Entre Margens
12.º ano
Mensagem
Fernando Pessoa
Análise de poemas
12.º ano
Entre Margens
Pedro Sousa Pereira, in Fernando Pessoa – Mensagem, Oficina do Livro, novembro de 2006
I
I
T
O
R
V
A
Entre Margens
12.º ano
Se a alma que sente e faz conhece
Só porque lembra o que esqueceu,
Vivemos, raça, porque houvesse
Memória em nós do instinto teu.
Nação porque reincarnaste,
Povo porque ressuscitou
Ou tu, ou o de que eras a haste –
Assim se Portugal formou.
Teu ser é como aquela fria
Luz que precede a madrugada,
E é já o ir a haver o dia
Na antemanhã, confuso nada.
in Mensagem, Ática, 12.ª ed., 1978
Entre Margens
12.º ano
Porquê “Viriato”?
Viriato, figura mítica da história de
Portugal, foi um chefe militar da tribo
dos Lusitanos, no século II a.C., que
congregou sob o seu poder grandes
territórios no centro da Península Ibérica,
resistindo aos invasores Romanos.
Porque pouco se conhece da sua história.
Entre Margens
12.º ano
1.ª estrofe
Se a alma que sente e faz conhece
Só porque lembra o que esqueceu,
Vivemos, raça, porque houvesse
Memória em nós do instinto teu.
Entre Margens
12.º ano
1.ª estrofe
Se a alma que sente e faz conhece
Só porque lembra o que esqueceu, Palavra-
Vivemos, raça, porque houvesse -chave?
Memória em nós do instinto teu.
Entre Margens
12.º ano
1.ª estrofe
Se a alma que sente e faz conhece
Só porque lembra o que esqueceu, Palavra-
Vivemos, raça, porque houvesse -chave?
Memória em nós do instinto teu.
Entre Margens
12.º ano
1.ª estrofe
Se a alma que sente e faz conhece
Só porque lembra o que esqueceu, De quê?
Vivemos, raça, porque houvesse
Memória em nós do instinto teu.
Entre Margens
12.º ano
1.ª estrofe
Se a alma que sente e faz conhece
Só porque lembra o que esqueceu, De quê?
Vivemos, raça, porque houvesse
Memória em nós do instinto teu.
Entre Margens
12.º ano
1.ª estrofe
Se a alma que sente e faz conhece
Só porque lembra o que esqueceu, O quê?
Vivemos, raça, porque houvesse
Memória em nós do instinto teu.
Entre Margens
12.º ano
1.ª estrofe
Se a alma que sente e faz conhece
Só porque lembra o que esqueceu, O quê?
Vivemos, raça, porque houvesse
Memória em nós do instinto teu.
Entre Margens
12.º ano
1.ª estrofe
Se a alma que sente e faz conhece
Só porque lembra o que esqueceu,
Recurso?
Vivemos, raça, porque houvesse
Memória em nós do instinto teu.
Antítese
Entre Margens
12.º ano
1.ª estrofe
Se a alma que sente e faz conhece
Só porque lembra o que esqueceu, Significado?
Vivemos, raça, porque houvesse
Memória em nós do instinto teu.
Os feitos esquecem-se, mas permanece latente
a memória do instinto que os viabilizou.
Entre Margens
12.º ano
1.ª estrofe
Se a alma que sente e faz conhece
Significado?
Só porque lembra o que esqueceu,
Vivemos, raça, porque houvesse
Memória em nós do instinto teu.
Os feitos esquecem-se, mas permanece latente
a memória do instinto que os viabilizou.
Entre Margens
12.º ano
1.ª estrofe
Se a alma que sente e faz conhece
Só porque lembra o que esqueceu,
Vivemos, raça, porque houvesse
Memória em nós do instinto teu.
Os feitos esquecem-se, mas permanece latente
a memória do instinto que os viabilizou.
Entre Margens
12.º ano
1.ª estrofe
Se a alma que sente e faz conhece
Significado?
Só porque lembra o que esqueceu,
Vivemos, raça, porque houvesse
Memória em nós do instinto teu.
O instinto de nobreza que vive na memória coletiva.
“BRASÃO”
Entre Margens
12.º ano
1.ª estrofe
Se a alma que sente e faz conhece
Significado?
Só porque lembra o que esqueceu,
Vivemos, raça, porque houvesse
Memória em nós do instinto teu.
O instinto de nobreza que vive na memória coletiva.
Nobreza de carácter
Entre Margens
12.º ano
1.ª estrofe
Se a alma que sente e faz conhece
Significado?
Só porque lembra o que esqueceu,
Vivemos, raça, porque houvesse
Memória em nós do instinto teu.
O instinto de nobreza que vive na memória coletiva.
“Bellum sine bello”
“Guerra sem guerrear”
Entre Margens
12.º ano
1.ª estrofe
Se a alma que sente e faz conhece
De quem?
Só porque lembra o que esqueceu,
Vivemos, raça, porque houvesse
Memória em nós do instinto teu.
Dos Portugueses
Entre Margens
12.º ano
1.ª estrofe
Se a alma que sente e faz conhece
Quem
Só porque lembra o que esqueceu,
Vivemos, raça, porque houvesse
somos?
Memória em nós do instinto teu.
Um povo destinado a “atuar”,
desde os primórdios.
Entre Margens
12.º ano
Concluindo…
… tal como Ulisses, o mito, também Viriato,
o herói mítico, fecunda em nós o que há de vida.
Vivemos, raça, porque houvesse
Memória em nós do instinto teu.
Assim a lenda se escorre
A entrar na realidade,
E a fecundá-la decorre.
Em baixo, a vida, metade
De nada, morre.
“Ulisses”
Entre Margens
12.º ano
Concluindo…
… tal como Ulisses, o mito, também Viriato,
o herói mítico, fecunda em nós o que há de vida
Vivemos, raça, porque houvesse
Memória em nós do instinto teu. Significado?
Assim a lenda se escorre
Sem a memória A entrar na realidade,
do mito, a vida de E a fecundá-la decorre.
um povo é nada. Em baixo, a vida, metade
De nada, morre.
“Ulisses”
Entre Margens
12.º ano
Concluindo…
… tal como Ulisses, o mito, também Viriato,
o herói mítico, fecunda em nós o que há de vida
Vivemos, raça, porque houvesse
Memória em nós do instinto teu. Significado?
Assim a lenda se escorre
Viriato influencia A entrar na realidade,
decisivamente o E a fecundá-la decorre.
ímpeto da Nação. Em baixo, a vida, metade
De nada, morre.
“Ulisses”
Entre Margens
12.º ano
2.ª estrofe
Nação porque reincarnaste,
Povo porque ressuscitou Valor dos
Ou tu, ou o de que eras a haste – conectores?
Assim se Portugal formou.
Existe uma Nação
Causa e um povo porque
algo renasceu.
Entre Margens
12.º ano
2.ª estrofe
Nação porque reincarnaste,
Povo porque ressuscitou
Ou tu, ou o de que eras a haste –
Assim se Portugal formou.
Existe uma Nação e
um povo porque algo
simbolicamente
renasceu.
Entre Margens
12.º ano
2.ª estrofe
Nação porque reincarnaste,
Povo porque ressuscitou
Ou tu, ou o de que eras a haste – Bandeira
Assim se Portugal formou.
Símbolos de
Herói grandeza e
nobreza
Entre Margens
12.º ano
2.ª estrofe
Nação porque reincarnaste,
Povo porque ressuscitou Valor dos
Ou tu, ou o de que eras a haste – conectores?
Assim se Portugal formou.
A opção é irrelevante
Alternativa porque ambas têm o
mesmo valor simbólico.
Entre Margens
12.º ano
2.ª estrofe
Nação porque reincarnaste, Recurso
Povo porque ressuscitou estilístico?
Entre Margens
12.º ano
2.ª estrofe
Nação porque reincarnaste,
Povo porque ressuscitou
Nome + conjunção Paralelismo
causal + forma verbal sintático e
no pretérito perfeito semântico
Entre Margens
12.º ano
2.ª estrofe
Ou tu, ou o de que eras a haste – Recurso
expressivo?
Bipartição do verso
Ritmo
através da repetição binário mais
da conjunção disjuntiva acelerado
Entre Margens
12.º ano
2.ª estrofe
Nação porque reincarnaste, Valor
Povo porque ressuscitou
expressivo?
Um ritmo binário que A importância
confere intensidade e do mito
convicção às ideias
Entre Margens
12.º ano
2.ª estrofe
Ou tu, ou o de que eras a haste – Valor
expressivo?
Mais
Bipartição do verso
através da repetição da intensidade
conjunção disjuntiva e convicção
Entre Margens
12.º ano
2.ª estrofe
Ou tu, ou o de que eras a haste – Valor
expressivo?
Bipartição do verso O mito é
através da repetição da
importante
conjunção disjuntiva
Entre Margens
12.º ano
2.ª estrofe
Ou tu, ou o de que eras a haste – Porquê?
Bipartição do verso O mito é
através da repetição da
importante.
conjunção disjuntiva
Entre Margens
12.º ano
2.ª estrofe
[porque]
Assim se Portugal formou.
Entre Margens
12.º ano
2.ª estrofe
Assim se Portugal formou. Valor do
conector?
O mito é
essencial na
Conclusivo
fundação de
um Povo.
Entre Margens
12.º ano
Concluindo…
Nação porque reincarnaste,
Função da
Povo porque ressuscitou
Ou tu, ou o de que eras a haste – estrofe no
Assim se Portugal formou. poema?
Viriato influenciou Reafirmação
decisivamente o
do conteúdo
nascimento da
Nação. da 1.ª estrofe
Entre Margens
12.º ano
3.ª estrofe
(a explicação)
Teu ser é como aquela fria
Luz que precede a madrugada, Comparação
E é já o ir a haver o dia
Na antemanhã, confuso nada.
inicial?
Entre Margens
12.º ano
3.ª estrofe
(a explicação)
Teu ser é como aquela fria
Luz que precede a madrugada, Comparação
E é já o ir a haver o dia
Na antemanhã, confuso nada.
inicial?
Entre Margens
12.º ano
3.ª estrofe
(a explicação)
Teu ser é como aquela fria
Luz que precede a madrugada, Comparação
E é já o ir a haver o dia
Na antemanhã, confuso nada. inicial?
Termos em
1.º termo 2.º termo comparação?
Entre Margens
12.º ano
3.ª estrofe
(a explicação)
Teu ser é como aquela fria
Luz que precede a madrugada, Características
E é já o ir a haver o dia
do 2.º termo?
Na antemanhã, confuso nada.
Entre Margens
12.º ano
3.ª estrofe
(a explicação)
Teu ser é como aquela fria
Luz que precede a madrugada, Características
E é já o ir a haver o dia
do 2º termo?
Na antemanhã, confuso nada.
Significado
O início simbólico?
Entre Margens
12.º ano
3.ª estrofe
(a explicação)
Teu ser é como aquela fria
Luz que precede a madrugada, Características
E é já o ir a haver o dia
Na antemanhã, confuso nada. do 2.º termo?
Porque é o facto
por acontecer, mas Porquê ?
potencialmente vivo.
Entre Margens
12.º ano
3.ª estrofe
(a explicação)
Teu ser é como aquela fria
Luz que precede a madrugada, Significado
E é já o ir a haver o dia
Na antemanhã, confuso nada.
simbólico?
O nascimento do dia O início
Entre Margens
12.º ano
3.ª estrofe
(a explicação)
Teu ser é como aquela fria Confirmação
Luz que precede a madrugada,
E é já o ir a haver o dia
da ideia de
Na antemanhã, confuso nada. “início”?
O que há de nascer…
Entre Margens
12.º ano
3.ª estrofe
(a explicação)
Teu ser é como aquela fria
Luz que precede a madrugada,
E é já o ir a haver o dia
Na antemanhã, confuso nada.
O que há de nascer… O quê?
Entre Margens
12.º ano
3.ª estrofe
(a explicação)
Teu ser é como aquela fria
Luz que precede a madrugada, Porquê?
E é já o ir a haver o dia
Na antemanhã, confuso nada.
Portugal ainda em potência
Entre Margens
12.º ano
3.ª estrofe
(a explicação)
Teu ser é como aquela fria
Luz que precede a madrugada, Porquê?
E é já o ir a haver o dia
Na antemanhã, confuso nada.
Difuso e inútil Ainda só mito
Entre Margens
12.º ano
3.ª estrofe
(a explicação)
confuso nada. Significado do mito?
O mito é o nada que é tudo.
O mito “Ulisses”
Entre Margens
12.º ano
Concluindo…
Viriato revive num ciclo, influenciando
as futuras gerações de portugueses,
antecipando a nação que nasce e que existe
ainda antes de ter/ser território.
Mas o mito, “confuso nada”, é difuso e inútil
só por si – tem de encontrar uma utilização,
um momento ideal para fecundar
a realidade…
… tal como a “fria / Luz que antecede
a madrugada.”