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Centrais A Vapor

Este documento descreve as centrais térmicas a vapor, incluindo: 1) Sua função de converter energia química em térmica e mecânica através da queima de combustíveis e geração de vapor; 2) Seus principais componentes como caldeiras, turbinas e geradores; 3) Os ciclos termodinâmicos como o ciclo de Rankine que explicam seu funcionamento.
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Centrais A Vapor

Este documento descreve as centrais térmicas a vapor, incluindo: 1) Sua função de converter energia química em térmica e mecânica através da queima de combustíveis e geração de vapor; 2) Seus principais componentes como caldeiras, turbinas e geradores; 3) Os ciclos termodinâmicos como o ciclo de Rankine que explicam seu funcionamento.
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Engenharia Eléctrica: 3.

o Ano

Grupo II

Produção de Energia Eléctrica II

Centrais Térmicas a Vapor

Discentes: Docente:

Anísio Ambrósio Cuahela Eng.o Maxcêncio A. A. Tamele

Jenila da Linda Orlando

Titos Nicósio Miguel Comé

Songo, Maio de 2018


Índice Pág.

1. Introdução 1

1.1. Objectivo Geral .................................................................................................................... 1

1.1.1. Objectivos específicos ................................................................................................... 1

2. Centrais Térmicas 2

2.1. Principais tipos de centrais térmicas .................................................................................... 4

2.1.1. Os tipos de centrais térmicas de combustíveis fósseis: ................................................. 4

2.1.2. Carvão mineral .............................................................................................................. 4

3. Centrais Térmicas de Turbina a Vapor 4

3.1. Fundamentos teóricos envolvidos nas centrais térmicas a vapor ......................................... 6

3.2. Classificação das centrais térmicas a vapor ......................................................................... 7

3.3. Principais componentes da central térmica de turbina a vapor ............................................ 8

3.4. Ciclos Termodinâmicos...................................................................................................... 10

3.4.1. Ciclo de Rankine ......................................................................................................... 10

3.4.1.1. Análise energética do ciclo de Rankine ideal ....................................................... 12

3.4.1.2. Diferênça entre os ciclos reais de potência a vapor e os idealizados .................... 14

3.4.1.3. Ciclo de Rankine ideal com Reaquecimento ........................................................ 15

3.4.1.4. Ciclo de Rankine regenerativo ideal ..................................................................... 16

3.4.1.4.1. Aquecedor de água de alimentação abertos ................................................... 17

3.4.1.4.2. Aquecedores de água de alimentação fechados ............................................. 19

3.4.1.4.3. Comparação entre aquecedores de água de alimentação abertos e fechados . 20

3.4.2. Centrais de Ciclo Combinado ...................................................................................... 21

3.5. Rendimento das Centrais Térmicas a Vapor ...................................................................... 22

3.6. Impactos ambientais das centrais térmicas a vapor ............................................................ 25

3.7. Centrais térmicas a vapor em Moçambique e no Mundo ................................................... 26


3.7.1. Centrais térmicas a vapor em Moçambique ................................................................ 26

3.7.2. Centrais térmicas a vapor no Mundo .......................................................................... 27

3.7.2.1. As 11 maiores centrais a vapor do mundo ............................................................ 27

3.8. Vantagens e desantagens das centrais térmicas a vapor ..................................................... 30

3.8.1. Vantagens das centrais térmicas a vapor ..................................................................... 30

3.8.2. Desantagens das centrais térmicas a vapor .................................................................. 30

4. Conclusão 32

5. Bibliografia 33
1. Introdução

A energia eléctrica representa, actualmente, um bem essencial e indispensável para o bem estar
do homem, visto que esta se apresenta como uma das fontes mais recorrentes de energia. Visto
que nem todos países podem construír centrais eléctricas de fontes de energia renovavel devido a
escacez dessas fontes, as centrais térmicas surgem também como alternativa para esses países
que não possuem outras fontes de energia. As centrais térmicas são instalações industriais
destinadas à produção de energia eléctrica. Elas baseam-se na transformação da energia química
em térmica (por combustão) e a energia mecânica (rotação das turbinas) em energia eléctrica
(nos alternadores). O presente trabalho falará das centrais térmicas, limitando-se nas centrais
térmicas a vapor.

1.1. Objectivo Geral


 Falar sobre as centrais térmicas a vapor;

1.1.1. Objectivos específicos

 Apresentar os principais componentes das centais térmicas a vapor;


 Explicar os ciclos termodinâmicos presentes nas centrais térmicas a vapor;
 Identificar os impactos ambientais da centrais térmicas a vapor;
 Descrever o princípio de funcionamento das centais térmicas a vapor;
 Indicar as vantagens e desvantagens das centrais térmicas a vapor.

1
2. Centrais Térmicas

O processo fundamental de funcionamento das centrais térmicas baseia-se na conversão de


energia térmica em energia mecânica e esta em energia eléctrica. São centrais que produzem
energia eléctrica a partir da transformação da energia química contida nos combustíveis em
energia térmica e cinética. Estas centrais utilizam a energia química dos combustíveis como meio
de gerar energia térmica que será usada na produção de vapor. O vapor gerado é empregue na
produção de energia mecânica através de uma turbina a vapor.

A conversão de energia térmica em mecânica é feita com o uso de um fluído que produzirá, em
seu processo de expansão, trabalho em turbinas térmicas. O acionamento mecânico de um
gerador eléctrico acoplado ao eixo da turbina converte energia mecânica em eléctrica.

Centrais cuja geração é baseada na combustão são conhecidas como térmicas. As baseadas na
fissão ou fusão nuclear são chamadas de centrais nucleares.

Figura 1: Esquema de uma central térmica.

Fonte: [2]

2
As centrais térmicas (convencionais) são classificadas de acordo com o método de combustão
utilizado.

 Combustão Externa: O combustível não entra em contato com o fluído de


trabalho. Este é um processo usado principalmente nas centrais térmicas a vapor, nas
quais o combustível aquece o fluído de trabalho (em geral a água) em uma caldeira até
gerar o vapor que, ao se expandir em uma turbina, produzirá trabalho mecânico;
 Combustão Interna: A combustão se efectua sobre uma mistura de ar e combustível.
Dessa maneira, o fluído de trabalho será o conjunto de produtos da combustão. A
combustão interna é o processo usado principalmente nas turbinas a gás e nas máquinas
térmicas a pistão (motores a diesel).

Os principais combustíveis usualmente aplicados em centrais a vapor são o óleo, o carvão, a


biomassa (madeira, bagaço de cana, lixo, etc.) e derivados pesados de petróleo. Os principais
combustíveis usados nas máquinas térmicas a gás são o gás natural e o óleo diesel. No caso da
central nuclear, o calor para o aquecimento da água não é produzido por processo de combustão,
mas sim pela energia gerada pelo processo de fissão ou fusão nuclear (reação nuclear controlada
em cadeia).

As centrais a vapor, a gás e nucleares formam os grandes grupos de centrais térmicas. Em muitas
aplicações, as centrais térmicas são utilizadas, no sistema de co-geração, para produção conjunta
de eletricidade e vapor para uso em processos industriais. O rendimento de uma central
termoelétrica convencional foi considerado em 35%.

As centrais térmicas que usam combustíveis fósseis apresentam desvantagens tais como a
produção e emissões gases poluentes (CO2, NOx), o preço do combustível depende directamente
do preço do petróleo em mercado, operam a partir de uma fonte de energia primária finita e
apresentam tempos de arranque complexos e demorosos. Como vantagens, permitem uma
produção constante e controlável, uma vez que a sua exploração não depende de energias
endógenas, a tecnologia é conhecida e o tempo de montagem é reduzido.

A localização deve ser próxima a lagos, rios e mar, pois esta necessita de muita água em seu
funcionamento para ser utilizado no condensador.

3
2.1. Principais tipos de centrais térmicas

Nas centrais térmicas a produção de energia eléctrica é obtida através de transformação de


energia química por meio de queima de combustíveis que podem ser fósseis (carvão, gás natural,
fuelóleo) ou renováveis (biomassa) ou ainda centrais térmicas que geram calor sem recorrer a
processos de combustão (as centrais nucleares). As centrais térmicas nucleares obtêm a sua fonte
de calor a partir de materiais radioativos, tais como o urânio e plutônio.

2.1.1. Os tipos de centrais térmicas de combustíveis fósseis:

 Centrais a carvão;
 Centrais de fuelóleo;
 Centrais a gás natural;
 Centrais de ciclo combinado;
 Centrais nucleares.

2.1.2. Carvão mineral

Carvão Mineral é um combustível fóssil natural extraído da terra por processos de mineração. É
um mineral de cor preta ou castanho prontamente combustível. É composto primeiramente por
átomos de carbono e hidrocarbonetos sob a forma de betumes. Dos diversos combustíveis
produzidos e conservados pela natureza sob a forma fossilizada, acredita-se que o carvão mineral
é o mais abundante (NHAMBIU: s/d).

3. Centrais Térmicas de Turbina a Vapor

Nas centrais térmicas a vapor, o combustível sólido (carvão) é levado para as centrais em vagões
ferroviários e acumulado em pilhas num armazém a céu aberto. Por meio de esteiras
transportadoras, ele é levado ao sector de preparação do combustível, o que inclui uma trituração
preliminar e uma etapa de pulverização nos moinhos. O carvão pulverizado é classificado
atendendo à sua granulometria em classificador/separador de carvão pulverizado e ciclone, sendo

4
que as fracções mais grossas retornam aos moinhos. O carvão, com a granulometria requerida, é
armazenado nos silos, de onde é enviado para sua queima na fornalha da caldeira, sendo
injectado na mesma por meio de queimadores. Nas superfícies de aquecimento, gera-se o vapor
superaquecido que é fornecido à turbina. O vapor condensa nas superfícies dos tubos do
condensador, sendo que o calor latente removido utilizando água de resfriamento de uma fonte
fria que é levada ao condensador pelas bombas de circulação. O condensado, logo após as
bombas de condensado, passa pelo aquecedor de baixa pressão, desaereador, a bomba de
alimentação e os aquecedores de alta pressão, retornando novamente para a caldeira, a fim de
fechar o ciclo. A electricidade produzida no gerador é convertida para a tensão requerida
fornecida aos consumidores através das linhas de transmissão. Na sala de controle, os
funcionários de operação controlam os parâmetros requeridos e comandam as intervenções
operativas”[8].

Figura 2: Esquema de uma central termoelectrica classica em funcionamento.

Fonte: [2]

5
3.1. Fundamentos teóricos envolvidos nas centrais térmicas a vapor

Neste tópico serão apresentados alguns princípios teóricos envolvidos nas centrais térmicas, como as leis
fundamentais da termodinâmica, apresentação dos principais componentes de uma central térmica a
vapor, além do uso dos ciclos de Rankine em processos de produção de energia eléctrica.

A primeira Lei da termodinâmica para um volume de controle em regime permanente e


escoamento uniforme pode ser denotada da seguinte forma[12]:

̇ ̇ ∑ ̇ ∑ ̇ (1)

Onde:

 ̇ : taxa de transferência de calor;


 ̇ : potência de eixo;
 ̇ : vazão mássica;
 : entalpia específica do fluido de trabalho;
 : velocidade do fluido quando cruza as superfícies de controle;
 : aceleração da gravidade;
 : nível em relação a um referencial, geralmente considera-se o solo.

Os índices e representam os pontos de entrada e saída do fluído nas superfícies de de


controle. Em muitas aplicações práticas, as variações das energias cinéticae potencial podem ser
desconsideradas, então:

̇ ̇ ∑ ̇ ∑ ̇ (2)

A equação (2) é utilizada para calcular para calcular algumas grandezas, tais como: energia
térmica recebida pelo gerador de vapor ou fornecida pelo condensador, o valor do trabalho que a
turbina realiza, a variação de massa que flui pelo sistema e entalpia no início e no fim de cada
elemento do sistema.

Um sistema fechado, operando em ciclo, é definido pela equação a seguir:

∮ ∮ (3)

6
A relação abaixo mostra o trabalho que é gerado, por meio da diferença entre o calor fornecido
por uma fonte quente e o calor recebido por uma fonte fria:

(4)

Onde:

 : Calor fornecido para o ciclo a uma temperatura superior;


 : calor que é rejeitado pelo ciclo a uma temperatura inferior;
 : trabalho útil gerado pelo sistema, subtraídas as perdas.

Em todos os ciclos térmicos, a referência é o ciclo de Carnot, que trabalha entre duas
transformações isentrópicas e isotérmicas.

Apesar das condições exigidas no ciclo de Carnot não possuir aplicação prática em máquinas
térmicas reais, esse ciclo determina os limites de rendimento máximo para todos os ciclos. Para
qualquer ciclo termodinâmico, o rendimento térmico é dado pela seguinte relação:

(5)

3.2. Classificação das centrais térmicas a vapor

As centrais térmicas a vapor podem ser classificadas tendo em conta dois promenore:

 Quanto ao uso do vapor


 Quanto ao número de fluidos de trabalho

1. Quanto ao uso do vapor:

a) Centrais convencionais a vapor: o vapor é utilizado apenas para movimentar a turbina a


vapor.

b) Centrais de co-geração a vapor: o vapor é utilizado para outras aplicações, dentre as quais
pode-se citar processos industriais (aquecimento ou limpeza de peças, catalisação de reações

7
químicas, tingimento de tecidos, etc), preparo de alimentos, acionamento de centrais de ar
condicionado, entre outros.

2) Quanto ao número de fluidos de trabalho:

a) Centrais ciclo simples a vapor: a operação da central procede-se com o uso de um só fluido
de trabalho, geralmente a água.

b) Centrais de ciclo binário a vapor: trata-se da combinação de dois ciclos, um na região de


alta temperatura e o outro na regiào de baixa temperatura. Nos ciclos binários a vapor, o
condensador do ciclo de alta temperatura (também chamado de ciclo superior) opera como
caldeira do ciclo de baixa pressão (também chamado de ciclo inferior), isto é, o calor rejeitado
pelo ciclo de alta temperatura é o calor fornecido ao ciclo de baixa temperatura. Alguns fluídos
de trabalho adequados para o ciclo de alta temperatura são mercúrio, o sódio e potássio.

3.3. Principais componentes da central térmica de turbina a vapor

Caldeiras: são equipamentos destinados a produzir e acumular vapor sob pressão superior à
atmosférica, utilizando qualquer fonte de energia, exceptuando-se os refervedores e
equipamentos similares utilizados em unidades de processo. Assim, as caldeiras utilizam a
energia química liberada pelo processo de combustão de algum tipo de combustível e provoca a
transformação da água do estado liquido para o estado de vapor, a uma pressão elevada.

Turbinas a Vapor: é uma máquina térmica rotativa onde a energia térmica proveniente do
vapor, medida pela entalpia, é convertida em energia cinética em virtude de sua expansão. A
energia é então convertida em energia mecânica de rotação por meio da força que o vapor exerce
nas pás rotativas. É classificada como uma máquina de combustão externa uma vez que os gases
provenientes da combustão do combustível não entram em contato direto com o fluído de
trabalho que flui interiormente na máquina e efetua os processos que convertem a energia do
combustível em potência de eixo.

Condensador: é um equipamento trocador de calor onde se realiza a transformação do vapor de


exaustão da turbina para o estado líquido, fazendo o uso de água como fluido para o

8
resfriamento. O vapor proveniente da exaustão da turbina entra no condensador por meio da
seção de exaustão da turbina. O processo de condensação ocorre quando o vapor entra em
contato com as superfícies dos tubos nos quais existe a circulação de água em seu interior. Esses
tubos devem possuir resistência à corrosão, sendo assim devem ser construídos de ligas de cobre,
latão e aço inox. Os tubos do condensador possuem feixes dispostos de forma ondulada, com o
objectivo de aumentar a superfície de troca de calor além de diminuir a velocidade com a qual o
vapor passa pelos tubos.

Torre de resfriamento: é um componente característico dos sistemas de água de resfriamento


presente no ciclo fechado e sua finalidade é atenuar a temperatura da água de circulação e
coloca-la novamente no ciclo de resfriamento do condensador.

Bombas: levam a agua da saída do condensador a entrado do gerador de vapor, promovem


acréscimo de pressão ao fluido antes de entrar na caldeira.

Aquecedores regenerativos dos ciclos de turbinas a vapor: os aquecedores regenerativos são


trocadores de calor que possibilitam, em um ciclo a vapor, o aquecimento da água de
alimentação fazendo o uso de vapor de extrações da turbina. Podem ser classificados, em relação
ao nível de pressão, como:

 Aquecedores de alta pressão: São dispostos entre a bomba de alimentação e a caldeira.


Faz uso de vapor extraídos das turbinas de alta e média pressão.
 Aquecedores de baixa pressão: São dispostos entre a bomba de alimentação e o
condensador da turbina. Faz uso de vapor de extração da turbina de baixa pressão.

Desaeradores: o processo de desaeração consiste na remoção dos gases que estão presentes na
água (O2 e CO2). A existência de gases dissolvidos provoca corrosão das superfícies de alguns
equipamentos (tambor, tubos do economizador). O desaerador, também possui outras funções,
como:

 Aquecimento regenerativo do condensado;


 Estoque de água de alimentação no sistema que permite a operação, por alguns minutos,
da central térmica à carga máxima.

9
A presença do desaerador, imediatamente após os aquecedores de baixa pressão, visa assegurar a
temperatura ideal do vapor que é extraído da turbina.

Acessórios:

 Tubulações: conduzem o fluido de trabalho entre os diversos componentes da central.


 Purgadores: são válvulas que permitem retirar o fluido condensado, ocasionalmente
formado na linha de vapor.
 Válvulas: podem ser de mais de um tipo: as redutoras e controladoras de pressão
mantém a pressão de saída do vapor constante num nível determinado; as controladoras
de temperatura elementos sensores de temperatura e são projecctadas para atuar sobre a
caldeira em caso de necessidade.
 Filtros: são dispositivos cujo objectivo é o de reter as partículas sólidas existentes.
 Isolamento térmico: é composto por materiais de revestimento aplicados nas linhas de
tubulações e demais componentes com o objectivo de reduzir as perdas de calor para o
ambiente.

3.4. Ciclos Termodinâmicos

A conversão de energia térmica em mecânica é baseada nos principais ciclos termodinâmicos. Os


ciclos termodinâmicos nos quais se baseiam o funcionamento das centrais térmicas são:

 Centrais térmicas a vapor: ciclo a vapor (Rankine);


 Centrais térmicas a gás: ciclo a ar (Brayton);
 Motores: ciclo a ar (Diesel, Otto).

3.4.1. Ciclo de Rankine

No decorrer dessa seção serão apresentadas algumas configurações básicas do ciclo de Rankine
assim como seus diagramas de temperatura x entropia (T x s).

10
É um ciclo reversível que converte calor em trabalho. O calor externo é fornecido a um laço
fachado (água). O ciclo de Rankine ideal não envolve nenhuma irreversibilidade interna e
consiste nos quatro seguintes processos:

 1 – 2: Compressão isoentrópica em uma bomba;


 2 – 3: Fornecimento de calor a pressão constante em uma caldeira;
 3 – 4: Expansão isoentrópica em uma turbina;
 4 – 1: Rejeição de calor a pressão constante em um condensador.

A água entra na bomba no estado 1 como líquido saturado e é comprimida de maneira


isoentrópica até a pressão de operação da caldeira. A temperatura da água aumenta um pouco
durante esse processo de compreensão isoentrópica devido a uma ligeira diminuição do volume
específico da água.

A água entra na caldeira como um líquido comprimido no estado 2 e sai como vapor
superaquecido no estado 3. A caldeira é basicamente um grande trocador de calor, no qual o
calor originário nos gases de combustão é transferido para a água essencialmente a pressão
constante. A caldeira, incluindo a região onde o vapor é superaquecido, também é chamada de
gerador de vapor.

O vapor de água superaquecido no estado 3 entra na turbina, na qual ele se expande de forma
isoentrópica e produz trabalho, girando o eixo conectado a um gerador eléctrico. A pressão e a
temperatura do vapor caem durante esse processo até os valores do estado 4, no qual o vapor
entra no condensador. Nesse estado, o vapor em geral é uma mistura de líquido e vapor saturado
com título elevado. O vapor é condensado a pressão constante no condensador, que é
basicamente um grande trocador de calor, rejeitando calor para um meio de resfriamento como
um lago, rio ou atmosfera.

A água deixa o condensador como liquido saturado e entra na bomba completando o ciclo. Em
locais onde a água é escassa, o resfriamento nas centrais é realizado pelo ar e não pela água. Esse
método de resfriamento a ar, que também é usado em motores de automóveis, é chamado de
resfriamento a ar. Varias centrais do mundo, incluindo algumas nos Estados Unidos, usam o
resfriamento a ar para economizar a água.

11
A área sob uma curva de processo do diagrama T-s representa a transferência de calor dos
processos internamente reversíveis, a área sob a curva do processo 2 – 3 representa o calor
transferido para a água na caldeira e que a área sob a acurva do processo 4 – 1 representa o calor
rejeitado no condensador. A diferença entre essas duas (a área compreendida pela curva do ciclo)
é trabalho líquido produzido durante o ciclo.

Figura 3: Ciclo de Rankine simples ideal e respectivo diagrama T-s.

Fonte: [1]

3.4.1.1. Análise energética do ciclo de Rankine ideal

Todos os quatro componentes envolvidos no ciclo de Rankine (a bomba, a caldeira, a turbina e o


condensador) são dispositivos com escoamento em regime permanente e, assim, todos os quatro
processos que formam o ciclo de Rankine podem ser analisados como processos com
escoamento e regime permanente. As variações de energia cinética e potêncial do vapor são
pequenas em relação aos termos de trabalho e a transferência de calor, em geral, são desprezadas.
Assim a equação da energia aplicada a um dispositivo com escoamento em regime permanente,
por unidade de massa de vapor, se reduz a:

( ) ( ) (kJ/kg) (6)

A caldeira e o condensador não envolvem nenhum trabalho, e considera-se que a bomba e turina
sejam isoentrópicas. Dessa forma, a equação de conservação da energia aplicada a cada
dispositivo pode ser expressa como:

12
Bomba ( ): (7)

ou,

( ) (8)

onde,

e (9)

Caldeira ( ): (10)

Turbina ( ): (11)

Condenador ( ): (12)

A eficiência térmica do ciclo de Rankine é determinada por:

(13)

onde,

(14)

A eficiência térmica também pode ser interpretada como a razão entre a área envolvida pelo
ciclo em um diagrama T-s e a área sob o processo de fornecimento de calor.

13
3.4.1.2. Diferênça entre os ciclos reais de potência a vapor e os idealizados

O ciclo real de potência a vapor difere do ciclo de Rankine ideal em virtude das
irreversibilidades em vários componentes. O atrito do fluido e a perda de calor para a vizinhança
são duas fontes comuns de irreversibilidades.

O atrito no fluido causa queda de pressão na caldeira, no condensador e nas tubulações entre os
diversos componentes. Como resultado, o vapor sai da caldeira a uma pressão um pouco mais
baixa. Da mesma forma, a pressão na entrada da turbina é mais baixa do que à da saída da
caldeira, devido à queda de pressão na tubulação de conexão. A queda de pressão no
condensador em geral é muito pequena, para compensar essas quedas de pressão, a água deve ser
bombeada ate uma pressão suficientemente mais alta do que aquela que o ciclo ideal pede. Isso
exige uma bomba maior e que consome mais trabalho[1].

(a) (b)

Figura 4: (a) Desvios do ciclo real de potência a vapor do ciclo de Rankine ideal. (b) O efeito da irreversibilidade Rankine
ideal.

Fonte: [1]

A outra fonte importante de irreversibilidade é a perda de calor para a vizinhança à medida que
esse escoa através dos diversos componentes. Para manter o esmo nível de potência líquida
produzida, é preciso transferir mais calor para o vapor da caldeira para compensar essas perdas
indesejáveis de calor. Consequentemente, a eficiência do ciclo diminui.

14
As irreversibilidades que ocorrem dentro da bomba e da turbina são particularmente importantes.
Uma bomba exige maior consumo de trabalho e uma turbina produz menos trabalho em virtude
das irreversibilidades. Sob condições ideias, o escoamento através desses dispositivos é
isoentrópico. O desvio entre as bombas e turbinas reais e as isoentrópicas pode ser calculado
utilizando-se as eficiências isoentrópicas definidas como:

(15)

(16)

Onde os estados 2r e 4r são os estados de saídas reais da bomba e da turbina, respetivamente, e


os 2s e 4s são os estados correspondentes para o caso isoentrópico (Figura 4 (b)).

3.4.1.3. Ciclo de Rankine ideal com Reaquecimento

Figura 5: Representação esquemática da central de potência a vapor operando no ciclo de Rankine ideal com reaquecimento
e o respectivo diagrama T-s.

Fonte: [1]

O ciclo de Rankine ideal com reaquecimento difere do ciclo de Rankine simples ideal, pois o
processo de expansão ocorre em dois estágios. No primeiro estágio (a turbina de alta pressão), o

15
vapor é expandido de forma isoentrópica até uma pressão intermediária e enviando novamente
para a caldeira na qual é reaquecido a pressão constante, geralmente ate a temperatura de entrada
do primeiro estagio da turbina. Em seguida o vapor se expande iosentropicamente no segundo
estágio (a turbina de baixa pressão) até a pressão do condensador. Dessa maneira, o fornecimento
total de calor e a produção total de trabalho nas turbinas para um ciclo com reaquecimento
tornam-se:

( ) ( ) (17)

( ) ( ) (18)

A incorporação de um único reaquecimento em uma usina moderna aumenta a eficiência do ciclo


em 4% a 5%, pelo aumento da temperatura media na qual calor é transferido para vapor.

3.4.1.4. Ciclo de Rankine regenerativo ideal

Uma observação cuidadosa do diagrama T-s do ciclo de Rankine, Figura 7. revela que o calor é
transferido para o fluido de trabalho durante o processo 2 – 2’ a uma temperatura relativamente
baixa. Isso diminui a temperatura média do processo de fornecimento de calor e, portanto, a
eficiência do ciclo.

Figura 6: A primeira parte do processo de fornecimento de calor na caldeira ocorre a temperaturas relativamente baixas.
Fonte: [1]

16
Para minimizar-se esse problema, procuram-se modos de aumentar a temperatura do líquido que
sai da bomba (chamado água de alimentação) antes que ela entre na caldeira. Uma possibilidade
seria transferir calor do vapor que está se expandido na turbina para a água de alimentação que
escoaria em contracorrente em um trocador de calor construído dentro da turbina, ou seja,
efectuar uma regeneração.

Um processo prático de regeneração nas centrais de potência a vapor de água é realizados pela
extração do vapor na turbina em diversos pontos. Esse vapor, que poderia ter produzido mais
trabalho se completasse a expansão dentro da turbina, em vez disso é usado para aquecer a água
de alimentação. O dispositivo no qual a água de alimentação é aquecida por regeneração chama-
se regenerador ou aquecedor de água de alimentação (AAA).

A regeneração não apenas melhora a eficiência do ciclo, mas também oferece um meio
conveniente de desarear a água de alimentação (remover o ar que se infiltra no condensador)
para evitar corrosão da caldeira. Ela também ajuda a reduzir a grande vazão volumétrica de
vapor nos últimos estágios da turbina (devido aos altos volumes específicos a baixas pressões).
Assim, desde a sua introdução no início dos anos 1920 tem sido usada em todas as centrais a
vapor modernas.

Um aquecedor de água de alimentação é um trocador de calor no qual o calor é transferido do


vapor para a água de alimentação, seja pela mistura de duas correntes de fluido (aquecedor de
água de alimentação aberto), ou sem mistura-las (aquecedor de água de alimentação
fechados)[12]

3.4.1.4.1. Aquecedor de água de alimentação abertos

Um aquecedor de água e alimentação aberto (ou de contacto directo) é basicamente uma câmara
de mistura, onde o vapor extraído da turbina se mistura à água de alimentação que sai da bomba.
Idealmente a mistura sai do aquecedor como liquido saturado a pressão do aquecedor.

17
Figura 7: Ciclo de Rankine regenerativo ideal com um aquecedor de água de alimentação aberto e o respectivo diagrama T-s.

Fonte: [1]

Em um ciclo de Rankine regenerativo ideal, vapor entra na turbina à pressão da caldeira (estado
5) e se expande de forma isoentrópica até uma pressão intermediaria (estado 6). Parte do vapor é
extraída nesse estado e direccionada para o aquecedor de água de alimentação, enquanto o
restante vapor continua se expandindo de forma isoentrópica até a pressão do condensador
(estado 7). A água deixa o condensador como líquido saturado à pressão do condensador (estado
1). Essa água condensada também chamada de água de alimentação, entra em uma bomba
isoentrópica, na qual é comprimida até a pressão do aquecedor de água de alimentação (estado 2)
e é direccionada para o aquecedor de água de alimentação, onde se mistura ao vapor extraído da
turbina. A fracção de vapor extraído é tal que a mistura sai do aquecedor como líquido saturado
à pressão do aquecedor (estado 3). Uma segunda bomba eleva a pressão da água até a pressão da
caldeira (estado 4). O ciclo se completa pelo aquecimento da água na caldeira até o estado da
turbina (estado 5).

Na análise das centrais de potência a vapor é mais conveniente trabalhar com quantidades
expressas por unidade de massa do vapor que escoa através da caldeira. Para cada 1kg de vapor
que sai da caldeira, y kg se expandem parcialmente na turbina e são extraídos no estado 6. Os (1
- y) kg restantes se expandem completamente até a pressão do condensador. Assim, os fluxos de
massa são diferentes nos diferentes componentes. Se o fluxo de massa através da caldeira for ̇
por exemplo, ele será ( ) ̇ através do condensador.

18
De acordo com figura 7, as interações de calor e trabalho de um ciclo de Rankine regenerativo
com um aquecedor de água de alimentação devem ser expressas por unidade de massa do vapor
que escoa através da caldeira da seguinte maneira:

(19)

( ) ( ) (20)

( ) ( ) ( ) (21)

onde

̇
̇
(fracção de vapor extraído)

( ) (22)

( ) (23)

A eficiência térmica do ciclo de Rankine aumenta como resultado de regeneração. Isso acontece
porque a regeneração eleva a temperatura media na qual calor é transferido para o vapor da
caldeira, elevando a temperatura da água antes que ela entre na caldeira. A eficiência do ciclo
aumenta ainda mais à medida que o número de aquecedores de água de alimentação aumenta.

3.4.1.4.2. Aquecedores de água de alimentação fechados

Outro tipo de aquecedor de água de alimentação muito usado em centrais a vapor é o aquecedor
de água de alimentação fechado, no qual o calor é transferido do vapor extraído da turbina para a
alimentação sem que ocorra qualquer processo de mistura. As duas correntes podem estar a
pressões diferentes, uma vez que não se misturam.

Em um aquecedor de água de alimentação fechado ideal, a água de alimentação é aquecida até a


temperatura de saída do vapor extraído, que idealmente deixa o aquecedor como liquido saturado
à pressão de extração. Nas centrais de potências reais, a água de alimentação sai do aquecedor
abaixo da temperatura de saída do vapor extraído, porque é necessária uma diferença de
temperatura de pelo menos alguns graus para que haja uma transferência de calor efectiva.

19
O vapor condensado é então bombeado para a linha de água de alimentação ou direccionado para
outro aquecedor ou ainda para o condensador por meio de um dispositivo chamado purgador.
Um purgador permite que o líquido seja estrangulado para uma pressão mais baixa, mas impede
o escoamento do vapor. A entalpia permanece constante durante esse processo de
estrangulamento.

Figura 8: Ciclo de Rankine regenerativo ideal com um aquecedor de água de alimentação fechado e o respectivo diagrama T-s.

Fonte: [1]

3.4.1.4.3. Comparação entre aquecedores de água de alimentação abertos e fechados

Os aquecedores de água de alimentação abertos são simples e baratos e apresentam boas


características de transferência de calor. Eles também trazem a água de alimentação até um
estado de saturação. Para cada aquecedor, porem, é necessária uma bomba para processar a água
de alimentação.

Os aquecedores de água de alimentação fechados são mais complexas por causa da tubulação
interna e, portanto, são mais caros. A transferência de calor em aquecedores de água de
alimentação fechados também é menos efectiva, uma vez que duas correntes não entram em
contacto directo. Entretanto, os aquecedores de água de alimentação fechados não exigem uma
bomba separada para cada aquecedor, uma vez que o vapor extraído e a água de alimentação
podem estar a pressões diferentes. A maioria das centrais a vapor utiliza uma combinação entre
aquecedores de água de alimentação abertos e fechados[12].

20
Figura 9: Central de potência a vapor com um aquecedor de água de alimentação aberto e três fechados.

Fonte[1]

3.4.2. Centrais de Ciclo Combinado

As centrais de ciclo combinado são baseadas na utilização dois ciclos termodinâmicos, ciclo de
Rankine e ciclo de Brayton, pois são constituídas por uma turbina a gás e uma turbina a vapor.
A energia eléctrica produzida resulta da soma da conversão da energia mecânica produzida por
ambas turbinas. Em centrais de ciclo combinado, os gases à saída da turbina a gás, resultantes da
queima do combustível com ar, são enviados para uma caldeira recuperativa onde a energia
calorífica contida nos mesmos é recuperada. A energia contida nos gases de exaustão da turbina
de potência é, deste modo, usada para gerar vapor que será expandido numa turbina a vapor. A
utilização de ambos ciclos permite obter rendimentos superiores aos verificados em centrais
térmicas que usam apenas o ciclo termodinâmico de Rankine ou de Brayton.

21
Figura 10: Central de ciclo combinado gás-vapor.

Fonte[1]

A energia eléctrica total resulta, deste modo, da seguinte expressão:

( ( ) ( )) (24)

3.5. Rendimento das Centrais Térmicas a Vapor

Inicialmente, para efeito de análise, são feitas as seguintes definições:

Turbogerador = Gerador Elétrico + Turbina a Vapor

Grupo Turbogerador = Turbogerador + Condensador + Aquecedores Regenerativos + Bombas

Uma central térmica com ciclo a vapor é composta por três elementos principais: caldeira
a vapor, tubulações para o transporte de vapor e o grupo turbogerador. Na figura 4 é possível
visualizar os principais fluxos de energia e as perdas de calor de um ciclo de vapor, sendo as
linhas descontínuas o volume de controle do grupo turbogerador. A partir dela é possível obter o
balanço de energia, o qual representa os fluxos de energia de uma central termelétrica, como
equacionado em (25).

22
(25)

Sendo:

 – consumo total de calor na central térmica;

 – energia eléctrica produzida pelo gerador eléctrico;

 – perdas de potência no gerador eléctrico;

 – perdas internas e mecânicas na turbina;

 – perdas de calor com a água de refrigeração no condensador da turbina;

 – perdas de calor no meio ambiente através das tubulações, entre o gerador e a


turbina;

 – perdas de calor na caldeira.

Já o rendimento bruto das centrais térmicas (sem considerar o consumo próprio de electricidade)
pode ser calculado pela razão da potência eclétrica produzida pelo gerador e o consumo total de
calor:

(26)

Ou então:

(27)

Onde:

 – produção anual de energia eclétrica;

 – consumo anual de energia do combustível (que é dado pelo produto da vazão de


combustível pelo seu poder calorífico).

23
Com relação ao rendimento total das centrais térmicas, este pode ser obtido pelo produto
dos rendimentos dos diferentes componentes de uma central térmica, podendo ser obtido por:

( ) (28)

Detalhando mais tal equação e igualando-a ao rendimento bruto obtido acima, tem-se a seguinte
equação:

( ) (29)

Onde:

 ( )– rendimento total da central térmica;

 – energia fornecida à água de alimentação para sua conversão em vapor


superaquecido – energia do vapor que sai da caldeira;

 – energia liberada durante a queima do combustível;

 – energia do vapor que chega no grupo turbogerador.

Na prática, alguns valores típicos do rendimento dos componentes de uma central térmica a
vapor são:

 = 87 a 95%

 = 98 a 99%

 = 42 a 45%

A figura 4 mostra o diagrama de Sankey correspondente ao balanço energético de uma central a


vapor. Tal diagrama tem por função mostrar graficamente como a energia sofre a conversão de
uma forma de energia em outras nos diferentes equipamentos que se encontram presentes no
ciclo, mostrando também todas as perdas associadas ao processo. A figura, deixa claro que o

24
condensador é o responsável pela maior perda do ciclo, rejeitando muito calor ao meio ambiente.
Nela também é possível observar que as perdas geradas pela caldeira e pelo condensador são
extremamente pequenas se comparadas as perdas provindas do condensador.

Figura 11: Diagrama de Sankey do balanço energético de uma central térmica com ciclo a vapor.

Fonte: [8]

3.6. Impactos ambientais das centrais térmicas a vapor

Como vários tipos de geração de energia eléctrica, a energia térmica também causa impactos
ambientais, pois contribuem para o aquecimento global. A produção de energia eléctrica a partir
da queima de carvão envolve emissão de gases de efeito estufa, contribuí para o esgotamento de
recursos hídricos e poluição de rios.

A contaminação do ambiente através destas centrais consiste na emissão de gases, como SO2
(dióxido de enxofre), óxidos de nitrogênio, partículas de metal pesado bem como CO2 (dióxido
de carbono). Os óxidos de nitrogênio e de enxofre provocam chuva ácida, que afecta
directamente as florestas e as áreas de plantação.

No processo de transformação, 65% da energia é dessipada sob forma de calor e de


contaminação. Assim, apenas um terço da potência inicial do processo é utilizada como potência
eléctrica. As centrais térmicas utilizam grandes quantidades de água para refrigeração que é
devolvida para os rios, tendo assim um grande impacto negativo sobre a fauna e flora[3].

25
A tabela a seguir ilustra alguns dos efeitos produzidos pelos gases e partículas emitidos por estas
centrais sobre a saúde e meio ambiente.

Produtos Efeitos
Chuva ácida
Dióxido de enxofre (SO2) Edemas pulmonares
Morte com alta exposição
Óxido de nitrogênio (NOx) Problemas respiratórios e pulmonares
Partículas Problemas respiratórios, pulmonares e ósseos
Alteração climática
Dióxido de carbono (CO2)
Diminuição do pH da água

3.7. Centrais térmicas a vapor em Moçambique e no Mundo

3.7.1. Centrais térmicas a vapor em Moçambique

Em Moçambique existem em prespectiva três centrais térmicas a vapor na província de Tete e


uma central térmica de ciclo combinado na província de Maputo com capacidade de 106MW.
Duas das centrais térmicas previstas para província de Tete tem capacidade de gerar 2000MW e
outra 2640MW na fase de pico. Sendo que o projecto da central de 2640MW pertece a Jindal e
uma de 2000MW pertence a Vale e será instalada em Moatize e outra pertence a Riversdale (Rio
tinto) que será instalada no distrito de Benga. Após a implantação destas centrais, elas serão
interligadas a rede nacional[11]. Devido a actual situação da Riversdale não se tem informações
sobre o projecto da central a vapor em Benga.

O funcionamento da central a vapor em Moatize está prevista para o presente ano, 2018, e terá a
capacidade de produção inicial de 300MW. Está central tem o factor impacto ambiental como o
calcanhar de aquiles para que ela entre em funcionamento[3].

Maputo tem uma central termoeléctrica de ciclo combinado a gás em construção cuja conclusão
está prevista para Agosto de 2018. Está infra-estrutura, localizada no bairro Luís Cabral, Cidade
de Maputo, é a primeira de alta eficiência no país e na região Austral de África, e vai gerar
106MW a partir do gás natural produzido em Pande e Temane na província de Inhambane[4].

26
3.7.2. Centrais térmicas a vapor no Mundo

A energia eléctrica gerada a partir do carvão no mundo atingiu seu nível mais alto na história. De
acordo com os últimos dados globais da Agência Internacional de Energia (AIE) a produção de
energia eléctrica a partir do carvão chegou a 9613TWh em 2013, o que representou 41.1% da
energia eléctrica global produzida. O crescimento da produção de energia a partir do carvão foi
liderado por países não membos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Económico (OCDE)[7].

O processo de transição generalizada para um modelo de energia mais sustentável, que levou ao
recente acordo de Paris de Dezembro de 2015 é uma estrada sem retorno na qual o carvão será o
combustível mais afectado pelas políticas de redução de emissões de gases de efeito estufa.

O consumo global de carvão, a energia fóssil com mais emissões de CO2 desacelerará fortimente
nos próximos anos e até 2020 a participação do carvão na produção de energia eléctrica
diminuirá de 41% para 37%. Uma das principais razões para o declínio do carvão é o
fortalecimento das políticas ambientais, como evidênciado pelo acordo de Paris sobre o clima[7].

China é um dos país com maior dependência de carvão e possuí 6 centrais a vapor que constam
na lista das 11 maiores centrais a vapor do mundo sendo que a maior é a de Taiwan.

3.7.2.1. As 11 maiores centrais a vapor do mundo

1. Central térmica de Taichung , Taiwan


Localizada em Longjing, a central de Taichung tem capacidade para produzir cerca de 5500MW,
sendo assim a maior central térmica a carvão do mundo e também o maior emissor de dióxido de
carbono, aproximadamente 40 milhões de toneladas anuais, o que equivale a uma emissão de um
país como a Suíça. A central é composta por 10 unidades de carvão com capacidade nominal de
550MW cada e ela está conectada a rede por meio de uma substação de 345kV. Até 2016 a
planta tinha um plano de expansão para construir duas novas unidades de 800MW.

27
2. Central térmica de Belchatow, Polônia
A central térmica de Belchatow é a segunda maior central do mundo e a maior e mais poluente
central da Europa, com uma capacidade de produção de 5354MW. Produz cerca de 27-28TWh
de eletricidade por ano, que equivale a 20% da geração total de energia na Polónia.

3. Central térmica de Tuoketuo, China

A central térmica de Tuoketuo está situada no condado de Togtoh, em Hohhot, na Mongolia


interior, esta central tem uma capacidade bruta instalada de 5400MW, tornando-a a maior central
térmica de produção de energia da China. A planta é composta por 8 unidades de produção com
capacidade de 600MW cada, instaladas entre 2003 e 2006, e 2 unidades adicionais com
capacidade de 300MW postas em serviço em 2011. A empresa responsável pela sua
administração, a Tuoketuo Power Company, planeia aumentar em breve, a sua capacidade para
6000MW.

4. Central de Guodian Beilun, China

A central térmica de Guodian Beilun localiza-se na cidade de Ningbo, na província de Zhejiang,


possuí uma capacidade de 5000MW, uma capacidade de produção média anual é de 27,5TWh e
é composta por 5 unidades de geração sub-críticas de 600MW e duas ultra-super-críticas de
1000MW. A energia produzida nesta central fornece a Rede Elétrica da China Oriental, através
de linhas de transmissão de 500KV.

5. Central de Waigaoqiao, China

A central térmica de Waigaoqiao está situada na nova área de Pudong em Shanghai, é uma das
quatro centrais de categoria 5000MW da China. Também a energia produzida nesta central
destina-se a abastecer a rede elétrica da China Oriental. A central dota de 4 unidades de geração
sub-crítica de 300MW, duas super-críticas de 900MWe duas ultra-super-críticas de 1000MW.

6. Central de Guohua Taishan, China

28
Esta central está localizada a 50km da cidade de Taishan, na província de Guagdong, e é uma
central com planta térmica de 5000MW. As instalações são compostas por cinco unidades sub-
críticas de 600MW construídas entre 2003 e 2006, e duas unidades de geração super-críticas de
1.000MW postas a funcionar em 2011.

7. Central térmica de Jiaxing, China

A central térmica de Jiaxing está situada a 41km da cidade de Jiaxing, na província de Zhejiang,
tem uma capacidade de 5000MW e está ativa desde 1995.

A central é composta por duas unidades sub-críticas de 300MW ativas desde 1995, quatro
unidades super-críticas de 600MW operacionais desde 2004-2005 e duas unidades geradoras
ultra-super-críticas de 1000MW em funcionamento desde 2011.

8. Central térmica de Vindhyachal, Índia

Localiza-se no distrito de Singrauli, no estado de Madhya Pradesh, e é a maior central da Índia.


Está ativa desde 1987, na altura com o apoio da Rússia, e tem uma capacidade instalada de
4760MW.

9. Central térmica de Paiton, Indonésia

A central térmica de Paiton está situada a 35km a leste da cidade de Probolinggo em Java
Oriental, Indonésia. Esta central possuí uma capacidade de produção máxima de 4710MW sendo
ela composta por nove unidades de produção - duas de 400MW cada, duas de 610MW cada,
duas de 615MW cada, uma de 660MW e duas unidades foram actualmente subistituídas por uma
super-crítica de 800MW.

10. Central térmica de Mundra, Índia

Esta central térmica situa-se em Mundra, no distrito de Kutch, no estado de Gujarat. O carvão
queimado nesta central é importado principalmente para Bunyu, na Indonésia. A capacidade da
central térmica de Mundra é cerca de 4620MW. A central conta com nove unidades de produção
de energia eléctrica em que 5 são de tecnologia super-crítica com uma potência de 660MW cada
e 4 unidades com capacidade de 330MW cada.

29
11. Central de Zouxian, China

Esta central térmica localiza-se na província de Shadong possuí uma capacidade de 4540MW e é
gerida pela empresa estatal China Huadian Corporation. As instalações foram construídas em
quatro fases, sendo que as duas últimas unidades geradora foram construídas entre 2006 e 2007.
A central é composta por 4 unidades de produção com capacidade de 335MW, duas unidades de
600MW e duas unidades ultra-super-críticas de 1000MW cada.

3.8. Vantagens e desantagens das centrais térmicas a vapor

3.8.1. Vantagens das centrais térmicas a vapor

As centrais térmicas a vapor possuem vantagens tais como:

 O carvão é uma das mais abundantes fontes de energia;


 O custo de aquisição de carvão é baixo relactivamente baixo em relação aos outros
combustíveis;
 Podem ser construídas onde são mais necessárias, economizando assim o custo das linhas
de transmissão;
 Reduz a dependência do petróleo e do gás natural.

3.8.2. Desantagens das centrais térmicas a vapor

As centrais térmicas a vapor possuem desvantagens tais como:

 Riscos de vazamento, com ou sem incêndio e explosão;


 Riscos de choques térmicos na água devolvida para os rios lagos próximos às centrais;
 Ruídos e vibrações;
 Alterações atmosféricas e climáticas devido a emissão de:
 Fuligens, fumaças (contendo óxidos ou sulfetos metálicos);
 Gases carbônicos (CO e CO2);
 Gases nitrogenados (dando origem a oxidantes foto-químicos como o ozônio, a
acidez atmosférica e a precipitação de nitratos no solo e nas águas);

30
 Gases sulfurosos (dando origem a acidez e a precipitação de sulfatos e a
precipitação de sulfatos e sulfetos) e materiais residuais sólidos.

31
4. Conclusão

a energia eléctrica tornou-se a principal fonte de energia usada actualmente. A partir desta é
possível obter luz, calor, força motriz entre outros. Deste modo a energia eléctrica apresenta-se
como um bem essencial ao bem estar das pessoas e desenvolvimento socioeconómico do mundo
moderno visto que grande parte dos avanços tecnológicos deve-se à electricidade. Visto que os
centros de produção de energia que utilizam energia renovável não garantem uma produção
constante de energia eléctrica, as centrais térmicas tem um papel fundamental no equilíbrio de
um sistema de energia eléctrica pois podem facilmente garantir uma potência constante
dependendo apenas da disponibilidade do combustível.

As centais térmicas são caracterizadas pelos termodinâmicos que utilizam no processo de


produção de energia eléctrica. Verificou-se que as centrais térmicas de ciclo combinado, por
usarem a combinação de ciclos termodinâmicos, apresentam rendimentos superiores aos
verificados em centrais térmicas de ciclo a vapor. A regeneração em ciclos de rankine é uma
transferência de calor interna do sistema de uma região para outra e não a energia que atravessa a
fronteira do sistema e a regeneração é um processo que se introduz nas centrais térmicas
modernas para melhorar os rendimentos térmicos enquanto que o reaquecimento é um processo
que se introduz para evitar altas humidades nas etapas de baixa pressão. A regeneração é
aplicada em centrais térmicas para preaquecer a água de alimentação da caldeira sendo que esse
preaquecimento é conseguido através de aquecedores de água de alimentação mediante a
extração de uma parte do vapor que se expande na turbine e enviado para os aquecedores sendo
que num caso o vapor extaído entra em contacto directo com a água de alimentação (aquecedores
de água de alimentação aberto) e noutro o vapor não entra em contacto directo com a água de
alimentação (aquecedores de água de alimentação fechado).

As centrais térmicas cujo o combustível é carvão, são as que mais emitem gases de efeito estufa.
Devido a emissão de gases, como SO2 (dióxido de enxofre), óxidos de nitrogênio, partículas de
metal pesado bem como CO2 (dióxido de carbono) e a utilização de grandes quantidades de água
para refrigeração que é devolvida para os rios, as centrais térmicas a vapor tem um grande
impacto negativo sobre a saúde e meio ambiente.

32
5. Bibliografia

[1] ÇENGEL, Yunus A.; BOLES, Michael A. Termodinâmica. 5 ed. São Paulo, SP: McGraw-
Hill, 2006. 740P.

[2] FRITZEN, Paulo C. Geração Termoelétrica. UTFPR. Disponível em:


https://edisciplinas.usb.br>resource/view.phd?id=22511. Acesso em: 15 Maio 2018.

[3] MEDIATECA. Nova térmica a carvão gera preucupações sobre emissão de poluentes em
Moçambique. Disponível em <<m.dw.com/pt-002/nova-térmica-a-carvão-gera-preucupações-
sobre-emissão-de-poluentes-em-moçambique/av-17238030>>, postado em 18/11/2013, acesso
em 15/04/2018

[4] MUCHANGA, Elísio. Maputo terá em 2018 uma Central Termoeléctrica de Ciclo
Combinado a Gás. Disponível em << www.magazineindependente.com/www2/maputo-vai-ter-
dois-anos-central-termoelectrica-ciclo-combinado-gas-natural/ >>, postado em 18/11/2016,
acesso em 15/04/2018

[5] PEREIRA, Rodolfo M. C. Caracterização dos Arranques da Central Termoelétrica de Lares.


Dissertação (Mestrado em automação e comunicação em sistemas de energia) –
Departamento de Engenharia Eletrotécnica, Instituto Superior de Engenharia de Coimbra,
Coimbra, p. 212. 2012.

[6] Relatorio do estudo de impacto ambiental (reia) – commissie voor de m.e.r. Disponível em
<<api.commissiemer.nl > mer > diversen>>, acesso em 24/04/2018

[7] ROCA, José A. Las 10 mayores centrales térmicas decarbón del mundo. Disponível em
<<https://elperiodicodelaenergia.com/las-10-mayores-centrales-termicas-de-carbon-del-
mundo/>>, postado em 01/02/2016, acesso em 15/04/2018

[8] STUCHI, Gabriel A. D. et al. Geração Termelétrica: Principais Componentes E Tipos De


Centrais Termelétricas. Dissertação (Mestrado em automação e comunicação em sistemas de
energia) – Escola De Engenharia De São Carlos, Universidade De São Paulo, São Carlos, p.
147. 2015.

33
[9] central termoelétrica in Artigos de apoio Infopédia. Disponível em
<<https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$central-termoeletrica>>, acesso em 16/04/2018

[10] <<macua.blogs.com/moambique_para_todos/2016/11/electricidade-nasce-central-térmica-
combinada-de-gás.html>>, acesso em 20/04/2018

[11] <<macua.blogs.com/moambique_para_todos/2011/10/nasce-em-tete-central-para-produzir-
energia-à-base-do-carvão-mineral.html>>, acesso em 18/04/2018

[12] MORAN, Michael J. e SHAPIRO, Howard N. Princípios de Termodinâmica para


Engenharia. 6a Ed. Gen|LTC.

34

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