UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
ENGENHARIA QUÍMICA
DANIELA FERNANDES DA CUNHA
AGITAÇÃO E MISTURA
APUCARANA
2018
DANIELA FERNANDES DA CUNHA
AGITAÇÃO E MISTURA
Atividade Prática Supervisionada
apresentada à docente da Universidade
Tecnológica Federal do Paraná como
requisito para obtenção de nota parcial na
disciplina de Operações Unitárias A.
Profa. Dra. Fernanda Lini Seixas
APUCARANA
2018
SUMÁRIO
1. DEFINIÇÃO E OBJETIVO DA AGITAÇÃO E MISTURA ........................................ 1
2. CARACTERÍSTICAS DE UM TANQUE AGITADO ................................................. 1
2.1. CARACTERÍSTICAS............................................................................................. 2
3. PADRÕES DE FLUXO ............................................................................................ 3
3.1. OBSERVAÇÕES ................................................................................................... 6
4. TIPOS DE IMPELIDORES ....................................................................................... 6
5. REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 10
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1. DEFINIÇÃO E OBJETIVO DA AGITAÇÃO E MISTURA
A operação de agitação refere-se à movimentação de líquidos e de pastas em
tanques por meio de dispositivos, cujo objetivo reside, entre outros, no incremento das
taxas de transferência de calor e massa, bem como na facilitação da realização de
reações químicas. Enquanto a agitação pode envolver o movimento de uma única
fase, a mistura está associada à presença mais de fase para diminuir a
heterogeneidade entre fase e/ou características físico-químicas. Dessa maneira, pode
ocorrer agitação sem mistura, desde que o líquido a ser processado venha ser uma
substância pura. Já a mistura envolve, no mínimo, duas fases (ou dois líquidos). A
agitação, por si só, refere-se à movimentação de uma determinada fase, usualmente,
líquida. [1] Desta forma, A operação de agitação e mistura, na indústria, tem por
objetivo homogeneizar a mistura formada por diferentes reagentes ou diferentes
produtos. É muito importante em processos químicos, principalmente quando estão
envolvidos reagentes e produtos em fases diferentes – sólido, líquido e gás – ou
líquidos imiscíveis, etc. [2]
Técnicas de agitação e mistura são encontradas, principalmente como
equipamentos destinados à promoção de reações químicas, trocadores de calor e de
massa, tanques de floculação; tanques de dissolução, base; tanques de dispersão de
gases; tanques de extração; tanques de retenção de produto em processamento. [1]
2. CARACTERÍSTICAS DE UM TANQUE AGITADO
Tanques agitados são equipamentos destinados a promover a agitação e/ou
mistura de meios monofásicos (meio líquido), bifásicos (líquido e sólido) ou mesmo
trifásicos (meios líquidos, sólidos e gasoso). Além de um tanque ou reservatório o
sistema de agitação é composto por acessórios [1], como mostrado na figura 1. Esses
tanques possuem formato normalmente cilíndrico com um eixo na vertical acoplado a
um motor que fornecerá a potência necessária à agitação. Quando pressurizado o
equipamento é dotado de tampos ou calotas. [1]
Comparativamente às outras operações unitárias da indústria química em
geral, o projeto de equipamentos de agitação e mistura não envolve custos tão
elevados, pois esses equipamentos apresentam materiais de construção
relativamente simples. [2]
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Figura 1 – Tanque agitado.
Fonte: Cremasco (2012)
As dimensões de um tanque dependem da natureza do processo de agitação
e das características do fluido envolvido. Algumas dimensões características –
diâmetro interno, diâmetro do impelidor, distância entre o fundo e o impelidor, altura
do líquido, etc. – são padronizadas e servem para uma grande quantidade de
processos, porém não são as melhores para todos os tipos. Cada caso demanda uma
relação particular que forneça a maior eficiência para determinado processo. [2]
2.1. CARACTERÍSTICAS
1. Impelidores: acessório responsável por transmitir movimento e desta
forma a mistura do fluido.
2. Motorredutor: sistema de acionamento que impõe a rotação exigida
para a mistura, por meio de um motor e redutor de velocidade.
3. Castelo: acessório que suporta o conjunto motorredutor, além de
acomodar mancais e o sistema de vedação do tanque.
4. Camisas ou serpentinas: são chapas utilizadas dentro do reservatório
para redirecionar o fluxo de mistura, eliminando o problema de vórtice.
5. Eixo de acionamento: acessório empregado para suportar e dar
resistência mecânica aos impelidores.
6. Sustentação: acessório que suporta o sistema de agitação.
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A configuração típica de um tanque pode ser observada na figura 2.
Figura 2 – Tanque agitado com chicanas.
Fonte: Cremasco (2012)
Dimensões representam:
✓ H, altura do líquido no reservatório;
✓ T, diâmetro do tanque;
✓ h, distância entre o impelidor e o fundo do tanque;
✓ D, diâmetro do impelidor;
✓ W, altura da pá do impelidor;
✓ L, largura da pá do impelidor;
✓ B, largura da chicana;
✓ N, número de rotações do impelidor.
3. PADRÕES DE FLUXO
O padrão de fluxo ou de escoamento dos líquidos (ou mistura) em um
tanque agitado depende da proporção geométrica e das características dos
acessórios que o compõem. A velocidade do fluido possui três componentes: radial;
em que a direção de descarga do fluido a partir do impelidor coincide com a direção
normal do eixo de acionamento. No fluxo radial o líquido é inicialmente direcionado
para a parede do reservatório, ao longo do raio do tanque, como na figura 3 e 4. A
componente axial de velocidade, é caracterizada por apresentar direção, do líquido,
paralela ao eixo de acionamento. Nesse tipo de fluxo, o líquido é direcionado para a
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base do reator, isto é, paralelo ao eixo do impelidor. A terceira componente de
velocidade é a tangencial, que propicia movimento circular ao redor do eixo de
acionamento, como mostrado na figura 5. Entretanto em maior ou menor grau, tais
componentes coexistem simultaneamente, e o predomínio de uma ou de outra
componente deve-se entre outros fatores ao tipo de impelidor empregado na
agitação.[1]
Figura 3 – Padrão de escoamento vista lateral.
Fonte: Coker (2007)
Figura 4 – Vista inferior radial e axial.
Fonte: Cremasco (2012)
Figura 5 – Padrão de escoamento tangencial (esquerda) e misto (direita).
Fonte: Cremasco (2012)
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Em determinadas situações, a presença majoritária da componente tangencial
de velocidade pode trazer desvantagens pois, ao apresentar trajetória circular propícia
condições para o surgimento de vórtices, dificultando a mistura uniforme que,
usualmente, se objetiva. Caso exista partículas sólidas, estas, devido à força
centrífuga, são lançadas para fora do vórtice, concentrando-se junto à parede do
tanque em vez de uma mistura homogênea em todo o volume. Dessa forma, utilizando
chicanas, além da estabilidade mecânica para o sistema, minimiza o aparecimento de
vórtices. [1]
Figura 6 – Fenômeno de vórtice.
Fonte: Cremasco (2012)
Figura 7 – Formação de vórtice vista lateral (esquerda) vista superior (direita).
Fonte: Joaquim Junior (2007)
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3.1. OBSERVAÇÕES
O fundo do tanque pode ser arredondado, abaulado ou plano; a escolha
adequada depende da aplicação. De maneira geral, utiliza-se o fundo arredondado. O
objetivo é eliminar os efeitos de canto, também conhecidos como zonas mortas – se
o fundo do tanque for utilizado para suspensão de sólidos, haverá uma tendência de
acúmulo nessas regiões –, ou regiões onde as correntes de fluido não penetram. [2]
A profundidade do líquido é aproximadamente igual ao diâmetro do tanque.
Este é composto por agitadores ou por impelidores montados sobre um eixo que é
conduzido por um motor. Existe uma relação de distância entre o impelidor e o fundo
do tanque que influencia nas linhas de fluxo radial e axial – não é aconselhado que o
espaço seja muito pequeno. [2]
4. TIPOS DE IMPELIDORES
Segundo Cremasco (2012), os impelidores são conhecidos como impulsores
ou agitadores ou misturadores. A principal função desse acessório é o de provocar a
movimentação do fluido, ou seja, proporcionar a mistura desejada. Há diversas formas
de classificação de impelidores, destacando-se por tipo de padrão de fluxo e por
geometria. No que se refere à classificação de tipos de impelidores na dependência
geométrica, tem-se:
1 TURBINAS. Estes impelidores são caracterizados por um ângulo de inclinação
com a vertical, nos quais as lâminas podem ser curvadas. A ação de mistura
se dá pela entrada e descarga de líquido pelas lâminas nas turbinas com fluxo
radial que atinge as paredes do recipiente. Esse fluxo divide-se em correntes e
provoca mistura devido a sua energia cinética. Existem diversos tipos de
turbinas, podendo-se citar:
❖ pás retas 90º. Este tipo de impelidor provoca fluxo predominantemente radial,
podendo ser de 4 pás ou mais e são adequados para agitação de fluidos
viscosos. Existem também aqueles em um disco contendo pás entre 4 e 6,
conhecidas como turbina de Rushton. Tais impelidores são adequados para
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agitação de fluidos poucos viscoso, dispersão de gases em líquidos, mistura de
fluidos imiscíveis.
i. Turbina de Rushton. ii. Seis pás retas. iii. Quatro pás retas.
Figura 8 – Impelidores tipo turbina de pás.
Fonte: Ortega
❖ Pás inclinadas. Este tipo construtivo de impelidor provoca fluxo
predominantemente axial, sendo útil ao se trabalhar com suspensão de sólidos.
Nessa classe, encontram-se os impelidores que possuem pás dispostas em 45º
com a horizontal e aqueles conhecidos como alta eficiência ou hydrofoil.
Figura 9 – Impelidores tipo turbina de pás inclinadas.
Fonte: Cremasco (2012)
2 HÉLICE. Conhecido também como hélice naval, este tipo de impelidor é
caracterizado por apresentar padrão de fluxo predominantemente axial. A hélice
naval transforma o movimento de rotação do motor em movimento linear (axial),
promovendo bombeamento no interior do tanque, ocasionando menor tempo de
mistura quando comparado ao impelidor tipo turbina e pás. As desvantagens
em relação às pás e às turbinas são o custo, a sensibilidade da operação em
relação à geometria do recipiente e a sua localização dentro do tanque. O
impelidor tipo hélice também se caracteriza por apresentar três parâmetros de
projeto: diâmetro, o passo e a rotação.
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Figura 10 – Impelidores tipo hélice naval.
Fonte: Cremasco (2012)
❖ Este tipo de impelidor é indicado para a operação com emulsões que
apresentam baixa viscosidade, em solubilizações e para reações químicas;
sendo por outro lado, inadequadas para suspensões que sedimentam
rapidamente e em tanques destinados à absorção de gases.
3 PÁS. Misturadores do tipo pás constituem-se de duas ou mais lâminas na
vertical. Suas principais vantagens são a simplicidade de construção e o baixo
custo. A principal desvantagem é que há baixo fluxo axial. Alta taxa de mistura
é alcançada apenas nas vizinhanças das pás. Dentre os diversos tipos
encontrados nessa classificação, estão:
❖ Impelidor tipo espiral dupla ou helical ribon. Este tipo de impelidor provoca o
padrão de escoamento misto devido ao movimento das pás, sendo que a
interna impulsiona o fluido para baixo e a externa para cima. É utilizado para
fluidos newtonianos de viscosidade elevada e para fluidos não newtonianos
que apresentem alta consistência, como aqueles encontrados na indústria
alimentícia. Opera com alta relação entre o diâmetro do impelidor em relação
ao diâmetro do tanque. Este impelidor pode ser observado na figura 11 abaixo.
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Figura 11 – Impelidores tipo espiral dupla.
Fonte: Ortega
4 IMPELIDOR TIPO ÂNCORA. Este tipo de impelidor provoca o fluxo tangencial
e normalmente utiliza raspadores. De igual forma ao impelidor tipo espiral
dupla, é indicado quando se opera com fluidos que apresenta, consistência
elevada.
Figura 12 – Impelidores tipo âncora.
Fonte: Ortega
A tabela 1 abaixo apresenta informações úteis para o emprego dos impelidores em
decorrência da viscosidade do fluido a ser agitado.
Tabela 1 – impelidores em decorrência da viscosidade do fluido
Fonte: Cremasco (2012)
TIPO DE IMPELIDOR FAIXA DE VISCOSIDADE (cP)
PÁS 102 – 3,0 x 104
TURBINA 100 – 3,0 x 104
HÉLICE 100 – 104
ÂNCORA 10 – 2,0 x 103
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ESPIRAL DUPLA 104 – 2,0 x 106
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5. REFERÊNCIAS
[1] CREMASCO, Marco Aurélio. Operações unitárias em sistemas particulados e
fluidomecânicos. São Paulo: Blucher, 2012.
[2] SILVA, Rosineide Gomes. Transporte de Fluidos: Coleção UAB-UFSCar. São
Paulo: UFSCar, 2011.
[3] COKER, A. K. Applied Process Design for Chemical and Petrochemical Plants,
4. ed. Burlington, MA, Gulf Professional Publishing, 2007.
[4] JOAQUIM JUNIOR C.F., CEKINSKI E., NUNHEZ J.R., URENHA L.C. Agitação e
Mistura na Indústria. Rio de Janeiro: LTC, 2007.
[5] ORTEGA, Enrique. Slides: Agitação e Mistura. São Paulo: Unicamp.