“ ARITMÉTICA DA EMILIA – NO TEMPO DOS NOVE FORA “
Prof. Aguinaldo Ramos de Miranda
A IDÉIA DO VISCONDE DE SABUGOSA
Mostrar ao mundo a Terra-Da-Matemática com:
- Os artistas do País-da-Matemática;
- Os artistas do País-da-Aritmética que são:
- Os algarismos Arábicos;
- Os algarismos Romanos (aposentados);
- Dona Unidade;
- Dona Quantidade;
- Senhora Dona Quantia;
- O Senhor Problema;
- A Senhora Solução.
Antes de apresentar as sugestões do inesquecível
MONTEIRO LOBATO com a obra EMILIA NO PAÍS DA GRAMÁTICA E
ARITMÉTICA DA EMILIA, apresento uma breve reflexão sobre
a Matemática e as suas ramificações.
UMA LENDA SOBRE MATEMÁTICA.
(de Malba Tahan) – Júlio César de Mello e Souza (1895-
1974)
Asad-Abu-Carib, rei do Iêmem, ao repousar, certa vez,
na larga varanda de seu palácio, sonhou que encontrara
sete jovens que caminhavam por uma estrada. Em certo
momento, vencidas pela fadiga e pela sede, as jovens
pararam sob o sol causticante do deserto. Surgiu, nesse
momento, uma formosa princesa que se aproximou das
peregrinas, trazendo-lhes um grande cântaro cheio de
água pura e fresca. A bondosa princesa saciou a sede que
torturava as jovens e estas, reanimadas, puderam
reiniciar a jornada interrompida.
Ao despertar, impressionado com esse inexplicável
sonho, determinou Asad-Abu-Carib viesse à sua presença
um astrólogo famoso, chamado Sanib, e consultou-o sobre
a significação daquela cena a que ele – rei poderoso e
justo – assistira no mundo das Visões e Fantasias. Disse
Sanib, o astrólogo: “Senhor! As sete jovens que
caminhavam pela estrada eram as artes divinas e as
ciências humanas: a Pintura, a Música, a Escultura, a
Arquitetura, a Retórica, a Dialética e a Filosofia. A
princesa prestativa que as socorreu simboliza a grande e
prodigiosa Matemática“.” Sem o auxilio da Matemática –
prosseguiu o sábio – as artes não podem progredir e
todas as outras ciências perecem “. Impressionado com
tais palavras determinou o rei que se organizassem em
todas as cidades, oásis e aldeias do país, centros de
estudo de Matemática.
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Parodiando o querido Júlio César de Melo e Sousa
(Malba Tahan): - Que bom se os governantes de nosso país
também tivessem um sonho desses, e aconselhados por bons
ministros investissem na educação (com a devida
valorização do professor), mais escolas para o nosso
povo, com um destaque todo especial para a Matemática, e
talvez num futuro próximo não tivesse o nosso Brasil de
estar sempre recorrendo ao FMI
ATRAÇÕES DO PAÍS-DA-MATEMÁTICA
OS ALGARISMOS ARÁBICOS
O 1 considerado o mais importante de todos: Porque se
não fosse ele os outros não existiriam, sem o 1, não
pode haver o 2, pois 1 mais 1 são 2, e assim por diante.
E o zero é o único que não é formado pelo 1, e ele
sozinho não vale nada, sendo por isso conhecido como
nada, mas se for colocado depois dum número qualquer,
aumenta esse número dez vezes. Vejamos que se colocarmos
o zero depois do 1 fica 10. Mas é bom perceber que se o
zero for colocado depois de si mesmo não aumenta nada,
pois 00 é o mesmo que 0, e ainda, se o zero for colocado
antes de qualquer outro algarismo também não acontecerá
nada veja 2 e 02 representam a mesma quantidade de
elementos.
É bom saber que os algarismos arábicos substituíram os
artistas velhos e aposentados, os tais de Algarismos
Romanos, que em respeito ao importante passado vale a
pena mostrar seus valores.
A DONA UNIDADE
Assim como o Um é o pai de todos os algarismos, Dona
Unidade é a mãe de todas as quantidades de coisas, sendo
assim nenhuma quantidade de qualquer coisa poderá
existir sem ela. Exemplos: quando alguém diz, cinco
laranjas, está se referindo a uma Quantidade de
laranjas, e nessa quantidade uma laranja é a unidade. E
quando alguém diz: 100 papagaios, a unidade é papagaio.
A DONA QUANTIDADE
Serve para indicar uma porção de qualquer coisa que
possa ser contada, pesada ou medida.
As quantidades pares e as quantidades impares.
Brincadeira da Emilia:
Por que o PAR é IMPAR?
(par tem três letras e três é impar)
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REGRA PARA ESCREVER OS NÚMEROS COMPOSTOS POR
ALGARISMOS
Regra é o modo sempre igual de se fazer alguma coisa,
e no caso da formação dos números é importante saber
sobre as ordens e as classes.
A Regra nesse caso é dividir o número com espaço, de
três em três, começando da direita para a esquerda. (dar
exemplos):
45 365 462 878 ( ordens e classes).
A DONA QUANTIA
A Dona Quantia é filha da Dona Quantidade, mas com a
diferença de que: A Quantidade lida com todas as coisas,
a Quantia só lida com dinheiro. (apresentação do sistema
monetário atual, já que as mudanças daquela época até os
dias de hoje foram tantas !)
ACROBACIAS DOS ARTISTAS ARÁBICOS (algarismos
Indu-Arábicos)
As operações fundamentais da Aritmética:
- OS SINAIS ARITMÉTICOS
O sinal de mais (+), com esse sinal depois de um
número indica que esse número tem que juntar-se, ou
somar-se ao número que vem em seguida;
O sinal de menos (-), quando aparece entre dois
números, quer dizer que temos de tirar do primeiro
número o outro, ou diminuir;
O sinal de vezes (x), é o sinal de multiplicar, e
quando aparece entre dois números, quer dizer que um tem
que ser multiplicado pelo outro. O sinal de vezes é
parente do mais (+), só que as parcelas devem ser
iguais;
O sinal de dividir (:) , quando aparece entre dois
números, quer dizer que o segundo divide o primeiro;
O sinal de igualdade (=), indica entre duas coisas,
que uma é igual à outra;
O radical aritmético (raiz quadrada). Não é só
mandioca ou árvore que tem raiz. Os números também tem a
sua sua raiz aritmética.
SENHOR PROBLEMA
Um sujeito que gosta de ser resolvido, espécie de
charada. Ele dá tantas indicações e por meio delas a
gente tem de descobrir o xis, isto é, descobrir uma
terceira coisa.
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DONA SOLUÇÃO
Dona Solução, a criatura que o Senhor Problema vive
procurando. Sou uma criatura muito importante, porque o
mundo anda cheio de problemas de todas as espécies, de
modo que os homens não têm sossego enquanto eu não
apareço.
DONA PROVA ( e naquele tempo: a prova dos nove
fora)
Sua especialidade consiste em ver se as contas da
patroa Dona Solução estão certas.
AGORA OS ALGORÍTMOS DA ARITMÉTICA
Os algarismos Arábicos e as reinações:
A soma:
Os números que se juntam chamam-se parcelas, e o
resultado da juntação recebe o nome de soma ou total.
A tabuada da adição, bem como vários exemplos
ilustrativos serão apresentados no curso.
A subtração ( diminuir ou subtrair):
Na conta de subtrair a gente tira um número menor
(subtraendo) de um número maior (minuendo), e o que se
obtem é o resto ou a diferença.
A tabuada da subtração, bem como vários exemplos
ilustrativos serão apresentados no curso.
A multiplicação:
A multiplicação é uma soma abreviada. Multiplicar um
número pelo outro é fazer uma soma de parcelas iguais.
Os termos da multiplicação são o multiplicando e o
multiplicador. Sendo que são eles que fazem o Produto
(resultado).
A tabuada da multiplicação, bem como vários exemplos
ilustrativos, tabuada dos dedos e outros modelos, serão
apresentados no curso.
Dada a importância da tabuada, foi sugerido pelo
autor, que elas fossem escritas nos pés de laranja,
(sendo que as consideradas mais difíceis nos pés de
laranjas mais procuradas “doces”, sendo que só se podia
apanhar laranjas quando se falasse de cor toda a tabuada
escrita no pé da laranja, da qual se desejava chupar).
Sendo assim a tabuada do sete foi escrita no pé de
laranja lima.
A divisão:
O número que divide o Dividendo chama-se Divisor. E o
resultado obtido chama-se Quociente. E se sobra alguma
coisa que não possa ser dividida, essa alguma coisa
chama-se Resto. Dividir é pois achar quantas vezes um
número contém outro.
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Obs. Nessa apostila, abordo bastante o tema DIVISÃO,
procurando elucidar um pouco mais esse complicado
algoritmo da aritmética.
A tabuada da divisão, bem como vários exemplos
ilustrativos (outros modelos) serão apresentados no
curso.
Frações, números decimais, múltiplos e divisores, raiz
quadrada e medidas, abordados pelo autor em sua obra
serão comentados e trabalhados nessa parte final do
curso onde respeitosamente complemento os tópicos
tratados por MONTEIRO LOBATO, que são:
O SIGNIFICADO AS OPERAÇÕES
Quando ensinamos Matemática de 1ª a 4ª série, uma boa
parte do tempo é usada para tratar das quatro operações.
O objetivo é fazer as crianças aprenderem as contas
(somar, subtrair, multiplicar, dividir) e também a
resolverem problemas, usando as operações.
A segunda parte do objetivo, isto é, resolver
problemas, é a mais importante. As contas podem ser
feitas por calculadoras, mas nenhuma máquina é capaz de
entender uma situação-problema e nos dizer que operação
(ou operações) podem ser feitas para achar a solução.
No entanto sabemos que muitos alunos têm dificuldades
para resolver problemas. Todos nós, professores, estamos
acostumados às crianças que lêem um problema e vêm nos
perguntar:
- É um problema de mais ou de vezes?
Essas crianças não sabem qual operação usar.
Provavelmente, elas não entendem as operações, não sabem
os significados das operações.
O que queremos dizer com a expressão significados das
operações? Vamos apresentar uma série de significados
sobre as operações abaixo, e desenvolver atividades
durante o curso para uma melhor compreensão de nossas
observações.
- A ADIÇÃO ( traz em si a idéia de juntar,
acrescentar, reunir).
- A SUBTRAÇÃO possui três idéias (subtrativa,
comparativa e aditiva), que só são identificadas em
situações-problema, embora a representação da “operação
armada” seja uma só.
a) Idéia subtrativa (de tirar): Quando temos uma
coleção (quantidade), da qual é retirada ou subtraída
uma quantidade de elementos. O problema consiste em
saber quanto restou, quanto sobrou.
b) Idéia comparativa (de comparar): Temos sempre
duas coleções (quantidades). O problema consiste em
saber qual delas é maior, quanto tem a mais, ou qual
delas é menor, quanto tem a menos. Queremos saber qual é
a diferença.
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c) Idéia aditiva (de completar): Temos sempre duas
coleções (quantidades). O problema consiste em saber
quanto devo acrescentar a uma das coleções, para que ela
fique com a mesma quantidade que a outra. A pergunta é:
Quanto falta?.
- A MULTIPLICAÇÃO está ligada a situações que
envolvem a soma de parcelas iguais. Quando o aluno
compreende esta idéia, presente na multiplicação, fica
mais fácil para ele entender que o que aumenta é o
número de vezes que a quantidade foi repetida.
- A DIVISÃO
Essa operação merece uma atenção toda especial, visto
que, sem dúvida é a que suscita mais dúvidas entre todos
(professores e alunos).
Sendo assim, antes de iniciar o trabalho com a
divisão, nas séries iniciais, é necessário levantar,
junto com os alunos, os diferentes significados da
palavra dividir, em nossa língua:
a) Distinguir diversas partes. Ex.: O corpo
humano é dividido em cabeça, tronco e membros.
b) Estabelecer desavenças. Ex.: A noticia dividiu
os moradores do bairro.
c) Demarcar, limitar. Ex.: O Rio Paraná divide os
estados do Paraná e Mato Grosso do Sul.
d) Cortar, repartir, seccionar. Ex.: A altura h
dividiu o triângulo eqüilátero ABC ao meio.
e) Divisão em partes iguais, quando se trata de
dividir uma quantidade. Ex.: O pai de Pedro dividiu as
balas, igualmente entre ele e seu irmão.
As idéias de divisão são identificadas em situações-
problema e são:
- Idéia repartitiva (distribuição eqüitativa): São
situações em que temos uma certa quantidade e queremos
dividi-la em partes iguais. A pergunta chave é: Quantos
em cada grupo?
- Idéia subtrativa (de medida): São situações em
que queremos saber quantas vezes uma quantidade cabe na
outra. Esta idéia é relacionada com a subtração de
parcelas iguais. A pergunta chave é: Quantos grupos?
É de grande importância a exploração do trabalho em
grupo, com todas as operações, que oportunizará aos
alunos a possibilidade de discutir e sanar suas dúvidas.
Apresentamos como sugestão trabalhos envolvendo
palitos, material dourado e dinheiro (notas de
brinquedo), onde contemplaremos todas as operações e
seus significados.
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É IMPORTANTE ENSINAR MEDIDAS?
Alguns colegas professores não dão atenção ao trabalho
com medidas. Como, na maioria dos livros didáticos, o
capitulo sobre medidas é um dos últimos, acontece muitas
vezes de o ano letivo terminar e os alunos não terem
tido experiência alguma com medidas. Será que o assunto
é realmente de importância?
Em nossa opinião é extremamente importante e
proveitoso trabalhar com medidas desde a 1ª série, pois
as medidas fazem parte do nosso dia a dia. O combustível
que colocamos no automóvel é medido em litros. O arroz
que compramos no supermercado é medido em quilogramas.
Usando unidades de medida como o metro e centímetro, o
médico mede a altura da criança para verificar se ela
está crescendo adequadamente, a mocinha mede sua cintura
para saber se engordou, o pedreiro mede o comprimento do
muro que irá construir, etc.
Esses exemplos mostram que o professor que trabalha
com medidas está propiciando a seus alunos um
conhecimento útil nas mais variadas profissões e na vida
diária. É um tema que importância social, e, independe
da clientela com a qual estamos trabalhando.
Obs. Durante o curso estaremos desenvolvendo
atividades práticas sobre medidas.
CÁLCULO E RACIOCÍNIO É A MESMA COISA?
POR QUE NOSSAS CRIANÇAS NÃO PARAM PARA PENSAR?
Há muitas razões para essa resposta. Uma delas é que
nem sempre a criança está atenta e interessada e isso
pode ocorrer com qualquer um de nós. No entanto, o
motivo mais importante está no fato de que,
freqüentemente, nossas crianças não são estimuladas a
pensar. Queremos que nosso alunos exercitem o
raciocínio. No entanto, nossa forma de trabalhar muitas
vezes, pode não contribuir para isso. Veja porque:
- Usamos boa parte do tempo da aula de matemática
ensinando cálculos, técnicas para efetuar operações;
- Quase sempre explicamos o jeito de efetuar o
cálculo e esperamos que a criança reproduza igualzinho;
- Nesse processo, a criança não tem oportunidade para
pensar por si mesma e compreender o que aprende; ela
reproduz o que mandamos e não pensa.
Em resumo, a criança é treinada para encontrar
respostas certas, mesmo sem saber o que está fazendo.
Ela age assim quando faz contas e acaba agindo assim
também nos problemas.
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FRAÇÕES
AS CRIANÇAS E AS FRAÇÕES
Na maioria das escolas, as crianças começam a aprender
sobre frações na 3ª série. Esse aprendizado continua na
4ª série. Em alguns momentos, especialmente quando são
ensinadas as operações com frações, as crianças
encontram enormes dificuldades. Às vezes, chegam a saber
como efetuar as operações, mas, examinando com atenção,
perceberemos que não se trata de verdadeiro aprendizado.
Elas não entendem o que estão fazendo e apenas repetem
os procedimentos ensinados pelo professor de maneira
mecânica (veremos os exemplos durante o curso). Além
disso esquecem rapidamente o que lhes foi ensinado.
Tanto é assim que o assunto é inteiramente repetido na
5ª série.
Assim é natural fazer perguntas como estas:
- Qual o motivo dessa dificuldade em aprender as
operações com as frações?;
- Vale a pena todo o esforço que muitos professores
fazem para as crianças aprenderem a calcular com as
frações?
O trabalho com frações apresentado durante o curso, em
forma de exercícios práticos e simples, com certeza
oferecerá condições de uma melhor compreensão do
assunto.
Prof. Aguinaldo
Para Contato: Prof. Aguinaldo R. de Miranda
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