VELOCIDADES DO DIREITO PENAL
1° LEGALISTA- nesse tempo a prisão era regra. O direito penal era o que estava no código.
Surge o juiz mouth of law(boca da lei), ele só fazia o que a lei dizia.
Apareceu o legalismo puro-ele não era a resposta para o direito penal, porque nem tudo que
é legal é justo. Comprovado pelo crime de lesa humanidade (holocausto).
2° CONSTITUCIONALISTA-nessa a prisão era exceção. Pelo julgamento de Nuremberg
(julgamento daquelas pessoas que mataram os judeus).
Ela nasce e ganha força com a teoria pura de hans helsen, onde ele cria uma pirâmide e no
topo está a norma suprema e abaixo dela todas as outras. E essas últimas devem obedecer a
primeira.
Controle de constitucionalidade:
Difuso- Em poucas palavras, CONTROLE DIFUSO é aquele exercido por qualquer Juiz, desde
que haja um caso concreto. Nessa situação o efeito da decisão é inter partes. Note-se que o
questionamento de inconstitucionalidade da norma se dá de maneira incidental.
Concentrado- o CONTROLE CONCENTRADO é aquele exercido pelo STF por meio de ações
próprias (ADIN, ADCON, ADPF...). A inconstitucionalidade pode ser alegada pelas pessoas
relacionadas no rol do art. 103 da CR/88. O efeito da decisão pode ser manipulado pelo STF,
podendo ser inter partes ou erga omnes. Nesta situação o objeto da ação é questionar a
constitucionalidade de norma, não sendo então de caráter incidental.
3°MAXIMALISTA- surge pela constituição por ser extremamente avançada. O direito penal
devera avançar ara poder agir em todos os crimes.
Teoria do direito penal do inimigo(C. jackobs)- diz que essa teoria faz o bandido ser inimigo
da sociedade e que ele seja punido de forma mais rápida.
Tolerância zero- roubou, vai para a cadeia, para que a população não pratique crimes.
(adotado nos EUA)
Teoria das janelas quebradas- se o estado não toma providência o agente continuará a
delinquir. Ela deverá ser repressiva desde o início.
4° INTERNACIONALISTA- Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos
termos seguintes:
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
Ele passa a ser compreender as leis do seu País. Os tratados internacionais de direitos
humanos. E essa velocidade coloque que seja melhor defendido os direitos individuais.
PARTE ESPECIAL (CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PRATICADO POR
FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS)
ART 312-CP
A. PECULATO PRÓPRIO
Art. 312, CÓDIGO PENAL. Apropriar-se (inverter a posse, agindo arbitrariamente
como se fosse dono) o funcionário público (art. 327, CP) de dinheiro, valor ou
qualquer outro bem móvel (diferente do conceito de direito civil), público ou
particular (o proprietário figura como vítima secundária), de que tem a
posse (abrange a mera detenção? ver as anotações sobre as correntes
doutrinárias) em razão do cargo (é imprescindível o nexo funcional, deve estar
entre as atribuições do agente a posse da coisa. Não basta a posse por ocasião do
cargo, tem que ser em razão do cargo), ou desviá-lo (dar destino diverso daquele
previsto em lei), em proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
Corrente: a expressão “posse” não foi utilizada no seu sentido técnico, abrangendo a
mera detenção. Conclusão: inverter mera detenção, agindo como se dono fosse,
configura peculato próprio.
Hoje o STJ já entende pela 2ª corrente, mas essa questão não está pacificada.
É crime de grande potencial ofensivo: não admite transação penal nem suspensão
condicional do processo.
SUJEITO ATIVO – funcionário público no sentido amplo do Art. 327, CÓDIGO
PENAL. É crime próprio. Admite concurso de pessoas estranhas ao quadro da
Administração.
O peculato próprio admite coautoria?
Apesar de próprio, admite concurso de agentes.
A [funcionário público], B [particular] – A induzido por B, apropria-
se de bem móvel em poder da Administração. Quais os crimes de A e B?
A – peculato-apropriação – Art. 312, CÓDIGO PENAL.
B – depende. Deve-se distinguir se ele tem ciência da qualidade funcional de A. B
também praticou peculato-apropriação. Mas, se ele não tem ciência dessa qualidade
funcional de A, B praticou apropriação indébita. Art. 168, CÓDIGO PENAL.
Ex: Mévio – funcionário público e se apropriou de coisa pública.
Tício – particular que instigou Mévio.
Mévio praticou peculato. E Tício? Se Tício conhecia a qualidade funcional de Mévio,
também responderá por peculato (312). Mas se Tício não conhecia a qualidade
funcional de Mévio, responderá por apropriação indébita (168).
***Diretor de sindicato – Art. 552, CLT. Os atos ficam equiparados. A CLT sem
equiparar a pessoa, equiparou o fato. Equiparação objetiva (do fato). Assim,
diretor de sindicato não é funcionário público típico ou atípico para fins penais,
mas o fato que ele pratica é equiparado ao peculato.
O Art. 552, da CLT foi recepcionado pela CF/88?
1ª corrente – o Art. 552, CLT não foi recepcionado pela CF/88 – Sergio Pinto
Martins – TRF 4ª Região.
2ª corrente – PREVALECE NO STJ – o artigo foi recepcionado pela CF/88.
OBSERVAÇÃO: Se o SUJEITO ATIVO for Prefeito municipal, o Código Penal
para ele é uma norma geral e o DL 201/67 é norma especial e em caso de conflito, a
norma especial derroga a geral – Princípio da Especialidade.
SUJEITO PASSIVO
– Primário – Administração em geral [Estado].
- Secundário – eventual particular lesado pela conduta do agente.
CONDUTAS PUNÍVEIS
1ª parte – peculato-apropriação.
2ª parte – peculato-desvio.
B. PECULATO-APROPRIAÇÃO
Art. 312, caput, 1ª parte, CÓDIGO PENAL. Apropriar-se o funcionário público de
dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a
posse em razão do cargo,
1) Apropriar-se o funcionário público inverter a posse, agindo arbitrariamente
como se dono fosse.
2) De dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel [≠ CC].
3) Público ou particular [o proprietário figura como vítima secundária].
4) De que tem a posse:
1ª corrente – a expressão “posse” contida no Art. 312, caput, CÓDIGO PENAL,
abrange mera detenção, merecendo interpretação ampla.
2ª corrente – STJ – a expressão “posse” contida no Art. 312, caput, CÓDIGO
PENAL não abrange a mera detenção. Quando o legislador quer abranger a mera
detenção o faz expressamente, como por exemplo, no Art. 168, CÓDIGO PENAL.
Recentemente, tiveram julgados no STJ, conforme a 1ª corrente. A mera
detenção configura peculato-furto.
5) Em razão do cargo.
Deve haver nexo funcional posse x cargo[3]. Não basta nexo temporal. Deve
estar nas atribuições do funcionário público a posse da coisa.
C. PECULATO-DESVIO
Art. 312, caput, 2ª parte, CÓDIGO PENAL. [...]ou desviá-lo, em proveito próprio ou
alheio:
1) Desviar o funcionário público – o agente dá destinação diversa para a coisa.
2) De dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel [≠ CC].
3) Público ou particular [o proprietário figura como vítima secundária].
4) De que tem a posse:
1ª corrente – a expressão “posse” contida no Art. 312, caput, CÓDIGO PENAL,
abrange mera detenção, merecendo interpretação ampla.
2ª corrente – STJ – a expressão “posse” contida no Art. 312, caput, CÓDIGO
PENAL não abrange a mera detenção. Quando o legislador quer abranger a mera
detenção o faz expressamente, como por exemplo, no Art. 168, CÓDIGO PENAL.
Recentemente, tiveram julgados no STJ, conforme a 1ª corrente. A mera
detenção configura peculato-furto.
5) Em razão do cargo.
Deve haver nexo funcional posse x cargo [4]. Não basta nexo temporal. Deve
estar nas atribuições do funcionário público a posse da coisa.
TIPO SUBJETIVO – dolo de se apropriar ou de desviar.
APROPRIAÇÃO COM ANIMUS DE USO: é imprescindível a intenção de não mais
devolver a coisa à Administração;
BEM CONSUMÍVEL BEM NÃO CONSUMÍVEL
Há crime + Improbidade Administrativa Fato atípico + Improbidade
Administrativa.
Ex: viaturas, maquinários em geral.
OBSERVAÇÃO: Todo crime corresponde a um ato de improbidade
administrativa, mas nem todo ato de improbidade corresponde a crime.
Mão-de-obra não é coisa, é serviço, não há peculato.
OBSERVAÇÃO: Se o agente é prefeito municipal, o peculato-uso é crime, não
importando se a coisa é consumível ou não, ou serviços. Sempre será crime. Art. 1º,
II, DL 201/67. Caiu na prova do TRF 5ª Região.
CONSUMAÇÃO
PECULATO-APROPRIAÇÃO PECULATO-DESVIO
Consuma-se no momento em que o Consuma-se no momento em que o
funcionário se apropria da funcionário altera o destino normal da
coisa(dinheiro, valor ou bem móvel), coisa, empregando-a em fim outro.
agindo como se dono fosse
[exteriorizando poderes de proprietário].
Nas duas modalidades é possível a tentativa.
OBSERVAÇÃO: O STF (questão consolidada) admite o princípio da
insignificância ou bagatela nos crimes funcionais, já o STJ(questão não
consolidada – julgados diversos) não tem admitido.
PECULATO IMPRÓPRIO
PECULATO FURTO
Art. 312, CÓDIGO PENAL.
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse
do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em
proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a
qualidade de funcionário.
SUJEITO ATIVO – funcionário público no sentido amplo do Art. 327, CÓDIGO
PENAL [típico ou atípico – ou por equiparação].
SUJEITO PASSIVO
– primário: Administração.
Secundário: Particular lesado pelo comportamento do agente.
TIPO OBJETIVO
PECULATO PRÓPRIO PECULATO IMPRÓPRIO
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o
público de dinheiro, valor ou qualquer
funcionário público, embora não tendo a
outro bem móvel, público ou particular,
posse do dinheiro, valor ou bem, o
de que tem a posse em razão do cargo,
subtrai, ou concorre para que seja
ou desviá-lo, em proveito próprio ou
subtraído, em proveito próprio ou
alheio: alheio, valendo-se de facilidade que lhe
proporciona a qualidade de funcionário
[PECULATO-FURTO].
O agente tem posse da coisa; Posse O agente não tem posse da coisa;
legítima em razão do cargo;
Núcleo: apropria-se. Núcleo: subtrai ou concorre para que
seja subtraído
OBSERVAÇÃO: para ser peculato-furto é imprescindível valer-se de facilidade
que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
Facilitada pelo cargo – Art. 312, § 1º, CÓDIGO PENAL. Pena mínima: 2
anos. Não cabe suspensão do processo.
Subtração
Não facilitada pelo cargo – Art. 155, CÓDIGO PENAL. Pena mínima: 1 ano.
Cabe suspensão do processo.
OBSERVAÇÃO: no mais, aplicam-se as disposições sobre furto já estudadas
anteriormente.
PECULATO CULPOSO
Art. 312, § 2º, CÓDIGO PENAL. Se o funcionário concorre culposamente para o
crime de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
É Infração de menor potencial ofensivo e a única modalidade culposa de crime
funcional.
SUJEITO ATIVO: funcionário público no sentido amplo do Art. 327, CÓDIGO
PENAL.
SUJEITO PASSIVO – primário: Administração.
secundário: Particular lesado pelo comportamento do agente.
TIPO OBJETIVO
Pune “concorrer culposamente para o crime de outrem”.
Concorrer com manifesta negligência para o crime de outrem.
Ex: funcionário público responsável pelo almoxarifado deixa a porta aberta
negligentemente, permitindo alguém entrar e subtrair coisas da Administração.
Esse funcionário é o SUJEITO ATIVO do Art. 312, § 2º, CÓDIGO PENAL.
O que se entende por crime de outrem?
1ª corrente – PREVALECE: a posição topográfica do Art. 312, § 2º, CÓDIGO
PENAL permite concluir que esse “crime de outrem” só pode ser o do § 1º [peculato
doloso] ou caput do Art. 312, CÓDIGO PENAL.
2ª corrente: a lei não restringiu o tipo de crime praticado por outrem. Logo, existe
peculato culposo ainda que seja crime de furto.
OBSERVAÇÃO: o funcionário negligente jamais é partícipe do crime ao qual
culposamente participou.
CONSUMAÇÃO
No momento em que se aperfeiçoa a conduta dolosa do terceiro. É
imprescindível o nexo, que o peculato culposo se deu em face da negligência do
funcionário público.
TENTATIVA
Não admite tentativa já que é peculato culposo.
Art. 312, § 3º, CÓDIGO PENAL. No caso do parágrafo anterior [PECULATO
CULPOSO], a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a
punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.
É benefício exclusivo do peculato culposo.
1ª SITUAÇÃO: Reparação do dano antes da sentença irrecorrível.
Extingue a punibilidade.
2ª SITUAÇÃO: Reparação do dano após a sentença irrecorrível.
Reduz a pena pela ½.
É caso de imposição pelo juiz da execução penal.
PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM – PECULATO
ESTELIONATO
Art. 313, CÓDIGO PENAL - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no
exercício do cargo, recebeu por erro de outrem:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
É peculato de médio potencial ofensivo.
É o peculato-estelionato.
SUJEITO ATIVO: funcionário público no sentido amplo do Art. 327, CÓDIGO
PENAL.
SUJEITO PASSIVO
Primário: Administração.
Secundário: Particular lesado pelo comportamento do agente.
TIPO OBJETIVO
O agente tem posse, porém é ILEGÍTIMA, produto de erro de outrem.
OBSERVAÇÃO: o erro do ofendido deve ser espontâneo, pois, se provocado
pelo funcionário, poderá configurar o crime de estelionato. O particular já tem que
estar errado.
Não confundir as modalidades:
PECULATO PRÓPRIO PECULATO PECULATO
IMPRÓPRIO ESTELIONATO
Art. 312, “caput” Art. 312,§1º Art. 313
O agente tem posse O agente NÃO tem O agente tem posse,
legítima em razão do posse, por isso chamado porém é ILEGÍTIMA,
cargo. peculato impróprio. produto de erro de
outrem.
Núcleo: apropria-se. Núcleo: subtrai. Núcleo: apropria-se.
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
Consuma-se o crime de peculato estelionato não no momento do recebimento, mas
quando o agente, percebendo o erro de terceiro, não o desfaz, apropriando-se da
coisa como se dono fosse.
A doutrina admite a tentativa.
INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMA DE INFORMAÇÕES
(Incluído pela Lei nº 9.983/00)
Art. 313-A, CÓDIGO PENAL. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a
inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos
sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim
de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano: (Incluído
pela Lei nº 9.983, de 2000)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983,
de 2000)
MODIFICAÇÃO OU ALTERAÇÃO NÃO AUTORIZADA DE SISTEMA DE
INFORMAÇÕES (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 313-B, CÓDIGO PENAL. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de
informações ou programa de informática sem autorização ou solicitação de
autoridade competente: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº
9.983, de 2000)
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a metade se da
modificação ou alteração resulta dano para a Administração Pública ou para o
administrado. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 313-A, CÓDIGO PENAL Art. 313-B, CÓDIGO PENAL
Ex: “A” foi multado, mas a multa
estourou a pontuação da CNH. “A”
conhece um funcionário que trabalha
no Detran e o funcionário entra no
sistema, excluindo essa pontuação.
SUJEITO ATIVO: somente o SUJEITO ATIVO: basta ser
funcionário autorizado a manejar o funcionário público, não
sistema de banco de dados da necessariamente, autorizado. Sentido
Administração. Admite concurso de amplo do Art. 327, CÓDIGO PENAL.
pessoas.
SUJEITO PASSIVO: SUJEITO PASSIVO:
Primário: Administração. Primário: Administração.
Secundário: Particular eventualmente Secundário: Particular eventualmente
lesado pelo comportamento do agente. lesado pelo comportamento do agente.
[ex: funcionário entra no sistema para
colocar pontuação ao inimigo]
CONDUTA PUNIDA: CONDUTA PUNIDA:
4 núcleos. 2 núcleos.
- inserir; - modificar; sistema ou
- facilitar a inserção de dados falsos; programa de
- alterar dados verdadeiros; - alterar. Informática.
- excluir dados verdadeiros.
OBJETO MATERIAL: os dados do OBJETO MATERIAL: sistema ou
sistema. Ele não atinge o sistema ou programa de informática.[5]
programa, atinge somente os dados do
sistema ou programa.
Punido a título de dolo + finalidade Punido a título de dolo sem finalidade
específica [“com o fim de obter específica.
vantagem indevida para si ou para
outrem ou para causar dano”].
CONSUMAÇÃO: prática de qualquer CONSUMAÇÃO: prática de qualquer
um dos núcleos, dispensando a um dos núcleos, dispensando o resultado
obtenção da vantagem ou do dano. É naturalístico e se ocorrer [dano para a
delito formal. Administração Público ou Administrado]
é causa de aumento de pena do § único.
É delito formal.
TENTATIVA: admitida.
CONCUSSÃO
Art. 316, CÓDIGO PENAL - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,
ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem
indevida [FINALIDADE ESPECÍFICA]:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
É infração de grande potencial ofensivo.
SUJEITO ATIVO: funcionário público – Art. 327, CÓDIGO PENAL.
- funcionário público no exercício da função.
- funcionário público fora da função, mas em razão dela. Ex: em férias.
- particular na iminência de assumir função pública [faltam apenas etapas
burocráticas. Ex: definir a data da posse, diplomação, exame médico, etc].
“Carteirada com Diário Oficial”. Esse caso é um caso excepcional, em eu o
particular pode funcionar como sujeito ativo
OBSERVAÇÃO: Se o delito é praticado por fiscal de rendas, o crime será o do
Art. 3º, II, Lei 8.137/90 – princípio da especialidade. É CRIME FUNCIONAL
CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA, não contra a Administração. Pegadinha
de concurso, fique de olho!!
OBSERVAÇÃO: Se o delito for praticado por militar, o crime será o do Art. 305,
CÓDIGO PENAL MILITAR [Concussão] – a competência será da Justiça Militar
(Castrense).
SUJEITO PASSIVO:
Primário: Administração.
Secundário: Particular constrangido pelo comportamento do agente.
CONDUTA PUNIDA:
A primeira conduta é exigir, é intimidação, coerção.
**Exigir - pressupõe intimidação. É ≠ de solicitar - pedido – configura
corrupção passiva.
Observações da doutrina:
CAPEZ: a concussão não pode ser praticada com violência ou grave ameaça, caso
contrário haverá extorsão art. 158, CP.
ROGÉRIO SANCHES: entende que não pode haver violência física [configura
extorsão], mas é claro que está implícita a grave ameaça, de modo que não haveria
como exigir a vantagem sem ela. Não tem como desvincular a concussão da ameaça.
Ex: ou você me dá tanto $ ou eu autuarei o seu estabelecimento em $$ milhões.
“Para si ou para outrem” – o outrem pode ser a própria
Administração Pública?
O ”outrem” abrange a própria Administração Pública – é a posição que prevalece na
Doutrina. Ex: O delegado exigiu que reformem a delegacia, o juiz exigiu que
reformassem o Fórum.
Posição Minoritária: o Professor Paulo José da Costa Júnior não concorda. Para
ele, esse outrem tem que ser pessoa alheia a Administração.
** Direta ou indiretamente: direta é a exigência pessoal e a indireta é por
interposta pessoal.
** Explícita ou implicitamente: Explícita – exigência clara. Implícita –
exigência velada, disfarçada.
** Vantagem indevida: prevalece que a vantagem pode ser de qualquer natureza,
desde que indevida.
EXCESSO DE EXAÇÃO
Art. 316, § 1º, CÓDIGO PENAL - Se o funcionário exige tributo ou contribuição
social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança
meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: (Redação dada pela Lei nº 8.137,
de 27.12.1990)
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de
27.12.1990)
Vantagem indevida:
Se a vantagem indevida for constituir em tributo ou contribuição social o
delito será o do Art. 316, § 1º, CÓDIGO PENAL – excesso de exação, é crime
inafiançável.
Se a vantagem indevida não for tributo ou contribuição social teremos o abuso de
autoridade.
Outra elementar trazida pela Doutrina – metus publicae potestatis – o agente
se vale do temor que o cargo exerce sob outrem, que nasce do cargo que ocupa,
configura abuso da autoridade pública como meio de coação.
Alerta a Doutrina que deve o agente dever atribuição ou competência para a prática
do mal prometido em caso de não atendimento da exigência. Caso contrário haverá
crime de extorsão.
O médico do SUS que cobra pagamento adicional do paciente pratica
que crime?
- Esse médico é funcionário público para fins penais. Deve-se distinguir 3 situações:
1ª – o médico exige do paciente o pagamento adicional para realizar operação
cirúrgica concussão – Art. 316, CÓDIGO PENAL.
2ª – o médico solicita do paciente a verba adicional corrupção passiva – Art.
317, CÓDIGO PENAL.
3ª – o médico engana o paciente simulando ser devido o pagamento estelionato
– Art. 171, CÓDIGO PENAL.
TIPO SUBJETIVO
Dolo + finalidade especial [vantagem indevida – locupletamento].
CONSUMAÇÃO
É crime formal, consuma-se com a exigência, dispensando-se o efetivo
enriquecimento ilícito (dispensa a vantagem indevida). Se conseguir a vantagem
indevida, trata-se de mero exaurimento.
TENTATIVA
É admitida, na hipótese de exigência por escrito. Ex: carta concussionária
interceptada.
Ver vídeo no injur de DELITO DE TENDÊNCIA INTERNA
TRANSCEDENTE:
O delito de tendência interna transcendente também chamado de delito de intenção
configura uma espécie de crime formal e se subdivide em 02 (duas) subespécies:
a) De resultado cortado: em que o resultado naturalístico (dispensável por se
tratar de delito formal) depende, para sua configuração, de comportamente
advindo de terceiros estranhos à execução do crime. Ex: art. 159, CP - extorsão
mediante sequestro - a obtenção da vantagem (o resgate) depende dos familiares da
vítima.
b) Atrofiado de 02 (dois) atos: o resultado naturalístico (também dispensável)
depende de um novo comportamento do agente. Ex: art. 291 - na modalidade
adquirir petrecho - precisa-se de outro ato para a falsificação da moeda com
prejuízo a alguém (resultado naturalístico).
Art. 317, CÓDIGO PENAL – corrupção passiva – pune o corrupto.
Art. 333, CÓDIGO PENAL – corrupção ativa – pune o corruptor.
É EXCEÇÃO pluralista à Teoria Monista – duas pessoas concorrendo
para o mesmo evento, mas sofrendo tipos diversos.
CORRUPÇÃO PASSIVA
Art. 317, CÓDIGO PENAL - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela,
vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº
10.763, de 12.11.2003)
CORRUPÇÃO ATIVA
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para
determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº
10.763, de 12.11.2003)
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou
promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo
dever funcional.
Apesar da conduta “solicitar” ser menos grave que “exigir’ [concussão], a pena
máxima na corrupção é maior que a da concussão. A doutrina questiona a
constitucionalidade da pena máxima da corrupção passiva.
SUJEITO ATIVO:
- Funcionário público no exercício da função;
- Funcionário público fora da função, mas em razão dela. Ex: em férias.
- Particular na iminência de assumir função pública – faltam atos burocráticos para
ele assumir a função pública.
OBSERVAÇÃO: praticado por fiscal de rendas crime do Art. 3º, II, Lei
8.137/90 – princípio da especialidade. É crime funcional contra a ordem
tributária, não contra a Administração.
OBSERVAÇÃO: militar Art. 308, CÓDIGO PENALM [Corrupção] – julgado
pela Justiça Militar.
CORRUPÇÃO
Art. 308, CÓDIGO PENALM - Receber, para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, ainda que fora da função, ou antes de assumi-la, mas em razão dela,
vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou
promessa, o agente retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica
infringindo dever funcional.
§ 2º - Se o agente pratica, deixa de praticar ou retarda o ato de ofício com infração
de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem.
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Art. 317, CÓDIGO PENAL Art. 308, CÓDIGO PENAL
MILITAR
Solicitar; Receber;
Receber; Aceitar promessa.
Aceitar promessa. **Não pune a figura “solicitar”. Nesse
caso, o militar responderá pelo Art. 317,
CÓDIGO PENAL, julgado na Justiça
Comum [estadual ou federal].
SUJEITO PASSIVO:
Vítima primária: - Estado-Administração.
Vítima secundária: - Particular constrangido, desde que não seja o corruptor, o
autor da corrupção ativa
OBSERVAÇÃO: a corrupção passiva nem sempre pressupõe a ativa e vice-versa.
Pode-se ter corrupto ou corruptor ou os dois juntos.
CONDUTA PUNIDA: 3 núcleos.
Art. 317, CÓDIGO PENAL – Art. 333, CÓDIGO PENAL –
corrupto. corruptor.
Pune 3 núcleos: solicitar, receber ou Pune o prometer e o oferecer.
aceitar promessa. O particular – dar [após a conduta
Solicitar; solicitar]. Nessa conduta, o particular é
vítima.
Receber; Ofereceu antes [da conduta receber].
Aceitar promessa. Prometeu antes [da conduta aceitar
promessa].
Art. 317 Art. 333 o particular é
vítima.
Solicitar – a corrupção Não tem o dar.
parte do corrupto
Receber Oferecer
Aceitar promessa Prometer – ele prometeu
– a corrupção partiu dele.
OBSERVAÇÃO: o Art. 333, CÓDIGO PENAL só se preocupa quando a conduta
parte do particular. Se a corrupção partiu do funcionário público, o particular é
vítima como no caso de dar.
CORRUPÇÃO ATIVA
Art. 333, Art. 337-B, Art. 343, Código Estatuto do
CÓDIGO CÓDIGO CÓDIGO eleitoral Torcedor
PENAL PENAL – PENAL –
funcionário suborno de
público testemunha
estrangeiro.
Só pune[6]: Pune: Pune: Pune: Pune:
- oferecer; - dar; - dar; - dar; - dar;
- prometer. - oferecer; - oferecer; - oferecer; - oferecer;
- prometer. - prometer. - prometer. - prometer.
Existe projeto de lei querendo acrescentar o “dar” ao art. 333, CP, se aprovado será
norma irretroativa.
OBSERVAÇÃO: Para a existência do crime de corrupção passiva deve haver um
nexo entre a vantagem solicitada, recebida ou aceita e a atividade exercida pelo
corrupto.
CORRUPÇÃO PASSIVA PRÓPRIA: O agente tem como finalidade a realização
de um ato injusto.
Ex: solicitar vantagem para facilitar a fuga de alguém.
CORRUPÇÃO PASSIVA IMPRÓPRIA: o agente visa a prática de um ato
legítimo.
Ex: solicita vantagem para arquivar inquérito que deveria ser mesmo arquivado.
Art. 317, CÓDIGO PENAL Art. 333, CÓDIGO PENAL
CORRUPÇÃO PASSIVA CORRUPÇÃO ATIVA
ANTECEDENTE. ANTECEDENTE
O agente primeiro solicita, recebe ou – única modalidade punível.
aceita promessa comercializando ato O particular oferece ou promete para ver
futuro. praticada conduta [futura].
CORRUPÇÃO PASSIVA CORRUPÇÃO ATIVA
SUBSEQUENTE. SUBSEQUENTE
O agente primeiro realiza a conduta – não é crime – fato atípico.
[pretérita] para depois solicitar, receber Realização da conduta [pretérita] e
ou aceitar promessa. oferecer e prometer com agradecimento.
O crime é punido a título de dolo, com finalidade especial: enriquecimento
ilícito.
CONSUMAÇÃO:
O crime é formal nas modalidades solicitar e aceitar promessa.
O crime é material na modalidade receber.
- Solicitar e aceitar promessa delito formal.
- Receber crime material[7].
TENTATIVA
Admitida na carta que solicita e é interceptada.
Cuidado!! Não são delitos bilaterais.
Art. 317, § 1º, CÓDIGO PENAL - A pena é aumentada de um terço, se, em
consequência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar
qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
Somente a corrupção passiva própria pode sofrer a majorante do § 1º.
Se o funcionário público solicitar, receber ou aceitar promessa – o crime está
consumado – teremos o art. 317.
Se ele concretiza a conduta ilegítima comercializada – incide o aumento de
pena de 1/3 – teremos o §1º, do Art. 317.
Ex: policial solicita R$ 1.000,00 para não cumprir mandado de prisão. A partir do
momento que ele solicita a vantagem, o Art. 317, CÓDIGO PENAL já está
consumado. Mas se ele efetivamente não cumpre o mandado, nasce o aumento de
1/3 da pena.
OBSERVAÇÃO: se a concretização do ato comercializado configurar crime
autônomo não incide a causa de aumento, para evitar o bis in idem.
Ex: funcionário da Ciretran solicita R$ 1.000,00 para excluir multa do sistema –
consumou o Art. 317, CÓDIGO PENAL. Se ele efetivamente exclui – configura o Art.
313-A, CÓDIGO PENAL, não incide a majorante, e sim o concurso material de
delitos: Art. 317, CÓDIGO PENAL + Art. 313-A, CÓDIGO PENAL.
CORRUPÇÃO PASSIVA PRIVILEGIADA
Art. 317, § 2º, CÓDIGO PENAL - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou
retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou
influência de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
São punidos os famigerados favores administrativos, “quebra um galho aqui”.
SUJEITO ATIVO: qualquer funcionário.
Art. 317, § 2º, CÓDIGO PENAL Art. 319, CÓDIGO PENAL
O agente cede diante de pedido ou Não existe pedido ou influência de
influência de outrem. [Interferência outrem [auto corrupção].
externa].
Não busca satisfazer interesse ou Busca satisfazer interesse ou sentimento
sentimento pessoal. pessoal.
Crime material.