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Concreto Armado Apostila Vigas PDF

O documento discute o projeto estrutural de vigas de concreto armado em edifícios, abordando tópicos como modelos estruturais, seções transversais, carregamentos, vãos teóricos, cálculo como viga isolada e esquema estrutural. É fornecida uma fórmula para calcular o momento fletor devido à solidariedade entre a viga e os pilares de extremidade.

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VIGAS DE EDIFÍCIOS

DE CONCRETO ARMADO

Henrique Innecco Longo


email: [email protected]

4a edição

abril de 2000
Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 1

Vigas de Edifícios de Concreto Armado

1 - Introdução

O projeto estrutural das vigas de edifício consiste em definir o modelo estrutural, determinar
os carregamentos, calcular os esforços atuantes e detalhar as armaduras.

Qual o modelo estrutural mais adequado para representar uma viga de edifício?
Como é feita a definição de sua seção transversal?

Conforme o modelo estrutural escolhido, as vigas podem ser representadas como elementos
de pórticos (planos ou espacial), elementos de grelha ou como estruturas isoladas.

As vigas de edifício são normalmente calculadas com a seção transversal retangular e, caso
seja considerada a contribuição da laje, podem ter a seção em forma de T ou de L (fig.1).

Como saber se a viga vai ser calculada com seção retangular ou em T?

fig.1 - Seções transversais das vigas

Em determinados casos, as vigas podem ser projetadas de uma forma invertida e são
representadas na planta de fôrmas por linhas tracejadas.

2 - Dimensões das vigas T

Na figura 2 estão mostradas as dimensões para o cálculo das vigas de seção T.

bf
hf

b3 b1

b2

bw

fig.2 - Dimensões da viga T


Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 2

A norma NBR-6118 fornece alguns parâmetros para a obtenção da largura da mesa para a
seção T. Como foram definidos estes valores?

De acordo com a NBR-6118, para o cálculo da resistência ou deformação, a parte da laje a


ser considerada como elemento da viga será:

bf = b3 + bw + b1 sendo bf - largura da mesa (flange)

b1 ≤ 0,10 a b3 ≤ 0,10 a
8 hf 6 hf
0,5 b2

Os valores de a são os seguintes:

viga simplesmente apoiada a=l


tramo com momento em uma só extremidade a = 3. l / 4
tramo com momentos em duas extremidades a = 3. l / 5
viga em balanço a = 2. l

A seção T pode ser considerada em todas as seções da viga?

É importante salientar que a seção T só poderá ser considerada no cálculo da seção de ferro
longitudinal quando a mesa estiver comprimida. Em caso contrário, se a mesa estiver tracionada, a
viga deve ser calculada com a seção transversal retangular.

3 - Carregamentos nas vigas

Nas vigas de edifício podem atuar os seguintes carregamentos:

• peso próprio da viga = b. h. γCA

• carga da parede sobre a viga = espessura x pé direito x γTIJ

• reações das lajes vizinhas

• carga de outras vigas que se apoiam na viga

• peso de equipamentos apoiados diretamente nas vigas

• outra cargas específicas

Para melhor visualização destas cargas, estes valores são assinalados no Esquema de Cargas
de cada pavimento. Na fig. 3, por exemplo, estão indicadas as cargas na viga V2, que recebe as
cargas das lajes vizinhas, peso próprio, carga da parede, seu peso próprio e a carga da V5,
considerada como uma carga concentrada.
Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 3

V1

PV5
L1 L2

V4b V6b
V5

PV5
V2 PAR PAR
qL1 qL2

qL3 qL3
PP PP
q1 q2
V4a L3 V6a

V3

fig.3 - Cargas atuantes na viga V2

De que maneira devem ser fornecidos os carregamentos nas vigas se o pavimento for
modelado com elementos finitos de placa para representar as lajes e elementos lineares para
representar as vigas?

4 - Vão teórico das vigas

Como definir os vãos teóricos para o cálculo das vigas?

Pela NBR-6118, o vão teórico L das vigas é a distância entre os centros dos apoios, não
sendo necessário adotar valores maiores que:

viga isolada L = 1,05. Lo sendo Lo - vão livre


vão extremo de viga contínua L = Lo + 0,5a + 0,03 Lo sendo a - largura do apoio interno
vão em balanço L = Lo + 0,5a ≤ 1,03 Lo

Na prática, se as larguras dos apoios não forem muito grandes, pode-se tomar o vão teórico
L a distância entre os centros destes apoios.

Como definir o vão teórico da viga se as larguras dos apoios forem grandes? Este seria o
caso de um pilar de elevador, por exemplo.
Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 4

5 - Cálculo como viga isolada

É sempre possível calcular uma viga de edifício de uma maneira isolada?

A norma NBR-6118 permite que as vigas sejam calculadas como contínuas, sem ligações
rígidas com os apoios, devendo-se observar o seguinte:

a) não serão considerados momentos positivos, nos vãos intermediários, menores do que os
que se obteriam se houvesse engastamento perfeito na viga nas extremidades destes vãos ou, nos
vãos extremos, menores do que os obtidos com engastamento perfeito no apoio interno.

Como é feito isto na prática?


Para atender a esta condição, será levado em conta no cálculo das armaduras o momento
positivo mínimo MMIN em cada vão da viga.

b) quando a viga for solidária com o pilar intermediário, não poderá ser considerado
momento negativo de valor absoluto menor do que o engastamento perfeito neste apoio.

Isto pode ser aplicado sempre?


Não, esta condição fornece o momento mínimo negativo no apoios intermediários que
atendam a seguinte relação: a / H > 1/5

sendo a - largura do apoio, medida na direção da viga


H - altura do pilar

c) quando não se fizer o cálculo exato da influência da solidariedade dos pilares com a viga,
deverá ser considerado obrigatoriamente um momento fletor MEXT nos apoios extremos.

Como calcular este momento?


A norma NBR-6118 fornece uma fórmula simplificada para cálculo deste momento.

6 - Esquema estrutural das vigas

Como representar o esquema estrutural das vigas?

Nos esquemas estruturais das vigas são indicadas as condições de apoio, carregamentos
atuantes, e os comprimentos dos vãos. O esquema estrutural e as cargas na viga V2 do Projeto
Piloto estão mostrados na fig. 4. Nesta figura, podemos observar que esta viga é contínua com dois
vãos e se apoia nos pilares P4, P5 e P6. Nos apoios de extremidade desta viga também estão
indicados os momentos fletores M1 e M2 que representam a solidariedade desta viga com os pilares
P4 e P6. A carga concentrada P é proveniente da viga V7.

M1 q1
q2 M2

fig. 4 - Esquema estrutural e os carregamentos da viga V2 do Projeto Piloto


Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 5

Na figura 5, está mostrada a viga V7, simplesmente apoiada nas vigas V1 e V2. Por que
não aparecem os momentos na extremidade neste caso?

q4

fig..5 - Esquema estrutural e os carregamentos da viga V5 do Projeto Piloto

7 - Momentos fletores de solidariedade com os pilares de extremidade

O cálculo de uma viga isolada é uma simplificação. A viga está ligada aos pilares e esta
solidariedade deve ser considerada no projeto. O que significa esta solidariedade entre a viga e os
pilares de extremidade?

Quando a viga for calculada isoladamente, a norma NBR-6118 recomenda que deve-se levar
em conta obrigatoriamente um momento fletor MVIG nos apoios extremos da viga (fig.6) dado pela
seguinte equação:

rINF + rSUP
MVIG = MENG . --------------------------
rVIG + rINF + rSUP

sendo rINF = IINF / lINF índice de rigidez do pilar na seção inferior


rSUP = ISUP / lSUP índice de rigidez do pilar na seção superior
rVIG = IVIG / lVIG o índice de rigidez da viga

I - inércia do elemento
l - vão do elemento

MENG - momento de engastamento perfeito na viga

MVIG
MSUP

VIGA

MINF
PILAR

Fig. 6 - Momentos fletores devido a solidariedade entre a viga e o pilar


Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 6

Esta fórmula é interessante pois dá uma noção do grau de engastamento da viga no pilar
extremo. A viga deve ser calculada com o momento MVIG aplicado no apoio de extremo. Na prática,
para evitar que o momento positivo no tramo diminua, pode-se calcular a viga sem este momento e
colocar nas extremidades a armadura para este momento.

Como deve ser considerada a solidariedade entre a viga e os pilares intermediários?

Exemplo: Calcular o momento de solidariedade da viga V1 (12x50) com o pilar P1(50x20),


conforme mostrado na figura 7.

P2
P1
3m

MVIG q1 = 20 kN/m
q2 q3

4m 3m 2m
3m

fig.7 - Momento de solidariedade no extremo da viga com o pilar

Neste caso, o índice de rigidez da parte superior do pilar será igual ao da parte inferior:

rINF = rSUP = (50 . 203 /12) /300 = 111 cm3

rVIG = (12 . 503 /12) / 400 = 312,5 cm3

O momento no apoio de extremidade da viga será:

2 x 111
MVIG = MENG . ----------------------
312,5 + 2 x 111

MVIG = 0,41 MENG

Este resultado mostra que o momento na extremidade é 41% do momento de engastamento


perfeito. Se considerarmos que a carga no vão igual a q = 20 kNm/m, teremos:

MENG = 20. 4,02 / 12 = 26,7 kNm.

O momento na extremidade da viga será:

MVIG = 0,41 x 26,7 = 10,9 kNm


Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 7

A direção do pilar iria influenciar este momento na extremidade?

Se o pilar estivesse invertido, ou seja, com as dimensões 20x50, teríamos um índice de


rigidez diferente:
rINF = rSUP = (20 . 503 /12) / 300 = 694 cm3

2 x 694
MVIG = MENG . ------------------------
312,5 + 2 x 694

MVIG = 0,82 MENG

MVIG = 0,82 x 26,7 = 21,9 kNm

Assim, por causa da mudança da direção do pilar, o momento na extremidade da viga


aumentou de 41% para 82% do momento de engastamento perfeito.

O que aconteceria com este grau de engastamento se o pilar fosse ainda mais comprido?

8 - Hipóteses de cálculo para grandes sobrecargas

Se as sobrecargas forem grandes é preciso considerar as suas posições mais desfavoráveis e


traçar a envoltória de momentos fletores e esforços cortantes. As seções de ferro são então
calculadas para este valores máximos. A posição mais desfavorável da sobrecarga deve ser indicada
pela linha de influência na seção considerada. Assim sendo, para o momento máximo positivo,
deve-se carregar o vão e descarregar os vãos vizinhos. Para o momento máximo negativo, é preciso
carregar os vizinhos e descarregar o seguinte. Por quê?

Na figura 8, por exemplo, estão mostradas as hipóteses de cálculo para a determinação dos
momentos fletores máximos positivos nas seções S1 e S2 e momento máximo negativo na seção
S3. Nesta figura p é a carga permanente e s é a sobrecarga.

s s
p

S1

s
p

S2

s
p

S3

fig. 8 - Hipóteses de cálculo para a determinação dos momentos fletores máximos


Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 8

Nas vigas com balanços na extremidade, muito comum em edifícios com varandas, deve-se
considerar as hipóteses de cálculo mostradas na figura 9 para a obtenção do momentos máximos
negativo e positivo.

s
p

S1

s
p

S2
fig.9 - Hipóteses de cálculo para uma viga com um balanço

9 - Diagramas de momentos fletores

Como analisar os esforços ao longo de uma viga?

A análise dos esforços ao longo da viga pode ser feita pelos diagramas dos momentos
fletores. O traçado destes diagramas pode ser feito por programas de computadores. Na fig.10, por
exemplo, está mostrado o diagrama de momentos de uma viga contínua. Neste caso, este diagrama
foi traçado sem o momento de extremidade que foi introduzido posteriormente.

X1
X2

MVIG MVIG

M2 M3
M1

fig. 10 - Diagrama de momentos fletores de uma viga contínua

Como saber se o programa de computador calculou corretamente os momentos?

A visualização do traçado do diagrama de momentos dá ao engenheiro meios para saber se o


programa fez os cálculos corretamente. Qualquer erro grosseiro pode ser detectado pelo aspecto do
diagrama. Daí a importância do traçado do diagrama. Além disso, é fundamental fazer uma
comparação dos momentos calculados pelo programa com os valores estimados no pré-
dimensionamento. A experiência do engenheiro também é um fator importante para avaliar os
resultados numéricos.
Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 9

10 - Momentos fletores mínimos nas vigas

No projeto, deve-se armar as vigas para determinados valores mínimos positivos e negativos
para garantir a segurança da estrutura e evitar que a viga apresente fissuras indesejáveis.

Momento positivo mínimo

De acordo com a norma NBR-6118, as vigas podem ser calculadas como contínuas, sem
ligações rígidas com os apoios, desde que se considere os seguintes momentos positivos mínimos:

nos vãos intermediários - momento positivo com as extremidades do vão engastado


nos vãos extremos - momento positivo com o apoio interno engastado

Em cada vão da viga, o momento positivo para o cálculo das armaduras longitudinais deve
ser pelo menos igual a um valor mínimo. Por exemplo, na figura 11 estão indicados os momentos
mínimos positivos para uma viga contínua, considerando que em cada vão a carga seja
uniformemente distribuída.

M3
M2
M1

M3MIN =q3 l32 / 14,22


M1MIN =q1 l12 / 14,22

M2MIN =q2 l22 / 24

fig.11 - Momentos fletores positivos mínimos

Como calcular o momento fletor positivo mínimo para o caso de uma carga concentrada
aplicada no vão?
Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 10

Momento negativo mínimo

Pela NBR-6118, quando a viga for solidária com o pilar intermediário, o momento mínimo
negativo será o momento de engastamento perfeito neste apoio se a relação entre a largura do apoio,
medida na direção da viga, e a altura do pilar for maior do que 1:5.

Neste caso, pela figura 12 teremos a seguinte condição:

a/H > 1/5 ou seja a > H /5

Por exemplo, se H = 3m o momento negativo mínimo será o momento de engastamento


perfeito quando a largura do apoio intermediário for a > 60 cm

a H a

pilar
intermediário

viga

XMIN XMIN

fig.12 - Momento mínimo negativo em um vão interno de uma viga

11 - Arredondamento do diagrama de momentos fletores

Algumas vigas podem estar apoiadas em apoios monolíticos. Não haveria uma redução do
momento negativo neste caso?

A NBR-6118 permite arredondar o diagrama de momentos (fig.13) sobre os apoios


monolíticos, tomando-se para valor máximo do momento negativo a média entre o máximo
calculado e a semi-soma dos momentos nas faces do pilar.
Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 11

Pela fig.13, o momento negativo arredondado XR, será dado em função dos momentos nas
faces do pilar e do momento máximo negativo:

XR = (XMAX + XMED) / 2 sendo XMED = (XA + XB) / 2

XMAX

XA XB
XR

viga
apoio monolítico

fig. 13 - Arredondamento do diagrama de momentos

12 - Verificação das dimensões das vigas

Como verificar se as dimensões das vigas estão compatíveis com o projeto de arquitetura?

Após a determinação do diagrama de momentos fletores, é importante verificar se as alturas


das vigas estão interferindo no projeto arquitetônico, principalmente quando a viga está passando
em cima de uma porta ou de uma janela (fig.14).
LAJE
VIGA

hVIGA


direito
PORTA

JANELA

fig.14 - Viga passando por cima de uma porta e de uma janela


Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 12

Para que a viga não tenha armadura de compressão (armadura dupla), o valor de kmd (valor
de entrada tabela de dimensionamento) correspondente ao momento máximo Mmax ,deve ser
limitado:

Mdmax
kmd = ----------- ≤ kmdmax sendo kmdmax = 0,219 para o aço CA-50
b d2 fcd

Mas se o valor de kmd for maior do que o seu valor máximo, o que o engenheiro deve fazer?

Se esta condição não for satisfeita, pode-se aumentar as dimensões da viga. Se o momento
for positivo, a viga pode ser calculada como seção T aproveitando-se assim a mesa comprimida. O
aumento da resistência fck do concreto à compressão nem sempre é viável na prática pois
normalmente este fck é único para toda a estrutura. Se nenhuma destas possibilidades for possível,
deve-se então usar mesmo a armadura de compressão.

13 - Cálculo das seções de ferro das armaduras longitudinais

As seções de ferro das armaduras longitudinais podem ser calculadas pelas tabelas de
dimensionamento, com o seguinte valor de entrada:
Md
kmd = ----------- ≤ kmdmax
b d2 fcd

Com este valor de kmd, pode-se obter kz da tabela e a seção de ferro será então:

Md
As = -----------
kz d fyd

Com é feita a escolha das barras das armaduras longitudinais?

A escolha das barras da armadura é feita considerando-se os espaçamentos entre as barras,


o número de camadas e as condições para se evitar as fissuras nocivas. A tabela 1 mostra os
diâmetros φ das bitolas padronizadas em milímetros e em polegadas, bem como os valores nominais
para cálculo das seções de ferro As (cm2) da norma EB-3/1980:

φ (mm) φ (pol) As(cm2)


5 3/16 0,200
6,3 1/4 0,315
8 5/16 0,5
10 3/8 0,8
12,5 1/2 1,25
16 5/8 2,0
20 3/4 3,15
25 1 5,0

Tabela 1 - Seções de ferro (valores nominais) para as bitolas padronizadas


Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 13

A armadura mínima para as vigas é dada pela NBR-6118:

Asmin = 0,15% bw h para os aços CA-40,50 e 60

0,25% bw h para os aços CA-25 e 32

A armadura máxima pode ser o valor recomendado pelo CEB:

Asmax = 4 % bw h

14 - Modelo da treliça de Mörsch

Como representar uma viga de concreto armado no estado limite último?

Uma viga de concreto armado pode ser representada no estado limite último pelo modelo da
treliça idealizada por Mörsch. Esta treliça é formada por bielas (concreto) e tirantes (armaduras),
que representam os campos de tensões de compressão e de tração. Na fig.15a está mostrada uma
treliça com barras dobradas e na fig.15b uma treliça com estribos verticais. Nesta figura, os tirantes
estão representados por linhas cheias e as bielas por linhas pontilhadas.

θ α
M bielas
tirante
z (cotg θ + cotg α) (a)

(b)

fig. 15 - Modelos da treliça para vigas em concreto armado

Como é possível calcular a força de tração na haste inferior da treliça?

A força de tração Td de cálculo no ponto médio M da haste inferior da treliça pode ser
calculada pelas equações de equilíbrio, considerando a seção SS de Ritter passando por este ponto
M, conforme mostrado na fig.16.
Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 14

S
A

θ M
Td
S
Vd
x al

fig.16 - Esforços na seção SS na treliça de Mörsch

Pela fig.16, a força de tração Td pode ser obtida fazendo-se a soma dos momentos no nó A:

Td= Vd .( x + al ) / z

donde: Td = Md /z + Vd. al / z

Esta equação mostra que neste modelo de treliça a força de tração deve ser majorada. Para
isto, o diagrama de forças de tração é deslocado do valor al. Observando as figs.15a e 16, podemos
obter o valor de al :

al = z cotg θ - z (cotg θ + cotg α) / 2


al = z (cotg θ - cotg α) / 2

Para θ = 45o e estribos verticais α = 90o, teremos:


al = z / 2

A norma NBR-6118 fornece o valor al levando em conta a parcela do concreto:

al = (1,5 - 1,5η) d ≥ 0,2 d se a armadura transversal for inclinada de 45o


al = (1,5 - 1,2η) d ≥ 0,5 d nos outros casos

sendo η o cociente da área da seção da armadura transversal efetiva pela área calculada
com tensão igual a 1,15 τwd, isto é , sem considerar a redução τc devido ao concreto. Deste modo,
teremos:

1,15 τwd - τc
η = -------------------- ≤ 1 sendo τc dado no item 7.23
1,15 τwd

Para simplificar, a NBR-6118 permite considerar os seguintes valores, quando se usa


estribos verticais:
al = d η ≤ 0,6
al = 0,75 d 0,6 < η < 0,8
al = 0,5 d η ≥ 0,8

Nas vigas usuais de edifícios, pode-se considerar um valor médio: al = 0,75 d


Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 15

15 - Distribuição das armaduras longitudinais pelo diagrama deslocado

De que maneira as armaduras longitudinais são distribuídas ao longo da viga?

As armaduras longitudinais são distribuídas de acordo com o diagrama de esforços de


tração. Na prática, para se levar em consideração a majoração das forças de tração, o diagrama
destas forças deve ser deslocado de al com uma translação paralela ao eixo da viga no sentido
desfavorável. Deste modo, pode-se obter o ponto de interrupção (ou de dobramento no caso de
barras dobradas) das barras longitudinais.

No caso de vigas usuais de edifício, pode-se utilizar o diagrama de momentos fletores


deslocado em vez do diagrama de forças de tração deslocado, ou seja, é como se o braço de
alavanca z se mantivesse constante ao longo da viga.

Na fig.17 está mostrado a distribuição das barras a partir de um trecho do diagrama de


momentos fletores escalonado, obtida da seguinte maneira:

• desloca-se de al o diagrama de momentos fletores


• divide-se a ordenada máxima do trecho considerado em um determinado número de partes.
(na fig. 7.17, por exemplo, o diagrama foi dividido em 3 partes iguais).
• traça-se o diagrama escalonado levando-se em conta o diagrama deslocado e as divisões
definidas anteriormente
• as barras devem cobrir a área do diagrama escalonado, dando-se um comprimento de ancoragem
lb a partir do ponto em que tais barras não sejam mais necessárias. Na fig.7.17, a barra N2 está
cobrindo o trecho do diagrama compreendido entre os pontos A e B, sendo que o comprimento
de ancoragem é dado a partir do ponto B.

Desta maneira, obtém-se o comprimento, a distribuição e a posição das barras longitudinais.

N1- 2φ 10

lb
N2- 2φ 10

lb A
al
N3 - 2φ 10

lb B

fig.17 - Distribuição das barras longitudinais a partir de um diagrama de momentos escalonado


Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 16

Pelo critério da NBR-6118, o comprimento de ancoragem da barra N2 teria início no ponto


A (e não do ponto B) do diagrama deslocado e se estenderia pelo menos até 10φ além do ponto B.
No caso em que a inclinação da tangente ao diagrama é pequena (ver condições da NBR-6118), o
trecho de ancoragem tem início em B, dispensando-se neste caso o acréscimo 10φ.

Por que as barras das armaduras estão sendo colocadas com tamanhos diferentes? Elas
poderiam ter tamanhos iguais?

16 - Comprimento de ancoragem das barras tracionadas

De acordo com a NBR-6118, o comprimento de ancoragem reta das barras tracionadas será
definido a partir do ponto A (fig.17) e terá o seguinte valor:

Ascal  lb1 /3
lb = lb1 -------- ≥  10 φ
Ase  10cm

sendo

φ fyd
lb1 = ------- . ----------
4 τbu

φ - diâmetro da barra longitudinal


Ascal - área da seção da armadura calculada
Ase - área da seção da armadura existente

A tensão τbu de aderência última para as zonas de boa aderência (barras inferiores) será:

τbu = 0,28 √ fcd em MPa para ηb ≤ 1,0 (aços CA-25,32 e 40)


3
τbu = 0,42 √ fcd2 em MPa para ηb ≥ 1,5 (aços CA-50 e 60)

Para zonas de má aderência (barras superiores), os valores τbu devem ser divididos por 1,5.

Por que as barras superiores da viga estão em zona de má aderência?

Na tabela 2 estão indicados os valores de lb1 em função do diâmetro φ para valores de fck :

fck lb1 lb1


(MPa) boa aderência má
aderência
15 54φ 81φ
18 47φ 70φ
20 44φ 66φ

Tabela 2 - Valores do comprimento de ancoragem reta


Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 17

Quando a barra terminar em gancho fora do apoio (fig.18), o comprimento de ancoragem lb


será dado por:

lb -15φ ≥ lb1 /3 para ηb < 1,5 (aços CA-25,32 e 40)


10cm

lb -10φ ≥ lb1 /3 para ηb ≥ 1,5 (aços CA-50 e 60)


10cm

Por que o gancho reduz o comprimento de ancoragem das barras?

lb

lb - nφ

fig.18 - Comprimento de ancoragem reta e com gancho

A norma NBR-6118 dá os comprimentos dos ganchos (com ponta reta) das extremidades
das barras das armaduras de tração:

ganchos semi-circulares

ganchos em ângulo de 45o 4φ

gancho em ângulo reto


17 - Armadura longitudinal nos apoios extremos de uma viga

Como saber se as barras longitudinais que chegam ao apoio extremo da viga estão
ancoradas?
Quando a barra termina em gancho no apoio, o comprimento de ancoragem será o mesmo
valor anterior mas a barra deve ser prolongada além da face do apoio de um comprimento mínimo
igual a : r + 5,5φ ≥ 6cm
Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 18

A fig.19 mostra o comprimento de ancoragem da barra terminada em gancho no


apoio extremo de uma viga.

r + 5,5φ ≥ 6cm

lb - nφ
fig.19 - Comprimento de ancoragem de barras que terminam em ganchos nos apoios

Se o ponto A estiver na face do apoio ou além desta face e a força de tração diminuir em
direção ao centro do apoio (fig.20), o trecho da ancoragem será medido a partir dessa face.

Neste caso, a força a ancorar será (modelo de treliça da fig.20):

Rst = Vd . al / z

Considerando que z ≅ d e supondo que V seja o cortante na face do apoio, temos a fórmula
recomendada pela NBR-6118:

al
Rst = --------- Vd ≥ 0,5 Vd
d

sendo Vd o valor do cortante de cálculo na face do apoio

z
θA
A
Rst
lb - nφ Vd
al

A
al

fig.20 - Armaduras nos apoios extremos da viga e o modelo de treliça correspondente


Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 19

Pela NBR-6118, deve-se prolongar até cada um dos apoios das vigas pelo menos 1/3 da
armadura de tração correspondente ao momento máximo no tramo. Na fig. 21, por exemplo, a
armadura correspondente ao momento máximo no tramo é igual a 9φ12,5 e a armadura até os
apoios deve ser de 3φ 12,5.

As apoio As tramo

N3- 3 φ12,5

N2- 3 φ12,5

N1- 3 φ12,5

fig.21 - Armaduras que chegam até o apoio extremo de uma viga

Como a armadura no apoio extremo da viga deve também resistir a força de tração Rst , a
armadura deve atender a :

Rst As tramo
As apoio = -------- ≥ ---------
fyd 3

E se a armadura que chega até o apoio extremo não for suficiente?

Caso a armadura calculada no apoio extremo não for suficiente, pode-se aumentar a
armadura que vai até o apoio ou então colocar uma armadura adicional para ancorar a força de
tração Rst
Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 20

18 - Armadura longitudinal nos apoios internos de uma viga contínua

Se o ponto A estiver na face do apoio interno ou além desta face (fig.22), o trecho da
ancoragem será medido a partir dessa face. Neste caso, não é conveniente colocar ganchos nas
barras para evitar os vazios durante a concretagem nesta região.

lb

fig.22 - Ancoragem das barras inferiores em apoios intermediários de viga contínua

Se o ponto A estiver fora do apoio, as barras deverão ultrapassar a face do apoio de um


comprimento no mínimo igual a 10φ, conforme mostrado na fig.23.

≥ 10φ

lb

fig.23 - Ancoragem das barras quando o ponto A está fora do apoio intermediário

Nos apoios internos, é conveniente prolongar também pelo menos 1/3 da armadura inferior
de tração correspondente ao momento máximo no tramo, conforme mostrado na fig. 24.

As (-)

As tramo As apoio

N3- 3 φ12,5

N2- 3 φ12,5

N1- 3 φ12,5

fig.24 - Armadura que chega até o apoio intermediário de uma viga


Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 21

19 - Disposição das armaduras na seção transversal

Após a definição da distribuição das armaduras longitudinais, é preciso saber com as


barras ficam na seção transversal da viga.

As armaduras devem ser dispostas convenientemente na seção transversal. Para isto, a NBR-
6118 recomenda os seguintes espaços livres mínimos entre duas barras (fig.25):

2cm
espaço livre horizontal eH ≥ φ
1,2 Dmax sendo Dmax dimensão máxima do agregado

2cm
espaço livre vertical eV ≥ φ
0,5 Dmax

Por que deve haver este espaço livre mínimos entre as barras?

C≥ φ

CG
eV
x < 5% h T

eH

fig.25 - Disposição das barras na seção transversal da viga

Existe alguma limitação quanto ao número de camadas das barras na seção transversal?

De acordo com a NBR-6118, a resultante T nas armaduras de tração só pode ser considerada
x deste centro ao ponto da seção da armadura
concentrada no centro de gravidade de As se a distância
mais afastado da linha neutra for menor do que 5% de h. A fig.7.25 está mostrando o CG da
x
resultante T dos esforços de tração e a distância.
Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 22

20 - Cobrimento de concreto

Qual a importância do cobrimento de concreto?

O cobrimento de concreto nas vigas, que é a distância entre a face externa da viga e a face
externa do estribo, deve ter uma espessura suficiente para proteger as armaduras contra os efeitos
nocivos da corrosão.

Quais os fatores que influenciam o cobrimento ?

O cobrimento (fig.25) deve ser pelo menos igual ao diâmetro da barra da armadura, ou seja,
C ≥ φ e ser definido de acordo com o tipo de revestimento do concreto, a localização da viga e o
meio em que se encontra a estrutura.

A norma NBR-6118 fornece os seguintes valores mínimos para o cobrimento C:

a) para concreto revestido com argamassa de espessura mínima de 1cm


C ≥ 1,5 cm vigas no interior de edifício
C ≥ 2 cm vigas ao ar livre

b) para concreto aparente


C ≥ 2 cm no interior de edifícios
C ≥ 2,5 cm ao ar livre

c) para concreto em contato com o solo


C ≥ 3cm

d) para concreto em meio fortemente agressivo


C ≥ 4cm

O que pode acontecer com as armaduras da viga se estes valores mínimos do cobrimento
não forem respeitados? Como garantir este cobrimento durante a concretagem?

21 - Armadura de pele

Qual a finalidade da armadura de pele? Onde ela é colocada?

Para evitar que apareçam fissuras na zona tracionada de vigas altas, isto é, com alturas
maiores do que 60cm, é preciso colocar uma armadura longitudinal em cada face lateral da viga.
Pela NBR-6118, a seção transversal desta armadura de pele (fig.26) deve ser igual a:

As pele = 0,05 % bw h (em cada face da viga)

O espaçamento entre as barras não deve ultrapassar a d/3 e 30 cm, sendo que a barra mais
próxima da armadura de tração deve distar mais de 6cm e menos de 20cm (fig. 26).
Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 23

e ≤ d/3
30cm

6cm < ei < 20 cm

fig. 26 - Armadura de pele em vigas altas (h ≥ 60 cm)

As armaduras de pele aparecem com muita freqüência nas vigas usuais de edifício?

22 - Verificação da tensão de cisalhamento

Para que não ocorra esmagamento do concreto, deve-se também verificar se a tensão
convencional de cisalhamento é menor do que a tensão de cisalhamento última τwu:

Vdmax
τwd = ----------- ≤ τwu sendo Vdmax maior cortante de cálculo atuante na viga
bw d bw largura da nervura da viga

Pela NBR-6118, a tensão de cisalhamento última será:

τwu = 0,25 fcd ≤ 4,5 MPa para peças lineares (bw ≤ 5h) com estribos

0,30 fcd ≤ 5,5 MPa para peças lineares (bw ≤ 5h) com barras dobradas e
estribos inclinados a 45o

O que deve ser feito se a tensão convencional de cisalhamento for maior do que a tensão
última? Em que situação isto ocorre?

Se a viga estiver submetida a uma torção, a tensão de cisalhamento τTd devido ao momento
de torção T deve ser limitada a um valor último:

Td
τTd = -------------- ≤ τTu Ae he
2. Ae. he

sendo:
he - espessura da parede fictícia em torno da seção transversal (definida pela NBR-6118)
Ae - área limitada pela linha média da parede fictícia
Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 24

Pela NBR-6118, a tensão última de cisalhamento τTu devido ao momento de torção será:

τTu = 0,22 fcd ≤ 4 MPa para torção simples com armaduras paralela e normal ao eixo da peça
0,27 fcd ≤ 5 MPa para torção simples com armadura inclinada a 45o

Se a viga estiver submetido a um momento a torção e a um esforço cortante, é preciso


verificar as tensões combinadas de cisalhamento pela seguinte relação dada pela NBR-6118:

τwd τTd
---------- + --------- ≤ 1
τwu τTu

Em que situações a viga está submetida a um momento de torção?

7.23 - Taxa de armadura transversal

A taxa de armadura transversal ρw pode ser calculada pelo modelo da treliça de Mörsch e
introduzindo a tensão τc no concreto. Para o caso de estribos verticais α = 90o e com a inclinação
da biela θ = 45o teremos:

1,15 τwd - τc
ρw = ----------------------
fyd

Pela NBR-6118, a tensão τc para o caso de flexão simples vale:

τc = ψ1 √ fck (em MPa)

ψ1 = 0,07 para ρ1 ≤ 0,001


ψ1 = 0,14 para ρ1 ≥ 0,015

No intervalo entre dois valores;


ψ1= 5 ρ1 + 0,065 0,001< ρ1 < 0,015

ρ1 - menor taxa de armadura longitudinal de tração no trecho 2h da face do apoio


(fig.27)

2h 2h

fig.27 - Trecho para a definição da taxa de armadura ρ1


Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 25

Por que aparece na equação da taxa de armadura a tensão τc no concreto?

A norma NBR-6118 recomenda os seguintes valores mínimos para a taxa de armadura ρw:

ρw min = 0,14% aços CA-40,50 e 60


ρw min = 0,25% aços CA-25 e 32

24 - Seção da armadura transversal

A seção Asw da armadura transversal total, compreendendo todos os ramos que cortam o
plano neutro, é calculada em função da taxa de armadura transversal ρw :

Asw = ρw bw s sen α (não se tomando para bw valores maiores do que d)

Para o caso de estribos verticais α = 90o, temos:

Asw = ρw bw s

sendo s - espaçamento dos estribos

A armadura transversal por metro (s = 100 cm) e se tomarmos bw em centímetros, será:

Asw / m = ρw bw . 100 (cm2/m)

Se for utilizado um estribo com dois ramos, por exemplo, a seção transversal do estribo será:
Asw / m
Asw / ramo = ----------
2

A seção de ferro transversal pode ser absorvida por barras dobradas e por estribos.

Por que atualmente os estribos são mais utilizados do que as barras dobradas?
Elas não seriam mais econômicas?
Não existe casos em que as barras dobradas são mais indicadas?

25 - Estribos

Nas vigas, é sempre conveniente utilizar estribos pouco espaçados e ancorados com
ganchos. Além disso, como os estribos devem ser colocados em toda a extensão da viga, é
recomendável usar estribos fechados e evitar estribos abertos na parte superior pois estes não seriam
capazes de envolver as armaduras superiores das vigas contínuas.

Nos cantos dos estribos fechados e nos ganchos dos estribos abertos, se não houver barras
longitudinais determinadas pelo cálculo, devem ser colocadas barras de amarração de bitola pelo
menos igual à do estribo.

Os diâmetros φt das barras dos estribos (fig.28) não devem ser muito grandes e devem
respeitar os seguintes valores:
Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 26

φt ≤ bw /12
≥ 5mm

O espaçamento et dos estribos (fig.28), medido paralelamente ao eixo da peça, deve ser:

et ≤ 0,5 d
30 cm
21 φ se houver armadura longitudinal de compressão para aços CA-25 e 32
12 φ se houver armadura longitudinal de compressão para aços CA-40,50 e 60

Por que o espaçamento dos estribos deve ser limitado?

A CORTE
AA

et A

fig.28 - Estribos para uma viga de seção transversal retangular

Os ganchos dos estribos (fig.29) podem ser semi-circulares, em ângulo de 45o e em ângulo
reto.

Qual a finalidade do gancho nos estribos?

10φ
5φ 5φ

fig. 29 - Tipos de ganchos para os estribos


Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 27

Em vigas mais largas, podem ser empregados estribos duplos, conforme mostrado na fig.30.

fig.30 - Viga larga com estribos duplos

Os estribos duplos poderiam também ser usados em vigas comuns não muito largas?

26 - Distribuição dos estribos na viga

Com se faz na prática a distribuição dos estribos na viga?

A distribuição dos estribos ao longo do eixo da viga é feita a partir do diagrama de esforços
cortantes. Na prática, a viga é dividida trechos, sendo que em cada trecho o espaçamento é
diferente.

Na fig.31, por exemplo, está mostrado o diagrama DV de esforços cortantes de um tramo de


uma viga contínua, dividido em três trechos. Neste caso os estribos de cada trecho foram calculados
para o cortante V1 na face do apoio da esquerda, para V2 no tramo e para V3 na face do apoio da
direita. No 1o e no 3o trecho foi utilizado um espaçamento de 10cm e no 2o trecho, onde o cortante é
menor, um espaçamento igual a 20cm. É importante observar que os estribos são colocados a partir
da face da viga, conforme indicado na fig.31.

É possível se fazer uma outra divisão para a distribuição dos estribos na viga?

Alguns engenheiros costumam calcular o cortante correspondente a armadura mínima e


colocar estribos nos trechos em que os esforços cortantes são menores do que este valor mínimo.
Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 28

DV
V1

V2
V3

1o trecho 2o trecho 3o trecho

φ 8c 10 φ 8c 20 φ 8c 10

fig. 31 - Distribuição dos estribos em um tramo de uma viga contínua

Exemplo - Determinar o cortante correspondente a armadura mínima para uma viga (12 x 50)
(concreto fck = 20 Mpa e aço CA-50B).

O cortante mínimo pode ser obtido a partir da taxa de armadura mínima:

1,15 τwd min - τc min


ρw min = -------------------------- = 0,14 % (aço CA-50)
fyd

Se tomarmos ρ1min = 0,15% igual a armadura mínima longitudinal, o valor de τc min, temos:

τc min = ψmin √ fck = 0,0725 √ 20 = 0,32 MPa = 320 kN/m2

pois ψ min = 5 ρ1min+ 0,065 = 0,0725

O valor τwd min pode ser então calculado por:

0,14 % . 500.000 / 1,15 + 320


τwd min = ------------------------------------------- = 808 kN/m2
1,15

O cortante Vmin correspondente a armadura mínima será:

Vmin = τwd min . bw d / 1.4 = 577 bw d

Vmin = 35 kN
Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 29

27 - Apoio indireto de vigas

O apoio indireto de vigas acontece quando a viga não estiver apoiada em pilares, mas em
uma outra viga. A viga V6 da fig.32, por exemplo, está apoiada na viga V4.

P10 V5a P7

V3a

V4 V6a P8

V3b

P11 V7a P9

fig.32 - Trecho do pavimento tipo onde aparece a viga V6 apoiada na viga V4

Como é feita a transmissão de carga de uma viga para a outra? Como seria o modelo de
treliça para estas vigas?

A figura 33 está mostrando a transmissão da carga da viga V1 para a viga V2 através das
bielas de compressão. É importante observar que a reação R da viga V1 é aplicada na parte inferior
da viga V2. Assim, é preciso colocar estribos de suspensão bem ancorados na parte de cima da viga
V2 para suspender a carga que chega em baixo.
V1

h1
V2 R
h2

estribos de
suspensão

fig.33 - Transmissão da carga da viga V1 para a viga V2


Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 30

Na fig.34 aparece a distribuição em planta dos estribos de suspensão recomendado por


LEONHARDT para as vigas V1 e V2 da fig.7.33. Os modelos da treliça para as vigas V2 e V1
estão na fig.35.

VIGA V2

h2 / 2 ≥ b1 /2

b1 VIGA V1
h2 / 2 ≥ b1 /2

h1 / 2 ≥ b2 /2

b2

fig.34 - Distribuição dos estribos de suspensão em viga com apoio indireto

R
VIGA V1
VIGA V2
R

fig.35 - Modelos de treliça para as vigas V2 e V1

A força de suspensão é calculada em função das alturas das vigas e da reação R:


h1
F susp = -------- . R sendo R a reação da viga que se apoia
h2
A armadura de suspensão, distribuída no trecho indicado na fig.34, vale:

A susp = 1,4 F susp / fyd


Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 31

28 - Carregamentos próximos aos apoios

O que acontece quando a carga concentrada está muito próxima ao apoio de uma viga?

Quando houver uma carga concentrada muito próxima ao apoio de uma viga, a resistência
ao cisalhamento cresce devido ao efeito de arco. Neste caso, o modelo da treliça apoiada pode ser o
mostrado na fig.36, conforme proposto por SCHAICH. Pela figura podemos observar que uma
parcela da carga é transmitida pela biela C1 e uma outra parcela pela biela C2 e pelo tirante
(estribo) T1.

C1 C2

T1

a ≤ 2h

fig.36 - Modelo da treliça para uma viga bi-apoiada com uma carga concentrada próxima ao apoio

Neste caso, a NBR-6118 permite que a força cortante seja reduzida, tendo em vista que uma
parcela desta carga vai diretamente para o apoio. Desta maneira, o cortante reduzido pode ser
calculado por:

a
Vred = ---------- V sendo a distância da carga até o apoio (a ≤ 2h)
2h

Na fig. 37 está mostrado o cortante reduzido para uma viga simplesmente com uma carga
concentrada próxima ao apoio.

P
a ≤ 2h

Vred

fig.37 - Cortante reduzido para uma carga concentrada próxima ao apoio


Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 32

Os estribos verticais podem ser empregados neste caso para garantir a segurança ao
cisalhamento. Se a carga concentrada for muito grande, pode-se usar grampos horizontais adicionais
(fig.38) para combater o fendilhamento

CORTE AA

A A

fig.38 - Detalhe das armaduras para grandes cargas próximas ao apoio extremo

Se a carga for distribuída, o cortante reduzido será o cortante distante h/2 da face da viga,
conforme mostrado na fig.39 para o caso de uma viga simplesmente apoiada com uma carga
distribuída.

h /2

DV
Vface
Vre

fig.39 - Cortante reduzido para cargas uniformemente distribuídas

Esta redução do cortante pode ser feita para a verificação da tensão de cisalhamento?

Este cortante reduzido não pode ser utilizado na verificação da tensão de cisalhamento do
concreto (τwd ≤ τwu). Esta redução somente pode ser feita para o cálculo das armaduras transversais.
Por quê?
Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 33

29 - Plantas de armaduras

A fig.40 mostra uma planta das armaduras (longitudinal e transversal) de uma viga contínua.
Nesta figura, as barras N3, N5 e N6 foram colocadas para absorver os esforços de tração
proveniente dos momentos fletores negativos. As barras N7 a N11 para os momentos fletores
positivos. Os momentos de solidariedade entre a viga e os pilares de extremidade foram absorvidos
pelas barras N1 e N4. As barras N2 são de amarração para evitar que este trecho fique sem
armadura. Os estribos N12 são distribuídos com espaçamentos menores nos trechos de maiores
esforços cortantes. Por que as barras N6 e N7 estão colocadas na segunda camada?

A fig.41 mostra uma viga simplesmente apoiada com um balanço na extremidade esquerda.
As barras N1, N3 e N4 absorvem os esforços de tração proveniente do momento negativo do
balanço e as barras N6 para o momento positivo no tramo. As barras N2 para garantir a
solidariedade com o pilar de extremidade. As barras N5 são de amarração e as barras N7 formam
os estribos. Por que a armadura inferior desta viga está bem menor do que a armadura superior?
Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 34

VIGA V23 (20x50)

N1- 2 φ 10 -115 N3- 2 φ12,5 - 330 - 1a cam


N4- 2 φ 6,3 -150
N2- 2 φ 6,3 -130
N5- 2 φ12,5 - 260 -1a cam

N6- 2 φ12,5 - 205 - 2a cam

6 φ12,5
A
2 φ10 2 φ 6,3

6 φ10 4 φ10
A

120 170 120 130 160

12 φ N12 c 10 9 φ N12 c 20 12 φ N12 c 10 9φ N12 c 15 7φ N12 c 22,5

N7- 2 φ10 - 250 - 2a cam

N8 - 2 φ10 - 320 - 1a cam N9 - 2 φ10 - 230 - 1a cam

N11- 2 φ 10 -330 - 1a cam


N10- 2 φ10 - 460 - 1 cam
a

CORTE
AA
N12 - 49 φ 6.3 -130

46

16

fig. 40 - Planta das armaduras de uma viga contínua


Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 35

VIGA V34 (20x 60)

N1- 2 φ12,5 - 560 - 1a cam


N2- 2 φ 6,3 -130

N3- 2 φ12,5 - 380 - 1a cam

N4- 2 φ12,5 - 260 -2a cam

6 φ12,5
A
2 φ 6,3

2 φ10
A

220 130 120 140


11 φ N7 c 20 17 φ N7 c 7,5 8φ N7 c 15 7φ N7 c 20

N5- 2 φ6,3 -370 N6 - 2 φ 12,5 -300

CORTE
AA N7 - 43 φ 10 -145

56

16

fig.41 - Planta das armaduras de uma viga simplesmente apoiada com um balanço
Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 36

Bibliografia

[1] LEONHARDT F., Mönnig E., "Construções de Concreto", vols. 1 a 4, 1977, Ed. Interciência

[2] MONTOYA, Jimenéz, Meseguer A.G., Cabré F.M., “Hormigon Armado”, (vols.1 e 2), Ed. Gustavo Gili

[3] ROCHA, Aderson Moreira da - "Concreto Armado" vols.1a 4, ed. Nobel, 20a edição, 1984.

[4] FUSCO Péricles B., "Técnicas de Armar as Estruturas de Concreto", 1994, Ed. Pini.

[5] FUSCO Péricles B., Martins A .R., Ishitani H., “Construções de Concreto”, 1990, apostila USP.

[6] SUSSEKIND, José Carlos, "Curso de Concreto", vol. 1, 1983, Ed. Globo

[7] LONGO, H.I - "Projeto Estrutural de uma Edificação de Concreto Armado", apostila, março 2000.

[8] Norma NBR-6118/78 - "Projeto e Execução de Obras de Concreto Armado", ABNT, 1978.

[9] CEB-FIP Model Code 1990, Bulletin d'Information no 203, Final Draft, jul. 1991

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