Concreto Geopolimérico: Comportamento Sob Carga Cíclica
Concreto Geopolimérico: Comportamento Sob Carga Cíclica
Rio de Janeiro
2005
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
_______________________________________________________________
Prof. Clelio Thaumaturgo – D.C. do IME - Presidente
_______________________________________________________________
Prof. Antônio Eduardo Polisseni – DC. da UFJF
_______________________________________________________________
Prof. Cap. Luiz Antônio Vieira Carneiro -– DC. do IME
Rio de Janeiro
2005
2
SUMÁRIO
LISTA DE ILUSTRAÇÕES......................................................................................... 5
LISTA DE ABREVIATURAS...................................................................................... 7
2 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 10
2.1 POSICIONAMENTO DA PROPOSTA ...........................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
3.1 O CAULIM............................................................................................................................... 11
3.1.1 RESERVAS ..................................................................................................................... 14
3.1.2 CONSUMO DO CAULIM ................................................................................................. 16
3.2 MUDANÇA DA CAULINITA PARA METACULINITA.............................................................. 17
3.3 OUTRAS MATÉRIAS PRIMAS............................................................................................... 19
3.4 CIMENTO GEOPOLIMÉRICO................................................................................................ 20
3.5 CONCRETO DE CIMENTO GEOPOLIMÉRICO (CCG)......................................................... 25
3.5.1 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO................................................................................... 25
3.5.1.1 Alguns fatores que influenciam na resistência à compressão do CCG ................... 25
3.5.2 TRAÇÃO POR COMPRESSÃO DIAMETRAL ................................................................ 29
3.6 PAVIMENTO DE CONCRETO ............................................................................................... 30
3.7 COMPORTAMENTO EM FADIGA ......................................................................................... 36
3.7.1 TIPOS DE ENSAIOS DE FADIGA ........................................................................................ 38
3.7.1.1 Compressão diametral. .................................................................................................. 39
3.7.1.1 Flexão em vigas. ............................................................................................................ 39
3.7.2 FORMAS DE CARREGAMENTO. ........................................................................................ 40
3.7.2.1 Fadiga à Tensão Controlada (TC).................................................................................. 40
3.7.2.2 Fadiga à Deformação Controlada (DC).......................................................................... 40
3.7.3 FADIGA DO CONCRETO..................................................................................................... 42
3
4.3 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS .................................................................................. 46
4.3.1 RESISTÊNCIA A COMPRESSÃO AXIAL E À TRAÇÃO POR COMPRESSÃO
DIAMETRAL................................................................................................................................... 46
4.3.2 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV) .............................................. 46
4.3.3 COMPORTAMENTO EM FADIGA .................................................................................. 46
6 CRONOGRAMA................................................................................................. 50
7 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 56
4
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIG. 3.1: ESTRUTURA DA GIBBSITA (A), SÍLICA (B), MONTAGEM DA ESTRUTURA IDEAL DA
CAULINITA (C), ESTRUTURA FINAL DA CAULINITA (D) (GARDOLINSKI ET AL, 2003) ................. 12
FIG. 3.2: EMPILHAMENTO E ESTRUTURA DO CRISTAL LAMELAR DA CAULINITA (SANTOS,
1989)...................................................................................................................................................... 12
FIG. 3.3: ORGANIZAÇÃO DA ESTRUTURA LAMELAR DA CAULINITA, IMAGEM DE ELÉTRONS
SECUNDÁRIOS OBTIDA EM MEV. (FERNANDES, 1992).................................................................. 13
FIG. 3.4: CRISTAIS DE CAULINITA DO RIO CAPIM. IMAGEM DE ELÉTRONS SECUNDÁRIOS
OBTIDA EM MEV (LUZ E CHAVES, 2000). ......................................................................................... 13
FIG. 3.5: LOCALIZAÇÃO DAS JAZIDAS DE CAULIM DA AMAZÔNIA (BARATA ET AL, 2002) ........ 15
FIG. 3.6: CONSUMO SETORIAL DE CAULIM EM 1999 (SILVA, 2001).............................................. 16
FIG. 3.7: CURVA CARACTERÍSTICA DA CAULINITA OBTIDA POR ATD (SANTOS, 1989). ........... 17
FIG. 3.8: METACAULINS OBTIDOS PELO PROCESSO DE CALCINAÇÃO: (A) 850 ºC / 4H, (B) 850
ºC / 12H E (C) 850 ºC / 24H (LIMA, 2004). ........................................................................................... 19
FIG. 3.9: FÓRMULA EMPÍRICA, NOMENCLATURA E ABREVIATURAS PROPOSTAS PARA OS
GEOPOLÍMEROS E SUAS ESTRUTURAS TRIDIMENSIONAIS DE SILICO-ALUMINATOS
AMORFOS A SEMI-CRISTALINOS : [A] : POLISSIALATO ; [B] : POLISILOXOSIALATO ; [C] :
POLIDISILOXOSIALATO, (DAVIDOVITS, 1991).................................................................................. 21
FIG. 3.10: (I) ESTRUTURA PROPOSTA PARA O POLÍMERO NA-POLISSIALATO. (II) ESTRUTURA
TRIDIMENSIONAL PROPOSTA PARA NA-POLISSIALATO, (BARBOSA E THAUMATURGO, 2000).
............................................................................................................................................................... 21
FIG. 3.11: PRODUÇÃO ANUAL DE CIMENTO PORTLAND E CO2 NO MUNDO. OS CIMENTOS
GEOPOLIMÉRICOS ASSUMINDO UM MERCADO POTENCIAL, COM UMA REDUÇÃO NA
PRODUÇÃO DO CIMENTO PORTLAND EM 1989 (DAVIDOVITS, 1991). ......................................... 23
FIG. 3.12: RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO EM DIFERENTES IDADES (HARDJITO ET AL, 2004).26
FIG. 3.13: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CURA NA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (HARDJITO ET
AL, 2004). .............................................................................................................................................. 26
FIG. 3.14: INFLUÊNCIA DO PERÍODO DE CURA E DO SUPERPLASTIFICANTE NA RESISTÊNCIA
À COMPRESSÃO (HARDJITO ET AL, 2004)....................................................................................... 27
FIG. 3.15: INFLUÊNCIA DA RAZÃO MOLAR H2O/NA2O NA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO
(HARDJITO ET AL, 2004). .................................................................................................................... 28
FIG. 3.16: INFLUÊNCIA DA RAZÃO ÁGUA/SÓLIDOS NA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO
(HARDJITO ET AL, 2004). .................................................................................................................... 28
FIG. 3.17: ESQUEMA DO ENSAIO DE TRAÇÃO POR COMPRESSÃO DIAMETRAL (THOMAZ,
2000)...................................................................................................................................................... 29
FIG. 3.18: RESISTÊNCIA À TRAÇÃO OBTIDA POR ENSAIOS DE COMPRESSÃO DIAMETRAL
PARA CCG (THOMAZ, 2000). .............................................................................................................. 30
FIG. 3.19: CORRELAÇÃO ENTRE CBR E K (RODRIGUES, 2003). ................................................... 33
FIG. 3.20: PERFIS DE PAVIMENTOS: (A) FLEXÍVEL; (B) RÍGIDO (MEDINA, 1997)......................... 34
FIG. 3.21: DISTRIBUIÇÃO DAS PRESSÕES NAS CAMADAS DE SOLO SUBJACENTES AO
REVESTIMENTO DE CONCRETO (RODRIGUES, 2003). .................................................................. 35
FIG. 3.22: SEÇÃO TÍPICA DE PAVIMENTO RÍGIDO (RODRIGUES, 2003)....................................... 35
FIG. 3.23: TRINCA DO TIPO “COURO DE JACARÉ” (PINTO E PREUSSLER, 2002). ...................... 38
FIG. 3.24: FISSURA DE CANTO (DNIT, 2004). ................................................................................... 38
FIG. 3.25: : REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DOS ENSAIOS DE FADIGA À TENSÃO E
DEFORMAÇÃO CONTROLADA (PINTO, 1991). ................................................................................. 41
FIG. 3.26: : INFLUÊNCIA DO MODO DE CARREGAMENTO NA VIDA DE FADIGA (PINTO, 1991). 41
FIG. 3.27: CURVAS S-N PARA VALORES DE R CONSTANTES, ONDE R = SMIN/SMAX (AITCIN,
2000)...................................................................................................................................................... 43
FIG. 4.1: DIMENSÕES DE VIGOTAS PARA O ENSAIO DE FADIGA ................................................. 48
FIG. 6.1: ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS DE ABRIL A MAIO DE 2005. .......................... 50
FIG. 6.2: ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS DE MAIO A JULHO DE 2005.......................... 51
FIG. 6.3: ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS DE JULHO A AGOSTO DE 2005. .................. 52
FIG. 6.4: ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS DE SETEMBRO A OUTUBRO DE 2005. ....... 53
FIG. 6.5: ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS DE OUTUBRO A DEZEMBRO DE 2005. ....... 54
FIG. 6.6: ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS EM DEZEMBRO DE 2005 .............................. 55
5
LISTA DE TABELAS
6
LISTA DE ABREVIATURAS
ABREVIATURAS
7
LISTA DE SÍMBOLOS
8
LISTA DE SIGLAS
9
1 INTRODUÇÃO
1.1 Motivação
1.3 Objetivo
10
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 O CAULIM
11
encontram-se geralmente presentes. A composição química do caulim é usualmente
expressa em termos de óxidos dos vários elementos, embora eles possam estar
presentes em forma mais complexa e por vezes desconhecida. De acordo com
Gardolinski (2001), o caulim apresenta características estruturais, onde um lado da
lamela é constituído por uma estrutura do tipo da gibbsita (variedade polimórfica do
Al (OH)3), (com átomos de alumínio coordenados octaedricamente a oxigênio e
grupamentos hidroxila). O outro lado da lamela é constituído por uma estrutura do
tipo sílica onde átomos de silício são coordenados tetraedricamente por átomos de
oxigênio (FIG.3.1).
FIG. 2.1: Estrutura da gibbsita (a), Sílica (b), Montagem da estrutura ideal da caulinita (c), Estrutura
final da caulinita (d) (GARDOLINSKI et al, 2003)
12
FERNANDES, L.A. (1992) apresenta a micrografia de uma caulinita bem
cristalizada (FIG. 3.3), evidenciando o empilhamento das lamelas de caulinita.
FIG. 2.3: Organização da estrutura lamelar da caulinita, Imagem de elétrons secundários obtida em
MEV. (FERNANDES, 1992).
LUZ (2000), apresenta uma micrografia de uma caulinita bem cristalizada (FIG.
3.4), evidenciando o caráter hexagonal das lamelas de caulinita.
FIG. 2.4: Cristais de caulinita do Rio Capim. Imagem de elétrons secundários obtida em MEV (LUZ e
CHAVES, 2000).
13
especiais, porque é quimicamente inerte dentro de uma ampla faixa de pH; tem cor
branca; apresenta ótimo poder de cobertura quando usado como pigmento ou como
extensor em aplicações de cobertura e carga; é macio e pouco abrasivo; possui
baixas condutividades de calor e eletricidade, e tem custo mais baixo que a maioria
de outros materiais.
As principais aplicações do caulim atualmente são como agentes de
enchimento “filler” no preparo de papel; como agente de cobertura (coating) para
papel “couché” e na composição das pastas cerâmicas. Em menor escala, o caulim
é usado na fabricação de materiais refratários, plástico, borrachas, tintas, adesivos,
cimentos, inseticidas, pesticidas, produtos alimentares e farmacêuticos,
catalisadores, absorventes, dentifrícios, clarificantes, fertilizantes, gesso, auxiliares
de filtração, cosméticos, produtos químicos, detergentes e abrasivos, além de
cargas e enchimentos para diversas finalidades (SILVA, 2001).
2.1.1 RESERVAS
14
FIG. 2.5: Localização das jazidas de caulim da Amazônia (BARATA et al, 2002)
15
Nos demais Estados verifica-se uma predominância de caulim primário,
originado tanto da alteração de pegmatitos como do intemperismo de granitos,
destacando-se os Estados de São Paulo, Goiás, Santa Catarina e Paraná. No
período de 1988 a 2000, pode-se destacar o significativo incremento das reservas
de caulim, ocorrido em 1996, passando de um patamar em torno de 1,6 bilhão de
toneladas para 4,0 bilhões, face às descobertas do Estado do Amazonas, ainda não
aproveitadas (SILVA, 2001).
16
3.2 MUDANÇA DA CAULINITA PARA METACULINITA
FIG. 2.7: Curva característica da caulinita obtida por ATD (SANTOS, 1989).
17
Enquanto o pesquisador Brindley mostra que a seqüência das reações
caulinita-mulita é a seguinte:
18
1400
1400
1300
1300
1200
1200
1100 1100
1000 1000
900 900
Lin (Counts)
Lin (Counts)
800 800
700 700
600 600
500 500
400 400
300
300
200
200
100
100
0
0
5 10 20 30 40 50 60 70 80 90
5 10 20 30 40 50 60 70 80 90
2-Theta - Scale
MMP 223 - 15% CaF2 - Rietveld 2-Theta - Scale
35-0816 (*) - Fluorite, syn - CaF2 MMP 226 - 15% CaF2 - Rietveld
21-1272 (*) - Anatase, syn - TiO2 35-0816 (*) - Fluorite, syn - CaF2
46-1045 (*) - Quartz, syn - SiO2 21-1272 (*) - Anatase, syn - TiO2
46-1045 (*) - Quartz, syn - SiO2
(a) (b)
1300
1200
1100
1000
900
800
Lin (Counts)
700
600
500
400
300
200
100
5 10 20 30 40 50 60 70 80 90
2-Theta - Scale
MMP 227 - 15% CaF2 - Rietveld
35-0816 (*) - Fluorite, syn - CaF2
21-1272 (*) - Anatase, syn - TiO2
46-1045 (*) - Quartz, syn - SiO2
(c)
FIG. 2.8: Metacaulins obtidos pelo processo de calcinação: (a) 850 ºC / 4h, (b) 850 ºC / 12h e (c) 850
ºC / 24h (LIMA, 2004).
19
• A Escória Granulada de Alto Forno (EGAF) é um resíduo não metálico
da produção de ferro gusa. Quando resfriada bruscamente (granulada)
possui propriedades aglomerantes;
• A cinza de casca de arroz é a cinza produzida pela queima da casca
de arroz.
[
M n - (SiO 2 ) z − AlO 2 ] , wH O
n
2
20
a) polissialato
(-Si-O-Al-O-)
(PS)
b) polissiloxosialato
(-Si-O-Al-O-Si-O-)
(PSS)
c) polidissiloxosialato
(-Si-O-Al-O-Si-O-Si-O-)
(PSDS)
FIG. 2.9: Fórmula empírica, nomenclatura e abreviaturas propostas para os geopolímeros e suas
estruturas tridimensionais de silico-aluminatos amorfos a semi-cristalinos : [a] : polissialato ; [b] :
polisiloxosialato ; [c] : polidisiloxosialato, (DAVIDOVITS, 1991).
(I) (II)
FIG. 2.10: (I) Estrutura proposta para o polímero Na-polissialato. (II) Estrutura tridimensional proposta
para Na-polissialato, (BARBOSA e THAUMATURGO, 2000).
21
onde baixas razões, entre 1 e 3, iniciam uma rede tridimensional muito rígida,
enquanto que razões muito altas, acima de 15, promovem cadeias lineares de
menor resistência mecânica, mas que ainda conferem propriedades interessantes.
A necessidade de redução de consumo de energia e de emissão de CO2 é uma
exigência constante na indústria de cimento Portland, gerando esforços na melhoria
da eficiência dos processos de fabricação, assim como o aproveitamento de
resíduos e subprodutos de outras indústrias. Os avanços na moderna tecnologia do
concreto envolvem o emprego de escórias álcali-ativadas e compostos silicosos de
elevada reatividade potencial, permitindo, além da melhoria das propriedades do
concreto, o aproveitamento de uma grande variedade de materiais antes sem
potencial de aplicação, proporcionando assim, a obtenção de produtos mais
estáveis, mais resistentes quimicamente e relativamente mais duráveis (THOMAZ,
2000).
A produção de cimento Portland gera CO2 de duas formas:
• Por calcinação de carbonato de cálcio e materiais sílico aluminatos, segundo
a reação (EQ. 3.3), de forma que a produção de uma tonelada métrica de
cimento Portland gera uma tonelada de CO2.
22
FIG. 2.11: Produção anual de cimento Portland e CO2 no mundo. Os cimentos Geopoliméricos
assumindo um mercado potencial, com uma redução na produção do cimento Portland em 1989
(DAVIDOVITS, 1991).
23
TAB. 2.2: Razões molares entre óxidos na mistura de Reagentes.
24
2.5 CONCRETO DE CIMENTO GEOPOLIMÉRICO (CCG)
25
FIG. 2.12: Resistência à compressão em diferentes idades (HARDJITO et al, 2004).
FIG. 2.13: Influência do tempo de cura na resistência à compressão (HARDJITO et al, 2004).
26
Outro efeito relevante estudado é o do superplastificante, que melhorou a
trabalhabilidade do concreto fresco, tendo um efeito muito pequeno na resistência
compressiva, até aproximadamente 2% em massa de cinza volante. Acima deste
valor há uma degradação da resistência à compressão. A FIG. 3.14 além de mostrar
o efeito do superplastificante no CCG, evidencia também o efeito do período de cura
na resistência compressiva.
Os concretos que tiveram um período de cura de 60 minutos após moldagem
apresentaram uma diferença muito pequena em relação aos concretos sem nenhum
período de cura, ou seja, concretos levados ao forno imediatamente após
moldagem.
27
FIG. 2.15: Influência da razão molar H2O/Na2O na resistência à compressão (HARDJITO et al, 2004).
FIG. 2.16: Influência da razão água/sólidos na resistência à compressão (HARDJITO et al, 2004).
28
3.5.2 Tração por Compressão Diametral
Fct,sp = 2P/π.D.L
P
FIG. 2.17: Esquema do ensaio de tração por compressão diametral (THOMAZ, 2000).
29
resistências de CCP, com formulações experimentais diferentes. Pode-se observar
que os resultados do CCG mostram-se similares aos resultados indicados no CCP.
FIG. 2.18: Resistência à tração obtida por ensaios de compressão diametral para CCG (THOMAZ,
2000).
30
o meio técnico de pavimentação a aparelhar-se quase que exclusivamente para
emprego de pavimentos asfálticos, para eles dirigindo a formação de pessoal e a
montagem do parque de equipamentos. Como conseqüência, há uma certa
resistência para que se passe novamente a adotar a alternativa dos pavimentos
rígidos para a pavimentação, mesmo havendo sinais efetivos da mudança das
circunstâncias técnicas e, principalmente, econômicas (PITTA, 2004).
O pavimento de concreto ressurgiu, nos últimos anos, em países de
características tão diversas como o México, a África do Sul, a Espanha e a Índia.
Porque, basicamente e em primeiro lugar, seu custo inicial tornou-se atraente, diante
das alterações da estrutura de preços dos derivados de petróleo e do crescimento
da conscientização de governos e contribuintes da necessidade vital que é
aproveitar ao máximo a aplicação dos recursos públicos, buscando o maior benefício
e o menor custo (PITTA, 2004).
O pavimento rodoviário é uma estrutura constituída por diversas camadas
superpostas, construídas sobre o subleito, destinada a resistir e distribuir os esforços
verticais e horizontais de tensão provocados por cargas móveis (veículos de grande,
médio ou pequeno porte), bem como garantir a segurança e o conforto dos
motoristas. Um pavimento é constituído por camadas, subleito, leito, sub-base, base
e revestimento (no caso dos pavimentos flexíveis) ou placa de concreto (no caso de
pavimentos rígidos), que apresentam materiais com diferentes características e
propriedades, ou seja, que se comportam diferentemente quanto à deformação e
quando submetidos a carregamentos externos (carga dos veículos automotivos).
Esta função está relacionada com o estado do pavimento. Neste contexto, é possível
avaliar o comportamento estrutural do pavimento, na medida em que é feita uma
análise prevendo a compatibilidade entre os diferentes materiais, levando em conta
as diferenças nas suas propriedades físicas e mecânicas (SAMPAIO, 2003).
O pavimento rígido, segundo RODRIGUES (2003), é constituído de camadas,
onde o subleito é o terreno sobre o qual se assentam as camadas do pavimento e
que, em última análise, irá suportar as cargas atuantes nos pisos e pavimentos,
sendo necessária uma investigação para determinar a sua capacidade de suporte,
pois o solo tem um papel extremamente importante para viabilização ou não dos
projetos de estradas rodoviárias.
31
De acordo com ALVES (2002), a região amazônica sofre de carência de infra-
estrutura de transporte, pois as estradas são precárias ou inexistentes. Isto se deve
ao fato de haver barreiras geológicas e pedológicas, devido às características dos
solos com predominância de textura argilosa, que dificultam ou inviabilizam a
implantação de um eixo viário, por terem características plásticas, não possuírem
boas propriedades físicas e apresentarem um certo grau de dificuldade para serem
compactados, ou seja, não atingem sua densidade máxima. Quanto menor for a sua
densidade, maior será a compressibilidade e a permeabilidade, acarretando, em
conseqüência, uma redução da resistência mecânica do solo e provocando a
degradação do material que constitui o pavimento.
As falhas que ocorrem na estrutura do pavimento são causadas pelo recalque
diferencial, que por sua vez são conseqüência do inchamento (absorção de água,
que ocorre, em maior ou menor grau, pelos argilominerais) e da compressão do ar
nos espaços intergranulares sob ação da força de penetração da água (ALVES,
2002). Portanto, é essencial o estudo das propriedades mecânicas e físicas dos
solos para um melhor dimensionamento das camadas que compõe o pavimento,
seja ele rígido ou flexível.
Para se obter a medida de resistência do solo ou capacidade de suporte pode
ser realizada uma prova de carga determinada pelo coeficiente de recalque,
expresso por:
32
FIG. 2.19: Correlação entre CBR e K (RODRIGUES, 2003).
33
A erosão da sub-base, acarretada pela combinação de cargas pesadas, água
e a movimentação diferencial do solo, provoca a perda de material do topo da
camada.
Segundo MEDINA (1997), o revestimento é a camada, tanto quanto possível
impermeável, que recebe diretamente a ação do rolamento dos veículos, sendo
destinada a melhorar as condições de tráfego quanto à comodidade e segurança,
além de resistir aos esforços horizontais que nele atuam, tornando mais durável a
superfície de rolamento. No caso dos pavimentos rígidos, as placas de concreto
preenchem as finalidades próprias de revestimento e base, simultaneamente
(FIG.3.20).
Revestimento
Sub-base Sub-base
Subleito Subleito
(a) (b)
FIG. 2.20: Perfis de pavimentos: (a) flexível; (b) rígido (MEDINA, 1997).
34
FIG. 2.21: Distribuição das pressões nas camadas de solo subjacentes ao revestimento de concreto
(RODRIGUES, 2003).
35
pavimentos, devem ser considerados o módulo de resiliência e a vida de fadiga,
tendo em vista que o rompimento pode ocorrer em função das deformações
elásticas excessivas, caracterizando a fadiga do material. Pelo método de análise
mecanicista, a deflexão máxima de uma estrutura proposta deve ser prevista para
uma determinada expectativa de vida de fadiga.
36
com estruturas submetidas a cem mil ciclos, como pontes e pavimentos de
aeroportos. Estende-se também a outros tipos de pavimentos, pontes ferroviárias e
rodoviárias e dormentes ferroviários de concreto, submetidos a até dez milhões de
ciclos de carregamento. Estruturas para trânsito rápido ou expostas às ondas do mar
podem ser submetidas a ciclos superiores a dez milhões, durante sua vida útil.
Segundo BASTOS (2002), a freqüência e a amplitude desses ciclos de
carregamento variam usualmente com o tempo.
Em alguns casos, rupturas em serviço ocorreram devido à fadiga na forma de
deflexões maiores do que as esperadas, ou, como um acúmulo de fissuras, ou
ainda, como uma ruína catastrófica de toda a estrutura. No concreto, a fadiga
começa em uma escala microscópica e é associada ao aumento da abertura das
fissuras e à redução da rigidez. O ACI 215R (1992) relata que a ruptura por fadiga
ocorre por uma micro-fissuração interna progressiva. Por isso, ocorre um grande
aumento nas deformações longitudinais e transversais. Segundo AYRES (1997), o
trincamento inicia em pontos críticos, onde as tensões são maiores. Com a
continuação da aplicação do carregamento, as trincas se propagam por toda a
espessura da camada, permitindo a passagem de água da superfície para a
estrutura do pavimento. Este fenômeno enfraquece e reduz o desempenho global do
pavimento, consistindo em um dos principais processos de ruptura dos pavimentos.
No caso de misturas asfálticas essas trincas podem ser observadas através de
trincas interligadas conhecidas como “couro de jacaré” ou “couro de crocodilo” são
resultantes do processo de fadiga do revestimento que num estágio mais crítico
acabam formando blocos sem transmissão de carga entre si. A FIG.3.23 apresenta o
aspecto das trincas do tipo “couro de jacaré” visíveis na superfície do revestimento
(PINTO e PREUSSLER, 2002).
37
FIG. 2.23: Trinca do tipo “couro de jacaré” (PINTO e PREUSSLER, 2002).
38
executado em placas ou vigas apoiadas em suportes que visam representar as
camadas subjacentes ao revestimento enquanto que nos ensaios aproximados são
utilizados corpos-de-prova cilíndricos ou prismáticos, submetidos a níveis de tensões
ou deformações de modo a simular a condição de solicitação no campo (PINTO,
1991).
Os ensaios para a estimativa da vida de fadiga podem ser classificados em
função do carregamento atuante:
- Condição de carga: Estática ou Dinâmica;
- Tipo de carga: Compressão simples, compressão diametral, tração, flexão simples
ou em balanço, triaxial e rotativa.
Atualmente, os ensaios mais utilizados para a estimativa de fadiga são os de
compressão diametral e flexão.
39
Unidos, caracterizado por um sistema de aplicação de carga, que aplica esta carga
em uma amostra prismática com temperatura e freqüência controladas PINTO
(1991).
40
corpo de prova. Os critérios utilizados têm sido a redução em 40% e 50% da carga
inicial aplicada (PINTO 1991).
A FIG. 3.25 apresenta esquematicamente os tipos de carregamento utilizados
nos ensaios de fadiga.
FIG. 2.25: : Representação esquemática dos ensaios de fadiga à tensão e deformação controlada
(PINTO, 1991).
41
3.7.3 Fadiga do concreto.
42
como uma fração da carga estática na qual ocorre a ruptura. Essas curvas S-N
podem ser representadas para diferentes valores da carga mínima ou em função da
razão R=Smin / Smax (FIG. 3.27).
FIG. 2.27: Curvas S-N para valores de R constantes, onde R = Smin/Smax (AITCIN, 2000).
A maioria dos dados sobre fadiga foi obtida quando se submeteu o concreto a um
valor constante máximo e mínimo de tensão. Para considerar o efeito da amplitude
variável sobre o comportamento à fadiga do concreto, a hipótese de Miner de
acúmulo linear dos danos (em que a resistência à fadiga não consumida pela
repetição de uma dada carga fica disponível para a repetição de outras cargas) é
largamente utilizada. A ruptura por fadiga ocorre se:
∑ Nn = 1 (EQ.3.6)
43
difícil de ser explorado. Contudo, através desta Dissertação, espera-se desenvolver
um estudo do comportamento em fadiga do CCG e compará-lo com os
conhecimentos acumulados na literatura sobre o comportamento em fadiga do CCP.
44
4 PROPOSTA DE TRABALHO
4.1 OBJETIVO
Como fonte de Al2O3 e SiO2, será utilizado o caulim comercial fornecido pela
Casa Wolf S.A. oriundo de jazidas localizadas no Rio Grande do Norte (Região de
Seridó). Para aumentar a reatividade desses compostos, as calcinações do caulim
serão efetuadas em forno programável EDG3P-S. O plano de calcinação do caulim
que será adotado para este trabalho será de 850ºC por duas horas, objetivando um
melhor custo benefício para a produção do metacaulim, em função do tempo
empregado durante o processo conforme (FIG. 3,8), à taxa de aquecimento de
20ºC/min. Os concretos de cimento geopolímerico serão produzidos no Laboratório
de Materiais Conjugados do Instituto Militar de Engenharia. Como fonte
complementar de SiO2, será utilizado silicato de sódio (Na2SiO3nH2O) alcalino
comercial, fornecido pela Prozil S.A. Para garantir o pH, necessário para a
geopolimerização, será utilizado hidróxido de potássio (KOH) comercial, fabricado
45
pela Panamericana S.A. A Fonte de CaO, Escória Granulada de Alto Forno,
produzida pela Siderúrgica de Tubarão. Para a produção dos concretos Portland e
geopolimérico serão utilizados areia de rio lavada, secada e peneirada (passante na
peneira de 4.8mm) e água potável. O cimento usado no concreto Portland será o CP
V-ARI-PLUS, Holcin.
46
carregamento de 900Kg, no Laboratório de Materiais de Construção e de Solos do
Departamento de Engenharia de Fortificação e Construção (SE/2) do Instituto Militar
de Engenharia-IME. As amostras serão moldadas em formas de vigotas para o
ensaio de três pontos do estudo em questão. O cálculo de dimensionamento das
vigotas foi feito de acordo com os principais procedimentos da RILEM (1990) citados
na Tese de SILVA (2000), (TAB. 4.1), onde Dmáx é a dimensão máxima característica
do agregado, d é a altura, b é a espessura e L é o comprimento do corpo de prova,
sendo S o vão ou espaço entre os apoios.
S/d = 4
b/d = 0,533
L/S = 1,167
Com base nessas relações, foi adotado para o dimensionamento das vigotas
desta Dissertação o valor de b = 4,5 cm, onde foram obtidos os seguintes resultados
conforme TAB. 4.2 e FIG. 4.1.
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d = 85 mm
S = 340 mm b = 45 mm
L = 400 mm
48
5. VIABILIDADE DO TRABALHO
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6 CRONOGRAMA
As atividades referentes à elaboração e operacionalização dessa Dissertação de Mestrado vêm se desenvolvendo desde
meados de 2005. As figuras a seguir apresentam as atividades que serão desenvolvidas de abril de 2005 até Janeiro de 2006.
51
FIG. 6.3: Atividades a serem desenvolvidas de Julho a Agosto de 2005.
52
FIG. 6.4: Atividades a serem desenvolvidas de Setembro a Outubro de 2005.
53
FIG. 6.5: Atividades a serem desenvolvidas de Outubro a Dezembro de 2005.
54
FIG. 6.6: Atividades a serem desenvolvidas em Dezembro de 2005
55
7 REFERÊNCIAS
AITCIN, P. C., Concreto de Alto Desempenho, 1º ed São Paulo: PINI, 2000, 662p.
ISBN 85-7266-123-9.
BARSON, J. M.; ROLFE, S. T.; Fracture & fatigue control in structures, New
Jersey, Prentice-Hall, 2 ed., 1987.
HARDJITO, D., WALLAH, S. E., SUMAJOUW, M.J.D AND RANGAN, B. V., Factors
Influencing the Compressive Strength of Fly Ash-Based Geopoolymer
Concrete, Dimensi Teknik Sipil Vol 6, Nº2, September 2004: 88 – 93.
HSU, T. T. C., Fatigue of plain concrete. ACI J., 78(4), 292–305, (1981).
57
MEDINA, J., Mecânica dos Pavimentos. Rio de Janeiro: UFRJ, 1997. 380 p. ISBN
85-71108-200-6.
58
SILVA, F. J. Reforço e fratura em compósitos de matriz álcali-ativada. Tese
(Doutorado em Ciência dos Materiais). Instituto Militar de Engenharia. 271p, Rio
de Janeiro, 2000.
SU, T.T.C. (1981). Fatigue of plain concrete. ACI Journal, Proceedings, v.78, n.4,
July- Aug, pp.292-305, 1987.
59
Rio de Janeiro, RJ, 16 de Junho de 2005.
_________________________________
Alisson Clay Rios da Silva
Aluno de Mestrado
_________________________________
Clélio Thaumaturgo – D.C.
Orientador da Dissertação
_________________________________
Benedito Luís Barbosa Andrade – TC QEM
Chefe da SE/4
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