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Normas de Encadernação e Preservação de Documentos

Este documento propõe normas técnicas para a encadernação e preservação de documentos oficiais com o objetivo de resolver o problema da má conservação dos livros. As técnicas atuais dos encadernadores comerciais são inadequadas para documentos que precisam ser preservados indefinidamente, levando a problemas como deformação das páginas e entrada de sujeira. Normas que utilizem materiais e métodos mais duradouros promoveriam a preservação a longo prazo dos registros públicos de forma econômica e sustentável.
Direitos autorais
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Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
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Normas de Encadernação e Preservação de Documentos

Este documento propõe normas técnicas para a encadernação e preservação de documentos oficiais com o objetivo de resolver o problema da má conservação dos livros. As técnicas atuais dos encadernadores comerciais são inadequadas para documentos que precisam ser preservados indefinidamente, levando a problemas como deformação das páginas e entrada de sujeira. Normas que utilizem materiais e métodos mais duradouros promoveriam a preservação a longo prazo dos registros públicos de forma econômica e sustentável.
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Normas de Encadernao e Preservao de Documentos

Elaborei o seguinte projeto com o objetivo de apresentar s autoridades do


Judicirio uma soluo para o problema do pssimo estado de conservao dos
livros oficiais. No pretende ser definitivo, mas esboo a receber contribuies de
profissionais na rea de restauro e encadernao, apesar de conter os elementos
principais da tcnica que utilizo.
*
PEDRO MALANSKI
*
PROJETO DE NORMAS TCNICAS DE ENCADERNAO
*
NORMAS TCNICAS PARA ENCADERNAO
E PRESERVAO DE DOCUMENTOS
*
I INTRODUO
Em plena poca de obsolescncia e efemeridade de todos os produtos que resultam do
engenho e da tecnologia humana, distinguem-se os documentos pblicos como
elementos
que
exigem
ser
preservados
indefinidamente.
*
No existe prazo de validade ou limite de prescrio legal para os documentos pblicos
produzidos pelos cartrios de registro civil, pelas circunscries imobilirias e pelos
tabelies. Uma certido de nascimento anotada h sessenta ou oitenta anos, sempre
ensejar averbaes e ser base para certides hoje e doravante, precisando estar ntegra
e bem conservada para promover inteiramente seus efeitos. Assim como todos os
documentos pblicos, como registro de casamento e bito, escrituras, procuraes e
demais
atos
notariais.
*
notvel e indiscutvel o valor de um documento pblico, tanto que desnecessrio
enumerar os argumentos de sua importncia. Oportuno lembrar que so tambm
insubstituveis, uma vez que a informatizao ainda no alcanou a segurana e a
preciso necessria para produzir um novo suporte para sua guarda de forma perene e
incorruptvel.
*
Sabedores disso, necessrio zelar pela produo desses documentos e observar
tcnicas de preservao. Os aspectos formais esto estabelecidos pelas normas e
convenes prprias. Contudo, os aspectos estruturais so aleatrios e caticos,
contribuindo para a degenerao do material e perda dos documentos.
*
Sendo muitas as razes para o estabelecimento de um conjunto de normas que
disciplinem a produo, encadernao e preservao de documentos pblicos, a
principal delas a adoo de tcnicas e materiais pobres pelos encadernadores
comerciais atuais, por razes de economia e ignorncia.
O presente PROJETO tem por finalidade estabelecer essas normas que podem ir contra
os interesses de profissionais arraigados em suas tcnicas, insuficientes para a finalidade
a que se destinam. Podem significar maiores custos para que sejam adotadas, mesmo
que signifiquem menor despesa a longo prazo. Porm, entre o que melhor para os

encadernadores e o que melhor para os titulares, prefervel zelar pelo que melhor
para os documentos pblicos. Ao fim, todos os envolvidos sero gratificados.
*
II - JUSTIFICATIVAS
*
II.1
Justificativas
Pessoais
*
Aps 15 anos dedicados pesquisa e experimentao para redescoberta das tcnicas de
encadernao clssica, reuni os principais elementos para dedicar-me com segurana e
exclusivamente atividade a partir do ano de 2001. Tendo identificado junto aos
cartrios de registro civil e circunscries de imveis um mercado receptivo a esse
trabalho, dediquei os ltimos oito anos ao restauro, reconstituio e encadernao de
todo o acervo de livros da 2a., 3a., 4a., 6a., circunscries de Curitiba e a de Paranagu,
tambm junto aos registros civis de Santa Felicidade, Mercs, Barreirinha, Pinhais,
Taboo
e
diversos
outros
parcialmente.
*
O exerccio da atividade com uso de tcnicas adaptadas da encadernao clssica, com
materiais nobres e durveis aplicados aos livros manuscritados de grande porte,
consolidou junto a esses rgos registrais uma reputao positiva, comprovada pela
aceitao
cada
vez
mais
ampla.
*
Para os livros de folhas soltas, atualmente produzidos por impressora, adaptei as
tcnicas clssicas aos materiais atuais, resultando em encadernaes mais resistentes e
reforadas, obtendo sucesso na execuo e aceitao dos titulares.
*
II .2 Justificativas Tcnicas
*
Contudo, quando comparado o resultado obtidos em livros oficiais encadernados com a
aplicao de tcnicas clssicas, com os mesmos livros encadernados comercialmente,
bvia
a
superioridade
do
primeiro.
*
Os atuais mtodos de encadernao e blocagem so inadequados quando aplicados a
documentos
que
exigem
ser
preservados
indefinidamente.
*
Os procedimentos e materiais usados pela totalidade dos encadernadores comerciais
para encadernao de documentos oficiais, so os mesmos usados para encadernao de
livros contbeis e fiscais. Nestes, no h preocupao com durabilidade e longevidade,
uma vez que visam ser guardados pelo prazo de prescrio de cinco anos, perodo em
que no so sequer manuseados, para serem imediatamente destrudos. Ocorreu
nivelamento
pelo
mnimo.
*
A preocupao dominante apenas quanto ao momento em que o livro feito e serve ao
propsito de ser encaminhado para oficializao da autoridade pertinente. Aparenta
solidez e integridade, mas no resiste aos primeiros manuseios e em curto prazo deixa
evidente
as
marcas
de
sua
fragilidade.
*
A
tcnica
aplicada

frgil.
*
Tomemos
como
exemplo
a
blocagem
de
folhas
soltas.
*

O mtodo comercial consiste em igualar as folhas soltas, estabilizar o conjunto com


uma camada de cola na lombada (lado esquerdo). Em seguida, Deixar secar para furar
com furadeira eltrica ocupando rea de at 15 mm na margem esquerda.. A seguir,
trespassar os furos com fio grosso e aplicar a folha de rosto diretamente sobre a folhas
de termo de abertura e encerramento. Em seguida, colar uma folha na lombada e sobre
alguns centmetros das folhas de guarda. Levar o conjunto para a guilhotina, refilando
os
trs
lados,
considerando
pronto
o
miolo
do
livro.
*
Para as capas, utilizam papelo com a espessura de 0,18 ou 0,20, cortado maior que o
miolo do livro de 0,5 a l,0 cm. Cortam o lobo falso de espessura varivel, do carto e at
a mesma espessura das capas, na largura da lombada do miolo. Montam a capa e o
lombo com guias, aplicando diretamente o material de acabamento em vulcapel (papel
de gramatura 56 galvanizado ou plastificado) ou tecido. Finalmente a capa dourada
( aplicao de tipos de chumbo quente sobre papel dourado) e juntada ao miolo.
*
O procedimento simples e ligeiro, atendendo apenas ao interesse econmico imediato
do encadernador, para o qual no importa o contedo, uma vez que os mesmos
procedimentos so aplicados indiscriminadamente para livros oficiais, contbeis e
fiscais, monografias e apostilas, obras literrias, mesmo para livros compostos por
cadernos
e
seja
qual
for
o
seu
tamanho.
*
O produto resultante apresenta, a curto prazo, os seguintes problemas principais e suas
consequncias
para
o
livro:
*
Fato: Miolo cede pelo prprio peso, apoiando-se na prateleira.
Causas: Fio frouxo nos furos muito largos. Ausncia de reforo.
Efeito: Folhas deformadas, penetrao de sujeira e umidade, evaporao e ressecamento
com
deteriorao
acelerada.
*
Fato: Parte de baixo da capa fica puda e rasgada pelo atrito com a prateleira.
Causa: Cantos e lados do papelo speros e cortantes agridem o material de
acabamento.
Efeito: Destri o material de acabamento. Deforma o papelo. Aumento do atrito do
miolo
na
prateleira,
acelerando
a
degradao.
*
Fato: Rasgo no alto da lombada e ao longo da capa.
Causa: Ato de retirar o livro da estante. Ausncia de reforo interno. Os cantos da capa
agridem o material de acabamento ao abrir o livro. Lombo falso muito grosso.
Efeito: Rasgo cada vez maior pelo ato de tirar o livro da prateleira, penetrao de
sujeira e umidade, deformao do miolo do livro com deteriorao acelerada.
*
Fato: Capas tortas.
Causa: Papelo fino. Ausncia de empastelamento interno das capas. Empenamento
natural do papelo no foi considerado.
Efeito: Deformao das folhas do miolo, maior exposio sujeira e umidade.
*
Fato: Acmulo de poeira e surgimento de fungo nos vos das folhas.
Causa: Lmina da guilhotina com dentes ou sem fio.
Efeito:
Acmulo
de
poeira,
umidade
e
fungos.
*

Todas essas conseqncias do livro feito por tcnica comercial atuam em conjunto,
abreviando a vida til do livro e comprometendo a conservao dos documentos
oficiais. Em pouco tempo, o conjunto de livros tem pssima aparncia, sendo
impossvel limpa-los pela exposio do miolo, cada vez mais empoeirados e criando
fungos que causam mau cheiro. Logo, exigem uma nova interveno do encadernador,
acarretando
novos
custos
para
o
responsvel.
*
Mandados para o mesmo ou outro encadernador, o livro ter suas capas substitudas por
equivalentes anterior. O miolo ser recosturado e refilado nos trs lados para
eliminao da parte suja e desgastada, perdendo margem e com o fim do papel cada vez
mais
prximo
da
texto
oficial.
*
Os efeitos desse trabalho determinam a brevidade dos livros oficiais, chegando ao ponto
de
irrecuperveis.
*
II . 3 Justificativas Ambientais
*
Um livro feito para durar indefinidamente dispensa reformas regulares, economizando
recursos naturais. O trabalho bem feito resulta em livros mais durveis, com
encadernaes
que
jamais
necessitaro
ser
refeitas.
*
II .4 Justificativa Econmica
*
Como a tcnica clssica demanda mais aplicao de mo de obra e um pequeno
acrscimo de outros materiais, o custo maior. Contudo, justifica-se, pois no precisa
de
outras
intervenes
futuras.
*
Comparativamente, um livro contbil feito com a tcnica comercial pode custar cerca de
R$20,00. O mesmo livro feito com tcnica clssica pode custar por volta de R$30,00.
Aplicando materiais nobres no acabamento, como couro e tecido, pode custar em torno
de R$50,00. Dependendo das dimenses e do peso do livro, recomendvel o uso de
materiais
resistentes.
*
II . 5 Justificativas Correcionais
*
Do ponto de vistas das autoridades responsveis pela fiscalizao dos rgos registrais,
a adoo de normas tcnicas para encadernao e preservao de documentos pblicos
oficiais
traz
as
seguintes
vantagens
principais:
*
II.5.a. Mantm a integridade dos documentos, conferindo-lhes longevidade.
*
II.5.b. Dificulta e evita a substituio de folhas, permitindo que as substituies sejam
identificadas.
*
II.5.c. Consolida a f e credibilidade dos documentos, confirmada pela solidez e bom
estado
de
conservao
dos
documentos.
*
II.5.d. Atesta o cuidado dos titular responsvel, mensurvel pelo tratamento dado aos
livros
sob
sua
guarda.
*

II.5.e.
Facilita
o
trabalho
de
fiscalizao
dos
corregedores.
*
II.5.f. Aumenta a segurana contra interferncias criminosas, combatendo e dificultando
a
fraude.
*
II.6. Justificativas Sociais
*
A adoo de normas tem por conseqncia aumentar a qualidade do trabalho de
encadernao, promovendo o aprimoramento e valorizao dos profissionais de
encadernao
e
ampliando
sua
rea
de
atuao.
*
Uma vez estabelecida a encadernao ideal, haver um modelo a ser seguido, podendo o
trabalho ser avaliado atravs de parmetros concretos e irrefutveis.
*
Estabelecidas as normas e difundidas as tcnicas atravs de entidades de classe, das
associaes de notrios, das corregedorias e, principalmente, da ABNT, ministrando-se
cursos, palestras e oficinas de curta durao, os profissionais de encadernao podem
adotar os procedimentos e passar a ser certificados ou capacitados para atuar na rea de
encadernao
de
documentos
pblicos.
*
II.7. Justificativas Histricas
*
A mais relevante das justificativas para que sejam adotadas normas para a encadernao
de documentos pblicos, est na importncia histrica desse material.
*
Os livros oficiais, com seus atributos de registro civil em todas as suas variveis, do
registro imobilirio e comercial, contm a histria viva e dinmica da sociedade que os
produz. Atravs deles, possvel traar o retrato fiel de um grupo humano, com seus
usos e costumes numa poca especfica. Nas diferentes averbaes dos fatos possvel
identificar os dramas dos indivduos. Desde os primeiros assentamentos de uma
comunidade, possvel identificar a origem de fortunas, sua manuteno e decadncia.
*
Os registros pblicos so nicos e insubstituveis, sendo a passagem do tempo sobre
eles o coroamento de sua f pblica e no a razo de sua degenerao.
*
II.8. Justificativas Gerais
*
II.8.a.
Continuidade
e
Eternidade
*
Segundo o novo regramento legal para sucesso de titulares de rgos registrais, a
nomeao do titular ocorre aps sua devida aprovao em concurso pblico. At
recentemente, a titularidade era herdada, transferida pelo titular ao seu descendente
direto,
com
endosso
da
autoridade
legal.
*
Respeitando os argumentos louvveis e pertinentes que so contrrios transmisso de
pai para filho, levanto a questo do Princpio de Continuidade de que sou testemunha
em muitos casos. Por exemplo, um titular afirma que seus livros foram manuscritos por
seu av, continuados por seu pai e a ele confiados, demonstrando o forte vnculo pessoal
e
sentimental
que
mantm
com
seu
acervo.
*

Percebe-se a genuna e emocionada motivao para preservar os livros, mantendo-os


conservados muito mais por este valor sentimental ntimo explcito, do que pelo valor
documental e histrico. Testemunhei essa atitude em muitos cartrios onde atuei.
*
Uma vez extinta essa forma de transmisso, adotada a nomeao por concurso de
pessoas que se sucedem sem laos entre si, cresce a necessidade de formular normas
precisas e padres ideais, poupando ao titular o trabalho de zelar por detalhes tcnicos
que podem ser inteiramente estranhos ao seu conjunto de conhecimentos. Por outro
prisma, impem ao titular os cuidados necessrios e os custos suficientes para garantir a
guarda e conservao dos documentos pblicos sob sua responsabilidade, sem sucumbir
tentao de reduzir custos com conseqente sacrifcio da qualidade.
*
Essas consideraes constituem tese a ser confirmada ou refutada, no caracterizando,
necessariamente, a atitude dos titulares nomeados para administrao de um acervo pelo
qual no tem apego pessoal, estando imbudos de responsabilidade civil e criminal
inerentes funo. Contudo, a imprevisibilidade do novo mtodo suscita seja
implantado e estimulado o Princpio de Eternidade , ou seja, da necessidade de adotar
procedimentos que assegurem a longevidade indefinida dos documentos pblicos por
sua
importncia
documental
e
histrica
implcita.
*
II.8.b.
Dificuldade
de
Mo
de
Obra
Especializada
*
Outro argumento que apia a necessidade de normas, de que muitos cartrios so
instalados em pequenas cidades, distantes de centros maiores, que dispem de escassos
recursos humanos, onde so raros os profissionais de encadernao ou, quando
presentes, utilizam tcnicas precrias por seu isolamento ou simples ausncia de
concorrente
que
o
obrigue
a
diferenciar
seu
produto
final.
*
Assim sendo, as normas passam a constituir manual pelo qual o encadernador inicia-se e
aprimora sua arte e que pode ser apontado pelo titular como o conjunto de
procedimentos
que
deseja
ver
adotado
em
seus
livros.
*
III A PRODUO DE DOCUMENTOS PBLICOS
III.1
O
Papel
*
III.1.a
Acidez
Neutra
*
O papel escolhido deve ter acidez neutra com regra primordial para durabilidade do
documento. Os fabricantes informam essa caracterstica na embalagem como ACIDEZ
NEUTRA,
NO
ALCALINO,
ACID-FREE
ou
PH
NEUTRO.
*
A acidez do papel determina sua capacidade de resistncia e ndice de evaporao. O
papel muito cido amarela com rapidez. surgem manchas castanhas, reage gordura
natural dos dedos, torna-se quebradio e frgil em pouco tempo. fcil verificar esse
fenmeno naqueles volumes feitos com papis adquiridos sem critrio, pois algumas
folhas
esto
mais
escuras
que
outras.
*

III.1.b
Gramatura
*
O papel escolhido deve ter gramatura de 96 gr, nunca superior a 120 gr., permitindo
manuseio mais fcil, tem menor acidez e resulta em livros mais leves,
conseguentemente
mais
fceis
de
guardar
e
manusear.
*
III.1.c
Fio
*
O papel composto de massa de celulose que apresenta fibras ou fios que sempre se
distribuem numa determinada direo da folha, precisando ser obedecida quando da
confeco do papel timbrado, para que no enrole ou sanfone.
*
III.1.d
Formato
*
Preferir formato A4 padro (21 X 29,7 cm), produzindo livros mais leves, com fcil
conservao
e
manuseio,
ocupando
menos
espao
nas
prateleiras.
*
Nos papis timbrados exigir preciso milimtrica no corte, entre um mao e outro e
entre os diversos pedidos. Isso evita que o livro precise ser refilado com perda de
material de margem e deixando o texto oficial perto do fim do papel.
*
III.1.e
Margens
*
Manter margem esquerda mnima de 3 cm entre o texto e o fim do papel. No utilizar as
outras margens para anotaes ou assinaturas. Deve ser guardada margem esquerda para
a encadernao com folga para abrir o livro sem esforo e expondo o texto inteiramente.
IV. A ENCADERNAO DE DOCUMENTOS PBLICOS
IV.1
Estrutura
do
Miolo
do
Livro
*
O
livro
deve
ser
composto
dos
seguintes
elementos:
*
FOLHA DE GUARDA: Folha dupla que liga a capa ao miolo do livro
*.
FOLHA DE ROSTO: uma ou duas folhas em branco antes e depois do incio do livro.
CONTEDO
DO
LIVRO:
o
texto
oficial
propriamente
dito.
*
IV.2
Preparao
do
Miolo
do
Livro
*
IV.2.a
Bater
*
Juntar ao contedo as folhas de rosto e bater pela cabea (parte de cima) e pela lado
direito, deixando eventuais diferenas entre as folhas no p (parte de baixo) e no lado
esquerdo.
IV.2.b
Serrotagem
da
Lombada
Interna
*
Com serrote fino, serrotar a lombada interna (lado esquerdo do livro) com sete cortes de
at 4 mm de profundidade, sendo os dois das extremidades inclinados e os cinco do

meio
verticais.
*
IV.2.c
Amarrao
*
Tranar fio de algodo ou misto resistente, nunca de nylon, com cola antes e depois
pelos
cortes.
*
IV.2.d
Reforamento
*
Aplicar reforo de tira de tecido sob o fio entre o 1. E 2. Corte de cada extremidade
dos
dois
lados
do
livro.
*
IV.2.e.
Folhas
de
Rosto
*
Aplicao das folhas de rosto, com as tiras de tecido por fora e sobre ela.
*
IV.2.f
Lombada
Interna
*
Cobertura da lombada interna, com colagem de papel de fibra longa (ktaft) de at 120
gramas sobre ela e avanando sobre a parte externa da folha de rosto e sobre as tiras de
tecido.
*
IV.2.g
Acabamento
*
Lixamento dos lados, s refilando a parte de baixo do livro como ltima opo. Se
refilar, verificar se no h dentes na lmina, que deixem sulcos nas folhas e facilitam o
depsito
de
poeira,
com
surgimento
de
fungos
e
umidade.
*
IV.3
CAPA
*
IV.3.a
Papeles
*
Cortar os papeles, escolhendo gramatura proporcional ao tamanho e peso do livro,
deixando at 4 cm a mais nos lados e menos at 5 cm no lado esquerdo para abertura.
*
Determinar o lado de empenamento natural do papelo, efeito causado pelo acmulo de
cola
no
lado
de
baixo
no
processo
de
fabricao.
*
Fazer corte de 3 mm para livros formato A4 nos cantos de dentro (rea da lombada) e
proporcionais para livros maiores. Facilitam o abrir e fechar da capa sem agredir
(morder)
o
acabamento.
*
Lixar lados e cantos do papelo. De forma pronunciada na parte externa, superficial na
parte interna, arredondando os cantos e lados para tirar toda aspereza do corte.
*
Empastelar, ou passar cola aguada na parte interna do papelo, aplicando folha de papel
fino do mesmo tamanho das capas. Consolidam o empenamento das capas para dentro,
evitando
que
empenem
para
fora.
*

IV.3.b
Lombo
Falso
*
Tira de papel carto ou ktaft at 300 gramas, medindo a largura da lombada do miolo do
livro e a altura das capas. No necessrio que seja grosso como o papelo e nem
rgido. Tem funo de proteger a lombada interna, ligar as capas e receber a dourao do
ttulo
do
livro,
sem
nenhuma
funo
de
apoio.
*
IV.3.c
Montagem
da
Capa
*
Medir a distncias entre as capas. Montar as capas, ligando-os com folha de papel de
fibra
longa
(Kraft).
Colar
o
lombo
falso.
*
IV.3.
d
Acabamento
*
Aplicar
o
material
de
acabamento.
*
Se de vulcapel ou material frgil, usar tira de tecido para reforo, prevendo que o livro
normalmente retirado da prateleira pela parte superior da lombada.
*
IV.4
Encadernao
de
Livros
Costurados
*
a encadernao propriamente dita. O trabalho em folhas soltas constitui
BLOCAGEM.
*
IV.4.a
Preparao
do
Miolo
*
Preparar o miolo, os cadernos que constituem o livro com as folhas de guarda.
*
Serrotar dois cortes nas extremidades e cortes para colocao de cadaro (tira de tecido).
*
Costurar os cadernos e folhas de guarda reforadas, com o cadaro e freios (fio que
acompanha
o
final
de
cada
caderno).
*
A arte de encadernao de livros costurados exige aulas prticas e especficas para o
material trabalhado. Sendo raro o uso desse tipo de livro atualmente, no receber
ateno
desse
projeto.
*
V. CONSERVAO DE LIVROS
V.1.a No utilizar fita adesiva de qualquer natureza em nenhuma rea do livro, seja na
capa ou nas folhas internas, especialmente sobre o texto oficial. Por exemplo, fita durex
normal ou especial, fita crepe, silvertape, etc., pois contm alta acidez, produzem
manchas e deixam o papel quebradio. As fitas ressecam e deformam, perdendo a
adesividade em poucos anos.
A soluo para pequenos rasges colar um pedao de papel de arroz ou papel de seda,
em um ou de ambos os lados da avaria, com cola branca aguada.
*

V.1.b No deixar grampos ou clips metlicos no meio das folhas. Oxidam e apodrecem
em
poucos
anos,
manchando
e
destruindo
o
papel.
*
V.1.c No deixar marcadores, rguas ou folhas soltas no livro.. Favorecem a penetrao
de poeira, umidade e pragas. Tornam o livro mais pesado. Deformam o livro.
*
V.1.d Limpar as folhas depois de usar borracha para apagar anotaes provisrias a lpis
ou corrigir a escrita. Com o passar do tempo, torna-se colante.
*
V.1.e Guardar os livros em prateleira aberta e arejada, de fcil acesso para limpeza
embaixo
e
nos
lados,
com
beiradas
arredondadas.
*
V.1.f Manter o acervo distante de refeitrio e no permitir consumo de alimento nas
proximidades,
pois
atrai
pragas.
*
V.1.g Manter o acervo protegido da luz direta do sol, pois promove o descoloramento
das lombadas, o ressecamento das folhas e acelera a evaporao.
*
V.1.h Manter as mos sempre limpas, lavando-as aps cada refeio. Para minimizar a
transferncia de gordura para as folhas, pois qualquer contato se transforma numa
mancha
castanha
em
pouco
tempo.
*
v.1.i Limpar todos os livros a cada ano, no mnimo. Usar detergente diludo nas capas de
material sinttico. Retirar a poeira das folhas com pano seco. Usar hidratante para as
capas
em
couro.
*
Limpar o ambiente a cada semana, lavando e secando imediatamente.
*
V.1.j Verificar sinais de pragas, como dejetos, serragem e teias de aranha.
VI. ADENDO
VI.1
Elementos
Formais
Prejudiciais
ao
Livro
*
As formalidades de elaborao de documentos pblicos podem introduzir elementos que
abreviam
sua
vida
til.
*
VI.1.a
Etiquetas
*
O principal aspecto prejudicial so as etiquetas autoadesivas, sejam elas selos fiscais, de
autenticao
ou
de
averbao.
*
Isoladamente, a cola cida, agredindo o papel e tornando-o escuro e quebradio. Como
so usadas h pouco tempo, ainda no foi possvel medir a durao da adesividade, mas
provvel que seja perdida a mdio prazo e a etiqueta simplesmente se solte.
*
Sobrepostas num livro de duzentas ou trezentas pginas, formam volume entre as
folhas,
permitindo
a
entrada
de
poeira
e
umidade.
*

Quando encadernado, deformam o livro, que fica torto na prateleira.


*
VI.1.b
Chancelas
*
Elemento autenticador de documentos, constitudo de um clich metlico aplicado na
folha
de
papel
sob
presso
e
produzindo
relevo.
*
Considerado individualmente, inofensivo. Contudo, quando aplicado em todas as
folhas de um livro de Escrituras de duzentas folhas ou em um livro de Nascimentos de
trezentas folhas, produzem um volume final considervel que causa os mesmos danos
que
as
etiquetas.
* Mesmo prensado, o volume no desaparece, deformando o livro. Na prateleira os
livros formam um conjunto de livros deformados, com vos entre si e que no se
mantm em p, prejudicando os documentos.
VII - CONCLUSO
O estabelecimento de princpios normativos para qualquer atividade no tarefa
simples, principalmente quando significam mudar um comportamento e consolidar uma
nova cultura. Nos ltimos anos, por descaso ou economia por parte dos titulares, pela
concorrncia ou pela ignorncia dos encadernadores, pela especializao em aspectos
formais por parte dos rgos correcionais, a tcnica de encadernao nivelou-se pelo
mnimo. A mnima tcnica com a mnima qualidade de material o mtodo que ficou
universalizado.
*
Resultado desse quadro, que todos titulares, encadernadores e correcionais
perderam qualquer referncia sobre o que encadernao, assim, uns no sabem exigir
e
outros
no
sabem
mais
fazer.
*
Assim, o Projeto de Normas pretende dar a todos os atores da produo e conservao
de documentos pblicos os elementos necessrios para executar suas tarefas atravs de
regras bem explicitadas s quais podem recorrer ou sugerir como aquela que desejam
ver
adotadas
em
seus
livros.*
*
Nenhuma das fases da tcnica aqui descrita indita, so procedimentos tradicionais e
comprovados, adotados por muitos encadernadores competentes, contudo no se
sustenta quando a tcnica comercial se oferece como soluo barata e mesmo como
nica. A experincia no contato com os titulares e encadernadores tem demonstrado que
a tcnica tradicional, quando descoberta, imediatamente adotada como preferida,
independente dos custos envolvidos, demonstrando que um padro mais elevado pode
se tornar referncia.

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