0 notas0% acharam este documento útil (0 voto) 90 visualizações13 páginasBAKHTIN Dialogismo e Construcao de Sentido Prof Regiane PDF
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu,
reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF ou leia on-line no Scribd
CONTRIBUICOES DE BAKHTIN
4S TEORIAS DO DISCURSO-
Diana Luz Pessoa de berro
omo ¢ dou con reficxoe’
nuidade
(1994) sobre as contribuigdes de Ba
lexios ¢ dos discursos. Bakhtin influ
aiguma,
anteriores
lin ao exame dos
neiou ou anlecipou a
s dos estudos sobre o texto co d
desenvolvidos sobretudo nos tiltimos trinta anos.
Os estudos do*texto ¢ do discurso lomaram, no periodo men-
cionado, diregdes diversas, com principios e métodos diferentes
"ssentados cm quadros tedricos diversificados. E 0 caso enlio de sc
Perguntar de que forma e por quais razdes Bakhtin pode ser consi-
dcrado uma espécie de precursor ou de antecipador de perspectivas
eéricas 10 difcrenciadas. Este trabalho procura mostrar que foram
fobretudo suas reflexes variadas sobre o principio dialégico que
‘nteciparam c influenciaram os estudos do discurso ¢ do texto, atual-
fet ene; & com esse fim, organiza-se em duas
Sido}, cons ‘ aso nea concepgao de texto (discurso ou enunel
aS objeto das cigncias humanas; a segunda sobre o principio
Ses Oo © SOUS desenvolvimentos em
€ =
Ge texio. A Scgunda parte subdivide.
princi-
Pals orignlagbes ledric
”
diferentes teorias do discurso
~S¢, por sua vez, em duas ou-tras: uma sobre o dialogo entre intcrlocutores, outra sobre o didlogo
entre discursos (ou cnunciados, no dizer de Bakhtin).
1 O texto: objeto das ci¢ncias humanas
Ao contrario do caminho cmpreendido pelos estudos lin-
gilisticos, que tomaram a lingua por objcto e comegaram pela busca
de unidades minimas ou de unidades até a dimensio da fr
Bakhtin afirma que a especificidade das ciéncias humanas esti no
fato de que seu objeto & o texto (ou o discurso) (1992:31). Em out
palavras, as ciéncias humanas vollam-se para 0 homem, mas ¢ o
homcm como produtor de textos que sc apresenta ai. Dessa concep-
gio decorre que o homem nao sé ¢ conhecido através dos textos,
como se constréi enquante objeto de estudos nos ov por meio dos
textos, o que distinguiria as ciéncias humanas das ciéncias exatas ¢
biolégicas que cxaminam o homem “fora do texte”. Bakhtin pro-
péc, para cada ciéncia humana, um objeto textual especifico, pois
pontos de vista diferentcs sobre © texto constroem “textos” ¢, por-
lanto, objctos também diferentes.
A lingiiistica seria uina dessas perspectivas, a teoria do dis-
curso (metalingilistica, em Bakhtin, ou translingiistica, come pre-
fere Todorov) outra. Optou-se por tcoria do discurso para o corres-
pondente hoje da translingiiistica ou da metalingiiistica de Bakhtun,
ao contrario de Todorov que considera que “pragmatica” seria o
nome atualmente mais adcquado.
Ao tratar, em seus escritos, do tcxto como objeto das ciéncias
humanas, Bakhtin aponta ja as duas diferentes concepgées do prin-
cipio dialégico, a do dialogo cnire interlocutores c a do didlogo
entre discursos, pois considera que nas ciéncias humanas 0 objeto ¢
© método sao dialogicos:
Quanto ao objeto, o texto se define como:
a - objclo significante ou de significagao, isto é, o texto significa;
b - produto da criagdo idcolégica ou de uma cnunciagdo, com tudo
© que csta ai subentendido: contexto historico, social, cultural,
ctc.(Em outras palavras, 0 texto nao existe fora da sociedade, sd
existe nela ¢ para cla c ndo pode ser reduzido a sua materialidadelingiiistica (empirismo objetivo) ou dissolvido nos estados psiqui-:
cos daqucles que o produzem ou 0 interpretam (empirismo subje-
tivo));
¢ - dialégico: ja como conseqiiéncia das duas caracteristicas anterio-
res 0 texto ¢, para o autor, constitutivamente dialdgico;. define-se
pelo dialogo entre os interlocutores ¢ pelo didlogo com outros
textos;
d- unico, nio reproduzivel: os tragos mencionados fazem do-texto
um objeto dnico, nao reiteravel ou repetivel.
Deve-se mencionar a esse respcito que, para Bakhtin, a lingiiis-
tica faz abstragao das formas de organizagio do texto ¢ de suas fun-
¢des sociais c ideologicas, ¢ seu objeto é, portanto, repetivel,
so de se perguntar sc para o autor ¢ cla uma
reitcravei, Seria o ca
humana.
Quanto ao método nas ciéncias humanas, Bakhtin afirma que
rata da compreensao respondente: procura-se conhecer um ob-
jeto, nas ciéncias naturais, um sujeito - produtor de textos ~, nas
ciéncias humanas. E diz o autor:
“As ciéncias cxatas sio uma forma monoldgica do conhecimen-
to: o intelecto contempla uma coisa e pronuncia-se sobre cla. Ha
um Gnico sujcito: aquele que pratica o ato de cognigéo (de contem-
plagdo) ¢ fala (pronuncia-se). Diante dele, hd a coisa muda, Qual-
quer objeto do conhecimento (incluindo o homem) pode ser perce-
bido ¢ conhecido a titulo de coisa. Mas 0 sujeito como tal nao pode
ser percebido c estudado a titule de coisa porque, como sujcito, nado
pode, permanccendo sujeito, ficar mudo; conseqiientemente, 0 co-
nhecimento que se tem dele sé pode ser dialégico” (1992:403).
As relagécs entre 0 sujcito da cogni¢io e 0 sujcito a ser co-
nhecido nas ciéncias humanas sao, para Bakhtin, relagdes de comu-
nicagao entre Destinador ¢ Destinalario. O sujeito da cognig&o pro-
cura interpretar ou compreender o outro sujeito em lugar de bus-
car apenas conhecer um objeto. Citando:
ciéne
A comprecnséo é uma forma de didlogo, ela esta para a
emunciagao assim como uma réplica esta para a outra
no didlogo. Compreender é opor & palavra do locutor
uma contrapalavra (1986. 131,132)As reflexdes de Bakhtin sobre as ciéncias humanas ¢ a lingua-
gem indicam ja algumas das razécs que o tornaram precursor ¢
antecipador dos estudos do discurso. Scu ponto de partida, scu ges-
to inicial na concepgao da propria ciéncia ¢ o de colocar o texto
como fulcro, como lugar central de toda investigagio sobre o ho-
mem. Ainda hoje, muitos dos cstudiosos da linguagem tém dificul-
dade em accitar isso, em reconhecer o papel do texto.”
2 Dialogismo
Deve-se observar cm primciru lugar que sc a concep¢ao de lin-
guagem de Bakhtin é dialégica, se a cigncia humana tem método c
objeto dialdgicos, também suas idéizs sobre o homem ¢ a vida sio
marcadas pelo principio dialogico. A altcridade define o ser hu-
mano, pois o outro € imprescindivel para sua concepg¢ia: ¢ impos-
sivel pensar no homem fora das relagdes que o ligam ao outro
(1992:35,36). Em sintese, diz o autor, “a vida é dialégica por natt
reza”.
E nesse quadro, portante, que tomam forma c sentido as con-
cepyécs dialogicas de linguagem e¢ de discurso que mais de perto
nos interessam. Neste estudo foram separadas as duas nogdes de
dialogismo que permeiam os escritos de Bakhtin ¢ procurou-se as-
sinalay o papel de cada uma delas nos estudos do discurso ¢ do texto
2.) Didlogo entre interlocutores
Em diferentes textos Bakhtin trata do didlogo entre interlocu:
lores c, com essa questao, ingressa no campo dos estudos que hoje
se desenvolvem sobre a interagao verbal entre sujcitos ¢ sobre a
intersubjctividade.
Quatro aspectos de sua concepgao de dialogismo entre interlo-
culorcs devem ser mencionados:
a - a interagao entre interlocutores é 0 principio fundador da lin-
guagem (Bakhtin vai mais longe do que os lingilistas saussurianos,
pois considera que a linguagem ¢ fundamental para a
io apenascomunicagio, mas que a interagao dos interlocutores funda ai‘lin-
guagem);
b - o sentido do texto ¢ a significagao das palavras dependem da
relagao entre sujcitos, ou scja, constroem-sc na produgao ¢ na inter-
pretagao dos textos;
¢ - a intersubjetividade é anterior 4 subjetividadc, pois a telagio
entre os interlocutores nao apenas funda.a linguagem ¢ dasentido
ao texto, como também constréi os proprios sujcitos produtores do
texto;
d- as observagées feilas podem conduzir a conclusdes equivocadas
sobre a concepgio bakhtiniana de sujeito, considerando-a “indivi-
dualista” ou “subjetivista”. Na verdade Bakhtin aponta dois tipos
de sociabilidade: a relag&io entre sujeitos (entre os interlocutores
que intcragem) ¢ a dos sujcitos com a sociedade.
Considerados esses quatro aspectos do dialogismo interaciona!
podem ser agora apontadas as contribuigées de Bakhtin aos estudos
a comunicagao ¢ da intcragao verbal. Entre outros, serao assinala-
dos: a questéo da variagdo lingiiistica, funcional ¢ discursiva: a
reversibilidade ¢ a construgio dos interlocutores no didlogo; o joge
de imagens, os simulacros ¢ as avaliagdes entre eles; a questao da
compcténcia dos sujcitos da comunicagao
Os estudos da comunicagao verbal nao partiram da ling
ca ou das teorias do discurso, mas tradicionalmente seguiram a Te-
oria da Informag¥o, que, nos anos 50, exerceu forte influéncia
lingiiistica. Se pensarmos na comunicagio entre seres humanos
mais especificamente na comunicagao verbal, algumas “dificulda-
des” siio encontradas nos “csquemas” oriundos ou herdados da Te-
oria da Informagao. A concepgado de Bakhtin de comunicagiio ¢ bas-
tante diferenciada das propostas da Teoria da Informagio e anteci-
pa muitas das “solugdcs” encontradas por outros estudiosos para a
comunicagio verbal entre seres humanos.
Trés sao as principais obje¢Ges que se fazem aos esquemas
mencionados:
a - simplificagdo exccssiva da comunicagao lingiiistica;
b- modelo lincar que sc ocupa apenas ou de preferéncia com o pla-
no da expressao;
¢ - carater por demais mec:Malmberg(1969) ¢ Jakobson( 1969) procuram vencer a primci-
ra dificuldade ¢ retomam c “compicmentam”, no scio das aborda-
gens lingiiisticas, as propostas da Teoria da Informagao, da Teoria
da Comunicagao ¢ da Ciberneti¢a para o processo de comunicagao.
Dessa forma, resolvem duas das simplificagées criticadas: a da varia-
G30 de codigos ¢ subcédigos a da diversidade de fungées da lin-
guagem, restringida, nos cstudos antcriorcs, a fungao informativa.
Bakhtin insiste cnormemente na questao da variagio lingiiis
lica, funcional, discursiva, facctas da heterologia ou pluridiscur-
sividade que, para cle, caracteriza os discursos. Ocupa-se, em seus
trabalhos, da diversividade de vozes, das linguas ¢ dos pos d
sivos. O termo hetcrolugia, embora em principio se aplique a diver-
sidade de tipos discursivos, ¢ cempregado muitas vezes, nos &: vs
de Bakhtin, para a diversidade em geral dos diferentes elemenios
que caracterizam o discurso: de género (tipos discursivos), de p:
fio, de cama:
s elementos de
em comunicagao vi
A segunde objegao fcita aos modelos d
a do carater linear dos csquemas,. teve como reagio os cstudos de-
senvolvidos sobretudo nos Estados Unidos, a partir dos anos SU, que
propdem um modelo “circular para a comunicagdo™: a comunica-
go, no quadro da teoria du “nova informagio”, da sociologia da
comunicagao ou da analise da conversagdo, nao deve mais scr pen-
sada como um fendmeno de mio unica, do cmissor para o receptor,
mas como um sistema reversivel ¢ interacional, Bakhtin, como vi-
mos, vai longe na questao, pois considera a interagdo a realidade
fundamental da linguagem (1988:71,88).
Nesse quadro surge também a questao da dinamica da interagdo
e da construgdo dos simulacros intersubjctivos (1988:83). Devem-
se€ mencionar aqui, cm outras perspectivas tcéricas, as contribuigdes
de Péchcux, que propéc o tao conhecido (ec muitas vezes deturpa-
do) jogo de imagens que se fazem mutuamente os interlocutores da
comunicagao, ¢ as de Greimas, que trata da construgdo dos simula-
“eros que determinam as rclagocs entre sujcitos.
Bakhtin insiste nesse aspecto da interagdo, sobretudo quando
trata do contexto extra-verbal do cnunciado, ¢ introduz a questio
da avaliag&o na rclagio entre os interlocutores. Os interlocuiores
gao devem ser considerados quando se pe
bal entre seres humanos
cori da Informaavaliam-se ¢ expressam esses valores por mcios diversos de
do ou de expressio, centre os quais 0 autor destaca a entonagaio, como
expressdo fénica da avaliagao social:
O tom nado é determinado pelo material do conteuda do
enunciado ou pela vivéncia do locutor, mas pela atitude
do locutor para com a pessoa do interlocutor (a.atitude
para com sua posigdo social, para com sua importénéiq
ete.) (1992:396).
Deve-s¢ mencionar o fato de que em nenhum dos casos cita-
dos ~ o das imagens de Pécheux, o dos simulacros de Greimas ou 0
dus avuliagdes de Bakhtin - as construgécs sao individuais, mas,
ao contrario, esta clas assentadas no que Bakhtin denomina “hori-
zonte ideolégico”
Finalmente, chega-se a teree
comunicagio da Teoria da Informagio, o de seu carater mi
Os estudos mencionados sobre a interagio verbal encaminham
pare propostas mais “humanizantes” da comunicagio, ou, na pei
pectiva de Bakhtin, mais “sociologizantes”.
Reencontra-se af a segunda concepgao de Bakhtin de di
gismo, a de didlogo entre discursos. No item que segue, scrao cxa-
minadas assim as questées de discurso ¢ enunciagio, discu
contexto s6cio-histérico, discurso e ideologia, juntamente com as
nogoes de intertextualidade, interdiscursividade, polifonia, hetero-
gencidade discursiva.
ira objecio feita aos modclos de
MICTSLE.
o-
SO.€
2.2 Didlogo entre discursos
Bakhtin, repetimos, considera o dialogismo 0 principio cons-
litutivo da linguagem ¢ a condigao do sentido do discurso. Insiste
no fato de que o discurso nao € individual, nas duas acepgdes de
dialogismo mencionadas: nao é individual porque se constréi en-
tre pelo menos dois interloculores que, por sua vez, sao seres soci-
ais; nao é individual porque se constréi como um “didlogo entre
discursos”, ou scja, porque mantém relagdcs com outros discursos
Conciliam-se, im, nos escritos de Bakhtin, as abordagens do textoavaliam-sc c expressam esses valores por meios diversos de conteti-
do ou de expressio, cntre os quais o autor destaca a entonagdo, como
expresso fénica da avaliagao social:
O tom néo é determinado pelo material do conteiido do
enunciado ou pela vivéncia do locutor, mas pela atitude
do locutor para com a pessoa do.inierlocutor (aatitude
para com sua posi¢ao social, para com sua importanéia,
ete.) (1992:396).
Deve-s¢ mencionar o fato de que em nenhum dos casos cita-
dos - o das imagens de Pécheux, o dos simulacros de Greimas ou 0
das avaliagdes de Bakhtin — as construgdes sGo individuais, mas.
ao contrario, est#io clas assentadas no que Bakhtin denomina “hori-
zonte ideoldgico”.
Finalmente, chega-se 4 terceira objegao feita aos modclos de
comunicagio da Teoria da Informagao, o de seu cardter mecanicista
Os estudos mencionados sobre a interagao verbal encaminham-se
para propostas mais “humanizantes” da comunicagao, ou, na pors-
pectiva de Bakhtin, mais “sociologizantes”.
Reencontra-se af a segunda concepgaa de Bakhtin de di
gismo, a de didlogo entre discursos. No item que segue, serao exa-
minadas assim as questécs de discurso ¢ enunciagao, discurso ¢
contexto sécio-histérico, discurso ¢ ideologia, juntamente com as
nogées de interlextualidade, interdiscursividade, polifonia, hetero-
geneidade discursiva.
o
2.2 Didlogo entre discursos
Bakhtin, repetimos, considera o dialogismo 0 principio cons-
titutivo da linguagem c a condigao do sentido do discurso. Insiste
no fato de que o discurso nao é individual, nas duas acepgGes de
dialogismo mencionadas: nao é individual porque se constréi en-
tre pelo menos dois interlocutores que, por sua vez, sdo seres soci-
ais; nfo é individual porque se constrdi como um “didlogo entre
discursos”, ou seja, porque mantém relagdcs com outros discursos
Conciliam-se, assim, nos escritos de Bakhtin, as abordagens do textoditas “externas” ¢ “internas” ¢ recupera-se, no texto, scu estatuto
pleno de objeto lingtiistico-discursivo, social ¢ historico, O uttor
critica as analises parciais tanto do “ideologismo estreito”, quanto
do “formalismo limitado” (Todorov 1981:37,58).
Trés pontos devem ser esclarecidos: em primeiro tugar & pre-
ciso observar que as rclagées do discurso com a cnunciagio, como
contexto sdcig-hisiérico ou com o “outro” sao, para Bakhtin, rela-
gdes entre discursos-cnunciudos; o segundo csclarecimento ¢ o de
que o dialogismo tal como foi acima concebide define o texto como
um “tecido de muitas vozes”, ou de muitos lextos ou discursas, que
se entrecruzam, se completam, respondem umas as oulras Ou polemi-
zam centre si no interior do texto; a terecira ¢ Ultima observagao &
sobre o carater idealégico dos discurses assim definidys.
concep¢ao de dialogismo apro
a comunicagio verbal, mas principalmente das leon
Com es: iMaMoe-Nas Nao Mais
dos estudas
as pragmilicas, das teorias do discurso ¢ do texto ¢ até de preocu-
pages psicunaliticas com 0 “outra™ do diseurso mes!
Gio também somos fevados @ examinar duas outras questées: a de
concep-
cardter dialévico du lingua em relagio ae dialogisme dos discursos
ca do mascaramento do dialogismo dos textos.
a) O dialogismo constitutive da linguagem
Muitas vezes 0 reconhecimento do dialogismo do discurso, tal
como foi entendido nas duas concepgées adotadas, ¢ conseqiiente-
mente de seu cardter idcolégico, leva a crer, por oposigio, no cara-
ter monoldogico ¢ neutro da lingua. :Bakhlin nfo csi entre os que
pensam dessa forma: para cle a linguagem é, por constiluicio,
dialogica c a lingua nao é ideglogicamente neutra ¢ sim complexa,
pois, a partir do uso ¢ dos tragos dos discursos que nela se impri-
mem, instalam-se na lingua choques ¢ contradigdcs. Em outros ter-
mos, para Bakhtin, no signo confrontam-se indices de valor contra-
ditorio. Assim caracterizada, a lingua é dialégica ¢ complexa, pois
ncla s¢ imprimem historicamente c pelo uso as relagoes dialogicas
dos discursos.
A linguagem, seja cla pensada como lingua ou como discurso,
a dialdgica
€, portanto, cssencialmente dialégica. Ignorar sua nutu6 mesmo, para Bakhtin, que apagar a ligugdo que existe entre a
linguagem ¢ a vida (1979:268)
b) Dialogismo ¢ polifonia
Finalmente chega-se 4 questao tio cara aos estudiosos do dis-
curso, qual seja a do ocultarmento ou nao do dialogismo discursive.
Yara isso examina-se a relagdo entre dialogismo c polifonia, termos
muilas s ulizados como sinénimos nos escritos de Bakhtin
}im trabalho anterior (1994) sobre o assunto, distingui clara-
vex
mente dialogismo ¢ polifonia, reseryando o terme dialogisme para
o principio diglégico constitutive da linguagem ¢ de todo discurso
ecmpregando a palavre polifonie para caracteriz
texto, aquele em que o diatog
voues, por oposigdo aos textos monofonicas que
escondem os didlogos que os constituem. Trocando em mitidos,
rum certo tipo de
smo se deixa ver, aguele cm que sac
pereedidas mui
pode-se dizer que o didloga & condigao da linguagem ¢ de discur-
so. mas hé textos polifonicos ¢ monofénicos, conforme varien
estratégias discursivas empregudas. Nos textos polifénicos. os di
logos entre discursas mostram-se, deixam-se ver ou enlrever:
nos
textos Monofonicos el
tunee, de uma Gnica voz. Monofonia ¢ polifonia
los de sentido, decorrentes de procedimentos discursives, de dis-
Se OCUIANL sob & aparencia de um discursc
fia, portania, efer
cursus por definigho constituighe dilogicos
Cabe aos estudiosas do texto examinar as cstratégi
cedimentos, os recursos gue fazem de um texto dialogicamente
constituido discursos monofonicos c polifénicos. Essa tem sido, em
geral, a diregao empreendida por varios daqueles que explicita ou
implicitamente deram scguimento as reflexdes de Bakhtin, tais como
J. Authier-Revuz{ 1982) c D. Maingucncau, no quadro teérico da
analise do discurso francesa, ou O. Ducrot, na perspectiva da seman-
lica da cnunciagdo ou da lingilistica interacional. Essa deve ser hoje
uma das tarefas do estudioso do texto ¢ do discurso, pois ha muito
ainda a ser feito, muitas possibilidades de polifonia discursiva a
serem examinadas, intimeros c diversificados procedimentos ¢ es-
'ratévias de produgio de efeitos de polifonia ¢ de monofonia
discursiva a serem deseritos ¢ explicados.
Os pro-NOTA
ot
do ne livre col
ste testo dum sie resumida de um trabalha mar
ve
que sera pubirea-
GFP: om Cu
ednorsa d tha,
1v0 Duiioyes com Bukhin, peREFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
R-REVUZ, b (1982). “Hétérogéndité montrée ct bétéro-
nénté constitutive: éléments pour une approche de Vautre
ste discours.” In: DRLAF Revue de linguistique (26):91-
1st
BAKHTIN, Mikhail (1970). La Poerique de Dostutevskt, Paris, Seuil,
. (1974), La culture popular en la Edad Media y Renacimiento.
Barcelona, Barval Editores
. (981), “Le discours dans la vie ct dans la poésie™ In: 7
Todorov, Afikhail Bakhtine. Le principe dialogique. Yaris,
Seuil, p. [BI216.
(1986). Marxismo ¢ filosofia de linguagem, Ud, Sho Pauto,
Hucitec (original russo de 1929).
(1988). Questdes de literatura ¢ de estélica: a teoria do ro-
mance. Sio Paulo, Unesp/Hucitec,
(1992). Estética da crtagdo verbal. Sio Paulo, Martins Fon-
tes.
BARROS, Diana Luz Pessoa de (1987). “Semidtica ¢ discurso lite-
rario”. In: Oliveira, A. C. & Santaclla, L. (orgs.). Semidtica
literdria. Sao Paulo, Educ.
. (1988). Teoria do discurso: fundamentos semidticos. S30
Paulo, Atual
(1990). “De lambiguité de certains textes”. Moies Livres 42.
Lyon.