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FRANÇA

1) A França continua sendo uma referência no mundo do vinho devido à sua longa história de produção vinícola e conceitos como o terroir, apesar de países do Novo Mundo como Chile, Argentina e Austrália produzirem vinhos de alta qualidade. 2) O sistema de denominações de origem controlada francês (AOC) contribuiu para o prestígio dos vinhos franceses ao estabelecer regras rígidas de produção. 3) A França exportou modelos de vinhos reconhecidos mundialmente como
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FRANÇA

1) A França continua sendo uma referência no mundo do vinho devido à sua longa história de produção vinícola e conceitos como o terroir, apesar de países do Novo Mundo como Chile, Argentina e Austrália produzirem vinhos de alta qualidade. 2) O sistema de denominações de origem controlada francês (AOC) contribuiu para o prestígio dos vinhos franceses ao estabelecer regras rígidas de produção. 3) A França exportou modelos de vinhos reconhecidos mundialmente como
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FRANÇA

Porque, ainda hoje, sempre que se fala de vinho, a França continua a ser a principal
referência, a despeito de que, nos últimos anos, com a ascensão de países do Novo Mundo,
como Chile, Argentina e Austrália, já não se bebam mais tantos vinhos franceses como
no passado? O principal fator não parece ser a qualidade, já que o nível dos vinhos, seja
do Velho seja do Novo Mundo, nunca esteve tão alto.

A primeira parte da resposta reside na história viticultura francesa, que até hoje se mantém
como modelo para produção de vinhos finos em qualquer arte do mundo.

Determinados conceitos, como o de terroir, criado na França, são até difíceis de traduzir
corretamente para outros idiomas. Por outro lado, certos termos aceitos plenamente em
outras línguas, tais como winemaker (enólogo), não tem uma tradução adequada em
francês, mostrando que, mais do que uma diferença de idioma, produzir vinhos na França
é filosoficamente diferente do que no restante do planeta.

O sistema Appellation Contrôlée é outra parte da resposta. Regulamentações. Para que se


possa entender porque esta aderência às regras foi importante para justificar o prestígio
de seus vinhos, tomemos como exemplo um país com até maior tradição que a França
como produtor de vinhos, a Grécia.

Em parte pela total ausência de normas e regulamentos durante séculos, o país teve
importância quase nula no cenário vitivinícola mundial.

Hoje, a situação vem mudando justamente pela implantação de um sistema de


classificação que, embora um tanto confuso para o iniciante, pode aumentar a aceitação
de seus vinhos no mercado internacional.

O prestígio alcançado pelo vinho francês fez com que mais que suas principais variedades
de uva, hoje quase universais, como Chardonnay, Cabernet Sauvignon ou Syrah, a França
exportasse verdadeiros modelos de vinhos, tais como os brancos e tintos da Borgonha e
de Bordeaux. É evidente que este mesmo sistema, que levou o vinho francês à sua
grandeza, desde o início do século 20, pode hoje ser acusado de torná-lo imobilizado e
pouco competitivo em relação aos vinhos de outros países que dispõem de legislações
menos rígidas.
Seria interessante, por exemplo, ver o que os franceses fariam com uvas como a Dolcetto
nos solos graníticos de Beaujolais, ou com a Alvarinho em solos calcários como os de
Champagne. A favor de se adotar normas para o controle da qualidade dos vinhos, poderia
se lembrar que em todas as regiões vitivinícolas do mundo, quando se atinge certo grau
de evolução, procura-se criar um sistema de Apelação de Origem Controlada,
objetivando-se atingir maior credibilidade regional e internacional.

Se isto vai ou não melhorar a qualidade do vinho produzido é outra discussão. Exemplos
positivos e negativos dessa prática podem ser encontrados hoje em todo o mundo, o que
por si só mostra o caráter polêmico da questão.

O que parece mais lógico, no momento, é adaptar os sistemas de Apelação de Origem


Controlada aos tempos atuais, permitindo a incorporação das modernas tecnologias
vitivinícolas, impedindo a sua extinção pura e simples como alguns produtores famosos
sugerem. Desde a criação do INAO (Institut National des Appelations d’Origine) em
1935, os grandes vinhos franceses são regulamentados por esta instituição, que, desde
1949, regula também os VDQS (Vin Delimité de Qualité Supérieur). Desde 1979, o
ONIVINS (Office National Interprofessionnel dês Vins) tornou-se responsável pela
regulamentação dos Vins de Pays e do conjunto dos Vins de Table.
AOC/Vin de Pays e Vin de Table – A quantidade aproximada de garrafas por categoria
produzida por região, em milhões de garrafas. Dados da produção geral (incluso conhaque
e similares) – Aproximadamente 43% é AOC, 27% de Vin de Pays e VDQS, 13% de Vin
de Table e 17% de Cognac/Armagnac e Calvados * Porcentual referente tão somente aos
dados constantes desta tabela, ou seja, dos cerca e 95 % dos vinhos produzidos,
excetuando-se os Cognacs, Armagnacs e Calvados.
O SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DOS VINHOS NA FRANÇA

O sistema francês apresenta quatro categorias com graus de exigência crescentes em


termos de gradação alcoólica e de especificação de origem dos vinhos: Vin de Table,
Vin de Pays, Vin Delimité de Qualité Supérieur (VDQS) e Apellation de Origine
Contrôlée.

APPELLATION DE ORIGINE CONTRÔLÉE (AOC) - É o nível mais alto do


vinho francês e funciona como uma garantia que o vinho foi produzido numa área
designada, de acordo com leis e regulamentos determinados pelas autoridades locais (a
comissão de experts que figuram entre estas autoridades inclui geólogos, enólogos e
representantes dos profissionais).

Estas regras compreendem diferentes fatores da produção vitivinícola, tais como os


limites geográficos da região, as variedades de uvas permitidas, o estilo do vinho, o
sistema de condução da parreira, o rendimento do vinhedo, a data da colheita, os níveis
mínimos de álcool e outras especificações pertinentes à produção dos vinhos.

Algumas AOCs permitem ainda que se façam outras classificações dentro da região
demarcada, de forma a diferenciar vinhos de maior categoria. Esta categoria soma
aproximadamente 431 apelações, que se distribuem por 462 mil hectares, com um total
estimado de 80 mil produtores, que representam por volta de 40% de todo o vinho francês.

VIN DÉLIMITÉ DE QUALITÉ SUPÉRIEUR (VDQS) - A delimitação da área de


produção VDQS não é baseada nas parcelas, mas nas comunas, e as regras e disciplinas
são exatamente as mesmas aplicadas às AOC. Esta categoria hoje não tem maior
importância, estando em vias de extinção. Na prática é um estágio intermediário, de
passagem para a categoria AOC.

VIN DE PAYS - O Vin de Pays se origina numa área designada de grande extensão.
Não apresentaregulamentos tão estritos quanto as duas categorias superiores (AOC e
VDQS) e, até por isso, às vezes é utilizada por alguns produtores que querem se libertar
das normas restritivas da AOC.
O rótulo pode trazer especificada a safra e eventualmente a(s) variedade(s) de uvas
utilizadas para a produção do vinho. Corresponderia à elite dos vinhos de mesa, devendo
apresentar uma gradação alcoólica mínima de 10% na região mediterrânea e 9% a 9,5%
nas outras regiões da França.

Em algumas regiões, a designação “Vin de Pays” também pressupõe recomendação das


castas a serem utilizadas.

VIN DE TABLE - Esta é a menos regulamentada de todas as categorias. Aqui, o


vinho deve ser produzido em qualquer região dentro do território francês, ter gradação
alcoólica superior a 8,5% e inferior a 15%, não se permitindo designar no rótulo a safra
ou as varietais utilizadas na produção do vinho.

AS REGIÕES VINÍCOLAS FRANCESAS

A França se divide em uma


dúzia de regiões vinícolas,
conforme o mapa abaixo. O
Hexágono (referência
comum na literatura sobre
vinhos devido ao formato
do mapa da França) é o líder
mundial na produção de
vinhos, de acordo com a
estatística oficial da OIV de
2004, com cerca de 57.386
milhares de hectolitros (5,7
bilhões de litros). Os
franceses são também,
dentre os grandes
produtores, os maiores
consumidores do mundo, com média de 54,8 litros per capita em 2004 (o “líder” oficial
é Luxemburgo, mas os resultados deste país são considerados pouco confiáveis).
ALSÁCIA

A Alsácia é a única região clássica da França que construiu sua reputação apoiando-se no
conceito de vinhos varietais. A região, de cultura franco-alemã, produz vinhos brancos
muito ricos, com ênfase no caráter frutado, que são adequados tanto quando consumidos
na refeição como quando degustados isoladamente. Não por acaso, são grandes “rivais”
dos alemães em termos de qualidade.

LOCALIZAÇÃO - A Alsácia situase no


nordeste da França, sendo delimitada
pelas montanhas de Vosges a oeste e
pelo rio Reno (Rhin) e pela Floresta
Negra da Alemanha a leste. Do alto das
Montanhas de Vosges, nascem seis rios,
que atravessam cerca de 97 quilômetros
de magníficos vinhedos que totalizam
cerca de 13.500 hectares. CLIMA - Os
vinhedos da Alsácia são protegidos
plenamente da influência do Atlântico
pelas montanhas de Vosges, recebendo
excepcional insolação, com baixíssima
taxa de precipitação pluvial. Isto se
deve ao fato de que as nuvens de chuva
descarregam seu conteúdo na face oeste
dos Vosges, à medida que vão
alcançando maiores altitudes.

ASPECTO - Os vinhedos estão situados nas encostas do Vosges, com orientação leste, a
altitudes entre 180 a 360 metros, com inclinações que variam de 25° nas encostas mais
baixas a 65° nas mais elevadas. Os melhores vinhedos possuem orientação sul ou sudeste,
porém existem excelentes propriedades nas encostas voltadas para o norte e nordeste.
Na década de 70, o excesso de cultivo nas férteis regiões planas deu origem a problemas
decorrentes da superprodução de uvas. Entretanto, alguns vinhedos destas regiões planas
dão origem a vinhos de muito boa qualidade, devido à constituição favorável do solo.

SOLO – A Alsácia possui a constituição geológica mais complexa de todas as grandes


regiões produtoras da França. As três principais áreas, considerando-se sua estrutura e
morfologia são: a borda de silício dos Vosges, as colinas de calcário e os solos de aluvião
da planície.

Os solos dos Vosges incluem colúvio (terras trazidas pelas chuvas que caem sobre as
encostas), areia fértil sobre base de granito, solos de argila e pedras sobre xisto, solos
férteis variados sobre rocha sedimentar de origem vulcânica (onze dos Grands Crus estão
sobre este tipo de solo também chamado de rochas cristalinas) e, finalmente, os solos
pobres e leves, de areia sobre pedregulho arenoso. Aqui, os Rieslings possuem caráter
distinto.

Nas colinas, encontramos solos pedregosos, marrons, alcalinos e secos, sobre base de
calcário; solos marrons e arenosos sobre pedregulho arenoso e calcário; solos pesados e
férteis sobre argila e calcário e solos alcalinos marrons sobre giz e marga.

Nas planícies, o solo de aluvião (trazido pelos rios) é composto de areia, argila e
pedregulhos, além de um solo composto por um material poroso, marrom e pobre em
cálcio, sobre o qual, em alguns lugares se deposita um escuro solo calcário. Vinhos menos
longevos de Riesling e Sylvaner são produzidos aqui.

VITICULTURA E VINIFICAÇÃO - O sistema de condução dos vinhedos os mantém


mais elevados, evitando a proximidade com o solo congelado na época da primavera.
Habitualmente, os vinhos são fermentados até o máximo consumo possível do açúcar,
apesar de atualmente muitos vinhos não serem tão secos como costumavam ser, pois, nos
últimos dez anos, houve drástica redução na quantidade de uvas de cada colheita, com o
objetivo de se conseguir os elevados níveis de açúcar exigidos para a produção de vinhos
“Vendange Tardive” e “Sélection de Grains Nobles”.
As principais variedades de uvas cultivadas na Alsácia são as germânicas Riesling e
Gewürztraminer, a francesa Pinot Gris e a exótica Moscatel, em suas quatro principais
variedades, entre elas as Moscatel branca e rosé “à petit grains” e a Moscatel Otonell.
Também encontramos a Sylvaner, a Pinot Noir, a Pinot Blanc, a Auxerrois e a Chasselas.
Deve-se ressaltar que, na Alsácia, a Gewürztraminer e a Pinot Gris (que é uma uva neutra
em todas as outras regiões), assumem um caráter decididamente spicy, ou seja, picante,
pungente e com toques de especiarias.

Tradicionalmente, a produção na Alsácia é de vinhos brancos secos, bastante frutados,


apesar dos vinhos produzidos com a Gewürztraminer serem menos secos do que os
produzidos com as demais varietais. 90% da produção são de brancos.

O pequeno porcentual de tintos é quase que exclusivamente à base de Pinot Noir. Com a
introdução dos vinhos Vendange Tardive

e Sélection de Grains Nobles, e com a deliberada redução das quantidades de uvas


colhidas, buscando obter maior teor de açúcar, mesmo os “cuvées” mais básicos acabaram
se tornando muito ricos para a produção de um vinho verdadeiramente seco. Em vista
disso, a tendência à produção de vinhos não verdadeiramente secos (off-dry) vem se
espalhando para todas as outras varietais.

OS GRAND CRUS DA ALSÁCIA - A legislação que instituiu os grands crus na Alsácia


data de 1975, porém somente em 1983 é que surgiu a primeira relação de 25 vinhedos
incluídos nessa categoria.

Três anos mais tarde, 25 novos vinhedos entraram na lista, totalizando 50 grands crus,
número que é alvo de intensa controvérsia. Embora em longo prazo deva trazer benefícios
aos consumidores, o fato da legislação restringir o uso da denominação grand cru aos
vinhos 100% varietais das quatro principais uvas (gewürztraminer, riesling, pinot gris e
moscatel), certamente irá inibir o plantio e o desenvolvimento das outras varietais,
privando o mercado de uma gama maior de vinhos de alta qualidade.
PRINCIPAIS PRODUTORES - Os principais produtores da Alsácia, entre outros, são:
Domaine Zind-Humbretch, Domaine Weinbach, E. F. Trimbach, Marcel Deiss, Albert
Mann, Dopff au Moulin, Hugel & Fils, Kuentz-Bas, Bruno Sorg, Paul Blanck.

BORDEAUX

Situada no oeste do país, Bordeaux é a mais famosa região produtora da França e sem
dúvida a sua maior estrela em termos de reconhecimento internacional. A principal
referência geográfica de Bordeaux é o estuário da Gironde, formado pela confluência dos
rios Garonne e Dordogne, em cujas margens situam-se os vinhedos de onde saem alguns
dos mais famosos vinhos do mundo. Na chamada margem esquerda do Gironde situa-se
o Médoc, sede de regiões demarcadas (AOC) muito conhecidas, tais com St-Estèphe,
Pauillac e St-Julien. Aqui são produzidos alguns clássicos de Bordeaux, como, por
exemplo, Château Margaux, Château Lafite- Rothschild, Château Mouton-
Rothschild e Château Latour, para citarmos os Premier Grand Crus Classés, além
de outros vinhos excepcionais como os château Ducru-Beaucaillou, Leoville-Las-
Cases, Cos d’Estournel e Lynch-Bages. Ao sul da cidade de Bordeaux, temos a região
de Graves, com seu Premier Grand Cru Classé, o Château Haut-Brion. Ela abriga ainda a
AOC Sauternes, fonte dos mais nobres vinhos de sobremesa do mundo, cujo mais
conhecido representante é o inigualável Château d’Yquem, produzido com uvas afetadas
pelo fungo Botrytis cinerea, que produz a chamada podridão nobre. Graves é também a
região dos vinhos brancos secos de Bordeaux, geralmente produzidos com as cepas
Sémillon e Sauvignon Blanc. Na margem direita do Gironde, o destaque fica para as
AOCs Saint-Émilion e Pomerol. Os vinhos mais conceituados de SaintÉmilion são os
Château Cheval-Blanc, Valandraud, L’Angélus e Ausone, enquanto que em Pomerol as
grandes estrelas são os Château Petrus, Le Pin, La Conseillant, L’Evangile e La Fleur. As
principais variedades de uvas tintas cultivadas emBordeaux são Cabernet Sauvignon,
Merlot e Cabernet Franc, além da Malbec e da Petit Verdot. Entre as varietais brancas,
destacam-se Sémillon e Sauvignon Blanc, embora a Musacadelle também entre em alguns
cortes.

AS CLASSIFICAÇÕES DOS VINHOS DE BORDEAUX (Classificação de 1855) -


Esta é a mais famosa classificação de Bordeaux e diz respeito aos vinhos tintos do Médoc
e aos vinhos doces de Sauternes.

Foi encomendado pelo imperador Napoleão III para os vinhos que seriam mostrados na
Exibição Universal de Paris, em 1855. Foi organizada uma classificação dos vinhos pelo
Bordeaux Syndicat des Courtiers, baseada nas estatísticas de comércio de várias décadas.
Sessenta châteaux do Médoc e um de Graves foram ordenados em cinco diferentes níveis
(Premier Cru a Cinquième Cru), de acordo com o valor comercial de cada vinho.

Da mesma forma, vinte e seis châteaux de Sauternes e Barsac, foram ordenados em dois
níveis (Premier Cru e Deuxième Cru), com destaque especial para o Château d’Yquem,
único a receber a classificação Premier Cru Supérieur.

Até hoje, a classificação original só mudou uma vez, em 1973, quando o Château Mouton
Rothschild passou de deuxième (segundo) para Premier Cru.

Hoje, esta classificação deve ser vista com reservas, pois, com o passar do tempo, houve
alterações de qualidade. Assim, certos châteaux não mais merecem a classificação
original enquanto outros mereceriam serem promovidos.

CLASSIFICAÇÃO DE GRAVES -1959 - A classificação de Graves foi realizada


originalmente em 1953, pelo Institut National dês Appellations d’Origine (INAO) e
atualizado em 1959. Existe apenas uma categoria, Graves Cru Classé, tanto para vinhos
brancos quanto para vinhos tintos. Todos os 16 châteaux selecionados estão localizados
na AOC Pessac-Léognan.

CLASSIFICAÇÃO DOS MÉDOC CRUS BOURGEOIS - A primeira classificação


dos Crus Bourgeois do Médoc surgiu em 1932, como uma forma de promover os vinhos
de Bordeaux em tempos difíceis. Esta classificação foi atualizada em 2003 por um comitê
de especialistas, voltada basicamente às propriedades que não foram incluídas na
classificação de 1855. Composta por 247 châteaux, esta re-classificação se dividia em
três categorias: Cru Bourgeois Exceptionnel (9), Cru Bourgeois Supérieur (87) e Cru
Bourgeois (151). Todavia, em fevereiro de 2007, após uma questão judicial, fez-se valer
novamente a classificação original, que comportava 447 châteaux. Desde então, todos são
denominados simplesmente Cru Bourgeois.

CLASSIFICAÇÃO DE SAINT-ÉMILION - A primeira edição desta classificação foi


divulgada em 1955 e seu diferencial é que existem revisões periódicas a cada dez anos (a
mais recente foi em 2006). Aqui existem duas categorias: Premier Grand Cru Classé (15)
e Grand Cru Classé (46). Dentro da classificação Premier Grand Cru Classé, dois

produtores, o Château Ausone e o Château Cheval Blanc foram posteriormente


distinguidos com uma honraria, a classificação “A”, enquanto para os restantes foi
reservada a classificação “B”. Todavia, esta reclassificação está também suspensa por
medida judicial.
3-1) MÉDOC – Médoc - significa "terra do meio", nome da mais famosa região vinícola
do mundo, deriva da frase latina medio acquae, literalmente entre as águas, numa
referência direta ao Estuário do Gironde e ao Oceano Atlântico, que são suas fronteiras
naturais ao norte, a leste e a oeste.
É formado por uma estreita e longa faixa de vinhedos de enorme prestígio, que se
estendem a noroeste da cidade de Bordeaux até a Pointe-de-Grave, seu limite ao norte.
Em seu coração está a área clássica de Bordeaux, onde se localiza a maioria dos mais
famosos châteaux, termo que designa as propriedades vinícolas daquela região da França,
independentemente de abrigarem um não um “castelo”.
É difícil de acreditar que esta região, hoje tão valorizada, tenha sido a última área de
Bordeaux a ser utilizada para o cultivo de uvas, pois era constituída de solo pantanoso,
de difícil acesso e onde a viticultura era praticamente impossível.

LOCALIZAÇÃO - A região de Médoc localiza-se na margem esquerda do estuário do


Gironde, que é formado pela confluência dos rios Dordogne e Garonne, no oeste do
território francês, tendo como limites a cidade de Bordeaux, ao sul, e Soulac-Sur-Mer, ao
norte. Divide-se em duas partes: Haut-Médoc, ao sul, e Médoc, ao norte. Esta região era
conhecida como Bas-Médoc, designação que foi abandonada pelos produtores, temerosos
de uma possível conotação negativa para seus vinhos.

CLIMA - As duas imensas massas de água que ladeiam Médoc - o Atlântico a oeste e o
Gironde a leste, atuam como um verdadeiro regulador de temperatura, criando um
microclima ideal para a viticultura. A Corrente do Golfo faz com que a região de Médoc
apresente invernos amenos, verões quentes e outonos longos e ensolarados. O grande
temor dos produtores são as chuvas do final de setembro e início de outubro, quando
normalmente é feita a colheita, que podem diluir as uvas, prejudicando sensivelmente a
produção. A região é protegida dos ventos provenientes do oeste e do noroeste por uma
faixa contínua de pinheiros, que se estende por toda a costa, paralela ao Médoc.

ASPECTO - A região se caracteriza pela presença de encostas montanhosas ondulantes,


de pouca inclinação e por pequenas colinas arredondadas (outeiros). Os melhores
vinhedos podem, literalmente, ver o rio, sendo que praticamente todas as regiões de Haut-
Médoc têm ligeira inclinação desde o topo das encostas até o Gironde. Existem áreas de
solo úmido e macio em pontos isolados de praticamente todas as comunas, nas quais o
cultivo de uvas não é possível. SOLO - Enquanto o subsolo de Médoc é bastante variável,
a camada superficial do solo é praticamente comum a todas as regiões, sendo constituída
por pedregulhos silicosos, de diversos tamanhos, misturados com areia. O subsolo pode
conter pedregulhos até a profundidade de alguns metros, podendo aparecer areia rica em
matéria orgânica (húmus), além de calcário e argila.
SOLO - Enquanto o subsolo de Médoc é bastante variável, a camada superficial do solo
é praticamente comum a todas as regiões, sendo constituída por pedregulhos silicosos, de
diversos tamanhos, misturados com areia.
O subsolo pode conter pedregulhos até a profundidade de alguns metros, podendo
aparecer areia rica em matéria orgânica (húmus), além de calcário e argila.

VITICULTURA E VINIFICAÇÃO - Somente vinhos tintos podem usar a designação


Médoc. A colheita mecânica das uvas é bastante comum e toda a produção é separada do
engaço antes da fermentação do mosto, que é feita em tonéis e tanques de madeira. É cada
vez mais frequente o uso de modernos tanques de aço inoxidável, com controle de
temperatura.
O período de contato com as cascas (maceração) tem duração média de uma a duas
semanas, sendo que alguns produtores chegam a prolongar este período por quatro
semanas. As principais variedades de uvas cultivadas são Cabernet Sauvignon, Cabernet
Franc e Merlot. Petit verdot e Malbec são variedades consideradas secundárias.

ESTILOS DE VINHOS DO MÉDOC - As quatro regiões demarcadas mais famosas -


Margaux, Saint-Julien, Pauillac e Saint-Estèphe, mais duas outras não tão famosas, mas
em franca ascensão – Listrac e Moulis se encontram na região conhecida como Haut-
Médoc, que costuma produzir vinhos finos, estruturados e suculentos.
A região de Haut-Médoc se estende ao norte de Bordeaux, desde a cidade de Blanquefort
até a comuna de Saint Seurin-de-Cadourne, aonorte de Saint-Estèphe. A partir daí, até
Point-de-Grave, os vinhos são classificados apenas como Médoc AOC, sendo produzidos
num estilo muito mais simples que os de Haut-Médoc, com amplo predomínio da uva
Merlot.
Nesta região, nota-se uma influência positiva da tecnologia, que tem contribuído para
transformar vinhos muito robustos e picantes em vinhos de grande riqueza. Os melhores
exemplares têm imenso potencial de guarda, evoluindo de forma admirável com o tempo.
Principais Produtores e em relação aos vinhos produzidos nas regiões demarcadas (AOC)
e Haut-Médoc, pode-se dizer, de maneira genérica, que:

3.1.1 MARGAUX: Ch. Margaux, Ch. Palmer, Ch. Lascombes, Ch. D’Issan, Ch. Kirwan,
Ch. Brane-Cantenac. Os vinhos de Margaux são gentis e aveludados, repletos de charme
e elegância, apesar de serem autênticos vinhos de guarda, que vão melhorar muito com o
envelhecimento.
3.1.2 PAUILLAC: Ch. Lafite-Rothschild, Ch. Latour, Ch. Mouton-Rothschild, Ch.
Lynch- Bages, Ch. Pichon-Longueville Contesse-de-Lalande, Ch. Pichon-Longueville
Baron. Os vinhos produzidos em Pauillac são potentes e estruturados, apresentando com
freqüência ricos sabores de groselhas negras, com toques de cedro e tabaco. São muito
finos e de grande potencial de guarda, sendo considerados por muitos como os melhores
do Médoc.

3.1.3 SAINT-JULIEN: Ch. Léoville-Las Cases, Ch. Léoville-Barton, Ch. Ducru-


Beaucaillou, Ch. Lagrange, Ch. Talbot. Os vinhos de Saint-Julien são elegantes,
apresentando aromas muito puros e bem definidos, com o delicado toque dos Margaux,
mas com mais corpo e estrutura.

3.1.4 SAINT-ESTÈPHE: Ch. Cos D’Estournel, Ch. Montrose, Ch. Haut-Marbuzet, Ch.
Phélan- Ségur, Ch. Calon-Ségur, Ch. Les Ormes de Pez. Saint-Estèphe inclui muitos
produtores pequenos, com vinhos um pouco mais rústicos, porém providos de certo
charme.

3.2 GRAVES - Região abaixo da cidade de Bordeaux que acompanha o curso do


Garonne. O solo é mais arenoso e argiloso, produzindo vinhos tintos mais encorpados.
Sua melhor denominação é Pessac-Léognan. O distrito de Graves localiza-se na margem
esquerda do Garonne, estendendo-se para o sul desde os limites de Bordeaux ao norte até
10 km a leste de Langon. No sudeste de Graves estão localizados os distritos de Cérons,
Barsac e Sauternes.
A região era conhecida pela predominância de brancos sobre os tintos, uma produção até
quatro vezes maior. Hoje, a relação está se invertendo com cerca de 2/3 da produção atual
de tintos. Com a criação de uma appellation para Péssac-Léognan, em 1987, a região de
Graves “perdeu” muito de seus belos châteaux, entre eles um dos cinco ícones de
Bordeaux, o Haut-Brion, mas continua mantendo certo prestígio, sobretudo pelo peso de
nomes como Denis Dubourdieu, considerado um “mago dos vinhos brancos”.
O seu terroir é tão renomado qué um dos raros a emprestar seu nome à denominação
(“graves” são os pedregulhos ou cascalhos típicos da região). Os vinhos são tintos,
brancos secos (Graves) e “moelleux” (Graves supérieures). Estes últimos não incluem os
brancos doces, que possuem sua própria e prestigiosa AOC, Sauternes, dentro do distrito
de Graves.

CLIMA - Muito similar ao do Médoc, porém minimamente mais quente e com discreta
quantidade a mais de precipitação pluvial.
ASPECTO - Mais montanhoso que Médoc, com pequenos vales e inúmeros riachos que
desaguam no Garonne. Alguns vinhedos estão localizados em montanhas muito
escarpadas.

SOLO - Caminhando em direção ao sul, a camada superficial do solo, que é de


pedregulhos, torna-se gradualmente mesclada com areia e às vezes com calcário e argila.
O subsolo também varia, sendo constituído de calcário, argila e ferro. O solo da região é
tido como muito complexo, com muitos estratos que o fazem ser chamados de
“patchwork” (como uma enorme colcha de retalhos).

VITICULTURA E VINIFICAÇÃO - Em Graves, o período de contato das cascas com


o mosto (maceração) varia de 8 a 15 dias, podendo se estender por até 25 dias. O vinho
de prensa é utilizado por alguns produtores. A maturação em carvalho se dá num período
de 15 a 18 meses. As principais varietais são: Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc,
Merlot, Sèmillon e Sauvignon Blanc. São consideradas secundárias as uvas Malbec, Petit
Verdot e Muscadelle.

AS AOC DE GRAVES - São as seguintes: Graves AOC, Graves Supérior AOC e Pessac-
Leognan AOC. A designação Pessac-Leognan foi criada em 1987 e engloba as dez
melhores comunas que têm o direito de usar a AOC Graves, incluindo, não por acaso, os
55 melhores produtores e todos os Grand Crus. O Château Haut-Brion, o único Premier
Grand Cru Classé que está fora do Médoc, fica em Pessac.

3.2.1 PÉSSAC-LÉOGNAN - Compreende uma porção de Graves logo ao sul da cidade


de Bordeaux que se tornou AOC em 1987, e que se vem impondo pela qualidade de seus
vinhos tanto brancos como tintos de excepcional qualidade, inclusive atingindo preços
quase tão altos quanto os do Médoc e Saint-Émilion. Entre seus grandes châteaux,
podemos citar Carbonnieux, Domaine de Chevalier, Haut-Bailly, Haut-Brion, la Mission
Haut-Brion, Pape-Clément, Fieuzal.

3.2.2 SAUTERNES - A área mais importante ao sudeste do distrito de Graves é sem


dúvida a região da AOC Sauternes. É a fonte dos mais prestigiosos vinhos brancos
licorosos do mundo, afetados pela podridão nobre, que encontra nesse terroir a
combinação microclimática perfeita para seu desenvolvimento com as brumas matinais e
o sol da tarde.
CLIMA E GEOGRAFIA - A região de Sauternes é atravessada por um riacho de águas
frias, o Ciron, que se lança em um grande rio de águas mais quentes, o Garonne. Esta
configuração se torna extremamente propícia ao aparecimento das brumas de outono que
se sobrepõe às vinhas. O sol do início da tarde dissipa a neblina, mas deixa um rastro de
umidade que estabelece a condição ideal para a ativação dos esporros da Botrytis cinerea
e também da desidratação dos bagos. Os vinhos da vizinha Barsac têm direito à
denominação Sauternes e, a exemplo do Médoc, existe uma classificação que data de
1855. Dela consta um único Premier Cru Supérieur, o soberbo Châteu d’Yquem, e mais
11 Premiers Crus e 14 Deuxiéme Crus.

VINIFICAÇÃO - Exceto em anos excepcionais, a podridão nobre não se desenvolve por


igual em todo o vinhedo e isso cria a exigência de se realizar muitas operações de vindima
(tries), que é sempre manual, às vezes colhendo-se as uvas botritizadas bago a bago. 3.3)

POMEROL - Pomerol é a região demarcada de Bordeaux onde se produzem vinhos de


altíssima qualidade e reputação. Mas é difícil acreditar que esta pequena área rural na
extremidade oeste do distrito de Saint-Émilion, à nordeste da cidade de Libourne, com
suas fazendas decadentes e raras propriedades que realmente merecem o título de
“Château”, possa produzir vinhos com tal magnitude e preços tão elevados. Embora não
exista uma classificação oficial dos vinhos de Pomerol, o Château Pétrus é aceito
universalmente como sendo o melhor produtor e não lhe deve ser negada uma
classificação equivalente a um Premier Cru. Não é fácil imaginar que um dia Pomerol foi
considerada uma sub-região inferior de Saint-Émilion, obtendo sua independência em
1900. No entanto, mesmo o Château Pétrus só conseguiu fama e prestígio a partir da
metade da década de 60.

CLIMA E GEOGRAFIA - O clima é semelhante ao de Saint-Émilion, ou seja, menos


marítimo e mais continental do que o de Médoc, com grandes variações de temperatura
durante o dia, um pouco mais de chuva durante a primavera e substancialmente menos
durante o verão e o inverno.

Topograficamente falando, Pomerol é uma modesta colina, com o Château Pétrus e o


Vieux- Château-Certan situados em seu centro geográfico, constituindo-se no
prolongamento, em direção leste do chamado Pomerol-Figeac Graves (na verdade, um
terreno de pedregulhos). As vinhas crescem em colinas ligeiramente onduladas, cuja
altitude varia entre 10m e 40m em relação ao nível do mar.

SOLO - O solo de Pomerol, à oeste da auto-estrada nacional, é arenoso, sendo que, à leste
da referida rodovia, onde estão situadas as melhores propriedades, temos o solo de areia
e pedregulhos do Pomerol-Figeac Graves.
O grande diferencial desta região é o seu subsolo, que se constitui de uma verdadeira
panela de ferro, conhecida na região como crasse de fer, com pedregulhos à leste e argila
no centro e ao norte. O Château Pétrus está exatamente no centro do Pomerol-Figeac
Graves, numa formação geológica única, de argila arenosa sobre molasse, um solo
sedimentar pouco permeável e bastante consistente, semelhante ao arenito.

VINICULTURA E VINIFICAÇÃO - As principais uvas de Pomerol são Merlot,


Cabernet France Cabernet Sauvignon, sendo a Malbec uma varietal secundária.
A vinificação é feita pelos métodos tradicionais, ficando as cascas em contato com o
mosto por um período médio de 15 a 21 dias, podendo este tempo variar de escassos 10
dias até longas quatro semanas.
Alguns produtores adicionam o chamado vin de presse, ou vinho de prensa, em
percentagens que variam de acordo com a necessidade da safra. No caso do Château
Pétrus, o vinho de prensa é adicionado antes do período habitual, para que amadureça
junto com o vinho principal, diminuindo assim a costumeira aspereza e a elevada
quantidade de taninos, que lhes são características. Os vinhos de Pomerol costumam
amadurecer em tonéis de carvalho (novo ou não), por cerca de 18 a 20 meses.

3.4 SAINT- ÉMILION - Os romanos foram os primeiros a cultivar uvas em St-Émilion,


uma pequena área da França que tem exportado seus vinhos para diferentes partes do
mundo há mais de 800 anos. Durante a primeira metade do século 20 permaneceu na mais
completa obscuridade, porém nos últimos quarenta anos renasceu das cinzas, para um
futuro bastante promissor. A região demarcada de St-Émilion, tal como hoje a
conhecemos, é um fenômeno do pós-guerra, porém há vários aspectos que nos lembram
seu passado remoto, desde o famoso Château Ausone, que tomou seu nome emprestado
do poeta romano Ausonius, à própria cidade de St-Émilion, que permaneceu praticamente
intacta desde a Idade Média.
LOCALIZAÇÃO - Saint-Émilion está localizada na margem direita do rio Dordogne,
50 quilômetros à leste da cidade de Bordeaux, na costa oeste da França.

CLIMA E GEOGRAFIA - O clima de St-Émilion é menos marítimo e mais continental


do que o de Médoc, com uma variação maior de temperatura durante o dia. Também
chove um poucomais durante a primavera e substancialmente menos durante o verão e o
inverno. A cidade de St-Émilion está situada num planalto, onde as vinhas crescem numa
altitude de 25m a 100m. Estes vinhedos estão situados em encostas bastante inclinadas,
particularmente ao sul da cidade. O planalto se estende para o leste, na forma de colinas
arredondadas, sendo que ao norte e a oeste da cidade, os vinhedos estão plantados em
solo plano.

SOLO - O solo de St-Émilion é extremamente complexo, desafiando qualquer tentativa


de classificações simplistas e inexatas, tais como as que existiam até há bem pouco tempo,
dividindo os vinhos em duas categorias: côtes (ou das encostas) e graves (terrenos de
pedregulhos). Hoje se sabe que existem vários tipos de solos em St-Émilion, e com tal
diversidade de distribuição, que não é raro um mesmo produtor ter suas vinhas espalhadas
por solos bastante diferentes. Podemos dizer que o fator de qualidade dos vinhos de St-
Émilion não é dependente apenas do tipo de solo e sim de um conjunto de fatores que
constituem o chamado “terroir” ou microclima, tais como a drenagem do solo e insolação
dos vinhedos, entre outros.

VITICULTURA E VINIFICAÇÃO - As uvas cultivadas em St-Émilion são Merlot,


Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon e Malbec. As técnicas de vinificação são as
tradicionais para os vinhos tintos, com a maceração durando habitualmente de 15 a 21
dias, podendo, no entanto, em alguns casos, se estender por até quatro semanas. Alguns
produtores fazem uso do vin de presse, porém utilizando apenas o vinho da primeira
prensagem. O uso de barris de carvalho novo para o amadurecimento dos vinhos é a regra
geral. Em média, eles ficam de 15 a 22 meses nas barricas, mas, em alguns casos, esse
período é encurtado para 12 meses.
4 BORGONHA
BORGONHA – AS REGIÕES DEMARCADAS (AOC) E A CLASSIFICAÇÃO
DOS VINHEDOS A. DESIGNAÇÕES GENÉRICAS - A designação Bourgogne
engloba o nível básico dos vinhos tintos e brancos produzidos respetivamente com Pinot
Noir e Chardonnay, plantadas em qualquer lugar da região. Existem enormes diferenças
de estilo e qualidade, porém alguns vinhos interessantes podem ser encontrados sob este
rótulo, provenientes de bons produtores e de vinhedos bem localizados.
Se o vinho for rosado, sempre proveniente da Pinot Noir, a designação será Bourgogne
Rosé, sendo que existem ainda bons espumantes produzidos sob o rótulo de Crémant de
Bougogne.
Os vinhos produzidos com a uva Aligoté, independente da localização dos vinhedos em
toda a região, deverão obrigatoriamente ser chamados de Bourgogne-Aligoté, para
distingui-los dos vinhos produzidos com a Chardonnay.
As recém criadas AOCs Bourgogne-Côte d’Auxerre, Bourgogne-Hautes-Côtes de Nuits,
Bourgogne-Haute-Côtes de Beaune e Bourgogne-Côte Chalonnaise são geograficamente
mais específicas.

As designações genéricas da Borgonha são:

Bourgogne AOC - Esta é a mais básica e a menos prestigiada de todas as designações


da Borgonha, podendo, no entanto, ser muito instrutiva, na medida em que revela o
cuidado que alguns produtores têm com seus vinhos.
É óbvio que, se um determinado produtor consegue produzir um vinho básico de boa
qualidade, muito melhor resultado certamente conseguirá quando estiver lidando com
uvas selecionadas de seus melhores vinhedos, os chamados Premier Cru e Grand Cru.

Bourgogne Aligoté AOC - Estes são vinhos habitualmente de corpo leve e acídulos,
produzidos com a uva Aligoté, com uma adição máxima permitida de 15% de
chardonnay. Com raras e honrosas exceções, os Aligotés são mais bem aproveitados em
mistura com o Creme de Cassis, no famoso aperitivo Kir.

Bourgogne Grand Ordinaire AOC (ou Bourgogne Ordinaire AOC) - São os


vinhos de pior qualidade feitos com a Gamay, porém existem alguns raros exemplares
feitos com a Pinot Noir que podem ter algum resquício de qualidade. As uvas permitidas
para os tintos são a Pinot Noir e a Gamay. Os vinhos brancos são ainda menos
interessantes e não merecem maiores considerações.
Bourgogne Passetoutgrains AOC - Produzido a partir de uma mescla de Pinot
Noir e Gamay, este vinho é um legítimo descendente dos chamados vinhos rurais,ou
vinhos do campo, muito consumidos na região no passado. Naquela época, o
passetoutgrains era produzido a partir de inúmeras variedades de uvas, já que o
proprietário do vinhedo colocava num mesmo tonel para fermentar todas as uvas por ele
cultivadas.

Crémant de Bourgogne AOC - Esta designação engloba os espumantes brancos e


rosados produzidos na Borgonha, sendo que os três maiores centros produtores são o
distrito de Yonne, a região de Mercurey e o Mâconnais.

Bourgogne Mousseux AOC - Desde dezembro de 1985, esta designação é reservada


exclusivamente para os vinhos espumantes tintos da Borgonha, um vinho frisante muito
apreciado nos pubs britânicos antes da guerra e com um toque adocicado que o torna
pouco aceitável para os sofisticados padrões atuais de consumo. As uvas permitidas são
Pinot Noir e Gamay. B.

DESIGNAÇÕES REGIONAIS - Estas são geralmente regiões demarcadas de grande


extensão territorial, representando áreas específicas, tais como Chablis, Côte de Nuits-
Villages, Côte de Beaune-Villages, Beaujolais ou Mâcon.

C. DESIGNAÇÕES COMUNAIS (OU DE VILLAGES) - Na Côte d’Or e na Côte


Chalonnaise, cada comuna possui seus vinhedos legalmente definidos. Os vinhos podem
ser o resultado da mistura de vinhos provenientes de vários vinhedos, situados dentro dos
limites da comuna. Se o vinho é proveniente de apenas um local especificado (lieu-dit),
isto pode ser especificado no rótulo, logo abaixo do nome da região demarcada e sempre
em letras com metade do tamanho.

D. PREMIERS CRUS - Alguns vinhedos situados em locais específicos dentro da área


comunal, geralmente com uma ótima e bem estabelecida reputação, são classificados
como Premier Cru. No rótulo, o nome deste local pode vir ligado ao nome da comuna por
um hífen, como em Mersault-Charmes ou então aparecer logo abaixo do nome da
designação comunal como em Vosne- Romanée Les Malconsorts. Se dois ou mais vinhos
provenientes de vinhedos classificados como Premier Cru estão misturados, no rótulo
aparecerá escrito Premier Cru, porém não serão utilizados nomes individuais. Em
Mâconnais e em Beaujolais não existem Premiers Crus.
E. GRANDS CRUS - Os vinhedos classificados como Grand Cru são em tese os de
melhor qualidade na Borgonha, o que eventualmente pode não se refletir na qualidade do
vinho. Os Grands Crus da Côte d’Or possuem suas próprias designações individuais e
usam apenas seu nome no rótulo, omitindo a comuna na qual estão localizados, já que
este é intrinsecamente superior ao da designação comunal. Com exceção de Corton, na
Côte de Beaune, todos os Grands Crus de tintos estão na Côte de Nuits e com a exceção
de alguns raros vinhos brancos de Musigny, todos os Grands Crus de brancos estão ou
em Chablis ou na Côte de Beaune. Os vinhedos Grand Cru tendem a se localizar muito
próximos entre si, em cada região, em locais onde o solo, a localização do vinhedo e o
meso clima são particularmente favoráveis. Em sua maioria, os melhores Premiers Crus
geralmente estão muito próximos aos Grands Crus, em locais muito menos privilegiados.

REGIÕES VINÍCOLAS DA BORGONHA E SUAS PRINCIPAIS DESIGNAÇÕES

(AOC A Borgonha costuma ser dividida em áreas distintas, onde os vinhos, apesar de
serem produzidos com as mesmas uvas, possuem características próprias, que refletem
diferentes climas e/ou diferentes tipos de solo.

4.1 CHABLIS - Chablis é uma região mundialmente conhecida pela alta qualidade de
seus vinhos, baseados na uva Chardonnay, em sua imensa maioria sem passagem por
carvalho. Em sua melhor forma, são vinhos de elevada acidez, excelente concentração e
extraordinária expressão varietal. Suas principais designações são:

Chablis AC - Plantada no solo de calcário Kimmeridgiano, a uva Chardonnay produz


vinhos que são frescos e florais nos bons anos, com boa persistência, corpo e acidez.

Estes vinhos são bons com um ano de idade e os melhores exemplares podem durar cinco
anos ou mais. Melhores produtores: La Chablisienne, René & Vincent Dauvissat, Droin,
Drouhin, Laroche, Long-Depaquit, de la Maladiére, Raveneau e Verget.

Chablis Premier Cru AC - Os vinhedos Premier Cru estão limitados a 581 hectares
circundando a cidade de Chablis, em ambas as margens do Rio Serein. Os melhores
vinhedos estão ao norte e à leste de Chablis, em ambos os lados dos Grands Crus. Existem
29 Premiers Crus reconhecidos, sendo Montée-de-Tonnerne o mais conceituado,
seguido por Beugnons, Côte de Lechet, Les Forets, Fourchaume, Montmains, Mont
de Mileu, Sechets, Vaulorent e Vaillons.
Possuem boa relação custo/benefício. Seus melhores produtores são os mesmos citados
em Chablis AC.

Chablis Grand Cru AC - Os sete Grands Crus de Chablis ocupam uma área de
apenas 105 hectares, com os vinhedos plantados em encostas de orientação sul, acima da
margem esquerda do Rio Serein, no limite nordeste da cidade de Chablis.
A uva Chardonnay atinge a perfeita maturidade nos solos de calcário solto das encostas e
a produção de uvas é mantida em limites estreitos, para dar ao vinho o corpo e a presença
necessários para refletir o terroir único.
Os Grands Crus são: Blanchots, Bougros, Les Clos, Grenouilles, Les Preuses, Valmur
e Vaudésir. Cada Grand Cru possui características próprias e o estilo final do vinho é
determinado não só por essas características como também pelas diferentes técnicas de
vinificação utilizadas. Os melhores produtores são os anteriormente citados nas outras
designações de Chablis.

4.2 CÔTE DE NUITS - A Côte de Nuits é a parte norte da famosa Côte d’Or, sendo
quase que exclusivamente um território de vinhos tintos. Os vinhedos se estendem rumo
ao sul, desde a periferia de Dijon até a cidade de Nuits-St-Georges. As comunas desta
região produzem alguns dos vinhos mais desejados do mundo, todos produzidos com a
Pinot Noir, que aqui alcança resultados praticamente mágicos. Na Côte de Nuits estão
localizados os principais Grands Crus da Borgonha, tais como Romanée-Conti, La Tache,
Richebourg, Grands Echezeaux, Clos de la Roche, entre outros. As principais regiões
demarcadas (AOCs) são:

Fixin - Fixin localiza-se logo ao sul de Dijon, na porção mais ao norte da Côte d’Or.
Não possui Grands Crus e seus Premiers Crus são sete, a saber: Le Meix Bas, Clos
Napoleon, Clos du Chapitre, Clos de La Perrière, Queue de Hareng, Les Arnelets e Les
Hervelets.
Os vinhos ali produzidos são potentes e robustos, e, com frequência, carecem de elegância
e charme. No entanto, costumam envelhecer bem por cinco a doze anos, podendo lembrar
um bom Premier Cru de Gevrey-Chambertin. Melhores produtores: André Bart, Bruno
Clair, Faiveley, Philippe Joliet e Mongeard-Mugneret.

Gevrey-Chambertin - Gevrey-Chambertin situa-se a cerca de nove km ao sul de


Dijon, sendo a comuna com Grands Crus situada mais ao norte da Côte d’Or. Possui um
total de nove Grands Crus: Chambertin, Chambertin-Clos de Bèze, Chapelle-
Chambertin, Charmes-Chambertin, Griotte-Chambertin, Latricières-Chambertin,
Mazis-Chambertin, Maziyères-hambertin e Ruchottes-Chambertin.
Possui ainda 28 Premier Crus, sendo os mais importantes: Le Clos St-Jacques, Lês
Cazetiers, Aux Combottes, Combe aux Moines, Lavant St-Jacques e Estournelles.
Existe uma grande variação na qualidade e no estilo dos vinhos de Gevrey-Chambertin,
mais do que em qualquer outra AOC da Borgonha.

Os melhores exemplares são relativamente encorpados, com aromas e sabores de frutas


vermelhas e negras, exibindo com frequência aromas terrosos e de carne. Possuem bom
potencial de envelhecimento, dependendo da safra e do produtor.
Alguns dos bons produtores da região são: Rousseau, Leroy, Drouhin, Hospices de
Beaune, Jadot, Hubert Lignier, Roumier e Ponsot. Morey-St-Denis - Morey-St-Denis é
uma minúscula comuna, situada logo ao sul de Gevrey- Chambertin, na porção norte da
Côte d’Or. Possui cinco Grands Crus: Bonnes Mares, Clos St-Denis, Clos de Lambrays,
Clos de la Roche e Clos de Tart. Os Premiers Crus são 20, sendo os mais conceituados o
La Bussière, Clos de Ormes e Monts Luisants.
Os melhores vinhos são potentes, ricos e fragrantes, bastante longevos e com aromas e
sabores de frutas vermelhas e negras.
São mais equilibrados do que os de Gevrey-Chambertin, com maior profundidade e
concentração e um pouco menos de taninos. São vinhos ainda pouco valorizados, quando
comparados com outras regiões mais famosas da Borgonha e, por isso mesmo, muito
procurados pelos verdadeiros conhecedores.

Os melhores produtores são:


Domaine Dujac, Joseph Drouhin, Louis Jadot, Georges Lignier, Hubert Lignier,
Mommessin, Ponsot, Roumier e Domaine Rousseau.

Chambolle-Musigny - A comuna de Chambolle-Musigny possui como limite ao


norte Morey- St-Denis e ao sul, Vougeot. Possui apenas dois Grands Crus: Bonnes Mares
e Musigny. Seus Premiers Crus somam 24, sendo Les Amoureuses, Les Charmes, Les
Baudes, Aux Combottes, Les Combottes e Les Cras os mais conceituados.
Os vinhos de Chambolle- Musigny são considerados os mais leves e delicados tintos da
Borgonha. Isto é atribuído ao solo de calcário e ao fato de que há muitos séculos houve
plantações de Pinot Blanc mescladas à Pinot Noir.
Hoje não mais existe Pinot Blanc, porém os vinhos são claramente menos encorpados e
firmes do que seus vizinhos, mas com um espetacular aroma de frutas vermelhas e flores.
Uma minúscula quantidade de Musigny Blanc é produzida, com preços excessivamente
altos, apesar da boa qualidade do vinho.
Os melhores produtores são: Bernard Amiot, Joseph Drouhin, Domaine Dujac, Faiveley,
Loius Jadot, Domaine Leroy, Georges Mugneret, Georges Lignier, Ponsot, Georges
Roumier e Comte de Vogüé.

4.3 CÔTE DE BEAUNE - Com seu início na grande montanha de Corton, ao norte da
cidade de Beaune, os vinhedos continuam em direção sul até Santenay, próximo a
Chagny, ocorrendo gradativamente o predomínio dos vinhos brancos sobre os tintos, ou
seja, da Chardonnay sobre a Pinot Noir.
Os melhores vinhedos estão no lado oeste da rodovia N74 e as vinhas que estão plantadas
em solos mais compactos, a leste da estrada, são obrigadas a usar a designação genérica
Borgonha, em vez do nome da comuna. As principais regiões demarcadas da Côte de
Beaune são:

Auxey-Duresses - Esta pequena comuna situa-se logo ao sul de Monthélie e a noroeste


de Mersault, com produção de vinhos tintos e brancos. Os vinhos brancos são frescos e
elegantes, comparáveis a um Mersault menor, devendo ser consumidos entre dois e quatro
anos. Os tintos possuem mais fineza que os de Monthélie, sendo também mais macios e
de maturação mais rápida. Possui nove Premiers Crus, sendo Clos du Val, Lês
Duresses e Les Grand Champs os mais conceituados. Os melhores produtores são:
d’Auvenay, Armand, Bouchard, Bouzereau, Coche-Dury, Drouhin, Jadot e Olivier
Leflaive.

Aloxe-Corton - Esta região demarcada localiza-se cerca de 35 quilômetros ao sul de


Dijon e seis quilômetros ao norte da cidade de Beaune, no sopé da Montanha de Corton,
uma enorme elevação coberta de vinhedos. Possui nada menos que 22 Grands Crus (21
para vinhos tintos e um para brancos), que na verdade se resumem a um enorme Grand
Cru, ao qual se acrescentam designações diferentes. Há certo exagero nessa classificação
e os Grands Crus que realmente merecem este título, originando vinhos tintos de
qualidade, são o Les Bressandes, Le Clos du Roi, Les Rénardes e Le Corton.

Savigny-Les-Beaune - A comuna de Savigny-Lès-Beaune situa-se a apenas cinco


quilômetros ao norte de Beaune e produz vinhos tintos leves, com aromas de frutas
(cerejas), com toques terrosos. Não possui Grands Crus e seus Premiers Crus, em número
de 11, podem dar origem a vinhos interessantes, especialmente os da margem norte do
Rio Rhoin (Aux Vergelesses, Les Lavières, Aux Serpentières e Aux Guettes).
Beaune - Beaune é a capital e o coração da Borgonha, localizando-se a apenas 40
quilômetros ao sul de Dijon, sendo a porta de entrada da Côte d’Or. Apesar de não possuir
Grands Crus, seus Premiers Crus dão origem a vinhos muito bons, que nunca conseguiram
entusiasmar os consumidores com a mesma intensidade das regiões da Côte d’Or. Por
esta razão, seus vinhos apresentam preços bem mais acessíveis que seus vizinhos
Pommard e Volnay. O melhor vinho de Beaune vem dos Premiers Crus Les Epenottes,
Le Clos de Mouches, Les Grèves, Les Bressandes, Les Cents Vignes, Clos du Roi, Lês
Marconnets, Les Avaux e Les Sizies.

Pommard - A comuna de Pommard, situada ao sul de Beaune, produz o mais hedonístico


e encorpado vinho da Côte de Beaune, mais rico que o Corton, concentrado e com aromas
exuberantes. Apesar de estigmatizado por ser pouco fino, muito alcoólico e óbvio, o
Pommard proveniente dos melhores produtores pode ser um vinho extraordinário e
multidimensional.

Volnay - Situa-se imediatamente ao sul de Pommard e, tal como Morey-St-Denis na Côte


de Nuits, apresenta elevado nível de qualidade na vinificação de suas uvas e por isso seus
vinhos costumam ser muito interessantes. Os melhores exemplares, particularmente de
vinhedos como Clos de Chênes, Taillepieds, Bousse d’Or, Clos de Ducs e Les Pitures,
oferecem um sedutor e rico caráter frutado.

Meursault - Meursault situa-se imediatamente ao sul de Volnay e é a fonte dos mais


acessíveis e hedonísticos vinhos brancos de toda a Borgonha. A razão é que seus melhores
vinhos são opulentos, quase untuosos, suculentos, com aromas muito intensos de maçã e
manteiga dourada ao fogo.

4.4 CÔTE CHALONNAISE - Os vinhedos da Côte Chalonnaise continuam em direção


sul, a partir da Côte de Beaune, praticamente sem interrupção, sendo que esta área cresceu
muito em importância nos últimos anos. Chardonnay e Pinot Noir continuam sendo as
uvas mais importantes, aparecendo alguns excelentes vinhos da uva Aligoté. Suas
principais designações são:

Rully - Rully é a primeira das grandes comunas da Côte Chalonnaise, situando-se a


alguns quilômetros da cidade de Chagny, com vinhedos de Pinot Noir (53%) e
Chardonnay (43%). Os tintos de Rully são menos bem-sucedidos do que os brancos, por
serem extremamente leves, com aromas e sabores de frutas, com toques herbáceos nas
piores safras. Os brancos não são longevos, porém são extremamente frescos e vívidos,
com um puro caráter de maçã, próprio da Chardonnay.
Alguns produtores mais ambiciosos estão fermentando seus vinhos em barris de carvalho,
conseguindo vinhos mais interessantes e complexos. Rully é também a fonte de um
surpreendente Crémant de Bourgogne, um bom espumante produzido a partir de uma
mistura de uvas aligoté e chardonnay. Melhores produtores: Antonin Rodet, Joseph
Drouhin e Faiveley.

Mercurey - Logo ao sul de Rully, situa-se Mercurey, uma comuna onde predominam
os vinhos tintos (95%), sendo a mais importante da Côte Chalonnaise. Os tintos de
Mercurey variam muito em qualidade, sendo produzidos desde vinhos diluídos, com
vagos aromas de morangos, até vinhos muito ricos em frutas maduras (morangos e
cerejas). Não existem Grands Crus na apelação e apenas seis são Premiers Crus: Clos du
Roi, Clos Voyen, Clos Marcilly, Clos des Fourneaux, Clos des Montaigus e Clos de
Barraults.

Givry - Situada a três quilômetros a oeste de Chalon-Sur-Sâone, Givry é uma AOC de


vinhos tintos (90%) relativamente simples e de bom preço. Seus melhores tintos,
amadurecidos em carvalho, exibem caráter terroso, frutado (cerejas e às vezes
framboesas), com bom corpo, acidez suficiente e taninos para garantir cinco a sete anos
de guarda. Os vinhos brancos são raros e não exibem a mesma consistência dos tintos.
Melhores produtores: Jean-François Delorne, Louis Latour, Domaine Thenard e Gerard
Mouton.

Montagny - Esta é a região demarcada situada mais ao sul da Côte Chalonnaise, com
acres de vinhedos, exclusivamente da uva Chardonnay. Os vinhos brancos dos melhores
produtores, como Antonin Rodet, Château de La Saule e Jean Vachet possuem delicioso
caráter amanteigado, frutas, toques de frutas secas (nozes, amêndoas e avelãs), acidez
marcante e um estilo semelhante a um bom Chassagne-Montrachet genérico.

4.5 MÂCONNAIS - Nesta região, três quartos dos vinhedos são de uva Chardonnay. As
denominações Mâcon e Mâcon Supérieur produzem vinhos tintos, brancos e rosados. Os
tintos costumam ser elaborados com a Gamay, além da Pinot Noir. A denominação
Mâcon Villages, que comporta o grosso de toda a produção, só faz brancos de
Chardonnay. A AOC mais conhecida é Pouilly-Fuissé, com alguns excelentes produtores.

Pouilly-Fuissé - Esta é uma designação exclusiva de vinhos brancos, produzidos com


a uva Chardonnay, cobrindo cinco comunas, todas com direito de usar o nome Fuissé.
Os Pouilly- Fuissé de bons produtores são vinhos acessíveis, com aromas florais e
frutados, geralmente ressaltados pelo uso de carvalho novo, sendo que os melhores
exemplares podem se rivalizar em intensidade de fruta aos vinhos brancos da Cote d’Or.
Melhores produtores: Drouhin, Duboeuf, J. F. Ferret, Château Fuissé, Jadot, Labouré-Roi
e Latour.

St-Véran - Esta designação foi criada em 1971 para classificar alguns vinhos comunais
de superior qualidade no Mâconnais, que possuíam um pouco mais de vivacidade de
frutas do que um simples Mâcon Blanc, porém sem atingir a riqueza de um Pouilly-
Fuissé. Devem ser consumidos jovens. Melhores produtores: Duboeuf, Château de
Fuissé, Verget.

4.6 BEAUJOLAIS - Apesar de teoricamente ser parte integrante da Borgonha,


Beaujolais costuma ser tratado como uma região autônoma. Por uma questão de
coerência, vamos considerar a região como sendo parte integrante da Borgonha. Seus
vinhedos estão entre os mais belos da região. Apenas metade dos vinhos recebe o rótulo
da designação básica Beaujolais, que se constituem em tintos leves, para serem
consumidos dentro de poucos meses após a colheita. Os melhores vinhos vêm das dez
comunas selecionadas ou “crus” de Beaujolais, situados na parte norte da região. A
Gamay é a única uva permitida para Beaujolais tinto, com exceção dos crus Brouilly (que
tem permissão de usar Melon de Bourgogne, Chardonnay e Aligoté) e Côte-de-Brouilly
(que pode usar as Pinots Noir e Gris). A Chardonnay é utilizada para uma minúscula
produção de Beaujolais branco. Os Crus de Beaujolais são:

St-Amour - este Cru de Beaujolais apresenta vinhos com boa concentração de cor,
porém de corpo leve e pouca persistência. Nos bons anos, mostram frutas intensas
(blackberry e framboesa), com corpo médio e textura sedosa. Longevidade de um a três
anos.

Juliénas - um dos melhores Crus de Beaujolais produz vinhos excitantes, ricos e com
ótima concentração de cor. São vinhos frutados (framboesas), exuberantes, de bom corpo,
intensos e relativamente alcoólicos. Podem ser bebidos com 1 a 2 anos ou guardados por
4 ou 5 anos.

Chénas - é o menor dos Crus de Beaujolais, sendo na verdade uma sub-região de


Moulin-a- Vent. Um bom vinho desta região demarcada possui cor intensa e profunda,
com um estilo rico, concentrado e potente. É mais encorpado do que um Juliénas, porém
falta-lhe a elegância e o aroma deste último. Potencial de envelhecimento: dois a quatro
anos.
Moulin-à-Vent - é o Cru de Beaujolais de maior prestígio, com 670 hectares de solo
granítico, o que lhe dá um aroma muito fragrante, além de intensos sabores de frutas. É o
mais potente, concentrado e longevo vinho da região, que com freqüência lembra mais
um tinto da Côte d’Or do que um Beaujolais. Tipicamente, apresenta textura sedosa e é
conhecido como sendo o Rei de Beaujolais. Potencial de envelhecimento: quatro a seis
anos.

Fleurie - considerado um dos melhores Crus de Beaujolais, com cerca de 800 hectares
de extensão, assentados em solo baseado em granito, que é perfeito para a uva gamay.
Conhecido como Rainha de Beaujolais, seus vinhos exibem um puro, sedoso e sedutor
caráter frutado, com grande riqueza. Potencial de envelhecimento: dois a quatro anos.

Chiroubles - considerado o mais etéreo dos Crus de Beaujolais, possui notável caráter
aromático de frutas muito delicadas. É vinho de rápida maturação, devendo ser
consumido dentro de dois anos após a safra.

Morgon - é o segundo maior Cru de Beaujolais, com cerca de 1030 hectares de vinhedos.
Existem dois estilos de Morgon, dependendo do local onde o vinhedo se encontra. Os
vinhedos da Côte de Py dão origem a vinhos muito ricos, frutados, suculentos e robustos,
com ótimo potencial de envelhecimento, que dão a Morgon a reputação de produzir os
mais longevos Beaujolais. Os vinhedos da região plana de Morgon dão origem a vinhos
muito menos concentrados, que devem ser consumidos jovens. Não é raro que os
produtores usem uma mescla de vinhos dessas duas procedências. Os melhores
exemplares de Morgon ganham sabor semelhante ao de um Borgonha após cinco a seis
anos de adega.

Régnié - elevado à categoria de Cru em 1989, Régnié possui 3 estilos diferentes de


vinhos. Mais ao norte se produz um vinho robusto e marcado pelos aromas de cerejas,
kirsch, framboesas e, em alguns casos, bananas. É um estilo muito semelhante ao Morgon.
Ao sul, os vinhos são mais florais, com mais cassis, acidez elevada e menor concentração
de cor, se assemelhando mais ao estilo dos vinhos de Brouilly. Finalmente, na parte oeste
da região surgem os vinhos mais originais e talvez mais típicos de Régnié. Estes possuem
aromas intensos decassis e framboesas, e parece uma síntese de Brouilly e Morgon. Nesta
seção, destacamos as regiões indicadas de La Plaigne, Vernus, Lês Forchets e La Tour
Bordon.
Brouilly - Cru de maior produção em Beaujolais, com grande quantidade de vinhos de
qualidade medíocre, o que tira o brilho de alguns excelentes produtores da região. Os
melhores vinhos são relativamente leves, aromáticos e frutados, que podem combinar o
charme de um excelente Chiroubles, com as frutas sedutoras e a consistência de um
Régnié. Potencial de envelhecimento: um a três anos.

Côte de Brouilly - com seus vinhedos situados nas encostas da parte mais alta do
Mont de Brouilly e, portanto com melhor exposição ao sol, os vinhos deste Cru de
Beaujolais são em geral mais concentrados e vigorosos do que os de Brouilly. Por lei,
devem possuir grau mínimo de álcool mais elevado que os de Brouilly. Potencial de
envelhecimento: dois a cinco anos.
5 VALE DO RHÔNE
O Rhône, um dos mais importantes rios da Europa, abriga em suas margens imensa
quantidade de vinhedos, desde a região de Visp, ainda na Suíça, a apenas 50 quilômetros
de sua origem nos Alpes, até os vinhedos Vin de Pays de Bouches-du- Rhône. Em termos
de viticultura, podemos dividir o Vale do Rhône em duas regiões distintas: o norte,
dominado pela uva Syrah, e o sul, fortemente influenciado pela Grenache. Aliás, norte e
sul apresentam diferenças muito mais marcantes do que apenas o terroir ou o clima, pois
envolvem também aspectos sociais, culturais e gastronômicos.

5.1 NORTE DO RHÔNE - O norte do Rhône é o domínio da Syrah, uma uva clássica,
de cor intensa e aromas marcantes. Essa região abriga as clássicas designações de
Hermitage e Côte- Rôtie, cujos melhores vinhos se equiparam aos Crus Classés de
Bordeaux. É ali também que se localizam as famosas regiões demarcadas de Condrieu e
Château Grillet, ambas de vinhos brancos, assim como a surpreendente Clairette de Die,
com seus vinhos espumantes.

LOCALIZAÇÃO - A estreita tira de vinhedos que pertencem à região norte do Rhône


se estende desde Vienne, ao sul de Lyon, até a cidade de Valence.

CLIMA - O Mediterrâneo têm leve influência no norte do Rhône, mas o clima aqui sofre
uma decisiva influência continental. Isso resulta num padrão climático de verões quentes
e invernos frios, que se aproxima mais do padrão do sul da Borgonha do que do sul do
Rhône. O fator climático que esta região do Rhône tem em comum com a porção sul é o
mistral, um vento frio que pode alcançar até 145 km por hora, capaz de desnudar uma
parreira de suas folhas, brotos e até frutos. As parreiras localizadas em regiões por onde
passa o mistral costumam ser protegidas por árvores, como os ciprestes. O vento, no
entanto, pode ter um efeito benéfico, ao secar as uvas quando existe umidade na época da
colheita. Aspecto A paisagem dessa região é menos árida que a do sul, com cerejeiras,
pessegueiros, castanheiras e outras árvores, e com os vinhedos plantados em encostas
muito inclinadas, em terraços.

SOLO - O solo do norte do Rhône é, na maior parte, granítico e xistoso, bem drenado e
de textura leve. Na Côte-Rôtie, é composto de granito e areia, com calcário arenoso nas
encostas da Côte-Blonde e areia argilosa, rica em ferro, nas da Côte Brune, diferenças
estas que se refletem no tipo de vinho produzido em cada uma das encostas. Em
Hermitage, o solo é granítico-arenoso, ressaltando-se que em Condrieu este mesmo solo
é recoberto por uma fina camada de solo de decomposição, constituído de pederneira,
mica e giz, quando então recebe o nome de arzelle. Em Crozes-Hermitage, o solo é mais
denso, com camadas de argila, sendo que em St-Joseph e St- Peray aparece um solo
granítico-arenoso com alguma argila. À medida que se caminha para o sul, o solo se torna
mais pedregoso, com ocasionais ocorrências de calcário e argila.
VITICULTURA E VINIFICAÇÃO - Os vinhos do norte do Rhône, em sua imensa
maioria, são produzidos com a uva Syrah, no caso dos tintos, e com a Viognier, no caso
dos brancos. Outras varietais são permitidas, porém raramente usadas. As operações
viticulturais são extremamente difíceis e custosas na Côte-Rôtie e em Hermitage, devido
à localização das vinhas, situadas em terraços debruçados sobre as íngremes escarpas.
Esta é uma das principais razões do alto custo dos vinhos destas regiões, já que é
praticamente impossível qualquer tipo de mecanização nos cuidados e na colheita das
uvas. As técnicas de vinificação são bastante tradicionais e, quando o vinho é
amadurecido em madeira, a ênfase no uso de carvalho novo é menor do que, por exemplo,
em Bordeaux e na Borgonha. As principais regiões demarcadas (AOC) do norte do Rhône
são:
Côte-Rôtie - É na Côte-Rotie que se produzem os mais elegantes e complexos vinhos da
uva Syrah em todo o mundo, onde ela atinge, sem qualquer dúvida, sua máxima
expressão. Os Côte-Rotie dos melhores produtores, especialmente os Guigal, são a
quintessência da Syrah. A região demarcada, criada em 1940, produz somente vinhos
tintos (aos quais se podem acrescentar por lei, até 15% de uva branca Viognier, o que
poucos produtores fazem). Os Côte-Rôtie são intensamente fragrantes, de nariz instigante
e complexo, exibindo aromas e sabores de cassis, framboesas negras, defumado, bacon,
violetas, azeitonas e carnes grelhadas, além daqueles aportados pelo carvalho novo, tais
como tostado, chocolate e pão grelhado (pain grillé). Além disso, os Côte-Rôtie são
elegantes e potentes, bastante profundos e consistentes, com corpo médio a plenamente
encorpado e com níveis de acidez surpreendentes para toda a maturidade e potência que
possuem. Entre os grandes vinhos da Côte-Rôtie, podemos citar: Guigal (La Landonne,
La Mouline, La Turque e Château D’Ampuis); Chapoutier La Mordorée, Clusel-
Roch Lês Grandes Places, Jamet, René Rostaing La Landonne e Côte Brune, Louis
de Vallouit Les Roziers, Vidal-Fleury La Chatillone.

Hermitage - Hermitage, uma das mais nobres regiões demarcadas do Rhône e da


França, possui uma longa e interessante história, havendo relatos da produção de uvas na
região desde o ano 500 AC. Situada próxima à cidade de Tain l’Hermitage, apresenta
grandes elevações, com extraordinária exposição ao sol, sendo que os vinhedos são
distribuídos em encostas bastante escarpadas. Some-se este fato ao solo de granito em
decomposição e terse- á uma pálida idéia da dificuldade que se enfrenta para cultivar uvas
nessa região. Em Hermitage se produzem vinhos tintos e brancos, sendo que nos
primeiros se utiliza a uva Syrah. As uvas brancas empregadas são a Marsanne e, em menor
escala, a Roussanne. Os vinhos tintos, encorpados, potentes e muito longevos,
caracterizam-se por intensos aromas e sabores de cassis, pimenta negra, alcatrão e frutas
vermelhas e negras, muito maduras. Com o envelhecimento, surgem aromas de cedro,
especiarias e cassis, que podem muito bem lembrar um Premier Cru de Pauillac.
Os brancos apresentam aromas de abacaxi mesclado com flores (acácia), pêssego e toques
de mel. Com 15 anos ou mais de idade surgem aromas de nozes tostadas e mel, podendo
evocar um Jerez fino. Os vinhedos mais famosos de Hermitage são Les Bessards, Les
Beaunes, Lês Diognières, L’Hermite, Le Méal, Péleat, Les Rocoules e Les Graffieux,
cada um com suas próprias características de solo, dando origem a vinhos distintos.

Crozes-Hermitage - Crozes-Hermitage é uma região demarcada muito maior que a


de Hermitage e, em que pese o fato de produzir alguns raros vinhos de excepcional
qualidade, a grande maioria é constituída de vinhos com pouco caráter e distinção. Seu
perfil aromático lembra o de Hermitage, porém com muito menos intensidade. Aqui, a
Syrah não consegue atingir o mesmo grau de maturidade que alcança em Hermitage,
exibindo, no entanto, nos melhores exemplares, atrativos aromas de cassis, com toques
de especiarias e tostado. Os melhores vinhos de Crozes-Hermitage são: Chapoutier Les
Varonnières, Alain Graillot La Guiraude, Paul Jaboulet Aîné Domaine de
Thalabert, Laurent Colombier Clos dês Grives e Domaine du Pavillon Cuvée Vieilles
Vignes (Stephane Cornu).

Condrieu - Esta é a melhor apelação de vinhos brancos de todo o Rhône, produzidos a


partir da uva Viognier. Os vinhos são habitualmente secos, porém intensamente
aromáticos, revelando delicados toques florais e frutados, que lembram rosas, violetas,
pêssegos e damascos, além de notas de mel nas safras mais ricas. As frutas são tão
perfumadas que podem dar uma falsa sensação de doçura, com muita riqueza, elegância
e fineza. Melhores produtores: Yves Cuilleron, E. Guigal, Andre Perret, Philippe Pichon,
Georges Vernay.

St-Joseph - Alguns vinhos interessantes são produzidos sob esta designação. Os tintos
de melhor expressão são escuros, de corpo médio ou plenamente encorpados, com aromas
intensos de groselhas negras e amoras, e sabores de frutas muito marcantes. Os brancos
costumam ser ricos, com toques cítricos e resinosos. Melhores produtores: Domaine
Chave, Paul Jaboulet Aîné, M. Chapoutier (Lês Granites), Louis de Vallouit.

St-Peray - Designação exclusiva de vinhos brancos, produzidos com as uvas Roussanne


e Marsanne, densos e frutados, com boa acidez, porém pouco interessantes e desprovidos
de charme. Melhores produtores: Auguste Clape, Marcel Juge e Jean Lionnet.
Cornas - Esta região produz vinhos de excelente relação custo/benefício, de boa
qualidade e com potencial de envelhecimento que pode variar entre sete e 20 anos. Os
vinhos tintos são produzidos exclusivamente da uva Syrah, sendo muito escuros e
encorpados, generosos em groselhas negras e amoras, com menos fineza que um
Hermitage ou um Côte-Rotie.
Melhores produtores: Auguste Clape, Paul Jaboulet Aîné, Jean Luc Colombo, M.
Chapoutier e Delas.

5.2 SUL DO RHÔNE

O sul do Rhône é o domínio da uva Grenache, que apesar de ser encontrada na imensa
maioria dos vinhos ali produzidos, tem que dividir o território com outras varietais, que
podem ser encontradas em vinhos de diferentes estilos e níveis de qualidade.

LOCALIZAÇÃO - O sul do Rhône inicia-se em Viviers, 50 quilômetros ao


sul de Valence, estendendo-se ao sul, rumo a Avignon.

CLIMA - O clima é inegavelmente mediterrâneo, por isso os vinhedos estão


muito mais sujeitos a temporais do que seus vizinhos do norte.

SOLO - O solo possui o predomínio do calcário, às vezes com argila, sendo


as camadas superficiais ricas em pedras. Em Châteauneuf-du-Pape são
famosas as grandes pedras redondas de cor creme e em Gigondas aparece
um solo de marga-pedregosa. Ainda podem ser encontradas áreas de argila
pedregosa, argila arenosa, calcáreo argiloso e grandes pedregulhos.

VITICULTURA E VINIFICAÇÃO - As vinhas são geralmente plantadas


com inclinação em direção ao vento, permitindo que o vento mistral as
empurre para cima, enquanto amadurecem suas uvas.
Nesta região predominam os vinhos de corte, provenientes da mistura de
diferentes varietais. O clássico Châteauneuf-du-Pape pode conter uma
mescla de até 13 varietais, embora a maioria contenha apenas quatro ou
cinco. Os métodos tradicionais de vinificação ainda podem ser encontrados,
porém, a utilização de técnicas modernas é hoje muito mais freqüente.
Atualmente, os vinhos varietais estão ganhando terreno na região.

PRINCIPAIS VARIETAIS - As principais uvas são: Grenache,


Mourvèdre, Cinsaut e Carignan. A Syrah, apesar de secundária, aparece
sempre em maiores proporções nos vinhos de melhor qualidade. Nas uvas
brancas, merecem destaque a Muscat, a Marsanne, a Rousanne e a Viognier.

AS PRINCIPAIS REGIÕES DEMARCADAS DO SUL DO RHÔNE

Châteauneuf-du-Pape - Châteauneuf-du-Pape, tanto do ponto de vista qualitativo quanto


quantitativo, é uma das regiões demarcadas mais importantes do vale do Rhône. O
potencial da região é imenso, porém ainda falta muito para que seja atingido em sua
plenitude, já que dos cerca de 300 produtores da região, menos de 50 conseguem produzir
vinhos de boa qualidade. No entanto, deve-se ressaltar que em nenhum outro local da
França existe uma combinação tão apropriada de solos magníficos e microclimas
adequados, com enorme quantidade de vinhedos muito antigos. O nome Châteauneuf-du-
Pape deriva da rica história da região e de sua proximidade da cidade de Avignon, onde,
entre 1309 e 1378.

Gigondas - Até 1971, Gigondas era apenas mais uma das “villages” da Côte-du-Rhône,
quando então foi distinguida com sua designação própria. Em sua imensa maioria, os
vinhos ali produzidos são tintos (93%), baseados na uva Grenache Noir.

Vacqueyras - Elevada à categoria de região demarcada em 1990, Vacqueyras é


totalmente dominada pela cooperativa local, que congrega 130 dos 160 produtores,
respondendo por mais de 50% da produção de vinhos. Os outros 30 produtores vinificam
e engarrafam seus vinhos na propriedade. A uva predominante é a Grenache, sendo que
Mourvèdre e Syrah estão-se tornando importantes.
Muscat de Beaumes-de-Venise - Estes são vinhos doces fortificados, produzidos com a
uva Moscatel, e muito apreciados em todo o mundo. O processo de fortificação envolve
a adição de álcool vínico quando a fermentação natural já produziu 5% de gradação
alcoólica. O vinho final deve ter um teor alcoólico de pelo menos 15% e teor de açúcar
residual mínimo de 110 gramas por litro. O Muscat de Beaumes-de-Venise apresenta
baixa acidez, com um exótico perfil aromático de flores secas, devendo ser consumido
jovem, no máximo com três anos de idade.

Tavel - Tavel é o mais famoso vinho rosado da França, porém são raros os que merecem
destaque. Em sua melhor expressão, são vinhos frescos, com aromas frutados. As uvas
predominantes são Grenache, Cinsaut e Clairette.

Côte-du-Rhône - Esta é a designação genérica, que compreende toda a região do


Rhône, porém, na prática, os vinhos são produzidos na região sul do vale do Rhône. A
qualidade é extremamente variável, havendo produção de vinhos tintos, brancos e
rosados.

Côte-du-Rhône Villages - Quando comparados com os Côte-du-Rhône, estes vinhos


geralmente mostram maior profundidade, caráter e qualidade. A área demarcada
compreende todo o sul do Rhône e, se o vinho provém de uma única comuna, pode-se
colocar o nome da mesma no rótulo. Os melhores vinhos são os tintos, porém os brancos
têm apresentado sensíveis melhoras.

7 JURA

O Jura é uma região pouco conhecida, situada no leste da França. Ela deve seu prestígio
a um tipo particular de vinho, que é uma especialidade local: o personalíssimo vin
jaune.Em Les Rosieres, próximo à cidade de Arbois, localiza-seum vinhedo famoso, onde
Louis Pasteur, originário desta região, a pedido de Napoleão IV, estabeleceu os princípios
da vinificação científica das transformações do mosto em vinho e deste em vinagre. Aliás,
é muito provável que seu interesse por fungos e bactérias tenha sido incentivado pelo
famoso vin jaune da região, que se desenvolveu embaixo de uma espessa camada de
leveduras do gênero sacharomyces, chamada de flor, originando um vinho de forte caráter
oxidado, muito parecido com o Jerez da Espanha.
Outro vinho que tornou a região famosa foi o vin de paille, um vinho doce feito com uvas
passificadas por meio do mais antigo método conhecido, a secagem em esteiras de palha,
como se faz até hoje no Veneto, para produzir o Reciotto.

AS REGIÕES DEMARCADAS - As principais regiões demarcadas são Arbois, Côtes


du Jura, L´Etoile e o famoso Château-Chalon.

Arbois - Esta região, onde viveu Louis Pasteur, tem como principal referência os tintos,
que têm por base a Pinot Noir, muitas vezes tão bons quanto os produzidos na vizinha
Borgonha. Quando são utilizadas a Poulsard e a Trousseau, os vinhos resultantes são mais
leves e para consumo imediato.

Château Chalon - Embora, no Jura, os vins jaune sejam produzidos em várias sub-
regiões, esta é certamente a mais famosa. Os vinhos que pretendem receber esta
designação devem ser amadurecidos em barricas parcialmente preenchidas, durante seis
anos e três meses, em contato com as leveduras (flor) e desenvolvendo ao longo dos anos
seu forte caráter de oxidação. Além disso, devem ser vendidos em garrafas de 625 ml
chamadas “clavelin”, que têm um formato único e especial.

Côtes du Jura e L’Etoile - Côtes du Jura gera vinhos semelhantes à apelação Arbois, a
partir das mesmas uvas. L´Etoile é especializada em vins jaunes, semelhantes ao Jerez,
elaborados com a casta Savagnin, mas sem a notoriedade de Château-Chalon.

8 SAVOIE

Esta é uma região bem menos íngreme do que o Jura, em que o solo de origem aluvial é
rico em calcário. As uvas brancas mais utilizadas são Jacquerè, Roussette, Molette,
Roussanne, Chasselas e Chardonnay;as tintas são a Mondeuse, Gamay e Pinot Noir.
AS REGIÕES DEMARCADAS Vin de Savoie - Uma região demarcada onde o
destaque são os brancos produzidos com a uva local Jacquerè, num estilo leve e fresco,
com alguma adição de Chardonnay, Roussanne ou Chasselas.

9LANGUEDOC-ROUSSILLON

O Languedoc-Roussillon é hoje uma importante região vinícola da França, com cerca de


330.000 hectares, três vezes a área de Bordeaux. De lá provem uma de cada dez garrafas
de vinho produzidas em todo mundo e cerca de 30% do vinho produzido na França. Esta
tradicional área produtora de vinho barato, conhecida no passado como Midi e composta
na verdade por duas regiões, Languedoc e Côtes de Roussillon, é hoje o cenário da maior
revolução que ocorre em termos de vitivinicultura na França.

LOCALIZAÇÃO E GEOGRAFIA - Assentada à beira do Mar Mediterrâneo, em um


gigantesco semicírculo, esta enorme área pertenceu à Espanha até meados do século
XVII. A geografia da região é extremamente variável, podendo ir das planícies à beira
mar de Corbières até as encostas dos vários maciços que limitam a região como os
Pirineus ou as Montanhas Cevennes. Os melhores vinhedos da região se localizam nessas
áreas mais frias e elevadas.

CLIMA - Esta é a área mais ensolarada de toda a França, com um clima bastante quente.
Em algumas regiões do Roussillon, consegue-se atingir a impressionante marca de mais
de 2500 horas de sol por ano, diminuindo muito a importância das safras, que tendem a
ser monotonamente consistentes. Em compensação, a limitação da produção por hectare
passa a ser de fundamental importância para a qualidade do vinho.

SOLO - O solo da região é muito variável, podendo ser aluvial à beira-mar e calcário,
pedregoso ou argiloso no interior. Em alguns dos melhores vinhedos, o solo lembra o de
Chateauneuf-du-Pape, com enormes pedras redondas e imaculadamente brancas.
VITICULTURA - No passado, antes da Phyloxera, a região chegou a abrigar mais de
150 variedades de uvas, das quais, embora em franco decréscimo, ainda hoje podem ser
encontradas cerca de 30, como Aramon, Carignan, Lladoner Pelut, Picpoul Noir, ou
Terret Noir, entre as tintas, e Bourboulenc, Rolle ou Mauzac, entre as brancas. Por outro
lado, variedades mediterrâneas e internacionais como Syrah, Mourvèdre, Grenache,
Chardonnay, Cabernet Sauvignon e Merlot estão sendo intensamente plantadas. Uma das
uvas que parecem se adaptar à região como em sua própria casa é a Viognier, com seus
deliciosos aromas florais e frutados.

AS REGIÕES DEMARCADAS (AOC) PARA VINHOS SECOS:

Coteaux de Languedoc - Os vinhedos localizados nesta AOC já eram famosos por


sua qualidade desde o tempo dos romanos, a ponto de serem objeto de uma tentativa de
proibição. Após um período de relativo esquecimento, houve rápido renascimento,
abortado pela Phylloxera. É uma das áreas onde estão ocorrendo os investimentos mais
intensos, com vinhos que apresentam ótima relação custo/benefício. Seu destaque é a
região de Pic St Loup.

Faugeres - Região demarcada desde 1982, produz quase que inteiramente vinhos tintos
robustos, elaborados a partir de Carignan, Syrah, Mourvèdre e Grenache, sem grande
distinção. Outrora, embora com potencial para explorar tintos, a região notorizava-se pela
produção de Muscats e eaux-de-vie (aguardentes).

St-Chinian - Um pouco a oeste de Faugeres e com um perfil de vinhos mais elegantes


e frutados (notas francas de cerejas) a partir das mesmas castas, devido à natureza do solo
calcário xistoso e da maior altitude.

Minervois - Minervois tem um perfil semelhante à Faugères, com ênfase nos vinhos
tintos, que compõem mais de 95% da produção. A qualidade está em ascensão desde 1985
quando foi promovida a AOC. As uvas são as tradicionais languedocianas, com ênfase na
Carignan. Destaque para a cidade de Carcassonne.

Limoux/Blanquette de Limoux - O Blanquette de Limoux é o espumante local


feito com a uva Mauzac, famoso desde sua criação em 1531. Desde 1990, se tiver mais
que 30% de outras uvas, além da Mauzac, recebem o título de Crémant de Limoux. Além
disso, criou-se a designação 158 Limoux para os vinhos brancos produzidos com
Chardonnay, Chenin Blanc e a própria Mauzac.
Corbières e Fitou - Talvez uma das mais extensas e mais características regiões
demarcadas do velho estilo da região, rústico e dominado pela Carignan. Mas oferecendo
uma diversidade de solos, climas e terroirs que permitem dividir a AOC em 11 sub-
regiões não oficiais, de onde, no futuro, poderão surgir novas designações.

Cabardés - Uma das AOC mais recentes na região, desde 1998, esta área se destaca por
mostrar duas inclinações vinícolas diferentes: uma para vinhos semelhantes à Bordeaux,
baseados na Cabernet Sauvignon e na Merlot; outra marcada pela influência do vale do
Rhône, com predomínio de uvas como Grenache e Syrah. Côtes de Millau e Côtes de

Malapère - Estas duas regiões situadas próximas de Carcassonne são VDQS e, por
estarem situadas no limite entre o Languedoc-Roussillon e o Sudoeste, podem utilizar em
seus vinhos uvas permitidas em ambas as regiões.

OS VINHOS DOCES FORTIFICADOS DO LANGUEDOC

O Languedoc tem uma longa tradição de produzir vinhos doces fortificados,


enganosamente conhecidos como Vins Doux Naturels, mas na verdade produzidos pela
adição de álcool de cereais ao mosto, parando a fermentação antes de seu final e
conservando parte do açúcar existente. São vinhos com cerca de 16 o a 17 o de álcool e
perto de 8 a 10% de açúcar residual. A maioria desses vinhos fortificados são baseados
nas uvas Muscat a petit grains e Muscat de Alexandria, que já era conhecida desde o
tempo dos romanos, quando era cultivada em Narbonne e Frontignan. São pelo menos
quatro os Muscats da região:

Frontignan, Lunel, St Jean de Minervois e Rivesaltes. Embora os Muscats


sejam os vinhos fortificados mais conhecidos da região, talvez os vinhos com mais
personalidade (e uma das raras opções viáveis para combinar com chocolate), sejam os
Banyuls e os Maury, tintos fortificados produzidos a partir da uva Grenache. Embora
comparados frequentemente ao Porto, apresentam um caráter aromático e gustativo
completamente diverso.
10 SUDOESTE DA FRANÇA
Esta é uma região onde os limites das regiões demarcadas são determinados mais por
conveniência que por motivos lógicos. Existem, por exemplo, várias AOCs onde s uvas
utilizadas são as mesmas de Bordeaux, como é o caso de Bergerac, que era uma região
mais famosa antes do Médoc alcançar sua fama, e que deve sua fama de menor qualidade,
ao menos em parte, aos esforços discriminatórios dos negociantes de Bordeaux em
relação aos seus vinhos.

GEOGRAFIA, CLIMA E SOLO - O sudoeste da França tem um relevo relativamente


montanhoso, principalmente próximo aos Pirineus. A proteção dos fortes ventos do
Atlântico é fundamental para os vinhedos. Os solos são muito variados, com arenito,
marga calcária e cascalho aluvial. O clima é semelhante à Bordeaux, com forte influência
marítima, porém com temperaturas mais elevadas e menor índice pluviométrico.

PRINCIPAIS REGIÕES DEMARCADAS (AOC):

Bergerac - Vinhas muito antigas (desde Roma) e tradicionais, com grandes exportações
para a Inglaterra desde o século XI, muito antes do sucesso dos vinhos de Bordeaux. Com
um solo muito semelhante à Bordeaux, esta é hoje a maior AOC do Sudoeste, produzindo
vinhos principalmente com Merlot e Sémillon. A AOC Côtes de Bergerac é utilizada para
vinhos com teor alcoólico ligeiramente mais elevado (11º contra 10º) que a AOC
Bergerac.

Buzet - Localizados entre as cidades de Agen e Marmande, os vinhos desta AOC eram
utilizados, há até relativamente pouco tempo, para ser misturados com vinhos de
Bordeaux, até que isto fosse legalmente proibido. Nos bons anos (os mesmos que em
Bordeaux) podem ser uma opção tão boa quantos alguns vinhos do Haut Médoc ou de St-
Emilion.

Cahors - A alcunha de “vinho negro de Cahors” provém da cor escura, quase


impenetrável dos vinhos produzidos a partir da uva Malbec, principalmente na era pré
Phylloxera. Banido dos mercados ingleses, a partir da Guerra dos Cem Anos, pelos
negociantes de Bordeaux, Cahors tentou desenvolver seu próprio mercado na Holanda,
para quem preferia vinhos mais encorpados que as versões mais “pálidas” de Bordeaux.
Côtes du Duras - Uma extensão geográfica de Entre-Deux-Mers usa as mesmas uvas
de Bordeaux e, embora não se encontrem vinhos excitantes nessa região, há grande
quantidade de vinhos decentes e muito mais baratos que os vinhos de Bordeaux.

Côtes du Marmandais - Vinhos rústicos pela obrigatoriedade de que se utilizem


apenas 75% de uvas de Bordeaux, mescladas com as locais Abouriou e Fer.

Gaillac - Região que vive um novo renascimento, graças à valorização de suas cepas
nativas, como as tintas Duras e a Fer, e as brancas Mauzac, Ondenc e Len de l'Elh, que,
quando cortadas com uvas como Syrah ou Sauvignon Blanc, produzem vinhos de melhor
qualidade. No passado, esta AOC ficou famosa pelo espumante que continua sendo
produzido pelo chamado méthode gaillaçoise.

Jurançon - Diz a lenda que Henrique IV, por ocasião de seu batismo, recebeu em seus
lábios algumas gotas deste nobre vinho doce. Situada aos pés dos Pirineus, próximo à
cidade de Pau, a maioria dos vinhedos está localizada a uma altitude de mais de 300 m,
onde se cultivam as variedades Petit Manseng, Grand Manseng e Courbu, que dão origem
a vinhos muito ricos e complexos.

Ma diran - Esta é uma das regiões mais tradicionais e conservadoras do Sudoeste e


uma das poucas áreas da França onde se produzem vinhos tintos com a uva Tannat. Os
vinhos têm um caráter rústico, atribuído às uvas Tannat e Fer, cortadas com Cabernet
Franc e Cabernet Sauvignon, que dão ao vinho seu caráter frutado, pouco comum nos
vinhos da região.

Marcillac - Terra de origem da uva Fer, que deve estar presente em pelo menos 90%
do vinho, sendo os 10% restantes completados com Merlot, Cabernet Sauvignon ou
Cabernet Franc. Os vinhos, muito tânicos quando jovens, adquirem um caráter
apimentado, quase perfumado, com a idade.

Monbazillac - Nesta região, os vinhedos foram plantados aos pés do Mont Bazailhac,
há cerca de 900 anos e os vinhos tiveram grande prestígio nos séculos XVI e XVII,
quando seus maiores consumidores eram os holandeses. É geralmente conhecido como o
"irmão pobre de Sauternes". A partir de 1993, a colheita mecânica foi abolida, adotando-
se a colheita manual de uvas botritizadas, numa clara tentativa de privilegiar a qualidade
sobre a quantidade.
Montravel - Produz vinhos brancos a partir da Sémillon e da Sauvignon Blanc,
refrescantes por sua agressiva acidez.

Pacherenc du Vic-Bilh - Uma das jóias desconhecidas da França, esta AOC de cerca
de 100 hectares localiza-se à leste de Auch e ao norte de Pau, caracterizando-se por vinhos
secos e doces feitos com as uvas Ruffiac, Petit Manseng, Petit Courbu e Gros Manseng,
associadas às conhecidas Sémillon e Sauvignon Blanc. São geralmente muito frutados,
com toques de madeira.

Pecharmant - Esta AOC, situada à leste de Bergerac, tem cerca de 180 hectares e deixa
muitos Bordeaux envergonhados pela qualidade de seus Cabernet Franc, Cabernet
Sauvignon e Merlot, que acompanham maravilhosamente a tradicional cozinha do
Perigord.

Tursan - Localizada a oeste de Armagnac, seus vinhos são produzidos a partir da uva
Tannat, mas contem pelo menos 25% de Cabernet Franc, Fer ou Cabernet Sauvignon. A
quase totalidade dos vinhos produzidos por esta VDQS pertence à cooperativa local.

11 VALE DO LOIRE – FRANÇA

O Loire é o rio mais longo da França, estendendo-se por cerca de 1000 quilômetros, desde
sua nascente, nas montanhas Cevennes, até desaguar no Oceano Atlântico. As variações
de solo, clima e tipos de uvas encontradas ao longo de suas margens e de seus tributários,
se refletem na ampla gama de vinhos produzidos em suas quatro principais regiões
vinícolas. Encontramos vinhos tintos, brancos e rosés, além de vinhos frisantes e
espumantes, distribuídos por sessenta regiões demarcadas diferentes, sendo produzidos
em estilos que variam do totalmente seco até o intensamente doce. A uva branca mais
importante do vale do Loire é a Chenin Blanc, com a qual se produzem quatro tipos
diferentes de vinhos: seco, semi-seco, doce e espumante. Isto se deve a práticas
tradicionais de vinificação, praticamente impostas aos produtores pelas incertezas do
clima da região. A Chenin Blanc tem acentuada acidez natural, e, quando recebe sol
suficiente, elevado teor de açúcar.
OS DISTRITOS DO VALE DO LOIRE

Pays Nantais - Nantes, região da uva Melon de Bourgogne, com a qual se produz o
Muscadet, um vinho branco seco e de grande acidez, frequentemente associado a pratos
à base de frutos do mar, é a região mais à oeste do Vale do Loire. O clima dessa região é
úmido, com temperaturas moderadas, porém os invernos podem ser muito rigorosos, com
geadas na primavera. Os verões costumam ser quentes e ensolarados, mas muito
chuvosos.

A técnica de vinificação empregada nessa região para a produção dos melhores vinhos,
consiste em deixar o vinho em contato com o sedimento (sur lies), até o engarrafamento.
Este procedimento aumenta sua complexidade e realça o sabor da fruta. Por causa da
retenção do gás carbônico na garrafa, esses vinhos possuem uma agradável sensação de
frescor e vivacidade. O vinho mais conhecido da região é o Muscadet de Sèvre et Maine,
considerado ideal para acompanhar ostras, mariscos e frutos do mar.

Anjou-Saumur - A região de Anjou-Saumur, situada no centro-oeste do vale, é uma


reprodução em escala menor do vale do Loire, produzindo virtualmente todos os estilos
de vinho, a partir de praticamente todas as uvas disponíveis na região: dos secos aos
doces, dos tintos aos brancos, passando pelos rosés e dos vinhos tranqüilos aos
espumantes. É nessa região que se situam as regiões demarcadas de Quarts-de-Chaume,
Bonnezeaux e Coteaux du Layon, famosas pelos seus vinhos doces, produzidos a partir
de uvas afetadas pela Botrytis cinerea ou “podridão nobre”.

Touraine - O distrito vinícola de Touraine, ao redor da cidade de Tours, no centro-leste


do vale do Loire, existe desde os tempos romanos, assim como a própria cidade. Tours
era um local de peregrinação, no século VI, e tornou-se famosa por sua produção de seda
nos séculos XV e XVI. Aqui, encontramos a região demarcada de Vouvray AOC, fonte
de vinhos produzidos com a uva Chenin Blanc, em estilos que variam de sedutores vinhos
doces até os intensamente ácidos vinhos secos.

Vinhedos Centrais - Neste distrito, o mais a leste do Vale, existem vinhedos esparsos,
sendo todos os vinhos clássicos secos, constituindo-se em variações da Sauvignon Blanc.
Há algumas diferenças entre as regiões, passando pelos sabores concentrados de um
Sancerre, pela elegância dos melhores Pouilly-Fumé, ou pelo delicado caráter floral dos
Menetou- Salon. A região demarcada de Pouilly-Fumé costuma ser a fonte dos mais
elegantes vinhos produzidos com a uva Sauvignon Blanc.

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