Microscópios e Telescópios.
Desde a invenção do microscópio por volta de 1590, houve uma ampliação dos
conhecimentos de biologia básica, pesquisa biomédica, diagnósticos médicos e
ciência dos materiais. Os microscópios de luz podem ampliar objetos em até 1000
vezes e revelar detalhes mínimos. A tecnologia da microscopia de luz evoluiu muito
desde os microscópios de Robert Hooke e Antoni van Leeuwenhoek.
Principais partes e diferenças;
Um microscópio de luz funciona de maneira muito parecida com um telescópio de
refração, mas com algumas diferenças nos espelhos. Recapitulemos brevemente
como um telescópio funciona.
Um telescópio deve capturar muita luz de um objeto fosco e distante. Por este
motivo, ele precisa de uma grande lente objetiva para captar o máximo de luz
possível trazendo-a para um foco brilhante. Como a objetiva é grande, a imagem do
objeto forma-se um pouco mais longe. Por essa razão, os telescópios são muito
maiores do que os microscópios. A ocular do telescópio amplia a imagem quando a
traz para o alcance da visão do observador.
Ao contrário de um telescópio, o microscópio capta luz de uma área minúscula, de
um espécime fino, bem iluminado e que está próximo. Por isso o microscópio não
precisa de uma grande objetiva. Essa lente em um microscópio é pequena e
esférica, o que significa que a distância focal é muito menor em cada lado. Assim a
imagem do objeto é focalizada a uma curta distância e dentro do tubo do
microscópio. Essa imagem é ampliada por uma segunda lente, chamada lente
ocular ou, simplesmente, ocular, que a traz para o seu campo de visão.
Outra diferença importante entre um telescópio e um microscópio é que este último
tem uma fonte de luz e um condensador. O condensador é um sistema de lentes
que focaliza a luz da fonte em um lugar minúsculo e brilhante do espécime, na
mesma área que está sendo examinada pela objetiva.
Além disso, ao contrário do telescópio que tem uma objetiva fixa e oculares
permutáveis, os microscópios geralmente têm lentes objetivas intercambiáveis e
oculares fixas. Pela troca das objetivas (desde as objetivas de baixa ampliação e
relativamente planas, até as de grande ampliação e arredondadas), um microscópio
é capaz de trazer áreas cada vez menores para o campo de visão, uma vez que a
captação da luz não é a tarefa principal da objetiva do microscópio como no caso do
telescópio.
Mais adiante nesse artigo veremos as partes de um microscópio.
Qualidade da imagem;
Ao se olhar para um espécime usando um microscópio, a qualidade da imagem é
avaliada pelas seguintes características: brilho, foco, resolução e contraste.
Brilho - qual a intensidade de luz ou obscuridade da imagem? A luminosidade está
relacionada ao sistema de iluminação e pode ser alterada mudando-se a voltagem
da lâmpada (reostato) e ajustando-se o condensador e as aberturas do diafragma ou
do furo feito com a agulha. A luminosidade está também relacionada à abertura
numérica da objetiva (quanto maior a abertura, mais brilho terá a imagem). Á
esquerda, imagem de grão de pólen sob boa luminosidade, e à direita, sob fraca
luminosidade:
Foco - a imagem está borrada ou bem definida? O foco está relacionado
com a distância focal e pode ser controlado com os botões de focalização. A
espessura do vidro no slide do espécime pode também afetar uma boa visualização
da imagem - pode ser muito espessa para a objetiva. A espessura correta da lâmina
do vidro de cobertura está escrita na lateral da objetiva. Imagem de um grão de
pólen no foco (esquerda) e fora de foco (direita):
Resolução - qual a distância mínima entre dois pontos na imagem a partir da qual
eles passam a ser vistos como um único ponto? A resolução está relacionada à
abertura numérica da objetiva (quanto maior for a abertura numérica, melhor será a
resolução) e ao comprimento da onda da luz que passa através das lentes (quanto
mais curto o comprimento de onda, melhor a resolução). Imagem de um grão de
pólen com boa resolução (esquerda) e com baixa resolução (direita)
Contraste - qual a diferença em luminosidade entre áreas adjacentes do espécime?
O contraste está relacionado ao sistema de iluminação e pode ser ajustado pela
mudança na intensidade de luz e da abertura do diafragma. Pode-se também colorir
quimicamente o espécime para aumentar o contraste. Imagem de um grão de pólen
com bom contraste (esquerda) e com contraste ruim (direita)
Tipos de microscópios
Uma forma de melhorar o contraste é tratar o espécime com pigmentos coloridos,
ou corantes, que se ligam às estruturas específicas dentro dele. Tipos diferentes de
microscopia foram desenvolvidos para melhorar o contraste nos espécimes. As
especializações encontram-se principalmente nos sistemas de iluminação e nos
tipos de luz que atravessam o espécime. Por exemplo, um microscópio de campo
escuro usa um condensador especial para bloquear a maior parte da luz brilhante e
para iluminar o espécime com luz oblíqua, de forma semelhante ao que a lua faz
quando bloqueia a luz do sol durante um eclipse solar. Esse ajuste óptico fornece
um plano de fundo totalmente escuro e aumenta o contraste da imagem para
salientar pequenos detalhes - áreas brilhantes nos limites da amostra.
As diversas técnicas da microscopia de luz são: campo claro, campo escuro e
iluminação de Rheinberg.
Campo claro - é a configuração básica do microscópio (as imagens vistas até agora
são todas de microscópios de campo claro). É uma técnica que tem muito pouco
contraste. Nas imagens mostradas até agora, grande parte do contraste foi
obtida tingindo-se os espécimes.
Campo escuro - essa configuração aumenta o contraste, como mencionado
anteriormente.
Iluminação Rheinberg - trata-se de uma configuração semelhante ao do campo
escuro, mas que usa uma série de filtros para produzir uma "coloração óptica" do
espécime.
As técnicas que serão mostradas abaixo usam os mesmos princípios básicos da
iluminação Rheinberg e conseguem resultados distintos usando componentes
ópticos diferentes. A idéia básica envolve a divisão do feixe de luz em dois caminhos
que iluminam o espécime. As ondas de luz que passam através de estruturas
densas no interior do espécime têm a velocidade diminuída, comparativamente com
aquelas que passam por estruturas menos densas. Como todas as ondas de luz são
coletadas e transmitidas para a ocular, elas se recombinam de modo que acabam
por interferir umas com as outras. Os padrões de interferência fornecem contraste:
podem mostrar áreas escuras (mais densas) contra um plano de fundo claro (menos
denso) ou criar um tipo de falsa imagem tridimensional (3D).
Contraste de fase - é a melhor técnica para examinar espécimes vivos (como
células cultivadas, por exemplo).
Em um microscópio de contraste de fase, a luz é separada pelos anéis
anulares na objetiva e pelo condensador. A luz que passa através da parte
central do trajeto de luz é recombinada com a luz que se propaga em torno da
periferia do espécime. A interferência produzida por esses dois trajetos produz
imagens nas quais as estruturas densas aparecem mais escuras do que o
fundo.
Contraste de interferência diferencial (DIC) - o DIC usa filtros
polarizadores e prismas para separar e recombinar trajetos de luz dando ao
espécime uma aparência tridimensional. O DIC também é chamado
de Nomarski, em homenagem ao homem que o inventou.
Contraste de modulação Hoffman- é semelhante ao DIC, exceto pelo
fato de usar placas com pequenas fendas no eixo do trajeto da luz, assim
como fora dele, produzindo dois conjuntos de ondas de luz que passam
através do espécime. Como anteriormente, é formada uma imagem em 3D.
Polarização - o microscópio de luz polarizada usa um polarizador de cada
lado do espécime posicionados ortogonalmente, de tal forma que somente a
luz que passe através do espécime alcance a ocular. A luz é polarizada em um
plano à medida que passa através do primeiro filtro e alcança o espécime.
Partes padronizadas ou cristalinas do espécime, com espaçamento regular,
giram a luz passando através delas. Uma porção dessa luz que foi girada
passa através do segundo filtro de polarização, de modo que essas áreas
regularmente espaçadas mostram brilho contra um plano de fundo escuro.
Fluorescência - este tipo de microscópio usa luz de comprimento de onda
curto e de alta energia (normalmente ultravioleta) para excitação
de elétrons dentro de algumas moléculas no interior do espécime, fazendo com
que esses elétrons mudem para órbitas com mais energia. Quando voltam
para seus níveis de energia iniciais, emitem luz com menos energia e
comprimento de onda maior (geralmente no espectro visível) formando, dessa
maneira, a imagem.
Partes de um microscópio de luz;
Um microscópio de luz, seja um simples microscópio estudantil, seja um complexo
microscópio de pesquisa, possui os seguintes sistemas fundamentais:
Controle de espécime - segura e manipula o espécime.
estágio ou platina - é o apoio para o espécime.
clips - usado para segurar o espécime que ainda esteja sobre o estágio (quando se
está examinando uma imagem ampliada, mesmo os menores deslocamentos podem
mover partes da imagem para fora do campo de visão).
micromanipulador - dispositivo que lhe permite mover o espécime de forma
controlada, em pequenos incrementos ao longo dos eixos x e y (útil para a varredura
de um slide).
Iluminação - espalha a luz sobre o espécime (o sistema mais simples de iluminação
é um espelho refletindo a luz do ambiente através do espécime).lâmpada - fonte
produtora da luz (as lâmpadas são bulbos de luz de filamento de tungstênio. Para
aplicações específicas, lâmpadas de mercúrio e xenônio podem ser usadas para
produzir luz ultravioleta. Alguns microscópios usam lasers para fazer a varredura do
espécime).
reostato - altera a corrente aplicada à lâmpada para controlar a intensidade de luz
produzida.
condensador - sistema de lentes que alinha e focaliza a luz da lâmpada sobre o
espécime.
diafragmas ou aberturas de furo de agulha - colocados no trajeto da luz para
alterar a quantidade de luz que alcança o condensador (para aumento do contraste
da imagem).
Lentes - formam a imagem.
objetiva - capta a luz do espécime
ocular - transmite e amplia a imagem da objetiva para o olho
porta-objetiva - montagem rotativa que segura muitas objetivas
tubo - segura a ocular a uma distância adequada da lente objetiva e bloqueia a luz
dispersa
Foco - a objetiva deve ser posicionada na distância correta do espécime
botão de ajuste focal grosseiro - usado para trazer o objeto até o plano focal da
objetiva
botão de ajuste focal fino - usado para fazer ajustes precisos na hora de focalizar a
imagem
braço - parte curva que segura todas as partes ópticas a uma distância fixa e as
alinha
base - suporta o peso de todas as partes do microscópio
O tubo é ligado ao braço do microscópio por meio da engrenagem de pinhão
e cremalheira. Esse sistema possibilita focalizar a imagem durante a mudança
de lentes ou de observadores e afastar as lentes do estágio durante a troca de
espécimes.
Algumas partes mencionadas acima não são mostradas no diagrama e variam entre
microscópios. Os microscópios vêm em duas configurações básicas: vertical e
invertido. O microscópio mostrado no diagrama é ummicroscópio vertical, com
iluminação embaixo do estágio e sistemas de lentes acima do estágio.
O microscópio invertido tem o sistema de iluminação acima do estágio e o sistema
de lentes embaixo. Os microscópios invertidos são melhores para olhar através de
espécimes espessos, como pratos de células cultivadas, porque as lentes ficam
muito próximas do fundo do prato onde a células nascem.
Os microscópios de luz revelam estruturas de células vivas e de tecidos, bem como
de amostras inertes como rochas e semicondutores. O microscópio de luz é
responsável pelo grande avanço da área biomédica e continua a ser um instrumento
poderoso para os cientistas.
Quanto aos telescópios...
Esse é o projeto do telescópio mais simples que você poderia conseguir. Uma
lente grande junta a luz e a direciona para o ponto focal e uma lente pequena
traz a imagem para seu olho.
A maioria dos telescópios que você vê é de um desses dois tipos:
o telescópio refrator, que usa lentes de vidro;
o telescópio refletor, que usa espelhos em vez de lentes.
Ambos fazem exatamente a mesma coisa, mas de maneiras completamente
diferentes.
Para entender como funcionam os telescópios, temos de fazer a seguinte pergunta:
por que não é possível ver um objeto distante? Por exemplo, por que não é possível
ler o que está escrito em uma moeda de 10 centavos a olho nu quando ela está a
uma distância de 55 m? A resposta para essa pergunta é simples: o objeto não
ocupa muito espaço na tela de seu olho (retina). Se você quiser pensar nisso
em termos de uma câmera digital, em 55 m não há pixels suficientes no sensor de
sua retina para que você consiga ler o que está escrito em uma moeda de 10
centavos.
Se você tivesse um "olho maior," poderia captar mais luz do objeto e criar uma
imagem mais brilhante, o que tornaria possível ampliar parte dessa imagem para
que se esticasse e ocupasse mais pixels de sua retina. No telescópio há duas partes
que tornam isso possível:
a lente objetiva (em refratores) ou oespelho primário (nos refletores)
captam muita luz de um objeto distante e trazem essa luz, ou imagem, para
um ponto ou foco;
uma lente ocular "pega" a luz do foco da objetiva ou do espelho primário e
a amplia para que ocupe uma grande porção da retina. Esse é o mesmo
princípio que a lente de aumento usa: ela pega uma imagem pequena no
papel e a espalha pela retina do olho para que pareça maior.
Se você combinar a objetiva ou o espelho primário com a ocular, terá um telescópio.
Novamente, a idéia básica é captar muita luz para formar uma imagem brilhante
dentro do telescópio e então usar algo como uma lente de aumento para ampliar
essa imagem brilhante, fazendo com que ela ocupe bastante espaço em sua retina.
Um telescópio tem duas propriedades gerais:
sua capacidade de captar a luz;
sua capacidade de ampliar a imagem.
A capacidade que um telescópio tem de captar a luz está diretamente relacionada
ao diâmetro da lente ou do espelho – a abertura – que é usada para captar a luz.
Geralmente, quanto maior a abertura, mais luz o telescópio capta e traz para o foco,
deixando a imagem final mais brilhante.
O poder de ampliação do telescópio, sua capacidade de aumentar uma imagem,
depende da combinação de lentes utilizada. A ocular é que realiza essa ampliação.
Já que a ampliação pode ser atingida por quase qualquer telescópio usando
oculares diferentes, a abertura acaba sendo uma característica mais importante do
que a ampliação.
Para entender como isso funciona em um telescópio, vamos dar uma olhada em
como o telescópio refrator (o tipo que tem lentes) amplia uma imagem de um objeto
distante e a faz parecer mais próxima.