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Nostalgia e Reflexões de Aniversário

O poema descreve a nostalgia do eu lírico por seus anos de infância, quando sua família comemorava seu aniversário. Ele se sentia feliz e protegido nessa época, ao contrário do presente em que se vê só, com a casa e os entes queridos perdidos. O passado é descrito como um tempo de inocência e alegria que o eu lírico desejaria reviver.

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Nostalgia e Reflexões de Aniversário

O poema descreve a nostalgia do eu lírico por seus anos de infância, quando sua família comemorava seu aniversário. Ele se sentia feliz e protegido nessa época, ao contrário do presente em que se vê só, com a casa e os entes queridos perdidos. O passado é descrito como um tempo de inocência e alegria que o eu lírico desejaria reviver.

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ANIVERSÁRIO

por Fernando Pessoa

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,


Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,


Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.

Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,


O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui…
A que distância!…
(Nem o acho…)
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!

O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,


Pondo grelado nas paredes…
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas
lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio…

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos…


Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim…
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!

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