Percepção Rítmica – Prof.
Cesar Traldi
Fórmula de Compasso
X – número de tempos (pulsos) por compasso.
Y – figura que vale um tempo ou o valor da semibreve.
Compassos Simples:
2 3 4
4 4 4 etc.
Compassos Compostos:
6 9 12
8 8 8 etc.
É importante atentar para o andamento da obra.
Quiáltera
Trata-se de uma alteração na subdivisão natural de
um tempo.
Tipos de notação:
Cálculo do andamento da
Quiáltera
Semínima = 100bpm
Colcheia = 2 x 100 = 200bpm
Semicolheia = 4 x 100 = 2 x 200 = 400bpm
Mínima = 100 / 2 = 50bpm
Tercina de semínima = 3 x 50 = 150bpm
Tercina de colcheia = 3 x 100 = 300bpm
Tercina de semicolcheia = 3 x 200 = 6 x 100 = 600bpm
Tercina de mínima = 3 x 25 (semibreve) = 75bpm
Assimetria
Compassos Assimétricos ou Compassos Mistos
• Assimetria: “Termo que se refere à utilização de
compassos de numerador ímpar, como 5/8,
11/8, 7/4, que sugerem uma pulsação resultante
de proporções irregulares.” (Fridman, 2012)
5 2 3 5 3 2
= + ou = +
8 8 8 8 8 8
7 3 4 7 4 3 7 2 3 2
= + ou = + ou = + +
8 8 8 8 8 8 8 8 8 8
Influência da pulsação no fraseado musical
Exemplos
• 11/08 – Parafuso (Ronem Altman) - Orquestra
Popular de Camara
• 05/08 – Take Five (P. Desmond) – George Benson
Métricas Combinadas
“Procedimento de caráter sucessivo/horizontal que
envolve a mudança de acentuação rítmica no decorrer
de uma peça. Tais mudanças podem ser evidenciadas
tanto por acentuações marcadas em uma mesma
fórmula de compasso como na troca de fórmulas de
compasso durante a peça.” (Fridman, 2012)
Phase Shifiting
Mudança de Fase
• Segundo Reich (Music as a Gradual Process – 1968) a composição musical parte literalmente da exploração
detalhada dos processos utilizados, ou seja, das minúcias existentes em cada nota, ou ainda, em cada som.
• Seu maior interesse é "perceber os processos", ou seja, "ouvir os processos acontecendo" (Reich, 1968: pp.
1).
•“...a impessoalidade e objetividade no processo, metas perseguidas por Reich. A busca do compositor é a de
uma escuta ateleológica (não direcional, desprovida de fim), inacessível ao discurso racional. A própria
experiência musical de Reich tem seu interesse oriundo na impessoalidade: ‘O prazer que eu tenho ao tocar
não é o prazer de me expressar, mas de subjugar-me a musica e experienciar o êxtase advindo de ser parte
dela’”. (Lesage, 2011)
• “Vale lembrar que o compositor repudia o que ele chama de “dispositivos estruturais escondidos”, referindo-
se provavelmente ao racionalismo preponderante na produção musical contemporânea; não há segredos
estruturais na música de Reich que ele conheça e que não se ouçam, ou seja, estrutura e conteúdo musical são
idênticos. Daí explica-se também a dificuldade da análise nas obras da primeira fase de Reich: Uma vez
explícitos todos os procedimentos, não há segredos composicionais, e a análise se dá como simples descrição.”
(Lesage, 2011)
• Cervo (2005) apud Reich (1974): a música minimalista não deve ser apenas definida pelo fato de utilizar a
repetição como matéria prima composicional, mas sim "por processos sistemáticos de repetição" (Cervo, 2005:
pp. 48).
Defasagem Temporal Gradual
ou
PDG – Processo de Defasagem Gradual
• Mudança de fase (phase-shifting) foi criado
acidentalmente por Steve Reich em 1965.
Experimentos de loop em uníssono entre dois
fragmentos de gravações de frases vocais tocadas
simultaneamente em gravadores idênticos.
• It's Gonna Rain (1965)
• Come out (1966)
• Piano Phase (1967)
• Violin Phase (1967)
Piano Phase (1967)
“A mudança de fase (phase-shifting) é realizada nessa obra através de
um processo em que um dos intérpretes torna seu pulso ligeiramente
mais rápido, fazendo com que dois pulsos diferentes coexistam
durante determinado tempo.” (Campos, Traldi, Manzolli, 2011)
http://www.youtube.com/watch?v=ioXKCyC6w-8
http://www.youtube.com/watch?v=AnQdP03iYIo
Violin Phase (1967)
http://www.youtube.com/watch?v=Limnk
PiP9QA
Defasagem por Deslocamento Imediato
• 1972 - Clapping Music
O mecanismo baseia-se no deslocamento (imediato) de
uma figura rítmica e não mais através de um processo
gradual de transformação através da sobreposição de dois
andamentos ligeiramente diferentes.
Toyama (1993)
• Michael Udow
Processo de Adição Rítmica
Polirritmia
“... um fenômeno relacionado ao aspecto vertical, onde
será possível detectar dois ou mais padrões rítmicos
ocorrendo simultaneamente, mas todos estarão
baseados em uma mesma fórmula de compasso. É
bastante frequente a utilização de quiálteras nos
procedimentos polirrítmicos, como os encontrados na
música africana em geral, podendo haver também uma
série de combinações possíveis para este
procedimento.” (Fridman, 2012)
Polimetria
“... definimos a polimetria como qualquer
fenômeno rítmico em que se possa distinguir
auditivamente a utilização simultânea de mais de
uma fórmula de compasso, sendo este então um
fenômeno restrito ao aspecto vertical.” (Fridman,
2012)
"Toads Of The Short Forest"
(album Weasels Ripped My Flesh - 1970)
Frank Zappa
• "Neste exato momento, no palco, temos o
baterista A tocando em 7/8, o baterista B tocando
em 3/4, o baixo tocando em 3/4, o órgão tocando
em 5/8, o pandeiro tocando em 3/4, e o sax alto
assoando o nariz.” (Frank Zappa, 1970)
• http://www.youtube.com/watch?v=acpOO0kvfn4
"Touch And Go” - The Cars, 1981
• Bateria e baixo tocando em 5/4, enquanto a
guitarra, sintetizador e vocais são em 4/4 (os
refrões são 4/4 ).
• http://www.youtube.com/watch?v=0V7lTFzdSn0
For Philip Guston (1984) – Morton Feldman
“Nos primeiros quatro compassos existem quatro
fórmulas diferentes de compasso: 3/8, 1/4, 3/16 e 3/32,
as quais se repetem, em outra ordem, para cada
instrumento, gerando uma polimetria.” (Cardassi, 2008)
Politempo
• Termo utilizado para descrever músicas em que dois
ou mais tempos ocorrerem simultaneamente.
• No mundo ocidental, a prática da música com
politempo tem suas raízes na teoria da música de
Henry Cowell (1897 – 1965).
• As primeiras práticas são de Charles Ives (1874 –
1954).
Samuel Conlon Nancarrow (1912 - 1997)
Estudo 13 para piano mecânico.
• Cânone 12 vozes agrupadas em três andamentos
simultânea: 96, 120 e 160.
http://www.youtube.com/watch?v=wmH7YBdoRBo
Persephassa (1969) – Iannes Xenakis
Modulação Métrica
“Uma das técnicas de compositores modernos é a modulação métrica.
Ela ocorre quando um pulso rítmico muda gradualmente através da
utilização de um denominador comum de notação. O ritmo pode
diminuir ou acelerar. Como na modulação harmônica, a mudança é
feita gradualmente – embora às vezes muito rapidamente; o novo
ritmo parece “florescer” fora do tempo antigo, de forma que muitas
vezes é imperceptível para o ouvinte. Em minha opinião, este aspecto
de “camuflagem” é muito eficaz em provocar uma resposta emocional
sutil no ouvinte atento de músicas contendo modulação métrica.”
(Larrick 1988: 46)
“...modulação métrica é a mudança de um andamento para outro, onde o
valor de uma figura do primeiro andamento é equivalente ao valor de uma
figura do segundo andamento, como uma espécie de pivot.” (Pereira e
Traldi, 2010)
Elliott Carter chama de modulação temporal e defino como “um
procedimento no qual cada tempo constituído de pulsos segue de uma
maneira ordenada entre os diferentes compassos” (Carter, 1997, pg. 226).
“a técnica de Carter consiste na transição precisa entre andamentos
contíguos distintos, através de um valor rítmico pivô que, embora notado
por figuras rítmicas distintas em cada um dos andamentos articulados,
mantém em ambos uma mesma duração cronométrica.” (Oliveira, 2011,
pg.03)
“...o estudo de modulação métrica é importante para a formação de
compositores e intérpretes do século XXI. A utilização de modulação
métrica possibilita aos compositores determinar de maneira mais clara as
mudanças de andamento de suas obras e aos intérpretes realizarem estas
mudanças de maneira mais precisa.” (Pereira e Traldi, 2010)
Modulação Métrica: Fantasia, do Quarteto de Cordas
No.1
(Oliveira, 2011, pg.10)
http://www.youtube.com/watch?v=Apc-Fw0r2tI
http://www.youtube.com/watch?v=
nBI_o65pEnU
Saeta: Compassos 19 a 29
Processo Modulatório
Modulação Métrica
Modulação Métrica em Canaries
“Não há melhor exemplo de modulação métrica do que os 25
primeiros compassos dessa peça (Canaries). Tenho em muitas
ocasiões utilizado esse trecho para demonstrar como funciona a
modulação métrica ou demonstrar como pode ser utilizada pelos
compositores. O ciclo completo de tempos nesses 25 compassos,
iniciando em semínima pontuada = 90 e regressando a esse tempo
no compasso 25 é nada menos que brilhante.” (Willians 2000: 14)
http://www.youtube.com/watch?v=5hi
gMujfeA4
Primeira modulação – compassos 6 a 11.
Segunda modulação – compassos 15 a 18.
Terceira e Quarta modulações – compassos 18 a 21.
Quinta modulação – compassos 21 a 25.
Modulação Micrométrica
• Fim do século XX: Escola de Composição chamada Nova
Complexidade.
• Compositor Brasileiro Arthur Kampela: composições de 1995-
1999.
• Influência da escrita complexa do compositor britânico Brian
Ferneyhough.
• Baseada: na modulação de tempo (Modulação
•Métrica) de Elliott Carter.
Exemplo de Técnicas Estendida ou Expandidas
Percussion study #2
http://www.youtube.com/watch?v=2r0vW0a9mI4
Rítmica Complexa utilizada por
Brian Ferneyhough
• Quiálteras alinhadas:
• “Em algumas peças, Ferneyhough emprega fórmulas de
compasso que dividem a semibreve irregularmente, como 7/20
(sete quintinas de semicolcheias), 1/10 (uma quintina de
colcheia), etc. Essa notação pode causar ao intérprete não
familiarizado uma reação negativa ao que entende como
dificuldades excessivas na escrita.” (Bortz, 2006, p.86)
Compassos Irregulares
HINDEMITH, P. Treinamento elementar para
músicos. São Paulo: Ricordi, 1983.
Páginas 115 a 119
Modulação Micrométrica
“A ideia de modulação micrométrica de Kampela é a de
oferecer ao intérprete a chance de se adaptar gradualmente às
mudanças de velocidade de uma cadeia de quiálteras a outra.
Ao agrupar quiálteras secundárias mantendo a mesma
velocidade metronômica de um subgrupo a outro adjacente,
Kampela adapta a ideia de Carter a um contexto rítmico mais
complexo.” (Bortz, 2006, p.88)
Quimbanda (1999) compasso 19:
[9:8 – 3] e [3 – 9:8]
Propriedade Comutativa e Associativa
da Multiplicação
“Para calcular a velocidade na modulação micrométrica de Kampela da última
quiáltera (último subgrupo) numa cadeia de quiálteras, utiliza-se a propriedade
comutativa e associativa da multiplicação (Kampela, 1998, p.37). Este conceito é
fundamental para se lidar com a modulação micrométrica, já que se utiliza a
operação básica da multiplicação entre frações para encontrar a velocidade do
último subgrupo.” (Bortz, 2006, p.88)
7:4 = (fração) 4/7
5:4 = 4/5
Semínima = 100bpm
4/7 X 4/5 = 16/35
100 X 35 / 16 = 218,75
(a nova semínima do
subgrupo 5:4 terá
velocidade aproximada
de 219bpm.
4/7 X 4/5 = 16/35 4/5 X 4/7 = 16/35
100 X 35 / 16 = 218,75
Os dois subgrupos (5:4 e 7:4) terão velocidade aproximada de 219bpm.
“O conceito de continuidade é crucial se queremos desenvolver uma teoria da
modulação micrométrica. Para conectar uma figura rítmica (ou uma quiáltera
anterior) a uma nova, é necessário que existam velocidades rítmicas equivalentes
em ambos os lados das quiálteras aninhadas. Estas propriedades da álgebra são
conhecidas como propriedades comutativa e associativa e afirmam que os
elementos de uma operação produzirão os mesmos resultados independentemente
da ordem de seus fatores.” (KAMPELA ,1998, p.6)
Grupo de quiáltera em dois níveis e quiáltera simples
com a mesma velocidade final
Quimbanda para guitarra elétrica (1999)
compassos 32-3
[7:5 – 5] = [7:4]
A quiáltera secundária [5] funciona como pivô na mudança de andamento
entre duas quiálteras [7:5] e [ 7:4].
A Knife All Blade
Uma Faca Só Lâmina (1998)
Quarteto de Cordas
Parte C: Proposition II (Compassos 155 -56)
A Knife All Blade
Uma Faca Só Lâmina (1998)
Quarteto de Cordas
Parte C: Proposition II (Compassos 155 -56)
[7:6 – 5:4 – 3] e [5:4 – 7:4]
6/7 X 4/5 X 2/3 = 16/35
4/5 X 4/7 = 16/35
6/7 X 4/5 X 2/3 = 4/5 X 4/7 = 16/35
Modulação Micrométrica como Acesso à Nova Velocidade
Metronômica
A Knife All Blade (Uma Faca Só Lâmina)
Parte C: Proposition II (Compassos 20-21)
Primeiro Violino
52
52 X 6/4 = 48 X 13/8 = 78
“A modulação micrométrica nesse caso facilita a transição à nova fórmula de
compasso de 2/4. Embora este exemplo possa ser considerado modulação métrica,
simplesmente (por haver apenas um nível de quiálteras), o uso de um grupo como a
quiáltera de [13:8] é incomum na obra de Carter, que prefere grupos mais compactos,
como [4:3], [5:4], [7:4], ou figuras pontuadas.” (Bortz, 2006, p.94)
http://www.youtube.com/watch?v=Q6doeh8ARSE
Novas Alterações Obtidas entre Duas Quiálteras
Adjacentes
“Eventualmente, Kampela adiciona um novo grupo alterado
entre duas quiálteras adjacentes de mesma velocidade,
estendendo as possibilidades de obtenção de ligações
temporais.” (Bortz, 2006, p.94)
Ritmos Indeterminados
Determinação da duração em segundos
Auriga
Reginald Smith Brindle
http://www.youtube.com/watch?v=UNS06beVJ1Q
Durações Indeterminadas
Antunes, Jorge. (1989). Notação na música
contemporânea. Brasília: Sistrum.
Névoas e Cristáis (1995)
Jônatas Manzolli
Seção IV
Seção VI
Psappha (1975)
Iannis Xenakis
Partitura: parte 01
http://www.youtube.com/watch?v=tB9mzIHNlP8
Partitura: Parte 02
http://www.youtube.com/watch?v=_Eq0R8zCUek
Steven Schick
https://www.youtube.com/watch?v=Yge7GNl5p_k
Partitura Gráfica
Six Elegies Dancing (1987)
Jennifer Stasack
http://www.youtube.com/watch?v=faG6VdUUXSc
Sxueak (2008)
Matthew Burtner
Partitura:
SXUEAK\Sxueak_score.pdf
Gravação:
http://vimeo.com/10306712
Threnody for the Victims of Hiroshima (1960)
Krzysztof Penderecki (1933)
• Compositor polonês.
• para 52 instrumentos de cordas.
Instruções:
http://www.youtube.com/watch?v=2
DD7gzDYBgY&feature=youtu.be
Obra:
http://www.youtube.com/watch?v=H
ilGthRhwP8
Re(Per)curso
Jônatas Manzolli
http://www.labeurb.unicamp.br/rua/pages/home/lerPagina.rua?id=18