus braos. No poderia deixar que aquilo acontecesse de novo. Ele ainda era o inimigo, apesar de que estava ficando cada dia mais difcil lembrarse disso. Tinha que se lembrar que a Sociedade escolhera Sebastian como um dos mais perigosos, por algum motivo. Foi a chuva murmurou. Sim, aquela era a razo de ter reagido daquela maneira. Sem saber, Sebastian a ajudara a superar algo que acreditava ser impossvel superar. Ela simplesmente... reagira. Ou melhor, seu corpo reagira. Mas seu corpo j a havia enganado antes. Tinha que se lembrar disso e tambm de que j no era mais a mesma garotinha de antes. Era capaz de lidar com essa situao e com Sebastian. Era capaz de manter o controle.

Captulo XI

Sebastian chegou ao apartamento de Wilhelmina na noite seguinte, quase esperando que ela no estivesse l. Mas enquanto caminhava pelo corredor de paredes cinzentas e carpetes escuros, conseguiu senti-la. O cheiro de lrios do campo e a certeza da presena dela tornaram o ambiente sem personalidade muito mais interessante.
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Na noite anterior fora surpreendido pela intensidade do prprio desejo. Sabia que a queria, mas ficou chocado com a velocidade com que perdera o controle de seu desejo. Queria aquela mulher mais do que jamais quisera qualquer outra. Ansioso, bateu na porta e esta se abriu de imediato, como se Wilhelmina estivesse esperando por ele. Apesar dos olhos por trs dos culos e dos lbios apertados no demonstrarem nenhum prazer em v-lo. Ol cumprimentou e no pde deixar de acrescentar. Mal podia esperar pela minha chegada, no verdade? Ela ofereceu-lhe um olhar de desdm, mas afastou-se para que ele entrasse. Entre. Como j esteve aqui antes, no preciso mostrar-lhe a casa. Sebastian sorriu ao passar por ela. Algum est nervosa esta noite. Ela o seguiu at a sala e esperou que ele se sentasse. No estou nervosa, mas sria. Sebastian murmurou: Isso quase to ruim quanto estar sria. Mina, algum j lhe disse que voc muito sria? Algum deve ter dito ela disse, apesar de se sentir insultada com a observao Sebastian... Ela se calou quando viu que ele sorria. O que foi? quis saber ao ver a expresso satisfeita no rosto dele. a primeira vez que diz meu nome. O olhar que ele recebeu dizia que ela o achava um luntico. Continue disse ele, relaxando nas almofadas do sof. Olhou para ela por mais um momento, mas os olhos azuis estavam ilegveis, Embora pudesse ser apenas o reflexo da lmpada nas lentes dos culos. Sebastian... ela comeou de novo. Por que voc usa esses culos? Nunca ouvi falar de um vampiro com miopia. Ela pareceu confusa. O qu? Seus culos, voc no precisa deles. No concordou ela. Mas gosto deles. Respirou fundo e recomeou aquela coisa importante que Sebastian via que ela estava ansiosa para dizer. Quero que voc saiba que... Tem mesmo que usar os culos esta noite? Ela apertou bem os lbios e disse apenas... Sim. Est certo... ele murmurou. Mas que mal h em perguntar? Wilhelmina suspirou, sabendo que ele no desejava uma resposta e tentou outra vez.
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Sebastian, quero que saiba que realmente pretendo... Gosto das tranas que fez nos cabelos hoje. Mas gosto daqueles rabos de cavalo engraados tambm. Ela calou-se de novo e o fitou com raiva. Algum j disse que voc uma pessoa muito desagradvel? Voc ficaria surpresa em saber quantas vezes. No, na verdade no me surpreenderia ela respondeu, sem deixar de fit-lo. Acabou? Posso falar agora? Ele assentiu, tentando parecer contrito, mas na verdade estava satisfeito por poder provoc-la com tanta facilidade. Quase compensava pela facilidade com que ela o excitava. Est pronto para ouvir agora? Ele fez que sim com a cabea. Est bem. Pretendo manter o acordo com voc, mas acho que precisamos estabelecer algumas regras. Regras? Ele no gostava nada de regras. De fato, tudo o que planejava fazer dizia respeito a quebrar regras. Ser que ela no entendia que era isso o que os vampiros deviam fazer? Quebrar regras. Existir ao largo das convenes. Mas ele nada disse. Queria ouvir a bobagem toda. Minha primeira regra nada de namoro. Oh, no! Essas regras no iam funcionar para ele. Nada de beijos, nada de mos dadas, enfim, nada de contato fsico. Sebastian tentou manter-se calmo. E por que no? Wilhelmina olhou para ele e respondeu friamente: Porque no gosto. Sebastian quase riu. Ela estava mentindo e ambos sabiam. No gostou do meu beijo ontem noite? Por uma frao de segundo, o olhar dela desceu at os lbios carnudos, depois foi at os olhos. No, no gostei. Ele sabia que ela no estava dizendo a verdade, pois sentira o gosto do desejo dela em seus prprios lbios. E est impondo essas regras porque no gosta de mim, ou por que tem medo de que possa gostar demais? Afinal, no ficaria bem para voc gostar do inimigo nmero um da Sociedade. Ele levantou-se e se aproximou dela, mas ela retrocedeu. O medo permeou a sala, mas era diferente desta vez. Talvez por ele ter chegado perto demais da verdade. Entretanto, em vez de negar ou de confirmar as suspeitas, Wilhelmina olhou para o cho.
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Voc no o inimigo nmero um. Devagar, ele aproximou-se um pouco mais, porm parou a alguns centmetros dela. Mina, no sou seu inimigo. O olhar que viu estava dividido entre esperana e incerteza. Contudo, logo as emoes desapareceram e as feies ficaram ilegveis como as de uma boneca. Oh, como ele odiava aquele olhar vazio! Desejava a mulher que se permitia apreciar a chuva. A mulher que parecera excitada e louca por seus beijos. Estendeu a mo para toc-la, mas deteve-se. Wilhelmina no queria ser tocada e ele ia obedecer. No entanto, tambm tinha uma exigncia a fazer. Est bem, concordo com suas regras, mas tambm quero impor uma. E qual ? Eu posso pedir para tocar voc. Se disser "no", vou obedecer, mas tenho o direito de pedir. Surpresa com o comprometimento e desconfiada da sinceridade dele, Wilhelmina resolveu aceitar. Quando disse que concordava foi brindada com um daqueles sorrisos que a deixavam sem flego. Deus, ele era lindo! Forou-se a olhar para o tapete. Ento, aperte aqui ele disse, estendendo a mo. Wilhelmina hesitou, os instintos dizendo que no, mas pareceu algo tolo. Um aperto de mos era inofensivo. Deslizou a mozinha delicada para a dele, notando a textura da palma, os longos dedos apertando os dela. O toque era to suave que a fez lembrar-se dos doces beijos, que se tornavam cada vez mais urgentes. Retirou a mo apressada. Nada era inofensivo com esse homem. Esperava ver uma expresso divertida no rosto dele, que, com certeza, percebera a reao de seu corpo ao simples toque. Mas ele apenas fez um gesto com a cabea. Muito bom, temos um acordo. Agora, vamos sair.

Captulo XII

Aonde vamos? Wilhelmina perguntou, quando se sentaram no banco traseiro de um txi. Para o La Guardia, por favor. Sebastian inclinou-se para dizer ao motorista. O aeroporto? Wilhelmina no conseguia entender. Sebastian assentiu com um gesto de cabea e um sorriso encantador.
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Mas por qu? insistiu ela. Acho que j est na hora de voc comear a confiar em mim. O sorriso permaneceu no rosto dele, enquanto se acomodava no assento de vinil. Confiar nele! Como se isso fosse a coisa mais simples do mundo. Talvez fosse, para algumas pessoas. Mas para ela, confiana absoluta e sem dvidas, estava fora de questo fazia muito tempo. Mesmo assim, recostou-se no assento e olhou para Sebastian, que tambm a fitava. Imediatamente desviou a ateno para a janela, embora no estivesse vendo a paisagem. Ainda estava pensando em confiana e por que, de todos os seres do mundo, desejava confiar neste que estava ao seu lado, em particular. Wilhelmina esperou na calada, enquanto Sebastian pagava a corrida ao motorista do txi. quela hora da noite, o aeroporto no estava to cheio, mas ainda assim havia muitas pessoas carregando malas pesadas, outras reviravam bolsas em busca de bilhetes e documentos, e outras ainda, caminhavam ansiosas para chegar a seu destino final. Muito bem disse Sebastian, surgindo ao lado dela. Pronta? Estendeu a mo e Wilhelmina olhou para ele por alguns segundos antes de deslizar a sua. Caminhar de mos dadas com ele estava se tornando quase natural. Quase. Voc no pretende me dizer por que estamos aqui? No. Entraram pelas portas de vidro e encontraram algumas filas, bagagens e muitas expresses zangadas. O ar estava carregado de diversas emoes: excitao, nervosismo, irritao. Caminharam por um largo corredor at que alcanaram um conjunto de cadeiras de plstico. Sebastian fez um gesto para que se sentassem ali. Lado a lado, a longa perna de Sebastian tocava na dela. Wilhelmina olhou para o local do contato, surpresa com a intensidade de sua reao a um toque to incuo. Podia sentir o contato em cada terminao nervosa, em cada clula do corpo. Desviou o olhar para o rosto dele, que nem parecia ter notado o toque, a ateno toda voltada para os viajantes. Ela quase riu de si mesma. Um homem to experiente no notava algo to suave como o toque de suas pernas. Afinal, a primeira vez que o vira, ele estava passando as mos no corpo de uma mulher na pista de dana. Imaginou como seriam as mos dele em seu corpo, se a simples presso de uma perna quase a fazia explodir. Observou as mos dele, relaxadas sobre as prprias pernas, lindas mos, palmas largas, dedos longos e masculinos. Acho que teremos de esperar um pouco mais. Esperar o qu? Mas antes que ele pudesse responder, ela adiantou-se. J sei, j sei. Tenho de esperar para ver. Ele riu. Isso mesmo, j esta comeando a entender. Diga-me, se pudesse ir a qualquer lugar do mundo, para onde iria? A pergunta a pegou desprevenida.
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Bem... no sei admitiu. Jamais pensara em viajar, pelo menos desde que fora transformada. No se sentia bem em avies ou trens cheios de gente. E longas horas, arriscando-se a se expor luz solar no eram convidativas tambm. Voc viaja? Claro. Estava na Virgnia visitando meu irmo Christian, quando fui chamado de volta por causa do... Fez uma pausa. Bem, voc sabe por qu. Wilhelmina fez que sim com a cabea, incapaz de encar-lo. Mas ele continuou , j estive praticamente em todos os pases do mundo. Verdade? Como? meio complicado ele admitiu. Vos noturnos e voc tem de torcer para que no haja atrasos. s vezes viajo em meu caixo em navios cargueiros, no meio dos engradados. Wilhelmina arregalou os olhos. uma piada ele apressou em dizer. Voc sabe, Drcula. Ela desviou o olhar para que ele no visse o quanto ela apreciava seu tolo senso de humor. por causa de Drcula que voc me chama de Mina? perguntou de repente. Em parte, sim. Ela pensou em insistir, mas no tinha certeza de que gostaria de ouvir que era algum tipo de brincadeira. Ento preferiu fazer outra pergunta. No perigoso viajar? Claro que sim, mas no seria divertido se no fosse assim. Sebastian acomodou-se na cadeira, e Wilhelmina pde sentir os msculos dele atravs dos jeans. Se realmente tivesse vontade de viajar, aonde gostaria de ir? ele perguntou. Ele inclinou-se em sua direo, e ela percebeu que ele tinha a maravilhosa habilidade de fazer uma pessoa sentir que suas respostas eram muito importantes. Sentiu-se aconchegada por um momento, porm lembrou-se de j ter se sentido assim antes e do alto preo que tivera de pagar. Vamos, diga ele insistiu. Que mal haveria em responder? Era bem mais experiente agora e, afinal, estavam apenas conversando. Pensou na pergunta e, pela primeira vez em muito tempo, permitiuse lembrar de seus sonhos de criana. Bem comeou cautelosa, pensando se Sebastian no acharia suas escolhas muito bvias , gostaria de ir a Londres e a Paris. E por que ficou embaraada em me dizer isso? Porque no so lugares to exticos ou misteriosos. Diz isso porque nunca esteve no Soho depois do anoitecer. Muito extico. Ento j esteve em Londres? Sebastian riu. Eu sou ingls. Ou melhor, eu era. No tenho certeza de como isso funciona j que no vivo h mais de cem anos. Wilhelmina sorriu.
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Seu sotaque se foi. Na verdade, nasci na propriedade de minha famlia em Derbyshire, mas amos sempre a Londres, onde tambm tnhamos uma casa. Wilhelmina ficou intrigada pelo que ele estava dizendo. Voc deve ser velho. Por qu? Pareo velho? O calor aqueceu sua pele normalmente fria e Wilhelmina disfarou ajeitando a saia. Sabe que no. Satisfeito, ele sorriu ao elogio. Tenho duzentos e dez anos de idade. Nasci em 1796. Mas vamos falar de voc. Deve ser um beb pelos nossos padres. Sempre viveu em Nova York? Sim, a maior parte de minha vida. Meu pai foi o fundador da Weiss Steel. Os olhos dourados ficaram arregalados de espanto. Uau! Um dos maiores industriais do pas! Ento como se explica que voc, herdeira de uma das maiores fortunas dos Estados Unidos, more naquele modesto apartamento? Certamente voc ficou com um pouco daquele dinheiro. Wilhelmina voltou a ajeitar a saia. No queria falar sobre sua famlia ou porque vivia da pequena quantia que recebera quando fizera vinte e um anos de idade. Bem pequena, se comparada aos bilhes que a empresa de seu pai havia ganhado. Sinto muito Sebastian disse ao perceber que ela no planejava continuar falando no assunto. Talvez devssemos voltar ao motivo de estarmos aqui. Ela ainda no sabia por que estavam ali, mas qualquer coisa seria melhor do que falar na famlia que a havia trado. Sebastian olhou ao redor e fixou o olhar em um casal de idosos que estava de p, no muito longe. Fez um gesto sutil na direo deles. Concentre-se naquele casal. Wilhelmina concentrou-se nas emoes deles e sentiu excitao, felicidade e em pouco de ansiedade. Consegue senti-los? Ela fez que sim com a cabea. Alguns viajantes passaram pelo casal de idosos e as emoes se misturavam, dificultando focalizar apenas uma coisa. Concentre-se Sebastian instruiu com sua incrvel habilidade de sentir o que Wilhelmina estava pensando. Est ficando confuso ela murmurou quando um grupo maior passou pelo casal, espalhando ansiedade e tenso. Use seu ponto focal. Concentre-se em outra coisa at que consiga retomar o controle. Wilhelmina pressionou a perna contra a de Sebastian, concentrando-se na presena dele, ali to perto. A mistura de emoes, enroladas como vrias voltas de um colar, comeou a separar-se at que cada emoo fosse uma delicada e frgil cadeia. Ela riu, surpresa. Funciona.

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Bom trabalho, garota elogiou Sebastian, satisfeito com o desempenho dela. Agora pode sentir as emoes separadamente? Sim disse ela, deliciada, sentindo as emoes bem fortes e distintas umas das outras. O homem est mais apreensivo do que a mulher. Recebeu um olhar de admirao. verdade. E a mulher est... realmente excitada. Isso mesmo Sebastian observou, e esperou que ela continuasse. Como estou fazendo isso? ela perguntou, sorrindo. Sebastian a fitou e viu aquele sorriso alegre, to perturbador para ele quanto as emoes haviam sido para ela. Era somente um sorriso, porm a coisa mais inspiradora que ele j vira. Voc est aprendendo a controlar naturalmente sua habilidade de bloquear emoes e de concentrar-se em uma coisa de cada vez. Em breve ser capaz de ignorlas completamente, se quiser. Wilhelmina voltou a olhar para o casal e riu, uma de suas raras risadas. Agora, que estou mais calma, acho que no quero bloque-las. Isso pode ser divertido garantiu ele, focalizando a felicidade momentnea que ela experimentava. um tipo de invaso de privacidade, no ? ela indagou, sentindo uma pontinha de culpa. Um pouco, mas no temos a habilidade de ler pensamentos como os filmes nos fazem acreditar. Wilhelmina voltou-se para Sebastian. Ele parecia poder ler a mente dela, e desejou poder ler a dele naquele momento. Entretanto, no conseguia sequer saber o que ele estava sentindo. Por que no consigo ler suas emoes? Porque posso mascar-las. Com o tempo, voc poder fazer isso tambm, se praticar. Ela teve vontade de perguntar por que ele achava necessrio mascarar suas emoes, mas no sabia se ia gostar da resposta. Agora, tente aquele homem. Sebastian apontou para um homem de negcios com terno cinza, uma valise e um celular ao ouvido. Wilhelmina concentrou-se. Raiva. Impacincia. Frustraes. Sebastian assoviou, admirado. Exatamente. Ele como meu irmo antes de encontrar Jane. Seu irmo era assim? Acrescente uma dose de angstia e este era Rhys. At que aconteceu o milagre do amor verdadeiro e ele foi salvo. Wilhelmina no parava de se surpreender com aquele homem. Como um vampiro
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que tinha uma mulher diferente para casa dia da semana podia falar com tanta facilidade sobre amor verdadeiro? Juntou-se a ele na observao dos passageiros. Um jovem de pouco mais de vinte anos passou por eles, a expresso fatigada, mas com um sorriso alegre no rosto. Wilhelmina olhava ao redor, procurando mais pessoas felizes quando uma garota, tambm na faixa dos vinte anos correu para ele e, de repente, o corredor pareceu explodir de tantas emoes: alegria, alvio e amor. Ela no conseguiu mais desviar o olhar e viu quando ele largou a mala no cho para receber a mulher que se atirava em seus braos. Abraaram-se rindo, beijando-se, as bocas procurando-se ansiosas. O desejo de experimentar o mesmo atingiu-a de imediato. Algo vivo e intenso pulsava ao redor daquele casal, as duas bocas unidas, as mo se procurando desesperadas. Wilhelmina olhou para Sebastian, esperando que ele tambm estivesse observando o casal. Mas ele no estava. Estava olhando para ela. Seus olhos se encontraram e, de repente, o desejo no era mais do casal, e sim deles, ardente e desesperado. Wilhelmina deixou o olhar deslizar para os lbios dele e admitiu que queria viver aquele tipo de paixo, e no apenas observ-la.

Captulo XIII

Sebastian no pde deixar de perceber o sentimento que pulsava nos olhos de Wilhelmina. A respirao acelerou ao imaginar como seria sentir aquela pulsao quando estivesse dentro dela. Seu corpo reagiu de imediato. No, avisou a si mesmo. A reao dela fora causada pelo jovem casal. Tinha de manter a cabea no lugar e ir devagar. Ela ainda no estava pronta. Afinal, at poucos dias atrs ela o considerava o mal encarnado. Wilhelmina agora parecia j ter mudado de opinio. Olhava para ele com o mais puro desejo estampado em seu semblante. Porm, mais no fundo, conseguia vislumbrar uma nuvem de preocupao. V devagar. Sebastian comeou ela, hesitante. Eu... quero... Foi o suficiente para que seu membro crescesse de encontro ao jeans, e os msculos doessem com a necessidade de toc-la. Ela nem sabe pedir o que quer, sua mente voltou a avis-lo. Mina, acho que no uma boa idia. Sebastian tentou manter a voz calma e a mente clara. A mozinha delicada comeou a acariciar-lhe o rosto, os dedos tocando seus lbios. Um gemido escapou de sua garganta e antes que a mente pudesse registrar o que
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fazia, levantou-se e puxou-a consigo. Comeou a andar pelo corredor, sabendo apenas que precisava ficar a ss com ela. Avistou os banheiros e empurrou-a para aquele onde se lia "Famlia". Felizmente estava vazio. Ali havia somente um toalete pequeno com uma mesa de plstico para trocar fraldas e uma pia numa longa bancada. No era exatamente um lugar para seduo, mas serviria para aplacar a urgncia que sentia em toc-la. Assim que trancou a porta, puxou-a para si e a pressionou entre a parede e seu corpo. Assustada, Wilhelmina o encarou com ainda mais desejo, mas aquela ponta de preocupao ainda evidente nos olhos. Sebastian diminuiu um pouco a press o, tentando manter a calma, evitando ser impaciente demais. Afoito, comeou a toc-la como se fosse um garoto em sua primeira vez com uma mulher, Muita calma. Finesse, advertiu-se, mentalmente. Sentindo-se livre, ela voltou a acariciar o rosto msculo, as mandbulas e os dedos tocando os cabelos nas tmporas. Incrvel como o mais inocente dos toques acendia o fogo incontido da paixo de Sebastian. Assim, apertou-lhe os quadris, pressionando-os como se fosse possu-la ali mesmo. Finesse... Ento, ela ficou nas pontas dos ps e pressionou a boca contra a dele, insegura a princpio, mas no demorou muito para se deixar envolver. Foi quando o restante de razo que ainda continha seus movimentos sfregos se esvaiu. Ele ficou mergulhado nas sensaes daqueles lbios macios com sabor de mel. As mos continuavam a tocar-lhe o rosto com se desejasse decorar as feies. Sebastian aprofundou o beijo. Wilhelmina separou os lbios, permitindo que ele explorasse a textura de sua boca. As mos fortes que estavam em seus quadris moveram-se, explorando a delicadeza de suas curvas, subindo e descendo, tocando de leve a suave elevao dos seios. Deus, era insano o modo como desejava esta mulher! Apesar de continuar a repetir a si mesmo para ir devagar, ele voltou a pression-la contra a parede, sentindo os seios apertados contra seu peito, o corpo macio contra sua ereo. Wilhelmina gemeu, apertando-se mais contra ele, intensificando as caricias, puxando-o, exigindo que no parasse de beij-la. Sem poder se conter mais, ele deslizou a mo, ergueu a saia e conseguiu tocar a pele da coxa bem torneada, to macia e uniforme como imaginava. No satisfeito, tomou-lhe os seios e sentiu uma leve vibrao nos lbios dela. Wilhelmina afastou a cabea, mas ele a seguiu, capturando outra vez os lbios midos, enquanto a mo subia ainda mais. Ela suspirou quando ele agarrou os dois seios atravs do suti, sentindo os mamilos endurecidos contra o algodo. Sebastian ansiava sugar um a um, senti-los rgidos contra sua lngua. Assim, deixou de beij-la na boca e passou a roar os lbios pela mandbula e pescoo, terminando por mordiscar-lhe o lbulo da orelha. Wilhelmina ficou tensa. Sebastian registrou a reao, mas no compreendeu a razo. Os lbios pressionados no belo pescoo, os dedos apertando gentilmente o mamilo, seu nico pensamento era tomar aqueles seios em sua boca sequiosa. Beijou-lhe a pele macia do pescoo, imaginando que os seios seriam ainda mais suaves.
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No! gritou Wilhelmina, afastando-se. As mos que estavam no rosto dele o empurraram com tanta fora que a cabea pendeu para trs. Antes que ele se recuperasse, ela correu para o canto oposto do pequeno banheiro. Sebastian piscou, tentando recuperar o foco. O empurro no chegara a machuclo, mas o deixou desorientado. Num minuto sentia-se desejado, no outro recebeu um empurro que teria quebrado o pescoo de um mortal. Que diabos estava acontecendo? Piscou algumas vezes at que percebeu que o pequeno banheiro estava saturado pelo terror de Wilhelmina. Ser que seu desejo fora to intenso a ponto de no ter percebido? Virou-se para ela, que o observava de olhos arregalados e petrificados, apesar de no parecer v-lo. Na verdade, pareciam atravess-lo. Mina... ele a chamou com calma, temendo a reao dela. O olhar vazio desapareceu assim que os olhares se encontraram. Eu... Ela balanou a cabea, sem saber o que dizer. Machuquei voc? Ela continuou a movimentar a cabea, com os olhos presos no cho. O que est acontecendo, querida? Com os olhos fechados, ela tentava dissipar a nusea e o medo que haviam destrudo as maravilhosas sensaes dos minutos anteriores. E que a fizeram reagir como uma maluca. Agora que estava distante, olhando para o rosto to lindo de Sebastian, nem frio, nem cruel, o medo comeava a desaparecer, mas deixando em seu lugar raiva e vergonha. Ela o encarou e pelo brilho daqueles lindos olhos percebeu o quanto ele estava confuso e preocupado. Por que continua a fazer isso? perguntou ela, quase sem perceber que dissera as palavras em voz alta. Fazer o qu? A ser to bom para mim? Sebastian a presenteou com um sorriso triste e meneou a cabea. Voc deveria acreditar que eu sou assim mesmo. Wilhelmina contemplava os cabelos desalinhados, os lbios vermelhos por causa dos beijos e os olhos sensuais. Ele no parecia um homem bom, parecia tentadoramente lindo e perigoso. Mas no sentiu medo. No dele. Vamos, querida, converse comigo. Era o que ela mais queria, conversar e contar que a assustava a certeza de que seria mordida e que estava apavorada. Oh, como ansiava contar-lhe tudo! Desejava partilhar seu passado, seu segredo com aquele homem, aquele vampiro. O terceiro vampiro mais perigoso de Nova York. Contudo, no conseguia articular. Aprendera, havia muito tempo, que se abrir com algum dava a essa pessoa o poder de mago-la. No poderia fazer isso, queria, mas no poderia. Eu... preciso ir para casa. Dito isso, ela tentou seguir para a porta, mas Sebastian bloqueou o caminho. No mesmo instante o pnico a dominou de novo. Olhando ao redor percebeu que estava
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presa em uma armadilha. Se Sebastian decidisse que a desejava naquele momento, ela no teria como impedi-lo. Por favor, Sebastian. Est bem, mas pelo menos me diga por que est to assustada. Por que fica apavorada quando chego perto? Wilhelmina olhou para a porta, no conseguindo pensar em nada alm de sair dali. Mina... Ao olhar para ele notou que no havia malcia alguma, a preocupao era sincera. Sebastian, preciso que me tire daqui ela pediu, demonstrando insegurana na voz. Mais uma vez notou o quanto ele estava confuso. Por favor... Sebastian franziu a testa, como se fosse se opor ou dizer alguma coisa. Mas logo em seguida concordou com um sinal de cabea e destrancou a porta, afastando-se para deix-la passar primeiro. Wilhelmina entendeu que ele nunca tivera a inteno de machuc-la, quando saram para o lobby do aeroporto. Com o canto dos olhos observou-o, enquanto seguiam caminho. Em nenhum momento ele a fitou, mas era certo que o confundira com seu comportamento instvel. E com toda a razo. Entretanto, ela no poderia contar nada. Ainda no. Talvez nunca. Quem sabe? A noite estava quente quando saram para a rua. Wilhelmina respirou fundo e aguardou que Sebastian chamasse um txi. Logo estaria de volta cidade, segurana de seu pequeno apartamento, de volta aos seus livros e a seu mundinho particular. Ruas, luzes, prdios comearam a surgir e logo pararam porta do edifcio. Voc vir amanh noite? ela o questionou com medo que seu comportamento estranho o tivesse afastado para sempre. Receou ser considerada um caso perdido. Nosso acordo ainda est de p, no? Sebastian perguntou. Os olhos amarelos vividos mesmo com a pouca iluminao da rua. Ela fez que sim com a cabea. Como j disse, serei amaldioado se quebrar o compromisso anunciou ele, sorrindo. Wilhelmina o fitou e retribuiu o sorriso. No poderei vir antes da meia-noite. Ela quis perguntar se era por causa de algum encontro antes. Mas que diferena faria? Alm disso, no tinha o direito de intrometer-se na vida particular dele. O que estavam fazendo era como uma pesquisa de campo, com fins educativos. Lembrou-se dos beijos e de sua reao bizarra. A excurso fora muito mais educacional do que qualquer um deles esperava. De repente, ela fora invadida por um sentimento de fracasso com ele e consigo mesma. Sebastian entrou no clube mal percebendo os cumprimentos dos clientes e dos funcionrios quando se aproximou do bar. Odiou ter de deixar Wilhelmina sem compreender o que acontecera naquele banheiro. Sabia que teria de ir devagar com ela, dar-lhe tempo para que confiasse nele e percebesse que ele no era nada daquilo que a
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Sociedade queria impor. Entretanto, depois daquele episdio, soube que o medo dela no estava relacionado com as coisas que a Sociedade divulgava. Sentiu que ela o desejava e ento, num piscar de olhos, a transformao. Wilhelmina ficou absolutamente aterrorizada. Porqu? A est voc Nadine o cumprimentou bem alto por causa da msica. Como esto as coisas por aqui? ele quis saber. Aconteceu alguma coisa importante? Eu poderia fazer a mesma pergunta. Onde voc esteve? Sebastian franziu a testa. O que quer dizer? Sabe onde estive. Aqui. Isso no verdade. E isso est provocando muitos comentrios. E por que minha ausncia causaria comentrios? Ele fechou ainda mais o semblante. Porque ningum aqui se lembra de uma ocasio em que voc deixou de vir ao clube por trs noites seguidas, a no ser que estivesse fora da cidade. Onde esteve? Ele olhou para Nadine, incrdulo. Ser que ela estava brincando? As pessoas teriam mesmo percebido sua ausncia? Tenho outras coisas para fazer alm deste clube. O olhar de Nadine lhe dizia que no a convencera. Quem ela? ela perguntou comum sorriso malicioso. No se trata disso. Acontece que ando muito preocupado e... No conseguiu mentir. Bem, ela s uma amiga. Oh, sim, claro. Nadine riu alto. Por que to difcil de acreditar? Ora, porque voc no passa uma noite com uma mulher s para conversar. Ns todos sabemos disso. No bem assim. Ento pense em alguma com quem tenha apenas conversado. Depois me conte ela o desafiou, afastando-se para atender alguns pedidos. A ss, Sebastian ficou pensativo. J tivera algumas amigas, pessoas com quem gostara de conversar sem qualquer envolvimento. Gostava da companhia delas, mas com Wilhelmina era diferente. Queria tudo com ela. Ficou chocado com o prprio pensamento. Na verdade, ela era diferente porque ele tinha de ensinar-lhe como ser uma vampira. No a transformara, mas estava assumindo o papel de iniciador. Atuava como se fosse pai dela. Riu sozinho da prpria concluso. A analogia tinha sido pssima, mesmo porque suas intenes com ela eram... Resolveu mudar a linha do pensamento. Nadine estava dando mais importncia sua ausncia do que de fato merecia. Na verdade, no devia satisfaes a ningum de seus atos. Continuava a fazer o queria, no tinha mudado o hbito. Mesmo assim, decidiu ir embora antes que Nadine voltas se para interrog-lo ainda
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mais. Virou-se em direo sada, mas antes que desse o primeiro passo, uma ruiva alta, de corpo curvilneo acenou, cumprimentando-o. Sebastian! exclamou ela, aproximando-se. Ele olhou pra a mulher, tentando lembrar seu nome. Sem conseguir, preferiu um cumprimento informal. Ol, como vai? A ruiva parou a poucos centmetros e, pela primeira vez, Sebastian teve vontade de se afastar de uma bela mulher. Tinha certeza de que encontraria voc aqui ontem ela lamuriou-se com voz afetada, batendo os clios muito pintados. Foi a primeira noite de sexta-feira em que no o vi no clube. Deus do Cu! Ser que todos estavam preocupados com seu paradeiro? Bem, tenho estado muito ocupado. Verdade? Mais batidas de clios. Ela se aproximou mais, os seios fartos tocando-lhe o brao. Com o qu? Ou com quem sugeriu Nadine, que passava por ali naquele exato momento. Que timo, a amiga intrometida tinha voltado! Antes que continuasse, Sebastian a brindou com um olhar ameaador, mas ela no se intimidou. Parece que nosso Sebastian aqui tem uma namorada firme. A ruiva ficou boquiaberta ao ouvir. Est certo, tinha de admitir que no era fcil acreditar que ele estivesse namorando. O que isso significava? Ora, que s poderia fazer amor com mulheres. Sebastian, ento, percebeu que era isso o que todos pensavam, inclusive as mulheres com quem j tinha dormido. Sem dizer que apenas trs encontros com Wilhelmina j a tinham transformado em um compromisso firme. Estavam todos doidos. Voc tem uma namorada? indagou a ruiva, ainda recuperando-se do choque. Podem me dar licena, por favor? ele pediu, j farto daquela conversa. Afastou-se sem entender a razo, apesar de estar insatisfeito sexualmente, no dissera bela raiva que Nadine devia estar louca e, que ao contrrio da impresso causada, ele estava disponvel.

Captulo XIV

Wil, pare com isso. Wilhelmina parou e olhou para Lizzie. Nem precisou perguntar amiga o que aquilo significava. Estava andando de um lado para outro havia mais de cinco minutos. Desculpe falou baixinho. Foi at o sof, sentou-se e apanhou o livro que
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estava tentando ler. Abriu na pgina marcada, suspirou e recomeou a leitura. O que Sebastian estaria fazendo? Estaria no clube em companhia daquelas belas mortais? Outro suspiro. No, no ia pensar nisso. No havia motivo para se preocupar. Ela e Sebastian tinham um acordo, no um relacionamento. Apesar de terem se beijado trs vezes, Suspirou de novo, desta vez por causa da lembrana da carcias. Alguns beijos no significavam nada para algum como Sebastian. Mas para ela tinham uma conotao diferente, porque ele fora o nico homem que ela tivera vontade de beijar nos ltimos cem anos. Suspirou outra vez. Ok disse Lizzie, impaciente. O que h de errado? Wilhelmina se assustou. Nada, s ansiedade. Eu percebi. Mas o que est incomodando voc? Ela no poderia contar amiga que estava preocupada com a possibilidade de Sebastian estar com uma mortal, no porque estivesse preocupada com a mulher, mas sim porque estava com cime. Cime? Considerou a sensao que lhe apertava o peito e que fazia com que no suportasse ficar sentada. Sim, isso era cime. Acho que s estou cansada de ficar dentro de casa mentiu. Quer ir ao cinema? Estamos na temporada de filmes novos na cidade. No, acho que no, obrigada. Vai haver uma reunio na Sociedade dentro de uma hora. Acho que vou at l. Wilhelmina percebeu que precisava manter os ps no cho para no se deixar arrebatar pelo mundo de Sebastian. Sebastian lutou contra a vontade de inclinar a cabea e olhar para o relgio de pulso da mulher sentada sua frente. Ela havia aberto o projeto sobre a mesa e agora oferecia diversas opes de mesas e cadeiras e como estas poderiam ser arrumadas, combinao de cores, opes para o assoalho, e outras coisas. Voc poderia fazer algo assim sugeriu Eve, ou seria Julie? Sebastian j tinha esquecido, apesar de ter falado com ela vrias vezes no ltimo ms. Olhava para a planta sem acompanhar o que... Julie? Sim, Julie. Quem quer que ela fosse, no estava prestando ateno s sugestes. muita informao interrompeu ele. Acho que preciso de um intervalo antes de decidir. Gostaria de beber alguma coisa? A mulher sorriu. Ela tinha um belo sorriso e olhos castanhos bem escuros. Gostaria de um club soda? Saram do escritrio em direo ao bar, quase deserto quela hora. Domingo no era um dia muito movimentado ali. David mantinha uma msica ambiente bem suave. Mas a tranqilidade do ambiente no contribua em nada para a agitao de Sebastian. Como esto as coisas? perguntou Nadine, debruando-se sobre o balco.
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Tudo bem ele disse automaticamente, esperando que ela no mencionasse Wilhelmina outra vez. Voc no parece nada entusiasmando. Pensei que esta fosse uma das maiores decoradoras de Nova York. Dos Estados Unidos, na verdade. Sebastian sabia disso, mas sentia-se pssimo por sequer conseguir se lembrar o nome dela. Esperara meses para conseguir uma janela na complicada agenda de Julie Winchester. Agora que ela estava ali, ele mal ouvia as idias propostas. O que havia de errado com ele? Simplesmente no parava de pensar em Wilhelmina, em seus beijos, no modo como ela fugira, to assustada. O que ela estaria fazendo agora? Que loucura! No demorariam a se encontrar e, afinal, estavam tratando do grande amor de sua vida, o clube Carfax Abbey. Esse era um sentimento que ele no tinha receio algum em admitir. Preciso de um club soda e de um usque duplo. Desde quando voc bebe em uma reunio de negcios? indagou Nadine, erguendo uma das sobrancelhas. E eu disse que o drinque era para mim? Nadine o encarou, deixando claro que no era to boba quanto ele imaginava, mesmo assim, pegou um copo e virou-se para as prateleiras de bebidas. Sebastian se inclinou no balco, examinando o clube. Como adorava aquele lugar! Inaugurado havia dez anos, ainda mantinha o mesmo luxo e esplendor. Adorava as cores escuras, o vermelho profundo das paredes e estofados de veludo da mesma cor. Para completar havia enormes candelabros brilhantes. O clube mais parecia um bordel gtico, um contraste com a imagem de uma abadia verdadeira, que ele adorava. Talvez no quisesse mudar nada na decorao e por isso no estava ouvindo os conselhos de Julie. O clube ainda estava na moda, independentemente de sua idade. Ento, por que mexer em um time que est ganhando? Nadine voltou com os drinques. Sebastian apanhou o seu e dirigiu-se mesa onde a decoradora se instalara para apreciar melhor o ambiente. Este lugar maravilhoso afirmou Julie, aceitando a bebida. No creio que mudaria muita coisa. Apenas poderamos dar mais privacidade aos clientes, talvez com algumas cortinas mais pesadas nos camarotes. A iluminao poderia ser um pouco mais suave. Enfim, a idia dar ao clube mais sofisticao e menos brilho. Sebastian seguiu o olhar dela, surpreso pelos comentrios, to de acordo com o que pensava. Talvez ele fosse o nico que precisava da alguma mudana. Mais uma vez, a reunio da Sociedade estava bastante concorrida. Wilhelmina entrou no exato momento em que Jackson Hallowell chamava todos a seus lugares. Escolheu um assento nos fundos, como sempre fazia e esperou que o presidente anunciasse a pauta. Hoje gostaria de ouvir falar sobre os voluntrios de nossa Sociedade. Aqueles que atravessaram fronteiras para tentar deter os seres sobrenaturais antes que atinjam os mortais. Sem esses bravos voluntrios, jamais conseguiremos ser reintegrados sociedade. Quero agora que Daniel venha at aqui. Wilhelmina ficou olhando, enquanto o vampiro alto e magro dirigia-se ao pdio.
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Como sempre, aquela criatura a deixava nervosa. Daniel to valente e dedicado que nossa Sociedade decidiu dar a ele a miss o de deter a vampira mais perigosa que existe, Franny Millhouse. Jackson bateu-lhe nas costas. Por favor, Daniel, conte-nos como vai sua misso. Como podem se lembrar, Franny Millhouse foi eleita a vampira mais perigosa porque dirige um servio de acompanhantes em que seres humanos contratam os servios dos sobrenaturais. Wilhelmina estranhou um pouco. Para ela, aquilo parecia o contrrio, seres humanos usando os sobrenaturais. Claro que eles no sabiam exatamente quem estariam recebendo e isso podia ser muito perigoso. Consegui me infiltrar como um de seus funcionrios. Wilhelmina estudou as feies do plido vampiro. Ser que alguma mulher seria capaz de contrat-lo como acompanhante? Que maldade! Devia concentrar-se nas palavras dele, no em sua aparncia. Assim consegui descobrir o modo como ela lida com a situao, com o contato sexual entre acompanhantes e clientes. Como suspeitvamos, o contato sexual no desencorajado. Os olhos de Daniel brilharam como se a idia o repugnasse. O grupo comeou a murmurar ante o anncio. Wilhelmina pensou que talvez ela no estivesse entendendo bem, mas eles no pareciam estar falando de mordidas. No era com as mordidas que se preocupavam? Morder os humanos, us-los como fonte de alimento e feri-los? Mord-los e beber-lhes o sangue, estas eram as coisas que os tornavam monstruosos, no sexo. Ela se levantou. Com licena. Toda a platia virou-se para encar-la, e por um segundo, ela teve vontade de voltar a se sentar. Porm no podia, precisava de respostas. Eu... eu achei que estivssemos mais preocupados em descobrir se ela usa o servio de acompanhantes como uma espcie de refeitrio para seus empregados e no com outros tipos de relacionamentos entre humanos e sobrenaturais. Os olhos de Daniel estreitaram-se e o olhar gelado percorreu todo o corpo de Wilhelmina. Ela imediatamente sentiu necessidade de cruzar os braos no peito para se proteger. Querida Mina, voc deve saber que esses dois atos geralmente acontecem simultaneamente, no ? O que ele queria dizer? Ela estremeceu como se a prpria pele, quisesse escapar daquele olhar escuro e frio. Eu concordo. disse uma vampira no canto da sala. Como criaturas sobrenaturais, todos sabemos que os dois atos raramente acontecem em separado. Mas como ter certeza de que isso est acontecendo l? A pergunta foi dirigida a Jackson e Jude. Tem havido queixa de violncia? Na verdade, sim respondeu Daniel, com um pouco de alegria na voz. Embora no tenha sido possvel verificar se havia realmente uma ligao com o servio de acompanhantes interveio Jude. A vtima era uma das clientes da sra.
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Millhouse, mas a agresso ocorreu uma noite depois de ela ter contratado o acompanhante. Wilhelmina percebeu o olhar fulminante que Daniel lanou na direo de Jude. A sra. Millhouse estabelece regras para seus funcionrios cumprir? Regras como... atos ntimos so permitidos desde que partam dos humanos. Ou que proibido morder, ou algo assim? quis saber Wilhelmina. Daniel ergueu o queixo, mas no a fitou. No sei responder. Trabalha para ela e no conhece as regras? Ela balanou a cabea. Isso no parece certo. Mina Vedette, sentada algumas fileiras atrs dela, interveio. Por que tanto questionamento? Todos sabemos que ela uma vampira perigosa. Qualquer pessoa que mantenha um negcio como aquele deve ser detida. Desculpe, mas quero ter certeza de que estamos combatendo ameaas reais. Talvez voc queira nos falar sobre o andamento de sua misso sugeriu Daniel. Wilhelmina sustentou o olhar que ele lhe dirigia, recusando-se a deixar o vampiro intimid-la. Consegui fazer com que Sebastian Young concordasse em no morder ningum por um ms. Vedette e Jackson ficaram impressionados, Jude mostrou emoo e Daniel, raiva. E o que ofereceu a ele em troca? perguntou Daniel. Sexo? Chocada com as insinuaes, Wilhelmina no teve tempo de responder antes de Jude. Daniel, veja como fala! Comporte-se! Apenas quis dizer que uma vez que Mina no parece aborrecida pelo fato de Franny Millhouse vender sexo, talvez no se importe de barganhar com isso tambm. Wilhelmina cerrou os dentes, furiosa. No, isso no foi parte do trato. Acho que foi uma bela conquista interrompeu Jackson com um belo sorriso. Seja l como for, os humanos esto mais seguros agora. Bom trabalho, garota. Wilhelmina agradeceu e voltou a se sentar. Uma semana antes, o elogio a teria deixado muito orgulhosa e com a certeza de que estava fazendo o que era certo. Agora, porm, tinha a impresso de que os humanos no precisavam ser protegidos de Sebastian Young. Voltou a olhar para Daniel, que ainda a encarava, ressentido. Talvez os mortais precisassem ser protegidos de alguns sobrenaturais. Wilhelmina respirou fundo assim que saiu da reunio. O ar da noite estava quente e mido. Desceu, apressada, a viela na esperana de ir embora antes que os outros membros sassem, especialmente Daniel. No final da reunio, estava mais que convencida de que a Sociedade no era o que ela acreditava que fosse. Outros membros haviam relatado seus trabalhos contra perigosos seres sobrenaturais. Um lobisomem, que dirigia um abrigo para adolescentes,
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apesar de no haver nenhuma evidncia de que houvesse maltratado nenhum deles, foi considerado uma grave ameaa que devia ser eliminada. Outro contou sobre um vampiro que era motorista de txi e, embora no houvesse denncias de que ele usasse seu automvel para levar as vtimas a lugares secretos e mord-las, foi colocado na stima posio na lista dos mais perigosos. Wilhelmina meneou a cabea, enquanto caminhava. Eles estavam mais interessados em julgar aqueles seres do que em ajudar os humanos. Parecia mais alguma forma de justia vigilante contra os sobrenaturais que tinham um estilo de vida diferente. E ela tinha se comportado como eles. Jamais vira ou ouvira dizer que Sebastian havia ferido mortais. Na verdade, pelo jeito que as mulheres o assediavam, ele poderia fazer qualquer coisa, menos feri-las. Pensou se haveria mulheres o assediando naquele momento e sentiu um aperto no peito. J conhecia bem aquela emoo: cimes. Em vez de voltar para seu apartamento, foi em direo ao Carfax Abbey. Precisava ver Sebastian o mais breve possvel. No ia mais mentir para si mesma. Aprendera com ele em trs dias, o que no aprendera em cem anos. Ele a fizera sentir-se viva, mais viva do que nunca. Mesmo quando era viva de verdade. E tudo o que queria era estar perto dele.

Captulo XV

Na porta do Carfax Abbey, Wilhelmina hesitou. Se entrasse, teria de enfrentar os ex-companheiros de trabalho, pessoas que a tinham recebido de braos abertos e com quem fora to injusta. Talvez eles no soubessem de nada, mas isso era pouco provvel. Eles certamente tinham perguntado por que ela parar de ir trabalhar. O mais prudente seria voltar para casa e esperar por Sebastian l. No. Decidida, endireitou os ombros. Precisava fazer aquilo, precisava pedir desculpas a todos, alm da necessidade de ver Sebastian tambm. Precisava dizer a ele o quanto estava enganada sobre ele tambm. Ol, Constantine disse ao subir os degraus de granito preto. O enorme lobisomem grego, braos cruzados sobre o peito largo estava l, como que bloqueando a entrada. Quando a viu, porm, abriu um enorme sorriso e a olhou de alto a baixo. Ol, Mina, voc est linda, Surpresa pela reao, ela olhou para o vestido de seda vermelho escuro que jamais ousara vestir antes. Havia se arrumado assim para a reunio da Sociedade? Percebeu que no. Escolhera aquele vestido com a inteno de vir ao clube para encontrar Sebastian. Obrigada, Constantine. Por onde tem andado? perguntou ele.
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Por um momento Wilhelmina no soube o que responder. Pelo visto, ele no sabia que ela era a autora da sabotagem. Sabia que deveria contar a ele e dizer que fora despedida, porm no teve coragem. Precisei me afastar por alguns dias. Ento, seja bem-vinda disse Constantine, j voltando a ateno para uma bela morena que apresentava sua carteira de identidade. Wilhelmina entrou no clube quase vazio, procurando por Sebastian. No conseguiu v-lo, mas percebeu que Greta tinha notado sua presena. Mina! Fico feliz que tenha voltado. Nadine nos disse que voc precisava ficar fora alguns dias. Outra surpresa. Greta tambm no sabia de nada. Ela olhou, na direo do bar e divisou Nadine, que, em vez de chamar Constantine para atir-la para fora, sorriu e lhe acenou. Confusa, ela acenou de volta. Por que precisou se afastar? Por doena vejo que no . Greta riu. Claro que no. Vampiros no apanham resfriados. Na verdade, s precisava de alguns dias para... No sabia o que dizer. Sebastian est aqui? Greta olhou ao redor antes de responder: Estava por aqui agora mesmo, mas acho que o vi indo para os fundos com uma mulher. Wilhelmina tentou disfarar o espanto, embora seu corao pulasse dentro do peito. Ele estava com uma mulher. Mas por que estava to chocada? Quer que eu o chame? ofereceu Greta. No, no ser... Wilhelmina balanou a cabea. E antes que terminasse a frase, Sebastian surgiu no corredor conversando animado com a mulher ao seu lado. A moa era alta, com cabelos escuros e brilhantes, presos no alto da cabea em um coque. Vestia um terninho de tweed verde, a cor salvava a roupa da formalidade exagerada. Os olhos negros brilhavam ao olhar para Sebastian. Durante todo o caminho at o clube, ela dissera a si mesma que Sebastian provavelmente estaria com outra mulher, mas dizer isso era uma coisa, enquanto ver com os prprios olhos era bem diferente. Ela no conseguia suportar. Seus sentimentos por aquele homem eram fortes demais e no sabia como lidar com eles. No, pensou, aborrecida consigo mesma, no deveria fugir da situao. Afinal, no havia um acordo de exclusividade entre eles e, tambm no estavam namorando, mas tinham se beijado. Apesar de que talvez aquilo s significara alguma coisa para ela. De repente, ela desejou estar vestindo alguma coisa mais sofisticada. Para completar, passou a mo nos cabelos e os percebeu embaraados como sempre. Pena que no estivesse de culos escuros, seria um timo jeito de se esconder, j que no poderia se enfiar em um buraco no piso. Ali est ele avisou Greta. Obrigada, querida, mas tenho de ir. No conseguiria falar com ele ali, na
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frente de todos, talvez no devesse falar com ele nunca mais. Apesar de no ser a ameaa que a Sociedade pintava, ele era perigoso demais para ela. Mas voc acabou de dizer que... Wilhelmina no ficou tempo suficiente para ouvir. Virou-se e caminhou, depressa, na direo da sada. Imaginou o que faria se Sebastian decidisse apresentar-lhe a outra mulher. Mina, quero lhe apresentar minha namorada. Fulana, essa Mina, minha outra namorada. Quero dizer, ela um projeto especial por estar to confusa a ponto de precisar da minha ajuda. Mina?... Ela fechou os olhos quando ouviu aquela voz aveludada. Fora um erro ter ido at ali. Deu um passo com os olhos fechados e torceu o tornozelo por causa dos saltos enormes que no estava acostumada a usar. A ltima coisa que viu antes de levar um tombo foi Sebastian correndo para ajud-la. Quando caiu, a saia subiu at o meio da coxa, enquanto o cabelo voava para a frente, cobrindo-lhe todo o rosto. Mina... Sebastian abaixou-se a seu lado, tocando-lhe o joelho. Ela tentou se livrar e blasfemou contra o prprio corpo traidor, que reagiu ao toque, mesmo estando naquela posio ridcula na frente de todos, em especial de Sebastian e daquela mulher. No! gritou, afastando-se dele. No preciso de ajuda. Sebastian a encarou, sem entender. No quer que eu a ajude a se levantar? No isso. Ela tentou manter a voz baixa. No entre na minha vida para vir-la do avesso. Levei anos para conseguir uma vida tranqila e voc... voc veio para desarrumar tudo. Wilhelmina sabia que estava sendo repetitiva, mas no estava muito preocupada com isso. O que mais queria naquele momento era que sua vida voltasse para o momento em que aquele homem tornara-se to importante para sua subsistncia. A mordida de Sebastian podia ferir mais do que a de qualquer vampiro. Sebastian no sabia bem do que Wilhelmina estava falando, mas percebeu que ela estava perto das lgrimas. Apesar de ela no querer ajuda, puxou-a pela mo. Espere aqui. E falo srio. Olhou para ela por mais um momento e voltou-se para Julie. No desejava deixar Wilhelmina, mas seria grosseiro demais abandonar a decoradora sem uma palavra. Julie, sinto muito, mas teremos de apressar nossa reunio. Problemas com a garota? , parece que sim. Julie riu, divertindo-se. Ento, melhor que v. J tenho informaes suficientes para fazer uma proposta por escrito. Entrego na prxima semana. Perfeito, muito obrigado. Ele apertou rapidamente a mo estendida e voltou para Wilhelmina, sentindo os olhares de todos os funcionrios sobre eles. Para sua surpresa, ela estava parada no mesmo lugar, braos cruzados como se sentisse frio, olhos fixos no assoalho.
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Tomou-a pelas mos. Venha, vamos conversar. Tem certeza de que j acabou? indagou ela com a voz cheia de sarcasmo. Na verdade, no. Tive de esperar muito para marcar essa reunio, mas tudo bem. Wilhelmina retirou a mo e virou-se na direo da sada. Ah, no! ele a impediu, agarrando-a pela mo outra vez. No vai embora antes de me dar uma explicao. Ela ergueu o queixo como se fosse argumentar, mas deixou-se conduzir at o elevador. O que est havendo? ele quis saber. Depois de um momento olhando para a porta de metal do elevador, ela respondeu: Quero terminar nosso acordo. No, de jeito nenhum, pensou ele, mas limitou-se apenas a perguntar: Por qu? Os olhos azuis de W ilhelmina ergueram-se para ele, cheios de tristeza. Sebastian, ento, reconheceu que ele era a causa de tamanha infelicidade. A idia quase o matou. Mina, diga-me o que est acontecendo, por favor murmurou, tocando o rosto dela. Wilhelmina fechou os olhos, embalada por aquela voz doce e profunda. Depois os abriu e o encarou. Se voc est se encontrando com mulheres mortais, como posso saber que no as est mordendo? No h como eu saber. Voc pode ter mordido mulheres todas as noites desde que fizemos o acordo. Eu... eu... simplesmente no consigo... Bem, o acordo est desfeito! Sebastian digeriu as palavras, at que finalmente, compreendeu o que estava acontecendo. Voc est com cime, no ? Nem era preciso responder, pois a expresso dela dizia tudo. E apesar da angstia to aparente, Sebastian riu triunfante. Do que est rindo? Ele tentou ficar srio, mas no conseguiu. cruel rir da desgraa alheia ela o lembrou. Desculpe, querida, mas isso significa um grande progresso. Ela o olhou como se estivesse diante de um maluco. Se voc est com cimes porque gosta ao menos um pouquinho de mim. verdade foi obrigada a admitir. Por isso estou feliz. Porque tambm gosto um pouquinho de voc. Os olhos dela se estreitaram. S que voc tem um jeito estranho de demonstrar isso.
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Ah, aquela mulher! O nome dela Julie Winchester e ela uma decoradora que veio at aqui para me dar algumas sugestes com a decorao do clube. Sem saber se ouvia direito, ou se deveria acreditar no que ele dissera, Wilhelmina limitou-se a repetir: Uma decoradora? Sim confirmou Sebastian. No mordi nenhuma mulher, no dormi com nenhuma e quase nem falei com ningum desde que fizemos o acordo. Aquilo deveria t-la tranqilizado, afinal ele no tinha sado com ningum, pelo menos no com as intenes que ela imaginara. Entretanto, a explicao a lembrou de que no era sempre que Sebastian estava desacompanhado. Talvez no tivesse estado mesmo com nenhuma mulher desta vez, mas e depois? Ela no sabia se poderia lidar com aquilo, mas queria tentar. Queria mais tempo com ele, apesar de a idia assust-la. No entanto, era um medo diferente daquele que a acompanhava havia anos. Era o receio da perda que a assombrava. Deixou que seu olhar passeasse pelo rosto de Sebastian, detendo-se em cada detalhe. O maxilar angular compunha um contraste perfeito com os lbios luxuriantes. O nariz aquilino, as sobrancelhas fartas, de um tom mais escuro do que os cabelos, completavam a beleza daqueles olhos dourados, que brilhavam de preocupao, delicadeza e desejo. Wilhelmina entendeu que todos os sentimentos eram dirigidos ela, e ainda assim, no sabia como agir. Venha at aqui Sebastian a chamou, flexionando o indicador e com um sorriso convidativo nos lbios. Mesmo com a mente cheia de dvidas, ela no conseguiu negar e deu um passo para a frente. Sebastian a envolveu num abrao e cobriu-lhe os lbios com um beijo to forte quanto suave, escondendo a possessividade e a ansiedade com gentileza. Uma combinao emocionante, uma promessa eletrizante do que estava por vir. Ele continuou a beij-la por alguns minutos, sem forar nenhuma reao, alm da que ela estivesse disposta a lhe dar. E a falta de cobrana estimulou-a a retribuir o carinho com maior intensidade, abrindo a boca, permitindo-se invadir pela lngua sequiosa. Wilhelmina apertou-se contra ele, os dedos acariciando os cabelos sedosos. Gemeu quando Sebastian interrompeu o beijo, pois no estava preparada para que aquela boca maravilhosa a deixasse. Vamos para meu apartamento. O convite, oferecido com voz grave, era to delicioso e tentador quanto os beijos. Mordeu o lbio inferior, ainda sensvel por causa dos beijos. No sabia se poderia aceitar o convite. Ah, mas com gostaria de ir! Como queria se sentir normal e completa... E desejava que Sebastian lhe proporcionasse aquele maremoto de sensaes... Ele, apenas ele e ningum mais. A idia a assustou porque no era isso o que ele estava lhe oferecendo. Tinha a conscincia de que ele viveria para sempre, mas no ia amar para sempre. Voltou a olhar para aquele rosto bonito, os olhos sedutores e assentiu. Tinha de
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aproveitar a oportunidade. No se sentia assim fazia mais de cem anos e no queria desperdiar nem mais um minuto. Sebastian sorriu e abriu a porta do elevador. Um som alto e metlico ecoou no corredor, e Wilhelmina desejou que fosse o som das grades de sua pris o sendo abertas. Talvez finalmente pudesse se livrar de seu passado horrvel e voltar a sentir livre novamente. De mos dadas, entraram no belo apartamento. O lugar, apesar de acolhedor, diminuiu um pouco os pensamentos esperanosos de Wilhelmina. Afinal, era ali que ele trazia todas as suas mulheres. Um ninho de amor. No gostaria de sentar? Ela se acomodou no sof de couro cinza. Sebastian olhava ao redor como se no soubesse bem o que fazer e aquilo, de certa forma, tranquilizou-a um pouco. Quer beber alguma coisa? Vinho?... Ela aceitou. Precisava focalizar em alguma coisa que no fosse aquele homem. Sebastian atravessou a sala na direo de um pequeno balco que antecedia prateleiras cheias de garrafas e de copos. Ali, hesitou. Branco ou tinto? Branco Wilhelmina respondeu de imediato. Pela primeira vez em cem anos, queria beber algo que no fosse vermelho. O comeo, talvez, de uma nova vida. Sebastian estava de costas, enquanto ela estudava-lhe os ombros largos e a maneira como os msculos se movimentavam sob a camisa preta. No se lembrava de jamais ter observado as costas de um homem e de ter sentido desejo. Quando terminou de servir as bebidas, ele se sentou ao lado dela e ofereceu-lhe uma das taas. Mina, temos muitos assuntos para conversar. O qu, por exemplo? Ela baixou os olhos fingindo no saber, mas sabia. Era bvio que ele queria respostas para seu comportamento no aeroporto. Sebastian ergueu o queixo dela com o dedo, delicadamente, forando-a a olhar para ele. Quero saber por que nossos beijos sempre acabam em algum tipo de les o corporal para mim. Wilhelmina abriu a boca para negar, mas ele continuou: E por que voc no sabe nada sobre o modo de vida dos vampiros? Por que tem tanto pavor? Ela baixou os olhos para a taa que apertava com ambas as mos. Mina, por favor, responda. Wilhelmina continuava com os olhos fixos no lquido em seu copo, to claro e brilhante. Desejava voltar ao tempo em que tambm era assim, jovem, brilhante, capaz de acreditar na bondade das pessoas. S bebi vinho uma vez em minha vida disse, de repente. Talvez fossem as recordaes trazidas pela bebida. Ou quem sabe a percepo de que a Sociedade no era exatamente o que ela julgara. Ou talvez fosse o prprio Sebastian, mas, de repente, desejou falar sobre seu passado.
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Verdade? S uma vez? Sim, no dia em que fiz vinte e dois anos. Meu pai era muito severo. Ele tinha que ser. Por qu? Bem, todas as filhas eram suas herdeiras. Tnhamos de causar boa impresso e fazer as escolhas certas. Meu pai acreditava que o lcool era um pssimo conselheiro. Tenho de concordar com ele disse Sebastian no mesmo instante em que acabara de engolir outro gole. Wilhelmina bebeu mais um pouco do vinho tambm, surpresa por ainda poder se lembrar do sabor, mesmo depois de todas aquelas dcadas. Incrvel o que podia permanecer enterrado nos recessos da mente. Voc e meu pai tm razo. Foi a nica noite em que bebi e naquela noite fiz a pior escolha da minha vida.

Captulo XVI

Sebastian observava enquanto ela tomava outro gole e esperou. Queria entendla, saber como Wilhelmina se tornara uma vampira. Precisava saber como conseguira sobreviver por tanto tempo sem usar os poderes que ela nem sabia possuir. Mas o que mais ansiava saber era a razo de tamanho pavor por ele. Era noite do meu vigsimo segundo aniversrio e me lembro de v-lo caminhando no salo de baile. E eu pensava que ele no poderia ser real, que os homens no eram to bonitos assim. Ela deu um riso artificial. Sebastian tentou toc-la, odiando aquele olhar vazio, mas achou que poderia fazla parar. Ela precisava falar, da mesma forma que ele precisava ouvir. Ele veio a uma das festas que meu pai oferecia todos os anos em nossa propriedade em Newport. O evento durava uma semana inteira e todas as pessoas ricas e famosas participavam. Mas a partir do momento em que Donatello pisou em nossa casa, no tive olhos para mais ningum. Sebastian se mexeu no sof, desconfortvel com aquelas palavras. Desgosto, pensou, porque ele sabia o que Donatello era. No pelo fato de saber que Wilhelmina sentira algo muito intenso por outro homem. Ele era diferente de todos os outros. Alto, moreno, lindo e... misterioso. Sebastian sentiu outra pontada no peito. Efetivamente, odiava aquele homem. Lorelei, minha irm mais velha, era a mais bonita de ns. Alta e elegante, sempre atraa as atenes. Minha segunda irm, Ava, tambm era linda e inteligente. Deixava meus pais malucos com seus namoricos, mas eles a adoravam. Ento, havia meu irmozinho, o filho varo que todo homem quer. E entre minha segunda irm e o varo adorado, nasci eu, outra garota sem graa e desajeitada.
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Mina Sebastian no pde deixar de lhe fazer um carinho. Pegou a mo que descansava sobre o joelho, mas ela a retirou. No estou lhe contando isso para que sinta pena de mim. Eu sei, mas s queria segurar sua mo. Ela hesitou, olhando para a mo estendida e finalmente a aceitou, sentindo-se acolhida e protegida. Tomou outro gole de vinho e continuou: Quando Donatello chegou festa, minhas irms o viram imediatamente. Mas ele nem as notara. Eu fui o alvo de toda a ateno dele. E este deveria ter sido um sinal de advertncia. Mina... Por favor, deixe-me continuar. Eu tinha bebido vinho, por isso fiquei muito desinibida. Conversamos e danamos muito. Como eu disse, as festividades duravam uma semana inteira e todas as noites l estava ele ao meu lado, atencioso e cheio de charme. Ele me ouvia com todo o interesse e dizia tudo o que eu queria ouvir. Eu n o era to ingnua a ponto de no pensar que ele estava atrs de minha fortuna. Claro que devia estar... Sebastian apertou-lhe os dedos, mas no teve coragem de interromper para perguntar se ela fazia idia do quanto era linda, adorvel, divertida e perfeita. Meus pais no gostaram dele e no aprovaram nosso relacionamento. Eles sabiam que Donatello devia estar atrs de minha herana e no hesitaram em me dizer isso. Disseram que se ele estivesse mesmo interessado em namorar, teria escolhido Lorelei ou Ava. Porm, se quisesse apenas dinheiro, eu seria a escolha bvia. Por qu? Porque eu era submissa e no criaria problemas quando ele quisesse gastar meu dinheiro vontade e encontrar prazer em outras mulheres. Sebastian no conseguiu mais se conter. Voc vai me desculpar, mas seus pais eram idiotas. Wilhelmina piscou, e ele esperou que ela ficasse furiosa. Afinal, eram os pais dela, e ele no tinha o direito de insultar a famlia de ningum. Em vez disso, ela limitou-se a dar de ombros. Eles estavam sendo prticos. Ainda assim, Sebastian no concordou. No havia nada prtico nesse tipo de comportamento. Era pura crueldade. Como os pais podiam preferir um filho em detrimento de outro? Seus pais jamais haviam expressado preferncia por nenhum dos filhos. Ele e os irmos sempre haviam mimado a irm Elisabeth, mas ela era a caula e a nica garota. Mesmo assim seus pais nunca a tinham favorecido em nada. Apesar de saber que meus pais tinham razo, ignorei os conselhos. Saa escondido e sempre dava um jeito de me encontrar com Donatello. Com o olhar perdido na distncia, ela parecia recordar cada um dos encontros clandestinos. Sebastian no estava nem um pouco interessado que ela relembrasse os momentos que passara nos braos de outro homem. De repente, viu-se desejando que Wilhelmina tivesse apenas recordaes ruins.
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Era egosta, mas sincero. Jamais o vi luz do dia ela contou como se s agora se desse conta daquele fato. Riu sem vontade. Mas acho que isso no teria feito a menor diferena, no ? Desconfiar que algum seja um vampiro no algo to comum. Sebastian teve de concordar. Como o fim da semana estava prximo, Donatello tornou-se mais insistente, exigindo que eu o encontrasse longe de casa. Queria estar a s s comigo em um lugar onde ningum pudesse nos encontrar. E voc foi. Ela assentiu, ainda olhando para o vazio. Para onde ele a levou? Marcamos um encontro nos bosques da propriedade de minha famlia. Eu sabia que meus pais nunca iam at l, mas ainda assim era perto o suficiente para eu voltar, caso mudasse de idia. Wilhelmina respirou fundo e ficou ainda mais plida. Pelo menos, foi o que pensei. Sebastian esfregou-lhe os dedos gelados com ambas, as mos. No bosque, Donatello comeou a agir de forma estranha, diferente do homem que me cortejara a semana toda. Estava agressivo e... Wilhelmina fez uma pausa, e ele entendeu que a lembrana a fazia entrar em pnico. Mina, querida, no precisa falar sobre isso, se no quiser. Ao se virar para ele, Wilhelmina agiu como se o percebesse ali pela primeira vez. Lgrimas no derramadas faziam seus olhos brilharem como safiras. A dor que viu ali, quase o fez gemer. Teve vontade de matar o tal Donatello, de cort-lo em pedacinhos. Eu... eu preciso contar tudo sussurrou ela. Est bem, continue ento. Tinha comeado a chover, uma chuva pesada. Ela estremeceu como se sentisse se molhando naquele momento. Eu disse a ele que seria melhor voltarmos e esperar mais uma noite. Ele riu e disse que uma simples chuva no ia estragar seus planos, e que j havia esperado demais. Empurrou-me contra uma rvore e me manteve presa ali. Gritei muito, apesar de saber que ningum iria me ouvir. Lutei com todas as minhas energias. Claro que eu no sabia quo forte ele era e que eu no tinha a mnima chance de escapar. Ela respirou fundo e continuou a falar depressa como se quisesse se livrar da histria o mais rpido possvel. Ele tocava o meu corpo de forma brutal e degradante. Achei que pretendia me estuprar, mas no era isso o que ele planejava. Seus interesses eram outros. Sebastian sentiu os msculos relaxarem um pouco com a revelao. Tinha certeza de que o que acontecera com ela havia sido violento e roubara sua vida humana. Mas no poderia suportar saber que ela tinha sido violentada sexual mente tambm. Tnhamos levado uma vela conosco e eu me lembro de ele segur-la bem perto do rosto. As belas feies haviam desaparecido e foram substitudas por uma mscara horrvel, distorcida, dentes enormes e afiados, olhos injetados e brilhantes. Sebastian teve vontade de interromp-la.
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Olhos brilhantes? Vampiros no tm olhos brilhantes. Quando um vampiro est pronto para morder, suas feies mudam e as pupilas se dilatam at que os olhos paream totalmente negros. Eles s brilham nos filmes. Talvez Wilhelmina tivesse distorcido o fato em sua memria. Lembro-me, de que pensava que aquilo no podia estar acontecendo e que eu ia morrer. A voz dela fraquejou, e Sebastian esqueceu a estranha descrio do vampiro cruel. Mina! Ele no conseguiu se deter. Abraou-a pela cintura e com facilidade e colocou-a em seu colo. Ela ficou rgida, mas no lutou para fugir. Ele declarou que ia me matar. Depois, fingiu que estava considerando a deciso. Disse que gostava mesmo de mim e que me deixaria ir embora. Tudo o que eu teria de fazer seria permitir que ele me transformasse. Eu no fazia idia do que aquilo significava, mas teria concordado com qualquer coisa para que ele me deixasse voltar para casa. Sebastian a abraou como a uma criana, desejando ter estado l para proteg-la. Desesperada, gritei que sim, que ele podia me transformar. Depois disso no me lembro de mais nada, alm da dor. Apenas uma dor lancinante e depois a escurido. Quando recobrei a conscincia estava cada na lama e Donatello havia desaparecido. J havia amanhecido, mas a chuva continuava a cair. Lembro-me de que o cheiro do mar me fez to mal que vomitei. Claro que no percebi que foi porque eu havia mudado. Que eu tinha me transformado em uma morta-vida e que cada sensao era exasperada. O vampiro a havia abandonado. Por isso, sua falta de entendimento sobre a prpria situao. Embora isso no justificasse o fato de ela no ter aprendido nada nos ltimos cem anos. E por que um vampiro iria transformar uma mortal e abandon-la em seguida? Aquilo no fazia sentido. Por que o vampiro no a tinha matado? De alguma maneira, consegui chegar em casa ela continuou. Bati na porta, gritando por meus pais, mas eles no me atenderam. No podiam deixar que seus convidados soubessem o que havia acontecido. Os empregados me levaram para o meu quarto. Meus pais s vieram me ver no dia seguinte, depois que todos os convidados haviam partido. Quando a voz dela fraquejou, Sebastian estreitou-a em seus braos, roando o rosto na cabea dela, desesperado para livr-la daquela dor. Sem saber, aqueles pais cruis tinham sido to perversos quanto o prprio vampiro. Wilhelmina ficou em silncio. Depois de alguns minutos, Sebastian notou leves tremores no corpo frgil e percebeu que ela estava chorando. Mina... murmurou ele Eu sinto tanto. Ela no respondeu. Apenas aconchegou-se mais como se quisesse entrar na pele dele. Ah, como Sebastian queria ser capaz de afastar aquela dor, de poder proteg-la! Tinha suspeitas de que o medo dela se devia a algum trauma sexual, j que ela entrava em pnico cada vez que se tornavam mais ntimos, mas agora sabia que no era assim. Ser que ela estava assustada apenas porque ele era um vampiro? Os atos de beijar e de fazer amor a faziam se lembrar do momento do ataque? Ele ainda no tinha certeza. E ainda no entendia como Wilhelmina conseguira sobreviver. Ser deixada por sua prpria conta e risco sem saber como nem porque havia mudado, deveria ter sido fatal para ela. Na certa os pais no tinham aceitado no que ela
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se transformara. Ou ser que sabiam o que havia acontecido com ela? Mina, sei que est aborrecida, mas preciso saber como voc sobreviveu. O que aconteceu depois daquela noite? Depois de um momento de silncio, ela respirou to fundo, que todo seu corpo estremeceu. Eu... eu no fazia idia do que estava acontecendo. Tudo o que sabia era que no suportava a luz, que feria minha pele. Estava morrendo de fome, mas no conseguia comer. Lembro-me de me sentir louca como um animal enjaulado. Sebastian balanou a cabea, inconformado. Aquela sensao de loucura era devido falta de sangue. Meus pais acharam que eu tinha enlouquecido por ter sido estuprada. Contei vrias vezes o ocorrido, mas eles no acreditaram em mim. Mandaram buscar diversos mdicos, mas nenhum deles entendia o que estava acontecendo comigo. S entendiam o que os exames diziam, que minha temperatura estava muito abaixo do normal e que eu no apresentava batimentos cardacos. Ningum conseguiu nomear minha doena e eu fui ficando cada dia mais insana, at que um dia... Ela se calou, escondendo o rosto na camisa dele, como se no suportasse a lembrana. Sebastian a embalou. Est tudo bem. Eu estava sozinha com uma das empregadas, uma jovem de pouco mais de dezesseis anos... Wilhelmina parou de novo, e Sebastian sabia onde aquela conversa ia parar. Ela teria matado a garota? No a matei ela recomeou como se tivesse ouvido a pergunta silenciosa. Mas eu a ataquei e a mordi. Naquela mesma noite meus pais mandaram me internar. Sebastian fechou os olhos, horrorizado de imagin-la em um asilo, sozinha e assustada. Fiquei l por muitos anos, no sei quantos. De vez em quando eles me mudavam de instituio, Isso continuou por no sei quanto tempo. Ele abraou-a com mais fora, lembrando-se do terror que vira nos olhos dela quando fechara a porta do banheiro no aeroporto. Ela tinha pavor de ficar confinada, incapaz de escapar. Claro que, sendo uma vampira, poderia ter escapado, mas ela no sabia usar seus poderes. Permanecera naquele inferno, totalmente indefesa. Deus, como ela era forte! Muito mais forte do que ele pensava. At que um dia o dr. Fowler ouviu falar do meu caso e veio me ver. Foi a primeira visita que recebi em duas... talvez trs dcadas. Sebastian fechou os olhos, amaldioando os pais dela. O dr. Fowler acreditou em mim e conseguiu me liberar. Ajudou-me a encontrar um lugar para ficar e me ensinou a lidar com o que eu era. Mas ele era um lobisomem e por isso no podia me ensinar como usar todos os meus poderes. E naquela poca eu nem queria isso. S queria parecer normal. Pela primeira vez, Sebastian apreciou o tal mdico. Talvez ele no fosse o canalha que pintavam.
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E assim tenho vivido desde ento. E nunca mais viu sua famlia? Ela balanou a cabea. Os Weiss no se do o direito de enlouquecerem. Meus pais disseram a todos que eu tinha morrido. O que no deixava de ser verdade. Sebastian tomou-lhe o rosto coberto de lgrimas entre as mos, sentindo muita raiva. Voc no est morta disse com firmeza. E no responsvel pelo que aconteceu. Voc maravilhosa, no entende? Wilhelmina olhou para ele com ternura e ento, tocou-o no rosto com a ponta dos dedos. Ele permaneceu imvel, deixando-se explorar vontade. Os dedos trmulos continuaram em seu rosto, enquanto ela inclinou-se mais e o beijou com doura. Sebastian correspondeu ao carinho, mas no assumiu o controle, deixando-a fazer o que quisesse. Wilhelmina beijava-lhe os lbios, depois o rosto, porm quando passou pela mandbula e voltou a beij-lo na boca, ele precisou mudar de posio para que ela no sentisse a rigidez de sua ereo. Querida, acho melhor irmos mais devagar. Ela ergueu a cabea e lanou-lhe um olhar solene de partir o corao. Mas eu gosto de beijar voc. Ele engoliu em seco quando a mo dela deslizou para seu peito, acariciando :o atravs da camisa de algodo. Mina, eu tambm gosto muito de sentir seu sabor, mas sei que est aborrecida e isso pode influenciar suas atitudes. Pode ser que esta no fosse sua escolha se pudesse pensar com clareza. Ela considerou, mordiscando o lbio inferior. At um simples gesto o excitava. Tenho de admitir uma coisa ela murmurou , algo bem mais difcil do que tudo o que acabei de contar sobre meu passado. Continue pediu Sebastian, sem conseguir imaginar o que poderia ser mais difcil de contar do que aquela histria. Eu... eu quero voc. De verdade... Wilhelmina fez uma cara estranha, como se pedisse desculpas por seu desejo. Quero voc, mais do que qualquer outra coisa. Qual seria a razo daquele comportamento? Ele a desejava tambm, mais do que se lembrava de ter almejado qualquer outra coisa ou pessoa. Foi ento que percebeu o dilema de Wilhelmina. Mas voc no pode desejar um vampiro, no ? Ela continuou a fit-lo. Sebastian, eu... Sebastian meneou a cabea, comeando a entender. Ela ia lhe dizer que ele era o ltimo vampiro por quem deveria se apaixonar. A Sociedade a convencera de que ele era o mal encarnado. O ltimo homem, morto ou vivo, por quem ela poderia sentir-se atrada. Tinha sido um vampiro como aquele que destrura sua vida e a deixara prpria sorte. Droga, ela estava atrada, no restavam dvidas, e ele no havia sido culpado de nada.
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Mina, voc no pode deixar que aqueles malucos da Sociedade... Ela pressionou o dedo nos lbios dele, pedindo silncio. Mas Sebastian no pretendia se calar. No sobre algo to importante quanto o fato de estarem juntos. Mina afastou os dedos dela , j disse a voc que essa Sociedade no confivel e que... Shhh insistiu ela, exigindo que ele se calasse e sorriu. Deixe-me falar uma coisa, por favor, mesmo porque s vou dizer uma vez. Acredito que voc tenha razo no que diz sobre a Sociedade. Ela o olhou com ternura, mas avisando que no a interrompesse. E eu no acho que voc seja o terceiro vampiro mais perigoso de Nova York. Na verdade, no acho que voc seja perigoso. Nesse momento, ele no pde resistir e falou atravs dos dedos dela. Ah, eu sou perigoso, sim, mas no do jeito que a Sociedade pinta. Sebastian esperava alguma reao, no mnimo que ela sorrisse, mas Wilhelmina manteve a mesma expresso sria, deixando-o na dvida se a tinha assustado. Entretanto no percebeu o medo entre eles. Sebastian, eu quero voc. Voc j sabe disso, mas... Ele no queria saber de nenhum "mas". O desejo que existia entre os dois era o que importava. Tomou o rosto dela entre as mos e a beijou. Wilhelmina gemeu e inclinou a cabea, oferecendo-se carcia. Cedendo a um impulso urgente, ela permitiu que suas mos viajassem pelo rosto msculo, que os dedos se entremeassem pela farta cabeleira, incitando o desejo dele, levando-o a perder o controle, como sempre acontecia quando a tocava. Sem interromper o beijo, Sebastian ficou de p e a levantou consigo. Ela surpreendeu-se com a rapidez do movimento, mas agarrou-se firme ao pescoo dele. Aonde vamos? No pretendo fazer amor com voc no cho da sala. Pelo menos no na primeira vez. As prprias palavras o surpreenderam. Seria a primeira vez para ela? Uma forte onda de satisfao e de posse o invadiu. a sua primeira vez, no ? quis saber. Wilhelmina assentiu com um sinal de cabea quase imperceptvel. E uma onda de satisfao tomou conta de Sebastian, embora acompanhada por um pouco de preocupao. Teria de ser extremamente gentil, j que ela tinha esperado por aquele momento por mais de cem anos. Quanta responsabilidade! Deixando o receio de lado, voltou a olhar para o rosto adorado. A pele plida, os profundos olhos azuis, os lbios carnudos e vermelhos, que ele desejava beijar a noite inteira. Estava pronto para o desafio. Em um mpeto, pegou-a no colo e seguiu em direo ao quarto, usando o p para abrir a porta. Em vez de coloc-la sobre o colcho, deixou que seu corpo deslizasse, at que os ps tocassem o carpete cinza. Voltou a tomar o rosto dela entre as mos e inclinou-se para saborear aqueles lbios suculentos. Sem pressa ou exigncias, apenas um carinho profundo. Por um segundo, pensou que ela estivesse arrependida, mas mudou de ideia quando ela cruzou
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os braos em volta de seu pescoo. Voc est bem? indagou. Desta vez, sentiu o sorriso dela em seus lbios. Muito bem. Podemos continuar nos beijando? Sim, por favor. Ele fez um som que ficou entre um gemido e um riso quando voltou a beij-la. Devagar, dizia a si mesmo, enquanto tentava manter os beijos lentos e carinhosos. Continuou assim at que o desejo tornou-se insuportvel e ele precisou avanar as carcias. Wilhelmina gemeu, como se lesse seus pensamentos e aproxi mou-se mais. Est tudo bem? perguntou, apesar de no perceber medo. Est... mas eu quero... mais. Ento estamos em sintonia. Desta vez, o beijo foi mais possessivo. Os lbios se moldaram em um s, como se estivessem se devorando. Sebastian passou os braos pelas costas dela e apertou-a contra si. Quando comearam a se roar com maior intimidade, Wilhelmina restou apenas gemer ao perceb-lo to excitado, os msculos rijos saltando ao mais simples dos toques. Coube Sebastian os movimentos mais ousados. Ao not-la to entregue, deslizou as mos das costas, agarrando-lhe as ndegas, pressionando-as para que Wilhelmina sentisse o tamanho do seu desejo. Enquanto s e beijavam, ele foi empurrando-a para trs at pression-la contra a porta do quarto. Depois de mordiscar-lhe o canto dos lbios, ele delineou o maxilar com a ponta da lngua, deixando para trs uma seqncia de beijos rpidos at chegar ao pescoo. Ali, embriagou-se com o perfume floral, demorando-se mais nos beijos, sorvendo o sabor da pele clara. Em vez de entregar-se quelas carcias to plenas, Wilhelmina retesou o corpo. Mais um beijo e soltou um grito inesperado, espalmando as mos no peito de Sebastian e empurrando-o com fora para trs. Pare! Pare!

Captulo XVII

Wilhelmina tentava se acalmar. Quando se sentiu pressionada contra a parede, tentou se convencer de que estava tudo bem. Afinal, estava com Sebastian. Confiava nele e o desejava. S precisava ter calma. Ento, sentiu os dentes. Um simples arranho na pele do pescoo, nem dolorido, nem assustador. Mas as palavras carinhosas no entravam em sua mente para afastar as lembranas dolorosas. Presa de encontro quela rvore, incapaz de escapar. Depois a
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mordida violenta e fatal. Abriu a boca para pedir que Sebastian parasse, mas a voz no saiu. No lhe restou outra alternativa seno empurr-lo. Seu nico pensamento era o de autopreservao. Jamais seria mordida outra vez. Nunca mais. Sebastian agora olhava para ela, as mos na cabeceira da cama, onde se agarrara para se equilibrar. Wilhelmina o encarou por um momento e cobriu o rosto com as mos. Por que no conseguia se livrar do passado? Mina, o que aconteceu? Machuquei voc? A resposta veio com um movimento de cabea sem olh-lo. No, ele no a machucara. Tocou o prprio pescoo e estremeceu. Acho que no posso fazer isso. O que a assustou? Pensei que voc fosse me morder. Querida, jamais faria isso sem que voc permitisse. Wilhelmina ergueu a cabea. Com um olhar enternecedor, Sebastian tirou uma mecha de cabelo que cobria o rosto delicado. Sem mordidas prometeu ele. No farei nada contra a sua vontade. Com raiva do vampiro que destrura sua vida, ela decidiu que no iria permitir que lhe subtrassem um momento to precioso. Assim agarrou-se a Sebastian e comeou a desabotoar-lhe a camisa. Apesar de perceber que ela estava confusa, ele se deixou levar. Ao afastar o tecido da camisa, Wilhelmina encantou-se com o tom dourado da pele dele e inclinou-se para delinear com beijos os msculos bem definidos. Durante essa doce explorao, ela notou que o peito de Sebastian tinha duas manchas avermelhadas, do tamanho exato de suas mos. Lembrou-se de ele ter mencionado que em seus outros ataques de pnico tambm o tinha machucado. Quem sabe ela no tivesse conscincia da prpria fora. Enterneceu-se ao tomar conscincia de que Sebastian nunca reclamara, preocupando-se apenas em saber se ela estava bem. Prova de que ele jamais lhe faria mal. De sbito, ele interrompeu o movimento. Mina, primeiro voc me excita, depois me rejeita. Isso est me enlouquecendo. Por favor, me d s mais uma chance. Claro, querida concedeu ele, depois de estud-la por um momento. Wilhelmina abraou-se a ele, expressando aquele sentimento singular, uma mistura de desejo e medo, que a impulsionou a beij-lo com fervor. Quando Sebastian correspondeu ao beijo, apertando-a com igual intensidade, ela achou que o medo iria voltar. Por sorte, nada aconteceu. Afinal, estava com um homem que desejava e que jamais lhe faria mal. Agarrou-se aos ombros fortes, sentindo os msculos duros como rocha sob as mos. Sebastian gemeu e afastou-se um pouco.
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O que aconteceu? ela perguntou sem saber por que ele se afastara. Precisamos ir um pouco mais devagar. o que eu acho tambm. Wilhelmina abriu um sorriso sedutor. Sebastian tambm sorriu, mas no por muito tempo. Passou o dedo, redesenhando aquela boca lasciva. Amo seu sorriso. Wilhelmina ficou envaidecida com o elogio. Olhou para a boca dele e encantou-se com o formato. Alis, admirava-o inteiro. Sebastian era o homem mais perfeito que j vira. A energia que os unia era poderosa, tanto que ela no resistiu por muito tempo a pouca distncia que os separava. Enlaou-o pelo pescoo e dominou-lhe a boca com um beijo ardente como os que costumava ganhar. Sebastian deixou-se conduzir, completando as carcias ao deslizar as mos pelo corpo curvilneo. O vestido era a nica barreira que os impedia de se unirem. Mais uma vez, Wilhelmina sentiu um calafrio e esperou que o pnico a fizesse correr dali. Mas para sua alegria, nada aconteceu. O nico sentimento forte que tomou conta de seu corpo foi o desejo. Sebastian deu um passo atrs, respirando fundo. Quero agradar voc. Mas isso o que est fazendo ela confirmou, estreitando a distncia que os separava de novo. No. Quero que me diga exatamente do que gosta e do que no gosta. Quero beijar e tocar voc. Wilhelmina sentiu um imenso carinho no olhar que ele lhe lanava. Mas no isso o que estamos fazendo? Ele sorriu. Quero que isso seja s para voc, s para o seu prazer. Vou ensin-la o que ser amada por um homem. O corao de Wilhelmina pareceu parar com aquelas palavras. Ser amada por um homem. A idia a fez flutuar. Mesmo que no fosse amor, queria desfrutar o que ele estava oferecendo. Mesmo que fosse apenas por poucas horas. Imaginou-se sendo foco de todo o amor de Sebastian. Seria timo se ele fosse capaz de substituir as memrias horrveis de seu passado por recordaes de uma noite de amor. Vou prestar o mximo de ateno nessa aula. Sebastian sorriu como se tivesse recebido o mais maravi lhoso dos presentes e deslizou as mos, fazendo uma expedio por aquele corpo to perfeito. Wilhelmina suspirou deixando-se embalar pelo desejo, sentindo cada centmetro de pele se arrepiar. Belo vestido, mas preciso tocar sua pele disse ele, sem parar de acarici-la. Os olhos observando com muita ateno as reaes dela, preocupado em no assust-la. A preocupao de Sebastian atiou-a como se tivesse sido um afrodisaco. Olhou para ele, sorrindo para mostrar que estava tudo bem. Empolgando-se com o consentimento silencioso, ele a segurou com mais fora
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pela cintura, para em seguida acariciar-lhe o ventre, subindo at o incio da curva dos seios, apenas insinuando que iria afag-los. Wilhelmina sentiu o corpo queimar sob as mos dele, apesar do vestido. Voc tem a pele mais linda que j vi ele murmurou, passando os dedos pelo decote, trabalhando para soltar os minsculos botes. Sou muito plida sussurrou ela, observando que aos poucos o seu colo aparecia diante dos olhares famintos de Sebastian. No. Voc perfeita, como as prolas. Wilhelmina o encarou, achando-se alvo de uma brincadeira. Mas ele estava srio e s havia desejo e determinao naqueles olhos, enquanto descobria-lhe os ombros. Sebastian inclinou-se e beijou o vale entre os seios macios. Depois se ajoelhou, levando consigo o vestido pelas pernas longilneas, deixando-a apenas de calcinha, suti e sandlias de salto alto. Wilhelmina no fazia o tipo de usar lingerie que no fosse bsica, mas naquele momento desejou que tivesse se arrumado com mais sofisticao e rendas. Voc no quer tir-lo? Ela assentiu com a cabea, levantou um p depois do outro para, por fim, chutar o vestido. Surpreendeu-se quando Sebastian, de joelhos, comeou a beij-la no ventre, seguindo com a boca os movimentos circulares das mos. As sensaes eram to novas e arrebatadoras que ela arqueou o corpo, para facilitar o acesso s partes mais sensveis. Voc est bem? ele quis saber. Ela balanou a cabea em negativa. No. Minha pele parece estar em brasa. E nem de longe aquela era uma descrio precisa das sensaes avassaladoras que a percorriam. Mas ficou sem-graa de admitir quais eram as outras partes de seu corpo ardiam de desejo Sebastian a beijou no ventre outra vez e levantou-se. Acho que posso dar um jeito nisso. Tomou-a nos braos e deitou-a na cama. Porm, em vez de deitar-se tambm, sentou-se ao lado dela. Passeou os dedos pelos ombros, descendo pelos braos, pelo estmago, pelas coxas, pela curva dos joelhos, chegando at os ps. Ocupou-se, ento, em soltar as tiras da sandlia. O ato corriqueiro tornou-se extremamente sensual para Wilhelmina. Sentir aquelas mos grandes acariciando-lhe os ps foi extremamente prazeroso. Essas sandlias so muito sexy disse ele, esboando aquele sorriso pecaminoso que lhe era to peculiar, atirando as sandlias para longe. Terminada a tarefa, Sebastian voltou para beij-la com paixo, nunca deixando de acarici-la de todas as maneiras possveis. Como se estivesse com temor que o tempo no fosse suficiente para apreci-la, ele abandou-lhe a boca para percorrer o pescoo e o vo dos seios com beijos rpidos. Deteve-se ali por alguns instantes, movimentando o queixo paira acarinh-la sobre o tecido do suti. Posso tirar isto? indagou, passando o dedo pela ala do suti de algodo. Sem responder, Wilhelmina ergueu o tronco para facilitar a manobra. Sebastian livrou-a da pea e acomodou-a de volta contra os travesseiros, olhos fixos nos seios perfeitos.
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So lindos! exclamou j os tocando. Inclinou-se e tomou um deles na boca, sugando, lambendo, at que ela ficasse num estado entre o xtase e a dor. Dor. Wilhelmina no sabia que o desejo podia provocar tamanha dor. Sebastian apertou um dos mamilos entre os dedos, provocando uma dor ainda mais gloriosa. Ela no conteve um gemido. Est tudo bem? preocupou-se ele. Em vez de verbalizar a resposta, Wilhelmina colocou a mo atrs do pescoo dele, forando-o a voltar com os beijos. O riso dele reverberou na pele arrepiada. Wilhelmina tambm sorria, ansiosa por completar logo o ato de amor. Surpreendeu-se ao perceber que aquilo era o que mais desejava. Sentir toda a fora de Sebastian, toda aquela paixo dentro de seu corpo, sentir-se completa, inteira. Sebastian implorou, sem saber ao certo como pedir. Preciso de voc. Calma, querida ele assegurou, a mo inquieta tocando-lhe o corpo todo, parando no topo da nica parte que ainda estava coberta. Brincou com o elstico enquanto aproximava os lbios e lambia o contorno da minscula pea. Seu gosto delicioso. Impaciente, ela ergueu os quadris de encontro a ele, quando Sebastian, com os polegares, livrou-a da calcinha. Percebeu, ento, que estava completamente nua e, surpreendentemente no ficou com vergonha. Tudo o que sentia era o toque perfeito daquelas mos e o corpo estendido ao lado do seu, procurando se encaixar entre suas coxas. Levantou-se um pouco, apoiada nos cotovelos, assustada por estar to exposta queles olhos flamejantes. Pensou em dizer que ainda no estava pronta, mas Sebastian a tocou com dedos experientes. Tudo bem? perguntou, olhando-a bem nos olhos. Bem? No, no era esta a palavra adequada. Estava morrendo e, desta vez, era de prazer, do mais puro xtase. Fez que sim com a cabea e elevou os quadris, exigindo um toque mais firme. Sorrindo, Sebastian ofereceu o que ela queria. Com mais fora e ritmo, levava-a em direo a algo que ela no conhecia, mas desejava mais do que tudo. Fechou os olhos, ofegante, agarrando-se aos lenis e, de repente o movimento parou. Ela registrou a perda e antes que comeasse a reclamar, sentiu-se engolfada por um vulco. No conteve o grito, e Sebastian manteve a lngua pressionada contra o sexo sensvel. Ele chegou a pensar que ela ia afast-lo quando agarrou seus cabelos, mas foi apenas para pression-lo ainda mais de encontro sua feminilidade. Sebastian, por favor, no pare implorou ela. Voltou a sentir o sorriso dele contra seu sexo e sentiu a lngua macia e deliciosa, pavimentando os msculos umedecidos. Mudando de posio, ele agora sugava o centro de sua feminilidade at o ponto de lev-la a uma sensao insuportvel, maravilhosamente dolorida. Ento, como que adivinhando que ela estava prestes a atingir os pncaros do prazer, Sebastian a beijou, decidido, excitando-se ao ouvi-la gemer e repetir seu nome por vezes seguidas. Com o clmax, os caninos de Wilhelmina surgiram e, pela primeira vez, ela no se importou, pois estava muito mais interessada nas sensaes extasiantes que ele lhe apresentava.

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Captulo XVIII

Sebastian moveu-se nos travesseiros para observar Wilhelmina. Ela estava de olhos fechados, os clios pretos bem maquiados sobre a pele plida incrivelmente corada e os lbios vermelhos de seus beijos. Jamais se sentira to recompensado pelo orgasmo de uma mulher. Seu primeiro pensamento foi fazer tudo de novo, faz-la gritar seu nome outra vez, mas ficou ali, apenas abraando-a. J fora um passo enorme para ela e no pretendia arruinar tudo. Wilhelmina respirava to profundamente que seus seios subiam e desciam lentamente. Ele teve mpetos de toc-los, porm manteve as mos na cintura estreita. Pacincia, pediu a si mesmo. Afinal, poderia esperar o tempo que fosse at que ela acreditasse plenamente que no a machucaria de jeito algum, ao contrrio, gostaria de lhe proporcionar apenas prazer. Sebastian ansiava tanto pela confiana quanto pela satisfao de Wilhelmina. E, acima de tudo, desejava que ela se sentisse segura a seu lado. De repente, ela abriu aqueles olhos azuis e virou a cabea para fit-lo. Seus olhos ainda mostravam o estado enlevado em que se encontrava, como se estivesse em outro lugar, sem saber ao certo como explicar o que tinha acontecido. Uau! exclamou e sorriu. Sebastian no pde deixar de beijar aquele sorriso adorvel. Foi bom? perguntou contra os lbios dela. No fazia idia de que poderia ser assim Querida, nossa existncia no feita s de dores. Dito isso, ele viu esperana naqueles lindos olhos. Ansiava para que ela no tivesse nem mais um minuto de dor. Queria proteg-la. Wilhelmina o abraou, passando a acarici-lo nas costas, dificultando o cumprimento da deciso de ir mais devagar. Voc faz... isso com todas as mulheres que traz aqui? ela perguntou. Sebastian ergueu a cabea, surpreso com a pergunta. No quero falar de outras mulheres. Nem eu ela concordou de pronto. Mas voc faz outras coisas com elas, no faz? O que quer dizer com isso? Envergonhada, suas faces ficaram ainda mais coradas. Voc sabe... ato completo. Sebastian riu. Olhe s, eu pensando que estava poupando voc, indo mais devagar e agora
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estou sendo cobrado. Wilhelmina corou ainda mais e desviou o olhar. No... no isso, que... Terei prazer em dar tudo o que voc quiser. Podemos fazer amor a noite toda. S no quero apressar as coisas e magoar voc. Pode fazer isso? Fazer amor a noite toda? Mais uma vez, ele teve de rir do olhar intrigado. Ei! Acho que criei uma ninfomanaca apenas com um orgasmo. As faces de Wilhelmina pareciam estar vestidas com uma mscara carmim. Assim, ela resolveu esconder o rosto no peito dele. Sebastian escorregou as mos pelas costas macias, apreciando a textura acetinada da pele, a delicadeza dos msculos, a maciez das ndegas, ao mesmo tempo em que ela tambm viajava pelo corpo musculoso. Ficaram assim, tocando-se at que a situao ficou insustentvel para ele. Querida, no posso continuar assim por muito tempo. Logo meu zper vai estourar ou deixar uma marca indelvel em meu pnis. Ele recebeu um olhar preocupado embora tivesse a impresso de que Wilhelmina no entendera bem do que ele estava falando. Pulou da cama e livrou-se das calas, o membro intumescido imensamente feliz por ter sido libertado. Olhou para Wilhelmina e orgulhou-se por not-la contemplando, fascinada, sua ereo. Se continuar olhando para mim desse jeito eu que vou acabar bancando o inexperiente aqui. Desculpe disse ela, desviando o olhar, mas voltando no segundo seguinte. Sebastian gemeu e deixou-se cair sobre a coxa, buscando-a com as mos. Seguindo o instinto, Wilhelmina montou sobre ele, provocando-o ao rebolar os quadris languidamente. No faa isso, a no ser que queira que eu a penetre agora mesmo. Mais um olhar incrdulo antes de ela murmurar algo inteligvel e sair de cima dele. Sebastian chegou a recear que a tivesse assustado. O receio logo foi esquecido, quando a mo mida de Wilhelmina envolveu-lhe a ereo. Est doendo? ela quis saber, enquanto extasiava-se com o vigor de Sebastian. No exatamente dor. Ela balanou a cabea, como se estivesse entendido perfeitamente. Voc to bonito disse, movimentando a mo. Nunca pensei que um... Pnis ajudou ele. Sim. No pensei que pudesse ser to bonito. Ora, ora, um pnis bonito. No tenho certeza de que isso o que um homem gostaria de ouvir dizer de seu membro. Por que no? Bem, no muito msculo. Agora chega de teoria disse ele, agarrando-lhe o
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pulso. Mal contendo o desejo e a impacincia, rolou para cima dela. A nova posio fez com que Wilhelmina voltasse a arder de desejo. Sebastian, por favor, eu quero... Ele gemeu e colocou as mos entre seus corpos. Wilhelmina pensou que ele estivesse se preparando para penetr-la, mas em vez disso, ele procurava o centro de sua feminilidade, pressionando-o ligeiramente. Sebastian, por favor... Calma... Quero compartilhar meu prazer. Impaciente, Wilhelmina fechou os olhos, hipnotizada pelo efeito que aqueles dedos experientes lhe proporcionavam. Incapaz de continuar sem saciar sua fome por muito tempo, Sebastian comeou a movimentar os quadris. Com pesar notou como ela tinha tensionado o corpo. E, recriminando-se por ter sido to apressado, saiu de cima dela. Sem dar tempo para contestaes, puxou-a para que voltasse a ficar por cima, convidando-a a movimentar os quadris no mesmo ritmo que ele. Wilhelmina piscou seguidas vezes, procurando assimilar os movimentos rpidos, mostrando certa hesitao. No tenha medo, Mina, no quero que esta noite a remeta a nada de ruim. Calma pediu ele, tentando se conter ao mximo. De sbito, Sebastian notou que os olhos de Wilhelmina estavam marejados. N o entendeu muito bem a reao, mas sentou-se, encaixando-a entre suas pernas, ajudando-a a envolv-lo com as dela em um abrao sensual. Em seguida, balanou-se com ela bem devagar, como se a estivesse ninando, garantindo que o sonho ruim no mais assombraria seus dias. Quando ela se afastou e prendeu-o com o olhar, suas bocas se encontraram. Os beijos que se seguiram beiravam o desespero por alcanarem juntos uma outra esfera. Passaram a se mover com maior rapidez como se j fossem antigos parceiros daquela dana ntima. Sebastian a erguia contra si e por mais de uma vez Wilhelmina gritou, achando que desfaleceria nos braos dele. As presas se apresentaram, mas ela conseguiu control-las para no feri-lo, apesar de seu corpo dizer que apenas a mordida a livraria daquela deliciosa agonia. Atento, Sebastian aumentou ainda mais a presso, espalmando as mos nas costas dela, penetrando-a completamente at que a exploso aconteceu. Wilhelmina gritou o nome dele, enlouquecida com a intensidade do orgasmo. Ouviu o gemido rouco de Sebastian e senti-lo pulsar selvagem dentro de si. Ficaram ali, unidos por mais um momento at que relaxaram exaustos. Wilhelmina s se lembrou de ter sido coberta por um lenol antes de cair em sono profundo. Sebastian permaneceu ao lado dela, mas sem ousar toc-la. Sentou-se, passou as mos no rosto e nos cabelos, surpreso por estar trmulo. Nem conseguia comear a contar quantas vezes j fizera sexo e fora sempre muito bom e prazeroso. Porm, nada parecido com o que tinha acabado de acontecer... Levantou-se com cuidado para no perturb-la e ficou andando de um lado para o outro no quarto. O que, diabos, havia acontecido? Qual era o problema? Tivera um orgasmo
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estupendo, absolutamente incrvel. Mas mesmo assim, fora apenas uma satisfao fsica. No havia motivo para estar se sentindo daquela maneira. Certo, nunca tivera um orgasmo to formidvel sem a ajuda de uma mordida. O sexo com Wilhelmina fora mais poderoso do que qualquer mordida que j tivera. Mesmo aquela que o transformara. Parou de andar, olhou para a mulher adormecida em sua cama e sentiu uma onda de carinho, uma necessidade imensa de proteg-la, Balanou a cabea com se pudesse afastar aquela sensao to facilmente. Mas quando olhou para Wilhelmina outra vez, sentiu tudo de novo. Era um sentimento de que, no importava o que acontecesse, Wilhelmina teria de pertencer a ele por toda a eternidade. Eternidade era tempo demais, por isso que ele nunca se prendera a uma mulher s. Era impossvel imaginar-se fiel a um casamento durante uma existncia. Olhou mais uma vez para a mulher deitada em sua cama e teve a certeza de que, se quisesse, Wilhelmina poderia lhe proporcionar noites como aquela para sempre. No entanto, sempre tambm era tempo demais. O sentimento de posse aumentou, enchendo-o de orgulho. Entretanto no poderia oferecer a ela sua lealdade eterna, tanto que seria presuno demais achar que ele seria o nico homem de Wilhelmina. Travou os dentes ao imagin-la outro homem. A idia era simplesmente insuportvel. Voltou a andar de um lado a outro. Seria isso que Rhys e Christian sentiam por suas mulheres? Contemplou mais uma vez a silhueta de Wilhelmina dormindo como um anjo. Seria ela sua alma gmea?

Captulo XIX

Como voc reconhece sua alma gmea? perguntou Sebastian, precipitandose para dentro da biblioteca de Rhys e Jane. Voc no tem o costume de bater? observou Rhys por sobre o livro que estava lendo. No. Sebastian acomodou-se em uma poltrona, colocou os ps na mesinha de centro e viu dois copos de usque. Por um instante, chegou a pensar que o irmo pressentira sua chegada e servira as bebidas. E se Jane e eu estivssemos desfrutando um momento de privacidade? Como se vocs se importassem. Por que acha que me mudei? Inclinou-se para a frente. Tire a minha dvida sobre almas gmeas. Voc sabe que j vai amanhecer? Rhys apontou para a ampla janela que ocupava quase toda a parede. Ento responda logo.
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Em vez de responder, Rhys olhou na direo da porta, e Sebastian sentiu algum atrs de si. Bem, vou perguntar para outra pessoa. Jane, como voc reconhece sua... Virou-se para encontrar seu outro irmo, Christian inclinado na porta. ...alma gmea? concluiu, voltando a afundar-se na poltrona. timo, assim terei a opinio da famlia inteira sobre o assunto. Christian entrou na sala. Creio que Jane explicaria melhor. Vamos chamar Jane e Jolie... Abriu a boca para cham-las, mas Sebastian o deteve. No, no. No poderei lidar com um interrogatrio dessa natureza agora. Est bem, se prefere assim. E ento, como se sabe? Rhys e Christian olharam um para o outro e depois para Sebastian. Voc simplesmente sabe afirmou Christian. Mas como , o que voc sente? O que voc est sentindo? quis saber Rhys. Sebastian pensou um pouco antes de responder: Estranho, diferente, como se estivesse doente. Os dois irmos tocaram um olhar de entusiasmo. Eu no sei... Christian balanou a cabea devagar. Sebastian endireitou-se na cadeira. Ento vocs acham que pode ser outra coisa? , parece que sim Rhys assentiu. Bom... muito bom. Sebastian ficou aliviado. Levantou-se e foi em direo porta. Christian, estou feliz em ver voc, mas por que est aqui? Jolie mandou-o embora? Ainda no brincou ele. S viemos para uma visita rpida. Bem, ento at amanh. Tenho de ir. Sebastian moveu a cabea na direo de seu apartamento. Voc sabe, para a cama. E desapareceu pela porta. Os irmos olharam para o espao vazio por um momento. Fico feliz por voc ter me chamado afirmou Chris. Ah, eu sabia que voc ia querer ver isto. Como se num gesto ensaiado, os dois apanharam seus copos e os ergueram num brinde. Nosso irmo muito sensvel a um par de presas afiadas. *** Wilhelmina acordou com uma sensao de estranheza. Ergueu-se nos cotovelos, olhando para o ambiente vagamente familiar. Estivera ocupada demais na noite anterior para ter notado o quarto. Mas era um lugar aconchegante como o restante do apartamento. As paredes cinza faziam um belo fundo
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para os mveis antigos, forrados de veludo vermelho. Uma lareira grande dominava o ambiente. Olhou para o lado da cama e viu apenas a marca no travesseiro onde Sebastian repousara. Tentou ouvir alguma coisa e logo soube que estava sozinha. Empurrou as cobertas apenas para descobrir que estava nua. Claro, tinha acabado de fazer amor e adormecera. Ol Sebastian a cumprimentou da porta. Surpresa, ela voltou a puxar as cobertas. Levantando uma sobrancelha, surpreso pela reao dela, Sebastian sentou-se na beirada da cama, e estendeu-lhe uma das canecas que segurava. Tomei a liberdade de roubar um pouco do caf da manh de meu irmo para ns. Tome, B-negativo, meu favorito. Wilhelmina no queria parecer rude, mas no aceitou a oferta. O que foi? Olhou para dentro da caneca como se esperasse ver uma mosca boiando. No gosta de B-negativo? No bebo sangue humano. Ele franziu o cenho sem entender. Por causa da empregada? Tambm por isso, mas principalmente porque no me deram sangue humano quando fui transformada. No recebeu sangue nenhum? Sim. Uma combinao de sangue bovino e suno. Sebastian colocou a mo na frente da boca, como se fosse vomitar. Meu Deus, no se pode viver apenas disso. Foi o que aconteceu comigo. Sempre? Isso no possvel. Claro que , tanto que eu sobrevivi. Ento por isso que to plida comentou ele, tocando o ombro nu. Isso tambm deve afet-la de outras maneiras. Talvez por isso voc perca o equilbrio com tanta freqncia. Wilhelmina, ento, lembrou-se dos momentos constrangedores em que cara na frente dele. Decidida, colocou os ps para fora da cama. Em uma questo de segundos, Sebastian ps as canecas sobre o criado-mudo e a segurou antes que ela sasse da cama. Onde voc vai? Eu... Ela no sabia o que dizer para no parecer to infantil. Fique sabendo que gosto do que bebo. No me importo com isso. Wilhelmina estreitou o olhar, procurando decidir se ele estava falando a s rio ou no. verdade. S no entendo como voc sobreviveu. Sebastian escorregou um pouco mais no colcho. Engraado, no achei que nossa noite fosse comear assim. E o que planejou?
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Assim. Tomando-a, desprevenida, ele a puxou para si e a beijou. Apesar do mal-estar causado pela conversa, ela nem cogitou em no corresponder. Afinal estavam de pleno acordo naquela questo. Mesmo depois de as bocas terem se afastado, ele continuou a envolv-la com um brao, enquanto que a outra mo entrava por baixo da coberta at encontrar-lhe a pele quente e macia. Wilhelmina nem sequer pensou em det-lo. A sensao era simplesmente maravilhosa. Como bom tocar voc murmurou ele, dobrando o corpo para sugar-lhe os seios. Ela gemeu, arqueando o corpo, oferecendo-lhe melhor acesso. Sebastian gemeu tambm, mas afastou-se. No podemos recomear agora. Por qu? ela indagou, j pronta para se entregar novamente. Tenho planos para ns. E seus planos envolvem... Wilhelmina olhou para ele e para a cama, com um sorriso maroto nos lbios. Meu Deus, acho que criei um monstro ele brincou. Wilhelmina corou, achando que ele podia estar certo. No conseguia pensar em outra coisa a no ser em Sebastian nu e em fazer amor com ele. A noite toda. Nunca tinha sido, nem ao menos sonhara que seria uma ninfomanaca, mas a idia a agradou. Antes ser chamada de Wilhelmina, a ninfa; do que Wilhelmina, a esquisita. Beba Sebastian insistiu, oferecendo-lhe a caneca outra vez. Ela recusou. Vamos, experimente. do banco de sangue, doado voluntariamente. E se conheo bem Rhys e Jane j deve estar com o prazo de validade vencido e ia ser jogado fora. Wilhelmina hesitou um pouco, mas aceitou a bebida. Sentiu o cheiro e experimentou um gole. Era doce, muito doce e muito mais saboroso do que a mistura com a qual ela costumava se alimentar. Bebeu mais um pouco e largou a caneca. O estmago contraiu-se e ela ficou sem saber se o enjoo era por que tinha gostado muito ou odiado. Bem, melhor voc se vestir antes que eu mude de idia e desista de sair de casa. Wilhelmina pensou em pedir que ficassem, mas teve medo de que ele recusasse. No conseguiria lidar com a rejeio naquele momento. Alm do mais, no se sentia apta a seduzi-lo. Bem, ao menos em pblico, estariam juntos e aquilo era tudo o ela que desejava. Aonde vamos? Wilhelmina questionou, quando tomaram uma rua vicinal. Aguarde e ver. Sebastian adorava bancar o misterioso, deixando-a curiosa e to impaciente quanto ele. Aquele era um trao que ambos possuam e que o intrigava razoavelmente. E tambm no era a nica similaridade, pois os dois gostavam de msica clssica, achavam graa nas mesmas coisas, apreciavam os mesmos livros. E, o mais importante, depois de
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terem dormido juntos, ele descobriu que Wilhelmina era to exigente e intensa quanto ele. Sentiu-se excitado s em lembrar. Fizera um esforo hercleo recusar o convite que lera nos olhos dela para que ficassem em casa. Derrub-la sobre a colcha e voltar a explorar cada centmetro daquele corpo fabuloso. Porm, desejava muito lev-la quele lugar tambm. Difcil deciso, mas era importante que ela conhecesse seu lado de vampiro. Depois de alguns minutos de caminhada, subiram alguns degraus sujos de concreto que levavam entrada de um bar decadente. Vendo a aparncia acanhada do lugar, Wilhelmina no se conteve. Tanto mistrio para me trazer a um lugar como este? Voc vai adorar. Mesmo duvidando, ela o seguiu escada acima. O porteiro cumprimentou Sebastian com intimidade. Voc vem sempre aqui? De vez em quando. Mas o porteiro o conhece. Querida, sou uma pessoa memorvel declarou ele em tom de brincadeira, mas Wilhelmina bem sabia que aquela era a pura verdade. Sebastian Young era uma pessoa inesquecvel. E apesar de ele ter proposto apagar suas memrias ruins, ela entendeu que se um dia ele a deixasse, enfrentaria um tormento talvez muito pior. Seria melhor deixar aquela preocupao para depois, uma vez que ainda estavam juntos, e ela pretendia aproveitar todos os instantes. O salo em que entraram era escuro, esfumaado, lotado e no muito agradvel. No poderamos ter ido para seu bar? sugeriu ela. No seria a mesma coisa ele respondeu, enquanto ziguezagueava no meio do salo. Wilhelmina olhou ao redor. Definitivamente no era o mesmo que estar no Carfax Abbey. As pessoas ali, na maioria humanos, eram muito mais rudes que os clientes que freqentavam o Carfax. Seu olhar encontrou a figura de um gigante careca, vestido com uma jaqueta de couro e jeans surrados. O homem a olhou de alto a baixo e lambeu os lbios. Ela baixou os olhos para os trajes que estava usando, o mesmo vestido da noite anterior, embora Sebastian houvesse sugerido que ela que vestisse uma de suas camisas por cima da roupa. A princpio, ela no tinha entendido, mas agora sabia por que. Ela no estava usando nada por baixo da saia, porque Sebastian no lhe dera a chance de voltar para casa a fim pr roupas limpas. Claro, que somente ele sabia que ela estava sem calcinha. Acho que no gosto deste lugar disse, encostando-se em Sebastian. No se preocupe. Estamos juntos. Mais tranqila, ela o acompanhou at o outro lado do salo. Muito bem... Sebastian posicionou-a de costas para si e a abraou pela cintura. Agora s temos de esperar.
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Wilhelmina forou a vista na tentativa de enxergar alguma coisa ali no salo e descobrir a razo de estarem ali. O que ns estamos esperando? Calma, logo ver ele disse, brindando-a com um daqueles seus sorrisos. Os dedos acariciavam a curva de seu colo, enquanto o polegar brincava com o boto do vestido, que ficava bem entre os seios. Ento era esta a lio do dia? Pacincia, enquanto ele a torturava com aquelas caricias? Aqueles dedos hbeis a estavam levando loucura. Wilhelmina fechou os olhos e inclinou a cabea para trs, apoiando-se no peito dele, decidida a no prestar ateno em mais nada. Contudo, Sebastian tinha outros planos. No. No faa isso... Num movimento gentil, ele a afastou de seu corpo, fazendo com que ela desse um passo frente. Wilhelmina quase esbarrou em um homem que passava por ali. Felizmente, o sujeito nem percebeu. E por que no? ela quis saber, ciente que o tom de sua voz era petulante. Mas, realmente, era impossvel ficar imune queles afagos extasiantes. Desculpe-me ele disse em seu ouvido , mas preciso me controlar. E no fcil, sabendo que voc est nua sobre essa roupa. Wilhelmina preferiu no responder. Todos os seus sentidos estavam ocupados demais em absorver o prazer proporcionado, para preocupar-se em formar um raciocnio lgico. Mais pessoas amontoavam-se ao redor deles, esbarrando nos dois, ansiosos para chegar mais perto do... Pela primeira vez, ela percebeu que as pessoas estavam de p, enfileiradas e, sobre o mar de cabeas e ombros, notou que estavam diante de um palco. Estamos aqui para ver uma banda? Sentiu-se quase ofendida por Sebastian ter preferido isso a ficar na cama com ela. Uma banda sim, entre outras coisas. Wilhelmina prendeu a respirao ao imaginar que tipo de "outras coisas" ele estava se referindo. Bom, menos mal que as mos dele estavam quietas, segurando-a pelo quadril. Franzindo o cenho, ela prestou ateno nas pessoas que estavam ao redor deles. Podia resumir como estando no meio de uma massa de casacos de couro e muita maquiagem. Alm das vibraes negativas. Aqueles humanos estavam todos ali para um nico propsito, mas no deixava de compor uma audincia estranha. Suspirando, ela aguardou que a agressividade deles repercutisse em seu estado de esprito. Uma mulher inclinou-se na direo deles para acender um cigarro. Wilhelmina esperava que algum fosse reclamar. Mas no aconteceu nada. Sinto muito disse a mulher, antes de soltar uma baforada para cima. Surpresa pelo fato de moa ter esbarrado nela, Wilhelmina balanou a cabea, sinalizando que estava tudo bem. A mulher, ento, a fitou de cima a baixo, franzindo a testa. Na certa no tinha gostado da maneira que ela estava vestida. Depois o olhar
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observador passou a medir Sebastian. Claro que a camiseta preta e o black jeans estavam de acordo com o restante da multido ali presente. Wilhelmina girou os olhos. Sebastian podia estar com um smoking cor-de-rosa que a mulher estaria encantada do mesmo jeito. Quando a moa se aproximou de Sebastian, ela resolveu colocar um fim naquela histria. Este lugar no faz o meu estilo sussurrou ao ouvido dele. Sebastian estalou a lngua, sorriu e diminuiu mais a distncia entre ambos. Agiu como se soubesse o quanto o comportamento daquela estranha a incomodara. Bem, tarde demais para fazer algo a respeito. Muito selvagem para voc, no , minha querida burguesinha? ele indagou, roando os lbios na orelha dela, propositadamente. Voc no est mordendo, nem se transformando. O que est fazendo? Wilhelmina no reconhecia aquele tom de voz extremamente sexy, mas tambm no ia question-lo por achar que ele estava brincando. Comeou a se virar para dizer que no estava apreciando, quando a multido comeou a aplaudir. Ela observou os membros da banda, composta por homens mais velhos e muito atraentes tomar conta do palco. Alguns usavam rabo de cavalo, outros no. Mas eram todos grisalhos. Qual o nome dessa banda? ela quis saber. The Grateful Dead informou Sebastian. uma banda cover que gosto muito. Eles tocam rock muito bem. Gosto de msica clssica... Eu sei. Mais uma vez Sebastian a surpreendia por saber detalhes de sua vida sem que ela o tivesse informado. E por alguma razo desconhecida, aquilo no a incomodava. Eles tocam rock clssico. Voc tambm vai gostar assegurou ele, beliscandoa de leve. Wilhelmina no teve chance de responder, pois o som alto da msica os interrompeu. As vozes roucas impossibilitavam que a letra da msica fosse compreendida, mas Wilhelmina gostou da batida. Claro, apoiada com as costas no peito de Sebastian, embalando-a no ritmo, ajudou bastante na formao de sua opinio. Como se no bastasse, ele aprofundou a voz e cantarolou junto ao ouvido dela. Na verdade, ele era melhor do que o cantor no palco. Gostou? perguntou ele ao fim da cano. Se eu admitir que sim, vai ficar muito vaidoso? Vou respondeu Sebastian, roubando-lhe um beijo rpido e voltando a falar no ouvido dela: Bem, nosso primeiro objetivo foi cumprido, apreciar rock clssico. Agora, nosso objetivo principal. O que sente a seu redor? Gente. Muita gente. Sebastian ergueu uma sobrancelha, esperando que ela continuasse. Quando no se manifestou, ele prosseguiu: E o que voc no sente? Ele pousou o queixo contra o ombro dela, enquanto
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Wilhelmina perscrutava o ambiente mais uma vez. No sentia as emoes humanas, ela percebeu. Olhou para uma mulher e sentiu o prazer que ela estava tendo ao ver a banda, a atrao que sentia por Sebastian e um pouco de solido. Mas at que tivesse focalizado a ateno nela, no percebera nada daquilo. Estou bloqueando as emoes! concluiu animada. Sebastian sorriu, satisfeito. Quando voc aprende a enxergar sem emoo, assimila tambm que para reverter o processo, basta focar a ateno. Mas o inverso no verdadeiro. Wilhelmina sorriu quando voltou a olhar ao redor, focalizando uma pessoa de cada vez. Sentia as emoes separadamente, e mesmo quando se movia, alterando a ateno, no era mais bombardeada por elas. maravilhoso disse com um suspiro, sentindo-se quase normal. Sebastian inclinou-se para a frente, beijando-a devagar. Foi ento que ela partiu para o extremo oposto, sentindo-se anormal ao perceber que estava toda arrepiada, o desejo evidente em todos os seus terminais nervosos. Os dois intensificaram o beijo, sem se dar conta da audincia, de to ocupados que estavam com o ritmo de suas lnguas afoitas. Quando os acordes da prxima cano reverberaram pelo ambiente, iniciando uma letra sobre o amor, Sebastian se afastou. Sem deixar, no entanto, de prend-la pela cintura. O contato estimulou novas cadeias, insinuadas por baixo da camisa. Sem demora, ele desabotoou os primeiros botes do corpete do vestido de Wilhelmina, e insinuou os dedos pela pequena abertura at chegar na pele macia do incio dos seios, permaneceu ali at o final da msica. Wilhelmina sentiu-se umedecida, muito mais excitada por saber-se nua por baixo da roupa. Cumprimos mais algum objetivo? perguntou ela, com a voz cheia de emoo. Logo, logo. Preciso ficar a ss com voc... e nua. Wilhelmina forou o corpo ainda mais para trs e sentiu a ereo pressionar suas ndegas. Movimentou os quadris com certa malemolncia, sentindo a rigidez aumentar, apesar das roupas. Ento vamos embora ela sugeriu, intensificando o movimento. Sebastian gemeu ao ouvido dela. Est bem, s mais uma lio e iremos. timo assentiu ela, respirando fundo. Vou at o bar buscar alguns drinques para ns anunciou ele, afastando-se ligeiramente. Mas eu no quero beber nada. Meu desejo s voc Wilhelmina protestou, franzindo o cenho. Enquanto isso voc fica aqui tentando lidar com esta multido, sem que seu foco esteja presente. Sebastian sorriu, indulgente e imiscuiu-se na multido. Wilhelmina s entendeu o que ele queria dizer quando a multido se fechou ao seu redor e ela no pde mais ver nem a cabea de Sebastian. ... sem que seu foco esteja presente.
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Conscientizou-se de que ele sabia que estava sendo usado como ponto de referncia. Ora, seu prepotente... ela murmurou, baixinho. Ol. A voz retumbante interrompeu seus pensamentos. Desesperada, Wilhelmina tentou varrer o ambiente com os olhos procura de Sebastian, mas um gigante de camiseta branca, com os msculos dos braos em evidncia e um jeans surrado, impedia-lhe a viso. Ela levantou o olhar e viu que se tratava do mesmo careca mal-encarado que vira quando entrara ali. Pelo jeito voc estava se divertindo bastante o estranho comentou, com o olhar fixo no corpete ainda desabotoado de Wilhelmina. Posso lhe proporcionar momentos inesquecveis, garota ele afirmou com um sorriso mal-intencionado. Mesmo que Sebastian no estivesse ali, Wilhelmina percebeu que podia facilmente adivinhar as emoes do grandalho: Luxria. Luxria e violncia.

Captulo XX

Sebastian ficou impressionado com Wilhelmina. Ela havia aprendido rpido a lidar com a vibrao humana. Superou suas expectativas principalmente por ser uma vampira e nunca antes ter testado seus poderes. Ela era uma excelente aprendiz. O pensamento logo foi substitudo pela lembrana da bela performance com os quadris, provocando-o ao extremo. Ao chegar ao bar, ele olhou a quantidade de outros fregueses que aguardavam seus drinques ou para serem atendidos. Calculou que perderia ali dez minutos ou mais. Como no estava com muita sede, resolveu que tinha coisas mais importantes a fazer do que ficar em uma fila. A aula tinha sido um sucesso. Ele tinha certeza de que Wilhelmina devia estar lidando bem com as vibraes de outras pessoas. Agora era hora de ensinar coisas bem mais emocionantes, que no necessitavam de tantas roupas. Erguendo-se um pouco, tentou acenar na direo onde a tinha deixado, mas no conseguiu visualiz-la. Ao perscrutar com mais vagar a multido, sentiu um chamado de medo. Wilhelmina estava com medo, e ele conhecia muito bem a sensao e como ela reagia. Tentou focar mais a ateno e viu um homem com no mnimo um metro e noventa dando em cima de Wilhelmina. Ela estava assustada, mas o que o deixou ainda mais nervoso foi o semblante de pavor, tenso e visvel como se uma nvoa pesada a estivesse envolvendo. Com passos rpidos, Sebastian dirigiu-se at onde eles estavam, esforando-se ao mximo para no voar para cima do agressor.
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Com licena disse, em vez de chegar dando socos. O gigante virou-se, lentamente, lanando um olhar ameaador. Sebastian no se importou. No tinha medo do tamanho do sujeito. O que voc quer? Deixe minha mulher em paz dardejou Sebastian. O gigante cruzou os braos, ressaltando o tamanho do peito forte antes de se dignar a responder? Acho que ela deixou de ser sua mulher. Ora, mas que homem das cavernas arrogante! Sebastian teve vontade de socar o sujeito e acabar logo com aquilo. No entanto, ao notar os olhos arregalados de Wilhelmina, mudou de idia. No queria assust-la sem necessidade. De fato no a tatuei com o meu nome Sebastian afirmou com um sorriso arrogante. Mas isso no impede que ela seja minha. O gigante ergueu uma das sobrancelhas e agarrou o pulso de Wilhelmina. Ela gemeu, e Sebastian sentiu o maremoto de emoes que a inundava. Se eu for embora, vou lev-la comigo. O sujeito examinou Sebastian dos ps cabea, como se dissesse que nenhum homem com alguns centmetros mais baixo e muitos quilos mais leve poderia venc-lo. Quando Wilhelmina tossiu, Sebastian agiu por puro instinto e pulou para cima do grandalho. No foi difcil afast-lo de Wilhelmina. Um soco certeiro bem embaixo do queixo lanou o sujeito para longe. Assim que ele aterrissou a poucos metros de distncia, Sebastian abriu um sorriso de satisfao e tornou a esmurr-lo. Infelizmente, sua alegria durou pouco, pois no viu que outros dois homens se aproximaram por trs e o seguraram pelos braos. Sentindo-se amparado, o gigante levantou-se e acertou o nariz de Sebastian. O murro no doeu tanto, porm Sebastian ouviu o som de um osso sendo quebrado. Seu nariz, pensou. Extremamente irritado por no ter previsto aquele embate, Sebastian atingiu um dos homens com um soco na cara, e levantando a perna, atingiu o outro com a sola do sapato, usando mais fora do que o necessrio. Ambos voaram cerca de trs metros antes de espatifar-se contra a porta, caindo no jardim. O grandalho correu para ajudar e, balanou a cabea quando viu o estado dos amigos. Em seguida, olhou para Sebastian, boquiaberto com sua fora. Tudo seria cmico, se a atitude de Sebastian no tivesse chamado a ateno da maioria dos presentes no bar. Uma roda de pessoas se formou ao redor dos trs e, a julgar pela expresso de alguns, nem todos eram favorveis a Sebastian, Droga, tudo menos chamar aquele tipo de ateno! Na verdade, ele no estava preocupado em parecer um homem normal, sua nica preocupao era com a segurana de Wilhelmina. Ningum estava mais aturdido quanto Wilhelmina, que ainda passava a mo sobre o pulso que o gigante tinha segurado. Assim que viu que os agressores estavam impedidos de continuar a briga, correu para o lado de Sebastian, segurando o brao dele com as duas mos. Vamos embora.
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Sebastian olhou para os dois lados e para os homens cados no cho. Sabia que nenhum dos dois estava to ruim e que estariam prontos para brigar de novo em poucos dias. Novamente se distraiu, mas voltou-se a tempo de notar o gigante avanar em sua direo. Ser que a lio ainda no tinha sido suficiente? Sebastian pensou ao esmurr-lo novamente para que ele nunca mais tentasse cobiar a mulher dos outros. Com os sentidos aguados, por causa do cheiro de sangue do ferimento no nariz, ele estava ainda mais forte. Antes que cumprisse o que estava imaginando, Wilhelmina o tomou pelo brao e o conduziu para fora dali. Ela no se deu ao trabalho de olhar para ele, de to empenhada que estava em tir-lo dali o mais rpido possvel. Pare, Mina! ele ordenou, firmando o p no cho. Com o tranco, ela parou, mas no ousou olhar para ele. O que houve? ele quis saber, tentando chamar-lhe a ateno. Finalmente, ela ergueu olhar e Sebastian pde ver lgrimas em seus olhos. Voc estava certo. Isso no novidade declarou ele com um sorriso malandro nos lbios. S que no sei do que voc est falando. Apesar do nariz ainda sangrar, ele tentou fazer uma pose sensual, o que no pareceu anim-la nenhum pouco. J tnhamos constatado que voc se machuca toda vez que eu entro em pnico. No me diga que est se culpando pelo que aconteceu h pouco. Eu deveria ter mantido a calma, dominado a situao. Isso verdade, voc uma vampira, o que lhe d fora suficiente para derrotar qualquer idiota engraadinho que vier incomod-la. Sebastian aproximou-se e afastou uma mecha de cabelo que lhe cobria parte do rosto. Wilhelmina precisou se conter para no apoiar o rosto naquela mo grande. Se bem que no havia necessidade continuou ele. Eu deveria ter protegido voc. Aquele sujeito era um Neandertal. Wilhelmina sentiu-se enternecida. Nunca ningum tinha se oferecido para amparla daquela forma. Em silncio, aguardou alguns minutos, imaginando que talvez tudo tivesse sido uma fantasia e que Sebastian fosse a incorporao de seus sonhos de adolescente. Quando voltou a erguer o rosto, ele tomou mais um cacho na mo e prendeu-o atrs de sua orelha. Odeio quando me olha assim ele disse. Posso interpretar essa sua expresso como a de algum que quer confiar em mim, mas evita. Wilhelmina piscou, surpresa que estivesse expressando todos sentimentos, descobrindo que seus olhos eram a janela de seu corao. aqueles

Est doendo? perguntou ela, apontando para o nariz quebrado. No estava disposta a discutir suas fragilidades naquele momento. No tanto. Ainda est sangrando? Ela respondeu que no com um sinal de cabea, para em seguida fazer uma expresso de dor, antes de responder:
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Bem, mas... Est bem torto. Sebastian passou o dedo sobre o nariz, sentindo o calombo que havia formado. Droga, eu sabia que aquele bastardo tinha quebrado. Wilhelmina deu um passo frente para examin-lo melhor. Erguendo-se na ponta dos ps, beijou-lhe o ferimento, deslizou os lbios pelas faces e terminou na boca. Sua vontade era de tambm cuidar dele. O cuidado, porm, no durou muito tempo, pois Sebastian a abraou com fora. Ficaram grudados um ao outro, os lbios mesclados, dando a impresso de que morreriam se tivessem que se separar. Um grupo de jovens humanos passou por eles, zombando do comportamento dos dois. S ento perceberam que estavam no meio da calada de uma parte meio duvidosa da cidade. Sebastian a afastou, segurando-a pelos braos e a encarou. Como que voc faz isso comigo? murmurou ele como se estivesse falando sozinho. Wilhelmina no fazia idia do que teria acontecido, mas ficou lisonjeada, desejando que estivesse correspondendo com o mnimo que fosse aos cuidados que ele lhe dispensava. Vamos embora? sugeriu ela, com os olhos semicerrados. Sebastian assentiu com a cabea. Caminharam mais uma quadra, quando ele a puxou sem qualquer aviso prvio, encostando-a na parede fria de um beco escuro. O que voc est fazendo? Preciso toc-la ele respondem com a voz rouca, cheia de desejo. S um pouco. Wilhelmina nem considerou negar, uma vez que sentia a mesma urgncia de sentilo pulsar dentro de si. Assim, deslizou as mos pela lateral do corpo dele, sentindo-o retesar-se inteiro. Procurou aprovao nos olhos dourados pelo que pretendia fazer, e claro que Sebastian aceitou o convite. Beijaram-se com uma urgncia descomunal, no se preocupando com qualquer restrio ou gentilezas. O gemido de Wilhelmina revelava sua fome em consonncia com a dele. Com movimentos sfregos as lnguas se buscavam na tentativa de aplacar um pouco aquele desespero to prazeroso. Wilhelmina prendeu a respirao quando ele lhe desamarrou o n da camisa, para em seguida continuar a inacabada tarefa de desabotoar todos os botes do vestido. Enquanto isso, ela ocupou-se em massage-lo nos ombros, braos, costas, percebendo a alta temperatura do corpo atravs do tecido. O desejo de sentir-lhe a pele nua a fez enfiar a mo por baixo da camisa dele e notar o quanto a pele estava mida. Mina... A voz de Sebastian soou como um sussurro quando ele tentou desvencilhar-se, espantado como a paixo facilmente os fazia perder as rdeas. Wilhelmina pressionou as unhas contra as costas dele, impedindo-o de se afastar mais. No! exclamou ela, sem afastar a boca do pescoo dele.
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Depois de um segundo de resistncia, Sebastian decidiu acompanh-la naquela loucura to prazerosa. Os lbios voltaram a se unir com um apetite voraz como se nunca tivessem se beijado antes. Wilhelmina mal percebeu quando ele a virou de costas, mas deu as boas-vindas rgida masculinidade de Sebastian roando em suas ndegas. A maravilhosa sensao prolongou-se quando ele tomou-lhe os seios com as duas mos e massageou-lhe os mamilos. Aquilo era de tirar o ar de qualquer um. Simplesmente maravilhoso. Com a ansiedade beirando o desespero por terminar o ato de amor, ela abaixou as alas do vestido e exps os dois seios para delrio de Sebastian, que a virou a fim de apossar-se de um seio, pavimentando com a lngua a pele to sensvel. Wilhelmina inclinou a cabea para trs, apoiando-se na parede de tijolos. Quando achou que gritaria de prazer pelos movimentos sfregos da boca de Sebastian em seu mamilo, ele interrompeu o movimento... Apenas para recomear no outro seio. Oh, Sebastian... Wilhelmina viu que ele sorria ao deslizar a boca pela lateral de seu brao. Pensou em pedir que ele voltasse para o que estava fazendo, quando ele lhe levantou a saia. A brisa mida esfriou suas coxas, em um choque de temperatura incrvel. Suspirou ao levantar a cabea para testemunhar Sebastian agachando-se na altura de seu umbigo. Com o intuito de direcionar as carcias que ele s empenhava, ela embrenhou os dedos das duas mos por entre a cabeleira farta. Os joelhos de Wilhelmina fraquejaram quando a respirao ofegante de Sebastian fez mover a penugem entre suas coxas. Com vagar, ele afastou-lhe as pernas para mergulhar no epicentro de sua feminilidade. Ela, ento, no resistiu e gritou com as mos espalmadas na parede a fim de manter o equilbrio, enquanto ele a levava para o pice da montanha mais alta do universo. Nessa hora, Wilhelmina gritou e virou o rosto para cima. Em princpio no entendeu a gua no rosto, estava interessada apenas nas sensaes delirantes que Sebastian lhe oferecia. De repente ele parou e se afastou. Ela o encarou, desorientada pela sbita mudana. Sebastian olhou para cima cornos olhos mais amarelados pelo desejo. Sebastian, o que houve? Quando ela o viu molhado tambm, entendeu que estava chovendo e riu. Sebastian a fitou, por certo achando que ela beirasse a loucura. Talvez fosse isso mesmo. Quando ele se levantou, ela deslizou as mos para baixo a fim de alcanar o zper das calas jeans. Contudo, seu movimento foi interrompido. Mina, no quero que nada a faa lembrar-se daquela noite fatdica. Ela examinou os olhos cor de ouro, brilhando de paixo. Sebastian no lembrava em nada aquele vampiro degenerado. No existe nada que eu queira mais neste momento do que continuar a beij-lo. Wilhelmina retomou a tarefa de toc-lo, e suas mos foram novamente afastadas. Desta vez, Sebastian tomou a iniciativa de baixar os jeans, expondo o membro r gido. isso mesmo que voc quer? Ele queria se assegurar de que Wilhelmina estava de acordo. Ela no o impediria, mas sabia que nada aconteceria se no fosse de sua vontade. A considerao de ele ter se preocupado foi o suficiente para que no houvesse mais
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nenhuma dvida. Sebastian gemeu ao levant-la e encaix-la, enquanto ela o prendia com uma das pernas. Em vez de sentir-se presa em uma armadilha, Wilhelmina relaxou, deixando para Sebastian a tarefa de arcar com todo seu peso. Quando se beijaram de novo, Wilhelmina sentiu o sabor da insegurana. Optou ento por acalm-lo por meio da linguagem corporal e silenciosa, instigando-p a entrar na mesma sintonia que ela no movimento de vaivm dos quadris. Ah, Mina, voc deliciosa. Existe coisa melhor para se fazer na vida? Se estivermos juntos, talvez... De sbito, uma luz perpassou os olhos de Sebastian, refletindo uma emoo que Wilhelmina no identificou. Mas estava mais preocupada em manter o ritmo do ato de amor do que analisar emoes. Sebastian! gritou ela ao atingir o clmax junto com ele. Eu te amo. Ele enrijeceu o corpo e ficou imvel. Wilhelmina bem que gostaria que ele respondesse com uma frase igual, mas bem sabia que isso s aconteceria se a chuva voltasse para as nuvens carregadas. Sebastian observou Wilhelmina lutar para se vestir de novo. Os dedos da pequena mo tremiam, dificultando ainda mais o trabalho de abotoar o vestido e a camisa molhados. Ele estava no mesmo estado que ela, mas no hesitou em oferecer-lhe ajuda. Wilhelmina preferiu baixar a cabea a olhar para ele. Sebastian sabia exatamente o que dizer para acabar com aquele mal-estar entre ambos, mas preferiu continuar o que estava fazendo em silncio. Pronto! Obrigada ela agradeceu, ainda sem fit-lo nos olhos, preferindo virar a cabea na direo da entrada do beco. Sebastian a encarou por mais alguns minutos, sabendo que deveria dizer alguma coisa... qualquer coisa. Mas o silncio prevaleceu. Antes de comearem a andar, ele tomou-lhe a mo e surpreendeu-se por ela no ter resistido. A chuva forte cedeu, dando lugar a uma garoa. No que isso fizesse alguma diferena, j que estavam ambos ensopados, pensou ele, procurando distrair a mente das trs palavras que Wilhelmina tanto queria ouvir. Mina... ele disse, pausadamente. Era preciso dizer alguma coisa para acabar com a terrvel tenso que se instalava. No faa isso. Eu disse aquilo tomada pela emoo do momento. Acho que no vale a pena falarmos a respeito. Sebastian a estudou para em seguida prestar ateno na calada. Deveria estar satisfeito pela desculpa que acabara de ouvir, no queria ser amado. Mas saber que Wilhelmina no estava falando a srio o incomodava bastante, embora no fizesse ideia do que aquilo significava. Claro que j tinha ouvido aquela mesma frase outras vezes e no precisara responder. Era sempre melhor manter as coisas da maneira mais simples e descomplicadas possvel. Procurou se concentrar na mente dela para ler as emoes, mas no captou nada. Nenhuma emoo.
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Wilhelmina tinha aprendido a bloquear a mente, entendeu ele com orgulho, embora o feitio tivesse se voltado contra o feiticeiro. Acho que no me expressei direito. Gosto muito de voc ela disse de repente, olhando para ele de relance. Claro, eu no faria amor com voc se no tivssemos algumas afinidades. Eu tambm no consentiu ele. Wilhelmina pressionou os lbios, curvando-os discretamente para cima. Mina, eu gosto de voc. Gosto muito! ele declarou, parando de andar. Eu sinto o mesmo. Beijaram-se rapidamente e seguiram caminho ainda de mos dadas. Sebastian ainda no conseguia ler as emoes dela, mas pelo menos o astral entre os dois tinha melhorado. Quando chegaram ao Carfax Abbey, Sebastian conduziu-a para a porta dos fundos, mas Wilhelmina hesitou. Por que vamos entrar por aqui? Sebastian deu de ombros. Acho que essa a maneira mais fcil de evitar perguntas indesejveis. Entendi, voc no quer que todos nos vejam juntos e fiquem especulando, certo? indagou Wilhelmina, sentindo o peito oprimido, mas fazendo fora para no demonstrar a decepo. No nada disso. Estou com uma aparncia pssima. Sebastian passou o dedo pelo nariz, que j estava melhor, mas ainda muito inchado. Os jeans estavam imundos, principalmente no joelho, cheios da lama do beco. E no s isso, voc est com a aparncia de quem foi atacada de encontro a uma parede de tijolos imundos. Wilhelmina sentiu o rosto corar, ele no estava querendo evitar que as pessoas os vissem juntos, e sim livr-la do embarao de encontrar algum naquele estado lastimvel. Ele podia no sentir amor por ele, mas no tinha vergonha de estarem juntos. Se bem que suspeitava de que Sebastian no tinha receio de nada. Sinto muito. Eu deveria ter ficado quieta. Sebastian deu de ombros e puxou-a pela mo em direo ao clube. Mas dessa vez foram descobertos. Sebastian! chamou Constantine, seguindo em direo a eles. At que enfim. Todos esto procurando por voc. Sem soltar as mos de Wilhelmina, Sebastian comeou a subir os degraus. Por qu? O que aconteceu? Um sujeito atacou uma mulher ali atrs, na viela. Droga! praguejou Sebastian. Ele era... voc sabe. Constantine olhou para as pessoas que estavam atrs deles, esperando para entrar no clube e falou baixinho: Sim, ele era... diferente. Seus irmos esto com a garota, esperando a chegada da polcia. Sebastian agradeceu ao segurana e entrou apressado. Assim que Nadine os viu,
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apontou a sala dos fundos. Entraram na sala reservada para os empregados, onde j estavam dois belos vampiros que Wilhelmina logo entendeu serem os irmos de Sebastian. No sof, duas vampiras com uma garota entre elas. A jovem, de cabea baixa, chorava muito. Os vampiros fizeram sinal para que Sebastian no entrasse e foram ter com ele. Que diabos aconteceu aqui? Parece que um dos clientes do bar a convenceu a sair com ele e a atacou na viela informou o mais alto deles. Tinha a mesma altura de Sebastian, mas os olhos eram azul-claro, muito parecidos com os de Lizzie. Muito prazer. Sou Christian, irmo de Sebastian. Lamento conhec-la numa situao como esta, Ol cumprimentou Wilhelmina, apertando-lhe a mo. Meu nome Mina. Sou Rhys apresentou-se o outro irmo. Ele a mordeu? quis saber Sebastian. Sim, mas Mick o deteve antes que ele pudesse feri-la de verdade. A garota est muito abalada, mas vai ficar bem. Acho que no vai nem precisar de um mdico comentou Rhys. A marca da mordida j est desaparecendo. Apesar disso, Sebastian no se tranqilizou. A polcia vai fazer muitas perguntas, principalmente quando ela explicar como foi atacada. Creio que no interveio Rhys. Eles pensaro que ela est chocada demais para se lembrar das coisas com clareza. Droga! Sebastian voltou a repetir. Nossos clientes conhecem bem as regras. Sabem que no toleramos nenhuma violao. Este o primeiro incidente em dezoito meses, e o ataque parece premeditado. Temos de encontrar o agressor, pois aposto que ele no vai parar. Voltou-se para Wilhelmina. Importa-se de esperar aqui com meus irmos e minhas cunhadas? Quero falar com Mick antes de a polcia chegar. Claro que no. V. Wilhelmina logo foi apresentada para Jane e Jolee, ambas lindas e ador veis, mas sua ateno estava na pobre garota. Ela parecia ter pouco mais de vinte anos, cabelos escuros, pele perfeita, olhos azuis. No estava mais chorando, mas ainda parecia muito nervosa. Gostaria de tomar alguma coisa, Annie? ofereceu Jane. Uma soda, ou outra coisa? A jovem aceitou, parecendo relaxar um pouco. Gostaria muito, obrigada. Quando Jane afastou-se para buscar a bebida, Wilhelmina aproximou-se. Voc tem algum que gostaria de avisar? Seus pais? A garota balanou a cabea.
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No. Estou aqui para cursar a universidade. Meus pais no queriam que eu viesse para Nova York. Se descobrirem o que aconteceu, com certeza me faro voltar. Mas vai ter de dizer alguma coisa a eles. Vou ficar bem. Tenho minhas companheiras de quarto e muitos amigos. Pelo menos a situao da garota era bem melhor do que a sua quando fora atacada. Imaginou como sua vida poderia ter sido diferente se tivesse tido apoio. A sala ficou silenciosa at que os policiais entraram, seguidos por Sebastian e Mick. Acho que vamos deix-la a ss para que converse vontade com os policiais adiantou-se Rhys. Boa sorte, Annie. Christian seguiu o irmo e Jane e Jolee abraaram a garota, recomendando que se cuidasse. Wilhelmina levantou-se para sair, mas Annie a deteve. Fique, por favor ela pediu, e Wilhelmina atendeu, segurando-lhe as mos, enquanto os policiais comeavam o interrogatrio. Ento ele a atacou na viela entre o clube e o estacionamento? Quando ela confirmou, o policial continuou: Ele tinha uma arma? No, mas era muito forte. Tentei lutar, mas... Annie balanava a cabea como se no pudesse explicar o que, na verdade, no podia. Wilhelmina sabia que a fora dos sobrenaturais era difcil de descrever. Apertou os dedos gelados da garota para dar-lhe algum conforto. Como era ele? Annie respirou fundo. Bem alto e magro, menos de trinta anos, cabelos escuros, olhos castanhos. Desconfortvel, Wilhelmina mexeu-se na cadeira. Aquela descrio se aplicava a uma centena de homens. No havia motivo para suspeitar que... Ele tinha uma covinha na face, do lado esquerdo, e sotaque italiano. O mundo de Wilhelmina pareceu escurecer de repente. Sebastian percebeu e aproximou-se dela. : Ele disse algum nome? perguntou o oficial. Sim, Donatello. At aquele momento, acreditava-se que vampiros no podiam desmaiar. Wilhelmina provou que estavam errados.

Captulo XXI

Ele estava de volta. Deus, ele estava de volta! Lutando para respirar, tomada do mais puro pnico, Wilhelmina compreendeu a terrvel verdade e gritou.
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Calma, querida, estou aqui confortava-a Sebastian. S ento ela percebeu que no estava naquela floresta mida e escura, mas no quarto de Sebastian, na cama dele, segura. Abraou-se a ele, deixando que o calor substitusse o medo que gelava seu corpo. As mos fortes massageavam-lhe as costas, enquanto ele continuava a repetir que estava tudo bem. Aos poucos foi tomando, conscincia do fogo na lareira, do pesado cobertor em que estava envolvida, de tudo o que ele providenciara para que ela ficasse bem. Acho que desmaiei e isso deve ter confundido a polcia. No se preocupe, est tudo bem com a polcia e com a garota tambm. Sebastian tocou-lhe os cabelos para assegurar-se de que ela estava bem. Foi ele, no foi? ela perguntou, por fim. No temos certeza ainda. Pode ter sido coincidncia. Acredita mesmo nisso? Mesmo se tenha sido ele, j acabou. Ele foi embora e no vai voltar. No acredito que esteja procurando por voc. Fazia sentido. Se Donatello pretendesse encontr-la, certamente j tivera todo o tempo e todas as oportunidades do mundo. Concordo que uma estranha coincidncia, mas possvel. Como desejava acreditar em Sebastian! Mina, no vou deixar que nada de mal lhe acontea. Acredite nisso garantiu ele, afastando os cabelos do rosto dela. Wilhelmina viu a preocupao nos olhos profundos de Sebastian. Acreditava nele. Apanhou a mo que brincava com seus cabelos e a beijou. Sebastian ergueu a outra mo para acariciar-lhe o rosto e, gentilmente, distribua beijos leves e delicados na testa, no nariz, at que chegou aos lbios. Sem deixar de beij-la, comeou a livr-la das roupas. Mina poderia jurar que ele estava com as mos trmulas ao tocar-lhe a pele exposta, ou talvez fosse apenas um jogo de sombras proporcionado pela fraca luz do ambiente. Aquela explorao a estava deixando enlouquecida e, no momento em que chegou ao meio de suas coxas, pareceu arder em brasa. Sebastian sussurrou. Eu te amo. As palavras o atingiram como se ela as tivesse gritado do topo da mais alta montanha. Palavras que desejava desesperadamente ouvir, apesar de renegar o amor. Palavras que o aterrorizavam e excitavam ao mesmo tempo. Com o olhar fixo no rosto delicado, Sebastian acariciava-lhe o pulsar do sexo com o polegar. Contemplava-lhe o peito arfando, os lbios vermelhos e a perfeio dos dentes. Nenhuma mulher o fascinara daquela maneira e nenhuma fora to importante e imprescindvel como Wilhelmina. Afastou os pensamentos e tratou de se livrar das prprias roupas. Logo os corpos se moldaram perfeitamente, fundindo-se em uma bela escultura humana. Os movimentos, suaves a princpio, pareciam no ser mais suficientes. O desejo consumia os dois aos poucos. Venha para mim, querida sussurrou contra os lbios dela, aumentando o
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ritmo at ouvi-la gritar no mais puro xtase. As presas dele apresentaram-se, mas ignorou-as com facilidade, perdido nos deliciosos tremores do prprio corpo. Enfim, deixou-s cair sobre ela, fraco, trmulo e exausto. Naquele estado de plenitude, tentou lembrar-se de como eram seus orgasmos antes de Wilhelmina. Estranhamente, nada lhe veio mente. E pensar que sou considerado o terceiro vampiro mais perigoso de Nova York comentou ele, rindo. E voc quase me matou. Wilhelmina voltou a acarici-lo, mas Sebastian a afastou com carinho e levantou-se da cama. Quero toc-lo e proporcionar as mesmas viagens alucinantes que voc me deu nessa ltima hora. Sebastian olhou para aquele belo corpo, espreguiando-se languidamente e considerou a idia. Mais tarde, querida. Agora temos mais um objetivo a ser cumprido. Wilhelmina resmungou, a ltima coisa que desejava naquele momento eram lies de vampirismo. : Voc ainda pretende passar em seu apartamento, no ? Sim, preciso de roupas limpas concordou Wilhelmina, aceitando a proposta. No conseguiria pr novamente aquele vestido imundo e ensopado, principalmente para acompanh-lo de banho tomado e com roupas impecveis. Mas voc tem de me prometer que vai me deixar fazer o que eu quiser... Pensei que j me conhecesse melhor. Quando terminarmos, serei todo seu. Wilhelmina sorriu depois que ele saiu. Sabia que jamais o teria por completo, pensou ao engatinhar pela cama procura de suas peas de roupa. Mas estava feliz com a parte que lhe pertencia. Gosto de seu apartamento elogiou Sebastian, quando entraram no hall. um pouco menor do que aqueles que voc est acostumado a freqentar ela comentou, indo at o armrio da cozinha para apanhar duas canecas. Encheu-as com um lquido espesso que guardava na geladeira e ofereceu uma a ele. bastante acolhedor ele comentou, aceitando a bebida. aquela mistura de porco e de vaca? Wilhelmina fez que sim com a cabea e ergueu a caneca num brinde. Apesar de contrariado, ele a imitou. Wilhelmina tomou um gole, disfarando o mal-estar. Sabia que aquilo era horrvel e tornava-se cada vez mais insuportvel. Sebastian quase vomitou, mas lutou bravamente para engolir a mistura. Meu bom Deus, como algum pode se alimentar disso? Bem, sei que um tanto estranho, mas acabei me acostumando. Ele fez outra careta de desgosto e colocou a caneca de lado. Acho que vou pegar mais um pouco do estoque de Rhys quando voltar. E eu que achava quilo horrvel. Tentando manter-se sria, ela forou-se a terminar a prpria dose. Bem, agora vou tomar um banho rpido e apanhar algumas roupas.
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Sebastian a seguiu at o quarto e se ps alguns livros, enquanto ela escolhia o que usar. De repente, ele perguntou: Como sua companheira de quarto? Lizzie? O que tem ela? Lizzie - repetiu ele, como se estivesse perdido em pensamentos. H quanto tempo moram juntas? S h trs meses. Ela vivia em Montana e acabou de mudar-se para Nova York. E uma cientista e veio trabalhar com o dr. Fowler. Ela uma mulher-lobo. Wilhelmina apanhou as roupas e foi para o banheiro. L, tentou concentrar-se no chuveiro para no se lembrar do homem ali, no quarto ao lado, em seu mundo. Testou a gua antes de entrar na banheira. Fechou os olhos, deixando-se envolver pela gua quente e pelas lembranas da paixo nos braos do homem que amava. Agora sabia como uma pessoa virava ninfomanaca. Se bem que no caso dela, o vcio se restringia a Sebastian. No podia sequer considerar deitar-se com outro homem. Suspirou e encarou o fato de que talvez viessem a se separar. Era inevitvel, mas no queria nem cogitar o fato. De sbito, a gua comeou a se mover em mnimas marolas e pequenos rodamoinhos, Wilhelmina abriu os olhos para constatar que seu corpo j reagia queles movimentos. Os mamilos estavam trgidos e a pele toda arrepiada. As marolas se concentravam em lugares especficos, acariciando-lhe primeiro os seios, descendo pelo ventre, no meio das coxas... O vapor da gua, formando uma nvoa ao redor da banheira, como se fosse o prenuncio de uma tempestade. Embalada pelos movimentos preguiosos da gua, ela no cogitou que a razo no explicaria a mgica daquele momento. Deixou-se enlevar pelas sensaes e afastou as pernas. Ao sentir a gua agitar-se mais intensamente em seu sexo, pensou se poderia chegar ao clmax s em pensar em Sebastian. Com os olhos arregalados, sentou-se na banheira, recriminando-se por no conseguir dominar o prprio desejo. Nesse momento o movimento da gua se intensificou ao redor dos seios, fazendo-a levar as mos at ali e comear a massage-los. Imaginar que eram as mos de Sebastian as responsveis por aquele delrio era ainda mais gratificante. Foi um susto abrir os olhos e encontr-lo ali parado ao lado da banheira, observando-a. Mas era apenas uma imagem, desfocada pela nvoa que continuava a subir da gua. Ela ento imaginou que de tanto evoc-lo, sua imagem aparecera ali como se estivesse sonhando acordada. Gosto de observar voc se tocar dessa forma. Wilhelmina assustou-se e tirou as mos dos seios, embora decidida a continuar com aquela fantasia sobrenatural. No pare a voz de Sebastian reverberou no banheiro. E de repente ele entrou em foco, materializando-se ali totalmente nu. Como que voc faz isso? Voc estava mexendo na gua e me tocando? exigiu ela, embora j soubesse que vampiros podiam mudar de forma. Bem, havia lido em algum lugar, mas jamais presenciara algo do gnero. A novidade foi descobrir que mesmo no personificado, Sebastian tinha sido o autor daquelas carcias alucinantes, usando a gua como se fossem suas mos. Eu no a toquei de fato, mas a fiz sentir como se tivesse. Eu estava aqui embora fosse apenas uma nuvem, nada alm de uma sombra.
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Ao notar o desejo brilhando nos olhos dele, Wilhelmina decidiu provoc -lo deliberadamente. Passou as mos nos seios, detendo-se para beliscar os mamilos, descendo pelo ventre at segurar as coxas. A inteno era provoc-lo, estando na forma em que estivesse, a possu-la. No entanto, o olhar dele a hipnotizou, alm de continuar a toc-la atravs da gua. Fechou os olhos e comeou a gemer, ansiando por ele. Sebastian... chamou-o, mas ao abrir os olhos, no o viu por perto. Mas no deixou de mover a gua at que ela atingisse o clmax e gritasse por ele. Um sorriso malicioso brilhou no rosto de Sebastian, enquanto ele se aproximava. Nunca imaginara que se transformar podia ser to divertido. Deu mais uns dois passos e entrou no campo de viso de Wilhelmina. Uau! exclamou ela ainda sob o efeito daquele torpor magnfico do depois. No era bem assim que eu pretendia atingir o objetivo de ensin-la sobre as transformaes disse ele, enquanto abria a toalha para receb-la ao sair da banheira. Humm... O que tinha em mente? Eu pretendia lev-la ao jardim botnico. L existe um canteiro repleto de ervas que confere ao lugar um aspecto meio etreo e perene. Ali me faz lembrar os jardins de minha casa em Derbyshire antes de eu me transformar. Eu tinha em mente ensin-la a se transformar, assim poderamos entrar l sem sermos vistos, depois que o parque estivesse fechado. Wilhelmina virou-se para abra-lo sem se preocupar com a toalha. Teria sido uma experincia incrvel, mas o que tivemos aqui foi algo muito melhor, indescritvel. Sebastian sentiu o membro enrijecer de novo, quando ela encostou-se nele ainda molhada e nua. Procurou se concentrar na conversa. Sim, mas voc no aprendeu nada de novo sobre vampirismo. Como no? indagou ela, arregalando os olhos e rindo em seguida. Agora quero aprender como agradar um vampiro. Foi a vez de ele rir. Ah, minha querida, voc j sabe muito bem o que fazer. No preciso ensinar-lhe mais nada.

Captulo XXII

Sentada em um dos camarotes do clube, Wilhelmina observava os pares danando no andar inferior. Quando olhou ao redor, percebeu que estava sendo observada por duas mulheres que cochichavam. Ento soube que se transformara na novidade do Carfax Abbey, a namorada de Sebastian Young. Ol, Wilhelmina. Greta aproximou-se da mesa em que ela estava. Voc
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me acompanha em um drinque? Wilhelmina sorriu, surpreendida com a reao de Greta ao saber que ela e Sebastian estavam namorando e que vinham freqentando o bar juntos nas ltimas semanas. Na verdade, nenhum dos funcionrios do Carfax mostrara qualquer mudana de comportamento. Certo que a maioria deles no sabia que ela tinha tentado sabotar o bar. Nadine era a nica que sabia, mas no dava sinais de ter guardado qualquer ressentimento. Essas coisas acontecem comentara a mulher-lobo, condescendente. Foi bom para voc descobrir quem Sebastian na verdade. E ele a ajudou muito, no foi? Wilhelmina concordou sem hesitao. Sim, Sebastian estivera mais presente em sua vida do que qualquer outra pessoa em sua vida. E voc o ajudou tambm conclura Nadine. Ento, est tudo bem para mim. Voc a mulher mais apaixonada que j conheci comentou Greta, trazendo Wilhelmina de volta de seus pensamentos. Wilhelmina piscou ao lembrar que no tinha respondido a oferta do drinque. Acho que Sebastian foi buscar algo para bebermos. Greta olhou na direo do bar e viu Sebastian conversando com Bryce. Sebastian olhou em direo a elas e esboou um sorriso. Wilhelmina pensou se o efeito daquele gesto sempre faria com que seu corao batesse acelerado. Nem precisava pensar muito, tinha certeza de que seria eternamente assim. Retiro o que eu disse, vocs dois so as pessoas mais apaixonadas do mundo Greta reiterou, sorrindo tambm. Wilhelmina desviou a ateno de Sebastian de to surpresa que ficara pelo comentrio da amiga. No bem assim. Ele um charmoso consumado. Greta balanou a cabea em negativa. Nada disso. Todo mundo sabe que ele louco por voc. Era de se esperar que isso acontecesse um dia. Ainda bem que ele se enamorou de algum que vai lhe fazer bem. Wilhelmina se surpreendeu. Mas foi voc mesma que disse que ele nunca se estabeleceria com ningum. Greta girou a cabea, movimentando os longos cabelos loiros, que caam em cascatas por seus ombros. Eu disse a verdade. Ele no se assentaria comigo. J com voc... Ol, Greta Sebastian cumprimentou-a, sentando-se ao lado de Wilhelmina. Ol Sebastian. Como vai voc? Ele olhou para Wilhelmina antes de responder: Estou muito bem. Greta lanou um sorriso cmplice para Wilhelmina, como se aquele comentrio validasse o que havia dito minutos antes. Depois se despediu dos dois e saiu. No entanto, Wilhelmina sabia que ele no estava interessado em se comprometer.
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Apesar disso a experincia de viver com ele tinha sido a melhor coisa que lhe acontecera na vida. Passara as ltimas semanas no apartamento em cima do clube. Sebastian at sugerira a ela que trouxesse algumas roupas para ficar por mais tempo, pelo menos at capturarem Donatello. No creio que Donatello v voltar, mas ficarei mais tranqilo sabendo que voc est segura. No era a declarao de amor que ela esperava, mas realmente sentia-se segura e adorava estar bem prxima a ele. Alm disso, Sebastian decidira que precisava ficar perto do clube, caso Donatello ou qualquer outro vampiro tentasse ferir mais algum. Assim, passavam parte das noites no clube e parte a ss, no quarto. Wilhelmina no gostava de ficar no clube. Alm da msica alta, havia todas aquelas mulheres oferecendo-se a Sebastian. At agora, ele conseguira despist-las com sorrisos polidos e palavras amveis. Mas isso no a poupara dos olhares furiosos das concorrentes. Contudo, ela no se importava. Era a sua vez e estava disposta a aproveitar cada segundo. Sobre o que voc e Greta estavam conversando? Nada em especial. Apenas acho estranho meus antigos companheiros de trabalho querer me servir. Como que para ilustrar suas palavras, Bryce surgiu com duas taas e uma garrafa de vinho. Wilhelmina percebeu que os msculos da face de Sebastian enrijeceram quando o simptico lobisomem sorriu e trocou algumas palavras com ela, todo animado. Vamos danar Sebastian a convidou, tomando-a pela mo, sentindo urgncia em afast-la dali. Ela balanou a cabea, preocupada, vendo a pista de dana apinhada. No sei danar. Consigo tropear nos meus prprios ps. Vamos insistiu ele. As pessoas nem vo perceber. Antes que pudesse responder, ele a conduziu at o meio da multido e tomou-a nos braos. Logo Wilhelmina percebeu que danar com ele no era apenas executar passos dentro de um certo ritmo, era como fazer amor. Os corpos apertados, roando-se ao ritmo da msica, pareciam adquirir vida prpria. Viu? ele disse, sorrindo. Mas ela estava encantada demais com os movimentos dos corpos para prestar ateno em outra coisa. Sebastian notou o brilho do desejo nos olhos dela e aproximou os lbios da orelha macia. J disse como est bonita com este vestido? Sim, ele j tinha dito anteriormente. Tratava-se de um simples vestido preto listrado, que ela comprara havia um ano, sem saber ao certo quando o usaria. At conhecer Sebastian. Ele beijou-lhe o ombro nu. A msica parecia imitar o desejo pulsando em suas veias. Wilhelmina apertava-se contra ele, sem se importar com as pessoas a sua volta. As mos fortes continuavam a toc-la, at que ele gemeu e a soltou. Antes que ela acusasse o movimento, Sebastian a agarrou pela mo e a arrastou na direo da sada. Quando chegaram a um local escondido do restante do clube, encostou-a na parede e a beijou como se fosse a ltima vez. Wilhelmina, no sei o que voc est fazendo comigo. Suspirou, a testa
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encostada na dela. O que quer que seja, quero continuar fazendo assegurou ela, abrindo.um sorriso. Sebastian a contemplou por um momento e ento a beijou de novo. As mos acariciando-a no pescoo, nos cabelos... Desejando ser beijada na pele delicada do pescoo, Wilhelmina virou a cabea de lado. Percebendo o que acabara de fazer, hesitou por um segundo, mas ento percebeu o dilema. Havia se entregado a Sebastian de todas as maneiras, menos uma. Sebastian afastou-se antes que seus lbios e seus dentes tocassem o pescoo perfeito. Espere aqui, volto logo. Quando ele estava se afastando, Wilhelmina o segurou pelo brao. Ele voltou-se sem entender muito bem o que estava acontecendo. Quero que voc me morda. Perplexo, Sebastian a fitou como se no tivesse ouvido bem. Ento ela se aproximou, pressionado os prprios lbios no pescoo dele. Depois lhe sussurrou ao ouvido: E depois quero morder voc. Sebastian continuava a olhar para ela, incrdulo. Balanou a cabea por alguns segundos e ergueu a mo, sinalizando para que ela esperasse por ele. Volto logo. No saia daqui. E desapareceu no meio da multido. Recostada contra a parede, Wilhelmina ficou olhando enquanto ele se afastava, o corpo lnguido demais para suportar o prprio peso. Mas que cena tocante! disse uma voz ao lado dela.

Captulo XXIII

Wilhelmina sentiu-se congelar ao ver a cadavrica figura a seu lado. Daniel! Todo o desejo, a alegria e a antecipao que circulavam por suas veias desapareceram. O que est fazendo aqui? Jackson me mandou. A Sociedade soube do ataque que aconteceu aqui ontem noite e decidiu que algum deveria vir para saber exatamente o que est acontecendo. Ele deu um passo frente. Acho que eles ficariam bastante surpresos. No h nada acontecendo aqui que envolva a Sociedade. Ser que no? Quando um membro, que alega pertencer ao grupo de missionrios comea a se confraternizar com o inimigo de uma maneira to ntima, ento isso envolve a Sociedade, sim. Os olhos de serpente percorreram o corpo de
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Wilhelmina demoradamente. Ela engoliu em seco, recusando-se a ser intimidada por aquele vampiro. Daniel estava diferente. Ele ainda a deixava nervosa, mas desta vez o sentimento veio acompanhado por uma urgncia, que lhe avisava que deveria sair correndo dali, que ele era perigoso demais. Mesmo assim, no se deixaria intimidar. Precisava manter-se firme por si mesma, pelo Carfax Abbey e por Sebastian. No podia deixar que aquele canalha dissesse a todos os membros da Sociedade que ela passara para o lado do inimigo. No porque se importasse com a opinio deles, mas porque temia uma retaliao. Daniel, fiz exatamente o que me propus a fazer. Consegui deter Sebastian Young. Sebastian diminuiu as passadas depois que se afastou de Wilhelmina. Ela acabara de dizer que queria ser mordida. Este ato, para ela, era prova de extrema confiana e de entrega. Em vez de se sentir envaidecido, ficou assustado. No tinha dvidas de que a queria, mas no fora capaz de dizer que a amava. Confessar seu amor significava perder o controle. Parou do outro lado da pista e olhou para onde a tinha deixado. Havia gente demais e no pde v-la. Respirou fundo e.passou a mo pelos cabelos. O que est fazendo? Ela est lhe oferecendo tudo. Basta pegar. Ol, Sebastian! Uma morena estonteante que ele mal reconheceu, parou a seu lado. Parece perdido. Posso ajudar? Ele voltou-se para aquela desconhecida ali parada, olhos gulosos e no sentiu nada. S conseguiu pensar em Wilhelmina. Percebeu que a queria para sempre e que desejava dar aquele passo final entre eles. verdade ele respondeu , mas tenho que ir. Sem esperar para ver a reao dela, decidiu voltar para onde Wilhelmina estava, pois precisava comunicar sua deciso para ela naquele instante. Quando chegou mais perto, pde sentir a presena dela, mas no sentiu o desejo e o amor de antes. Mas sim um tipo de agitao. Apressou o passo, tentando decifrar o que a assolava. No era exatamente medo, mas uma espcie de nervosismo, ou talvez ela estivesse tentando bloquear o medo. Alcanou o local onde a havia deixado e, pela primeira vez, viu um alto vampiro ao lado dela. Ia interromp-lo quando a voz firme de Wilhelmina o deteve. Daniel, fiz exatamente o que me propus a fazer. Consegui deter Sebastian Young. Conseguiu det-lo, como? Ele no est mais mordendo. E conseguiu isso usando seus dotes fsicos. Os olhos escuros percorreramlhe o corpo outra vez. Minha estratgia no de sua conta ela afirmou com o queixo erguido. Voc no faria isso s pela nossa causa. Sim, faria. Portanto no h motivo para voc relatar o que viu aqui para a Sociedade. Sebastian est sob controle. Sebastian cerrou os lbios. Ento ela o tinha sob controle. Ser que se deixara
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manipular com tanta facilidade? E quanto ao ataque que houve aqui? Vai negar que aconteceu? Aconteceu, mas no foi Sebastian. Ele estava comigo. O vampiro riu alto, o som spero e frio. Tenho certeza de que estava. Mas, como posso ver, o clube ainda est em pleno funcionamento. Portanto, voc ainda no completou sua misso. Talvez a Sociedade precise cuidar disso. Sem saber o que dizer, Wilhelmina tentou ponderar. Daniel, isso leva mais tempo. Mas, quanto mais eu o tiver sob controle, mais fcil ser fazer o que preciso. O vampiro riu outra vez, o som irritando Sebastian, cujas presas apareceram, tamanha a raiva que sentiu. Quer dizer que planeja seduzi-lo e faz-lo fechar o clube? Sim Wilhelmina confirmou, sem hesitar. E tem certeza de que pode fazer isso? Ele est assim to louco por voc? Sim repetiu ela, com firmeza. Mais raiva invadiu Sebastian. Achava que ela era uma sabotadora malsucedida, mas Wilhelmina sabia o que estava fazendo o tempo todo. Veremos disse Daniel, sem parecer convencido e ento desapareceu. No como uma sombra ou nevoeiro, nem como um morcego, mas apenas desapareceu. Sebastian nunca tinha visto um vampiro se transformar daquela maneira. Contudo, as habilidades dos membros daquela Sociedade no importavam, mas sim o que acabara de ouvir. Saiu das sombras e Wilhelmina pulou de susto. Sebastian ela murmurou com a voz cheia de alvio. Aproximou-se, mas a expresso no rosto dele a deteve. Sebastian?... Quem era seu amigo? Percebeu que ela pretendia negar a existncia do outro vampiro e encheu-se ainda mais de raiva. Tenho que concordar com ele. Voc est mesmo disposta a tudo pela causa da Sociedade. Empurrou-a contra a parede. Sebastian, por favor, oua. Eu posso explicar tudo Wilhelmina suplicava com medo. Mas desta vez o medo no o impressionou. Talvez ela tivesse aprendido a control-lo de fato. Ouvi o suficiente, Wilhelmina, e em nenhum momento voc me defendeu. No a ouvi dizer que no sou uma ameaa e que meu clube no usado para ferir os humanos. Lembro-me de que fiquei imaginando por que voc aceitou to facilmente o nosso acordo. Talvez por eu ser mesmo narcisista e acreditar que voc gostava de mim. As ltimas palavras foram ditas com escrnio, e Wilhelmina retraiu-se. Mas voc foi muito esperta. Viu uma oportunidade e a agarrou literalmente. E de uma maneira que sabia que ia funcionar. Ciente de que eu no recuso uma mulher oferecida. Por favor, pare implorou Wilhelmina, tentando livrar os pulsos que ele segurava, pressionados contra a parede. Por favor... Por favor o qu? Por favor, me possua? Sebastian colocou o joelho entre as pernas dela. Por favor, morda-me? Que outro trunfo tem na manga para me manter
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sob controle e fazer com que eu no morda mais e feche o meu clube? Sebastian, eu s queria impedir que ele fizesse um relatrio Sociedade e que eles mandassem algum para prejudicar voc. O olhar implorava que ele acreditasse nela, mas infelizmente no teve sucesso. E por que eu acreditaria nisso? Afinal, voc quis fechar este lugar desde o incio. Fogo. Polcia. Como vou saber se no est envolvida no ataque quela moa? Os olhos de Wilhelmina arregalaram-se de pavor. E por que eu faria isso? Para assustar os clientes, para faz-los pensar duas vezes antes de vir para c. Sabe que eu jamais faria isso! Sebastian balanou a cabea, olhando para a primeira mulher que conquistara seu corao. No sei de mais nada admitiu com desgosto. Claro que sabe. A esta altura voc tem certeza de que confiei meu corpo a voc na primeira vez em que fiz sexo na vida. Voc sabe do meu passado. Voc o nico que conhece minha histria. No contei a mais ningum. Sebastian prendeu-a com o olhar. Droga, as pessoas pem fogo nas prprias roupas por uma causa. Levam milhares ao suicdio, cometem atrocidades. Perder a virgindade no seria um sacrifcio to grande. E quanto ao seu passado, quem me garante que tudo o que me contou verdade? Wilhelmina balanou a cabea, ainda implorando que ele acreditasse. Mas eu disse que te amo. Ah, sim, voc disse. Como poderia ter dito qualquer coisa. Sebastian, no foram s palavras. Eu amo voc. Ele respirou fundo, exasperado. No queria ouvir aquilo, no podia. Apertou ainda mais os pulsos dela. Se me ama, ento vamos quela mordida que me prometeu antes. Voc ia fazlo pela causa tambm? Ele sorriu, exibindo as presas afiadas. Wilhelmina o encarou, apavorada. Por favor, no faa isso, est me assustando. A voz dela falhou e as lgrimas comearam a escorrer dos olhos assustados. Sebastian, por favor... Sebastian sentiu quando ela o tocou nas costas e levantou o brao com brusquido, livrando-se dela. Saia daqui agora, ou no respondo por mim. Ela o encarou por um momento e assentiu. Sebastian observou-a sair correndo. E embora a tivesse mandado embora, a partida de Wilhelmina apenas confirmava suas suspeitas. Ela o tomara por um perfeito idiota. Wilhelmina nem se lembrava de como sara do clube nem como chegara em casa.
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S sabia que tinha se sentado nos degraus de concreto e chorado. Dissera tudo aquilo a Daniel para proteger Sebastian, mas ele sequer a ouvira. Como poderia acreditar naquelas mentiras depois de tudo o que haviam partilhado? Como pde acreditar que tudo fora manipulao? A raiva comeou a substituir a mgoa. Desde o incio sentira-se manipulada por Sebastian, mas no se importava com o controle, porque aprendera a confiar nele, a am-lo. Mas o sentimento no era recproco. Foi naquele momento que ela entendeu que Sebastian no a amava. Como algum poderia amar uma pessoa quando pensava o pior dela? Subiu os degraus e foi para o apartamento, vazio como sempre. Chegou a desejar que Lizzie estivesse ali, que tivesse um ombro para chorar. Sem confiana no haveria esperanas para os dois. O fim chegara antes do que ela havia imaginado. Pensou em ligar no celular de Lizzie, mas mudou de idia. O que ia dizer? Era coisa demais para contar ao telefone. Como que contrariada pela deciso, o telefone tocou. Al? Mina? Daniel. Seu primeiro pensamento foi desligar, mas ento respondeu, cheia de raiva: O que voc quer? Jackson me mandou ligar e avis-la de que vai haver uma reunio de emergncia esta noite para tratar do caso do Carfax Abbey e Sebastian Young. E de voc. Wilhelmina olhou para o relgio do micro-ondas: 2h42m da manh. Um pouco tarde para reunies, no? Bem, assim que falei com o presidente, ele decidiu que o assunto era de interesse imediato do grupo. Todos os membros estaro l e recomendo que voc tambm esteja. Wilhelmina surpreendeu-se com a rapidez com que o canalha apresentara seu relatrio ao chefe. Mas pretendia estar l. Iria contar a verdade, que no estava mais envolvida com Sebastian e que o Carfax Abbey e seu proprietrio no representavam ameaa para ningum. Informou-se do local da reunio e desligou. Foi ao quarto para trocar de roupa, decidida a dizer Sociedade o que pensava daquela lista de vampiros mais perigosos. Alm de dizer exatamente o que pensava de Daniel.

Captulo XXIV

Wilhelmina verificou o endereo e examinou o armazm abandonado. A Sociedade sempre escolhia os locais mais inusitados para suas reunies a fim de no levantar suspeitas.
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Olhou para trs, considerando se deveria voltar. Algo no estava certo ali. Mas limitou-se a respirar fundo e abriu a enorme porta de metal. No poderia permitir que todos ouvissem apenas a verso de Daniel. Precisava saber o que eles pretendiam fazer contra Sebastian e o Carfax Abbey. Entrou. O local estava escuro e absolutamente deserto. Ouviu o barulho de algo se arrastando no cho de concreto e viu uma luz numa sala aos fundos. Caminhou naquela direo. Al? chamou quando alcanou a porta. A sala era pequena e tambm parecia vazia, apesar das cadeiras dispostas em fileiras. Talvez fosse cedo demais. Entrou e chamou de novo. Desta vez veio a resposta na forma de uma violenta batida de porta, atrs dela. Voltou-se, e viu Daniel encostado na porta pela qual ela acabara de passar. Daniel? Wilhelmina assustou-se ao ver a porta fechada atrs dele. Onde esto os outros? Os outros? ele repetiu, fingindo pensar. No puderam vir. Apesar de tentar control-lo, o medo que Wilhelmina sentiu foi imenso. A reunio foi adiada? Acredito que sim. A Sociedade adora reunies, no mesmo? indagou ele, afastando-se da porta, mas em vez de se aproximar dela, fez um pequeno crculo ao redor da sala. Wilhelmina olhou para a porta e fez meno de sair. Daniel a deteve com o olhar. Nem pense nisso. Sou muito mais rpido que voc. Ela tentou manter a calma, fingindo no entender. O que quer dizer? Quero dizer que ns dois precisamos ter uma conversinha. E por qu? Porque voc est tornando as coisas mais difceis para mim. Como? Wilhelmina se forou a olhar nos olhos dele, apesar de haver algo ali que a aterrorizava. Algo familiar, embora ela no soubesse o qu. Com certeza, o que estou fazendo com Sebastian Young no incomoda voc ela conseguiu dizer. Claro que no concordou Daniel e comeou a andar de novo, as mos nas costas, olhos no cho acompanhando os passos precisos. Mas voc arruinou algo que prezo muito. O qu? Como? Daniel parou de caminhar. Voc no se lembra mesmo de mim, no ? Eu tinha certeza de que se lembraria. Tensa, ela voltou a olhar para ele, o perfil, as costas... depois que ele voltou a caminhar em crculos. Daniel, no fao idia do que est falando. Ele se voltou com um sorriso nos lbios to frio quanto os olhos. Outra vez, ela sentiu que o conhecia, s no imaginava de onde.
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No se lembra mesmo, no ? Ele sorriu de novo. De repente, Wilhelmina no soube precisar se pelo sorriso, ou se pelo fato de que agora podia senti-lo de uma maneira que no era capaz antes, entendeu a verdade. Entendeu porque aquele vampiro a deixava to assustada, to incomodada. Mesmo assim, achava que no era possvel. O sorriso de Daniel foi desaparecendo ao ver a transformao em Wilhelmina. Ela procurava bloquear as prprias emoes, os prprios pensamentos usando as tcnicas aprendidas com Sebastian, mantendo o foco em algo fora de si. Mantendo o foco em Sebastian. Mas ser muito divertido nosso reencontro ele declarou, dando-lhe as costas para voltar a caminhar. Wilhelmina deu um passo para trs na direo da porta fechada, depois outro, mas parou quando Daniel voltou a falar: Deixe-me refrescar sua memria, cara mia. Daniel voltou-se para ela, mas desta vez no com as feies cadavricas com que a recebera. O sorriso era largo e charmoso, com covinhas. Olhos escuros, cabelos cacheados. Wilhelmina deu outro passo para trs, o medo tomando conta de seu corpo, estrangulando-a. Oh, meu Deus! gritou, recuando, sem nem saber qual a direo da porta. Tudo o que queria era sair dali. O vampiro caminhou devagar na direo dela. Estes so modos de cumprimentar o seu primeiro amor?

Captulo XXV

Ento, descobri que Mina era um dos membros da Sociedade Sebastian contou aos irmos o que tinha acontecido. Ela estava dizendo a Daniel que a sabotagem estava funcionando, e que ela me tinha sob controle e que era apenas questo de tempo at que me convencesse a fechar este lugar. Rhys e Christian pareciam surpresos com aquelas palavras. Mas no to atnitos quanto Sebastian ficara ao ouvi-las. Mina disse isso? perguntou Rhys. Sebastian balanou a cabea. Ela disse ao sujeito que estava fazendo tudo o que tinha de ser feito para me controlar. Voltou a pensar na oferta da mordida. A mordida que iria selar para sempre o compromisso entre eles. Claro que havia mordido outras mulheres, mas esta seria a primeira vez que se deixaria morder, no apenas pelo sustento, ou pelo prazer, mas para
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transform-los em um s ser. Que tolo havia sido! Voc a confrontou? perguntou Chris. Claro que sim. E o que ela disse? Negou tudo. Alegou que estava fazendo tudo aquilo para me proteger. Os irmos se entreolharam. E por que no acreditou nela? Rhys quis saber. No preciso de proteo contra aqueles idiotas. Mas talvez Mina no saiba disso. Talvez ela ache que eles sejam uma ameaa maior do que voc pensa. Afinal ela era um dos membros da Sociedade e deve saber do que eles so capazes argumentou Rhys. Parece que ela ainda um membro, e bastante ativo, por sinal. Meu irmo, por que acha que impossvel ela estar apenas querendo proteglo? continuou Rhys. No preciso da proteo dela repetiu Sebastian. Sou capaz de me proteger, mas ela devia ter me, defendido. Devia ter dito a ele que no sou ameaa para ningum. E que estava apaixonada por mim. Ponto. Os irmos trocaram um olhar de entendimento, e Sebastian arrependeu-se do que acabara de dizer. Meu querido irmo, voc um cabea-dura, idiota. Isso exatamente o que ela estava dizendo ao tentar proteger voc. Sebastian abriu a boca para argumentar, mas viu a expresso no rosto dos irmos. Eles acreditavam em Wilhelmina. E os dois no costumavam confiar nas pessoas. Ainda assim, tinham comprado a verso de dela. De repente, soube que eles estavam certos. Wilhelmina s estava tentando proteg-lo, e ele se recusara a ouvi-la. Estava preocupado demais com o fato de ela poder mago-lo, de ter se apaixonado e de pensar que tinha sido enganado. No, Wilhelmina no era assim e ele tinha a obrigao de saber disso. Deveria ter confiado nela, da mesma forma que ela confiara nele. Rhys deu uns tapinhas nas costas de Sebastian. No se preocupe. Ns, os irmos Young, somos mesmo um pouco lentos para admitir o amor. V atrs dela e pea desculpas. Sebastian concordou, rezando para que sua falta de confiana e seu comportamento ameaador no tivessem arruinado o relacionamento com a mulher com quem desejava passar a eternidade. Pensou que a idia fosse assust-lo, mas nada o apavorava mais do que o medo de que ela no o quisesse de volta. J estava se levantando para sair quando, de repente, ouviu Wilhelmina em sua mente. A voz dela, clara e aterrorizada. Voltou a sentar-se, atordoado pelo eco em sua cabea. Sebastian, o que houve? Ele podia ouvir a voz de Rhys, mas parecia longe, muito longe. Piscou, tentando clarear a mente, acalmar aquela voz.
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Voltou-se para os irmos, tentando explicar o que estava acontecendo, mas antes que pudesse falar, l estava de novo, o grito desesperado. E desta vez, ele pde ver uma imagem. Uma sala, um rosto. Um rosto que no conhecia, mas que havia sido descrito por ela. Mina est em perigo! Quase nem percebeu quando Christian e Rhys o acompanharam e espremeram-se os trs na sada do clube. Donatello! Wilhelmina ouvia a prpria voz como se estivesse muito longe dali. Em carne e osso. Ele sorriu, vindo na direo dela. Ela afastava-se, batendo contra as fileiras de cadeiras, tropeando. Ora, ora, Mina. Vejo que a imortalidade no deu jeito em voc. Continua desastrada. Ela no respondeu e continuou a se afastar. Voc tem me seguido este tempo todo? Ele riu, com um brilho maquiavlico no olhar. Claro que no. Mas... mas voc se disfarou em Daniel, freqentou as reunies da Sociedade, sempre falou comigo. Na verdade, este meu disfarce predileto. muito mais eficiente com as mulheres, como voc mesma pode atestar. Quanto a encontr-la nas reunies da Sociedade, foi pura coincidncia. Mas gostei de falar com voc e de deix-la incomodada, mesmo que voc no soubesse por que, at agora. Por que me chamou aqui esta noite? Wilhelmina olhou para a porta, s ento percebendo que acabara se afastando dele. Donatello seguiu o olhar dela e sorriu. Para terminar o que comecei, claro. Da primeira vez deixei voc l para morrer, mas de algum modo voc sobreviveu. O medo ameaou tomar conta de Wilhelmina e ficou com medo de perder a conscincia. Porm, sabia que se deixasse aquilo acontecer, estaria morta, definitivamente morta: Por que agora? Por que depois de todo este tempo? ela conseguiu perguntar. Porque voc arruinou algo que estava sendo muito bom para mim. Eu estava usando a Sociedade como cobertura. Era perfeito. Eu matava os humanos e dava um jeito para que as mortes fossem atribudas aos vampiros mais perigosos. Isto me dava fcil acesso aos humanos, alm de poder jogar a culpa nos outros. Eram bodes expiatrios perfeitos. Mas voc no precisa disso, j que pode mudar sua aparncia. Jamais seria apanhado. Verdade ele admitiu. Mas no nada divertido. Adoro matar um ser humano e em seguida ir para a reunio da Sociedade e me intitular um missionrio. E deliciosamente irnico. Wilhelmina olhava para o monstro que podia esconder-se atrs de uma mscara angelical. Ele era como aquele tipo de assassino que gostava de ficar na cena do crime, vendo os policiais lutando para encontrar pistas. Pura maldade.
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Mas como eu estraguei as coisas para voc? Eu no sabia de nada. No verdade. Voc comeou a fazer perguntas. Perguntas suficientes para que Jude comeasse a me observar. Claro que ele ainda no percebeu, mas s questo de tempo antes que eu seja acrescentado lista dos mais perigosos. Mas ao contrrio do seu amor, eu sou mesmo muito perigoso. Por que voc atacou aquela mulher no clube de Sebastian? Por puro prazer, para assustar voc. Para ter certeza de que ele permaneceria firme na lista dos mais perigosos, at que ele e seu clube fossem destrudos. E foi por isso que me atacou da primeira vez, por maldade? Oh, no respondeu ele com sinceridade. Eu precisava de voc. Por qu? Voc era virgem e eu preciso de sangue de mulheres virgens para sobreviver. Isto o que mantm uma criatura como eu. E que tipo de criatura voc? Sou um vampiro mutante, um incubus, a forma mais poderosa e mais cruel que existe. Mas para manter meu poder, preciso de sangue de virgens. Ento por que me transformou, se pretendia que eu morresse? Porque o sangue tem uma doura especial se voc no matar a vtima e deixla prpria sorte para morrer sozinha. At hoje voc foi a nica que sobreviveu. Mas por que eu? Por que no minhas irms? Donatello riu. Simples. Elas no eram virgens. Depois ficou srio. Chega de conversa. Vim aqui para terminar o que comecei h muito tempo. Wilhelmina ficou olhando, enquanto a bela mscara de Daniel desaparecia, dando lugar horrorosa criatura que assombrara seus dias. Apesar do mais puro pnico, tentou manter-se calma. Porm quando ele comeou a andar na direo dela, correu para a porta. Quando conseguiu pr a mo na maaneta foi apanhada pela nuca e atirada para o centro da sala. Caiu no meio das cadeiras, mal conseguindo respirar. Arrastou-se pelo cho quando o ouviu se aproximar, mas com facilidade ele a apanhou pelo pescoo e a levantou vrios centmetros do cho. Wilhelmina tentava tirar o dedo que apertava sua garganta, mas em vo. Manchas comearam a surgir na frente se seus olhos e ela lutava para manter-se consciente. No podia morrer, no podia. De repente, ouviu a voz que pensou que jamais voltaria a ouvir. Solte-a ou mato voc! O vampiro que segurava Wilhelmina a soltou, deixando-a cair no cho. Aliviado, Sebastian percebeu que ela estava viva e ofereceu-lhe um sorriso que ela no devolveu. Estava em choque. Voltou-se ento para o vampiro, novamente com as feies charmosas, o sorriso bonito, o cabelo ondulado. Ento voc Donatello? acusou Sebastian, procurando manter a calma. Mina, onde voc estava com a cabea? Ele no to atraente como voc disse. E voc o heri romntico. Chegando no ltimo minuto para salvar sua donzela. ironizou Donatello, antes de perceber que Sebastian estava acompanhado pelos irmos. E vejo que trouxe reforos. No h um ditado que diz que quanto mais,
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melhor? Afaste-se dela gritou Sebastian. Bem, eu poderia fazer isso concordou Donatello. Mas por que no vem peg-la? No faa isso, Sebastian! gritou Wilhelmina. Ele no um vampiro comum. um incubus. Oh, Mina, divulgando meus segredos lamentou ele. Sebastian parou ao ouvir aquelas palavras. Um incubus. Como ser que eles lutavam? Olhou para os irmos para verificar se algum deles sabia algo sobre aqueles seres. O que acham? Os olhares que recebeu no o tranqilizaram. Decidiu, ento que teriam de atacar de qualquer maneira. Os trs atacaram ao mesmo tempo, mas Donatello os atirou longe com facilidade. Sebastian atingiu a parede, gemendo com a fora do impacto, mas ficou de p de imediato. Rhys bateu de encontro a uma porta de metal que ficou toda amas sada. Parecia um pouco tonto, mas tambm conseguiu ficar de p. Christian caiu sobre as cadeiras de madeira, quebrando vrias delas. Essa coisa forte demais Sebastian murmurou para os outros. E rpido acrescentou Rhys. Vou fazer uma proposta para vocs, rapazes. Deixem-me ficar com a garota e deixo-os em paz. Sebastian balanou a cabea. De jeito nenhum. Nem pensar... fizeram eco os outros dois. Os irmos cercaram Donatello e antes que se lanassem em outro ataque, Wilhelmina gritou. Sebastian! Ele voltou-se para ela bem a tempo de v-la arremessar a perna de uma cadeira quebrada, que parecia um lana. Mas errou o alvo, quase atingindo Christian, que se abaixou para no ser atingido na cabea. A arma improvisada arranhou o ombro de Sebastian e desviou, voando para o lado. Wilhelmina gritou e Sebastian voltou-se para Donatello, com medo de que ele aproveitasse a distrao para atac-los. Mas em vez disso, o incubus permanecia no mesmo lugar, olhando para baixo. Levou um segundo para ele perceber que Donatello estava olhando a perna da cadeira, fincada em seu peito, bem abaixo do colarinho esquerdo. Os olhos de serpente encontraram os de Wilhelmina com um brilho de surpresa. Ele deixou escapar um grito de raiva que chegou a estremecer todo o edifcio. O rosto comeou a contorcer-se, as feies mudando de uma mscara para outra, apenas as presas afiadas e os brilhantes olhos vermelhos permaneciam os mesmos. Os longos dedos agarravam com fora a perna da cadeira, tentando remov-la. Sebastian aproximou-se e a empurrou ainda mais, com um grito de satisfao. Devagar, as feies de Donatello mudaram novamente, e Sebastian viu o vampiro alto e magro com quem Wilhelmina conversara no Carfax Abbey. Ento, vindo no se sabe de onde, um furaco se formou no centro da sala,
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sugando Donatello que implodiu e desapareceu, deixando apenas um monte de cinzas no lugar. Droga! disse Christian. Rhys apenas olhava para as cinzas, incapaz de dizer algo. E Sebastian correu para Wilhelmina. Encontrou-a no meio de escombros das cadeiras. Apressado, abriu caminho no entulho e ajoelhou-se, tomando-a nos braos, cobrindo-a de beijos. Voc est tremendo constatou ela. Wilhelmina Weiss, voc ainda vai me matar. Ela comeou a rir, beijando-o por todo o rosto e pescoo. Como me encontrou? ela conseguiu perguntar entre os beijos. Pude ouvir e ver voc. Sabia exatamente para onde ir. Espantada, Wilhelmina arregalou os olhos. Mas como isso possvel? Almas gmeas responderam os dois irmos em unssono. Olhando para os irmos que pareciam ter ficado para testemunhar o desfecho da aventura, Sebastian brincou. Podem me dar um momento a ss com ela? Ns arriscamos nossa imortalidade para salvar sua garota e assim que nos agradece? reclamou Christian. Bem tpico dele provocou Rhys. Ambos sorriram para Wilhelmina e saram da sala. Mina... comeou Sebastian assim que os outros saram, mas ela o interrompeu. Seu ombro. Ela tocou o local atingido pela perna da cadeira. Havia um rasgo na camisa e um pouco de sangue. Machuquei voc? Ele sorriu. No mais do que o de costume. Agora fique quieta e oua. Dito isso tomoulhe o rosto entre as mos. Sinto muito no ter acreditado em voc. No tem importncia. Wilhelmina balanou a cabea. Tem sim. Eu no estava brincando quando disse que estava com medo de voc. Medo de mim? indagou ela, incrdula. Sim, de voc. Voc mudou toda a minha vida desde o primeiro momento em que a vi. E no fao a menor ideia de como lidar com isso. Sempre me considerei um playboy, um sujeito livre que adora ser um vampiro. Bem, isso verdade. Sim, mas isso para mim significava estar no controle, era um jeito de me sentir seguro. Sempre acreditei que o amor nos tiraria o autocontrole. E tira mesmo. Eu sei disso agora.
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Sem saber o que fazer ou como agir em seguida, ela limitou-se a ficar olhando apenas. Mina, eu soube desde a primeira vez que fizemos amor, droga, bem antes, que voc era minha alma gmea. Tentei ignorar, negar, mas era a verdade. E hoje cheguei a pensar que a tivesse perdido. Foi a pior sensao de toda a minha vida. Ento, quando vi aquele monstro atacando voc, fiquei aterrorizado, achando que poderia nunca mais ter a oportunidade de dizer... Dizer o qu? ela quis saber, arqueando as sobrancelhas. Que estou loucamente apaixonado por voc e que pretendo passar toda a eternidade deixando voc maluca com o meu jeito narcisista, egocntrico e depravado de ser. Ela riu, atirou-se nos braos dele e o beijou. Para mim est perfeito disse ela antes de beij-lo. Deus, como amo voc! Sebastian constatou, assustado com a intensidade do que sentia. Eu tambm te amo. Ao confessar, o sorriso de Wilhelmina se alargou. O que foi? Posso sentir suas emoes. Elas no esto bloqueadas. No, de algum modo sei que elas nunca mais estaro bloqueadas para voc. Outra perda de controle, mas Sebastian percebeu que ideia no o aborrecia nem um pouquinho. E sem mais conjectura, ele passou o brao sobre os ombros dela e conduziu-a para a sada. Aonde vamos? Vou lev-la para uma bela mordida. Olhou para o pescoo plido. Isto , se a oferta ainda estiver de p. Ela riu, olhando para o pescoo dele tambm. Claro que sim. Estou morrendo de fome. No precisa fazer isso afirmou Wilhelmina. Claro que preciso. Mas tudo isso j ficou para trs. Ainda no. Sebastian manteve a porta aberta, esperando que ela entrasse. Vamos para casa. No seria melhor ir para a cama e fazer amor a noite toda? E depois eu que sou o depravado aqui murmurou Sebastian, inclinando-se para beij-la no pescoo. Tomou-a pela mo e entraram, seguidos por Jane, Rhys, Christian e Jolee. Wilhelmina hesitou quando alguns rostos conhecidos voltaram-se para ela. Forou um sorriso e guiou os outros para a ltima fila. Acomodaram-se e esperaram que Jackson Hallowell desse inicio a mais uma reunio da Sociedade.

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Quando finalmente ele o fez, Sebastian se levantou. Boa noite cumprimentou a todos com um daqueles sorrisos charmosos. Eu sou Sebastian Young. Vrios membros mexeram-se nas cadeiras, incomodados. Para aqueles que no me conhecem, sou o terceiro vampiro mais perigoso de Nova York. Mais agitao, tosse e burburinhos. Silncio. E antes que enlouqueam e decidam me empalar com uma estaca, atirarem alho, ou coisa parecida, devo dizer que vim aqui esta noite para contar que Wilhelmina Weiss cumpriu sua misso. Sebastian olhou para ela. Esta mulher fez com que eu parasse com minhas atividades nefastas. Estou reformado anunciou, ao mesmo tempo em que a fazia ficar de p. Tomou-lhe as mos e ficaram frente a frente. O que est fazendo? ela o questionou baixinho. Estou contando a eles de seu sucesso. Ento, dirigiu-se a audincia. No sou mais uma ameaa aos humanos disse, orgulhoso. Voc nunca foi corrigiu ela. No sou mais uma ameaa porque... Olhou para Wilhelmina com ternura. Porque s tenho presas para voc. Eu te amo, querida. Inclinou-se para beij-la. Wilhelmina enlaou-o pelo pescoo e beijaram-se longamente. Ento, percebeu que toda a platia estava de p, aplaudindo com entusiasmo, sorrindo para ela, mas principalmente para Sebastian. Balanou a cabea. S mesmo ele para passar de bandido a mocinho em poucos minutos. A reunio acabou se transformando em um enorme evento social, com as pessoas vindo cumprimentar os irmos Young e suas esposas. At Jude, que no costumava ser muito expansivo, veio cumpriment-los. Ele sabia a verdade sobre Daniel ou Donatello, mas no dissera nada ao grupo. Para a Sociedade, Daniel deixara o grupo, uma mentira com a qual Wilhelmina no concordava. A Sociedade tinha que saber que Sebastian havia derrotado o vampiro mais perigoso de Nova York. Mas para sua surpresa, ele fora bastante modesto sobre o caso. Ei, Wil! Wilhelmina ouviu uma voz atrs de si e virou-se para ver Lizzie entrando na sala com a roupa de motociclista e o capacete na mo. As coisas por aqui esto bem agitadas ela comentou, olhando para a multido que se congratulava. Wilhelmina riu, feliz por ver a amiga. Voc escolheu a noite certa para, finalmente, conhecer a Sociedade. Como sabia que eu estava aqui? Ouvi falar da reunio no instituto do dr. Fowler, ento achei que voc deveria ter vindo para c. Desde que se mudou para a casa do vampiro no nos vimos mais. Wilhelmina riu para a amiga, sabendo que ela compartilhava de sua felicidade com Sebastian. Venha chamou, puxando a amiga pelo brao. Finalmente vou poder apresent-la ao meu vampiro. Na verdade, a famlia toda est aqui.
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Sebastian Wilhelmina tocou-lhe o brao. Esta Lizzie. Ele se virou e o sorriso desapareceu de seu rosto, os olhos dourados em choque. Wilhelmina pde sentir Lizzie congelar a seu lado. Olhou, confusa, de um para o outro, surpresa com a reao de ambos. E, antes que pudesse question-los, Rhys quebrou o silncio. Elisabeth? Deu um passo na direo dela, to plido como se tivesse visto um fantasma. Rhys! Lizzie gritou, os olhos movendo-se de um irmo a outro. Sebastian! Oh, meu Deus, Christian! Logo os trs estavam em volta de Lizzie, abraando-a, levantando-a no ar, fazendo mil perguntas ao mesmo tempo. Somente depois de alguns minutos, Wilhelmina percebeu o que estava acontecendo. Sua companheira de quarto era Elisabeth Young, irm de Sebastian, aquela que a famlia no via fazia muito tempo. Depois de muitos abraos, risos e lgrimas, Lizzie voltou-se para Wilhelmina. Atravs das lgrimas, afirmou com um sorriso to parecido quanto o dos irmos. Acho que deveria ter vindo a uma destas reunies antes, no?

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