Atividades Projeto Presente
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Projeto
Presente Presente Português 5° ano
— Quero retribuir tanta consideração. Pretendo ser uma ótima madrinha para seu filho.
A Morte declarou que para isso transformaria o pobre homem numa pessoa rica, famosa
e poderosa.
— Só assim — completou ela —, você poderá criar, proteger e cuidar de meu afilhado.
O vulto explicou então que, a partir daquele dia, o pobre homem seria um médico.
— Médico? Eu? — perguntou o sujeito, espantado. — mas eu de medicina não entendo
nada!
— Preste atenção — disse ela.
Mandou o homem voltar para casa e colocar uma placa dizendo-se médico. Daquele dia
em diante, caso fosse chamado para examinar algum doente, se visse a figura dela, a figura
da Morte na cabeceira da cama, isso seria sinal de que a pessoa ia ficar boa.
— Em compensação — rosnou a Morte —, se me enxergar no pé da cama, pode ir cha-
mando o coveiro, porque o doente logo, logo vai esticar as canelas.
A Morte esclareceu ainda que seria invisível para as outras pessoas.
— Daqui pra frente — concluiu a famigerada —, você vai ter o dom de conseguir enxer-
gar a Morte cumprindo sua missão.
Dito e feito.
O homem colocou uma placa na frente de sua casa e logo apareceram as primeiras pes-
soas adoentadas.
O tempo passava correndo feito um rio que ninguém vê. Enquanto isso, sua fama de
médico começou a crescer.
É que aquele médico não errava uma.
O doente podia estar muito mal e já desenganado. Se ele dizia que ia viver, dali a pouco
o doente estava curado.
Em outros casos, às vezes a pessoa nem parecia muito enferma. O médico chegava, olha-
va, examinava, coçava o queixo e decretava:
— Não tem jeito!
E não tinha mesmo. Não demorava muito, a pessoa sentia-se mal, ficava pálida e batia
as botas.
A fama do homem pobre que virou médico correu mundo. E com fama veio fortuna.
Como muitas pessoas curadas costumavam pagar bem, o sujeito acabou ficando rico.
Mas o tempo é um trem que não sabe parar na estação.
O sétimo filho do homem, o afilhado da Morte, cresceu e tornou-se adulto.
Certa noite, bateram na porta da casa do médico. Dessa vez não era nenhum doente pe-
dindo ajuda. Era uma figura curva, vestindo uma capa escura, apoiada numa bengala feita
de osso. A figura falou em voz baixa:
— Caro compadre, tenho uma notícia triste: sua hora chegou. Seu filho já é homem feito.
Estou aqui para levar você.
O médico deu pulo da cadeira.
— Mas como! — gritou. — Fui pobre e sofri muito. Agora que tenho uma profissão,
ajudo tantas pessoas, tenho riqueza e fartura, você aparece pra me levar! Isso não é justo!
A Morte sorriu.
— Vá até o espelho e olhe para si mesmo — sugeriu. — Está velho. Seu tempo já passou.
Mas o médico não se conformava. E argumentou, e pediu, e suplicou tanto que a Morte
resolveu conceder mais um pouquinho de tempo.
— Só porque somos compadres, só por ser madrinha de seu filho, vou lhe dar mais um
ano de vida — disse ela antes de sumir na imensidão.
O velho médico continuou a atender gente doente pelo mundo afora.
Um dia, recebeu um chamado. Era urgente. Uma moça estava gravemente enferma. Dis-
seram que seu estado era desesperador. O homem pegou a maleta e saiu correndo. Assim
que entrou no quarto da menina enxergou, parada ao pé da cama, a figura sombria e invi-
sível da Morte, pronta para dar o bote.
O médico sentou-se na beira da cama e examinou a moça. Era muito bonita e delicada.
O homem sentiu pena. Uma pessoa tão jovem, com uma vida inteira pela frente, não podia
morrer assim sem mais nem menos. “Isso está muito errado”, pensou o médico, e tomou
uma decisão. “Já estou velho, não tenho nada a perder. Pela primeira vez na vida vou ter que
desafiar minha comadre.” E rápido, de surpresa, antes que a morte pudesse fazer qualquer
coisa, deu um jeito de virar o corpo da menina na cama, de modo que a cabeça ficou no
lugar dos pés e os pés foram parar do lado da cabeceira. Fez isso e berrou:
— Tenho certeza! Ela vai viver!
E não deu outra. Dali a pouco, a linda menina abriu os olhos e sorriu como se tivesse
acordado de um sonho ruim.
A família da moça agradeceu e festejou. A Morte foi embora contrariada, e no dia seguin-
te apareceu na casa do médico.
— Que história é essa? Ontem você me enganou!
— Mas ela ainda era uma criança!
— E daí? Aquela moça estava marcada para morrer — disse a Morte. — Você contrariou
o destino. Agora vai pagar caro pelo que fez. Vou levar você no lugar dela!
O médico tentou negociar. Disse que queria viver mais um pouco.
Dizem que aquele homem ainda durou muitos e muitos anos. Mas, um dia, viajando, deu
com um corpo caído na estrada. O velho médico bem que tentou, mas não havia nada a
fazer.
— Que tristeza! Morrer assim sozinho no meio do caminho!
Antes de enterrar o infeliz, o bom homem tirou o chapéu e rezou o Pai-Nosso.
Mal acabou de dizer amém, o morto abriu os olhos e sorriu. Era a Morte fingindo-se de
morto.
— Agora você não me escapa!
Naquele exato instante, uma vela pequena, num lugar desconhecido e estranho, estre-
meceu e ficou sem luz.
AZEVEDO, R. Contos de enganar a morte. São Paulo: Ática, 2005. p. 11-20.
De olho no texto
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2. Releia.
Quem ia querer ser compadre de um pé rapado como ele?
- Por que o homem achava que ninguém queria ser compadre dele?
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- Qual a intenção do autor em descrever a personagem dessa forma?
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- Retire do texto mais uma descrição dessa personagem.
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5. Qual foi o presente que a Morte deu ao pai de seu afilhado?
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6. O homem tenta enganar a Morte duas vezes. O que ele fez nas duas ocasiões?
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8. Releia o trecho e explique o que significa uma vela apagar-se nesse conto.
Naquele exato instante, uma vela pequena, num lugar desconhecido e estranho, estremeceu
e ficou sem luz.
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10. Quem você acha que foi mais esperto neste conto: a Morte ou o homem? Justifique a sua res-
posta.
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11. Você certamente percebeu que o texto está sublinhado com cores diferentes. Cada cor represen-
ta tramas diferentes que existem nos contos. Ou seja, formas de começar, de terminar, momen-
tos onde o escritor apresenta o conflito e outros em que ele começa a resolvê-los... Leia cada um
desses trechos, identifique o que cada cor representa e ligue as duas colunas.
Padrões da escrita
12. O conto que você leu sobre a Morte, possui muitas versões. Conheça um trecho da versão escrita
por Câmara Cascudo e reescreva-a organizando o diálogo.
O médico foi perguntando pela vida dos amigos e conhecidos e vendo o estado das vidas. Até
que lhe palpitou perguntar pela sua. A Morte mostrou um cotoquinho no fim. Virgem Maria! Essa
é que é a minha? Então eu estou, morre-não-morre! A Morte disse Está com horas de vida e por
isso eu trouxe você para aqui como amigo, mas você me fez jurar que voltaria e eu vou levá-lo
para você morrer em casa. O médico quando deu acordo de si estava na sua cama rodeado pela
família. Chamou a comadre e pediu Comadre, me faça o último favor. Deixe eu rezar um Padre-
Nosso. Não me leves antes. Jura? Juro prometeu a Morte. O homem começou a rezar Padre- Nos-
so que estás no céu... e calou-se. Vai a Morte e diz Vamos, compadre, reze o resto da oração!
Nem pense nisso, comadre! Você jurou que me dava tempo de rezar o Padre-Nosso, mas eu não
expliquei quanto tempo vai durar minha reza. Vai durar anos e anos... A Morte foi-se embora,
zangada pela sabedoria do compadre.
Informante: João Monteiro (Natal, RN). Em: CASCUDO, Luís da Câmara. Contos tradicionais do Brasil.
Belo Horizonte/São Paulo: Itatiaia/Editora da Universidade de São Paulo, 1986.
Reconquista do Brasil, 2ª série, 96 (adaptado para fins didáticos).
Disponível em: http://www.jangadabrasil.com.br/novembro27/im27110b.htm .
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b) doce: do__inho / ado__icado
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c) passeio: pa__eando / pa__eador / pa__eata / pa__eando
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d) exame: e__aminar / e__aminando
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e) exemplo: e__emplar / e__emplificar
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f) manso: man__idão / aman__ar / man__inho
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g) cansado: can__aço / can__eira / can__ativo
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i) certo: __erteza / __erteiro / __ertificar / __ertamente
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Produção de texto
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A lenda da morte
A crença na fatalidade da morte produziu no sertão a mesma lenda que existe no Oriente,
com pequena diversidade de forma e nenhuma de substância. Onde quer que a alma popu-
lar pense do mesmo modo, se manifesta de idêntica maneira e, como ensina Van Gennepp,
a qualquer momento em tema lendário bem localizado será achado num ciclo de contos
populares em outro extremo do mundo.
Conta Paul de Saint-Vitor que, na Turquia, em certa época, um dos mais queridos pachás
vinha saudar o sultão na Sala do Divã e suplicar-lhe para ser nomeado governador duma
cidade distante. Justificava o pedido com uma desculpa qualquer.
O soberano não o queria atender e até já estava se aborrecendo com aquela insistência,
quando o velho servidor do trono confessou o verdadeiro motivo do seu desejo de deixar
Istambul.
Todas as manhãs, ao sair de seus aposentos, encontrava a Morte que lhe cravava olhos de
espanto. Já não podia mais com essa obsessão. O sultão tomou a narrativa como caduquice,
teve pena do pachá e mandou-o para onde tanto queria ir.
Semanas depois, passeando a noite pelo jardim do palácio, o sultão encontrou a Morte e
interpelou-a:
– Por que perseguias o meu velho pachá, fitando-o diariamente com olhos de espanto?
E ela respondeu:
– Porque recebi ordem de matá-lo na cidade para onde foi nomeado governador e me
admirava de ainda vê-lo por aqui...
Esta certeza de que ninguém escapa à morte no dia marcado se consubstancia também
numa história sertaneja:
Um caçador armou um mondéu por trás dum cemitério, a fim de pegar um tatu que
costumava andar por ali. Numa noite de luar, topou com o maior espanto a Morte presa
naquela armadilha, cujo pesado tronco lhe caíra sobre uma das tíbias. O corpo esquelético
se estirava no chão, envolto no branco lençol e a foice rolara por uma ribanceira, ficando
dependurada numa raiz de angico. Gelado e imobilizado de pavor, o matuto ouviu a Morte
chamá-lo:
– Venha cá! Livre-me deste mondéu e o recompensarei.
Cobrou algum ânimo, aproximou-se e, aproveitando o ensejo, pediu-lhe, como recom-
pensa para libertá-la, o direito de viver sadio e forte até avançada idade, que somente diria
depois dela lhe revelar quanto teria de vida, se não fosse aquela ocasião de prestar-lhe um
favor. Ela respondeu sinceramente que isso não lhe era possível revelar e nem seria preciso
para que dissesse quantos anos desejava de existência.
De olho no texto
15. Esse texto conta duas histórias sobre a Morte muito parecidas.
a) O que a Morte queria nos dois contos?
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b) Como o pachá tenta enganar a morte no primeiro conto?
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c) Como o caçador tenta enganar a morte no segundo conto?
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b) Um caçador armou um mondéu por trás dum cemitério, a fim de pegar um tatu que costuma-
va andar por ali.
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b) Como a Morte é descrita neste trecho?
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c) Qual a intenção do autor em descrever a cena dessa forma?
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19. Nos dois contos as personagens tentam enganar a Morte. Como a Morte consegue vencê-los no
final?
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20. Você já sabe que os contos possuem formas de começar e de terminar, momentos onde o escri-
tor apresenta o conflito e outros em que ele começa a resolvê-los. Leia cada um desses trechos e
ligue as duas colunas.
O tesouro enterrado
Numa das ruas que davam na pracinha de Belém, na antiga cidade de Huaraz, havia uma casa
dos tempos coloniais que sempre estava fechada e que vivia cercada de mistérios. Diziam que
estava repleta de almas penadas, que era uma casa mal-assombrada.
Quando esta história começou, a casa já havia passado por vários donos, desde um ávido agio-
ta até o padre da paróquia. Ninguém suportava ficar lá. Diziam que estava ocupada por alguém
que não se podia ver e que em noites de luar provocava um tremendo alvoroço.
De repente, ouviam-se lamentos atrás da porta, objetos incríveis apareciam voando pelos ares,
ouvia-se o ruído de coisas que se quebravam e o tilintar de um sino de capela. O mais comum,
porém, era se ouvirem os passos apressados de alguém que subia e descia escada: toc, toc, tum,
toc, toc, tum... As pessoas morriam de medo de passar por ali de noite.
Certo dia, chegou à cidade uma jovem costureira procurando uma casa para morar. A única
que lhe convinha, por ficar no centro, era a casa do mistério.
Muito segura, a costureira afirmou que não acreditava em fantasmas e alugou o imóvel. Insta-
lou ali a sua oficina, com uma máquina de costura, um grande espelho, cabides e uma mesa de
passar a ferro.
Com a costureira morava uma moreninha chamada Ildefonsa e um cachorrinho preto, de nome
Salguerito. E foi o pobre do animal que acabou pagando o pato, pois o fantasma da casa decidiu
fazer das suas com ele: puxava-lhe o rabo, as orelhas e vivia empurrando o coitadinho. Dormisse
dentro ou dormisse fora da casa, à meia-noite Salguerito se punha a uivar de tal modo que dava
medo. Arqueava o lombo, se arrepiava todo e ficava com os olhos faiscando de medo. Só dormia
tranquilo na cozinha, ao pé do pilão.
As pessoas costumavam ir bisbilhotar para ver como era a tal costureirinha e saber como aque-
les três estavam se arrumando na casa mal-assombrada. As duas mulheres não demonstravam em
absoluto estar assombradas e nem se davam por vencidas. A única coisa é que tinham que dormir
com a lamparina acesa e com o cão na cozinha.
O fantasma acabou se cansando de infernizar o animal, mas começou então a deixar suas
marcas na oficina da costureira: o espelho entortava sem que ninguém o tocasse; a máquina de
costura começava a costurar sozinha; os carretéis caíam e ficavam rolando no chão; desapareciam
as tesouras, o alfineteiro, o dedal e o caseador; as mulheres sentiam a presença de alguém que as
seguia o tempo todo e, às vezes, o espelho ficava embaçado, como se alguém estivesse se olhan-
do muito próximo dele.
Várias vezes o padre passou pela casa levando água benta, mas o copinho onde ela ficava sem-
pre aparecia misteriosamente entornado.
— Isso não é coisa do diabo — esclareceu o padre.— As coisas do diabo se manifestam de
outra maneira e acabam com água benta, invocações ou com a Santa Missa.
De olho no texto
21. Quais os fatos relatados no conto que justificavam a fama da casa mal assombrada?
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b) assombrar Ildefonsa:
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24. Quais foram as dicas dadas por Salguerito sobre a localização do tesouro escondido?
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26. Por que razão todos abandonaram a casa quando descobriram o tesouro?
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b) O tipo de conflito que aparece nas histórias, ou seja, os desafios enfrentados pelas
personagens principais:
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28. Você já sabe que os contos possuem formas de começar, de terminar, momentos onde o escritor
apresenta o conflito e outros em que ele começa a resolvê-los... Leia cada um desses trechos e ligue
as duas colunas.
Conflito e peripécias As personagens chegam a uma cidade
e se hospedam em um local mal
assombrado.
Padrões da escrita
29. Leia as piadas abaixo e reescreva-as, organizando o diálogo e acrescentando a pontuação necessária.
a) Doutor, como eu faço para emagrecer Basta a senhora mover a cabeça da esquerda
para a direita e da direita para a esquerda Quantas vezes, doutor Todas as vezes que lhe
oferecerem comida.
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b) Dois amigos conversam sobre as maravilhas do Oriente Um deles diz Quando completei
25 anos de casado, levei minha mulher ao Japão Não diga E o que pensa fazer quando
completarem 50? Volto lá para buscá-la.
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respostas - 5º ano
1. Padrinho dos filhos de uma pessoa com quem geralmente se tem grande amizade.
2. Porque ele era pobre.
3. Significa que anoiteceu.
4.
- A Morte.
- Fazer com que a personagem fique assustadora e assim deixar os leitores com medo.
- Uma figura curva, vestindo uma capa escura, apoiada numa bengala feita de osso, ótima Madri-
nha, justa e honesta, figura sombria e invisível, pronta para dar o bote.
5. Disse para ele se tornar médico, pois iria ajudá-lo a fazer o diagnóstico dos pacientes. Dessa forma
ficaria riquíssimo.
6. Primeiro virou na cama o corpo da moça que ia morrer, assim a Morte apareceria na cabeça da
moça e não nos pés. Depois, no leito de morte, pede que a Morte só o leve depois que terminar de
rezar um Pai-Nosso e não termina a oração, vivendo mais alguns anos.
7. Ela se passa por um homem morto, caído no chão, sozinho. O homem fica com dó do cadáver e
reza um Pai-Nosso por ele, terminando a reza que havia começado no seu leito de morte.
8. Uma pessoa morrer.
9. Sim, pois todas as pessoas morrem um dia.
10. Provavelmente os alunos dirão que foi o homem, pois ele enganou a Morte duas vezes. Outras
respostas também poderão ser discutidas, já que a Morte consegue levá-lo no final.
11. Vermelho = Conflito e peripécias – O homem faz tentativas para enganar a morte
Verde = Situação inicial – apresenta a personagem e explica como ele virou médico com a ajuda da
sua comadre, a Morte.
Azul = Situação final – A morte finalmente leva o homem
12.
O médico foi perguntando pela vida dos amigos e conhecidos e vendo o estado das vidas. Até
que lhe palpitou perguntar pela sua. A Morte mostrou um cotoquinho no fim.
— Virgem Maria! Essa é que é a minha? Então eu estou, morre-não-morre!
A Morte disse:
— Está com horas de vida e por isso eu trouxe você para aqui como amigo, mas você me fez
jurar que voltaria e eu vou levá-lo para você morrer em casa.
O médico, quando deu acordo de si, estava na sua cama rodeado pela família. Chamou a co-
madre e pediu:
—- Comadre, me faça o último favor. Deixe eu rezar um Padre-Nosso. Não me leves antes. Jura?
— Juro — prometeu a Morte.
O homem começou a rezar:
— Padre-Nosso que estás no céu... — e calou-se.
Vai a Morte e diz:
—- Vamos, compadre, reze o resto da oração!
— Nem pense nisso, comadre! Você jurou que me dava tempo de rezar o Padre-Nosso, mas eu
não expliquei quanto tempo vai durar minha reza. Vai durar anos e anos...
A Morte foi-se embora, zangada pela sabedoria do compadre.
13.
a) açucareiro, açucarado
b) docinho, adocicado
c) passeando, passeador, passeata, passeando
d) examinar, examinando
e) exemplar, exemplificar
f) mansidão, amansar, mansinho
g) cansaço, canseira, cansativo
h) decisivo, decisão, decidido
i) certeza, certeiro, certificar, certamente
14. Resposta pessoal.
respostas - 5º ano
15.
a) Queria matar as personagens.
b) Pedindo ao sultão que o enviasse para governar em terra distante.
c) Ele altera sua aparência para que a morte não o reconheça.
16.
a) Significa que a Morte olhava para ele com uma expressão assustada.
17.
a) Porque as histórias de suspense ou de medo geralmente têm como cenário noites ou cemitérios.
b) Ela estava com a perna quebrada, tinha o corpo esquelético, envolto em um lençol branco e
tinha uma foice.
c) Fazer com que a personagem fique assustadora e assim deixar os leitores com medo.
18. Disse que se ele a soltasse seria recompensado, podendo viver 120 anos.
19. No primeiro conto ela mata a personagem quando ela se muda para o novo local. E no segundo
conto a Morte acaba levando o caçador, pois diz que já que não achava a pessoa que queria, pe-
garia qualquer um.
respostas - 5º ano
21. De repente, ouviam-se lamentos atrás da porta, objetos incríveis apareciam voando pelos ares,
ouvia-se o ruído de coisas que se quebravam e o tilintar de um sino de capela. O mais comum,
porém, era se ouvirem os passos apressados de alguém que subia e descia escada: toc, toc, tum,
toc, toc, tum... As pessoas morriam de medo de passar por ali de noite.
22. a) O fantasma assombrava o cão: puxava-lhe o rabo, as orelhas e vivia empurrando o coitadinho.
b) Começou a deixar suas marcas na oficina da costureira: o espelho entortava sem que ninguém
o tocasse; a máquina de costura começava a costurar sozinha; os carretéis caíam e ficavam rolan-
do no chão; desapareciam as tesouras, o alfineteiro, o dedal e o caseador; as mulheres sentiam a
presença de alguém que as seguia o tempo todo e, às vezes, o espelho ficava embaçado, como se
alguém estivesse se olhando muito próximo dele. Várias vezes o padre passou pela casa levando
água benta, mas o copinho onde ela ficava sempre aparecia misteriosamente entornado.
23. Porque foi chamado um especialista em achar tesouros enterrados e era ele quem estava procurando.
24. Esta questão permite que os alunos imaginem um motivo, pois o texto não deixa claro esse fato.
Os alunos poderão responder que é para fugir do fantasma.
25. Ele latia e ia deitar-se ao pé do pilão, onde estava escondido o tesouro.
26. O padre tentou benzer a casa com água benta. Floriano rezava e tentava achar o tesouro escondido
na casa.
27. a) Geralmente são casas mal assombradas, becos, ruas escuras etc.
b) Geralmente algum conflito que envolva fantasmas, morte ou alguma assombração.
8.
Conflito e peripécias As personagens chegam a uma cidade
e se hospedam em um local mal
assombrado.
9. a)
—Doutor, como eu faço para emagrecer?
—Basta a senhora mover a cabeça da esquerda para a direita e da direita para a esquerda.
—Quantas vezes, doutor?
—Todas as vezes que lhe oferecerem comida.
b)
Dois amigos conversam sobre as maravilhas do Oriente. Um deles diz:
—Quando completei 25 anos de casado, levei minha mulher ao Japão.
—Não diga? E o que pensa fazer quando completarem 50?
—Volto lá para buscá-la.