UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
IZABELLA SOARES DE SOUZA
SÍNTESE – INCLUSÃO ESCOLAR: O QUE É? POR QUÊ? COMO FAZER?
Macapá, AP
2018
MANTOAN, M. T. E. Inclusão escolar: o que é? por quê? como fazer?. 1. ed. São Paulo:
Moderna, 2003.
1. INCLUSÃO ESCOLAR: O QUE É?
1.1.CRISE DE PARADIGMAS
Uma crise de paradigma é uma crise de concepção, de visão de mundo e quando as
mudanças são mais radicais, temos as chamadas revoluções científicas. Sendo ou não uma
mudança radical, toda crise de paradigma é cercada de muita incerteza, de insegurança, mas
também de muita liberdade e de ousadia para buscar outras alternativas, outras formas de
interpretação e de conhecimento que nos sustente e nos norteie para realizar a mudança.
A inclusão, portanto, implica mudança desse atual paradigma educacional1, para que se
encaixe no mapa da educação escolar que estamos retraçando. Portanto, exige, em nível
institucional, a extinção das categorizações e das oposições excludentes — iguais X diferentes,
normais X deficientes. Se o que pretendemos é que a escola seja inclusiva, é urgente que seus
planos se redefinam para uma educação voltada para a cidadania global, plena, livre de
preconceitos e que reconhece e valoriza as diferenças. Chegamos a um impasse, como nos
afirma Morin (2001), pois, para se reformar a instituição, temos de reformar as mentes, mas
não se pode reformar as mentes sem uma prévia reforma das instituições.
1.2.INTEGRAÇÃO OU INCLUSÃO?
O uso do vocábulo “integração” refere-se mais especificamente à inserção de alunos com
deficiência nas escolas comuns. O objetivo da integração é inserir um aluno, ou um grupo de
alunos, que já foi anteriormente excluído, e o mote da inclusão, ao contrário, é o de não deixar
ninguém no exterior do ensino regular, desde o começo da vida escolar.
2. INCLUSÃO ESCOLAR: POR QUÊ?
A escola brasileira é marcada pelo fracasso e pela evasão de uma parte significativa dos
seus alunos, que são marginalizados2 pelo insucesso. A inclusão total e irrestrita é uma
oportunidade que temos para reverter a situação da maioria de nossas escolas, as quais atribuem
aos alunos as deficiências que são do próprio ensino ministrado por elas.
1
Paradigma educacional, atual: Escola com formalismo da racionalidade, ou seja, modalidades de ensino, tipos
de serviço, grades curriculares, burocracia.
2
São rotulados como mal nascidos e com hábitos que fogem ao protótipo da educação formal.
2.1.A QUESTÃO DA IDENTIDADE X DIFERENÇA
A diferença, nesses espaços3, “é o que o outro é” — ele é branco, ele é religioso, ele é
deficiente, como nos afirma Silva (2000), ou seja, “é o que está sempre no outro”, que está
separado de nós para ser protegido ou para nos protegermos dele. A identidade “é o que se é”,
como afirma o mesmo autor — sou brasileiro, sou negro, sou estudante. Portanto, conclui
Santos (1995), é preciso que tenhamos o direito de sermos diferentes quando a igualdade nos
descaracteriza e o direito de sermos iguais quando a diferença nos inferioriza.
2.2. A QUESTÃO LEGAL
A nossa Constituição Federal de 1988 respalda os que propõem avanços significativos para
a educação escolar de pessoas com deficiência. Essa norma, portanto, não se coaduna com a
LDB4 de 1996, que diferencia a educação com base em condições pessoais do ser humano. LDB
de 1996 (art. 24), devem ser reorganizados, de forma a cumprir os princípios constitucionais da
igualdade de direito ao acesso e à permanência na escola básica, bem como do acesso aos níveis
mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um.
2.3.A QUESTÃO DAS MUDANÇAS
As condições de que dispomos, hoje, para trans-for-mar a escola nos autorizam a propor
uma escola única e para todos. Sendo, os pais grandes aliados na reconstrução da nova escola
brasileira. Eles são uma força estimuladora e reivindicadora dessa tão almejada recriação da
escola, exigindo o melhor para seus filhos, com ou sem deficiências.
3. INCLUSÃO ESCOLAR: COMO FAZER?
Ao contrário do que alguns ainda pensam, não há inclusão, quando a inserção de um aluno
é condicionada à matrícula em uma escola ou classe especial. A inclusão deriva de sistemas
educativos.
Inovar não tem necessariamente o sentido do inusitado. As grandes inovações são, muitas
vezes, a concretização do óbvio, do simples, do que é possível fazer, mas que precisa ser
desvelado, para que possa ser compreendido por todos e aceito sem muitas resistências.
3.1.RECRIAR O MODELO EDUCATIVO
3
Espaços educacionais protegidos, à parte, restritos a determinadas pessoas, ou seja, àquelas que
eufemisticamente denominamos Portadoras de Necessidades Educacionais Especiais (PNEE).
4
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
Recriar esse modelo tem a ver com o que entendemos como qualidade de ensino. Uma
escola se distingue por um ensino de qualidade, capaz de formar pessoas nos padrões
requeridos por uma sociedade mais evoluída e humanitária, quando consegue: aproximar os
alunos entre si, portanto, existe ensino de qualidade quando as ações educativas se pautam na
solidariedade, na colaboração, no compartilhamento do processo educativo com todos os que
estão direta ou indiretamente nele envolvidos. Em suma: as escolas de qualidade são espaços
educativos de construção de personalidades humanas autônomas, críticas, espaços onde
crianças e jovens aprendem a ser pessoas e também que todos os alunos têm possibilidade de
aprender, frequentando uma mesma e única turma.
3.2. REORGANIZAR AS ESCOLAS: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E
ADMINISTRATIVOS
A reorganização das escolas depende de um encadeamento de ações que estão centradas
no projeto político-pedagógico. Os currículos, a formação das turmas, as práticas de ensino e a
avaliação são aspectos da organização pedagógica das escolas e serão revistos e modificados
com base no que for definido pelo projeto político-pedagógico de cada escola. Portanto, através
disso é possível elaborar currículos que reflitam o meio sociocultural do alunado.
3.3. ENSINAR A TURMA TODA: SEM EXCEÇÕES E EXCLUSÕES
O ponto de partida para se ensinar a turma toda é entender que a diferenciação é feita pelo
próprio aluno, ao aprender, e não pelo professor, ao ensinar! Suprimir o caráter classificatório
de notas e de provas e substituí-lo por uma visão diagnostica da avaliação escolar é
indispensável.
3.4. E A ATUAÇÃO DO PROFESSOR?
Esse professor explora os espaços educacionais com seus alunos, buscando perceber o que
cada um deles consegue apreender do que está sendo estudado e como procedem ao avançar
nessa exploração.
3.5. PREPARAR-SE PARA SER UM PROFESSOR INCLUSIVO?
Ao formarem grupos de estudos5 de professores nas escolas, para a discussão e a
compreensão dos problemas educacionais (ensino e aprendizagem), à luz do conhecimento
científico e interdisciplinarmente.
5
Para o desenvolvimento da competência de resolver problemas pedagógicos.