1971 Clara Nunes
01. Aruand... Aruand
02. Participao
03. Meu lema
04. baiana
05. Puxada da rede do xaru - 1 parte
06. Novamente
07. Misticismo da frica ao Brasil
08. Sabi
09. Rosa 25
10. A favorita
11. Puxada da rede do xaru - 2 parte
12. Feitio de orao
13. Canseira
14. Morrendo verso em verso
15. Regresso
16. Garota de subrbio
17. Vermelho e branco
18. Festa para um rei negro
01. Aruand...Aruand
Eu vim da Bahia pra cantar
Aruand... Aruand...
Minha gente abre a roda
Eu acabo de chegar
Trago coisas da Bahia
Nas canes que vou cantar
Aruand... Aruand...
Eu vim da Bahia pra cantar
Trago o amor como bagagem
E me fao entender
Falo pouco e acertado
E me fao compreender
Aruand... Aruand...
Eu vim da Bahia pra cantar
Trago a beno do Bonfim
Berimbau e capoeira
Sarav Pai Joaquim
Proteo a vida inteira
Aruand... Aruand...
Eu vim da Bahia pra cantar
Trago a rosa e trago a rima
Trago o som e trago a cor
Trago a terra na viola
E no peito muito amor
Aruand... Aruand...
Eu vim da Bahia pra cantar
E agora me despeo
Que eu j dei o meu recado
Deixo um abrao da Bahia com vocs
Muito obrigado
02. Participao
Idia pra frente saber
Aonde que eu vou me levar
Se eu uso no peito um colar, no ligue
Deixa ficar
No faam idias de mim
No venham querer me julgar
Melhor que falar viver
A hora da gente cantar
Vem! que o momento me convida
participar da nossa alegria
Vem! no espere a despedida
Pense no amor, que sabe voc
de manh
No temos hora de ir embora
de manh
No temos hora de ir embora
03. Meu lema
La laia La laia
La laia La laia
La laia La laia
La laia La laia
Vim do cansao
E dos abraos
De amores idos j perdidos
Me encontrei morena
Em meio solido
Jurei nao dar nem mais um passo
Que fosse me levar de encontro a paixo
Do mundo muito eu j sei
Porm muito tenho que aprender
No, no quero amar sem paz
Eu j sofri demais
Discreto o amor agora tem que ser
Tudo o que ficou pra tras
J no importa mais
O amor s voc
No vivo de novelas
J vi muitas delas
Castelos, fantasias, sonhos to azuis
A vida me ensinou morena
Esse meu lema
Amar demais s faz pesar a cruz
La laia La laia...
04. baiana
baiana
baiana, baianinha
baiana
baiana
Baiana boa
Gosta do samba
Gosta da roda
E diz que bamba
Baiana boa
Gosta do samba
Gosta da roda
E diz que bamba
Olha, toca a viola
Que ela quer sambar
Ela gosta de samba
Ela quer rebolar
Toca a viola
Que ela quer sambar
Ela gosta de samba
Ela quer rebolar
baiana
baiana
baiana, baianinha
baiana
baiana
05. Puxada da rede do xaru (1. Parte)
Pescador d presentes pra ela
Iemanj dele enamorou
A jangada volta sem ele
E os olhos da morena marejou
Eu bem disse ao meu bem, serena
Que no fosse ao mar, serena
Ele foi no voltou, serena
Foi as ondas do mar que levou,serena
06. Novamente
Meu Recife
Voltei novamente
Alegre e contente
Revendo meu povo de novo
Andei maluco
Batendo a cabea pelo mundo fora
At parece mentira
O que ouo agora
Pelo som
S pode ser Vassoura
Que vem rasgando um frevo
Fazendo a gente vibrar
Com licena
Vou fazer meu passo
Estou meio fora de forma
Vocs vo me desculpar
Vou fazer serenata
Em Casa Amarela
Quero ver chegar janela
Uma bela morena de l
Vou lembrar ao Capiba
Carmela e Nelson Ferreira
Que o frevo a nossa bandeira
No vamos deixar ningum rasgar
07. Misticismo da frica ao Brasil
Eu venho de Angola
Sou rei da magia
Minha terra muito longe
Meu gong na Bahia
Ag
Lua alta
Som constante
Ressoam os atabaques
Lembrando a frica distante
E o rufar dos tambores
L no alto da serra
Personificando o misticismo
Que aqui se encerra
Sarav pai Oxal
Que o meu samba inspirou
Sarav todo povo de Angola, Ag
Ag
L na mata tem mironga
Eu quero ver
L na mata tem um coco
E esse coco tem dend
Das plancies s coxilhas,o misticismo se alastrou
Num torvelinho de magia, que preto velho ditou
E o fetiche e o quebranto
Ele nos legou
Eu venho de Angola
Sou rei da magia
Minha terra muito longe
Meu gong na Bahia
Tem areia
Tem areia
Tem areia no fundo do mar
Tem areia
08. Sabi
Vou voltar sei que ainda vou voltar
Para o meu lugar foi l
E ainda l
Que eu hei de ouvir cantar uma sabi
Vou voltar sei que ainda vou voltar
Vou deitar sombra de uma palmeira que j no h
Colher a flor que j no d
E algum amor talvez possa espantar
As noites que eu no queria
E anunciar o dia
Vou voltar sei que ainda vou voltar
No vai ser em vo
Que fiz tantos planos de me enganar
Como fiz enganos de me encontrar
Como fiz estradas de me perder
Fiz de tudo e nada de te esquecer
Vou voltar sei que ainda vou voltar
Para o meu lugar foi l
E ainda l
Que eu hei de ouvir cantar uma sabi
Vou voltar sei que ainda vou voltar
E pra ficar
Sei que o amor existe
Eu no sou mais triste
E que a nova vida j vai chegar
E que a solido vai se acabar
09. Rosa 25
Rosa 25 desceu o morro
No deixou endereo, sumiu! (2x)
No escreveu bilhete, no mandou recado
Meu corao que sentiu (2x)
Eu pensava que pra ela
O morro seria seu jardim
Entre entradas e sadas
Rosa 25 perdeu o costume
Acalento da me preta
Num silncio ritmado
At hoje o morro espera
Rosa 25 pra sambar
10. A favorita
Foi por isto que a escola no saiu
Voc era a favorita, por que razo desistiu?
A escola sem voc, no saiu, no desfilou
Nosso enredo era to lindo, sem voc tudo acabou
Deixa disso, vem sambar
A moada est cansada de esperar
Por favor no v embora
Madrugada est chegando e voc t perdendo a hora
Este ano voc pensa em no sair
V levar sua alegria para o morro voltar a sorrir
J comprei suas sandlias e a baiana de cetim
Quero ver voc sambando, no fique to triste assim
Quero voc gastando as sandlias na avenida
Quero ver voc sambando na passarela colorida
Fazendo jogo de cena com a ala dos cartolas
E voc voltando a ser a favorita da escola
11. Puxada da rede do xaru (2. Parte)
Iemanj! Iemanj!
Sou pescador
Moro nas ondas do mar
Tambm sou filho de Iemanj
12. Feitio de orao
Quem acha,
vive se perdendo,
por isso agora eu vou me defendendo
Da boca cruel desta saudade,
que por infelicidade,
meu pobre peito invade.
Batuque um privilgio,
ningum aprende samba no colgio,
sambar chorar de alegria,
sorrir de nostalgia,
dentro da melodia.
Por isso agora, l na Penha, eu vou botar
minha morena pra cantar
com satisfao,
e com harmonia, esta triste melodia,
que meu samba em feitio de orao.
O samba, na realidade,
no vem do morro, nem l da cidade,
e quem sufocar uma paixo,
sentir que o samba ento,
nasce no corao.
13. Canseira
Canseira...
De andar na minha estrada e nunca chegar
Canseira...
Nos caminhos que eu caminho ela no est
Talvez minha amada
No saiba que eu sofro
Caminhando por a
A noite caindo, silncio na praa
Minha vida procurar
Inverno feito de brisa, caindo l do cu
Vou solitrio na rua, perdido de voc
14. Morrendo verso em verso
Sem voc sou s metade
Sinto falta do seu beijo
Tenho boca, pouco falo
Tenho olhos, pouco vejo
Sambei na cidade com meu cordo
Ganhei na verdade a consagrao
Mas pra mim foi s metade
Faltou-me a sua mo
Anda amor, v se d pra voltar agora
A lua derramou tristeza
E a brisa que uma beleza
Esfria o corao que chora
Tudo mesmo s metade
Restou somente uma saudade
Depois que voc foi embora
Vou morrendo verso em verso
Volta amor que hora
15. Regresso
Canto, canto com alegria
Hoje a nostalgia est triste
Sentindo o cantar que em meu corao bate
To forte e contente
Dizendo a toda gente
Que voltaste ao meu lar
No sabia que voltavas to meiga assim
Parte, amor, j noite
Mas traga de novo o calor
Dos teus beijos pra mim
Que eu sei dar valor ao regresso
Juro, jamais te peo
Pra ficares, amor
16. Gara de subrbio
Vou pela rua andando a toa
Sobre mim cai a garoa
Estragando o palet
E cada pedra,cada passo
Do calamento onde eu passo
Me recorda que estou s
Naquele morro to distante
La pras bandas do levante
Onde o sol bate primeiro
Deve estar por certo adormecida
A razo da minha vida
Da vida do meu pandeiro
Lembro da mulata espreguiando
No batente assobiando
No mesmo tom dos pardais
Hoje sem amor e sem vontade
Sou escravo da saudade
Parceiro do nunca mais
E a garoa mansa do suburbio
Se transforma num dilvio
E eu no quero me abrigar
Corre a chuva triste em minha face
Peo a Deus que ela no passe
Pra ninguem me ver chorar
17. Vermelho e branco
Deixo a saudade crescer
Viola empunho
E com papel de rascunho
Pra escrever
Vem caindo a tarde lentamente
Finalmente vem a inspirao
Nasce o luar entre as cores do poente
E de repente eu descubro com prazer
Que o vermelho e branco
Cores do Salgueiro
No cu surgem primeiro
Ao anoitecer
Paulo da Viola
No me queira mal
No h, nem pode haver
Escola igual (oh no)
18. Festa para um rei negro
Nos anais da nossa Histria
Vamos relembrar
Personagens de outrora
Que iremos recordar
Sua vida, sua glria
Seu passado imortal
Que beleza
A nobreza do tempo colonial
O l l, l l
Pega no ganz
Pega no ganz
Hoje tem festa na aldeia
Quem quiser pode chegar
Tem reisado a noite inteira
E fogueira pra queimar
Nosso rei veio de longe
Pra poder nos visitar
Que beleza
A nobreza que visita o gong
O l l, l l
Pega no ganz
Pega no ganz
Senhora dona-de-casa
Traz seu filho pra cantar
Para o rei que vem de longe
Pra poder nos visitar
Esta noite ningum chora
E ningum pode chorar
Que beleza
A nobreza que visita o gong
O-l-l, -l-l...