Engenharia de Confiabilidade e Riscos Prof.
Daniel Farias
ENGENHARIA DE CONFIABILIDADE
E RISCOS
Prof. Daniel Farias
Engenharia de Confiabilidade e Riscos Prof. Daniel Farias
SUMRIO
1.0 - Conceitos de Confiabilidade
03
2.0 Funo Confiabilidade
18
3.0 Distribuies contnuas de probabilidade
37
4.0 Distribuies Discretas de probabilidade
44
5.0 Confiabilidade de Sistemas
47
6.0 Bibliografia
50
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INTRODUO A ENGENHARIA DE CONFIABILIDADE
daquele apontado como aceitvel, e, portanto considerado com a
ocorrncia de falha.
1.0 Conceitos de Confiabilidade
Apresenta-se
A engenharia de confiabilidade o ramo da engenharia
probabilidade.
sistema executar a sua funo, sob condies de operao
tempo especfico,
Do US Military Handbook (1970):
sem
A probabilidade de um item executar a sua funo sob
apresentar falhas.
condies pr-definidas de uso e manuteno por um perodo de
Desta forma, a confiabilidade est associada com a operao
tempo especfico.
de um produto com sucesso, ou seja, que este execute as
Do BS Institution (1970) e UK Army (1976):
funes para o qual foi projetado, preferencialmente com
ausncia de paradas para manuteno ou de falhas.
algumas
distribuies
para
representar
de um
condies
item
executar
especficas,
por
sua
um
funo
perodo
sob
pr-
determinado.
uma probabilidade, e de acordo com suas caractersticas podem
utilizadas
habilidade
determinadas
Usualmente a confiabilidade representada em termos de
ser
para
sob condies ambientais especficas. medida como uma
como a possibilidade de um componente, equipamento, ou
de
bsicas
quando solicitado, por um perodo de tempo pr-determinado,
De uma forma genrica, a confiabilidade pode ser definida
perodo
definies
A medida da habilidade de um produto operar com sucesso,
geralmente ligada com as falhas durante a vida do produto.
um
algumas
Da European Organization for Quality Control (1965):
geral, durante o seu ciclo de vida. A confiabilidade est
por
seguir
caracterizao da confiabilidade.
voltado para o estudo de confiabilidade de sistemas de forma
estabelecidas,
Segundo Lafraia (2001):
A confiabilidade de um item a probabilidade de que este
probabilidade de falha, obedecendo a critrios de falhas bem
desempenhe a funo requerida, por um intervalo de tempo
definidos, possibilitando determinar a partir de que momento o
estabelecido, sob condies definidas de uso.
produto sob anlise considerado com desempenho abaixo
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1.1 Porque estudar Confiabilidade?
manuteno de tais componentes. Devido a essas limitaes
econmicas e prticas, componentes
Equipamentos falham sistemas e componentes no so
e sistemas
no so
perfeitos, ocasionando uma probabilidade de falha durante seu
perfeitos, mas: o que seria um sistema perfeito?. Sistema
tempo de vida. Estas falhas, no sistema ou de produtos,
perfeito aquele que sempre se mantm operacional e atinge os
ocasionam impacto social e econmico.
objetivos sem a ocorrncia de falha durante a sua vida til. Na
1.2 Dimenses da Confiabilidade
prtica isto no acontece! Um sistema perfeito invivel
economicamente e tecnologicamente, tendo em vista, que o
Em princpio, tendo-se o conhecimento total dos processos
nosso conhecimento ainda limitado.
qumicos, fsicos e at biolgicos atravs dos quais falhas se
desenvolvem, poder-se-ia descrever exatamente o que iria
De acordo com Lewis (1996), a importncia da confiabilidade
por
acontecer com um sistema e predizer exatamente quando o
exemplo: aumento da complexidade e sofisticao dos sistemas;
mesmo iria falhar. Esta a dimenso (viso) determinstica da
conscientizao dos consumidores, e posterior exigncia, com
confiabilidade, ou seja, aquele no qual as partes interagem de
relao importncia da qualidade do produto; surgimento de
uma forma perfeitamente previsvel, no dando lugar a dvidas:
vem
crescendo
motivada
por
diversos
fatores
como,
do
Ex. Poderamos seguir este procedimento ideal de tal
fabricante com relao ao seu produto; presses econmicos
forma que com um conhecimento total do sistema
resultantes de altos custos das falhas, reparos e programas de
podemos garantir que um dado equipamento ir operar
garantia.
sem falhas por pelo menos um perodo mnimo de tempo
leis
regulamentaes
Porm,
estabelecendo
alguns
fatores
responsabilidade
so
limitantes
para
(ou nmero de ciclos)
desenvolvimento desses sistemas perfeitos, tais como: elevados
Na prtica, porm:
custos de desenvolvimento, materiais, testes, entre outras
Ns no temos um entendimento perfeito de cincia e
etapas do projeto o que tornam economicamente invivel a
engenharia;
construo desse sistema; e engenheiros de projeto que no tm
conhecimento total das condies de trabalho, de produo e
4
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Mais importante, ns no temos os recursos ($) para
somente atravs do uso das teorias de probabilidade. Desta
realizar uma anlise completa do sistema at o seu nvel
maneira, falhas em equipamentos que resultam da interao de
mais elementar (nvel atmico)
calor, campos eltricos e magnticos, cargas estticas e
vibraes
podem
ser
mais
bem
descritos
em
termos
probabilsticos.
um
Direta ou indiretamente, em atividades que envolvem um
conhecimento menos que perfeito, em uma dimenso (viso)
elemento de incerteza, como por exemplo, a engenharia, a
probabilstica da confiabilidade:
probabilidade exerce um papel importante, pois ela atua como
Logo
temos
que
ser
capazes
de
operar
com
uma substituta para a certeza. A probabilidade uma medida
Por exemplo, ns podemos assegurar que 99% provvel
do que esperado ocorrer na mdia se um dado evento
que o nosso equipamento ir operar sem falhas por certo
repetido um grande nmero de vezes sob as mesmas condies
tempo (ou nmero de ciclos).
(SMITH, p. 5, 1986).
Todo fenmeno cuja ocorrncia s pode ser prevista por um
modo probabilstico um fenmeno aleatrio. Assim, uma dada
varivel ser aleatria quando esta no pode ser determinada
previamente. A Teoria probabilstica a base matemtica da
Engenharia da Confiabilidade.
Segundo Smith (1976), a palavra probabilidade aceita
com certo ceticismo na engenharia, pois ela se autodefine como
uma cincia exata, apesar de valer-se bastante do empirismo.
A engenharia pode ser considerada como uma forma de fsica
aplicada, e muitos fenmenos fsicos podem ser explicados
5
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1.3 Historia da confiabilidade
De
acordo
com
Villemeur
(1992),
as
tcnicas
de
confiabilidade (reliability), foram desenvolvidas relativamente
tarde se comparada s tcnicas de outros ramos da engenharia.
Ainda, de acordo com o autor, a noo de confiabilidade foi
apenas recentemente desenvolvida em matria de conceitos e
tcnicas, e o termo por si s possui pouco mais de quarenta
anos.
Dcada de 1940 as primeiras ferramentas e modelos de
Figura 01 Mssil V1 (Armas Secretas de Adolf Hitler)
confiabilidade surgiram na Alemanha durante o desenvolvimento
Na dcada de 50, houve uma crescente preocupao quanto
do projeto do mssil V1, conforme figura 01. A idia geral que se
confiabilidade dos componentes, essencialmente naqueles
tinha era de que a confiabilidade de um sistema, dentro de certa
presentes
extenso, seria igual mdia da confiabilidade de todas as
complexidade
partes constituintes desse sistema. Mas os testes revelaram que
grandes
1992).
Lusser,
que
diz
que
confiabilidade
sistemas
eletrnicos,
crescente
especialmente
os
taxas
de
falhas
significantes
diminuies
da
diagnstico e reparo desses dispositivos estavam se tornando
frmula de confiabilidade para sistemas em srie, conhecida
de
dos
eletrnicos.
disponibilidade desses equipamentos. Tambm os custos para
Por meio de demonstraes matemticas, nasceu, ento, a
Lei
equipamentos
utilizados nos equipamentos militares, foi responsvel por
ela era na verdade muito pior que a sua mdia (VILLEMEUR,
como
em
cada vez maiores (VILLEMEUR, 1992).
dos
Esses fatos levaram o Departamento de Defesa Americano e
componentes deve exceder em muito a confiabilidade requerida
as indstrias eletrnicas da poca a criarem um grupo de
para o sistema (VILLEMEUR, 1992).
pesquisa para conduzir estudos sobre confiabilidade. Nesse
perodo, chegou-se a concluso de que era necessrio melhorar a
6
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coleta de dados de falha de tempo em campo, desenvolver
eram
componentes
confiabilidade fossem satisfeitos (DENSON, 1998).
mais
confiveis,
estabelecer
os
requisitos
quantitativos de confiabilidade, realizar testes antes de se iniciar
necessrias
para
assegurar
que
os
requisitos
da
Em 1961, foi desenvolvida a confiabilidade fsica RADC
uma produo e estabelecer um comit permanente para
(Rome
estabelecer os padres de confiabilidade a serem seguidos
mecanismo de falha atravs do estudo das propriedades fsicas
(DENSON, 1998). No final da dcada de 50 e incio dos anos 60,
desencadeadoras de falhas. No ano seguinte, um simpsio
foram desenvolvidas e aprimoradas tcnicas para a predio de
nessa rea foi realizado pela primeira vez, em Chicago, o qual,
confiabilidade atravs de anlises quantitativas.
anos mais tarde, passou a ser reconhecido internacionalmente
A confiabilidade trabalhava sob o dogma de que ela era uma
da
outro ramo de estudo focava no processo fsico pelo qual um
integrantes
de
das
identificar
falhas
antes
perigos
quantificar
as
de sua ocorrncia. Isto
prtica de acertar a partir dos erros observados passou a ser
dedicando esforos em identificar e modelar a causa fsica da
partes
analisar
diretamente a vida de um grande nmero de pessoas. Assim, a
engenheiros e cientistas da corrente fsica da falha estavam
so
visava
das conseqncias das falhas dos sistemas que poderiam afetar
especificar, predizer e demonstrar a confiabilidade, enquanto os
ramos
que
aconteceu devido ao aumento da sofisticao e da severidade
divergir, com os engenheiros de sistema dedicados tarefa de
os
importncia
conseqncias
componente falhava. Esse dois ramos da confiabilidade pareciam
ambos
Center),
No incio dos anos 70, as indstrias tornaram-se cientes
quantitativos para apoiar suas tcnicas estatsticas. Entretanto,
Mas,
Development
(DENSON, 1998;EBEL,1998).
tcnica quantitativa e que necessitava de fontes de dados
falha.
Air
inaceitvel.
da
confiabilidade. O ramo da fsica era necessrio para desenvolver
Por volta da metade dos anos 70, aps grandes acidentes
a qualificao e classificao de componentes, e tambm dos
que levaram a morte de muitas pessoas, houve um aumento do
requisitos da aplicao. As tarefas de especificao, prognstico
interesse em regular as atividades que poderiam conduzir a
e demonstrao da confiabilidade por parte do ramo de sistema,
incidentes, principalmente as que afetavam a sade e a
segurana do pblico em geral, atividades estas que at ento
7
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no possuam controles formais. Hoje em dia, a segurana
Qualidade pode ser considerada como o grau em que um
tornou-se uma questo crtica, pois a cada ano um nmero
produto
atende
as
expectativas/exigncias
do
consumidor.
muito grande de pessoas morre ou fica gravemente ferida
Confiabilidade, por sua vez, preocupa-se com a durao do uso
devido a acidentes (DHILLON, 2005;SMITH,2001).
de um produto a partir do momento em que entra em operao.
Assim, se qualidade pode ser caracterizada por um conjunto de
1.4 Confiabilidade versus Qualidade
atributos
de
forma
funo,
confiabilidade
pode
ser
Uma das caractersticas de qualidade que um consumidor
considerada como um atributo da qualidade: Confiabilidade est
requer de um produto manufaturado confiabilidade. Para um
relacionada com a funo desempenhada pelo produto. Assim,
usurio tpico de produto manufaturado, a idia de confiabilidade
pode-se dizer:
o primeiro pensamento que surge naturalmente, como
requisito
de
qualidade
intrnseca
ao
produto,
geralmente
baixa confiabilidade;
associado durabilidade. Para este, um produto deve funcionar
bem, por um longo perodo de tempo (ELSAYED,1992.
se
possam
estabelecer
qualidade
provavelmente
tero
entrevistou mais de 1000 pessoas perguntando quais seriam os
longo perodo de tempo. Capacidade, no entanto algo um tanto
que
alta
encomendada pela American Society for Quality Control (ASQC)
sua capacidade de funcionar de maneira satisfatria durante um
para
de
Uma pesquisa conduzida pelo instituto Gallup em 1985
bom funcionamento, a noo de confiabilidade est associada a
Assim,
Produtos
elevada confiabilidade.
Embora possam existir vrias percepes do que seja um
abstrato.
Produtos de baixa qualidade provavelmente tero
atributos de qualidade mais importantes para estes na escolha
metas
de um produto:
relacionadas a confiabilidade do produto, necessrio encontrar
uma maneira de quantificar esta capacidade, ou seja, mensurar
Os valores mdios dos 10 atributos mais importantes
esto listados a seguir em uma escala de 1 (menos
a confiabilidade.
importante) at 10 (mais importante)
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Da mesma forma, o consumidor moderno ao comprar um
produto, espera que o mesmo funcione adequadamente por um
bom perodo de tempo (no mnimo, uns dois ou trs anos) sem
sofrer qualquer tipo de falha. Caso esta expectativa no se
verifique na prtica, o consumidor se sentir frustrado com o
produto e procurar um produto alternativo e com certeza outro
fabricante na sua prxima aquisio. Portanto, a noo de
confiabilidade de um produto, associada ausncia de falhas
durante a utilizao do mesmo est presente na relao
produtor-consumidor desde tempos muito remotos, figura 2
abaixo.
Confiabilidade e manutenibilidade esto classificados entre os
mais importantes atributos de qualidade em um produto segundo
os consumidores.
Para o produtor pode ser um fator estimulante melhorar
sempre o projeto do produto, com isso aumentar a garantia
fornecida ao consumidor, ganhando mercado e servindo de
instrumento de competitividade e melhoria contnua.
Algumas citaes na mdia:
Televisores Mitsubishi: garantia de 5 anos.
Automvel Mercedes-Benz: garantia de 2 anos.
Figura 02 Idias relacionadas ao conceito de confiabilidade
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1.5 Anlise de Falhas
explicado pela razo de que um erro est dentro dos limites
aceitveis do desempenho desejado. Segundo o IEC 50 (191),
Falha a incapacidade ou inabilidade de um sistema ou
falha o evento que ocorre quando uma funo a ser
componente exercer suas funes intencionadas (especificadas),
desempenhada pelo componente no e realizada, a falha
por um intervalo de tempo definido, sob condies ambientais
corresponde, por sua vez, ao evento que ocorre quando a funo
especificadas (Leveson, 2003).
requerida perdida (excedendo os limites aceitveis). O estado
Estudo da confiabilidade de componentes admite que os
de um item caracterizado pela incapacidade de desempenhar sua
produtos possam falhar. Pode-se recorrer prpria definio -
funo requerida denominado estado de falha (AVIZIENIS,
"confiabilidade a probabilidade de que um componente ou
2004). A distino entre falha e erro de vital importncia em
sistema no falhe durante sua vida til."- V-se por a que a
FALHA
algo
admissvel
mesmo
em
projetos
de
uma anlise de falha, pois estabelece os limites entre o que
alta
falha e erro.
confiabilidade como a indstria aeroespacial, por exemplo.
Torna-se, ento, necessria a concepo de componentes
que funcionem com baixas taxas de falha durante toda a sua
vida til. lgico que a partir do entendimento das inmeras
variveis
presentes
em
um
projeto
produo
de
um
componente tanto qualitativa quanto quantitativamente, as
falhas
devem
ser
entendidas
usadas
como
fonte
de
realimentao de dados para o projetista.
O termo falha (failure) freqentemente confundido com os
termos erro e defeito (fault), principalmente devido s tradues
de seus respectivos termos em ingls. A principal diferena entre
ambos est ilustrada na figura 03. Um erro no uma falha, isto
Figura 03 Representao da diferena entre falha e erro.
10
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1.5.1 - Modo de falha
2. Falha extendida: So falhas que acarretam na parada de
A qualidade de um estudo de confiabilidade atribui-se
funcionamento do equipamento o qual s retornar ao
habilidade na determinao de todas as funes a serem
seu estado de funcionamento mediante a substituio ou
desempenhadas
reparo de algum item do equipamento. A falha extendida
pelo
componente
posteriormente
em
divide-se em:
identificar todas as falhas provenientes dessas funes. Atravs
a. Falha completa: So falhas que causam a perda
do estabelecimento de todas as funes desempenhas pelo o
completa da funo do equipamento.
componente, seremos capazes de determinarmos todos os
b. Falha parcial: So falhas que causam a perda
modos de falhas, isto se deve ao fato de que cada funo
parcial do equipamento
desempenhada pelo o componente o possui vrios modos de
A falha completa e parcial poder ser classificada em:
falha.
1. Falha repentina: So falhas que no podem ser
Modos de falhas a manifestao da falha. Dentro do
previstas por testes ou checagens.
contexto de uma anlise de falha segundo o British Standard BS
2. Falha gradual: So falhas que podero ser previstas
5760-5 (1991), modo de falha o efeito pelo qual a falha
atravs
observada quando o mesmo ocorre no equipamento.
de
um
teste
ou
uma
checagem.
reconhecimento de uma falha gradual poder ser
A uma grande variedade de classificao de modos de
falhas. Segundo Blache & Shrisvastavap (1994) a classificao
identificado
dos modos de falhas so os seguintes:
observando-o desvio entre o desempenho atual do
equipamento
1. Falha intermitente: So falhas que resultam na falta de
funcionamento
do
equipamento
durante
atravs
e
de
um
desempenho
monitoramento,
para
qual
equipamento foi especificado.
pequeno
intervalo de tempo, podendo o equipamento retornar ao
A figura 04 representa a classificao dos modos de
seu estado de funcionamento imediatamente aps ter
falhas.
ocorrido a falha.
11
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Tem-se, ento, os chamados Sistemas X-Ware constitudos de
elementos interativos de hardware, software, e operadores
humanos, conforme figura 05 a seguir:
Figura 05 Interao entre a natureza das falhas
Exemplos:
Figura 04 Representao da classificao das falhas
1.5.2 Natureza das Falhas
Os sistemas esto cada vez mais complexos, levando ao
Equipamentos mdicos
Cockpit de avies
Automveis
Sala de controle em processo petroqumico
Falhas
podem
surgir
devido
um
desses
elementos
surgimento de sistemas onde no h apenas o hardware, mas
isoladamente ou a partir da combinao/interao de harware,
tambm software e operadores humanos. Logo, muitas falhas de
software e operadores humanos. As falhas em sistemas x-ware
equipamentos no so apenas falhas de hardware.
so geralmente dinmicas, ou seja, um evento iniciador resulta
Falhas podem surgir de problemas de software ou erros
em uma seqncia de eventos levando a falha do sistema como
humanos assim como a partir de falhas no hardware.
um todo. Falhas do sistema x-ware podem tambm ocorrer
12
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mesmo quando cada um dos elementos de hardware, software, e
variedade de instrues deve produzir a mesma variedade de
operador humano esto funcionando dentro das condies
resultados toda vez que eles so executados, em conseqncia,
especificadas para cada um destes. Porm, a falha do sistema x-
se um bug de software eliminado, ento nunca deve haver
ware resulta da interao simultnea destes trs elementos.
recorrncia. Por exemplo, uma vez detectada, as falhas em
Cada elemento no est falho, porm o sistema x-ware falha
software so erradicadas e as mesmas no voltam a ocorrer
resultante da interao de seus elementos (software, hardware,
A interface home-computador representa uma das reas-
operador humano).
chave em que o software contribui para as causas de falha ou
Assim, a confiabilidade atua no s em hardware, mas
agrava suas conseqncias. Esses problemas de interao criam
tambm se tem a confiabilidade humana e confiabilidade de
uma mistura complexa de falhas de projeto, incompatibilidades
software.
entre ferramentas e seu contexto de uso, e falhas humanas.
1.5.2.1 As falhas de Hardware
1.5.2.3 As falhas de Humanas
As dificuldades de fabricao e instalao impedem de se ter
Falhas humanas so aquelas falhas cometidas principalmente
um hardware totalmente confivel. Falhas desta natureza so
pelas pessoas no nvel operacional da organizao, o erro
representadas pela taxa de falhas em relao ao tempo.
humano maior causa de emergncias nos locais.
Uma grande variedade de taxonomias ou classificaes foram
1.5.2.2 As falhas de Software
propostas para caracterizar as falhas humanas, tais como:
A importante diferena entre as falhas de software e a de
Mistakes (enganos): erro na interpretao ou na escolha
hardware que esta ltima pode ser representada por uma
da ao a ser executada. Existem dois tipos de enganos,
distribuio
os baseados no conhecimento causados pela falha no
que
representa
probabilidade
de
falha
(confiabilidade) num dado intervalo de temp. Por outro lado,
entendimento
da
situao,
exemplo:
falha
de
falhas software no aceitam tcnicas probabilsticas para predizer
interpretao, sobrecarga, falha ao considerar todas as
e determinar a taxa de falhas de hardware, ou seja, a mesma
alternativas, conhecimento insuficiente, monitores com
falta de informao ou formato inadequado. O outro tipo
13
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1.5.3 Tipo de Falhas
de engano o baseado em regras causado pela certeza
da situao e, por isso, so aplicadas regras ou um plano
Os acidentes so provocados por uma srie de fatores
de ao para lidar com o problema.
mltiplos contribuintes, que se formam atravs de uma cadeia de
Slips (escorregada): a inteno da ao errada por
eventos (falhas latentes em interao com falhas ativas) que
causa de um diagnstico errado ou uma seleo errada de
rompem as barreiras defensivas. As barreiras defensivas seriam
uma ao.
ento os filtros desenvolvidos pelas organizaes com o objetivo
Lapsos:
esto
relacionados
falhas
de
memria,
de remover, minimizar ou proteger-se de danos operacionais.
esquecimento e omisso de passos de uma seqncia.
Dentro desse enfoque, para se compreender os fatores
A falha humana pode ocorre, conforme modelo ilustrado a
causais de um acidente dentro da cadeia de eventos deve-se
seguir na figura 06.
considerar inicialmente o tipo de falha (REASON, 2000; 2002):
FALHAS ATIVAS So os atos inseguros de efeito imediato,
geralmente cometido por operadores, em contato direto (na
linha de frente) com o sistema (pilotos, controladores de
trfego areo, entre outros). Podem assumir diferentes formas:
falha, lapso, perda, engano e violaes de conduta.
FALHAS LATENTES So os elementos patognicos que
residem no sistema. Ficam latentes por muito tempo e demoram
a se manifestar, at que se combinam com algum erro ativo que
cria a oportunidade de ocorrncia de um acidente, dependendo
das defesas existentes. Esto ligados a decises equivocadas ou
falhas
cometidas
por
profissionais
que
no
esto
necessariamente presentes nem no local nem na hora em que o
Figura 06 Modelo de falha humana
acidente ocorre (fabricante, decises gerenciais e manuteno).
14
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Essas decises estratgicas possuem o potencial de introduzir os
elementos patognicos no sistema e, por sua caracterstica
latente,
podem
ser
identificadas
remediadas
antes
da
ocorrncia de um evento adverso, o que permite uma atitude
pr-ativa no gerenciamento do erro. Entretanto, a maioria dos
erros latentes s descoberta quando uma defesa ou barreira de
proteo falha.
As falhas latentes ocorrem no projeto, ou seja, na fase do
planejamento por decises gerenciais a cerca de localizao de
Figura 07 - O modelo do queijo suo de Reason.
Fonte: Reason (2000, p. 769)
instalaes, nmero de camadas de proteo de sistemas,
confiabilidade requerida dos sistemas de proteo dentre outras.
Na imagem do queijo suo, as falhas ativas causam
REASON (2000) escolheu a imagem do queijo suo (figura 7)
acidentes quando combinadas com rupturas nas camadas de
para explicar seu modelo, inspirado na teoria dos domins
defesa. As falhas latentes so janelas nas defesas do sistema
desenvolvida por Heinrich, que representaria a trajetria do
que, ao se combinarem com falhas ativas, criam uma trajetria
acidente atravs das camadas defensivas do sistema.
de oportunidades de acidente atravs de algumas ou de todas as
Segundo LIBERMAN (2004), a imagem de um mundo
camadas protetoras do sistema. So estas janelas alinhadas nas
ideal seria representada pelas sucessivas camadas defensivas
vrias defesas que constituem um evento. Dessa maneira, os
que permaneceriam intactas e assim impediriam a penetrao de
caminhos das falhas ativas e latentes se juntam para criar
possveis acidentes. Entretanto, no mundo real as camadas de
trajetrias completas ou parciais de oportunidades de acidentes
defesa apresentam fraquezas ou buracos que se movimentam
dinamicamente em
resposta s
aes
dos operadores
(REASON, 2000).
do
A figura 08 abaixo ilustra o alinhamento dos furos que
sistema.
representa tanto o encontro das falhas como o fato de que o
15
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sistema no foi capaz de antecip-las ou se o foi, no o fez, at
prevenir o reaparecimento da falha. A falha pode ser classificada
permitir o acidente.
em relao ao ciclo de vida do equipamento em:
1. Falha de projeto: Esta falha devida a um erro de projeto de
construo do equipamento.
2. Falha de material: Falha causada pela falta de resistncia
mecnica do equipamento quando sujeito a um carregamento o
qual possa suportar. Falha ocorre quando o dano excede a
resistncia do sistema.
Exemplo:
bondinho
do
Po
de
Acar
(Rio
de
Janeiro,
21/10/2000)
Figura 08 - O modelo do queijo suo de Reason
Cabo de trao do bondinho rompe 100 pessoa ficaram
presas em dois bondinhos durante 1 hora
Neste sentido, o acidente, precisa ser compreendido como
Causas provveis:
um processo, onde vrias etapas foram ultrapassadas, sendo
permitidas, (falhas latentes) at um determinado momento em
Corroso interna do cabo de trao, de dentro para fora,
que um ato inseguro (falha ativa) configura o alinhamento para
A corroso pode ter acontecido pela infiltrao de gua na
estrutura do cabo.
se chegar ao acidente (alinhamento dos furos na figura acima).
3. Falha de fabricao: Falha devido falta de conformidade na
1.5.4 Causa, mecanismo, modo e efeito de um falha
fabricao do equipamento.
Causa de falha a circunstncia que induz ou ativa o
4. Falha de sobrecarregamento: Falha devido a uma aplicao de
mecanismo de falha. O conhecimento de causas de falhas de
uma carga superior ao qual o equipamento foi projetado para
extrema importncia para a anlise de falha, o conhecimento a
suportar.
priori sobre a causa de falha em um equipamento poder
16
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5. Falha de durao de tempo: Falhas que so provenientes
A ordem das caractersticas de uma falha mostrada na
devido ao aumento da probabilidade de ocorrncia de falhas com
figura 09 a seguir.
a passagem do tempo.
6. Falha de uso indevido do equipamento: Falha devido ao
Causa
Mecanismos
Modo
manuseio incorreto ou falta de cuidado no manuseio do
equipamento.
Figura 09 Seqncia de eventos de falha
Os mecanismos de falhas so definidos como processos
fsicos, qumicos ou outros processos que conduzem a falhas
atravs de causas das falhas (desgaste, corroso, eroso etc.) As
causas da falha no so suficientes para avaliar possveis
reparos. Por exemplo, a causa da falha desgaste poder ser
proveniente de uma especificao incorreta do material (falha de
projeto),
do
uso
do
equipamento
fora
dos
limites
de
especificaes (falha de sobrecarregamento), uma manuteno
inadequada, ou seja, uma falta de lubrificao (falha de uso
indevido do equipamento), etc.
Modo de falha conforme definido anteriormente na seo
1.5.1, representa o tipo de defeito que contribui para a falha, a
conseqncia da falha, (isto , como a falha se manifesta), ou a
maneira pela qual a falha observada.
O efeito da falha a conseqncia que um modo de falha
em particular pode provocar sobre a operao, funo ou status
de um produto ou servio.
17
Efeito
Engenharia de Confiabilidade e Riscos Prof. Daniel Farias
2.0
FUNO CONFIABILIDADE
A anlise de confiabilidade de sistemas tcnicos pode ser
considerada uma tarefa multidisciplinar, pois envolve diferentes
2.1 Sistemas tcnicos
reas de conhecimento na execuo.
Sistema um conjunto de dois ou mais componentes
interconectados para a realizao de uma ou mais funes. A
distino entre sistema, subsistema e componente meramente
por convenincia de modelagem e determinada, muitas vezes na
prtica, pelo nvel de detalhamento desejado assim como pelo
nvel de informao (dados de falha, manuteno, etc.) que se
tem a disposio. Veja a seguinte ilustrao (figura 09).
Na maioria dos estudos de sistema tcnicos (mecnicos,
qumicos, eltricos, etc.) temos que trabalhar com modelos que
representam os sistemas analisados. Estes modelos podem ser
grficos ou matemticos. Os modelos matemticos devem ser
capazes de apresentar dados e possibilitar o uso de mtodos
matemticos
estatsticos
para
estimar
parmetros
de
confiabilidade e risco. Modelos matemticos devem apresentar as
seguintes caractersticas: (i) devem ser suficientemente simples,
para serem
tratveis atravs
de mtodos matemticos
estatsticos disponveis; (ii) devem ser realistas, para deduzirmos
resultados de relevncia prtica (Hoyland & Rausand, 1994).
Figura 09 - Sistema, subsistemas e componentes.
18
Engenharia de Confiabilidade e Riscos Prof. Daniel Farias
Os conhecimentos e recursos mnimos para realizao de
2.1.1. Funo Confiabilidade R(t)
um estudo de confiabilidade so seguintes: (i) Conhecimento
A funo confiabilidade representada por R(t), do ingls
detalhado dos aspectos tcnicos do sistema analisado e dos
Reliability - a probabilidade de um sistema ou componente
mecanismos fsicos que podem conduzir falha deste sistema;
sobreviver sem falha no decorrer de um intervalo de tempo [0;
(ii)
t], ou seja, a probabilidade em que no ocorra falha num
Conhecimentos
dos
conceitos
matemticos/estatsticos
necessrios para anlise; (iii) Disponibilidade de dados reais para
instante menor que o seu tempo de misso t:
estimativa de parmetros e testes dos modelos desenvolvidos;
(iv) Disponibilidade de programas computacionais apropriados
para anlise de sistemas mais complexos. A quantidade de
Onde l-se:
recursos necessrios na anlise de confiabilidade depende da
complexidade do sistema enfocado e profundidade da anlise
Sendo T a varivel aleatria contnua que expressa o
que desejamos realizar (Hoyland & Rausand, 1994).
tempo de falha do componente;
R(t) uma medida de probabilidade que varia entre
2.1 Funes confiabilidade
OR(t)1,
ou
seja,
probabilidade
que
um
componente sobrevive at o seu tempo de misso t,
satisfatoriamente, conforme figura x a seguir.
As quatro principais funes de confiabilidade so (EBELING,
1997, apud BARROS FILHO, 2003):
Funo da Confiabilidade R(t),
Funo de probabilidade de Falha acumulada F(t),
Funo Densidade de probabilidade de Falha f(t),
Funo Taxa de Falha (t).
Figura 09 Componente sobreviver at o seu tempo de misso
19
Engenharia de Confiabilidade e Riscos Prof. Daniel Farias
t o instante final do perodo durante o qual o
componente observado ( o tempo de misso do
mesmo).
O componente falho em t ou aps t
A funo confiabilidade, R(t), ser sempre decrescente
com o tempo, pois as probabilidades de sobrevivncia de um
componente sempre diminuem de acordo com a taxa de
utilizao. Portanto a funo de confiabilidade deve satisfazer
trs condies:
A funo de confiabilidade pode ser interpretada de duas formas:
R(t) a probabilidade que um determinado componente
esteja operando em t
Se observarmos um conjunto dos mesmos componentes,
R(t)
frao
esperada
da
populao que
est
operacional em t
A funo de confiabilidade pode ser usada para comparar
o comportamento de diversos componentes:
Por exemplo, considere dois componentes iguais produzidos
Ou seja, a confiabilidade monotnica decrescente (no
por diferentes fabricantes cujas curvas de confiabilidade so
crescente) para todo t. Veja figura a seguinte.
mostradas a seguir:
20
Engenharia de Confiabilidade e Riscos Prof. Daniel Farias
Verifica-se
que
funo
de
confiabilidade
R(t)
corresponde ao complemento da funo acumulada de falha F(t);
Como R2(t) > R1(t) para todo t, pode-se dizer que equipamentos
isto a Funo de Distribuio Acumulada definida como:
feitos por fabricante 2 so superiores do que os feitos pelo
fabricante 1 quanto a confiabilidade
Logo,
2.1.2 Funo de distribuio acumulada (CDF)
A funo de distribuio acumulada CDF (cumulative
Que corresponde a probabilidade que o componente falhe
distribution function), representada como F(x), utilizada para
antes de t. Note que a funo deve satisfazer as seguintes
calcular a probabilidade de que um item falhar antes de um
condies:
tempo especificado t, cujo valor tambm conhecido por
inconfiabilidade (RELIASOFT, 2003).
Segundo
Lewis
(1996),
confiabilidade
pode
ser
representada atravs de sua CDF, como segue:
21
Engenharia de Confiabilidade e Riscos Prof. Daniel Farias
F(t) uma funo monotnica decrescente. Veja prxima
falhado. atravs desse tipo de grfico que possvel estimar o
figura.
nmero de itens em estado de falha durante o perodo de
garantia.
Exerccio 1: Considere um modelo de bateria para carro cujo
fabricante mantm registro das unidades devolvidas. Quando um
consumidor retorna uma bateria (mesmo funcionando) durante a
garantia, considera-se uma falha, pois a mesma no atendeu as
expectativas do consumidor!
Para se poder ter uma estimativa da proporo total de
itens que falham ao longo do tempo at a falha do ultimo item,
recorre-se a distribuio acumulada CDC. Talvez o melhor modo
de compreender as informaes contidas nesse tipo de grfico,
seja analisar um lote de itens.
Supondo um lote de 100 peas. O grfico ir informar
quantos itens j tero chegado ao estado de falha ao longo do
tempo. No tempo zero, tem se 0% de probabilidade de falha, ou
seja, nenhum item ter falhado. comum imaginar que quando
o tempo for suficientemente grande no existir mais nenhum
item operando, ou seja, todos os 100 itens do nosso lote tero
22
Engenharia de Confiabilidade e Riscos Prof. Daniel Farias
2.1.3 Funo densidade de falha (PDF)
Tendo-se a PDF f (t) , podemos obter R(t) e F(t) :
A funo densidade de falha f(t), PDF (Probability density
CDF:
function), representa a forma como os dados se distribuem no
decorrer do tempo em termos de freqncia de ocorrncia,
permitindo a determinao dos nmeros de falhas que ocorrem
durante esse perodo. Tempo, nesse caso, no precisa ser
apenas unidade de medida de tempo, podendo ser tambm
nmero
de
ciclos,
nmero
de
rotaes,
entre
Integrando,
outros
(KECECIOGLU,2003).
A Funo de Densidade de Probabilidade definida por:
Resultando em:
A PDF f (t) possui as seguintes propriedades:
Confiabilidade:
Integrando,
23
Engenharia de Confiabilidade e Riscos Prof. Daniel Farias
logo,
O que resulta em (veja a prxima figura):
importante notar que a funo de confiabilidade, R(t) e a
funo de distribuio acumulada, F(t), representam reas sob a
curva definida pela funo densidade de probabilidade f (t) :
F(t) a probabilidade de falha antes de t0
R(t) a probabilidade de que a falha ocorra aps ou em t0
Assim,
se
observarmos
uma
populao
dos
Exerccio
2:
Dada
seguinte
funo
de
densidade
de
probabilidade para o tempo de falha (em horas de operao) de
mesmos
um compressor,
componentes, F(t) corresponde frao de componentes que
falharo antes de t0, e R(t0) a frao de componentes que iro
falhar aps ou em t0. A probabilidade de que uma falha ocorra
entre os instantes de tempo T = t1 e T = t2, ou seja, dentro do
(a) qual a confiabilidade para uma misso de 100 horas?
intervalo de tempo [t1 , t2 ] dada por:
24
Engenharia de Confiabilidade e Riscos Prof. Daniel Farias
(b) Qual a probabilidade de falha deste compressor entre 10
Mas note que:
horas e 100 horas?
2.1.4 Taxa de falha, h(t)
Logo pode-se escrever:
A taxa de falha a probabilidade de que um item venha a
falhar durante um intervalo (t; t +t], sabendo-se que o item
est funcionando no instante de tempo t, ou seja, a taxa de falha
Portanto,
a probabilidade condicional de falha por unidade de tempo
(instantnea) dado que o componente (ou sistema) j tenha
operado at o instante t
Como esta expresso obtida?
Escrevendo em termos de confiabilidade:
Sabemos que a probabilidade de falha em um intervalo de
tempo t, ou seja, de T = t at T = t + t dada por:
Dividindo pelo intervalo t e calculando o limite para t 0 :
A probabilidade condicional de falha no intervalo de tempo
de t at t + t dado que o componente (ou sistema) tenha
O qual corresponde probabilidade condicional de falha
operado at o instante t :
por unidade de tempo, ou seja, a taxa de falha h(t):
25
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Rearrumando o lado direito,
H(t) tem as seguintes propriedades:
H(0) = 0
H(t) uma funo no decrescente
, ou seja, o componente vai falhar!
Logo,
2.1.4.2 A curva da banheira
A forma da taxa de falha indica como o componente
envelhece, ou seja, a taxa de falha mostra as mudanas na
Mas como f (t) = - dR(t)/ dt , referenciado na seo
probabilidade de falha de um componente ao longo de sua
2.1.3, tem-se a expresso:
operao Comportamento da taxa de falha: em geral, podem-se
identificar trs tipos bsicos da taxa de falha (veja a prxima
figura)
A qual a taxa de falha ou fora de mortalidade
instantnea.
2.1.4.1 Taxa de falha acumulada, H(t)
Corresponde a taxa de falha acumulada durante um perodo de
tempo t, i.e., [0, t]
26
Engenharia de Confiabilidade e Riscos Prof. Daniel Farias
Da mesma forma, ao se observar um conjunto dos
mesmos componentes, uma taxa de falha decrescente
pode representar esta populao na qual somente alguns
componentes so defeituosos. Assim, quando a populao
de componentes inicialmente colocada em servio, a
taxa de falha pode ser relativamente elevada at que os
componentes defeituosos so removidos devido falha
dos mesmos e a taxa de falha observada decresce
Constante:
O
componente
possui
uma
taxa
de
falha
aproximadamente constante
Crescente:
As falhas so aleatrias, ou seja, a probabilidade de falha
O componente est sujeito a um processo de desgaste;
do componente a mesma para qualquer valor do tempo
O componente possui uma maior probabilidade de falha
operacional
medida que o tempo operacional aumenta
Na prtica, um componente pode apresentar uma combinao
Decrescente:
dos trs tipos bsicos levando a taxa de falha a apresentar um
O componente possui uma menor probabilidade de falha
formato de banheira
com o assar do tempo operacional;
a chamada Curva da Banheira, como mostra a prxima
Observa-se em geral no incio da operao de um novo
ilustrao:
componente o qual sofre falhas devido a defeitos de
projeto, manufatura ou construo, ou instalao do
mesmo;
27
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A taxa de falha inicialmente decresce, depois tem um
perodo de baixa taxa de falha (possivelmente constante), e
ento h(t) cresce medida que o componente (ou sistema)
envelhece ao observar um grupo de componentes:
Os processos de manufatura introduzem falhas em alguns
dos componentes fabricados
Estas
falhas no so detectadas, levando a falhas
precoces de alguns desses componentes
O
fabricante
ento
utiliza
Burn-in,
ou
seja,
os
componentes so testados na fbrica para assim detectar
os componentes falhos (com defeitos de fabricao antes
dos mesmos chegarem ao consumidor.
A tabela que segue resume as principais caractersticas da curva
da banheira
28
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durao
Exerccio 3:A taxa de falha de um equipamento dada por:
deste
intervalo,
quando
tende
zero.
Matematicamente, (NBR-5462)
Como mostrado na seguinte figura:
(t) -
Representa a velocidade com
que as
falhas
se
manifestam.
(t) .t - Probabilidade do componente que funciona em t=0,
falhe entre t e t+t.
(a) Encontre a PDF
(b) Determine a funo de confiabilidade R(t)
2.2 Sistemas no reparveis
2.1.4.3
Taxa de falha
Instantnea (Instantaneous
Sistema No Reparvel aquele que para os objetivos da
Failure Rare): (t)
presente anlise de confiabilidade est operando em t = 0 (incio
Limite, se existir, da razo da probabilidade condicional de
do perodo de observao) e que continua em servio at o
que a falha de um item ocorra em um dado intervalo de tempo
tempo de falha em T = t. Conforme figura 10, estes sistemas
(t,t+t), visto que o item estava disponvel no instante t, pela
caracterizam-se por no serem passveis de nenhum tipo de ao
de reparo (manuteno aps a falha).
29
Engenharia de Confiabilidade e Riscos Prof. Daniel Farias
Um item considerado como no reparvel quando se
tem interesse nele apenas at a ocorrncia da primeira falha. Em
Alguns
eletrodomsticos
(dependendo
do
custo
de
manuteno versus a compra de um novo equipamento)
alguns casos, o item pode ser literalmente no reparvel, de
Alguns tipos de satlites no passveis de manuteno
modo que seja descartado na primeira falha, enquanto que, em
Sistemas no reparveis, por sua vez, so aqueles que
outros casos, o item pode ser reparado, mas ou o concerto
no podem ser colocados novamente em operao aps a
economicamente invivel ou no se tem interesse no que ocorre
ocorrncia de uma falha, sendo removidos permanentemente.
com este aps a primeira falha (RAUSAND, REALISOFT, 2007)
Nestes sistemas, utilizam-se os conceitos de taxa de falhas e de
tempo mdio at a falha (MTTF), uma vez que esses termos so
aplicveis
apenas
at
primeira
falha
de
um
item
(NIST/SEMATECH, 2006).
2.2.1 MTTF
O Tempo Mdio de Falha (MTTF - Mean Time To Failure)
definido matematicamente pela equao:
Figura 10 Sistemas no reparveis.
Note que o conceito de componente no reparvel
dependente dos objetivos da anlise de confiabilidade bem como
O qual corresponde mdia, ou valor esperado, da distribuio
da informao disponvel sobre o componente durante a anlise
de probabilidade do tempo de falha T
Exemplos de componentes no reparveis:
Lmpadas
Transistores
Pentes de memria RAM
Pode-se mostrar que:
A qual uma expresso mais fcil de aplicar na prtica do que a
anterior.
30
Engenharia de Confiabilidade e Riscos Prof. Daniel Farias
distribuio de probabilidade utilizada para descrever o tempo
Exerccio 4: Considere a seguinte PDF:
at a primeira falha. Conforme figura 10.
Com t em horas. Determine:
(a) a funo de confiabilidade,
(b) o MTTF?
2.3 Sistemas reparveis
Sistemas
reparveis
caracterizam
se
por
serem
passveis de alguma ao de manuteno aps a falha. So
aqueles onde, aps a ocorrncia de uma falha, a operao pode
ser
restabelecida
satisfatoriamente
por
alguma
ao
Figura 10 Sistemas reparveis.
ou
A partir dessas duas distribuies, pode-se determinar a
procedimento. Exemplos de sistema reparveis so:
Carros;
Computadores, etc.
disponibilidade do sistema, ou seja, o percentual de tempo em
que este se encontra operante (NIST/SEMATECH, 2006).
2.3.1 Manutenabilidade do sistema
O tempo at a primeira falha de um sistema reparvel
Segundo a Reliasoft (2003, p. 199), manutenibilidade
modelada de forma similar aos sistemas no-reparveis. Aps
definida como a probabilidade de executar uma ao de reparo
primeira falha, uma ao de manuteno (reparo) pode ser
bem
executada, e o sistema volta a sua condio de operao. O
o
qual
no
necessariamente
explicado
dentro
de
um
dado
tempo.
Ou
seja,
manutenibilidade mede a facilidade e a velocidade com que um
tempo at a prxima falha depender do tipo de reparo
realizado,
sucedida
sistema pode ser restaurado para um estado operacional aps
pela
uma falha ocorrer. Por exemplo, se um sistema possui 90% de
31
Engenharia de Confiabilidade e Riscos Prof. Daniel Farias
manutenibilidade em uma hora, isso significa que h 90% de
(t) - Representa a velocidade com que os reparos so
probabilidade de que o mesmo ser reparado dentro de uma
realizados.
hora. A principal varivel levada em conta para o clculo da
(t).t - Probabilidade do componente que se encontra em
manutenibilidade o tempo de reparo.
estado falho em t, seja reparado entre t e t+t.
Segundo Kraus (1988), o parmetro de manutenibilidade
Tempo Mdio entre Falhas (Em Ingls Mean Time Between
mais comumente utilizado o tempo mdio para reparo, ou
Failure): MTBF
MTTR (mean time to repair). O MTTR medido como o tempo
transcorrido para se efetuar uma operao de manuteno, e
Valor mdio do tempo entre duas falhas consecutivas. um
utilizado para se estimar o tempo em que o sistema no est
parmetro fornecido pelos bancos de dados.
operacional e tambm a sua disponibilidade.
2.3.1.1 Taxa de Reparo Instantnea ( Instantaneous
Repair Rate): (t)
Limite, se existir, da razo da probabilidade condicional de
2.3.2 Disponibilidade do sistema
que o instante T de trmino de uma ao de manuteno
A disponibilidade um critrio de medida de desempenho
corretiva ocorra em um dado intervalo de tempo (t,t+t), pela
utilizado
durao t deste intervalo, quando t tende a zero, supondo-se
confiabilidade e a manutenibilidade dos componentes de um
que a ao esteja em andamento no incio do intervalo de
sistema. Ela definida como a probabilidade de que o sistema
tempo. (NBR-5462)
esteja operando adequadamente quando ele requisitado para
Matematicamente,
uso. Analogamente, a probabilidade de que o sistema no
em
sistemas
reparveis,
que
considera
est falho ou necessitando uma ao corretiva quando ele
precisa ser utilizado (RELIASOFT, 2003, p. 201).
32
Engenharia de Confiabilidade e Riscos Prof. Daniel Farias
Para clarificao, pode-se utilizar como exemplo uma lmpada
disponibilidade
inerente,
que tem 99,9% de disponibilidade. Haver uma vez em mil que,
disponibilidade operacional.
disponibilidade
atingida
quando algum precisar utilizar a lmpada, ela estar no
Disponibilidade inerente probabilidade de que um
operacional, seja porque ela est queimada ou porque est
sistema ou equipamento ir operar satisfatoriamente em
sofrendo um processo de substituio (RELIASOFT, 2003).
um determinado momento de tempo. Ela considerada
em um ambiente de manuteno ideal e exclui os tempos
no-operacionais
de
esperas
administrativas,
manuteno, logstica, entre outros (KRAUS, 1988). Ela
pode ser calculada da seguinte maneira:
A Figura 11 ilustra a relao existente entre a confiabilidade,
manutenibilidade e disponibilidade.
Disponibilidade atingida probabilidade de que um
sistema ou equipamento ir operar satisfatoriamente em
um determinado momento de tempo. Ela considerada
em um ambiente de manuteno ideal e exclui os tempos
no-operacionais
de
esperas
administrativas
de
logstica. Ela inclui os tempos no-operacionais de ao
Figura 11 Relao entre a confiabilidade, manutenibilidade e disponibilidade
preventiva ou corretiva (KRAUS, 1988). Pode-se calcul-
Fonte: Reliasoft, 2003, p. 202.
la da seguinte maneira:
Segundo Kraus (1988), existem vrias maneiras de se
medir a disponibilidade. Trs delas so citadas pelo autor: a
33
Engenharia de Confiabilidade e Riscos Prof. Daniel Farias
Segundo a Reliasoft (2003), a disponibilidade operacional
aquela que o consumidor efetivamente experimenta, sendo
essencialmente a posteriori, pois baseada em eventos que
aconteceram no sistema. A disponibilidade prvia, ou a priori,
Para comput-la, deve-se considerar o tempo mdio entre
baseada em modelos de falhas e distribuies que levam em
manutenes, MTBM (mean time between maintenance), e o
conta os tempos de inatividade. Na maioria dos casos, a
tempo mdio no-operacional de manuteno.
disponibilidade
Disponibilidade operacional probabilidade de que um
operacional
no
pode
ser
controlada
pelo
fabricante, devido variao em localizao, recursos e outros
sistema ou equipamento ir operar satisfatoriamente em um
fatores atribudos exclusivamente ao usurio final do produto.
determinado momento de tempo. Ela considera os tempos de
esperas
administrativas,
logstica,
tempo
em
que
2.4. Caracterizao do Tempo de Falha de um Componente
equipamento est pronto, mas inativo ou desligado (KRAUS,
1988). Ela pode ser calculada da seguinte maneira:
Uma determinada funo de densidade de probabilidade,
funo de confiabilidade, funo de distribuio acumulada, taxa
de falha, ou taxa de falha acumulada especifica/caracteriza
completamente a distribuio do tempo de falha de um
componente, ou seja, com qualquer uma destas funes,
f(t), R(t), F(t), h(t), H(t), pode-se determinar qualquer uma das
De acordo com Villemeur (1992), o tempo mdio nooperacional, MDT (mean downtime), a mdia de tempo em que
outras
funes
assim
caracterizar
por
completo
o sistema est indisponvel devido falha. Ele considera os
comportamento do tempo de falha de um componente.
Por exemplo, a confiabilidade pode ser obtida a partir da
tempos de deteco das falhas, de reparo e o tempo necessrio
taxa de falha da seguinte forma:
para colocar novamente a unidade em operao.
34
Engenharia de Confiabilidade e Riscos Prof. Daniel Farias
Confiabilidade Condicional a probabilidade de que um
componente (ou sistema) ir operar por um tempo adicional t
dado que o mesmo j tenha operado durante um perodo T0:
Exerccio 5: Dada a taxa de falha linear h(t) = 5x106t , onde
est
em horas, qual t o tempo de operao atingido para uma
Como esta expresso obtida?
confiabilidade desejada de 98%?
A confiabilidade de um componente (ou sistema) operar
por um tempo adicional t uma vez que o mesmo j tenha
operado por um perodo T0:
Exerccio 6: No exerccio anterior, qual a taxa de falha
acumulada?
Como
Exerccio 7: Um compressor tem confiabilidade dada por:
tem-se
Onde a um parmetro representando o tempo mximo (til) de
operao do compressor.
(a) Encontre f(t), (b) determine a taxa de falha do compressor.
Em termos de confiabilidade,
2.5. Confiabilidade Condicional
35
Engenharia de Confiabilidade e Riscos Prof. Daniel Farias
de nodo mvel. Tempo de operao para uma confiabilidade de
A confiabilidade condicional pode ser expressa em termos
90%:
da taxa de falha da seguinte maneira:
3. DISTRIBUIES CONTNUAS DE PROBABILIDADE
Nas prximas sees iremos estudar diversas distribuies de
probabilidade
utilizadas
em
confiabilidade
para
descrever
processos de falha. A distribuies a serem discutidas so:
Substituindo na expresso anterior para R(t|T0 ) , obtm-se
Exponencial;
Weibull;
Normal;
Em
termos
prticos,
conceito
de
LogNormal.
confiabilidade
condicional bastante til quando, por exemplo, T0
Estas distribuies de probabilidade so ditas tericas uma
corresponde a um perodo de burn-in ou de garantia. Veja
vez que as mesmas so obtidas matematicamente e no
o prximo exemplo.
empiricamente.
3.1. Distribuio Exponencial
Exemplo 8: Seja
uma das mais conhecidas e usadas distribuies de
probabilidade em anlise de confiabilidade de sistemas:
Com t em anos, a taxa de falha (decrescente) de um
Fcil de usar: matematicamente simples requerendo
determinado componente eletrnico usado em um tubo de raio-x
apenas a quantificao de um nico parmetro
36
Engenharia de Confiabilidade e Riscos Prof. Daniel Farias
Aplicvel
em
situaes
onde
taxa
de
falha
Logo,
(aproximadamente) constante:
O componente/sistema no apresenta maior ou menor
probabilidade de vir a falhar com o acmulo do tempo
operacional;
As falhas so aleatrias;
O componente ou sistema no deteriora ou melhora com
Funo de Densidade de Probabilidade (PDF):
o tempo em operao
Ento,
Caracterizao:
Parte-se do princpio de que a taxa de falha constante:
Estas funes esto representadas nos grficos que seguem para
diversos valores de
Confiabilidade:
Sabemos que
como h(t) = ,
Funo de Distribuio Acumulada (CDF):
37
Engenharia de Confiabilidade e Riscos Prof. Daniel Farias
MTTF:
Substituindo a expresso da confiabilidade para a distribuio
exponencial:
38
Engenharia de Confiabilidade e Riscos Prof. Daniel Farias
notando que
corresponde a zero e que
Mtodos
igual
analticos
para
sistemas
complexos
so
complicados, logo simplificaes devem ser feitas. Nestes
a 1, tem-se
casos, a hiptese de taxa de falha constante e o uso da
distribuio exponencial simplificam consideravelmente o
problema
O qual o inverso da taxa de falha. importante ressaltar que
Dados de falha disponveis na anlise de confiabilidade de
este resultado somente vlido para a distribuio exponencial.
sistemas complexos so em geral limitados e insuficientes
para verificar ou ajustar uma distribuio mais complexa.
Quando usar?
Assim, no realstico empregar uma distribuio mais
Idealmente, o perodo de taxa de falha constante deve
complicada do que os dados disponveis permitam!
dominar a vida til do sistema. Em situaes em que a
taxa de falha do componente ou sistema constante ou
Exerccio 9: Um sistema de radar possui uma taxa de falha
aproximadamente constante, pode-se usar a distribuio
constante de 0.00034 falha por hora de operao.
exponencial
a. Confiabilidade para operao contnua de 30 dias:
Em situaes em que um componente possui distintos
comportamentos da taxa de falha ao longo do perodo em
que o mesmo utilizado, a distribuio exponencial tem
O Modelo Exponencial implica que um componente no sofre
sido usada quando a regio de taxa de falha constante
desgaste:
dominante com relao as outras regies da curva da
Esta uma caracterstica fundamental da distribuio
banheira:
o
Componentes eletrnicos
Alguns componentes mecnicos
exponencial e que acarreta em importantes implicaes
na prtica;
Consideremos que um determinado componente j tenha
Anlise de sistemas complexos:
operado por
39
um perodo T0 e que ns estejamos
Engenharia de Confiabilidade e Riscos Prof. Daniel Farias
interessados em determinar a confiabilidade em um
Esta caracterstica da distribuio exponencial implica que:
perodo adicional de tempo t (veja ilustrao)
Um sistema ou componente cujo tempo de falha
descrito por uma distribuio exponencial no sofre
desgaste;
Por exemplo, a probabilidade de falha (ou, inversamente,
a confiabilidade) de um componente para uma misso de
30 horas dado que o mesmo se encontre em operao
Ou seja, ns estamos interessados na confiabilidade
sem falhas por 1000 horas ser idntica de um
condicional deste equipamento completar uma misso t uma vez
componente novo (assumindo que ambos seguem a
que o mesmo tenha estado em operao (e sem falhas) por T0:
distribuio exponencial com a mesma taxa de falha);
Assim,
um
componente
que
segue
distribuio
exponencial no se lembra por quanto tempo o mesmo j
operou:
Falhas so meramente aleatrias e no relacionadas com
o tempo operacional acumulado
Cancelando os termos, tem-se
Note que qualquer equipamento que sofre processos de
desgaste como corroso e fadiga (acmulo do dano
sofrido) no possuir uma taxa de falha independente do
tempo (constante) e assim o emprego da distribuio
exponencial no apropriado.
40
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Exerccio 10: O tempo de operao de um
determinado
= o parmetro de forma (shape parameter), dimenso de
equipamento distribudo exponencialmente com MTTF de 500
tempo
h. (a) Qual a probabilidade deste equipamento operar sem
falhas por 600 horas? (b) Se o mesmo tem estado em operao
Confiabilidade:
por 600 horas, qual a probabilidade deste equipamento falhar
Como
dentro das prximas 100 horas de operao?
3.2. Distribuio Weibull
uma distribuio de probabilidade flexvel a qual permite
descrever taxas de falha constante, crescente e decrescente,
sendo
uma
das
mais
empregadas
em
engenharia
de
CDF:
confiabilidade
Sendo
Caracterizao:
Taxa de falha:
tem-se
PDF:
Onde , so os parmetros da distribuio:
= o parmetro de escala (scale parameter), adimensional
Sabemos que
41
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Note que a distribuio de Weibull bastante flexvel
podendo representar uma grande variedade de formatos
(comportamentos) do tempo de falha de equipamentos
logo
Inclusive, a distribuio de Weibull pode ser utilizada para
aproximar outras distribuies de probabilidade (veja
tabela anterior):
Quando, a distribuio = 1 Exponencial um caso particular da
distribuio de Weibull.
Anlise da influncia do parmetro de forma () no
comportamento da distribuio de Weibull:
o
afeta a forma da distribuio: visvel na PDF
Determina o comportamento da taxa de falha h(t).
Veja a seguinte tabela.
Quando usar?
A flexibilidade da distribuio de Weibull a torna em um
modelo
apropriado
para
uma
problemas encontrados na prtica:
42
grande
variedade
de
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Anlise da resistncia corroso
Tempo de falha de componentes eletrnicos
Em
particular,
sero
apresentadas
confiabilidade e anlise de risco:
crescentes, adistribuio de Weibull um modelo a ser
Distribuio Binomial
considerado
Distribuio de Poisson
nos
deparamos
seguintes
distribuies discretas muito utilizadas em anlise de
Devido a sua capacidade de descrever taxas de falha
quando
as
com
componentes/sistemas sujeitos a desgaste
4.1 Distribuio Binomial
Exerccio 11: Qual a confiabilidade de um sistema para um
Considere um experimento que possua somente dois
tempo operacional de 40hrs se o tempo de falha do mesmo
resultados possveis:
segue uma distribuio de Weibull com = 18 e = 115h ?
4. DISTRIBUIES DISCRETAS DE PROBABILIDADE
As
distribuies
discretas
de
efetuados
em
um
determinado
seqncia
de
Seja X a v.a. discreta que representa o nmero total de
Como o nmero de sucessos um nmero inteiro e no
Ou seja, o espao amostral S = {0,1,2, ,n} onde
nenhum sucesso ( X = 0 ) at no mximo n sucessos ( X
perodo de tempo;
uma
valores: X = 0,1,2, ,n ;
de produo;
reparos
de
negativo, temos que a v.a. X pode assumir os seguintes
Nmero de unidades defeituosas produzidas em uma linha
de
realizao
sucessos nestes n experimentos
contvel:
Nmero
experimentos independentes:
probabilidade ocorrem,
de um conjunto finito ou infinito. Neste caso a varivel aleatria
Falha com probabilidade 1- p
Considere
quando a varivel aleatria assume valores especficos a partir
Sucesso com probabilidade p
= n ) onde todos os experimentos deram o resultado
Nmero de vezes que uma bomba de gua de emergncia
desejado (sucesso);
funciona satisfatoriamente na partida;
43
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A distribuio de probabilidade P(x) da v.a. X (nmero de
obtidos a partir de uma linha de produo. Da experincia
sucessos) dada pela distribuio Binomial:
operacional, considera-se que esta linha produz 10% de
unidades
queremos
defeituosas
saber
(fora
das
probabilidade
especificaes).
de
esta
linha
Ns
de
produo fornecer 1 unidade defeituosa, 2 unidades
Onde
defeituosas, no mximo 1 unidade defeituosa, e 3 ou mais
unidades defeituosas.
Exerccio 12: Seja X o nmero de componentes falhos entre 5
A distribuio Binomial fornece a probabilidade que um
componentes independentes e idnticos. Cada componente tem
evento (sucesso no nosso caso) ocorra exatamente x vezes em n
1 chance em 100 de falhar.
tentativas independentes:
X = x Nmero de vezes que o evento ocorreu;
p Probabilidade que o evento ocorreu, ou seja, a
Exerccio 13: Um grupo de 15 vlvulas observado. A partir da
probabilidade de sucesso
experincia operacional, sabe-se que a probabilidade de uma
Note que X corresponde ao nmero de eventos em n
falha dentro das primeiras 500 horas de operao aps a vlvula
tentativas. Logo, p a probabilidade de sucesso e no a
sofrer manuteno de 0.18. Calcule a probabilidade de que
probabilidade de obter-se x sucessos.
essas 15 vlvulas venham a sofrer 0, 1, 2, ..., 15 falhas dentro
Necessidade prtica para a distribuio Binomial?
das primeiras 500 horas de operao aps manuteno.
Existe uma variedade enorme de situaes na prtica na
qual ns precisamos da distribuio Binomial;
Por exemplo, considere um grupo de 10 unidades (como
4.2 Distribuio Poisson
carros, bombas, um produto petroqumico) os quais foram
44
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Este modelo assume que os eventos de interesse esto
aleatoriamente e igualmente dispersados no tempo ou no espao
de acordo com alguma intensidade constante .
Por exemplo:
Onde a intensidade ou taxa de ocorrncia dos eventos
Nmero de falhas observadas em uma planta de processo
por ano (domnio do tempo);
Exerccio 14: Seja X uma v.a. representando o nmero de falhas
Nmero de nibus chegando em uma estao por hora
e subseqentes reparos de uma bomba durante um perodo de 1
(domnio do tempo);
ano. Assumindo que X segue uma distribuio de Poisson com
Nmero de rachaduras por unidade de rea em uma placa
mdia =2 falhas por ano, qual a probabilidade de ocorrncia de
de metal (domnio do espao)
no mximo 1 falha por ano?
Observe que o domnio do tempo ou espao no so
aleatrios (so fixos) . Uma v.a. X que segue a distribuio de
Poisson representa o nmero de eventos (ocorrncias): X deve
somente assumir valores inteiros.
Exerccio 15: Uma unidade petroqumica recebe energia eltrica
A distribuio de Poisson tem a seguinte distribuio de
de uma subestao externa a fbrica. A partir da experincia
probabilidade:
operacional, sabe-se que a queda de energia vinda desta
subestao ocorre a uma taxa de 1 vez por ano.
(a) Qual a probabilidade que em um perodo de 3 anos no
Onde o parmetro da distribuio que corresponde
ocorram quedas de energia?
tambm a mdia da distribuio. Como a mdia da
(b) Que pelo menos duas quedas de energia venham a ocorrer?
distribuio, se X o nmero de eventos observados em um
intervalo de tempo no aleatrio (fixo) t, ento:
45
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5.
CONFIABILIDADE DE SISTEMAS
5.1
Sistemas em Srie
Neste sistema a confiabilidade total igual ao produto das
confiabilidades individuais dos componentes.
A confiabilidade de um sistema constitudo por dois
Exerccio 16: Um sistema constitudo por trs componentes A, B
componentes em srie dada pelo produto das confiabilidades
dos dois componentes. Assim, a probabilidade de que o sistema
em
srie.
Sabendo
Calcule
que
a
confiabilidade deste sistema para uma misso de 100 h.
de que cada componente funcione at t, ou seja:
Rs (t ) R1 (t ).R2 (t )
1 .t
dispostos
A 10 4 h 1 , B 310
. 4 h 1 , e C 510
. 5 h 1 .
no falhe at o instante t dada pelo produto das probabilidades
sendo: R1 (t ) e
C,
e R2 (t ) e 2 .t ; tem-se:
5.2
Rs (t ) e 1 .t .e 2 .t e (1 2 ).t
Sistemas em Paralelo
Seja um sistema constitudo de dois componentes em
paralelo, cujas taxas de falhas so, respectivamente, 1 e
Dessa forma, sendo R1, R2,...., Rn, as funes de
A confiabilidade do sistema at o instante t dada por:
confiabilidade de um sistema em srie com n componentes; e R,
a funo de confiabilidade do sistema ser:
R(t) = R1(t).R2(t). ... .Rn(t)
(11)
A confiabilidade de um sistema em srie depende das
confiabilidades individuais de seus componentes. Se a operao
de um sistema requer que todos os componentes funcionem
satisfatoriamente ao mesmo tempo, temos um sistema em srie.
46
2 .
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5.3
Rp (t ) 1
(1 Ri (t ))
i 1
para n 2 :
R p (t ) 1 [(1 R1 (t ))(1 R2 (t ))]
R p (t ) 1 [(1 e
1 .t
)(1 e
2 .t
Redundncia a existncia de mais de um meio de
execuo de uma determinada tarefa. De um modo geral, todos
os meios precisam falhar, antes da quebra do sistema.
)]
Considerando um sistema simples de dois componentes
se os componentes so iguais :
R p (t ) 1 (1 Rn )
Redundncias
em paralelo tem-se:
para n componentes
R p (t ) 1 (1 e
1 .t
)(1 e
2 .t
)......(1
n .t
(12)
Entrada
Exerccio 17: Um sistema constitudo por 3 componentes
A,
C,
dispostos
em
paralelo.
Sabendo
A 104 h 1 , B 310
. 4 h 1 e C 510
. 5 h 1 ,
A: Confiabilidade RA
que
calcule
Sada
B
B: Confiabilidade RB
As respectivas probabilidades de falha so: PA = 1 RA e
confiabilidade do sistema, para uma misso de 100 horas.
PB = 1 RB; logo a probabilidade de falha do sistema P = P A .
PB; a confiabilidade do sistema (probabilidade de no ocorrer
falha) : R = 1 P.
Assim, para um sistema em paralelo com n componentes,
a probabilidade de falha total do sistema at o tempo t ser: P =
P1 . P2 . ... Pn; conseqentemente, a confiabilidade ser: R = 1
P = 1 (P1 . P2 . ... Pn).
47
Engenharia de Confiabilidade e Riscos Prof. Daniel Farias
Portanto, as redundncias paralelas so ferramentas de
projeto para aumentar a confiabilidade de um sistema. Os
6.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
DE CICCO, Francesco & FANTAZZINI, Mrio L. Introduo
sistemas com redundncias paralelas apresentam, entretanto,
algumas desvantagens, aumentando os custos, a complexidade e
Engenharia
de
Segurana
de
Sistemas.
FUNDACENTRO, So Paulo, 1985.
os servios de manuteno.
OLIVEIRA, Luis Fernando S. Modelagem e Avaliao de
Confiabilidade
de
Sistemas
Monitorados
Reparveis
com
e
Componentes
Sistemas
com
Componentes Testados Periodicamente. Apostila do
Curso Engenharia de Confiabilidade. IBP Instituto
Brasileiro de Petrleo, Rio de Janeiro, 1994.
LEES, Frank P. Loss Prevention in the Process Industries.
2nd Ed.; Butterworth Heinemann; London, 1996.
BERNSTEIN, Peter L. Desafio dos Deuses: A Fascinante
8a Ed., Editora Campus, Rio de
Histria do Risco.
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XAVIER, Jos Carlos de M. Introduo Confiabilidade.
Apostila do Curso Introduo Anlise de Riscos.
CETESB, So Paulo, 2000.
LAFRAIA, Joo Ricardo B. Manual de Confiabilidade,
Mantenabilidade
Disponibilidade.
Editora, Rio de Janeiro, 2001.
48
Qualitymark