McLuhan, com sua obra Visão, Som e Fúria, apresenta as principais transformações
causadas pelos diferentes meios de comunicação ao longo da história, de modo a fazer-nos
entender parte da atual realidade que nos encaixamos. O texto busca ressaltar a
importância dos meios dentro do seu tempo e explicitar o impacto que cada um gerou
dentro da sociedade como um todo e também a relação e influência que tiveram um sobre o
outro.
O surgimento do livro impressa provocou um estranhamento para os que estavam
acostumados com a oralidade. Houve uma mistura do som e da visão. Ele "liquidou com
dois mil anos de cultura manuscrita". O estudante passou a ser solitário e ter uma
interpretação própria sobre o debate público. Platão, em Fedro, apontou que a escrita
revolucionária a cultura para pior. A reminiscência substituiria o pensamento e o
aprendizado mecânico entraria no lugar da dialética (discurso e conversação). Em
contrapartida, a escrita colaboraria para maior contemplação e análise frequente dos fatos.
Após isso, no século dezenove, o livro já chegava tarde demais e, dessa maneira, o jornal
destacou-se. Os desdobramentos sociais, econômicos e políticos da época, deram ainda
mais força a essa mídia que, além de informar, também ajudava na divulgação de
propagandas. A página de jornal não era apenas a ampliação da página do livro, e sim uma
nova forma de arte coletiva, como o cinema.
O cinema, o rádio e a TV, foram tão revolucionários quanto a imprensa. Os meios
acabam por agregar suas linguagens com a intenção de sempre melhorar e suprir cada vez
mais a necessidade das pessoas.
Em um trecho, o autor cita a semelhança entre a câmera de cinema e o projetor. O mundo
exterior é enrolado em um carretel pela câmera; o projetor desenrola-o transportando o
espectador para qualquer parte do mundo; a câmera grava e analisa o mundo à luz do dia
com intensidade maior do que a humana; o projetor revela esse mundo sobre uma tela
escura onde ele se torna um mundo de sonhos. Como esse processo, no conhecimento
temos de interiorizar o mundo exterior, recriando no meio de nossos sentidos o drama da
existência. Através da fala, proferimos o drama recriado por nós. E só conseguimos fazer
isso por conta da linguagem.
É essencial ressaltar que todos os meios de comunicação de alguma forma compartilham
desse caráter cognitivo.
McLuhan já falava sobre a convergência e como a expansão das mídias influenciam
a relação do homem com o conhecimento. E, como a imprensa, cinema, rádio e TV, os
novos meios são claramente um exemplo atual disso.