sciaran pirat
wacait
Ce Medeia
Cee Ce V4
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oer teriatre
(eect ie ad
foie er eee mur ota
Te og conic:
Pea cone ret
(eer neue ea
figuea de Medota, una das mais
bees mcr
a elec. BigOs uagedigratosgregosantigos com
prunhar suas obras para plains que co-
heclam de antemio, em linhssgeais, os
mito enenados. Noentanto mio peo
vel que o infanticidio de Medeiatenba
sido invengio de Erpides. A histria de
uma mle que assassins a ftura espa de
seu mardo, pai desta, re de Coin, e,
Princialmene, os seus prpios lho
mo parte de una etratgin ue visit
or ao esposoevingar a rige ooeidas,
faz da Medet de Eucipides uma das mais
Aesconcertancestragédias. Se na epoca a
esa nfo fot popula obtendo kimo la
‘ar no concurs dss Grandes Donia de
4314.C, asuaformna éenorme, eee ser
vide inspiragio a inimeras Medias por.
teriotes, desde a de Seneca de Pasolini e,
ene ns» Joana da Gota gua (de Chi
9 Boargue e Paulo Ponts, 1975)
© enredo ea personages principal da
_Medeia de Euripides tem suscitado diversas
‘questes em eonfronta com toca acs.
rota eas demas trapéiasgregas, seré
lito chamar de “heroin tries” esta Me-
eia que comete cia evoluntanamente
lam rime asombroso pelo qual ad pare-
‘x ser punida pelos deasesno final, ras,
socontirio,€pareles salva? Em que con
sista sabedora (sophia) de Medea, en-
fatcamene esata pela popria peso
gem e por seus interlocutor? Ents
‘outros problemas levantado pela eica
Slo dsctidos por Teaano Vira no post
io uadeio,
as rages grgas amigas pede
“#2 contexte cultual, amines a danga ©
_ encenagio como um todo, elementos fun
laments econsitatvoe dates dramas.i
Euripides
MEDEIA
igo blige
“Tadusio, poco e nots de Trajano Vieira
Comentri de Otto Maria Caspeaux:
editoralll34EDITORA 34
tora $6 Lada
Rua Hungra, 592 Jardim Europa CEP 0435-000
Sio Paclo~SP Brasil TeVFax (11) 3816-5777 worweditoes34.com be
CCopyighe © Editors 34 Leda 2010
Teadagte, posts enoeas © Tissno Visio, 2010
‘A rorocdm be GUALQUER FLA DISE LNRO ELA con a
‘origi won 90 DIFETOR NTFECTAt EeTHIMONls bo ALE,
‘Tiel orignal
Mifis
Capa, projeogrfcoeedtoraca clednica:
Bracher € Mala Produ Grafica
Revisi:
Cie Piguet
1 Baigao 2010
CIP - Brasil Catlogagtona-Foute
(Sindcato Nacional dor Batons de Livos, Bes
tat ein oi ee,
sing on es
Tat ago Tila,
MEDEIA
Agradecimentos. 7
[Nora preliminar 9
"YBa 4
Argument. 1s
‘Aptorogavous ypeqyortod mdBeo 18
Argumento do gramatico Acistfanes. 1
Ta 05 pip pion nn 2»
Persomagens nnn cnn 21
Mii 2
Meo 2
Posticio do tradutor. .
Miétrica e ertétios de traducio.
Sobre o autor. . 179
Sugestbesbibliogréeas... 181
Excertos da erica... 183
“Bucipides e a tragédia grega”,
Otto Maria Carpeaus.. 187
Sobre o tradutor. 191Agradecimentos
Agradeco 20 Professor Claude Calame, que me acolheu
‘com extrema generosidade intelectual na Ecole des Hautes
Etudes en Sciences Sociales — Centre Louis Genet —, em
Paris, onde pude realizar este trabalho. Seria no minimo pre
tensioso tentar apresentar neste breve espaco a magnitude de
tum helenista original, dial6gico e formador.
Agradeco igualmente & Fapesp, que me concedeu uma
Bolsa de Pesquisa no Exterior (BPE), para o desenvolvimen:
10 do projet.
‘Trajano Vieira|
|
/
4
|
i
q
i
Nota preliminar
Euripides ( 480-406 a.C.) encenou a tetralogia que i
cluia Medeia em margo de 431 a.C. no concurso teatral das
Grandes Disnisias, no qual seclasifcon em terceicoe timo
Ingar (o ganador, Euforion, hoje esquecido, ficou também
A frente de S6focles, segundo colocedo}. A data seria lembra
da pelos atenienses, pois, poucos dias antes da representagio,
4 cidade de Plaeia,aliads de Atenas, sofvera ataque tebano,
episédio que desencadeou 2 guerra do Peloponeso. Embora
© drama elucide 0 material mitolégico em que se baseia, al
_gumas informnagées preliminares talver seiam de interesse a0
leitoz. Homero menciona de passagem as expedigbes de Jasio
(Odisseia,X, 134; XI, 256-9; XIl, 59-72), sem se relerircon-
tudo a Medeia, citada por Hesfodo (Teogonia, 936-62, 992-
-1,002), que alude ao casamento com Jasio. Pindaro, além
de abordar as nipcias da herofna fala de seu papel na expe-
digdo dos argonautas (Olfmspica, XMM, $3 5s.) sem deixar de
lado sua habilidade em manipulae venenos ea mozte de Pélias
(Pitica, IV, 233 e 250). Registre-se que, desde o inicio de sua
atividade, Euripides revelou interesse pela personagem. Em
455 a.G sua estreia ovorreu com Peliades, centrada no as-
sassinato de Pélias, concebido por Medeia, Por volta de 440
a.C.,escreveu Egen, que aborda a estada de Medeia em Ate
nase seus planas de assassinar Teseu.
(© mito dos argonautas tem origem bastante remota,
provavelmente associado as expedigdes pregas no mar Negro,
durante o petiodo micénico, Entreranto, se romarmos comobase as fontes © as referéncias remanescentes, somos levados
a crer que © assassinato dos flhos por Medeia¢ fruto da cria~
sao de Euripides. O eseritor alexandrino Apolénio de Rodes
(séeulo 3.C) discorre, nas Argonduticas, sobee a longa via-
gem de Jasio rumo a Célquida, onde o rei Beta lho do Sol
«pai de Medeia, lhe proporia ts provas difclimas para a
‘obtengio do velo de ouro: subjugar dois touros selvagens,
arar um campo onde seriam semeados os dentes do dragio:
de Ares, de que nasceriam guerreiros armados, ¢ enfrentar
estes guerreiros. Com o auxilio de Medeia, Jasio derrota os
ancagonistas. Por temor 20 pai, ela foge com os argonautas,
depois de auxilar Jasio a eliminar o dragio peotetor do velo
de ouro. E nesse momento que 0 personagem promete casar-
se com Media e conduzi-la & Grécia. Segundo Apolénio,
‘0 matriménio se da por “necessidade”, na ilha dos fedcios,
‘durante o périplo dos argonautas. Arete, cainha do pais, pro-
move as niipcias entre Medeia e Jasio, para evitar que ela
fosse reconcduzida 20 pal. Perseguidos no mar por Apsito,
inméo de Medeia, os argonautas conseguem assassind-o, gra-
28 a intervengao da heroina. No curso da viagem da Cél-
uida para Corinto, Medeia provoca a morte de Pélias (tio
de Jasio que havia usurpado seu trono ¢o langado a missio
suicida em busca do velo de ouro), convencendo sus flhas
1 esquartejé-lo € a cozinhé-lo, no que seria um rito de pre-
servagdo da juventude. E neste ponto que tem inicio a tragé-
dla de Euripides, quando 0 casal, exilado de Tolco pelo flho
de Pélias, Acasto, finalmente aporta em Corinto, O easamen-
to de Jasio com a fila de Creon, Glauce (nao nomeada pelo
poeta} talver tenha origem anterior a Euripides: Pausinias
(Guia da Grécia, Ul, 3,6) alude ao suicidio da princess, que
se atira numa fonte na tentativa de livrar-se do veneno de
Medeia. No * Argumento” que antecede os manuseritos des-
ts obra, dizse que Euripides buscou inspiragdo na pega ho~
‘m@nima de Neofron, autor de 120 dramas, que apresenta,
‘num dos trs fragmentos supérstites de sua produgio (trans.
0
«titos por Donald J. Mastronarde em sua edigio da pega)!
gen, rei de Atenas, recém-chegado a Corinto para consular
‘Medeia sobre o ordculo de Delfos, referente & sua estereli-
dlade.? Numa das noticias sobre a tragédia de Neofron, Di
cearco, discipulo de AristOteles, sugere igualmente que Euri-
pies tera se inspirado na obra homénima do primeiro.>
© texto de Euripides inspirou numerosas obras, em di-
ferentes épocas, de Séneca a Pier Paolo Pasolini, passando
por Corneille, Jean Anouilh, Heiner Milles, Lars von Trier e
‘Christa Wolf. O vigor do mito pode ser avaliado pela manei-
18 como varios de seus elementos slo reinventados, desde a
‘ocorréncia de um Jasio bondoso e uma Medeia sordid (que,
nna cena final, aparece sobre o teto de sua casa, com um filbo
vivo € o cadaver do outro) em Séneca, até o retomo de uma
‘Medeia imersa em atmosfera sagrada, & qual no falta 0 ele-
‘mento onitico, como na cena em gue o Sol Ihe aparece em
sonho, no filme de Pasolini estrelado pot Maria Callas
" npides — Mada, odigo de Donald J. Masronarde, Cambridge,
‘Cambie Univenity Prin, 2002
2 Desconhsce- a ign exata die “Agpumento". Cope que
‘le tenha toma come base os exsuivorextadosdemitologiaelinados
por volta do scl, sb inspira de Didime. Denys L. Page (Eis
des ~ Madea, 1958, 12° ed 1988, pp, loli considera interesante »
Hipster de C Rober segundo 2 gual Ovidio wera uiiado informe.
‘contdas nese echo para sscever uma passage das Metamoroses: 8,
199296,
2 Vora resp tect tpic Euripides and Neophron”) da
inodusio de Page dio oxfordiana da Mea
aMEDEIA“"Yro8éosic
“ao tig Kip ov 8G, ayo tok MA, y=
‘yea a tv Kovac 1 Kopi iow Pree Ooyapa Tha
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‘Te Bp Boel oaahzoBas naps NeSgpoves Bacxsioa0s,
6 stolons 0 "ERAS Bos iow xa potas fy Emo
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Argumento
‘Chegando a Corinto em companhia de Medeia, Jasio as-
sume o compeomisso de secasa coms Glace fl de Crean,
rei de Corio, Pests a ser exlada de Corinto por Creon,
Medeia pedin e obtove permiasio de permanccer mais tn
dia na cidade; em sinal de gratidao, envia alguns presentes a
Glavce, por intermedi de seus fos: vests uma coros de
‘ouro, Av colotlas, Glace perde a vida, © Creon, 0 abracae
2 filha, tambem falece. Medea, depois de mata os propos
fins, Sobe num carro puxado por dragtes alados, presente
do Sol, fagindo para Atenas, onde secasa com Ege lho de
Pandion. Ferecides eSiménides contam que Mede'a, vendo
cozinhado Jasio devolve he ajventude Sobre seu pa son,
fo autor de Regressos se expimic assim
“Transforma Eson num mogo em flor deidade,
poupando-o da velice, mente agus,
cozendo em tachos de ouro muitos femacos.
Esquilo, em As nutrizes de Dioniso, conta que ela tam-
bbém rejuvenesceu as nutrizes de Dioniso, cozinhando-as com
seus esposos. Estéfilo afirma que Medeia impés a Jasio a se-
guinte morte: ela mesma pede que ele durma sob a popa da
nave Argo, corroida pela agio do tempo. Ao cait sobre Jasio,
«pops, perdeu a vida.
‘© drama parece ter sido tomado de Neofron, mediance
adaptagdo, segundo Dicearco em Vida da Grécia e Aristéte-
aswiper. plpgovens Baird 8 yh repuhayévan iv GraGxpuowy of
Misi, a nponativelg Bau, br reflow éoovs Kat
1 yovenn, irae Ba elo iki bx a8 Bye Eyes,
cif beGep yarn nev wémeucr eax Eig. Sep Byvoroas
Twayibas x6 toxépp paoi mpsizg xeypfoGax, dg "Opps:
Syed Sysdoaoa Buea xa Rosoaca.
16
les em suas Memérias. Ambos o criticam por nio ter manti-
do inalterado o cariter de Medeia, que cai em pranto ao tra-
mar 0 plano contra Jasdo e sua mulher. Mas 0 comeso é elo
ssiado por seu tom patécico ¢ pelo desenvolvimento: “e nem
nos vales" €0 que Ihe segue. Foi o que Timiquidas ignorou,
ao afirmas que 0 autor incarreu em inversio da ordem légi-
ca, como Homero:
\Vestindo roupas odorosas ¢ banhando-s,
wv‘Apiotopdvous ypapparixot (méBeo1s
Miia Ba thy pg "Téxove yp x dasivow yeyouneéven
hy Kpiovras Buyarépa érdkcave piv Phaixny xa Kpéovra Ki
‘wis ibious vias, Eyapio® 8 Weoovos Aiye’ awesxicovad, map"
oierps xine pono piv ox rd Bppatos Omdxerret
v8, 8 Be yopds ouvir éx Yuvan nodtiBeoy, pO
oyice BE rpogdrs Mnbcias, 818, Ex MvBoScipow Spyovtes
ayumi mre of paras Bigopln,Seinepas Fopor i, p=
105 Biprnins Mnfsig, Coen, dieu, Oxprrats eatpois. of
cera
18
Argumento do gramético Aristéfanes!
“Medea, por causa de seu dio contea Jasio, que despo-
sara Glauce, filha de Creon,assassinou-a ea Creon ¢a0s
proprios filhos e separou-se de Jado para vier com Egeu. 0
Aangumento esté ausente da obra dos outros dois triicos. A
cena do drama se passa em Corinto, 0 coro & compasto por
mulheres da cidade. A nutria de Medea pronunca oprdlogo
A representagio tev lugar sob o arcontado de Pitodoro, no
primeiro ano da Olimpiada 87 (431 a.C.). Euforion cassifi-
»
sy ofp, xa napa nga
Sogobra a fé que tive em ti: 0 sibio
silence é menos policiével que a
‘ou que 0 ieritadico, Aperta o passo
na retirada, guarda a lingua lil!
Ponto final! Tua engenhosidade
‘io muda nada, Assume 0 6dio e some!
Dia que eu fique, pela nova esposal
%
ceREON
‘Tua verve nfo reverte 0 que eu decide.
aire sem me respeitar as siplicas?
cREON
Drivilegioo lar em teu lager,
een.
© piri, impde-se-me rememortla
‘oREON
A urbe sé anteponho os descendentes,
? é al.
Para os mots o amor € um enorme
cREON
Concorde que assim seja eventualmente
sswae,
Zai, pi MiBor o¢ x¥8" Be fog Kandy,
Gr’, & poraia, vai p' dicdhhafov névew.
rrovoduev ys Koi vow weypfpe,
creo
tay! SnaBov pds oPFop Big. as
1 ina rode 7, AG 0 anata, Kpéov
keeo
Bydov wapéf, de tones, 5 ytva.
\qeuGose8" of 1008" ieéreura 009 ruyeiv.
118" ab asy note dmaAdony O0¥5
law pe ptr ny 6" Eo fyipay 1
ai Supreepver gpovrid” f peuSovpeBe,
-naiciv 1 dyopuiy 30% dug, ere mop
o¥BiV pony jnyaviioac8 Téxvors
olkmips 6 alovg xoi a ro: aiSov narip
rE gunag einds 5 lori elwoudv 0’ Rew, as
6
-MEDEIA
[No passe em branco, Zeus, 0 autor dos males.
Some ¢ desanuvia 0 meu espicto!
MEDEIA
Quem sofre mais? Sobeja 0 sofrimentot
ccREON
‘Meus famulos te expulsacdo em breve.
MEDEA
Sé susceptvel, rei, ao meu pedido!
cerron
Parece que ofereces resistencia
MEDEIA
Me exilo, mesmo assim eu te suplico.
Mas por que no te ausentas ¢ ainda insstes?
MEDEA
Deixa que eu permaneca um dia s6,
a fim de organizar minha partida
achar um jeito de manter meus flhos,
que JasSo, pai indigno, deixa & mingus,
A condigao de pai também te obriga
a seres susceptivel. Tem pied
ssroljot yp of pox gpovrig, «i geuEoupea,
Kcivous B kha oungopé rexenyewous.
Fxaore voip hig! pe supa
procure manta edundincia gue, no orginal, decorte do
prego de das palaras compass com
thane yas ony = bose; yhawo.
Conwolad ncssot ings imeonsequene”
2% pando de Media, despertada por Afi, ters evade sa
var aso,
aroi sion 34N" Boyes.
inci pexdomyy Bxip""tabwias yOovor
rola fydhxev ovgopis umxavous,
61086" &v ebpy’nbpov ebrvyeorepov
§ rayne rbd guys yoyes:
ox, fob xvgy,oby pv afpow hyo,
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088" ig Sahay wodsnexvov omoubiy Eyor
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Ng, 0 piv peytotow oxo xaig
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Sbauyovoipe. 00 te Yip naib w Bes
got eh rok Nousiyréxvog
T&G’ Svea piv BePodhewpar Kas
88? Gv os gxng, ap wviGor hos,
EY is roaetrov fue8 or’ pou
elvis yuotaas nave Ey voter,
iv ab yeoman Sugop rg hyoc,
“a Mjora xa xaMuora mohepsrona
‘iB.o8e. xp yap SAoBEv node Poros
raibas rexvoiio8an, Bihu 8° obx ava yévos
otras dv ob hv obBiv évepimoys ranch
n
de mim para com meus. Nio fques fla!
Quando aportei aqui provindo de loleo,
trszendo s6 percalzos na bagager,
‘que sonho poderiaacalenar
sendo easat com a princesa, um éxule?
Sensaboria em mien ado despecteva
‘0 toro em que deitavas (nascedouro
de tua rival, tampouco a noiva me
turbava, nem queria proleimensa,
sas —¢ isto € capital — que ambos vivéramos
livres de humilhagio, pos todos saber
‘que até o amigo evita o homer pobre”?
Obstino-me em propiciar as hos
itmios,reunir esispes,congregar
48 duas numa, Fis como prosperamos.
Por que preciss tanto de tus Slhos?
A mim convém que os filhos do fururo
auniliem os que hoje vivem. Erco?
Tua discordincia se resume & cama
A que ponto chegas, mulheres: credes
ter tudo se casério vai de vento
em popa, ¢o belo eo conveniente nada
valem caso o delete fate 20 leitol
Pudéramos procrar diversamente
ce preterir a raga das mulheres:
imone a0 mal, 6 homem viveia!®
& mesma iia aparece na Electra de Euspdes (1.131),
0 Notes que gal aimeto de verse ext presente nei fala de
eso ena ante de Media, refx tale, da atividade ds eribunais
“epoca, em que sconce tempo deni glad pela epside) 3s
panes liganes,
Dy"on eye x08" xdoynoachbyous
as 8 Hye st map yy Eps
Bons mpi fv Soxov ob Bean Bp.
4 woNh’ roots ey Bdgopos Bpordy
{ot yap dom bias Sv o09ds Ayer
‘ibgune,wiciowy Crgiov bphuonsver
‘sioon yp aid x6’ eb nepiowe
oly navoupysi don 8 oix dyay oops.
tig nai ob i wv eg ebayiyou yévy
yew ve Bev Bv yp dete” Eno
piv o' rep foe pi xaxés,neicaved ye
yap yépov 1608", NA oh oxy gow
sahdigy" voby ob 8" imnpires Aye,
e001 yapou Karsinoy, fing 888 viv
sly peas capBias py yShov.
of rnb ode dR gap Nos
5 vipa ob eiS0bov Envi oo
azo
& vow 165" fo, i yuvansobvexe
‘nat pe Mxpa Paorkgiw & iv Fe,
aN, Gonep ehnov kai népos, of0a1 BAhoow
”
con
Hi um cosmo de beleza em tua parlenda,
mas, mesmo contra 0 que por cero pensas,
ditei que atraigoar a esposa € indigno.
MEDEIA
Difiro muito em muito dos demais,
favorivel que sou a que se multe
pesadamente o bom de pross injusto,
‘orgulhoso de mascararo injusto,
capaz de tudo. E um sabedor de araque!
[Nao me venhas posar de bem-falante,
aque te derruba © murro de um vocabulo:”
foras honesto, me convencerias,
a0 invés de casar-se na surdina
Asko
(Me referira as npcias, bela aliads
teria tido, se nem no presente
cconsegues remover a fria do intimo!
MEDEA
(© que te preocupava era que mipcias
bcbaras te infamassem na velhice
Jasho.
de na cabega, de uma ver por todas:
‘nko foi por outra que subi ao leito
régio, mas por querer salvar at)
510 verbo, “etends”,€empregado metaforicament gsi
\Nocmalmente aparece no nbito do pala.8 Kai réxvo1o ros isis Spomspous
‘poe rupavvous riba, Epujic Bape.
asia
yor ySvouro Mumps eBapew Bog
1n6? BAB Somig wu uv wvigor ppéva.
lo8" dc pec, xa copenépa gay on
8 ypnowa ps cot mpd paso ons,
198 chrvxotion Bucs elvan Bons.
‘Bp’, fred a0 pv For’ Groerpapi,
iyo 8 Fpnpos vivbe gevbotpcs (86a.
taxon
cir 68) how pnb? Bow ain os
1 Spon: wav yopotion Kempo ae;
apis rupwvors voatous pasion.
rat o0¥s dpaia y’ ola ry yd Béjors
485 ob xpwvotor rav6é aot x& wheiova,
AAV, die Bothy naoiv f cau quyh «0
mpoceapéhnye ype Eucy hap,
€ a0s dois meninos, pai de irmaos dos filhos
de agora, principes, bastides do alcécer.
MEDEA
Desdenho a vida préspera, se rite,
ea cintilancia, se ela amarga 0 esprivot
asio
Por que ni aprimoras cua sabenga?
Nio trates com pesar 0 que da lucro,
nem fagas do infortinio tua fortuna!
MEDEIA
Quanta impostura! Parirei sem ramo
a cidadela em que te refugias!
sasko
Excolka de que mais ninguém tem culpa!
MEDEA
‘Mas onde ereei? Tra o casamento?
asko
Amaldigoaste, sem cleméncia, os tei!
MeDEIA
Ab, sim, eu sou a praga do teu lar
Baste.
Encerro por aqui o bate-boca,
Se desejas amparo pecunirio
para cruzas fronteiras com teus filhos,
”Day’ ds Eroyos dpBvg Sodas yep
Eivoxs re mfp tyBoN’, of Bpo0U04 oe
rai rata Bove popareis, yaw
Dagaoa 8 SpyisnepBavcs eycivova,
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ott Bv Eévono roan ote yonoaiue®” dv,
ae v 2 Bekaiyeo8o, pv ib
xi yp Sv ps Bp" Sunows ob Bes
AX’ ol ey pi Boipovasyapripopo,
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048 on dipoxes rb", 34 aap
ous dna sony Sdyuv wow
Spt dB bp tg wobpnow wns
Clo ypovsio Boyde Emo,
wipe ows yép,obv Gc 8 cpfoeray,
rants robe Sm Spica yoyov.
pons imp pv Byav
ABGvres oe eiBoFiav
psrav napébaxay
ei 8" Ghic Eos
6 36 dizer, que estou 3s ordens! Simbolos®
clas tésseras que envio sio garantia
de hospedagem. Bobagem se os renegas!
Cede i calma e melhora mas vantagens!
MEDEIA
Repugna-me 2 morada de tous héspedes,
tanto quanto a oferta monetiri,
pois 0 premio do pulha ni tem préstimo,
JASAO)
Requeiro o testemunho dos eternos
para o fato de eu pretender dar tudo
dde que precises, mas o bem ni te
agrada. Altiva, agravas o dificil
MEDEIA
Some daqui, saudoso da mogoila
recém-dorada! Tomam-na, se tardas!
Goza tua ninfa, pois, se um deus me escuta,
amentarés — quem sabe. — euas nipcias.
(Sei jauao)
ono.
‘Amores, quando pleni (em demasia) afloram,””
$i6.0018 airs vig: mépauvé pos ASyow.
Kp, Spye abe ig Kopi.
ovyyoor’ pe wi! fv oe hunsioB, yan
a
Podes deixarme a par de como agiu?
MEDEA
Ps outra em mea lugae em sua morada.
soe
(© modo como ele age me estarrece!
MEDEA
Cato dite: fenega a ex-consoreel
eo
[Ama alguém ou tua cama o entedia?
MEDEIA
E como ama! Alguém nele se fa?
noru
Que evapore, se ele &0 soee que vést
MEDEIA
Fle ama o estreito liame com tiranos.
ron
Falta que digas quem the dew a filha!
MEDEA,
Creon, cujo dominio & Corinto.
roe
‘Melhor compreendo agora tua angiistia.
8hohe: kat pg! Hehe
joj yO0vds.
‘epic 10; 168" BNQo Kawa at Neves Kas vs
Kyi ave yay Kops,
WG.6" Tdoor; ob8é rair" Erveaa.
ay pv obi xaprapriv 8 Bove
AN vropai ot rijoBe mpag yeveudBos
yordsaw ready ody ieeaia te yiyvopn, no
bknpoyofepdv yr BuaBaiyova
x01 pi Epmiov demeootioay cio,
Sa BE yospq Kai Sspors Eprtov.
as fps 001 mpg By wheogspos
‘vor. naib, xatnis BABios Bavous, as
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%0
Estou perdida, pois daqui me exilam.
eo
Mais um revés! Mas quem o determina? ms
MEDEIA
Creon no quer me ver mais no pats.
Jasio, como tu, discorda deste edito?
MEDEAA
Discorda s6 da boca para fora,
‘Toco-te os joethos, tanjo ua face,
acuta a amiga que hoje we suplice: no
rem pena da desdémona, tem pena,
impede o desamparo do destetro,
io vislumbres 0 combo da eremita,
que 0 fogo da teu lar me afague! Que Eros
io ce cenegue filhos, e, 20 decliio
da vida, afortunado, entio sorri
E um achado o que achas, pois meus fizmacos
dardo a luz os filhos de um sem-flho!
cow
Por diversos motivos te auxilio,
pelos deuses, primeico, pelos fithos mo
‘a cuja viabilidade aludes,
assunto em que me empenho integralmente.
Receberis de mim, se 20 meu pats
aportas, a devida hospedagem,
o‘o06y ye pivrot 00% mpoonpatva, yrve
fa tae uv yg of 0" yew Bovhsiropan,
alr déesp eis RB Bsyous,
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on
sas deixo clato que nio intenciono
ce resgatar daqui, Se ao meu solar
fores por conta prépria,terésteto
ea certeza de nio seres trai,
Foge por ti, que eu nao quero ferir
suscetibilidades alienigenas.
MEDEA
De acordo. © meu aprego aumentaré
se aceitares selar com jura o pact.
coe
‘Acaso desconfias do que fala?
io é que eu desconfie, mas me odeia
‘ pago de Creon e Pélias. Preso
0 jugo de uma juca, no me enttegas;
co apalavrado ¢ insuficiente para
aque enfrentes a pressdo que deles venha,
‘mas com o aval divino & diferente
Como faria frente 20 pago, 20 ouro?
Pacece um sobrezelo, mas ndo sow
contritio ao que desejas tanto, mesmo
porque teu plano me convém, pois me
desculparei com quem te execra e ficas
mais segura, Nomeia nume: 0 invocot
9%hwo nov Fg, nenépa O° “Hoy nap
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9
MEDEA
Jora por Geia-Terra e meu ancestre,
© Sol,e pela estitpe pandivinat
poe
© que devo evitar e por em prética?
Jamais me renegar em tua cidade;
Jamais deixar que um inimigo mew
sequestre-me de li, enquanto vivas.
oe
Juro seguir a risea 0 que escutei,
pelo Sol, pela Terra, pelos numest
MEDEIA
Infiel jura, © que padeceris?
row
[A pena que se abate sobre o impio.
De pleno acordo: bom retornot Cedo
ingresso em tua cidade, quando cumpra
‘que devo e o que dita meu deseo.
ono
Que Hermes, senhor das rotas,
oriente o teu retornos
ccumpra-se 0 que te obceca,
9s‘yewatos dvi,
Aiyed, map" il Bebdxnocn,
& 2a in re Zaye How wes,
iw nakhivixot rv iv 8px, gon,
yemodysatia xc 6500 Bexoyer
Win 8! i EOpois roc fuods wiowy Bik.
otros yap vip h pdhior Exdyvopey
Dap gaan ey fv BovRewyér
x 7008" Gvapsyeoda mpuwiray Kah,
pokdvees ow vai néhyia Fah abo.
Fi nda. 126 cor ovdaipara.
Dao Beyou 8 ph mpd Bow Adyous
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‘bs wa Bonet pot rata, nai ahi Het
‘ious ropa of poli ys yet
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‘eatbas 68 piva robs fps aizfoope
‘i, hnoto"v woAsyiag Eni Bove
Bot nara roi ois kabufpiran,
AAV’ be Bota naib Baorhiag Kev,
reéuyn yp aos Bip” Eyoveas iv yepotu,
Linn pépoveas, be guys y8va]
Derby te mov kai WAdxOV ypuat haroy
ivmep haBotsa xdipov Spf ypot,
96
pois, a meu ver, Egev,
0 teu comportamento te enobrece!
MEDEA
Zeas, Justiga de Zeus, Fulgor solar,
aque a vitéria de Nike vija contea m8
os ist Amigas, mos 3 obra: espero
fazer que o inimigo pague alUssimot
Egeu mostrou-se 0 porto de meus planos
ro que me preocupava mais, Amasras
de popa he arremesso assim que Atenas ~
dlesponte — bela cidadela! — a freme.
No mais oculo 0 plano que acaleno,
em relagio a0 qual serisavessa™
Alguém diz a Jasio que soiito
sua visit, quando entdo me exprimo ms
ranemolentemente em prol das bodas
{Feato de taigio) reais, achando
auspicioso 0 proveite que nos hie
de propicia, Meus flhos feario
— cis 0 ponto central —, no que eos queita mm
eam terra host sujeicos a perverso
‘ratamento, mas para assassinar
a queriinta do papal. Os dois
portario os presenes, com o intuito
de reverter 0 edito que 08 exila ms
0 véu — pro requine! —e 0 leve pepo.
Se adorno e vest envolvem sua pee,
> fo se etanhew alkerfcia de formas dl tatrento ma fal de
Medei:€comum, ra tagéda, a personage drgvse aos membros do
coro no plural para seu (ous) ier coe) no singular
|xan Strona 6” By By xdpg
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1687 tori, i) néoyoveay, dx BY, xoKdG.
o*
mitra e morte, €o incauto que a tocar
pois untarei no Farmaco o regal
Redireciono a fala neste ponto —
pranteio 0 fato a ser perfeito: mato
‘meus filhos..€ ai de quem ficar na frente!
[Arraso o alcécer de Jasio e sumo,
pela sanha fatal contra os meninos
que mais amo no mundo, sob o crime
{que mais que nenlum outro agride 0 pio:
6 tis do inimigo fere o intimo.
A vida avulta? Avila, se hd vacincia
de la, patria, efigio contra os sujos.
Que erro crasso deixar 0 pago pittio,
cair na logorreia de um helénico,
‘qual, se deus quiser,seré punido!
Nao mais sorti 20s jogos dos meninos,
nem cria outra linbagem com sua ninfa:
meus férmacos fatais ho de matar
terrivelmente a terriilissima,
Nao queiram ver em mim um ser fleumtico
‘u flébil. Tenino outro perfil. Amor
20 amigo, rigor contra 0 inimigos
cis o que sobreglorifica a vidat
ono
‘que me pes a par do que cogitas,
por desejar ser ttil, fiel As leis
Fhumanas, digo io! aos tus projetos.
ea safda, mas no levo
a malo que ora tentas. Quem mais sente?ada nravely obv omépuo tohuioas, yi
oli yap dv paiors SnyBein rons
V8 i yévous y" Ohxorden yous
Tro repo néves ov pi hives
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Eavblaw Appoview gureioas
100
aku
coro)
‘Matas quem germinou do teu regago?
MEDEA
Ea mordida que fere mais 0 esposo.
coro
B que fad det um ser tenisimo!
(Matias a sera)
ape
E via parolagem do entremeio,
‘Nao tardes em trazer Jasio! Eu sempre a0
te confi tacefasespinhosas,
mas seme tens em bom conceito, se
és de fato mulher, esconde o intento!
(Sate sera}
© ouro erecteide® remonta fect
ao imémore. Dos numes a
ddescendem, oriundos de paragem sacra,
invioldvel; nutre-os a sapiéncia,
‘mais lustre, com passadas altanciras
pelo éter lampadejante, Fi ali (dizer)
‘que as nove Musas Pigrides, wo
geraram, sublimes, Harmonia, «loura.
2 Referncia aos recedes, los de Feces, uma designs dos
rot100 xaANGov Ent Knpicod poais
ev Kiinpuv ehigovew doucoayivay
Spov xanamveiot yerpias dvipiow
ABumdou5 atipac- ai 8 teal Aopvow
cirauow edn foBiow mhdkov &vBéeov
1G Zopig opépous mépmew "Eparas,
avroias dperis Suvepyois,
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3 mpooRiyouce hua;
Gc 8 Spyara mpoafiadovoa
rxvo1s Sapo yoipay
oxtioes pivou; of Buncog,
iby indy mivévrow,
102
Reza a fama: do Cefiso" belifluo,
CCipris hauria para restopray, crea acima,
auras sucintas da ventania, dociarfances.
Redolentes rosas na tranga da guirlanda,
‘Manda amores ladearem Sofia, a Sabia,
s6cios no afazer da exceléncia plena.**
Como a urbe de rios sactos,
‘como o pais que zela pelo amigo,
teacolhe, jinto aos demais,
fmpia matadara de flhos?
Vislumbra 0 cruor das crias,
vislumbra o crime que praticas!
‘Todas aos teus joelhos
rogamos tudo:
no cameies a prolet
De que ponto da anima 0 af
atinge os bragos,
a0 avanco do arroubo hérrido
contra 0 coragio dos garotos?
‘Como, & mirada pibere,
‘manterés ilierima, a sina facinora?
Impossivel, 20 rogo prostrade dos meninos,
© Rio teiense
cy
4 No originals imagem indica Sofa num tron, lndeada por Amo-
ses Una posal alesfo ora do Amor presenta por Pato em O
bong.
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‘Taoov, atotuat oe xv eiprpévaw
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Sods x neyo, Bev nopiGovrow Kahds:
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_peiyo0c fic Kai onewigovras gihovs
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fog 25" iv mpookapis, Ey 8 &pporv,
xa Eupmepavs, kak wapeordvan Nie
vipgny re x8 iovoe iota 028.
EAN fap old dope, ofp xen,
‘yuveesoixowy yp 0 dyorotBon next,
108
‘maculae a mo imane,
sem intimo calafrio,
hepa Jao}
Basho.
[io fago ouvides moucos, a despeito
dle tua animosidade. Algum pedido
novo te leva a me querer aqui?
MEDEIA
Retrato-me da ofensa que te fiz:
‘amor que entre nds dois preexistin
talvez tore meu sucto palatavel.
Ralhei de mim para comigo: “Es tola,
a ficia do delrio ve domina,
zangada contra quem sopesa tudo,
avessa a quem comanda este lugar
0 teu marido, sébio no que faz
a ti mesma, casando com princesa,
mae dos irmiios de quem & mae! A c6lera
alo cede? O deus & prestimoso e solces?
[io te é familiar 0 exilo? F 0s filhos?
Desconheces 0 prego do vazio
de amigos?”. Vislumbrei, no automerguiho,
‘a estupider do meu sessentimento,
Me apercebo do quanto te preocupas
‘em nos propiciar parentes nobres.
Errei ao me excluir do plano, a0 no
colaborar, a0 ndo servir a noiva,
sorrindo & beira-leito, Somos como
somos. Mulher no & um mal; die
10 56 mulher: Nao queiras ser igual
ms005’ aveirsivety vim! dvti vyrtioy,
apiéqecBa, xai payev KoKdic gpovel
t6r', GAN Gpewov viv BeBovhevpon rab
réxva téxva, Being, heimete oveyas,
Ger, GomdoacBe nai mpootine
rapa fy, no Bucky ps
is mpd Qs és hous jmp pe
crnovbai yp yt xa pcOeocnce So,
AaBeaDe yerpic SeEitic: olor, KaKdy
Ss voi Bf nO eepupieen,
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ouniv: yuvaexds Zoya rata axippovos.
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“i npan' ZacaBen cv kaory vious.
ENV cigtveo8e- wiNha 8 Eepyterax
106
no mal, opondo a minhas eriancices
criancices, Assumo meu equivoco,
agora que aprimoro meus projetos:
vinde filhos, sal da moradia,
‘num abraco, seudai junto de mira
Jasio, no mais alimentando 6dio
‘ontra quem tanto amamos: a concérdia
seina em lugar da prévia discordancia,
‘Tomai sua mio direita (posso ver
a ponta da cacéstrofe. Ai de mim!)
‘Terei 0 afago, filhos, deste abraso,
20 longo do viver? Tristezal © medo
se me apodera em meu afi de pranto.
1Niio mais sujeita& briga com o pai,
sreus olhos, déceis, mal contém as ligrimas.
coro.
De meus olhos decal o pranto livido.
Que a progressio do mal aborte agora!
Asko
‘Sou s6 louvor, mas nio desdenho © que antes
pronunciaste, pois € notmal aféria
se nipcis de outra ordem se oferecern
40 mario. Teu coraga0, maduro,
‘se metamorfoseia: vés quem pensa
ethos, sinal de sensatez. O pai
no carece de lncidez, meninos,
eum nume nos reserva a uz no epilogo:
pressinto que encabegareis Corinto
com os irmios. Crescei, que eu culdacei
do resto, se 0s olimpios ndo me negam
1-xarip Te xal ®y Bons tov stpevi
Bown 8 dpc ehtpageis fing rdhos no
HodSeas, &y8pcv ww icv Smeprépous.
névoW
i Bap’ & xadorever
xa vv ev évOpcsro.ow,of8" bys, oh,
aerrsv re némhov xo rhékov ypuoiarox)
-natbog pfpovras. AN’ Saov xéy0s ypetoy
xowov xopige Bepo rpoadhioy rv
eiBawpoviion 8 oi vy, &Mka pupic,
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xn % xéojov 8y 08! "Hos
repos narip 5ibaot éxyévouaw of
__ Guo gepwis née, wae, ips
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‘pipovres to: Bape pay Baer,
18d paroia, wonders xevois pag.
Soxsic onravite bya Bacihaov withav,
Bors 8 youoots oe, Siow vB
110
asso.
Versi se posso persuadi o rei
MEDEA
Quem sabe a intervengao de cua esposa
rio demova Creon da decisio.
Asko.
Boa ideial Sei bem como a convengo.
MEDEIA
Se nao difere de outras de seu sexo.
‘Mas néo me furto a te prestar auxilio,
pois ela obtém de mim a rutilancia
clos donaires: 0 peplo esvoagante
(carro-chefe da moda entre as mulheres)
¢ grinalda, tecida em ouro. Eudémone,
ro é dona de um bem, que os tem iniimeros:
desposa um homem que sopesa tudo,
£€0 adoeno eujo dono foi o Sol,
meu avd, dadiva dos seus, Ihe oferto.
Que um servo apanhe o cosmos dos adornost
Ios fibos
‘Toda atencio, meninos, a0 levardes
a joia nade pifia a noiva altiva,
meu brinde ao vineulo que se anunciat
Jasao.
“Tola, por que frustrar tuas mios de dons?
Imaginas que a0 paco faltem peplos,
(our? Mancém contigo teus adomnos!
aneinep yap pis AB. Réyou wig
‘ov, mpoBjoe ypnydacy, op" of! By
mss
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{1900 BE xpsioctaw yupow Mbyeov Bporoe.
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EN’, Env’, chek Bee Mhovaions Béyoug
reap véaw vrai Beoénw 8° fy,
ineseie', arene pati yOSue,
apo Bibovec, robe yp Shore Bi,
& eip’ exci Bipa 6&a00a x66
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Bigeroe wiga ypuotaw Svabeopv
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reiow pis dyBpdonde aba némhov
pussies Te otégavoy nepxBEoBa
vepriposs 8 fn mpa wppoxojions.
Se a noiva me reserva alguna estima
por quereeme mais do que a0 metal.
Eras: dons dobram deuses.*? Ouro vale
mais & gente que um rol de boas razées,
‘Tem boa estrela: um nume apigantow
‘a neoprincesa. A vida empenharia
ouro para poupar do exilio um filbo,
Entrai no lar dos plotocratas,filhos,
pedi & noiva de Jasdio a re-
versio da decisio que vos desterra,
dando-lhe o cosmos dos adornos. Eis
co capital: que suas mios os colham!
Rapido! E, no retorno, anunciai
‘6 cumprimento, anjos, do meu sonho!
er fatto, 0 seve com of presnts eo filbos)
Deixei de eterna vida dos meninos.
Deixei de eter: via é do assassinio
[Nas mios da noiva o diadema de ouro;
Depie no louro dos cabelos
tum cosmos, adorno do averno.
Sucumbe 20 sutil, a0 brilho ambrosiaco,
‘eveste 0 véu,2 gala da guirlanda,
fe entee sombras a noiva se emaranha.
© Dito popular prevents aa Repabc, I 3908, <0 Ale
des, 1986soioy es tpnos neosieor
veal poipay Bewrou Bioxavog: raw 8°
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Ssorave, poipas Bao rapoiyy *
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Mg Ewvoreei nor vedne.
Beonow', apeivran matbes os oot puis,
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Exo epayas fama apna
roi diva x68" Epo Bey Ayo)
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1m
A triste se entrama e romba
na sina sinistra, De ate, a rina,
nfo escapas,
Nulo noivo, elo torvo
‘com reis,
aos filhos conduzes, sem sabé-lo,
a vida esvaida,
tinatos tétrco @ esposal
TImenso o recuo da moicat
Lamento a tua dor, 6 miseranda mac!
‘Mataras 08 meninos
por nédoa em teu nicho.
Malogea a leis 0 marido a troca
por mulher de outro logradouro!
PEDAGOGO
(© desterro no mais ameaga a dupla,
© 0s presentes, a noiva satisfeita
fos recolheu. Hi paz para os meninos
Ei!
Desde quando o sucesso anuvia?
Por que desviar 0 rosto,
sogobrar & noticia?
MEDEIA
Ait
Pepacoco
Reages com tristeza & novidade?
nsci pak os
yovew
ob ola, BdEng 8° éog
fiyvedas of fyredas of of phipopa
mawararor
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diye Ka gpovod” funyavnodymy.
nawararos
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Ait
PepAGoCO
Do revés sou ntincio involuntério?
Erro? Trago noticias negativas?
MEDEA,
“Mensagens sio mensagens. Nio te inculpo,
PepAcoco
Por que declinas 0 olho raso d'agua?
‘Nio é por mero acaso. Calealando
cerrado, deflagrei(e 0s deuses) isso.
“Teas filhos hio de propiciar tua volta!
MEDEA
Esea infliz guiaré outros abaixo.
mpacooo
‘Das mies os filhos se desencabrestam,
E do homem suportar sensaboria..
MEDEA
[Nao me furto a0 destinos cuida que ambos
aufiram 0 que o dia-adia dite.
De morada e cidade, flhos, ndo
carecerd nenhurm dos dois, ausente
urcssies’ ail psc Zovepryévon
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nipiv ogg Suda xd sbBaiiovas,
"piv erp xa cite Ko yopnhioug
vis dy at haymedBag + dvaayebeiw
B buordhawa vs iis abBoBias.
Bidar Bp" ye, b ve’, eBpepspny,
Dos 8 insyBoww Kak karefvPay vo,
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a mie, apés o adeus carpido. Vou-me,
andarilha de incertas geografas,
frustranea na visio do regoziio,
sem Ihes doar adorno pars o leito
rnupeial, em soerguer a tocha ao céu.
Quanta soberba a deste ser transido!
Nada valeu, meninos, meu empenho,
nada valeu sofrer as convulsses
doloridissimas do parto, Sonhos
indreis que nutri ao vislambrar
nas erias mea amparo na velhice,
puro em ritos funeriios — pice
do que pode sonhar quem vive! Ait
Morreu-me o doce plano sem os dois,
esta a amargura, resta 0 dissabor,
sequestrados de mim 0s olhos ritilos,
distantes noutea forma de viver.
Por que cravar em mim o esgar ambiguo?
Por que sorrit-me 0 derradeiro viso?
© que farei? Sueumbe 0 coragto
20 brilho do semblante dos garotes.
Malheres,titubeio! Os planos pe-
riclitam! Vou-me, mas com meus dois filhost
Prejudicareriangas em prejuizo
do pai no dobra o mal? Fara sentido?
Comigo néo: adeus, projetos arduost
(© quesse passa em mim? Aceitacei
1 escamio de inimigos impunidos?
Que infimia ouvir de mim reclamos tipicos
de gente frouxal Ao rasgo de ousadiat
Para dentro, meninos! Se a lei veta
a presenga de alguém no sacrificio,
ngai whine apa ob rap
1 Bina, Bop pha Epyioy ne
Faoov attovc, & réhav, peiaas TéKviov-
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pi 8 xpeioowy 150 iv Bovheysday,
amen peyionow ais kann ports
20
é problema meu, O pulso agita-se.
Deixa de agie assim, 6 coragéo!
[Nao queicas,infliz, punt os flhos!
No exilio, 0 bem se aloja em nosso espirito,
© vingadores do infero, aléstorest
Esté para nascer alguém que agrida
uum filho meu! Se ananke, 0 necessirio,
impie sua lei indesvidvel, nés
-
‘yeake 8 eB, xa mepmiasyépas
xsl npooaubiv 10166". Bore na,
230
E
delonga o estrfdulo num conteacantos
& morada do pai corre uma ancila,
‘enquanto alguém do grupo busca 0 cénjuge,
para deixiclo a par do acontecido.
No paco ecos a rapider dos passos.
Um viajor ligeir, algando a perna,
jf atingiria a meea ao fim do estédios
assim o triste ser gemente abria
‘0s olhos no retorno do silencio.
Duplica-se o penar de sua investida,
pois o outa do diadema sobre a testa
‘em fogo panvoraz se liquefazs
‘0 peplo lindo, oferta dos meninos,
ofa a carne branca da desdémona.
Pala do assento, foge em labaredas,
no agito das melenas: quer tirar
2 guirlanda, mas 0 ouro se enraiza
‘©0 fogaréu, assim que ela revolve
a cabeleira, dobra 0 luzidio.
Quem reconheceria 0 ser rendido
-20 chao, exceto 0 rei Creon, seu pai?
Nem a forma dos olhos era clara,
nem os tragos do costo; seus cabelos
‘vertiam fogo rubro gota a gota.
‘Oculto, o firmaco remorde e afasta
came e 050, qual pinho lacrimoso,
Cena soez! Ninguém de medo toca
‘em quem jazias 0 azar é um professor.
Eo pobre pai, ingenuo da catistrofe,
aproxima-se e cai sobre o cada
abraga a filha aos prantos, com a vor
sustida pelos beijos: “Filha minha,
Bt‘igo! G8! riptas Saapsveov deedhece;
-xic rav yépovra tipBov dpyaviy ofBev
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13
aque deménio infame te matou?
Que daimon te privou da tumba rota
‘que envelopa teu pai? Quero ir contigo!”.
‘Num lapso de solugos ¢ seclamos,
‘quis soerguer o corpo anoso, mas,
hhera presa em ramagens do loureiro,
a tinics o retioha, Dura pugna:
luteva para contrair o joelho,
2 filha 0 impedia. Dava um tranco,
dos ossos a carnica encarquilhada
se despregava. O pobre cede a vida,
aquém do poderio daquela praga.
‘Cadaveres jaziam lado a lado,
catéstrofe nutriz de um mar de légrimas.
Excluo do men discurso 0 teu quinkio,
‘cuja pena tu mesma has de saber.
‘Mais uma vez constato que a proeza
Jmumana é sombra, ¢afiemo sem temor
de ercar que © homem que se arroga sibio,
‘bom no palavreado, sofre 20 méximo:
io € da esfera humana ser feliz,
Se 6 ouro afi, alguém sera mais bem-
-aventurado que outro, no feliz.
[Baio mensagero}
ono.
‘Uin deus ditou — se me parece — 0 actimulo
de males mum s6 dia contra o cénjuge,
[Nos cala fundo o teu desastre, moga
‘que esvai pelo declive& casa de Hades
or contrair as nipeias com Jasio!
133sain
‘ior, BéBonren rotpyov ¢ raxworé yor
snaiBos xravotap His8’ agoputiobar yPovss,
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EAA wn, gg Byes, p=
MEDEA
std tracado, amigas: mato os filhos
ce apresso a fuga, Nao existe um see
— um ser somente! — que suporte ver
© brago bruto sobre os seus. Nao terdo:
‘© fim dos dois se impde e a mie os mata,
se 61880 0 que ha de sex. O cor
hoplita, descumpeir esse ato horrivel,
se ananke, 0 imperativo, o dita? Empunha,
érbida mo, 0 glidio, e mira o wiste
umbral de tinatos! Deslembra o amor
de mie, ndo te apequenest Na jornada
brevfssima de um dia, nao te atenhas
40 fato de que deles é a origem,
posterga tuas Kigrimas! Amaste
‘quem dizimas, Funesta a moica mesta.
Medea entra wo palo)
6 Terca, 6 ritilo pleniluz de Hléio-Sol,
vislumbrai, abaixo vislumbrai
4 pobre mulher, antes que soerga 0 brago
cruel, algor de filhos!
Descende de sua estirpe douradas**
apavora que homens provoquer a queda
de sangue divino.
Luzeitoiluste, impedes, retém-na,
Os for de Medea 0 descendents do So
as{ye kandnaugoy, Heh’ okey wéeuvdiy
‘yoviav e "Epiviv brehéoropov.
rev dog Eppa xExviow,
do Spa yév05 giktow Erexas,&
raed nota EymhnysBe
rrtpiv8Gevorrérav dich,
{Beihai x aos gpevv Bop
Slog npoorteva xa Svopevist
9005 Spero:
oho Yap Promos dye d=
ce’ br ye, abropva
cts ob ots revo,
Rayo, b xaos yoven.
= oso, Spins not py ppg pas:
ol ob", bbehpé gikear' ANAipeo6 yp.
‘rapéhto Bépous Spigas gsvow
Bons yor réxvoxs.
16
cexpulss da morada a Brinia rubra, misera
cenviada de aléstores, os vingadorest"? 120
De que valeu penar pels prole, amt
de que valeu gerar meninos benquistos,
Beano Snel, "Das ahs Zeogis ber Sokenes", Piolo, 97,
1948, pp. 12534
v3Wilamowitz: personificagio de um deménio (“cin Damon”)
externo, que agiria na protagonista!” Media no s6 sabe 0
gue faz, como tem consciéncia do que a leva @ fazer 0 que
faz. Essa percepsio dos mecanismos psquicas num momento
exttemo & 0 que a torna tio arrebatadora.
Parafraseando o titulo do conhecido liveo de Paul Veyne,
poderiamos, por fim, indagar:“Acreditava Euripides em seus
tmitos?*. A tendéncia a responder negativamente essa questio
grande, nao foraofato de o poeta dara impressao de acre-
dicar na motivacdo verbal do mito, Em outras palavras: Eu
ripides acredita piamente na linguagem do mito, em sua po-
tencialidade expressva. A expressio mitolégicaaltera-se de
mod radical quando ele passa a colocar sob foco a vor que
ressoaintrospectivamente, Sua obea teatraliza diferentes pe-
ripécias e enigmas subjeivos. O ensedo que entretém o pa
blico éfruto de conflitos que designamos corzentemente co
smo “pessoais”, Trata-se do “mistéio” distintivo de cada um.
AA divida, 0 vaivém das decisbes sujeitas a oscilagées de hur
mor, a multiplicagao de pontos de vista, o deseontrole emo-
ional so apenas algumas das stuagées exstencais que nos
aproximam dos personagens desse autor. O bom senso da
vor corrente € outro parametro nas encenagies do patetis-
mo patol6gico de seus herdis (ha ainda “herds” em seus dra-
mas?}. Nao se tata de um universo exemplar, mas sim frig
na eseuturagio da psique vulnerivel em sua neurose. © com-
portamento de Medeia nfo € motivado pela manutengéo de
ta aura (como em Antigone), mas pelo efeco de suspense
ede horror que pode provocar numa plateia aterrada pelo
absurdo do gesto extremo, Esquilo elabora uma estratégia
bastante complexs, através de imagens cripticas e exasiantes,
2 A cota a Ulich von Wilamorite Moellendof fo formula
or Viecenzo Di Benedewo em Ewipdeteatoesciet,Tari, Fina,
1971, pa
1%
para poupar o piblico do patetismo cruel que aniquila Aga
mémnon. Euripides se interessa justamente pelo efeito do
‘esto cru. A deformacio fsica &descrta pelo mensageiro com
certo deleite objetivante (perversio descritiva do autor via
personagem?). E hé o prazer ambiguo de quem o escuta, a
secepgdo sidiea de Medeia que amplifica 2 horripilancia do
teatro. O uso de material convencional na tragédia de certo
modo limita 0 efeito de suspense, pois conhecemos de ante
indo a fatalidade do desenlace. Sem poder contar plenamen-
te com tal recurso, Euripides buscou novas motivagées para
‘0 crimes e sua cecepe0. Quanto mais cruel o horror, maior
‘0 mal-estar do piblico, Medcia poderia vingar-se de Jasio,
restringindo a matanga aos filhos, mas é a morte da prince:
‘sae de Creon que permite a Eusipides introduzir o elemento,
‘grotesco, irdnico ¢ paradoxal, tio marcante em sua produ-
‘A vaidade feminina sujeita a modismos causa a morte
dda filha do rei, 0 outoliquefeito no fouro dos cabelas defoe-
rmacthe o rostos a carne encarquilhada do tirano se desprega
do corpo combalido, “qual pinko lacrimoso” (v. 1.200 do
‘original prego), arremata 0 autor, que recorre & inesperada
imagem natural para caracterizar 0 torpe dilaceramento da
‘carniga do exemandacério de Corin
‘Ao invés de vislumbrar no mito o repertério de narrati-
vas tradicionais em que os deuses interferem enigmaticamen-
te nas agées humanas, confgurando de maneira latente €
‘oculta 0 destino, como em Séfocles, Euripides constr6i ages
‘com base em mortivagdes inéditas e originais, a beira do ab-
ssurdo. O quanto elas se revelaram premonitérias é apenas
um dos aspectos que continua a manter viva sua obra, Ne-
nnhum outro autor grego mostrou tanta consciéncia quanto
20 caréterilimitado da invenglo (excetuando'se talvez Pin-
aro, para quem a invengo se confunde, entretanto, com 0
extase diante da epifania do artificialismo extremo). Euripi-
des nos da a impressio de nio eserever propriamente pecas
‘agicas, mas de exerctar e pesquisar novos parametros do
wstexto dramético. A dimensio plastica eexpeessiva de sua lin-
‘guagem continua a soar dissonance, fantasmagérica e verti-
ginosa a quem o lé eo vé, Ela deixa de ser a manifestagio do
monstruoso (desvelamento da pequencz humana diante da
magnitude divina), para se tomar a expresso da monstruo-
sidade (desvelamento da patologia animica do homem dian-
te desi mesmo), A monstruosidade frequentemente desbor-
dda, apresentando em sua centelha um tom deliberadamente
kitsch (00 6 um trago que diferentes obras de vanguatda des-
‘cortinam?). Mas essa € apenas uma tra que se entrelaga em
coutras (humo, por exemplo), que parecem inesgotaveis e que
{dio a impressio de escapar 20 dominio do proprio autor. De-
feito? Absolutamente, se lembrarmos a frase de Paul Valery:
“Lewwure dure on tant qu'elle est capable de paraitre tout au-
tre que som auteur Vavait faite”. B uma das questbes susci-
tadas em quem relé dramas como Medeia& justamente até
_que ponto 0 autor teve clareza de seu arrojo descomunal.
4 obra perdara na medida em que ela capes de parce total:
monte divers dau que seu sor conch."
176
Métrica e critérios de tradugio
Acestrutura métcica da tragédia grega € bastante com-
plexa, Nos didlogos, predomina o trimetto jambico, que pos-
sui o seguinee esquema:
Em outros termos, a primeira silaba do segmento ("pe")
pode ser breve ou longa; a segunda, longa; a terceira, breves
1 quarta, longa, Essa unidade € repetida trés vezes no verso.
[Em lugar da alternancia entre silabas étonas e tnicas, em
‘prego o ritmo varia entre breve e longa (esta itima tendo
cduas veaes a duracio da breve).
Por outto lado, a métrica dos coros ¢ bastante diversfi-
‘cada e apresenta dificuldade ainda maior de escansio, decor-
rente, entre outros motivos, do actimulo de elisbes ecestras,
bastante comuns nesses entrechos.
‘Na traduglo da Medeia, uso 0 decasslabo na maior par
te dos dislogos, com variaglo acentual,respeitando os pa
metros ritmicos possiveis para esse tipo de verso em portu-
_gués, Nos episédios coraise nos didlogos que no seguem 0
padrio do trimetro jmbico, emprego o verso live, privile-
giando a acentuacio nas silabas pares.
‘Adotei procedimento semethante na tradusio do Filoc-
tetes, de Sfocles (So Paulo, Editora 34, 2009), onde, numa
nota sobre o assunto, inclu’ um percurso dos versos gregos ©
as opgdes para o portugues.[A melhor apresentacio da métrica da Medeia que co-
sinego a que Donald J. Mastronarde traz em sua edigio da
sya (Euripides — Medea, Cambridge University Press, 2002,
p. 97-108), Trata-se de un campo extremamente compexo,
aque demanda um conecimento técnico especiico. Embora
42 edigio inglesatenha como alvo 0 piblico académico (texto
{g1eg0 sem tradusio}, a apresentagio dos parimetros métr-
os em forma de topos curtos tlvez ausilieo leitar menos
familacizado com essa questio.
1%
Sobre 0 autor
Os dados biogrificos sobre Ruripides so escasos em sua
mmaioria,fazem parte do anedotivio, com base sobretudo no peso-
ragem cémigo “Euripides”, ecorrentena obra de Aristfanes (a
slusto, por exemplo, ao ftoinverdico de sus mie ser uma veedu-
‘eira nas Tesmoforiants.... Durante 0 periodo helenistco, turistas
estrangeitoseram conduzidos a uma gruta em Salamina onde Eu-
ripides teria dado aas a imaginagio, isolade do mundo... Nao se
sabe a0 certo se ele ou urn homnimo pratcou também a pincu
ncontrada em Megara. Euripides nasce em e480 a.C.ailha de
Sslamina e morrew em 406 2.C. na Macedénia, para onde se trans-
feriu em 408 2.C,a convite do rei Arqulau. Seu pai, Mnesareo,
ra proptctiio de terra, Sua estreia num concursatrgico ocor
eu em 455 2.C., ano da morte de Esquilo. Obteve poucas viérias
(apenas quatco primeiros prémios, o mais antigo, de 441 2.C., 20s
‘quareata anos de idade,fato normalmente evocado para jstiear
‘ amargor do exo volunttio, Das 93 pegas que tradiionalmen-
te lhe sioatibuidas, chegaram até nds dezoito,oito das quais da
tadas com preciso: Alceste (438 a.C.), Medeia (431 aC.) Hipal-
to 428 aC), As eroianas (415 a.C), Helena (412 a.C.}, Orestes
(408 4.6) Tfighnia om Aulise As bacantes (40S a.C.). As peas
compostas na Maceddnia foram representadas postumamente em
“Atenas por ses filho homénimo: Ifigeuia em Aus, Aleméon ont
Corintae As bacantes, Diferentemente de Esquiloe Sfocles, Eu
Pidesndo teve participa politica nos afazeres de Atenas. Ness
senna, Arsteeles menciona na Retrica(1416a, 29-38) 0 proces
50 de *troca™(antidoss} em que oescritor teria se envolvido l=
vvado a cabo por Hygiainon, provavelmente em 428 a,C, Segun
‘do eae tipo de process, um cidadio poderiaencarregar outro de
19uma determinada aividade em prol da cidade, Em caso derecusa,
teria oditeito de propor atroca de patriménio, Ea primeiro caso
de antidosis de que se tem noticia € justamente esse conta Eur
pide. Sdo conhecidas as passagens das Ras de Aristétanes (vet,
por exemplo, o verso 959) em que se fala de sua preilesto pela
representagio de sinuagées covidianas, da Poti (1.4606. 33S),
em que Aristelescomenta que, diferencemente de Séfocles, que
presenta os homens “como deveriam ser", Eutfides os represen
{1 "como s20”.J4 na antiguidade, com Longino (Do sublime, XY,
45), alude-se sua maneea de fepresentar naturaliscamente &
psigue humana, sobretudo feminina (de fao, sfo momerosas as
personagens que surgem sob esse enfoque: Medeia, Hécubs, Elec-
tra, Fedra, Creusa). Entre as inovacdes que introduria no teatro,
cabe embiaro recurso do deus ex machina « apericio sobrevoan.
te, por meio de uma grua, de um deus (aspecto criticado por Ats-
toteles na sua Podtica, L454, 2 s.
190
f
Sugestdes bibliogratficas
‘A edigfo critica de Donald J. Mastronarde (Euripides — Me-
dea, Cambridge University Pres, 2002) apresenta wm comentiio.
‘enetrante,snoragGeseruditas e bastante eluciativas. Dira que
‘ela complementa em vavios pontos a de Denys L, Page (Euripides
= Medea, Oxford University Press, 1938), que no deve ser des
‘artada por quem pretende se aprofundar no drama de Euripides.
(Os estdos sabre a pega io mumerosissimos. Cito apenas alguns
‘que podem serve de ponto de parida para furras pesquisa. Des
‘de logo, cabe mencionar o notévelliveo de Piezo Pucci, The Vio
lence of Pity in Euripides’ Medea (Cornell University Press, 1980),
‘enteado na “reréica da piedade". O cassco ensao sobre tragos
heroicos da protagonista, “Medea of Euripides”, de Bernard Knox,
publicado originalmente em Yale Classical Studies, 25 (1977, p.
4193-225}, ol nctuldo em Word and Action: Essays onthe Ancient
‘Theater, Johns Hopkins University Press, 1979. A ancologia orga
nizada por Judith Mossman, Oxford Readings x Clasical Studies
— Euripides (Oxford University Press, 2003), teaz o comentirio
de PE, Easterling sobre oinfatiidio no drama ("The Infanticide
in Borpides' Medea”). Sugiro ainda outeas das antologias de en-
saios sobre a tragédia: Medea nella letteratura¢ nellarte,livso
‘organizado por Bruno Gentil Franca Perusino Venera, Marsi-
lio, 2000), ¢ Medea, organizado por James J. Clauss eSacab les
Johnston (Princeton University Press, 1997}, Aos leitoresinteres-
sados especiicamente na mitologa Sobre Jasio e Medeia,cabe
lembrar 2 obra Le Mythe de Jason et Médéc, de Alain Maurice
‘Moret (Paris, Belles Lees, 1994),Excertos da critica
"0 racionalismo de Euripides pressupGe, com um forte sen
tide de realidede, o condicionamento que 25 paixées e,no gel,
uma situagdornio modifcivel pela ‘vontade’impdem ao homer,
Fedeatenta em vio eradicar de seu peito a paixdo peo enteado,
«20 fim, a solugio mais racional — a tiniea possvel paca ela —
consist em tomar pé da stuacio ¢ por fim & prOpria existncia,
‘Com um procedimento no idénico mas andlogo Medeiaconsegie,
num esforgo extremo de reflexao, perceber que é dominada por
‘uma forsa eapaz de imporse no somente ela, mas, abrangente-
mente, a todos os homens. Seu raconalsmo consist no fata de que
seu inelecto consegue enquadrar sua stuaco pessoal num contex:
te mais amplo cem percebes, com plena lucder, 0 infeli destino a
cujo encoatro ela vai inevitavelmence, dada a situagio, Uma ver
que o thyme se pe como uma orga’ por asim dizer extrapessoal
contra a qual 0 impulso do afeco materno torna-se vio, 9 ‘com-
preender’ se exprime em tomar conhecimento da necesidade a que
2 sitagio ‘objetivament! Leva.”
‘Vincenzo Di Benedetto (Eurpide teatro e societ 1971)
“Esea apresentacio em terms heroicos de uma esposs estan
sera rejitada, que viria 2 matar a nova esposa de seu marido, 0
pai de noiva c fnalmente os préprios filo, deve ter deixado &
plateia que vu a pega pela primeia vex em 431 a. algo income
dada. Hersis, coma se sabia ito bem, eram seresviolentos¢,
‘como vivessen e morressem pelo simples ego ‘ajude os amigos
eprejudique os inimigos’ era de esperar que suas vingancas, quan-
do se sentisem injstamentetratados, desonrados, diminuldos,
fossem monumentaise fatais. Os poemas épicos realmente nig
183uestionam o dizito de Aquiles causar a destruiglo do exército
‘rego para se viagar dos inultos de Agamémnon, nem a earn
na que Odisseu promove de uma jover geragiointeira da arsto-
cracia de ftaca. O Ajax de Sofocles ni v nenhum crro em sua
tentatva de matar os comandantes do exército por Ihe trem nega-
‘do o armamento de Aquils. Sua vergonha decorre simplesmente
‘de sex fracasso em atingir 0 objetivo sangrento. Mas Medeiaé uma
mulher, esposa e mie, e também uma esrangeiea. Ainda assim ela
‘age como se combinasse a viléncia erua de Aquiles com 0 fio