UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESIGN
Processamento Térmico de Ligas Ferrosas
Relatório da visita técnica ao Laboratório de Caracterização de Materiais (LACAR)
Ciência e tecnologia dos materiais
Profa. Liane Roldo
Jamil Brites
Marina Giongo
Porto Alegre, 2010
Introdução
Este Relatório tem o objetivo de registrar os conhecimentos adquiridos em aula prática
sobre Processamento Térmico de Ligas Ferrosas, realizada no Laboratório de Caracterização
de Materiais do Departamento de Materiais da UFRGS (LACAR).
Durante a visita técnica, foi possível conhecer alguns equipamentos, como o de
medição de dureza (durômetro Rockwell); cortadeira metalográfica, que possui um aparato de
resfriamento que propicia, ao mesmo tempo em que serra o material, a conservação da
temperatura ambiente da peça; forno; microscópio metalográfico, onde conseguimos
visualizar com perfeição as estruturas dos metais e as partículas de primeira e segunda fase.
As atividades desenvolvidas foram: seleção de amostras de materiais de diferentes
durezas; corte de amostras em cortadeira metalográfica; ensaio em esmeril para análise da
centelha do material e definição do índice de carbono; análise de dureza Rockwell;
metalografia com uso de microscópio metalográfico para análise da microestrutura.
1. Materiais selecionados para análise
Os materiais selecionados para análise foram selecionados pelo professor que
ministrou a aula prática. As amostras foram cortadas com cortadeira metalográfica de
resfriamento forçado por uma mistura de água e óleo. Conforme conhecimento do professor
foram selecionados materiais de diferentes durezas, quais sejam:
− Chave de boca;
− Vergalhão;
− Lima;
− Macho de rosca (análise da rosca e do cabo que entra em contato com o
mandril).
2. Processos e análises desenvolvidas
2.1. Ensaio em esmeril
O ensaio em esmeril é realizado para fazer a classificação do teor de carbono de um
aço, em função da forma das centelhas que o material emite ao ser atritado num esmeril.
Desta forma, os resultados conforme aparência das centelhas, foi possível inferir o teor de
carbono de cada material para posterior comparação com os testes de dureza Rockwell. Isto
porque o teor de carbono é uma das variantes que interferem na dureza, assim como os
tratamentos térmicos.
Neste processo, quanto menor a concentração de carbono, menor a quantidade de
fagulhas produzidas e, a intensidade e o formato das centelhas são maiores à medida que a
concentração de carbono também é maior. A figura 1 ilustra o ensaio em esmeril.
Figura 1 - ensaio em esmeril.
Fonte: http://academicos.cefetmg.br/admin/downloads/2104/Aula%201%20-%20Ensaio%20de
%20Materiais.
2.2. Ensaio Rockwell
Uma vez determinado a concentração de carbono nos diferentes aços através da
análise da centelha, necessitava-se de uma aferição da dureza dos mesmos. O segundo
experimento foi então verificar a dureza dos materiais com uso do durômetro Rockwell.
Figura 2 - Durômetro Rockwell.
Fonte: http://www.distribuidorots.com.br/ots/downloads/Ensaio%20de%20dureza.pdf
O ensaio Rockwell é o processo mais utilizado no mundo inteiro, devido à rapidez e à
facilidade de execução, isenção de erros humanos, facilidade em detectar pequenas diferenças
de durezas e pequeno tamanho da impressão.
Neste método, a carga do ensaio é aplicada em etapas, ou seja, primeiro se aplica uma
pré-carga, para garantir um contato firme entre o penetrador e o material ensaiado, e depois se
aplica a carga do ensaio propriamente dita. A leitura do grau de dureza é feita diretamente
num mostrador acoplado à máquina de ensaio, de acordo com uma escala predeterminada,
adequada à faixa de dureza do material.
Figura 3 – Descrição do processo de ensaio de dureza Rockwell.
Fonte: idem
A escala do mostrador é construída de tal modo que uma impressão profunda
corresponde a um valor baixo na escala e uma impressão rasa corresponde a um valor alto na
escala. Desse modo, um valor alto na escala indica que se trata de um material de alta dureza.
Figura 4 - esquema de profundidade produzida e escalas no marcador. Fonte:
idem
As escalas utilizadas para analisar a dureza dos materiais foram a Rockwell B e
Rockwell C. Os materiais mais duros foram medidos na escala Rockwell C e os mais macios
na escala Rockwell B. A tabela 1 confirma o uso destes parâmetros na aula prática.
Tabela 1- escalas de dureza Rockwell. Fonte: idem
Foram realizadas duas etapas de medições, uma primeira etapa com os materiais nas
condições normais e uma segunda etapa após tratamento térmico de têmpera. Para este
processo, as peças foram colocadas em forno a 900°C por 30min e após resfriadas em solução
de água e sal.
Na primeira etapa obtiveram-se os seguintes resultados:
− Chave de boca: 97HRB / 94HRB
− Vergalhão: 86HRB
− Lima: 65HRC / 62HRC
− Macho de rosca (rosca): 32HRC (camada interna) / 67HRC (camada externa)
− Macho de rosca (cabo): 77HRB
. Na segunda etapa, verificou-se diferença, tanto para mais quanto para menos na escala
de dureza dos materiais. Isto se deve a especificidade do tratamento térmico anterior de cada
peça, em alguns materiais foi realizada têmpera e a dureza aumentou, ao passo que em outros
a têmpera realizada foi menor do que a original e a dureza diminuiu. Os resultados da segunda
etapa foram:
− Chave de boca: 60HRC
− Vergalhão: 51HRC
− Lima: 60HRC
− Macho de rosca (rosca): dado indisponível
− Macho de rosca (cabo): 47HRC
2.3. Metalografia com uso de microscópio metalográfico
A terceira etapa da aula prática foi a análise de microestruturas através do microscópio
metalográfico. Neste equipamento foi possível visualizar as especificidades estruturais das
partículas de primeira e segunda fase dos metais. A importância deste procedimento estava
em visualizar com maior clareza as diferenças entre os aços no que tange à estrutura e
composição das partículas.
Dois materiais que foi possível registrar são o ferro fundido cinzento e o ferro fundido
nodular temperado. O primeiro material foi caracterizado como vernicular, eutetóide (fundo
coberto por perlita) e veios de grafita. O segundo material possuía fundo martensítico e grafita
em forma granular.
2.4. Microfusão
Durante a aula prática houve a oportunidade de conhecer o processo de microfusão (ou
cera perdida), que é utilizado para produzir peças pequenas e acabadas, através da injeção do
metal em moldes consumíveis.
As etapas do processo foram explanadas e alguns materiais e equipamentos foram
apresentados. As etapas do processo são:
− Produção do modelo em cera
− Montagem da árvore (cacho)
− Imersão em lama cerâmica
− Chuveirada com refratário
− Fabricação do molde
− Deceragem por vapor
− Fusão e vazamento
− Desmoldagem
− Separação do canal
− Limpeza das peças
2.5. Considerações finais
Esta aula prática proporcionou um melhor aprendizado e clareza dos conhecimentos
de diagrama de fases, propriedades dos materiais e tratamentos térmicos. A prática
complementa a teoria e nos força a fazer associações de conhecimentos muito necessárias ao
nosso desenvolvimento como pesquisadores. A prática também serviu ao propósito de
conhecer o ferramental e os processos disponíveis para pesquisa e desenvolvimento de
produtos. Desta forma, consideramos a visita de grande proveito e muito pertinente ao
conteúdo da disciplina.