Dimensionamento de um secador de milho com 60 t/dia de
capacidade
Antnio Miguel Monteiro dos Santos
Dissertao apresentada na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto no
mbito do Mestrado Integrado em Engenharia Mecnica.
Orientador:
Carlos Manuel Coutinho Tavares de Pinho
Porto, Junho de 2011
ii
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
Dimensionamento de um secador de milho com 60 t/dia de
capacidade
Antnio Miguel Monteiro dos Santos
Orientador:
Carlos Manuel Coutinho Tavares Pinho
Resumo
Tendo este trabalho como objectivo o dimensionamento de um secador de milho para 60
toneladas por dia, foi iniciado o estudo com alguma pesquisa sobre os secadores existentes.
Foi verificado que o leito em jorro, uma vertente do leito fluidizado, um processo que
atravs da insero de ar numa cmara cilndrica, possibilita a formao de um jorro no seio
das partculas levando sua agitao e mistura. As condies fluido dinmicas existentes so
adequadas secagem de cereais.
Numa primeira parte foi efectuada uma introduo ao tema e, posteriormente referida
alguma base terica necessria para a realizao do trabalho de dimensionamento.
depois elaborada uma modelao matemtica onde contabilizado o comportamento
termodinmico de todos os equipamentos constituintes do processo de secagem. Nesta parte
tambm determinada a curva de secagem, obtida a partir de dados experimentais, para ser
posteriormente utilizada nos clculos.
Seguidamente so dimensionados os principais constituintes do secador, elaborada uma
anlise de diferentes condies de utilizao do equipamento, sendo posteriormente realizada
uma avaliao dos valores fornecidos pelo programa utilizado, simulando o comportamento
do secador para diversas condies de operao.
Depois de uma anlise econmica simplificada do processo, o trabalho concludo com
alguns aspectos referentes ao estudo efectuado.
Podem ainda ser visualizados nas ltimas pginas alguns anexos com informao e dados
utilizados no decorrer da anlise.
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
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Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
Abstract
Since this work aimed at the design of a 60 tons per day corn dryer, the study was started with
some research on the existing dryers.
It was observed that a spouted bed, a particular type of the fluidized bed, is a process that, by
inserting air into a cylindrical chamber, enables the formation of a gas jet flow within the
particles leading to their stirring and mixing. Such fluid-dynamic conditions are adequate for
drying grains.
In the first part of the present work an introduction has been made to the subject and
subsequently some theoretical background was referred to carry out the dryer design.
It was then developed a mathematical model concerning the thermodynamic behavior of all
the components of the drying system. In this part it was also determined a simple correlation
covering experimental data from several drying tests. This correlation was then used in the
calculations.
Following the sizing of the major components of the dryer, its behavior for different
operational conditions was evaluated.
After a simple economic analysis of the process, the work is finalized with some conclusions
obtained from the study and the results.
Attachments with information and data used during this study are shown at the end.
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
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Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
Prefcio
A produo de gros de cereais tem sofrido, nos ltimos anos, grandes presses para o
aumento de produtividade. Em funo destas presses, as prticas culturais, de manuseio e de
secagem esto em acelerado processo de evoluo.
Em geral, as tcnicas usadas para secar sementes no diferem daquelas utilizadas para secar
partculas de um modo geral. H necessidade de preservar uma elevada percentagem de
germinao e devem ser tomados cuidados especiais na seleco do secador, no controlo e na
manuteno.
A utilizao de modelos matemticos para simular o processo de secagem em secadores que
operam a alta temperatura tem-se tornado uma ferramenta importante para os engenheiros que
trabalham na rea de secagem e armazenamento de gros.
Neste trabalho, a utilizao do programa EES foi de extrema importncia do ponto de vista de
clculo e fornecimento de resultados fundamentais para a elaborao do dimensionamento,
assim como para uma posterior seleco de alguns componentes da instalao.
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
ix
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
Agradecimentos
com muita satisfao que expresso aqui o mais profundo agradecimento a todos aqueles
que tornaram a realizao desta dissertao possvel.
Gostaria antes de mais de agradecer ao Professor Doutor Carlos Manuel Coutinho Tavares
Pinho, orientador desta tese, pelo apoio, enorme incentivo e incansvel disponibilidade
demonstrada em todas as fases que levaram concretizao deste trabalho.
Gostaria ainda de agradecer ao Engenheiro Paulo Coelho pelos comentrios, sugestes e
incentivo aquando confrontado com dvidas referentes ao programa utilizado.
A todos os professores da FEUP que directa e indirectamente participaram neste trabalho,
particularmente o Professor Mrio Guindeira e o Professor Armando Santos, entre outros.
A todos os colegas de trabalho que, mutuamente, se incentivaram para a resoluo e
concluso das dissertaes de cada um.
A toda a minha famlia e meus amigos pelo apoio, incentivo incondicional e pela motivao
principalmente nos momentos mais exigentes.
Por ltimo Slvia, a minha companheira de percurso vivencial, pelo inestimvel apoio que
me deu na construo do projecto, pela sua bondade e por tudo o que representa para mim.
A todos sinceramente,
Muito obrigado.
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
xi
xii
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
ndice
Captulo 1.
Introduo ........................................................................................................... 3
Captulo 2.
Secagem .............................................................................................................. 7
2.1 Necessidade de secagem ............................................................................................ 7
2.2 Definio do conceito ................................................................................................ 8
2.3 Humidade ................................................................................................................... 9
2.4 A classificao de partculas segundo Geldart ......................................................... 11
2.5 Seleco do processo de secagem ............................................................................ 13
2.5.1
Leito em jorro ........................................................................................... 15
2.6 Fonte de energia ....................................................................................................... 17
2.7 Consideraes gerais sobre o modelo matemtico adoptado ................................... 17
2.8 Anlise dimensional ................................................................................................. 19
2.9 Caracterizao das partculas a secar de acordo com a classificao de
Geldart ...................................................................................................................... 20
Captulo 3.
Modelao matemtica ..................................................................................... 23
3.1 Cmara de secagem .................................................................................................. 25
3.1.1
Comportamento termodinmico ............................................................... 26
3.1.2
Equipamento ............................................................................................. 42
3.2 Permutador de calor ................................................................................................. 48
3.2.1
Desempenho do permutador ..................................................................... 49
3.2.2
Equipamento ............................................................................................. 53
3.3 Ventilador................................................................................................................. 55
3.4 Queimador ................................................................................................................ 60
Captulo 4.
Avaliao final dos resultados .......................................................................... 69
4.1 Propriedades do milho e do ar de secagem .............................................................. 69
4.1.1
Comentrio ............................................................................................... 76
4.2 Potncia de aquecimento .......................................................................................... 77
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
xiii
4.2.1
Comentrio ............................................................................................... 78
4.3 Perdas de calor ..........................................................................................................79
Captulo 5.
Funcionamento do secador sob diferentes condies de operao ...................85
5.1 Cmara de secagem ..................................................................................................85
5.1.1
Variao da velocidade do ar de entrada ................................................. 85
5.1.2
Variao do coeficiente de recirculao .................................................. 89
5.1.3
Situaes exemplo.................................................................................... 92
5.2 Permutador ...............................................................................................................94
Captulo 6.
5.2.1
Variao da temperatura do ar quente...................................................... 94
5.2.2
Variao da temperatura de entrada do ar frio ......................................... 95
5.2.3
Variao do dimetro interior .................................................................. 96
Anlise econmica simplificada ........................................................................99
6.1 Alternativa energtica - Peletes ..............................................................................101
6.2 Avaliao financeira dos equipamentos .................................................................103
6.2.1
Secador de milho Electricidade........................................................... 106
6.2.2
Anlise de custos Gs Propano ........................................................... 107
6.2.3
Anlise de custos Peletes .................................................................... 108
6.2.4
Comentrio ............................................................................................. 109
6.3 Financiamento a mdio e longo prazo ....................................................................111
Captulo 7.
Concluses e sugestes para trabalhos futuros................................................117
Bibliografia .............................................................................................................................119
Anexos ....................................................................................................................................123
Anexo A Folha exemplo do Excel ..............................................................................123
Anexo B Valores finais fornecidos pelo EES .............................................................123
Anexo C -Ventilador Centrfugo VCE AERO Mack ..............................................124
Anexo D- CUENOD Thermotechnique NC.6 GX ........................................................125
Anexo E Simulaes Gs propano e Electricidade .................................................126
Anexo F Rotinas EES .................................................................................................128
xiv
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
ndice de Figuras
Figura 1:
Exemplo de milho consumvel (esquerda) e milho contaminado (direita) ......... 7
Figura 2:
Relao entre base hmida e base seca (Pacheco, 2001) .................................. 11
Figura 3:
Diagrama simplificado da classificao das partculas por Geldart (Nitz e
Guardani, 2008) ........................................................................................................................ 12
Figura 4:
Leito fluidizado (Nagahashi et al, 2006) .......................................................... 15
Figura 5:
Leito em jorro (Nagahashi et al, 2006) ............................................................. 16
Figura 6:
Diferentes comportamentos do leito (Nitz e Guardani, 2008) .......................... 20
Figura 7:
Exemplo de metodologia de resoluo (Eterno, 2006) ..................................... 23
Figura 8:
Representao esquemtica do equipamento de secagem a ser dimensionado 24
Figura 9:
Constituintes do equipamento de secagem Cmara de secagem ................... 25
Figura 10:
Curva de secagem para milho (Csar et al, 2001) ............................................ 32
Figura 11:
Curvas de secagem para milho (Chinnabun et al., 2004) ................................. 33
Figura 12:
Agrupamento dos dados de ambas as experincias .......................................... 33
Figura 13:
Comparao das curvas calculadas (linhas) e experimentais (pontos) ............. 40
Figura 14:
Exemplo de interface do EES Cmara de secagem ....................................... 43
Figura 15:
Janela de solues fornecida pelo EES ............................................................. 44
Figura 16:
Constituintes do equipamento de secagem Permutador de calor ................... 48
Figura 17:
Exemplo da orientao tubular no permutador (Incropera, 2002) .................... 49
Figura 18:
Pormenor do arranjo tubular e orientao do escoamento (EES) ..................... 51
Figura 19:
Comportamento da temperatura do ar de secagem entrada do permutador de
aquecimento depois da mistura com ar novo............................................................................ 52
Figura 20:
Factor de incrustaes para diferentes fluidos (the-engineering-page.com) .... 52
Figura 21:
Exemplo de interface do EES - Permutador ..................................................... 53
Figura 22:
Janela de soluo do EES ................................................................................. 54
Figura 23:
Constituintes do equipamento de secagem Ventilador de insuflao ............ 55
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
xv
Figura 24:
Orientao do escoamento do ar no equipamento ............................................ 56
Figura 25:
Factor de frico e de correco para arranjo escalonado de tubos (Incropera et
al, 2002)
.......................................................................................................................... 58
Figura 26:
Exemplo do ventilador utilizado ...................................................................... 59
Figura 27:
Constituintes do equipamento de secagem - queimador .................................. 60
Figura 28:
Temperaturas no interior do queimador. .......................................................... 61
Figura 29:
Exemplo de interface do EES queimador...................................................... 63
Figura 30:
Janela de solues referentes ao queimador ..................................................... 64
Figura 31:
Ilustrao do modelo de queimador utilizado (Catlogo Cuenod - NC.6 GX). 65
Figura 32:
Curva de secagem para milho .......................................................................... 70
Figura 33:
Valores exemplo do EES .................................................................................. 70
Figura 34:
Variao da temperatura do gro com o tempo ................................................ 71
Figura 35:
Variao da temperatura ar de entrada (a azul), e respectiva temperatura de
sada (a vermelho) .................................................................................................................... 72
Figura 36:
Variao da temperatura do ar em diferentes etapas do processo .................... 73
Figura 37:
Grfico do comportamento da humidade do ar, humidade do ar de sada (azul)
e humidade do ar de entrada (vermelho) .................................................................................. 74
Figura 38:
Exemplo da humidade num ponto aleatrio Diagrama psicromtrico (1-ar
depois da mistura, 2-ar depois do permutador, 3-ar sada da cmara) .................................. 75
Figura 39:
Comportamento da potncia de aquecimento .................................................. 77
Figura 40:
Transferncia de calor no interior da cmara ................................................... 79
Figura 41:
Evoluo das perdas trmicas com a mudana da espessura de isolamento .... 80
Figura 42:
Evoluo das perdas trmicas com a mudana da temperatura do ar de entrada .
.......................................................................................................................... 80
Figura 43:
Evoluo das perdas trmica som a mudana da velocidade do ar entrada ..... 81
Figura 44:
Evoluo das perdas trmicas com a quantidade de carga utilizada ................ 81
Figura 45:
Variao da humidade do gro para diferentes velocidades de ar de entrada .. 85
Figura 46:
Variao da humidade do ar para diferentes velocidades de ar ....................... 86
xvi
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
Figura 47:
Comportamento da temperatura do ar sada................................................... 87
Figura 48:
Variao da humidade na mistura ..................................................................... 87
Figura 49:
Comportamento da potncia para diferentes recuperaes de ar ...................... 89
Figura 50:
Evoluo da humidade da mistura para diferentes recuperaes ...................... 90
Figura 51:
Comportamento da entalpia em vrios pontos do sistema ................................ 90
Figura 52:
Variao da temperatura do ar depois da mistura e da potncia necessria, com
a variao da percentagem de ar recuperado 600 segundos depois do incio da secagem. ...... 91
Figura 54:
Comportamento da humidade do gro para ambas as condies ..................... 93
Figura 55:
Variao da potncia necessria em ambas as situaes .................................. 93
Figura 56:
Variao do nmero de tubos com a temperatura do ar quente (entrada) ........ 94
Figura 57:
Variao do nmero de tubos com a temperatura do ar frio (entrada) ............. 95
Figura 58:
Variao do nmero de tubos com a mudana do seu dimetro interior .......... 96
Figura 59:
Comportamento da potncia no processo de secagem ...................................... 99
Figura 60:
Amostra exemplificativa de peletes (esquerda) e exemplo esquemtico de um
queimador de peletes (direita). ............................................................................................... 101
Figura 61:
Custo energtico de vrias solues de aquecimento ..................................... 102
Figura 62:
Custo por carga de 20 toneladas das trs solues de aquecimento consideradas
no estudo
......................................................................................................................... 103
Figura 63:
Evoluo anual dos cash flows actualizados para os diferentes equipamentos
......................................................................................................................... 110
Figura 64:
Exemplo da organizao dos valores para a elaborao da curva de secagem .....
......................................................................................................................... 123
Figura 65:
Exemplo da organizao dos valores no EES ................................................. 123
Figura 66:
Exemplo construtivo do ventilador utilizado .................................................. 124
Figura 67:
Dados tcnicos dos ventiladores Siroco ELAM. ............................................ 124
Figura 68:
Aspectos tcnicos e construtivos do queimador utilizado. ............................. 125
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
xvii
ndice de Tabelas
Tabela I.
Condies experimentais Temperaturas de ar diferentes .............................. 31
Tabela II.
Condies experimentais Tipos diferentes de milho ..................................... 32
Tabela III.
Resultado das diferentes correlaes usadas para o clculo da velocidade
mnima de jorro ........................................................................................................................ 47
Tabela IV.
Condies de clculo Velocidade mnima de jorro ....................................... 47
Tabela V.
Condies de operao no permutador ............................................................ 53
Tabela VI.
Condies de operao no queimador .............................................................. 63
Tabela VII.
Parmetros do processo .................................................................................... 69
Tabela VIII. Condio dispendiosa ....................................................................................... 92
Tabela IX.
Condio econmica ........................................................................................ 92
Tabela X.
Caractersticas das peletes de madeira ........................................................... 101
Tabela XI.
Clculo do VAL- Electricidade ...................................................................... 106
Tabela XII.
Clculo do VAL- Gs propano ....................................................................... 107
Tabela XIII. Clculo do VAL - Peletes ............................................................................... 108
Tabela XIV.
Comparao percentual entre o melhor VAL e os restantes .......................... 109
Tabela XV.
Apresentao dos cash flows actualizados ................................................. 111
Tabela XVI.
Simulao do financiamento .......................................................................... 112
Tabela XVII.
Simulao do financiamento Gs Propano. ............................................ 126
Tabela XVIII.
Simulao do financiamento - Electricidade ............................................. 127
xviii
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
Nomenclatura
Smbolo
Descrio
Caudal mssico de ar
Coeficiente de transferncia de calor
Massa do gro de milho
Unidades
Kg s-1
W m-2K-1
kg
cmilho
Calor especfico do milho
J kg-1K-1
cpar
Calor especfico a presso constante do ar
J kg-1K-1
Calor especfico a presso constante do vapor
J kg-1K-1
cpvapor
D
Dimetro da cmara
dg
Dimetro da partcula
di
Dimetro inferior
Excesso de ar
Acelerao da gravidade
Altura do leito
hlv
Calor latente de vaporizao
m s-1
m
J kg-1
mcomb
Massa de combustvel
NMC
Nmero de moles de Carbono
mol, kmol-
NMH
Nmero de moles de Hidrognio
mol, kmol-
Nu
Nmero de Nusselt
Pr
Nmero de Prandtl
Re
Nmero de Reynolds
Tempo
Te
Temperatura de entrada
Ts
Temperatura de sada
Velocidade superficial
m s-1
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
kg
xix
Umf
Velocidade mnima de fluidizao
m s-1
Ums
Velocidade mnima de jorro
m s-1
Xc
Teor de humidade de equilbrio do gro
Xi
Teor de humidade inicial do gro (base seca)
Xref
Teor de humidade de referncia
Letras Gregas
Letra
Descrio
Unidades
Coeficiente conveco exterior
W m-2K-1
Coeficiente conveco interior
W m-2K-1
Porosidade para fluidizao mnima
Massa volmica do fluido
kg m-3
Massa volmica da partcula
kg m-3
Queda de presso
Pa
Passo temporal
Teor de humidade normalizado
Humidade absoluta do ar de entrada da cmara
Humidade absoluta do ar de sada da cmara
Viscosidade do ar
xx
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
kg m-1s-1
Abreviaturas
CFE
CI
Cash Flow de explorao
Custo de investimento
EES
Engineering Equation Solver
PCI
Poder Calorfico Inferior
PCS
Poder Calorfico Superior
TAN
Taxa de Juro Anual Nominal
TAEG
Taxa Anual Efectiva Global
VAL
Valor Actual Lquido
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
xxi
Captulo 1 - Introduo
A secagem est entre as operaes mais usuais na indstria, em que numa boa parte das
situaes, a ltima fase do produto antes da sua classificao e embalagem.
A qualidade do produto seco, a quantidade de energia gasta e o tempo utilizado neste processo
so parmetros primordiais para a rentabilidade do bem submetido a esta operao.
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
Captulo 1. Introduo
Presentemente, dos variados processos necessrios para o tratamento ps-colheita,
conservao e armazenamento de cereais, a secagem o procedimento de maior consumo
energtico, logo, existe a necessidade de um correcto faseamento e minuciosa ateno desta
etapa, pois as partculas so extremamente sensveis aco do calor e devido secagem
artificial, por muito vantajosa que esta possa ser, qualquer descuido no controlo do processo
poder levar a danos qumicos, fsicos e biolgicos que ponham em risco a prpria sade
humana. Sendo assim, e segundo Osborne e Mendel (1917), existe a necessidade do processo
de secagem de maneira a melhorar o valor nutricional e eliminar inibidores de tripsina,
hemaglutininas, entre outros componentes, que provocam a inutilizao dos alimentos.
Dos variados mtodos de secagem existentes para cereais, todos tm em comum a funo de
retirar gua ao gro sem o danificar ou pr em causa as suas propriedades. Na secagem do
milho em particular, ser abordado neste trabalho o mtodo por leito em jorro, sendo dos mais
adequados e eficazes, apesar da sua desvantagem econmica comparativamente a alguns
processos que sero falados.
tambm importante referir que o avano tecnolgico da cultura do milho, em relao a
quase todas as outras, e as elevadas produtividades conseguidas, apontam para que esta venha
a ocupar um papel central na produo de biocombustvel e de plsticos biodegradveis
(Andrade, 2006).
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
Captulo 2 - Secagem
O processo de secagem uma tcnica largamente utilizada na preservao de alimentos, e
consiste numa operao de transferncia simultnea de calor e de massa em que a humidade
removida do alimento e transportada pelo ar quente (Sogi et al., 2002).
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
Captulo 2. Secagem
2.1
Necessidade de secagem
J desde os primrdios do homem que este se tem preocupado em racionalizar as fontes de
alimentos, e para isso desenvolveu empiricamente mtodos artesanais de conservao e de
transformao de alimentos.
A remoo de gua de alimentos slidos surgiu como uma forma de reduzir a actividade da
gua para impossibilitar o crescimento microbiano, evitando assim a deteriorao dos
alimentos.
Figura 1:
Exemplo de milho consumvel (esquerda) e milho contaminado (direita)
Tendo ento a secagem a finalidade da reduo da humidade de um produto a um nvel
desejado (Sturumillo e Kudra, 1986), a tecnologia da conservao de alimentos consiste,
actualmente, na aplicao de alguns princpios fsicos ou qumicos (uso de altas e baixas
temperaturas, eliminao de gua, adio de substncias qumicas, uso de certas radiaes e
filtrao) e tem uma grande importncia na indstria de alimentos. No entanto, tais mtodos
podem produzir mudanas estruturais nos produtos, logo um grande nfase atribudo aos
novos tratamentos onde a qualidade e a capacidade de prolongar a vida do alimento ser
preservada.
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
2.2
Definio do conceito
A secagem descrita geralmente pelo processo trmico de remoo de substncias volteis,
atravs da transferncia de massa, de maneira a remover a humidade de um material.
Quando o material hmido sujeito a este decurso trmico, dois processos ocorrem
simultaneamente:
Transferncia de energia, normalmente de calor, do ambiente circundante para o
slido hmido. Este processo ocorre devido aos processos de conduo, conveco ou
radiao, e em alguns casos combinao dos trs, em que a remoo dessa gua na
forma de vapor da superfcie do material depende da sua envolvente, nomeadamente a
humidade e velocidade do ar em contacto com a rea da superfcie;
Transferncia de humidade do centro para a superfcie do slido e, seguidamente, a
sua evaporao devido ao processo anteriormente referido. Esta transferncia
condicionada pela prpria natureza fsica do slido associado temperatura e ao seu
grau de humidade.
A secagem resulta da evaporao de gua devido aplicao de calor, e essa transferncia de
calor da envolvente para o slido resulta dos trs mecanismos de transferncia de calor
conhecidos e j referidos, ou seja, conduo, conveco e radiao.
Nos processos de secagem e armazenamento de partculas agrcolas, a transferncia de calor
geralmente ocorre em leitos de produto, compostos de partculas, e no interior do qual escoa
uma corrente de ar. O conhecimento dos valores das propriedades trmicas desses leitos
porosos essencial para o estudo da distribuio de temperatura no interior da massa de gros
(Rossi et al., 1982). As propriedades trmicas mais relevantes, neste caso, so a
condutibilidade trmica, difusividade trmica e o calor especfico do produto (Rossi e Roa,
1980).
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
A conveco a transferncia de calor que est associada ao movimento relativo de uma ou
mais correntes de fluidos e s diferenas de temperatura que existem entre estas, ou entre
estas e corpos slidos que lhes servem de fronteira. A conveco pode ser organizada em dois
tipos, conveco natural ou forada, dependendo do que est na origem do escoamento. Na
conveco natural o movimento do ar provocado pela fora gravtica, em que, devido
densidade, o ar mais quente ascende e o ar mais frio desce. J na conveco forada o
movimento do ar acontece devido influncia de elementos exteriores, como por exemplo um
ventilador.
A conveco pode ainda ser considerada interna, no caso de ocorrer no interior de um tubo
por exemplo, ou externa no caso de ocorrer sobre uma superfcie.
A radiao por infravermelhos usada frequentemente em secagem de revestimentos, folhas
de reduzida espessura e filmes (entre 4 e 8 mm). Sendo o investimento, assim como os custos
de funcionamento relativamente elevados, esta tcnica til para secagem de produtos de alto
valor unitrio ou para a correco final do perfil de humidade em que apenas pequenas
quantidades de gua do objecto so retiradas. Uma soluo para tornar este mtodo mais
vivel comercialmente a combinao de processos de secagem, por exemplo com
infravermelhos e jactos de ar ou ento utilizando microondas e aparelhos vibratrios (Santos,
2009).
2.3
Humidade
A percentagem de humidade existente num alimento relaciona-se com a quantidade de gua
nele existente, e possvel determinar a quantidade de gua removida ou adicionada se existir
o conhecimento da sua humidade inicial e final, aps a modificao do seu estado.
A variao do teor de humidade de um corpo ou slido corresponde perda de peso sofrida
pelo alimento quando aquecido em condies nas quais a gua removida.
Quando um valor para a humidade de um slido determinado, importante ter o
conhecimento se este se refere base seca ou hmida, pois o desleixo deste facto pode levar
recepo de um produto ou matria-prima com mais gua do que suposto, assim como a erros
de clculo de alguma gravidade.
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
definida humidade de um slido na base seca (
) como o quociente entre a massa de gua
):
) e a massa do slido isenta desta humidade (
EQ 2.1
pode ser expresso por exemplo em kg de gua por kg de slido seco.
Quanto humidade de um slido na base hmida (
a massa de gua (
), esta referida como o quociente entre
) e a massa do slido hmido (
):
EQ 2.2
pode ser expresso em kg de gua por kg de slido hmido.
A transformao da humidade de uma base para outra pode ser obtida pelas seguintes
expresses ou pela consulta menos minuciosa da figura 2.
EQ 2.3
EQ 2.4
de referir que nas equaes 2.3 e 2.4 se pressupem que se trabalha em fraco, pois se for
em percentagem o valor de 1 substitudo por 100.
10
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
Figura 2:
Relao entre base hmida e base seca (Pacheco, 2001)
De uma maneira expedita, depois da consulta da figura 2 possvel perceber que para um
dado valor de humidade na base seca, a sua converso para base hmida ir diminuir
consideravelmente o seu valor, e por isso, como foi dito anteriormente, este aspecto deve ser
nota de ateno quando a sua consulta.
2.4
A classificao de partculas segundo Geldart
Experincias realizadas em leitos fluidizados utilizando partculas de diferentes tamanhos,
possibilitou perceber que um conjunto de partculas de maior tamanho fluidizou mais
satisfatoriamente do que um conjunto de gros mais pequenos. compreendido ento que
nem todas as partculas, quando sujeitas fluidizao gasosa, se comportam da mesma
maneira, ou seja, concluses extradas de dados obtidos na fluidizao de determinado
material no podem, em princpio, ser extrapoladas para outro.
Vrios cientistas formularam critrios de maneira a prever o comportamento da fluidizao,
mas foi Geldart (1973), que sistematizou esta matria e referiu que os leitos fluidizados so
particulares, na medida em que um incremento da velocidade superficial aumenta a
possibilidade do maior afastamento dos gros, de uma maneira mais ou menos uniforme, at
que estes saiam da zona tubular (zona central da cmara onde ocorre o maior caudal de ar,
figura 5, terceira representao)
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
11
De maneira a estabelecer a que grupos pertencem as partculas utilizadas, vrias experincias
foram efectuadas para perceber o comportamento esperado na utilizao de determinado
tamanho de gro, o que originou diversos critrios numricos de maneira a proceder
discriminao qualitativa entre os vrios grupos devido ao comportamento da sua fluidizao,
figura 3.
No havendo a necessidade neste trabalho de aprofundar esta metodologia classificativa, no
entanto conveniente conhecer os vrios grupos e as suas caractersticas particulares:
Grupo A Partculas que quando fluidizadas por ar nas condies ambiente, oferecem uma
regio de incio de fluidizao no borbulhante comeando a
, seguida posteriormente por
fluidizao borbulhante aps algum aumento da velocidade de fluidizao;
Grupo B Partculas que apenas fornecem fluidizao borbulhante imediatamente a seguir
;
Grupo C Partculas com tamanho de gro muito reduzido que produzem uma fluidizao
no uniforme (aparecimento de canais que prejudicam os processos de transferncia de calor e
massa);
Grupo D Partculas de elevado tamanho que so distinguidas devido sua habilidade de
produzir elevados jorros de fluidizao.
Figura 3:
Diagrama simplificado da classificao das partculas por Geldart (Nitz e Guardani,
2008)
12
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
2.5
Seleco do processo de secagem
Entre os processos disponveis para a secagem de gros, mais propriamente de milho, alguns
so mais utilizados do que outros, dependendo dos objectivos finais do agricultor.
Os sistemas de secagem esto divididos em dois grandes grupos, secagem natural ou artificial.
A natural neste caso est fora de questo pois, naturalmente, o milho, mesmo em condies
mdias de temperatura de 20 C e de humidade relativa de cerca de 50 % (mdia entre 1945 e
2005, (Miranda et al, 2005)), at atingir a humidade desejada de aproximadamente 14,5 %
b.s. (Eckhoff et al, 1997) demora entre 50 a 60 dias, o que no vivel de acordo com o
objectivo proposto.
Dentro da secagem artificial existe a secagem por ventilao ou conveco natural e por
ventilao forada.
A secagem por ventilao natural pode ser efectuada em terreiros, a secagem solar, onde o
investimento inicial muito reduzido mas desde j excluda devido ao tempo de secagem
ser tambm extenso e directamente relacionado com as condies meteorolgicas.
A secagem por conveco natural usando outra fonte de energia trmica que no o sol (por
exemplo em estufas) por vezes utilizada e agradvel atendendo simplicidade de construo
e facilidade de operao (Prado, 2004), mas trata-se de uma operao onde longos tempos de
secagem so normalmente necessrios devido s baixas taxas de transferncia de calor e de
massa, o que no totalmente vivel devido ao exigente mercado actual e ao objectivo inicial
deste trabalho.
importante referir que em ambos os mtodos mencionados, como alm de dependerem das
condies naturais do ar, so muito morosos, e a possibilidade de o milho se deteriorar devido
ao longo tempo de secagem extremamente alta.
Relativamente secagem por ventilao forada, esta pode ser dividida em altas e baixas
temperaturas.
A secagem a baixa temperatura normalmente realizada em silos, sendo utilizada para
secagem de sementes com temperaturas do ar de 40 C (secagem com ar aquecido). Este
mtodo recomendado para pequenas e mdias propriedades agrcolas, mas o tempo de
secagem de cerca de 84 horas tambm relativamente elevado para a utilizao necessria e,
por isso, fica excludo.
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
13
As altas temperaturas utilizadas na secagem tornam o processo mais rpido e independente
das condies climticas, sendo que o ar de secagem tem o seu potencial aumentado na
medida em que se eleva a sua temperatura.
tambm possvel classificar a secagem quanto operao e ao tipo de escoamento do ar de
secagem. A operao da secagem pode ser intermitente ou contnua, e esta ltima ser a
utilizada, devido mais uma vez ao requisito de partida que pressupe uma capacidade de
secagem de 60 toneladas de milho por dia.
Quanto ao tipo de escoamento relativo gs-slido, existem diversas tcnicas, tais como por
coluna, leito fixo, contra-corrente, equi-corrente ou co-corrente, cascata, rotativo, entre outras,
sendo que as que possibilitam uma secagem mais rpida so por leito fluidizado e por mesa
vibratria (Park et al, 2007).
A mesa vibratria aliada ao aquecimento por infravermelhos (IR) envolve a exposio dos
gros a uma gama de radiao electromagntica com comprimentos de onda no intervalo de
0,8-100 m. Este mtodo fundamentalmente diferente da secagem por conveco pois o
material seco directamente pela absoro da energia, ao contrrio da transferncia de calor
do ar (Bal et al., 1970). A radiao tem vantagens significativas sobre os mtodos
convencionais, como a simplicidade dos equipamentos, rpida resposta em regime transitrio
e economia de energia significativa (Sandu, 1986), e devido a uma agitao externa dada pela
mesa vibratria, a secagem uniformizada de maneira a que todo o material esteja em
contacto com a radiao emitida.
Foi encontrada informao de experincias em que, embora este mtodo fornea um meio
rpido de aquecimento e secagem, s interessante para aplicaes de aquecimento de
superfcies, pois como a energia infravermelha absorvida pela camada exterior, apenas
permite uma camada superficial de secagem (Laohavanich e Wongpichet, 2007), o que no
caso do milho no vivel.
O leito fluidizado, mais particularmente o leito em jorro, devido ao seu potencial de
diversificao, tem sido utilizado em diversos processos, nomeadamente na secagem de
cereais, pois o sistema de secagem de leito em jorro mais eficientemente aplicvel a gros
(Massarani et al, 1999). Este consiste fundamentalmente num processo onde h a introduo
de um jacto de ar ou gs no interior de um cilindro, que contm um leito de partculas, por um
orifcio, o qual menor relativamente ao dimetro do cilindro, criando assim um canal
14
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
afunilado inicial, de maneira a garantir a impossibilidade de deposio dos gros e assim
existir uma movimentao contnua do gro com reduzida perda de carga.
2.5.1 Leito em jorro
A utilizao da tcnica de fluidizao foi difundida em 1940, mas foi em 1955, que devido
necessidade da secagem de partculas de maior dimetro, o leito em jorro (figura 5) foi
referenciado por Mathur e Epstein (1955) especificamente para a secagem de trigo, sendo que
nos dias de hoje apresenta um papel importante nas operaes que envolvem secagem de
slidos granulados, como milho, fertilizantes e qumicos farmacuticos.
Este um mtodo de secagem de partculas semelhante ao leito fluidizado, diferindo no
sentido em que o gs alimentado atravs da regio central utilizando um funil, ao contrrio
de um distribuidor poroso ou perfurado como acontece no leito fluidizado (figura 4).
Figura 4:
Leito fluidizado (Nagahashi et al, 2006)
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
15
Figura 5:
Leito em jorro (Nagahashi et al, 2006)
A introduo do gs no leito de partculas, que feita por um orifcio provoca a formao de
um canal o que ir proporcionar trs regies distintas:
Regio central, onde ocorre o transporte pneumtico das partculas devido enorme
velocidade do gs;
Regio do jorro, zona parecida com o repuxo de uma fonte e composta pelos gros
vindos da regio central, os quais atingem a sua velocidade terminal e caiem na zona
circular;
Regio anelar, onde os gros descem da regio do jorro e voltam at parte inferior do
cilindro, onde vo voltar a entrar na zona central.
Este processo ento um ciclo, fazendo com que os gros criem um leito deslizante e uma
forte agitao das partculas, que aliado ao baixo custo inicial e operacional fazem desta
tcnica uma das mais interessantes na operao de secagem por meios mecnicos, apesar de
algumas limitaes tcnicas terem sido observadas restringindo o seu uso a nvel industrial
(Conceio, 1997), nomeadamente em leitos de grande capacidade, onde h a dificuldade de
manter um regime estvel.
16
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
2.6
Fonte de energia
No dimensionamento deste secador de milho, alm de se considerar o dimensionamento do
equipamento de secagem propriamente dito, ser tambm seleccionada a fonte de energia a
utilizar e a possibilidade de se recorrer a uma fonte renovvel para se aferir da possibilidade
de o utilizador do equipamento ter uma mquina totalmente ou em grande parte autnoma em
termos energticos, pois tanto pelo aspecto econmico como pela vertente ambiental cada
vez mais importante reflectir num mtodo alternativo e sustentvel que permita fornecer
potncia elctrica e trmica ao equipamento utilizado no quotidiano profissional.
A energia atravs de gs do petrleo liquefeito tambem uma possibilidade em que para
sistemas mais potentes, como o caso do secador de milho considerado, usa-se
preferencialmente o propano , sendo o gs butano utilizado para potncias mais pequenas
(utilizaes domsticas).
Apesar de ser uma tecnologia relativamente recente, ser tambm alvo de estudo a utilizao
de peletes de madeira, que possuindo como produto base a madeira, foi criado para competir
com os combustveis fsseis em termos de convenincia, desempenho e preo.
Sendo assim, vivel obter potncia elctrica e tambm trmica para o equipamento atravs
de energia elctrica, gs e peletes.
2.7
Consideraes gerais sobre o modelo matemtico adoptado
Relativamente ao equipamento de secagem e ao seu modelo matemtico, perceptvel que
depois de todas as equaes termodinmicas serem devidamente trabalhadas, necessrio
conhecer-se a evoluo da humidade das partculas a secar ao longo do tempo, e isto pode ser
feito de dois modos, ou atravs de um balano de transferncia trmica e de transferncia de
massa usando princpios bsicos, recorrendo-se por isso s equaes da transferncia de calor
e de massa, ou atravs de uma aproximao mais simplista. Neste ltimo caso, que foi o
adoptado no presente trabalho, obtm-se a partir da anlise de resultados experimentais, uma
correlao que fornece, em funo do tempo e das condies operatrias, a evoluo da
humidade das partculas (gros) de milho. A explicao da obteno dessa equao que
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
17
combina nmeros adimensionais que caracterizam os diversos aspectos do processo de
secagem apresentada no Captulo 3. No modelo matemtico adoptado para o clculo do
secador, sero notrias as suas implicaes na necessidade de se fazer um tratamento de dados
experimentais via anlise simplista recorrendo a nmeros adimensionais.
Na prxima seco faz-se por isso uma breve referncia anlise dimensional, a qual ser
utilizada posteriormente no Captulo 3, para a anlise de resultados experimentais que
serviro de suporte no processo de dimensionamento do secador.
18
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
2.8
Anlise dimensional
Em geral, a soluo de problemas reais envolve uma combinao de anlise e informao
experimental, contudo, o trabalho experimental de laboratrio dispendioso, e por isso, um
importante objectivo obter o mximo de informaes com o mnimo de experincias.
Embora a anlise dimensional seja incapaz, por si s, de descobrir a formulao completa de
uma lei fsica, esta fornece orientaes para combinaes dos parmetros envolvidos a
utilizar, e assim reduzir o nmero total de variveis a incluir nas equaes, sendo assim um
valioso guia para a elaborao de teorias que se proponham a interpretar resultados
experimentais.
Alm de incluir obrigatoriamente todos os parmetros que possam ter influncia no problema
a estudar, exigindo assim uma cuidadosa investigao qualitativa baseada em observaes e
pesquisas experimentais, esta anlise incorpora as leis fsicas em que se baseiam as frmulas
dimensionais das constantes fsicas universais ou especficas que figuram entre esses
parmetros.
Uma das principais aplicaes da anlise dimensional o estabelecimento das condies de
semelhana fsica, que relacionam os prottipos com os modelos das experincias, e para que
um modelo possa representar um prottipo, ou seja, para que os resultados obtidos nos
ensaios possam ser estendidos aos prottipos, preciso que haja semelhana, a comear pela
semelhana geomtrica. Em princpio, todos os nmeros 1 , factores de forma e funes,
devem ter no modelo o mesmo valor que apresentam no prottipo. Em alguns casos
introduzem-se distores, isto , adoptam-se no modelo escalas diferentes para grandezas de
um mesmo tipo, mas este acto deve ser cuidadosamente analisado para evitar erros na
interpretao dos resultados.
Smbolo referido pelo fsico Edgar Buckingham em 1914 para a caracterizao dos seus grupos adimensionais,
caracterizado por Pi de Buckingham.
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
19
2.9
Caracterizao das partculas a secar de acordo com a classificao de Geldart
Geldart (1973)definiu a importncia do tamanho das partculas num leito fluidizado, criando
quatro grupos referentes ao diferente tamanho das partculas utilizadas na fluidizao.
Sendo assim e com base experimental, Geldart (1973) desenvolveu e props um critrio
arbitrrio para a diferenciao entre os grupos B e D definido pela expresso
EQ 2.5
Sendo:
Para diferenciao entre os grupos:
EQ 2.6
Ento as partculas de milho sero do grupo D e ser esperado que ligeiramente acima da
velocidade mnima de fluidizao bolhas de ar se formem, comportamento semelhante ao de
gros de areia. Esse comportamento pode ver verificado na figura 6, na condio de
fluidizao com bolhas tubulares (Slugs).
Figura 6:
20
Diferentes comportamentos do leito (Nitz e Guardani, 2008)
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
Captulo 3 - Modelao Matemtica
Segundo Edwards e Hamson (1990) um modelo matemtico o produto da transferncia de
um conjunto de elementos matemticos (como sejam, funes ou equaes), com vista
obteno de uma representao matemtica de uma parcela do mundo real.
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
21
22
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
Captulo 3. Modelao matemtica
Devido evoluo atingida, hoje possvel o processamento computadorizado com um
relativo baixo custo, permitindo assim o desenvolvimento de modelos matemticos
complexos, os quais podem ser utilizados para analisar configuraes reais de secagem
encontradas na indstria. A utilizao destes modelos no sector industrial cada vez mais
predominante, o que demonstra que a barreira acadmica/industrial est a diminuir
substancialmente. De facto, actualmente comum a assistncia financeira industrial para
suportar a pesquisa e o desenvolvimento de novos modelos de transferncia de calor e massa.
Este tipo de modelao no s permite a poupana monetria e repetitiva de experincias, mas
tambm e no menos importante, pode ser usada para elucidar a fsica subjacente associada ao
transporte de calor e massa nos meios porosos durante o processo de secagem. Os resultados
das simulaes podem inevitavelmente ajudar a orientar e conduzir estudos com a proposta de
novas experincias para permitir a concepo e ensaio de novos mtodos de secagem (Eterno,
2006).
Figura 7:
Exemplo de metodologia de resoluo (Eterno, 2006)
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
23
Uma das situaes mais comuns nas propriedades rurais, que efectuam a secagem de alguns
dos seus produtos agrcolas, a falta de equilbrio ou sintonia entre o tamanho dos
equipamentos e a sua disponibilidade para o processo. Sendo assim, o correcto
dimensionamento dos constituintes crucial para o reduzido investimento necessrio, tanto na
aquisio como na manuteno do equipamento.
Diversa informao existente em catlogos de fabricantes destes sistemas referem alguns dos
componentes necessrios para o correcto funcionamento. Na figura 8 faz-se uma
representao esquemtica do equipamento de secagem a ser dimensionado. Neste trabalho
apenas sero considerados os principais intervenientes, deixando de parte componentes como
grelhas, peas de acoplamentos, e mesmo as tubagens utilizadas.
Sendo assim, sero objecto de estudo a prpria cmara de secagem, o ventilador de insuflao
de ar, o permutador de calor e como fonte de calor ser efectuado o estudo com um
queimador a gs propano (sendo posteriormente consideradas outras alternativas).
Figura 8:
24
Representao esquemtica do equipamento de secagem a ser dimensionado
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
3.1
Cmara de secagem
Este o componente principal do processo pois onde a secagem se efectua devido
introduo de ar quente, neste caso a 50 C (temperatura mdia nas experincias realizadas).
Este caudal de ar vai passar pelo leito de maneira a que, por conveco forada, aquea cada
gro, e este perca a gua que antes residia no seu interior e que agora ser transferida para o ar
que posteriormente sair da cmara.
Figura 9:
Constituintes do equipamento de secagem Cmara de secagem
Numa primeira aproximao, considerando um tempo mdio de 15 minutos para a colocao
do milho no equipamento e tambm 15 minutos para a sua extraco, num dia com 8 horas de
trabalho, so necessrias 3 cargas de 20 toneladas com o tempo mximo possvel de secagem
de 2 horas e 10 minutos, de maneira a perfazer um total mximo de 8 horas de laborao.
O desenrolar deste processo permite que ao longo do tempo o gro fique cada vez mais seco e
assim cumprir o objectivo, mas vrios processos tomam lugar neste componente pois sabido
que a energia trmica existente no caudal de ar de entrada no toda transferida para o leito
de gros a secar, mas tambm para as paredes da cmara (perdas trmicas), sendo o restante
enviado para o exterior do secador na corrente de ar de sada. Sendo assim, necessrio
contabilizar estes aspectos, pois evoluindo o processo de secagem de uma carga de gros
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
25
segundo um regime uniforme, trata-se de um processo em estado no permanente, sendo
como tal importante conhecer-se o comportamento do secador para cada instante do processo.
3.1.1
Comportamento termodinmico
Sabendo inicialmente que a quantidade total de energia deste sistema no permanece
constante (possivelmente subir pois o gro est a ser aquecido) e que a energia consumida
para a secagem do gro vir da corrente de ar de aquecimento, ento, a 1 Lei da
Termodinmica aplicada a regimes uniformes, reflecte o comportamento encontrado neste
processo ao longo do tempo de t a t= t+dt.
Fazendo-se um balano energtico ao secador que funciona em regime uniforme, pois
considera a variao no tempo das variveis que retratam o processo, resulta:
Em que:
Entalpia especfica do fluido na entrada da cmara;
Entalpia especfica do fluido na sada da cmara;
Massa contida no volume de controlo no instante ;
Energia interna especfica referente ao volume de controlo no instante ;
- Massa contida no volume de controlo no instante ;
- Energia interna especfica referente ao volume de controlo no instante ;
- Massa no volume de controlo sada;
- Massa no volume de controlo entrada;
-Calor nos instantes e ;
-Calor nos instantes e .
26
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
EQ 3.1
Logo, para um processo onde no h fornecimento de trabalho:
[(
)]
)
EQ 3.2
Em que:
Massa do gro de milho;
Calor especfico do milho;
Calor especfico da gua;
Humidade do gro no instante ;
Humidade do gro no instante ;
Temperatura do gro no instante ;
Temperatura do gro no instante ;
Caudal mssico de ar seco;
Passo temporal de integrao;
Calor especfico do ar a presso constante;
Temperatura do ar de entrada;
Temperatura do ar de sada no instante ;
Calor especfico do vapor de gua a presso constante;
- Humidade absoluta do ar sada no instante ;
- Humidade absoluta do ar entrada na cmara;
Calor latente de vaporizao da gua.
Relativamente ao balano de massa efectuado cmara, e considerando os dois instantes de
tempo inicial e final t e t:
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
EQ 3.3
27
EQ 3.4
E sendo:
.
EQ 3.5
EQ 3.6
Resulta:
Sabendo que os parmetros
EQ 3.7
correspondem respectivamente humidade, na base seca,
do gro de milho, no instante t e no instante seguinte t, entendido ento que, sendo um
processo de secagem, retirada gua ao gro de milho, a qual passar para o ar, ou seja, s >
e, e
. Este ltimo parmetro obtido atravs da anlise de dados experimentais como
ser explicado mais frente neste trabalho (Ponto 4.1.1 Curva de secagem).
So conhecidas neste momento duas equaes para a resoluo do problema, e analisando as
mesmas, possvel estudar as incgnitas estabelecidas:
igual ao produto do volume de um gro de milho pela sua massa volmica e pela
carga a aplicar. O nico parmetro que pode causar dvida a carga necessria, mas
como j foi referido, cada carga ser de 20 toneladas de maneira a atingir o objectivo
proposto;
so respectivamente o calor especifico do milho (gro seco), o calor
especfico a presso constante do ar e do vapor. So valores conhecidos e encontrados
facilmente na literatura tcnica;
, o caudal de ar seco que passa pela seco de entrada, a qual ser inicialmente
arbitrada para se arrancar com o processo de clculo. importante referir que este
parmetro ser posteriormente dimensionado de maneira a encontrar a melhor soluo
para os requisitos impostos;
, a entalpia latente de vaporizao da gua, sendo tambm conhecido o seu valor;
, em que para
, logo
, correspondem respectivamente,
fraco mssica mdia inicial de humidade nas partculas e fraco mssica de gua
correspondente humidade de equilbrio ou de referncia do milho. No caso presente
28
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
como no se encontraram na literatura valores da humidade de equilbrio para o milho,
foi usado como valor de referncia o valor de 10 % (valor inferior ao valor mnimo de
humidade registado nas experincias).
Mas como perceptvel nas equaes anteriores, existem parmetros que derivam no tempo e
por isso no so to imediatos, como a prpria temperatura do gro, que teoricamente dever
subir, e as condies do ar de sada, temperatura e humidade (
), resultando em trs
variveis desconhecidas.
Ento, necessria mais uma equao, a qual possvel obter atravs do balano energtico
associado transferncia de calor entre o ar de passagem e os gros de milho, onde:
Ento:
))
)
EQ 3.8
Deste balano resultam dois parmetros que merecem ateno pois ainda no foram
abordados:
Por
entende-se o coeficiente de transferncia de calor do fluido para as partculas, que ter
de ser obtido de uma equao da forma
aplicvel ao tipo de escoamento em
causa.
Para o clculo deste coeficiente de transferncia foi utilizada a biblioteca do EES, mais
particularmente a seco de escoamentos externos em esferas (External_Flow_Sphere) 2, onde
todos os valores so previamente conhecidos (temperatura e presso de entrada do fludo e
temperatura mdia e dimetro do gro). So referidos alguns aspectos relativos a estas rotinas
no Anexo F deste trabalho.
Na verdade, seria mais especfica a utilizao da rotina PackedSpheres pois representa melhor um leito de gros
compactados, mas devido a inconsistncias do EES foi decidida a sua no utilizao.
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
29
conhecida pela rea de transferncia de calor de toda a quantidade de milho na cmara de
secagem, e por isso o produto da rea da superfcie de um gro pelo nmero total de gros
que constituem uma carga. importante referir que apesar de haver pontos de contacto entre
gros, estes no sero considerados.
Mas neste momento constata-se que necessrio ter uma ideia do comportamento da taxa de
secagem do milho para entrar nos balanos referidos. Como este equipamento funciona em
regime uniforme (no permanente), o tempo um dos parmetros fundamentais, e ento
existe o interesse prtico de encontrar uma equao que fornea a taxa de secagem, numa
forma adimensional, em funo de diversos parmetros caractersticos do escoamento.
Como tal recorreu-se aos dados experimentais recolhidos de Csar. et al, (2001) e Chinnabun
et al. (2007) e desenvolveu-se, via o Teorema de Pi de Buckingham, uma relao
adimensional, que permitisse uma correlao coerente entre as diversas propriedades fsicas
envolvidas no processo de secagem. Seguidamente, e com o Solver do Excel, obtiveram-se os
parmetros de ajuste para essa correlao de nmeros adimensionais. A qualidade da
correlao foi avaliada usando-se um desvio mdio calculado pela equao 3.26.
A equao 3.27 obtida foi ento inserida no conjunto formado pelas restantes equaes de
balano energtico e mssico, sendo este combinado o modelo matemtico do secador de
cargas de gros de milho.
3.1.1.1
Curva de secagem
Devido informao disponvel limitada quanto aplicao do processo de leito em jorro na
secagem de gros de milho, e assim o desconhecimento do comportamento da curva secagem
deste cereal nestas condies, no foi utilizada nenhuma expresso encontrada na literatura,
mas sim efectuada uma avaliao de resultados experimentais disponveis na literatura
cientfica por forma a se encontrar uma curva de secagem que pudesse no s ser aplicada
particularmente a uma situao, mas sim uma aproximao mais geral secagem de milho
recorrendo a vrias temperaturas e processos, processos esses utilizados na literatura
consultada referente a alguns trabalhos experimentais.
Fica desde j a ideia para um projecto futuro do mesmo tipo de estudo para, por exemplo, a
secagem de sementes, cereais e outros objectos de pequena dimenso, e mesmo dentro da
secagem de milho, generalizar a curva de secagem para todos os processos e temperaturas de
30
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
secagem existentes na literatura, ou pelo menos, arranjar correlaes o mais gerais possvel
para cada tipo de gro.
Foi portanto necessrio pesquisar na literatura tcnica e cientfica por trabalhos que
apresentassem dados da secagem das partculas de milho para diversas situaes
experimentais de modo a que a correlao que posteriormente viesse a ser determinada tivesse
a maior gama de aplicao possvel.
3.1.1.1.1
Domnio do estudo
Para uma anlise mais abrangente, como fundamento para a obteno de uma curva de
secagem para gros de milho, foram usados os dados de duas experincias em que difere o
mtodo de secagem e dentro destes, as vrias temperaturas de secagem usadas. Estes dados
podem ser em parte visualizados no Anexo A.
Na Tabela I esto representadas as condies experimentais de experincias realizadas por
Csar et al. (2001).
Tabela I.
Condies experimentais Temperaturas de ar diferentes
Tipo de
secagem
Tipo de
Partcula
Secador
camada fina
Milho - Gro
Velocidade do ar Temperatura Humidade
(de aproximao)
do ar
Inicial
1 m/s
40C, 50C e
60C
21,5 %
Nas trs curvas apresentadas no grfico seguinte alguns dos parmetros so semelhantes entre
si (Tabela I) diferindo apenas a temperatura do ar de entrada de maneira a perceber a
importncia deste aspecto no processo. de referir que a humidade retirada se encontra na
base seca.
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
31
Figura 10: Curva de secagem para milho (Csar et al, 2001)
Para a mesma temperatura de entrada do ar mas com variedades de milho diferentes, foram
utilizados os dados de uma experincia realizada por Chinnabun et al. (2004), cujas condies
experimentais so dadas na Tabela II.
Tabela II.
Condies experimentais Tipos diferentes de milho
Tipo de
secagem
Tipo de Partcula
Secador
rotativo (12
r.p.m.)
Amarelo escuro,
Amarelo claro,
Amarelo muito
claro (forma gro
de arroz)
Velocidade
Temperatura Humidade
do ar (de
do ar
Inicial
aproximao)
1,397 m/s
70C
25 %
Todas as variedades esto includas na gama alimentcia, ou seja, para consumo humano.
efectuada uma pr-secagem de maneira a que a humidade do milho nas condies iniciais do
teste seja de 25 %. Esta a humidade contabilizada nos clculos assim como os seus valores
em base seca apesar de na experincia terem sido retirados os valores em base hmida. A
converso foi efectuada utilizando o mtodo referido anteriormente neste trabalho no Captulo
2, no Ponto 2.3 - Humidade.
32
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
Figura 11: Curvas de secagem para milho (Chinnabun et al., 2004)
Utilizando o Excel e agrupando as seis curvas dos valores experimentais obtm-se o grfico
da figura 12:
35
30
Humidade B.S. [%]
25
T=70C; Gro PIN
20
T=70C; Gro YELLOW
T=70C; Gro D.YELLOW
15
T=40C; Milho Pip.
T=50C; Milho Pip.
10
T=60C; Milho Pip.
5
0
0
1000
2000
3000
4000
5000
Tempo [s]
Figura 12: Agrupamento dos dados de ambas as experincias
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
33
Neste momento, partindo das curvas apresentadas no grfico da figura 12 possvel, usando o
conceito do teor de humidade adimensionalizado, obter-se uma curva geral que poder
posteriormente ser introduzida no modelo matemtico a ser utilizado no dimensionamento do
secador.
Vrios autores apresentam expresses para o processo de secagem, e por exemplo, no caso de
secagem de rolhas de cortia num leito fixo, Martins (1990) apresentou um modelo simples
dado pela expresso:
EQ 3.9
Magalhes (2004) aprofundou a ideia e apresentou a correlao seguinte, mas para a secagem
de rolhas de cortia de leito em jorro:
EQ 3.10
De forma a apresentar uma expresso que fornea resultados satisfatrios e que no obrigue a
inmeros dados experimentais, foi usada a anlise dimensional, neste caso apresentando um
enunciado da relao entre uma funo expressa em termos de parmetros dimensionais e
uma funo correspondente expressa em termos de parmetros adimensionais. Como foi
referido anteriormente de uma maneira terica, o teorema dos Pi de Buckingham permite
desenvolver esses parmetros de um modo fcil e rpido.
O objectivo , a partir de resultados experimentais, obter-se uma expresso da taxa de
secagem dos gros de milho em funo das condies do ar de secagem, das propriedades
dessas mesmas partculas de milho e do tempo de secagem. Esta expresso ser depois
inserida no modelo matemtico do secador de forma a se conseguir chegar ao seu
dimensionamento.
34
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
3.1.1.2
Determinao dos grupos Pi de Buckingham
Para listar todos os elementos envolvidos, sabe-se que a descida da humidade numa partcula
resulta de vrias caractersticas. Sendo assim, a funo dever conter os seguintes parmetros:
EQ 3.11
Em que:
- Massa volmica do gro de milho;
- Massa volmica do ar;
- Dimetro da partcula;
- Velocidade superficial do ar;
- Temperatura do ar ;
Tempo;
- Viscosidade dinmica do ar;
Calor especfico do milho;
-Humidade adimensionalizada -
A humidade absoluta no contabilizada pois sendo definida por
, j se encontra
adimensionalizada, assim como deve ser referido que a humidade do ar no entrou na
avaliao dos parmetros adimensionais porque ao se utilizar, mais adiante na formulao, a
humidade relativa do ar, esta j se considera como parmetro adimensional.
Como dimenses primrias so referidas M, L, T e , onde M representa a massa, L o
comprimento, T refere-se ao tempo e temperatura (graus Celcius), apresentado assim
:
Ento:
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
35
fica,
ou seja,
Escolhido como conjunto de recurso:
resultando em
grupos adimensionais:
EQ 3.12
EQ 3.13
EQ 3.14
EQ 3.15
Substituindo obtm-se:
36
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
EQ 3.16
EQ 3.17
EQ 3.18
EQ 3.19
Equacionando os expoentes M, L, T e para o primeiro grupo resulta:
Ficando:
EQ 3.20
De modo semelhante:
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
EQ 3.21
EQ 3.22
37
EQ 3.23
Ento, sem aprofundar as propriedades fsicas dos intervenientes, a expresso da transferncia
de humidade entre o gro e o ar circundante vir dada por:
EQ 3.24
de referir no entanto que os grupos adimensionais 1 e 2 so semelhantes, e no apresenta
qualquer interesse estudar ambos da mesma maneira. Sendo assim apenas ser utilizado
formato calculado mas o grupo
no
passar a ser um produto dos dois, resultando assim numa
relao entre as massas volmicas do milho e do ar. A formulao final da relao entre os
nmeros adimensionalizados ser ento,
) (
EQ 3.25
Conhecida a expresso, resta saber os respectivos expoentes, os quais foram calculados com a
ajuda do Solver, componente do programa Excel. Inicialmente foram registados todos os
dados da experincia na folha de clculo e calculado o erro relativo entre os valores
adimensionais da humidade calculados e experimentais, e depois, utilizando o Solver do
Excel e recorrendo equao 3.26, foi minimizado o desvio mdio de todos os dados, atravs
da atribuio de valores aos expoentes a, b, c, d, e f que minimizassem tal desvio. Conseguiuse deste modo um desvio mdio de 12,71 %, calculado de acordo com a equao 3.26, valor
perfeitamente aceitvel para este tipo de testes (Magalhes, 2004 e Julio, 2008).
38
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
EQ 3.26
agora possvel enunciar a expresso final que representa o comportamento da evoluo da
humidade num gro de milho:
EQ 3.27
Sendo:
= 0,004 m;
=1253,5 kg/m3 (mdio);
= Entre 1,9610-5 e 2,0510-5 Pa s (dependente da temperatura do ar);
= Entre 1,03 e 1,12 kg/m3 (dependente da temperatura do ar);
= 1691 J/(kg.K).
necessrio referir que os valores apresentados acima foram retirados das experincias
efectuadas, (Csar et al, 2001, e Chinnabun et al., 2004).
Adimensionalizando os valores experimentais e utilizando a equao da humidade calculada,
possvel agora a elaborao de um grfico (terico e experimental), de maneira a verificar a
qualidade da equao encontrada pelo mtodo Pi de Buckingham.
perceptvel que o comportamento das curvas experimentais bastante similar quando
comparado com as mesmas curvas calculadas teoricamente, o que reflecte o mesmo
comportamento para as mesmas caractersticas.
Com a anlise figura 13 melhor entendida a aproximao entre os valores experimentais
(smbolos) e os valores calculados (linhas).
importante referir que esta aproximao poderia ser maior e assim o erro mais reduzido se
fosse utilizado um mtodo mais especfico na elaborao da equao, o que levaria claro a um
estudo mais aprofundado nesta rea.
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
39
T=70C;Gro PIN
T=70C;Gro
YELLOW
T=70C;Gro
D.YELLOW
T=40C;Milho Pip.
0,9
0,8
Humidade B.S. [%]
0,7
T=50C;Milho Pip.
0,6
T=60C;Milho Pip.
0,5
T=70C;Gro PIN
0,4
T=70C;Gro
YELLOW
T=70C;Gro
D.YELLOW
T=40C; Milho Pip.
0,3
0,2
0,1
T=50C; Milho Pip.
0
0
1000
2000
3000
Tempo [s]
4000
5000
T=60C; Milho Pip.
Figura 13: Comparao das curvas calculadas (linhas) e experimentais (pontos)
Neste momento, depois de determinada a curva da evoluo do teor de humidade
adimensional, importante referenciar, ou mesmo resumir, as correlaes disponveis para o
clculo do modelo matemtico a elaborar, de maneira a, de um modo sucinto, ser verificado
como ser o desenvolvimento do clculo.
Sendo assim, iniciado o estudo com a equao da conservao da energia aplicada a
volumes uniformes:
)
EQ 3.28
De maneira a completar um pouco mais este estudo, e de saber efectivamente o que acontece
na realidade, as perdas para o exterior atravs da conduo pelas paredes da cmara de
secagem sero contabilizadas de maneira a ser possvel uma percepo da importncia do
isolamento nestes casos. Para tal utilizada a equao da transferncia de calor por conduo
empregando o conceito de resistncia trmica associada transferncia de fluxo de calor,
40
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
considerando que as paredes do secador em estudo so compostas por uma camada de ao,
uma camada intermdia de isolamento e uma camada exterior de alumnio.
EQ 3.29
Efectuando tambm o balano energtico associado transferncia de calor entre o ar de
passagem e os gros de milho, a temperatura do ar de sada em cada instante determinada:
))
)
EQ 3.30
Elaborando desta vez um balano de massa cmara de secagem possvel encontrar a
humidade absoluta do ar sada da cmara em cada instante de tempo:
EQ 3.31
Finalmente, utilizando a correlao encontrada da evoluo do teor de humidade no gro,
possvel determinar em cada instante a percentagem de gua no gro de milho:
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
EQ 3.32
41
3.1.2
Equipamento
Depois da consulta de catlogos de equipamentos similares e do estudo e funcionamento do
programa efectuado, foi procurada a melhor soluo em termos de reduzir a potncia
necessria mas possuindo um tempo de secagem interessante para que seja aceite no mercado.
As dimenses do equipamento ficaram ento estabelecidas em 2 metros de dimetro interior
por 4 metros de altura, sendo este o dimetro interior, estando a ele acrescidas as espessuras
das paredes e do isolamento, que ficaram tambm estabelecidas em 0,01 metros para as
paredes interior e exterior (ao inoxidvel e alumnio respectivamente), e 0,02 metros para o
isolamento (fibra de vidro).
Relativamente velocidade do ar imposta para o incio do estudo foi de 1,1 m/s (velocidade
mdia das experincias consultadas), e como este processo tem tambm recirculao de ar, ou
seja, parte do ar utilizado para a secagem novamente aquecido e inserido na cmara, o que
interessante do ponto de vista econmico apesar de influenciar directamente todo o processo,
sendo importante encontrar a melhor soluo para determinada aplicao, neste caso foi
utilizado como ponto de partida para os clculos 50 % de ar recuperado, apesar de se terem
efectuado outros estudos.
Como verificado na figura 14, sabido que todos os parmetros esto interligados, logo,
necessrio encontrar a melhor soluo como um conjunto e no individualmente, e por isso,
depois da realizao de vrias simulaes numricas, a temperatura do ar de entrada foi
imposta em 50 C. Este valor foi tambm a temperatura mdia das experincias consultadas.
A velocidade do ar de entrada foi estabelecida em 0,76 m/s pois refere o melhor compromisso
entre parmetros de modo a obter o tempo de secagem pretendido sem a utilizao de
equipamentos de elevada performance e assim dispendiosos.
Como condies ambiente, foram consideradas as de Inverno, pois so as menos favorveis
para o processo de secagem.
Para facilitar esta visualizao e entender as diferenas funcionais com a mudana de
parmetros dimensionais, foi elaborada uma aplicao no prprio EES, onde o utilizador pode
proceder mudana de caractersticas importantes para o processo, de maneira a tornar este
estudo mais abrangente aos interesses dos utilizadores.
42
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
Figura 14: Exemplo de interface do EES Cmara de secagem
Com se pode ver na figura 14, possvel obter como dados de sada o valor das perdas
trmicas, ou mesmo o caudal necessrio, variando parmetros como por exemplo a velocidade
do ar, a sua temperatura de entrada e ambiente, ou ainda a prpria carga a secar.
Como aspectos dimensionais possveis de alterar existem as dimenses da cmara e a
espessura de isolamento.
Como se constata depois da consulta tabela 15, o EES prima pela organizao e
apresentao dos resultados, e assim ter uma melhor percepo de todos os intervenientes no
processo de clculo bem como os seus valores.
Relativamente ao funcionamento do equipamento, este cumpriu com o objectivo proposto,
demorando menos tempo que o inicialmente previsto de 2 horas, proporcionando uma descida
da humidade do gro at aos valores necessrios para o comrcio. Estas consideraes sero
mencionadas pormenorizadamente mais frente neste trabalho, mais propriamente no
Captulo 4, Ponto 4.1, onde estudada a curva de secagem do gro de milho.
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
43
Figura 15: Janela de solues fornecida pelo EES
44
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
3.1.2.1
Velocidade mnima de jorro
Como j foi referido, a secagem ser feita por leito em jorro, onde existir um escoamento gs
slido na parte central do leito sob a forma de um jorro. Ao longo da pesquisa vrias
correlaes foram encontradas para o clculo da velocidade mnima de jorro e por isso ser
mais interessante o estudo de algumas das mais importantes e entender as suas diferenas para
o mesmo objecto de estudo, do que apenas a utilizao de uma das fornecidas na literatura.
Segundo Mathur e Epstein (1974), a melhor e mais simples correlao emprica para estimar a
velocidade mnima de jorro :
)(
EQ 3.33
Mas de acordo com os autores, a equao 3.33 foi desenvolvida recorrendo anlise
dimensional a partir de resultados para um nmero de materiais restrito em colunas com
diametros entre os 0,076 m e 0,305 m, usando como fluido tanto ar como gua. Ao longo do
tempo foi verificado que esta equao manteve-se vlida para uma maior gama de condies,
mas apenas para colunas com dimetros inferiores a 0,61 m (Mathur e Epstein, 1974).
Uemaki et al., (1983) desenvolveram tambm uma correlao que previa a velocidade mnima
de jorro para partculas de tamanhos no uniformes entre 0,5 e 2,3 centmetros:
EQ 3.34
a literatura apresenta outras correlaes para clculo de velocidade de mnimo jorro, como por
exemplos as seguintes:
Ogino et al., (1993):
(
)(
EQ 3.35
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
45
Choi e Meisen (1992)
(
( )
( )
( )
EQ 3.36
King e Harrison (1980) mostraram que a velocidade minima de jorro diminui
consideravelmente com o aumento da presso at 19,7 atm e propuseram uma relao
modificada da correlao de Mathur e Epstein:
(
)(
EQ 3.37
Andrade (1998) mostrou que, para um leito em jorro rectangular com tamanhos de particulas
no uniformes (entre 1,1810-3 e 210-3 m) a velocidade minima de jorro no difere muito
quando comparada com as relaes existentes obtidas para leitos cilindricos
(
)(
EQ 3.38
Em todas as correlaes anteriormente apresentadas, utilizando o Sistema Internacional de
Unidades, o significado das variveis ser:
- Dimetro da partcula;
Dimetro da coluna;
Dimetro do orifcio de entrada;
Acelerao da gravidade;
Altura inicial do leito;
Massa volmica do milho;
Massa volmica do fluido;
Massa volmica do fluido s condies ambiente (
Viscosidade do ar.
46
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
Na tabela III so apresentados os resultados obtidos para
usando as diferentes
correlaes.
Tabela III. Resultado das diferentes correlaes usadas para o clculo da velocidade mnima de
jorro
Correlao
(m/s)
Mathur e Epstein (1974)
0,40
Uemaki et al., (1983)
0,61
Ogino et al., (1993)
0,81
King e Harrison (1980)
0,39
Choi e Meisen (1992)
0,40
Andrade (1998)
0,91
importante referir que para estes clculos, as condies so as representadas na tabela IV:
Tabela IV. Condies de clculo Velocidade mnima de jorro
0,004
1,5
0,4
9,81
2,3
[kg/m3]
[kg/m3]
1254
1,031
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
0,00002
47
3.2
Permutador de calor
Para o aquecimento do ar que entra na cmara de secagem foi utilizado um permutador de
calor onde so cruzados os fluxos de ar frio (ar recuperado e ar novo) e ar quente (gases de
combusto provenientes do queimador) de maneira a que o ar entre na cmara a 50 C como
j foi referido.
Figura 16: Constituintes do equipamento de secagem Permutador de calor
Atravs do processo de dimensionamento ser encontrado o nmero de tubos necessrio ao
permutador para cumprir o objectivo, com base nas temperaturas de servio do ar de entrada e
sada tanto do fluido frio como do fluido quente (composto por uma mistura de ar com
produtos de combusto do gs propano). Um factor importante tambm o arranjo
escalonado dos prprios tubos e a sua dimenso e distncia entre eles. Em termos de
orientaes de escoamento, a corrente de ar frio passa da direita para esquerda, entrando
seguidamente na cmara de secagem, e o fluido quente (gases de combusto) passa no plano
perpendicular folha e por isso perpendicular ao fluido frio (como pode ser melhor
visualizado na figura 17), e posteriormente expelido.
48
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
3.2.1 Desempenho do permutador
Para fornecer calor ao ar que ir entrar na cmara de secagem e de maneira a maximizar o
coeficiente de transferncia de calor por conveco e diminuir assim o volume do
equipamento, foi seleccionado um permutador de fluxo cruzado com escoamento dos fluidos
de trabalho perpendiculares entre si e com o arranjo tubular que est representado na figura
17.
Figura 17: Exemplo da orientao tubular no permutador (Incropera, 2002)
Para a determinao da rea de transferncia necessria do fluido quente para o fluido frio
ser utilizada a equao seguinte:
EQ 3.39
Onde:
= Coeficiente global de transferncia de calor;
- Nmero de tubos necessrios;
- Diferena de temperatura mdia logartmica;
rea exterior de cada tubo.
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
49
Relativamente ao coeficiente de transferncia de calor, este foi calculado com base nos
conhecimentos de transferncia de calor em permutadores sem alhetas com a possibilidade de
existncia de incrustaes, Incropera et al (2002):
EQ 3.40
Ento, com a aplicao configurao cilndrica do permutador:
EQ 3.41
Para o clculo do coeficiente de conveco interior (
) foi mais uma vez utilizada a rotina
PipeFlow da biblioteca do EES na seco de conveco interior (de modo semelhante
aquando a sua utilizao para o coeficiente de conveco interior dentro da cmara de
secagem).
Em relao conveco exterior aos tubos de ar quente, com ateno ao tipo de arranjo
tubular existente e orientao dos fluidos, figura 18, tambm uma sub rotina do EES foi
utilizada, mais particularmente External Flow Stagged Bank, que retrata o escoamento
exterior nos tubos dentro do permutador.
No Anexo F possivel consultar algumas informaes referentes a estas rotinas.
50
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
Figura 18: Pormenor do arranjo tubular e orientao do escoamento (EES)
Sendo alguns dos parmetros j conhecidos, outros foram escolhidos de maneira a cumprir o
objectivo, como a espessura e dimetro dos tubos, mas possivel a sua alterao de maneira a
encontrar outra soluo atravs de uma pequena aplicao realizada no EES.
As temperaturas do ar quente e frio, sada e entrada, foram tambm impostas de acordo com
o processo.
de referir que a entrada do ar frio no permutador foi considerada no os 20 C da
temperatura ambiente mas 30 C pois devido recirculao, este ar vem aquecido
comparativamente ao ambiente, mas esta temperatura para a situao mais desfavorvel do
processo, ou seja, na sua fase de arranque. A ttulo de curiosidade, pela consulta da figura 19,
possvel verificar que a temperatura do ar depois da mistura e incio do processo cerca de
26 C e tende a subir e estabilizar, atingindo os 46 C aproximadamente. Este grfico foi
elaborado atravs do EES, onde as vrias caracteristicas do ar, como humidade, entalpia e
temperatura so analizadas em funo do tempo decorrido ao longo da secagem.
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
51
Temperatura do ar depois da
mistura [oC]
50
45
40
35
30
25
20
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
Tempo [s]
Figura 19:
Comportamento da temperatura do ar de secagem entrada do permutador de
aquecimento depois da mistura com ar novo.
Para determinar o factor correctivo devido s incrustaes que possam ocorrer no interior dos
tubos foram consultados os valores tipicos de vrios factores de sujamento ou de
incrustaes3, tabela 20, e foi considerado ar comprimido para as incrustaes devido ao ar
frio, e gases de exausto para as incrustaes devido passagem do ar quente.
Gs e vapor
Hidrognio
0,00176
Gases de exausto de motor
0,00176
Vapor
0,00009
Vapor com vestgios de leo
0,00018
Vapor de lquido de refrigerao com
vestgios de leo
0,00035
Vapor de solventes orgnicos
0,00018
Ar comprimido
0,00035
Gs natural
0,00018
Figura 20: Factor de incrustaes para diferentes fluidos (the-engineering-page.com)
Valores retirados de the- engineering-page.com, Heat Exchangers, em 18 de Maio de 2011 s 16 horas e 50
minutos.
52
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
Para o clculo da diferena de temperatura mdia logartmica foi usada a expresso seguinte:
EQ 3.42
3.2.2 Equipamento
Vrios parmentros so necessrios para este dimensionamento (tabela V) e por isso foi
elaborada uma rea onde o utilizador consegue modificar vrias caractersticas, e assim ser
imediato o clculo do nmero de tubos necessrios para as condies impostas.
Figura 21: Exemplo de interface do EES - Permutador
Tabela V.
Condies de operao no permutador
T. gases
T. gases
T. ar frio
T. ar frio
Dimetro
Comp.
N de
N de
comb.
comb.
(Entrada)
(Sada)
int. Tubos
Tubos
linhas
colunas
(Entrada)
(Sada)
220 C
120 C
30 C
50 C
0,02 m
1m
Como possivel verificar, para estas condies sero necessrios cerca de 30 tubos de
maneira a completar a rea de transferncia de calor necessria.
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
53
Figura 22: Janela de soluo do EES
54
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
3.3
Ventilador
De maneira a possibilitar a circulao do ar dentro do equipamento, ser instalado um
ventilador que forar a entrada de ar na cmara de secagem, e atravs de duas vlvulas, ser
regulado o fluxo de ar reaproveitado e pretendido pelo utilizador.
Figura 23: Constituintes do equipamento de secagem Ventilador de insuflao
Para melhor entender a circulao de ar no interior das condutas importante neste momento
a visualizao da figura 24, onde dada ateno apenas ao transporte e sentido do ar.
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
55
Figura 24: Orientao do escoamento do ar no equipamento
Para o clculo da potncia do ventilador ser necessrio saber a perda de carga que este ter
de vencer. Desprezando as perdas de carga das condutas, sero apenas consideradas as perdas
de carga no leito de milho, no permutador e na regio cilindro-cnica de entrada da cmara de
secagem.
Comeando ento pelo leito, e com base nos estudos e correlaes de Mathur e Epstein
(1974), ser calculada a perda de carga mxima ou de pico no leito em jorro. Foi considerada
esta perda pois como este no um sistema contnuo, o ventilador ter de ser capaz de superar
as fases iniciais de arranque dirias e assim proporcionar o jorro do leito, o que ir obrigar
ao inconveniente de uma maior potncia de ventilao.
Sendo assim:
( )
(( )
)(
EQ 3.43
Em que:
EQ 3.44
56
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
Onde H corresponde altura do leito,
massa volmica do milho,
dimetro da coluna e ao dimetro da entrada, respectivamente, e
correspondem ao
ao ngulo das paredes do
cone de entrada com a vertical.
((
)(
)
EQ 3.45
Apesar de mnima quando comparada com os outros componentes, ser agora calculada a
queda de presso em linha no cilindro de entrada da cmara, mais especificamente, recorrendo
expresso de perda de carga em cilindros de paredes lisas, Incropera et al (2002):
EQ 3.46
Sendo que
so respectivamente altura e dimetro dos tubos,
a massa volmica do fluido,
a velocidade do fluido e
ser funo de Reynolds e descoberto com a ajuda do
Diagrama de Moody.
Ento:
Mas sabido que o permutador de calor fornece tambm uma perda de carga considervel e
por isso necessria a sua contabilizao.
Sendo assim, assumindo que o ar passa perpendicularmente ao feixe de tubos, a equao que
apresenta a perda de carga em permutadores com arranjo escalonado de tubos :
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
EQ 3.47
57
Em que
corresponde ao nmero de linhas,
coeficiente de frico,
corresponde a um factor de correco,
a velocidade mxima do fluido e a massa volmica do
fluido, respectivamente.
Para o factor de correco e de frico foi consultado o grfico da figura 25 retirado de
Incropera et al (2002) para o presente caso.
Figura 25: Factor de frico e de correco para arranjo escalonado de tubos (Incropera et al, 2002)
Ento:
EQ 3.48
Sendo que a queda de presso total fica:
EQ 3.49
58
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
Para o clculo da potncia do ventilador necessrio para a alimentao do ar cmara foi
inicialmente utilizado um mtodo expedito, pois, sabendo o caudal mssico e calculando a
perda de carga na cmara possvel saber a potncia necessria.
EQ 3.50
Mas na verdade o ar um fluido compressvel e considerando que o escoamento atravs do
ventilador isotrmico, ento:
EQ 3.51
( )
Ento:
(
EQ 3.52
Foi ento seleccionado no catlogo da AERO Mack, o ventilador VCE-09, onde este tem
capacidade at 50 m3/min, com a potncia mxima at 2900 W. A curva de desempenho e
algumas caractersticas so demonstradas no Anexo C.
Figura 26: Exemplo do ventilador utilizado
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
59
A este ventilador dever estar acoplado um variador de frequncia de maneira a controlar a
velocidade de rotao do motor e assim regular o caudal de ar de entrada.
3.4
Queimador
Mediante o processo de combusto, ser necessrio um equipamento que ter por fim realizar
a transformao de energia qumica de um combustvel em calor. O combustvel ser neste
caso o gs propano.
Figura 27: Constituintes do equipamento de secagem - queimador
O objectivo primordial ser o clculo da massa de combustvel necessria e entender se este
combustvel vantajoso em termos econmicos quando comparado com o uso da
electricidade comum.
importante desde j referir que a temperatura de 220 C necessria no permutador (para o
aquecimento do ar frio) possvel devido mistura dos gases de combusto com ar frio
proveniente do exterior, pois perceptvel, que se os gases fossem enviados directamente do
queimador para o permutador, iria provocar estragos devido alta temperatura a que este se
60
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
encontra. Sendo assim, e no aprofundando esta matria, a figura 28 uma representao
grosseira do que se passa na realidade.
Com a consulta figura 28, so perceptveis as temperaturas de funcionamento no queimador:
T entrada
T sada
T ref.
Queimador
T gs
Figura 28: Temperaturas no interior do queimador.
Onde:
T ref. - Temperatura de referncia de combusto de 25 C ( Abbott et al., 2001);
T gs - Temperatura ambiente;
T entrada - Temperatura do ar de entrada no queimador;
T sada - Temperatura dos gases de combusto com ar de diluio.
Realizando um balano energtico ao queimador e considerando uma combusto completa,
chega-se a que:
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
61
)
(
EQ 3.53
So importantes algumas consideraes relativamente a este balano:
O calor especfico dos produtos constante na gama de temperaturas considerada, de
maneira a uma simplificao analtica,
Foi considerada que a presso de combusto a presso ambiente de referncia, ou
seja, 1 bar, de maneira a aplicar a considerao de que
Mais uma vez o programa EES foi fundamental no fornecimento de alguns dados necessrios
para o clculo, mais propriamente calores especficos e entalpias dos produtos da combusto.
Para o clculo da massa de combustvel (gs propano), da massa de ar e do PCI do gs, foi
consultada a sebenta de Pinho (2011).
EQ 3.54
])
EQ 3.55
EQ 3.56
Foi elaborada tambm uma pequena aplicao, visualizada na figura 29, para verificar o
comportamento da queima do combustvel com a alterao de alguns parmetros.
62
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
Figura 29: Exemplo de interface do EES queimador
Tabela VI. Condies de operao no queimador
T. ar
T. ar
(Entrada)
(sada)
30 C
220 C
Combustvel
Potncia do
queimador
Propano
60 kW
Pode seguidamente ser vista a tabela de valores fornecida pelo EES, figura 30:
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
63
Figura 30: Janela de solues referentes ao queimador
64
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
Foi tambm seleccionado um queimador de maneira cumprir com as necessidades deste
processo.
Foi consultado um catlogo da reconhecida marca italiana CUENOD Thermotechnique, e
escolhido o modelo NC.6 GX, a gs propano. Algumas das caractersticas esto representadas
no Anexo D.
Figura 31: Ilustrao do modelo de queimador utilizado (Catlogo Cuenod - NC.6 GX).
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
65
66
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
Captulo 4 Avaliao Final dos
Resultados
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
67
68
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
Captulo 4. Avaliao final dos resultados
Foi elaborada uma verificao para avaliar a consistncia do estudo e entender se o modelo,
dentro do seu domnio de aplicao, se comporta de maneira suficientemente satisfatria em
relao aos objectivos dos estudos tericos consultados ao longo deste trabalho. Com os
valores fornecidos pelo EES ao longo do tempo da secagem, possvel visualizar facilmente a
conduta de determinados aspectos atravs da realizao de grficos do comportamento de
uma caracterstica particular.
4.1
Propriedades do milho e do ar de secagem
de referir que toda a modelao foi efectuada baseada em condies especficas de
funcionamento e com o objectivo de secar 60 toneladas por dia de gros de milho, e por isso
importante mencionar essas condies:
Foram consideradas como condies exteriores, a temperatura ambiente de 20 C e
humidade relativa de 50%;
As condies do gro foram baseadas nas experincias utilizadas, onde este possua
uma humidade inicial mdia de entrada de 25,5 % e um dimetro de 4 milmetros;
Em relao ao ar de secagem, este foi adaptado para cumprir com o objectivo, e apesar
da temperatura de entrada ser de 50 C, a mesma que utilizada nas experincias, a
velocidade foi alterada para 0,76 m/s;
A carga por etapa utilizada foi a j referida de 20 toneladas, porque se estimou que
cada carga levaria 1 hora e 30 minutos a secar e que se poderiam processar 3 cargas
por dia perfazendo o total de 60 t/dia.
Ento, como parmetros iniciais consideraram-se os apresentados na tabela VII:
Tabela VII. Parmetros do processo
T. ar
T. ar
Velocidade
Humidade
Humidade do
Percentagem
Ambiente
entrada
do ar
exterior
gro
de
(Entrada)
20C
50C
0,76 m/s
recirculao
50%
25,5 %
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
0,6
69
Um dos aspectos mais importantes efectivamente o tempo necessrio ao milho para descer
da humidade de 25,5 % para os 14,5 % impostos pelo mercado.
0,3
Humidade [-]
0,25
0,2
0,15
0,1
0,05
0
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
Tempo [s]
Figura 32: Curva de secagem para milho
Devido equao do comportamento da humidade (equao 3.27) de um gro de milho,
possvel a elaborao do grfico anterior, e pela sua anlise, verificado que para o milho
atingir os 14,5% de humidade demora pouco mais de 5000 segundos, mas mais
especificamente, pela consulta da tabela fornecida pelo EES (figura 33), sabido que demora
5160 segundos, perfazendo um total de 1 hora e 43 minutos, mais do que foi estimado
anteriormente mas perfeitamente dentro do limite de tempo de 2 horas e 10 minutos por carga.
Figura 33: Valores exemplo do EES
70
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
Foi tambm calculada a temperatura interna do gro com o decorrer do seu decrscimo de
humidade, tendo em considerao o balano trmico explicitado pela equao 3.2, cujo
comportamento representado na figura 34.
35
Temperatura [C]
30
25
20
15
10
5
0
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
Tempo [s]
Figura 34: Variao da temperatura do gro com o tempo
Como era de esperar, a sua temperatura inicial de colheita de 20 C sobe exponencialmente
tendendo para a temperatura do ar de entrada.
Continuando a avaliar o desempenho do secador apresenta-se agora a evoluo, ao longo do
tempo, da temperatura do ar sada, figura 35.
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
71
60
Temperatura do ar [C]
50
40
30
20
10
0
0
1000
2000
3000
4000
Tempo [s]
5000
6000
7000
Figura 35: Variao da temperatura ar de entrada (a azul), e respectiva temperatura de sada (a
vermelho)
Relativamente temperatura do ar possvel identificar (figura 35) a linha a azul como a
temperatura constante imposta ao ar de entrada a 50 C. A temperatura do ar sada da
cmara, representada a vermelho, tende a subir pois h menor transferncia de calor para as
partculas medida que o processo de secagem avana no tempo e consequentemente h
menor extraco de humidade de modo que a energia trmica associada ao ar transferida
cada vez em menor quantidade, ou seja, este passa a sair cada vez mais quente.
A ttulo de resumo, a figura 36 foi elaborada agrupando as informaes disponveis do ar nas
diferentes etapas do processo e assim ser mais acessvel a comparao.
72
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
55
50
Temperatura ar [C]
45
Temperatura de
Sada
40
35
Temperatura da
Mistura
30
Temperatura
Entrada
25
20
Temperatura
Gro
15
10
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
Tempo [s]
Figura 36: Variao da temperatura do ar em diferentes etapas do processo
Atravs da figura 36 melhor visualizado o comportamento das diferentes temperaturas no
mesmo instante temporal e nas diferentes etapas do processo.
A temperatura que ainda no foi falada e que pode ser vista na figura 36 a temperatura do ar
depois da mistura com o ar novo (temperatura de mistura, linha vermelha).
possvel reparar que esta temperatura tende mais lentamente para a temperatura imposta de
entrada de 50 C quando comparada com a temperatura de sada, mas importante no
esquecer que este ar uma mistura de ar recuperado e ar novo inserido a 20 C, e por isso,
devido a este facto, o comportamento ir variar mais notoriamente consoante o coeficiente de
recuperao for alterado.
seguidamente representado o comportamento da humidade absoluta do ar longo tempo,
figura 37.
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
73
0,5
0,006
0,4
0,005
0,3
0,004
0,003
0,2
0,002
0,1
0,001
0
0
1000
2000
3000
4000
5000
Humidade ar sada kg gua/kg
ar seco]
Humidade ar entrada kg gua/kg ar seco]
0,007
0
6000
Percentagem de recirculao de ar hmido
Humidade ar entrada
Humidade ar sada
Figura 37: Grfico do comportamento da humidade do ar, humidade do ar de sada (azul) e
humidade do ar de entrada (vermelho)
Como esperado, a humidade absoluta sada tende a aproximar-se da sua humidade de
entrada e com uma escala mais elevada e mais passos temporais era possvel verificar-se tal
aproximao assimpttica.
Analisando este aspecto, visvel que ao longo do tempo de secagem, existe uma menor
percentagem de gua a retirar do milho, sendo de esperar que no incio a humidade do ar
sada seja elevada, mas que v diminuindo tal como a percentagem de gua da carga, ou seja,
a taxa de extraco de gua reduz-se ao longo do tempo.
As humidades referidas so absolutas, assim sendo, como o aquecimento do ar pelo
permutador sensvel, a humidade absoluta ambiente igual humidade depois do ar
aquecido e maior depois da passagem pelo milho. Este comportamento importante, e para
ser melhor interpretado apresentada a sua variao no diagrama psicromtrico, antes do
permutador, depois deste, e sada da cmara de secagem.
74
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
Figura 38: Exemplo da humidade num ponto aleatrio Diagrama psicromtrico (1-ar depois da
mistura, 2-ar depois do permutador, 3-ar sada da cmara)
De acordo com o diagrama apresentado (figura 38) e relativamente a um espao temporal
aleatrio (por exemplo aos 600 segundos), possvel verificar que no ponto 1, referente ao
estado do ar depois da mistura, este se encontra razoavelmente quente e com alguma
humidade, mas depois da evoluo sensvel ao passar no permutador, esta temperatura sobe
para a temperatura imposta de 50 C, mantendo-se a humidade absoluta mas logicamente
reduzindo-se a humidade relativa. Depois da passagem pela cmara de secagem, naturalmente
o ar arrefece e ganha humidade, como representado no ponto 3. Este comportamento repete-se
ao longo de todo o processo, embora existam variaes na linha que liga os pontos 2 e 3 j
que a localizao deste ponto 3 vai mudando ao longo do processo de secagem devido
reduo da quantidade de gua extrada da carga de milho com o tempo. Assim as posies
destes pontos estariam diferentemente situados se o espao temporal utilizado fosse outro,
como no incio ou fim da secagem.
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
75
4.1.1
Comentrio
Foi verificado que todos os comportamentos resultantes so os esperados e que as principais
alteraes fsicas ocorrem nos primeiros minutos do processo, estabilizando-se com o
decorrer do tempo.
Os valores dados pela equao encontrada para a caracterizao da curva de secagem do gro
de milho corresponderam s expectativas, apesar de ser importante referir mais uma vez que
apenas aplicvel a dois tipos de milho.
Todos os grficos apresentados tm como limite os 6000 segundos aproximadamente. Isto
acontece para ser mais perceptvel o comportamento das propriedades em termos de escala.
Foram ainda efectuados outros testes do funcionamento deste programa para diferentes
condies operacionais, como por exemplo considerando o aumento da velocidade do ar de
maneira a secar o milho mais rapidamente, apenas com o propsito de verificar alguns
aspectos lgicos, como a temperatura do milho e do ar de sada nunca superar a temperatura
de entrada, ou a humidade de sada no ser inferior humidade ambiente, bem como outros
aspectos funcionais, como os valores mximos da humidade em vrios pontos e a potncia
necessria de aquecimento.
O resultado foi satisfatrio conferindo assim alguma consistncia ao programa, e podem ser
visualizados os ltimos passos temporais cedidos pelo EES nesta experincia em forma de
tabela no Anexo B deste trabalho.
76
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
4.2
Potncia de aquecimento
Relativamente potncia necessria para aquecer o ar de entrada, esta tambm varivel com
o tempo e expectvel a sua descida devido s condies do ar de recirculao.
250
Potncia [kW]
200
150
100
50
0
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
Tempo [s]
Figura 39: Comportamento da potncia de aquecimento
Como visvel, a potncia necessria decresce com o aumento do tempo de secagem, o que
era de esperar visto o ar a ser recepcionado estar cada vez mais quente, devido ao grau de
recirculao empregue e ao aquecimento e secagem do leito de gros que ocorre ao longo do
tempo. Por isso menos potncia requerida para o seu aquecimento medida que a secagem
se processa.
visvel tambm no grfico que a potncia necessria no incio do processo de 220 kW, o
que na prtica adquirir um equipamento para esta potncia no vivel, tanto que esta s
necessria nos primeiros minutos utilizao.
Isto acontece pois este no um processo de secagem em regime permanente e por isso h
interrupes entre cargas, logo essencial a estabilizao do equipamento no incio de
funcionamento.
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
77
Sendo assim, ao tempo total necessrio para a secagem ser acrescentado o tempo dessa
estabilizao,
fornecendo
assim
ao
cliente
um
tempo
mximo
mais
preciso,
sobredimensionando tambm o equipamento pois o tempo entre cargas no ser o suficiente
para as propriedades da mquina voltarem aos valores ambientes.
Para determinar ento a potncia necessria foi verificado que a exponencial no apresenta
um forte patamar de estabilizao mas num certo momento a descida de potncia menos
acentuada, entre os 650 e 700 segundos. Com a consulta do programa efectuado visvel que
a estabilizao ocorre nesses momentos e tende para os 55 kW. Como referido na seco 3.4
Queimador, o modelo seleccionado possui 60 kW disponveis.
Sendo assim, esta ser a potncia do queimador de maneira a no adquirir um equipamento
mais potente mas que apenas necessrio nos primeiros minutos de utilizao.
4.2.1
Comentrio
Relativamente potncia, o seu comportamento foi tambm o esperado, no entanto, uma
outra soluo era tambm reformular o programa elaborado de maneira a impor uma potncia
de aquecimento constante e fazer variar a temperatura de entrada do ar na cmara, apesar de
teoricamente aumentar o consumo energtico pois o equipamento estaria sempre a fornecer a
mesma potncia imposta. Esta ideia foi tentada, mas problemas do EES devido ao baixo
limite de incgnitas possveis na verso disponibilizada pela FEUP aos alunos, no foram
conseguidos resultados.
Aumentando ento o tempo de estabilizao de 680 segundos aos 5180 segundos do tempo de
secagem perfaz um total de 1 hora e 43 minutos de funcionamento.
78
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
4.3
Perdas de calor
Um factor tambm importante a quantidade de calor libertado devido a perdas do sistema
pois potncia perdida, e consequentemente um peso econmico est associado. Estas perdas
foram calculadas considerando posteriormente o sistema no adiabtico e com o recurso
expresso 4.1.
EQ 4.1
Na equao anterior,
correspondem respectivamente conveco interior e exterior
da cmara de secagem e foram calculados com o recurso mais uma vez s rotinas fornecidas
pelo programa EES (Pipe_Flow para a conveco interior, considerada conveco forada, e
para o parmetro da conveco exterior, considerada conveco natural.
MILHO
EXT
K1
K2
T cmara
r1
r2
r3
r4
K3
T parede
Figura 40: Transferncia de calor no interior da cmara
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
79
Pela consulta figura 40 so tambm perceptveis as dimenses r1, r2, r3 e r4 presentes na
equao 4.1.
Sendo assim, foi feito um estudo em que foram mudados alguns parmetros importantes no
processo, como a espessura de isolamento (figura 41), temperatura de entrada do ar (figura
42), velocidade do ar de entrada (figura 43), e variao da carga utilizada (figura 44).
1800
Perdas Trmicas [W]
1600
1400
1200
1000
800
600
400
200
0
0
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
0,07
0,08
0,09
Espessura [m]
Perdas Trmicas [W]
Figura 41: Evoluo das perdas trmicas com a mudana da espessura de isolamento
4000
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
0
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Temperatura entrada [C]
Figura 42: Evoluo das perdas trmicas com a mudana da temperatura do ar de entrada
80
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
Perdas Trmicas [W]
1360
1350
1340
1330
1320
1310
1300
1290
1280
1270
1260
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,2
1,4
Velocidade entrada [m/s]
Figura 43: Evoluo das perdas trmica som a mudana da velocidade do ar entrada
930
Perdas Trmicas [W]
920
910
900
890
880
870
860
850
840
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
Carga [kg]
Figura 44: Evoluo das perdas trmicas com a quantidade de carga utilizada
visvel a maior ou menor importncia de cada parmetro na evoluo das perdas. A
espessura do isolamento desempenha um papel importante no isolamento do calor, mas que
facilmente ultrapassado pela evoluo da temperatura do ar de entrada na cmara, pois por
cada 10 C de aumento so perdidos cerca de 500 W de potncia calorfica (figura 42).
tambm verificado na figura 43, que para um aumento da velocidade de entrada, as perdas
calorficas tambm aumentam. Este facto deve-se a que o aumento da velocidade provoca o
aumento do coeficiente de conveco interior o que logicamente eleva as perdas calorficas.
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
81
82
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
Captulo 5 Funcionamento do
Secador Sob Diferentes Condies de
Operao
De maneira a compreender a interaco dos parmetros constituintes do estudo, a sua variao
entre estes importante na medida em que possibilita a anlise de cada um desses parmetros
e assim perceber a sua importncia no processo de secagem.
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
83
84
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
Captulo 5. Funcionamento do secador sob diferentes condies de
operao
Como j foi referido, os parmetros utilizados foram ao encontro das necessidades de
secagem impostas, mas de maneira a perceber se realmente o comportamento de determinado
factor ou condio, importante o seu estudo e consequentemente a sua variao, pois mais
facilmente perceptvel a sua contribuio no sistema.
Sendo assim foram efectuados estudos para diferentes condies operacionais, com a sua
apresentao grfica para uma melhor visualizao.
Foi optado por variar cada parmetro individualmente de maneira a entender a sua
importncia, ou seja, em cada simulao apenas foi um parmetro foi alterado.
5.1
Cmara de secagem
5.1.1 Variao da velocidade do ar de entrada
Foi pensada a variao deste parmetro pois alm da velocidade do ar transferir a energia
trmica para o milho, a fim de evaporar a gua, tambm retira o vapor de gua evaporada da
superfcie do gro e transporta-a para o exterior, no esquecendo que ao aumento da
velocidade do ar entrada da cmara corresponde um aumento do caudal de ar de secagem.
Para os mesmos parmetros foi ento variada a velocidade do ar entrada da cmara para os
valores de 0,6, 0,7 e 0,9 m/s.
0,3
Humidade do gro [-]
0,25
v=0,9
m/s
0,2
v=0,7
m/s
0,15
v=0,6
m/s
0,1
0,05
0
0
1000
2000
3000
4000
Tempo [s]
5000
6000
7000
Figura 45: Variao da humidade do gro para diferentes velocidades de ar de entrada
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
85
Como era esperado, o tempo de secagem menor com o aumento da velocidade, pois alm da
secagem do milho depender fortemente da velocidade, esta tambm usada no clculo do
coeficiente de conveco exterior ao gro, o qual, como conhecido, funo da velocidade.
possvel ver, por exemplo, que para as condies enunciadas, uma velocidade de 0,6 m/s
evitaria o uso de um potente ventilador mas era invivel o tempo de secagem proposto, sendo
que seria necessrio alterar outras caractersticas.
necessrio no entanto ter em ateno os limites mnimo e mximo de velocidades
superficiais no leito para uma correcta secagem, sendo que para a velocidade do ar de entrada
mnima utilizada de 0,6 m/s, o jorro ainda possvel.
0,4
Humidade absoluta do ar misturado[]
0,35
v=0,9 m/s
0,3
0,25
v=0,7 m/s
0,2
v=0,6 m/s
0,15
Humid.
Ambiente
0,1
0,05
0
0
1000
2000
3000
4000
Tempo [s]
5000
6000
Figura 46: Variao da humidade do ar para diferentes velocidades de ar
Como visvel, uma maior velocidade promove uma maior taxa de secagem, e todas as
curvas tendem para a estabilizao.
de salientar que no grfico 46, a humidade observada nas curvas superior humidade do
ar, o que acontece pois, no momento da mistura, o ar est a uma temperatura e humidade
superiores devido elevada recirculao do caudal de secagem.
86
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
45
Temperatura do ar [C]
40
35
30
v=0,6 m/s
25
v=0,7 m/s
20
v=0,9 m/s
15
T Ambiente
10
5
0
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
Tempo [s]
Figura 47: Comportamento da temperatura do ar sada
Tambm a temperatura do ar de sada tende a subir com o aumento da velocidade, conforme
se pode verificar a partir da figura 47.
120
humidade relativa do ar [-]
100
v=0,6 m/s
80
v=0,7 m/s
60
v=0,9 m/s
40
20
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
Tempo [s]
Figura 48: Variao da humidade na mistura
Da mesma maneira, com a diminuio da humidade do gro, a humidade do ar misturado
tende a ser menor tambm (figura 48).
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
87
5.1.1.1
Comentrio
De uma maneira geral, foi verificado que para os contedos de humidade verificados, a taxa
de secagem aumenta com o aumento do caudal de ar de secagem. No entanto sabido que
altas velocidades fornecem maiores riscos de controlo, mas baixas velocidades podem
provocar deformaes, descoloraes e assim uma secagem no uniforme do gro. Sendo
assim, esta velocidade uma ferramenta importante para controlar a taxa de secagem, apesar
de que, por experincias consultadas, foi verificada uma maior importncia desta ferramenta
em slidos com teores de humidade superiores a 40 %. (Santini e Haselein, 2002).
Ento possvel dizer que para uma dada temperatura do ar de entrada, uma baixa velocidade
do ar pode requerer uma baixa humidade relativa para aumentar a taxa de secagem ao nvel
pretendido, e assim cumprir o objectivo imposto.
Foi verificado tambm que um aumento da taxa de recirculao de ar promove a economia do
sistema, pois requer, alm de equipamento menos potente, menos trabalho deste e
consequentemente um menor desgaste de todo o equipamento, inclusivamente os filtros do ar
novo inserido no sistema.
88
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
5.1.2 Variao do coeficiente de recirculao
A necessidade da recirculao de ar na secagem tem prioritariamente a ver com a reduo de
consumo energtico e assim encontrar uma melhor soluo energtica para o comerciante.
Ento, a principal caracterstica a analisar ser o comportamento da potncia necessria
secagem.
180
Potncia necessria [kW]
160
140
120
C.Rec. = 50%
100
C. Rec. = 70%
80
C. Rec. = 90%
60
40
20
0
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
Tempo [s]
Figura 49: Comportamento da potncia para diferentes recuperaes de ar
A concluso retirada imediatamente que a potncia necessria diminui com o aumento do ar
recuperado.
Devido a alguns parmetros inconstantes nos segundos iniciais, a potncia necessria nestes
momentos demasiadamente alta e tal comportamento foi referido anteriormente assim como
a soluo adoptada, mas possvel ver que a estabilizao do sistema ocorre mais depressa
quanto maior a percentagem de ar recuperado, o que possibilita a seleco de um queimador
de menor potncia.
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
89
100
Humidade relativa [%]
90
80
70
60
Coef. R.=50%
50
Coef. R.=70%
40
Coef. R.=90%
30
20
10
0
0
1000
2000
3000
Tempo [s]
4000
5000
6000
Figura 50: Evoluo da humidade da mistura para diferentes recuperaes
verificado, como seria de esperar, que para uma maior recirculao a humidade aquando a
mistura maior pois menos ar novo inserido, mas com o decorrer da secagem, a necessidade
de ar novo diminui para uma maior recirculao. Isto acontece pois o coeficiente de
recuperao constante durante todo o processo, e o ideal seria a variao deste, de maneira a
promover uma elevada recirculao nos primeiros minutos e esta ser diminuda
posteriormente.
Foi tambm elaborado o comportamento entlpico do ar com 70 % de recuperao, para a
sada da cmara, depois de a mistura ser efectuada e depois do aquecimento, ou seja, do
permutador.
60
Entalpia [Kj/Kg)
55
50
Entalpia de
Sada
45
40
Entalpia
Entrada
Cmara
35
30
Entalpia
Mistura
25
20
0
1000
2000
3000
Tempo [s]
4000
5000
6000
Figura 51: Comportamento da entalpia em vrios pontos do sistema
90
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
O comportamento das entalpias do ar nos diferentes pontos tem o comportamento esperado,
pois sabemos da primeira lei que
, logo, quando a energia trocada em forma de calor
aumenta, a entalpia tambm aumenta, o que verificado, por exemplo, no ar de sada, pois
medida que o gro aquece, aumenta tambm a temperatura de sada do ar, aumentando
consequentemente a sua entalpia.
importante verificar que a entalpia do ar de entrada da cmara constante pois a
temperatura do ar imposta, ou seja, o potencial energtico entrada do secador constante.
Pela consulta figura 52 tambm perceptvel a importncia da recuperao de ar
relativamente potncia necessria, a qual decresce com o aumento da recirculao pois o ar
recepcionado mais quente. Tambm a temperatura do ar depois de misturado com ar novo
maior, quanto maior a percentagem de ar recuperado.
necessrio desde j referir que, o grfico da figura 52 foi efectuado para um mesmo instante
do processo mas variando a percentagem de ar recuperado, ou seja, devido aplicao
elaborada no EES, foram efectuadas simulaes para as diferentes percentagens de
recuperao e em cada uma dessas simulaes, num instante aleatrio (passo 30, aos 600
segundos) foi retirado o valor da temperatura do ar e da potncia de aquecimento para a
elaborao do grfico.
150
50
40
100
30
20
50
10
0
0%
20%
40%
60%
80%
Potncia de aquecimento
[kw]
Temperatura ar mistura [C]
60
0
100%
Percentagem de recirculao de ar hmido
Temperatura Mistura
Potncia Aquecimento
Figura 52: Variao da temperatura do ar depois da mistura e da potncia necessria, com a
variao da percentagem de ar recuperado 600 segundos depois do incio da secagem.
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
91
5.1.3
Situaes exemplo
Como foi visto, importante a procura da melhor soluo para o processo de secagem onde os
vrios parmetros possam ser equilibrados.
Sero ento, apresentadas a ttulo de curiosidade, duas solues distintas do ponto de vista
talvez mais importante, a vertente econmica, de maneira a entender genericamente a
diferena dos comportamentos e o domnio do estudo.
So ento apresentadas as duas situaes em que na primeira o custo operativo no
importante, e uma segunda onde foram reduzidos parmetros essenciais para a economia do
processo.
Tabela VIII. Condio dispendiosa
Temperatura ar
Velocidade ar
Fraco de
(Entrada)
(Entrada)
recirculao
60 C
0,75 m/s
20%
Tabela IX. Condio econmica
Temperatura ar
Velocidade. ar
Fraco de
(Entrada)
(Entrada)
recirculao
40 C
0,7 m/s
70%
Todos os outros parmetros so semelhantes entre si.
92
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
Humidade do gro [%]
0,35
0,3
Cond. Econ.
0,25
Cond. Disp.
0,2
0,15
0,1
0,05
0
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
Tempo [s]
Figura 54: Comportamento da humidade do gro para ambas as condies
Potncia [kW]
600
500
Cond. Econ.
400
Com. Disp.
300
200
100
0
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
Tempo [s]
Figura 55: Variao da potncia necessria em ambas as situaes
Analisando o tempo necessrio ao gro chegar aos 14,5 % (figura 54), so visualizados os
cerca de 3000 segundos na situao dispendiosa face aos mais de 7000 segundos da situao
econmica. Em contra partida e como era de esperar, a diferena de potncia entre os dois
mtodos para os 1000 segundos cerca de 25 kW, figura 55.
Sendo assim encontrado um processo rpido mas dispendioso do ponto de vista do
equipamento, face a um processo muito lento comercialmente mas com requisitos tcnicos
baixos.
Para um estudo mais aprofundado seria necessrio avaliar o custo por unidade de tempo do
combustvel a usar, assim como o valor comercial dos equipamentos necessrios.
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
93
Sabendo que estas so duas situaes extremas, ficaria ao critrio do cliente a escolha do
mtodo a utilizar de acordo com as suas necessidades, sendo que na indstria, utilizada
claramente uma situao razoavelmente intermdia.
5.2
Permutador
Variao da temperatura do ar quente
N de tubos [-]
5.2.1
36
35
34
33
32
31
30
29
28
27
26
200
220
240
260
280
300
320
Temperatura ar quente de entrada [C]
Figura 56: Variao do nmero de tubos com a temperatura do ar quente (entrada)
Sendo que todos os parmetros se mantm constantes, o aumento da temperatura do ar vindo
do queimador promove uma diminuio do nmero de tubos devido maior disponibilidade
de calor a fornecer (figura 56), ou seja, se for aumentada a temperatura dos gases de
combusto, a rea necessria de transferncia de calor do fluido quente para o fluido frio
menor.
94
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
5.2.2 Variao da temperatura de entrada do ar frio
40
N de tubos [-]
38
36
34
32
30
28
26
0
10
20
30
40
50
Temperatura ar frio de entrada [C]
Figura 57: Variao do nmero de tubos com a temperatura do ar frio (entrada)
Por outro lado, o aumento da temperatura do ar de entrada aumenta o nmero de tubos
necessrios, pois lgico que quanto menor for o gradiente entre as temperaturas dos fluidos,
menor o rendimento do permutador, e uma maior rea de transferncia necessria, figura
57.
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
95
5.2.3
Variao do dimetro interior
34
33
N de tubos [-]
32
31
30
29
28
27
26
0
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
0,07
Dimentro dos tubos [m]
Figura 58: Variao do nmero de tubos com a mudana do seu dimetro interior
O resultado apresentado na figura 58 era bastante previsvel pois para o aumento da rea de
transferncia de calor de um tubo, o objectivo do aquecimento do mesmo ar para a mesma
temperatura era claramente cumprido com a diminuio do nmero de tubos.
96
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
Captulo 6 -Anlise Econmica
Simplificada
Para se maximizar o retorno sobre um investimento, neste caso um equipamento de secagem,
diversos parmetros apresentam grande contribuio como a reduo de custos de operao, a
ampliao do retorno ou a diminuio dos prazos de retorno do investimento.
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
97
98
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
Captulo 6. Anlise econmica simplificada
De maneira a ter uma ideia geral do custo necessrio secagem de uma carga de milho foi
calculada a energia total consumida no processo de queima tendo ateno que este no um
processo permanente.
Sendo assim, com a ajuda da curva de potncia e da equao da linha de tendncia do
comportamento dessa potncia foi calculado o integral a toda a rea de tempo.
70
60
Potncia [kW]
50
y = -0,0047x + 50,764
R = 0,82
40
30
20
10
0
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
Tempo [s]
Figura 59: Comportamento da potncia no processo de secagem
Sendo assim:
EQ 6.1
Como no conhecido o comportamento do ventilador, sendo que este tambm varia o seu
caudal, ser considerado o seu funcionamento a plena carga durante todo o processo.
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
99
Relativamente ao ventilador, este ser a electricidade com potncia de 2,9 kW, e sendo o
valor comercial da electricidade de 0,13 4 por kWh e tempo de funcionamento de 1 hora e 43
minutos ento:
Relativamente ao queimador sendo este a gs propano e com o custo de 98,28 5 por uma
garrafa de 45 kg proveniente da ESSO, e um caudal necessrio de 4,86 kg/h, o valor final
ser:
EQ 6.2
No entanto, pode ser considerada a hiptese de de aquecer o ar de entrada atravs de, por
exemplo uma resistncia elctrica, ento o seu custo de operao por carga ficaria:
Sendo assim verificado desde j que a utilizao de gs propano mais vantajosa em termos
de consumo quando comparado com a electricidade, no entanto, ser apresentada no captulo
seguinte, outra alternativa de aquecimento do ar.
Valor retirado da pgina da EDP para 2011 e tarifas simples em hora de ponta taxa legal de 6 % de IVA
Valor retirado de A loja do Gs em Bragana e acrescido o IVA de 6 %
100
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
6.1
Alternativa energtica - Peletes
Como alternativa electricidade e ao gs propano j referido, a possibilidade da utilizao de
um queimador de peletes colocada devido s suas diversas vantagens ambientais,
econmicas e mesmo a de possibilitar uma menor dependncia energtica relativamente a
outros combustveis.
Figura 60: Amostra exemplificativa de peletes (esquerda) e exemplo esquemtico de um queimador
de peletes (direita)6.
Sendo assim, pelo contacto com a empresa Peletesar, sediada em Viana do Castelo, foi
possvel verificar alguns dados relativos a este combustvel ecolgico, que se apresentam na
tabela X.
Tabela X.
Preo por
Preo por kg
embalagem
Caractersticas das peletes de madeira
Poder
Rendimento
Custo
calorfico
de combusto
energtico
4,8 kWh/kg
90 %
0,053 /kWh
(15 kg)
3,45
0,23 /kg
Imagens retiradas de www.mlive.com e www.canalcentro.pt , respectivamente, em 2 de Junho de 2011, s 17
horas.
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
101
Pelos valores indicados na tabela X, possvel saber o custo por carga utilizando como
combustvel as peletes de madeira:
So ento apresentados alguns grficos para uma melhor visualizao das hipteses
consideradas.
0,14
0,12
Custo Energtico [/kWh]
Pellets
0,1
Electricidade
0,08
Gs Propano
0,06
Gs Natural
0,04
Gasleo de
Aquecimento
0,02
0
Figura 61: Custo energtico de vrias solues de aquecimento
Na figura 61 so apresentados os custos da energia consumida para as vrias fontes
energticas consideradas7, bem como do gs natural e do gasleo de aquecimento, de forma a
obter uma ideia mais abrangente das solues existentes.
no entanto importante referir que, s esto contabilizados os custos das vrias formas de
energia consumidas, no se entrando em considerao com os respectivos equipamentos.
Dados retirados das empresas FlixTrmica Climatizao e EDP, em 5 de Junho de 2011s 10:20 h.
102
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
35
Custo por carga [/carga]
30
25
20
Pellets
15
Electricidade
10
Gs Propano
5
0
Figura 62: Custo por carga de 20 toneladas das trs solues de aquecimento consideradas no estudo
Na figura 62 facilmente perceptvel que a electricidade o mtodo de fornecimento de calor
mais dispendioso, mas importante relembrar que o nico em que no h a necessidade de
investimento em equipamento de combusto, ao contrrio do queimador de peletes e de gs
propano, no entanto ser necessria uma avaliao financeira para os trs equipamentos, de
forma a apurar-se a melhor soluo, essa anlise ser apresentada no captulo 6.2.
6.2
Avaliao financeira dos equipamentos
A avaliao financeira dos equipamentos assenta na comparao dos custos e proveitos
financeiros associados ao investimento, considerando-se que existe viabilidade econmicofinanceira quando os proveitos excedem os custos necessrios a suportar.
Para o efeito, vai ser elaborado um estudo sobre os custos inerentes aquisio e laborao
dos equipamentos em anlise, bem como os proveitos oriundos destes.
Para cada um dos investimentos alternativos ser considerado um investimento inicial
correspondente ao valor do equipamento.
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
103
Sero tambm estimadas vendas anuais na ordem dos 79 200,00 , valor que corresponde
venda de trs cargas dirias de 20 toneladas cada, multiplicadas por 22 dias teis de laborao
em 12 meses. Atravs da consulta pgina do Ministrio da Agricultura - Desenvolvimento
Rural e das Pescas8, foi retirado o valor de venda de 16,95 /tonelada para milho colhido com
25 % de humidade, no entanto este valor engloba a colheita, secagem e silagem, e por
pesquisa efectuada foi verificado que o valor apenas de secagem varia entre os 5 e 7 ,
tendo sido considerado 5 /tonelada como valor de venda de cada tonelada de milho, sendo
que, este valor apenas uma referncia, pois o valor final de venda depende tambm do tipo
de milho a ser vendido.
A previso das vendas assenta no pressuposto de que a taxa de ocupao de 100%, ou seja,
ser rentabilizada ao mximo.
Aps a elaborao dos mapas financeiros previsionais de cada um dos investimentos
(electricidade, gs propano e peletes) e aferidos os respectivos fluxos financeiros, o passo
seguinte comporta na anlise da sua viabilidade, que consiste no desconto dos cash flows,
ou seja, apurar em que medida os cash flows gerados no decorrer da actividade, compensam
os cash flows necessrios sua implementao.
Seguidamente ser feita uma avaliao de cada um dos projectos, escolhendo para o efeito o
modelos de avaliao VAL (Valor Actual Lquido) com vista seleco do equipamento que
apresenta um maior VAL, sendo que por VAL entendido o clculo matemtico-financeiro
capaz de determinar o valor presente de pagamentos futuros descontados a uma taxa de juros
apropriada, menos o custo do investimento inicial (equao 6.3), ou seja, quanto maior for o
VAL, maior ser a probabilidade do projecto ser vivel economicamente, j que um VAL
positivo significa que as receitas geradas so superiores aos custos.
EQ 6.3
Onde:
Cash Flow de Explorao no perodo t;
Site do Ministrio da Agricultura - Desenvolvimento Rural e das Pescas, consultado em 5 de Outubro de 2010,
s 11 horas e 15 minutos.
104
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
Custo do investimento;
- Taxa de actualizao;
- Durao da vida til do equipamento.
Relativamente equao anterior (equao 6.3), alguns conceitos devem ser apresentados
para uma melhor percepo do estudo realizado.
Designa-se por Cash Flow de explorao o saldo entre as entradas e sadas de capital de uma
empresa durante um determinado perodo de tempo, sendo calculado atravs da construo de
um mapa de fluxos de tesouraria. Pelas suas caractersticas um importante indicador da
capacidade de autofinanciamento da empresa.
Perodo de recuperao do capital investido corresponde ao nmero de perodos necessrios
para atravs dos cash flows de explorao gerados, recuperar o capital investido, conforme
frmula abaixo apresentada.
EQ 6.4
K representa a taxa de rentabilidade exigida pelo agente econmico k, que pode decompor-se
em Rf que o equivalente remunerao de uma aplicao sem risco acrescida do prmio de
risco, como poder ser visualizada na seguinte equao.
EQ 6.5
Por fim, entende-se por prmio de risco, a compensao exigida pelo investidor para o
remunerar pelo risco incorrido (Soares et al, 2008).
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
105
6.2.1
Secador de milho Electricidade
Foi ento elaborada uma simulao de custos e proveitos provenientes de um investimento de
secador a electricidade, da qual originaram os seguintes resultados:
Tabela XI. Clculo do VAL- Electricidade
Mquina
Electricidade
Ano 0
Ano 1
Ano 2
Ano 3
Ano 4
Ano 5
Vendas
79.200
79.200
79.200
79.200
79.200
Custos
Variveis
22.604
22.604
22.604
22.604
22.604
Investimento -40.000
Cash Flow
-40.000
56.596
56.596
56.596
56.596
56.596
Factor de
actualizao
0,91
0,83
0,75
0,68
0,62
Cash Flow
Actualizado
-40.000
51.451
46.774
42.522
38.656
35.142
VAL
174.545
11.451
58.225
100.747
139.403
174.545
-40.000
Payback
9,3 Meses
Para uma ideia do investimento inicial do equipamento a electricidade, foi consultado o
fabricante Changzhou - Drying Equipment Factory e retirado o valor de um equipamento
similar, com a mesma capacidade produtiva, sendo este, apenas uma aproximao ao
equipamento dimensionado neste trabalho.
Sendo o investimento inicial de 40 000,00 de forma a estimar o cash flow anual, sobre as
vendas foram subtrados os custos variveis e o custo do investimento, resultando assim num
cash flow negativo de -40 000,00 no ano 0, e positivo nos seguintes anos.
A taxa de actualizao de 1/ (1+0,10) n actualizado ao longo dos 5 anos.
106
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
Para o clculo do VAL foi necessrio estimar um factor de actualizao que neste caso
concreto foi de 10 %, de forma a poder calcular o cash flow actualizado, e por conseguinte
o VAL, que para a alternativa de electricidade foi de 174 545,00 , e apresentando um VAL
positivo, o secador a electricidade de implementar.
Relativamente ao payback resultou em 9,3 meses.
6.2.2 Anlise de custos Gs Propano
Relativamente ao investimento a gs propano, o investimento inicial ser de 41 231 9, as
vendas sero as mesmas que do investimento a electricidade e a peletes, ou seja, de 79 200
/ano, durante 5 anos.
Tabela XII. Clculo do VAL- Gs propano
Mquina
Gs
Ano 0
Investimento
-41.231
Ano 1
Ano 2
Ano 3
Ano 4
Ano 5
Vendas
79.200
79.200
79.200
79.200
79.200
Custos
Variveis
12.015
12.015
12.015
12.015
12.015
Cash Flow
-41.231
67.185
67.185
67.185
67.185
67.185
Factor de
actualizao
0,91
0,83
0,75
0,68
0,62
Cash Flow
Actualizado
-41.231
61.078
55.525
50.477
45.889
41.717
VAL
213.454
19.847
75.372
125.849
171.738
213.454
-41.231
Payback
8,1 Meses
Corresponde ao valor do equipamento (40 000,00 ) acrescido do valor do queimador (1 231,00 ) - modelo
especfico NC.6 GX e fornecido pela VENTRON, revendedor certificado da CUENOD.
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
107
Relativamente aos custos variveis (matria-prima), estes so de 12 015,00 / ano.
A taxa de actualizao de 1 % no ano 0.
O cash flow actualizado no ano de arranque (ano 0) negativo de -41 231,00 , e positivo
nos anos seguinte, sendo o payback period de 8,1 meses.
6.2.3
Anlise de custos Peletes
Por ltimo, num investimento a peletes, o custo inicial de 47 141,00 10, o que significa
dizer que o cash flow no ano zero no mesmo montante.
Tabela XIII. Clculo do VAL - Peletes
Mquina
Peletes
Ano 0
Ano 1
Ano 2
Ano 3
Ano 4
Ano 5
Vendas
79.200
79.200
79.200
79.200
79.200
Custos
Variveis
9.227
9.227
9.227
9.227
9.227
Investimento -47.141
Cash Flow
-47.141
69.973
69.973
69.973
69.973
69.973
Factor de
actualizao
0,91
0,83
0,75
0,68
0,62
Cash Flow
Actualizado
-47.141
63.612
57.829
52.572
47.793
43.448
VAL
218.112
16.471
74.300
126.872
174.665
218.112
-47.141
Payback
10
8,9 Meses
Valor de 7 141,00 fornecido pela CANALCENTRO S.A., modelo GRA 50 RO de 50 kW.
108
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
Os custos variveis so de 9 227,00 , que correspondem matria-prima necessria anual
para este tipo de equipamento.
A taxa de actualizao de 1% no ano 0.
O cash flow actualizado a partir do primeiro ano de laborao sempre positivo,
significando que o projecto de implementar, uma vez apresentar um VAL positivo ao longo
da vida til do equipamento.
O payback period secador de milho a peletes de 8,9 meses.
6.2.4 Comentrio
Dos investimentos em anlise aquele que seria de implementar, seria o investimento do
secador de milho a peletes, uma vez ser aquele que apresenta o maior VAL, em termos
comparativos o investimento a peletes apresenta um VAL de 218 112,00 contra um VAL de
213 454,00 a gs propano, e contra 174 545,00 a electricidade.
Em termos percentuais a diferena entre o maior VAL (peletes) e o menor VAL
(electricidade) de 20 %, o que significa dizer que o VAL das peletes poderia decrescer 20%
que continuaria prefervel electricidade. Relativamente ao gs propano, a diferena
percentual de 2%.
Em relao diferena do Perodo de Recuperao do Capital, se tais alteraes ocorressem
nessas percentagens, o payback period tambm sofria alteraes, passando a incorporar mais
10 dias na mquina a electricidade, e 17 dias na mquina a gs, aproximadamente, conforme
tabela abaixo apresentada:
Tabela XIV. Comparao percentual entre o melhor VAL e os restantes
Diferena % Payback
Diferena
Dias
Mquina
VAL
Mquina
Electricidade
185.973
-20%
9,2
9,4
Mquina Gs
227.021
-2%
8,0
-17,1
Mquina
Peletes
232.242
8,7
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
109
A ttulo ilustrativo ser apresentado um grfico (figura 62) que retrata a evoluo dos cash
flows actualizados ao longo dos 5 anos de anlise, para os trs tipos de combustveis.
80.000
60.000
Equipamento
electricidade
40.000
20.000
Equipamento
gs
0
Ano 0
Ano 1
Ano 2
Ano 3
Ano 4
Ano 5
Equipamento
pellets
-20.000
-40.000
-60.000
Figura 63: Evoluo anual dos cash flows actualizados para os diferentes equipamentos
visvel que no ano 0 o cash flow actualizado mais vantajoso ser o da electricidade no
montante de -40 000 , seguido do gs de -41 231 , e das peletes -47 141 , no entanto, a
partir do primeiro ano e nos anos seguintes o equipamento que apresenta um maior cash
flow actualizado o das peletes com 64 790,00 , contra os 62 209,00 do gs e 52 404,00
da electricidade, o que leva concluso de que a partir do 1 ano as peletes so preferveis ao
gs e electricidade, pois no 1 ano esta apresenta um cash flow actualizado superior ao do
gs em 2 581,00 e em relao electricidade de 12 386,00 , o que compensa em muito a
diferena obtida no ano 0.
Na tabela XV apresentada podero ser visualizados os valores relativamente aos cash flows
actualizados mencionados, bem como o comportamento dos mesmos para os anos seguintes
de qualquer um dos equipamentos em anlise.
110
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
Tabela XV. Apresentao dos cash flows actualizados
Mquina
Ano 0
Mquina a
-40.000
Electricidade
Mquina a
-41.231
Gs
Mquina a
-47.141
Peletes
6.3
Ano 1
Ano 2
Ano 3
Ano 4
Ano 5
52.404
48.522
44.928
41.600 38.519
62.209
57.601
53.334
49.383 45.725
64.790
59.991
55.547
51.432 47.623
Financiamento a mdio e longo prazo
De entre as principais fontes de financiamento por capitais alheios, foi seleccionado o crdito
bancrio, de mdio e longo prazo, o que desejvel no caso de investimentos a longo prazo.
Deve ter-se em conta o tipo de taxa de juro (fixa ou indexada), o horizonte e a periodicidade
dos reembolsos (com ou sem perodo de carncia), o tipo de garantias prestadas (hipotecas
avales, etc.). Nas taxas indexadas, existe um indexante (por exemplo Euribor) e um
diferencial (Spread), que consiste na remunerao da instituio financeira, sendo a taxa
revista periodicamente (Soares et al 2008).
Como complemento deste estudo, foram solicitadas Caixa Geral de Depsitos de Vila Nova
de Gaia, trs simulaes de financiamento a mdio e longo prazo, para o equipamento em
questo, variando estas no montante a financiar, em virtude do combustvel em anlise. No
entanto, s ser apresentada a simulao correspondente ao equipamento a peletes, uma vez
ter-se concludo na seco 6.2- Avaliao Financeira dos Equipamentos, a soluo mais
rentvel para o investidor, neste caso concreto.
As restantes simulaes encontram-se apresentadas no Anexo E.
Foi elaborada uma simulao de financiamento para o equipamento em anlise, pois existem
em determinadas alturas incentivos por parte do governo, com vista modernizao dos
equipamentos agrcolas, usufruindo assim os agricultores de taxas mais vantajosas ou at
mesmo financiamentos a fundo perdido.
No entanto, aps a visita instituio de crdito Caixa Geral de Depsitos de Vila Nova de
Gaia, concluiu-se que durante este ano no existe nenhum incentivo para o sector agrcola, e
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
111
no caso de financiamento a Leasing pressupe uma entrada inicial correspondente a 30% do
valor do equipamento.
Como alternativa foi ento solicitado uma simulao para um financiamento a mdio e longo
prazo, tendo como finalidade aquisio de equipamento agrcola, conforme a tabela XVI
seguidamente apresentada.
Tabela XVI. Simulao do financiamento
Montante da Operao
47 141, 00
Prazo
60 Meses
Entrada Inicial
Tipo de Taxa
Indexada
Indexante
Euribor a 12 Meses11
Spread
5%
TAN
6,71 %
TAEG
8,14 %
Primeiro Pagamento
Primeira Prestao (ano 1)
1 067,87
Comisso de Estudo e Montagem
156,00
Comisso de Avaliao
520,00
Comisso de Contracto
82,00
Restantes Prestaes
Valor (mdio)
930,70
A simulao supra apresentada, para um financiamento no montante de 47 141,00 a ser
amortizado num perodo de 60 meses, teve como resultada uma TAN de 6,71 %, TAEG de
11
As prestaes so indexadas Euribor a 12 meses na base 360 dias, apurada uma funo da mdia aritmtica
simples das cotaes dirias do ms anterior ao perodo de contagem de juros.
112
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
8,14 % e taxa de juro indexada Euribor a 12 meses acrescida de um spread de 5,00%. Para o
investimento em causa no foram solicitadas garantias para o financiamento, uma vez no
existirem dados concretos do investidor em causa.
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
113
114
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
Concluses
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
115
116
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
Captulo 7. Concluses e sugestes para trabalhos futuros
Desenvolveu-se um programa destinado ao dimensionamento de um sistema de secagem
capaz de processar 60 t/dia de gros de milho.
de referir que vrios parmetros apesar de no ser notrio nos valores apresentados, so
inconstantes nos momentos iniciais. Este facto pode ser devido ao prprio transporte do ar
pelas condutas e passagem pelos equipamentos, como permutador, e ventiladores, aspectos
que no foram contabilizados e que podem alterar este comportamento de transporte, ou
mesmo questes numricas associadas ao passo de clculo utilizado no EES
Apesar do programa utilizado ter um enorme potencial em problemas termodinmicos, como
por exemplo as rotinas utilizadas que evitam extensivos clculos, na aplicao a este trabalho
foi algo limitado do ponto de vista do nmero mximo de variveis possvel no programa
desenvolvido no EES, pois alm de no ser possvel neste momento a insero de mais
nenhum parmetro, teria sido bem mais interessante a resoluo de todo o processo numa
nica folha de EES, e assim a elaborao de um diagrama final onde fossem apresentados
todos os parmetros intervenientes de maneira a que, com a mudana de um valor seria visvel
a sua influncia em todo o processo e equipamentos.
Do ponto de vista termodinmico foi tambm considerado que, quando foi referida a
temperatura do gro, toda a carga de gros foi considerada que estava mesma temperatura, o
que na realidade no acontece, pois este apresenta um gradiente de temperaturas do centro
para a periferia.
Com base neste programa, num dia tpico e em condies atmosfricas e condies de gro de
referncia, foi dimensionado o secador.
As dimenses utilizadas da cmara foram o resultado dos clculos efectuados se bem que
tivessem o suporte de valores disponveis na literatura dos fabricantes deste tipo de
equipamento
Avaliou-se tambm o desempenho do secador proposto para diversas condies operativas em
que foi verificado o comportamento do equipamento com a mudana de alguns parmetros
essenciais do processo de secagem e assim entender a sua maior ou menor importncia.
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
117
Foi finalmente realizada uma anlise econmica simplificada, considerando para o efeito o
custo do equipamento e o custo do combustvel, bem como uma previso das vendas. Foi
verificado no decorrer desta anlise que o combustvel mais vantajoso a nvel econmico o
das peletes, seguido do gs propano e da electricidade. Tambm se verificou que para cada
um dos materiais em anlise o Perodo de Recuperao do capital inferior a um ano,
partindo do pressuposto de que qualquer um dos equipamentos ter uma taxa de ocupao de
100%.
Relativamente aos custos de operao, o valor de 0,58 por tonelada um pouco inferior
quando comparado com os cerca de 5 /tonelada oferecidos por alguns comerciais, valor geral
obtido atravs de pesquisa e para a reduo da humidade do milho de 25 % para 15 % (com
utilizao de queimadores a gs propano), sendo que quanto mais hmidas as partculas forem
recepcionadas, mais dispendioso o processo se torna. Este facto deve-se a neste estudo apenas
ter sido contabilizado o consumo do combustvel e da amortizao, e no se contabilizou a
energia elctrica de accionamento do ventilador, nem de accionamento dos componentes
elctricos dos queimadores, seja a gs seja a peletes, o que na realidade no verdade, pois
existem mais componentes e certamente haver margem de lucro para os comerciantes e
proprietrios de maneira a ser possvel a sua subsistncia, alm de que no foi possvel saber o
valor exacto final do equipamento.
Proposta pra trabalhos futuros
Obter uma curva generalizada de secagem de gros de milho para todos os processos e
temperaturas de secagem existentes na literatura.
Estudo de outros possveis processos na secagem de gros, ou mesmo a utilizao de dois
processos em simultneo.
118
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
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122
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
Anexos
Anexo A Folha exemplo do Excel
Figura 64: Exemplo da organizao dos valores para a elaborao da curva de secagem
Anexo B Valores finais fornecidos pelo EES
Figura 65: Exemplo da organizao dos valores no EES
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
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Anexo C -Ventilador Centrfugo VCE AERO Mack
Figura 66: Exemplo construtivo do ventilador utilizado
Figura 67: Dados tcnicos dos ventiladores Siroco ELAM.
124
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
Anexo D- CUENOD Thermotechnique NC.6 GX
Figura 68: Aspectos tcnicos e construtivos do queimador utilizado.
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
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Anexo E Simulaes Gs propano e Electricidade
Tabela XVII.
Simulao do financiamento Gs Propano.
Montante da Operao
41 231, 00
Prazo
60 Meses
Entrada Inicial
Tipo de Taxa
Indexada
Indexante
Euribor a 12 Meses
Spread
5%
TAN
6,71 %
TAEG
8,24 %
Primeiro Pagamento
Primeira Prestao
933,99
Comisso de Estudo e Montagem
156,00
Comisso de Avaliao
520,00
Comisso de Contracto
82,00
Restantes Prestaes
Valor (mdio)
126
814.02
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
Tabela XVIII.
Simulao do financiamento - Electricidade
Montante da Operao
40 000, 00
Prazo
60 Meses
Entrada Inicial
Tipo de Taxa
Indexada
Indexante
Euribor a 12 Meses
Spread
5%
TAN
6,73 %
TAEG
8,20 %
Primeiro Pagamento
Primeira Prestao
903,75
Comisso de Estudo e Montagem
156,00
Comisso de Avaliao
520,00
Comisso de Contracto
82,00
Restantes Prestaes
Valor (mdio)
790,53
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia
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Anexo F Rotinas EES
128
Dimensionamento de um secador de milho com capacidade de 60 toneladas por dia