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Lágrimas de um Zelador de Santo

Este documento descreve o dia de um Pai de Santo da Umbanda. Ele acordou triste e passou o dia inspecionando detalhadamente o terreiro e o altar. Ele chorou diante do altar, expressando sua dor pela incompreensão das pessoas e as dificuldades em cumprir sua missão. Uma lágrima cristalina lhe disse que seu Orixá sempre estaria com ele e o recompensaria. Naquela noite, seu Orixá, Mentor e Guia o aconselharam a continuar seu trabalho e não se import
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Lágrimas de um Zelador de Santo

Este documento descreve o dia de um Pai de Santo da Umbanda. Ele acordou triste e passou o dia inspecionando detalhadamente o terreiro e o altar. Ele chorou diante do altar, expressando sua dor pela incompreensão das pessoas e as dificuldades em cumprir sua missão. Uma lágrima cristalina lhe disse que seu Orixá sempre estaria com ele e o recompensaria. Naquela noite, seu Orixá, Mentor e Guia o aconselharam a continuar seu trabalho e não se import
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Chão de Umbanda Casuá Data:

do Pai Francisco 20/09/2018


Revisão: 1
Artigo 75 – As Lágrimas de um Zelador de Santo Folha: 1

Aquele Pai estava triste, acordara com o peito


apertado, uma angustia sem motivo aparente,
uma dor na alma que deixava lágrimas.

Passou o dia todo pensativo e foi para o


terreiro mais cedo que o normal.
Entrou, saldou a Tronqueira, saldou o
Quartilhão, saudou o assentamento de Ogum
7 Espadas e encaminhou-se para o interior do
chão sagrado, parou na antepara de Madeirit,
olhou o piso, as paredes, o teto, cada detalhe
que não são percebidos ao longo das giras ou
no simples dia a dia.

Foi caminhando até o Congá, parou e ficou a


olhá-lo, cada Trono dispostos na prancha do
altar, cada detalhe, cada imagem, cada
ferramenta, cada obelisco, cada mineral
sagrado, cada Mandala, cada pedra de
energização, quanto amor fora colocado ali
para que tudo fosse realizado e acontecido
como tinha que ser e tinha sido mandado,
para que um sonho fosse concretizado,
quanta luz aqueles Orixás e Falangeiros já
haviam irradiado, quantas bênçãos.

Olhou para Ogum, grande guerreiro, quantas


lutas.
Olhou as Orixás Femininas e sentiu quanta sabedoria e humildade e assim foi percorrendo
todas as pranchas do altar até se deter no de Oxalá, lindo e alvo, doce e forte, no mais alto
posto onde a tudo vigia, mas que seus olhos já não podiam ver, pois as lágrimas corriam pelo
seu rosto.

Ajoelhou-se na esteira de bater cabeça perante aquele altar e chorou suas lágrimas, uma a
uma foram caindo, lavando o chão sagrado daquele templo. Estava sozinho fisicamente, mas
não estava mais sozinho espiritualmente. Deitou na esteira e continuou a chorar.

As lágrimas roladas daquele Pai de Santo pareciam falar. E falavam doloridamente da


incompreensão das pessoas, dos filhos e de quantos já haviam passado por aquele templo e
nunca mais voltaram por injúria de pensamentos ou ignorância de conhecimento por não
querer aprender o Amor, Fé e Caridade.

As lágrimas roladas falavam do muito que ainda faltava edificar naquele terreiro, e as
condições terrenas não lhe deixava cumprir sua promessa aos Orixás e Guias.

As lágrimas roladas falavam dos rancores, dos ciúmes, da inveja, da injúria, das mágoas e da
ingratidão… falavam das oportunidades perdidas de evolução.
Chão de Umbanda Casuá Data:

do Pai Francisco 20/09/2018


Revisão: 1
Artigo 75 – As Lágrimas de um Zelador de Santo Folha: 2

As lágrimas roladas falavam dos seus filhos que vieram até suas mãos que os acolheu e
acalentou até que eles estivessem prontos para trilharem novos caminhos.

As lágrimas roladas falavam daqueles que partiram para o plano espiritual e deixaram
saudades… e uma a uma as suas lágrimas foram caindo e cada uma delas lhe falava ao
coração, até que a última lágrima rolou pelo seu rosto, só que esta era cristalina e parecia lhe
dizer:

– Filho!!! Eu sou o próprio Orixá que habita em você. Sou cada trono de sua coroa e
posso rolar pelo seu rosto e ir ao chão, mas jamais deixarei de estar em seu coração.
Continue a amparar meus filhos e eu o recompensarei com o mais alto grau do
conhecimento que virá como suas asas da liberdade deste plano terreno que às vezes
pode lhe parecer cruel, mas é só a lapidação do seu espírito.

Aquele Pai de Santo levantou-se, lavou o rosto na bacia de Oxalá, tomou a água de pedra e
partiu para os preparativos da gira do dia. E realizou a melhor função e gira de sua vida até
aquele dia, abençoou todos os seus filhos e compreendeu seu trabalho e sua missão… dormiu
tranquilo, porém naquela noite, levado a um desdobramento, seu Orixá de cabeça apareceu,
ao lado de seu Mentor Espiritual e seu Guia da Coroa e disseram-lhe:

Ogum 7 espadas – Aprenda que a missão de cada um é única e pessoal, entenda que o que
você encara como ingratidão também lhe sirva de lição para não cometer os erros da vaidade
e egos inflados que por muitas vezes afastaram as pessoas de você, aprenda que apesar da
divisão de sacerdócio e seguidor, todos vocês são seres espiritualizados, mas que carregam
um mesmo destino independente da colocação imposta, mas ao final de tudo saiba e não
esqueça da sua missão.

Mentor Espiritual – O que conta não é o que você fez, não são os aplausos, as comendas,
os obrigados, as firmezas, os alinhamentos, os assentamentos ou o reconhecimento das
pessoas e sim o que carrega dentro de si em valores morais e éticos. Muito mais do que isso,
o que conta é o que você fará amanhã, pois um dia você prestará contas de seu interior aquele
que te deu o sopro da vida e te “emprestou” o dom do sacerdócio.

Preto Velho guia da Coroa – Sabe Fio!!! Muitas vezes a vida se torna o seu capataz que te
chicoteia firme e profundamente, para que não se esqueças de viver e lutar pela vida. O que
conta é a palavra dada, o tempo oferecido, a mão estendida, os caminhos mostrados para
que saibam usar o livre arbítrio, a alegria oferecida, o ombro dado para chorar, o enxugar
dessas lágrimas, o sorriso pela felicidade do outro, o beijo da criança fazendo a caretinha de
felicidade e acariciando o seu rosto, a dedicação em entender cada um em suas
singularidades e defeitos. O que importa Fio, é o que nós evoluímos por trabalhar com vocês
dessa casa, os quais você ensinou a caminhar.

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