Ano XXIV - outubro/2012 n253 - R$ 12,00 - www.musitec.com.
br
CASA DO MATO
Por dentro de um estdio que uma
verdadeira fbrica de sucessos
MONITORES
Escolhendo o modelo ideal para voc
SOM DAS IGREJAS
Dificuldades comuns e solues
para a sonorizao de templos
BROADCAST & CABLE 2012
Todos os detalhes da 21 edio do evento
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MICRO
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(Parte 2)
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udio msica e tecnologia | 1
ISSN 1414-2821
udio Msica & Tecnologia
EDITORIAL
Ano XXIv N 253 / outubro de 2012
Fundador: Slon do valle
Sonoridade,
qualidade
e perfeio
Direo geral: Lucinda Diniz
Edio tcnica: Miguel Ratton
Edio jornalstica: Marcio Teixeira
consultoria de Pa: Carlos Pedruzzi
Apesar da indstria musical lanar novos equipamentos todos os anos, a procura por
DIREO DE ARTE E DIAGRAMAO
Client By - clientby.com.br
frederico Ado e Luiz Miller
COLABORARAM NESTA EDIO
Alexandre Cegalla, Christ, Daniel Raizer,
Enrico De Paoli, fabio Henriques, fernando
Barros, fernando Moura, Lucas Ramos,
Luciano Alves, Omid Brgin e Renato Muoz
REDAO
Louise Palma, Marcio Teixeira
e Rodrigo Sabatinelli
[email protected][email protected]modelos antigos nunca acaba. Parte deste interesse est na fama dos modelos clssicos
e no status dado a quem possui uma raridades dessas. Mas o principal motivo que faz as
pessoas pagarem caro por equipamentos velhos mesmo a sonoridade nica que s eles
conseguem proporcionar.
assinaturas
Karla Silva
[email protected]
Isso ocorre principalmente em equipamentos analgicos, cujos circuitos usam componentes montados separadamente e cujas caractersticas podem variar de um equipamento
para outro do mesmo modelo. muito parecido com o que acontece com instrumentos
acsticos. Em alguns equipamentos hbridos e mesmo naqueles totalmente digitais, mas
que utilizam muitos componentes individuais e no apenas microprocessadores, tambm
se notam essas peculiaridades, j que o percurso dos sinais nos circuitos pode sofrer inter-
Distribuio: Eric Baptista
Publicidade
Mnica Moraes
[email protected]ferncias que afetam a sonoridade.
Impresso: Ediouro Grfica e Editora Ltda.
Em algumas gravaes antigas, que realizei com sintetizadores que no tenho mais, os
udio Msica & Tecnologia
uma publicao mensal da Editora
Msica & Tecnologia Ltda,
CGC 86936028/0001-50
Insc. mun. 01644696
Insc. est. 84907529
Periodicidade Mensal
instrumentos apresentam uma sonoridade que nunca mais consegui. O fato dos registros
terem sido feitos em fita magntica contribuiu para criar distores (e rudos!) nos sons
daqueles instrumentos. Embora a qualidade tenha sido comprometida, ao se focar a audio nos sons dos instrumentos, percebe-se que eles tm caractersticas difceis de serem
obtidas outra vez. Difceis at de se explicar.
A tecnologia digital evoluiu muito e j consegue recriar muitas dessas anomalias benficas que aconteciam nos circuitos antigos. A virtualizao est chegando a um estgio de
sofisticao que faz com que seja cada vez mais difcil distinguir entre o que produzido
por software e o que produzido pelo equipamento original, com a vantagem de no se
ter aqueles rudos indesejveis que podem at ser adicionados virtualmente tambm.
Como j afirmei aqui em outras oportunidades, os recursos tecnolgicos existem para nos
proporcionar uma percepo agradvel, e este tem sido o foco daqueles que desenvolvem
instrumentos e equipamentos modernos. De maneira incansvel, eles seguem em busca
da perfeio, da combinao entre aquela sonoridade peculiar e a alta qualidade exigida
nos dias de hoje.
Miguel Ratton
ASSINATURAS
Est. Jacarepagu, 7655 Sl. 704/705
Jacarepagu Rio de Janeiro RJ
CEP: 22753-900
Tel/fax: (21) 3079-1820
(21) 3579-1821
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Ag. 1804-0 - c/c: 23011-1
Website: www.musitec.com.br
Distribuio exclusiva para todo o Brasil pela
fernando Chinaglia Distribuidora S.A.
Rua Teodoro da Silva, 907
Rio de Janeiro - RJ - Cep 20563-900
No permitida a reproduo total ou
parcial das matrias publicadas nesta revista.
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AM&T no se responsabiliza pelas opinies
de seus colaboradores e nem pelo contedo
dos anncios veiculados.
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46
F no som
As dificuldades e solues encontradas na
sonorizao das igrejas brasileiras
fernando Barros
64
Broadcast & cable 2012
Evento apresenta novidades em microfones
e consoles, entre outros produtos
Rodrigo Sabatinelli
72
56
tcnicas de Estdio
Como pequenas tcnicas e
macetes podem salvar sua mix
Alexandre Cegalla
76
Era uma vez uma casa no meio do mato...
Por dentro do Casa do Mato, estdio que
uma verdadeira fbrica de sucessos
Rodrigo Sabatinelli
arte Eletrnica
The Creators Project 2012: uma experincia
sonora, visual e interativa
Christ
80
udio e acstica
Layout de estdios: fazendo na prtica
Omid Brgin
32
86
notcias do Front
E os problemas continuam...
Lucas Ramos
Renato Muoz
36
98
Em casa
Escolhendo o monitor ideal
para o seu home studio
Pro tools
Presets: amenize sua preguia
comeando do meio
Daniel Raizer
Lucas Ramos
42
ableton Live
Racks de instrumentos e efeitos
no Live: Parte 2 - Drum Racks
102
tcnicas de Microfonao
Como ler especificaes (Parte 2)
sonar
Utilizando o iPad com o Sonar (Parte 2)
Luciano Alves
fbio Henriques
sees
editorial 2
primeira vista 20
msico na real 90
lugar da verdade 112
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notcias de mercado 6
em tempo real 22
classificados 108
novos produtos 12
aqurio 24
ndice de anunciantes 111
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notcias DE MERCADO
Divulgao
13 vALE DRUM fESTIvAL RENE NOvOS
TALENTOS DA MSICA EM SO PAULO
Foi realizado no dia 19 de agosto a 13 edio do Vale Drum
Festival, no municpio de Cachoeira Paulista, em So Paulo. Promovido pelo Instituto Musical Claudio Abreu, o projeto
musical e educativo contou com workshows de Darcy Marolla,
que mostrou sua habilidade tocando em sistema Play Along,
de Diego Pereira, vencedor do Festival de Bateristas em 2008,
e do guitarrista Alexandre Freitas, que apresentou um tema
de seu novo CD solo. O evento contou tambm com a apresentao de seu idealizador, Cludio Abreu, que apresentou
temas instrumentais cheios de improviso ao lado dos baixistas Cae de Melo (RJ) e Israel Nogueira (RJ), do guitarrista
Alexandre Freitas (Lorena/SP) e do percussionista Guri (Cachoeira Paulista/SP).
Os msicos tambm fizeram parte da comisso julgadora do
8 Festival Juvenil de Bateristas do Vale do Paraba, que teve
Jhow, de Lorena (SP), como vencedor. J o 18 Festival de
O idealizador Cludio Abreu durante sua apresentao
Bateristas do Vale do Paraba foi vencido por Bruno Hernandes, de So Paulo. O evento tambm marcou o lanamento do Vale Bass
Groove, com workshow dos baixistas Juninho Braga, de So Paulo, Cae de Mello e Israel Nogueira.
Encerrando o evento, Emilio Martins e Cacau Jones realizaram um duo de bateria e percusso com tcnicas e ritmos variados.
134 CONvENO DA AES SER REALIZADA EM ROMA
A 134 Conveno da Sociedade de Engenharia de udio (AES) ser realizada entre os dias 4 e 7 de maio de 2013,
em Roma, na Itlia. O evento reunir engenheiros de udio de todo o mundo para falar sobre as ltimas novidades
nas reas de pesquisa, desenvolvimento e aplicaes do udio.
A conveno, que acontece pela primeira vez na capital italiana, acontecer no novo centro de conferncia Roma
Eventi Fontana di Trevi. Localizado em um palcio neoclssico construdo por Guido Barluzzi em 1930, o local conta
com 15 salas e comporta mais de mil pessoas. A conferncia ser presidida por Umberto Zanghieri, vice-presidente
da AES na regio sul da Europa.
Antes, a 133 edio do evento vai acontecer entre os dias 26 e 29 de outubro de 2012, no Moscone Center, centro de
convenes localizado em San Francisco, Estados Unidos.
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notcias DE MERCADO
Divulgao
SIMON BLACKWOOD NOMEADO DIRETOR DE
DESENvOLvIMENTO DE NEGCIOS DA DIGICO
O diretor geral da Turbosound, Simon Blackwood, agora faz
parte da equipe da DiGiCo, como diretor de desenvolvimento
de negcios. O cargo, criado recentemente, tem como objetivo a expanso da empresa.
timo poder dar as boas-vindas ao Simon na equipe DiGiCo,
disse o diretor James Gordon. Ele trar uma nova dimenso
nossa base de conhecimento e ser fundamental para nos levar
a atuar em nova reas. uma honra gerenciar uma companhia
em que pessoas inteligentes querem trabalhar e estamos muito
satisfeitos por Simon fazer parte disso, acrescentou.
Simon, por sua vez, afirmou ser um antigo f da empresa. Admiro o pioneirismo da equipe da DiGiCo na evoluo da mixagem digital profissional. No passado eu a considerava como uma
concorrente forte e criativa. Agora eu me sinto privilegiado de
fazer parte da equipe em um momento to excitante.
MUSIC CHINA 2012 ACONTECE EM OUTUBRO
A Music China, uma das maiores feiras de instrumentos musicais e
acessrios do mundo, acontece este ms, entre os dias 11 e 14 de
outubro, em Xangai. O evento ter, nesta edio, 11 pavilhes internacionais e espera receber mais de 52.000 visitantes de 97 pases.
O gerente geral da Messe Frankfurt Shangai, Evan Sha, comentou os
nmeros. Alm de contarmos com os pavilhes internacionais este
ano, mais de 1.400 expositores de 30 pases e regies se inscreveram para o evento. Um espao recorde de exposio, com 85.000
metros quadrados, comprova que a Music China a plataforma de
Empresas da Blgica, Repblica Checa, Frana, Alemanha, Itlia, Escandinvia, Espanha, Taiwan, Holanda, Reino Unido e Japo podero
Divulgao
lanamento para novos produtos e tecnologia na sia.
mostrar seus produtos nesses espaos especiais. A estreia do pavilho
japons contar com 29 empresas e fabricantes de instrumentos musicais e faz parte de uma estratgia da Organizao de Comrcio Externo
do Japo para entrar no mercado chins.
Considerado o evento asitico da alem Musikmesse, a Music China organizada por uma parceria entre China Music Instrument Association
(CMIA), Intex Shanghai e Messe Frankfurt. Mais informaes podem ser obtidas em www.musikmesse-china.com
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notcias de mercado
Universidade inicia pesquisa sobre
efeitos da msica na audio
A Universidade de Nottingham, no Reino Unido, est recrutando voluntrios para participar de um estudo que ir avaliar os efeitos da msica na audio. A pesquisa um projeto do Instituto Nacional para Pesquisa da Sade (NIHR, sigla em ingls) e pioneira no exame aprofundado sobre a exposio msica alta.
Ainda que parea bvio, um levantamento recente mostrou que o pblico no tem conscincia sobre os danos que a exposio a altos volumes de msica
podem causar aos ouvidos. At o momento, no h evidncias cientficas suficientes que confirmam ou descartam o perigo da msica para a perda
auditiva. Os resultados deste estudo no ajudaro apenas a responder se a exposio msica prejudicial, mas o quanto isso prejudicial. Isso vai
nos permitir comear a definir melhor os limites seguros de escuta, afirma Robert Mackinnon, doutorando que lidera o estudo.
Os pesquisadores pretendem encontrar dois mil voluntrios, entre 30 e 65 anos, que se encaixem na gerao de antigos ouvintes. Alm disso, prefervel que essas pessoas trabalhem em lugares silenciosos, afastando, assim, fatores alternativos da perda de audio. O teste ser feito atravs de um
site, onde os voluntrios respondero a um questionrio que pretende coletar dados, para saber como e por quanto tempo eles tiveram sua audio
exposta msica alta. Depois eles faro um teste que mede a capacidade para ouvir una srie de nmeros, com barulho ao fundo. Os resultados sero
divulgados aps a devida anlise dos testes.
SEMINRIO DA SSL NO RIO DE JANEIRO
ATRAI GRANDE PBLICO
No ltimo dia 28 de agosto, a Universidade Estcio de S, campus CenMarcio Teixeira
tro, no Rio de Janeiro, foi palco de um seminrio gratuito da Solid State
Logic que atraiu um pblico de cerca de 70 pessoas, dentre as quais estavam muitos estudantes do curso de Produo Fonogrfica da prpria
UNESA, que tem o produtor Mayrton Bahia como coordenador.
Promovido em parceria pela escola ProClass, pela revenda autorizada
Music Mall e pela Just Pro Audio, ditribuidora exclusiva da marca no
Brasil, o encontro foi apresentado por Fadi Hayek, gerente de vendar
nacionais da SSL, com traduo de Conrado Ruther (engenheiro de
gravao, produtor musical e integrador de estdios). O seminrio
discutiu o fluxo de trabalho e os fatores que afetam o ambiente de
um estdio, e entre os slides que misturavam informao com o bom
humor de Hayek (o chefe Peter Gabriel, dono da companhia, foi alvo
de algumas brincadeiras) e as perguntas feitas pelo pblico, foram
examinados diversos setups de estdios. Assim, os participantes puderam ver como o trabalho de cada um pode ser mais criativo e pro-
Fadi e Conrado em ao: informao e bom
dutivo, chegando a um melhor resultado final.
humor deram o tom do seminrio
Entre os tpicos abordados no evento, destaque para mixagem in-the-box versus mixagem externa e uma pergunta: a latncia zero possvel em uma workstation nativa?. Em entrevista aps o evento, Fadi Hayek destacou sentir, at hoje, certa pureza na msica brasileira, e
afirmou que deseja que a SSL contribua para mant-la dessa forma. Vocs so apaixonados pela msica, e nosso dever permitir que atuem
com ainda mais qualidade em seus trabalhos, observou. Rodrigo Meirelles, scio-diretor da ProClass, ressaltou a importncia do evento e
decretou: compartilhar conhecimento nunca demais.
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novos produtos | Miguel Ratton
NOVO CHANNEL STRIP PRESONUS ADL 700
A PreSonus anunciou o lanamento do ADL 700, seu novo
channel strip, composto de
um pr-amplificador classe A
valvulado, um compressor baseado em FET e um equalizaDivulgao
dor semiparamtrico de quatro bandas. O equipamento
possui entradas balanceadas
(XLR) para microfone e linha,
uma entrada no-balanceada
(TRS) para instrumento e uma
sada balanceada XLR.
De acordo com a PreSonus, o novo channel strip incorpora o mesmo pr-amplificador valvulado do modelo ADL 600, projetado por Anthony DeMaria,
com duas vlvulas 6922 e uma 12AT7 operando em +/-300V para proporcionar o mximo de headroom e um transformador duplo, para garantir
menos rudo e maior rejeio de modo comum. Outra caracterstica dos prs da srie ADL a chave seletora de entrada, que permite escolher
entre quatro impedncias de entrada: 1500, 900, 300 e 150 ohms. Isto possibilita criar coloraes sutis e obter variaes de tonalidade sem usar o
equalizador. J o compressor baseado em transistor FET, que emula o som da vlvula, e o equalizador foram projetados especialmente por Robert
Creel, especialista da PreSonus em circuitos analgicos e responsvel pelo projeto do pr-amp XMAX.
O pr-amp dispe de alimentao phantom de 48V, inverso de polaridade e um atenuador de -20 dB pad. Possui tambm um seletor de ganho de
at 35 dB em passos de 5 dB e um potencimetro de ajuste de +/-30 dB. H ainda um filtro passa-altas de 12 dB/oitava, com frequncia ajustvel.
O ADL 700, que dispe de ajustes de Attack, Release, Threshold, Ratio, Makeup Gain e Bypass, tem equalizador de quatro bandas semiparamtrico,
que combina filtros isolados e otimizados.
www.quanta.com.br
www.presonus.com
Divulgao
DISAC TRAZ PARA O BRASIL NOVOS MINIFONES RCA
Os minifones de ouvido so acessrios cada vez mais populares, usados por uma
enorme quantidade de pessoas em celulares e aparelhos de MP3. As caractersticas mais importantes nesses fones so a qualidade, a facilidade de transporte e
a durabilidade. A Disac, importadora de produtos de udio que est no mercado
desde 1996, est trazendo agora para o Brasil dois novos minifones da RCA.
O HP60A (foto) possui minifalantes de 9 mm, com potncia de 20 mW, que
proporcionam uma sensibilidade de 93 dB e resposta de 20 Hz a 20 kHz. A
impedncia de 16 ohms e o desenho arredondado na ponta auricular ajuda a
reduzir o rudo externo. O conector banhado a ouro e dispe de um adaptador
que possibilita ser usado com a maioria dos telefones celulares. O cabo tem
comprimento de 1,20 m.
J o HP57N possui minifalantes de 13 mm com potncia de 20 mW, que proporcionam sensibilidade de 98 dB e resposta de 20 Hz a 20 kHz. A impedncia
de 16 ohms e seu conector tambm banhado a ouro, com cabo de 1 m de
comprimento.
www.rcaaudiovideo.com
www.disac.com.br
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novos PRODUTOS
SSL LANA NOvA GERAO DE CONvERSORES
O Alpha-Link MX o primeiro produto
da nova linha de conversores A-D/D-A
da SSL que pretende proporcionar alta
qualidade de udio em um formato mais
acessvel para estdios de pr-produo.
Esta nova gerao de conversores baseada nos modelos Alpha-Link SX e AX,
que so usados em muitos estdios de
gravao de todo o mundo nos consoles
Divulgao
SSL AWS e Duality.
A srie Alpha-Link MX consiste de duas
diferentes unidades de rack que podem
ser usadas individualmente ou combinadas para criar sistemas maiores. Cada unidade possui 64 canais digitais de entrada e sada atravs de conexes ticas MADI, que podem ser conectadas com qualquer equipamento compatvel com o padro MADI. A Alpha-Link MX 16-4 possui 16 entradas e quatro sadas analgicas, sendo
indicada para ser usada como interface de entrada e monitorao em um estdio pessoal. J a Alpha-Link MX 4-16 possui quatro entradas e 16
sadas analgicas, sendo uma soluo ideal para se fazer a soma analgica de 16 canais e permitindo a captura de quatro canais.
Pode-se interligar at quatro unidades MX, encadeadas em qualquer tipo de combinao, permitindo assim configurar sistemas de at 80 conexes analgicas endereveis a uma conexo digital MADI de 64 canais. As unidades MX possuem seletor de nvel de referncia, o que possibilita
adequ-las ao restante do sistema, dentro de uma faixa de +24 dB a +14 dB. As configuraes so efetuadas pelo painel frontal.
www.musicmall.com.br
www.solidstatelogic.com
APP DA APHEX APRIMORA SOM DE DISPOSITIvOS MvEIS
A Aphex, empresa que desenvolve tecnologia de udio h mais de 35 anos, lanou
recentemente o app Audio Xciter, que permite aprimorar a qualidade sonora de
dispositivos mveis atravs de seu processamento de sinais Xciter, uma tecnologia
exclusiva da empresa capaz de analisar e melhorar a qualidade do sinal de udio
em tempo real. O app foi lanado primeiramente para dispositivos com sistema operacional iOS (Apple), mas logo em seguida foi disponibilizada tambm uma verso
para Android.
Diante dos processos de compactao atualmente usados nos arquivos de msica,
que reduzem a qualidade da gravao, o Audio Xciter, de acordo com a Aphex,
capaz de restaurar todos os detalhes, nuances e espacialidade para o ouvinte, independentemente do estilo musical.
Na verso gratuita, o app pode ser usado para reproduzir udio durante apenas 15
minutos por dia, mas existem duas opes de upgrade: o Audio Xciter Basic, que remove a restrio de tempo, e o Audio Xciter Studio, que permite ao usurio ajustar
os parmetros do DSP do Xciter conforme seu gosto. O Audio Xciter para iOS pode
ser adquirido no iTunes, enquanto a verso para Android est disponvel na Android
Store e na Amazon.com. De acordo com a Aphex, parte da receita das vendas ser
revertida para a instituio sem fins lucrativos Respect the Music, que desenvolve
Divulgao
trabalhos de apoio ao ensino de msica.
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www.audioxciterapp.com
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novos produtos
VERSO 8.4 BETA DO ABLETON LIVE TRAZ SUPORTE NATIVO PARA 64 BITS
A Ableton j disponibilizou a verso 8.4 do Live, que traz como
destaque o suporte nativo ao processamento em 64 bits. Isto
possibilita ao software aproveitar uma quantidade muito maior de
memria do sistema e usar plug-ins de terceiros que operam 64 bits.
A verso beta est disponvel para download para todos os usurios
registrados do Live 8, do Suite 8, do Live Intro e do Live Lite 8.
A verso 64 bits do software roda em PCs com Windows Vista/7/8
(64 bits) e em Macs com processador Intel com OS X 10.5 ou superior. Esta verso no tem suporte para Max for Live, vdeo ou The
Divulgao
Bridge, mas a Ableton est trabalhando com seus parceiros para
dar suporte a esses recursos.
Os termos 32 bits e 64 bits se referem basicamente a como a memria (RAM) do computador pode ser usada pelos softwares. Na
verso de 32 bits o Live (assim como qualquer software de 32 bits) pode usar at 4 GB de RAM, o que significa que pode no ser capaz de
usar coletneas de samples muito grandes ou plug-ins que ocupem muita memria.
Todos os plug-ins de 64 bits podem ser usados na verso de 64 bits do Live. J os de 32 bits no podem ser usados diretamente na nova verso,
mas existem algumas ferramentas de outras empresas (ex: jBridge) que permitem usar plug-ins VST de 32 bits dentro de softwares de 64 bits.
Teoricamente, a verso de 64 bits do Live pode usar um total de 16 exabytes de RAM. Isto quer dizer que voc pode trabalhar com Live Sets
(nativos, com plug-ins de terceiros e configuraes em ReWire) muito maiores e que usam muito mais memria do que na verso de 32 bits.
www.habro.com.br
www.ableton.com
NOVO MIXER COMPACTO ALLEN & HEATH
A Allen & Heath apresentou o ZED 60-14FX, um mixer analgico compacto ideal para ser usado
com grupos pequenos e locais de pequeno porte. O ZED 60-14FX chega para completar a
linha do ZED 60-10FX, lanado no comeo do ano, e adota os mesmos faders de
60 mm, com a adio de mais quatro canais mono para linha/microfone.
O mixer possui oito canais mono com entradas para microfone (balanceada XLR, com alimentao phantom) e linha (1/4), sendo que dois
desses canais possuem entradas de linha com alta impedncia, que permitem receber sinais de guitarra diretamente, sem necessidade de DI
box. De acordo com o fabricante, os circuitos dessas entradas utilizam
Divulgao
pr-amps classe A com FET, projetados para recriar a sonoridade de um
pr-amp valvulado. H ainda mais dois canais estreo, para receber sinais de
teclados ou de aparelhos de MP3/CD. Os canais mono possuem equalizador de trs
bandas, sendo que a de mdios permite o ajuste da frequncia de atuao.
As sadas principais de udio, em estreo, so atravs de conectores balanceados do tipo XLR, e h tambm sadas em estreo para monitorao
(RCA) e para fone de ouvido. O ZED 60-14FX dispe ainda de uma conexo USB, que serve para gravar diretamente no computador a mixagem
em estreo e tambm para mixar udio estreo vindo do computador.
Dentro do mixer, um processador digital oferece um total de 16 programas de efeitos, incluindo reverbs, delays, flanger e chorus. Cada canal de
entrada possui duas mandadas auxiliares, ambas com sadas de udio mono e uma delas mandando o sinal para o processador interno de efeitos.
H, ainda, conexes de inserts para as duas sadas principais.
www.audiopremier.com.br
www.allen-heath.com
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novos produtos
SENNHEISER LANA SISTEMA DE TRANSMISSO DIGITAL SEM FIO
A Sennheiser lanou, durante a IBC, que aconteceu em Amsterd entre os dias 7 e 11 de setembro de 2012, o Digital
9000, sistema de transmisso digital sem fio capaz de transmitir udio completamente descompactado e com dinmica
imponente. Destinado a profissionais da radiodifuso, teatros
e eventos ao vivo, o Digital 9000 inclui o receptor EM 9046, o
transmissor de mo SKM 9000 e os transmissores de bolso SK
9000, alm de um conjunto completo de acessrios.
O sistema digital sem fio equipado com dois modos de
transmisso para atender qualquer necessidade e ambiente. O modo de alta definio (HD) transmite um udio sem
compresso, enquanto o modo Long Range (LR) foi projetado
para ambientes de transmisso difceis, com muitas fontes de
Divulgao
interferncia. Ele garante alcance mximo com um codec de
udio digital da Sennheiser, que faz com que a qualidade de
udio seja superior ao de um sistema FM.
Seu receptor EM 9046, alm de possuir um grande display e
de contar com trs modos de exibio, um mainframe que acomoda at oito receptores internamente, abrangendo a faixa de UHF
470-798 MHz. J o transmissor de mo SKM 9000 compatvel com toda a gerao sem fio G3 e microfones da Srie 2000, incluindo
as cpsulas Neumann KK204 e KK 205.
Por ltimo, o transmissor de bolso SK 9000 fcil de esconder e anexar. Sua estrutura de magnsio combina robustez e baixo peso,
e ele, que tem uma entrada para guitarras e outros instrumentos, pode ser usado com qualquer clip-on ou microfone auricular com
um conector 3-pin Lemo. A SK 9000 est disponvel em quatro diferentes faixas de frequncia (88 MHz de largura de banda de comutao) e um interruptor de comando, para a comunicao entre as equipes e artistas ou jornalistas, est disponvel como acessrio.
www.quanta.com.br
www.sennheiser.com
DYNAUDIO APRESENTA NOVA SOLUO PARA MONITORES
Depois de comemorar seus 20 anos com o lanamento do sistema de monitorao M3X3, a Dynaudio Professional anunciou recentemente o lanamento mundial do amplificador M3VE. De acordo com informaes divulgadas pela empresa, esta nova soluo combina o desenho exclusivo da
Dynaudio Professional com a avanada amplificao da Lab-Gruppen e o
processamento de sinal da Lake.
M3VE a evoluo de seu antecessor, o monitor M3A de trs vias. Enquanto
o M3X3 alimentado por dois amplificadores, esta nova verso tem seus
alto-falantes alimentados por apenas um amplificador de quatro canais PLM10000Q, da Lab.gruppen. O equipamento utiliza um crossover ativo inte-
Divulgao
grado da Lake para mdios e graves, enquanto os mdio-agudos e agudos
so alimentados a partir de um filtro passivo no ponto cross-over. Outros
destaques so sua resposta de frequncia de 22 Hz-21 kHz e sua potncia
de 4.700 W por monitor.
www.visionacoustics.com.br
18 | udio msica e tecnologia
www.dynaudio.com
udio msica e tecnologia | 19
ROLAND G-5 VG
STRATOCASTER
Nova guitarra virtual simula sonoridade de
modelos clssicos, alm de violes e ctara
como se tivesse dois captadores humbuckers, um
Plug-ins que emulam amplificadores valvulados e mul-
perto da ponte e outro junto ao brao.
tiefeitos simulando o som de pedais vintage j so
conhecidos no mercado de udio. Agora, uma guitarra que simula o som de outras guitarras
clssicas ainda algo raro de se
encontrar. Mas exatamen-
O quinto modo A (acstico), que simula o som de violo. Nessa posio, voc pode usar o seletor de captadores
ao lado para escolher entre dois tipos de violes com
te isso o que a Roland
cordas de ao, um com cordas de nylon, guitarra
G-5 VG Stratocaster
semiacstica de jazz e uma ctara eltrica. Alm
faz.
Utilizando
tecnologia
disso, no modo acstico o controle de tonalidade
COSM,
funciona como um controle do reverb embutido.
que j era conhecida desde o sistema
O segundo controle, com a letra T gravada, o de tu-
modelador de gui-
ning (afinao), e oferece seis modos: N (Normal), em que a
tarras VG-8, a G-5
guitarra toca na afinao padro em l (E A D G B E); Drop D, em que
VG foi feita a partir
o bordo afinado um tom abaixo, em r, enquanto as outras cordas
de uma parceria com
continuam com afinao padro (D A D G B E); Open G, que afina
a Fender (cujo nome est
num acorde de sol (D G D G B D); Modal D, no qual a guitarra toca
impresso na mo da guitarra)
na afinao D modal (D A D G A D); Baritone, que afina a guitarra em
e capaz de simular o timbre
si (B E A D F# B). Finalmente, temos o modo 12 String, que modela
de trs tipos de guitarras, violes com
o som de uma guitarra ou violo de 12 cordas. Os diferentes modos
cordas de ao ou de nylon e at ctara.
de afinao e simulao de 12 cordas s funcionam nos modos com
Tudo nas verses de 6 ou 12 cordas e em
modelagem. No modo normal, a guitarra pode ser afinada a gosto,
diferentes tipos de afinaes. A guitarra, que tem corpo em alder e brao em
como qualquer outra. Alm de escolher diferentes tipos de instrumen-
maple, possui 22 trastes, pesa 3,8 quilos e produzida em diversas cores.
tos acsticos, o seletor de captadores tambm oferece uma gama de
possibilidades de timbres, dependendo do modo selecionado.
Alm das simulaes, a Roland G-5 VG, por meio dos trs captadores single-coil situados perto da ponte, no meio e junto de seu brao, tambm pode
A Roland G-5 VG ligada toda vez que um cabo for conectado no jack
funcionar como uma guitarra normal e com som prprio. Um quarto capta-
da guitarra. Quatro baterias do tipo AA alimentam o instrumento, sendo
dor, o GK Pickup, fica bem rente ponte e o responsvel por capturar o
inseridas em um compartimento na parte de trs. Um indicador lumino-
som a ser modelado. Mais embaixo dos captadores, alm dos botes con-
so mostra o estado das baterias, sendo que, se estiver azul, esto boas
vencionais de volume e tonalidade, esto tambm dois controles que vo se-
(quanto mais apagada ficar a luz do indicador, mais fraca estaro as bate-
lecionar o tipo de modelao desejada. Um deles, com a letra M gravada,
rias). Junto com a guitarra vm a alavanca de trmulo, uma chave de boca
o seletor de modos de modelagem e possui cinco posies: N (normal), que
e quatro pilhas alcalinas AA, alm da capa do instrumento.
seria o modo sem nenhuma modelagem, em que o G-5 VG funciona como
uma guitarra comum; S, que simula o som de uma Fender Stratocaster; T,
www.roland.com.br
que emula o timbre de uma Fender Telecaster; H, que faz a guitarra tocar
www.rolandus.com
20 | udio msica e tecnologia
Divulgao
PRIMEIRA vISTA | Alexandre Cegalla
udio msica e tecnologia | 21
Arquivo pessoal Arthur Luna
Em Tempo Real | Rodrigo Sabatinelli
Arthur
Luna
esde muito pequeno ele tinha certeza de que acabaria
pai, resolvi me inteirar a respeito da Full Sail, lembra.
trabalhando com msica. Acho que tem muito a ver com
a influncia do meu av sobre meu pai, claro, chegando
A experincia no exterior, diz o jovem, tem sido fantstica. Total-
a mim. Assim, o jovem Arthur Luna, filho do engenheiro William
mente dedicado aos estudos, ele conta que os equipamentos e o
Luna Jr., revela de onde vem o interesse pelo udio e resume a
mtodo de ensino da faculdade so muito bons. L, inclusive, teve
deciso de seguir os passos dos dolos familiares.
a oportunidade de conhecer o tarimbado engenheiro Bruce Swedien
(Thriller, de Michael Jackson, entre muitos outros clssicos da msi-
Os primeiros trabalhos do garoto foram realizados em casa, onde
ca pop), que andava pelos corredores da universidade.
finalizava projetos de bandas de baixssimo oramento com um pequeno setup. E a ida para um grande estdio no demoraria. Mas
Aproveitando ao mximo tudo o que tem pintado em termos de
ele queria mais, e tempos depois j era assistente do engenheiro
conhecimento, Arthur conta que no tem ficado somente no am-
Luiz Carlos T. Reis, na Cia dos Tcnicos, em gravaes expressivas,
biente universitrio. Fora da sala de aula, ele tem circulado por
como uma base de um samba enredo, realizada na casa.
estdios de grande porte e at mesmo reencontrado grandes
amigos. Outro dia fui ao KDS Studios acompanhar a mix do novo
Arthur conta que William e o prprio Luiz Carlos foram alguns dos
DVD da Claudia Leitte, feita por Beto Neves, e em uma pequena
muitos tcnicos que contriburam para sua formao.No entanto,
semana de frias que tive fui a Nashville visitar o Alberto Vaz, que
a fim de aprimorar tudo o que lhe foi ensinado, no incio deste
fez um tour muito bacana comigo em estdios da regio, como,
ano ele deixou o Rio de Janeiro para estudar numa universidade
por exemplo, o Ocean Way, o RCA e o Blackbird, diz.
especializada do exterior, a Full Sail.
Em breve, Arthur estar de volta (o programa de seu curso, ReEstudar fora foi um presento da famlia. Na verdade, cheguei
cording Engineering, tem durao de pouco mais de um ano), tra-
a fazer faculdade de marketing enquanto trabalhava como as-
zendo na bagagem histrias e experincias que, somadas quelas
sistente na Cia dos Tcnicos, mas tinha certeza de que queria
todas que adquiriu no seu estdio caseiro, sero, sem dvida
estudar udio. Ento parei a faculdade e, por indicao do meu
alguma, base para o sucesso de seu trabalho.
22 | udio msica e tecnologia
BATE-BOLA
Microfone preferido: Neumann U87, pela versatilidade e nitidez. Um padro que eu gosto bastante.
Monitores de referncia: Yamaha NS-10
Plataforma de gravao: Pro Tools, pelas ferramentas oferecidas e pela sua forte utilizao no mercado
Plug-in preferido: Echoboy, de fcil regulagem e que soa bem
Console de mixagem: SSL 4000 G+, um dos consoles que tenho usado na Full Sail
Processadores externos: Lexicon 480 L
Melhor estdio no Brasil: Cia dos Tcnicos
Melhor estdio no exterior: Blackbird Studios
Melhor engenheiro de som brasileiro: Flavio Senna
Melhor engenheiro internacional: Bruce Swedien
udio msica e tecnologia | 23
Louise Palma
O gritO
Ligia Chaim
AQURIO
ergio Soffiatti produtor, faz mixagem e maste-
pamento foi levado para So Paulo, onde os scios ar-
rizao, alm de ser o nome por trs dO GritO.
rendaram as instalaes do antigo estdio Tom Brasil,
O estdio comeou de uma parceria, mas tomou
dando origem ao O gritO.
forma de projeto solo deste profissional. Atual-
mente o estdio est localizado na Bela Vista, So Paulo,
Soffiati, que, vale citar, foi vocalista e guitarrista das ban-
mas a histria no comeou ali.
das Sr. Banana e Skuba, destaca o ano de estreia como
uma poca excelente, com clientes e trabalhos maravi-
Soffiatti deu incio sua carreira em 1989, ao lado de
lhosos. Entre as parcerias feitas, merecem meno os
Victor Frana, no Solo Studio. Dedicado composio de
trabalhos com Alberto Agnelucci, Benjamin Taubkin e Ro-
trilhas sonoras para projetos publicitrios realizados no
dolfo Stroeter, alm das bandas independentes de rock
estdio, Soffiatti foi aos poucos se envolvendo com as
Aditive, Sugar Kane e Dead Fish. Em 2003, entretanto,
gravaes, mas foi s em 1997 que ele passou a fazer
Victor Frana decidiu voltar para Curitiba, por motivos
parte da sociedade.
familiares, e a sociedade foi desfeita. frente dO gritO
sozinho, Soffiatti remontou o estdio em casa, onde ficou
J estvamos trabalhando com plataformas digitais e
trabalhando por cinco anos.
compramos um gravador de duas polegadas da Tascam,
voltando era analgica, comenta. Em 2002, o equi-
24 | udio msica e tecnologia
Em 2008, a parceria com um amigo levou Soffiatti para seu
udio msica e tecnologia | 25
AQURIO
EQUIPAMENTO HBRIDO:
ANALGICO + DIGITAL
Atualmente, O GritO oferece os servios de
mixagem, masterizao, produo e ps-produo e trabalha de maneira hbrida,
aliando equipamentos analgicos a digitais.
Para o produtor, este um diferencial do estdio, que consegue agregar a facilidade e a
definio oferecidas pelo digital particulaLigia Chaim
ridade sonora das mesas e perifricos analgicos. A tendncia hoje o investimento
em prs variados para esquentar o som que
ser gravado e convertido para a plataforma
A tcnica, pensada para projetos de mixagem e masterizao
digital, em que ser feita a mistura final,
explica. Mas, pra mim, a mixagem numa
estdio, onde as instalaes do ambiente de ensaio que
mesa analgica, alm de esquentar essa mix final, traz
dispunha de uma tcnica de timas dimenses serviram
uma sonoridade prpria msica, conclui.
de ambiente de trabalho para o produtor. Nessa poca, comecei a trabalhar com o Andr Abujamra nos discos solo
Entre os equipamentos que utiliza no estdio, Soffiatti des-
dele, com o alagoano Wado e tambm com o californiano
taca a mesa Tac Scorpion, produzida na Inglaterra em 1982,
Zach Ashton, alm da minha atual banda, a Orquestra Bra-
por conta do punch e do calor que o equipamento pro-
sileira de Msica Jamaicana. Esses talvez sejam os traba-
porciona na mixagem. Outro equipamento citado por ele
lhos mais importantes, que alavancaram meu nome como
Stereo Buss Compressor G Series customizado, utilizado no
produtor, mixador e masterizador, afirma.
master da mesa, antes do conversor Rosetta A/D Apogee.
Projetado por Soffiatti, o estdio foi pensado para realizar
J na masterizao, o produtor s elogios ao seu Manley
mixagem e masterizao, tendo apenas uma tcnica de 3
Vari-Mu. Em minha opinio, o compressor/limiter mais
por 4,5 metros, com p direito de 2,7 metros. Com pes-
bacana do mercado para esse uso. Tambm vale destacar o
teriais, estruturas e dispositivos que
trouxeram o resultado esperado para
um bom rendimento da sala, recorda.
Para mdias-baixas e baixas frequncias, foram utilizados bass traps e l
de vidro. J para as frequncias altas,
foram usados tecidos e espumas. A
sala tambm conta com uma gaiola de
faraday, que serve de bloqueio para os
efeitos eletromagnticos externos. O
AC da sala filtrado, isolado e controlado, porque, na minha opinio, a
energia um dos principais fatores
para o bom funcionamento de equipamentos tanto analgicos quanto digitais, explica o produtor.
A mesa Tac Scorpion de 32 canais,
produzida na Inglaterra em 1982
26 | udio msica e tecnologia
Ligia Chaim
quisas e consultas fui chegando a ma-
udio msica e tecnologia | 27
Ligia Chaim
AQURIO
PARA TODOS OS OUVIDOS:
O QUE IMPORTA BOA
MSICA
NO gritO no existe preferncia musical. Soffiatti frisa que no tem preconceito quando se trata de msica e o
importante trabalhar com bons msicos e arranjos de qualidade. Mas isso
nem sempre possvel, ainda mais em
tempos de Auto-Tune e Beat Detective,
entre outros, comenta ele. O rock me
traz muito prazer, assim como o reggae,
o funk e o bom samba. Quero trabalhar
sempre com boa msica!
Entre os artistas que j passaram pe-
O compressor Manley Vari est entre os
equipamentos que merecem destaque nO gritO
las mos do produtor nO gritO, Sofiatti
destaca Osvaldinho da Cuca, que contou
com sua coproduo no lbum Em Refe-
conversor Rosetta 200, da Apogee, que alm de definio,
rncia ao Samba Paulista. Como produtor, ele tambm j
eleva o nvel da imagem estreo das minhas finalizaes.
trabalhou com Andr Abujamra e destaca o disco, Mafaro,
gravado em 2010. um trabalho que me enche de orgu-
Soffiatti enfatiza que a sonoridade varia de acordo com o
lho, pois foi feito da forma que a gente imaginava ser a
equipamento utilizado, sendo a diferena entre eles essen-
ideal. Gravamos bateria, percusso e vozes no Solo Est-
cial para o aquecimento do mercado. Precisamos de dife-
dio, em Curitiba, e mixei no Estdio Mega, em So Paulo,
renas, sons bonitos, sons feios, Hi-Fi, Lo-Fi e por a vai,
usando uma SSL9000. Outros estdios fazem parte desse
opina. No entanto, ele prefere no defender nem exaltar
trabalho, inclusive O gritO, na masterizao, explica.
nenhum tipo de equipamento. Ainda acredito que a msica
e sensibilidade so o principal material para um bom disco
Outro trabalho que Soffiatti lembra com carinho a parceria
ou single. No participo dessa busca frentica pelo equipa-
com o californiano Zach Ashton, com quem j fez quatro
mento perfeito. Isso no existe. Quando algum vem falar
lbuns. Me trouxe muitas alegrias. Um desses lbuns, in-
comigo sobre melhores prs, microfones ou plataformas,
clusive, foi feito nos Estados Unidos, onde aprendi muito,
Ainda assim, Soffiatti chama a ateno para
a fidelidade proporcionada por cada um
deles. Por conta das perdas e ganhos de
determinadas frequncias, que acontecem
no equipamento analgico, o digital mais
fiel ao som captado na gravao. Por outro
lado, o produtor destaca que a referncia
sonora que a maioria das pessoas possui
ainda vem de gravaes analgicas. Praticamente tudo o que crescemos ouvindo foi
gravado em analgico. Acho mais musical,
misteriosa e mgica essa gravao suja,
com todas as perdas. O prprio vinil tem um
som lindo e est declaradamente voltando.
O produtor, e tambm msico, Sergio
Soffiatti: trabalho com prazer seja no
rock, reggae, funk ou no samba
28 | udio msica e tecnologia
CInara
vou logo desconversando, diz ele, aos risos.
udio msica e tecnologia | 29
AQURIO
mas tambm percebi que, aqui no Brasil, no estamos to
Compressores e EQS (dinmicos)
longe no que diz respeito a tcnicas de gravao, enfatiza.
- SSL Xlogic G-series Stereo, compressor customizado
Com a facilidade da msica digital, que viaja atravs da
- Avalon VTP-747 Class A stereo, compressor e equalizador
internet, o produtor consegue trabalhar distncia. Em
- Manley Stereo Variable Mu Limiter Compressor
contato com pessoas de outros estados e pases, ele expande o alcance de seus faders. Funciona muito bem esse
processo via internet, pois mando as mixes ou masters e o
cliente ouve em casa, na sua referncia, com tranquilidade.
Entre os ltimos trabalhos realizados nO gritO, ele destaca bandas que considera relevantes para a msica brasileira: a paulista Bico do Corvo, a paulistana Lestics e os
- 1 canal de compressor DBX 160
- 4 canais de compressor DBX 166
- 2 canais de compressor DBX 163
- 2 canais de compressor Valley People
- 4 canais de gate Valley People
- Equalizador Paramtrico Stereo Orban
- Equalizador Paramtrico Stereo Ashly
catarinenses do Tratak.
Conversores e processadores digitais
LISTA DE EQUIPAMENTOS
- Conversor Apogee Rosetta AD
Mesa
- Conversor Apogee Rosetta 200
- DBX Quantum Digital Mastering Processor
- TAC Scorpion (England by AMEK), com 32 canais, 8 sub-
- DAT Tascan DA-30 MKII
grupos e 4 auxiliares
Multitracks
- Sistema Pro Tools TDM Mix Cube com 32 in/outs em interfaces 888/24 e 882/20 rodando em G4 733 Silver.
- Pro Tools TDM Mix Plus 8 in/outs com interface 888-24
rodando em MAC G4 Dual 1 GB
Plataformas
Efeitos outboard
- Stereo Spring Reverb Orban
- Space Echo RE-20 Boss
Microfones
- 1 Newman TLM 103
- 2 AKG C-391 B
- PC Intel core 2 QUAD de 2,16 GHz por processador, com
- 2 Shure SM57
M-Audio Firewire 410 rodando analisador de espectro,
- 1 Shure SM58
Nuendo 3, ProTools 7.4 M-Powered, Logic 8, vrios plug-ins
- 1 Sennheiser MD 504
e VST instruments
- 1 Sennheiser MD 421
- Macbook 2.16, com tela de 13, interface Mbox mini, ro-
- 1 Shure SM 81
dando Pro Tools LE 8.3
Fones
Monitorao
- Big Knob Studio Command System Mackie
- Par de caixas Yamaha NS-10
- Amplificador Alesis RA-100
- Subwoofer Ativo Yamaha de 80 watts
- Fone Beyerdynamics DT 990 PRO
- Fone Audio-Technica ATH-910 PRO
- Amplificador de fones Behringer Power Play
- 2 fones JTS HP-535
- Caixas Phase Technologies Velocity Series V-12 3way (audifilo)
Controladores
- Amplificador ADCOM GFA 535 II 60 watts em 8 ohms (audifilo)
- FaderPort PreSonus
- Par de caixas custom para conferncia, de pequena circun-
- M-Audio Ozone
ferncia com amplificao custom
- Roland PC-200 MK2
30 | udio msica e tecnologia
udio msica e tecnologia | 31
NOTCIAS DO fRONT | Renato Muoz
E OS PROBLEMAS
CONTINUAM...
prEparo E dEsprEparo no udio naCional
No quero parecer repetitivo aqui na coluna, porm
me sinto na obrigao de continuar batendo em determinadas teclas (literalmente). Desta vez, vou voltar ao assunto da falta de preparo dos profissionais
de udio no Brasil, mais precisamente aqueles que
trabalham em empresas de sonorizao. Antes que
algum reclame, destaco que trabalhei um bom tempo em uma empresa de sonorizao no Rio de Janeiro.
Nem todas as lembranas so boas, principalmente
pelo excesso de trabalho e escassez de dinheiro, mas
uma coisa certa: foi uma grande escola. Tive sorte
de ter alguns bons companheiros e instrutores.
No faz tanto tempo assim, porm naquela poca
eram pouqussimos os sistemas inteligentes, com
processamento e amplificao integrados. O que
existia eram racks de amplificadores muito, muito
pesados, alm de crossovers analgicos nem um
pouco confiveis. Os consoles eram analgicos (os
maiores eram mesas de verdade), j com VCAs, vrios auxiliares, grupos, inserts, processadores de
efeitos, e funcionavam muito bem, mas quase sempre com aquele chiado normal de fundo. As caixas
j eram compactas, o que facilitava muito, mas nada
era muito resistente.
No geral, o equipamento daquela poca, por volta de
1990 a 1995, era bom, mas insisto: o que mais valeu
a pena foi o aprendizado. Consegui entender como boa
parte das coisas funcionava, desde a parte tcnica at
a parte social, e isto ajudou a formar a minha base profissional. L se vo mais de 20 anos, e, em termos de
equipamento, tudo ou quase tudo mudou para melhor
(na viso da maioria), porm alguns detalhes continuam sendo uma pedra no caminho da nossa profisso,
principalmente, como j naquela poca, a falta de mo
de obra especializada para o trabalho.
Sound Reinforcement Handbook: livro
produzido pela Yamaha foi uma das minhas
primeiras fontes de informao sobre udio
32 | udio msica e tecnologia
DE ONDE VEM
O PROBLEMA?
No posso acusar ningum de ser despreparado para
exercer qualquer tipo de profisso, principalmente
quando a possibilidade real dessa pessoa ter se preparado, aqui no Brasil, quase nula, porm, sim,
hoje em dia existe a possibilidade de se aprender,
em nosso pas, udio da maneira correta. Para mim,
o problema so todos estes anos de aprenda por
si mesmo, ou o argumento tipicamente brasileiro
quem ensina no sabe fazer na prtica. A falta de
uma educao formal por tanto tempo, na minha opinio, teve como resposta a nossa situao atual de
falta de preparo profissional.
Cem por cento dos tcnicos que eu conheo, de uma
gerao anterior minha, e que continuam fazendo
um timo trabalho, aprenderam na tentativa e erro.
Muitos caram na profisso por causa do fascnio
pelo udio ou porque era o caminho natural das coisas, mas estou certo de que a maioria gostaria de ter
tido um preparo melhor.
Quando comecei a trabalhar, j cursava uma faculdade. Fiz Comunicao Social, Publicidade e Jornalismo, e tenho quase certeza de que me formei nas
duas... Porm, uma das minhas maiores frustraes
foi, naquela poca, no ter percebido que deveria ter
mudado para uma cadeira que pudesse me ajudar
mais no futuro. Me lembro de ser incentivado por
meu pai a fazer alguma coisa relacionada ao udio,
j que estava claro que esta seria minha profisso,
mas logo percebi que esta no seria uma opo pela
pura inexistncia de um curso de udio no Brasil.
Isso certamente me frustrou, e acabou por deixar
algumas marcas na minha carreira.
claro que este problema no afetou somente a mim:
certamente vrias pessoas da minha gerao sentiram
tal dificuldade. Conheo algumas que foram estudar fora
(a maioria para fazer cursos de gravao) e voltaram
depois de algum tempo com uma boa bagagem, porm
a grande maioria acabou tendo que se virar sozinha.
ORGULHO E PRECONCEITO
Ao mesmo tempo que tinha um certo orgulho de
estar fazendo uma faculdade, alm de j falar um
razovel ingls, por vrias vezes senti um certo pre-
Livro Manual Prtico de Acstica, do mestre
Slon do Valle: fundamental para quem quer
trabalhar com udio
ou EQ Magazine para comentar alguma reportagem ou
mostrar algumas fotos, a receptividade quase nunca era
das melhores. Sempre uma piadinha ou uma ignorada
coletiva. Este tipo de reao no me atingia em nada,
porm certamente mostrava que havia algo errado. Mais
tarde, conhecendo pessoas como Leo e Franklin Garrido,
Carlos Pedruzzi, Slon do Vale, Roberto Marques e Guilherme Reis, entre alguns outros, descobri que nem tudo
conceito de algumas pessoas do meio. Muitas vezes
estava perdido. Existiam, sim, pessoas com um bom co-
a empolgao e a vontade de aprender eram vistas
nhecimento tcnico (nem sempre acadmico) dispostas a
como uma fraqueza profissional, que indicava que
trabalhar, e, o mais importante, a passar conhecimento.
voc no era forte o suficiente para o servio.
Muitos destes que acabei de citar passaram a ser
Vi acontecer comigo e com outros profissionais mais
um padro e objetivo profissional. Lembro de assistir
interessados. O estigma era sempre o mesmo: fulano
a algumas apresentaes destas pessoas e pensar:
passa muito tempo estudando e pouco carregando
tenho que seguir por este caminho, tenho que adqui-
caixa de som, e a poltica no meio do udio, sempre
rir um bom conhecimento tcnico e estar preparado
foi se voc no carrega caixa de som, no serve
para algum dia passar este conhecimento adiante.
para trabalhar com som.
Foi neste ponto da minha carreira profissional que
decidi dar ainda mais importncia aos estudos te-
Sempre que chegava com uma revista tipo Mix Magazine
ricos, porm, por incrvel que parea, isso ainda me
udio msica e tecnologia | 33
NOTCIAS DO fRONT
atrapalhava na prtica do dia a dia. Como sabemos,
revistas rapidamente se escondeu em algum canto da
nem sempre fcil mudar o pensamento de um gru-
minha memria! Me faltava a prtica do dia a dia da
po de pessoas, principalmente quando esto acostu-
estrada. Na hora ficou claro que eu teria que aprender
mados a um modelo de trabalho.
na marra o que fazer. L estava eu, caindo na tentativa
e erro. No dava para chegar e falar no sei como
NO LUGAR CERTO,
NA HORA EXATA
fazer isso, algum tem que me substituir. O que tentei
fazer rapidamente foi me adaptar situao, para poder continuar trabalhando.
Depois de um perodo razovel trabalhando naquela
empresa de sonorizao, ca completamente de para-
No muito tempo depois, menos de um ano, j me
quedas na produo uma das maiores artistas da po-
sentia completamente preparado para aquela posio.
ca, e de uma hora para outra, sem estar muito prepa-
Cada show era uma oportunidade de aprendizado, e
rado (na minha opinio), me tornei o tcnico de PA da
uma das coisas que aprendi foi como me comunicar
tal artista. Nada poderia exemplificar melhor para mim
com os msicos, que vivem uma realidade profissional
como funcionava aquele tipo de profisso. Na verdade,
muito perto da nossa. Notei que a grande maioria dos
acho que no fui nem a primeira escolha. Fui colocado
msicos no tinha uma formao convencional, mesmo
totalmente de ltima hora para substituir algum que
existindo esta possibilidade aqui no Brasil, o que no
j era um substituto! Acabei ficando por mais de cinco
significava falta de qualidade. Neste perodo trabalhei
anos na posio e sa por vontade prpria.
com grandes msicos, e vi que nossas profisses possuem outros paralelos alm desse.
Me recordo perfeitamente bem do primeiro show, em
Braslia. Tinha total conscincia de que no estava preparado para aquilo. Eu no tinha noo de como mixar
OUTRO MUNDO,
A MESMA EXPERINCIA
um show ao vivo, apesar de ter um diploma universitrio, falar ingls etc. Toda aquela teoria dos livros e
Quase que ao mesmo tempo em que trabalhava com
aquela artista, fui parar em um dos maiores estdios
do Brasil, levado por um amigo msico. Estou falando
de 1993 ou 1994, poca em que um grande estdio
possua um gravador de 24 canais, um console analgico e alguns poucos microfones. Estes estdios sempre
foram um mundo parte para mim. Mesmo antes de
trabalhar com udio, sempre tive a curiosidade de ver
onde os discos tinham sido gravados, qual o nome dos
tcnicos que haviam trabalhado neles, e sempre tentava procurar reportagens para saber quais equipamentos tinham sido usados.
Logo nos meus primeiros dias dentro de um estdio,
percebi, definitivamente, que era mais legal trabalhar
ali do que em uma empresa de sonorizao. Acredite:
uma das grandes vantagens do estdio era que no
chovia enquanto voc estava trabalhando. Alm disso,
o contato direto com os artistas, na maioria das vezes,
era bem interessante.
Porm, rapidamente pude perceber uma grande semelhana com os profissionais que trabalhavam com so-
Crank It Up: obra tem entrevistas com os
principais tcnicos de PA e monitor que
atuam no mercado e apresenta boas dicas
34 | udio msica e tecnologia
Livro do amigo e engenheiro Fbio
Henriques, que contm bastante informao
para quem deseja trabalhar em um estdio
norizao: quase todos os tcnicos de estdio tambm
tinham uma formao completamente informal. Estava
de volta a tentativa e erro, e naquela poca ainda existia uma grande separao entre tcnicos de estdio e
de show. Os tcnicos de show eram conhecidos como
carregadores de caixas que viraram tcnicos, enquanto
os tcnicos de estdio eram aqueles mais sofisticados,
que trabalhavam no ar condicionado, que podiam errar,
pois qualquer coisa era s gravar de novo.
Na verdade, todos eram bem parecidos. Todo o conhecimento tcnico tinha sido aprendido de uma maneira
ou de outra, nunca da oficial. Baseava-se muito na experincia para trabalhar com sucesso. No estou dizendo em momento algum que isso no funcionava; pelo
contrrio: o resultado, na maioria das vezes, era timo.
COMO e
COMO PODERIA SER
Tudo que estou falando aqui referente ao meu ponto
de vista sobre a nossa formao educacional. Tenho
certeza que muitos bons companheiros de trabalho se
sentem muito bem em relao a isso e no vm a mnima necessidade de melhorar a sua formao profissional. certo que a grande maioria deles j passou da
metade do tempo de sua carreira e provavelmente no
v muita necessidade de uma formao oficial nesta altura do campeonato. Porm existe uma grande leva de
novos profissionais que em breve ir substituir a mi-
na e Mxico tambm possuem faculdades de udio, sem
falar nas faculdades americanas e europeias que se dedicam a isso. A pergunta que ele me fez ficou martelando
na minha cabea: Cmo Brasil, con toda esta musicalidad, no tiene una escuela de ingeniera de audio?.
Argumentei que, aqui no pas, existem bons cursos,
como o IAV, em So Paulo, e o IATEC, no Rio de Janeiro
(do qual fao parte), entre outros, e que a burocracia
para se fazer algo desta grandeza era imensa, o que
levaria qualquer um a desistir no meio do caminho. Porm algo me incomodou mais do que no ter resposta.
nha gerao e que continua sem muitas possibilidades.
O que mais me perturbou depois daquele almoo com
Estava conversando, h alguns dias, com um amigo
meu amigo chileno foi o seguinte: conhecendo a forma
chinelo, Felipe Gonzalez, que trabalha para a Avid. Es-
de pensar da maioria, ser que um curso deste nvel teria
tava lhe explicando a situao da educao em udio
resultado? possvel que surgisse uma corrente de pen-
no Brasil quando fui surpreendido por uma frase dele:
samento do tipo se eu sei a prtica, por que vou ter que
En Chile hay algunas escuelas de ingeniera de audio!
passar tanto tempo estudando esta besteira de teoria?.
Descobri que no s no l que acontece isso: Argenti-
Continuamos no prximo ms.
Renato Muoz formado em Comunicao Social e atua como instrutor do IATEC e tcnico de gravao e
PA. Iniciou sua carreira em 1990 e desde 2003 trabalha com o Skank. E-mail: [email protected]
udio msica e tecnologia | 35
em casa
Lucas Ramos
Equipamentos para
um home studio
(Parte 11)
Como escolher o monitor ideal
para o seu home studio
Nas ltimas edies, falamos sobre interfaces de udio, que so, sem dvida alguma, uma das peas
fundamentais de qualquer estdio. Neste ms vamos
comear uma srie sobre monitorao, que embora
seja uma das reas mais importantes de um estdio,
muitas vezes menosprezada. comum ver as pes-
MLTIPLAS REFERNCIAS
soas investindo alto em interfaces, microfones e pr-amplificadores, e na hora de comprar seus monitores
importante ter uma referncia clara e honesta do
gastam o que sobrar. Especialmente nos home studios.
material com o qual voc est trabalhando, e isso
feito atravs dos seus monitores. Porm, se estiver
Trata-se de um grande equvoco, pois tudo o que
realizando uma mixagem, tambm muito importan-
voc gravar, editar ou mixar passar pelos seus mo-
te chec-la em diferentes sistemas de monitorao.
nitores, e se voc no tiver uma boa referncia desse
De preferncia, em sistemas parecidos com o que os
material, ser difcil julgar a qualidade do mesmo.
ouvintes iro utilizar para ouvir esse material.
Sem uma monitorao adequada, fica impossvel tomar decises relacionadas ao posicionamento ou es-
Se estiver mixando para televiso ou para DVD, es-
colha de microfones durante uma gravao ou sobre
cute sua mixagem pelo sistema de som de uma TV
a equalizao e compresso em uma mixagem.
e/ou em um home theater. Se for para rdio, oua
em um carro (que onde muitos ouvintes escutam
DE QUE TIPO DE
MONITOR VOC PRECISA?
rdio). Se for para a internet, oua atravs de caixas
de computador. Isso deve ser utilizado como uma
referncia alternativa, somente para checar suas mi-
A primeira coisa a ser definida na escolha de um monitor o tipo que voc realmente precisa. Infelizmente,
no tem como fugir: o preo uma das coisas que
mais pesa na sua deciso, pois s d pra comprar o
que d pra pagar. Por isso, no torre toda a sua grana
36 | udio msica e tecnologia
xagens No para voc mixar dentro de um carro!
em microfones e pr-amps se voc quer um bom par
ximo box). Por isso, praticamente todos os estdios mo-
de monitores para o seu estdio.
dernos utilizam um sistema near-field, e somente aqueles com salas amplas e tratamento acstico adequado
Alm do preo, o tamanho da sua sala tambm in-
(um oramento alto tambm ajuda) tero tambm um
fluenciar na escolha dos seus monitores, ditando o
sistema de monitores maiores, que conseguem alcanar
tamanho destes. Se sua sala for muito pequena, no
toda a extenso de frequncias. Mas como nossa coluna
preciso utilizar monitores grandes demais, de potncia
direcionada aos home studios e estdios de menor por-
muito alta. Alm disso, a maioria dos estdios e pra-
te, vamos falar somente dos monitores near-field.
ticamente todos os home studios utilizam um sistema
near-field, que utiliza monitores menores feitos para
Outra vantagem dos sistemas near-field que so
serem posicionados prximos ao ouvinte (em torno de
mais fceis de transportar, permitindo que algum
um metro). Isso minimiza a influncia da sala, pois o
que trabalhe em estdios diferentes utilize sempre
ouvinte recebe praticamente s som direto dos moni-
os mesmos monitores. Alm disso, devido proximi-
tores. Tambm diminui o tamanho dos monitores, e o
dade dos monitores e, assim, uma menor influncia
preo tambm... O que ideal para estdios menores.
do ambiente, a tendncia que a referncia sonora
seja consistente, independentemente da sala. Ento,
O contrapeso que monitores menores tm respostas de
se voc costuma utilizar muitos estdios diferentes,
frequncia limitadas, especialmente nos graves. Mas hoje
um par de monitores near-field so ideais, uma vez
em dia possvel encontrar monitores menores com boa
que podem proporcionar uma referncia familiar em
resposta de frequncia nos graves, ou ento acrescentar
qualquer lugar em que estiver trabalhando.
um subwoofer ao seu sistema para compensar (veja pr-
ATIVO OU PASSIVO?
Esta discusso longa e antiga, mas h algumas diferenas claras entre sistemas de monitorao ativos,
com amplificadores embutidos, e sistemas passivos,
que requerem um amplificador de potncia externo.
Os monitores ativos atualmente so mais baratos em
comparao ao preo dos monitores passivos somados de um amplificador. Tambm ocupam menos espao, e por isso so mais fceis de transportar. Em
sistemas ativos mais caros, os amplificadores internos
so desenhados especificamente para trabalhar com
o monitor, e alguns, inclusive, utilizam amplificadores
prprios para cada faixa de frequncias. Nos sistemas
mais baratos isso no necessariamente verdade, e
muitos dos amplificadores so de qualidade inferior,
podendo adicionar distoro e rudo (hum etc.).
Monitores passivos geralmente tm menos rudos e
permitem manter o amplificador de potncia distante
dos monitores, o que minimiza bastante a quantidade de rudo prximo ao ouvinte. Alm disso, poss-
Estdios modernos utilizam um sistema nearfield (A), e somente os estdios de grande
porte tm tambm um sistema de monitores
maiores que conseguem alcanar toda a
extenso de frequncias (B)
udio msica e tecnologia | 37
EM CASA
suBWooFErs
vel escolher o amplificador de potncia ao seu gosto,
compondo a sonoridade da forma que te agradar. No
entanto, isso tudo ocupa mais espao, pois o amplifica-
Se voc sentir que os seus monitores no tm um
dor em si ocupa bastante espao, mas, acima de tudo,
resposta boa suficiente nos graves para o tipo de
custa mais caro por ser um sistema de qualidade.
material que voc est trabalhando, possvel acrescentar um subwoofer ao seu sistema para compen-
Hoje em dia, a grande maioria dos estdios, espe-
sar. Os subwoofers trazem o benefcio de permitirem
cialmente os home studios, utilizam sistemas ativos.
utilizar monitores menores, diminuindo o espao ne-
A praticidade, o baixo custo e o tamanho compacto
cessrio. Porm, apesar das frequncias baixas se-
dos monitores ativos os tornam ideais para esses es-
rem menos direcionais, muitos no gostam da sepa-
tdios. Alm disso, a grande maioria dos monitores
rao dos graves e sentem uma certa desorientao
near-field modernos so ativos, e por isso ns iremos
em sistemas com subwoofers (eu sou um desses).
nos concentrar nos near-field e ativos, que so a es-
uma questo de gosto e costume.
colha nmero um dos home studios mundo afora.
Se voc optar por um sistema com subwoofer, o que
monitorEs Flat
tem se tornado cada vez mais popular, recomendvel utilizar um sistema com bass management,
Os monitores ideais de um estdio devem reproduzir
em que os graves so redirecionados ao subwoofer
toda a extenso de frequncias do espectro audvel (20-
e os mdios e agudos aos monitores. Isso garan-
20.000 Hz, mais ou menos), sem acentuar qualquer re-
te mais clareza no sistema, especialmente em salas
gio (o que chamado, na gria, de flat). Obviamente,
menores.
na realidade nenhum monitor perfeitamente flat.
importante lembrar que isso s vale para sistemas
Portanto, um bom par de monitores deve ser o mais
em estreo (2.0). Sistemas em surround necessitam
flat possvel, no acentuando e nem atenuando de-
sempre de subwoofers em sua configurao.
mais em nenhuma regio de frequncias. Isto importante porque se os monitores exagerarem em uma regio especfica de frequncias, voc tender a diminuir
essa mesma regio para compensar (e vice-versa).
Quando o mesmo material for reproduzido em outro
sistema que no tenha essa mesma deficincia na
resposta de frequncias , voc sentir falta dessas
frequncias, pois as ter diminudo em excesso, j que
as estava ouvindo em excesso nos seus monitores.
Ou seja, se os seus monitores acentuarem alguma regio de frequncias, a tendncia a de que a mixagem
(ou gravao) tenha uma deficincia nessas mesmas
regies. E se seus monitores tiverem uma deficincia
em alguma regio de frequncias, a tendncia que a
sua mixagem (ou gravao) tenha um excesso nessas
se voc sentir que os seus monitores no tm
um resposta boa o suficiente nos graves,
possvel acrescentar um subwoofer ao seu
sistema para compensar
38 | udio msica e tecnologia
mesmas regies, pois voc, para compensar, ir reforar essas frequncias na mixagem. Mas no precisa
desanimar, pois na verdade o mais importante voc
praticar e conhecer a sonoridade dos seus monitores.
udio msica e tecnologia | 39
em casa
APRENDA A OUVIR
OS SEUS MONITORES
Durante anos mundo afora, a caixa mais utilizada
como monitor em estdios era a NS-10, da Yamaha.
At uns dez anos atrs, em qualquer pas do mundo
era possvel ver aquelas caixinhas pretas, com woofer
branco, deitadas sobre o console do estdio (procure
na internet por fotos de estdio: garanto que a maioria ter um par de NS-10 sobre a mesa). Longe de
ser flat, na verdade a NS-10 no responde bem nos
graves. No entanto, por ser bastante adequada para
monitorao close-field, era possvel fazer mixagens
boas, e depois, por serem muito utilizadas, as pessoas
sabiam o que soava bem nas NS-10.
Se voc nunca tivesse trabalhado com a NS-10, provavelmente a sua mixagem teria excesso de graves,
para compensar a resposta de frequncia dos monitores. Mas conhecendo essas caractersticas, possvel utilizar praticamente qualquer monitor dentro de
um padro mnimo de qualidade. A moral da histria,
Durante anos mundo afora, o monitor mais
utilizado em estdios era o NS-10 da Yamaha
e, como podemos ver, sua resposta de
frequncias no flat
ento, que preciso ouvir bastante os seus monitores, ou qualquer monitor que voc for utilizar.
Quando vou trabalhar em estdios com os quais no
estou acostumado, sempre levo um CD (sim, eles
ainda existem!) que eu conheo muito bem (pois j
o escuto h mais de 20 anos!) para ouvir atravs do
sistema de monitorao. Se possvel, escuto o CD inteiro concentrando e analisando o som que chega aos
meus ouvidos, comparando com a sonoridade que eu
Portanto, independentemente do monitor que voc
escolher para o seu estdio, o mais importante estudar a sonoridade e aprender a ouvir os seus monitores. Ento, no desanime, pois voc no precisa
gastar dezenas de milhares de reais em um monitor
tenho na memria. Com isso, possvel aprender
para poder fazer um bom trabalho... Mas tambm
a ouvir as diferenas e imperfeies de um moni-
no vai dar pra gastar s dezenas de reais.
tor e acostumar o seu ouvido com as caractersticas
de um sistema de monitorao. similar ideia de
Na prxima edio vamos continuar falando sobre
utilizar um CD de referncia em uma mixagem para
monitores, conhecendo mais sobre eles e aprenden-
comparar com a sua mixagem. necessrio, porm,
do a interpretar algumas especificaes.
utilizar um lbum que voc conhea bem e que tenha
uma qualidade boa. No use MP3, pois a definio
Ms que vem tem mais...
e resposta de frequncia j estaro comprometidos.
At l!
Lucas Ramos tricolor de corao, engenheiro de udio, produtor musical e professor do IATEC. Formado em Engenharia de udio pela SAE (School
of Audio Engineering), dispe de certificaes oficiais como Pro Tools Certified Operator, Apple Logic Certified Trainer e Ableton Live Certified Trainer.
E-mail: [email protected]
40 | udio msica e tecnologia
udio msica e tecnologia | 41
GRAvAO
fbio Henriques
TCNICAS DE MICROFONAO
COMO LER ESPECIFICAES (PARTE 2)
DIAGRAMAS POLARES
Podemos reparar, olhando para a metade esquerda, que
partindo de 1 kHz, onde o comportamento cardioide
tpico, medida que nos deslocamos em direo aos
Prosseguindo em nossa investigao sobre as especificaes
graves o microfone se torna cada vez mais omni. Ou
de microfones, vamos ver outro item muito importante: os
seja, quanto mais grave a fonte, maior a tendncia a um
diagramas polares, que, ao lado dos grficos de resposta
comportamento omnidirecional. No lado direito podemos
em frequncia, so os mais importantes para conhecermos
ver que medida que subimos na frequncia temos um
e sabermos o que esperar de determinado microfone.
comportamento cada vez mais supercardioide, e com um
aumento considervel na sensibilidade lateral.
Lembrando o que j vimos aqui anteriormente, um diagrama polar a representao visual da sensibilidade do
No caso extremo de 16 kHz, porm, o microfone se torna
microfone de acordo com o ngulo de incidncia da fon-
extremamente direcional frente, como se pode observar
te sonora. Em portugus claro, ele nos permite saber se
pela linha pontilhada. Este comportamento tanto nos gra-
um microfone capta bem ou mal o som vindo de alguma
ves quanto nos agudos bastante comum, e tem a ver com
direo. O grfico montado usando uma fonte sonora
os comprimentos de onda envolvidos e com a construo
senoidal em uma certa frequncia e girando a mesma em
fsica/eltrica do microfone. interessante notar como no
torno do microfone, anotando o valor da intensidade de
caso omni e no caso bidirecional a influncia da frequncia
sada a cada ngulo (na verdade, a coisa feita de um
bem menor, principalmente nos graves.
jeito um pouco mais inteligente, pois se mantm a fonte
fixa e se gira o microfone).Podemos observar um exemplo
Na gura 2 podemos ver o diagrama do DPA 4017, um
real na gura 1, do Neumann U87.
microfone tipo shotgun. Neste exemplo vemos as irregularidades no comportamento das curvas, que so tpicas de
A primeira coisa que podemos notar que o comportamen-
microfones com esta funo. Em nome de se privilegiar a
to do diagrama polar deste microfone (e de qualquer outro)
direcionalidade, perde-se um pouco na uniformidade de ga-
depende da frequncia. Ento, para economizar espao, e
nho ao longo de cada curva. Mais uma vez, este comporta-
partindo do pressuposto de que a sensibilidade do microfone
mento comum nos shotguns, que so usados basicamente
simtrica em relao ao plano perpendicular ao diafragma
para captao de cinema, TV e broadcast.
(ou seja, a mesma esquerda e direita), cada metade
do grfico usada para se traar um grupo de curvas. O tipo
Da mesma forma que nos grficos de resposta em frequncia,
de linha identifica cada frequncia usada no teste.
estes
42 | udio msica e tecnologia
diagramas
devem
ser
interpretados
como
uma
aproximao. No muito produtivo ficar no estdio tentando,
por exemplo, posicionar uma fonte sonora exatamente a 42
do eixo frontal para se obter exatamente 6 dB de atenuao
com um certo microfone. Porm, os diagramas polares podem
ser bem teis em diversas situaes. Por exemplo, podemos
optar por usar retornos de palco posicionados em 120 e 240
ao usar um microfone supercardioide na voz, e apenas um
retorno a 180 se o microfone cardioide.
EQUIvALENT NOISE LEvEL
(SELF-NOISE)
a medida do rudo produzido pelo prprio microfone,
quando no incide sobre ele nenhum som. um parmetro importante, pois se a fonte a ser gravada possuir baixo
volume, o self-noise pode comear a ser audvel. Assim,
quanto menor o self-noise, melhor. Ele tambm serve como
o valor mnimo usado no clculo da faixa dinmica.
Ao se comparar dois microfones, deve-se prestar muita
ateno ao mtodo de medida que foi usado no clculo deste parmetro. Dois mtodos so os basicamente usados:
Medida em dBA usam como referncia o mnimo da audio
FIGURA 2
humana, usando uma curva de ponderao A, que resulta
em uma medida de rudos que se aproxima da sensibilidade
humana. Como esta ponderao d menos importncia aos
graves, os valores obtidos so menores que na medida abaixo. Valores abaixo de 15 dBA so considerados muito bons.
Medida pela norma CCIR 468-3 ou equivalente como
apresenta uma ponderao diferente da A, d resultados
mais elevados (aproximadamente 11 dB acima). Assim, podem ser considerados muito bons os valores de 25 a 30 dB.
Como os microfones dinmicos no possuem circuitos
eletrnicos em seu interior (apenas componentes passivos), no faz sentido a medio deste parmetro, pois daria sempre 0. No devemos nos entusiasmar muito, pois
a ausncia de self-noise acaba compensada pela menor
sensibilidade, como veremos adiante.
As vlvulas so muito mais ruidosas no funcionamento que
os transistores, e, por isso, os microfones valvulados normalmente possuem valores de self-noise maiores. Isto pode
ser observado na tabela da prxima pgina.
SENSIBILIDADE
Expressa a capacidade do microfone de converter energia
acstica em eletricidade (presso acstica em tenso eltrica). Obtm-se submetendo o microfone a um certo nvel
de presso acstica e medindo-se a tenso eltrica que ele
entrega. Valores maiores de sensibilidade indicam que ser
FIGURA 1
udio msica e tecnologia | 43
Gravao
necessria menor amplificao para se chegar ao resultado.
estaro acontecendo. Por exemplo, o mximo SPL terico
Normalmente, encontramos a medida em mV/Pa (milivolts
de um SM58 seria de 180 dB. Se levarmos em conta que o
por Pascal, que a unidade de presso), em 1 kHz. Pode-se
de um avio a jato decolando por volta de uns 150 dB...
observar na tabela a seguir que, embora os microfones di-
FAIXA DINMICA
nmicos no possuam self-noise, possuem uma sensibilidade bem mais baixa. Isso faz com que precisemos amplificar
mais para se obter o mesmo volume, o que acaba facili-
chamada de faixa dinmica a diferena entre o mnimo e o
tando a amplificao de rudos de induo eletromagntica.
mximo valores de nvel que um dispositivo permite. Usando os valores acima podemos calcular a faixa dinmica do
MXIMO SPL
microfone como sendo o mximo SPL menos o self-noise.
RELAO SINAL/RUDO
(S/N RATIO)
um parmetro importante para avaliarmos se ser possvel usar um certo microfone em situaes de altos volumes
de captao, como na microfonao prxima de bateria. Ele
mede o valor de presso sonora (SPL) que produz uma certa
a medida da diferena entre um valor padro (94 dB
Distoro Harmnica Total (THD). O valor tpico desta distor-
SPL = 1Pa) e o self-noise.
o nas medidas 0,5%, que mensurvel, mas no audvel. Alguns usam a medida para 3% THD, que resulta em valo-
IMPEDNCIA
res mais altos. Pode ser tambm especificado o valor mximo
antes do clipping (peak), o que tambm vai dar resultados
mais altos. Em resumo, quanto mais alto o valor, melhor, mas
Sem nos alongarmos muito neste assunto, sobre o qual falare-
com a ressalva de se levar em conta o mtodo da medida.
mos detalhadamente em breve, normalmente, quanto menor
este valor, melhor. Os valores tpicos esto na casa dos 100 a
Da mesma forma que no self-noise, no faz muito sentido
200 ohms. A situao desejvel que a impedncia de entra-
se falar de mximo SPL em um microfone dinmico porque
da do pr-amplificador seja dez vezes maior que a impedncia
no h componentes eletrnicos, e este mximo teorica-
de sada do microfone. Nos casos de prs com impedncia de
mente se daria quando a bobina chegar a bater no encapsu-
entrada varivel, vale a pena tentar diferentes valores, pois
lamento, e provavelmente coisas muito piores que distoro
cada um impe uma certa colorao ao som obtido.
Neumann
U87
AKG C12
DPA4041
Shure SM58
Tipo
Transistor
Vlvula
Transistor
Dinmico
Self-noise
(dBA)
13
22
Sensibilidade (mV/Pa,
1kHz)
28
10
90
1,85
Mx. SPL
(dB)
117 (0,5%
THD)
128 (3%
THD)
126 (1%
THD)
Faixa dinmica (dB)
105
106
119
Fbio Henriques engenheiro eletrnico e de gravao e autor dos Guias de Mixagem 1, 2 e 3, lanados pela
editora Msica & Tecnologia. responsvel pelos produtos da gravadora Cano Nova, onde atua como
engenheiro de gravao e mixagem e produtor musical.
44 | udio msica e tecnologia
udio msica e tecnologia | 45
SONORIZAO |
fernando Barros
F NO SOM
as difiCuldades e solues enContradas na
sonoriZao das iGreJas brasileiras
onsiderado um pas religioso, principalmente no que diz respeito f
crist, o Brasil ainda no se tornou referncia na sonorizao de templos.
Para que nossos leitores saibam mais sobre o tema, a AM&T entrevistou
tcnicos especialistas na rea, e estes apontaram as deficincias e as
possveis sadas para os problemas, alm de apresentarem exemplos de bons projetos de sonorizao de igrejas.
Se o Brasil ainda no tem uma tradio em sonorizao de espaos religiosos,
possvel afirmar que as dificuldades encontradas pelos tcnicos especializados giram, principalmente, em torno da inadequao acstica das salas. Em sua maioria,
Novinho
os templos modernos so adaptaes de prdios que foram construdos com outras
finalidades. Nestes ambientes, geralmente em forma de paraleleppedo, h sempre
srios problemas de inteligibilidade, aponta o tcnico de udio David Fernandes, que
desde 1995 atua em treinamento e consultoria, tendo desenvolvido projetos de udio
para diversas igrejas.
O tcnico Aldemir Borges, o Novinho, dono de uma empresa de sonorizao que leva o seu
nome (ou melhor, seu apelido) e que j realizou trabalhos em diversas igrejas, acrescenta
que nem sempre os lderes religiosos esto dispostos a investir no tratamento acstico
destes espaos. Muitas vezes querem que a soluo seja obtida apenas com a aquisio
de equipamentos, afirma. Para ele, os grandes erros encontrados em projetos de templos
so a escolha de equipamentos inadequados, posicionamento errado de caixas de som,
promessas de solues incompatveis com os valores investidos e falta de treinamento.
muito comum as igrejas comprarem compressores e processadores de efeito sem que
algum saiba, de fato, como us-los, completa David.
J o tcnico Vladimir Ganzerla, que possui vasta experincia em operao de som, j tendo
trabalhado com nomes como Martinho da Vila e o grupo Canto Livre, e que hoje atua na empresa Teleponto como especialista tcnico da Electro-Voice, afirma: comum a falta de um
projeto eletroacstico, e as instalaes so realizadas sem qualquer noo de acoplamento
e alinhamento do sistema.
Ele destaca ainda que a reverberao interna, juntamente com o coeficiente de absoro
usados nos materiais de acabamento, podem ser pontos negativos para um som inteligvel. H uma preocupao esttica que muitas vezes compromete a funcionalidade do
sistema. Colunas so colocadas em lugares errados, o p direito muitas vezes baixo,
falta revestimento na acstica... Nem as poltronas so escolhidas levando-se em conta o
ambiente, complementa Novinho.
O SOM NO PAS DA F
David Fernandes avalia que h uma evoluo incipiente na qualidade da sonorizao de
templos no pas. Algumas igrejas j entenderam a necessidade de melhorar este quesito,
mas a maioria no. Acredito que as igrejas precisam investir na capacitao dos tcnicos
voluntrios antes de gastar dinheiro com a aquisio de equipamentos. No adianta ter
uma Ferrari se voc no sabe dirigir.
Novinho aponta que j existe uma grande procura por profissionais do ramo durante a
elaborao de projetos de edificao. Muitas igrejas j decidem, durante a concepo
do projeto do local, o melhor sistema de som para aquele modelo de construo. Dessa
udio msica e tecnologia | 47
Novinho
SONORIZAO
Comunidade Crist Ministrio
Vida: equipe tcnica recebeu
treinamento completo
ver certos problemas. Quando nos chamam para resolver este tipo de questo,
adequamos o equipamento j comprado
s nossas solues. Inevitavelmente, a
igreja ir gastar mais dinheiro para adequar o equipamento, mas na maioria das
vezes obtm um bom resultado.
No caso de templos antigos com valor artstico e histrico, o tcnico afirma que
necessrio ter cuidado para que o equipamento no fique aparente e no interfira
na arquitetura original. Para isso, devemos utilizar sonofletores em locais distinforma, pode-se obter um resultado muito satisfatrio. Os lderes
tos e com uma medio de tempos de delay feitas previamente,
de igrejas hoje esto mais antenados ao assunto, visitam outros
gerando, assim, uma boa e agradvel qualidade de udio, sem que
templos para ter referncia, destaca ele, acrescentando que, em
notem seu ponto de origem.
muitos casos, tentam-se resolver problemas de sonorizao com
a troca de equipamentos. Mas no h milagres nessa rea.
SOM BATISTA
importante ter uma boa relao com os lideres de igreja e firmeza
ao apresentar um projeto, pois a igreja investir uma quantia con-
David Fernandes explica que as igrejas evanglicas tm por ca-
sidervel e aguardar um resultado satisfatrio, pontua Novinho.
racterstica a variedade do programa de um culto, onde h msica mecnica, msica congregacional, banda com instrumentos
Para Vladimir, os lderes das igrejas vm compreendendo a ne-
eletrnicos, orquestra com cordas e sopros, coral, teatro, entre
cessidade de se ter uma boa sonorizao dentro de seu templo,
outras formas de expresso. Levamos tudo isso em considerao
j que por meio do som que h a disseminao da palavra
na hora de pensar os projetos de acstica e udio, afirma.
pregada, seja por meio de palestras ou de msicas. A relao
A Primeira Igreja Batista em Itaparica (PIBI), em Vila Velha,
tamos um pr-projeto e explicamos todas as necessidades e
Esprito Santo, com capacidade para 450 pessoas, contou com
tambm as dificuldades. Geralmente somos bem sucedidos e
projeto acstico de David Distler e sonorizao do prprio Da-
compreendidos, diz ele.
vid. Na primeira etapa, optamos por baixar o SPL no palco,
UMA LUZ NO
FIM DO TNEL
Para David, a soluo da sonorizao
de templos comea na mudana da
mentalidade dos envolvidos. muito
difcil, d trabalho e leva tempo. Levar
informao s lideranas de igrejas e
aos seus tcnicos fundamental. Tenho atuado nisso h vrios anos e ainda no notei uma mudana favorvel.
Mas continuo insistindo.
Vladimir acredita que depois de uma
sonorizao feita sem a consulta prvia a um especialista, fica difcil resol-
Da esquerda para a direita,
a equipe de som da Primeira
Igreja Batista em Itaparica
(PIBI): Edson Ramos, Karlus
Victor, Paulo Veronez, David
Fernandes e Roberto Izoton
Acervo pessoal
com os lderes tem que ser totalmente profissional. Apresen-
SONORIZAO
porque era o mais emergencial. Adotamos a monitorao por fones de ouvido
e bateria eletrnica. No passo seguinte, procuramos caixas que tivessem
um ngulo de cobertura mais estreito e
colocamos difusores policilndricos nos
locais onde provavelmente haveria reflexes, explica David.
to da sala, foi instalado um sistema convencional da FZ udio, modelos 102HPA
e sub18A. As caixas foram dispostas em
dois clusters suspensos com duas 102HPA
David fernandes
Considerando o p direito e o comprimen-
em cada um. O sub foi embutido no centro do palco. A escolha do sistema foi
baseada nos ngulos de cobertura mais
estreitos das caixas (60 H x 60 V) e
Os consoles digitais ganham
destaque nas igrejas, como o
Roland M-400 na PIBI
nos recursos de gerenciamento via rede,
ressaltou. O console usado o Roland V-Mixer M-400, tanto para
100, uma direct box ativa Samson S-Direct, uma direct box passiva
operao de PA quanto monitorao, com dois multicabos digitais
Behringer DI600 e uma bateria Roland V-Drums TD-12KX.
S-1608, que limitam o nmero de canais a 40, em vez dos 48 originais da mesa. A operao de monitor feita utilizando o software
O kit bsico de microfones Audio-Technica composto por um
M-400 Remote Control instalado em um notebook.
MB 1k para vocal, MB 2k para o amplificador de guitarra e trs
MB 3k usados nos backing vocals, todos dinmicos. Temos
Os msicos utilizam nove fones de ouvido Koss Porta Pro com am-
tambm um sistema sem fio ATW-2120, que usado pelos pre-
plificadores Behringer PowerPlay HA4700. J os vocalistas contam
letores, alm de alguns antigos da JTS e Leson, que so usados
com monitores amplificados Oneal OPM620. Para tentar preservar
em programaes que exigem mais microfones, completa. A
o timbre da guitarra sem aumentar o volume no palco, colocamos
Pentacstica tambm est presente, com o EQ-3002 e dois ge-
o amplificador de guitarra Line 6 numa sala fechada fora do local
renciadores de energia: PC-8000 e PC-9003.
de culto e o microfonamos com um AT MB 2k. Enviamos, ento, o
sinal do amplificador captado para o PA e para o fone do guitarrista,
David, juntamente com a Sonora Audio Pro e o Fa udio, tambm
revela. Outros elementos de palco incluem: duas direct boxes ativas
realizou um trabalho de adequao de sistema para a Segunda Igre-
Behringer DI-100, uma direct box ativa para guitarra Behringer GI-
ja Batista de So Mateus. A ideia aqui foi diminuir sensivelmente
Divulgao
o volume no interior da sala, incluindo o palco, para que a inteligibilidade
melhorasse, j que intervenes na
acstica do templo s devero ser feitas em 2013 ou 2014, afirmou. Com
capacidade para mil pessoas sentadas
em um longo salo de 40 x 12 m, a
igreja possua problemas de reflexo
e ondas estacionrias. O tempo de
reverberao beira a casa dos seis segundos, enfatiza.
No sistema foram usadas seis caixas
Bose MA-12, sendo duas de cada lado
Agnelito Silva, responsvel
tcnico da Comunidade
Crist Ministrio Vida, e
Novinho, dono da empresa
que sonorizou o espao: mesa
digital Yamaha 01V96VCM no
lugar de uma Behringer 2442
Line arrays Staner so utilizados na
Comunidade Crist Ministrio Vida
do palco e mais duas alinhadas em delay na metade do
comprimento da sala, duas caixas de grave MB-24, trs amplificadores Lexsen, um console Roland V-Mixer M-400 e um
gerenciador de energia Pentacstica PC-4000. O sistema de
monitorao possui um HearBack, da Hear Technologies,
PowerClick, e fones de ouvido Koss PortaPro e Mr Mix, alm
O kit de microfones formado por seis dinmicos cardioides AT MB 3k para o backing vocal, e dois sistemas
Novinho
de monitores Bose M-310.
sem fio Shure PGX com cpsula SM-58 para o lead vocal
e preletor. Colocamos tambm dois mics AT MB 4k, que um
dbx 260. A monitorao do ministrio composta por duas caixas
condensador cardioide, para captar o piano: um mic sobre as
JBL JRX112M, enquanto a dos msicos utilizam um sistema Power-
cordas agudas e outro sobre as graves. O resultado foi uma
play Behringer de oito canais com fones Porta Pro Koss. J o baterista
sonoridade robusta e detalhada, avalia o tcnico.
usa Power Click Db 05 com fone Shure SE215, de melhor vedao. A
MESAS DIGITAIS GANHAM ESPAO
Kadosh ficou responsvel pelos microfones: um kit K-8 para bateria,
seis microfones para vocal K-98 e um sistema sem fio UHF K581.
Aldemir Borges Novinho e sua empresa foram responsveis pela so-
A mesa digital Yamaha 01V96VCM veio substituir a antiga Behrin-
norizao da Comunidade Crist Ministrio Vida, localizada em Novo
ger 2442. Ela tem uma grande quantidade de auxiliares e outros
Gama, Gois. O espao comporta 800 pessoas. O sistema escolhido
recursos, como salvar cenas para o uso de grupos diferente de
foi um line array Staner formado por trs caixas LA 2811 ativas e pro-
louvor, equalizadores paramtricos, compressores, gates e efeitos.
cessadas em cada lado, um subgrave SB-4000P e um processador
Foi oferecido um treinamento para dois membros da igreja que
SONORIZAO
cuidam do novo sistema de som, explica Novinho. O responsvel
jetado pelo arquiteto Ruy Ohtake. Localizado em um terreno de 30
tcnico da igreja Agnelito Silva.
mil metros quadrados, o espao, quando concludo, ter capacidade
para 100 mil fiis, sendo 25 mil na rea interna e 75 mil na rea ex-
O SANTURIO EM CONSTRUO
terna. O altar tem cerca de cinco metros de altura e 20 de extenso.
Sero colocados teles na parte externa para que as pessoas que
Vladimir Ganzerla e seus colegas da equipe Audio Premier, composta
esto mais distantes do altar possam acompanhar as celebraes.
por Valdinei Jab, Amauri Souza e Kadu Melo, realizaram o projeto
da Igreja Batista de gua Branca, So Paulo, com capacidade para
Segundo Vladimir, todo o equipamento j est comprado e apenas
duas mil pessoas sentadas. Usei o software LAPS II para realizar as
aguarda a instalao, que deve ser iniciada em breve. O sistema de
predilees do local com os equipamentos. A sonorizao foi pensada
line array principal escolhido foi novamente Electro-Voice. So 36
para a execuo de bandas com destaque para a voz. A acstica no
XLD291, 32 subwoofers QRX218, quatro subwoofers areos XCS312,
foi problema, pois o salo de cultos uma lona de circo, explicou.
dez delays XI1082, dez front fill EVA 2082S/920, 12 PX2122 para sonorizao da rea externa, quatro processadores N8000 NETMax, 43
O sistema de PA instalado foi o line array EVA-2082S Electro-Voice
amplificadores CPS2.12MKII e 11 CPS2.4MKII, alm de 59 interfaces
com seis caixas EVA-2082s/126, duas EVA-2082s/1220, quatro
RCM810 para a superviso dos amplificadores.
subwoofers TX2181, quatro delay ZX5, e quatro XI-1082 de front
fill. A amplificao ficou por conta de quatro CPS 2.12 no PA, um
Para o Padre Marcelo Rossi e Dom Fernando foram escolhidos
CPS 4.10 nos monitores e um CPS4.5 no front fill. A monitorao
microfones sem fio Shure UR4D com cpsula 87A. Para convi-
da banda feita atravs de fones com sistema Powerplay Behrin-
dados, a opo foi pelo modelo Sennheiser EM 2050 sem fio,
ger, alm de quatro monitores Yamaha BR15M.
com transmissores UHF basto com cpsulas SKM 2000 BKCW,
e Sennheiser E945 para vocal. A bateria ter microfones Sen-
Para a microfonao, so usados DPA d:fine, Countryman com
nheiser E902 no bumbo, trs E604 para caixa e tons, E614 para
transmisso Shure, alm de dois kits Beyerdynamic Opus88, qua-
chimbal e over, alm de dois E609 Silver para guitarra. A moni-
tro Opus89, dois AKG C1000 e seis Superlux H08. Os consoles
torao ser feita por 10 XW12A e oito XW15A da Electro-Voice.
utilizados so os conhecidos Yamaha LS9, expandidos para 48 canais para o PA, e o 01V para monitor. No entanto, os tcnicos esto
Tanto o PA quanto a transmisso para TV e internet sero feitas
agendados para testarem a nova GLD80, da Allen & Heath, revela.
por duas Midas PRO3 com 48 canais de entrada e 16 sadas
cada uma. J a monitorao ficar a cargo de uma Midas PRO6
A Audio Premier tambm est frente do projeto de sonorizao
com 56 canais de entrada e 32 sadas. Todas interligadas digital
do Santurio Theotokos Me de Deus, em Santo Amaro (SP), pro-
e analogicamente atravs do Mic Splitter DL431, da Midas.
vladimir Ganzerla
Interior e rea externa do Santurio
Theotokos Me de Deus, em fase final de
construo: espao, que poder receber 100 mil
fiis, ter sistema de line array Electro-Voice
udio msica e tecnologia | 53
SONORIZAO
A NECESSIDADE DE UM PROJETO
por Miguel Ratton
A concepo de um sistema de sonorizao no uma tarefa intuitiva e,
nicipais sobre conforto ambiental que estabelecem critrios de nveis de
portanto, no pode ser realizada por sentimento. Assim como na maio-
rudo urbano, algumas das quais com clusulas especficas em relao a
ria das atividades tcnicas, o resultado obtido vai depender diretamente
templos religiosos. Portanto, o primeiro aspecto que deve ser levado em
de um planejamento prvio. Lembro-me de um catlogo de produtos de
considerao o controle do nvel sonoro para o exterior.
uma grande empresa internacional de udio que ensinava a dimensionar
um sistema a partir do critrio 1 W por pessoa. Se fosse to simples as-
Ainda na etapa de concepo, so verificadas as alternativas para a locali-
sim, todo sistema funcionaria maravilhosamente bem e a um custo muito
zao das caixas acsticas, as necessidades operacionais do sistema quan-
baixo. Mas no existem milagres, pelo menos na engenharia de udio.
to quantidade de msicos, cantores, celebrantes, a disponibilidade de espao para o console de mixagem etc. Ao mesmo tempo, so apresentadas
A rigor, a concepo de um sistema de sonorizao comea pela avalia-
as opes de produtos existentes no mercado que podem atender a essas
o e eventual interveno das condies acsticas do local onde ele
necessidades. Uma vez estabelecidas as premissas com o representante
vai ser implantado. Em muitos casos, esta uma questo bastante cr-
da igreja, desenvolvido um projeto e, a partir dos requisitos de nvel e
tica, pois diversas igrejas so construdas em espaos do tipo galpo e,
cobertura sonoros, so ento definidos os tipos de caixas acsticas, caixas
por outro lado, as igrejas antigas tm concepes arquitetnicas acus-
de subgraves, amplificao e demais componentes do sistema.
ticamente inadequadas, tais como paredes e pisos lisos, abbadas etc.
A documentao do projeto fundamental, pois contm especificaes
A parte financeira outra questo crtica. Muitas vezes no faltam recur-
detalhadas de equipamentos, caixas, cabos, as plantas com a locali-
sos para o calamento e a iluminao do estacionamento da igreja, mas o
zao desses equipamentos, o caminhamento de cabos, os diagramas
sistema de som que sofre as limitaes de oramento. O mesmo acon-
de conexes etc. Esta documentao tambm apresenta um relatrio
tece com a decorao interna, de tal maneira que um investimento alto
tcnico com os critrios adotados para a definio do sistema. Um pro-
em poltronas confortveis pode ser menos questionado do que o custo
jeto desta natureza oferece todas as informaes necessrias para se
de consoles, amplificadores e caixas acsticas. Felizmente, o quadro tem
implantar o sistema e permite otimizar o desempenho, dando uma ideia
mudado, e os dirigentes das instituies esto cada vez mais conscientes
precisa dos custos e minimizando os problemas de montagem e instala-
da importncia da qualidade e da confiabilidade do sistema de som.
o. importante ressaltar que o custo de um projeto dificilmente passa
de 10% do investimento total feito nos sistemas de udio. No entanto,
Nos projetos que participo, sempre adotamos etapas, que vo evoluin-
a implantao de um sistema sem projeto pode fazer com que os custos
do em complexidade e detalhamento. A concepo dos sistemas e sua
sejam maiores, sem que haja garantia de bom desempenho.
operacionalidade so definidas em conjunto com um representante da
igreja, geralmente algum envolvido com a operao do udio. Na fase
Em igrejas novas, um dos problemas comuns que o projeto do sis-
inicial, se o local j est em uso, so efetuadas medies acsticas para
tema de udio s contratado quando o projeto arquitetnico j est
determinar o que necessrio ser feito para adequar o ambiente. Se
concludo, s vezes com a construo civil j em fase final, o que limita
a igreja ainda est na fase de projeto, ou mesmo em construo, so
a concepo do sistema em termos de localizao e posicionamento de
feitas recomendaes quanto ao isolamento e ao tratamento acstico.
caixas, house mix e equipamentos, alm de dificultar as passagens de
importante observar que, na maioria das cidades brasileiras, h leis mu-
cabos e a otimizao dos pontos de alimentao eltrica. No raro
Miguel Ratton
encontrarmos teatros e igrejas em que os equipamentos de udio ficaram no nico espao que sobrou, sem as condies adequadas para sua
instalao. O ideal que o projeto arquitetnico seja desenvolvido em
conjunto com os projetos de acstica e de sonorizao.
Na minha opinio, preciso que haja um empenho maior dos profissionais de udio para que sejam criadas normas especficas de mbito nacional para instalaes de udio, a exemplo do que j existe em outras
reas tcnicas. curioso que, embora um sistema de sonorizao envolva a manipulao de eletricidade em nveis de potncia significativos,
no se costuma dar a ele a mesma importncia destinada s instalaes
eltricas em geral. No congresso da AES de 2009 apresentei uma proposta de norma tcnica para ser discutida pela seo brasileira daquela
entidade e estabelecer uma regulamentao apropriada no segmento
de udio. Esta proposta pode ser obtida no endereo www.informus.
Uma cena comum em igrejas e teatros:
equipamentos de udio instalados no nico
lugar disponvel, de maneira inadequada
54 | udio msica e tecnologia
com.br/ftp/Recomend_para_inst_de_audio.pdf.
Miguel Ratton editor tcnico da AM&T
udio msica e tecnologia | 55
Rodrigo Sabatinelli
Glucio Ayala
Capa |
56 | udio msica e tecnologia
Era uma vez
uma casa no meio
do mato...
Por dentro do Casa do Mato, estdio que uma
verdadeira fbrica de sucessos
ense em uma casa super confortvel, localizada
Convidada por Dan e Sussekind, nossa equipe passou
no meio de uma floresta no alto da Gvea, bair-
uma tarde no local. Caminhando por entre rvores e salas
ro nobre da Zona Sul do Rio de Janeiro. Do lado
de gravao, o quinteto de scios contou um pouco sobre
de fora dela, ilustres moradores, como esquilos,
a histria do estdio, fundado em 2006 para atender a
tucanos e miquinhos promovem uma sinfonia para l de
uma demanda de mercado: a mixagem em 5.1. E entre
natural, enquanto dentro de suas salas grandes artistas,
doses de caf bem passado outra especialidade da casa
instrumentistas e produtores trabalham pesado na produ-
, descobrimos que o sucesso obtido at ento ainda
o de um sem nmero de CDs e DVDs de sucesso. Esta-
pouco perto do desejo de quem vive e respira msica e,
mos falando do Casa do Mato, estdio de gravao que em
claro, ar puro 24 horas por dia.
2011 recebeu o ttulo de melhor estdio de gravao do
Brasil pelo Prmio de udio, promovido pela AES.
ESTDIO B UM DIA FOI A
Com duas salas de gravao e mixagem em 5.1, o local,
Projetada em 2005 pelo engenheiro Ricardo Mizutani, a sala
administrado pelo produtor musical Marcelo Sussekind,
que hoje chamada de Estdio B por muito tempo foi a
o engenheiro de gravao e mixagem Ronaldo Lima, o
nica do Casa do Mato. E no perodo em que reinou abso-
engenheiro e produtor Dan Sebastian, o engenheiro Edu-
luta, abrigou importantes produes, de artistas de renome
ardo Dudu Botelho e o gerente de projetos Dany Le-
nacional e internacional. Em 2006, por exemplo, o cantor
vkovits, tem crescido a cada dia. Tanto que, hoje, alm
Santiago Cruz e a cantora Ana Carolina passaram por l,
dos projetos musicais realizados em seus ambientes, o
respectivamente com os trabalhos Sentidos e Estampado.
espao sedia a diviso carioca da Play It Again Sound
Production, produtora paulista especializada em jingles e
No ano seguinte, Ana voltou ao estdio para gravar Dois
spots que atende ao mercado de televiso, tendo como
Quartos, e Danni Carlos, outra cantora pop, produziu seu
clientes os canais Multishow, GNT, Globo, ESPN e Record.
Msica Nova. O ano de 2008 tambm foi para l de positi-
udio msica e tecnologia | 57
O Casa do Mato
, literalmente,
uma casa no meio
do mato: estdio
alia conforto e
comodidade no
meio da natureza
Glucio Ayala
Capa
vo para a sala, que teve, pela primeira vez, passagens de
disco The World As I See It, lembra Ronaldo, dando a
ningum menos que Milton Nascimento, que gravou o CD
palavra a Sussekind.
Belmondo; alm do Padre Fbio de Melo, que finalizou no
local o DVD Eu e o Tempo, e do grupo Capital Inicial, que
interessante, hoje, olharmos para trs e percebermos
tambm finalizou um DVD, Em Braslia Multishow.
que muitos dos projetos que obtiveram sucesso nas rdios, nessa poca, saram daqui, dessa salinha. Comea-
Em 2009 tambm tivemos projetos bem interessantes,
mos o negcio para atender a uma demanda do mercado,
como os de Vander Lee [Faro], Leila Pinheiro [Ao Vivo]
a finalizao de projetos em 5.1, mas a coisa foi cres-
e Detonautas [Acstico MTV], provando que estvamos
cendo e, com o tempo, percebemos que havamos nos
no caminho certo. Em 2010, a coisa seguiu no mesmo
tornado muito mais que isso, emenda o produtor, acres-
ritmo, com trabalhos de artistas como Fino Coletivo [Co-
centando que, no local, foram finalizados, ainda, DVDs
pacabana], Milton [E a Gente Sonhando], que voltou
dos cantores Tim Maia [In Concert, de 2006] e Wander-
casa, e Jason Mraz, que gravou uma das faixas de seu
lia [Wanderlia, de 2008] e dos grupos Engenheiros Do
Glucio Ayala
Glucio Ayala
Na sequncia, detalhes da tcnica e da sala de gravao
do Estdio B, que, antes da construo da nova sala, era o
principal ambiente do Casa do Mato
Hawaii [MTV Ao Vivo, de 2007], Baro Vermelho [Box
outras verses do software no tm. Eu e Dan a usamos
MTV Baro Vermelho, de 2006] e Monobloco [Ao Vivo, de
para gravar, j o Dudu [Eduardo] prefere a 9. No fun-
2006], entre muitos outros.
do, questo de gosto mesmo, porque, naturalmente,
cada uma conta com suas particularidades e isso acaba
Passei seis meses trabalhando nesse projeto do Tim
atraindo a um e no a outro engenheiro ou produtor,
[Maia]. Foi um projeto que corri muito atrs para rea-
completa Sussekind.
lizar. Busquei o material na Globo, restaurei e finalizei
ESTDIO A:
A NOVA E IMPONENTE SALA
tudo aqui. Trabalhei anos com o Tim e tinha vontade de
eternizar algum de seus shows. Confesso que, durante as
sesses de mixagem, sempre que ia finalizar uma msi-
Apesar do pouco tempo de funcionamento apenas um ano
tar desse grave todo!. Ele dizia que embolava o som,
, o Estdio A tambm j abrigou importantes projetos,
diverte-se Ronaldo.
dentre eles os trabalhos das cantoras Ana Carolina e Isa-
Glucio Ayala
Glucio Ayala
ca, pensava: poxa, se o Tim estivesse vivo, no ia gos-
A nova tcnica e a sala de gravao do estdio: ambientes amplos
Dan Sebastian conta que alguns dos trabalhos realizados
bella Taviani, respectivamente Ensaio de Cores e Eu Raio
na sala foram registrados em um setup composto de um
X, e das bandas Jota Quest [Folia e Caos], Capital Inicial
Pro Tools 6.9., uma controladora Control 24, da AVID, um
e Skank [Rock In Rio 2012]. Segundo Ronaldo Lima, antes
sistema de monitorao em 5.1, da Dynaudio, e processa-
mesmo da construo da sala a equipe do Casa do Mato
dores externos de marcas como Avalon, Universal Audio
entendia que, independentemente de o antigo estdio es-
e ATI. De acordo com o scio, a migrao para verses
tar funcionando muito bem, atendendo ao primeiro time da
mais modernas do software [Pro Tools] foi feita gradati-
msica brasileira, era preciso ter um ambiente de grande
vamente. Hoje, a sala opera com a verso 9, mas eu,
porte, no qual fosse possvel, por exemplo, gravar um quar-
especialmente, sou f da verso 7, afirma.
teto de cordas, um piano ou uma bateria maior.
Tambm gosto muito da verso 7. No sei exatamente
No Mega, enquanto fui funcionrio, gravei muita gente
o porqu, mas acho que tem uma estabilidade que as
da MPB, ou seja, artistas que costumavam utilizar for-
udio msica e tecnologia | 59
Glucio Ayala
Glucio Ayala
Glucio Ayala
Capa
O Estdio A munido de equipamentos de ponta, como o console
D-Command, da Avid, e os perifricos Avalon e Vintech, entre outros
maes com instrumentos como esses pianos, cordas
Dynaudio, com adaptao feita pelo engenheiro John Sulli-
etc. No entanto, quando passei a trabalhar somente aqui,
van em parceria com Sussekind e Ronaldo, ele foi totalmente
por conta da estrutura menor, no tinha como atend-los.
construdo em um local que, antes, era uma pedreira.
Com a construo da sala nova, retomamos o contato com
essa turma, que hoje nos procura por saber que temos
Fizemos tudo do zero. Liberamos a rea onde ficava a
condio de realizar trabalhos grandiosos, conta Ronaldo.
pedra, instalamos as estruturas metlicas de sustentao
e iniciamos a concretagem. Fizemos tudo dentro do layout
Com uma tcnica que mede 38,48 m2 e equipada com uma
que escolhemos, claro, com algumas modificaes para
plataforma Pro Tools HD 3, um console D-Command, da Avid,
ajustes da nossa planta. Ainda no cimento, a sala j res-
e um sistema 5.1 de monitorao Dynaudio, composto por
pondia de forma muito boa. No tinha sobras e soava re-
caixas Air 25 e Air 20, o Estdio A conta, ainda, com quatro
dondinha. Por isso, no tivemos necessidade de corrigi-la
ambientes de gravao, sendo um deles uma sala de 40 m2.
com milagrosos materiais acsticos, disse Sussekind.
Glucio Ayala
Projetado sob layout sugerido pela equipe de engenharia da
PRODUTORA DE
UDIO PARA
PUBLICIDADE
No bastasse o funcionamento contnuo das duas
salas, na casa tambm funciona a sede carioca da produtora paulista Play It Again
Sound Production, pela qual
a equipe do estdio vem realizando importantes trabalhos de produo de udio
para publicidade de grandes
Da esquerda para a direita,
Ronaldo, Sussekind, Dany,
Dan e Eduardo, scios do
Casa do Mato
60 | udio msica e tecnologia
udio msica e tecnologia | 61
Capa
marcas e rgos, tais como Itaipava e Eletrobras, entre
muitos outros. O fluxo de trabalho , segundo Dan, completamente varivel. De acordo com ele, em algumas situaes as trilhas so totalmente gravadas no local e mixadas em So Paulo. Em outros casos, so feitas na casa
somente parte das etapas de produo, como o foley ou
mesmo a locuo.
Nossa estrutura capaz de atend-los, portanto vive-
LISTA DE EQUIPAMENTOS
Microfones
Vintech 473
AKG C 414 B
Consoles
mos nessa parceria saudvel. Se eles precisam muito de
ns, sabem que podem contar. Mas, em alguns trabalhos,
participamos de forma mais discreta. Tudo depende da
demanda que nos passada. Hoje, o Casa do Mato funciona como uma subsede da Play, que tem, ainda, unidades em Curitiba e est iniciando suas operaes em
Portugal, resume.
AKG C 3000 B
AKG D112
D-Command - Avid
Rde K2
Control 24 - Avid
Rde NT1-A
Shure SM 81 LC
Plataformas
Shure SM7B
O FUTURO AGORA
Apesar de as duas salas j tomarem quase que totalmente o tempo dos scios, eles tm em mente investir, futuramente, na construo de mais um ambiente, possivelmente uma sala de mixagem, que deve ser chamada
de Estdio C. Hoje, o local que deve abrigar esse espao
um escritrio, mas, em breve, devemos transform-lo.
A verdade que estamos num lugar confortvel, amplo,
que permite a criao de inmeras coisas, desde uma sala
de pr-produo at uma de masterizao. E como todos
ns gostamos de trabalhar muito, no vai haver problema
algum construirmos mais um ambiente, explica Ronaldo.
Shure SM57
Pro Tools HD3
Shure SM58
Pro Tools HD1
Crown PZM 30D
Audio Technica 4041
Conversores
Audio Technica AE2500
Sennheiser MD 421 II
Apogee AD16X
DPA 4099 P ST
Rosetta 800
Neumann M 147
Audient ASP008
Neumann KM 184 ni
Neumann U 87
Monitores
Processadores
Dynaudio Air 20
Dynaudio Air 25
Neve 1073
Dynaudio Air base 24
Avalon VT-737sp
Yamaha HS80 M
Avalon AD-2022 Pure Class A
Yamaha HS10 W
ao uso de outros produtores que desejam trabalhar em
ART Digital MPA 211
Yamaha MSP3
um estdio de grande porte no Rio de Janeiro e que ainda
Universal Audio 6176
Mackie HR824
prezam pela tranquilidade. Quem vem aqui, trabalha e,
Focusrite FF ISA 428
Os trabalhos de produo que costumo realizar, assim
como os dos demais scios, alimentam o Casa do Mato
em cerca de 60, 70% do tempo. O restante destinado
acima de tudo, se diverte. Pelo menos o que percebemos a cada projeto finalizado, seja por ns ou por terceiros, emenda Sussekind.
O forte do nosso estdio sempre foi a capacidade de produo, naturalmente por sermos profissionais com larga
bagagem de mercado. E exatamente por isso temos nosso time de msicos e arranjadores, que atendem no somente a ns, mas a outros produtores, caso necessitem
utilizar essa estrutura, independentemente do estilo de
msica que estejam gravando, encerra Dan.
62 | udio msica e tecnologia
udio msica e tecnologia | 63
Evento |
Rodrigo Sabatinelli
Broadcast &
Cable 2012
Evento apresenta novidades em microfones e consoles,
entre outros produtos para broadcast
AM&T
o Paulo, 21 de agosto de 2012. Por volta das 11 horas da
manh, no Centro de Exposies Imigrantes, deu-se incio
21 edio da Broadcast & Cable, maior evento destinado
s tecnologias para produo de TV, rdio, cinema e novas
mdias da Amrica Latina.
Nos estandes que preencheram os corredores da feira, grande parte
dos expositores demonstrou de softwares para edio e produo
de efeitos visuais a cmeras digitais, passando por equipamentos
de iluminao e estruturas de movimento. No entanto, algumas
empresas, como Pride Music, Eurobrs, Quanta AV-Pro, CV udio e
Pinnacle Broadcast, entre outras, levaram para o evento novidades
do ramo de udio profissional.
Nos auditrios anexos feira foram realizadas, como de costume,
as plenrias do Congresso SET. Criado em 1988 pela Sociedade de
Engenharia de Televiso, o congresso contou com a participao de
importantes nomes do setor, como Alexandre Sano, da SET e do
SBT, que ministrou palestra sobre critrios tcnicos, metodologias
e prazos de implementaes e sanes estabelecidos para o loudness, e Rodrigo Meirelles, da TV Globo, que falou sobre inovaes e
ferramentas de processamento.
NOS ESTANDES, MICROFONES
PARA CAPTAO EM ESTDIOS
E EXTERNAS...
Durante os trs dias de evento, circularam pelos corredores do
Centro de Exposies Imigrantes um grande nmero de profissionais do udio, que, na ocasio, tiveram contato com as novidades
levadas pelas fabricantes e tambm distribuidoras de produtos do
setor. No estande da Pride Music, por exemplo, o especialista de Pro
udio da empresa, Jon Lopes, demonstrou diversos microfones da
Shure, uma das marcas que a empresa representa no Brasil. Dentre
eles, estiveram o VP89M, sua verso menor, VP89S, e o pequeno
shotgun VP82, alm do VP64A, definido por Jon como um poderoso omnidirecional, indicado para uso em reportagens, que facilita
a vida dos entrevistadores, geralmente preocupados em passar o
microfone ao entrevistado.
No estande da Pinnacle Broadcast, que h mais de 10 anos atua nos
mercados de vdeo, broadcast e streaming, Bruno Nogueira, da Rde,
destacou as qualidades de diversos itens, como o VideoMic Pro, que,
segundo ele, tem sensibilidade maior e chave de atenuao e indicado
para uso em cmeras DSLR. Bruno tambm falou sobre o Stereo VideoMic Pro e o VideoMic. O primeiro conta com duas cpsulas internas,
para registro em estreo, duas opes de ajuste de nvel e filtro de
corte de graves. J o VideoMic trabalha com bateria de 9 volts e tem
um atenuador de -10 dB, entre outras funes, destacou, apontando,
ainda, o shotgun NTG-2 como um dos destaques da empresa na feira.
Ele pode ser montado em acessrios como o famoso peludo, um
redutor de interferncias externas.
No estande da Eurobrs, que durante a Broadcast comemorava 50
anos de tradio, Ranieri Lopes Pinheiro demonstrou alguns dos mi-
udio msica e tecnologia | 65
Pride Music
apresentou
microfones,
plug-ons e
fones shure
AM&T
EvENTO
crofones da Sennheiser, marca que a empresa distribui no Brasil
cas Country Man e Voice Technologies, representadas pela
h 40 anos. Dentre os modelos apresentados por ele, destaque
empresa com sede em So Paulo. Dentre os destaques, Ka-
para o MKH 8060 e MKH 8070, dois shotguns bastante usados
wasaki falou do H6, da Country Man. Trata-se de um headset
em novelas, gravaes externas e filmes de Hollywood. O 8060
com haste para cabea que tem, como diferencial, a evoluo
e o 8070 so similares ao antigo 416, no entanto, ambos con-
da cpsula E6. Est disponvel em quatro cores e tambm tem
tam com importantes diferenas, como atenuadores de rudos e
quatro variaes de sensibilidade, destacou Ricardo.
a possibilidade de operao em modo digital, afirmou.
Na CV Audio, que h dez anos atende ao mercado de u-
...E TAMBM TRANSMISSORES,
RECEPTORES E HEADSETS
dio profissional, o diretor de marketing Ricardo Kawasaki demonstrou uma srie de headsets, earsets e lapelas das mar-
Se microfones chamaram a ateno do pblico, sistemas sem
fio e headphones tambm no passaram
AM&T
em branco diante dos presentes. Na Eurobrs, o novo plug-on da linha Evolution,
SKP 300, o novo fone HD 380 Pro e o sistema de transmisso wireless EK 2000 foram
os destaques.
J na Pride Music, as vedetes foram o
transmissor bodypack FP1, o plug-on XLR
FP3, com conexo para microfones que
trabalham com pilha, e os novos headsets da linha BRH, como o BRH440M e o
BRH441M, todos da Shure. Os headsets,
indicadssimos para broadcast, tm como
diferenciais a possibilidade de seus microfones serem mutados com um simples
deslocamento de suas hastes para cima,
observou o especialista Jon Lopes.
Produtos Shure tambm foram destaque
no estande da CV Audio, onde Ricardo Kawasaki demonstrou os novos receptores da
66 | udio msica e tecnologia
No estande da Pinnacle Broadcast,
microfones rde como NtG-1 e NtG2 estamparam as vitrines
No estande da eurobrs, ranieri lopes
Pinheiro apresentou diversos microfones
sennheiser, como o MKH 8070
marca, como o UR5, desenvolvido para uso de operadores de vdeo, e o
plug-on R3, compatvel com frequncias UHF R, alm das varas de boom
da Knig & Meyer, entre outros produtos.
Na TelePonto, empresa especializada em telecomunicaes com equipamentos digitais, Antonio Pereira apresentou itens como os headsets PH-1
e PH-2. Os modelos se diferem, basicamente, pelo nmero de conchas
o PH-1 tem uma e o PH-2 tem duas , no entanto, ambos contam com um
microfone dinmico com cancelamento de rudo e ajuste contnuo. Alm
dos headsets, Antonio apresentou produtos da linha RTS, como o MDA100, um amplificador de distribuio que trabalha com at oito cmeras.
CONSOLES DIGITAIS
EM DESTAQUE
Na Libor, Luis Salgueiro, especialista de produtos Harman, mostrou
consoles de mixagem de duas das marcas representadas pelo grupo:
Soundcraft e Studer. Alguns dos destaques do estande foram a Si
na verso de 16 canais, mas tambm em modelos de 24 e 32), e a
Vista 5 M2 22F, da Studer. A Si Compact tem parmetros como equa-
AM&T
Compact 16, mesa compacta da Soundcraft (disponvel no apenas
AM&T
Evento
Ricardo Kawasaki, diretor de marketing da CV
Audio: empresa levou para a Broadcast & Cable
produtos como os microfones Country Man
Icon D-Command ES e dos softwares Pro Tools 10 e HDX.
e mquinas de efeito
A SC48, por exemplo, totalmente integrada ao sistema
e conta, ainda, com
Pro Tools e oferece aos usurios total portabilidade de seus
conexo com proto-
arquivos, enfatizou.
colo MADI, enquanto
a 5 M2 tem superf-
Quem
cie de controle com-
um grande console foi Con-
tambm
apresentou
pacta e de grande
rado Ruther, especialista de
utilidade para mixa-
produtos da SSL. Na ocasio,
gens em 2.0, 5.1 e
ele demonstrou a C10 HD
7.1, destacou Luis.
acompanhada de converso-
AM&T
lizao, compresso
res Alpha Link Live, que conNo estande da Ya-
tam com oito canais de pr-
maha do Brasil, o especialista de produtos da marca Raphael
-amplificadores remotamente
Trindade apresentou, entre outros produtos, o novo mixer di-
controlados via meta-dados.
gital CL5, um dos trs modelos que compem a linha CL. De
Segundo Conrado, a C10 um
acordo com Raphael, que na feira demonstrou a CL5 junta-
console para broadcast com o
mente ao rack Rio3224-D, de 32 entradas e 24 sadas, sendo
DNA da SSL. Uma plataforma
16 analgicas e quatro digitais, a linha CL uma espcie de
econmica, dotada da funo
expanso dos antigos consoles da marca e conta com algu-
Dialog Automix, que facilita a
mas inovaes, como, por exemplo, parmetros desenvolvi-
vida dos operadores na hora
dos em parceria com Rupert Neve.
de mixar um programa de debates, por exemplo, onde di-
No estande da Quanta AV-Pro, que representa a Avid no Bra-
versos microfones so usados
sil no mercado de broadcast, foram apresentados diversos
simultaneamente.
sistemas para broadcast, jornalismo e ps-produo de u-
Antonio Pereira, da TelePonto,
apresentou novidades como os
headsets PH-1 e PH-2
dio. Os destaques do espao, segundo Emerson Jordo, ge-
Com a funo, o nico
rente de contas da parte de udio profissional e live sound
controle que precisa ser ajustado o de priorizao dos mi-
da Avid, ficaram por conta dos consoles Venue SC48 Remote,
crofones, deixando, com isso, o operador mais livre para se
concentrar na qualidade geral do
AM&T
udio do programa, em vez de ficar
caando os locutores na mesa, explicou.
CABOS, CONEXES
E PROCESSADORES
H mais de 15 anos fornecendo solues em conectividade para os
mercados de broadcast e rede de
dados, a Nemal do Brasil apresentou na feira sua nova linha de fibras
ticas para uso variado e sua tradicional linha de conectores para udio
e vdeo. Representante comercial da
68 | udio msica e tecnologia
Luis Salgueiro, da Harman,
e um console Vi4, da
Soundcraft: marca presente
no estande da Libor
A mesa CL5, da linha
CL, foi o destaque no
estande da Yamaha
empresa, Carlos Fernando
aproveitou a ocasio para
fazer uma demonstrao de
resistncia dos cabos ticos
e tambm da linha completa
vdeo, entre muitos outros
produtos. Dentre os itens,
AM&T
de conversores para udio e
destaque para o conversor
de vdeo e udio SDI para
hoje um preo bastante inferior ao dos produtos importados
fibra tica MDFO/SDI VAR, da Flexmedia.
da categoria. Ainda falando em processadores, os que tiveram destaque no estande da Libor foram os TC Electronics.
Conhecida por seus cabos para udio e vdeo, a Santo Angelo
esteve, neste ano, pela primeira vez na Broadcast & Cable.
Para Daniel Bernardes, gerente de desenvolvimento de pro-
CONGRESSO RENE PROFISSIONAIS
EM PALESTRAS TCNICAS
dutos da empresa, a presena na feira teve como principal
objetivo conhecer o mercado para, em breve, despejar nele
Como de costume, o Congresso SET trouxe para a Broadcast
uma srie de produtos especficos. Todos com o padro de
& Cable uma srie de palestras referentes ao mercado de bro-
qualidade Santo Angelo, afirmou.
adcast, sempre com foco na tecnologia empregada no udio
e no vdeo. Entre as palestras que movimentaram o encontro,
No estande da Biquad, empresa com 12 anos de mercado
algumas merecem destaque, como udio Sobre Ethernet X
de udio profissional e radiodifuso, a grande atrao foi o
MADI, em que Luiz Fausto, da TV Globo, SET e AES, falou so-
processador de udio digital DAP4. Com tecnologia DSP, dis-
bre as muitas solues de distribuio de udio com qualida-
play touchscreen e software integrado para configurao, o
de reduzida por meio de codecs por redes IP. No entanto, ele
equipamento, de acordo com representantes da empresa, foi
deixou claro que ainda um desafio selecionar solues para
o primeiro processador digital a ser fabricado no pas, tendo
utilizar essas redes de distribuio de maneira profissional.
AM&T
Acredito que a infraestrutura
de
distribuio
de udio nas emissoras
deva mudar nos prximos
anos, sendo transformada numa rede de dados
convencional, o que provavelmente ir simplificar
as instalaes e reduzir os
custos de forma significativa. J existem diversas
propostas nesse sentido,
porm, com padres que
no interoperam, disse.
J
Rodrigo
Meirelles,
tambm da Rede Globo,
Console SC48: um
dos modelos Avid
demonstrados
no estande da
Quanta AV-Pro
AM&T
EvENTO
em sua palestra udio: Inovaes em Ferramentas de Processa-
conrado ruther
e a c10 Hd, da
ssl: especialista
de produtos da
marca demonstrou
o equipamento
durante a Broadcast
& cable
PrMIo set coNteMPla eMPresas
e ProFIssIoNaIs do aNo
mento, lembrou que a forma de trabalhar do profissional de TV
vem mudando consideravelmente no que diz respeito ao avano
da tecnologia. Como exemplo disso, ele citou a consolidao das
workstations e a importncia do uso de plug-ins como ferramentas
A cada edio da Broadcast & Cable, a SET premia profissio-
de trabalho para mixagens e desenhos sonoros.
nais que, no ano correspondente, se empenharam para desenvolver, com um algo a mais, um produto, um artigo ou uma
Fico muito feliz por ter a oportunidade de poder estabelecer o
palestra. O Prmio SET, como chamado pelo rgo, uma
dilogo entre fabricantes e profissionais do setor da radiodifu-
iniciativa de incentivo, uma vez que a SET, segundo sua dire-
so no que diz respeito aos estudos de caso e aplicaes das
o, acredita na importncia de promover solues.
novas tendncias de processamento de udio. Hoje, vivemos
Neste ano, os premiados foram:
em uma realidade de sistemas digitais de udio j maduros,
utilizao de softwares e plug-ins e workflows file-based. Nesse
sentido, fundamental discutir amplamente na SET as possi-
- Harris, como melhor soluo em transmisso e/ou recepo
bilidades e ganhos de produtividade que as novas ferramentas
ISDB-TB
trazem ao cotidiano dos profissionais e empresas, disse.
- EBC, como melhor soluo de interatividade desenvolvida
para a televiso digital terrestre baseada em middleware Ginga
AM&T
- Building 4 Media, como melhor soluo de mobilidade em televiso digital
- Avid Latin America, como melhor soluo em gerenciamento
de contedo (MAM) e/ou workflow
- Grass Valley do Brasil, como melhor soluo em produo para
esportes
- Rede Globo, como melhor soluo em integrao de novas
mdias
- SBT, melhor projeto de inovao tecnolgica
- Marcos Lucena, como melhor artigo publicado na Revista da
SET
- Luiz Fausto, Edilberto Strauss e Flvio Mello, como melhor
apresentao/publicao do ciclo acadmico cientfico de 2011
- Carlos Nazareth, como melhor sesso apresentada no SET
Congresso 2011
carlos Fernando, esquerda, e Benjamin
Nemser, direita, apresentaram cabos e
conectores no estande da Nemal
70 | udio msica e tecnologia
udio msica e tecnologia | 71
Tcnicas de Estdio | Alexandre P. Cegalla
Simples, rpidas e eficientes
Como pequenas tcnicas e macetes
podem salvar sua mix
De vez em quando, o relgio pode se tornar o seu maior
mas voc poder aplicar essas dicas tambm na maioria
inimigo, engenheiro de som. Seja porque o prazo de en-
dos outros programas similares.
trega de uma produo est quase acabando ou porque o
cliente deseja acompanhar toda a mixagem ao seu lado,
Antes de comearmos, porm, gostaria de frisar que
e pior ainda quer que ela termine logo, voc cedo ou
fundamental sempre ouvir o cliente e entender o que ele
tarde ter pela frente um trabalho em que dever fazer
deseja, por mais absurdas que eventualmente possam
tudo com concentrao, preciso e, principalmente, rapi-
ser suas ideias. Vale a pena pelo menos tentar o que ele
dez. E so em horas como essa, quando estamos com a
pede, at para, caso realmente no d certo, lhe mostrar
corda no pescoo, que podemos utilizar tcnicas simples,
que voc estava com a razo. Mas vamos ao que interes-
eficazes e ligeiras a fim de garantir uma mixagem bem-
sa, pois o tempo voa no estdio!
-sucedida. Afinal, se comentam por a que acontece muita
mgica no estdio, ento vez por outra ns poderemos
ABRINDO O PANORAMA DOS VOCAIS
tirar alguns coelhos da cartola ou recorrer s ltimas cartas na manga para salvar uma produo.
No exemplo 1 temos o vocal de uma balada acstica
soando muito seco, unidimensional e monofnico (ver-
Tcnicas como deixar o synth bass com som mais gordo
so voz_dry oua e/ou baixe em http://tinyurl.com/
ou o vocal mais aberto (para usar termos dos prprios
vozddry). Mandamos, ento, um pouco dessa trilha para
msicos) so alguns dos macetes que vamos ensinar nesta
dois canais auxiliares mono por meio dos buses 10 e 11
edio. Como de costume, o DAW utilizado ser o Logic 9,
(pr-fader com nvel de -15 dB para a mandada para cada
72 | udio msica e tecnologia
auxiliar). Em seguida, mandamos o pan de um dos auxiliares todo para a
esquerda, e o pan do outro todo para a direita. Como podemos ver na imagem, neste exemplo nomeamos os canais auxiliares Chorus L e Chorus
R. Em cada um dos auxiliares inserimos o plug-in de chorus Fluid, da Audio
Damage (mas pode ser qualquer outro plug-in de chorus).
Os parmetros so os mesmos em ambas as instncias: delay no mximo,
rate baixo, e depth, feedback e mix tambm no mximo. Esses ajustes soaram bem nesta produo especfica, mas fique vontade para testar os seus
ajustes, uma vez que esses parmetros permitem muitas possibilidades no
efeito do chorus. O efeito de delay, por exemplo, ao ficar no mximo, aumenta a sensao de ambincia, enquanto o rate baixo evita que o chorus oscile
muito rpido e fique exagerado.
Para finalizar, no auxiliar Chorus R inserimos um plug-in que inverte a fase
desse canal. O nvel de retorno dos dois auxiliares ficou em -4 dB. Oua o resultado em voz_chorus (http://tinyurl.com/vozcchorus) e perceba como o
vocal ganha uma dimenso de profundidade e se expande, como se tornasse
estreo. O efeito ficou bem evidente para dar uma ideia de como fica com
ele, portanto, normalmente usaramos at menos chorus. O ideal mandar
apenas um pouco do seu vocal para os auxiliares com o chorus, a fim de criar
um efeito sutil, mas perceptvel.
BAIXO GORDO
J no exemplo 2 temos um synth bass soando um pouco magro demais e
sem graa nessa levada de hip hop (verso baixo_magro - http://tinyurl.
com/baixomagro). Vamos supor que o tempo seja curto e o cliente no tenha
nenhuma outra linha de baixo ou sintetizador mais grave para preencher a
mix. Para, ento, deixar esse baixo mais gordo e preencher melhor os graves,
podemos usar as mais variadas tcnicas, como equalizao, pitch shifter, side
chaining, compresso paralela ou em srie, distoro, sub-oscillator e outros
efeitos. Algumas dessas tcnicas, inclusive, j foram abordadas em edies
anteriores de nossa coluna. Todas elas so timas e podem funcionar muito
Ampliando o espao do vocal com o chorus do Fluid
udio msica e tecnologia | 73
Tcnicas de Estdio
-pongue da seguinte maneira: mande a guitarra (no nosso
exemplo so duas) por meio do bus 1 para um auxiliar com
um delay inserido. Em nosso exemplo usamos o delay do
Logic. Esse auxiliar deve se chamar delay 1, ter o pan
todo para a esquerda e ter o retorno com um volume mais
baixo. O delay dele deve ter o tempo de 1/4, ou seja, cada
repetio ocorrer no tempo de uma semnima.
Mande o sinal desse auxiliar, por meio do bus 2, para um se-
Copiando as notas do baixo e descendo em uma oitava
as cpias faz o som ficar mais cheio e pesado
bem, porm nenhuma to rpida e, dependendo do caso,
to eficaz quanto simplesmente copiar as notas MIDI do baixo sintetizado, col-las na mesma trilha e descer as cpias
em uma oitava. Veja na imagem como simples de se fazer.
gundo auxiliar, tambm com um delay inserido (auxiliar Delay 2) e com pan 100% para a direita. O delay do segundo
auxiliar ter o tempo de 1/8, ou seja, cada eco acontecer
no tempo de uma colcheia. Mande, ento, o sinal do canal
Delay 2 para o auxiliar Delay 1. Isso far com que as notas
das guitarras ricocheteiem e os ecos se alternem entre cada
lado. Porm, adicionamos uma variante aqui, pois como um
auxiliar alimenta o outro, a partir de certa altura o delay passa
a ocorrer mais no centro e a nota volta de onde veio (o pan
Lembre-se de que voc deve copiar as notas originais para,
em seguida, descer as notas clonadas em uma oitava e
no somente transpor as notas originais uma oitava abaixo.
Pronto: seu baixo agora ficou bem mais cheio e pesado sem
voc inserir nenhum plug-in ou mexer num parmetro se-
das duas guitarras est no centro). Quanto maior o feedback
do delay, mais isso ficar evidente. Na verso guitarra_delay
(http://tinyurl.com/guitarradelay) o instrumento soa mais etreo e com maior profundidade, pois fica mais atrs, enquanto
bumbo e baixo se colocam mais frente na mix.
quer do sintetizador virtual (confira na verso baixo_gordo - http://tinyurl.com/baixogordo). Atravs da janela de
piano-roll do seu DAW voc pode ainda controlar a intensidade dos graves, aumentando ou diminuindo a intensidade
(key velocity) das notas que esto uma oitava abaixo. ou
no um truque bom e rpido?
PINGUE-PONGUE
BATERIA DEFINIDA
Bateria costuma ser um dos instrumentos mais complexos
de se gravar, at pela quantidade de microfones necessria, alm de outros fatores. A mixagem desse instrumento tambm est longe de ser simples, mas algumas dicas
podem facilitar bastante o seu trabalho. Vamos mostrar
trs delas no exemplo 4.
Muitos plug-ins de delay j vm com algum preset de pingue-pongue, mas voc tambm pode produzir esse efeito manualmente, caso o seu delay no tenha um preset que o crie
automaticamente. No delay pingue-pongue as repeties se
alternam em cada lado, como se fossem pra l e pra c (como
num jogo de pingue-pongue). Por exemplo, a primeira repetio acontece no lado direito, depois a segunda ocorre no lado
esquerdo, depois a terceira repetio volta a acontecer no lado
direito, e assim por diante.
No exemplo 3 temos uma produo de rock com a guitarra solo sendo seguida por outra mais limpa e fazendo
a base com uma levada rpida. Na verso original (guitarra_dry - http://tinyurl.com/guitarradry), a guitarra soa
pequena e seca demais e a mix parece se concentrar demasiadamente no centro. Caso voc no tenha um plug-in,
pedal ou rack com delay, possvel criar o efeito pingue-
74 | udio msica e tecnologia
Mandadas auxiliares com delay ajudam a criar
espacialidade no som da guitarra
em 120 Hz, cortamos 6 dB em 450 Hz, subimos 1.5
dB em 1.2 kHz e aumentamos 4 dB em 7 kHz. Fizemos isso tanto nos canais da caixa quanto da esteira.
Na trilha da caixa tambm usamos o Bittersweet, que
um interessante plug-in gratuito que pode ser baixado do site www.fluxhome.com/download. Chamado
de transiente designer, esse tipo de plug-in recria o
transiente de uma forma que compressor nenhum faz.
No nosso caso, pusemos um ajuste para enfatizar o
ataque e deixar a caixa mais estalada. Vale a pena experimentar o Bittersweet, que, alm de ser gratuito,
pode se tornar uma boa arma secreta em seu estdio.
Definindo melhor o som da bateria com
equalizao e um plug-in gratuito que destaca
os transientes do bumbo e da caixa
A terceira dica para quem gosta de um bumbo bem
definido e preciso usar um high-pass de at 400
Hz a 500 Hz nos overheads, a fim de deixar passar apenas o
som dos pratos. Em produes de rock moderno, comum
os overheads serem usados mais para captar os pratos,
Primeiro, temos um bumbo abafado e sem definio na ver-
enquanto outros microfones so usados para os tambores.
so bateria_dry (http://tinyurl.com/bateriadry). A com-
Nesse caso, a reverberao da bateria na sala de gravao
presso e a simulao do mix bus de um console analgico
vai ser dada mais pelo microfone de ambincia (pode ser
(j falamos dele na srie sobre plug-ins que emulam har-
usado mais de um, inclusive), que geralmente fica posicio-
dware) at deixam o som dele pesado e com punch, mas
nado mais distante do kit, num canto remoto da sala.
soa muito embolado. Muitas vezes, quando o bumbo no
soa muito bom e voc tem pouco tempo disponvel, o uso de
Se voc tiver um corredor ligando a tcnica sala de gravao
um sample inserido atravs de um sound replacer resolve o
com a bateria, experimente deixar o microfone de ambincia
problema. Mas caso voc no tenha um desses mo ou
nesse corredor, para um som com mais reverb. Escute o som
no queira usar esse tipo de recurso, preferindo um som
da bateria sem o tratamento no bumbo, na caixa e nos overhe-
mais natural , a soluo ser equalizar o bumbo.
ads na verso bateria_dry e compare com a verso bateria_processada (http://tinyurl.com/bateriaprocessada), que
No caso deste bumbo, inserimos um equalizador aps o com-
teve aplicadas as trs tcnicas que acabamos de comentar.
pressor e fizemos um amplo corte de 15 dB em 325 Hz (Q
de 0.20) para filtrar as frequncias que o embolavam. Depois
Nem sempre aquilo que mais complicado de se fazer pode
subimos 8 dB em 6.5 kHz para evidenciar o ataque do kick.
ser a melhor soluo, e muitas tcnicas simples podem surgir
Usamos um low-pass de 12 dB por oitava em 11 kHz para
a partir da experimentao. Alm de aprendermos com os nos-
cortar os pratos que eventualmente podem vazar, mesmo
sos erros, tambm podemos aprender com os nossos acertos e
com o noise gate ligado, 1 dB em 80 Hz para dar um pouco
aplic-los de novo em produes futuras. No se trata de me-
mais de peso, e high-pass de 18 dB por oitava em 50 Hz,
ramente copiar parmetros de uma sesso de gravao para
a fim de filtrar ressonncias indesejveis. Finalmente, um
us-los em outra, como se houvesse uma frmula mgica que
limiter (ganho em 0 dB, release em 2 segundos e output em
sempre vai dar certo em qualquer situao. Trata-se, sim, de
0 dB) aps o equalizador, para nivelar o bumbo.
acumular conhecimento capaz de lidar com o maior nmero de
obstculos que podem surgir pela frente, de preferncia, re-
Alm do bumbo, a caixa tambm soava ruim e precisava ser
solvendo-os rapidamente. At porque o tempo voa no estdio.
tratada. Inserimos um equalizador aps o compressor e aplicamos high-pass de 24 dB por oitava em 80 Hz, subimos 2 dB
At a prxima!
Alexandre P. Cegalla atua como engenheiro de som h mais de dez anos e j produziu artistas
no Brasil e no exterior. proprietrio do Studio Bunker, em Curitiba (www.studiobunker.com.br).
udio msica e tecnologia | 75
ARTE ELETRNICA | Christ
Uma experincia sonora, visual e interativa
ui
convidado
pela
AM&T
para cobrir, nos dias 4 e 5 de
agosto, a edio brasileira
de um dos eventos mais significativos no que diz respeito inovao artstica: The Creators Project. Em um espao simplesmente
fantstico, o Moinho Eventos, So
Paulo recebeu, pela terceira vez,
esta excelente iniciativa da Intel e
da Vice, um evento que tem como
essncia servir de ponte entre a
arte e a tecnologia. Composta por
instalaes, painis com diversos
temas, filmes e shows, a edio
deste ano me fez acreditar que eu
estava enganado em relao ao
espao hoje reservado ao Brasil
para as artes contemporneas.
Aps conversar com vrios organizadores e artistas, senti que
nosso pas, mais precisamente
So Paulo, j tem o seu lugar cativo neste tipo de circuito. Como
Objetivo do evento transformar o modo como as pessoas
pensam e interagem com a tecnologia
complemento, ouvi alguns outros
comentrios de que as pessoas daqui interagiram muito
um projeto com produo e performance do renomado
mais com o evento do que as que visitaram a edio de
Nave, que contou, basicamente, com um computador e
NY, por exemplo. De acordo com Tony Cebrian, gerente-
os vocais da Karol.
-geral da Vice Brasil, o conglomerado de mdia responsvel pela curadoria do Creators, as escolhas do que seria
A apresentao de Shut Up And Play The Hits, um docu-
mostrado foram feitas levando em conta critrios de ino-
mentrio sobre o LCD Soundsystem, lotou a sala principal.
vao artstica e tecnolgica, o que acaba transformando
O vdeo, indito no Brasil, foi apresentado em um grande
o projeto em uma grande vitrine para novos talentos ar-
telo, e a tima qualidade da sonorizao oferecida pelo
tsticos modernos.
pessoal da Audigy (empresa que sonorizou o evento) fez
o pblico sentir algo prximo da sensao de se estar no
O primeiro dia contou com a animada apresentao de
palco, junto com o artista.
um dos representantes brasileiros, a rapper curitibana
Karol ConK, que faz um rap meldico e bem pra cima em
76 | udio msica e tecnologia
Entre os colaboradores artsticos do projeto est Doug
udio msica e tecnologia | 77
ARTE ELETRNICA | Christ
Carmean, da Intel Labs, que um dos desenvolvedores
influncias, contou com algumas bases pr-gravadas e a
do #Creators Live, um experimento social que, com a
ajuda de alguns controladores e percusses para as linhas
ajuda do Instagram e do Twitter, conecta fotos tiradas e
deixadas para a performance ao vivo. Segundo este duo
postadas no evento, criando grandes projees em uma
do Brooklyn, formado por Jesse Cohen e Eric Emm, uma
das paredes do local. Carmean contou que a instalao
importante parte do trabalho em palco saber escolher
tem como objetivo transformar a relao entre o compu-
o que deixar para ser performado ao vivo, pois a energia
tador e o usurio e criar um alternativa mais dinmica e
e a atitude de elementos como os vocais e linhas de per-
intuitiva ao mouse e teclado, bem como libertar o usurio
cusso, por exemplo, geram movimento e energia, im-
da tela padro de computador.
prescindveis para uma boa comunicao com o pblico.
Tanlines: bases, loops e performances ao vivo
No segundo dia fui direto visitar a instalao visual intitulada
Uma das instalaes mais visitadas do evento, a Six-Forty
The Treachery of Sanctuary, uma leitura do artista Chris Milk
by Four-Eighty, de Janie Zigelbauk e Marcelo Coelho, con-
de trs grandes momentos criativos: a concepo ou inspi-
sistia em um sistema interativo de pixels fsicos magn-
rao; a destruio ou morte ocasionada por uma possvel
ticos e iluminao prpria capazes de interagir entre si,
crtica ou autocrtica; e, finalmente, a transfigurao quando
utilizando-se do corpo humano para isso. A dupla possui
o artista consegue transcender destruio. Nesta instalao,
um estdio de design que se dedica a gerar novas ex-
um imenso painel em trptico (termo que descreve aquelas
perincias humanas que envolvam, entre outras coisas,
antigas pinturas devocionais crists formadas de trs partes)
tecnologia. Eles se disseram muito motivados com os re-
fazia a captura dos movimentos das pessoas e gerava som-
sultados obtidos no Brasil.
bras com suas formas e movimentos, agregando imagens.
Bem impressionante, a obra tem como objetivo incitar uma
O americano AraabMUZIK fechou o evento, e foi, prova-
nova e interativa forma de arte, a qual, aliada tecnologia,
velmente, a apresentao mais aguardada e festejada de
pode criar novas interaes entre a obra e o pblico.
todo o encontro. Os dedos rpidos do artista pegaram fogo
em uma performance de construo rtmica em tempo
A apresentao de Tanlines, um synthpop regado a vrias
78 | udio msica e tecnologia
real, usando duas MPCs 2500 como instrumentos musicais.
De acordo com Cssio Tiet, diretor de inovao e novos negcios da Intel, a ideia geral transformar o modo
como as pessoas pensam e interagem com a tecnologia,
e a arte , sem dvidas, a melhor forma de iniciar o processo e impactar as pessoas.
Principais equipamentos utilizados
pelas atraes musicais
PA
Sistema principal: 2 K-Array KH4
Side fill: 2 K-Array KR400
Subgraves: K-Array KO70
Console Yamaha LS9 32
Monitores
6 monitores Mackie SRM 450
2 D.A.S. 118A e 2 D.A.S. DS15 (retorno dos DJs)
Console Yamaha 01V32
Bancada DJ
4 Pioneer CDJ 2000
Pioneer DJM 2000
Pioneer DJM 900
2 Technics SL 1200 Gold Edition
Bandas
Bateria TAMA Rockstar
Amplificador Fender Twin Reverb
Microfones
6 Sennheiser EW-135 G2
2 sistemas sem fio AKG WMS 450
Kit de microfones Beyerdynamic
Gravao
Sound Devices 788T
Christ o fundador da Yellow, escola de novas tecnologias aplicadas
msica e vdeo. Msico h quase 30 anos, iniciou seus estudos com o
piano clssico, tendo atuado no Brasil e Europa. Mais informaes no
site www.yellow.art.br.
udio msica e tecnologia | 79
UDIO E ACSTICA | Omid Brgin
Ivan Silva/OMiD Academia de udio
LAYOUt DE EStDIOS
Fazendo na prtica
omo prometido em meu ltimo artigo, agora que j
isso mais para a frente. Segue um link para um checklist
vimos as caractersticas e necessidades acsticas
completo que o nosso departamento de projetos usa para
bsicas de um estdio tanto pelo lado da tcnica
realizar uma primeira avaliao de viabilidade do projeto:
quanto pelo da gravao, faremos o nosso primeiro projeto
http://tinyurl.com/checkproj.
de layout juntos! Vamos procurar realizar de um jeito que
voc possa acompanhar em sua casa ou apartamento, dan-
A parte que interessa para ns so questes bsicas, como,
do inicio transformao de sua residncia em um pequeno
por exemplo, se o projeto ser uma construo nova, uma
estdio de gravao profissional.
reforma ou uma adaptao. Precisamos saber das necessidades do cliente, que, no seu primeiro projeto, provavel-
EStUDOS PRELIMINARES
mente seria voc mesmo. Precisamos saber se o espao
ser usado para ensaios, se ser um home studio, project
Ao comear a fazer o seu projeto, o primeiro passo provi-
studio ou estdio profissional. Qual a diferena? Um home
denciar um levantamento completo de dados que podero
studio normalmente um espao para uso prprio, muitas
ajudar a tomar as decises corretas no futuro. No vamos
vezes num nvel amador ou semiprofissional. Um project
precisar fazer isso completamente, pois ainda falta vermos
studio, em contrapartida, uma sala mais elaborada, para
diversos aspectos sobre recording studio design, como on-
um profissional de udio que vai usar o espao para tra-
das estacionrias, RT60, difuso etc. Mas, mesmo assim, j
balhar as suas prprias produes, sem se preocupar em
vamos comear a trabalhar e avaliar o que podemos. Para
disponibilizar o espao comercialmente. J o estdio pro-
quem est entrando no projeto agora, seria indicado ler, no
fissional um espao completamente comercial, disponvel
mnimo, os dois ltimos artigos sobre layout.
para locao, que requer cuidados especiais.
O primeiro passo fazer um checklist completo, para po-
No projeto de hoje vamos focar em um home studio ou
dermos entender o tipo de projeto, os possveis usos do
project studio. Alm disso, precisamos saber se o espao
espao, tamanhos das salas e necessidades do usurio.
ser usado para gravar, mixar ou masterizar, ou para que
Ainda no vamos fazer um estudo da vizinhana, pensan-
combinaes considerando estas possibilidades. Somente
do em aspectos bsicos de isolamento, porque veremos
assim vamos saber se o projeto ter uma ou mais tcni-
80 | udio msica e tecnologia
udio e Acstica
paisagem) porque no gosto muito de papel com linhas
estdio de gravao, como ser parte de uma igreja, teatro
ou quadrados, que acabariam me limitando ou sugerindo
ou auditrio. J pegamos projetos dentro de escolas de
solues. Com esses materiais voc consegue fazer tudo
samba! Amo o Brasil!
o que precisamos neste momento.
Um ltimo ponto a ser levantado a dimenso em metros
Uma vez traadas as medidas dos ambientes disponveis,
quadrados e a dimenso em metros cbicos. Isso muito
fao cpias do esboo para poder criar vrias propostas
importante porque o tamanho muito influente sobre a
diferentes de layout. Essas eu costumo traar com lpis
Luiz Martinelli/OMiD Academia de udio
escolar. Normalmente uso papel sulfite comum (A3 em
ocorrer de o projeto fazer parte de algo no limitado a um
Luiz Martinelli/OMiD Academia de udio
cas, uma ou mais salas de captao etc. Tambm pode
Rascunho antes, proposta depois
resposta de graves, que fundamental para se ter uma
6B por ele fluir muito melhor sobre o papel e ter uma
sala adequada para as nossas produes.
cara mais definitiva. Veja, nas pginas deste artigo, um
exemplo de um rascunho feito mo, que depois virou
MEDIR, DESENHAR E FAZER O
PRIMEIRO RASCUNHO
um estudo completo para ser mostrado ao cliente.
ESCOLHA BEM A SUA SALA
Comece a medir os ambientes e plotar isso em forma de
desenho, em papel ou no computador. O importante dei-
Quando se est em seu primeiro projeto, normalmente
xar tudo em escala. Nesse momento, pode ser uma pro-
adapta-se uma casa ou apartamento j construdo, trans-
poro simples, como 1:100, por exemplo, em que por
formando-o em um estdio de gravao. Como mais
cada metro medido voc desenha um centmetro no papel.
comum, vamos partir com essa ideia, com uma sala existente, de 7,45 m de largura e 4,90 m de comprimento,
Para medir, sugiro comprar uma trena eletrnica, que
com uma porta j definida no canto e janela em paredes
mais precisa por usar ultrassom, o que facilita muito
opostas da sala, que deveramos aproveitar. Vamos des-
o seu trabalho. Os desenhos eu fao, inicialmente, com
considerar a altura neste momento, mas a partir do ms
uma lapiseira 0,7 mm, tendo tambm comigo uma r-
que vem quando comearemos a estudar as ondas es-
gua e um esquadro transparentes, alm de um compasso
tacionrias e o que elas causam nos nossos estdios de
82 | udio msica e tecnologia
gravao isso ser muito importante. Temos que decidir
trs coisas neste momento:
Qual seria a melhor sala da casa?
Farei uma ou duas salas?
Qual soluo ter a melhor visibilidade entre as salas?
Qual seria a melhor sala da casa?
Esta pergunta parece simples, mas tem muitos aspectos
a serem considerados. Se voc partir para uma s sala
tcnica, deveria procurar salas com uma distribuio simtrica. Se procura ter um conjunto de salas, precisa ter
uma rea relativamente grande, como veremos a seguir.
As salas finais tambm deveriam ter propores boas
para evitar a colorao atravs de ondas estacionrias.
Ns vamos falar extensamente sobre isso no prximo artigo, mas j posso adiantar que as dimenses das salas
no deveriam ter medidas mltiplas entre si, como, por
exemplo, 10 m e 5 m. Seria uma soluo fraca, porque 2
x 5 m = 10 m. No nosso caso, com 4,90 m por 7,45 m,
temos uma boa proporo de medidas, pois 2 x 4,90 m =
9,80 m. Mas fique com o alerta ligado, pois 3 x 4,90 m =
14,70 m, que prximo 14,90 m (resultados de 2 x 7,45
m). O significado dessas questes e mais sobre esses problemas viro no prximo artigo.
Farei uma sala ou duas salas?
Um outro ponto crucial a ser considerado em conjunto se
voc vai dividir o seu ambiente em duas salas tcnica e
de captao. Dividindo, voc ter muito mais liberdade de
trabalho e poder monitorar muito melhor a sua gravao.
Porm, sabemos, graas a um artigo passado desta srie,
que o nosso volume no dever ser menor que 70 m3. Lembra da recomendao da BBC?
No nosso exemplo, teramos aproximadamente 140 m,
considerando que o p direito de 4 m. Dividir os ambientes seria uma opo, especialmente porque o cliente
especificamente o pediu, por querer usar o espao comercialmente no futuro.
Qual soluo ter a melhor visibilidade
entre as salas?
No caso de uma diviso de ambientes, devemos estudar
udio e Acstica
APRENDA NA PRTICA
ESTUDO DE CASO DE UM LAYOUT COMPLETO
Luiz Martinelli/OMiD Academia de udio
Vamos estudar a sala proposta acima. Desenhamos quatro solues diferentes para avaliar cada um delas, incluindo uma tcnica, uma sala de
captao com uma rea que poder ser aproveitada para o piso elevado
para a bateria. Todos devem avaliar a questo do layout, incluindo o eixo
de simetria e do ray tracing, que j vimos nos artigos anteriores. Eles tambm consideram a questo da visibilidade, que levantamos agora.
Vamos examinar a proposta A. Ela segue o pedido do cliente, de querer
uma tcnica pequena e um estdio maior, mas apresenta vrios problemas. O espao pequeno e com volume menor que 70m3; a tcnica
ficou bastante quadrada, j deixando claro que teremos problemas de
ondas estacionrias depois; as caixas esto perto das paredes e precisariam ser embutidas para evitar as interferncias causadas pelas
bordas das caixas, e o ray tracing no deu o resultado desejado, no
criando uma zona livre das primeiras reflexes.
Proposta A
Entretanto, ela possibilitar a insero de um sound lock, espcie de antecmara para garantir a circulao livre dentro do
espao, e a visibilidade entre as salas ser relativamente boa. A parte da sala de captao ficou interessante, possibilitando
a criao de divises acsticas interessantes para microfonaes.
Essa proposta foi descartada sem consultar o cliente por ser uma proposta
muito problemtica, ao menos em termos acsticos.
A proposta B j mais promissora. O ray tracing deu o efeito desejado,
criando uma zona sem primeiras reflexes, mas o problema das ondas
estacionrias persiste, pela tcnica continuar a ser bastante quadrada. O
espao continua menor que os 70 m3 desejados e as caixas muito perto da
parede. A proposta tambm foi descartada de cara.
A proposta C apresenta melhorias significativas, mesmo perdendo a
possibilidade de ter um sound lock separado: a pessoa ter que pas-
Proposta B
sar pela tcnica para acessar a sala de captao. Mas ganhamos nas
ondas
estacionrias,
pela sala no ter o comprimento e largura mltiplas entre si, alm de
ganharmos no volume, que perto dos 70 m3, e no ray tracing, criando
uma zona sem primeiras reflexes. A visibilidade ficou boa e a sala de
captao continua interessante.
A proposta D uma melhoria da proposta anterior, aumentando um
pouco os espaos resultantes, e a proposta vencedora! A sala tcnica
tem um eixo simtrico, no apresenta problemas significativos de ondas estacionrias e resolveu elegantemente o problema das primeiras
reflexes por meio de um ray tracing que joga todas essas reflexes
para trs. O volume fica maximizado no espao dado e passa da recomendao da BBC.
Proposta C
84 | udio msica e tecnologia
Proposta D
Tambm aproveitamos bem as janelas existentes, criando uma vista para
o estdio num lado e para um jardim no outro. A sala de captao continua boa, com uma rea boa para colocar um piso elevado para a bateria,
e, no contexto do projeto, a falta de um sound lock no vai prejudicar o
resultado final.
uma outra questo importante: a visibilidade entre as salas. Como estamos trabalhando com artistas e com projetos que envolvem a comunicao entre eles, essencial
que as pessoas, mesmo que em salas diferentes, tenham
contato visual entre si. O tcnico precisa ver todos os
msicos e vice-versa.
Demos um primeiro passo em direo montagem do
nosso estdio em casa. Espero que voc tenha conseguido adaptar o seu espao de maneira parecida com a que
fizemos. Sempre lembre que se o seu espao pequeno,
melhor no dividi-lo em tcnica e estdio, mas ficar apenas
com a tcnica, que pode ser usada como estdio tambm.
J tocamos bastante no problema das ondas estacionrias,
sem tomar o tempo de explicar como elas se formam, como
calcul-las e como evit-las. Estes sero temas do prximo
artigo, que trata exclusivamente das ondas estacionrias do
seu projeto! Espero voc na prxima edio! At l!
Omid Brgin compositor, projetista acstico e produtor musical. fundou a Academia
de udio (www.academiadeaudio.com.br), que oferece cursos de udio, produo,
composio e music business e dispe de estdios para gravao, mixagem e masterizao. E-mail:
[email protected].
udio msica e tecnologia | 85
ABLETON LIvE | Lucas Ramos
RACKS DE INSTRUMENTOS E
EFEITOS NO LIVE
Divulgao
PARTE 2: DRUM RACKS
a edio passada eu disse que iria me aprofundar mais nos racks, com exemplos prticos para ajudar vocs a entenderem melhor
Overview
o funcionamento deles... e eu farei isso, mas s na
prxima edio! Isso porque eu momentaneamente
direita dos pads h uma rea (conheci-
me esqueci que tenho que falar antes sobre os Drum
da como Overview) que permite visualizar
Racks, que funcionam de forma um pouco diferente
e navegar pelos 128 pads. Cada quadrado
dos outros racks. Ento, no vamos perder tempo!
representa um pad, e os pads que tm um
sample ou dispositivo inserido so indicados
J havamos falado um pouco sobre os Drum Racks
com uma colorao branca. As mudanas
na edio anterior, e grande parte das suas funes
de tonalidade cinza representam as oita-
e controles so os mesmos que nos outros tipos de
vas. A linha (quadrada) preta indica quais
Racks. H um Chain List, onde as cadeias presentes
pads esto sendo visualizados no momento,
no rack so listadas e mixadas atravs de controles
e possvel clicar e arrast-la (ou somen-
de solo, mute, volume e panorama (alm do boto de
te clicar em outra parte do Overview) para
Hot-Swap para cada cadeia). Os Macro Controls tam-
navegar pelos pads e poder visualiz-los.
bm existem nos Drum Racks e podem ser utilizados
Tambm possvel usar as setas do teclado
da mesma maneira que nos outros tipos de rack. H
(hi) para subir ou descer em oitavas ou por
tambm os controles para salvar o preset, alm do
fileira (segurando Alt/Cmd - Win/Mac).
boto de Hot-Swap, que permite acessar rapidamente
os outros presets de Drum Racks.
Porm, os Drum Racks dispem de uma interface e
bateria eletrnica. Porm, se for utilizado um instru-
de alguns controles diferentes que os tornam ideais
mento meldico em um pad, somente uma mesma
para uso com kits de bateria e percusso. E a maior
nota ser executada, e, por isso, mais comum uti-
diferena que os Drum Racks dispem de pads de
lizar samples ou instrumentos percussivos. Os efei-
percusso, como em uma bateria eletrnica. So, ao
tos podem ser inseridos para processar o sample ou
todo, 128 pads (um para cada nota MIDI), e pode-se
instrumento de um pad.
visualizar 16 de cada vez.
Para inserir algo em um pad, basta arrastar o item de possvel inserir samples, efeitos ou instrumentos
sejado at ele, atravs de um dos Browsers do Live. O
em cada pad para serem reproduzidos como uma
Live ir automaticamente adaptar, ou criar, as cadeias
86 | udio msica e tecnologia
e dispositivos necessrios para a reproduo. Assim, ao
se tocar a nota correspondente ao pad em um controlador MIDI, aquele sample ou instrumento ser reproduzido. Para remover todos os samples e dispositivos de
um pad, basta selecion-lo e apertar Delete ou Backspace. Muito simples, como tudo no Live.
Se voc inserir um sample em um pad, ser criada uma
instncia do Simpler (o sampler mais simples do Live)
com o tal sample inserido, pronto para ser reproduzido.
Se ento voc inserir um efeito no mesmo pad, este
ser inserido na cadeia do pad, porm frente do Simpler, ou seja, processando o sample inserido. Se voc
quiser mudar o sample, basta inserir o outro sample,
que ir automaticamente substituir o antigo na cadeia,
deixando todos os efeitos intactos na mesma.
Se voc arrastar mltiplos samples, eles sero inseridos
em sequncia (cromaticamente), porm em pads separados. Se voc arrastar mltiplos samples, mas pressionando Alt/Cmd (Win/Mac), os samples sero inseridos
no mesmo pad. Nesse caso, o que ocorre na verdade
que um outro Drum Rack inserido nesse pad, mas
com todos os pads sendo acionados pela mesma nota.
Assim, tocando a nota correspondente ao pad original,
ir disparar todos os samples inseridos. Se voc arrastar
um pad sobre outro, eles trocaro de mapeamento, e
assim alternaro suas notas MIDI correspondentes. Se
Os Drum Racks dispem de uma interface e alguns
controles diferentes que os tornam ideais para uso
com kits de bateria e percusso, e a maior diferena
que os Drum Racks dispem de pads de percusso
udio msica e tecnologia | 87
ABLETON LIvE
fizer o mesmo processo, porm pressionando Alt/Cmd
Receive: Determina qual nota MIDI ir acionar a cadeia.
(Win/Mac), os dispositivos de ambos pads sero inseridos em um novo Drum Rack, e este inserido no pad
Play: Determina qual nota musical ser tocada se
original (assim como com mltiplos samples).
houver um instrumento na cadeia.
Cada pad tem um nome, e se o pad estiver vazio esse
Choke: Para alguns instrumentos de percusso, como
nome ser o da nota MIDI correspondente. Quando um
um contratempo (high-hat), por exemplo, comum se
sample ou dispositivo inserido em um pad, o nome
utilizar mais de uma articulao em pads diferentes,
muda para o nome do sample ou dispositivo. Tambm
aberto ou fechado, no caso do contratempo, que tra-
possvel renomear qualquer pad que contenha so-
zem sonoridades bastante distintas. Nesse caso, po-
mente um sample ou dispositivo. Os pads que tiverem
rm, necessrio que uma cadeia interrompa a repro-
mltiplas cadeias, ou seja, outro Drum Rack inserido
duo da outra, pois seria impossvel executar ambas
contendo mltiplos samples ou dispositivos, recebero
articulaes simultaneamente na vida real. Por isso,
o nome de Multi para indicar a presena de mltiplas
h 16 grupos de choke, onde quaisquer cadeias que
cadeias. H tambm trs controles em cada pad: mute,
forem acionadas iro silenciar a(s) outra(s) cadeia(s)
solo e um boto para acionar a cadeia do pad (play).
do mesmo grupo. Ex.: Se tocar o contratempo fechado, o aberto ir parar de soar. Se no precisar utilizar
CHAIN LIST
essa funo, basta escolher None na lista.
Os Drum Rack no dispem de zonas, como os outros
tipos de rack, e alm dos outros controles normais da
Chain List, os Drum Racks dispem de alguns controles a mais, que os outros tipos de rack no tm.
Esses controles permitem configurar o roteamento de
sinal (MIDI e udio) dentro do Drum Rack. Para poder
visualizar esse controles, necessrio clicar em seus
respectivos botes na barra de ttulo do Drum Rack:
Auto Select: Quando selecionado, as cadeias que estiverem atuando sero automaticamente selecionadas
(ficaro amarelas) na Chain List.
IO: Permite mostrar/esconder a seo de input/output do Chain List.
Sends: Permite mostrar/esconder a seo de sends
(mandadas) do Chain List.
Os Drum Racks dispem de alguns controles a
mais que os outros tipos de rack. Esses controles
permitem configurar o roteamento de sinal (MIDI e
udio) dentro do Drum Rack
SENDS/RETURNS
(MANDADAS)
Returns: Permite mostrar/esconder a seo de returns
(cadeias de retorno de efeito) do Chain List.
Os Drum Racks dispem de uma sesso (sends/
returns) que permite criar mandadas de efeitos e
INPUT/OUTPUT
processadores dentro do prprio Drum Rack. H al-
Preview: Permite acionar e, assim, ouvir a cadeia.
figurar as mandadas:
88 | udio msica e tecnologia
guns controles que devem ser utilizados para con-
Sends: Determina a quantidade do sinal de cada
cadeia a ser enviado para cada mandada. Esses
controles s sero visveis quando houver uma cadeia de mandada no Drum Rack.
Returns: Para criar uma mandada, os efeitos e processadores devem ser inseridos na metade inferior
da Chain List, onde ser criada uma cadeia para
cada mandada. possvel criar at seis mandadas
para cada Drum Rack.
Audio To: Determina para onde os sinais de udio
nas sadas das cadeias de mandada do Drum Rack
sero enviados. Pode ser para o output do prprio
rack (Rack Output) ou para algum canal de retorno
de efeito (Return Track) presente no set.
Os Drum Racks so ferramentas muito versteis
para se trabalhar e criar instrumentos de percusso.
Seja para a produo em estdio ou para performances, os Drum Racks permitem criar e configurar baterias eletrnicas incrveis, com roteamentos
muito complexos e elaborados. Mas de forma fcil,
clara e prtica. por essas e outras que o Live
considerado um dos melhores softwares para a produo e performance musical do mundo, especialmente no meio da musica eletrnica.
Na prxima edio vamos finalizar o papo de racks,
falando das aplicaes prticas, com exemplos reais
de uso dos racks. A, sim, vocs vo entender quo
potentes os racks so, e j j estaro criando e utilizando racks nos seus prprios sets!
Ms que vem tem mais...
At l!
Lucas Ramos tricolor de corao, engenheiro de udio, produtor musical
e professor do IATEC. formado em Engenharia de udio pela SAE (School of
Audio Engineering), dispe de certificaes oficiais como Pro Tools Certified
Operator, Apple Logic Certified Trainer e Ableton Live Certified Trainer.
udio msica e tecnologia | 89
Montagem (AM&T)
Arquivo fernando Moura
MSICO NA REAL | fernando Moura
Quem sabe
faz ao vivo
A volta ao mundo em seis shows semanais
Aos meus fiis leitores, j comeo pedindo desculpas por citar
vender para a gravadora, o que alguns anos depois se transformou
esse infame bordo de TV, mas acho que por mais surrado que ele
em encontrar uma gravadora que distribua o disco.
seja, acaba transmitindo com clareza o que acontece no cenrio
musical da atualidade. So dois os caminhos com maiores possi-
Atualmente, essa entidade gravadora praticamente uma sombra
bilidades de subsistncia para o msico do sculo 21: a msica de
do passado, uma mquina de fax que s usada como secretria
encomenda para audiovisuais (filmes, TV, vdeos institucionais,
eletrnica. As possibilidades aumentaram muito com a internet, di-
instalaes de artes plsticas) e a performance ao vivo. Fora da,
ro os mais alinhados com a mdia e as novas falcias digitais que
leitor, quase uma loteria.
no conseguem responder uma pergunta que vem de muito longe:
afinal, como fazer para que o pblico conhea a minha msica?.
Sejamos honestos: embora prazeroso e desafiador, produzir em seu
home studio com todas as experimentaes, expectativas e possibili-
Essa a pergunta de um milho de dlares dos artistas de ontem,
dades que os DAWs nos oferecem uma atividade pouco rentvel. J
hoje e sempre. Compartilhar suas criaes musicais no SoundCloud,
houve poca em que se fazia esse tipo de trabalho com o objetivo de
Beatport, Facebook ou em qualquer uma das centenas de mecanismos
90 | udio msica e tecnologia
sustentados por propaganda de produtos musicais na web pode lhe
Equipamento usado: Teclado P 85 Yamaha de 88 teclas com peso
dar visibilidade, leitor, mas estar longe de garantir que a sua msica
de piano, efeito TC Electronic Nova Reverb, escaleta, uma estante
chegue ao seu pblico. Sem querer ser pessimista, s vezes penso
de teclado, um banco, pedal de sustain e cabo banana estreo/2
que, quando colocamos nossas criaes nesses mecanismos virtuais,
banana mono L/R para caixinha de linha do som local.
estamos ajudando os proprietrios desses engenhos a manterem ou
ampliarem seus contratos publicitrios atravs da exposio esperan-
Praticamente uma volta ao passado dos festivais de colgio, onde a
osa de nossas criaes em busca de serem reconhecidas pela fada
emoo de estar defendendo a sua msica sempre superava as barrei-
madrinha do pblico ou de algum mecenas digital.
ras tcnicas do local. O caminho entender e se adaptar ao som dispo-
muito mais gente do que voc imagina est pensando
nisso, e assim sendo, fica cada vez mais evidente a importncia da performance ao vivo. Tocar seu trabalho no
maior nmero possvel de oportunidades um caminho
bem objetivo, e mesmo com os perigos que a estrada
vai lhe apresentar, ser uma experincia muito enrique-
Arquivo fernando Moura
No fique triste, leitor. Seja bem-vindo ao mundo real:
cedora para voc e sua msica. O que se aprende num
show ao vivo vale por muitos ensaios e horas de produo musical em estdio. A simples ausncia do undo ou
do vamos de novo, do incio j vai lhe dar um grande
caminho de evoluo, caro leitor.
Durante a semana de 18 a 25 de agosto ltimo, passei por uma coincidncia incrvel de datas que me
proporcionou uma gincana musical de sete shows,
com trs repertrios diferentes, em oito dias, por
trs cidades diferentes. Condies totalmente particulares me fizeram relembrar as delcias e perigos
da estrada dos anos 1990, quando fazia mais de 100
shows ao vivo por ano com artistas como Elba Rama-
CosmeDamio em Marqus de Valena: dois shows na mesma noite
lho e Marisa Monte.
Vamos nessa, leitor?
nvel e se concentrar na execuo, procurando empatia com a plateia.
Diante das limitaes do equipamento, o mais importante achar
Sbado, 18 de agosto
CosmeDamio com Ary Dias em Marqus de Valena, RJ: shows no
teatro da cidade s 20 horas e s 23 horas no bar do Paulinho Misso:
uma relao possvel entre os dois instrumentos e pedir, com toda
delicadeza, que o operador no mexa, nem que seja para melhorar. O crebro de msicos com mais de 30 anos de estrada funciona de uma maneira muito peculiar, caro leitor: em cinco ou dez
Esquentar o show de lanamento de nosso CD, com o objetivo de
minutos tocando a gente filtra o que tem de ruim no som local e
testar o repertrio e as reaes de um pblico no necessaria-
passa a ouvir s o que interessa para a msica acontecer. A via de
mente habituado dinmica de uma apresentao de msica ins-
retorno de pouca qualidade, o mdio pamonha, agudos estriden-
trumental. Dois instrumentistas no palco desfilando um repertrio
tes, falta de peso nos graves e outros clssicos so absorvidos
75% autoral e com 25% de recriaes de msicas conhecidas
e decodificados pela vontade de tocar aquelas msicas. Se o ope-
uma prova durssima de empatia com o pblico.
rador ficar mudando a relao, ainda que com timas intenes,
Reproduo
MSICO NA REAL
Apresentao na Record News: entrosamento e
sangue frio para que tudo desse certo. E deu
vendidos e modos de cansao, porque (infelizmente)
no temos mais 20 anos de idade...
Segunda-feira, 20 de agosto
Performance do duo Praia Lrica com a cantora Mona Gadelha em SP, no Jornal da Record News
Misso: Performance ao vivo no Jornal da Record de
quatro msicas do CD Praia Lrica, um tributo cano
cearense dos anos 1970, em voz e piano com a cantora
Mona Gadelha para divulgar os shows da semana nas
Salas Funarte Rio e SP.
Equipamento usado: Um experiente teclado Roland
A90 gentilmente cedido pela emissora graas ao auxlio
acabamos ficando confusos e nos desconcentramos.
luxuoso de meu fiel amigo Renato Figueiredo, produtor musical
Conseguida essa relao tocvel, identifiquei na mesa quais os
da casa, uma estante de partituras e um pedal de sustain Roland,
canais usados por ns e pedimos com toda educao que algu-
que, como alguns tecladistas j sabem, tem a polaridade inverti-
ma coisa s fosse alterada se um de ns dois pedisse. Fomos
da em relao aos pedais de sustain Yamaha.
atendidos, o pblico foi generoso e a msica aconteceu com uma
acolhida bem calorosa.
Outra situao limite da estrada: tocar num telejornal, sem possibilidade de refazer e com uma s via de mixagem e uma caixa
Desarmamos rapidamente ao final, carregamos os carros e fomos
de retorno dividida entre os dois performers tarefa que comea
para o bar do Paulinho para um pocket show de aproximadamente
pela confiana mtua extrema de quem j toca junto h muito
quarenta minutos. Situao totalmente diferente do teatro em que
tempo aliada a uma dose de sangue frio.
tocamos antes, tanto em termos de espao quanto de teor etlico da
plateia. O som do local o que hoje em dia mais ou menos default
Como o leitor sabe, shit happens, mas ao vivo e em rede nacio-
nesse tipo de espao para 60/80 pessoas ouvirem violes e vozes:
nal, se alguma coisa der errado, o YouTube no perdoa jamais.
duas caixas amplificadas, um mixer de 8/12 canais, um efeito e dois
Que nos diga a adorvel Vanusa e seu hino nacional etlico.
ou trs microfones. Nesses locais, um inimigo srio a ser combatido
Felizmente estamos muito longe desse tipo de perigo, e mesmo
a instalao eltrica precria e com poucas tomadas disponveis.
sem efeito algum na voz e confinados a um canto de um est-
A experincia ensina aos tecladistas que duas extenses de A.C
dio de jornalismo, fomos muito bem recebidos e conseguimos
nesse tipo de gig so obrigatrias e os adaptadores de tomadas so
cumprir nossa misso. Pelos sorrisos dos contrarregras quando
decisivos para o show acontecer.
desmontavam o equipamento e retiravam os microfones, a gente
entendeu com muita clareza que as canes de Belchior, Ednardo
Alteramos o repertrio restringindo as msicas autorais e alonga-
e Fausto Nilo sempre tero seu lugar nos coraes dos brasileiros.
mos um pouco os arranjos de msicas mais conhecidas, como gua
Confira em: http://tinyurl.com/recordnews.
de Beber e Abri a Porta, que com sua imediata comunicao com o
pblico nos ajudou a fazer a mgica da msica acontecer mesmo
Quarta-feira, 22 de agosto
em condies to diferentes do estdio do Sergio Lima Neto, em
Duo Praia Lrica recebe o cantor Ednardo na Sala Funarte Rio de
Araras, onde gravamos o nosso CD.
Janeiro
Por volta de trs da manh empacotamos o equipamento em nos-
Misso: Tocar o show Praia Lrica de voz e piano acstico com a
sos carros e fomos dormir felizes com a receptividade, os CDs
participao especial, em trs msicas, desse mestre cearense
92 | udio msica e tecnologia
udio msica e tecnologia | 93
MSICO NA REAL
que tanto nos ensinou em incio de carreira (foi minha primeira
esta afirmao est o fato de o Lanny ser uma pessoa super doce e
gig, aquela que a gente nunca esquece!).
um msico merecedor do respeito de todos ns por suas contribuies e histria ousada. Suas ideias marcaram no s os guitarristas
Equipamento usado: O piano Steinway & Sons da Sala, devidamente
brasileiros que vieram a partir dele, mas, por exemplo, a introduo
recuperado e afinado na gesto do guitarrista Claudio Guimares, e
que ele criou para Prola Negra em Gal a Todo Vapor, com suas quar-
um laptop Sony por meio do qual aciono trs bases de ritmo usadas
tas superpostas, me inspirou para muitas harmonizaes modais que
dentre as 16 msicas do repertrio.
desenvolvi ao longo dos anos.
Tocar na cidade da gente, num ambiente acolhedor e com bons profis-
A principal dificuldade desse show para mim como pianista o fato
sionais sempre um prazer. Para quem pensa que um show de voz e
de que, com o quarteto, uma realidade tocar piano acstico. O
piano tranquilo de sonorizar, lembro que quanto menos gente em
Lanny d bastante espao harmnico e sonoro e rola uma dinmica
cima do palco, maior ser a exigncia do ouvinte, porque ele identifi-
de jazz. Entretanto, medida que vo chegando os guitarristas con-
car com mais rapidez as fontes sonoras do que numa formao mais
vidados, somam-se trs amps, perifricos e entusiasmo crescente
numerosa, com grooves e instrumentos eltricos.
nos nmeros finais Don Carlinis Blues, Summertime e London London. Eventualmente, passo a ter que esmurrar o piano acstico para
A direo quase camerstica desse show levou inclusive o Ednardo
me ouvir naquele mar de guitarras que se instala no palco, o que
inteligente deciso de deixar em casa uma guitarra com peda-
sempre uma perda muito grande para a msica.
leira que pretendia levar para o palco. Preferiu se deixar acompanhar pelo meu piano, se concentrando nos arranjos originais para
A ttica aqui achar dois volumes para o piano no monitor (com o
msicas de sua autoria. Os tons das msicas gravadas por Mona
quarteto e depois quarteto + convidados) e avisar ao tcnico a partir
com sua voz grave e sensual tambm estavam do outro lado do
de que msica ele deve acionar o segundo volume. Para esse proce-
espectro sonoro da voz de Ednardo, e ele, como gentleman que
dimento funcionar, infelizmente peo para, desde o incio, cortar bem
, adaptou-se aos tons da cantora e deu seu bonito recado. A
resposta do pblico foi calorosa e a msica foi homenageada mais
uma vez. Confira em: http://tinyurl.com/ednardo-funarterj.
Quinta e sexta-feira, 23 e 24 de agosto
Estilo Novo, com o quarteto de Lanny Gordin e as participaes de
os graves (200 Hz, pelo menos!) do piano no monitor (mais uma vez
o crebro experiente se adapta logo). Outra providencia essencial
evitar colocar mais algum instrumento no monitor. Pela estrutura dos
arranjos, a banda e o Lanny, em especial, fazem muita questo de
ouvir o piano, ento com a soma do que eles ouvem nos monitores e
nos side fills consigo tocar sem ter que brincar de Jerry Lee Lewis o
Misso: Continuar a srie de shows do lendrio guitarrista e seu quarteto com as participaes dos guitarristas discpulos e admiradores que gravaram conosco o
CD Estilo Novo, provavelmente j venda no mundo
quando o leitor estiver lendo essa matria.
Arquivo fernando Moura
Edgar Scandurra e Luiz Carlini no SESC Ipiranga
Equipamento usado: Piano acstico Steinway & Sons
e teclado Nord Lead 2 para sons bsicos, tendendo
para o analgico, como pads, moog solos e rgos.
No disco, foram gravados com instrumentos autnticos, mas que infelizmente no aguentam mais os
rigores das companhias de aviao atuais.
Adoro fazer esse show, e entre os muitos motivos para
Ednardo com o duo Praia Lrica: quanto menos
gente no palco, maior a exigncia do ouvinte
94 | udio msica e tecnologia
MSICO NA REAL
No show Estilo Novo, com o quarteto de Lanny
Gordin e convidados, tenho que cortar os graves
e utilizar dois volumes para o piano no monitor
tempo todo. s vezes, como no primeiro dia dessa
srie, a coisa no funciona nem com toda a boa
vontade do mundo, mas no segundo dia foi maravilhoso e demos trs bis. O pblico sempre tem
razo, leitor!
Sbado, 25 de agosto
Praia Lrica: voz e piano acstico na Sala Fu-
Misso: ltima parada dessa gincana musical depois de uma semana de shows seguidos
passando por repertrios, decibis e instru-
Divulgao
narte SP
mentaes bem diferentes.
tantos arranjos escritos, mas a confiana mtua e o entrosamento de
Equipamento usado: Piano Yamaha de meia cauda da Sala Funarte SP
muitos anos com Mona Gadelha nos proporcionaram uma noite muito
mais o laptop com as mesmas bases usadas na Sala Funarte do Rio.
feliz com o generoso e imprescindvel reconhecimento do pblico.
Recentemente revitalizada, muito simptica e acolhedora, a Sala
Coda
nessa minha semana premiada. Talvez o esprito da grande pianista
brasileira, talvez at um pouco de alvio que minhas mos devem ter
sentido voltando a um repertrio camerstico depois de duas noites
de pauleira com os guitarristas amigos, mas o fato que me senti
em casa com o japinha da Alameda Nothman.
Tive que redobrar a ateno para no me distrair e pular linhas de
Tocar ao vivo fundamental para o msico, leitor. Voc pode passar um tempo no estdio ensaiando, gravando, mixando e tentando o melhor para a sua msica com toda a sinceridade, mas
nada se compara reao autntica de quem saiu de casa, pegou
um transporte, pagou a entrada e sentou ali naquela sala para lhe
assistir. E tudo isso abrindo mo do encontro dirio com as aventuras de Carminha, Tufo & Cia na TV!
Arquivo fernando Moura
Guiomar Novaes tem um piano que foi o que melhor me recebeu
O pblico sbio. Todas as consideraes
musicais,
mercadol-
gicas ou tcnicas so irrelevantes
se comparadas ao aplauso de uma
plateia que est ali ao vivo naquele
recinto fechado dividindo a energia
que voc emana do palco.
Ensaiar e conhecer seu repertrio
fundamental. Se puder tocar sem ler,
melhor para voc e para a msica.
Se tiver que ler, no faa da partitura
um escudo que lhe transforme num
ser alheio ao que est acontecendo
no palco. Encontre logo os momentos
em que voc no precisa ficar com os
ltima parada: Sala Funarte SP
olhos presos nela e se comunique com seus colegas de palco. Sempre
No complique no setup. Evite equipamentos desnecessrios e
que possvel, olhe para o pblico, que vai gostar de saber que voc se
use instrumentos confiveis: ao vivo, a maior parte das pessoas
importa com ele e vai lhe retribuir com autenticidade.
quer ver voc em ao, dividir com voc aquele momento que no
se repetir nunca mais.
Quanto menos recursos tcnicos, maior dever ser sua objetividade
e concentrao. Reclamar do som ostensivamente no meio do show
Depois de uma boa descansada de tantas gigs, nos vemos no
totalmente amadorstico. Aquele ar de lutador de telecatch movendo
ms que vem.
os braos de frente para a plateia ainda mais vergonhoso quando
voc se confronta no YouTube com sua prpria vaidade.
At l, querido leitor.
fernando Moura amenguista, msico, compositor, arranjador e produtor musical, alm de ex-fumante.
visite www.myspace.com/fernandomoura.
PRO TOOLS
| Daniel Raizer
PRESETS
Amenize sua preguia
comeando do meio
Adoro presets! No tem nada melhor do que chamar instantaneamente
um lindo conjunto de ajustes no Channel Strip para que este resolva imediatamente a flacidez musical do bumbo, a nebulosidade da vocalista ou
qualquer outra coisa que precise de ajuda na mix.
Muito bom tambm percorrer os presets do Vacuum para enfim achar aquele timbre perfeito para o solinho sem ter que partir de uma onda senoidal ou
sem virar um knob sequer. Ok, o Cutoff e Reso pode. T, no caso do preset
que escolhi, abaixar um pouco o Release dos envelopes tambm ajuda...
Quem aguenta no dar uma mexidinha no preset? Ningum.
Por outro lado, no h nada de errado em usar um preset sem modific-lo,
alis, indico que voc ao menos parta de um preset para ento chegar ao som
que realmente deseja, seja ajustando um pouco o Threshold, a razo ou uma
frequncia que est quase no lugar certo. Todavia, de fato, em alguns casos
no h nada a fazer mesmo,
Um quase preset do Vaccum
e isso no crime e nem
feio. Nem um pouquinho. Os
lha outro da lista. Teste-o. Escolha a opo <factory default> novamente
excelentes presets do Pro To-
da guia de presets. Agora tente criar o preset que voc escolheu antes
ols foram criados por pessoas
partindo deste, de forma que fique igualzinho. Caso voc no seja disc-
muito experientes, daquelas
pulo do Isao Tomita, ou ele mesmo, ou o Miguel Ratton, desejo boa sorte!
que gostam de tabelas de
curvas de reduo de ganho,
Dica do Vacuum: sabe um daqueles botes que est faltando no painel, que
planilhas com grficos de dis-
mal se l Drive? Aquele que fica logo abaixo da vlvula, que tem um peque-
toro por intermodulao,
no escorrido oxidado, ao centro do campo VTO One? Clique sobre ele duas ve-
lquidos fermentados, entre
zes e voc ter sempre um novo preset randmico. Quando achar um bacana,
tantas outras coisas, e que,
salve-o. Mais sobre esse salvamento nos prximos pargrafos.
muito
provavelmente,
so
mais experientes que voc e
Agora digo mais sobre os presets: definitivamente so boas escolas. Analise-
eu (juntos).
-os cuidadosamente e tente entender o porqu deles serem assim. Talvez
a reduo de ganho na regio das frequncias vizinhas das que estamos
Faamos
um
teste:
trabalhando provendo ganho seja uma tcnica interessante de equalizao...
crie
Adoro presets e eles so meus amigos!
uma pista de instrumento
e inserte um Vacuum. Em
seguida, clique no nome do
Salvar seus presets tambm uma boa ideia, j que voc vai querer utiliz-
preset atual (onde aparece
-los sempre, pois partir do zero s motivador para alpinistas. certo que
<factory default>) e esco-
o Pro Tools d ferramentas simples para que seus presets fiquem bem aces-
Um preset no plug-in Channel
98 | udio msica e tecnologia
Strip = salvador da ptria
Settings To e, por fim, uma das duas opes: Root Settings Folder, para
salvar seus presets na pasta de presets do Pro Tools (que a default), ou
a opo Session Folder, para salv-los na pasta da sesso. Escolha esta
ltima agora para ver o que acontece em seguida.
Agora, para salvar um preset sem sobrescrever aquele do qual partimos, v
ao menu Preset e escolha a opo Save Setting As. O Pro Tools, ento, abre
automaticamente a pasta Plug-in Settings de sua sesso. Basta escolher um
nome e apertar Enter no teclado QWERTY, ou Return, para os applezeiros.
Volte lista de presets no plug-in: agora aparece uma pasta nova intitulada
Sessions Settings Folder, de onde pode ser carregado seu novo preset.
A janela Workspace exibindo presets de plug-ins
Se voc deixar o caminho para salvar os presets em direo pasta
principal de presets (Root Settings Folder), este estar disponvel l na
sveis na sua estao e tambm nas suas sesses que transitam entre seu
prxima vez que quiser e para todas as prximas sesses, mas no o
home, outros estdios, outros colegas e o masterizador (que deveria existir).
que criamos antes e salvamos na pasta da sesso.
Se voc simplesmente salvar a sesso com o plug-in do jeito que est,
ele ficar esttico e ir abrir do mesmo jeito que estava, bvio, mas
caso seja alterado, perde sua configurao atual e no haver meio de
voltar ao que era depois que a sesso for fechada e aberta novamente
(outro ponto bvio). Por isso, boa ideia salvar seus presets mais importantes. Entretanto, antes de salvar presets interessante escolher
onde eles sero salvos. Vamos ver isso agora.
Antes, uma informao importante: presets so salvos no formato .txf e
so facilmente encontrados tanto quando perdidos atravs da janela
Workspace, que voc aprendeu a usar e a gostar caso tenha lido um
dos meus artigos do passado. Quando achar um preset nessa janela,
simplesmente arraste-o para um slot de insert em uma pista. Um jeito
fcil e rpido de abrir um plug-in j configurado.
Agora, sim, o assunto: existem vrios lugares onde voc pode salvar
seus presets, mas os melhores so dentro da pasta raiz do Pro Tools, junto dos outros presets de fbrica ou dentro da pasta de sua sesso. Para
escolher uma destas opes, clique na aba Preset na janela do plug-in e,
do menu que se abre, escolha Settings Preferences, depois Save plug-ins
A pasta de presets personalizados
Agora, uma pergunta: como, ento, transferir presets de plug-ins de um
computador para outro? Depende. Se vai transferir uma sesso que poder utilizar o preset do plug-in que voc criou, basta salvar o plug-in na
pasta da sesso, conforme vimos acima. Agora, se voc vai apenas usar o
preset em novas sesses, basta salvar o arquivo .txf em alguma mdia (ou
mand-lo pelo e-mail) e import-lo no outro computador. Para import-lo, basta clicar na caixa de Preset para que seu menu flutuante se abra,
escolha a opo Import Settings e ache o preset. Ao fazer isso, o Pro Tools
aplica o preset no plug-in e copia o preset para a pasta raiz dos presets do
Pro Tools. Assim, ficar disponvel para todas as demais sesses.
Outra pergunta, mas de resposta complexa e resultado curioso: e se quisermos chamar, de uma vez s, uma pista com vrios plug-ins presetados, tem
jeito? Tem. Esse modus operandi no oficial, ou seja, no tem no manual
e pode ser considerado fruto de subversivos, sejam eles hackers, nerds, programadores, experts, admiradores de tabelas de curvas de reduo de ganho,
de planilhas com grficos de distoro por intermodulao e de lquidos fer-
Escolhendo o caminho onde sero salvos os presets
udio msica e tecnologia | 99
PRO TOOLS
gramas (x86)/Avid/Pro Tools, e, no Mac, em Applications/Avid/Pro Tools.
Clique no cone para criao de uma nova pasta no alto da janela e digite
exatamente o nome Track Presets. Clique sobre esta duas vezes para
entrar na pasta e clique novamente no cone de criao de pasta para
criar uma subpasta dentro dessa, que chamarei de Channel Strip, mas
pode ter qualquer outro nome. Clique nela para entrar nesta subpasta.
Na figura a seguir, veja como ficou. Digite um nome para seu Channel
Strip (eu escolhi Vocal) e salve-o clicando no boto Salvar.
Import Settings
mentados, ou gente sem ter o que fazer mesmo. Porm, o resultado propicia
uma fortssima desenvoltura durante produes inspiradas. Vamos ver agora
como criar a sua pista personalizada com seus plug-ins preferidos insertados e
presetados ao seu gosto para que possa ser chamada quando quiser.
Primeiro, necessrio criar a tal pista (um Channel Strip) com seus in-
Janela onde se deve clicar apenas o boto OK
serts ou partir de uma existente que voc j gosta. Faa isso agora. No
Agora a parte (pseudo) complicada: abra o Explorer (usando o atalho
exemplo a seguir, criei um Channel Strip de udio no formato mono com
Windows + E), se estiver no Windows, ou use Finder, no Mac, e nave-
um equalizador, um compressor, um de-esser e um delay insertados e
gue at esta mesma pasta at ver o arquivo vocal.ptx. necessrio
organizei as configuraes de cada um partindo de presets.
visualizar a extenso do arquivo. Dica: para ver as extenses dos arquivos no Windows, da janela da pasta clique no menu Organizar, de-
Selecione apenas este Channel Strip caso no esteja selecionado, v
pois em Opes de Pasta e Pesquisa e, na guia Modo de Exibio, des-
ao menu File, escolha a opo Export e depois Selected Tracks As New
marque o item Ocultar as extenses dos tipos de arquivos conhecidos.
Session. Na janela seguinte, clique no boto OK.
Na janela subsequente, chamada Save Copy of Session In, navegue at a
pasta do Pro Tools. Ateno: no Windows, esta fica em Arquivos de Pro-
O caminho para a pasta do Pro Tools e as novas
pastas Track Presets e Channel Strips
Agora clique sobre o arquivo para selecion-lo e mude a extenso para
.ptxt. Confirme a mudana de extenso na janela de aviso clicando no
boto Sim. O cone muda. Veja o antes e o depois a seguir.
Agora volte ao Pro Tools e use o atalho Shift + Ctrl + N (ou Shift +
Command + N no Mac) para abrir o menu de criao de novas pistas.
O Channel Strip eleito para ser preset
100 | udio msica e tecnologia
O arquivo com extenso .ptx e, depois, com extenso .ptxt.
Clique sobre o item onde aparece Audio Track. Aha! Aparece agora a nova pasta Channel Strips logo ao final dos tipos de pistas disponveis!
Clique sobre o item Channels Strips agora para chamar o preset que criamos. Uma nova janela abre-se e de l aparece o nosso nico preset. Clique sobre o boto Create para criar uma
pista contendo todos aqueles plug-ins j presetados que organizamos algumas etapas atrs.
A janela New Tracks com a nova opo Channel Strips
Agora basta fazer outros presets e salv-los da mesma maneira. Se voc quiser, possvel
criar pastas de presets dentro da pasta Track Presets, como, por exemplo, vocais, baixo,
teclados, entre outras, e organizar tudo de modo virginiano. Tambm possvel criar
Channel Strips de outros tipos, como de instrumentos, e todos estes estaro disponveis
para todas as suas prximas sesses. Quer mandar para seus colegas os seus Channel
Strips? Anexe a um e-mail as pastas que criamos acima e ensine-os onde coloc-las.
A janela para escolha de presets de Channel Strips
V agora produzir todos seus presets.
PS: Agradeo ao Cristiano Moura pela divulgao em vdeo dessa curiosidade que mostrei aqui e que foi descoberta pelo pessoal do pro-tools-expert.com, provveis pessoas
muito experientes, tipo aquelas que gostam de tabelas de curvas de reduo de ganho,
planilhas com grficos de distoro por intermodulao, lquidos fermentados...
Abrao e at a prxima!
Daniel Raizer especialista de produtos snior da quanta Brasil, consultor tcnico da
quanta Educacional, msico e autor do livro Como fazer msica com o Pro Tools, lanado
pela editora Msica & Tecnologia. Mantm o blog pessoal danielraizer.blogspot.com.
udio msica e tecnologia | 101
SONAR | Luciano Alves
UTILIZANDO O IPAD
COM O SONAR
(PARTE 2)
No ltimo nmero da AM&T iniciei a anlise de como trans-
O painel principal do V-Control mostra diversas funes
formar o iPad em uma superfcie de controle e conect-lo
muito familiares: botes de transporte, faders, VUs, botes
ao Sonar X1. Detalhei o equipamento necessrio, as co-
rotativos, textos descritivos da pista selecionada, botes de
nexes destes equipamentos, como configurar o Sonar e a
solo, mute, rec etc. O problema bsico que encontramos
ordem correta de ativao dos softwares envolvidos. Agora
ao iniciar as atividades no V-Control reside no fato de que
detalharei os recursos disponveis para controlar diversos
existem muito mais funes do que apresentado nesta
aspectos do Sonar a partir do iPad.
janela principal. Se voc tecladista, j deve estar acostumado com as limitaes dos displays dos teclados. Para
Este artigo focado no Sonar, mas pode ser adaptado
que o display mostre mais contedo necessrio pressionar
para diversos softwares, tais como Nuendo, Cubase, Pro
alguns botes do painel do instrumento (s vezes, at dois
Tools, Reason e Final Cut, entre outros.
simultaneamente). O V-Control utiliza este mesmo artifcio,
sendo que na forma touch-screen: dependendo do que for
Estando com tudo conectado corretamente, inicie o Sonar
selecionado em um dos botes direita do display, uma ou
e, em seguida, o app V-Control do iPad. Repare que na
outra funo se tornar ativa.
janela principal do V-Control h um campo em cima e
direita com as letras TR. Estas letras e o boto Track/Bus,
Mas, sem problema: vamos com calma que tudo dar cer-
situado logo abaixo, devem estar com colorao verde.
to. Na falta de um manual, vou detalhar para vocs, em
Caso negativo, sinal que o V-Control no se conectou
forma de passo a passo, tudo que aprendi nas minhas
ao Sonar via wi-fi. Se isto estiver acontecendo, recorra
pesquisas. Afinal, tecladista isso mesmo: como se no
matria anterior e verifique todas as conexes.
bastasse o eterno aprendizado musical, temos que lidar
Luciano Alves
diariamente com os botes!
SEO DE TRANSPORTE
Primeiramente, teste os botes de transporte:
Play (tocar), Stop (parar), Forward (mover para
frente), Backward (mover para trs) e Rec (gravar). Repare que os botes Forward e Backward
adiantam ou atrasam o cursor na proporo de um
compasso a cada toque na tela do iPad. Se voc
desejar mover o cursor por vrios compassos,
mantenha o dedo no boto por mais tempo, at
chegar ao ponto pretendido da msica.
H uma outra maneira, mais eficaz, de movimentar o cursor:
1. Pressione o boto multifuno que fica direita
Sonar no computador controlado pelo iPad
102 | udio msica e tecnologia
udio msica e tecnologia | 103
SONAR
Tela principal do V-Control com o campo
TR e o boto Track/Bus ativos, indicando
conexo com o Sonar via wi-
pois a mesma fica com uma colorao cinza
claro. No V-Control necessrio tocar a tela do
iPad no campo azulado exatamente acima da
pista que se deseja ativar. Este campo fica acima do boto de Pan. No adianta ficar tocando
no meio da tela, pois nada acontecer.
Na parte de cima de cada pista aparece o
nome do instrumento que foi atribudo no Sonar. Repare que no V-Control o nome mostrado de forma compactada. Por exemplo,
se voc atribuiu o nome Guitarra Solo no
Sonar, aparecer GtrrSl no V-Control. Se o
nome compactado no estiver fazendo sentido, no necessrio olhar para o Sonar a
na posio inferior (este boto possui trs linhas horizon-
fim de checar o nome completo: basta dar um toque no
tais e uma seta vertical).
V-Control exatamente sobre GtrrSl que prontamente
ser mostrado o nmero da pista seguido do nome real.
2. Na janela que se abre, toque no cone que contm trs
Aps trs segundos, o V-Control volta a mostrar o nome
linhas (posicionado em cima, esquerda) e selecione Edit.
compactado. S ficou faltando uma opo de escrever ou
Abre-se a janela de Edit do V-Control.
modificar nomes de pistas no prprio V-Control.
3. Deslize o dedo para a esquerda e para a direita sobre o
FADERS
slide Scrub/Shuttle. Desta forma possvel atingir trechos
da msica mais rapidamente do que utilizando os botes
Agora que voc j sabe ativar uma pista, deslize o fader
avanar e retroceder do transporte. Com a prtica voc se
para cima e para baixo. Confira se o som da pista est au-
acostumar a usar uma combinao do Scrub/Shuttle jun-
mentando e diminuindo. Preferencialmente, sole a pista
tamente com os botes Forward e Backward, j que a janela
para facilitar a audio. Repare se o indicador de volume no
do Edit no esconde os botes do transporte.
Sonar est respondendo ao do V-Control enquanto voc
desliza o fader. Se quiser parar o fader na posio 0 dB,
4. Para fechar a janela de Edit, toque novamente no boto
toque duas vezes seguidas sobre o mesmo no V-Control.
multifuno.
Voc vai reparar que, comumente, o fader no V-Control
O boto de Rec do V-Control funciona de forma idntica
no obedece exatamente ao do toque. Voc levanta
ao do Sonar: para gravar efetivamente, necessrio que a
o fader e ele retorna ao ponto onde estava. Isto acontece
pista em questo esteja armada para gravao. Portanto,
quando h automao de volume registrada na pista. Lem-
toque no boto R do V-Control para armar a pista desejada
bre-se que aps entrar uma automao de volume, o fader
e, em seguida, no boto de Rec do transporte.
perde a ao. Isto ocorre no Sonar por padro. Quando de-
SELECIONANDO UMA PISTA
sejamos modificar o volume de uma pista de forma global
aps ter entrado envelope de volume, necessrio utilizar
o campo Gain. E, infelizmente, no V-Control no h um
Para tornar uma pista ativa no Sonar necessrio clicar
controle para a funo Gain do Sonar. J tentei associar
com o boto esquerdo do mouse sobre a mesma. Sabemos
esta funo aos botes de Modifiers da janela Edit do V-
que uma pista est ativa, ou seja, que a pista da vez,
-Control, mas, at agora, no tive sucesso.
104 | udio msica e tecnologia
udio msica e tecnologia | 105
sonar
PAN
dedos, j que o iPad incorporou a tecnologia multi-touch.
4. Para monitorar as posies, visualize as porcentagens
O boto de Pan no V-Control bem mais simptico do
que so apresentadas acima de cada boto de fader.
que o campo Pan do Sonar. Para mudar a posio de um
instrumento no panormico, basta deslizar o dedo sobre
5. Desligue o boto Flip para que os faders retornem sua
a faixa circular que h em volta do boto de Pan do V-
funo natural.
-Control. Tentar mudar a regulagem como se estivesse
rodando um potencimetro perda de tempo. Este boto
BOTES S, M & R
do tipo potencimetro s serve para retornar o Pan posio central tocando-se duas vezes sobre o mesmo.
Estes so velhos conhecidos nossos: Solo, Mute, Armar
Gravao. Mesmo que o Sonar esteja tocando, pode-se
Deslizar sobre a faixa circular parece incmodo, pois a
acionar o Solo e o Mute. J o boto R (armar gravao)
ponta do dedo esconde a posio em que o Pan est. Con-
s funcionar com o Sonar tocando se a funo Allow Arm
tudo, isto no chega a ser um problema, pois logo acima
Changes During Playback/Record (permitir armar/desar-
do campo deslizante mostrada a porcentagem corres-
mar durante a execuo ou gravao) estiver habilitada.
pondente posio do Pan. E, na verdade, trabalhamos
Para alterar o estado desta funo:
a posio do panormico, mesmo no Sonar, atravs de
nmeros (10%, 25%, 50% etc.), em vez de ficar obser-
1.Tecle P no teclado do computador para abrir a janela Pre-
vando a posio em que o boto est.
ferences do Sonar.
Por outro lado, existe uma outra forma bem extica de
2.Localize a seo Projet/Record.
regular o Pan: utilizando o prprio boto deslizante do
fader. Como dito anteriormente, dependendo das com-
3.Habilite a funo Allow Arm Changes During Playback/Re-
binaes, os botes e faders no V-Control passam a atu-
cord.
ar de diferentes maneiras. Esta propriedade tpica do
universo digital. No mundo analgico nunca cogitamos a
Esta funo deve ficar sempre ligada, pois facilita o tra-
possibilidade de utilizar um fader para regular o panor-
balho de gravar atravs de punch-ins e punch-outs ma-
mico. H 20 anos isso era simplesmente impossvel.
nualmente. Voc s deve tomar cuidado para no gravar
Para usar o fader como controlador do panormico:
1. Toque no boto Flip que fica na coluna vertical direita
do V-Control. Ele passa para a cor amarela, que indica
que est ativo.
2. Movimente o fader de uma pista deslizando-o para cima
(Right) e para baixo (Left). Repare que todos os panormicos podem ser editados, inclusive simultaneamente.
Janela Preferences/Project/Record, onde
possvel habilitar as pistas para armar
gravao mesmo com o Sonar tocando
106 | udio msica e tecnologia
Luciano Alves
3. Para modificar vrios pans ao mesmo tempo, utilize vrios
inadvertidamente sobre um trecho de um instrumento
no monitor do computador: voc pode sentar-se vontade
que j estava valendo. Mesmo assim, se isto ocorrer, faa
para tocar e gravar seu instrumento. Basta estar com o iPad
um ou mais Undos.
ao seu alcance manual e visual. Coloco o iPad em uma estante
Agora, coloque a msica para tocar e regule os volumes e
pans simultaneamente. Grave novos trechos, sole e mute
como se estivesse trabalhando com uma mesa analgica.
Para visualizar mais grupos de oito canais, toque no boto
de leitura de maestro, mas, se voc preferir, existem diversos
suportes especficos que podem ser encontrados na internet.
No prximo ms detalharei mais recursos do V-Control
para iPad.
Channel/Bank do V-Control (cone com duas setas, embaixo,
esquerda). Agora desnecessrio ficar colado no teclado e
Boas gravaes e sequenciamentos.
Luciano Alves tecladista, compositor e autor do livro Fazendo Msica no Computador. Fundou, em 2003, a escola de msica e
tecnologia CTMLA Centro de Tecnologia Musical Luciano Alves (www.ctmla.com.br), que dispe de seis salas de aula e um estdio.
udio msica e tecnologia | 107
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108 | udio msica e tecnologia
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Tools - Operao em Mesas Digitais - Efeitos para Mixagem -Sonorizao - Prtico de Gravao- MIDI Bsico - Musicalizao
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Tel.: 11 5573-3818 Email:
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e intermedirio, alm de pr-produo e produo musical para
formao de tcnicos de PA e estdio.
Tel.: 41 3223-4432 Site:www.audiowizards.com.br
Curso de udio profissional - bsico e avanado
Ncleo de Formao Profissional de Belo Horizonte-MG oferece
cursos para msicos, maestros, operadores de udio, tcnicos
de instalao, tcnicos de gravao, operadores de sistemas
para igrejas etc. Tel.: 31 3374-7726
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[email protected]Site:www.dgcaudio.com.br
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udio msica e tecnologia | 111
lugar da verdade | Enrico De Paoli
Do a mo,
querem o brao
Esse um comportamento tpico do ser humano. Quem
mente conecta-se o MacBook equipado com uma porta
que no se acostuma com as coisas? Alis, este artigo (com
Firewire e com um ProTools 10 instalado numa mesa da
algumas adaptaes) poderia muito bem entrar numa revis-
srie Venue configurada com uma placa FWx. No patch-
ta sobre relacionamentos (risos)! H uma expresso em in-
bay digital da mesa, enderea-se cada canal para a sada
gls que diz take it for granted, e significa mais ou menos
firewire que vai diretamente para os tracks do ProTools.
quando algo que um dia foi surpreendente ou espetacular
E voil. No precisa de splitters, de multicabos, racks e
se torna simplesmente normal; ou pior: banal.
racks de pr-amps, conversores, mquinas de gravao,
nada. Um MacBook.
Quem nunca se impressionou com um computador sendo
capaz de abrir equalizador em todos os (24!) canais de
Mas, claro, a gente quer mais, n Afinal de contas, com
udio em tempo real? Pois virou banal. H quem j
32 tracks no d pra gravar os shows de hoje (mas com
tenha ficado com o queixo cado em ver um ADAT rodan-
muito menos do que isso dava pra fazer os discos mais
do oito canais digitais, sem crosstalk. Pois ! Hoje nem
clssicos da histria). Ainda na insatisfao quase in-
se fala mais nisso! Crosstalk da poca das fitas ana-
grata da tecnologia, chegamos concluso que o ProTools
lgicas, quando um track na fita vazava um pouquinho
HD era bacana, mas, quem sabe, muito grande! Afinal,
no track vizinho. J se impressionaram com automao,
estamos em toda parte e no podemos ficar presos a um
claro! O que antes era privilgio dos estdios multimilio-
MacPro fixo num estdio! Que absurdo! No d pra ima-
nrios, com mesas Neve e SSL, a Yamaha fez ser poss-
ginar no poder fazer a automao daquela voz durante
vel para os home studios com a 02R. H quem j tenha
o almoo de famlia domingo ou mexer na compresso da
se impressionado at com gravao multitrack. Quem
voz durante aquele caf, e, em caso de uma viagem de
assistiu o filme do Ray Charles?
avio, seria um tdio absoluto no poder refazer aquela
mix com um dB a mais de voz (risos)! Pensando nisso,
Assim como na vida real, vamos nos acostumando com
a Avid liberou o ProTools funcionando sem nenhuma in-
as coisas, e a cerimnia acaba. E comeamos a reclamar
terface conectada no Mac, e com os MacBooks atuais, de
e a querer mais. E mais. E se no temos, achamos que o
alto desempenho, torna-se possvel rodar sesses relati-
que temos simplesmente no basta. E quando finalmen-
vamente grandes e com bastante plug-ins, para que pos-
te temos uma tecnologia de gravao digital fantstica,
samos finalmente trabalhar em qualquer lugar, em vez de
com alto nvel de processamento, edio infinita, arma-
fazer outras coisas da vida, como viver.
zenamento gigante e som cristalino, chegamos a duas
concluses. Sobre uma delas, que o som cristalino no
Mas, claro ainda no t bom. Ou o som ainda no o mes-
exatamente o que a gente quer, falaremos em outro arti-
mo, ou ainda no se abre o mesmo nmero de plug-ins ou,
go. A outra concluso a de que toda essa flexibilidade e
simplesmente, o MacBook ainda no pequeno o suficiente.
tecnologia precisam, na verdade, caber em computadores
Bom mesmo seria no iPhone! E quando isso acontecer, a
menores. Ou at, quem sabe, num iPhone ou iPad!
gente compra um compressor valvulado para fazer com que
toda essa portabilidade perca totalmente o sentido!
Este fim de semana dei mais alguns passos na degustao dessas novas tecnologias de miniaturizao. Gravei
Boas mixes, boa viagem ou, simplesmente, um bom caf
um show da Ana Carolina em 32 tracks. Bem, aparente-
pra vocs.
mente, nada demais, n? Mas foi num MacBook Air! Sim,
com todos esses 32 canais passando por um nico cabo
*Meus agradecimentos especiais ao Kalunga e Quanta
firewire e mais nada. Sem interface alguma. Simples-
Music pelo suporte prestado nesta gravao.
Enrico De Paoli engenheiro de msica. Grava, mixa e masteriza em seu Incrvel
Mundo Studio e onde mais a tecnologia permitir. Site: www.EnricoDePaoli.com
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