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Alteração Do Pensamento PDF

O documento discute definições e tipos de alterações do pensamento. Apresenta conceitos como pensamento, conceito e juízo, e discute alterações como ideias pré-valentes, ideias delirantes primárias e secundárias, humor delirante e tipos de vivência delirante primária como percepção e cognição delirantes.
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Alteração Do Pensamento PDF

O documento discute definições e tipos de alterações do pensamento. Apresenta conceitos como pensamento, conceito e juízo, e discute alterações como ideias pré-valentes, ideias delirantes primárias e secundárias, humor delirante e tipos de vivência delirante primária como percepção e cognição delirantes.
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PROFESSORA: SONIA MARIA DE CARVALHO MOURA

Disciplina: Psicopatologia Geral

ALTERAÇÃO DO PENSAMENTO

I - DEFINIÇÃO DE PENSAMENTO: O pensamento é uma das formas do indivíduo manifestar sua


adaptabilidade. Traduz sua aptidão de elaborar conceitos,
articulá-los em juízo e construir raciocínios de modo a
solucionar problemas com os quais se depara.

II - DEFINIÇÃO DE CONCEITO: É uma ideia que exprime as leis mais gerais dos fenômenos; é
um conjunto de ideias que expressa a universalidade de um
fenômeno.
É uma idéia que reflete as qualidades de um objeto e se expressa
por uma palavra.
É a unidade do pensamento.
A capacidade conceitual representa a primeira instância de
estruturação do pensamento, de organização do pensamento.

III- DEFINIÇÃO DE JUÍZO: Relação que se estabelece entre dois conceitos.


Ex: A flor é bela. (juízo valorativo)

É através do juízo que o indivíduo afirma ou nega algum atributo ou


qualidade a um objeto ou fenômeno.
Assim, a capacidade de ajuizar evidencia a afirmação ou a negação da
relação entre conceitos.
A capacidade de ajuizar consiste no segundo nível de organização do
pensamento.
O juízo expressa a verdade ou o erro. O critério de verdade (para a
avaliação da adequação de um juízo) é a sua consonância com a
realidade.
Nenhum juízo pode ser elaborado sem uma base conceitual verbal nem
pode se exteriorizar sem o invólucro verbal.
A palavra estabelece a ligação entre o dado objetivo e o conteúdo
subjetivo.
O pensamento pode ser alterado em seu conteúdo, forma e curso.

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• IDEIAS PRÉ-VALENTES OU SUPERVALORIZADAS OU SOBREVALENTE OU


SQBREVALORTADA

É um erro de juízo pelos afetos. É passível de correção. São ideias que aparecem, por exemplo, em
indivíduos sadios, em quadros neuróticos, maníacos, através de uma convicção política ou ética,
carregada ou acentuada por uma carga afetiva compreensível pela personalidade e vida do indivíduo.
Portanto, a ideia supervalorizada tem caráter eminentemente cultural e catatímico. Não é
fundamentalmente absurda, embora também falseie a realidade. São representações mentais ou
diretrizes ideológicas que se relacionam com os estados afetivos.
Exemplo: "curei a febre do meu filho ao segurar o terço e orar a Deus.'
"perdi todo o dinheiro naquele negócio, porque passei debaixo da escada."
"só a pena de morte acabará com a violência."
Convicções apaixonadas em relação ao amor, a religião, a política, etc.
Pacientes hipocondríacos que acreditam sofrer de alguma doença, transtornos alimentares,
transtorno dismórfico corporal, transtorno de personalidade paranóide

• IDEIAS DELIRANTES: • Primárias ou verdadeiras (ou delírio primário)


•Secundárias (ideias deliróides ou pseudodelírios ou delírios secundários).

DEFINICÃO DE IDEIA DELIRANTE OU DELÍRIO

Diz·se que um delírio é um juízo patologicamente falso.


Não é um erro sensorial, sensoperceptivo; é uma patologia do juízo.
A verdade desse juízo não está relacionada à realidade.

CARACTERÍSTICAS DAS IDÉIAS DELIRANTES PRIMÁRIAS

1. Conteúdo absurdo (impossibilidade do conteúdo)

2. Dotado de grande certeza subjetiva (convicção extraordinária; persistência, apesar do paciente


conhecer as razões em contrário, do juízo falso da realidade).

3. Impermeável à argumentação lógica (incorrigibilidade,ininfluenciabilidade psicológica por


parte de raciocínios e da própria experiência).

Os delírios primários surgem do nada, não remontam a qualquer relação com a realidade nem com o
humor do indivíduo. São inderiváveis e incompreensíveis. Provocam uma transformação da
personalidade do paciente. O conteúdo ou tema está relacionado ao contexto sociocultural do
indivíduo.

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As ideias delirantes secundárias ou ideias deliróides, são secundárias, porque emergem de uma
predisposição pessoal interna (caracteriológica ou emocional) em conexão com acontecimentos
externos, mas que acarretam uma falsificação da realidade. Portanto, são erros de juízos
compreensíveis, podendo surgir a partir de outros processos psíquicos. Existe, então, algum nível de
compreensão com a realidade, com o humor do indivíduo, com os afetos, com outras vivências
afetivas (que abalam e produzem, por exemplo, sentimentos de culpa), com outras vivências de
percepções falsas ou de vivências de alheamento do mundo da percepção por alterações da
consciência, etc. São aquelas que nascem de modo compreensível a partir de outros processos
psíquicos e não provocam transformação da personalidade.
Ex: Ideias de culpa na depressão
Ideias de grandeza na mania

• HUMOR DELIRANTE: É uma vivência muito angustiante em que a pessoa sente que algo
está se modificando, mas não sabe o que é. O indivíduo sabe que vai
ocorrer algo muito ruim, catastrófico com ele. É um momento de
grande ansiedade. É o prenúncio do surto psicótico; se dá no início
de processos esquizofrênicos.
O indivíduo sente que alguma coisa está se alterando ou que algo de
novo está se passando.
O humor delirante ocorre antes da vivência delirante e quando esta
se inicia, o humor delirante (a ansiedade), atenua-se ou mesmo
desaparece.
No humor delirante são muito comuns as despersonalizações e as
desrealizações (sentimentos de estranheza, de irrealidade em rela-
ção a si mesmo e ao mundo)
O humor delirante já é uma vivência delirante primária.

• TIPOS DE VIVÊNCIA DELIRANTE PRIMÁRIA (são sempre autorreferenciadas. A vida


do paciente passa a girar em torno da
vivência delirante)

1. PERCEPÇÃO DELIRANTE: Atribuição de um significado novo, delirante, a uma percepção


normal. É dado o significado simultaneamente ao ato perceptivo

2. COGNIÇÃO OU INTUIÇÃO DELIRANTE: Tem o sentido de uma intuição. De repente,


sem mais nem menos, o sujeito conclui que é
o Presidente da República. É o mesmo que a
percepção delirante, só faltando o estímulo
externo.

Ex.: A moça está lendo a bíblia e se sente


como a própria Virgem Maria, sentindo toda a
como vivência própria, com toda vivacidade e
realidade da coisa referenciada no sujeito.

Ex: O indivíduo está andando e conclui que é a


Estrela D'alva.

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3. REPRESENTAÇÃO DELIRANTE OU PERCEPÇÃO DELIRANTE MNÉSTICA

O indivíduo atribui um caráter anormal à uma lembrança.


Ex.: O indivíduo se lembra que quando era criança, o rei Luiz XIV, da França, o tomou no colo.

• TIPOS DE DELÍRIOS

1.DELÍRIO DE PERSEGUIÇÃO: O que caracteriza este tipo de delírio é o fato do indivíduo atribuir a
situações externas uma sistemática vigilância. O termo vigilância é o que
define o delírio de perseguição. O paciente acredita que o estão vigiando,
espionando, enganando, sabotando, atormentando, que querem mata-lo,
prejudicá-lo ou destruí-lo.

Ex.: Clinicamente: Esquizofrenia paranóide, psicoses tóxicas.

Obs: O delírio de prejuízo é uma forma atenuada do delírio de perseguição.


Ex: O indivíduo pensa que outros são hostis a ele, zombam ou lhe menosprezam.

Obs: O delírio de reinvidicação (querelante) seria um subtipo do delírio de perseguição. O


indivíduo acredita ser vítima de terríveis injustiças ou discriminações e envolve-se em disputas
legais e querelas.
Ex: Transtornos delirantes

Obs: O delírio de autorreferência: O paciente crê que certos gestos, comentário, passagens de livros, notícias
de jornais, letras de músicas são dirigidos especificamente a ele.

2.DELÍRIO DE INFLUÊNCIA: O indivíduo se sente manipulado fisicamente por coisas externas


Ex: O indivíduo se sente vitima de influências telepáticas,
de Radiações, choques elétricos aplicados por aparelhos.
Acredita que uma força ou alguém exerce controle sobre sua
mente ou sobre seu corpo.
Afirma que um pensamento foi colocado em sua mente e que
ele não lhe pertence.
Eles se julgam médiuns sofredores, atuados por espíritos.

3. DELÍRO DE GRANDEZA: O indivíduo tem posses e pode realizar uma série de proezas.
Ele se diz dono de muitos bens, de grandes fortunas; se diz
exercendo altos postos no exército; que possui milhões de
mulheres famosas e belíssimas, em todas as partes do mundo; que
se sente poderoso e dono de habilidades e poderes especiais, etc.

4.DELÍRIO DE CIÚMES:O indivíduo se sente enganado ou que tentam enganá-lo, desconfia do


vizinho, do amigo, etc. Em relação à sua companheira, mantém a partir daí
vigilância contínua sobre ela.
As reações são geralmente de natureza violenta; ele agride, briga e pode
chegar até ao homicídio. Postura homicida, agressiva. Processo inconsciente,
conflitivo.
Ex.: Transtorno delirante, esquizofrenia paranóide, alcoolismo

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5. DELÍRIO EROTOMANÍACO: O indivíduo crê ser amado por outra pessoa.


Ex : Transtorno delirante

IDEIAS DE CONTEÚDO DEPRESSIVO (DELÍRIOS DE CONTEÚDO DEPRESSIVO)

6. DELÍRIO NllLISTA OU DE NEGAÇÃO OU DE NEGAÇÃO DOS ÓRGÃOS OU DELÍRIO


HIPOCONDRIACO OU SOMÁTICO: Há uma negação dos órgãos internos do corpo. O indivíduo acredita
funcionar. Diz que já está morto ou que não tem cabeça, estômago,
olhos, etc., ou que o mundo acabou Diz que tem uma doença grave,
incurável como câncer, tumor cerebral, AIDS.
Clinicamente: Depressão, esquizofrenia

7. DELÍRIO DE RUINA OU MISÉRIA: Clinicamente: demência, depressão.

8. DELÍRIO DE CULPA OU DE AUTOACUSAÇÃO: O paciente pensa ter cometido delitos, pecados


no passado ou crimes e que merece punição

OBS: Os delírios somático, negação e de culpa podem ser considerados subtipos do delírio de ruina

. TIPOS DE PENSAMENTOS ESOUIZOFRÊNICOS

1.DESAGREGAÇÃO DO PENSAMENTO: Perda da capacidade de estabelecer relações


conceituais. O pensamento resulta dissociado,
anárquico, estranho, destituído de lógica e
muitas vezes, totalmente incompreensível.
Os sistemas de relações conceituais se destroem
porque as suas partes integrantes adquirem novas
relações, ficando totalmente modificadas.

Muitas vezes o paciente compreende a pergunta, mas as


respostas saem alteradas, misturadas.

A desagregação é a ilogicidade do pensamento, porque os


conceitos estão distantes das palavras que os expressam e
estas de seu significado (desintegração dos conceitos)
levam à quebra dos sistemas de construção de frases.

A desagregação do pensamento pode ocorrer em numerosos


graus de intensidade e, embora seja um sintoma esquizo-
frênico pode aparecer também nas psicoses tóxicas.

OBS: Nas ideias delirantes verdadeiras, a falsificação reside no conteúdo, o pensamento formal fica
intacto. Os distúrbios formais do pensamento levam a representações falsas, a associações confusas, a
opiniões embaraçadas que, como tais, não apresentam o caráter de ideias delirantes.

2. NEOLOGISMO OU CONDENSAÇÃO DE CONCEITOS:

Quando duas ou mais sílabas ou palavras se juntam, formando uma palavra totalmente absurda.

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3. ROUBO DO PENSAMENTO: O paciente tem a sensação de que suas ideias estão sendo
roubadas.

4. PUBLICAÇÃO OU DIVULGAÇÃO DO PENSAMENTO:

Todos conhecem o seu pensamento.

5. INTERCEPTAÇÃO DO PENSAMENTO OU BLOQUEIO OU SUSPENSÃO DO PENSAMENTO:


O pensamento momentaneamente é bloqueado,
interrompido abruptamente.
É comum que o paciente refira que o seu
pensamento de desvaneceu ou foi interrompido
como se encontrasse um obstáculo intransponível.

. OUTROS PENSAMENTOS TÍPICOS

1. FUGA DE IDÉIAS OU TAQUIFRENlA: Caracteriza-se por uma aceleração do curso do


pensamento, variação sistemática de tema e uma
inconclusão do pensamento. Há uma perda de direção
do pensamento. É o pensamento típico da mania
(uma das formas bipolares do transtorno do humor).
O maníaco está eufórico, diz coisas e não conclui nada,
não se entende nada. Quando ainda se compreende um
pouco diz-se fuga de ideias ordenadas.
Quando não se compreende nada diz-se fuga de ideias
desordenadas.

2.INIBIÇÃO DO PENSAMENTO OU BRADIFRENIA: Caracteriza-se por uma lentificação do


curso do pensamento e uma diminuição
do número de temas e ideias
verbalizadas pelo sujeito. O indivíduo
fala pouco, tem imensa dificuldade de
pensar e frequentemente queixa-se disso.

Ex: Estados depressivos quadro com


lesão cerebral (epilepsia, processos
demenciais, toxicomanias, etc.).

3.PENSAMENTO PROLIXO OU PROLIXIDADE: Introdução no relato de grande número de


detalhes irrelevantes. O indivíduo apesar de ter
dificuldade de síntese, apesar de dar muitas voltas,
consegue concluir o seu relato.
Consiste na incapacidade de selecionar as
representações essenciais das acessórias.

A MINUCIOSIDADE difere do pensamento prolixo


pelo discurso conter excesso de detalhes relevantes.

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4. PERSEVERAÇAO DO PENSAMENTO: É a aderência, fixação do sujeito a um único tema, a uma única


ideia. Ele pode falar sobre outras coisas, mas sempre retoma
àquele determinado tema. Perda da flexibilidade do pensamento
e empobrecimento dos processos associativos.
EX: Retardo mental, epilepsia, delirium, demência, alcoolismo,
esquizofrenia

5.PENSAMENTO OBSESSIVO: É o surgimento involuntário, repetitivo, esteriotipado, incontrolável de uma


ideia, de um som,de uma palavra, de uma imagem, de uma recordação, no
campo de pensamento e que o individuo admite como absurda e como per-
tencente a ele. Observa-se uma luta do sujeito contra essa ideia.

As obsessões mais comuns são os pensamentos repetitivos de violência ou


agressão (matar o próprio filho, cortar·se com uma faca, etc.); contamina-
cão ou sujeira (infectar-se ao apertar as mãos, ao tocar maçanetas, etc.) e
de dúvida ( indivíduo duvida se fechou a porta de casa, se desligou o gás,
etc., e outras dúvidas torturantes.
Estas ideias causam muita ansiedade e desconforto.
EX: tentações censuráveis, presságios, supertições quanto a tragédias, a
morte de si próprio, da família

Os rituais obsessivos (compulsões, comportamentos repetitivos) têm por


objetivo aplacar ou mesmo neutralizar a angústia das ideias obsessivas. Os
mais comuns são os rituais de limpeza, verificação, contagem, repetição
(palavras, frases em silêncio, são atos mentais), ordenação, colecionismo.

OBS : As ideias sobrevalentes diferem das obsessivas , pois são aceitas pelo indivíduo que as produz , pois têm
sentido para ele, baseiam-se em motivação afetiva; ele se identifica com elas e coloca sua personalidade a seu
serviço. EX: O paciente diz que não consegue pensar em outra coisa, somente naquela ideia.

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