UNIDADE II
História da Matemática
Prof. Emilio Celso
Panorama cultural
Dominação da Grécia pelos romanos.
Fechamento da escola de Atenas.
Declínio da Matemática e das Ciências.
Migração de pensadores.
O centro da cultura desloca-se para o Oriente.
A ciência oriental floresce de maneira muito rápida.
Civilizações orientais: China, Índia e mundo árabe.
Matemática na China
Difícil datar documentos chineses.
Registros eram feitos em “bambu”. Queima de livros em 213 a.C. (material
recomposto a partir da memória).
Talvez o livro mais influente tenha sido Nove capítulos sobre a arte matemática.
Problemas:
mensuração de terras e agricultura;
impostos;
cálculos;
soluções de equações;
propriedades de triângulos retângulos.
Matemática na China e na Índia
Principais realizações
Sistema de numeração posicional decimal.
Reconhecer os números negativos.
Obter valores precisos de π.
Chegar ao método de Hornes para soluções numéricas de equações algébricas.
Apresentar o triângulo aritmético de Pascal.
Inteirar-se do método binomial.
Matemática na China e na Índia
Empregar métodos matriciais para resolução de sistemas lineares.
Resolver sistemas de congruências.
Desenvolver frações decimais.
Desenvolver a regra de três.
Aplicar a regra de falsa posição dupla.
Desenvolver séries aritméticas de ordem superior e suas aplicações à interpolação.
Desenvolver a geometria descritiva.
Matemática na China e na Índia
A matemática chinesa produziu resultados que a Europa só iria redescobrir muito
mais tarde, durante ou após o Renascimento.
A influência da matemática ocidental só ocorreu na China com a chegada dos
jesuítas ao país, no período Ming.
Matemática na China e na Índia
Falta de registros históricos autênticos.
As fontes históricas mais antigas preservadas são as ruínas de uma cidade
localizada no Paquistão.
Os vestígios encontrados indicam uma civilização tão avançada quanto qualquer
outra da mesma época no Oriente Médio.
Eles tinham sistema de escrita, contagem, pesos e
medidas e faziam escavação de canais para irrigação.
Matemática na China e na Índia
A Índia, no início do século V, torna-se centro do saber, da arte e da medicina.
Chegou até nossos dias o texto épico Sistemas do Sol. Autor, deus do Sol
(documento feito pelos hindus).
Precursor da função trigonométrica moderna, denominada seno de um ângulo.
Os hindus aperfeiçoaram métodos de tabulação, particularmente
os de interpolação quadrática e linear.
Interatividade
Assinale a alternativa falsa.
a) Após o declínio da matemática grega clássica, a matemática na China tornou-se
uma das mais criativas do mundo.
b) Pouco se sabe sobre o desenvolvimento da matemática hindu antiga.
c) O texto épico Sistemas do Sol, segundo os hindus, é de autoria do deus Sol.
d) O sistema de numeração atual, no qual se formam os números por justaposição
dos dez dígitos, é chinês.
e) O zero ganhou o status de número com os hindus.
Matemática na Índia
Regras de cálculo e de mensuração na astronomia e na matemática, sem nenhum
espírito lógico ou de metodologia dedutiva.
Tentativa de medir a circunferência da Terra.
Medida do tempo e trigonometria esférica.
Equações quadráticas com raízes negativas.
Aparecimento da numeração decimal posicional.
Matemática na Índia
Sistema de numeração atual, no qual se formam os números por justaposição
dos dez dígitos:
0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9
O valor de um dígito depende de sua posição no sistema, o que torna
indispensável a existência de um símbolo para o zero.
Divulgado pelos árabes, século VII.
Origem da notação hindu.
Matemática na Índia
O zero ganhou o status de número com os hindus, até então era usado apenas
para indicar “ausência”.
No entanto, os progressos iniciais matemáticos verificados na Índia ocorreram
quase que por acaso e, em boa parte, devido ao descompromisso com o rigor
e a formalidade.
Matemática na Índia
Bhaskara, astrólogo e matemático
Contribuições:
aritmética;
álgebra;
esfera (planetas);
participação na construção do conhecimento sobre os números negativos
(sem preocupação teórica);
fórmula de Bhaskara, não há indícios históricos, apenas citação em seu livro.
Matemática no mundo árabe
Os árabes ocuparam a Península Arábica, localizada no oriente próximo e limitada
pelo mar Vermelho, Golfo Pérsico e Oceano Índico.
A história árabe é dividida em duas épocas:
Pré-islâmica (anterior à religião muçulmana);
Islâmica (após o desenvolvimento da religião).
Matemática no mundo árabe
Pré-islâmica
Divididos em tribos:
beduínos;
árabes do deserto (nômades, transportavam mercadorias, geralmente
hostis entre si);
árabes urbanos (comércio e agricultura).
Politeístas.
Rudes e pobres, não foram incorporados a nenhum dos grandes
impérios ocidentais (persa, grego helenístico, romano).
Na matemática, mesmas características encontradas em
Alexandria e na Índia.
Matemática no mundo árabe
Islâmica
Profeta Maomé (Alcorão).
União da irmandade.
Monoteístas.
Matemática utilizada com fins religiosos:
elaboração de calendário;
cálculo da orientação da cidade sagrada de Meca (realizar orações).
Assim sendo, os estudos de matemática e de
astronomia eram incentivados pelos califas de Bagdá.
Matemática no mundo árabe
Expande economicamente, avança nos diversos campos das Artes e das Ciências.
Difunde a língua árabe (internacional).
Fundação da Escola de Bagdá (Casa da Sabedoria), século IX.
Composta de Biblioteca e Observatório, iniciou-se a tradução das obras clássicas
gregas e hindus para o árabe, o que foi muito importante para a história da
matemática, uma vez que a preservação do conhecimento
grego e hindu chegou até os nossos dias graças a
essas traduções.
Matemática no mundo árabe
São matemáticos árabes de destaque:
Al-Khowarizmi (780-825 d.C.) – (“Pai da Álgebra”, livro Al-Jabr).
Al-Battani (viveu, aproximadamente, de 850 a 929 d.C.).
Omar Khayyam (1050-1122 d.C.).
Al-Kashi.
Interatividade
Assinale a alternativa falsa.
a) Uma importante obra da civilização hindu foi o Siddhanta.
b) No século XVII a Índia foi invadida pelos ingleses, propiciando o surgimento
dos primeiros indícios matemáticos da civilização.
c) O trabalho no Lilavati, escrito por Bhaskara, é feito em versos.
d) Al-Khowarizmi foi um matemático árabe.
e) A Escola de Bagdá (Casa da Sabedoria), construída
no século IX, era composta de Biblioteca e Observatório,
onde se iniciou a tradução das obras clássicas gregas e
hindus para o árabe.
Matemática na Idade Média e na baixa Idade Média
Idade Média, dos séculos V ao XV. Na Europa medieval, a estrutura social
era o feudalismo. A maior parte da população era formada de camponeses
(pobres) ou servos.
Habilidades em engenharia (sem teoria).
Baixa Idade Média, metade do século V ao século XI.
Pouca atividade intelectual. Realizada por monges dos
monastérios e por uns cidadãos mais instruídos.
Matemática na Idade Média e na baixa Idade Média
Matemático de destaque
Leonardo Fibonacci ou Leonardo de Pisa (c. 1170-1250), século XIII. Cidade de
Pisa, na Itália.
Principal obra: Liber abaci (Aritmética e Álgebra Elementar).
Defende a utilização de algarismos arábicos, daí a importância de seu trabalho
para a transmissão da numeração indo-arábica, além do uso do zero que, na
prática, ainda não era utilizado, embora fosse conhecido.
Matemática na Idade Média e na baixa Idade Média
No Liber abaci está o problema dos coelhos, que deu origem à sequência de
Fibonacci. O problema tinha o seguinte enunciado: “quantos pares de coelhos
serão produzidos num ano, começando com um só par, se em cada mês cada par
gera um novo par que se torna produtivo a partir do segundo mês?” O problema,
observa o autor, originou a sequência:
1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21,..., un.
Sendo: un = un-1 + un-2
Matemática na Idade Média e na baixa Idade Média
Mas foi na baixa Idade Média que ocorreram diversas mudanças, levando
o Feudalismo e o modelo econômico que o sustentava ao fim.
Crescimento das cidades.
Expansão da atividade comercial.
Ascensão da burguesia.
Dogmas religiosos começam a ser contestados.
Nova visão de mundo.
Exigindo rápidas soluções para o desenvolvimento
do comércio, da navegação e da indústria.
Matemática no Renascimento
A civilização europeia medieval deu lugar progressivamente à civilização moderna.
Houve um movimento voltado para a Arte e a Ciência Antiga, mas o
desenvolvimento científico encontrou muita resistência por parte da Igreja Católica.
Muitos intelectuais, temendo ser considerados hereges, não publicaram suas
teorias. A Igreja, antiga mentora do desenvolvimento do saber, tornou-se
conservadora diante do desenvolvimento de uma cultura que considerava
não religiosa.
Matemática no Renascimento
Contribuíram para o desenvolvimento do movimento renascentista:
o interesse pelo estudo do Direito romano;
a rejeição ao misticismo medieval;
a multiplicação das universidades laicas;
o acesso à educação para leigos por meio da universidade.
A concepção de mundo pregada pela Igreja passou a ser contestada.
A perspectiva de que era necessário se conhecerem os fatos, testar e
experimentar os fenômenos naturais começou a ganhar força.
Matemática no Renascimento
O Renascimento teve seu berço na Itália, com o colapso do Império Bizantino e
a queda de Constantinopla ante os turcos em 1453, houve um grande afluxo de
refugiados à Itália e, assim, vários escritos da civilização grega retornaram ao
Ocidente, permitindo que cientistas da Europa tivessem contato com as obras
originais acrescidas das influências orientais. Esse estado de coisas se estendeu
também para a Inglaterra, França, Portugal, Espanha, Alemanha e Países Baixos.
O Renascimento foi o começo do Racionalismo, com auge nos séculos XVII, XVIII
e XIX, principalmente com os filósofos franceses.
Matemática no Renascimento
São matemáticos de destaque:
Nicholas Cusa (1401-1464)
Seu nome deriva de sua cidade natal, Cuers. Filho de um pescador pobre, Cusa
ascendeu hierarquicamente na Igreja, chegando à condição de cardeal. Foi
governador de Roma em 1448 e é mais lembrado atualmente por seu trabalho
na reforma do calendário e por tentativas de quadrar o círculo.
Matemática no Renascimento
Georg von Peurbach (1423-1463)
Apesar de ter sido aluno de Nicholas Cusa, Georg von Peurbach foi
matematicamente superior ao mestre. Ele escreveu uma aritmética, alguns
trabalhos de astronomia e iniciou uma tradução do Almagesto, de Ptolomeu,
a partir do grego. Von Peurbach ainda fez da Universidade de Viena o centro
matemático de sua geração.
Interatividade
Leia atentamente as afirmações a seguir.
I. A Idade Média compreende um longo período de tempo, que vai do século
V ao XV, na Europa.
II. A sociedade medieval era constituída pelo clero (padres, bispos e papa), pela
nobreza (reis, condes e duques), pelos cavaleiros, pelos servos e camponeses.
III. A Igreja Católica tinha grande poder econômico,
político e cultural e havia uma explicação religiosa
para quase tudo.
Interatividade
Assinale a alternativa correta.
a) As afirmativas II e III são verdadeiras e I é falsa.
b) As afirmativas I e II são verdadeiras e III é falsa.
c) As afirmativas I e III são verdadeiras e II é falsa.
d) As afirmativas I, II e III são verdadeiras.
e) As afirmativas I, II e III são falsas.
Matemática no Renascimento
Johann Müller (1436-1476), conhecido como Regiomontanus, foi o mais influente
matemático do século. Completou a tradução de Almagesto, de Ptolomeu, iniciada
por von Peurbach. Traduziu também do grego trabalhos de Apolônio, Herão e
Arquimedes. Sua obra em matemática mais importante foi o tratado Triangulis
omnimodis, escrito por volta de 1464 e publicado postumamente em 1533.
O tratado é uma exposição sistemática dos métodos para resolver triângulos
que marcou o Renascimento na Trigonometria.
Matemática no Renascimento
Luca Pacioli (1445-1514), conhecido como Luca di Sorgo, é autor da obra Summa
de arithmetica, geometria, proportioni et proportionalita. Mas só é considerada
atualmente a primeira obra impressa de álgebra porque outros estudiosos como
Regiomontanus não realizaram seus planos de publicação. Em verdade, o
caminho para essa obra foi preparado por gerações anteriores de algebristas.
É um trabalho de notável compilação de material de quatro campos: aritmética,
álgebra, geometria euclidiana muito elementar e contabilidade.
Matemática no Renascimento
Embora normalmente o termo Renascença remeta aos tesouros literários,
artísticos e científicos italianos, na Alemanha, os livros sobre álgebra foram tão
numerosos que, durante algum tempo, a palavra germânica coss para a incógnita
triunfou em outras partes da Europa e o assunto ficou conhecido como a “arte
cóssica”. Além disso, os símbolos germânicos para adição e subtração acabaram
por substituir os símbolos italianos em uso.
Matemática no Renascimento
Gerônimo Cardano (1501-1576). Obra: Ars magna.
A obra apresentou um progresso tão notável que o ano de 1545 foi tomado
como marco do início do período moderno na Matemática.
Matemática no Renascimento
Nicolau Copérnico (1473-1543) era um trigonometra.
Com o consentimento de Copérnico, o matemático prussiano Georg Joachim
Rhetinus (ou Rhaeticus, 1514-1576) publicou a obra intitulada Narratio prima
(1540) e iniciou os preparativos para a impressão do De revolutionibus. Nessas
duas obras é possível visualizar o pleno conhecimento de trigonometria
de Copérnico.
Matemática no Renascimento
Leonardo da Vinci é considerado o típico homem da Renascença,
com conhecimentos sobre tudo.
Era um gênio, de mente ousada e original, uma pessoa tanto de ação quanto de
contemplação, ao mesmo tempo artista e engenheiro. Porém, sua participação em
desenvolvimento de conhecimentos matemáticos esteve mais voltada para a teoria
da perspectiva.
Não se ateve à principal atividade matemática do
período, ou seja, o desenvolvimento da álgebra.
Matemática no Renascimento
Uma atividade educativa na escolaridade básica pode
ser realizada a partir da obra Madonna de Garofano
(1472-1478), de Leonardo da Vinci.
Além de sua importância no campo das artes,
apresenta elementos matemáticos que podem
ser explorados.
Fonte: livro-texto.
Matemática no Renascimento
Em seu caderno de notas, Leonardo da Vinci deixou estudos sobre:
quadratura de lunas,
construções de polígonos regulares e
ideias sobre centros de gravidade e curvas de dupla curvatura.
Essas noções renascentistas sobre perspectiva expandiram-se séculos depois num
novo ramo da geometria.
Matemática nos séculos XVI a XVIII
Esse período testemunhou ganhos ponderáveis nas batalhas pelos Direitos
Humanos, criou máquinas avançadas e observou um desenvolvimento
no espírito do internacionalismo intelectual e no ceticismo científico.
Matemática nos séculos XVI a XVIII
Em grande parte, o maior ímpeto dado à Matemática aconteceu em decorrência
dos avanços:
políticos, econômicos e sociais.
Por isso, a partir do século XVII, houve o deslocamento da atividade matemática
da Itália para a França e a Inglaterra.
Interatividade
Leia atentamente as afirmações.
I. O Renascimento teve seu berço na Itália, com o colapso do Império Bizantino,
culminando com a queda de Constantinopla ante os turcos em 1453.
II. No Renascimento houve um grande afluxo de refugiados à Itália e, assim,
vários escritos da civilização grega retornaram ao Ocidente, permitindo que
cientistas da Europa tivessem contato com as obras originais acrescidas das
influências orientais.
III. Na metade do século XV houve a invenção da imprensa
de tipos móveis e a comercialização de livros, mas não
teve impacto na divulgação da produção científica e de
novos conhecimentos desse período.
Interatividade
Assinale a alternativa correta.
a) As afirmativas II e III são verdadeiras e I é falsa.
b) As afirmativas I e II são verdadeiras e III é falsa.
c) As afirmativas I e III são verdadeiras e II é falsa.
d) As afirmativas I, II e III são verdadeiras.
e) As afirmativas I, II e III são falsas.
ATÉ A PRÓXIMA!