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ESO 1008 - História Do Escutismo Mundial

Este documento fornece um resumo da história do movimento escuteiro. Começou em 1907 com um acampamento experimental de Baden-Powell na Inglaterra que foi um sucesso. Em 1908, B-P publicou um livro sobre escotismo que também foi um sucesso imediato e deu início ao movimento escuteiro mundial. O documento também fornece detalhes biográficos iniciais sobre a vida de Baden-Powell, o fundador do escotismo.

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ESO 1008 - História Do Escutismo Mundial

Este documento fornece um resumo da história do movimento escuteiro. Começou em 1907 com um acampamento experimental de Baden-Powell na Inglaterra que foi um sucesso. Em 1908, B-P publicou um livro sobre escotismo que também foi um sucesso imediato e deu início ao movimento escuteiro mundial. O documento também fornece detalhes biográficos iniciais sobre a vida de Baden-Powell, o fundador do escotismo.

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ESO 1008

Primeira edição
Setembro de 1998

HISTÓRIA DO MOVIMENTO ESCUTISTA


Objectivo geral

Conhecer a história do Movimento Escutista.

Objectivos específicos

• Conhecer sumariamente a vida do fundador do escutismo, Baden-Powell.


• Conhecer as grandes linhas da história do escutismo mundial.
• Conhecer a evolução do escutismo em Portugal e na Região de Coimbra.

Conteúdos
Calcula-se que existem actualmente 25 milhões de escuteiros, rapazes e raparigas, em todo o mundo.
Perto de 250 milhões de pessoas, que segundo os cálculos mais prudentes, protagonizaram a "aventura
escutista" ao longo dos seus noventa anos de vida.

É impressionante se considerar-mos que o escutismo começou em 1907 com um acampamento


experimental com unicamente uma vintena de rapazes. Este acampamento realizou-se de 1 a 9 de
Agosto de 1907 na ilha de Bronwsea, perto de Poole, no Dorset em Inglaterra.

Este acampamento foi um enorme sucesso e provou ao seu organizador, Robert Baden-Powell
(carinhosamente chamado pelos escuteiros - B.-P.), que os seus métodos e a sua formação agradavam
aos jovens e atingiam bons resultados.

Em Janeiro de 1908, B.-P. lança um livro intitulado Scouting for Boys (título que traduzido para
português significa Escutismo para Rapazes). Este manual foi publicado em 6 fascículos ao ritmo de dois
por mês, cada fascículo custava quatro pences. Foi um sucesso imediato.

Baden-Powell não tinha, com efeito, a intenção de criar uma nova organização de juventude, mas de
contribuir para uma actualização pedagógica dos já existentes. Mas não foi essa a opinião dos jovens:
estes queriam ser escuteiros e mais nada! Começava assim o maior movimento de jovens do mundo.

História do Movimento Escutista – ESO 1008


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1. Baden-Powell, o fundador
A juventude
Baden-Powell nasceu em Londres, no dia 22 de Fevereiro de 1857. O pai, o professor Baden-Powell, era
um pastor e cientista eminente, colega dos mais famosos biólogos, físicos e botânicos do seu tempo.
Tinha mais vinte anos do que a sua jovem esposa e, quando casou, era viúvo com quatro filhos.

Na época vitoriana, as famílias eram numerosas. Quando o professor morreu, em 1860, já contava mais
sete filhos: Warington, com treze anos, George com doze, Augustus com onze, Francis com nove, Robert
(B.-P.) com três, Agnes, a única rapariga, com dezoito meses e Baden com três semanas. Três outras
crianças tinham falecido em tenra idade e Augustus iria perecer apenas com treze anos. Embora os
Powell vivessem mais desafogadamente do que uma boa parte das famílias da sua época, não eram
propriamente abastados e Henrietta, quando enviuvou, viu-se a braços com dificuldades para educar a
sua prole.

Mas Henrietta Powell era uma mulher de armas! Ensinou aos filhos, juntamente com a leitura e a escrita,
as virtudes da perseverança e do trabalho, bem como da partilha: as crianças não tinham dinheiro de
bolso ou mesada mas existia uma caixa comunitária onde todos os membros da família iam buscar
dinheiro quando dele precisavam, deixando um papel com a indicação do montante que haviam retirado.

O jovem B.-P. cresceu nesta alegre família, tendo como ídolo o irmão mais velho, Warington, que se
preparava para largar para o mar, na Marinha Mercante. Mas, para Agnes e para o pequeno Baden, o
irmão preferido, aquele que lhes fazia brinquedos dos materiais mais incríveis e papagaios para deitarem
no parque vizinho da sua casa, era B.-P..

Este gostava imenso de brincar com os mais novos, ainda que também apreciasse estar sozinho a ler.
Além disso, conseguia tocar de ouvido qualquer instrumento e tinha especial prazer em pintar e
desenhar. Tanto o pai como a mãe eram razoavelmente dotados como artistas; contudo, Henrietta ficou
preocupada quando viu B.-P. servir-se indiferentemente da mão esquerda e da direita, ou até de ambas,
para manejar o lápis e os pincéis.

Pela mesma altura, B.-P. começou a revelar outros talentos apreciáveis. Tornou-se incontestável o seu
talento como cantor e comediante. Ele próprio escrevia as comédias que depois representava, e
aprendia todas as cançonetas da moda.

Escusado será dizer que Henrietta Baden-Powell não punha sequer a hipótese de algum dos filhos vir a
seguir a precária, e então mal afamada, carreira de actor; ou mesmo de artista. Esperava que
Charterhouse, o prestigioso colégio onde B.-P. obtivera uma bolsa de estudo em 1870, o transformasse
num “cavalheiro” victoriano...

Mas B.-P. demonstrava nítida preferência pelos jogos e desafios de futebol e pelas suas actividades na
Mata. Quando cresceu um pouco, passou a partilhar as férias ao ar livre com os seus irmãos mais velhos.
Faziam longas marchas, andavam de canoa e à vela num iate projectado por Warington. Quando estavam
a bordo, cabiam a B.-P. como mais novo, as tarefas de camaroteiro: cozinhar e lavar os pratos. Os seus

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cozinhados eram péssimos mas melhoraram depois de Warington o obrigar a comer uma sopa de
ervilhas que deixara esturrar: «Frank fica aqui até comeres essa porcaria toda!»

Parecia óbvio que B.-P. entrasse, por tradição familiar, na Universidade de Oxford. Mas, com grande
indignação de sua mãe, não passou na admissão.

Com dezanove anos e sem saber que fazer, B.-P. leu num jornal que ia haver provas para admissão ao
Exército. Os candidatos seleccionados seriam treinados para oficiais e prestariam serviço na Índia.
Interessado, B.-P. continuou a ler: «matemática, francês, geografia, desenho»... Resolveu tentar a sua
sorte. Durante doze escaldantes dias de Julho, B.-P. bateu-se com uma infinidade de perguntas.

Quando saíram os resultados ficou admirado ao ver-se em quinto lugar, entre 718 candidatos. A mãe
rejubilou. Como se tinham equivocado acerca do seu inteligente filho os professores de Oxford!

Nos primeiros anos, B.-P. ia ganhar muito pouco como oficial de cavalaria, mas a família juntou-se para
financiar o «alferes R.S.S. Baden-Powell» em tudo de quanto necessitava na sua nova existência. Em 30
de Outubro de 1876, todos se foram despedir dele quando partiu para a índia.

A carreira militar
Assim principiou a carreira de Baden-Powell no Exército. Permaneceu nas fileiras mais de trinta anos
onde desenvolveu grande parte das ideias que mais tarde apareceram no movimento escutista.

Baden-Powell passou os primeiros oito anos de militar como alferes na Índia. Nessa fase não havia
propriamente guerra e os piores inimigos das guarnições eram a doença e o aborrecimento.

B.-P. distinguia-se nos desportos, sobretudo no pólo. Foi poupando, gastando muito menos em comida e
bebida do que os outros oficiais, até ter dinheiro para comprar um pónei chamado Hércules. Apesar de
feio e esquelético, Hércules depressa se tornou um excelente cavalo de pólo e o seu novo dono passou a
financiar as suas próprias despesas desportivas, ensinando outros póneis.

Além do desporto, os oficiais nas remotas paragens da Índia tinham ainda outra paixão: o teatro amador.
Baden-Powell era muito requisitado porque sabia cantar, representar, dizer piadas e pintar cenários -
com as duas mãos ao mesmo tempo!

Entretanto, Baden-Powell progredia na sua formação militar. Em Junho de 1878, com vinte e um anos,
passou com a mais alta classificação nos exames e foi promovido a tenente.

Pouco tempo depois era atacado de um mal crónico e, decorridos dois anos sobre a sua chegada à
Índia, B.-P. voltava a Inglaterra com baixa.

A 5 de Outubro de 1880, o tenente Baden-Powell, agora com vinte e três anos e totalmente curado,
abandonava a Inglaterra para regressar ao seu regimento. Este fora colocado no Afeganistão, a noroeste
da Índia, local onde os ingleses se tinham envolvido numa guerra de religião. Comandava-o o coronel
Baker-Russell, que Baden-Powell havia de descrever como «uma personalidade, sem sombra de dúvida!...
Era o tipo de homem com quem você hesitaria em brincar, e teria toda a razão».

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O coronel Russel procurava desenvolver nos seus homens a iniciativa e a confiança em si próprios.
Decidiu que Baden-Powell faria parte de um pequeno destacamento que tinha por missão reconhecer
certo território na selva que há pouco estivera na origem de uma batalha. A sua função de batedor,
enviado antes dos outros a fim de recolher toda a informação, requeria um olhar penetrante e a
capacidade de fazer desenhos correctos no próprio local. O jeito de Baden-Powell para esboçar mapas
foi extraordinariamente útil e, quando regressou dessa excitante missão de três dias ao campo de
batalha, foram-lhe confiadas outras tarefas de reconhecimento.

Além disso, passou muitas noites a cavalo, a fazer patrulha: «De sentinela», como então se dizia. B.-P.
passara do faz-de-conta da Mata para a realidade da vida militar.

Nessa altura, já alguns desenhos e artigos de Baden-Powell tinham sido publicados em jornais e revistas
mas ele estava decidido a voar mais alto. O seu primeiro livro, editado em 1884, apresentava
recomendações para a exploração e elaboração de mapas do território inimigo, bem como relatórios de
reconhecimento dos movimentos do inimigo.

Antes de regressar de novo à Índia, passou treze anos no Exército inglês, em diversas regiões da Europa
e da África, e deu à estampa alguns livros. Transformou-se num homem com grande autodomínio,
bastante calado, cuja força residia em incluir os seus homens em todas as decisões significativas,
obtendo em troca respeito e dedicação.

Baden-Powell foi extremamente marcado por África. Gostava não só do continente como das pessoas.
Logo no início da sua vida militar, estudava os dialectos locais onde quer que se deslocasse; deste modo
conseguiu conhecer os povos africanos. Respeitava-os quer como aliados, quer como adversários.

A maior nação guerreira africana era a dos Zulus e Baden-Powell nunca esqueceu o seu primeiro con-
tacto com um exército Zulu ou «impi» em marcha. Costumava recordar: «Ouvi um ruído longínquo que, a
princípio, me pareceu o som de um órgão a tocar numa igreja e julguei que estávamos a aproximar-nos
de uma missão escondida atrás do monte.

«Mas, quando chegámos ao cimo da elevação, vimos avançar na nossa direcção, vindas lá do fundo do
vale, três longas colunas de homens que marchavam um a um e cantavam um hino lindíssimo. De vez em
quando um deles entoava algumas notas em solo a que respondia o coro ensurdecedor de todo o
“impi”, composto de vozes de baixo e de timbres mais agudos, em total harmonia.»

B.-P. apressou-se a tirar a música de ouvido e, tanto quanto possível, as palavras: «Eengonyama
Gonyama! Invubu! Jaboo! Ja-boo! Invubu!» Passados anos havia de ensinar esta letra a um grupo de
rapazes sentados em redor de uma fogueira, numa região completamente diferente, do interior de
Inglaterra.

Os amigos Zulus de Baden-Powell ficaram muito impressionados com a sua coragem e destreza. Ele
orgulhava-se dos nomes que lhe atribuíam e que chamavam a atenção para aspectos característicos da
sua personalidade: M'hlalapanzi, «O homem que faz os seus planos com cuidado antes de os pôr em
prática»; Kantankye, isto é, «O do chapéu grande». Como sucede com muitos ruivos, B.-P. queimava-se
facilmente; por isso, usava sempre o chapéu de abas largas que adoptara na sua primeira comissão na
África do Sul, em l884-l885. Esse chapéu tornou-se uma espécie de distintivo de B.-P. e seria um dia
integrado no que foi o primeiro uniforme dos escuteiros.

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Mas, de todos os nomes, o que mais lhe agradava era Impeesa, «O lobo que nunca dorme». Baden-
Powell achava que era o maior elogio que jamais recebera.

Em 1897, Baden-Powell regressou à Índia. Tinha quarenta anos, era coronel e fora colocado como
comandante do 5º Regimento, aquartelado na difícil fronteira noroeste.

Como comandante, Baden-Powell era inteiramente responsável pela formação dos seus homens e
esforçava-se por aplicar algumas das suas ideias.

A característica mais revolucionária do treino dado pelo coronel Baden-Powell era o empenho que ele
punha em que os seus homens gostassem do que estavam a fazer.

Dividia os recrutas em pequenos grupos e fazia-lhes palestras cheias de piadas e episódios das suas
experiências de patrulha e reconhecimento. Depois, os homens aplicavam a teoria à prática, em exercí-
cios realizados individualmente ou dois a dois.

Aqueles que passavam nos testes obtinham o título de «batedor» e recebiam uma braçadeira especial - a
«flor de lis». Alguns anos mais tarde, o movimento dos Escuteiros transformá-la-ia num dos símbolos
mais conhecidos do mundo.

Baden-Powell registou muitas dessas ideias sobre treino e actividades ao ar livre na sua obra «Manual do
Escutismo», que viria a tornar-se um êxito.

Mas B.-P. estava demasiado absorto para dar atenção a tão inesperada popularidade! Em Maio de 1899,
após dois anos na Índia, B.-P. regressava de licença, projectando voltar ao seu regimento na Índia antes
do final do ano. Mas, decorridas apenas duas semanas, era colocado na África do Sul, onde o Império
Britânico se encontrava ameaçado pelos holandeses, os Boers. A guerra parecia inevitável.

Em princípios de Julho, o coronel Baden-Powell embarcava para a África do Sul onde enfrentaria os
acontecimentos que iriam fazer dele um herói.

Quando Baden-Powell chegou à África do Sul atribuíram-lhe como base uma cidade cuja localização tinha
importância estratégica: Mafeking. Tratava-se de uma cidade tradicionalmente pacífica, situada na linha
de fronteira entre as duas forças rivais - o Exército britânico e os aguerridos Boers. Também constituía o
principal depósito de abastecimentos das tropas britânicas.

Mafeking ficava junto ao rio Molapo, na colónia do Cabo, e não possuía qualquer tipo de defesa. Logo
que começou a ficar claro que a guerra era inevitável e que a cidade ia ser cercada, o coronel Baden-
Powell iniciou a sua fortificação. Os seus adversários Boers mereciam-lhe o maior respeito. Sem demora,
promoveu a construção de um abrigo subterrâneo que protegesse dos projécteis inimigos: braços de
voluntários cavaram trincheiras e carros e carroças serviram para barricadas nas estradas.

Depois de um comboio bem escoltado ter transportado a maioria das mulheres e crianças de Mafeking
para lugar seguro - a cidade de Kimberley, no Sul - Baden-Powell instalou-se no seu quartel-general, e
analisou a situação. Tinha consciência do perigo que ameaçava os restantes nove mil habitantes de
Mafeking e de que a mal equipada guarnição inglesa, com os seus 1250 homens, era insuficiente para
enfrentar os Boers.

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Mal os preparativos ficaram concluídos, em 11 de Outubro de 1899, a guerra foi declarada. No dia 13 do
mesmo mês, uma força de nove mil Boers cercava a cidade. Três dias mais tarde, uma chuva de
projécteis caía sobre a cidade. Durante quatro horas, as explosões esventraram as estradas e a praça do
mercado ficou repleta de estilhaços.

Mas, quando a população foi verificar os estragos, viu que eram de pouca monta. B.-P. enviou ao Quartel
General uma pitoresca mensagem: «Tudo bem. Bombardeamento de quatro horas. Um cão morto».
Entregou-a a um homem da cidade com instruções para proceder de modo que os Boers a
interceptassem «acidentalmente». Nos dias seguintes, repetiu a manobra, conseguindo convencer o
inimigo de que as forças defensivas se encontravam melhor equipadas do que na realidade estavam.

Durante a noite, enviava dois homens a percorrer a cidade accionando o único holofote que o regimento
dispunha, a fim de dar a ilusão de que Mafeking estava protegida contra investidas nocturnas por uma
cadeia de holofotes.

Nas primeiras semanas de cerco, Baden-Powell sabia muito pouco do que se passava fora de Mafeking.
Os relatos recebidos não mereciam confiança visto basearam-se apenas em rumores. Ciente de que
podia decorrer bastante tempo, talvez meses, sem qualquer auxílio, assumiu a direcção dos serviços
essenciais e introduziu o racionamento dos bens alimentares. Entretanto, chegara o Verão e, no intuito
de complementar o racionamento imposto, Baden-Powell incentivava os habitantes a cultivarem a sua
horta, para além de manterem as trincheiras em bom estado e consertarem os buracos causados pelos
constantes bombardeamentos.

B.-P., sempre cheio de energia, sabia como era importante, quer para os soldados, quer para os civis,
alguma trégua que quebrasse a tensão. Ao domingo, as hostilidades eram interrompidas e, depois da
solenidade religiosa, a população dedicava-se a «desporto, récitas infantis, concertos e brincadeiras de
toda a espécie» imaginadas pelo próprio Comandante em Chefe.

Apesar do seu aspecto despreocupado, o coronel Baden-Powell tomava as suas responsabilidades muito
a sério. A noite, fazia jus ao seu cognome africano de Impeesa - O lobo que nunca dorme. A coberto da
escuridão, esgueirava-se para fora da cidade e inspeccionava as linhas inimigas.

No interior da cidade sitiada, os rapazes começavam a tornar-se um problema. Exuberantes e excitados,


embaraçavam os que tinham de enfrentar as dificuldades do cerco. Além disso, eram imprudentes,
refugiando-se nos abrigos só à última hora e abandonando-os antes mesmo de soar o sinal de «Fim de
Alerta». O receio de apanharem um tiro era esquecido na ânsia de recolherem estilhaços de granadas
para recordação.

O coronel Baden-Powell achava que os rapazes tinham de passar a ajudar, em vez de serem mais um
embaraço. Um dos oficiais de Baden-Powell, o major Cecil, foi encarregado de organizar um novo
destacamento com os rapazes que tivessem idade superior a nove anos.

Começou com um grupo de dezoito rapazes, constituído por um primeiro-sargento, um sargento, dois
cabos e catorze soldados rasos. O entusiasmo foi geral. O major Cecil incutia-lhes a disciplina e ensinava-
os, recorrendo a jogos e competições.

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Baden-Powell admirava-se com a eficácia e a coragem dos cadetes que em pouco tempo assumiram a
responsabilidade de levar mensagens, entregar correio e fazer turnos nos postos de vigia.

A seu tempo, o Corpo de Cadetes de Mafeking seria reconhecido oficialmente como fazendo parte da
defesa de Mafeking. O episódio mais gratificante para os cadetes deu-se quando a cidade esgotou os
seus selos e o fotógrafo local se aliou ao editor do Mafeking Mail para imprimir algumas séries para uso
temporário. Nos selos figurava o retrato do primeiro-sargento dos cadetes, na sua bicicleta, preparando-
se para entregar o correio.

Alguns anos mais tarde, Baden-Powell recordou-os. Os cadetes tinham-lhe mostrado que rapazes muito
novos sabem ser responsáveis nos momentos de perigo. O Corpo de Cadetes de Mafeking foi, na
verdade, um elo fundamental da cadeia que conduziria à criação do Movimento Mundial dos Escuteiros.

Embora o moral continuasse elevado, em grande parte devido à calma e à confiança aparentadas por B.-
P., a possibilidade de resistência dos habitantes e da guarnição de Mafeking diminuía. O Natal de 1899
veio e passou. Com a alvorada do novo século chegaram à África do Sul milhares de soldados ingleses.
Em Mafeking cresceu a esperança de receberem reforços sucessivos; mas breve se desvaneceu quando,
em Fevereiro, o coronel Baden-Powell soube que as tropas só viriam em Maio.

As reservas de alimentos, dinheiro e munições estavam prestes a esgotar-se. Como sempre, B.-P. tinha
imensas ideias. Promoveu a emissão de notas pelo banco de Mafeking e organizou quatro grandes
cantinas que serviam sopa feita segundo a receita seguinte: «Meio cavalo, 113 Kg; farinha de milho, 7
Kg; casca de aveia, 21 Kg. Obtém-se cerca de 590 litros de sopa com a consistência do mingau». A
«sowens», uma espécie de papa de aveia, tornou-se a dieta por excelência e era tão insípida que toda a
gente acolheu com prazer uma inesperada praga de gafanhotos. Era sabido os gafanhotos terem «o
aroma e a contextura de uma corda mascada», mas B.-P. conseguiu descobrir uma pequena quantidade
de pó de caril que contribuiu para melhorar ligeiramente o seu gosto.

Decorridos seis meses chegaram mensageiros exaustos que traziam correspondência extremamente
atrasada das famílias e dos amigos, e uma missiva da rainha Vitória para Baden-Powell: «Continuo a
observar, com confiança e admiração, a persistente e resoluta resistência tão corajosamente levada a
cabo sob o seu competente comando», escrevia a rainha. Mas os reforços não chegaram.

Abril chegara ao fim. O cerco durava há quase duzentos dias. Dentro de quatro semanas as reservas de
alimentos esgotar-se-iam e começavam as epidemias. Baden-Powell anunciou que as rações sofreriam
um novo corte. Os ingleses não capitulariam.

Mas quanto tempo mais poderia resistir?

Ao fim de duzentos e dezassete intermináveis dias, chegou a Mafeking uma coluna de socorro inglesa.

Entretanto, em Londres, o dia 17 de Maio de 1900 decorrera como tantos outros numa capital
atarefada. Às 21 horas, o trabalho terminara mas havia ainda muita gente nas ruas. Em todas as
esquinas os leitores dos jornais devoravam os títulos à procura de notícias da guerra - sobretudo
pormenores da resistência de Mafeking sob as ordens de Baden-Powell. Em todos aqueles meses de
cerco, a nação inteira acolhera Baden-Powell no seu coração. Mafeking não era apenas uma cidade a
chegar ao seu termo.

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Começou por ouvir-se um sussurro, depois um vozear e, finalmente, um clamor: «Mafeking foi socorrida!»
A agência noticiosa Reuter passou a notícia aos escritórios do Daily Telegraph, e não tardou a surgir na
Câmara de Londres, um cartaz em que se lia:

MAFEKING FOI SOCORRIDA. A GUARNIÇÃO JÁ TEM ALIMENTOS. O INIMIGO FOI POSTO EM DEBANDADA.

O público britânico, normalmente imperturbável, perdeu a cabeça de entusiasmo. Pessoas que não se
conheciam apertavam a mão e abraçavam-se nas ruas. Muitos espectáculos foram interrompidos para
poder ser dada a notícia. Todos se juntaram para aclamar Baden-Powell e cantar o hino nacional. Nunca
Londres conhecera noite tão festiva!

B.-P. era o herói do dia. «Três vivas para Baden-Powell!», ouvia-se constantemente. E assim, com o feliz
desenlace do cerco, Baden-Powell tornou-se famoso.

Mas B.-P. não gostava da fama e da adulação que lhe valiam as suas aventuras de Mafeking e que con-
siderava «detestável notoriedade». Teve de se habituar à ideia de que nunca mais deixaria de ser uma
figura eminente, com todas as pressões e responsabilidades inerentes.

Recebeu milhares de cartas, especialmente de jovens que tinham lido a descrição dos seus feitos e
queriam pedir-lhe conselho.

De algum modo, viam no famoso soldado um homem desempoeirado, abordável e genuinamente


interessado pelos problemas dos outros. B.-P. (como todos lhe chamavam) adorava essas cartas.
Respondia com cuidado a todas elas, recordando-se dos rapazes de Mafeking, tão maçadores mas que
tão rapidamente se tinham transformado em excelentes e cooperativos membros da comunidade.

Em 1900, Baden-Powell foi promovido a General; com os seus quarenta e três anos, era o General mais
novo do Exército Britânico. Permaneceu na África do Sul cerca de três anos e durante esse período foi
responsável pela criação da Força Policial da África do Sul. Esta, encarregada de manter a ordem,
possuía um uniforme próprio, desenhado por B.-P. e o seu treino tinha um cunho muito mais
personalizado do que o treino militar normal.

A Polícia separou-se pouco depois do Exército, desempenhando o papel não só de unidade militar como
de fonte amigável de auxilio às comunidades.

De regresso a Londres, na Primavera de 1903, para assumir o posto de Inspector Geral de Cavalaria, B.-
P. encontrou bastantes alterações. Deixara um país com alto grau de prosperidade e que experimentava
agora os efeitos da guerra dos Boers: recessão comercial, baixa de salários e aumento do desemprego.
A juventude tendia para o vandalismo, a embriaguez e o crime. Baden-Powell ficou desolado ao ver
«milhares de rapazes e jovens, pálidos, de peito cavo, acocorados, figuras míseras a fumar cigarros uns
após outros».

B.-P. teve ocasião de verificar que o livro que escrevera antes do cerco de Mafeking estava em vias de se
tornar um êxito de livraria. Obviamente seu novo estatuto de herói nacional fizera subir as vendas, mas
mais importante era o facto de as suas teses sobre a formação do carácter atraírem grande número de
leitores.

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O livro apresentava as ideias que Baden-Powell pusera em prática quando era coronel na Índia. Explicava
como era possível desenvolver a coragem, a autoconfiança através de formação adequada. E, o que é
mais, descrevia o método em que Baden-Powell se inspirava: dividir os homens em pequenos grupos,
tornar os treinos agradáveis e divertidos, organizar diversos jogos, com a atribuição de trofeus de
acordo com o sucesso alcançado.

Nos dois ou três anos seguintes, Baden-Powell preocupou-se de modo especial com a necessidade de
haver alguém que desse apoio aos rapazes que encontrava quando percorria o país. Começou a
preparar o esquema de formação que haveria de transformar-se no movimento escutista.

B.-P. leu todos os livros que encontrou sobre organizações juvenis. Sentiu-se especialmente atraído pelo
de Ernest Thompson Seton, um perito em costumes e tradições dos índios.

Baden-Powell ficou interessado no facto de Seton apontar a destreza manual e a capacidade de seguir
pistas como actividades educativas para os tempos livres dos jovens. Quando os dois homens se conhe-
ceram e trocaram impressões, B.-P. sentiu que ficara com algumas ideias construtivas.

As primeiras obras que Baden-Powell escrevera tratavam exclusivamente do treino de homens para a
guerra; mas agora o seu objectivo era ajudar os rapazes a valorizar-se para a paz. O escutismo pre-
tendia ser um meio de os rapazes se conhecerem melhor a si próprios, saberem avaliar as suas capa-
cidades e os seus pontos fortes e fracos, e aprenderem a enfrentá-los. Os objectivos do movimento
consistiam em fazer o bem e formar o carácter do rapaz.

A ideia de Baden-Powell de criar uma organização de escuteiros começava a tomar forma mas era
indispensável despertar o interesse de outras pessoas.

Escreveu dois folhetos, que mandou imprimir para distribuir pelos amigos. Obteve uma reacção
entusiástica e foi instigado a desenvolver mais o projecto e a dar conhecimento do manual.

Tendo concluído o seu tempo como Inspector-Geral da Cavalaria, Baden-Powell foi promovido a Tenente-
General em Junho de 1907, e colocado na Reserva. Passados trinta anos, deixava agora de ter qualquer
função militar e podia dedicar-se totalmente ao seu novo projecto.

Antes de principiar a escrever o manual básico Escutismo para Rapazes, tinha de assegurar-se de que as
ideias resultavam na prática.

Para o efeito organizou um acampamento – o primeiro acampamento do movimento escutista.

O escutismo
Nota: a leitura do texto que se segue deve ser acompanhada do visionamento do diaporama/vídeo: UMA
AVENTURA NO SÉCULO XX.

A GESTAÇÃO DE UMA IDEIA


(A "Pré-História" do Escutismo)

Ilha de Brownsea - uma obscura ilhota perto da Ilha de Wright, no Canal da Mancha, em Agosto de 1907.

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Um pequeno grupo de 22 rapazes e um general na reserva iniciam uma aventura que se irá transformar
num triunfo a escala mundial, materializado nos 250 milhões de pessoas que, segundo os cálculos mais
prudentes, protagonizaram essa aventura ao longo dos seus noventa anos de história.

Hoje, o Movimento Escutista Mundial congrega mais de 17 milhões de jovens em cerca de 150 países e
territórios espalhados por todo o mundo.

É a historia do Escutismo, a historia das suas relações com os grandes acontecimentos do século, da
complexa teia de influências e de interacções que sobre ele se exercem, que aqui se procurará relatar:

A história de UMA AVENTURA NO SÉCULO XX.

No início do Século, o mundo continua a ser dominado pelas potências europeias. É certo que os
Estados Unidos acabam de se transformar na lª potência industrial, e que o Japão infligiu, no Extremo
Oriente, uma pesada derrota à Rússia czarista.

Mas a extensão dos impérios coloniais da França e da Inglaterra, a vastidão do território e dos recursos
populacionais da Rússia, o crescente poderio militar e industrial da Alemanha, mantêm firme no Velho
Continente a direcção da política mundial.

No horizonte, entretanto, acumulam-se nuvens de tempestade. A crise económica ameaça as sociedades


industrializadas. Em breve, uma guerra de uma violência sem precedentes iria desabar sobre o planeta.

A Inglaterra, no final de um século que a virá alcandorar-se à posição de primeira superpotência mundial,
emerge lentamente da época Vitoriana. Foi na Inglaterra do século XIX que se iniciou e desenvolveu em
primeiro lugar a Revolução Industrial. Foi a Inglaterra do século XIX que estendeu o seu domínio sobre o
maior império que a Terra jamais conhecera.

Mas, nos primeiros anos do Século XX, a Inglaterra sofre as consequências do seu próprio sucesso. A
industria britânica enfrenta uma terrível concorrência por parte das novas potências industriais: A
Alemanha, os Estados Unidos e o Japão. O carvão inglês tem de ser extraído a profundidades cada vez
maiores, e torna-se demasiado caro. A crise económica provoca uma diminuição dos salários, o aumento
do desemprego e da miséria e, com eles, do vandalismo e da delinquência.

A Guerra dos Boers, na África do Sul, assinala os primeiros reveses graves para o poderio militar
britânico.

Entretanto, as cidades britânicas cresceram desmesuradamente. De 1800 a 1910, Londres cresce de


800 mil para mais de 7 milhões de habitantes!

A concentração industrial e urbana, operada ao longo do século XIX, tinha tornado cada vez mais
miseráveis as condições de vida de uma grande parte da população. Em Londres, um terço da população
sofre de sub-alimentação.

Já nem as próprias mulheres correspondem à imagem idealizada que delas se fazia na época vitoriana
agora, em manifestações de rua, as sufragistas reivindicam o direito de voto para as mulheres, e outros
direitos cívicos.

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É esta sociedade que Baden-Powell - o Fundador do Escutismo - vem encontrar depois de uma longa
carreira militar nas colónias. É uma sociedade irreconhecível para quem a deixara 20 anos antes, no
apogeu da Era Vitoriana.

Baden-Powell sente-se particularmente chocado com o espectáculo dos mendigos nas ruas das grandes
cidades. A visão daqueles adolescentes pálidos, de tórax deprimido, acocorados com o queixo espetado
nos joelhos, (...), rebaixando-se ate a mendicidade", persegue-o implacavelmente.

Ao longo da sua carreira militar - muito pouco ortodoxa, refira-se - ele tinha podido constatar até que
ponto a vida na natureza, o ar livre, o espírito de equipa e, sobretudo, a atribuição de responsabilidades,
eram capazes de transformar os caracteres e, em particular, de contribuir para o amadurecimento dos
jovens - conforme as peripécias do cerco de Mafeking, o mais brilhante episódio da sua carreira, lhe
tinham demonstrado.

Baden-Powell persuade-se de que a melhor maneira de formar bons cidadãos está nas mãos dos
próprios jovens, desde que lhes seja dada uma oportunidade. Estes, repartidos em pequenos grupos
conduzidos por um jovem líder escolhido de entre eles mesmos, encarregar-se-iam da sua própria
educação, ainda que sob a vigilância benevolente de adultos voluntários.

É nesta mesma época que o suíço Claparede afirma: "Em matéria de educação, é a própria criança que
deve permanecer a autoridade suprema...”.

O pensamento pedagógico de Baden-Powell surge assim perfeitamente alinhado com o da plêiade de


educadores que, herdeiros de Rousseau e de Pestalozzi, punham em causa os sistemas pedagógicos
tradicionais. A semelhança de nomes como Montessori, Decroly e Claparede, também ele preconizava,
em alternativa ao ensino colectivo e autoritário, uma educação baseada na observação dos
temperamentos individuais, no respeito e no cultivo das actividades espontâneas infantis e juvenis, no
jogo, na auto-educação, na constituição de pequenas sociedades à dimensão da criança e do
adolescente.

Encorajado por amigos, Baden-Powell vai procurar adaptar estas ideias a educação dos adolescentes.
Na ilha de Brownsea, durante 10 dias de acampamento, vai por à prova as suas instituições com um
grupo de 22 rapazes recrutados nos mais diversos meios sociais. A confirmação das suas ideias ficou
bem patente na rapidez com que aquele bando heteróclito se cimentou num grupo unido, capaz de
decidir por si mesmo o que queria fazer, e de o levar a cabo sem receber ordens, apenas pela honra de
cumprir para com a confiança nele depositava, sem perspectiva de recompensa ou de castigo.

Foi um êxito em toda a linha. A 9 de Agosto de 1907, quando o Acampamento de Brownsea foi
levantado, tinha começado a história do Escutismo.

A INFÂNCIA DE UM MOVIMENTO
(1908-1914: Os Anos da Expansão Inicial)

Entre Janeiro e Abril de 1908, Baden-Powell publica, em 6 fascículos vendidos nos quiosques, o
"Escutismo para Rapazes" - esse "escutismo em tempo de paz" que ele sugere às organizações de
juventude já existentes para melhoria dos seus programas educativos.

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Baden-Powell não tinha, com efeito, a intenção de criar uma nova organização de juventude, mas de
contribuir para uma actualização pedagógica das já existentes. Mas não foi essa a opinião dos jovens:
estes queriam ser escuteiros e mais nada!. As primeiras patrulhas de escuteiros brotaram por todo o
país como cogumelos depois da chuva e em 1910, uns escassos 2 anos depois da publicação do
"Escutismo para Rapazes", o Movimento nascente era já o mais importante das Ilhas Britânicas, com
mais de 100 mil membros.

Com o sucesso vieram, no entanto, as primeiras críticas. As correntes que apodavam o Escutismo de
pacifista ou de militarista anulavam-se mutuamente.

A esquerda britânica - o Partido Trabalhista tinha nascido em 1906 - acusava-o de tentar recuperar a
juventude para as ideias conservadoras, em defesa do "establishment".

Os conservadores, por sua vez, qualificavam B.-P. de socialista, com base no Artigo 4º da Lei do
Escuteiro, que proclama que este e amigo de todos e irmão de todos os outros escuteiros, qualquer que
seja a sua classe social...

Pormenor curioso, quer Harold MarcMillan quer Harold Wilson, respectivamente Primeiros Ministros
Conservador e Trabalhista nos anos 50-60, nunca esconderam o seu orgulho em terem sido
escuteiros!...

Para alguns críticos actuais, o Escutismo inserir-se-ía num movimento mais vasto de reacção
generalizada por toda Europa, de que Nietzsche e o Darwinismo social tinham fornecido um alibi plausível
às velhas elites. Nesse sentido, o Movimento Escutista seria apenas uma forma tipicamente britânica da
remobilização geral contra a ameaça de mudanças sociais que, depois de 1917, acabaria por conduzir
às contra-revoluções totalitárias dos anos 20 e 30.

A profunda hostilidade dos regimes totalitários contra o Escutismo, bem como o seu florescimento
sobretudo nos regimes democráticos e nos mais diversos ambientes culturais, contradiz esta tese - pelo
menos no que se refere àquilo que o Escutismo, de facto, veio a ser.

Estranha e inesperadamente, organizou-se também uma forte oposição contra o "projecto escutista" no
seio das diferentes igrejas reformadas da Grã-Bretanha, em nome de uma alegada ausência de fins
religiosos do Escutismo, também uma parte da Hierarquia Católica o viria a condenar anos mais tarde,
embora, como veremos, por outras razões.

Mas o êxito e a expansão crescentes do Escutismo levaram de vencida todas as oposições. Entre 1908 e
1910, o Movimento surge nos mais importantes domínios britânicos - Canadá, Austrália, Índia, Nova
Zelândia, Hong-Kong - mas também no Chile, na Bélgica, na Holanda, na França, na Dinamarca na
Noruega, na Suécia e nos Estados Unidos.

0 caso deste país, pelas características e pelas suas repercussões, merece ser analisado em maior
detalhe. Na primeira década do século XX, estava em curso nos Estados Unidos aquela que foi decerto a
primeira política de ambiente do nosso tempo, sob a égide do Presidente Theodore Roosevelt. Datam
desta época a criação de muitos Parques Nacionais e outros espaços protegidos, e a adopção de
medidas de protecção dos recursos naturais.

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Na mesma época, Ernest Thompson Seton, um dos primeiros ecologistas dos tempos modernos, grande
conhecedor e apaixonado da flora e da fauna norte-americanas e dos costumes dos Peles-Vermelhas,
tinha criado um programa dedicado aos jovens e inspirado na vida dos índios das florestas, que
conheceu algum sucesso. (Seria aliás interessante analisar até que ponto a sociedade americana
procurava assim exorcizar os fantasmas da violência da Conquista do Oeste, do massacre dos bisontes,
do genocídio dos índios, como hoje tenta exorcizar os fantasmas do Vietname.)

A sociedade americana estava assim madura para acolher com entusiasmo os ideais de natureza e de ar
livre do Escutismo, quer nas áreas onde o convívio com uma natureza quase virgem era ainda uma
realidade pouco ameaçada, quer nos meios urbanos da Costa Leste.

Outro aspecto interessante é o da implantação social do Escutismo americano, desde o seu início. Diz-se
que Baden-Powell teria exprimido aos dirigentes americanos a sua preocupação quanto a ausência
naquele país, de uma classe abastada e ociosa como a aristocracia britânica, capaz de proteger e dirigir
a organização escutista ao mais alto nível, como acontecia no seu país de origem. Ora, nos Estados
Unidos, o Escutismo nascente beneficiou sobretudo do serviço e da atenção de uma população urbana
recém-fixada nas cidades do interior por exigência de um sector secundário e terciário em plena
expansão e por conseguinte senhora de um importante excedente de tempo livre em relação ao seu
antigo horário de trabalhadores rurais.

O Escutismo espalha-se pois pelo imenso território da União a uma velocidade incrível, sendo lendária a
acção dos Comissários itinerantes que deixavam atrás de si um rosário de novas unidades escutistas
quase todas em povoações ao longo das linhas de caminho de ferro!

Entretanto, o Escutismo prosseguia a sua expansão internacional, no Império Britânico, na Europa, na


América do Sul...

Em Portugal, o "vírus escutista" penetra por volta de 1912, por via do "contágio" de Macau pela colónia
de Hong-Kong.

Em 1913, realiza-se em Birmingham o primeiro acampamento verdadeiramente internacional, onde,


entre 30.000 jovens britânicos e de todo o Império. se encontram escuteiros americanos, chineses, e de
12 países do continente europeu.

Quando se inicia a sua fulgurante expansão internacional, pode dizer-se que o Escutismo tinha
estabelecido e fixado o seu método educativo nas suas características fundamentais.

É mais ou menos pela mesma altura, pois, que se inicia a sua especialização qualitativa. Os Escuteiros
Marítimos são reconhecidos logo em 1912, se bem que se conheçam actividades marítimas desde 1908.
Aumenta também a pressão, por parte dos rapazes mais novos, ainda em plena infância, para se
juntarem aos seus irmãos adolescentes nas actividades escutistas.

Atento ao risco de infantilização de uma proposta educativa dirigida e adaptada essencialmente aos
adolescentes, Baden-Powell procura individualizar uma secção específica para os mais novos, problema
que só é resolvido com carácter definitivo com a criação dos Lobitos, em 1916, e graças a acção
decisiva de uma jovem colaboradora: Vera Barclay.

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Mas o acontecimento mais marcante desta especialização e o aparecimento dos primeiros "escuteiros
femininos".

Na primeira grande reunião de escuteiros, o "rally" de Crystal Palace em 1910, entre os cerca de 10.000
rapazes presentes encontra-se um punhado de raparigas, decididas a tirarem tanto proveito do
Escutismo como os rapazes!

Vencendo as resistências iniciais de surpresa e talvez mesmo de desconfiança - pois estamos em plena
época das sufragistas e dos movimentos feministas - as raparigas teimam em ser escuteiras. Em menos
de 1 ano, são mais de 6.000.

Com a criação do Movimento paralelo das Guias - na altura seria impensável uma organização única para
ambos os sexos... - Baden-Powell tenta enquadrar de forma consistente este súbito afluxo de raparigas.
Aparentemente, todavia, as primeiras dirigentes das Guias - entre as quais a própria irmã de B.-P. -
deixam-se ultrapassar pela rápida e contínua emancipação da mulher. Uma orientação educativa
demasiado vitoriana e desadaptada aos novos tempos faz estagnar o Guidismo. Só em 1918, com a
publicação do livro "Guidismo" pelo próprio Baden-Powell, o Movimento das Guias receberá o impulso
decisivo.

A PROVA DE FOGO
(A Guerra de 1914-1918: a "Crise da Puberdade" do Movimento Escutista)

Em 1914, rebenta a Grande Guerra. Foram muitos os que previram que a conflagração mundial iria
destruir o Escutismo, quer no seu berço britânico quer enquanto Movimento internacional. Não seriam os
escuteiros obrigados - apesar de irmãos como proclamava o 4º Artigo da sua Lei - a bater-se uns contra
os outros?

Por muito lógica que parecesse esta previsão, foi exactamente o contrário que se passou. Apesar da
tremenda provação a que foram submetidos, e da terrível sangria que a guerra provocou nos quadros de
adultos voluntários e nos escuteiros mais velhos os jovens portaram-se a altura e "aguentaram" a
organização praticamente sozinhos.

É certo que os "tempos heróicos" do Escutismo terminam com a Guerra de 1914-1918, mas a extensão
da tragédia iria dar uma nova dimensão ao Movimento Escutista.

Durante o conflito, os Escuteiros distinguiram-se especialmente ao desempenharem com inexcedível êxito


um sem-número de tarefas de carácter civil e desarmado: mensageiros, vigilantes, maqueiros,
bombeiros, dadores de sangue, reguladores de trânsito, colectores de papel, de metais e de borracha
para reciclar...

Em França e na Grã-Bretanha, os Escuteiros participaram activamente no esforço de produção agrícola,


substituindo os homens partidos para a Frente.

As tarefas desempenhadas pelos escuteiros estavam ligadas ao esforço de guerra dos respectivos
países, mas mantinham-se dentro dos limites que hoje seriam aceites por qualquer objector de
consciência, e granjearam-lhes uma enorme estima junto da opinião pública.

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Longe de desaparecer, o Escutismo atraiu a si um número crescente de jovens entre 1914 e 1918, o
escutismo britânico cresceu de 150.000 para 195.000 membros

Outra consequência da guerra foi a crescente importância do papel dos dirigentes femininos no seio de
um movimento até então estritamente masculino, sob o impulso das circunstâncias excepcionais então
vividas.

Também o Guidismo conheceu, pelas mesmas razões, uma evolução espectacular durante a Guerra,
apoiado na nova liderança de Olave Baden-Powell, mulher do Fundador do Escutismo e do Guidismo -
curiosamente, até então, uma bem sucedida Comissária Regional do Movimento Masculino!...

Mas a grande consequência da catástrofe, para o Escutismo, foi sem dúvida a confirmação, no espírito
de Baden-Powell, de que a grande vocação do Movimento Escutista teria de ser, daí em diante, a
construção da Paz. Em 1917, ele escrevia: "As nações, desiludidas por esta guerra, buscam melhores
maneiras de preservar a paz do que simples pedaços de papel controlados por políticos pouco
escrupulosos (...) o Movimento dos Escuteiros, ainda que numa escala por enquanto relativamente
reduzida tem raízes entre a juventude de todos os países civilizados, e desenvolve-se de dia para dia.
Pode considerar-se que, se nos próximos anos uma proporção considerável da futura geração de
cidadãos de cada nação fizesse parte desta fraternidade aqueles ficariam unidos por lapsos de amizade
pessoal e de compreensão recíproca como jamais existiu no passado, e que permitiria encontrar uma
solução para os terríveis conflitos internacionais."

Para o velho soldado, a grande lição da guerra e a sua recusa como solução. Construir a Paz por meio
da Fraternidade entre os jovens de todo o mundo tornar-se-á a obsessão dos seus últimos anos, a
preocupação maior da sua vida.

DA ADOLESCÊNCIA À MAIORIDADE
(Os anos 20: a Confirmação)

Esta preocupação, Baden-Powell vai pô-la em prática sem tardar: em 1920, tem lugar o 1º Jamboree
Mundial - grande acampamento internacional concebido para acolher escuteiros de todos os países num
clima de fraternidade -, em 1922 é fundada a Organização Mundial do Escutismo.

Entretanto, a Guerra veio alterar significativamente o panorama internacional e, por conseguinte, o


terreno em que o Escutismo se move. Na Europa, as velhas aspirações nacionais dos povos submetidos
aos grandes impérios continentais (Austro-Húngaro, Otomano, Russo) concretizam-se dando origem a
estados nacionais como a Checoslováquia, a Polónia, a Roménia, os Países Bálticos. A leste, a Revolução
de Outubro dera origem a um processo histórico cujas consequências então ninguém podia ainda prever.
Os Estados Unidos emergem do conflito como a primeira potência económica, militar e diplomática. A
França e a Inglaterra, com uma geração inteira devastada pela guerra, não tem quadros suficientes para
administrar imensos impérios ultramarinos ainda ampliados pela partilha das colónias alemãs e do
Império Otomano. Com o objectivo de resolver potenciais conflitos pela via do diálogo e das negociações,
nasce em 1919 a Sociedade das Nações cujas nobres finalidades contrastam vivamente com a miopia
diplomática da humilhação imposta à Alemanha vencida pelo Tratado de Versalhes.

É neste ambiente que, em 1920, se reúnem em Londres 8.000 jovens de 21 países independentes -
muitos deles das novas nações europeias - para o lº Jamboree Mundial. Projectados como momento forte

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da vocação pacifista e internacionalista da Fraternidade do Escutismo, mais dois Jamborees terão lugar
ainda durante os anos 20.

Tão importante como o Jamboree e, entretanto, a reunião de dirigentes de todos os países que tem lugar
nos dois dias anteriores, também em Londres. Uma 2ª Conferência Internacional é convocada para 1922,
em Paris.

Nela, são lançadas as bases de uma verdadeira organização internacional, com uma Conferência bienal,
um Comité internacional eleito, e um Secretariado permanente. Trinta países - entre os quais Portugal -
são considerados fundadores da Organização Mundial do Escutismo.

Baden-Powell e os outros "Chefes Históricos" lançavam assim as bases de uma "Liga dos Jovens de
Todas as Nações", em que muitos tem querido ver a inspiração do modelo da Sociedade das Nações

É também nos anos 20 que se desenvolve o Escutismo de inspiração católica. A primeira associação de
escuteiros católicos é a italiana, que em 15 de Junho de 1916 obtém do Papa Bento XV a aprovação
formal e a nomeação de um Assistente Geral. Em França e na Bélgica formam-se unidades de Escuteiros
católicos. Logo por ocasião da 1ª Conferencia Internacional, em 1920, os dirigentes católicos italianos,
belgas e franceses fundam autonomamente um Secretariado Internacional para os Escuteiros Católicos.

Mas a Igreja, de início, vê o Escutismo com indisfarçada suspeição, sobretudo em França. O Arcebispo de
Paris condena-o. A revista dos Jesuítas, "Études", critica vivamente o livro "Escutismo para Rapazes".

Para compreender estas reservas, é necessário ter em conta o ambiente da época e a história recente
da Igreja.

Em fins do século XIX, a Igreja fora abalada por duas violentíssimas crises: a perda do poder temporal,
com a unificação da Itália e a ocupação dos Estados Pontifícios por Vítor Manuel do Piemonte; e o
confronto com as novas ideologias filosóficas, com destaque para o positivismo racionalista. Pio IX tomou
posição contra estas proposições modernistas, "Syllabus". As orientações laicizantes da II República, em
França, e a ofensiva de Bismarck contra os católicos, na Alemanha, são exemplos do anticlericalismo
reinante no virar do século. Apesar da abertura as questões sociais patente nas encíclicas de Leão XIII,
os Papas continuam a condenar o modernismo, o positivismo, o laicismo, e várias outras correntes
filosóficas.

É neste clima que os Bispos franceses, muito naturalmente, reagem contra um método em que julgam
entrever elementos de algumas daquelas doutrinas e que, para mais, é á partida suspeito porque de
origem anglo-saxónica e de inspiração alegadamente protestante.

Entretanto, um jovem Jesuíta, o Pe. Sevin, estuda a fundo o Escutismo britânico e dedica-se a justificar e
a valorizar o seu método educativo à luz da doutrina católica. Será ele, nos próximos 20 anos, o principal
mentor e "ideólogo" de um escutismo de inspiração católica, Movimento da Igreja.

A simbologia e os modelos espirituais do Escutismo dos primeiros tempos - e em especial do Escutismo


católico francês... - são também sancionados pela canonização de Joana d'Arc por S. Pio X, em 1920.
Nesse mesmo ano, os Padres Sevin e Cornette fundam oficialmente os "Scouts de France", que são
pouco depois aprovados pelo Cardeal Dubois, novo Arcebispo de Paris.

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Em 1923, surge em Portugal o "Corpo Nacional de Scouts", pela iniciativa do Arcebispo de Braga, D.
Manuel Vieira de Matos.

O jovem Escutismo católico recebe enfim um impulso decisivo com o pontificado de Pio XI, que procura
revitalizar a Acção Católica e os movimentos de educação da Igreja. É ele que, no Ano Jubilar de 1925,
dirige aos Escuteiros Católicos o "slogan" com que se poderia resumira sua vocação e identidade : "Sede
não só escuteiros católicos, mas católicos escuteiros!"

Nascido num clima de jacobinismo e de anticlericalismo, o Escutismo católico permanecerá até à 2ª


Guerra Mundial, marcado pelas dificuldades de relacionamento com as associações escutistas não
confessionais, e por um certo espírito de cruzada. Será preciso esperar pela célebre audiência de Pio XI
a Baden-Powell, em 1933, para que se verifique uma reaproximação, graças aos esforços conjugados do
Vaticano e da Organização Mundial.

É ainda nos anos 20 que se situam dois acontecimentos de capital importância.

Os cursos de formação de dirigentes, dirigidos a partir do Campo de Formação de Gilwell Park, assinalam
a institucionalização pelo Escutismo, com duas décadas de avanço sobre o mundo empresarial, de uma
função hoje considerada como uma das chaves do sucesso de qualquer organização. A formação de
dirigentes iria ter, de futuro, um papel de primeiro plano na consolidação da unidade do Escutismo
Mundial facultando a todos os educadores voluntários um referencial básico comum, independentemente
do seu país ou da "côr local" nele assumida pelo método escutista.

No fim da década, surge na Grã-Bretanha o conceito de Agrupamento local, como conjunto de unidades
das varias secções etárias, para melhorar a coordenação entre estas numa mesma localidade. Hoje, e
tida por fundamental esta coordenação, assegurada por um Chefe de Agrupamento eleito, sem poderes
de ingerência na vida das secções, e responsável perante um Conselho de Agrupamento constituído por
todos os animadores adultos.

Ao atingir a sua maioridade, em 1929, o Escutismo e um Movimento não só cheio de saúde e de vigor.
mas também verdadeiramente internacional. A sua expansão e fortalecimento tinham coincidido, ao longo
da década, com um período de prosperidade económica e de bem-estar.

Com o advento dos anos 30, o cenário iria mudar radicalmente. Em 1929, com o "crack" da Bolsa de
Nova Iorque, rebenta a crise económica mundial trazendo na sua esteira desemprego persistente,
agitação social desenvolvimento de nacionalismos exacerbados, triunfo das ditaduras, e, por fim, uma
guerra ainda mais terrível e mortífera do que a anterior....

UMA DÉCADA SOMBRIA


(A Travessia dos Anos 30)

A Grande Depressão do início dos Anos 30 desorganizou por completo o tecido económico, social e
político das nações industrializadas.

Nos Estados Unidos, o "New Deal" assinala uma ruptura com o tradicional não-intervencionismo do
Governo Federal nas questões económicas e sociais.

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Na Europa, a instabilidade económica e social permitiu o aparecimento e a consolidação de regimes
totalitários em Itália, Portugal, Alemanha, Espanha, Roménia, Hungria...

O advento destes regimes terá, inevitavelmente, consequências sobre o Movimento Escutista. Este, de
momento, está ocupado a enfrentar o desafio do desemprego juvenil são criados numerosos centros de
formação profissional onde são acolhidos tanto escuteiros como outros jovens não-escuteiros.

Mas os sinais são inequívocos Mussolini tinha já procurado absorver o Escutismo italiano integrando-o
nos "Balillas", a organização juvenil fascista. Em 1927, o Movimento e dissolvido em todas as cidades
Italianas com mais de 20.000 habitantes. Um ano mais tarde, chega a interdição total e definitiva.

Nos regimes autoritários, o poder político via naturalmente com desconfiança um movimento de
juventude estruturado, com quadros formados nas próprias fileiras, dotado de uma rede de
comunicações própria e de contactos internacionais generalizados e autónomos, que escapava assim
totalmente ao seu controle. Da mesma forma, a Fraternidade Escutista Mundial tornava-se mais do que
inconveniente para os objectivos de ideologias promotoras de um nacionalismo agressivo e exacerbado,
ou mesmo do racismo puro e simples.

Esta hostilidade tornou-se cada vez mais aberta: em 1933, a criação da Juventude Hitleriana assinalou o
fim do conturbado e desorganizado escutismo alemão dos anos 20.

Em Portugal, são conhecidas as condições de controle ou mesmo de perseguição impostas pela


Mocidade Portuguesa às associações escutistas.

Em todos os países em que o fascismo e o nazismo conquistaram o poder, o Escutismo foi interdito e
substituído por organizações de juventude oficiais, únicas e obrigatórias.

Para melhor compreendermos as razões desta profunda oposição, vale a pena recordarmos o que
Baden-Powell disse a Mussolini, em 1933. Conta o próprio Baden-Powell "Depois de me explicar as
razões que o tinham levado a criar os Balila e os princípios da sua instrução - segundo ele extraídos do
método escutista - o 'Duce' pediu-me para lhe sugerir algumas críticas.

Ao que eu lhe respondi que o seu movimento era obrigatório em vez de ser voluntário. Que visava um
nacionalismo estreito em vez da compreensão internacional. Que era um treino puramente físico e
não desenvolvia o lado espiritual. E que desenvolvia o espírito da massa em vez de formar o
caracter do indivíduo".

Perto do fim da sua vida, Baden-Powell continuava a acreditar na fraternidade entre as nações, apesar
das nuvens que se encastelavam no horizonte.

Em 1937, no 5º Jamboree Mundial, realizado na Holanda, ele despede-se dos Escuteiros "0 emblema do
nosso Jamboree e o astrolábio. Era o instrumento pelo qual os antigos navegadores atravessavam os
mares. Que ele nos guie também na vida (...). Parti com este emblema e espalhai o espírito de boa
vontade. Chegou para mim o momento de vos dizer adeus (...). Muitos de nós não voltarão a ver-se (...).
Peço a todos que guardem esta insígnia do Jamboree (...). Ela recordar-vos-á (...) as amizades que
conquistastes aqui, contribuindo assim para o advento de um reino divino de Paz e de Boa Vontade. E
agora, que Deus vos abençoe a todos".

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Em 8 de Janeiro de 1941, Baden-Powell morre no Quénia, feliz pelo longo trabalho desenvolvido, e
confiando apesar de tudo no regresso dos dias bons.

Sobre Londres, chovem bombas alemãs.

A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL


(1939-1945)

Nos primeiros anos da 2ª Guerra Mundial, ouviram-se de novo vozes profetizando o desaparecimento do
Escutismo - tanto mais que desaparecera, entretanto, o seu Fundador e líder histórico. Mais uma vez,
como veremos, estas profecias estavam erradas.

É certo que, em fins de 1940, o Escutismo já se encontra oficialmente abolido na Bélgica, na Grécia, no
Luxemburgo, na Holanda, em França, na Noruega, Bulgária, Irão, Estónia, Lituânia, Letónia, e Jugoslávia.
As comunicações entre as associações vão-se rarefazendo até cessarem de todo.

Por toda a parte, contudo, o ideal escutista permanecia vivo e actuante. Nos Estados Unidos, os
Escuteiros mobilizaram-se como vinte anos antes, chamando a si inúmeras tarefas de carácter civil e de
apoio à economia. No último semestre de 1941, recolhem sozinhos mais de 87% das 6 mil toneladas de
alumínio para reciclar entregues ao governo. No ano seguinte, recolhem 240 mil toneladas de papel, e
11.500 toneladas de borracha - estas últimas apenas numa quinzena, antes que o governo, com a
capacidade de armazenamento totalmente saturada, fosse obrigado a pedir-lhes para parar! Em 1945,
no fim da guerra, há cerca de 67.000 pequenas hortas - os "Victory Gardens" - cultivadas pelos
Escuteiros, em reforço da produção de alimentos.

Manter o Escutismo num país em guerra podia ser uma tarefa difícil. Fazê-lo sob as bombas que
semeavam o terror e a morte por entre a população civil, era ainda mais problemático. E, sob um regime
de ocupação, tocava as raias do milagre. Mas o milagre produziu-se. O Escutismo revelou-se como um
dos antídotos mais eficazes contra o veneno totalitário. Viver a Lei do Escuta mesmo que isso fizesse
correr riscos graves, significava para os adolescentes viver os valores que eram espezinhados pelo
ocupante.

Esta atitude traduzia-se em actos de resistência como a ajuda aos aviadores aliados em fuga, o
encobrimento dos judeus e outros perseguidos, múltiplas acções de espionagem e de sabotagem. Muitos
chefes e caminheiros passaram à Resistência e à clandestinidade, e muitos deles pagaram com a vida o
seu ideal.

Mas as páginas mais sublimes desta epopeia clandestina foram escritas pelos caminheiros, jocistas e
outros, que partiram voluntariamente para a Alemanha, com os trabalhadores recrutados a força para o
Serviço de Trabalho Obrigatório. Trabalhando na clandestinidade, organizando clãs de caminheiros nas
fábricas e nos campos de concentração procuravam elevar o moral daqueles novos escravos e ajudá-los
a suportar as condições sub-humanas que lhes eram impostas. Muitos deles nunca chegaram a voltar...

O Escutismo não esperou pelo fim das hostilidades para renascer. A passagem dos exércitos
libertadores, surge como do nada, reorganiza-se aceleradamente, no meio do maior entusiasmo. Ainda
troavam os canhões e já se desenvolvia um imenso movimento de solidariedade, através do acolhimento

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a refugiados, de inúmeras geminações entre unidades de países poupados pela guerra com as de países
ocupados, proporcionando a estas últimas um socorro concreto e imediato.

Os números mostram a importância que o Escutismo teve para os adolescentes durante a guerra: em 8
países ocupados pelos nazis (Bélgica, Checoslováquia, Dinamarca, França, Holanda, Luxemburgo,
Noruega e Polónia), os escuteiros passam de 331.000 em 1939 a 613.000 em 1946!! E, no censo de
1947, descobre-se com surpresa geral que o efectivo mundial subira de 3.305.000 (em 1939) para
mais de 4 milhões de escuteiros!

A guerra tinha apesar de tudo cobrado um pesado tributo, fazendo desaparecer 11 associações
nacionais.

Mas em 1947, em França, e a reconciliação e a esperança no futuro que são celebradas pelos 25.000
escuteiros reunidos para o 6º Jamboree Mundial - o "Jamboree da Paz".

MOVIMENTO Á ESCALA PLANETÁRIA


(De 1945 a 1960: a "mundialização" do Escutismo)

O comportamento dos Escuteiros durante a guerra, a expansão do Movimento nos próprios países
ocupados e o imediato reatar de relações sinceras e fraternas entre os Escuteiros de todos os países -
vencedores e vencidos -, foram a mais bela resposta que a juventude do mundo podia ter dado à
confiança que o Velho Chefe tinha depositado nela.

No pós-guerra, o Escutismo Mundial vai conhecer um crescimento verdadeiramente explosivo,


acompanhando a recuperação económica e demográfica dos anos 50.

Este crescimento é mais do que simplesmente quantitativo. Na complexa situação internacional do pós-
guerra entre os fenómenos que iriam marcar a história da última metade do século XX, um foi
particularmente importante para o futuro do Movimento Escutista: a emergência de um grande número
de novas nações independentes, surgidas do desmantelamento dos impérios coloniais, primeiro na Ásia
e no Mundo Árabe, depois em África: o futuro Terceiro Mundo.

À escala mundial, este fenómeno conduziu a um conjunto de situações sem precedentes: o Movimento
dos Não-Alinhados, a transformação da ONU numa assembleia verdadeiramente mundial - em suma, a
uma internacionalização da vida política, económica e cultural, pela primeira vez a uma escala
verdadeiramente planetária.

O mesmo fenómeno repercute-se também sobre as práticas e as estruturas da Igreja. Surgem problemas
pastorais inéditos. São nomeados bispos autóctones. No Sacro Colégio, a maioria dos novos cardeais
não são italianos e alguns, pela primeira vez, não são de raça branca.

No Escutismo, o centro de gravidade do Movimento começa a deslocar-se para fora do seu berço
europeu. Em 1922, em Paris, entre os 31 países fundadores, 22 pertenciam ao Velho Continente. Em
1955, entre 56 organizações nacionais reconhecidas, só 18 eram europeias. No início dos anos 30,
havia em todo o mundo uns 2 milhões de Escuteiros, metade dos quais nos Estados Unidos, um bom
quarto nos diferentes domínios e territórios britânicos, e o resto sobretudo na Europa continental. Antes

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da 2ª Guerra Mundial, apesar da sua extensão quase planetária, o Escutismo permanecia uma instituição
essencialmente anglo-saxónica, ocidental, europeizada.

Nos anos 50, a situação é radicalmente diferente. É verdade que os acontecimentos entretanto
verificados na Europa terão contribuído para isso. Países em que o Escutismo possuía raízes profundas,
como Lituânia, a Estónia e a Letónia, deixaram de existir como nações independentes. Noutros, como a
Bulgária e a Roménia, a Checoslováquia, a Hungria e a Jugoslávia, ou nunca voltou a ser autorizado, ou
foi novamente banido após um curto período de ressurgimento, com a queda daqueles países na órbita
da União Soviética.

Seja como for, é nos Anos 50 que têm lugar os primeiros Jamborees Mundiais fora da Europa - o 8º, no
Canadá, nas Cataratas do Niagara - e no Terceiro Mundo - o 9º nas Filipinas - o mesmo se passando com
as Conferências Mundiais. Em 1959, na 17ª Conferencia Mundial realizada em Nova Delhi, Nehru,
dirigente histórico dos Não-Alinhados, presta uma vibrante homenagem ao Escutismo sublinhando o
potencial quase ilimitado que este representa para as jovens nações do Terceiro Mundo, ainda em fase
de construção.

Esta dinâmica de "mundialização" cria necessidades organizativas inteiramente novas. Para utilizar uma
analogia sugestiva, pode dizer-se que a Organização Mundial do Movimento Escutista, criada depois da lª
Guerra Mundial à imagem da Sociedade das Nações enfrenta agora o desafio de ter de se organizar à
imagem das Nações Unidas! (Ou seja, de se dotar de uma estrutura supranacional provida de meios
reais e importantes, se possível especializados em diversos campos de acção).

Este desafio só será plenamente aceite no início dos anos 70, com a criação em Genève de um Bureau
Mundial profissionalizado e de meios significativamente mais importantes do que até então. Entretanto,
logo em 1947, é constituído o primeiro órgão de coordenação regional: uma Conferência e um Comité
Pan-Americanos, primeiro passo para uma descentralização indispensável, prosseguida com a criação de
Secretariados Regionais no Cairo e em Manila.

Mas é também nos anos 50 que o mundo começa a descobrir uma evolução cada vez mais marcada do
modo de vida e dos valores da geração jovem.

OS ANOS DA REVOLTA
(Os Anos 60 e as Rebeliões Juvenis)

Sobrevivente de duas guerras mundiais, e na década de 60 que Escutismo vai ter de enfrentar aquele
que será talvez o seu maior desafio. Trata-se aliás não de um, mas de um conjunto de desafios sem
precedentes na sua diversidade, na sua intensidade.

Nos anos 60, a juventude torna-se cada vez mais um corpo social individualizado, com comportamentos
e valores próprios e distintos dos das outras gerações. Nos países industrializados, o desenvolvimento
económico e o aumento dos tempos livres dão origem a vastas possibilidades de actividades de lazer,
com uma orientação frequentemente consumista, que põem o Escutismo perante uma concorrência para
a qual não estava preparado.

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Os Governos, por sua vez, ensaiam "políticas de juventude" primariamente dirigidas aos tempos livres
que, para além de concorrerem com as organizações voluntárias chegam a fazê-las perder quadros a
favor dos próprios programas governamentais, onde são melhor apoiados e melhor remunerados

Entretanto, o aumento da escolaridade e o adiamento da entrada na vida activa criam nos jovens uma
maior necessidade de participação e de intervenção na sociedade manifestada por exemplo num
associativismo mais aguerrido, autor de reivindicações de caracter político e social.

O Escutismo não permaneceu impermeável a estes problemas. Já no fim dos anos 50, a crise do
Caminheirismo em França teve a sua origem na Guerra da Argélia e na divergência quanto às posições a
tomar perante ela.

Em Portugal, a guerra colonial roubava ao Escutismo uma geração inteira de jovens, no momento em
que estes se preparavam para assumir responsabilidades de chefia.

Outros, descontentes com o total silêncio do Movimento em relação às questões políticas, vão procurar
fora dele uma resposta mais adequada as suas aspirações.

O Escutismo não está preparado para ir tão longe no terreno da política. Todavia, as aspirações dos
jovens a uma maior participação e intervenção merecem-lhe por todo o lado tentativas de resposta. Em
França, é criada uma nova secção etária propriamente adolescente, os Pioneiros, propondo aos jovens
um verdadeiro programa de serviço e de desenvolvimento das suas comunidades. A sua simbologia e os
seus modelos de identificação baseiam-se no mito dos "novos pioneiros", dos desbravadores de novos
horizontes, dos criadores do mundo novo. Mas no contexto económico e cultural da primeira metade dos
anos 60, esses modelos correspondem ainda ao mito do desenvolvimento ilimitado, como o
demonstramos exemplos propostos a esta nova secção a construção de Brasília, a Barragem de
Assuão...

Habituados a conviver sem restrições no ambiente escolar e nos tempos livres, os jovens também já não
aceitam uma separação estanque entre ambos os sexos. Nos países escandinavos, primeiro, a seguir na
Europa Central, as associações de Escuteiros e de Guias começam a fundir-se para dar resposta a esta
aspiração. Por vezes, devido a condicionalismos locais, são os Escuteiros que unilateralmente passam a
admitir raparigas nas associações outrora exclusivamente masculinas.

O Escutismo católico, enfim, numa conjuntura já tão rica de estímulos e de dificuldades, de desafios e de
contradições, sofre o impacto do Vaticano II. Com o concílio, também o Escutismo católico vai tentar o
seu "aggiornamento". É certo que, em muitos meios, o Concilio vem confirmar uma renovação litúrgica e
pastoral já iniciada. Esse "aggiornamento" traduz-se com frequência por uma maior abertura do
Escutismo as questões políticas e sociais, uma maior ousadia na abordagem dos problemas, um maior
comprometimento comunitário, a aceitação de um papel missionário e evangelizador.

Noutros meios, o clero local parece deixar de confiar no Escutismo como instrumento da Pastoral juvenil
adequado aos tempos pós-conciliares o que o precipita, inevitavelmente, na marginalização e no
descomprometimento.

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Noutros casos ainda, o Concílio gerou reacções adversas e um endurecimento de posições. Unidades
escutistas próximas das posições integristas acusam as orientações oficiais de traição aos princípios
fundamentais do Escutismo, e vão amplificar um fenómeno de dissidência até então insignificante.

O final dos anos 60 foi marcado pela radicalização da juventude, que assumiu formas mais ou menos
violentas - desde a utopia bucólica dos "hippies" californianos ate ao paroxismo das barricadas
erguidas nas ruas de Paris, em Maio de 68. A efervescência juvenil sacudiu uma sociedade já num difícil
período de mutação. A crise, desfecho lógico da década mas nem por isso menos brutal, afectou
profundamente a maioria das organizações de juventude.

O Escutismo não foge a regra: programas desadaptados às novas necessidades e aspirações dos jovens,
deficiente liderança, hesitações quanto à modernização, dissidências, agravados para mais com factores
demográficos como a queda da natalidade, provocam uma preocupante erosão dos efectivos. Esta
erosão faz-se sentir sobretudo nas secções mais velhas, e torna as crianças e os pré-adolescentes
maioritários no Movimento, fazendo-o correr sérios riscos de infantilização.

OS ÚLTIMOS 15 ANOS
(1970 - 1986: um Escutismo na senda da Modernização)

Pormenor significativo: a crise dos anos 60 e essencialmente uma crise do Escutismo Europeu e dos
países desenvolvidos.

Ora, o que se passa nas associações europeias afecta cada vez menos o conjunto do Escutismo Mundial,
Este, durante as décadas de 60 e de 7O, continua a crescer paulatinamente. Em 1967, tinha
ultrapassado a "barreira" dos 10 milhões de membros.

É nos países em desenvolvimento que esta expansão e mais impressionante. Em 1968, os países
industrializados fornecem ainda 75% do efectivo mundial, e os anglo-saxónicos mais de 50%. Em
meados da década de 70, a Região Ásia-Pacífico representa já mais de metade do efectivo, tornando o
Terceiro Mundo maioritário. Se, no passado, o Escutismo tinha conseguido sobreviver, enquanto
movimento internacional, as guerras e outras vicissitudes da história, o mérito pertencia essencialmente
a sua faculdade de adaptação a culturas, tradições e necessidades sociais diferentes.

No início dos anos 70, uma série de memoráveis Conferências Mundiais lançam as bases das
transformações que o Escutismo Mundial iria interiorizar, por forma a promover e reforçar essa
adaptação. A mais importante, resultante da crescente implantação do Escutismo nos países em
desenvolvimento e a de uma orientação cada vez mais clara para o desenvolvimento comunitário e para
a educação para o desenvolvimento.

Para os Escuteiros católicos, a publicação da encíclica "Populorum Progressio" pelo Papa Paulo VI, em
1967, vem justificar e confirmar a vocação do Escutismo para o desenvolvimento do HOMEM TODO E DE
TODOS OS HOMENS.

O Bureau Mundial, transferido para Gèneve em 1968 para facilitar os contactos com um maior numero de
organizações internacionais compreende agora uma equipa mais numerosa e verdadeiramente
internacional.

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Símbolo dos novos tempos, a insígnia do Escutismo Mundial viaja até à Lua, pela mão do primeiro
homem a pisar solo lunar - Neil Armstrong, ele próprio um "eagle scout", o mais alto escalão de
progressão pessoal atribuído pelos escuteiros americanos. Aliás, dos primeiros astronautas, 47 tinham
passado pela escola do Escutismo na sua juventude; e entre as vítimas do desastre da nave "Challenger",
contavam-se 2 antigos escuteiros.

No Velho Continente, entretanto, a crise persiste e conhece mesmo um agravamento na primeira metade
dos anos 70 o choque petrolífero de 1973 vem complicar a situação com uma componente de
dificuldades económicas, ausente ate então; mas é ele também que vem despertar a consciência das
populações para a problemática do ambiente e da conservação dos recursos naturais.

Para alguns, o Escutismo terá perdido então a oportunidade histórica de assumir uma posição política
não sectária - porque ainda não partidarizada - num domínio onde não lhe seria difícil reivindicar uma
autoridade fundada na sua história.

O Escutismo europeu, no entanto, empenha-se numa via aberta desde as décadas anteriores pelo
desenvolvimento da cooperação europeia, comprometendo-se declaradamente no diálogo com outras
organizações de juventude, no âmbito do Conselho da Europa, primeiro, e da CEE, depois, ou ainda no
quadro da cooperação pan-europeia com organizações juvenis dos países de Leste.

Em Portugal, o Escutismo ganha um tremendo impulso com o advento da democracia, nos anos de 74,
75 e 76. No início dos anos 50, não havia em Portugal mais de 3 ou 4 mil escuteiros. Em 1973, seriam
uns 15 mil. Hoje, só o Corpo Nacional de Escutas ultrapassa os 40 mil.

Na generalidade das associações europeias, a queda dos efectivos foi travada, e o maior crescimento
parece voltara verificar-se nas secções dos adolescentes e dos jovens adultos. Por toda a parte, o
Escutismo interessa-se pelo desemprego dos jovens, pelos problemas da migração, pelas políticas
governamentais de juventude, pela formação profissional dos jovens e pelo ingresso na vida activa, pela
educação para a Paz... - e lança projectos concretos nestes domínios.

Pelo mundo fora, os Escuteiros estão activos na promoção da saúde pública e da alfabetização, na
produção de alimentos, na protecção dos recursos naturais.

Em 1982, ano em que se comemora o 75º Aniversário do Escutismo, o reconhecimento desta acção
chega na forma do Prémio UNESCO de Educação para a Paz, atribuído pela primeira vez.

0 DESAFIO DO FUTURO
(1986-2000: Um Escutismo "Pós-Industrial")

Hoje, a uns escassos 13 anos do ano 2000, a Humanidade enfrenta um conjunto de desafios sem
precedentes na sua História. Fenómenos como a revolução informática, as biotecnologias, os brutais
desequilíbrios económicos e demográficos entre vastas regiões do planeta, a exploração do espaço para
fins industriais e militares, a corrida aos armamentos e o equilíbrio de terror entre as superpotências, as
novas formas de organização política e social que irrompem por toda a parte, na família, no trabalho, no
associativismo, estão a transformar a realidade em que nos movemos a um ritmo e a uma profundidade
tais que nos arriscamos a perder o controle das nossas vidas, a não ser que nos reeduquemos
completamente para acompanhar e gerir a Mudança.

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Mas, nessa educação para o Ano 2000, que valores privilegiar?

Que rumos seguir?

Que Mundo Novo construir?

Terá cada criança, cada jovem, a oportunidade de crescer, de ser reconhecido como uma pessoa, de
aprender a viver com os outros, de descobrir um ideal?

Na alvorada do Século XXI, o Escutismo quer ter uma resposta. Acreditando, para já, que a sua força e a
sua originalidade estão em desafiar os jovens a tornarem-se artesãos do seu próprio crescimento.

Nascido na sua primeira década, interagindo com os principais acontecimentos e processos históricos
que marcaram o nosso século profundamente influenciado por eles, o Escutismo foi mais do que uma
simples "Aventura no Século XX". Ele é, na realidade, parte integrante da própria aventura do Século
XX...

Uma aventura que há-de prosseguir pelo Século XXI, à espera que lhe tracemos o enredo e lhe criemos
os personagens.

FIM...?

NÃO!! O FUTURO COMEÇA AGORA!...

Algumas datas da vida do Fundador e da história do Escutismo

1857 (22 de Fevereiro). Nascimento em Londres de Robert Stephenson Smyth Baden-Powell


1876 Entrada para o exército
1889 (22 de Fevereiro). Nascimento de Olave St. Clair Soames
1897 Baden-Powell é nomeado coronel
1899 Defesa de Mafeking na África do Sul
Publicação de Aids to Scouting
1900 Nomeado general
1907 1º Acampamento Escutista, na Ilha de Brownsea
1908 Publicação do “Escutismo para Rapazes”
1909 Concentração de 11.000 Escuteiros no Crystal Palace
1910 A pedido do Rei Eduardo VII, B.-P. deixa o exército para se dedicar completamente ao Escutismo
1911 Dão-se os primeiros passos doo Escutismo em Portugal
1912 Funda-se em Lisboa a Associação dos Escoteiros de Portugal (AEP)
Casamento com Olave St. Clair Soames
1916 Início oficial do Lobitismo. Aparece o livro “Manual do Lobito”
1918 Início oficial do Caminheirismo
1919 Abertura do Campo Escola Internacional de Dirigentes, em Gilwell Park
1920 Primeiro Jamboree Mundial, em Olímpia, Londres. B.-P. é aclamado Chefe Mundial. Fundação do Secretariado
Mundial
1923 (27 de Maio). É fundado, em Braga, o Corpo de Scouts Católicos Portugueses (actualmente: Corpo Nacional
de Escutas – CNE), pelo Arcebispo de Braga: D. Manuel Vieira de Matos
1925 Fevereiro. É publicado o primeiro número da revista “Flor de Liz”
1929 B.-P. recebe o título de Lord Baden-Powell of Gilwell. B.-P. visita Portugal. Jamboree de Arrowe Park

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1930 B.-P. visita a Madeira.
1934 B.-P. visita Portugal Continental pela segunda vez.
1941 B.-P. morre no Quénia. No seu túmulo encontra-se a seguinte inscrição:
Robert Baden-Powell
Chefe Mundial do Escutismo
Nascido a 22 de Fevereiro de 1857
Faleceu a 8 de Janeiro de 1941
1957 Ano Jubilar – centenário do nascimento de B.-P. e cinquentenário do Movimento Escutista no Mundo. 9º
Jamboree Mundial, 6º Rover-Moot e 2º Indaba em Sutton Park, Inglaterra.
1962 Primeiro curso da Insígnia de Madeira (para a formação de Dirigentes) em Portugal
1963 Inauguração do Campo-Escola Nacional em Fraião, Braga
1965 O Escutismo Mundial excede os 10 milhões
1998 Há 25 milhões de Escuteiros em 216 países e territórios!

2. O escutismo em Portugal
O Corpo Nacional de Escutas - Escutismo Católico Português - nasceu em Braga a 27 de Maio de 1923.
Foram seus fundadores o Arcebispo D. Manuel Vieira de Matos e Dr. Avelino Gonçalves, que em Roma
mantiveram os primeiros contactos com o Movimento, quando ali assistiram, em 1922, a um desfile de
20.000 Escutas, por ocasião do Congresso Eucarístico Internacional que nesse ano se realizou na Cidade
Eterna. Depois de bem documentados regressaram a Braga e rodearam-se de um grupo de 11
bracarenses corajosos e valentes que, a 24 de Maio de 1923, faziam a sua primeira reunião, no prédio
n.º 20 da Praça do Município, para estudarem a possibilidade e oportunidade da criação de um grupo de
Scouts Católicos em Portugal. Assim nasceu o Corpo de Scouts Católicos Portugueses, cujos estatutos
foram aprovados a 27 de Maio desse mesmo ano pêlo governador civil de Braga, e confirmados em 26
de Novembro pela portaria n.º 3824 do Ministério do Interior e Direcção Geral de Segurança, começando
a partir desse dia a existir oficialmente, com legalidade e personalidade jurídica.

A 26 de Maio de 1924 é publicado o Decreto-lei n.º 9729, que confirma a aprovação dos estatutos e
alarga a todo o território Português o âmbito da Associação. Em Janeiro de 1925, reuniu em Braga, pela
primeira vez a Junta Nacional com: D. Manuel Vieira de Matos, Director Geral; D. José Maria de Queirós e
Lencastre, Comissário Nacional; Dr. Avelino Gonçalves, Inspector-Mór; Cap. Graciliano Reis S. Marques, 1º
Vogal e Álvaro Benjamim Coutinho, 2º Vogal.

O Movimento estende-se de Norte a Sul de Portugal e, como meio de informação entre todas as
Unidades apareceu em Fevereiro de 1925 o 1º número do jornal "Flor de Lis" que mais tarde, em Janeiro
de 1945, se apresentava em forma de Revista.

Ainda em 1925, a 28 de Fevereiro, o Diário de Governo, com o Decreto n.º 10589, de 14 de Fevereiro,
ratifica a aprovação dos Estatutos do CNS, cujo documento foi assinado por Manuel Teixeira Gomes,
Presidente do Ministério, Helder Armando dos Santos Ribeiro, Ministro da Guerra. A 15 de Março foi
aprovada a nova redacção do Regulamento Geral e ainda nesse ano, alguns responsáveis do Movimento
deslocaram-se a Roma e foram recebidos pelo Papa Pio XI, que lhes dirigiu palavras de muito apreço e
encorajamento pelo progresso e expansão do Movimento, em Portugal.

O ano de 1926 foi de intensa actividade e projecção para o CNE.

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Durante ele foram criadas e aprovadas as Juntas Regionais de Portalegre, Açores, Coimbra, Lisboa e
Núcleo do Porto, que vieram juntar-se à de Leiria, criada no ano anterior. Prova inequívoca do interesse
que o Escutismo Católico estava a despertar na população portuguesa foi também o 1º Acampamento
Nacional que em Agosto desse ano se realizou em Aljubarrota, durante o qual foi entronizada na capela
de São Jorge a imagem do Beato Nuno, transportada para ali num impressionante cortejo de mais de
10.000 pessoas. Este acampamento serviu como rastilho para galvanizar os entusiasmos da juventude
portuguesa de tal modo que, no ano seguinte, foram constituídas as Juntas Regionais de Guarda, Viseu e
Madeira e os Núcleos da Régua, Coimbra e Aveiro. Os progressos do Movimento eram tais que, no con-
selho nacional reunido em Braga em Maio de 1927, o Arcebispo fundador afirmava que "o escutismo é a
maior obra católica no meu país" e a testemunhá-lo realizava-se logo em Dezembro desse ano o 1º Con-
gresso de Assistentes do Movimento; em Março de 1928, após alguns meses de negociações foi
aprovado o estatuto das várias associações Escutas de Portugal com vista à sua federação; em Agosto
realizou-se em Cacia o 2º Acampamento de Nacional... ainda nesse ano o Movimento chega a
Moçambique (cidade da Beira). A 5 de Março de 1929 Baden-Powell visita Portugal e assiste em Lisboa
a um desfile de 700 Escutas que o aplaudem com entusiasmo; em Abril desse ano realiza-se em Coimbra
o 1º Congresso Nacional de Dirigentes e a 2 de Maio o CNS é admitido no Bureau Mundial do Escutismo;
em 16 de Junho foi inaugurada a Sede da Junta Central, na Rua da Boavista, em Braga, estando
presentes o Arcebispo-Fundador e as autoridades civis e militares da cidade; em Agosto 26 elementos
tomam parte no 3º Jamboree Internacional de Arrowe Park, merecendo o seu testemunho um ofício do
próprio Baden-Powell, dirigido ao Presidente da República de Portugal dizendo: "...distinguiram-se
durante a sua estada no campo pela sua inteligência, disciplina e eficiência e sobretudo pela sua
amabilidade, encantador espírito de amizade para com os seus irmãos escuteiros e para com estivessem
em contacto."

Em Agosto de 1930 realizou-se na praia da Granja o 3º Acampamento Nacional; a 9 de Julho do ano


seguinte no regresso da sua viagem à África do Sul, Baden-Powell visitou os escuteiros da Madeira; a 29
de Junho de 1932 foi publicado o Decreto que regularizava a Organização Escutista em Portugal, tendo
ficado em Braga - berço do CNE. Em Braga teve lugar o 4º Acampamento Nacional onde se levantaram
93 tendas e acamparam 464 Escutas. A 28 de Setembro de 1932, tombou o gigante; às primeiras horas
desse dia D. Manuel Vieira de Matos rendeu a alma ao criador e partiu em direcção ao Acampamento
Eterno. Contava 71 anos de idade o CNE sentiu por dentro a partida do seu fundador! No ano seguinte é
a vez de Dr. Avelino Gonçalves deixar também o Movimento que ajudou a nascer e carinhosamente fez
crescer, para se dedicar a outro múnus do seu Ministério. Sucede- lhe no CNE o Cónego Martins
Gonçalves.

No ano de 1934 foi publicado o 1º Regulamento que permite a entrada de Senhoras para o CNS como
Dirigentes de Alcateias e 12 de Abril do mesmo ano, Baden-Powell chega a Lisboa acompanhado de sua
esposa e 700 Dirigentes ingleses. Devido ao seu precário estado de saúde não pôde sair do barco, mas
um garboso desfile com cerca de 2 mil Escutas foi ao cais saudar o Chefe Mundial que nos visitava pela
segunda vez. Em Novembro foi publico o novo Regulamento onde aparece oficialmente a nova
designação de ESCUTAS em substituição de "Scouts", desaparecendo definitivamente o CNS para
aparecer o CNE.

Em 1935, reunido no Porto, o Conselho Nacional substitui o termo de "Director" por Assistente e
"Inspector" por Secretário (Nacional). 1936 é um ano difícil para o CNE, talvez o mais crítico de toda a
sua existência! A Organização Escutista de Portugal é extinta pela Portaria n.º 8488, publicada no Diário
do Governo de 13 de Agosto de 1936, e o CNE volta a regular-se pelo Decreto n.º 10589, de 14 de

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Fevereiro de 1925. A situação é crítica porque a oficialização dos movimentos juvenis por parte da Igreja
e do Estado deixaram o escutismo como que ao abandono, mas a coragem, dedicação e espírito escuta
de um bom punhado de Dirigentes afastaram o perigo e evitaram o naufrágio, e assim, em Agosto desse
ano, já se realizava em Leiria o 6º Acampamento Nacional. Em Agosto de 1939 teve lugar na Madeira o
2º Congresso Nacional de Dirigentes. No ano das Comemorações Centenárias (1940) o CNE quis
assinalar a sua presença neste jubileu da nacionalidade. O Conselho Nacional da Figueira da Foz delibera
levantar o seu cruzeiro da independência na Cidade Berço, Guimarães, solenemente inaugurado a 8 de
Dezembro, Dia da Imaculada. Em 1941, como os Escutas de todo o mundo, o CNE sente profundamente
a morte de Baden-Powell que faleceu no Quénia a 8 de Janeiro desse ano, com 83 anos de idade e uma
extensa e brilhante folha de serviços prestados à Humanidade.

No meio das dificuldades surgem notas de apreço e reconhecimento de dois amigos do CNE: suas
Santidades Pio XII e Paulo V.

"É que a Associação Portuguesa de Escutas Católicos pelos seus muitos e grandes serviços prestados...
bem merece da Igreja. Mais de 60.000 jovens ele procurou formar no Amor e na Prática da Fé, da
Piedade, da Caridade e das outras virtudes."

E em 1934, em nome de Pio XII, escreve ainda J. B. Montini: «É também digno de todo o louvor o espírito
que tem animado o CNE: fidelidade e obediência à Hierarquia, para "bem servir" e "da melhor vontade"».
No momento de tantas dúvidas e no meio de tanta esperança e Fé, as palavras do fundador, D. Manuel
Vieira de Matos:

«Queridos rapazes, metade do meu coração é vosso, levai-o convosco» E acrescentava às palavras de
Pio XI: «Deveis ser os primeiros na profissão de fé cristã, os primeiros na dignidade da vida, os primeiros
na pureza, os primeiros em todas as manifestações da vida cristã». «Depois de Deus, a dedicação até ao
sacrifício dos seus dirigentes, e o seu magnífico órgão a "Flor de Lis" encerram certamente o segredo do
extraordinário progresso desta que consideramos a mais benéfica instituição juvenil».

Sucedem-se pois os 7º e 8º Acampamentos Nacionais em Tomar (1946) e em Braga (1948). E, em


1950, procede-se à aprovação de novos Estatutos e publica-se novo Regulamento Geral. Aliás, estas
duas décadas que se vão seguir (50/60) parecem ter dado origem a uma pequena "revolução" após as
vicissitudes atrás referidas. Com efeito, ainda em 1950 (a 5 de Novembro) a Junta Central transfere-se
para Lisboa e nos anos seguintes vários dirigentes deslocam-se ao estrangeiro (nomeadamente a Giwell
Park, em Londres) para frequentarem Cursos de Formação de Dirigentes. Sucedem-se os Campos-Escola
e os Acampamentos Nacionais que continuam a reunir já não centenas, mas milhares de Escutas. Foi
assim com o 9º, 10º e 11º Acampamentos Nacionais que reuniram em Coimbra (1952), Porto (1956) e
Lisboa (1960). É também em Lisboa que, no ano seguinte, se realiza, de 19 a 25 de Setembro, a
Conferência Internacional do Escutismo. O CNE cresce a olhos vistos e assiste, em 1963, à inauguração,
em Fraião, de um Campo-Escola permanente que incrementará, sem dúvida, as possibilidades de For-
mação de Dirigentes. Logo, no ano seguinte, novo Acampamento Nacional, o 12º, desta feita na Covilhã,
evidenciando-se assim uma preocupação pelo desenvolvimento do Escutismo no interior do país.

Assim se verifica, em 1966 e a 15 de Agosto, em Fátima, o 1º Encontro Nacional de Dirigentes, a que se


segue, em 1968 e em Portalegre, o 13º Acampamento Nacional. E com tudo isto, ainda por solidificar,
um CNE ainda jovem, está a 5 anos do seu jubileu, que se verificou em 1973, com grande pompa, numa
Concentração Nacional em Braga (no mês de Maio) e com o 14º Acampamento Nacional, em Leiria.

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O CNE lança "alicerces" para o futuro

Com as transformações da sociedade portuguesa, que viria a assistir à Revolução de Abril de 1974,
também no CNE se operam transformações. Em Julho de 1974 a Junta Central considera-se
demissionária e o Conselho Nacional nomeia uma Comissão Executiva que passa a gerir a Associação.
Este processo conduz à aprovação dos novos Estatutos, em 9 de Março de 1975, em consequência dos
quais é empossada a primeira Junta Central eleita por sufrágio directo, tendo como Chefe Nacional Ma-
nuel António Velez da Costa, o qual viria a ser reconduzido no cargo em 1980, igualmente através de
eleições nacionais.

Em 1976, uma conclusão do Conselho Nacional admite, com condições, a admissão de jovens de sexo
feminino para as várias secções, altura que é considerada por alguns sectores da como o lançamento da
coeducação no CNE. Em 1978 realiza-se o 15º Acampamento Nacional em Aveiro, já com um campo
sénior, para a IIIª secção, entretanto criada, para os jovens dos 14 aos 17 anos, com os Estatutos de
1975.

Em 1980, finalmente, em Ermesinde, o Conselho Nacional reúne extraordinariamente para lançar um


novo Sistema de Formação de Dirigentes.

Com o seu mandato a terminar, a equipa de Velez da Costa, numa "ponta final impressionante",
consegue dirigir a Associação num caminho que passou, em 1981, por um revisão estatutária (concluída
em 26 de Setembro) até à revisão geral do regulamento do CNE, que ficaria concluída em princípios de
1984, para entrar em vigor em 1 de Março do mesmo ano. No ano seguinte (29.5.1982), uma
representação dos Comités Mundial e Europeu deslocam-se a Portugal, onde entregam ao CNE e à AEP,
que recentemente haviam fundado e constituído a FEP (Federação Escutista de Portugal), o respectivo
diploma. Caminho que assistiu ainda à realização do 16º Acampamento Nacional em Setúbal, em 1983,
numa altura em que davam os primeiros passos do acordo celebrado entre o CNE e o MSC (Movimiento
Scout Católico de Espanha), após uma Cimeira Ibérica das duas associações. Tudo, entretanto, recheado
com duas prendas: a "Medalha de Bons Serviços Desportivos", e o reconhecimento do C.N.E. Escutismo
Católico Português) como Instituição de Utilidade Pública, conforme despacho do Primeiro Ministro,
publicado no Diário da República, IIª série, de 3 de Agosto de 1983 (Despacho de 20 de Julho de 1983).

Rumo à actualidade

Os últimos quinze anos ficam marcados por uma grande expansão do Escutismo e aumento dos
efectivos, em todo o continente e regiões autónomas.

Novas áreas são desenvolvidas. A do ambiente com a inauguração em 1988, do Centro Nacional de For-
mação Ambiental, em S. Jacinto, com toda a gama das mais diversas campanhas, onde se destaca a de
"Um Milhão de Árvores".

Campanhas como a do calendário escutista, a do seguro escuta, a da sede própria e outras vêem,
concretizar o nosso património.

A nível pedagógico dá-se realce ao aparecimento das metodologias educativas das quatro secções,
livros, revistas, fichas e manuais.

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Rover's, encontros e fóruns de caminheiros, expansão do Escutismo Marítimo, a forte sensibilização do
Escutismo de integração, são pontos fortes na vida da associação.

Os últimos três Acampamentos Nacionais, como o de Bagunte em 1987, o do Palheirão em 1992, em


que o governo atribuiu a Ordem de Mérito, como reconhecimento do CNE junto do jovens Portugueses e
o de Valado de Frades em 1997, constituíram pontos altos na vida da Associação e dos milhares e
milhares de jovens participantes.

Como resultado destes eventos foi a presença maciça no Jamboree da Holanda em 1995 e do Moot na
Suécia em 1996 que são bem o testemunho do grande desenvolvimento que ocorre a todos os níveis.

Seminários como o da Família em 1994 e o congresso "Valores e Missão" em 96/97, concretizam a forte
maturidade e implantação do Escutismo Católico em toda a sociedade portuguesa.

A última palavra para a organização do CNE, com a publicação dos últimos estatutos, diversos re-
gulamentos e regimentos e os mais diversos protocolos com destaque para os dos Países de Língua Ofi-
cial Portuguesa.

3. A evolução do escutismo na Região (Diocese) de Coimbra

A Regiâo / Diocese de Coimbra

A diocese de Coimbra, em termos episcopais, remonta ao tempo de Lucêncio, prelado conimbricense,


presente ao I Concilio Bracarense (561), durante a monarquia sueva.

A diocese de Coimbra manteve-se sob o jugo árabe. Porém, o primeiro bispo que nos aparece após a
reconquista cristã é D. Paterno (falecido em 1087), que está na origem da escola-catedral coimbrã.

Abrangendo actualmente uma área com 5.300 Km2, distribuídos por quatro Regiões Pastorais, e 24 arci-
prestados, a diocese conta 550.000 habitantes, o que corresponde a uma densidade populacional de
104 hab./Km2.

História

Quanto à História da Região Coimbra do CNE, consultando o livro «Radiosa Floração», constata-se que a
Junta Regional foi filiada em Outubro de 1926 (10 de Outubro) e o seu Núcleo de Coimbra em 1927 (16
de Janeiro). Filiaram-se neste propósito o Grupo 30 (S. Tomás de Aquino), agora incorporado no Agru-
pamento 195/CNE – Sé Velha ainda a Alcateia 11 (Rainha Santa Isabel) do mesmo Agrupamento, em
Dezembro de 1926.
Em 1927 aparecem o Grupo 4 de Seniores (Duarte de Almeida), a Alcateia 12 (Sta. Clara), integrada de-
pois no Agrupamento 162/CNE – Santa Clara, e ainda o Grupo 31 (Sto. António), integrado no
Agrupamento 109/CNE - Santo António dos Olivais, respectivamente nos meses de Julho, Outubro e
Dezembro.

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Em Maio de 1929 filia-se o Grupo 56 (Avelino Gonçalves) com sede em Cacia; em Dezembro filiam-se os
Grupos 41(S. Luís Gonzaga), de Calvão - Vagos; e 42 (Nª Srª da Penha de França), com sede na Fábrica
da Vista Alegre (Ílhavo).

Em 1930 aparece filiada, em Julho, a Alcateia nº 12 (Menino Jesus) de Coimbra, integrada mais tarde no
Agrupamento 109/CNE – Santo António dos Olivais.

Em Abril de 1934 é filiada a Alcateia 49 (Menino Jesus), de Condeixa-a-Nova, e nessa localidade ainda,
em Maio, o Grupo 97 (Sta. Cristina).

O Grupo 15 de Seniores da Figueira da Foz, filia-se em Outubro de 1935, integrado agora no


Agrupamento 235/CNE – Figueira da Foz, S. Julião.

Em 1936 aparece, em Abril, a filiação do Grupo 120 (Sagrada Família), do Seminário Maior, pertencente
agora ao Agrupamento 115/CNE - Seminário Maior de Coimbra mas não reactivado aquando da
reactivação deste Agrupamento que havia sido extinto pela OSN 394.

Bem, esta é uma perspectiva do CNE da Região de Coimbra nos seus primórdios. De notar que se acham
aqui Unidades que hoje não são mais desta Região. A par com os Grupos 56, de Cacia - Aveiro; 41 de
Calvão - Vagos; 42, de Vista Alegre - Ílhavo, já referidos, vêm ainda os Grupos 46 (Nª Srª do Rosário), de
Cimo-de-Vila - Ílhavo; 129 (Sto. António), de Arcos - Anadia.

Isto foi o que entre 1930 e 1937 pudemos apurar de entre os dados estatísticos da Região de Coimbra.
Hoje, ou melhor, desde 1938, sobre S.S. o Papa Pio Xl, esses Grupos fazem parte da nova
Região/Diocese de Aveiro que havia sido extinta em 1882, em virtude da Bula «Gravissimum Christi
Ecclesiam regendi et gubernandi munus», de 30.9.1881, passada pelo Papa Leão XIII, a pedido de D.
Luís I, respeitante à remodelação das circunscrições das dioceses em Portugal.

Essa Diocese de Aveiro havia tido o seu primeiro Bispo na pessoa de D. António Freire Gameiro de
Sousa, em 18.4.1774, sendo instituída por S.S. o Papa Clemente XIV, pelo Breve «Militantis Ecclesiae», de
12.4.1774.

A última década foi marcada por uma grande expansão do Escutismo e aumento dos efectivos, em toda a
Região de Coimbra, fruto em parte da dinâmica imprimida pela Formação de Dirigentes a nível regional,
concretizada com a realização de vários Cursos de Formação, nomeadamente Cursos de Iniciação Prática
e Cursos de Aprofundamento Pedagógico. A necessidade de espaços adequados à concretização das
Acções de Formação levou a que a Região se empenhasse de “alma e coração” na construção de um
Centro de Formação de Dirigentes.

Fruto de um protocolo assinado em 15 de Dezembro de 1991 entre o Corpo Nacional de Escutas e a


Câmara Municipal da Lousã, representados respectivamente pelo Chefe Nacional da altura, Vítor Faria, e
pelo Presidente da Câmara, Prof. Horácio Antunes, a Região de Coimbra, inaugura o Centro de Formação
de Dirigentes de Serpins – Lousã, a 28 de Setembro de 1997.

AEP (Associação dos Escoteiros de Portugal) e AGP (Associação das Guias de Portugal)

A AEP tem 2 Grupos no concelho da Figueira da Foz.

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A AGP deixou de estar implantada na Diocese de Coimbra. Até ao ano de 1975, eram conhecidas as
Companhias de Guias das Paróquias de Ceira e da Sé Nova.

Acampamentos Regionais realizados na Região de Coimbra

1966 Praia de Mira


1969 Costa de Lavos
1974 Quinta do Rol (Ançã)
1976 Lagoa da Ervideira
1981 Foz de Arouce
1985 Marujal – Montemor-o-Velho
1991 (31 de Julho a 7 de Agosto) (*) Barragem da Aguieira - Mortágua
1993 (3 a 10 de Agosto) (**) Quinta do Esporão - Midões
1996 (2 a 9 de Agosto) (***) Ferreira do Zêzere
(*) 1º Jamboree das Beiras
(**) 2º Jamboree das Beiras
(**) 3º Jamboree das Beiras

Acampamentos Nacionais realizados na Região de Coimbra

9º Acampamento Nacional – Choupal de Coimbra – 1952


18º Acampamento Nacional – Praia do Palheirão – 1992

Agrupamentos da Região de Coimbra (Filiados)

Nº Paróquia – Localidade Filiação (OSN) Efectivos


em 31.12.1998
109 Santo António dos Olivais - Coimbra 185 91
115 Seminário Maior - Coimbra 405 (*) 11
148 S. João Baptista – Figueiró dos Vinhos 393 (*) 54
162 Santa Clara – Coimbra 453 (*) 115
195 Sé Velha – Coimbra 362 (*) 50
235 S. Julião – Figueira da Foz 323 e 343 128
309 Nossa Senhora da Assunção - Ceira 295 182
347 S. Jorge - S. José – Coimbra 315 100
355 Nossa Senhora de Lurdes – Coimbra 317 134
358 Sé Nova – Coimbra 319 43
363 Santa Cruz – Coselhas – Coimbra 320 36
382 S. Pedro – Cantanhede 471 (*) 52
471 S. Mamede – Mata Mourisca 358 79
603 Nossa Senhora da Alegria – Antanhol 372 84
656 S. Silvestre – Lousã 386 61
668 Santa Cruz – Pedrulha – Coimbra 387 68
674 S. Martinho - Pombal 388 101
696 S. Miguel - Coja 400 40
711 Santo André – V. N. de Poiares 394 68
731 S. Tomé – Seixo de Mira - Mira 401 91
796 Nª Srª da Conceição – Bordalo – Santa Clara 412 57
859 Miranda do Corvo 422 56
874 Arganil (suspenso) 423 0
876 S. Paulo de Frades 423 47
880 S. Paio de Gramaços 424 94
891 S. João Baptista – Carriço 425 49
893 Nª Srª dos Remédios – Fala 425 63
910 S. Martinho – Casal Comba 428 57
919 Santo Varão – Ardazubre - Lamarosa 429 56

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939 Paião 432 62
972 S. Miguel – Midões 437 38
988 S. Miguel – Ferreira do Zêzere 441 118
1035 Santa Cristina – Condeixa-a-Nova 453 57
1036 São Tomé - Barcouço 453 47
1037 Santa Ana - Mealhada 453 47
1067 Santa Marinha – Pampilhosa 460 51
1074 Santo Estevão – Pereira do Campo 464 75
1075 Rainha Santa Isabel – Ansião 464 97
1079 Nossa Senhora da Assunção - Penacova 464 28
1086 S. Silvestre – Palheira 467 42
TOTAL 2729
(*) Reactivação

Agrupamentos da Região de Coimbra (em Formação)

Paróquia – Localidade Efectivos


em 31.12.1998
Almalaguês 93
Alqueidão 27
Carapinheira 55
Febres 59
Louriçal 53
Marinha das Ondas 40
Mira 70
Mortágua 61
Mouronho 52
Pedrogão Grande 46
Santa Apolónia (Coimbra) 86
Serpins 35
TOTAL 685

Agrupamentos extintos

Nº Paróquia - Localidade Filiação Extinção


151 S. Bartolomeu - Coimbra 217 343
161 Seminário da Imaculada Conceição – Figueira da Foz 223 343
162 (*) Santa Clara - Coimbra 367 394
163 Santa Cruz - Coimbra - 343
241 Sé Nova - Coimbra - 343
315 Santo Estevão – Castelo Viegas 297 343
336 Santo Inácio de Loiola - Cernache 309 343
382 (*) S. Pedro - Cantanhede 327 377
507 Casais do Campo 366
657 Bobadela 386
764 S. Martinho do Bispo 407
896 Verride 426
897 Póvoa de S. Martinho do Bispo 426
1038 Travanca do Mondego 453
(*) Este Agrupamento está presentemente reactivado (ver quadros anteriores).

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Pedagogia
• Ler e reler o texto do presente módulo. Visionar o diaporama/vídeo – “UMA AVENTURA NO SÉCULO
XX”.
• Trocar opiniões e comentários com um formador sobre os diversos períodos da história e evolução
do escutismo.
• Colocar questões.
• Organizar, para outros adultos integrados no Movimento ou mesmo para os jovens, um jogo-
questionário sobre a história do escutismo.
• Redigir a sua versão da história do fundador do escutismo.
• Estabelecer contactos com antigos escuteiros com o objectivo particular de analisar a história do
escutismo na Região (Diocese) de Coimbra.

Fontes de Informação
Adelino Marques. 70 anos de Escutismo Católico em Coimbra, revista “Flor de Lis”, Lisboa, Novembro de
1996, páginas 12 e 13.

Bastin, Robert. Baden-Powell – Cidadão do Mundo, Edição do Corpo Nacional de Escutas, Lisboa, 1980,
292 páginas.

Bosco, Terésio. Robert Baden-Powell – O Fundador do Escutismo, Edições Salesianas, Porto, Janeiro de
1990, 78 páginas.

Bovet, Pierre. Le Génie de Baden-Powell. Édition de la Maison des Scouts. Paris, 1921.

Carlos Mana. 75 anos de Escutismo Católico em Portugal, revista “Flor de Lis”, Lisboa, Março/Abril de
1998, páginas 8 a 12.

Carlos Mana. 75 anos de vida, revista “Flor de Lis”, Lisboa, Maio de 1998, páginas 6 e 7.

Carter, M. E. Life of Baden-Powell. Longmans, Green and Co, Londres, 1956, 214 páginas.

Corpas, Pedro. Robert Baden-Powell. Edições Salesianas, Porto. 1999. ISBN 972-690-353-X.

Courtney, Júlia Robert Baden-Powell. O inspirado general que fundou o movimento escutista. Editora
Replicação, Lisboa, 1990, 64 páginas. Excelente livro, profusamente ilustrado.

Diaporama/Vídeo, Uma Aventura no século XX. Texto e selecção de imagens de João Paulo Feijoo.
Sonorização de Pe. António Rego. Montagem de Carlos Mana, Carlos Alberto X. Francisco, João Paulo
Feijoo. Colaboração de José Tomaz Ferreira. Departamento Nacional de Formação do CNE, Lisboa, 1983.

Escutismo Católico – Valores e Missão, “Lumen”, Lisboa, Setembro/Outubro de 1998, Ano 59 – Série III,
nº 5, pp. 15 – 37.

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França, Pedro José – A Região de Coimbra, Suplemento destacável da “Flor de Lis” – Destacável
Regiões, revista “Flor de Lis”, Outubro de 1985, páginas I a IV.

Genovés, Enrique. Cronologia del Movimiento Scout. Autor, Madrid, 1968.

Hillcourt, W. Baden-Powell: The two lifes of a Hero. B.S.A. Londres, 1964.

Janovitz, Pluvio. Baden-Powell. Una Vita per la felicità. Ed. Borla. Florença, 1977.

Jeal, Tim. Baden-Powell. Century H.. Londres, 1989.

Laszlo Nagy. 250 milhões de escuteiros. A história do escutismo mundial contada pelo antigo secretário
geral da Organização Mundial do Movimento Escutista. É um documento, apaixonante que contém um
excelente resumo da vida de Baden-Powell.

Maudit, Jacques. Baden-Powell, fundador de los scouts. Santillana. Madrid, 1965.

Reynolds, E. Baden-Powell. A Biography of Lord Baden-Powell of Gilwell. Londres, 1942.

Serge Saint-Michel e Lazlo Nagy (texto), Bernard Dufossé (desenho). Baden-Powell, Edições Fleurus,
Paris, 1989, 32 páginas. Biografia sumária de Baden-Powell em banda desenhada.

Van Effenterre, Henry. Histoire du Scoutisme. P.U.F., 1961.

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Avaliação da Formação

Após o visionamento atento do diaporama/vídeo – “UMA AVENTURA NO SÉCULO XX” e com base no que
aprendeu, responder às seguintes questões:
1. O pensamento pedagógico de B.-P., na linha de outros grandes
educadores do princípio do século, propunha uma alternativa ao ensino
colectivo e autoritário do Estado. Em que se baseava esta “educação
alternativa”?
2. Quais as principais críticas surgidas inicialmente contra o Escutismo?
3. Em tempo de guerra (1914-1918), o Escutismo multiplicou as suas
acções. Poderão estas ser consideradas como contributos para a
guerra, próprias de um Movimento belicista?
4. Na década de 20, a partir de Gilwell Park, o Escutismo institucionaliza
uma acção hoje considerada como uma chaves do sucesso de qualquer
organização. Qual?
5. Quais as principais diferenças entre o Escutismo e os movimentos
juvenis estatais das ditaduras totalitárias apontadas por B.-P. a
Mussolini?
6. Mais uma vez ao contrário do esperado, a guerra (1939-1945) revelou
a força do Movimento. Diga uma das formas encontradas no fim da
mesma para auxiliar as Unidades Escutistas dos países devastados.
7. A expansão mundial e o surgimento de novos países levaram ao
aumento do peso dentro do Movimento dos países do Terceiro Mundo e
à alteração da distribuição geográfica do Escutismo. Qual foi a solução
encontrada para gerir este “novo figurino” do Movimento?
8. A década de 1960-1970, foi uma época negra para o Escutismo
europeu, que chega ao seu final em crise franca: quais os seus
principais problemas?
9. No período de 1970-1986, o Escutismo reforma-se e vira-se para novos
domínios e problemas, que encara de frente e com o espírito
interventivo: interessa-se pelo desemprego dos jovens, pelos problemas
da migração, pelas políticas governamentais da juventude, pela
formação profissional dos jovens... Em reconhecimento desta acção
recebeu no ano de 1982 um prémio. Qual?

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Questionário-teste
Sobre Baden-Powell
1. Que cidade da África do Sul, Baden-Powell defendeu com sucesso em 1899?
2. Que idade tinha Baden-Powell, quando lançou o escutismo?
3. Que livro escreveu após o acampamento de Brownsea em 1907 (título em português ou inglês).
4. Qual o nome da jovem que veio a ser sua esposa em 1912?
5. Que título escutista recebeu B.-P., na cerimónia de encerramento do primeiro jamboree mundial
realizado em Londres em 1920?
6. Qual é o dia do aniversário de B.-P. e de sua esposa?
7. Que nome recebeu B.-P. quando foi nobilitado em 1929?
8. Em que ano B.-P. efectuou a sua última viagem a Portugal?
9. Em que país B.-P. faleceu e foi sepultado?
10. Em que ano Olave Baden-Powell faleceu?

Sobre o desenvolvimento do escutismo no mundo


1. Em que ano e ande se realizou o primeiro acampamento escutista?
2. A quem B.-P. confiou a tarefa, em 1909 de adaptar as suas ideias às raparigas?
3. Indique três países que, além da Inglaterra, tinham escuteiros em 1910.
4. Qual o livro de Baden-Powell marca o início, em 1916, do lobitismo?
5. Em que ano e onde se realizou o primeiro jamboree mundial?
6. Onde esteve situado o Bureau mundial do escutismo entre 1957 e 1968?
7. Onde ficou instalado o Bureau mundial, a partir de 1 de Maio de 1968?
8. Em que ano se realizou o primeiro jamboree-no-ar?
9. Qual o nome do astronauta americano e antigo chefe de escuteiros que levou a Insígnia do
Escutismo Mundial até à Lua?
10. Que prémio prestigioso, a Organização Mundial do Movimento Escutista, recebeu em 1982?

Sobre o escutismo em Portugal e na Região (Diocese) de Coimbra


1. Em que ano apareceu pela primeira vez o escutismo em Portugal?
2. Qual a data e local da fundação da Associação dos Escoteiros de Portugal?
3. Em que data foi fundado o Corpo de Scouts Católicos Portugueses?
4. Quais os nomes dos fundadores do C.N.E.?
5. Em que ano saiu o primeiro número da revista “Flor de Lis”?
6. Qual foi o ano da primeira visita de Baden-Powell a Portugal?
7. Em que ano foi aprovada a criação da Junta Regional de Coimbra?
8. Qual o local e o ano da realização do primeiro acampamento nacional do C.N.E.?
9. Em que ano e em que local se realizou o 1º Jamboree das Beiras?
10. Quantos Acampamentos Regionais se realizaram na Região de Coimbra?
11. Qual o “número de ordem”, e em que ano se realizou o Acampamento Nacional da Praia do
Palheirão?

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