Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
ÍNDICE
INTRODUÇÃO 5
1. A ACTIVIDADE LABORAL E OS RISCOS
PROFISSIONAIS 9
1.1. TIPOS DE RISCO 10
2. ACIDENTE DE TRABALHO E DOENÇA
PROFISSIONAL 13
2.1. ACIDENTE DE TRABALHO 14
2.2. DOENÇA PROFISSIONAL 17
3. ENQUADRAMENTO LEGAL E ORGANIZAÇÃO DOS
SERVIÇOS DA SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE
NO TRABALHO 21
3.1. ENQUADRAMENTO LEGAL DA SHST 23
3.2. ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SHST 25
4. A IMPORTÂNCIA DA SHST NA ACTIVIDADE DO
COMÉRCIO 29
4.1. CONTROLO DOS RISCOS COMO MAIS VALIA PARA A GESTÃO 30
4.2. RESPONSABILIDADES SOCIAIS 31
5. PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS E PROTECÇÃO
CONTRA O FOGO 33
5.1. REACÇÃO AO FOGO DOS MATERIAIS 35
5.2. MECANISMOS DE EXTINÇÃO 36
5.3. CLASSES DE FOGO 37
2 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
5.4. AGENTES EXTINTORES 38
5.5. MÉTODOS DE COMBATE AO FOGO 40
6. RISCOS ELÉCTRICOS 45
6.1. A RAZÃO DA EXISTÊNCIA DOS RISCOS ELÉCTRICOS 46
6.2. EFEITOS DA CORRENTE ELÉCTRICA NO CORPO HUMANO 47
6.3. MEDIDAS ESPECÍFICAS PARA O CONTROLO DOS RISCOS
ELÉCTRICOS 49
7. RISCOS AMBIENTAIS 53
7.1.ILUMINAÇÃO 55
7.2.RUÍDO 58
8. RISCOS ERGONÓMICOS 61
8.1. FACTORES DESENCADEANTES DE RISCOS ERGONÓMICOS 63
8.2. MOVIMENTAÇÃO MANUAL DE CARGAS 64
8.3. EQUIPAMENTOS DOTADOS DE VISOR
(ECRÃS DE VISUALIZAÇÃO) 66
8.4. POSTURAS 71
9. RISCOS QUÍMICOS 73
9.1. NOÇÕES DE INTOXICAÇÃO POR PRODUTOS PERIGOSOS 75
9.2. ROTULAGEM 81
9.3. MANUSEAMENTO DE PRODUTOS PERIGOSOS 82
10. RISCOS MECÂNICOS 83
10.1. MOVIMENTAÇÃO MECÂNICA DE CARGAS 84
10.2. PROTECÇÃO NA UTILIZAÇÃO DE MÁQUINAS 90
11. ORGANIZAÇÃO DOS LOCAIS DE TRABALHO 95
11.1. ARRUMAÇÃO E LIMPEZA 97
11.2. SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA 100
11.3. TÉCNICAS DE ARMAZENAGEM 102
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 107
FICHA TÉCNICA 111
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho 3
4 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
6 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
INTRODUÇÃO
Todo o ser humano tende a alcançar um equilíbrio
somático, psíquico e social que lhe proporcione bem-
estar. Este equilíbrio pode ser afectado pelo meio
ambiente que o rodeia, sendo-lhe muitas vezes agressivo
e originando danos.
O organismo humano é um sistema aberto que troca
matéria e energia através de interacções que se
desenvolvem num equilíbrio dinâmico. Este intercâmbio
provoca acções e reacções que se traduzem, às vezes,
em agressões para o ser humano. Como o homem passa
parte da sua vida activa a trabalhar, é legítimo pensar que
a actividade profissional pode ser um factor importante
para a sua saúde e bem-estar.
O presente Manual pretende reflectir sobre o sistema
homem-trabalho-ambiente e sobre aquilo que pode
afectar negativamente o trabalhador do Sector do
Comércio.
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho 7
8 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
A ACTIVIDADE LABORAL E OS RISCOS
PROFISSIONAIS
Capítulo 1
A ACTIVIDADE LABORAL E OS RISCOS PROFISSIONAIS
Objectivos
No final do capítulo deverá ser capaz de:
Definir perigo e risco;
Identificar as consequências das agressões
decorrentes das condições de trabalho sobre a
saúde física e psíquica dos trabalhadores;
Distinguir os diferentes tipos de risco.
O trabalho e fundamentalmente o ambiente em que se
Perigo - é a propriedade desenvolve exercem acções sobre o indivíduo, que
ou capacidade intrínseca podem ser perigosas para a sua saúde e bem-estar,
de um componente do
trabalho (materiais, constituindo o que se designa por risco profissional. Nesta
e q u i pa m e n t o s e m é t o - óptica, pode-se concluir que o trabalho nem sempre é
dos) potencialmente
causador de danos. equivalente a saúde, principalmente se não se assumirem
Risco - é a possibilidade as acções convenientes para o controlo do referido risco.
de o trabalhador sofrer
um dano provocado pelo
As agressões fundamentais que a actividade laboral
trabalho.
exerce sobre o indivíduo manifestam-se no plano
fisiológico e psíquico.
1.1. TIPOS DE RISCO
Para qualificar um risco Relacionadas com os dois planos atrás referidos são de
valorizam-se conjunta- realçar as agressões com origem nos seguintes riscos:
mente a probabilidade de
ocorrência do dano e a
sua gravidade. Riscos mecânicos, provocados por máquinas e
equipamentos, superfícies de trabalho, materiais,
entre outros;
10 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
A ACTIVIDADE LABORAL E OS RISCOS PROFISSIONAIS
Riscos físicos, provocados por agentes físicos,
como sejam o ruído, a iluminação, as vibrações e a
temperatura;
Riscos eléctricos, provocados pelo contacto directo Tipos de risco:
ou indirecto com a corrente eléctrica; Mecânicos
Físicos
Riscos químicos, provocados, essencialmente, Eléctricos
pela contaminação química do ar respirável ou da Químicos
pele e mucosas; Biológicos
Ergonómicos
Riscos biológicos, provocados pelos contactos
Psicossociais
desequilibrados com outros seres vivos (bactérias,
vírus ou fungos), no manuseamento dos produtos
que os contenham;
Riscos ergonómicos, provocados, quase sempre,
pela organização do trabalho que impõe, facilita ou
permite posturas inadequadas, cargas excessivas
ou incorrectos desenhos do posto de trabalho;
Riscos psicossociais, provocados pelo stress
causado pela monotonia, carga de trabalho,
organização do trabalho (com reflexo negativo nos
ritmos biológicos), atendimento ao público, etc.
Perante este panorama poder-se-ia dizer que o trabalho
implica um risco inevitável. Tal afirmação não é, no
entanto, verdadeira, visto ser perfeitamente possível criar
ambientes de trabalho saudáveis, desde que se assumam
atitudes pró-activas, capazes de prever os riscos e
implementar as medidas necessárias para os controlar.
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho 11
12 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
ACIDENTE DE TRABALHO E DOENÇA PROFISSIONAL
Capítulo 2
ACIDENTE DE TRABALHO E DOENÇA PROFISSIONAL
Objectivos
No final do capítulo deverá ser capaz de:
Distinguir os conceitos de Acidente de Trabalho e
de Doença Profissional;
Conhecer os principais requisitos relativos à
reparação dos acidentes de trabalho constantes no
Decreto-Lei nº 100/97, de 13 de Setembro;
Caracterizar as doenças profissionais como
determina o Decreto-Lei nº 248/99, de 2 de Julho;
Definir o conceito de contaminante;
Conhecer as principais doenças profissionais que
decorrem da actividade no sector do comércio.
As lesões e doenças a que podem estar sujeitos os
trabalhadores foram encaradas pelos Estados modernos
como um problema social. Para lhes fazer face os
Governos procuraram controlar as causas que lhes dão
origem, promulgando diplomas tendentes a melhorar as
condições de trabalho e estabelecendo, para os
trabalhadores afectados, sistemas de reparação, no
Conceito de acidente de sentido de compensar as perdas sofridas.
trabalho:
"É acidente de trabalho O presente capítulo põe em relevo os conceitos básicos
aquele que se verifique
ligados à reparação de acidentes de trabalho e doenças
no local e tempo de tra-
balho e produza directa profissionais no nosso País.
ou indirectamente lesão
corporal, perturbação
funcional ou doença de
que resulte redução na 2.1. ACIDENTE DE TRABALHO
capacidade de trabalho
ou de ganho ou a morte".
D E C R E TO -L E I N º 100/97,
Os acidentes são acontecimentos repentinos, violentos, não
DE 13 DE S ETEMBRO intencionais e que provocam danos pessoais e/ou materiais.
14 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
ACIDENTE DE TRABALHO E DOENÇA PROFISSIONAL
Os acidentes de trabalho possuem também estas
características. Para que o acidente de trabalho dê Local de trabalho:
origem à respectiva reparação deve preencher os "Todo o lugar em que o
requisitos constantes no Decreto-Lei nº 100/97, de 13 de trabalhador se encontra
ou deva dirigir-se e em
Setembro. Do estabelecido no referido diploma deve-se q u e e s t e j a d i r e c ta o u
realçar que só é considerado acidente de trabalho indirectamente sujeito ao
controlo do empregador".
aquele que ocorrer, simultaneamente, no local e tempo
Tempo de trabalho:
de trabalho. Cada uma destas condições, só por si, não
"O período normal de tra-
é suficiente para o caracterizar. Só é considerado
balho, o período prece-
acidente de trabalho, o acidente ocorrido no local e dente e o período
tempo de trabalho e que der origem a danos pessoais. subsequente, em actos
relacionados com a
Todos os acidentes caracterizados como de trabalho dão prestação de serviço, e
direito a reparação. ainda as interrupções
normais ou forçosas de
trabalho".
É ainda enquadrável neste conceito - segundo o mesmo D E C R E TO -L E I N º 100/97,
Decreto - o acidente que ocorre nas seguintes condições: DE 13 DE S ETEMBRO
No trajecto de ida e regresso para o local de
trabalho;
Na execução de serviços espontaneamente
prestados e de que possa resultar proveito
económico para a entidade empregadora;
No local de trabalho, quando no exercício do direito
de reunião ou da actividade de representante dos
trabalhadores;
No local de trabalho, em curso de formação ou,
fora do local de trabalho, quando exista
autorização expressa da entidade empregadora;
Na procura de emprego durante o crédito de horas
para tal concedido por lei …;
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho 15
ACIDENTE DE TRABALHO E DOENÇA PROFISSIONAL
Fora do local ou do tempo de trabalho quando
verificado na execução de serviços determinados
pela entidade empregadora ou por esta
consentidos.
Existem situações em que os acidentes ocorridos nas
condições enunciadas podem ser descaracterizados e,
consequentemente, não darem direito a reparação. É o
caso dos acidentes que:
Forem dolosamente provocados pelo sinistrado …;
Resultarem exclusivamente de negligência
grosseira do sinistrado;
Provierem da privação permanente ou acidental do
uso da razão do sinistrado, salvo se tal privação
derivar da própria prestação do trabalho, for
independente da vontade do sinistrado ou se a
entidade empregadora, conhecendo o seu estado,
consentir na prestação;
Tiverem origem em caso de força maior.
De notar, que o empre- Os acidentes de trabalho podem provocar incapacidades,
gador transfere o risco
classificadas como permanentes ou temporárias,
monetário do acidente de
t r a b a l h o ( r e pa r a ç ã o ) , podendo ser absolutas ou parciais.
mas a responsabilidade
criminal não é transfe-
rível. A reparação dos acidentes de trabalho é da
responsabilidade do empregador, que a transfere
obrigatoriamente para uma companhia de seguros,
através do seguro de acidentes de trabalho.
16 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
ACIDENTE DE TRABALHO E DOENÇA PROFISSIONAL
As apólices de acidentes de trabalho asseguram:
Prestações de natureza médica, farmacêutica e
hospitalar;
Despesas associadas à prestação dos cuidados de O seguro de acidentes de
trabalho é obrigatório e
saúde (ambulâncias, estadias, deslocações por deve cobrir todos os tra-
meios próprios); balhadores.
Comparticipação na reposição de salários
perdidos, indemnizações por perda parcial ou total
da capacidade de ganho;
Pensões por morte.
2.2. DOENÇA PROFISSIONAL
As doenças para serem consideradas como doenças A caracterização das
doenças profissionais
profissionais, devem contemplar os seguintes requisitos: está definida no Decreto-
-Lei nº 248/99, de 2 de
Julho.
Estar o trabalhador afectado pela correspondente
doença profissional;
Ter estado o trabalhador exposto ao respectivo A elaboração e actualiza-
ção da Lista de Doenças
risco pela natureza da indústria, actividade ou Profissionais são reali-
condições ambientais e técnicas do trabalho zadas pela Comissão
Nacional da Revisão da
habitual.
Lista de Doenças Profis-
sionais.
O Decreto-Lei nº 248/99, no seu Artº 2º, determina que:
São doenças profissionais as doenças constantes
da Lista de Doenças Profissionais;
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho 17
ACIDENTE DE TRABALHO E DOENÇA PROFISSIONAL
São ainda consideradas doenças profissionais, as
lesões, perturbações funcionais ou doenças, não
incluídas naquela lista, desde que sejam
consequência necessária e directa da actividade
exercida pelos trabalhadores e não representem
normal desgaste do organismo.
A avaliação, graduação e reparação das doenças
profissionais é da exclusiva responsabilidade do Centro
Nacional de Protecção contra os Riscos Profissionais.
Os riscos capazes de provocar doenças profissionais são
determinados pela existência, no ambiente de trabalho,
de contaminantes que prejudiquem o trabalhador exposto
aos mesmos.
Quando a dose de um contaminante não provoca efeitos
prejudiciais na saúde de um trabalhador diz-se que a
dose é admissível. Podem assim existir contaminantes no
ambiente de trabalho, desde que a dose a que o
trabalhador está exposto seja controlada dentro de
determinados valores. Existem tabelas e cálculos para
determinar quais os níveis admissíveis de exposição
diária (ou semanal ou anual, dependendo do
contaminante) sem perigo de doença para o trabalhador.
São exemplos de doenças profissionais:
Saturnismo, provocado pela manipulação de óxido
e sais de chumbo;
Surdez profissional, provocada pelo ruído
excessivo, nomeadamente nas discotecas e locais
de diversão;
18 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
ACIDENTE DE TRABALHO E DOENÇA PROFISSIONAL
Bursite, provocada pelas cargas e descargas ao
ombro;
Brucelose, provocada pela contaminação por
bactéria (Brucella), nomeadamente nos talhos;
Tendinite, provocada por movimentos frequentes e
rápidos.
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho 19
20 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
ENQUADRAMENTO LEGAL E ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS
DA SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO
Capítulo 3
ENQUADRAMENTO LEGAL E ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS
DA SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO
Objectivos
No final do capítulo deverá ser capaz de:
Compreender o normativo nacional que enquadra a
SHST (Decreto-lei nº 441/91, de 14 de Novembro);
Adquirir os conceitos de:
Segurança do Trabalho;
Higiene do Trabalho;
Saúde no Trabalho.
Definir:
Obrigações do empregador;
Obrigações do trabalhador;
Princípios Gerais de Prevenção:
Conhecer o regime de organização e
funcionamento das actividades de SHST;
Descrever os requisitos e tipos de organização dos
serviços de SHST.
O desenvolvimento económico - objectivo inicial do
movimento que hoje se designa por Comunidade
Europeia - foi complementado, a partir de 1985, pela
A Directiva Quadro criação de um espaço social que enfatiza o
89/391/CEE estabelece o desenvolvimento da segurança e saúde, consignado no
regime jurídico da Segu-
rança, Higiene e Saúde artigo 118º do Acto Único Europeu. Este artigo preconiza,
no Trabalho na U.E. para todos os Estados Membros, normas mínimas para as
condições de trabalho e tem como objectivo a
harmonização das legislações nacionais sobre Segurança
e Saúde no Trabalho, através da transposição das
SHST - Segurança,
Higiene e Saúde no Tra- Directivas emanadas do Conselho das Comunidades
balho Europeias para o Direito Interno de cada Estado Membro.
O presente capítulo aborda o enquadramento legal da
SHST, assim como a organização dos respectivos
serviços.
22 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
ENQUADRAMENTO LEGAL E ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS
DA SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO
3.1. ENQUADRAMENTO LEGAL DA SHST
A transposição para o Direito Nacional dos princípios
consignados na Directiva de Enquadramento (Directiva O Decreto-Lei nº 441/91,
89/391/CEE) é feita através do Decreto-Lei nº 441/91, de de 14 de Novembro, para
além de absorver os
14 de Novembro. Este diploma, alterado pelo Decreto-Lei princípios da Directiva,
nº 133/99, de 21 de Abril, estabelece o regime jurídico de cumpre os acordos da
Convenção 155º da OIT,
enquadramento da SHST. ratificados por Portugal.
O seu âmbito estende-se a todos os ramos de actividade E s ta d u p l a i n s p i r a ç ã o
(e, portanto, ao Sector do Comércio), aos trabalhadores confere ao DL 441 uma
estrutura forte e coerente
por conta ou ao serviço de outrem, aos empregadores e
em matéria de SHST.
aos trabalhadores independentes.
Define como obrigações do empregador:
Implementar os meios e medidas de emergência;
Adoptar ou criar serviços de SHST; Define, ainda, como obri-
gação do empregador o
dever de consultar os tra-
Cooperar com outros empregadores sempre que balhadores sobre medi-
laborem no mesmo local; das de SHST e sobre
novas tecnologias ou
máquinas introduzidas.
Assegurar os serviços de SHST aos trabalhadores
em regime de trabalho temporário;
Informar os trabalhadores dos riscos para a sua
segurança e saúde e das medidas de prevenção e
protecção implementadas.
Define como obrigações do trabalhador:
Cumprir as prescrições de SHST;
Zelar pela sua segurança e saúde;
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho 23
ENQUADRAMENTO LEGAL E ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS
DA SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO
Utilizar correctamente os equipamentos de
protecção colectiva e individual, as máquinas, os
equipamentos e os produtos;
Cooperar para a melhoria do sistema de SHST;
Comunicar as avarias e as deficiências
susceptíveis de provocar riscos.
A aplicação dos Princí- O Decreto-Lei nº 441/91, no Artº 8º, do Capítulo III,
pios Gerais de Pre-
estabelece a metodologia de abordagem dos riscos
venção (PGP) é,
obrigatoriamente, feita profissionais através dos seguintes Princípios Gerais de
pela ordem apresentada. Prevenção:
Evitar os riscos;
Avaliar os riscos que não possam ser evitados;
Combater os riscos na origem;
Adaptar o trabalho ao homem;
Ter em conta o estado de evolução da técnica;
Substituir o que é perigoso pelo que é isento de
perigo ou menos perigoso;
Integrar a prevenção;
Formar e informar os trabalhadores;
Dar prioridade à protecção colectiva em relação à
protecção individual.
24 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
ENQUADRAMENTO LEGAL E ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS
DA SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO
Entre os conceitos subjacentes ao estabelecido naquele
Diploma são de realçar os seguintes:
Segurança do Trabalho - integra um conjunto de
metodologias adequadas à prevenção de acidentes de
trabalho, tendo como principal campo de acção o
reconhecimento e o controlo dos riscos associados ao
local de trabalho e ao processo produtivo.
Higiene do Trabalho - integra um conjunto de
metodologias não médicas, necessárias à prevenção das
doenças profissionais, tendo como principal campo de
acção o controlo dos agentes físicos, químicos e
biológicos presentes nos componentes materiais do
trabalho. Esta abordagem assenta fundamentalmente em
técnicas e medidas que incidem sobre o ambiente de
trabalho.
Saúde no Trabalho - integra o controlo dos elementos
físicos e mentais que possam afectar a saúde, não se
devendo restringir ao domínio de Vigilância Médica
(exames médicos de avaliação da saúde).
3.2. ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SHST
Decorrente do Artº 13º do Decreto-Lei nº 441/91 foi
promulgado o Decreto-Lei nº 26/94, de 1 de Fevereiro,
mais tarde alterado pelo Decreto-Lei nº 109/2000, de 30
de Junho, que estabelece o regime de organização e
funcionamento das actividades de SHST e que tem como
âmbito de aplicação todos os sectores de actividade,
excepto a Marinha Comercial e as Pescas.
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho 25
ENQUADRAMENTO LEGAL E ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS
DA SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO
Tem como missão promover o equilíbrio do binómio
homem/trabalho, no sentido do trabalho ser executado em
condições que não prejudiquem a segurança e saúde dos
trabalhadores.
Determina o referido diploma que a organização dos
Serviços de SHST compete ao empregador e que deve
abranger todos os trabalhadores.
O Técnico de Segurança A organização dos serviços SHST e a avaliação das
e H i g i e n e d o Tr a b a l h o
condições de trabalho e da saúde dos trabalhadores
desenvolve a sua activi-
dade nas áreas da Segu- devem ser efectuadas por uma equipa multidisciplinar que
rança e Higiene do integre, essencialmente, elementos das áreas da
Trabalho.
Segurança e Higiene do Trabalho e da Saúde no Trabalho.
O M é d i c o d o Tr a b a l h o
desenvolve a sua activi-
dade na área da Saúde Os serviços de SHST podem ser organizados,
no Trabalho.
opcionalmente, numa das seguintes modalidades:
Serviços internos;
Os serviços externos
podem ser associativos, Serviços externos;
cooperativos, privados ou Serviços interempresas.
convencionados.
Os serviços internos são criados pela própria empresa,
fazendo parte da sua estrutura, e abrangem unicamente
as condições de trabalho da empresa e os trabalhadores
A contratação de serviços
e x t e r n o s n ã o i s e n ta o que nela prestam serviço.
empregador das respons-
abilidades que lhe são
acometidas pela legis-
Os serviços externos são promovidos por entidades
lação. prestadoras desses serviços e contratados pelas
empresas para assegurarem as suas obrigações neste
âmbito.
Os serviços interempresas são criados por uma
pluralidade de empresas ou estabelecimentos para
26 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
ENQUADRAMENTO LEGAL E ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS
DA SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO
utilização comum dos trabalhadores que nelas prestam
serviço.
Os Serviços de Segurança podem ter modalidades
diferentes dos Serviços de Saúde.
Vários estabelecimentos da mesma empresa podem
adoptar modalidades diferentes.
Nas empresas que tenham até 10 trabalhadores e em que Estão neste caso muitas
das empresas do Sector
não se verifique risco elevado, a actividade de Segurança
do Comércio (menos de
e Higiene do Trabalho (SHT) pode ser exercida pelo 10 trabalhadores e
próprio empregador ou por um trabalhador por ele ausência de risco ele-
vado).
designado, desde que quem assuma essa
responsabilidade tenha preparação suficiente para a
função. Se a empresa desenvolve uma actividade
caracterizada por risco elevado, a SHT deverá ser
assegurada por um ou mais técnicos certificados para
exercer a função.
Devem organizar serviços internos as empresas:
Com 50 ou mais trabalhadores e com risco elevado;
Com mais de 400 trabalhadores por
estabelecimento ou conjunto de estabelecimentos
num raio de 50 km.
A avaliação da saúde dos trabalhadores é assegurada,
essencialmente, através dos seguintes exames de saúde:
Exame de admissão, efectuado antes do início da
prestação de trabalho ou nos 10 dias seguintes à
admissão;
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho 27
ENQUADRAMENTO LEGAL E ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS
DA SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO
Exame periódico de rotina, efectuado anualmente
para menores de 18 anos e maiores de 50 anos e
bienalmente para os restantes trabalhadores;
Exame periódico especial, para os trabalhadores
que exercem actividade com écrãs de
visualização, produtos tóxicos, radiações
ionizantes ou sujeitos a trabalho nocturno ou,
ainda, a riscos susceptíveis de provocar doenças
profissionais;
Exame ocasional, quando existam alterações
negativas das condições de trabalho e no regresso
ao trabalho após ausência de mais de 30 dias por
doença ou acidente.
28 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
A IMPORTÂNCIA DA SHST NA ACTIVIDADE DO COMÉRCIO
Capítulo 4
A IMPORTÂNCIA DA SHST NA ACTIVIDADE
DO COMÉRCIO
Objectivos
No final do capítulo deverá ser capaz de:
Reconhecer a importância da implementação de
um sistema de SHST no sucesso do desempenho
das empresas.
O êxito de uma empresa quase nunca se deve ao
desenvolvimento isolado de uma das suas vertentes
(financeira, produtiva, comercial, etc.) mas sim a um
tratamento coerente e dinâmico de todos os factores que
podem determinar o seu sucesso, incluindo a gestão de
riscos. Neste contexto, se a segurança, saúde e bem-
estar dos colaboradores, só por si, não determina o êxito
da empresa, o seu descuramento pode condicionar, ou
mesmo anular, o seu sucesso. Os recursos humanos
constituem peças essenciais da "máquina" produtiva, pelo
que o seu bom ou mau "funcionamento" condiciona o
resultado final.
O presente capítulo procura, sucintamente, realçar os
impactos da SHST no processo de optimização da
actividade comercial.
4 . 1 . CO N T RO LO D O S R I S CO S CO M O M A I S
VALIA PARA A GESTÃO
Os resultados de um sistema de SHST influenciam directa
ou indirectamente:
A gestão provisional dos recursos humanos (por
exemplo, o caso da substituição não programada
de um trabalhador vítima de um acidente cria
30 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
A IMPORTÂNCIA DA SHST NA ACTIVIDADE
DO COMÉRCIO
problemas organizacionais ou envolve custos de
exploração não previstos);
A qualidade do trabalho individual (a substituição
de um colaborador por outro implica tempos de
aprendizagem, adaptação e assumpção de rotinas
que se reflectem directamente, enquanto não
resolvidos, no contacto com o cliente, na promoção
do produto, na colocação de encomendas, etc.);
O desempenho do conjunto (a ausência por
acidente ou doença ou mesmo a perturbação
funcional de um colaborador da equipa implica,
normalmente, sobrecarga dos restantes
colaboradores, influenciando o desempenho do
conjunto);
A relação com o cliente (a fidelização do
consumidor passa, como é sabido, por um conjunto
de factores com relevância para as relações
pessoais que ele estabelece. O bem-estar físico e
psíquico de um trabalhador tem impacto nesta
relação);
A imagem (uma empresa que seja referenciada nos
meios de comunicação social, ou mesmo nas
conversas sociais, como local perigoso ou
insalubre consegue a pior das publicidades).
4.2. RESPONSABILIDADES SOCIAIS
Uma empresa não existe isoladamente. Integra-se num
conjunto sócio-económico onde produz ou comercializa
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho 31
A IMPORTÂNCIA DA SHST NA ACTIVIDADE
DO COMÉRCIO
bens ou produtos que são consumidos ou utilizados pela
sociedade. Deste modo, enquanto entidade integrada
socialmente, tem responsabilidades, não só perante os
seus colaboradores mas também perante os seus
consumidores e, ainda, perante a região onde está
implantada.
A função segurança - minimizando o número de
acidentes, contribuindo para a saúde e bem-estar dos
seus colaboradores, gerindo correctamente os produtos
em função dos seus riscos e diminuindo a probabilidade
de perdas catastróficas - cumpre uma função social com
reflexos no conjunto dos recursos humanos, na sociedade
e no ambiente.
32 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS E PROTECÇÃO CONTRA O FOGO
Capítulo 5
PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS E PROTECÇÃO
CONTRA O FOGO
Objectivos
No final do capítulo deverá ser capaz de:
Definir o conceito de fogo e identificar os
elementos em presença;
Conhecer os mecanismos de extinção do fogo;
Caracterizar as classes de fogo;
Identificar os diferentes tipos de agentes
extintores;
Conhecer as principais regras de combate ao
incêndio.
O domínio do fogo é provavelmente o acontecimento que
mais marcou a civilização humana. O desenvolvimento
tecnológico, tal como o conhecemos, baseia-se,
fundamentalmente, em trocas térmicas.
Assim, podemos dizer que o fogo é parte essencial do
bem-estar e, no entanto, pode tornar-se num inimigo
devastador e mortal.
No Sector do Comércio, o incêndio é provavelmente a
situação mais temível, na medida em que, em pouco
tempo, pode afectar profundamente a actividade ou
mesmo pô-la definitivamente em causa, com os prejuízos
materiais e sociais que isso acarreta.
O presente capítulo dedica-se à génese do fenómeno do
fogo e à prevenção e controlo dos incêndios.
34 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS E PROTECÇÃO
CONTRA O FOGO
5.1. REACÇÃO AO FOGO DOS MATERIAIS
O fogo é uma reacção química exotérmica (combustão) Combustível: é uma
que resulta da interacção de um combustível com um substância sólida, líquida
ou gasosa que tem a
comburente, em presença de uma fonte de energia capacidade de se infla-
térmica. mar na presença de um
comburente e em
condições específicas de
Combustível temperatura.
Comburente
+ Calor
FOGO Comburente: é a subs-
tância em cuja presença,
o combustível pode
Estes três elementos são, normalmente, representados em arder. O comburente pre-
forma gráfica como constituintes de cada um dos lados de sente na generalidade
das combustões é o
um triângulo, a que se dá o nome de Triângulo do Fogo. oxigénio.
Fonte de energia: é a
energia, manifestada em
forma de calor, requerida
para elevar a tempera-
tura do combustível até
permitir a sua ignição.
Com o triângulo pretende-se explicitar que só existe Fogo
quando estão reunidos, em condições determinadas,
estes três elementos.
Quando um fogo deixa de estar controlado designa-se por
incêndio.
Incêndio é um fogo não controlado que pode libertar:
Fumo;
Chama;
Calor;
Gases tóxicos.
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho 35
PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS E PROTECÇÃO
CONTRA O FOGO
Qualquer um destes componentes torna-se facilmente
uma ameaça para a vida humana.
O calor gerado pelo próprio incêndio eleva a temperatura
muito acima dos valores que as células e tecidos
humanos podem suportar.
O fumo, constituído por pequenas partículas sólidas,
expande-se muito rapidamente pela área disponível
diminuindo ou impedindo a visibilidade. Além disso, é
irritante para o aparelho respiratório, provocando tosse,
dificuldades na respiração ou mesmo asfixia.
Psicologicamente é o principal desencadeador de pânico.
A chama é a manifestação luminosa de um gás em
No caso dos com-
bustíveis sólidos, existe combustão. Os combustíveis líquidos, volatilizando-se por
também chama quando acção da elevada temperatura da combustão, inflamam-
estes, por acção do calor,
se decompõem em com- se e ardem como gases.
postos voláteis.
Os gases libertados pela combustão são, geralmente,
tóxicos, dependendo a sua composição da decomposição
química do combustível, do oxigénio presente e da
temperatura atingida pelo incêndio. Os gases tóxicos, quase
sempre invisíveis, podem, ainda, contribuir para a
propagação do fogo.
5.2. MECANISMOS DE EXTINÇÃO
Se recordarmos o triângulo de fogo, verificamos que para
haver combustão é necessário que actuem
simultaneamente os três lados do triângulo, isto é, que
exista combustível (pode ser madeira, papel, solventes,
gasolina, gás butano, metano, etc.), que esse combustível
esteja em presença de um comburente (normalmente é o
36 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS E PROTECÇÃO
CONTRA O FOGO
oxigénio que existe no ar, com uma concentração entre
18% e 21%) e que ocorra calor, aqui entendido como
aumento da temperatura (pode ser uma ponta de cigarro,
uma faísca eléctrica, um circuito eléctrico sobrecarregado
ou mesmo a fermentação de um produto orgânico).
Os mecanismos de extinção do fogo baseiam-se na
destruição do triângulo de fogo. Assim, um fogo pode ser
extinto por:
¥ Abafamento/asfixia, que consiste na eliminação
ou redução da concentração do comburente. São
exemplos correntes o abafamento das chamas do
vestuário através de uma manta (isola o fogo do ar
ambiente).
¥ Arrefecimento, que consiste na redução da
temperatura do fogo para valores inferiores à
energia de activação. É exemplo deste mecanismo,
a utilização de água para apagar fogos em
madeira.
¥ Dispersão (ou carência), que consiste em retirar o
combustível da zona do fogo. É exemplo da extinção
por carência o desligar do gás em caso de fogo.
5.3. CLASSES DE FOGO
É do conhecimento geral que apesar da água ser um bom
agente extintor de incêndios não deve ser aplicada sobre
gasolina a arder, já que não apaga o fogo e pode ainda
contribuir para espalhar o foco de incêndio. Outros
agentes extintores existem que só actuam eficazmente
sobre grupos específicos de combustíveis.
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho 37
PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS E PROTECÇÃO
CONTRA O FOGO
No sentido de tornar fácil e rápida a identificação dos
agentes extintores adequados a cada situação,
estabeleceram-se classes de fogo relacionadas com os
materiais que lhe dão origem. Em Portugal, as classes de
fogo estão padronizadas (tendo sido adoptado o padrão da
U.E.) através da Norma NP EN 2:1993 - Classes de Fogo.
As classes de fogo
aparecem normalmente
associadas a pictogra- As classes de fogo referidas na Norma são:
mas:
Classe A - fogos em materiais sólidos, geralmente
de natureza orgânica, em que a combustão se faz
Classe A
normalmente com a formação de brasas (por
exemplo: madeira, carvão, papel, etc.);
Classe B
Classe B - fogos em líquidos ou sólidos
liquidificáveis (por exemplo: gasolina, éteres,
álcoois, ceras, parafinas, etc.);
Classe C
Classe C - fogos em gases (por exemplo: propano,
butano, acetileno, metano, etc.);
Classe D
Classe D - fogos em metais ou metais alcalinos (por
exemplo: sódio, potássio, magnésio, alumínio, etc.).
5.4. AGENTES EXTINTORES
Os agentes extintores são produtos utilizados na extinção
de incêndios.
Os agentes extintores de utilização corrente são:
¥ Água;
¥ Dióxido de carbono (CO2);
¥ Pós químicos.
38 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS E PROTECÇÃO
CONTRA O FOGO
Qualquer um destes agentes pode ser comercializado em
aparelhos extintores que se apresentam vulgarmente em
cilindros metálicos de cor vermelha dotados de um
sistema simples de descarga. Cada um dos agentes
extintores possui indicações específicas.
A água é o agente extintor por excelência. É abundante,
eficaz e de fácil utilização. Está essencialmente indicada
para os fogos de Classe A. A sua utilização controlada
(por aspersão, borrifo, etc.) torna-a mais eficaz. Não deve
ser, no entanto, utilizada indiscriminadamente sobre fogos
de Classe B e C e sobre instalações eléctricas em tensão.
O dióxido de carbono, também designado por "neve O dióxido de carbono é
um gás incolor e não cor-
carbónica" e "CO2", é um gás incolor e inodoro que aparece
rosivo, dissipa-se no ar,
contido sob forte pressão em recipientes metálicos de não deixando resíduo.
paredes muito resistentes. Está particularmente indicado para
fogos da Classe C, actuando também com bons resultados
nos fogos de Classe B. Visto não ser um gás condutor de
electricidade pode ser utilizado na presença de corrente
eléctrica. Como o dióxido de carbono se volatiza ao ser
libertado do aparelho extintor, provoca descida da
temperatura (muitas vezes inferior a -80ºC). Esta
particularidade, útil à extinção, faz com que se possa tornar
perigoso quando descarregado directamente sobre pessoas.
Os pós químicos, designados geralmente por pó químico
seco, são uma família de agentes extintores.
Correntemente, utiliza-se o pó químico seco do tipo BC e
o pó químico seco do tipo ABC, também dito polivalente. O
primeiro é eficaz nos fogos das Classes B e C e o segundo
é eficaz nos fogos das Classes A, B e C. Qualquer deles é
armazenado, vulgarmente, em recipientes cilíndricos com
capacidade para 2 kg, 6 kg, 25 kg e 50 kg.
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho 39
PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS E PROTECÇÃO
CONTRA O FOGO
Este aparelho extintor contém ainda um gás sob pressão,
em botija separada ou não, destinado a pressurizar o
aparelho e, deste modo, obrigar à saída do pó químico
pelo aparelho de descarga.
O pó químico seco apresenta o grande inconveniente de,
quando utilizado, deixar resíduos sob a forma de pó que
se entranham nos mais pequenos orifícios e que são de
difícil remoção. Nas instalações comerciais esta
característica pode apresentar inconvenientes por poder
provocar danos na mercadoria.
5.5. MÉTODOS DE COMBATE AO FOGO
A melhor forma de combater um incêndio é não o deixar
eclodir. Alguns gestos simples do dia-a-dia podem
contribuir decisivamente para a prevenção deste
acontecimento catastrófico.
Devemos assumir no nosso quotidiano atitudes
preventivas, tais como:
¥ Eliminar os produtos inflamáveis desnecessários;
¥ Substituir, sempre que possível, os produtos
inflamáveis por outros menos perigosos;
¥ Reduzir as quantidades de produtos inflamáveis
armazenados;
¥ Escolher equipamentos eléctricos seguros;
¥ Sempre que possível suprimir as chamas e as
40 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS E PROTECÇÃO
CONTRA O FOGO
fontes de calor, nomeadamente em ambientes com
carga térmica elevada e de fácil ignição;
¥ Interditar fumar ou foguear em ambientes
inadequados;
¥ Manter limpos e arrumados os locais de trabalho;
¥ Cumprir as regras de armazenamento, particu-
larmente no que diz respeito aos materiais
inflamáveis e à separação por grupo de risco.
Mesmo tomando todas as precauções devemos estar No combate ao incêndio
devem ainda ser obser-
preparados para a possibilidade de termos de enfrentar vadas as seguintes
um incêndio. regras:
- Procurar reunir mais do
q u e u m e x t i n t o r pa r a
Nesta perspectiva há algumas regras básicas que devem assegurar a não inter-
ser seguidas: rupção do combate;
- Ao evacuar o local de
incêndio, não abrir por-
1- Ter telefone disponível e junto dele o número de
tas sem primeiro testar
chamada de emergência (112); a temperatura das mes-
mas; e fechá-las, após
a saída, para retardar a
2- Seleccionar o equipamento de combate a incêndio progressão do fogo;
de acordo com as características dos locais, dos - Se não for possível sair,
produtos, materiais e equipamentos existentes e, assinalar a presença
para que os bombeiros
ainda, das pessoas que eventualmente os vão socorram rapidamente;
utilizar;
- Não saltar de edifícios
com altura superior a
3- Implementar um sistema de revisão do equipamento um 1º andar. Esperar
pela chegada dos
de combate a incêndio, nomeadamente no que diz bombeiros;
respeito à validade e conservação; - Se o vestuário pegar
fogo não correr; rolar no
c h ã o pa r a a pa g a r a s
4- Nomear um responsável e/ou equipa de combate a chamas.
incêndio;
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho 41
PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS E PROTECÇÃO
CONTRA O FOGO
5- Treinar os trabalhadores na utilização do
equipamento de combate a incêndio (extintores,
etc.) e nas medidas de evacuação.
Ao ser detectado um início de incêndio dever-se-ão
cumprir algumas regras:
¥ Reagir com calma, mas com rapidez; nunca entrar
em pânico;
¥ Dar o alarme, indicando com precisão o local;
¥ Não ficar isolado na frente do fogo, se possível;
¥ Procurar o extintor mais próximo;
¥ Retirar a cavilha e usar o extintor;
¥ Colocar-se, em espaços confinados sempre entre
o incêndio e a saída; em espaços abertos, colocar-
se de costas para o vento.
No caso do incêndio ter proporções incontroláveis:
¥ Evacuar o local e esperar a chegada dos
bombeiros no ponto de encontro pré-
determinado;
¥ Nunca utilizar elevadores;
¥ Se existir fumo no compartimento deslocar-se o
mais possível rente ao chão (gatinhando); se
necessário colocar um pano húmido na boca;
42 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS E PROTECÇÃO
CONTRA O FOGO
¥ Não voltar a um edifício em chamas; essa tarefa
pertence aos bombeiros.
No combate a um incêndio deve:
¥ Utilizar o agente extintor adequado à classe de fogo;
¥ Utilizar o agente extintor de acordo com as suas
características.
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho 43
44 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
RISCOS ELÉCTRICOS
Capítulo 6
RISCOS ELÉCTRICOS
Objectivos
No final do capítulo deverá ser capaz de:
¥ Caracterizar a corrente eléctrica;
¥ Identificar os efeitos da corrente eléctrica no corpo
humano;
¥ Conhecer as principais medidas para o controlo
dos riscos eléctricos.
A utilização generalizada da electricidade constitui um
factor de bem estar de tal forma importante que não se
pode imaginar a vida sem ela. No entanto, embora esta
fonte de energia se possa considerar segura a sua
utilização requer o cumprimento de algumas regras
básicas, sem as quais se transforma num risco com
consequências graves ou mesmo mortais.
O presente capítulo pretende dar a conhecer a razão da
existência dos riscos eléctricos, os efeitos da corrente
eléctrica no corpo humano e as técnicas específicas
utilizadas no controlo destes riscos.
6.1. A RAZÃO DA EXISTÊNCIA DOS RISCOS
ELÉCTRICOS
A electricidade é a energia presente num circuito que liga
a central onde é produzida ao destino onde é utilizada.
A corrente eléctrica provém do choque de electrões e
propaga-se nos circuitos eléctricos a grande velocidade.
O circuito eléctrico é classicamente composto por, pelo
46 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
RISCOS ELÉCTRICOS
menos, dois condutores que nas instalações de
distribuição se designam por fase e neutro.
Entre estes dois condutores, quando em carga, existe Condutor é o elemento
que permite a passagem
diferença de potencial ou tensão (U), que é medida em
da corrente eléctrica.
Volt (V). A quantidade de corrente eléctrica que passa no
circuito, na unidade de tempo, designa-se por intensidade
(I) e mede-se em Ampère (A).
Nas instalações eléctricas que habitualmente equipam os
locais de trabalho, a diferença de potencial em presença
medida entre a fase e o neutro é de 230 Volt. Os
condutores são recobertos por uma camada isolante de
modo a prevenir o contacto directo entre a fase e o neutro
(curto-circuito) e prevenir o contacto acidental dos
utilizadores com a corrente eléctrica e da corrente
eléctrica com as massas metálicas dos equipamentos.
O corpo humano é condutor de electricidade e como tal
pode ser percorrido por ela. Deste modo, se um indivíduo
estabelecer contacto directo (tocando os condutores) ou
indirecto (tocando massas metálicas electrizadas) é,
também ele, electrizado. A importância desta electrização E l e c t r i z a ç ã o é a pa s -
sagem de corrente eléc-
vai depender das condições em que se estabelece o
trica para o corpo.
contacto, das condições de isolamento à terra e das
condições em que se encontra o indivíduo. Electrocussão é o aci-
dente mortal provocado
pela electrização.
6.2. EFEITOS DA CORRENTE ELÉCTRICA NO
CORPO HUMANO
Sabe-se hoje que os efeitos da corrente eléctrica no
organismo humano dependem, fundamentalmente, da
quantidade de corrente (I) que o percorre e do tempo que
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho 47
RISCOS ELÉCTRICOS
dura o contacto. É do conhecimento geral que as
condições em que se dá o contacto eléctrico determinam
decisivamente os seus efeitos nocivos. Assim, o facto de
se ter as mãos e/ou os pés molhados ou húmidos (factor
que diminui a resistência do corpo à passagem da
corrente) torna muito mais perigosa a electrização.
Efeitos da corrente eléc- Os efeitos da passagem de corrente dependem, como já
trica:
foi dito, da quantidade de corrente que percorre o corpo.
- Fibrilhação ventricular;
- Paragem respiratória; A fibrilhação ventricular é a consequência mais perigosa
- Tetanização; de um choque eléctrico em baixa tensão (230 Volt é
- Queimaduras. classificada como baixa tensão).
A fibrilhação ventricular A fibrilhação ventricular é um fenómeno cardíaco que
traduz-se por con- pode ser provocado pela passagem de uma certa
tracções cardíacas anor-
mais e ineficazes para a quantidade de corrente eléctrica no músculo cardíaco
circulação sanguínea, durante um certo tempo.
ocasionando a morte em
pouco tempo. É essencial
que o socorro seja Além deste fenómeno outros podem acontecer. Quando o
prestado em poucos min-
utos para que não ocorra
organismo é percorrido por corrente eléctrica pode
a morte. ocorrer uma contracção anormal dos músculos
(tetanização), assim como a paragem respiratória.
A situação de "pessoa Associado ao choque eléctrico podem ainda ocorrer
agarrada" a um condutor
fenómenos neurológicos, sensoriais, cardiovasculares e
eléctrico ocorre pela
tetanização, nomeada- renais. As queimaduras, embora possam ocorrer em
mente dos músculos con- baixa tensão em condições excepcionais, estão muito
tractores das mãos.
mais associadas aos contactos com média e alta tensão
( > 900 V).
48 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
RISCOS ELÉCTRICOS
6.3. MEDIDAS ESPECÍFICAS PARA O
CONTROLO DOS RISCOS ELÉCTRICOS
Como já se disse no início do capítulo, o choque eléctrico
pode acontecer por contacto directo (toque em condutores
electrizados).
A prevenção do contacto directo consegue-se através de
medidas técnicas (de isolamento) e comportamentais dos
utilizadores. Com efeito, é fundamental que se
mantenham em bom estado todos os sistemas de
isolamento dos condutores activos que fazem parte duma
instalação eléctrica. Simultaneamente, os seus
utilizadores deverão assumir uma série de atitudes
preventivas para evitar o contacto com condutores
electrizados.
São exemplo destas atitudes:
¥ Antes de qualquer intervenção (inclusivé limpeza)
num equipamento, desligar da tomada ou cortar a
corrente no quadro eléctrico e assegurar-se que
não será ligado inadvertidamente;
¥ Não utilizar aparelhos eléctricos com as mãos
molhadas e/ou os pés imersos em água;
¥ Não desligar o cabo eléctrico de um aparelho
puxando por ele; segurar na ficha e desligar;
¥ Não reforçar os fusíveis do quadro eléctrico de
distribuição nem modificar a capacidade de corte
dos disjuntores;
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho 49
RISCOS ELÉCTRICOS
As extensões comuns Evitar as extensões e fichas múltiplas;
não são indicadas para
locais de trabalho, mas
sim para uso doméstico. ¥ Substituir as tomadas, fichas e cabos deteriorados;
¥ Rever periodicamente os equipamentos eléctricos;
¥ Não alterar as condições de isolamento dos
circuitos eléctricos.
Os contactos indirectos (contacto com elementos que não
fazendo parte do circuito eléctrico se encontram
acidentalmente em tensão) são a causa mais frequente
da electrização dos utilizadores de equipamentos e têm
origem, normalmente, num defeito ou deterioração dos
seus circuitos.
Símbolo da Classe II de A sua prevenção passa pela aquisição de equipamentos
isolamento:
que obedeçam às normas de segurança europeias e pela
sua correcta montagem, nomeadamente com a ligação à
terra das partes metálicas ou com a utilização de
aparelhos de Classe II de isolamento. Passa, também, por
Identificam equipamentos manutenções periódicas dos aparelhos e pela utilização
que possuem isolamento
nas condições prescritas pelo fabricante.
s u p l e m e n ta r, n ã o p o s -
suindo ligador de massa.
No entanto, e mesmo com todos os cuidados apontados,
pode acontecer que os equipamentos apareçam
momentaneamente, no todo ou em parte, com
componentes acessíveis electrizados.
No sentido de limitar as consequências para os
utilizadores de tal acontecimento e em complemento da
ligação à terra, os circuitos eléctricos deverão estar
protegidos por dispositivos diferenciais de alta
sensibilidade, normalmente integrados no quadro
50 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
RISCOS ELÉCTRICOS
eléctrico. Estes dispositivos são intercalados no circuito e
asseguram o corte de passagem de corrente sempre que
detectam uma fuga de corrente à terra através de um
condutor diferente do condutor neutro. Sabendo-se que o
risco de morte só ocorre com intensidades superiores a 50
mA (0.05 A), a sensibilidade do dispositivo deverá ser
superior a este valor. Sabendo-se também que o risco
aumenta com o tempo de exposição o dispositivo deverá
ainda garantir cortes rápidos.
Os dispositivos standard que se encontram no mercado
para satisfazer estas condições estão regulados para
assegurar o corte a correntes de defeito iguais ou
superiores a 0.03 A e em 5 milésimos de segundo.
Estes dispositivos são bastante sensíveis e devem ser
testados regularmente através do accionamento do botão
próprio existente no dispositivo e normalmente marcado
com a letra T.
As medidas de emergência a tomar em caso de
necessidade de socorrer uma pessoa electrizada são:
1- Não tocar directamente na vítima se esta mantiver
o contacto com a corrente eléctrica;
2- Se o dispositivo de corte (quadro eléctrico) estiver
muito acessível cortar aí a corrente antes de iniciar
o socorro;
3- Se for difícil ou não souber onde se faz o corte da
corrente, procurar afastar a vítima do contacto, ou
vice-versa, utilizando materiais não condutores (por
exemplo: peça de vestuário seca, madeira seca,
plástico, etc.);
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho 51
RISCOS ELÉCTRICOS
Entre a morte aparente 4- Chamar imediatamente auxílio referindo a causa
provocada pela tetaniza-
do acidente;
ção ou fibrilhação ven-
tricular e a morte real
pode decorrer um 5- Se souber diagnosticar a situação, e estiver
período de tempo relati-
vamente curto (alguns treinado, iniciar as manobras de socorro de apoio à
minutos). Por tal motivo, vida.
a prontidão do socorro é
muito importante.
52 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
RISCOS AMBIENTAIS
Capítulo 7
RISCOS AMBIENTAIS
Objectivos
No final do capítulo deverá ser capaz de:
¥ Identificar a iluminação e o ruído como potenciais
factores de riscos ambientais;
¥ Definir o conceito de função visual;
¥ Caracterizar os diferentes tipos de iluminação;
¥ Identificar o risco para a saúde de uma iluminação
inadequada;
¥ Conhecer a legislação aplicável ao ruído nos locais
de trabalho;
¥ Caracterizar o ruído excessivo;
¥ Identificar os efeitos do ruído excessivo quer no
ouvido humano, quer noutros órgãos.
Embora seja do conhecimento geral que as condições
ambientais no local de trabalho se reflectem na saúde e
segurança dos seus utilizadores, na prática tende-se a
desvalorizar estas componentes, na medida em que as
suas consequências se manifestam, muito vulgarmente,
de um modo insidioso. Pode-se, no entanto, ter a noção
de que o facto de as consequências dos riscos ambientais
não serem momentâneas e espectaculares não deixam
por isso de ser muito importantes para a saúde e bem-
estar dos trabalhadores.
Tendo em conta a realidade do Sector do Comércio e os
riscos ambientais que mais vulgarmente nele se
manifestam, o presente capítulo procura sintetizar os
riscos associados às condições deficientes da iluminação
e ruído excessivo, identificando as medidas técnicas e
organizativas que deverão ser postas em prática para
minimizar os seus efeitos.
54 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
RISCOS AMBIENTAIS
7.1. ILUMINAÇÃO
A visão
A percepção visual é um fenómeno que envolve várias A visão baseia-se na
estruturas, nomeadamente os olhos e as suas ligações existência de raios lumi-
nosos. No escuro
nervosas ao cérebro. O olho recebe os estímulos do perdemos a faculdade de
exterior através de ondas electro-magnéticas. Estas ver.
ondas provocam a excitação das estruturas do olho,
projectando a imagem do mundo exterior na retina. Estas
imagens transformadas em impulsos bio-eléctricos são
transmitidas pelo nervo óptico ao cérebro, que os
interpreta, permitindo a percepção dos objectos.
Para que os objectos colocados a diferentes distâncias Acomodação é a
sejam nitidamente percepcionados é necessário que o focagem dos objectos a
diferentes distâncias. É
olho efectue a acomodação. Esta capacidade diminui com executada pelo cristalino
a idade mas também pode ser alterada por uma através do músculo ciliar.
iluminação deficiente.
Fadiga visual
Quando os olhos (globos oculares) são solicitados Acuidade visual é a
faculdade que o órgão da
continuamente de forma excessiva, por diminuição da
visão possui de distinguir
acuidade visual, por trabalho exigente em termos visuais dois pontos muito próxi-
ou por iluminação inadequada, temos o que se designa mos, separados por um
ângulo mínimo de 1' (o
por fadiga visual. que equivale a dizer que
a acuidade visual normal
é de 10/10).
Os sintomas da fadiga visual, tão bem conhecidos de
determinados trabalhadores, traduzem-se a nível dos olhos
por vermelhidão, sensação de peso, lacrimejo, ardor,
"picadas" e prurido (comichão); a nível da visão por
enevoamento, manchas ou véu e dificuldade na percepção
de pormenores; a nível sistémico, por dores de cabeça,
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho 55
RISCOS AMBIENTAIS
fadiga geral e adopção de posturas incorrectas e dolorosas.
Para anular ou reduzir a fadiga visual deve-se intervir nas
A fadiga pode ter origem suas causas. No desempenho de uma actividade muito
na deficiente acuidade exigente em termos visuais esta deverá ser alternada com
visual do trabalhador, a
qual, nesse caso, deverá outras tarefas ou com pausas. Se o problema tiver por
ser corrigida. base uma incorrecta iluminação dever-se-ão analisar e
corrigir os possíveis defeitos.
Iluminação
A iluminação é fundamental à percepção visual do que
Os olhos estão perfeita- nos rodeia.
mente adaptados à ilumi-
Pela comodidade, eficácia e ausência de riscos que
nação natural.
apresenta, a melhor iluminação é a fornecida pelos raios
solares. Mas nem sempre é possível recorrer a ela
porque, por diversas razões, os locais de trabalho ou não
Existem situações em possuem iluminação natural ou os horários de trabalho
que o local de trabalho não decorrem no período diurno ou nem sempre a
d o ta d o d e i l u m i n a ç ã o
natural necessita de cor- iluminação natural é suficiente. Nesses casos torna-se
recção. Estão neste caso necessário introduzir iluminação artificial.
os riscos de encandea-
mento por raios solares
ou quando estes são A iluminação artificial deve ser correctamente aplicada. A
muito fortes e produzem
desconforto térmico. A
quantidade de iluminação, chamada iluminância,
utilização de écrãs desejável para um determinado local, depende das
(estores, persianas, corti-
características da tarefa a executar nesse local (com
nas, etc.) controla estes
riscos. maior risco, precisão mais acentuada, exigência de
rapidez e eficácia, etc.).
A iluminação artificial não atinge os mesmos níveis de
A iluminância determina iluminância da luz natural, por dificuldades técnicas e,
a qualidade da per-
mesmo, económicas. No entanto, pode-se chegar a
cepção visual.
situações de compromisso em que se atingem níveis
satisfatórios para a visão e economicamente viáveis.
56 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
RISCOS AMBIENTAIS
Na tabela seguinte apresentam-se, como exemplo, Iluminância é a medida
valores de iluminância adequados a algumas tarefas, do fluxo luminoso inci-
dente por unidade de
recomendados por vários países e que vão dos 250 lux a superfície e é medida em
mais de 2000 lux. Lux.
Valores de iluminância
Tipos de tarefas
(lux)
Tarefas simples sem grande
250 a 500
exigência A tabela ao lado tem por
base valores de acuidade
Observação com exigência
500 a 1000 visual do homem médio.
média
Para indivíduos com mais
idade, poderá ser
Precisão visual contínua 1000 a 2000
necessário aumentar os
Trabalho visual muito preciso e valores de iluminância.
2000
exigente
A iluminação artificial da generalidade dos locais de trabalho
é fornecida por lâmpadas incandescentes ou fluorescentes.
As lâmpadas incandescentes têm duração e rendimento
baixos.
As lâmpadas fluorescentes, pelo contrário, têm longa
duração e bons rendimentos o que faz com que sejam
vulgarmente utilizadas em locais de trabalho. No entanto,
devem ser tomadas algumas medidas para a sua
utilização, entre as quais se salientam:
¥ Colocação de lâmpadas e respectivas armaduras
em número suficiente;
¥ Distribuição das armaduras de forma a que a
iluminação seja uniforme;
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho 57
RISCOS AMBIENTAIS
¥ Adequação da cor da radiação das lâmpadas ao
O cumprimento das medi-
das referidas é ainda tipo de trabalho a iluminar;
mais importante caso não
haja iluminação natural.
¥ Ligação das lâmpadas, intercaladamente, a fases
de corrente diferentes.
7.2. RUÍDO
Som é qualquer variação Os sons fazem parte do dia-a-dia do ser humano,
de pressão (no ar, água
facilitando as relações sociais quer no plano afectivo quer
ou qualquer outro meio)
que o ouvido possa no plano laboral. Os sons são-nos agradáveis,
detectar. nomeadamente quando ouvimos os sons da natureza,
uma conversa de amigos ou música. Mas podem ser
Para efeitos práticos con- desagradáveis se não gostamos da música ou se a
sideram-se equivalentes
conversa nos perturba a concentração numa outra
o nível de pressão
sonora e a intensidade. actividade. O mesmo som pode, portanto, ser agradável
ou desagradável dependendo da pessoa ou da situação.
Existe uma componente psicológica na forma como
O decibel corresponde à percepcionamos o som. No ambiente de trabalho podem
mais pequena variação existir sons que não podem ser classificados como
de pressão sonora que o
ouvido humano normal agradáveis e, para além disso, podem provocar lesões
pode distinguir. perduráveis. A estes sons chamamos ruído.
A intensidade é medida Ruído excessivo é o ruído de intensidade superior a 85
numa escala logarítmica dB. Este tipo de ruído quando atinge o ouvido durante um
expressa em decibéis
(dB). certo tempo provoca lesões irreversíveis nas células
auditivas localizadas no ouvido interno, que se traduzem
numa diminuição, também irreversível, da acuidade
auditiva.
As frequências que mais prejudicam o ouvido humano
situam-se entre os 4000 Hz e os 6000 Hz, com especial
relevância para as primeiras. O ruído produzido pela
58 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
RISCOS AMBIENTAIS
generalidade das máquinas e equipamentos apresenta,
normalmente, frequência na ordem dos 4000 Hz e
intensidade, muitas vezes, acima dos 85 dB.
A frequência é o número
de vibrações por
A exposição prolongada ao ruído excessivo das máquinas
segundo expressa em
ou equipamentos no local de trabalho é, pois, indesejável Hertz (Hz).
e pode provocar um défice permanente da acuidade
auditiva (hipoacúsia sono-traumática). Esta afecção
constitui uma doença profissional designada por surdez
profissional.
O empregador tem o dever de controlar o risco provocado
pelo ruído excessivo, seguindo os seguintes critérios:
Nos locais de trabalho
¥ Ao trabalhador exposto a ruído com intensidade com ruído inferior a 80
entre os 85 dB(A) e 90 dB(A) o empregador deve dB, o empregador pode
facultar protecção auricular eficaz; assumir não fazer avalia-
ção do ruído. Nos locais
de trabalho com ruído
¥ Para exposições superiores a 90 dB(A) é superior a 80 dB é obri-
gatória a avaliação do
obrigatório o uso, por parte do trabalhador, de ruído.
protecção auricular eficaz.
O empregador tem, ainda, o dever de controlar os efeitos
do ruído nos trabalhadores a ele expostos através de
exames audiométricos:
¥ Ao trabalhador exposto entre 85 dB(A) e 90 dB(A)
deve ser feito exame audiométrico trienal;
¥ Ao trabalhador exposto a 90 dB(A), ou mais, deve A fadiga auditiva traduz-
-se por um abaixamento
ser feito exame audiométrico anual e no local de reversível da capacidade
trabalho deve ser afixada sinalização da obrigação auditiva.
de utilização de protecção auricular.
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho 59
RISCOS AMBIENTAIS
O ruído pode determinar outros efeitos negativos sobre o
organismo humano:
¥ Perturbações da comunicação;
¥ Irritabilidade;
¥ Fadiga geral e fadiga auditiva;
¥ Perturbações gástricas;
¥ Alterações da pressão arterial;
¥ Aumento da produção hormonal da tiróide;
¥ Aumento da frequência cardíaca;
¥ Aumento da produção da adrenalina;
¥ Perda de equilíbrio.
No sector do Comércio não são habituais ambientes com
níveis de ruído acima de 90 dB, mas vários postos de
trabalho possuem níveis sonoros superiores a 85 dB.
60 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
RISCOS ERGONÓMICOS
Capítulo 8
RISCOS ERGONÓMICOS
Objectivos
No final do capítulo deverá ser capaz de:
¥ Identificar os principais factores desencadeadores
de riscos ergonómicos;
¥ Conhecer a legislação aplicável à movimentação
manual de cargas;
¥ Enumerar as regras básicas da movimentação
manual de cargas;
¥ Conhecer a legislação aplicável ao trabalho com
ecrãs de visualização;
¥ Identificar os principais riscos e as respectivas
medidas de controlo no trabalho com ecrãs de
visualização;
¥ Identificar a adopção de posturas incorrectas como
factor de risco;
¥ Enumerar as regras básicas para uma correcta
postura.
A Ergonomia é a ciência que identifica, avalia e controla
os riscos ergonómicos. Define-se como um estudo
multidisciplinar do trabalho humano que contribui para a
concepção ou transformação das situações de trabalho,
de modo a adaptá-lo às reais capacidades dos
trabalhadores, visando, por um lado, a sua saúde e, por
outro, a fiabilidade e eficácia.
O objectivo da Ergonomia é adaptar o trabalho ao homem.
As condições de trabalho envolvem componentes
humanas (características físicas, fisiológicas e
psicológicas), técnicas (relativamente aos equipamentos,
máquinas, ferramentas, utensílios), ambientais e
organizacionais.
O presente capítulo refere alguns dos factores que mais
62 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
RISCOS ERGONÓMICOS
contribuem para os riscos ergonómicos no Sector do
Comércio.
8.1. FACTORES DESENCADEANTES DE RISCOS
ERGONÓMICOS
Os riscos ergonómicos são determinados pela
inadequada concepção dos sistemas de trabalho, aliada Lesões músculo-
esqueléticas - são
ou não à insuficiente formação/informação dos lesões que afectam os
trabalhadores. músculos, tendões e ner-
vos (nomeadamente das
mãos, punhos, cotovelos,
Os riscos ergonómicos determinam, muitas vezes, lesões ombros e região dorso-
músculo-esqueléticas. -lombar).
Os factores do risco ergonómico são essencialmente de
três tipos: físicos, organizacionais e psicossociais. A Intervenção Ergo-
nómica tem como objec-
tivo a minimização dos
Factores físicos: riscos ergonómicos e a
¥ Movimentação manual de cargas; sua actuação incide
sobre:
¥ Postura incorrecta;
- Concepção do local de
¥ Movimentos inadequados; trabalho;
¥ Movimentos permanentemente repetidos;
- Equipamento;
¥ Força excessiva da mão;
- Métodos de trabalho;
¥ Vibração do conjunto mão-braço.
- Organização do tra-
balho;
Factores organizacionais: - Formação/informação
¥ Ritmos de trabalho; dos trabalhadores.
¥ Trabalho repetitivo;
¥ Tempo atribuído às tarefas;
¥ Sistemas remuneratórios;
¥ Trabalho monótono.
Factores psicossociais:
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho 63
RISCOS ERGONÓMICOS
¥ Formação/informação;
¥ Atitude dos trabalhadores.
8.2. MOVIMENTAÇÃO MANUAL DE CARGAS
A movimentação manual de cargas no Sector do
Comércio é uma das principais causas das lesões dorso-
Legislação aplicável:
lombares, quase sempre dolorosas e frequentemente
Directiva 90/269/CEE -
relativa às prescrições incapacitantes. Estas lesões podem ocorrer em situações
mínimas de movimen- críticas e pontuais, nomeadamente quando se faz a
tação manual de cargas.
movimentação de uma carga, pesada ou não, adoptando
D E C R E TO - L E I 330/96, DE
25 DE SETEMBRO
uma postura incorrecta; ou podem ocorrer por esforço,
eventualmente não excessivo, mas muito repetido ao
longo do tempo.
A prevenção das lesões provocadas pela movimentação
manual de cargas faz-se adoptando atitudes preventivas
entre as quais destacamos:
¥ Manter uma postura natural (não forçada) e
cómoda;
¥ Colocar a superfície de trabalho ao nível dos
cotovelos;
¥ Arrumar o espaço de trabalho, de forma a ter os
equipamentos, ferramentas ou utensílios ao alcance;
¥ Alternar as posturas;
¥ Manusear correctamente os equipamentos de
trabalho;
¥ No trabalho sentado, manter as costas direitas e a
64 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
RISCOS ERGONÓMICOS
região lombar apoiada; colocar o assento de forma
a que a coxa e a perna formem um ângulo de 90º.
Se necessário, colocar um apoio para os pés;
¥ Na movimentação lateral, não torcer o tronco; rodar
todo o corpo para mover lateralmente a carga;
¥ Usar calçado cómodo e de tacão baixo;
¥ Alternar, sempre que possível, tarefas que exijam
posturas diferentes;
¥ Fazer exercício físico para fortalecimento da
musculatura.
No levantamento manual de cargas, deve-se:
¥ Colocar os pés afastados (50 cm);
¥ Flectir os joelhos;
¥ Aproximar o corpo da carga;
¥ Manter a coluna vertebral direita e na vertical;
¥ Flectir as pernas, para alcançar a carga;
¥ Levantar a carga de forma gradual e suave;
¥ Seguir os mesmos passos, em sentido inverso,
para baixar a carga.
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho 65
RISCOS ERGONÓMICOS
Para o transporte manual de cargas:
¥ Manter a coluna direita e na vertical;
¥ Manter a carga próxima do corpo (cintura);
¥ Distribuir o peso pelos dois braços;
¥ Movimentar ou rodar os pés e não o tronco.
8.3. EQUIPAMENTOS DOTADOS DE VISOR
(ECRÃS DE VISUALIZAÇÃO)
Os equipamentos dota- Hoje em dia, o trabalho com ecrãs de visualização (TEV)
dos de visor também são
é cada vez mais frequente, pois facilita muitas operações
chamados écrãs de
visualização. e aumenta a rapidez e eficácia de muitas tarefas. Mas os
ecrãs de visualização também podem ser fonte de
desconforto, fadiga e até de lesões, se não forem
TEV - designa o trabalho
com écrãs de visualiza- tomadas medidas ergonómicas adequadas aos riscos que
ção. estes equipamentos provocam.
Os riscos decorrentes dos equipamentos dotados de visor
provêm quer do equipamento em si (écrã e teclado), quer
do mobiliário, quer do tipo de trabalho efectuado, quer do
ambiente de trabalho quer, ainda, do comportamento do
trabalhador.
A minimização dos riscos deve ter em atenção todos
estes elementos e intervir naqueles que não apresentem
as seguintes condições:
66 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
RISCOS ERGONÓMICOS
Écrã
¥ Posicionamento do topo do écrã ao nível dos olhos
do utilizador;
¥ Orientação e inclinação reguláveis (0º a 15º);
¥ Regulação da intensidade luminosa e do contraste;
¥ Opção pelo fundo claro e por caracteres escuros;
¥ Ausência de reflexos;
¥ Imagem estável e sem cintilação.
Teclado
¥ Inclinação regulável do teclado (5º a 15º);
¥ Teclas claras com caracteres escuros;
¥ Separação do teclado em relação ao ecrã.
Mesa
¥ Dimensões adequadas à regulação do écrã e
teclado e à disposição dos documentos e outros
instrumentos de trabalho;
¥ Espaço adequado ao apoio da mão, punho e
antebraço;
¥ Tampo baço e com arestas arredondadas.
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho 67
RISCOS ERGONÓMICOS
Cadeira
¥ Estabilidade (cinco pés com rodas);
¥ Altura regulável do assento e do encosto;
¥ Inclinação regulável do encosto;
¥ Encosto com dimensões que permitam o apoio da
região lombar e dorsal;
¥ Apoio de braços;
¥ Estofo confortável.
Espaço de trabalho
¥ Amplo para permitir a movimentação necessária ao
trabalho e a alternância de posturas.
Iluminação
Os níveis de iluminação
devem situar-se entre os
¥ Adequação às tarefas globais a executar (se
300 e os 500 lux. necessário, utilizar iluminação artificial local);
¥ Ausência de reflexos no ecrã;
Para evitar os reflexos da
luz solar no écrã, este
deve ser colocado mais ¥ Ausência de encadeamento da luz natural e/ou
ou menos perpendicular-
artificial;
mente às janelas.
¥ No caso de iluminação com lâmpadas
fluorescentes e na ausência de iluminação natural,
As janelas devem possuir
c o r t i n a s / e s t o r e s pa r a
utilização de, pelo menos, duas lâmpadas ligadas
regular a luz solar. a fases diferentes
68 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
RISCOS ERGONÓMICOS
Ruído (Exposição do trabalhador)
¥ Até 55 dB(A) em tarefas que exijam concentração;
¥ Até 60dB(A) em tarefas de rotina.
Ambiente térmico
¥ No Inverno, controlo das temperaturas entre Para valores < 45% de
18º a 24 ºC; humidade relativa
c o m e ç a a a pa r e c e r
secura das mucosas,
¥ No Verão, controlo das temperaturas entre nomeadamente da
mucosa dos olhos. Para
24º a 26ºC;
valores acima dos 60%, a
atenção, vigilância e
destreza dos gestos
¥ A humidade relativa do ar entre 45% a 55%.
baixam.
Os riscos decorrentes do trabalho com écrãs de
visualização podem ser potenciados pelo tipo de trabalho
a efectuar, como seja o caso do trabalho de introdução ou
aquisição de dados ou comunicação interactiva
(conversacional) e processamento de texto.
Na introdução de dados o trabalho caracteriza-se por uma
actividade intercalada com a leitura de documentos,
digitalização e conferência dos dados no ecrã. O
processamento de texto é semelhante à introdução de
dados em termos de exigências ergonómicas. Na
actividade de processamento de texto e digitalização
simultânea de dados exige-se uma forte componente
visual para controlo do que se passa no écrã. No entanto,
o trabalho permite quase sempre algumas pausas.
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho 69
RISCOS ERGONÓMICOS
A carga de trabalho caracteriza-se por:
¥ Monotonia;
¥ Elevada concentração;
¥ Exigência visual;
¥ Exigência músculo-esquelética do binómio mão-
braço.
Na aquisição de dados a actividade centra-se
essencialmente no visionamento do écrã, sendo os olhos
o órgão mais solicitado.
Na actividade conversacional, o trabalho exige diálogo
com o écrã, nomeadamente com a entrada de dados e o
resultado apresentados pelo écrã. É uma actividade com
uma carga inferior aos dois tipos anteriores, quer a nível
dos olhos, quer do binómio mão/antebraço.
As principais consequências do trabalho com écrãs de
visualização são as seguintes:
A nível dos olhos:
¥ Ardor;
¥ Fadiga;
¥ Lacrimejo;
¥ Vermelhidão dos olhos;
¥ "Picadas" nos olhos;
¥ Sensação de ofuscação.
A nível do tronco:
¥ Dores na região dorso-lombar e cervico-dorsal.
70 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
RISCOS ERGONÓMICOS
A nível do membro superior que intervém na
digitalização:
¥ Dores na região do punho;
¥ Dores ao nível do cotovelo e ombro.
A nível dos membros inferiores:
¥ Dores nos membros inferiores.
A nível psíquico:
¥ Stress psicossocial.
8.4. POSTURAS
As posturas adoptadas pelo trabalhador na sua actividade As posturas gravosas
para o trabalhador são
nem sempre são as correctas e são, muitas vezes,
a d o p ta d a s f r e q u e n t e -
desencadeadoras de incómodo e sofrimento. mente ao longo da vida,
Estas afecções têm origem no mobiliário e equipamentos muito antes de iniciar a
sua vida profissional, por
inadequados, na insuficiência/ausência de exercício não terem sido acom-
físico, na desmotivação e, muitas vezes, na compensação panhadas de informação
e constante correcção.
de desvios ou perturbações de outros órgãos ou sistemas
e, quase sempre, quando o trabalho obriga à mesma
posição do corpo durante várias horas.
Para minimizar as consequências da adopção de posturas
incorrectas o trabalhador deve alternar, sempre que
possível, a postura de sentado com a posição de pé e
ainda exercer vigilância na forma como se posiciona
durante o trabalho.
No trabalho de pé
¥ Manter as três curvaturas naturais da coluna
vertebral (curvatura lordose-cervical, cifose dorsal
e lordose lombar);
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho 71
RISCOS ERGONÓMICOS
¥ Utilizar calçado confortável e com tacões baixos;
¥ Apoiar o corpo, mantendo as pernas ligeiramente
abertas, ora num pé ora no outro;
¥ Dispor de uma superfície ligeiramente mais
elevada que o piso (cerca de 15 cm) para apoiar,
descansando, ora uma perna ora outra;
¥ Executar o trabalho ao nível da cintura;
¥ Fazer pausas.
No trabalho sentado
¥ Partindo da posição de pé, ajustar o assento da
cadeira de modo a que este fique ligeiramente
abaixo da dobra do joelho;
¥ Dispor de assento que acompanhe a coxa até 3
cm acima da curva do joelho;
¥ Apoiar a região lombar no espaldar da cadeira;
¥ Ajustar a superfície de trabalho à altura dos
cotovelos;
¥ Apoiar os antebraços no plano de trabalho;
¥ Manter o tronco direito, de modo a suportar,
verticalmente, o seu peso e o da cabeça;
¥ Fazer pausas.
72 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
RISCOS QUÍMICOS
Capítulo 9
RISCOS QUÍMICOS
Objectivos
No final do capítulo deverá ser capaz de:
¥ Definir o conceito de contaminação por produtos
químicos;
¥ Identificar as vias de entrada dos diferentes
contaminantes;
¥ Caracterizar os factores que influenciam a
toxicidade de uma substância;
¥ Definir o conceito de dose de um contaminante;
¥ Identificar os efeitos dos tóxicos no organismo;
¥ Conhecer as regras básicas da rotulagem e do
manuseamento de produtos perigosos.
Os produtos químicos (substâncias, compostos e
misturas) são utilizados nos locais de trabalho num
grande número de actividades. Muitos desses produtos
estão classificados como perigosos pelos riscos a que
sujeitam os trabalhadores, provocando, muitas vezes,
acidentes de trabalho e doenças profissionais.
O presente capítulo enuncia os riscos que os produtos
perigosos, também chamados contaminantes ou tóxicos,
comportam e as medidas de segurança que deverão ser
implementadas para os combater.
74 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
RISCOS QUÍMICOS
9.1. NOÇÕES DE INTOXICAÇÃO POR PRODUTOS
PERIGOSOS
Um número significativo de trabalhadores do Sector do
Comércio lida diariamente com produtos químicos
perigosos.
Sempre que possível, os produtos perigosos devem ser
substituídos por produtos isentos de perigo ou por
produtos menos perigosos.
São exemplos de produtos perigosos os vernizes, os
diluentes, os desinfectantes, os produtos de limpeza,
alguns metais, entre outros.
A via respiratória é a via mais comum da penetração dos
tóxicos presentes nos locais de trabalho. Os efeitos As partículas sólidas ou
nocivos fazem-se muitas vezes sentir ao nível das vias líquidas, em suspensão
n o a r, p e n e t r a m n o
respiratórias, mas também se podem repercutir noutras organismo. O mesmo se
partes do organismo. Os perigos de inalação são tanto passa com os gases e
vapores existentes no
maiores quanto mais elevada for a temperatura. ambiente de trabalho.
No que diz respeito às partículas, nem todas ficam retidas
no interior do aparelho respiratório ao mesmo nível. O
aparelho respiratório tem defesas, fruto da adaptação ao
meio ambiente ao longo da evolução humana, que o DIMENSÃO
protegem de uma parte das partículas nocivas para a das LOCAL (de retenção)
partículas
saúde. A eficácia das defesas naturais está directamente (µm)
relacionada com as dimensões das partículas. > 10 Nariz
4 — 10 Brônquios
2—4 Alvéolos pulmonares
Assim, as partículas de diâmetro entre os 10 µ m e os 15 O mícron ( µ m ) é a mi-
µ m ficam retidas mecanicamente nas fossas nasais, lionésima pa r t e
milímetro (mm).
do
através dos cílios vibráteis e do muco nasal. Regra geral,
essas partículas apenas exercem um efeito irritativo local.
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho 75
RISCOS QUÍMICOS
Produtos comuns como As partículas com dimensões inferiores a 10 µ m e
sejam o "detergente superiores a 4 µ m ficam retidas nos brônquios, podendo
verde" e a "lixívia" (que
têm na sua composição, provocar lesões locais, com tosse e expectoração.
respectivamente,
amoníaco e cloro) se
misturados, o que infeliz- As partículas de menores dimensões, abaixo dos 5 µ m,
mente não é muito raro, também chamadas partículas respiráveis, penetram pelas
podem provocar
reacções rápidas e
ramificações mais finas da árvore brônquica e atingem os
muitíssimo graves, alvéolos pulmonares, ocasionando lesões locais muito
mesmo fatais. Esta mis-
graves e pondo mesmo em risco a vida.
tura deve ser interdita.
Através da rede capilar existente nos alvéolos, os tóxicos
(sólidos, líquidos ou gasosos) podem rapidamente
difundir-se na corrente sanguínea, atingir outros órgãos
(sistema nervoso central, coração, fígado, rins, medula
óssea, etc.) e provocar lesões muito graves. Muitas vezes
a acção é tão rápida como se o tóxico tivesse sido
administrado por via intravenosa.
Exemplos de contami- A pele tem essencialmente um papel de protecção contra
nantes lipossolúveis: os diferentes agentes agressivos (físicos, químicos e
- nicotina; biológicos). No entanto, os poros, as glândulas sebáceas
- solventes clorados. e as glândulas sudoríparas funcionam como portas de
entrada naturais. Por sua vez, a sudação facilita a
penetração dos tóxicos na pele. Também as alterações da
pele (descamações, ferimentos, etc.) facilitam a entrada
de tóxicos. Por outro lado, a afinidade de alguns destes
agentes (lipossolúveis) para com os lípidos cutâneos
(dissolvendo-se na gordura que normalmente lubrifica a
pele) permite-lhes ultrapassar a barreira da pele e
alcançar, ao nível da derme, a circulação sanguínea.
O contacto de tóxicos com as mucosas, em virtude da sua
grande vascularização, é ainda mais perigoso do que com
a pele. As mucosas dos olhos reagem energicamente a
76 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
RISCOS QUÍMICOS
certos tóxicos, assim como a mucosa faríngea, sobretudo Podem existir situações
se está inflamada. de intoxicação por
manipulação incorrecta
de produtos tóxicos (con-
A via digestiva não é uma via habitual nas intoxicações ta m i n a ç ã o d a s m ã o s ,
boca e olhos); por
relacionadas com o trabalho. ingestão de alimentos
erradamente guardados
em locais de trabalho
A ingestão de substâncias tóxicas permite a passagem das contaminados; por defi-
mesmas para a corrente sanguínea (ao nível da boca, do ciente higiene corporal,
nomeadamente das
estômago e do intestino) e provocar lesões graves em
mãos, após trabalhos
órgãos afastados (rins, fígado, etc.). O processo de relacionados com produ-
absorção por via digestiva pode ser mais ou menos rápido. tos tóxicos; por fumar ou
guardar tabaco nos locais
contaminados.
As vias hipodérmicas e intravenosas são muito raras
nas intoxicações laborais do Sector do Comércio, não
sendo por isso consideradas no âmbito deste Manual.
A toxicidade de uma substância ou produto no local de Existem valores-limite de
c o n c e n t r a ç ã o pa r a o s
trabalho depende de vários factores, nomeadamente:
tóxicos nos locais de tra-
balho, denominados
¥ Características da substância ou produto TLV's (Threshold Limit
Value) - concentração
(composição química e concentração); média ponderada para
¥ Trabalho executado; um dia de 8 horas e para
uma semana de 40 horas
¥ Características do trabalhador exposto. - aos quais a maioria dos
trabalhadores pode ser
repetidamente exposta,
Dos factores atrás referidos, aquele que pode ser dia após dia, sem ficar
controlado de forma segura e objectiva é a concentração sujeita a efeitos prejudici-
ais para a sua saúde.
do tóxico.
Quanto ao trabalho executado é importante salientar o
tipo de trabalho (leve, moderado ou pesado) e a duração
da exposição.
Os trabalhos pesados provocam um aumento do ritmo
respiratório e consequentemente a quantidade de
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho 77
RISCOS QUÍMICOS
Os trabalhos pesados substância tóxica inalada aumenta no mesmo período de
p r o v o c a m ta m b é m u m tempo, podendo tornar-se perigosa, mesmo se a
aumento de sudação o
que, caso o tóxico tenha concentração no ar estiver longe das concentrações
afinidade com a pele, limites. A duração (tempo) de exposição é um factor de
pode aumentar perigosa-
mente a sua concen- grande importância para a generalidade dos tóxicos
tração no organismo, já presentes no ambiente de trabalho. Este factor pode ser
que penetra por duas
vias (respiratória e
controlado pela organização do trabalho, fazendo rodar
cutânea). pelo mesmo posto de trabalho vários trabalhadores ao
longo do período de trabalho.
Em princípio, os indiví- No que diz respeito às características do trabalhador
duos jovens, em virtude
exposto ao tóxico, salientamos a idade, o sexo, o peso, a
do seu metabolismo ser
mais activo, tendem a ser susceptibilidade individual, a fadiga e a gravidez.
menos sensíveis que os
adultos.
Reportando ao que os Gregos diziam na Antiga Grécia,
Como a sensibilidade aos
t ó x i c o s a u m e n ta , e m "nada é veneno, tudo é venenoso", para se actuar no
geral, durante a gravidez campo da prevenção das intoxicações no ambiente de
aconselha-se evitar que
as mulheres grávidas
trabalho é fundamental controlar as seguintes variáveis:
sejam submetidas a
exposições susceptíveis
¥ Tempo de exposição;
de exercer efeitos
nocivos. ¥ Concentração do tóxico.
Existe uma relação marcada entre o tempo de exposição
e a concentração do tóxico. Ao resultado desta relação
dá-se o nome de DOSE.
D - é a dose, expressa
em mg / m x ano. D=TxC
T - é o tempo de
exposição, expresso em
anos. A exposição a agentes tóxicos no ambiente de trabalho
C - é a concentração pode ser pontual ou contínua.
média ponderada do con-
taminante, expressa em
mg / m e referida a 8h de
Numa exposição pontual a baixas quantidades de um
trabalho/dia. tóxico de fraca toxicidade, não se verificarão efeitos
prejudiciais.
78 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
RISCOS QUÍMICOS
No caso de a dose ser relativamente alta, os efeitos Diz-se que há Intoxi-
nocivos manifestar-se-ão rapidamente. Entre esses cação Aguda quando se
verificam efeitos tóxicos
efeitos, o mais grave é, naturalmente, a morte. no organismo resultantes
da absorção de doses
relativamente grandes,
Os efeitos tóxicos provêm, muitas vezes, de doses e m c u r t o e s pa ç o d e
pequenas, demasiado fracas para provocar efeitos de tempo.
toxicidade aguda, mas cuja repetição pode acabar por
originar intoxicações muito mais insidiosas, pois
aparecem, em geral, sem dar qualquer sinal de alarme.
A Intoxicação Crónica é
r e s u l ta d o de uma
Existem tóxicos que preenchem especificamente as exposição repetida ao
longo de bastante tempo,
condições acima descritas e a que se dá o nome de a baixos níveis de tóxi-
tóxicos cumulativos, por ficarem retidos no organismo em cos, que embora sem
sintomatologia clínica
virtude de afinidades de natureza física ou química, imediata, pode conduzir a
dificultando a sua eliminação. alterações irreversíveis
do estado de saúde.
As noções sobre os produtos tóxicos, seus efeitos e
prevenção são de enorme importância devido ao grande
Das substâncias de toxi-
número de agentes perigosos a que, o homem está cidade a longo prazo
exposto no ambiente de trabalho. salientam-se as cancerí-
genas pois ocupam um
l u g a r à pa r t e . N e s t e
A dose absorvida provoca, por parte do organismo, uma caso, não se podem fixar
doses limites, dado que,
resposta biológica. pelo facto do efeito per-
sistir após a eliminação
do produto, qualquer
Para que se possa considerar admissível uma
dose, por mínima que
determinada Dose no local de trabalho, é necessário que seja, poderá ser
ela provoque no organismo uma resposta nula, isto é, que perigosa.
a dose absorvida não tenha excedido a capacidade do
organismo metabolizar e eliminar o referido tóxico.
Efeitos dos tóxicos sobre o organismo humano
Já se disse que o aparelho respiratório é a principal via de
acesso dos tóxicos gasosos ou voláteis ao organismo
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho 79
RISCOS QUÍMICOS
humano. Os seus efeitos traduzem-se, muitas vezes, em
lesões locais ou ao nível do mecanismo da respiração.
A acção local manifesta-se por:
¥ Espirros, tosse, corrimento nasal, exagerada
produção de saliva;
¥ Irritação do epitélio pulmonar, com a formação de
edema e queimaduras.
A acção ao nível do mecanismo da respiração manifesta-
se por:
¥ Sufocação, provocada por alteração dos movimentos
respiratórios, submetidos a duas acções simultâneas,
O limite máximo de inversas, desordenadas e angustiantes (a
tempo sem respirar, de necessidade de respirar e a de não respirar);
forma a não se pro-
duzirem lesões graves, é
de cerca de 3 minutos. ¥ Asfixia, provocada pela privação do oxigénio, o
que conduz à morte em pouco tempo;
¥ Paragem respiratória, por intoxicação do centro
cerebral da respiração.
Outra das vias importantes da penetração dos tóxicos é a
pele. Esta está muito exposta aos agentes tóxicos
presentes nos locais de trabalho. Por essa razão é de
toda a conveniência usar vestuário adequado, que proteja
o trabalhador das agressões desses agentes.
80 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
RISCOS QUÍMICOS
Os principais agentes tóxicos com efeitos sobre a pele são:
¥ Ácidos e bases fortes: provocam queimaduras;
¥ Produtos da destilação da hulha: verificam-se
alterações dos tegumentos.
Muitas das substâncias tóxicas presentes nos locais de
trabalho provocam perturbações ou lesões mais ou menos
importantes no sistema nervoso. Consoante os tóxicos em
presença, as suas acções atingem diferentes funções do
sistema nervoso e, por tal razão, os seus efeitos manifestam-
se de modo diverso. São exemplo desta causa-efeito:
¥ Álcool: descoordenação dos movimentos e
perturbação do equilíbrio;
¥ Monóxido de carbono: zumbidos nos ouvidos,
baixa da acuidade visual;
¥ Anestésicos: paragem respiratória.
9.2. ROTULAGEM
Frases R (frases de
r i s c o ) - c o n s ta n t e s n a
Todos os produtos utilizados no local de trabalho devem
rotulagem dos produtos,
estar sempre rotulados, mesmos os que não são indicam os riscos do pro-
considerados perigosos. duto.
Frases S (frases de
segurança) - constantes
A rotulagem deve conter: na rotulagem dos produ-
tos, indicam as medidas
de segurança a adoptar
¥ Nome do produto; no manuseamento do
¥ Origem do produto; produto.
¥ Assinalar os principais riscos;
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho 81
RISCOS QUÍMICOS
¥ Indicar as precauções a tomar;
¥ Referir as medidas a tomar em caso de acidente.
9.3. MANUSEAMENTO DE PRODUTOS
PERIGOSOS
O manuseamento seguro de produtos perigosos deve
contemplar, por parte do trabalhador, a observação estrita
dos seguintes procedimentos:
¥ Acesso, leitura e interpretação da Ficha de
Segurança do Produto fornecida pelo fabricante,
DECRETO-LEI Nº 290/2001,
DE 16 DE N OVEMBRO - L IMI - de forma a conhecer os riscos e as medidas de
TES E EXPOSIÇÃO segurança que deverá tomar no seu
manuseamento;
¥ Verificação do bom estado das embalagens;
¥ Conservação dos produtos perigosos unicamente em
recipientes adequados e correctamente rotulados;
¥ Transvaze cumprindo as normas de segurança
para a operação;
¥ Prevenção de todo e qualquer contacto com a boca;
¥ Respeito escrupuloso pelas regras de higiene
pessoal;
¥ Controlo da contaminação atmosférica;
¥ Conhecimento dos limites de exposição a que
poderá estar sujeito sem riscos para a saúde.
Objectivos
82 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
RISCOS MECÂNICOS
Capítulo 10
RISCOS MECÂNICOS
No final do capítulo deverá ser capaz de:
¥ Identificar as regras da movimentação mecânica
de cargas;
¥ Enumerar as medidas de protecção na utilização
de máquinas.
A modernização do Sector do Comércio passa pela
introdução, cada vez maior, de máquinas destinadas a
facilitar ou optimizar uma série de tarefas. Este percurso
implica também a introdução de diversos riscos
provenientes quer do equipamento, quer da sua
utilização.
A movimentação de cargas através de meios mecânicos é
também muito frequente no Sector do Comércio e
constitui uma fonte importante de acidentes.
No presente capítulo apresentam-se os princípios base de
prevenção a ter em conta para minimizar aqueles riscos.
10.1. MOVIMENTAÇÃO MECÂNICA DE CARGAS
A movimentação mecânica de cargas constitui uma
actividade em que interferem três agentes de um modo
simultâneo e coordenado - o operador, o equipamento e a
carga. A prevenção de acidentes baseia-se
fundamentalmente nas regras e conformidades destes
três elementos.
84 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
RISCOS MECÂNICOS
Relativamente ao OPERADOR é essencial que:
¥ Conheça o equipamento que vai utilizar,
nomeadamente as capacidades, os limites e as
funções de comando;
¥ Conheça o material que vai movimentar,
nomeadamente o seu peso, natureza, volume,
resistência e comportamento quando
movimentado;
¥ Conheça o percurso da movimentação, a origem e
o destino da carga;
¥ Avalie a compatibilidade entre a carga e o local de
armazenagem, nomeadamente no que diz respeito
à resistência, acessibilidade e compartimentação.
No que diz respeito ao EQUIPAMENTO:
¥ Deve ser adequado para a movimentação que se
pretende fazer;
¥ Deve estar conforme as normas que lhe são
aplicadas;
¥ Deve ser sujeito às revisões e manutenções
periódicas previstas no seu Manual de Utilização
ou outras mais restritivas, quando a natureza do
local ou as características da actividade o exijam.
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho 85
RISCOS MECÂNICOS
No que concerne à CARGA:
¥ Deve ser adaptada ao equipamento que a
movimenta;
¥ Deve estar acondicionada de modo a garantir a
sua estabilidade durante a movimentação;
¥ Deve possuir pontos de aplicação suficientemente
resistentes tendo em conta o tipo de processo de
aplicação da força do equipamento de
movimentação;
¥ Deve ser compatível com as características do
local de armazenagem onde será colocada.
As características específicas atrás enunciadas são
essenciais para a prevenção de acidentes, mas não são
suficientes para a eliminação do risco. A actividade de
movimentação em si requer, além destes pressupostos,
uma série de requisitos específicos dos quais destacamos:
¥ As vias de circulação, nomeadamente as usadas
habitualmente, deverão, tanto quanto possível,
estar marcadas no pavimento;
¥ As vias de circulação não deverão servir como
local de armazenagem, mesmo que
momentaneamente, e deverão estar sempre livres
de qualquer outro obstáculo;
¥ As superfícies dos pavimentos deverão, em função
do equipamento rolante, ser lisas e isentas de
ressaltos;
86 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
RISCOS MECÂNICOS
¥ As rampas e as guias para vencer desníveis
deverão ter inclinação compatível com a
capacidade e estabilidade do equipamento e com o
equilíbrio da carga;
¥ As telas transportadoras, nomeadamente as
amovíveis, não deverão ser colocadas de modo a
obstruir quer o caminho de outros equipamentos quer
as vias fundamentais de circulação e/ou emergência;
¥ As telas transportadoras deverão ter os
dispositivos de paragem de emergência (ditos de
homem-morto) operacionais;
¥ Independentemente das protecções colocadas pelo
fabricante, as telas deverão ter protecção
suplementar quando junto a elas circulam
trabalhadores com vestuário largo susceptível de
ser traccionado pelo equipamento mecânico. Se tal
não for exequível, os trabalhadores que operam
junto a este equipamento não deverão usar roupa
larga e cabelo comprido solto;
¥ Os carros manuais de transporte, tipo porta-
paletes, deverão possuir rodas adequadas ao
pavimento, se possível revestidas a borracha, no
sentido de evitar o ruído;
¥ Os carros manuais de transporte devem ser
empurrados e não traccionados, excepto na
descida de rampas;
¥ Os carros manuais de transporte deverão possuir
sistemas que permitam travar e controlar a marcha;
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho 87
RISCOS MECÂNICOS
¥ A passagem junto a pessoas ou obstáculos fixos
com carros manuais de transporte deverá ser feita
em marcha muito lenta e com cuidado;
¥ A zona das pegas deverá possuir punhos em
borracha com configuração adequada ou protegida
por guarda-mãos;
¥ Nos porta-paletes mecanizados, o operador
deverá, durante a manobra, assumir posições que
permitam evitar o entalamento entre o punho de
tracção e obstáculos fixos;
¥ Os porta-paletes mecânicos deverão possuir botão
de paragem de emergência;
¥ Quando não estiver em utilização o equipamento
deverá ser arrumado em local próprio com o braço
de tracção levantado.
A utilização de empilhadores deve observar as seguintes
Os empilhadores são regras:
e q u i pa m e n t o s s u s c e p -
tíveis de sofrerem
capotamento, provocado ¥ Controlo diário, antes do início da actividade, do
pelo excesso de carga, funcionamento do sistema de comando (buzina,
manobras intempestivas
e velocidade excessiva. travões, pneus, sistema hidráulico, nível do líquido
Para minimizar as conse- do radiador e cárter, sinalizadores sonoros de
quências do risco de
c a p o ta m e n t o , o s e m - marcha-atrás e sinalizador luminoso de marcha);
pihadores devem possuir
protecção anti-capota-
¥ Verificação de eventuais deficiências de
mento, assim como pro-
tecções laterais e cinto funcionamento;
de segurança.
¥ Aquando da utilização dos garfos do empilhador,
não alterar o centro de gravidade da carga por este
88 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
RISCOS MECÂNICOS
poder provocar o desequilíbrio perigoso do
equipamento. Dar especial atenção quando o piso
for inclinado;
¥ Durante o percurso, manter sempre os garfos em
baixo, excepto quando o piso for de tal forma
irregular que não o permita ou aquando da marcha
à frente em rampas, situações em que os garfos
devem ser levantados;
¥ Com carga, levantar os garfos 15 a 20 cm acima do
pavimento;
¥ A carga não deve obstruir a visão do operador.
Excepcionalmente, se tal acontecer, conduzir de
marcha-atrás, desde que o percurso seja curto e a
marcha seja especialmente controlada;
¥ Aquando da marcha, dar atenção às estruturas
aéreas que eventualmente cruzem a via de
circulação, nomeadamente cabos eléctricos;
¥ Subir rampas sempre em marcha-à-frente;
¥ Descer rampas em marcha-atrás se o equipamento
estiver com carga; de marcha à frente, se não
transportar cargas;
¥ Não transportar cargas fraccionadas que
ultrapassem o nível superior do mastro de batente
do empilhador;
¥ Adequar a velocidade às manobras, condições do
piso e cargas transportadas;
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho 89
RISCOS MECÂNICOS
¥ Se existirem aberturas com tamponamentos no
piso, verificar se estão fixos ou se estão bem
colocados. Executar as manobras de circulação
devagar;
¥ Ter especial atenção ao eventual cruzamento com
peões;
¥ Verificar o estado de acondicionamento das
cargas, assim como a conservação das paletes;
¥ Ao primeiro sinal de avaria do equipamento, parar
e chamar pessoal autorizado para proceder à
reparação;
¥ A carga transportada não deve nunca ultrapassar a
capacidade de carga do equipamento;
¥ No final do período de trabalho colocar o
equipamento em segurança e retirar a chave da
ignição;
¥ Nunca transportar passageiros no empilhador.
10.2. PROTECÇÃO NA UTILIZAÇÃO DE
MÁQUINAS
Hoje em dia, as máquinas modernas obedecem a
legislação e normas que eliminam a maioria dos riscos
que lhes são inerentes. No entanto, subsistem os riscos
intrínsecos a certas operações e ainda os que advêm de
uma incorrecta montagem, utilização e conservação.
90 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
RISCOS MECÂNICOS
Enumeram-se as medidas a ter em conta, no sentido de
controlar a generalidade desses riscos:
¥ Antes de utilizar uma máquina, ler atentamente o
respectivo Manual de Instruções;
¥ Instalar a máquina de acordo com as
especificações do fabricante;
¥ Reservar, à volta da máquina, uma área suficiente
para as actividades previstas;
¥ Colocar a máquina, tendo em conta a posição mais
cómoda para a sua utilização e de modo a que o
acesso aos comandos e, sobretudo, ao botão de
paragem de emergência se faça facilmente e sem
obstáculos;
¥ Ter em conta o ciclo de produção, evitando deste
modo gestos e actividades desnecessárias junto à
máquina;
¥ Avaliar se a instalação de um novo posto de
trabalho pode interferir com os postos de trabalho
vizinhos e vice-versa;
¥ Verificar se a fonte de energia prevista para a
máquina (electricidade, ar comprimido, gás, etc.)
cumpre os requisitos impostos pelo equipamento e
se a ligação é fiável;
¥ No caso das máquinas portáteis, ou das que
necessitam de apoio (bancada de trabalho, etc.)
assegurar que este é suficientemente estável e
resistente;
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho 91
RISCOS MECÂNICOS
Ter em conta o impacto que a máquina pode gerar
no ambiente de trabalho (ruído, libertação de
gases, empoeiramento, etc.) e adoptar as medidas
necessárias para o seu controlo (isolar,
encapsular, montar amortecedores, sistemas de
aspiração, etc.);
Utilizar apenas as máquinas para os fins a que se
destinam e dentro dos limites de produção
estabelecidos;
Não anular ou de algum modo pôr fora de serviço
os sistemas de encravamento ou protecção;
Nas máquinas dotadas de sistemas de protecção
ajustáveis (por exemplo, serras de fita,
guilhotinas, etc.), procurar mantê-los no seu
máximo grau de eficácia;
Interditar a utilização de máquinas a operadores
que manifestem alterações do estado de
consciência;
Antes de efectuar qualquer operação de
reparação ou limpeza, desligar a fonte de energia,
assegurando que ninguém possa
inadvertidamente repô-la;
Nas operações de limpeza e manutenção, utilizar
produtos e peças previstos pelo fabricante. Só
utilizar solventes inflamáveis ou água quando
expressamente previstos no respectivo livro de
instruções;
92 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
RISCOS MECÂNICOS
Antes de recolocar a máquina em funcionamento,
repor todas as protecções que eventualmente
tenham sido retiradas;
Cumprir os programas de manutenção preventiva
do equipamento;
Rever periodicamente o estado de conservação da
máquina, nomeadamente no que diz respeito a
folgas, perdas de isolamento, vibrações anormais,
etc. e assegurar a reparação dos eventuais
defeitos;
Manter perceptíveis toda a sinalização e avisos
próprios do equipamento e assegurar que são
compreendidos por todos os utilizadores.
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho 93
94 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
ORGANIZAÇÃO DOS LOCAIS DE TRABALHO
Capítulo 11
ORGANIZAÇÃO DOS LOCAIS DE TRABALHO
Objectivos
No final do capítulo deverá ser capaz de:
Enumerar as medidas a adoptar para a execução
segura das actividades de arrumação e limpeza;
Descodificar a sinalização de segurança presente
nos locais de trabalho;
Identificar as técnicas da armazenagem.
O elevado número de actuações e procedimentos
enunciados quando se tratam as questões ligadas à
SHST, não são mais do que regras associadas a uma
correcta organização do trabalho e optimização do
desempenho.
É evidente que um local de trabalho desorganizado e sujo
não pode contribuir para o desenvolvimento eficaz das
actividades laborais, nem tão pouco contribuir
positivamente para a imagem que se pretende fazer
passar para o público.
É também notório que um local de trabalho nestas
condições se torna, por si só, um risco para a segurança
e saúde de quem o frequenta ou nele trabalha.
O presente capítulo procura enumerar uma série de
regras e procedimentos directa ou indirectamente ligados
ao local de trabalho e que, embora façam parte da
organização de um estabelecimento, têm relevância na
área de SHST.
96 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
ORGANIZAÇÃO DOS LOCAIS DE TRABALHO
11.1. ARRUMAÇÃO E LIMPEZA
Embora a arrumação e a limpeza constituam um factor de
segurança, a actividade de limpar e arrumar não está
isenta de perigos.
Os inúmeros riscos decorrentes das operações de
arrumação e limpeza, muitos revestidos de gravidade,
devem merecer uma especial atenção por parte de todos
os que nelas intervêm directa ou indirectamente. Realça-
se esta questão pelo facto destas tarefas normalmente
serem desempenhadas por pessoal não qualificado e,
muitas vezes, com baixa formação/informação no que diz
respeito aos riscos a que estão expostos.
Para evitar os riscos decorrentes da actividade acima
referida torna-se necessário tomar as seguintes medidas
de segurança:
Conhecer previamente quer o local onde vai Entende-se por Limpeza
o controlo sistemático,
decorrer o trabalho quer as tarefas a desempenhar;
ordenado e previsto dos
detritos gerados pelo sis-
Manter constantemente desobstruídos os tema de produção. Inclui-
-se, ainda, no conceito
caminhos de fuga e saídas de emergência; de limpeza, a eliminação
dos depósitos de suji-
dade, pó, condensados e
Organizar o trabalho de tal modo que as portas se derrames que se possam
mantenham funcionais, a não ser quando o produzir acidentalmente
ou em consequência do
trabalho decorra na sua zona de influência, processo produtivo nos
situação em que a porta deverá estar locais de trabalho.
completamente aberta ou trancada;
Conhecer os riscos próprios de cada instalação,
assim como os procedimentos obrigatórios e
proibidos;
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho 97
ORGANIZAÇÃO DOS LOCAIS DE TRABALHO
Utilizar apenas os produ- Verificar se os equipamentos, materiais e produtos
tos especificados para que estão disponíveis são adequados e
cada local e tarefa. Ler,
atentamente, as instru- compatíveis com as tarefas previstas;
ções e segui-las escrupu-
losamente. Não misturar
ou aquecer produtos, a Verificar se os equipamentos a utilizar,
não ser que tal prática nomeadamente equipamentos eléctricos e
e s t e j a p r e v i s ta n a s
instruções. É proibido
escadotes, se encontram em perfeito estado de
fazer trasfega de produ- conservação;
tos para embalagens cuja
forma possa sugerir
embalagens de produtos Criar condições para a correcta execução da
alimentares. limpeza, nomeadamente no que diz respeito à
iluminação;
Antes do início do trabalho, verificar se está
disponível o equipamento de protecção individual
necessário, quer em função do local a limpar quer
em função dos produtos a utilizar;
Procurar informação sobre as tarefas específicas;
Identificar o estado de aderência do pavimento. Se
se apresentar escorregadio por falta de limpeza,
limpá-lo prioritariamente;
Se aplicável, começar por arrumar a área a intervir,
colocando nos locais pré-determinados, os
equipamentos, materiais ou produtos que se
encontrem desarrumados;
Rectificar os locais de arrumação, no sentido de
eliminar situações de risco provocadas pelo
armazenamento incorrecto e/ou equilíbrio instável
dos equipamentos, materiais e produtos;
98 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
ORGANIZAÇÃO DOS LOCAIS DE TRABALHO
Se as operações de limpeza tornarem o piso Não utilizar meios impro-
escorregadio, sinalizar a situação enquanto se visados, nomeadamente
mesas de preparação ou
mantiver o risco daí decorrente; de trabalho, bancos,
cadeiras ou outro mobi-
l i á r i o o u e q u i pa m e n t o ;
Para atingir locais a alturas superiores ao nível dos não aceder a prateleiras
olhos, utilizar meios de ascensão adequados elevadas trepando pelos
montantes ou platafor-
(plataforma, escadote ou escada, conforme o caso);
mas da estanteria.
Repor no respectivo lugar, logo que a sequência do
trabalho o permita, todo e qualquer equipamento,
material ou produto, que tiver sido retirado;
Se for necessário retirar as grelhas ou ralos de Por regra não se justifica,
para um acto de limpeza,
escoamento do seu local, mantê-los fora pelo mais
retirar grelhas ou ralos de
curto espaço de tempo possível e sempre sob escoamento dos seus
vigilância. Recolocá-los logo que a operação respectivos lugares. Este
princípio justifica-se, não
termine; só pelo risco de acidente
que envolve os esgotos
desprotegidos, mas, tam-
Respeitar toda a sinalização de segurança dos bém, pelo facto de as
locais de trabalho. Se existir dificuldade na sua grelhas fora do seu lugar
facilitarem a entrada de
identificação, perguntar o seu significado à chefia;
roedores.
Não ultrapassar o volume útil dos contentores de
lixo, nem os sobrecarregar para além do peso que
permite a sua movimentação em segurança;
Respeitar a organização de separação de lixos por
qualidades;
Procurar não partir as lâmpadas de iluminação, As lâmpadas de vapor de
sódio devem merecer
nomeadamente as fluorescentes, de vapor de especial cuidado, na
mercúrio ou de vapor de sódio; medida em que quando
partidas constituem risco
de incêndio.
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho 99
ORGANIZAÇÃO DOS LOCAIS DE TRABALHO
Se acidentalmente forem misturados produtos
ditos amoniacais com lixívia, arejar o local até à
dissipação dos vapores provenientes da acção.
Afastar as pessoas desse local;
Aquando do transvaze de produtos de uma
embalagem para outra, rotular primeiro a nova
embalagem com a informação essencial do
produto;
Eliminar as embalagens vazias, de acordo com o
especificado nos rótulos;
As zonas que se apresentem sujas de pó deverão
ser aspiradas ou lavadas, só se admitindo o
processo de varredura se previamente o pó for
humedecido;
As máquinas ou equipamentos, e muito
particularmente as que utilizam corrente eléctrica,
deverão ser limpas de acordo com a especificação
do fabricante.
11.2. SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA
A sinalização de segu- A sinalização de segurança tem por objectivo alertar para
rança não dispensa as os perigos e riscos presentes no local de trabalho e que
medidas de protecção
necessárias para o con- não puderam ser evitados ou controlados por medidas de
trolo do risco. segurança. A sua colocação nos locais de trabalho é
obrigatória, assim como é obrigatório o seu cumprimento
por parte dos trabalhadores.
Para uma correcta implementação da sinalização de
100 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
ORGANIZAÇÃO DOS LOCAIS DE TRABALHO
segurança devem ser contemplados os seguintes A sinalização de segu-
critérios: rança não pode ser uti-
lizada fora do âmbito da
segurança e saúde no
Adequação da sinalização ao tipo de risco presente trabalho e, por isso, não
poderá, nunca, ser uti-
nos locais e processos de trabalho; lizada como elemento
decorativo.
Informação aos trabalhadores sobre o seu
significado. Perante a alteração das
condições que motivaram
a colocação da sinaliza-
Quando se pretende transmitir uma informação importante ção de segurança, esta
de um modo simples, claro, rápido, perceptível e deverá ser revista e ade-
quada à nova situação, a
inequívoco utiliza-se um sinal. não ser que se tenha
eliminado a causa que a
motivou, situação em que
Os sinais podem ser visuais (sinal de trânsito), auditivos a sinalização deverá ser
(sirene) e olfactivos (odor que se junta a um gás inodoro). imediatamente removida.
No Sector do Comércio utilizam-se, fundamentalmente os
sinais visuais.
No sentido de conferir universalidade à sinalização de Sinal de SHST sinal que
combina uma forma
segurança no espaço europeu, a União Europeia
geométrica, uma cor e
estabeleceu códigos que Portugal adoptou. um pictograma e que,
referido a um local,
actividade e situação
Estes códigos baseiam-se em três elementos: determinada, veicula uma
indicação ou uma obri-
gação relativa à segu-
Cor; rança.
Forma;
Símbolo ou pictograma.
Cores
As cores de segurança estão associadas a um significado
Vermelho ..... Perigo Ime-
e a uma ideia/indicação, apresentadas no quadro ao lado. diato
Amarelo ........ Precaução
As formas geométricas têm também associado um Verde ………. Segurança
significado particular que o quadro a seguir estabelece: Azul ………… Obrigação
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho 101
ORGANIZAÇÃO DOS LOCAIS DE TRABALHO
Cor de
Segurança Círculo Triângulo Rectângulo
Material de
VERMELHO Proibição combate a
incêndios
AMARELO Perigo
Segurança
VERDE em
emergência
Azul Obrigação Informação
11.3. TÉCNICAS DE ARMAZENAGEM
A gestão moderna implica quase sempre uma elevada
rotação de stock, transformando os armazéns em locais
dinâmicos com actividade quase constante. Este factor,
muitas vezes associado a uma gestão inadequada dos
espaços disponíveis, aumenta grandemente a incidência
de sinistralidade nestas áreas.
A organização é a regra fundamental para uma correcta
exploração do armazém, quer se fale de segurança, quer
se fale de produtividade. Uma boa organização diminui
drasticamente a necessidade de movimentações
repetidas, o que desde logo minora a exposição ao risco
e a probabilidade do acidente acontecer. Assim, o estudo
e a adaptação do lay out à rotação e características do
stock é a principal e primeira medida de segurança que se
deve implementar no armazém.
Esta actividade, além de diminuir a exposição ao risco,
cria as condições básicas para a implementação de uma
série de outras medidas de organização, também
102 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
ORGANIZAÇÃO DOS LOCAIS DE TRABALHO
indispensáveis ao controlo do risco.
Os riscos mais comuns nas áreas de armazém são:
Incêndio;
Queda de objectos;
Esmagamento;
Entalamento;
Contaminação com produtos químicos.
O controlo destes riscos passa por uma série de atitudes
e medidas técnicas entre as quais destacamos:
Proibição de fumar em toda a área de
armazenagem;
Revisão periódica do estado de conservação de
toda a instalação eléctrica;
Interdição da utilização de fichas triplas,
gambiarras ou outros equipamentos que possam
fragilizar as características da instalação ou gerar
sobrecargas de consumo;
Utilização preferencial de tipos de iluminação de
lâmpadas de descarga não geradoras de
temperaturas pontuais elevadas;
Utilização de fogos nus
ou geradores de pontos
Controlo apertado sobre operações que impliquem de calor elevado:
a utilização de fogos nus ou geradores de pontos As operações deste tipo
de calor elevado; deverão ser feitas, sem-
pre que possível no início
dos períodos de trabalho,
Dotação de meios adequados (em qualidade e de modo a que o local
onde ocorreram não fique
quantidade) de equipamentos portáteis de combate abandonado logo após a
a incêndio; actividade.
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho 103
ORGANIZAÇÃO DOS LOCAIS DE TRABALHO
Cumprimento rigoroso das normas de separação
dos materiais e produtos por grupo de risco;
Na organização dos materiais em estanteria dar
prioridade ao armazenamento em altura pela ordem
inversa do peso (quanto mais alto, mais leve);
A carga admissível por Definição de limites das quantidades de materiais
prateleira deverá estar armazenados em função da capacidade resistente
afixada.
das prateleiras, estantes e piso;
Respeito, durante o empilhamento, dos limites
impostos pela resistência de cada embalagem
individual;
Não sobreposição de embalagens que apresentem
deformações nos vértices ou que, de qualquer
modo, apresentem deterioração que diminua a sua
resistência;
Respeito escrupuloso pelos limites da zona de
armazenagem, mantendo as zonas de circulação
limpas e livres de obstáculos (quer os pavimentos,
quer as prumadas da estanteria);
Sinalização evidente das saliências ou obstáculos
próprios da instalação (canalização, vigas,
ressaltos no piso, etc.);
Não ultrapassagem de 2 metros de altura quando a
armazenagem é feita manualmente;
No manuseamento de embalagens, utilização de
protecção individual de acordo com os riscos em
104 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
ORGANIZAÇÃO DOS LOCAIS DE TRABALHO
presença. Nomeadamente para riscos mecânicos
(cortes, perfurações, etc.) utilizar luvas de
protecção mecânica e para riscos químicos utilizar
luvas de protecção química;
Quando se torna necessário proceder a transvazes
(mudanças de embalagens, repartição de
mercadorias, etc.) realizar tanto quanto possível
essas tarefas fora do armazém.
Genericamente, a exploração segura e eficaz de um
armazém depende em grande medida de uma conduta
disciplinada e de um sentido prático de arrumação e
limpeza.
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho 105
106 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Activo Humano, Colecção das Revistas
"Segurança"
AMADOR, José Manuel Pico, Seguridad e Higiene
en el Trabajo, Editorial Picó, 1976
Coastal, Ergonomia, 1995
Coastal, Evitando los peligros eléctricos, 1995
Coastal,La Seguridad com la Espalda, 1994
FONSECA, António e outros, Concepção de Locais
de Trabalho, IDICT, 1998
FREITAS, Luís Conceição, Gestão da Segurança e
Saúde no Trabalho, vol 1 e 2, Edições
Universitárias Lusófonas, 2003
IDICT, Serviços de Prevenção das Empresas/Livro
Verde, 1997
Instituto Mapfre, Colecção das revistas "Mapfre
Seguridad"
MACEDO, Ricardo, Manual de Higiene do trabalho
na Indústria, Fundação Calouste Gulbenkian, 1998
MIGUEL, Alberto Sérgio S. R., Manual de Higiene
e Segurança do Trabalho, Porto Editora, 1999
MIGUEL, Sérgio, MALCHAIRE, Jacques et al.,
Ergonomia, Segurança e Higiene Ocupacionais,
Universidade do Minho, 1999
108 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RAMEAU, Henri, Os olhos e a visão, Editorial
Estúdios Cor
TEIXEIRA, Filomena, Movimentação Manual de
Cargas, IDICT, 1998
UGT e ISEFOC, Ecrãs de visualização
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho 109
110 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
FICHA TÉCNICA
Título: Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
Autoria: Margarida Espiga
Edição: CECOA
Coordenação: Cristina Dimas
Design e Composição: Altura Data Publishing
Impressão: Ligrate - Atelier Gráfico, Lda
Local de Edição: Lisboa
Data de Edição: Outubro 2005
ISBN: 972-8388-18-7
Depósito Legal: 232920/05
Tiragem: 400 Exemplares
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho 111
LINHA EDITORIAL CECOA
TÍTULOS DA 1ª COLECÇÃO
Análise Financeira Brasiliano Rabaça
Atendimento Amélia Cascão Arcindo Ferreira Cascão
A Arte de Mostrar Carlos Afonso
Gestão de Espaços Comerciais Pedro Santos Pereira
Gestão de Stocks e Aprovisionamento Octávio Ribeiro
Marketing Maria Clara Almeida
Merchandising Richard Bordone
Negociação Rui Gaspar
Técnicas de Secretariado Maria do Rosário Santa Bárbara
Técnicas de Venda António Silveira Pereira
TÍTULOS DA 2ª COLECÇÃO
Análise Financeira II Rute de Almeida
Comunicação e Imagem na Empresa Daniel Soares de Oliveira
Condução de Reuniões Rosário Lourenço
Consultoria e Gestão da Formação Salomão Vieira
Contabilidade Carlos Mezes
Criatividade e Inteligência Emocional Ana Paula Gonçalves
Dinâmica e Animação de Grupos Carlos Barata
Fiscalidade IRS - IRC Leandro Gustavo Ribeiro
Fiscalidade IVA Leandro Gustavo Ribeiro
Gestão do Tempo e do Stress Natalina Faria
Gestão e Motivação de Equipas Ana Cristina Tralhão
Legislação Laboral Filomena Carias
Planeamento e Controlo de Gestão Álvaro Lopes Dias
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho Margarida Espiga
Webmarketing Mário Rui Santos
112 Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho