Concreto Armado Apostila Vigas PDF
Concreto Armado Apostila Vigas PDF
DE CONCRETO ARMADO
4a edição
abril de 2000
Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 1
1 - Introdução
O projeto estrutural das vigas de edifício consiste em definir o modelo estrutural, determinar
os carregamentos, calcular os esforços atuantes e detalhar as armaduras.
Qual o modelo estrutural mais adequado para representar uma viga de edifício?
Como é feita a definição de sua seção transversal?
Conforme o modelo estrutural escolhido, as vigas podem ser representadas como elementos
de pórticos (planos ou espacial), elementos de grelha ou como estruturas isoladas.
As vigas de edifício são normalmente calculadas com a seção transversal retangular e, caso
seja considerada a contribuição da laje, podem ter a seção em forma de T ou de L (fig.1).
Em determinados casos, as vigas podem ser projetadas de uma forma invertida e são
representadas na planta de fôrmas por linhas tracejadas.
bf
hf
b3 b1
b2
bw
A norma NBR-6118 fornece alguns parâmetros para a obtenção da largura da mesa para a
seção T. Como foram definidos estes valores?
b1 ≤ 0,10 a b3 ≤ 0,10 a
8 hf 6 hf
0,5 b2
É importante salientar que a seção T só poderá ser considerada no cálculo da seção de ferro
longitudinal quando a mesa estiver comprimida. Em caso contrário, se a mesa estiver tracionada, a
viga deve ser calculada com a seção transversal retangular.
Para melhor visualização destas cargas, estes valores são assinalados no Esquema de Cargas
de cada pavimento. Na fig. 3, por exemplo, estão indicadas as cargas na viga V2, que recebe as
cargas das lajes vizinhas, peso próprio, carga da parede, seu peso próprio e a carga da V5,
considerada como uma carga concentrada.
Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 3
V1
PV5
L1 L2
V4b V6b
V5
PV5
V2 PAR PAR
qL1 qL2
qL3 qL3
PP PP
q1 q2
V4a L3 V6a
V3
De que maneira devem ser fornecidos os carregamentos nas vigas se o pavimento for
modelado com elementos finitos de placa para representar as lajes e elementos lineares para
representar as vigas?
Pela NBR-6118, o vão teórico L das vigas é a distância entre os centros dos apoios, não
sendo necessário adotar valores maiores que:
Na prática, se as larguras dos apoios não forem muito grandes, pode-se tomar o vão teórico
L a distância entre os centros destes apoios.
Como definir o vão teórico da viga se as larguras dos apoios forem grandes? Este seria o
caso de um pilar de elevador, por exemplo.
Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 4
A norma NBR-6118 permite que as vigas sejam calculadas como contínuas, sem ligações
rígidas com os apoios, devendo-se observar o seguinte:
a) não serão considerados momentos positivos, nos vãos intermediários, menores do que os
que se obteriam se houvesse engastamento perfeito na viga nas extremidades destes vãos ou, nos
vãos extremos, menores do que os obtidos com engastamento perfeito no apoio interno.
b) quando a viga for solidária com o pilar intermediário, não poderá ser considerado
momento negativo de valor absoluto menor do que o engastamento perfeito neste apoio.
c) quando não se fizer o cálculo exato da influência da solidariedade dos pilares com a viga,
deverá ser considerado obrigatoriamente um momento fletor MEXT nos apoios extremos.
Nos esquemas estruturais das vigas são indicadas as condições de apoio, carregamentos
atuantes, e os comprimentos dos vãos. O esquema estrutural e as cargas na viga V2 do Projeto
Piloto estão mostrados na fig. 4. Nesta figura, podemos observar que esta viga é contínua com dois
vãos e se apoia nos pilares P4, P5 e P6. Nos apoios de extremidade desta viga também estão
indicados os momentos fletores M1 e M2 que representam a solidariedade desta viga com os pilares
P4 e P6. A carga concentrada P é proveniente da viga V7.
M1 q1
q2 M2
Na figura 5, está mostrada a viga V7, simplesmente apoiada nas vigas V1 e V2. Por que
não aparecem os momentos na extremidade neste caso?
q4
O cálculo de uma viga isolada é uma simplificação. A viga está ligada aos pilares e esta
solidariedade deve ser considerada no projeto. O que significa esta solidariedade entre a viga e os
pilares de extremidade?
Quando a viga for calculada isoladamente, a norma NBR-6118 recomenda que deve-se levar
em conta obrigatoriamente um momento fletor MVIG nos apoios extremos da viga (fig.6) dado pela
seguinte equação:
rINF + rSUP
MVIG = MENG . --------------------------
rVIG + rINF + rSUP
I - inércia do elemento
l - vão do elemento
MVIG
MSUP
VIGA
MINF
PILAR
Esta fórmula é interessante pois dá uma noção do grau de engastamento da viga no pilar
extremo. A viga deve ser calculada com o momento MVIG aplicado no apoio de extremo. Na prática,
para evitar que o momento positivo no tramo diminua, pode-se calcular a viga sem este momento e
colocar nas extremidades a armadura para este momento.
P2
P1
3m
MVIG q1 = 20 kN/m
q2 q3
4m 3m 2m
3m
Neste caso, o índice de rigidez da parte superior do pilar será igual ao da parte inferior:
2 x 111
MVIG = MENG . ----------------------
312,5 + 2 x 111
2 x 694
MVIG = MENG . ------------------------
312,5 + 2 x 694
O que aconteceria com este grau de engastamento se o pilar fosse ainda mais comprido?
Na figura 8, por exemplo, estão mostradas as hipóteses de cálculo para a determinação dos
momentos fletores máximos positivos nas seções S1 e S2 e momento máximo negativo na seção
S3. Nesta figura p é a carga permanente e s é a sobrecarga.
s s
p
S1
s
p
S2
s
p
S3
Nas vigas com balanços na extremidade, muito comum em edifícios com varandas, deve-se
considerar as hipóteses de cálculo mostradas na figura 9 para a obtenção do momentos máximos
negativo e positivo.
s
p
S1
s
p
S2
fig.9 - Hipóteses de cálculo para uma viga com um balanço
A análise dos esforços ao longo da viga pode ser feita pelos diagramas dos momentos
fletores. O traçado destes diagramas pode ser feito por programas de computadores. Na fig.10, por
exemplo, está mostrado o diagrama de momentos de uma viga contínua. Neste caso, este diagrama
foi traçado sem o momento de extremidade que foi introduzido posteriormente.
X1
X2
MVIG MVIG
M2 M3
M1
No projeto, deve-se armar as vigas para determinados valores mínimos positivos e negativos
para garantir a segurança da estrutura e evitar que a viga apresente fissuras indesejáveis.
De acordo com a norma NBR-6118, as vigas podem ser calculadas como contínuas, sem
ligações rígidas com os apoios, desde que se considere os seguintes momentos positivos mínimos:
Em cada vão da viga, o momento positivo para o cálculo das armaduras longitudinais deve
ser pelo menos igual a um valor mínimo. Por exemplo, na figura 11 estão indicados os momentos
mínimos positivos para uma viga contínua, considerando que em cada vão a carga seja
uniformemente distribuída.
M3
M2
M1
Como calcular o momento fletor positivo mínimo para o caso de uma carga concentrada
aplicada no vão?
Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 10
Pela NBR-6118, quando a viga for solidária com o pilar intermediário, o momento mínimo
negativo será o momento de engastamento perfeito neste apoio se a relação entre a largura do apoio,
medida na direção da viga, e a altura do pilar for maior do que 1:5.
a H a
pilar
intermediário
viga
XMIN XMIN
Algumas vigas podem estar apoiadas em apoios monolíticos. Não haveria uma redução do
momento negativo neste caso?
Pela fig.13, o momento negativo arredondado XR, será dado em função dos momentos nas
faces do pilar e do momento máximo negativo:
XMAX
XA XB
XR
viga
apoio monolítico
Como verificar se as dimensões das vigas estão compatíveis com o projeto de arquitetura?
hVIGA
pé
direito
PORTA
JANELA
Para que a viga não tenha armadura de compressão (armadura dupla), o valor de kmd (valor
de entrada tabela de dimensionamento) correspondente ao momento máximo Mmax ,deve ser
limitado:
Mdmax
kmd = ----------- ≤ kmdmax sendo kmdmax = 0,219 para o aço CA-50
b d2 fcd
Mas se o valor de kmd for maior do que o seu valor máximo, o que o engenheiro deve fazer?
Se esta condição não for satisfeita, pode-se aumentar as dimensões da viga. Se o momento
for positivo, a viga pode ser calculada como seção T aproveitando-se assim a mesa comprimida. O
aumento da resistência fck do concreto à compressão nem sempre é viável na prática pois
normalmente este fck é único para toda a estrutura. Se nenhuma destas possibilidades for possível,
deve-se então usar mesmo a armadura de compressão.
As seções de ferro das armaduras longitudinais podem ser calculadas pelas tabelas de
dimensionamento, com o seguinte valor de entrada:
Md
kmd = ----------- ≤ kmdmax
b d2 fcd
Com este valor de kmd, pode-se obter kz da tabela e a seção de ferro será então:
Md
As = -----------
kz d fyd
Asmax = 4 % bw h
Uma viga de concreto armado pode ser representada no estado limite último pelo modelo da
treliça idealizada por Mörsch. Esta treliça é formada por bielas (concreto) e tirantes (armaduras),
que representam os campos de tensões de compressão e de tração. Na fig.15a está mostrada uma
treliça com barras dobradas e na fig.15b uma treliça com estribos verticais. Nesta figura, os tirantes
estão representados por linhas cheias e as bielas por linhas pontilhadas.
θ α
M bielas
tirante
z (cotg θ + cotg α) (a)
(b)
A força de tração Td de cálculo no ponto médio M da haste inferior da treliça pode ser
calculada pelas equações de equilíbrio, considerando a seção SS de Ritter passando por este ponto
M, conforme mostrado na fig.16.
Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 14
S
A
θ M
Td
S
Vd
x al
Pela fig.16, a força de tração Td pode ser obtida fazendo-se a soma dos momentos no nó A:
Td= Vd .( x + al ) / z
donde: Td = Md /z + Vd. al / z
Esta equação mostra que neste modelo de treliça a força de tração deve ser majorada. Para
isto, o diagrama de forças de tração é deslocado do valor al. Observando as figs.15a e 16, podemos
obter o valor de al :
sendo η o cociente da área da seção da armadura transversal efetiva pela área calculada
com tensão igual a 1,15 τwd, isto é , sem considerar a redução τc devido ao concreto. Deste modo,
teremos:
1,15 τwd - τc
η = -------------------- ≤ 1 sendo τc dado no item 7.23
1,15 τwd
N1- 2φ 10
lb
N2- 2φ 10
lb A
al
N3 - 2φ 10
lb B
Por que as barras das armaduras estão sendo colocadas com tamanhos diferentes? Elas
poderiam ter tamanhos iguais?
De acordo com a NBR-6118, o comprimento de ancoragem reta das barras tracionadas será
definido a partir do ponto A (fig.17) e terá o seguinte valor:
Ascal lb1 /3
lb = lb1 -------- ≥ 10 φ
Ase 10cm
sendo
φ fyd
lb1 = ------- . ----------
4 τbu
A tensão τbu de aderência última para as zonas de boa aderência (barras inferiores) será:
Para zonas de má aderência (barras superiores), os valores τbu devem ser divididos por 1,5.
Na tabela 2 estão indicados os valores de lb1 em função do diâmetro φ para valores de fck :
lb
lb - nφ
A norma NBR-6118 dá os comprimentos dos ganchos (com ponta reta) das extremidades
das barras das armaduras de tração:
2φ
ganchos semi-circulares
Como saber se as barras longitudinais que chegam ao apoio extremo da viga estão
ancoradas?
Quando a barra termina em gancho no apoio, o comprimento de ancoragem será o mesmo
valor anterior mas a barra deve ser prolongada além da face do apoio de um comprimento mínimo
igual a : r + 5,5φ ≥ 6cm
Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 18
r + 5,5φ ≥ 6cm
lb - nφ
fig.19 - Comprimento de ancoragem de barras que terminam em ganchos nos apoios
Se o ponto A estiver na face do apoio ou além desta face e a força de tração diminuir em
direção ao centro do apoio (fig.20), o trecho da ancoragem será medido a partir dessa face.
Rst = Vd . al / z
Considerando que z ≅ d e supondo que V seja o cortante na face do apoio, temos a fórmula
recomendada pela NBR-6118:
al
Rst = --------- Vd ≥ 0,5 Vd
d
z
θA
A
Rst
lb - nφ Vd
al
A
al
Pela NBR-6118, deve-se prolongar até cada um dos apoios das vigas pelo menos 1/3 da
armadura de tração correspondente ao momento máximo no tramo. Na fig. 21, por exemplo, a
armadura correspondente ao momento máximo no tramo é igual a 9φ12,5 e a armadura até os
apoios deve ser de 3φ 12,5.
As apoio As tramo
N3- 3 φ12,5
N2- 3 φ12,5
N1- 3 φ12,5
Como a armadura no apoio extremo da viga deve também resistir a força de tração Rst , a
armadura deve atender a :
Rst As tramo
As apoio = -------- ≥ ---------
fyd 3
Caso a armadura calculada no apoio extremo não for suficiente, pode-se aumentar a
armadura que vai até o apoio ou então colocar uma armadura adicional para ancorar a força de
tração Rst
Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 20
Se o ponto A estiver na face do apoio interno ou além desta face (fig.22), o trecho da
ancoragem será medido a partir dessa face. Neste caso, não é conveniente colocar ganchos nas
barras para evitar os vazios durante a concretagem nesta região.
lb
≥ 10φ
lb
fig.23 - Ancoragem das barras quando o ponto A está fora do apoio intermediário
Nos apoios internos, é conveniente prolongar também pelo menos 1/3 da armadura inferior
de tração correspondente ao momento máximo no tramo, conforme mostrado na fig. 24.
As (-)
As tramo As apoio
N3- 3 φ12,5
N2- 3 φ12,5
N1- 3 φ12,5
As armaduras devem ser dispostas convenientemente na seção transversal. Para isto, a NBR-
6118 recomenda os seguintes espaços livres mínimos entre duas barras (fig.25):
2cm
espaço livre horizontal eH ≥ φ
1,2 Dmax sendo Dmax dimensão máxima do agregado
2cm
espaço livre vertical eV ≥ φ
0,5 Dmax
Por que deve haver este espaço livre mínimos entre as barras?
C≥ φ
CG
eV
x < 5% h T
eH
Existe alguma limitação quanto ao número de camadas das barras na seção transversal?
De acordo com a NBR-6118, a resultante T nas armaduras de tração só pode ser considerada
x deste centro ao ponto da seção da armadura
concentrada no centro de gravidade de As se a distância
mais afastado da linha neutra for menor do que 5% de h. A fig.7.25 está mostrando o CG da
x
resultante T dos esforços de tração e a distância.
Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 22
20 - Cobrimento de concreto
O cobrimento de concreto nas vigas, que é a distância entre a face externa da viga e a face
externa do estribo, deve ter uma espessura suficiente para proteger as armaduras contra os efeitos
nocivos da corrosão.
O cobrimento (fig.25) deve ser pelo menos igual ao diâmetro da barra da armadura, ou seja,
C ≥ φ e ser definido de acordo com o tipo de revestimento do concreto, a localização da viga e o
meio em que se encontra a estrutura.
O que pode acontecer com as armaduras da viga se estes valores mínimos do cobrimento
não forem respeitados? Como garantir este cobrimento durante a concretagem?
21 - Armadura de pele
Para evitar que apareçam fissuras na zona tracionada de vigas altas, isto é, com alturas
maiores do que 60cm, é preciso colocar uma armadura longitudinal em cada face lateral da viga.
Pela NBR-6118, a seção transversal desta armadura de pele (fig.26) deve ser igual a:
O espaçamento entre as barras não deve ultrapassar a d/3 e 30 cm, sendo que a barra mais
próxima da armadura de tração deve distar mais de 6cm e menos de 20cm (fig. 26).
Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 23
e ≤ d/3
30cm
As armaduras de pele aparecem com muita freqüência nas vigas usuais de edifício?
Para que não ocorra esmagamento do concreto, deve-se também verificar se a tensão
convencional de cisalhamento é menor do que a tensão de cisalhamento última τwu:
Vdmax
τwd = ----------- ≤ τwu sendo Vdmax maior cortante de cálculo atuante na viga
bw d bw largura da nervura da viga
τwu = 0,25 fcd ≤ 4,5 MPa para peças lineares (bw ≤ 5h) com estribos
0,30 fcd ≤ 5,5 MPa para peças lineares (bw ≤ 5h) com barras dobradas e
estribos inclinados a 45o
O que deve ser feito se a tensão convencional de cisalhamento for maior do que a tensão
última? Em que situação isto ocorre?
Se a viga estiver submetida a uma torção, a tensão de cisalhamento τTd devido ao momento
de torção T deve ser limitada a um valor último:
Td
τTd = -------------- ≤ τTu Ae he
2. Ae. he
sendo:
he - espessura da parede fictícia em torno da seção transversal (definida pela NBR-6118)
Ae - área limitada pela linha média da parede fictícia
Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 24
Pela NBR-6118, a tensão última de cisalhamento τTu devido ao momento de torção será:
τTu = 0,22 fcd ≤ 4 MPa para torção simples com armaduras paralela e normal ao eixo da peça
0,27 fcd ≤ 5 MPa para torção simples com armadura inclinada a 45o
τwd τTd
---------- + --------- ≤ 1
τwu τTu
A taxa de armadura transversal ρw pode ser calculada pelo modelo da treliça de Mörsch e
introduzindo a tensão τc no concreto. Para o caso de estribos verticais α = 90o e com a inclinação
da biela θ = 45o teremos:
1,15 τwd - τc
ρw = ----------------------
fyd
2h 2h
A norma NBR-6118 recomenda os seguintes valores mínimos para a taxa de armadura ρw:
A seção Asw da armadura transversal total, compreendendo todos os ramos que cortam o
plano neutro, é calculada em função da taxa de armadura transversal ρw :
Asw = ρw bw s
Se for utilizado um estribo com dois ramos, por exemplo, a seção transversal do estribo será:
Asw / m
Asw / ramo = ----------
2
A seção de ferro transversal pode ser absorvida por barras dobradas e por estribos.
Por que atualmente os estribos são mais utilizados do que as barras dobradas?
Elas não seriam mais econômicas?
Não existe casos em que as barras dobradas são mais indicadas?
25 - Estribos
Nas vigas, é sempre conveniente utilizar estribos pouco espaçados e ancorados com
ganchos. Além disso, como os estribos devem ser colocados em toda a extensão da viga, é
recomendável usar estribos fechados e evitar estribos abertos na parte superior pois estes não seriam
capazes de envolver as armaduras superiores das vigas contínuas.
Nos cantos dos estribos fechados e nos ganchos dos estribos abertos, se não houver barras
longitudinais determinadas pelo cálculo, devem ser colocadas barras de amarração de bitola pelo
menos igual à do estribo.
Os diâmetros φt das barras dos estribos (fig.28) não devem ser muito grandes e devem
respeitar os seguintes valores:
Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 26
φt ≤ bw /12
≥ 5mm
O espaçamento et dos estribos (fig.28), medido paralelamente ao eixo da peça, deve ser:
et ≤ 0,5 d
30 cm
21 φ se houver armadura longitudinal de compressão para aços CA-25 e 32
12 φ se houver armadura longitudinal de compressão para aços CA-40,50 e 60
A CORTE
AA
et A
Os ganchos dos estribos (fig.29) podem ser semi-circulares, em ângulo de 45o e em ângulo
reto.
10φ
5φ 5φ
Em vigas mais largas, podem ser empregados estribos duplos, conforme mostrado na fig.30.
Os estribos duplos poderiam também ser usados em vigas comuns não muito largas?
A distribuição dos estribos ao longo do eixo da viga é feita a partir do diagrama de esforços
cortantes. Na prática, a viga é dividida trechos, sendo que em cada trecho o espaçamento é
diferente.
É possível se fazer uma outra divisão para a distribuição dos estribos na viga?
DV
V1
V2
V3
φ 8c 10 φ 8c 20 φ 8c 10
Exemplo - Determinar o cortante correspondente a armadura mínima para uma viga (12 x 50)
(concreto fck = 20 Mpa e aço CA-50B).
Se tomarmos ρ1min = 0,15% igual a armadura mínima longitudinal, o valor de τc min, temos:
Vmin = 35 kN
Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 29
O apoio indireto de vigas acontece quando a viga não estiver apoiada em pilares, mas em
uma outra viga. A viga V6 da fig.32, por exemplo, está apoiada na viga V4.
P10 V5a P7
V3a
V4 V6a P8
V3b
P11 V7a P9
Como é feita a transmissão de carga de uma viga para a outra? Como seria o modelo de
treliça para estas vigas?
A figura 33 está mostrando a transmissão da carga da viga V1 para a viga V2 através das
bielas de compressão. É importante observar que a reação R da viga V1 é aplicada na parte inferior
da viga V2. Assim, é preciso colocar estribos de suspensão bem ancorados na parte de cima da viga
V2 para suspender a carga que chega em baixo.
V1
h1
V2 R
h2
estribos de
suspensão
VIGA V2
h2 / 2 ≥ b1 /2
b1 VIGA V1
h2 / 2 ≥ b1 /2
h1 / 2 ≥ b2 /2
b2
R
VIGA V1
VIGA V2
R
O que acontece quando a carga concentrada está muito próxima ao apoio de uma viga?
Quando houver uma carga concentrada muito próxima ao apoio de uma viga, a resistência
ao cisalhamento cresce devido ao efeito de arco. Neste caso, o modelo da treliça apoiada pode ser o
mostrado na fig.36, conforme proposto por SCHAICH. Pela figura podemos observar que uma
parcela da carga é transmitida pela biela C1 e uma outra parcela pela biela C2 e pelo tirante
(estribo) T1.
C1 C2
T1
a ≤ 2h
fig.36 - Modelo da treliça para uma viga bi-apoiada com uma carga concentrada próxima ao apoio
Neste caso, a NBR-6118 permite que a força cortante seja reduzida, tendo em vista que uma
parcela desta carga vai diretamente para o apoio. Desta maneira, o cortante reduzido pode ser
calculado por:
a
Vred = ---------- V sendo a distância da carga até o apoio (a ≤ 2h)
2h
Na fig. 37 está mostrado o cortante reduzido para uma viga simplesmente com uma carga
concentrada próxima ao apoio.
P
a ≤ 2h
Vred
Os estribos verticais podem ser empregados neste caso para garantir a segurança ao
cisalhamento. Se a carga concentrada for muito grande, pode-se usar grampos horizontais adicionais
(fig.38) para combater o fendilhamento
CORTE AA
A A
fig.38 - Detalhe das armaduras para grandes cargas próximas ao apoio extremo
Se a carga for distribuída, o cortante reduzido será o cortante distante h/2 da face da viga,
conforme mostrado na fig.39 para o caso de uma viga simplesmente apoiada com uma carga
distribuída.
h /2
DV
Vface
Vre
Esta redução do cortante pode ser feita para a verificação da tensão de cisalhamento?
Este cortante reduzido não pode ser utilizado na verificação da tensão de cisalhamento do
concreto (τwd ≤ τwu). Esta redução somente pode ser feita para o cálculo das armaduras transversais.
Por quê?
Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 33
29 - Plantas de armaduras
A fig.40 mostra uma planta das armaduras (longitudinal e transversal) de uma viga contínua.
Nesta figura, as barras N3, N5 e N6 foram colocadas para absorver os esforços de tração
proveniente dos momentos fletores negativos. As barras N7 a N11 para os momentos fletores
positivos. Os momentos de solidariedade entre a viga e os pilares de extremidade foram absorvidos
pelas barras N1 e N4. As barras N2 são de amarração para evitar que este trecho fique sem
armadura. Os estribos N12 são distribuídos com espaçamentos menores nos trechos de maiores
esforços cortantes. Por que as barras N6 e N7 estão colocadas na segunda camada?
A fig.41 mostra uma viga simplesmente apoiada com um balanço na extremidade esquerda.
As barras N1, N3 e N4 absorvem os esforços de tração proveniente do momento negativo do
balanço e as barras N6 para o momento positivo no tramo. As barras N2 para garantir a
solidariedade com o pilar de extremidade. As barras N5 são de amarração e as barras N7 formam
os estribos. Por que a armadura inferior desta viga está bem menor do que a armadura superior?
Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 34
6 φ12,5
A
2 φ10 2 φ 6,3
6 φ10 4 φ10
A
CORTE
AA
N12 - 49 φ 6.3 -130
46
16
6 φ12,5
A
2 φ 6,3
2 φ10
A
CORTE
AA N7 - 43 φ 10 -145
56
16
fig.41 - Planta das armaduras de uma viga simplesmente apoiada com um balanço
Vigas de Edifícios de Concreto Armado - Henrique Longo 36
Bibliografia
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[4] FUSCO Péricles B., "Técnicas de Armar as Estruturas de Concreto", 1994, Ed. Pini.
[5] FUSCO Péricles B., Martins A .R., Ishitani H., “Construções de Concreto”, 1990, apostila USP.
[6] SUSSEKIND, José Carlos, "Curso de Concreto", vol. 1, 1983, Ed. Globo
[7] LONGO, H.I - "Projeto Estrutural de uma Edificação de Concreto Armado", apostila, março 2000.
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[9] CEB-FIP Model Code 1990, Bulletin d'Information no 203, Final Draft, jul. 1991