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Fazendo Meu Filme4

Este documento é o primeiro capítulo do quarto livro da série "Fazendo Meu Filme". Nele, Fani reflete sobre os cinco anos desde que se mudou para Los Angeles para se afastar de más lembranças. Ela se lembra do dia em que chegou à cidade e da decisão de um novo começo. Agora, ela acorda Ana Elisa para irem visitar alguém juntas.

Enviado por

Alessandra Paula
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Fazendo Meu Filme4

Este documento é o primeiro capítulo do quarto livro da série "Fazendo Meu Filme". Nele, Fani reflete sobre os cinco anos desde que se mudou para Los Angeles para se afastar de más lembranças. Ela se lembra do dia em que chegou à cidade e da decisão de um novo começo. Agora, ela acorda Ana Elisa para irem visitar alguém juntas.

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Pa u l a P i m e n ta

ROMANCE

Fani em busca do final feliz

3ª EDIÇÃO
Pa u l a P i m e n ta

fani em busca do final feliz

3ª edição
Para o Kiko. Que entrou no meio da história.
E mudou tudo...
NOTA DA AUTORA

Para escrever Fazendo meu Filme eu tive que fazer uma


viagem especial: no tempo. Usei as minhas lembranças para
revisitar vários lugares que mencionei nas páginas desta série.
Muito do intercâmbio da Fani foi inspirado na época em
que eu mesma estava prestes a ser intercambista, aos 17 anos,
na Pensilvânia.
Um pouco mais tarde, morei em Londres por um ano e
estive em todos os cenários descritos no segundo livro; usei
muito da minha própria viagem para ilustrar a dela.
E, para escrever os passos da Fani neste quarto livro, esti-
ve na Califórnia para conhecer cada um dos locais por onde
ela passaria, viveria, estudaria e nos emocionaria.
Agora é a sua vez de viajar. Aperte os cintos e embarque
com a Fani em busca do final feliz!
Agradecimentos:

É difícil terminar uma série literária, pois durante o período de


escrita o autor se apega não só aos personagens e à história, mas
também às pessoas que o acompanharam nesse processo.

Mamãe, muito obrigada por ser a minha primeira leitora,


minha conselheira, minha amiga. E muito obrigada também
por não ser como a mãe da Fani! Você é a melhor mãe de todas,
e eu não seria o que sou se não fosse por você.
Papai, meu maior “promoter”. Espero sempre estar à altura
do orgulho que você sente de mim. E muito obrigada
por continuar realizando meus sonhos...
Bruno, mais do que um irmão, meu melhor amigo, fiel escudeiro
e companheiro musical nas horas vagas. Obrigada por existir
e ser tão presente em minha vida.
Kiko, você sabe que nem todas as páginas deste livro seriam
suficientes para agradecer pelo quanto você me ajudou...
Dizer obrigada é muito pouco.
Aninha, Cecília e Elisa, mais do que primas, minhas
amigas-irmãs! Obrigada por terem lido tudo antes de todo
mundo e me darem os melhores conselhos para cada capítulo!
A toda minha família, meu agradecimento
especial pela torcida. Adoro vocês!
Banda No Voice, minhas histórias ficam mais bonitas com suas
lindas canções! Espero que vocês continuem enchendo
de melodia as páginas dos meus futuros livros!
Bia e Roberta, mesmo de longe, obrigada pelo apoio de sempre,
sei que, apesar da distância, vocês estão aí para o que eu precisar!
Aos meus fã-clubes, vocês nem imaginam como
fico feliz com o carinho de vocês! Muito obrigada!
Obrigada às minhas leitoras que se tornaram amigas,
especialmente Marcielle, por toda a ajuda; Paola, pelo apoio
nas entrevistas; Carol Christo, Cinthia Egg e Gui Liaga pelos
conselhos; Ana B. e Marina Diniz, pelas dicas de música e filmes;
Thê, pela ajuda com as citações e pela companhia no cinema.
Além de tantas outras queridas (e queridos!) que me mandam
sugestões, comentários e elogios!
Meus queridos leitores que mandaram depoimentos
para a contracapa, obrigada pelas lindas palavras,
elas me emocionaram muito!
Aos professores que adotam meus livros em sala de aula,
nem sei como agradecer! Mas, especialmente, obrigada
por incentivarem nos alunos o gosto pela leitura!
Ian, mais uma vez, obrigada por você ser meu
“landlord” virtual há tantos anos! Sinta-se à vontade
para me despejar quando quiser, baby!
A todos os blogueiros e blogueiras, muito,
muito obrigada por toda a divulgação! Vocês nem
imaginam como o apoio de vocês é fundamental!
Aos meus queridos amigos do
Grupo Editorial Autêntica.
Nem tenho palavras para agradecer.
Obrigada por tudo. Tudo mesmo.
Nana, Dani, Fafá, Fred, Renata, Mariana,
Marina e todos os meus amigos da época do colégio,
obrigada por terem feito da minha adolescência a melhor de
todas, a ponto de inspirar uma série inteira de livros!

E à Fani... Obrigada por ter mudado a minha vida!


Espero que eu tenha dado a você o melhor
final feliz que alguém poderia escrever!
Para ver as cenas dos filmes e ouvir
as músicas dos CDs, visite:

www.fazendomeufilme.com.br
É apenas uma história...
E esta tem um final feliz.
(Três vezes amor)
Prólogo

Querido Leo,
Sei que esta vai ser mais uma das muitas
cartas que eu escrevo e nunca vou te mandar.
Mas de certa forma, mesmo que você nunca
leia, estas cartas me fazem companhia, elas
permitem que eu me lembre de cada detalhe, de
cada esquina que percorremos – juntos ou não –,
de cada vírgula, de cada sofrido ponto final,
de cada feliz exclamação, de cada uma das
inúmeras interrogações da nossa história. Essas
cartas te trazem pra perto de mim.
Ainda me lembro da primeira vez em que
te vi. Hoje sei que te amei desde o princípio. Tive
que percorrer primeiro o caminho da amizade
para te reconhecer como amor, mas meu coração
já sabia. Ele sabe. E você vai morar dentro dele
eternamente.
Nas minhas recordações, vejo com nitidez
tudo o que veio depois daquele primeiro dia...
O carinho imenso, as risadas, as descobertas, a
paixão. O beijo, a viagem, a tristeza, a saudade, os
segredos, o reencontro.
Hoje ainda me lembro de cada minúcia.
Como se tivesse acabado de acontecer. Como se a
nossa vida fosse mesmo um filme. Como se fôssemos
ser felizes para sempre...
Fani
Parte 1

Fani
1

Rafiki: O passado pode machucar.


Mas da forma como eu vejo, você pode
ou correr dele ou aprender com ele.
(O Rei Leão)

O despertador tocou pontualmente às oito da manhã. Porém,


ao contrário dos outros dias, eu não tive vontade de arremessá-lo à
parede. Na verdade, eu já estava acordada há horas, se é que havia
dormido. Não me lembro de ter sonhado.
Entrei no banheiro e me deparei com um recado pregado no
espelho, com uma letra que eu conhecia perfeitamente.

A Winnie não foi sequestrada e


nem aprendeu a abrir a porta.
Ela está comigo e logo voltaremos! Kisses!

Fui em direção à cozinha e pude notar que a porta do quarto


da Ana Elisa estava aberta. Vi que ela ainda estava dormindo e
resolvi entrar para acordá-la, mas parei quando notei o que ela
segurava com tanta firmeza, com o braço meio dependurado para
fora da cama. Uma foto. Antes de olhar, já imaginei do que se
tratava. Ou melhor, de quem...
“Aninha...”, eu chamei baixinho, para que ela não acor-
dasse sobressaltada. Ela franziu a testa, mas não abriu os olhos.
Passei a mão de leve pelo braço dela e, com cuidado, puxei o
retrato. Sim, era ele. Eu já sabia então como a noite anterior
havia terminado... Dei um suspiro e me sentei na ponta da cama.
“Ana Elisa”, eu disse um pouco mais alto, “desculpa, mas está na
hora. Ontem você me fez jurar que eu te acordaria. Se quiser,
pode ficar dormindo que eu vou sozinha...”.
Ela se sentou rapidamente e perguntou que horas eram, ao
mesmo tempo que pegava o celular no criado-mudo, para confe-
rir o horário por ela mesma.
Achei um pouco de graça na expressão de desespero e sorri
para tranquilizá-la. “Calma... são oito horas ainda. Temos muito
tempo para chegar lá...”
“Mesmo assim, vamos depressa!”, ela disse, se levantando
ainda meio sonolenta. “Não quero que ela fique esperando nem
um minuto.”
“Eu ainda vou tomar banho”, expliquei, enquanto me deita-
va na cama que ela tinha acabado de vagar. E, ao ver o estado do
cabelo dela, acrescentei: “E acho que você deveria tomar tam-
bém...”.
Ela não respondeu, mas entrou no banheiro, me deixando
sozinha no quarto dela. Dei um suspiro e comecei a me lembrar
de tudo o que havia se passado desde aquele ano trágico. E, com
aquela foto na minha mão, mais uma vez tive a certeza de que
não havia sido só pra mim que o tempo parecia não ter passado.
Comecei a recordar o dia em que eu havia chegado a Los
Angeles, cinco anos antes, sem a menor ideia do que me esperava,
sem a menor noção dos meus próximos passos, mas com a certeza
de que aquela era a coisa certa a se fazer.
Cinco anos! Como havia passado rápido. Desde o começo,
eu não me permiti ficar em dúvida em nenhum momento. Ar-
rependimentos durante esse tempo? Nenhum. Desde a hora da
decisão, desde o momento em que eu percebi que ele não tinha
intenção de me dar outra chance, eu soube que não poderia mais
morar ali.
Lembro que, nos primeiros dias, a Tracy me perguntou várias
vezes se eu tinha me mudado de país para me vingar, para tirar dele
a graça de me ver triste, para fingir que eu estava muito feliz, bem
longe. E, embora eu sempre respondesse qualquer coisa, deixando-a

18
com a falsa ilusão de ser aquilo mesmo, no fundo eu sabia que ela
não poderia estar mais enganada.
O motivo da minha mudança nada tinha a ver com revanche.
Muito menos com o que ele viesse a pensar sobre mim. Eu quis
vir para o outro hemisfério por apenas uma razão: eu precisava
me afastar. Eu tinha que estar o mais distante possível. Não ape-
nas dele, mas também das lembranças. E eu estava certa, pois, nas
poucas vezes em que estive no Brasil em todos esses anos, não tive
como não me lembrar. Como não enxergar o Leo a cada esquina.
Mínimos detalhes me convidavam instantaneamente para
uma viagem no tempo. Bastava que alguém falasse sobre o Rio de
Janeiro que eu já imaginava se ele ainda estaria vivendo lá. Para ir
do aeroporto pra casa, eu tinha que passar perto do bairro onde ele
costumava morar, e eu sempre me pegava imaginando se seus pais
e irmãos estariam ali. Até uma vez, quando liguei o rádio, louca
para matar a saudade de ouvir cantores nacionais, fiquei surpresa
com a primeira música que tocou; era uma que eu conhecia muito
bem e que tinha tentado a todo custo apagar da memória... Meu ir-
mão me explicou que a banda No Voice estava fazendo um grande
sucesso, pois a música “Linda” (aquela mesma que estava tocando
naquele momento e que um dia já tinha sido “nossa”) havia entra-
do na trilha sonora de uma novela. Lembro que depois daquilo só
voltei a ligar o som no Brasil quando colocava algum CD trazido
dos Estados Unidos, para não ter perigo de que mais “recordações
musicais” me atormentassem.
Eu ainda estava mergulhada no passado quando ouvi um ba-
rulho vindo da portaria. Em seguida, escutei também o ranger da
porta da sala se abrindo. Dois segundos depois, a Winnie entrou
correndo e pulou na cama da Ana Elisa, me lambendo como se
não me visse há séculos. Ela definitivamente era a única lembran-
ça do passado que não me atormentava.
“Ei, mocinha!”, eu a carreguei no colo. “Já deu seu passeio?
Perseguiu muitos esquilinhos?”
“Ela fez arte hoje!”, a Tracy disse, entrando no quarto. “Ti-
nha um menininho na rua, meio de bobeira com um sorvete na
mão, e a sua ‘filha’ não perdeu tempo!”

19
“Winnie!”, eu a coloquei no chão. “Você roubou o picolé do
menino?”
“Não, ela não roubou”, a Tracy explicou. “Ela só deu uma
lambidinha. Mas, obviamente, a mãe, que estava por perto, ficou
horrorizada e me mandou tirar aquele monstro dali, antes que ele
comesse a mão do filho dela!”
Eu sorri olhando para a minha cachorrinha, tão linda, com
um lacinho cor de rosa na cabeça. “Monstro” seria a última pala-
vra que alguém poderia usar para descrevê-la.
Voltei a olhar para a Tracy pensando no quanto ela havia
aprendido português em todo aquele tempo. Ela falava pratica-
mente sem sotaque e poderia se passar por brasileira, se não fosse
pelos cabelos quase brancos de tão louros e pelos enormes olhos
azuis. Eu ia elogiar sua pronúncia pela milésima vez, mas me
lembrei de que ela sempre ficava meio impaciente e me manda-
va transferir meus cumprimentos para o Christian, pois, segundo
ela, a “culpa” era só dele, por nunca permitir que ela conversasse
com ele em inglês.
“Que olhar perdido foi esse agora?”, ela perguntou me ana-
lisando. “Nostalgia antecipada? Está com pena de deixar a facul-
dade pra trás?”
“Não”, eu disse rindo, pois sabia que ela estava brincando. Eu
adorava a faculdade, mas não aguentava mais esperar para exibir
tudo o que eu havia aprendido. E o momento estava chegando.
“Eu só estava pensando em você. E no Christian”, disfarcei. “Você
viu que saiu novamente uma foto dele no site Star Entertainment?
A legenda era ‘Christian Ferrari arriving at Suri’s birthday’,* e estou
1

bem certa de que você é a loura que aparece no fundo! Puxa, vou
brigar com vocês, falei pro Christian que eu queria conhecer a casa
nova do Tom, por que vocês não me chamaram?”
“Você estava filmando, dear. E foi só uma passadinha rápida.
O Christian tinha gravação na manhã seguinte”, ela falou ligando o
computador da Ana Elisa, provavelmente para checar a reportagem
que eu tinha mencionado. “Onde está a Ana? Na casa do Andrew?”

*
Christian Ferrari chegando ao aniversário de Suri.

20
“Está tomando banho”, eu disse, indo em direção ao meu
quarto. “E eu vou fazer o mesmo, não quero presenciar um ho-
micídio quando ela te encontrar mexendo no computador dela...”
“Ih!”, ela desligou rapidamente e me seguiu. “O que houve?
Eles brigaram de novo?”
Balancei os ombros indicando que não sabia, mas no fundo eu
não tinha dúvidas de que tinha sido exatamente aquilo. Todas as ve-
zes em que ela olhava as fotos do Felipe era mau sinal. Eu já tinha
visto aquela cena outras vezes. E me doía pensar que, em todos aque-
les anos, ainda não havia aparecido outro amor que preenchesse por
inteiro o coração dela. E mais uma vez eu a entendi. Perfeitamente...
“Mas, afinal, o que você está fazendo aqui?”, eu perguntei para
a Tracy, já no meu quarto. “Está um pouco cedo para uma visita
matinal. E nem vem dizer que foi para me prestar um favor levando
a Winnie pra passear, você sabe que eu adoro fazer isso...”
“Ué!”, ela me olhou como se eu fosse louca. “Vou ao aeroporto
com vocês! Acha que eu perderia isso? Posso não morar mais aqui,
mas gosto de pensar que eu ainda faço parte da família... mas, se
você não pensa o mesmo, aqui está a chave que ficou comigo...”
“Boba!”, eu peguei um travesseiro da minha cama e joguei
em cima dela. Eu sabia que ela estava brincando. Eu nem me
lembrava mais de como era a minha vida sem a Tracy. Era como
se eu já tivesse nascido com ela ao meu lado. Como se ela sempre
tivesse sido minha “irmã”. E era desse jeito que a gente se apre-
sentava para as outras pessoas. Por esse motivo, fiquei muito triste
quando ela me contou que ia se mudar para a casa do namorado,
mas ela estava tão feliz que eu tentei a todo custo não demonstrar.
Eu sabia que seria bom para eles, que não se desgrudavam há
anos, mas eu tinha me acostumado à presença constante dela, e
por isso a notícia me deixou um pouco abalada.
Logo após a mudança, eu realmente me senti muito sozinha, o
apartamento ficou vazio, mas, por sorte, menos de um mês depois,
a Ana Elisa me ligou pra contar que estava se formando em Rela-
ções Internacionais na Inglaterra e tinha que cumprir um estágio
obrigatório de seis meses em outro país. Ela explicou que tinha
pensado em escolher os Estados Unidos, para ficar perto de mim, e
eu só faltei gritar no telefone! Era tudo de que eu precisava!

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Nos anos anteriores, apesar de sempre conversar com ela pela
internet, nós havíamos nos encontrado apenas uma vez, quan-
do viajei com a Tracy para Brighton, pra passar com a “nossa”
família inglesa um feriado de Thanksgiving. A Ana Elisa estava
estudando em Londres e pudemos nos divertir bastante durante
aquela semana. Mas eu sentia muita falta da convivência, de vê-la
com mais frequência. Por isso, a possibilidade da vinda dela fez
com que eu ficasse completamente eufórica. Contei na mesma
hora que eu estava com um quarto vago, e ela só precisou fazer
os arranjos para o estágio. Menos de um mês depois ela já estava
morando comigo, no lugar que antes era da Tracy.
Porém, agora, faltando pouco tempo para a volta dela pra
Inglaterra, eu não queria nem imaginar que teria que me separar
da Ana Elisa novamente.
“Acho bom você entrar logo nesse banho”, a Tracy falou, en-
quanto se sentava na minha cama, ainda desfeita. “Nesse horário,
em plena sexta-feira, vamos pegar muito trânsito!”
Eu concordei e entrei no meu banheiro. De repente, me
lembrei de uma coisa.
“Tracy, coloca comida pra Winnie, por favor”, eu disse me vi-
rando. “A ração está no lugar de sempre. Ela deve estar com fome.
Você falou que ela só deu uma lambidinha no sorvete do menino...”
“Sim, senhora!”, ela respondeu se levantando.
Voltei para o banheiro, mas ainda a ouvi dizer no corredor:
“Little Winnie, tenho um novo truque pra te ensinar... Nada de
lambidinhas no sorvete dos menininhos... o negócio é abocanhar
tudo e sair correndo, antes que as mães revoltadas percebam o
que aconteceu...”.
Eu imediatamente liguei o chuveiro para não ter que ouvir
mais nada. Se tinha alguém que não havia mudado nada naque-
les cinco anos, essa pessoa era a Tracy...
Fechei a porta e entrei no banho, ainda pensando no tempo
que tinha se passado. Na semana seguinte, eu já poderia ser cha-
mada de cineasta. Eu ainda me lembrava de todos os detalhes que
tinham me levado até ali. Dei um suspiro e comecei a recordar
cada um deles, desde o primeiro dia...

22
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