CP Arteemagia PDF
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José Carlos Daltozo
Cartão-Postal,
Arte e Magia
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Daltozo, José Carlos
Cartão-Postal, Arte e Magia
Gráfica Cipola, Presidente Pruden-
te (SP), 2006
1 - Cartões-Postais
2 - Cartofilia
3 - Artes Gráficas
4- História
Endereço do Autor:
JOSÉ CARLOS DALTOZO
Caixa Postal 117
19500-000 - Martinópolis - SP
Telefone 18 - 3275-1168
E-mail: [email protected]
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Para minha neta Gabriela
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"Livro é a preservação de fatos de qualquer natureza, através
da comunicação gráfica impressa, independente de cor, for-
mato ou assunto."
Antonio Celso Collaro
"Nenhum livro é tão ruim que, sob algum aspecto, não tenha
utilidade".
Plínio, o Velho
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Sumário
Introdução.........................................................11
Histórico do Postal............................................13
Histórico da fotografia e os
maiores fotógrafos de postais...........................25
Temas colecionáveis.........................................33
Motivações para colecionar postais..................51
Como se tornar um colecionador......................59
O máximo postal...............................................63
Curiosidades sobre postais...............................67
O cartão-postal nos livros................................83
Museus de postais............................................99
Exposições de postais no Brasil.....................103
Clubes de colecionadores...............................123
Editoras de Postais (antigas e atuais).............131
Invenções anteriores ou contemporâneas
do postal (papel, tinta, impressão, telégrafo,
telefone, cinema etc).......................................141
Depoimentos dos colecionadores....................145
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Introdução
Este livro é o resultado de um sonho acalentado há muito
tempo. Resultado, também, da coleta durante quinze anos,
de centenas de recortes de jornais e revistas sobre cartofilia,
folhetos sobre exposições, além de livros que utilizaram o
postal antigo como iconografia.
O livro "Cartão-Postal, Arte e Magia" traça um panorama
geral do que foi a cartofilia nos seus primórdios e como ela
é hoje, 137 anos após o surgimento do postal na Áustria em
1.869.
Além do aspecto histórico do cartão-postal no Brasil e no
mundo, o livro aborda a criação da fotografia e as invenções
contemporâneas desses maravilhosos retângulos ilustrados,
que tiveram papel decisivo para ampliar a comunicação entre
as pessoas em todo o mundo. O livro traz ainda os fotógrafos
antigos mais famosos, as motivações para colecionar postais,
como iniciar uma coleção, os temas mais comuns ontem e
hoje, curiosidades, exposições realizadas, as editoras antigas
e atuais, reuniões e clubes de colecionadores... enfim, um
painel geral da Cartofilia.
Uma idéia inovadora, no entanto, foi a abertura das
páginas finais para depoimentos de colecionadores de pos-
tais. Cada depoimento propicia ao leitor uma visão ampla e
diferente do que é colecionar. Mostra que nós, colecionadores,
não somos meros guardadores de fotografias antigas e atuais
de cidades e países, somos também um pouco historiadores,
geógrafos, estudiosos dos usos e costumes de povos e países,
da arquitetura mundial, dos meios de transporte, das profis-
sões, enfim, da grande aventura do ser humano sobre a face
da terra.
José Carlos Daltozo
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Histórico do Cartão-Postal
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exemplar editado ou circulado. Sabe-se que ele vendeu a idéia
para H.Lipman, tendo este iniciado a edição de postais com
a marca "Lipman's Post Card". Em 1865, quatro anos antes
da aprovação pelo Correio Austríaco, também houve uma
sugestão de criação de algo semelhante, pelo Dr. Heinrich
von Stephan, diretor geral do Correio da Confederação Ale-
mã do Norte. Ele alegou que o Correio autorizava a remessa
de mensagens abertas e que era necessário oficializá-las. A
pretensão ficou só na intenção, não seguiu avante. Também
podemos considerar como antepassado do postal o Cartão de
Natal idealizado por Henry Cole, em Londres, no ano de 1843.
Impresso em litografia e colorido à mão, mostrava o desenho
de uma família vitoriana abastada deleitando-se com a ceia de
Natal.
Outro precursor do postal foi a carte-de-visite, patente-
ada em 1854, fazendo com que o retrato fotográfico ficasse
acessível a uma gama enorme de pessoas. As fotos eram
coladas num cartão em formato aproximado de 6 por 10 cm e
geralmente mostravam só o rosto ou meio corpo de uma única
pessoa, posada em estúdio. Distribuidas nos eventos sociais
ou enviadas dentro de envelopes, popularizou a arte fotográfi-
ca. Houve uma troca muito grande desses cartões, oferecidos
como prova de amor e amizade. Semelhante a ele, mas com
outra finalidade, o cabinet size foi posterior. Tinha dimensões
maiores, de 10,6 por 18 cm e também tornou-se moda, embora
já mostrasse paisagens ou fotos posadas de famílias inteiras.
Mas nada suplantou o sucesso da criação do corres-
pondenz-karte pelo Correio Austríaco, devido ao baixo valor
da tarifa, provocando sua imediata difusão em outros países
europeus. Em 1870, o postal foi adotado oficialmente pelos
Correios da Alemanha, Inglaterra, Suíça e Luxemburgo. Em
1871 foi autorizado a circular na Holanda, Bélgica, Dinamarca
e Canadá. A França adotou tal sistema de correspondência em
1873, mesmo ano em que foi adotado pelos Estados Unidos,
Chile, Sérvia, Romenia e Espanha. No ano seguinte foi a vez
da Itália. O Japão adotou-o em 1875, mesmo ano que a União
Postal Universal autorizou a sua circulação em todos os países
membros, fixando tarifa única para todos. Portugal adotou o
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Reprodução do convite da I Expocart, realizada em Sorocaba no ano de 1999, uma
parceria da UNICAP e o Clube Philatelico Sorocabano. O convite mostra os primeiros
cartões-postais da história (1869 na Áustria e 1880 no Brasil). Chamados de inteiros
postais, a frente era destinada exclusivamente para o endereço do destinatário e
no verso, em branco, era escrita a mensagem.
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postal em 1876 e a Argentina em 1878.
Faltava ao postal, para popularizá-lo ainda mais, uma
coisa importantíssima: a imagem. Aos poucos, logo nos primei-
ros anos de sua existência, de simples cartolina só com o selo
do porte impresso, ele foi ganhando gravuras e, alguns anos
depois, a fotografia. Esse foi o passo decisivo para difundí-lo
definitivamente, em todo o mundo. As pessoas estavam ávidas
para ter em mãos as fotos de monumentos famosos, de cidades
interessantes, dos fatos históricos, das personalidades, dos
reis, rainhas e governantes, dos artistas e suas obras, enfim,
tudo que era possível registrar pelas lentes das máquinas fo-
tográficas.
O livro “História do Bilhete-Postal”, de Martin Willou-
gghby, editado em Portugal em 1993, informa que “na Exposi-
ção Universal de Nuremberg, Alemanha, em 1882, já apareceu
um cartão-postal oficial e comemorativo do evento, exibindo
uma pequena vinheta ao lado do endereço. Na Exposição
Universal de Paris em 1889, os postais com desenhos da
Torre Eiffel novinha em folha, fizeram grande sucesso. Em
1893 apareceram os primeiros postais ilustrados produzidos
comercialmente nos Estados Unidos. Foram publicadas dez
vistas cromolitográficas para comemorar a Exposição Mundial
Columbiana, realizada em Chicago.”
Nos primeiros anos da década de 1890 surgiram na
Europa os primeiros postais que traziam pequenos desenhos
e paisagens. Acontecimentos históricos, exposições e visitas
de reis e rainhas passaram gradualmente a ser comemorados
nos cartões-postais, ampliando sua popularidade como difusor
de imagens do cotidiano. Foi quando apareceram os primeiros
Gruss aus... na Alemanha. Gruss aus significa “Saudações
de...”, seguido do nome da cidade, aplicado sobre o desenho da
mesma. Para os turistas esse tipo de postal significou uma re-
cordação barata e decorativa, que ele podia comprar à vontade
e levar para casa, mostrando aos que não viajaram as belezas
que ele viu e visitou. Os demais paises europeus passaram a
editar postais desse tipo, cada um na sua língua, como "Sou-
venir de..." em francês, "Ricordi di..." em italiano. Inicialmente
eram impressos em uma única cor, mas logo aderiram à cro-
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molitografia, processo no qual se podia aplicar muitas cores
diferentes, transformando-os em postais multicoloridos. Essa
beleza do postal foi também uma das responsáveis para que
eles fossem guardados em álbuns e colecionados. Os "Gruss
aus" são os precursores dos atuais postais turísticos. É de se
notar que, durante muitas décadas, os postais editados em todo
o mundo deixaram de mencionar o nome da cidade na frente,
junto com a foto, mas essa mania voltou recomeçou há uns dez
anos, com todo vigor. Atualmente, mesmo no Brasil, uma boa
quantidade de postais turísticos trazem o nome das cidades
impressas sobre as fotos, identificando o local fotografado.
Em 1902 a Inglaterra mudou o formato básico do pos-
tal, logo adotado por outros países e que vigora até hoje. No
início o postal tinha o local para o endereço e selo na frente,
ficando o verso, que era em branco, para a mensagem. Com
a introdução das imagens - inicialmente gravuras e depois fo-
tos - estas foram tomando gradativamente a frente do postal,
o endereço do destinatário passou para o verso, pegando todo
o espaço disponível. Por isso as pessoas escreviam em letras
minúsculas as mensagens do lado da foto. Só alguns anos
depois é que formataram o verso do postal, deixando metade
à direita para menção do destinatário e a metade à esquerda
para as mensagens. Algo tão simples, na ótica de hoje, foi um
avanço considerável naquela época. Mesmo assim, muitos
editores demoraram alguns anos para aderir ao novo formato.
Só em 1906 o verso dividido foi aceito pelos países membros
da União Postal Universal.
Na primeira década do século 20 o público podia com-
prar três tipos de postais: fotográfico real, fotográfico impresso
e postal artístico desenhado. O fotográfico real é aquele que
a foto é revelada diretamente no papel fotográfico, cujo verso
imita um postal. Enquanto o postal fotográfico real tinha pe-
quenas tiragens, às vezes até um único exemplar, o impresso
era feito em gráficas e geralmente com grandes tiragens.
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O cartão-postal no Brasil
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Outra data importante para a cartofilia brasileira foi 14
de novembro de 1899, quando o Governo Republicano, atra-
vés da Lei 640, autorizou a produção de bilhetes-postais pela
indústria gráfica particular.
Alguns anos antes, no entanto, já circulavam postais
brasileiros feitos em editoras particulares, mas impressos no
Exterior. Entre eles, os da série Süd Amérika, editada em Ham-
burgo, na Alemanha, mostrando vistas de Recife, Salvador,
Pará e Rio de Janeiro.
O mais antigo postal conhecido, entre os produzidos no
Brasil, é do Estabelecimento Gráfico V. Steidel, de São Paulo,
mostrando o edifício do Tesouro de São Paulo. Esse exemplar,
circulado com a data de 24.11.1898, pertence à coleção do
cartofilista Elysio de Oliveira Belchior, do Rio de Janeiro. Foi
produzido por uma gráfica particular um ano antes da autori-
zação oficial do governo federal.
Os mais antigos postais produzidos por editores estabe-
lecidos no Rio de Janeiro, então capital federal, são do fotógrafo
Marc Ferrez, circulados em dezembro de 1900. Outro editor foi
León de Rennes, com a empresa L. de Rennes & Cia, encon-
trado em postal circulado em 1901. Importantes editores dessa
época foram S.Gradim & Cia, Casa Guimarães & Ferdinando,
Wagner & Cia. A partir de 1902 entra em ação A. Ribeiro, que
vai deixar uma grandiosa série de postais mostrando os mais
variados aspectos da cidade do Rio de Janeiro e arredores.
No ano de 1909, quando a população brasileira girava
ao redor de vinte milhões de habitantes, circulou pelo Correio
a impressionante soma de quinze milhões de cartões-postais.
Os seis períodos do cartão-postal
Segundo publicações francesas, o cartão-postal tem
seis períodos. São eles:
A pré-história, com os cartões chineses de saudações,
cuja origem se perde na poeira dos séculos, bem como as
“cartes de vouex” e os “billets de visite” que antecederam a
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criação do postal.
Os precursores, iniciados em 1869, com a criação
do postal em Viena até os postais editados para a Exposição
Universal de Paris, em 1889.
Os antigos, de 1889 a 1900, período em que o postal
foi recebendo aperfeiçoamentos, gravuras e fotografias, muitas
delas coloridas, pelo processo da cromolitografia.
A idade de ouro da cartofilia, de 1900 a 1918. Ou seja,
até o final da Primeira Guerra Mundial. No Brasil, considera-se
a idade de ouro os postais produzidos até 1930. Foi a época
áurea, toda família com alguma posse tinha um álbum de pos-
tais em casa, que mostrava orgulhosamente aos parentes e
às visitas. Nessa época não circulavam só postais com vistas
de cidades, mas também de profissões, eventos, catástrofes,
tudo que podia saciar a sede de imagem da população. Inte-
ressante lembrar que nessa época as revistas e jornais não
eram ilustrados com fotos, não havia outro meio da população
ter conhecimento de como era uma determinada cidade, como
havia ocorrido tal fator climático ou ecológico, a não ser pelo
postal ilustrado.
A hibernação, de 1918 a 1960, quando os cartões-pos-
tais continuaram sendo lançados, mostrando locais turísticos,
mas a ânsia do colecionismo diminuiu consideravelmente. O
postal também sofreu com as agruras da Europa antes e du-
rante a II Guerra Mundial.
O renascimento, de 1960 para cá, quando o postal anti-
go voltou a ser valorizado pelo que representa como documento
de uma época. Também ocorreu o vertiginoso progresso da
indústria gráfica, os novos postais foram se tornando cada vez
mais bonitos e coloridos, o turismo foi ampliado com o avanço
da aviação comercial e as facilidades dos vôos internacionais.
Mais pessoas circulando pelo mundo significa milhões
de cartões-postais sendo adquiridos anualmente. Só a França
recebe por ano cerca de 60 milhões de visitantes. Se cada tu-
rista comprar, pelo menos, um postal mostrando a Torre Eiffel,
serão milhões de exemplares rodando pelo mundo.
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Exemplo de postal do tipo "Grus aus..." (Lembranças de...), neste caso Berlin, capital
da Alemanha. Datado de 1898, a fotografia utilizava o centro do postal, deixando
pouco espaço para a mensagem, que tinha de ser registrada em letras diminutas.
Veja abaixo o verso deste postal.
Verso do postal "Grus aus Berlin" reproduzido acima, mostrando que este espaço
era destinado exclusivamente à menção do nome e endereço do destinatário.
Recebeu também carimbo do correio da cidade de destino (Posen), o que era
comum na época.
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Postal mostrando a Avenue des Champs Elysées, em Paris, a bela capital francesa,
na segunda década do século 20. transporte de pessoas e mercadorias. Outra
característica que deve ser notada é que, nessa época, a fotografia já ocupava
totalmente a frente do postal e o verso era dividido, com metade do espaço para
a mensagem (vide abaixo).
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Boulevard dos Italianos, em Paris. Postal das primeiras décadas do século 20,
mostrando uma frenética movimentação de carros, carruagens, bondes e ônibus,
observados por guardas de trânsito.
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Boulevards Anspach e do Norte, em Bruxelas, a capital belga. Postal do princípio do
século vinte, notando-se os bondes no centro da foto, o principal meio de transporte
da população para o trabalho e o lazer.
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Histórico da Fotografia
e os maiores fotógrafos de postais
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sociedade com Jacques Louis Daguerre, que também havia
feito experiências com alguns métodos fotográficos. Niepce
faleceu em 1833 e Daguerre apresentou ao público o seu da-
guerreótipo em 1839, utilizando uma folha de cobre revestida
de prata, tratada com vapor de iodo para ser sensível à luz.
Além de Daguerre, também o inglês Talbot patenteou nesse
mesmo ano seu invento, o calótipo, criando o primeiro proces-
so negativo-positivo do mundo. A popularização da fotografia
ocorreu em 1888, quando o norte-americano George Eastman
criou uma máquiina fotográfica simplificada, denominada Ko-
dak, usando um rolo de papel flexivel sensível à luz. Um ano
depois o rolo de filme em papel foi substituído pelo celulóide,
popularizando ainda mais a fotografia, sistema que vigora até
hoje, embora esteja perdendo terreno para as fotos capturadas
em máquinas digitais.
O pesquisador Boris Kossoy, no livro "Realidades e Fic-
ções na Trama Fotográfica", dedica um capítulo ao cartão-pos-
tal. Diz ele que "O advento do cartão-postal, coincidentemente
ao surgimento das revistas ilustradas entre outras formas de
difusão impressa da imagem pictória e, em especial da foto-
gráfica, representou uma verdadeira revolução na história da
cultura. (...) Um mundo portátil, fartamente ilustrado, passível
de ser colecionado, constituído de uma sucessão infindável de
temas vem finalmente saciar o imaginário popular."
O cartão-postal, portanto, significou a popularização da
fotografia. Antes dele, a fotografia só era acessível aos muito
ricos, nos famosos retratos de família. Ou nos carte-de-visite,
que eram parecidos com os atuais cartões de visitas, apenas
tinha como característica principal a foto da pessoa. .
Pietro Maria Bardi, o grande mentor do MASP, no livro
"Em torno da fotografia no Brasil", reconhece a importância
dessa iconografia nos postais. Diz ele que "a penetração da
fotografia nas famílias se deve ao cartão-postal que, de todas
as maneiras, fez e ainda faz parte do cotidiano. O cartão-
-postal teve na divulgação do conhecimento do mundo uma
função absolutamente preponderante. Desde seus primeiros
aparecimentos até sua ainda presente atualidade, as imagens
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de vistas de cidades, paisagens e até obras de arte, sempre
representaram e representam uma documentação informativa".
No Brasil há inúmeros fotógrafos que também foram edi-
tores de seus próprios cartões-postais. É importante conhecer
os três mais famosos do início do século 20.
Guilherme Gaensly - é o fotógrafo responsável pelos
mais conhecidos aspectos da capital paulista mostrados em
postais. Suiço, nascido em 1843, radicou-se inicialmente
em Salvador, onde iniciou suas atividades como fotógrafo.
Transferiu-se para São Paulo nos primeiros anos da década de
1890, exercendo a profissão até meados da década de 1910.
Em sua vida na capital baiana, mesmo antes da criação
do postal no Brasil, Gaensly já anunciava ter produzido a maior
coleção de vistas da Bahia, cujas fotos eram destinadas a pes-
soas de alto poder aquisitivo, os únicos que tinham recursos
para adquirí-las. Associou-se a Rodolpho Lindemann e ampliou
suas atividades. Percebendo o surto de crescimento da capital
paulista, abriu filial em São Paulo. Alguns meses depois deixou
a empresa de Salvador aos cuidados do sócio e veio tomar
conta da filial paulista. Era a Gaensly & Lindemann, situada na
Rua 15 de Novembro, 28. Mas a sociedade não sobreviveu e
Gaensly ficou sozinho com a empresa paulista e Lindemann
com a empresa baiana.
Sua nova empresa passou a se chamar Photografia
Guilherme Gaensly e anunciava ter grande coleção de vistas
de São Paulo. Fotografou por empreita para o Governo do
Estado e para a Light, acompanhou a construção de grandes
obras viárias, novos edifícios e implantação de linhas de bon-
des. Até mesmo o Porto de Santos e o interior paulista foram
objetos de suas lentes, com as vistas de navios, carregadores
e fazendas de café. Nem todas as suas fotos eram destinadas
a se transformarem em cartões-postais, algumas eram apenas
documentação para quem o contratava. Há muitos postais de
sua autoria que sobreviveram e atualmente estão nas mãos
de colecionadores e museus.
Marc Ferrez - considerado o fotógrafo do Rio de Janei-
ro por excelência, embora tenha fotografado temas dos mais
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variados, nas viagens que fez do Paraná à Bahia. Iniciou seu
aprendizado na Casa Leuzinger em 1861. Era, como a maioria
dos seus contemporâneos, um retratista, mas logo destacou-
-se pelas vistas panorâmicas que imortalizou com sua câmera.
Tinha tal apreço pela profissão que viajou a Paris para enco-
mendar lentes e câmeras especiais.
Produziu milhares de fotos do Rio de Janeiro, nas últimas
décadas do século 19, acompanhando a evolução da cidade
que se modernizava a cada ano. Um dos seus maiores feitos,
por exemplo, foi fotografar a construção da Avenida Central
(atual Avenida Rio Branco). Também fotografou São Paulo,
Campinas, Santos, Petrópolis, Teresópolis, Nova Friburgo,
Pernambuco e Bahia. Com a finalidade de aperfeiçoar constan-
temente sua arte, mudou-se para Paris, de onde retornou em
1923, vindo a falecer nesse mesmo ano na cidade que tanto
amou e fotografou.
Augusto Malta - é o sucessor de Marc Ferrez em termos
de amplidão e sucesso das fotos que fez do Rio de Janeiro.
Nascido em Alagoas, mudou para o Rio de Janeiro em 1888,
residindo na capital federal até 1943 e em Niteroi até seu fale-
cimento, em 1957. O prefeito Pereira Passos contratou-o em
1903 para documentar as obras que transformaram o Rio de
cidade colonial portuguesa em metróplole de ares franceses.
Tinha como função registrar todas as obras e construções que
estavam acontecendo na cidade do Rio de Janeiro, embora não
descuidasse do aspecto histórico, fotografando solenidades,
inaugurações e os mais diversos eventos.
Foi o cronista fotográfico de sua época. Tirou fotos de
pessoas nas ruas, operários, vendedores, cenas do cotidiano,
carnavais, circos, casamentos, manifestações musicais e fol-
clóricas. Cedia cópias de seus trabalhos a quem solicitasse,
para livros e publicações, oficiais ou não. Como autônomo,
também fotografou para a Light carioca, tendo produzido um
acervo de vistas urbanas que alguns estimam em mais de
30.000 imagens. Uma parte dessas imagens se tornaram
cartões-postais, com a denominação de Edição Malta. Foi
um dos sócios-fundadores da Sociedade Cartophila Emanuel
Hermann, em 1904.
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Postal datado de 28.10.1902, com foto de Guilherme Gaensly, mostrando um
recanto do centro velho de São Paulo. Exemplares idênticos são rotineiramente
reproduzidos em diversos livros históricos sobre a capital paulista.
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Postal da famosa casa editora A. Ribeiro, mostrando a Avenida Rio Branco, no Rio
de Janeiro. Este é um exemplar circulado, com data de 1920.
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Postal sem identificação da editora e não circulado. Mostra um aspecto do Vale
do Anhangabaú em São Paulo, provável década de 1920, com os estudantes do
Lyceu Coração de Jesus em fila indiana. Ao fundo nota-se as duas torres do Co-
légio São Bento. Ainda não existia o Edifício Martinelli, que fica atrás desse prédio
no centro da foto.
Uma vista dos anos 1940, mostrando a lateral do Largo de São Francisco, em São
Paulo. A famosa faculdade de direito não aparece na foto, ela fica à direita. Curio-
so observar os dois garotos vendendo jornais, um segurando o pacote e o outro
apregoando as manchetes.
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Circulado em 1913, enviado de Santos para a cidade de Amiens, na França, mostra
um trecho da antiga Rua São João, hoje Avenida São João. Atualmente nesse local
estão o Edifício Martinelli e os prédios do Banespa e Banco do Brasil.
Outro postal A. Ribeiro, um dos editores que mais produziram postais do Rio de
Janeiro nas primeiras décadas do século 20. Neste caso, faz parte de uma série
mostrando a Exposição Nacional de 1908, ocorrida na então capital federal.
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Temas colecionáveis
Agricultura, amor, artistas, aviação, belas artes, bondes,
cartografia, catástrofes, cidades, ciência, cinema, comércio,
cômicos, costumes, danças, edifícios, eróticos, espetáculos,
esportes, exposições, fantasias, fauna, feiras, ferrovias, festas,
flora, folclore, guerras, história, imprensa, índios, indústria, jus-
tiça, lazer, literatura, mercados, militarismo, monumentos, na-
tureza, navios, ônibus, personalidades, pesca, política, portos,
profissões, publicidade, religião, teatro, veículos, vendedores
ambulantes... a lista é gigantesca. Tudo que há sobre a face
da Terra (e até embaixo, como os minerais e o petróleo) pode
ser tema de colecionismo. O que faz uma pessoa colecionar
só determinado tema é assunto muito complexo. Talvez uma
boa recordação da infância ou algo ligado à sua profissão, pode
ser também interesse meramente intelectual ou econômico,
busca de conhecimentos de uma determina área cultural, entre
outros.
Segundo Antônio Giacomelli, colecionador do tema na-
vios, em seu discurso de posse como presidente da ACARJ, em
1998, "a Cartofilia no Brasil alcançou um estágio profissional,
reconhecida mundialmente. (...) Aos editores atuais, recomen-
damos que não só focalizem os aspectos topográficos (vistas
de cidades, praias e montanhas), mas também os aspectos
humanos, o folclore, os meios de transporte, os políticos, para
assim registrarmos o nosso momento. (...) Em síntese, a mis-
são da cartofilia brasileira não é só resgatar a memória, mas
também deixar memória."
Nas páginas seguintes estão, em ordem alfabética, os
temas considerados mais comuns.
33
Agricultura
34
Amor
35
Aviação
36
Cidades
37
Esportes
38
Fauna
39
Ferrovias
40
Flora
41
Guerras
42
Navios
43
Personalidades
44
Praias
45
Religiões
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Dentro do tema "Costumes de Povos e Países", este postal da Ilha da Madeira
(Portugal), mostrando um carro de bois utilizado para transporte de turistas, é um
exemplar significativo.
47
Uma bela vista da Praça da Sé, em São Paulo, postal datado de 01.01.1939. Trata-
-se de um postal fotográfico, pois não consta editor no verso. O interessante da foto,
uma vista obtida da escadaria da igreja, tendo a praça coalhada de calhambeques
estacionados.
48
Exemplar postado em Antuérpia no ano de 1928, mostrando um trecho desse porto
belga, com barcos de pesca e um navio ancorados. O selo está colado na frente
do postal.
Postal da Ilha da Madeira que, embora já tendo divisão no verso para a mensagem,
como não coube o que o remetente queria escrever, continuou no lado da fotografia.
Um exemplar curioso, mostrando dois aspectos interessantes: à esquerda, o vagão
atrelado a uma pequena locomotiva e, à direita, um carro de madeira descendo a
ladeira, empurrado por dois homens, veículo típico no transporte de turistas até hoje.
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Representando o erotismo suave, este postal datado de 22.12.1904, mostra uma
jovem mulher coberta por um véu, deitada num bosque. No verso há selo brasileiro e
carimbo do correio de São Paulo, é um exemplo típico de postal que era adquirido em
abundância nas papelarias da época e enviado aos namorados, amigos e parentes.
Exemplar editado pelo Musée de L'Armée de Paris, mostra um avião dos primórdios
da aviação militar francesa.
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Motivações para colecionar postais
51
rada uma arte, pretende ser uma ciência, mas deve continuar
sendo uma fonte de prazer e entretenimento cultural”.
Na França, os irmãos Neudin, em seu conhecido Catá-
logo editado em 1982, acrescentam o aspecto psicológico da
cartofilia e a definem como “a paixão pelo cartão-postal, paixão
esta que se encontra implícita em qualquer forma de colecio-
nismo não direcionada para o investimento ou a especulação.
A paixão por si só, levaria apenas à simples acumulação do
objeto colecionado. O colecionismo – vale dizer a Cartofilia –
deve ultrapassar o prazer da posse, que nela se esgotaria, se
não motivasse a busca do sentido de tudo quanto é coletado.
Colecionar cartões-postais é estimá-los, sem dúvida, mas é
também situá-lo no seu momento histórico, é compreendê-los,
é preservá-los como memória dos tempos e dos homens, é
privilegiar seu conteúdo cultural, é assumir um compromisso
tácito com o futuro."
Samuel Gorberg, do Rio de Janeiro, dá sua opinião
sobre o colecionismo em site na Internet: "A sensação de
prazer derivada da posse e do colecionismo, contribui para a
satisfação do indivíduo e para a qualidade de vida como um
todo. Com a evolução das civilizações, itens colecionáveis tais
como objetos de arte, livros e moedas deram origem a belas
coleções, tendo algumas sido preservadas. Mas este prazer
era reservado a uma minoria, a elite abastada. A invenção da
litografia por Aloys Senefelder em 1798 e a disseminação deste
processo na segunda metade do século XIX tornaram possível
a produção de belas e baratas artes gráficas.
Em 1º de outubro de 1870, quando o cartão-postal co-
meçou a ser vendido na Inglaterra, um cartão ilustrado com
propaganda para a Royal Polytechnic de Londres foi editado,
obtendo a honra de ter sido o primeiro cartão-postal de publi-
cidade no mundo. Vislumbrando o mercado de colecionismo
que se desenvolvia em torno do cartão-postal, magazines de
Paris, como o Aux Deux Magots e Bon Marché, promoveram
a partir de 1878 marketing promocional com estampas, hoje
raras."
Visto em retrospectiva, o cartão-postal confirma sua
52
importância, muito além da saudade. Fazia parte do cotidiano
das pessoas, concebidos como peças artísticas e reproduzidos
por artistas gráficos com auxílio de técnicas aprimoradas de
impressão. Na época era um meio de comunicação eficiente,
que permitia a troca de mensagens breves, acrescidas de uma
imagem.
Em artigo publicado no Boletim SBC nº 8, de julho/de-
zembro 1989, baseado em artigo publicado no jornal Folha de
São Paulo em 1987, foi feita uma associação do colecionismo
com a psicanálise. No livro "As Origens da Psicanálise", uma
coletânea de artigos de Sigmund Freud publicada no Brasil, o
psicanalista menciona que “todo colecionador é um substituto
de Dom Juan”, relacionando o ato de colecionar objetos com a
questão sexual. “Para Freud, o colecionador estaria sublimando
na busca e acúmulo de objetos um vazio que outras pessoas
resolveriam de outra forma, por exemplo, comendo muito”, ex-
plica o psicanalista paulista Renato Mezan. O ato de colecionar
revelaria, na interpretação freudiana, uma curiosidade sexual
inconsciente. “O colecionador reproduziria, na procura do objeto
colecionado, os sentimentos de vontade, paixão e sacrifício que
teriam norteado sua curiosidade sexual na infância”, afirma o
psicanalista.
Para além de Freud, Mezan encontra novos signifi-
cados para a mania, uma forma “socialmente valorizada” de
preenchimento do tempo e do vazio, além de defesa contra
a depressão. "Toda coleção de certa maneira busca o último
objeto, que foge sempre, nunca chega. Temos aí, então, uma
fantasia em plenitude; ou, em outro sentido, a constatação da
impossibilidade de satisfação de todos os desejos pelo ser hu-
mano”, diz. Como o objeto colecionado é retirado de circulação
e protegido do pó e do tempo, o ato de colecionar ainda seria
uma proteção imaginária contra a morte.
“É uma forma de lidar com a angústia da morte. O co-
lecionador morre, mas a coleção, ao contrário, continua e se
amplia”, opina Mezan. O psicanalista ressalva, no entanto, que
as sérias e profundas reflexões da psicanálise não devem ator-
mentar os adeptos da mania, afinal em nada desaconselhável.
53
“Colecionem sem culpa”, recomenda.
Em outro artigo da Folha de São Paulo, de 03.08.1986,
psicólogos relatam que "mais que simples lazer ou passa-
tempo, o hobby exerce papel semelhante à terapia, uma vez
que possibilita auto-conhecimento, prazer e equilíbrio. (...) Na
verdade, o hobby é uma maneira de a pessoa se descobrir em
sua integridade, ao mesmo tempo que complementa uma área
de interesse que a atividade profissional não preenche."
A colecionadora carioca Yolanda Roberto, uma das
fundadoras da Associação de Cartofilia do Rio de Janeiro, ao
realizar a exposição "Os Anos Dourados do Cartão-Postal"
em 1988, no Rio de Janeiro, escreveu que "Os anos dourados
do cartão-postal evocam o apogeu de uma época em que o
seu colecionamento, apaixonante hobby, tornou-se a ocupa-
ção predileta de milhões de pessoas, no mundo inteiro. E foi,
certamente, o maior veículo de comunicação interpessoal,
nas primeiras décadas do século 20. (...) Os inventos, a sátira
política, os transportes ferroviários e marítimos, a aviação, a
moda, as artes, a religião, o amor, os pequenos ofícios... todo
o cotidiano do início do século 20 foi fixado nestes pequenos
retângulos, quer em ilustrações, quer fotograficamente. (...)
Hoje a Cartofilia ocupa o segundo lugar na Europa e nos Es-
tados Unidos, como forma de colecionismo, atrás apenas da
Filatelia".
No prefácio do livreto dessa exposição, Antonio Miranda
diz que "Yolanda Roberto é uma aficcionada ao colecionismo
dos cartões-postais. A trajetória dela como colecionadora e
como expositora revelam a natureza e o aprofundamento de
sua dedicação. Como marchand de obras de arte e apaixona-
da pelas peças impressas sobre papel - livros raros, cromos,
rótulos, gravuras etc - ela logo percebeu a singularidade e a
riqueza dos cartões-postais". Na década de 1980 ela fundou
a empresa Yolanda Roberto Marketing e Projetos Culturais
Ltda, responsável por várias exposições de cartões-postais em
diversas capitais brasileiras, com patrocínios de empresas de
grande porte como a Brahma, Souza Cruz, Varig e Citibank.
Monsenhor Jamil Nassif Abib, outro grande colecionador
54
de postais antigos, no site da ACARJ na Internet menciona que
"na multiplicidade dos temas, os cartões-postais vão repre-
sentando o raro, o trivial, o pitoresco, o folclórico, o bizarro, a
respeito de tudo e, com isso, abrem portas e desafiam o tempo
e a imaginação dos colecionadores. O cartão-postal é o reflexo
da realidade, a vitrine do imaginário, a resposta ao desejo de
contato ou de conservar o traço de uma lembrança. Ele tem a
força de abolir distâncias e restituir identidades (quase) perdi-
das."
O mesmo Monsenhor Jamil, numa entrevista à Rádio
Educadora de Piracicaba, ao ser perguntado porque o ser huma
no coleciona objetos os mais variados, disse que "Outro dia,
lendo um artigo encontrei uma colocação que me pareceu origi-
nal e muito procedente. Dizia que o colecionador é alguém que
tenta colocar ordem no caos da dispersão. Porque as coisas
se fazem e se dispersam, depois começamos a reuni-las para
sistematizar. Uma coleção nada mais é do que sistematizar o
que está disperso. Colocar novamente em ordem e trabalhar
essa ordem com conotações de natureza puramente subjeti-
vas. Em geral os colecionadores são detalhistas. E se atem a
pequenos detalhes informativos ou constitutivos que a maioria
das pessoas normalmente não percebem."
No Boletim da Sociedade Brasileira de Cartofilia nº´6,
de 1988, as palavras de Elysio Belchior fazem uma definitiva
colocação das motivações de colecionar postais. Diz ele que
"A extrema variedade das ilustrações dos postais, tornou-os
verdadeiros documentos dos quais podem valer-se historia-
dores, antropólogos, artistas, para conhecimento dos tempos
pretéritos. (...) Quando se percebe que os postais conservam
instantes de trajetórias humanas, quando se reflexiona sobre
a riqueza de formas e sugestões que neles se condensa e
irradia, compreende-se que proporcionam uma visão huma-
nística do Mundo em que vivemos, pois cada imagem traduz
um ato de escolha, demonstra preferência, privilegia aspecto
da vida dentro de perspectivas sociais vigentes, ensaia uma
interpretação da realidade".
Resumindo: a motivação e a febre de colecionar postais
55
no início do século 20, devido as belas fotos e ilustrações que
os mesmos apresentavam, não encontradas em outros meios
de comunicação da época, podem ser comparadas à atual
febre da Internet, com seus sites de empresas, de busca, de
relacionamentos, de conversação on-line, arquivos de fotos
digitais etc.
O postal antigo (até 1930) tem seu valor, devido ao
desejo do colecionador em possuir imagens raras, mas o
postal moderno, que também será antigo um dia, merece ser
preservado como testemunho de nossa época.
O verdadeiro colecionador de postais, antigos ou atuais,
é um eterno garimpeiro. Os filatelistas e numismatas têm mais
facilidade, pois a emissão dos selos e do dinheiro é controlada,
sabem quando saem novas emissões. Com os postais isso
não acontece. Além das grandes editoras brasileiras atuais,
há centenas de pequenas gráficas produzindo postais só para
as cidades onde estão localizadas. Como não há um controle
oficial, basta ter uma boa foto, mandar fazer um fotolito, levar
à gráfica para imprimir e está pronto mais um postal.
56
A famosa Regent Street em Londres, neste postal do início do século vinte. Além
da beleza da foto, neste tipo de postal podemos observar as pessoas caminhando,
os veículos existentes na época, a profusão de toldos na frente das lojas, os postes
de iluminação no centro da foto, entre outros aspectos.
57
Postal fotográfico da Wessel, mostrando uma paisagem típica do Rio de Janeiro,
a enseada de Botafogo. O observador atento nota a inexistência de edifícios na
orla, o Cristo Redentor em construção no alto do Corcovado e um hidroavião, que
pode ter sido fotografado em separado e aposto na hora da impressão do postal.
Exemplar editado pela Casa Garaux, traz a inscrição Brazil nº 1 e a informação que
se trata das Secretarias da Fazenda, Agricultura e Justiça. Edíficios localizados na
lateral do Pátio do Colégio que, até 1932, foi a sede do Governo de São Paulo.
58
Como se tornar um
colecionador de postais
59
tornando-se sócio de algum clube de colecionadores.
O arquivamento em local seguro poderá ser feito, en-
quanto a coleção é pequena, em caixas de madeira ou de sa-
patos, com altura e largura suficientes para os postais ficarem
bem acomodados. Com a ampliação do acervo, poderá usar
álbuns de 200 fotos (tipo envelope) ou mesmo arquivos de aço
de 7 gavetas, estes mais adequados quando a coleção passar
dos vinte mil exemplares, quantidade aproximada que cabe em
cada arquivo. Importante é manter os postais em local seco e
arejado. O arquivamento poderá ser por país/estado/cidade/
editora/numeração, tornando fácil a localização de um exemplar
quando necessário. Muitos colecionadores estão catalogando
em computador, o que facilita sobremaneira a busca.
Atributos necessários ao colecionador principiante:
Perseverança para conseguir novos postais. Estar aten-
to aos lançamentos das editoras e cidades turísticas. Como
o postal não tem um órgão fiscalizador, qualquer gráfica de
qualquer cidade pode produzí-los.
Paciência para ampliar constantemente a coleção mas
sem fazer grandes despesas que comprometam o orçamento
familiar.
Dedicação ao hobby, usando algumas de suas horas
de lazer e de convívio com a família, mas nunca deixando-os
de lado. Lembrar que a família tem que ser uma aliada, nunca
uma concorrente.
Despreendimento na troca de peças com outros cole-
cionadores. Responder todas as cartas que receber, mesmo
as que não for possível atender de momento o desejado pelo
correspondente.
Camaradagem para orientar os novos amigos e cole-
cionadores.
Solicitar postais a prefeituras e órgãos de turismo,
principalmente de cidades muito visitadas. A maioria delas
produzem postais para divulgação e distribuem gratuitamente.
Entrar em contato com editoras, para adquirir os lançamentos
a um preço mais vantajoso.
60
Divulgar a coleção entre os parentes e amigos, além de
seu círculo profissional. Podem advir daí excelentes doações.
Realizar exposições em colégios, shoppings, agências
dos correios e clubes... quanto mais divulgar sua coleção,
maior a chance de obter doações e manter contato com outros
colecionadores.
Enfim, o colecionador tem que ser obstinado mas não
obsessivo. Ampliar a coleção com obstinação, mas procurar
sempre caminhar conforme os recursos financeiros que dispõe,
não pretender obter peças de forma obsessiva e que coloque
em risco sua vida econômica e familiar.
O cartofilista Pedro Mattoso, de Brasília, proferiu uma
palestra em 1998, no Encontro de Colecionadores de Cam-
pinas, com o título de "Ética e Colecionismo", onde abordou
uma série de ensinamentos para todos os colecionadores. O
importante, disse ele, é ter ética em tudo que fazemos na vida,
inclusive no nosso hobby. Mencionou que, no colecionismo, "é
essencial pautar a conduta por atitudes claras e respeitadas.
Isso se aplica não só ao colecionador mas a todos os demais
componentes da pirâmide, sejam eles negociantes, intermedi-
ários, dirigentes de clubes ou de empresas, qualquer um que
participe - direta ou indiretamente - da aventura de colecionar".
Finalizou Mattoso que, "se tudo pudesse ser resumido
numa só palavra, ela seria lealdade."
O intercâmbio de postais
Numa troca de cartões-postais deve existir algumas
regras básicas, como as abaixo enumeradas:
a) Não enviar cartões-postais estragados;
b) Não enviar de qualidade inferior aos que recebeu (a não ser
que o remetente mencione que pode fazê-lo);
c) Não enviar quantidade menor que a recebida;
d) avisar os correspondentes nos casos de interrupções tem-
porárias (viagens, tratamento de saúde etc) ou definitivas (ter
deixado de colecionar postais);
e) responder a toda proposta de intercâmbio recebida, mesmo
que não queira participar da mesma.
61
Rio de Janeiro visto do alto, quando havia apenas sobrados e casas térreas e
nenhuma construção no bairro da Urca (sopé do Pão de Açúcar). São os detalhes
facilmente observados neste postal datado de 22 de dezembro de 1907.
A Casa Garaux fez boas edições de postais de São Paulo, no início do século vinte.
Este exemplar mostra a Rua 15 de Novembro à direita e um bonde transitando por
uma rua lateral, à esquerda.
62
O máximo postal
63
do correio.
A Federação Internacional de Filatelia definiu que a
"Maximafilia constitui um dos ramos da filatelia, tendo por ob-
jetivo o colecionamento de selos postais: a) colocados sobre
cartões-postais ilustrados que respondam a certos critérios de
concordância; b) obliterados, também, sob certas condições
de concordância."
Raymundo Galvão de Queiroz, no livro "Máximo Postal,
esse desconhecido", definiu que "A Maximafilia é um dos ra-
mos da filatelia na qual o postal, o selo e o carimbo guardam
entre si o máximo de concordâncias possíveis, de tempo, lugar
e de motivo. Preparar um Máximo postal é, assim, procurar
o postal concordante com o selo, no que tange ao motivo e,
depois, efetuar a obliteração se possível com uma ilustração
também concordante. Caso contrário, que concorde com o
tempo de lançamento do selo e com a localidade relacionada
com o motivo do selo. É uma harmonia que deve existir entre
o motivo do postal e do selo e, eventualmente, também do
carimbo ilustrado".
Máximo postal português de 1995, sobre os 100 anos do automóvel naquele país.
Perfeita combinação do postal, selo e carimbo comemorativo.
64
Máximo postal histórico, comemorativo da Inauguração de Brasília, em 21 de Abril
de 1960. Perfeita adequação entre o postal, selo e carimbo.
65
Boa a relação entre o postal, o selo e o carimbo neste máximo postal francês de
1954, mostrando a cidade de Lourdes, uma dos grandes locais de peregrinação
católica do mundo.
66
Curiosidades sobre postais
O que é um cartão-postal? A Enciclopédia Brasileira
Mérito, editada em 1970, informa que é um "Cartão selado,
geralmente com uma fotografia numa das faces e espaço para
escrita na outra, que se envia pelo correio sem necessidade de
envelope. Também se diz carta-postal, bilhete postal e postal”.
O Dicionário Aurélio, edição de 1975, informa que é um "car-
tão que tem numa das faces uma ilustração, ficando a outra
reservada à correspondência. Também se diz simplesmente
postal." No Dicionário Houaiss, a definição é "cartão que tem
uma fotografia ou desenho em uma das faces, ficando a outra
reservada à correspondência. Geralmente é remetido sem
envelope." A palavra "cartão-postal", por ser composta, tem
hífem. Plural: cartões-postais.
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67
roupa, um animal, uma lanterna em uma casa, por exemplo.”
O pioneiro livro O que é cartofilia, de Antonio Miranda,
é muito citado em bibliografias de livros de arte que utilizam
o cartão-postal como iconografia. Foi editado em 1985 pela
Editora Thesaurus, de Brasília. Tem 72 páginas, sendo 48 de
textos e as 24 finais com reproduções de postais dos mais
variados temas.
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68
em São Paulo. Os herdeiros alegam que podem fotografar à
vontade, mas sem finalidades comerciais. É uma pendência
interessante, mas seu desfecho pode inviabilizar a confecção
de cartões-postais e também filmagens de comerciais de
televisão e outras manifestações artísticas com tais imagens
símbolos das cidades.
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69
A numeração de cartões-postais é outra grande "bri-
ga" entre os colecionadores e os editores de postais. Para os
colecionadores, que geralmente fazem o arquivamento pela
numeração constante no verso do postal, obedecendo a se-
qüência cidade-editora-numeração, é um complicador. Se uma
editora produzir meia dúzia de modelos de uma determinada
cidade, numerando-os de 01 a 06, ao receber nova encomen-
da de mais dez postais alguns anos depois, o correto seria
numerá-los seqüencialmente de 07 a 16. Mas como quem está
encomendando esses novos postais é um novo distribuidor,
eles numeram de 01 a 10. É o motivo da existência de vários
postais da mesma editora, com mesma numeração embora
com fotos diferentes. Para exemplificar, escolhendo uma ci-
dade aleatóriamente, Bonito-MS, tenho na minha coleção, só
da editora Brascard, quatro postais nº 01, cinco nº 02, quatro
nº 03, quatro nº 04 etc.
Algumas editoras, por sua vez, adotam número se-
quencial para todas as edições, não importando a cidade ou
estado. Outras, no entanto, mencionam um número de série
para cada cidade e, separados por hífem, a numeração do
postal. Por exemplo, a capital paulista recebeu o número 500
na classificação da Edicard, há o 500-01, 500-02 e assim por
diante.
Outras utilizam letras para classificar os postais es-
peciais, como o caso da extinta Mercator, que usava o E na
frente do número quando era postal feito sob encomenda. Ou
a Ambrosiana, com as letras P e R na frente da numeração,
a ParanáCart com suas séries GT e K, dos anos 60.
A Mercator era especialista em produzir postais com
fotos diferentes e mesma numeração, às vezes acrescentan-
do o zero na frente do número ou mesmo mencionando uma
letra posterior à numeração. Também fazia reedições de uma
determinada foto e atribuía número diferente. Só de São Paulo
(capital), tenho dessa editora: dois número 01, um número 1,
um número 01-A, cinco números 02, um número 2, um número
02-A e um número 2-A. Cada um com foto diferente do outro.
O CEP - Código de Endereçamento Postal foi criado
em 1975, devido a grande urbanização e crescimento das
70
cidades brasileiras. Tornou-se imperativo distinguir cidades e
ruas de nomes idênticos ou semelhantes, além de facilitar a
separação de correspondências nos Centros de Distribuição.
Inicialmente o CEP tinha 5 algarismos e só as capitais e grandes
cidades tinham números diferenciados para as suas ruas. Em
1992 o Correio Brasileiro fez nova reforma no CEP, ampliando-o
para 8 algarismos e criando CEP também para ruas de cidades
de porte médio. Essas duas datas são importantes para veri-
ficação da época da confecção dos postais, uma vez que eles
não possuem data de produção. Se não tiver os quadrinhos
do CEP no verso, é anterior a 1975. Se tiver só 5 quadrinhos,
são de 1975 a 1991. Se já tiver 8 quadrinhos para o CEP no
verso, são de 1992 até os dias atuais.
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71
1) Agentes físicos - umidade, temperatura inadequada, lumi-
nosidade. A umidade propicia a formação de fungos, deixan-
do manchas amarelas. Altas temperaturas e luz do sol direta
também provoca arqueamentos e perda da cor.
2) Agentes biológicos - fungos, insetos e roedores.
3) Agentes químicos - papel com muita acidez utilizado para
a confecção do postal e também grau de acidez nas tintas
utilizadas na impressão.
Sobre os dois primeiros fatores há maneiras do co-
lecionador controlar, mas o terceiro é algo que foge de sua
capacidade, pois depende totalmente das editoras de postais.
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72
Antigas revistas de Cartofilia
Brasil Philatélico - editada em Cachoeira-RS, em 1903,
idealizada pelo Dr. Benjamin C. Camozato, com o mote de ser
"uma revista universal, dedicada a colecionadores de selos e
cartões-postais". Talvez seja a primeira revista brasileira sobre
cartões-postais, embora não existam exemplares conhecidos,
apenas citação em um postal impresso para divulgação da
mesma. Também há menção sobre ela no número 2 de "A
Cartophilia", mencionada abaixo, além de uma revista argentina
da época.
A Cartophilia - Órgão divulgador da Sociedade Car-
tophila Internacional Emmanuel Hermann, entidade instalada
em 15.06.1904, no Rio de Janeiro. São conhecidos apenas os
exemplares números 1 e 2, existentes no acervo da ACARJ.
Dentre os sócios constam nomes conhecidos, como o editor
Augusto Malta, o poeta Olavo Bilac, entre outros.
Anuário Cartófilo Sud-Americano 1905 - editado por
A.Pellicer, em Buenos Aires. Há menções, nesse anuário, sobre
a existência de três revistas sobre postais editadas no Brasil:
uma no Rio Grande do Sul, "A Cartophilia" no Rio de Janeiro
e a "Revista Cartophila", em Piracicaba-SP
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73
Estilo Mucha - O estilo de Alfons Mucha pode ser a
síntese de um período extraordinário das artes plásticas e da
cultura da humanidade, a chamada Belle Epoque. Ele viveu
de 1860 a 1939, era tcheco de nascimento, mas conquistou
seu público em Paris quando, no início de 1895, desenhou
um exuberante cartaz para a célebre atriz Sarah Bernhardt. A
partir daí seus desenhos no estilo Art Nouveau viraram moda,
juntamente com suas cenografias para o teatro e seus dese-
nhos de jóias. É considerado o mais célebre dos ilustradores
de cartões-postais do fim do século 19 e início do 20. Tais
postais são disputados por colecionadores de artes gráficas e
cartofilistas em geral.
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74
o postal tem valor maior devido os selos e carimbos constantes
no verso, nesse caso interessa também aos filatelistas.
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O "Cartão-Postal" em vários idiomas:
Bilhete postal - Português
Brefkort - Sueco
Brevkort - Dinamarquês
Briefkaart - Holandês
Brjefspjald - Islandês
Carta Postala - Romeno
Carte Postale - Francês
Dopisna Karta - Servo-croata
Dopisnice - Tcheco
Kart Postal - Turco
Karta Korespondencyjna - Polonês
Karten Bost - Bretão
Karteposte - Albanês
Kartoepos - Indonésio
Korrespondenz Kart - Alemão
Leveleza-Lap - Húngaro
Pocztowka - Polonês
Post Card - Inglês
Postkaart - Flamengo
Postikortti - Finlandês
Postkarte - Alemão
Tarjeta Postal - Espanhol
(Fonte: Boletim SBC nº 07 - 1989)
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Levantamento de postais editados - Não existe um le-
vantamento oficial - e nem seria possível fazê-lo - relacionando
todos os postais editados no Brasil até hoje. Um dos motivos
é que qualquer gráfica, de qualquer cidade, pode produzir
postais. Mas a Sociedade Brasileira de Cartofilia mencionou,
75
no Boletim nº 8, em 1989, uma estimativa de quantos postais
foram lançados no país. Mera suposição, baseado na contagem
dos inúmeros associados.
Por exemplo, só no Rio foram impressos aproximada-
mente 5.000 vistas diferentes, de 1897 a 1930. Em Brasília, nos
seus 30 primeiros anos de vida (1960-1990) foram catalogados
mais de 2.200 diferentes modelos de postais.
Vamos aos números do país inteiro:
Postais impressos até 1930............. 40.000
Impressos entre 1931-1959.............. 20.000
Impressos entre 1960-1987.............. 50.000
Total de 110.000 postais diferentes.
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Postais aos milhões - Em 1900 foram vendidos 52
milhões de cartões-postais na França. Dez anos depois, em
1910, o total vendido naquele país chegou a 123 milhões. Esses
números grandiosos provam que, no início do século 20, os
postais eram o grande difusor de imagens de todos os tipos e
para todos os gostos e bolsos.
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O tamanho padrão dos postais, atualmente, é de 10,5
por 15 cm. Mas já foi menor, de 8,5 x 12 cm em seus primórdios,
passando depois para o tamanho 9 X 14 cm, que perdurou
muitas décadas. No entanto, nos últimos quinze anos, surgiu
a moda dos postais gigantes, começou na Europa e se alastrou
por outros países. Hoje temos postais nos tamanhos 15 X 21
cm, 12 X 20cm, 10 X 22cm, 12 X 17cm e até 11 X 27cm. São
belíssimos, as fotos ficam bem mais visíveis, mas são de difícil
arquivamento para quem usa álbuns ou arquivos de aço de 7
gavetas.
Outra curiosidade são os formatos e materiais que são
confeccionados alguns desses postais, os quais poderíamos
denominar como "exóticos" ou "bizarros". A jornalista e co-
76
lecionadora Ismênia Dantas, do Rio de Janeiro, afirmou que
"na Belle-Époque tudo e todos foram pretexto para se fazer e
enviar um cartão-postal... A diversidade de técnicas e recursos
é espantosa. Há cartões de madeira, metal, tecido, em alto e
baixo relevo, celulóide, com aplicações de cabelo, palha, fitas,
rendas, bordados, purpurina, vidrilhos, contas e lantejoulas."
O autor deste livro tem alguns postais na coleção feitos
em madeira, cortiça, couro, papiro, em formato de bolacha de
chopp, até tridimensionais.
Há alguns postais que possuem um mini-envelope co-
lado na parte central, onde saem várias mini-fotos. Tenho três
em formato de trevo, outros com a parte superior recortada,
obedecendo o alinhamento do principal elemento da foto (uma
torre de igreja, por exemplo). Enfim, a imaginação dos editores
é fértil, mas nem sempre obtém o sucesso desejado.
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Formatos de cartões-postais
Clássico ou Antigo - Usado no fim do século 19 até a
década de 1940, impressos no formato padrão 9 X 14 cm. No
Brasil foi usado até o início dos anos 60. Nos Estados Unidos
eram comuns até a década de 1990, tornando-os conhecidos
por "formato americano", apesar de sua origem européia.
Moderno ou Italiano - O postal de tamanho 10 X 14
cm, embora também seja antigo, popularizou-se a partir da
década de 1950 na Europa, especialmente na Itália. Hoje o
formato mais usual é o 10,5 X 15 cm. Geralmente com verniz
protetor e editado em cores, é o tamanho mais utilizado em
todo o mundo. Muitos editores passaram a produzi-los com
margens e também com nome das cidades impresso junto à
foto.
Vanguarda ou Bizarro - Nas dimensões de 12 X 16
cm, é uma tendência em voga na Europa e Estados Unidos.
Mas nessa classificação entram também os postais exóticos,
redondos, gigantes, articulados, minúsculos, recortados.
(Livro: O que é cartofilia)
77
João Gerodetti (colecionador) e Carlos Cornejo
(jornalista) publicaram cinco livros de arte patrocinados por
grandes empresas brasileiras. São os três volumes "Lembran-
ças de São Paulo" - a capital, o litoral e o interior paulista em
cartões-postais. O quarto livro é dedicado às capitais brasileiras
e o quinto as ferrovias do Brasil. Cada livro é ilustrado com
cerca de 500 cartões-postais antigos, tornando-os verdadeiros
depositários de imagens raras e desejadas por pesquisado-
res e historiadores. Ambos são citados em livros históricos
e didáticos, tornando-se referência. Por exemplo, nos livros
"São Paulo, uma longa história" e "São Paulo, uma viagem no
tempo", editados pelo CIEE em 2004 e 2005, há reproduções
de vários postais extraídos dos livros da dupla.
**********
78
Este processo de impressão caracteriza os chamados "Gruss
aus...", geralmente editados no final do século XIX ou no iní-
cio do século XX. Pouco encontrado em cartões antigos é a
xilogravura, onde o desenho a imprimir é gravado em madeira
através de entalhe. Os primeiros cartões-postais reproduzindo
fotografia são atribuídos a Dominique Piazza, de Marselha,
em 1891. Foi o procedimento dominante durante muitos anos
e denomina-se fototipia. Consiste basicamente em transferir
para uma chapa metálica preparada, o negativo da fotografia
através de exposição à luz e posterior banho químico. Depois
da Idade de Ouro dos Cartões-Postais, o predomínio foi do
postal chamado fotográfico (real photo), obtido quando o ne-
gativo da foto era impresso diretamente, em série, em papel
adequado. Embora dominante nos anos 1930-1940, existem
cartões assim obtidos desde os primeiros anos do século 20.
Muitos destes cartões foram colorizados à mão. São estes os
tipos de impressão mais encontradiços em cartões antigos".
Hoje o processo normalmente usado é o off-set, que
também evoluiu muito. Antes era necessário confecção de fo-
tolitos a partir de um negativo ou positivo, hoje já são usados
processos digitais diretamente da foto para a impressão. O
colecionador Rubens Fernandes Júnior relacionou a evolu-
ção técnica da impressão dos cartões-postais: litografia, talho
doce, água forte, xilogravura, fotografia, fototipia, tipografia,
zincografia, fotogravura, rotogravura e off-set.
**********
79
metálica é colocada na máquina impressora (off-set) e recebe
uma camada de tinta. São 4 chapas, cada uma com uma côr
básica: azul, amarelo, vermelho e preto; e) ao receber a tinta, a
chapa metálica retransmite para uma borracha chamada "blan-
queta" ou "cancho", a imagem inversa; entre ela e um cilindro
branco passa o papel, onde vai ser impressa a imagem, com a
borracha transmitindo a tinta sobre o papel; f) são impressos 16
postais em cada folha, que depois serão recortados; g) antes
do recorte, é verificado se a impressão ficou perfeita, se não
houve sobreposição, se a imagem não ficou com aparência de
tremida, que os gráficos chamam de "fora de registro". Uma
vez que a impressão ficou perfeita, a folha é plastificada numa
máquina a 220ºC, ocorrendo a queima do plástico sobre a folha
de papel que adere à imagem, dando o brilho; h) os postais
são cortados no padrão 10,5 X 15 cm e vão para a seção de
contagem, empacotamento, estoque etc.
(Informativo Ocorrências 4, junho 1987, do Museu Histórico de Caxias do
Sul-RS)
*********
80
O curioso neste postal datado de 25 de maio de 1930 é que ele marca a chegada do
Graf Zeppelin ao Rio de Janeiro. Mas é evidente que é uma montagem fotográfica,
pois o dirigível está muito grande em relação aos edifícios.
81
Cartão-postal montado em papel Wessel, na década de 1930. A parte de baixo (vista
da cidade) era preparada antecipadamente em grande quantidade. O turista era
fotografado na janela de uma pintura imitando avião e a foto revelada nesse papel
especial, ficava parecendo que ele estava sobrevoando a cidade.
82
O cartão-postal nos livros
83
Lembranças de São Paulo - O Interior Paulista nos Cartões-
-Postais e Álbuns de Lembranças - João Emilio Gerodetti e
Carlos Cornejo - São Paulo, Solaris Edições Culturais, 2003
84
A Família Imperial Brasileira em Antigos e Raros Cartões-
-Postais. Texto: Yolanda Roberto. Introdução: Marcelo Del
Cima. Rio de Janeiro, 1991
85
Os Anos Dourados do Cartão-Postal - Coleção Yolanda
Roberto - Rio, Yolanda Roberto Marketing & Projetos Culturais
Ltda, 1988
86
Encyclopédie Internationale de la Carte Postale - A. Baudet
- Paris, SNRA, 1978
87
O Rio de Janeiro em Antigos Cartões-Postais - Sérgio Ro-
berto Tabet e Sonia Pumar - Prefácio de Elysio Belchior - Rio,
Editora do Autor, 1985 - Reproduz cerca de 400 postais.
88
viajou para o Exterior. Os amigos Manuel Bandeira, Tarsila
do Amaral, Anita Malfati, Oswald de Andrade, entre outros,
enviavam postais de Paris, Roma, Lisboa e outras capitais, co-
mentando que ele também deveria viajar e conhecer o mundo.
Photografias & Fotografias do Porto de Santos - Laire
J.Giraud e outros - São Paulo, Páginas & Letras, 1996
**********
89
Sorocaba - Registros Históricos e Iconográficos - Adolfo
Frioli - São Paulo, Laserprint, 2003
90
Os Italianos no Brasil - Angelo Trento - São Paulo, Melhora-
mentos, 2000
91
São Paulo, Uma Longa História - Ana Maria de Almeida Ca-
margo (Coord) - São Paulo, CIEE, 2004
92
História da Vida Privada no Brasil - Volume 3 - Nicolau Se-
vcenko (Org) - São Paulo, Companhia das Letras, 1998 (pági-
nas 423 a 512 - Capítulo: "Cartões-postais, álbuns de família
e ícones da intimidade" - autoria de Nelson Schapochnik).
Marc Ferrez - Maria Inez Turazzi - SP, Cosac & Naify Edi-
ções,2000
Aspectos da História da Engenharia Civil de São Paulo -
1860/1960 - Nestor Goulart Reis Filho - SP, Livraria Kosmos,
1989
93
Memórias de Um Viajante Antiquário - José Claudino Nó-
brega - Prefácio P.M.Bardi - São Paulo, Editora Raízes, 1984
94
Cem Anos Luz - Antonio Soukef Júnior - São Paulo, Dialeto,
2000
95
destaque para o capítulo "Cartões-postais - a família como
consumidora-receptora 1905-1912".
96
Maxabombas e Maracatu, de Mario Sette, Casa do Estudante
do Brasil, Rio 1958 e Toque de Recolher, Mário Sette - Reci-
fe, sd. Nos dois livros, o autor registra em algumas páginas a
importância do cartão-postal durante o auge de sua utilização,
como meio de comunicação ou como objeto de colecionismo,
nos costumes e na vida social do Recife na primeira metade
do século 20.
97
98
Museus de Postais
99
passaram a integral o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultu-
ral. Desde 1998, o acervo vem sendo enriquecido através de
doações, que valorizam ainda mais o patrimônio cultural da
Institutição."
MUSEO DELLA CARTOLINA POSTALE em Antibes,
cidade litorânea francesa, situada no Mediterrâneo, próxima a
Nice e Monte Carlo. Está situado na 4 AVENUE TOURNELLI
- ANTIBES 06600 - FRANCE. - TEL : 0493 34 24 88. No anún-
cio do Museu, informação que "se pode visitar uma exposição
permanente de cartões-postais de todas as épocas e todos os
paises, além de exposições temporárias e temáticas. Ele fará
o visitante descobrir um universo iconográfico extremamente
rico do ponto de vista documentário e artístico."
MUSEO CARTOLINE D´EPOCA - Outro museu europeu
dedicado ao cartão-postal está situado na Itália, mais precisa-
mente na Via Roma, 63r, 18039 - Ventimiglia - Imperia - Itália,
com o telefone-fax 0184.33122. Realiza constantemente ex-
posições temáticas.Em julho de 2005, por exemplo, realizou a
mostra "Monumenti - Piazze d´Italia". Fundado em 1994, tem
mais de 30.000 exemplares no acervo. Informa ser o único na
região da Ligúria e o primeiro da Itália.
No Brasil também existem vários museus históricos ou
temáticos que guardam cartões-postais como iconografia das
cidades onde estão situados. Alguns exemplos:
Museu Paulista da USP - conhecido como Museu do
Ipiranga - São diversas as coleções fotográficas que integram
o acervo, produzidas, sobretudo, entre 1860 e meados deste
século. Retratos e álbuns fotográficos amadores permitem a
construção de uma "História Social da Família" por informar
visualmente sobre ritos tais como casamentos, batismos, ani-
versários, formaturas etc. Neste caso, merece menção especial
a coleção de fotografias de Militão Augusto de Azevedo, que
reúne mais de 12.000 retratos produzidos entre 1862 e 1885.
O acervo conta, também, com expressiva coleção de cartões-
100
-postais referentes a cidades brasileiras, especialmente São
Paulo. Destaca-se ainda a coleção Santos Dumont, com origi-
nais que registram as experiências aeronáuticas do inventor.
Arquivo Geral do Rio - As fotografias arquivadas, em
positivo ou negativo, em vidro ou celuloide, chegam a 45 mil.
Há mais de 4.500 cartões-postais, aquarelas, cartazes, foto-
gravuras, programas de cinema e teatro, desenhos, aquarelas
e projetos arquitetônicos. Os mapas chegam a quase quatro
mil. Estão ali o histórico de propriedades de prédios e terrenos,
nomenclaturas de ruas, enfiteuses, aforamentos, laudêmios,
terrenos de Marinha e de mangues, alterações dos traçados
de ruas. Um documento só não pode ser copiado se a repro-
dução for de risco para a sua integridade. O arquivo pode ser
acessado pela Internet (www.rio.rj.gov.br/arquivo).
Museu e Arquivo Histórico Municipal de Caxias do
Sul - RS - Mantém um bom acervo de postais antigos, entre a
documentação de época do Museu. Em junho de 1988 reali-
zou a exposição "Imagens Viajantes". No folheto distribuido na
oportunidade, menção que "pode parecer estranho que simples
cartões-postais façam parte do acervo de um Museu Histórico.
Entretanto, estes pequenos pedaços de papel são fragmentos
do real. Ricos em informações, através deles podemos montar
uma espécie de quebra-cabeças do passado, juntamos as
peças e não formamos uma imagem única, mas diferentes
imagens, em época diferentes de um mesmo espaço."
101
Acima: montagem com
cartões-postais de diversos
temas e países.
Ao lado: a fachada do Tem-
postal em Salvador (BA),
situado no histórico bairro
do Pelourinho.
102
Exposições de
cartões-postais no Brasil
103
Cem Anos de Brasil em Postais e Fotografias - 18 a
26.06.1974 - Acervo Tempostal - Diário de Notícias, Salvador.
104
Aspectos Urbanos do Brasil em fins do século XIX e início
do século XX - 20 a 23.10.1982 - Coleção Tempostal - Centro
de Convenções, Salvador-BA
105
Sarah Bernhardt no Brasil - 15 a 26.10.1985 - ACARJ - Ver-
sailles Galeria de Artes, Rio de Janeiro - RJ
106
Memória do Rio no Cartão-Postal - 14 a 16.09.1987 - ACARJ
-Associação Comercial do Rio de Janeiro, RJ
107
Os Anos Dourados do Cartão-Postal 1900-1925 - 24 e
25.09.1988 - Yolanda Roberto - Itanhangá Golf Club, Rio.
108
Postais Românticos de 1900-1930 - 03 a 17.08.1989 - Cole-
ção Juarez M.Lucena - Museu do Telefone, Rio de Janeiro-RJ
109
Raros e Antigos Postais Natalinos - Dezembro 1989 - ACARJ
- Praça Antero de Quental, Rio de Janeiro - RJ.
110
Fascínio e Memória do Rio de Janeiro em Raros e Antigos
Cartões-Postais - 1900-1950 - 01.06 a 03.07.1992 - Coleção
Juarez Lucena - TV Educativa, Canal 2, Rio de Janeiro - RJ.
111
Curitiba 300 Anos - Um Encontro com o Passado em
Antigos Cartões-Postais - Março 2003 - Yolanda Roberto,
Curitiba - PR.
112
Antigamente, O Natal... em Cartões-Postais 1900-1930 -
17.12.93 a 06.01.1994 - ACARJ - Shopping dos Antiquários,
Rio.
113
Revivendo Recife em Antigos Cartões-Postais - Novembro
1995 - Coleção Josebias Bandeira - Shopping Guararapes,
Recife-PE
114
Brasil, Memória do Cartão-Postal - 22.10 a 14.11.1996 -
ACARJ - Institututo Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de
Janeiro - RJ.
115
O Comércio e o Cartão-Postal - 23.09 a 03.10.1997 - ACARJ
- Galeria SESC Copacabana, Rio de Janeiro - RJ.
116
Rio Antigo na Cartofilia - 30.06 a 30.07.1999 - ACARJ - Igreja
N.S.Rosário, Rio de Janeiro - RJ.
117
Eles São os Máximos - 18.05 a 22.06.2001 - Exposição de
máximos postais, em memória de Greenhalgh Faria Braga e Al-
fredo Passos - Agência Central do Correio - Rio de Janeiro - RJ
118
Waltencir, Aldo e Solange Cunha, de Juiz de Fora, sobre os
450 anos da capital paulista - Memorial do Imigrante, São
Paulo - SP.
**********
119
Jornadas de Cartofilia e Exposições Coletivas
de Clubes de Colecionadores
120
Painéis da 16ª Expostal, realizada em Brasília de dezembro de 2002 a janeiro de
2003, no saguão da Agência Filatélica da ECT - Distrito Federal.
121
Postal fotográfico de Belo Horizonte, em 1947, mostrando uma capital planejada e
ainda pacata, com um único edifício neste lado da praça.
Uma cena de rua da capital paulista, os carros trafegando sobre os trilhos dos bon-
des, no Viaduto Boa Vista, em frente ao Pátio do Colégio (situado à esquerda da foto).
122
Clubes e Associações de
colecionadores de cartões-postais
123
com.br Fundada em 19.07.1986, produz e vende postais de
estádios de futebol. Faz intercâmbio com associações similares
do Exterior. Realiza periodicamente os Encopes - Encontros
de Colecionadores de Postais de Estádios, que em 19.06.2005
teve sua 71ª Edição.
124
ASSOMICO - Associação Mineira de Colecionadores - Ave-
nida Belarmino Pacheco, 259 - Bairro Santa Mônica - 38408-
168 - Uberlândia - MG - E-mail: [email protected]
Clubes extintos
SBC - Sociedade Brasileira de Cartofilia - Idealizada pelos
colecionadores Milton Nocetti Menendez, Luis Gonzaga Ferrei-
ra Novais e Antonio Miranda, este último professor de Bibliote-
conomia da Universidade de Brasília, surgiu em Novembro de
1985. Editava elogiados boletins, com 50 páginas em média,
inicialmente semestrais, o primeiro em fevereiro de 1986 e o
último, de número 10, abrangendo o período de janeiro de 1990
a dezembro de 1991. Chegou a ter 635 colecionadores de pos-
125
tais como associados, fazia intercâmbios, informava sobre as
prefeituras e orgãos de turismo que editavam postais, noticiava
os lançamentos das editoras, reproduzia artigos e colabora-
ções dos associados etc. Também promoveu várias edições
da Expostal - Exposição Brasiliense de Cartões-Postais. De-
vido atividades particulares de seus fundadores, a Sociedade
Brasileira de Cartofilia deixou de existir nos primeiros anos da
década de 1990.
126
Foto da Convenção Semestral do Clube do Manche, realizada em São Paulo no
dia 10.05.1997. Estão na foto, da esquerda para a direita, Maria Cecília Monteiro
da Silva, Zuleica Saldanha, Laerte Pastore, Paulo Almeida, Leonardo Romano
e Augusta Baptista de Souza Gomes. Embora o Clube do Manche seja ligado à
aviação, esta reunião é um grande encontro de compradores, vendedores, editoras
e colecionadores, não só de cartões-postais mas de uma infinidade de objetos.
127
José Carlos Daltozo, Denir Lima de Camargo e Leonardo Romano, em setembro de
2001, no Clube do M anche. Denir é diretor e organizador dos encontros semestrais.
128
Colecionadores participantes da 16º Expostal, realizada pela AFNB em Brasília,
nos meses de dezembro de 2002 e janeiro de 2003. Da esquerda para a direita,
Antonio Miranda, Francisco Marinho, Errol Romer, Pedro Mattoso, Lourierdes Fiuza
dos Santos, Raymundo Galvão de Queiroz e Maurilio Batista.
129
Associados da ACARJ - Associação de Cartofilia do Rio de Janeiro, presentes no
lançamento do livro "A Propaganda no Brasil Através do Cartão-Postal: 1900-1950",
em 6 de agosto de 2002. Da esquerda para a direita, na frente: Yolanda Roberto,
Marília Carqueja, Elysio Belchior, Samuel Gorberg (autor do livro), Octávio Victor e
Gilberto Guaranha. Atrás estão Eduardo Gasparian, Sérgio Fridman, Edson Lucas,
Armindo Correia, Victorino Miranda e Raimundo Pereira.
130
Somente nos primeiros anos de existência é que o
cartão-postal (então chamado de bilhete postal), foi monopólio
do Correio Brasileiro. Quando, nos últimos anos do século 19,
foi autorizada sua confecção por particulares, a criatividade no
uso de imagens (gravuras, pinturas, fotografias) deu grande
impulso à cartofilia. Qualquer fotógrafo podia, ele mesmo, pro-
duzir postais com suas fotos. Qualquer gráfica, tendo um bom
equipamento, podia se iniciar na arte e produção de cartões-
-postais.
Por isso é impossível relacionar todas as gráficas
e todos os editores de ontem e hoje. Vamos relacionar apenas
as que marcaram época ou que editaram postais de mais de
uma cidade.
Editoras Antigas:
Estab. Gráphico V. Steidel & Cia. (São Paulo)
L. de Rennes & Cia (Rio de Janeiro)
Guilherme Gaensly (São Paulo)
Marc Ferrez (Rio de Janeiro)
A. Ribeiro (Rio de Janeiro)
G. Lindermann (Salvador)
Almeida & Irmão (Salvador)
Cia. Litográfica Hartmann e Reichemback (São Paulo)
Lithografia Hartmann (Juiz de Fora-MG)
Livraria Clássica (Belém-PA)
Livraria Universal (Belém-PA)
J.Melo (Bahia)
Gustavo Müllem (Bahia)
Maison Chic (Rio de Janeiro)
131
Edicão Malta (Augusto Malta) - (Rio de Janeiro)
Livraria Contemporânea - Ramiro M.Costa (Recife-PE)
Livraria Francesa (Alagoas)
Livraria Acadêmica (Amazonas)
Papelaria Bivar (Ceará)
A.F.Deitze (Espírito Santo)
Tipografia Moderna (Minas Gerais)
Gomes Nogueira & Cia. (Minas Gerais)
Girard & Cia (Pará)
Photographia Popular (Recife)
Tavares Cardoso & Cia (Pará)
Jaime Seixas & Cia (Paraíba)
Cezar Schulz (Paraná)
Livraria Americana (Rio Grande do Sul)
Eduardo Schwartz (Santa Catarina)
Duchein Irmãos (São Paulo)
Ao Mundo Artística de Nino Malusardi (São Paulo)
Ricci & Malusardi (São Paulo)
Camillo Lelles (São Paulo)
Rothschild & Co. (São Paulo)
Casa Garraux (São Paulo)
Ed. N. Vigiani (Rio de Janeiro)
132
Fotoimpress
Impacto Tur
Brascolor
Fotolabor
Colorinvest
Cia. Melhoramentos de São Paulo
Cromocart
Art-Rio
Kugler Artes Gráficas
Bello Cart
Discabel
Kreativ
Maximagem Com Visual Ltda
Nordeste Color
Ômega Cards Bahia
Panorama
Brasília Card
Souvenir Brasília Ltda
Atuais:
A.G.N. Postais - Curitiba - Fone 41 - 286.3257
Aliancer Gráfica Editora - Rio - [email protected]
Amazon Card - Manaus - [email protected]
Brascard - São Paulo - www.brascardnet.com.br
Cartão Postal Mariano Ltda - S.Paulo - Fone 11 - 5611.5114
Cluposil - Campina Grande - PB
Colombo Rio - [email protected]
Dicol - Recife (PE) - Fone 81 - 3088-7916
Digitex - Teresina(PI) - Fone 86 - 221.8170
Editora C/Arte - www.comarte.com
Eduardo Schumacher - SC - www.schumacher.com.br
Lita Cerqueira - [email protected]
Litoarte - Caxias do Sul (RS) - [email protected]
Litocard - Rio - [email protected]
Mercado do Papel - Brasília - Fone : 61 - 349.8559
Mundial Postais - Curitiba-PR- Fone 41-3334-2461
Nelson Godoy - Paraty(RJ) [email protected]
133
Otávio Dias Filho - Belo Horizonte - www.cartaopostal.fot.br
Panorama (Fortaleza) - Fone 85 - 3252.1481
Paraná Cart - Curitiba - www.paranacart.com.br
Pau Brasilis - Salvador - [email protected]
Photophilia - Rio - www.photophilia.com
Polano Cartões - Fortaleza - [email protected]
Postais de Minas - BH - www.postaisdeminas.com.br
Postais Encantos de Minas - [email protected]
Post Card - São Paulo - Fone 11 - 5548.6867
Rodolpho Machado - Rio - www.rodolphomachado.com.br
Terra Postcards - Rio - [email protected]
Postais publicitários:
Enlatado Postcards - www.enlatado.com.br
Jokerman - www.jokerman.com.br
Mica - www.mica.com.br
Mr. Egg - www.misteregg.com.br
Popcards - www.popcards.com.br
Algumas editoras antigas
Estabelecimento Gráphico V.Seidel & Cia
Entre os editores pioneiros de cartões-postais no Brasil,
destaca-se o Estabelecimento Graphico V.Steidel & Cia, de
São Paulo, cujas instalações foram inauguradas no Largo Sete
de Setembro, 11, no dia 06 de janeiro de 1898. Constavam as
mesmas de duas seções: uma, no andar térreo, com as oficinas
e no andar superior localizava-se "magnífica e espaçosa sala
de experimentações fotográficas". A parte artística estava a
134
cargo do Sr. Autin, "proficiente e de gosto".
Os cartões-postais editados pela firma V.Steidel são
dos mais raros e procurados entre os clássicos do Brasil. São
conhecidas duas séries: a dos Gruss Aus... (Lembrança de...)
de cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, e a dos cartões
desta última cidade, gravados a buril..
(Carta Mensal ACARJ nº 6, Julho de 1988)
Livraria Universal
A Livraria Universal foi uma das editoras pioneiras do
Pará, com larga produção abrangendo, pelo menos, o período
1905-1925. Dirigida por Eduardo Tavares Cardoso, em 1876
achava-se instalada em Belém. As edições dessa Livraria fo-
ram muitas e variadas, ora coloridas, ora preto e branco, aqui
numeradas, ali não, numa sucessão de "bilhetes", "cartes" e
"tarjetas" postais que, reunidas, valem por uma verdadeira
reconstituição da geografia urbana de Belém.
(Carta Mensal ACARJ nº 9, Outubro de 1988)
Ramiro M. Costa
A Livraria Contemporânea, de Ramiro M. Costa, situada
em Recife - PE, ocupa lugar de destaque na cartofilia clássica
135
brasileira. No início do século 20 estava instalada na Rua 1º
de Março número 2, próximo à ponte 7 de Setembro. Ramiro
posteriormente admitiu seus filhos na empresa, denominando-
-a Ramiro M. Costa & Filhos. Produziu muitos postais, tendo
alcançado a numeração 982.
(Carta Mensal ACARJ nº 26 - Março de 1990)
Nino Malusardi
Antonio Malusardi (Nino) nasceu na província de Ra-
venna, Itália, em 1875. Nos últimos anos do século 19 imigrou
para São Paulo, onde constituiu a empresa Mundo Artístico
Illustrado de N.Malusardi, com o ramo de produção e distribui-
ção de cartões-postais. Ficava na Praça Antônio Prado, 6 e,
nos primeiros anos do século 20, seu nome aparece associado
às edições da Batelli Malusardi, Edições Malusardi e Ricci &
Malusardi.
Nino viajava muito para a Itália, trazendo postais ad-
quiridos em Turim, Milão e Bolonha, geralmente mostrando
fotos de casais românticos, pinturas, modelos femininos, aos
quais acrescentava a inscrição "Saluti da San Paolo." Também
produziu muitas vistas da capital paulista, que enviava para
impressão na Itália. Com a I Guerra Mundial, ele foi lutar por
sua pátria e, terminado o conflito, voltou ao Brasil e fundou uma
empresa que distribuia filmes para cinemas. Fechou a loja de
postais em 1922. Anos depois passou a organizar Feiras de
Amostras em várias capitais.
(Do livro Lembranças de São Paulo - O litoral paulista nos
cartões-postais e álbuns de lembranças - João Gerodetti e Carlos Cornejo,
São Paulo, Solaris Edições Culturais, 2001)
136
Foto Postal Colombo
A história da família Colombo está entrelaçada com o
cartão-postal brasileiro nos últimos 80 anos. Sulpízio Colombo,
nascido em Milão em 1888, chegou a São Paulo em 1918.
Pretendia dedicar-se ao ramo de ourives, mas já em 1918
iniciou a produção de cartões-postais, associando-se a outro
imigrante italiano e fundando a Colombo & Franchesconi. A
empresa não durou muitos anos, logo ele se dedica sozinho à
produção de postais fotográficos.
As legendas eram escritas com tinta nanquim direta-
mente sobre os negativos, com letras ao contrário para que
saissem corretamente nas reproduções. Fotografou centenas
de cidades brasileiras. Comprava papel com emulsão fotográ-
fica no bairro de Santo Amaro, produzido pelo alemão Wessel
e, com os filhos e auxiliares, reproduzia as edições de postais
por encomenda. O patriarca Sulpizio deixou a firma em 1955,
mudando-se para o interior, falecendo em Itapetininga em
1970, aos 82 anos de idade. A Foto Postal Colombo ficou sob
a responsabilidade do filho Alfredo, que expandiu e modernizou
a produção de postais, a nível nacional. Foi a época áurea,
onde a moda eram as fotos aéreas e edições para inúmeras
cidades do interior paulista e brasileiro.
Os postais da construção e inauguração de Brasília
foram ainda em preto e branco mas, alguns anos depois, ini-
ciou a produção dos seus primeiros postais coloridos, com a
inovação de serem plastificados. Em 1960 fez parceria com a
Gráficos Brunner Ltda, editando postais com a marca conjunta
Mercator-Colombo. A Mercator já produzia postais em off-set,
com fotolitos caros, por isso precisava ter escala de produção
industrial e grande quantidade de cópias da mesma foto, para
ser rentável. O sistema de produção da Colombo, com poucas
cópias, foi perdendo terreno. A sociedade durou até 1967, mas
a Brunner deteve a propriedade industrial da marca Foto Postal
Colombo por dez anos, pagando royalties à família mesmo sem
usá-la.
Outro filho, Aldo Colombo, aprendeu o ofício de fotó-
grafo e editor com o pai e o irmão Alfredo. Mudou-se para o
137
Rio de Janeiro e dedicou-se à produção de slides turísticos.
Registrou a marca Colombo mas optou por ser representante
no Rio da nova editora paulista chamada Edicard, que inicou
produção em 1972. Com seus três filhos, criou a Colombo Cine
Foto Produções em 1981, com laboratório e gráfica própria,
no bairro de Santa Teresa. Lançou muitos postais do Rio e
cidades litorâneas. Em 1989 lançou uma novidade, os postais
redondos (Round Cards).
(Fonte: Boletim SBC número 9 - Novembro 1989)
Fotolabor
Fundada pelos irmãos Werner e Geraldo Haberkorn,
começou a produzir postais a partir de 1940. No início eram
cópias fotográficas, tamanho 10 X 13 cm. Na década de 1950
chegou a ter 40 funcionários, entre fotógrafos, vendedores e
pessoal técnico. Foi um dos pioneiros a produzir vistas aéreas
e também postais mostrando times de futebol em formação nos
gramados.
Nos anos 60, com a entrada no mercado brasileiro, em
grande quantidade, do postal colorido impresso em off-set, ela
perdeu mercado. Tentou editar alguns em impressora colorida,
mas o resultado não foi satisfatório e desistiu da atividade.
(Boletins ACARJ nºs 88 e 89)
Postal Cultural
O fotógrafo Eduardo Sallum começou como coleciona-
dor de postais, possuindo grande acervo do Brasil e exterior.
Anos depois, iniciou atividades como fotógrafo de postais para
a Gráfica Kugler, de Castro-PR. Em meados da década de
1970 tornou-se editor com a logomarca POSTAL CULTURAL,
em Curitiba.
Editou centenas de postais, alguns de cidadezinhas
praticamente desconhecidas, convencendo prefeitos a patroci-
narem edições com vistas de suas cidades. Também foi um dos
pioneiros no lançamento de postais promocionais, mostrando
vistas internas e externas de empresas, hotéis, restaurantes,
138
lojas etc. Atuou mais no Paraná, editando postais da capital
e inúmeras cidades do interior, mas também produziu muitos
de cidades paulistas e, em menor número, de cidades do Rio,
Minas e Santa Catarina.
139
Alemanha. Em agosto de 1983, Clóvis Borges adquiriu o con-
trole da Paraná Cart, desvinculando-a do antigo grupo contro-
lador. A partir de então iniciou um direcionamento de mercado,
no qual a empresa buscou preferencialmentre os Estados de
grande potencial turístico, como Pernambuco, Alagoas, Pará,
Rio de Janeiro, Espírito Santo e o Paraná.
Atualmente o acervo de originais e fotolitos contém mais
de 7.000 unidades, catalogados por motivos, estados e cidades.
Uma das características de uma editora de cartões-postais é a
necessidade de se manter um estoque para atender a pronta
entrega os pedidos de seus clientes. A Paraná Cart mantém um
volume superior a 500.000 postais em estoque, representando
mais de 600 modelos de postais.
(Texto extraído do site da empresa na Internet)
Postais de Minas
A empresa Postais de Minas, fundada no ano de 2001,
tem como principal objetivo divulgar as belezas históricas e
naturais de Minas Gerais, através de cartões-postais. Neste
período foram mais de 700.000 cartões-postais comercializados
no Brasil e no exterior. Todo o trabalho de fotografia e edição
é feito pelo seu proprietário, Sérgio Ricardo, que tem como
formação acadêmica o curso de História e pós-graduação em
História do Brasil.
Além de cartões-postais, a empresa Postais de Minas
edita os livretos postais de diversas cidades mineiras, contabi-
lizando mais de 100.000 exemplares vendidos. As cartelas de
postais é outro produto de muito sucesso da empresa, atingindo
a marca de 40.000 peças vendidas.
(Texto extraído do site da empresa na Internet)
Editora Litoarte
A Editora Litoarte foi fundada em 1970, pelo ilustrador
Altair Gelatti e sua esposa mas só em 1981 a empresa iniciou
niciou a impressão de cartões-postais do Rio Grande do Sul.
Alguns anos após, a produção se estendeu para cartões-
-postais de outros estados brasileiros.
140
Invenções
Papel
Cerca de 3.500 a.C - Os egípcios faziam um tipo de papel a
partir do caule do papiro.
105 d.C. - O papel começou a ser fabricado na China artesa-
nalmente.
1798 - Surgiu a primeira máquina para a fabricação de papel,
patenteada pelo francês Nicolas-Louis Robert.
Década de 1840 - Na Alemanha, teve início a fabricação de
papel a partir de uma massa de celulose extraída da madeira,
como é feita até hoje.
Tinta
Cerca de 3.000 a.C - os egípcios obtinham pigmentos coloridos
a partir da trituração de diversos materiais.
Meados do século 15 - O alemão Gutenberg desenvolve uma
tinta para impressão à base de óleo.
1834 - O inglês Henry Stephens iniciou a fabricação de tinta
de escrever.
1918 - Começaram a ser fabricadas as primeiras resinas sin-
téticas, a partir de derivados do petróleo.
Impressão
Séculos antes e depois de Cristo, vários povos usavam siste-
mas primitivos de escrita em papiro, pergaminhos, casca de
bambu e em sedas.
1438 - Gutenberg criou, na Alemanha, os tipos metálicos mó-
141
veis (letras soltas de chumbo), que permitiam fácil multiplicação
e reaproveitamento. O primeiro livro impresso foi a Bíblia.
1457 - Início da utilização da cor na impressão tipográfica.
1796 - Criação da litografia.
1845 - Inventada a primeira rotativa, em Nova York.
1895 - Criação da rotogravura.
1904 - Surge o offset, também chamado de impressão indireta,
em que a imagem grava na chapa de metal flexível é transferida
para o papel por intermédio de um cilindro de borracha.
1967 - Surge a composição controlada por computador.
Fotografia
1827 - Joseph Niepce conseguiu fixar a imagem obtida com
uma câmera rústica, produzindo a primeira foto conhecida da
história, que precisou ficar 8 horas exposta à luz.
1829 - Niepce fez sociedade com Jacques Louis Daguerre,
que também tinha feito experiências com alguns métodos
fotográficos. Niepce faleceu em 1833 e Daguerre apresentou
ao público o seu daguerreótipo em 1839, utilizando uma folha
de cobre revestida de prata, tratada com vapor de iodo para
ser sensível à luz.
1832 e 1833 - Pesquisas apontam que Hércules Florence, um
francês residente na vila de São Carlos (atual Campinas-SP,)
descobriu isoladamente a fotografia no Brasil.
1839 - Além de Daguerre, também o inglês Talbot patenteou
nesse mesmo ano o seu invento, chamado de calótipo, criando
o primeiro processo negativo-positivo do mundo.
1851 - Utilização das primeiras chapas de vidro na fotografia.
1888 - O norte-americano George Eastman criou uma máquii-
na fotográfica simplificada, denominada Kodak, que usava um
filme de papel flexivel sensível à luz. Um ano depois o rolo de
filme em papel foi substituído pelo celulóide, popularizando a
fotografia, sistema que vigora até hoje.
1903 - Os irmãos Lumière, pioneiros do cinema, aperfeiçoaram
um processo de fotos em cores.
1925 - Surgem as pequenas máquinas fotográficas manuais.
Década de 1990 - Aparecem as máquinas fotográficas digitais
142
que, em poucos anos, passaram a dominar o mercado da fo-
tografia amadora.
Telégrafo
1838 - Samuel Morse registrou a patente de um telégrafo que
utilizava um só fio e um código em que cada letra do alfabeto
era representada por sons distintos (pontos e traços).
1851 - Primeira transmissão internacional, através de um cabo
submarino no Canal da Mancha, entre Inglaterra e França.
1855 - Criado o telégrafo impressor.
1872 - Iniciada transmissão telegráfica de várias mensagens
em uma só linha.
Telefone
1876 - Alexandre Graham Bell vinha pesquisando há vários
anos e, finalmente, em Março de 1876, conseguiu obter a
patente do seu telefone.
1884 - Montada a primeira linha telefônica interurbana.
1889 - Criado o telefone discado automático, sem necessitar
da ajuda da central telefônica para completar a ligação nas
chamadas locais.
1928 - Primeira ligação telefônica transatlântica, entre Nova
Iorque e Londres.
1962 - Lançado o satélite Telstar, que propiciou o início das
chamadas internacionais sem o uso de cabos submarinos.
Rádio
1888 - O físico alemão Henrich Hertz descobre as ondas de
rádio
1896 - O físico italiano Guglielmo Marconi realiza a primeira
transmissão de rádio sem fio, cujas experiências tinham sido
iniciadas por ele em 1894.
1901 - Captado no Canadá o primeiro sinal de rádio através do
Oceano, de uma transmissão efetuada na Inglaterra.
1906 - Primeira transmissão pública de rádio, em Massachu-
setts, nos Estados Unidos.
1922 - Primeira transmissão de rádio no Brasil
143
1923 - Roquete Pinto funda a Rádio Sociedade do Rio de
Janeiro.
Cinema
1891 - O inventor norte-americano Thomas Edison criou o
kinetoscópio, a primeira máquina onde se podia ver o filme
animado. Mas só uma pessoa por vez podia olhar pelo seu
orifício.
1895 - Os irmãos Lumière construíram um equipamento idên-
tico ao kinotoscópio, adaptado para projeção numa tela. Em
dezembro desse ano, em Paris, realizaram a primeira exibição
pública, criando a primeira sala de cinema do mundo.
1917 - Foi inventado um processo de filmes a cores, chamado
technicolor, que só começou a ser usado comercialmente no
ano de 1930, nos desenhos animados de Walt Disney.
1927 - Lançado o primeiro filme sonoro do mundo, o norte-
-americano "O Cantor de Jazz", onde o som era gravado dire-
tamente no celulóide.
Televisão
1897 - Criado o tubo de raios catódicos, mas ainda sem apli-
cação prática como transmissor ou receptor de imagens para
o público.
1923 - Criado o primeiro tubo eletrônico para funcionar como
câmara.
1925 - O inventor Zworykin registrou, nos Estados Unidos, a
primeira patente para televisão a cores
1926 - John Logie Baird, inventor escocês, realizou em Londres
as primeiras transmissões regulares de televisão em caráter
experimental do mundo. As imagens eram em preto e branco
e sem muita definição.
1953 - Depois de várias tentativas frustradas, teve início a
transmissão de sinais a cores nos Estados Unidos.
1956 - Surge na Califórnia, pela empresa Ampex, o primeiro
gravador de vídeo capaz de gravar imagens da televisão.
1960 - A Sony produziu o primeiro televisor totalmente tran-
sistorizado, eliminando as pesadas e problemáticas válvulas.
144
Depoimentos
dos Colecionadores
Nas páginas a seguir estão, em ordem alfabética, de-
poimentos de diversos colecionadores de cartões-postais e até
de filatelistas e numismatas, pessoas que tem o devido apreço
pelos postais antigos ou modernos. Reconhecem nesses sin-
gelos retângulos de papel um documento importantíssimo da
memória da humanidade, de 1869 até nossos dias.
145
Agnaldo de Souza Gabriel, 35 anos, filatelista, cartofilista,
maximafilista e nas horas vagas, trabalha como analista de
sistemas.
As Três Marias
"Sou apaixonado pelos Correios. Adoro selos, cartões-pos-
tais, máximos postais e tudo o que mais possa estar relacionado
à filatelia e à cartofilia. Brinco com meus amigos que é por causa
do meu sobrenome, Gabriel, o anjo que anunciou a boa nova a
Maria e que é o padroeiro dos Correios. Coleciono selos desde
que me conheço por gente, mas apenas a partir de 2001, aos 30
anos, é que passei a me considerar também um colecionador de
cartões-postais...
Tudo começou errado – era pra ser qualquer outra pessoa
na viagem de trabalho, menos eu! Destino: Porto Velho, Rondô-
nia. Situação: prometiam ser os 10 dias mais longos da minha
vida! Chegando lá encontrei um povo hospitaleiro e trabalhador.
Durante a semana o trabalho correu tudo bem e eu intercalava o
curso que estava ministrando com ligações para a família e en-
vios de cartas e cartões-postais pra matar a saudade e ocupar o
tempo. Mas foi então chegou o sábado de manhã. Terror: o que
fazer numa cidade estranha? Qualquer outra pessoa procuraria
um shopping, um boteco, sei lá. Eu procurei aquilo que mais
gostava: a agência dos Correios mais próxima. E encontrei a
agência filatélica local, onde conheci o cartofilista Arlan Argolo.
Ele me mostrou os selos da agência, ajudou-me a montar um
máximo postal e me levou para um passeio pelo centro, próximo
da antiga estação da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, onde
pude comprar vários cartões-postais.
Voltei pra casa na terça-feira seguinte e até hoje troco cor-
respondências com o Arlan. Mesmo sem ter voltado a Porto Velho
e depois de mais de 10 mil cartões-postais na coleção, ainda me
lembro muito bem de um dos cartões-postais que comprei e que
pude ver in loco na cidade: as Três Marias, como são conhecidas
as caixas-d’água da desativada ferrovia, e que considero como
sendo o cartão-postal símbolo de uma grande amizade."
Agnaldo de Souza Gabriel - Rua James Moore, 2210
Jardim Gisette - 15.041-550 - São José do Rio Preto - SP
E-mail: [email protected]
146
O Mundo do Colecionismo
147
Alexandre Volk, 36 anos, residente em Porto Alegre
148
Ana Elisa Castro de Souza Lima, 32 anos, engenheira civil,
residente em Belo Horizonte - MG. Coleciona tema geral,
embora tenha preferência por construções exóticas e pontos
turísticos.
149
Coleção virtual
150
O primeiro postal a gente nunca esquece
151
O Colecionador
"Nasci no dia 13 de junho de 1929 em Simão Dias, Sergipe.
Desde garoto colecionava recortes de jornais e livros ilustrados,
iniciando assim uma vida de “colecionador eclético”. Ainda em
Sergipe, iniciei coleção das estampas Eucalol, objeto de fascínio
entre os jovens da época.
Mudando para Salvador em 1947, fui aluno do Colégio da
Bahia, o Central, onde estimulado pelo conhecimento estabelecido
com colegas colecionadores de caixas de fósforos e flâmulas,
iniciei uma coleção que incluía desde santinhos de catecismo a
biscuits e máquinas fotográficas antigas, dando impulso ao que,
mais tarde, veio a transformar-se em uma paixão maior, a Carto-
filia, ou habito de colecionar cartões-postais.
Anos mais tarde, quando já era secretário da Escola de
Teatro da Universidade Federal da Bahia, havia acumulado postais
de todos os estados brasileiros e de vários países, num registro
vivo das diversas fases do desenvolvimento histórico, geográfico
e cultural dos diversos continentes.
Incentivado pelo professor Isaías Alves, realizei minha
primeira exposição em 1965 e, em 1974, disponibilizei a coleção
de aproximadamente 40 mil postais para o grande público, criando
meu Museu particular no sobrado onde residia, número 223 da
Rua do Sodré, em Salvador, onde permaneceu até a década de
1990.
Santo Antônio, santo de minha devoção, foi eleito patrono
do Museu que denominei Tempostal: “templo dos postais”, “os
postais no tempo”, “tem postal...” De fato a coleção nos revela
imagens temporais que, para mim, tornou o museu sagrado como
um templo, merecendo de Carlos Drummond de Andrade a afir-
mação que “O Tempostal deveria ser Tempoesia”.
O Museu Tempostal abriga hoje o testemunho de uma
época, uma coleção construída com perseverança. Uma das
minhas frases preferidas é “Conheço todo o mundo através dos
cartões-postais.”
Antônio Marcelino do Nascimento, idealizador do Tem-
postal, museu situado na rua Gregório de Matos, 33 no bairro do
Pelourinho, em Salvador.
152
Arlan dos Santos Argôlo, 32 anos, filatelista e cartofilista
nascido em Porto Velho, Rondônia.
153
Augusta Baptista de Souza Gomes, 73 anos, aposentada, re-
sidente em São Paulo, tem coleção eclética, todavia a maioria
são postais turísticos.
154
Augusto Areal, 39 anos, funcionário público, residente em Brasí-
lia DF. Tem uma coleção de tema geral, embora tenha preferência
por vistas aéreas de cidades. Tem “sub-coleções” específicas
de cartões de Brasília e de cartões de Nova Iorque.
”Na verdade 99% dos meus postais foram herança do meu
pai, Cesar Augusto Gonçalves da Silva Areal, que faleceu em 1994.
Meu pai tinha um dos cinco maiores acervos do Brasil. Pelos meus
cálculos, ele tinha cerca de 175.000 cartões-postais.
A coleção do meu pai era uma mistura de pequenas “sub-
-coleções” de temas específicos, bem organizadas, e grandes “aglo-
merações” de postais sem muita ordem. Como meu pai colecionava
várias outras coisas além de postais (tinha também, por exemplo,
mais de 5.000 discos de vinil, bem como uma das maiores coleções
de Selos do Brasil) não havia como organizar muito toda essa quan-
tidade de postais.
Eu optei por diminuir bastante esta coleção, a médio prazo,
doando ou vendendo os cartões que me parecem mais comuns ou
menos interessantes. Isso me permitirá organizar melhor os postais
restantes e desfrutar dos cartões melhores. Creio que mais vale ter
100 postais interessantes, fáceis de ver, do que ter 1.000 postais
guardados que eu acabo nunca olhando. Para mim, existem “Postais”
(com “P” maiúsculo) e “postais”. Há inúmeros cartões de qualidade
sofrível, que não entendo como foram um dia produzidos. Não vejo
sentido em colecioná-los só por colecionar... Quando viajo, só adquiro
postais que me digam algo de fato.
Curiosamente, quase todos os cartões da minha coleção que
considero “muito ruins” (tanto os estrangeiros quanto os brasileiros)
foram produzidos nos últimos 40 anos. Fico fascinado ao ver como
antigamente, com muito menos tecnologia, se produzia cartões tão
melhores, com muito mais esmero e cuidado. No começo do século
XX, os cartões-postais estavam provavelmente entre as coisas mais
bem feitas produzidas pela sociedade da época. Já hoje em dia, salvo
raras exceções, a qualidade dos cartões-postais não está à altura
dos demais produtos elaborados pela nossa sociedade de início de
século XXI. Não é de surpreender que bem poucos dos meus postais
favoritos tenham menos de 40 anos de idade.”
155
Bergson Reinaldo de Luna Freire, 32 anos, residente em João
Pessoa, Paraíba. Coleciona principalmente faróis e estádios
de futebol.
156
Carlos Ramos Lorenzo, residente em Fortaleza-CE
"Iniciei minha coleção despretensiosamente, por curiosi-
dade, pela beleza e principalmente por ser peças que não são
vistas com certa facilidade e que por isso mesmo despertaram-me
o interesse, tornando-se algumas raras com o passar do tempo.
Com 16 anos na década de 1960, trabalhava no escritório
do meu pai, ele pediu-me que abrisse o cofre onde guardava
documentos e pegasse um deles. Deparei-me com dez moedas
de 5.000 réis do Santos Dumont, peguei-as e perguntei para que
serviam. A resposta foi que eram moedas de prata, não tinham
mais valor de câmbio, tinham saído de circulação. Indaguei se
podia ficar com elas, pois além de achá-las bonitas, despertaram-
-me a curiosidade de adquirir outras e aí foi o começo de tudo.
Hoje minhas coleções abrangem cédulas e moedas do Brasil e
exterior, medalhas, cartões-postais, cartões telefônicos importa-
dos e canecas de chopp, estas em número de 50, que pretendo
vender por problemas de espaço.
Sempre busquei para minhas diversas coleções um cri-
tério de qualidade, dentro de uma ou várias temáticas, pois sei
perfeitamente que quando for vendê-las, a avaliação sempre será
melhor. Nos primórdios dos anos 1990, quando foi realizado o 1º
Encontro Numismático de João Pessoa-PB, no SESC, conheci o
Cleber José Coimbra, hoje um grande amigo. Ele me apresentou
a nata da numismática brasileira, onde havia uma raposa (Irley S.
das Neves), um leão (Adelanio Ruppenthal) e outras feras, entre
as quais o bom amigo Cícero de Lima, companheiro de estadia
por mais de oito anos no Hotel Ouro Branco, em João Pessoa,
local do referido evento anual. Esse evento, para mim, sempre
foi e será o número um do Brasil.
Cleber jamais imaginou que, com esse gesto, abriria as
portas que me tornaram também comerciante. Registro minha
gratidão a ele, pela honestidade, sinceridade e simplicidade no
trato com as pessoas, qualidades que sempre pontuaram sua
existência."
157
Cleber José Coimbra, capixaba, perdido em Brasília há 30 anos.
"Vim para Brasília fazer um trabalho para um empregador,
jamais consegui voltar às praias capixabas Sou numismata desde
criança, colecionei de tudo, até pinico (só os artisticos), mas sou
mesmo apaixonado pelas cédulas. Sempre recebi pedidos de mui-
tos dos meus correspondentes (tive mais de 500) para conseguir
postais brasileiros, notadamente do DF. Como ia a todas as Copas
do Mundo, minha principal diversão era enviar postais deste evento
a todos os meus amigos. E com esta brincadeira fiquei conhecendo
um mundo de novos colecionadores deste tema. Assim, há decadas
procuro enviar a todos que me contatam ou nosso clube aqui do DF,
a AFNB - Associação Filatélica e Numismática de Brasília (a entidade
mais ativa do país e que melhor ajuda os seus sócios) a ter um postal
daqui. Tenho muitos postais, ignoro o montante, só os trazidos das
Copas desde 1970 é uma imensa quantidade. Quando eu partir para
o andar de cima meus filhos colocarão em futuros leilões do clube
local.
Tivemos aqui na AFNB-DF, um vice presidente, ex-militar,
o Raymundo Galvão de Queiroz que, há alguns anos, criou uma
sociedade chamada Sombra - Sociedade de Maximafilia Brasileira.
A sociedade preparava os máximos postais brasileiros e fazia inter-
câmbio com o mundo. Chegaram a ter centenas de máximos postais
no mercado, bolados pelo seu grupo, ou seja, postais com selos e
carimbos do mesmo tema. Foi um período incrível e produtivo. In-
felizmente tudo neste país começa e não termina. No final o nosso
vice-presidente, sócio número um do nosso clube (AFNB), desistiu,
visto que fazia tudo só, as despesas eram altas. Mas suas peças até
hoje correm o mundo. Volta e meia sou questionado para consegui-
-las. Também nos nossos leilões sempre surgem e logo aparecem
compradores. Uma pena que esta maravilhosa forma de colecionar
não tenha tido o êxito esperado, pois é uma das melhores facetas
no nosso ambiente de cultura e colecionismo. Raymundo faleceu
em 23 de janeiro de 2006, deixando a maximafilia brasileira mais
orfã ainda.
De fato, a pequena foto de um postal espelha muita coisa.
Nela se revive momentos maravilhosos (se passamos por aquele
local) ou dá alegria e satisfação a quem gosta de coisas belas. Como
vários bem disseram, olhar um cartão-postal é abrir uma janela para
o infinito e encher a alma de gratas recordações."
Cleber J. Coimbra - SQN 315 - Bloco ”A” - apt. 305
70774-010 - Brasilia-DF - E- mail: [email protected]
158
Cledson Ramos Bezerra, 28 anos, servidor público. Cole-
ciona postais turísticos.
"Iniciei a coleção de postais ainda criança, quando fiz minha
primeira viagem “para longe”, especificamente para Salvador-BA.
Fui com uma tia que adorava viajar e comprar postais. Eis que
peguei as duas manias! Mal começara a juntar os belos postais
soteropolitanos, esta mesma tia, algum tempo depois, resolver
presentear-me com outros, dos mais diversos lugares. Outra tia
também enriqueceu bastante minha incipiente coleção.
Anos após, tomei conhecimento de um “Clube da Amiza-
de” em que as pessoas se correspondiam com os mais diversos
interesses, inclusive troca de postais. Foi o início de uma série
de correspondências pelo Brasil afora. Além do fascínio dos pos-
tais, foi ainda melhor fazer novas amizades, algumas das quais
mantenho até hoje. Sem falar no imenso prazer que foi conhecer
estas pessoas “ao vivo”.
Por motivos diversos, sobretudo falta de tempo em razão
dos estudos e do trabalho, fiquei um longo período sem trocar
postais. Mais recentemente, pude retomar o prazer de viajar, de
forma que minha coleção ganhou algum movimento.
O grande impulso, porém, veio há poucos meses, quando,
por meio de uma revista, soube de um outro colecionador. Escrevi-
-lhe ofertando iniciar uma troca de postais, o que logo foi aceito.
Como tal, cerca de dez anos após, retomava a troca de postais.
Já por meio da Internet, soube ainda da existência de um fórum
virtual para colecionadores de postais. Naturalmente, cadastrei-
-me no mesmo e as trocas se intensificaram. Minha coleção tem
hoje pouco mais de mil unidades. Por que coleciono cartões
postais? Como disse, peguei as duas “manias” daquela minha
tia: viajar e colecionar postais. Para mim, elas estão fortemente
vinculadas. Apenas, no caso dos postais, como já é lugar-comum,
viajo sem sair de casa."
159
Denir Lima de Camargo, colecionador do tema Aviação Bra-
sileira.
"Comecei a juntar postais do tema Aviação do Mundo
Inteiro em 1968, mas sem a preocupação de uma coleção siste-
mática. A partir de 1974 é que posso dizer que realmente come-
cei a colecioná-los. Em pouco tempo cheguei a possuir mais de
15.000 exemplares, quando mudei o foco da mesma, passando
a colecionar só Aviação na América Latina, reduzindo a coleção
para 6.000 exemplares. Alguns anos depois reduzi novamente,
para ficar unicamente com Aviação Brasileira, que inicialmente
era de cerca de 800 exemplares, hoje ultrapassa os 2.500.
A motivação de colecionar postais é que sou pesquisador
e fotógrafo de aviação desde a década de 60, tendo juntado muita
literatura e ilustração para preparação dos artigos que escrevia
para revistas e livros sobre esse assunto. Devido a falta de espa-
ço para armazenar tantas revistas, livros e material aeronáutico,
passei a guardar só os postais, por ter tamanho quase padrão e
ser de fácil armazenamento.
O Manche Postcard é o braço comercial do Clube do Man-
che, criado em 1980 para dar seqüência ao trabalho de pesquisa
aeronáutica que havia iniciado em 1974, com a publicação da
revista Manche (circulou até 1979). Passamos a editar postais,
principalmente de aviação brasileira, para atender os associados
e também para trocas com material semelhante de outros clubes
de colecionadores de todo o mundo. Já editamos mais de 200
postais próprios, além de assessorarmos outras pessoas na edi-
ção de seus postais.
Desde 1984 o Clube realiza uma Convenção Anual, que
nos últimos anos tem se tornado semestrais, a pedido dos as-
sociados. Essas convenções congregam todos os tipos de cole-
ções e colecionadores, não só do tema aeronáutico. Marchands
de todo o país comparecem, o público prestigia, uns vendendo,
outros trocando, outros comprando. É um verdadeiro festival do
colecionismo. As últimas convenções tem ocorrido no Ginásio de
Esportes do Colégio Spinosa, próximo ao Aeroporto de Congo-
nhas."
160
Colecionar Postais é viajar por dentro das nossas almas
161
Visões de São Paulo
"Sou filho de pais poloneses, naturalizados brasileiros,
que emigraram para o Brasil no ano de 1946. Nasci em São
Paulo em 1947 e logo em seguida mudamos para o interior do
Paraná onde meu pai arranjou um emprego. Por volta do ano de
1952 retornamos para São Paulo. No início ficamos hospedados
no Lord Palace Hotel, situado na esquina da rua das Palmeiras
com a rua Helvetia, no bairro de Santa Cecília, até que meu pai
alugasse uma casa para a família morar. No hotel, depois do café
da manhã, eu costumava ficar no terraço do quarto olhando o
movimento da rua.
Para um menino de cinco anos que viera do Paraná, do
meio do mato, aquilo era uma incrível agitação. Marca-me muito
ainda hoje a lembrança daquelas manhãs, do cheiro que ficava
no ar do diesel expelido pelo cano de escapamento dos ônibus.
Uma semana depois meu pai alugou um apartamento e deixamos
o hotel. Desde criança eu acompanhei por muitos anos minha
mãe nas suas idas para o centro da cidade para fazer compras.
Íamos ao Mappin na praça Ramos de Azevedo em frente ao Teatro
Municipal, na Clipper no largo de Santa Cecília, na Casa Sloper
na praça do Patriarca. A Casa Godinho na rua Líbero Badaró, em
baixo do Edifício Sampaio Moreira, o “avô dos arranha-céus de
São Paulo” é uma das poucas casas comerciais que ainda resiste
todo esse tempo.
Também íamos aos Correios para despachar pacotes
com mantimentos para a sua família que ficara na Europa. Quem
conheceu a São Paulo da metade do século passado conheceu
uma outra São Paulo. Isso para não falar dos bondes e tantas
outras coisas mais. Era sob todos os aspectos uma outra cidade,
uma outra arquitetura principalmente.
Quando eu tinha quinze anos meu pai me levou para
um passeio no Rio de Janeiro. Naquele tempo era a capital do
Brasil. Eu apesar de emocionado estava um pouco chateado
por ter esquecido minha Laika.(máquina fotográfica). Lembro
que visitamos o Horto Florestal, o Copacabana Palace, o Pão
de Açúcar, tomamos um café na Confeitaria Colombo. Quando
estávamos visitando o Corcovado tiramos uma foto com todo o
pessoal que subiu pela litorina e naquele dia comprei um cartão-
-postal e enviei para minha mãe que ficara em São Paulo com
162
meu irmão mais novo. Percebi que através do cartão-postal podia
suprir a ausência da máquina fotográfica. Dai em diante passei a
adquirir cartões-postais por todos os lugares que visitava. Viajei
muito. Resultado: muitos cartões-postais. Um dia resolvi colocar
uma ordem no amontoado. Escolhi São Paulo para ser o tema
de uma coleção. Passei muitos anos colecionando.
Em janeiro 2002, por ocasião dos 448 anos de São Paulo,
fui convidado para fazer uma exposição na Biblioteca Mário de
Andrade. A exposição foi batizada com nome de “Visões de São
Paulo” e se compunha de trinta painéis que mostravam, cada
um, o contraste da imagem de dois ou três cartões-postais de um
mesmo lugar da cidade em tempos diferentes. Avenida Paulista
de 1900 versus 1950 e 2000, avenida São João de 1930 e 1970,
etc.
Fui entrevistado pela TV Record e pelas rádios. Essa ex-
posição se tornou itinerante e passou a ser divulgada em jornais
e revistas de grande circulação. Em seguida apresentou-se por 90
dias no Centro Cultural da Caixa Econômica Federal da Praça da
Sé e sessenta dias na União Cultural Brasil-Estados Unidos. Em
janeiro de 2003, foi a vez de apresentar-se no Club Transatlântico
e em seguida no Museu do Imigrante.
Quando São Paulo completou 450 anos, “Visões de São
Paulo”, apresentou-se na Biblioteca Prefeito Prestes Maia (An-
tiga Kennedy) em Santo Amaro e tive o orgulho de constar na
edição histórica daquele ano na revista “Cultura” da Prefeitura
do Município de São Paulo. Em todos esses lugares, para minha
satisfação, “Visões de São Paulo” teve muitos espectadores e
o livro de visitas inúmeras assinaturas e parabenizações. Com
isso conheci muita gente e fiz muitas amizades. Muita gente me
ajudou nas exposições, pelo que lhes sou muito grato.
Continuo colecionando cartões-postais de São Paulo,
recentes e antigos, e de vez em quando conhecendo novos co-
lecionadores. Não sei onde tudo isso vai parar. Hoje já não são
mais trinta painéis, tenho cartões-postais para mais de cem. Um
dia desses deixo tudo para o André e a Mariana, meus filhos, e
se Deus quiser, para a sorte de todos nós, eles vão continuar com
“Visões de São Paulo”.
Cristóvão José Zygmunt Wieliczka –R. Antonieta Revoredo,
441 - Jardim Hípico - 04725-010 -S.Paulo - [email protected]
163
Eliane Brandão de Carvalho, 53 anos, aposentada, residente
no Rio de Janeiro-RJ. Coleciona tema geral, embora tenha
preferência pelos postais do Rio de Janeiro e imagens an-
tigas. Tem atualmente cerca de 22.000 postais na coleção.
"Desde menina sempre gostei de cartões-postais. Quando
eu achava algum pela casa, ia guardando numa caixa de madeira.
Meu pai, ex-combatente, havia trazido alguns do tempo da Guerra.
Certa vez o carteiro entregou um postal de Lisboa indevidamente lá
em casa e eu guardei o postal. (Que coisa feia...) Em outra ocasião
veio um postal de brinde numa revista. Quando visitamos uma edi-
tora de revistas em quadrinhos, nos deram um cartão postal. Iniciei
correspondência com alguns jovens pelo Brasil (Clécida-PI, Bete-RS
e Fátima-PE) e pelo mundo (Federico, México). Infelizmente perdi
o contato com eles. Assim, de um em um, cheguei a quase 500
postais.
Quando entrei na faculdade, parei de incomodar quem via-
java. Só bem depois de formada e já trabalhando, voltou o desejo
de colecionar. Isso porque eu tive a oportunidade de comprar cerca
de 100 cartões antigos - alguns de cidades brasileiras (Santos, São
Paulo) e outros românticos - que estavam esquecidos numa papelaria
perto de casa. Pobres amigos e parentes... Voltei a atacar novamente
e a coleção rapidinho cresceu, graças à boa vontade dos viajantes
e de outros que “descobriam” postais em casa e me davam. Muitos
eram de viagens feitas anteriormente. Recomecei a me correspon-
der e a trocar postais. Um grande amigo cartofilista foi o Toninho,
falecido em 2003, com quem me correspondi por 19 anos. Graças a
ele, eu consegui postais de regiões bem desconhecidas para mim:
ele era um bandeirante, sempre mudando de cidade por causa do
serviço. São dessa fase Alaide-PR, Vera Lucia-RS, Alice- PR, Ely-
-SP, Leandro-SC, Magda-SP e Milton Roberto-BA.
E, assim, fui conhecendo o Brasil e o mundo. Adotei cole-
cionar também os postais publicitários, que nos mostram as várias
alterações no modo de vida de um povo, além de fotos, que subs-
tituem perfeitamente quando não existem postais do local. Através
dos postais eu viajo no tempo e no espaço, sem sair do lugar. E faço
muitos amigos."
164
Esdras, colecionador e fotógrafo de cartões-postais
165
A Cartofilia na minha vida
166
Fernando Antônio Netto Lôbo, professor universitário-adjunto
da UFAL, aposentado, coleciona Tema Geral, Brasil e Exterior,
novos e circulados, antigos e modernos.
167
Filatelia e Cartofilia
A Cartofilia, embora não faça parte, diretamente, do mundo
filatélico, tem uma estreita relação com a Filatelia. Sem os selos,
os cartões postais não podem viajar e parte de sua razão de ser
não seria possível. A importância dos postais para os historiadores
é inequívoca, não apenas como registro visual de uma época e
até mesmo testemunho real, no caso de fotos. Logo, a Cartofilia é
uma importante e significativa fonte de pesquisas para a Filatelia,
sendo que os filatelistas interessam-se mais pela verso do que
pela frente do cartão, pois ali estão seus objetos de pesquisas.
A abundância de cartões postais do período áureo
(1900/1930) auxilia sobremaneira a Filatelia, em particular a His-
tória Postal, quando antigas imagens perdidas são recuperadas
pelos cartões e a descrição de viagens e locais também são in-
formações auxiliares, além de servirem para se determinar rotas
postais. Mas a Carimbologia é, sem dúvida, a maior beneficiária
do estudo dos cartões, sendo a mais importante fonte de infor-
mações para os carimbos do referido período áureo, permitindo
a descoberta de novos carimbos.
Faz-se necessário destacar que há uma grande diferença
entre cartões postais (sem porte impresso) e inteiros postais, os
quais possuem o porte já impresso e constituem uma das modali-
dades da Filatelia. Uma outra modalidade filatélica, a Maximafilia
(máximos postais) utiliza basicamente os cartões postais, sendo
o maior elo entre a Filatelia e a Cartofilia.
Diversos filatelistas temáticos iniciaram suas coleções
inspirados pelos cartões-postais ou mesmo após colecioná-los
e é importante se destacar que os regulamentos internacionais
não permitem a sua inclusão nas coleções filatélicas, apesar da
grande valia dos mesmos para a Filatelia. Mas a Filatelia não
se esqueceu dela e comemorou o seu centenário com diversas
emissões, a exemplo de Portugal. No meu caso específico co-
leciono cartões-postais de agências postais e telegráficas, um
tema de certa dificuldade, mas que sempre proporciona boas
surpresas.
Geraldo de Andrade Ribeiro Júnior, Presidente da Federação
das Entidades Filatélicas do Estado de São Paulo.
Site: www.fefiesp.com.br
168
Amá-los com um amor carnal
"Tenho pelo cartão-postal um amor muito mais carnal do
que cortês. São objetos cotidiana e deliciosamente manuseados.
Sobre os postais, vou dizer aos meus filhos o que sempre ouvi de
meu pai a respeito dos livros: tornam-se, especialmente a Bíblia
e o dicionário, mais lindos e importantes em nossa vida à medida
que são gastos, tocados, sentidos, passados de mão em mão.
Mas nunca idolatrados em redomas intransponíveis.
Exatamente como Caetano Veloso diz sobre os livros,
na música e no disco do mesmo nome: “Os livros são objetos
transcendentes, mas podemos amá-los de amor táctil”. Eis por
que não faço distinção entre o “estado” do postal. Novo, usado,
amassado, com furo de cupim, pontas dobradas, publicitário, com
mensagem de terceiros, todos me são caros.
Mais uma coisa: quase sempre vou a Guimarães Rosa nas
vezes em que me vejo falando da alegria de viver, do concerto de
fraternidade que sei um dia vingará eternamente.E me deparei
com a definição de “amigo” que o inenarrável homem de Cordis-
burgo nos deixou, em “Grande Sertão: Veredas”: “Amigo, para
mim, é só isto: é a pessoa com quem a gente gosta de conversar,
do igual o igual, desarmado. O de que um tira prazer de estar
próximo. Só isto, quase; e os todos sacrifícios. Ou – amigo – é
que a gente seja, mas sem precisar de saber por que é que é”.
O postal nos torna mais amigos e mais desarmados. Vejo
menos, muito menos o retângulo de papelão em si, mas “quem”
está por trás. Todo o ritual: a escolha, o envelope, a caneta, o
endereço, a ida ao Correio, a fila, o dinheiro, o selo, o “obrigado”,
o sorriso na alma quando se sai da agência, o “acompanhamento”
sentimental do que se enviou, a visualização da alegria de quem
o receberá. Por tudo isso, amemos os postais com amor. Mesmo
um amor cortês, amemo-los. Mas se possível, um amor carnal,
táctil. O postal tem que se submeter às nossas vontades.
Acho que o postal precisa “apanhar” todos os dias para saber
quem é que manda..."
Guilherme Salgado Rocha, jornalista, 47 anos, mora na
cidade de São Paulo - E-mail: [email protected]
169
Hélio Parron Ferrara, 42 anos, bancário, casado com Márcia
Kelly e pai da Magaly. Nascido e residente em Itaguajé Pr.
Coleciona Postais temáticos: CINEMA.
"Na verdade sou colecionador de muitas coisas, como
postais, cartões telefônicos, cédulas, moedas, etc.. Comecei a
juntar coisas muito cedo, com aproximadamente 10/12 anos,
quando ganhei de meu pai umas notas antigas da Bolívia, que
tinham pertencido a um tio que viajou até a Bolívia. Depois, por
influência de amigos, vieram os primeiros selos. Daí em diante
fui juntando tudo que podia, até o momento em que comecei a
interagir com outros colecionadores pelo Brasil afora e depois
pelo mundo também, além de começar a conhecer os grandes
nomes do colecionismo nacional. Por fim comecei a escrever
sobre o assunto.
Meu primeiro trabalho do gênero, publicado, foi LELO BU-
GIGANGA , que saiu pelo boletim da AFNB, do qual sou filiado,
com a colaboração singular do guru do colecionismo nacional,
sr. Cleber José Coimbra. O conto posteriormente saiu também
no jornal A UNIÃO de João Pessoa, na Paraíba, com o apoio do
saudoso Chagas Albuquerque. Posteriormente fui correspondente
da revista COLECIONE, do Marcelo Motoyama, a melhor revista
de colecionismo já publicada no Brasil.
Algumas pesquisas filatélicas estão sendo publicadas
em capítulos no boletim “O AMIGO DO FILATELISTA” da filaté-
lica Penny Black, de nossa adorável amiga Ana Lúcia Loureiro
Sampaio. Com o apoio de patrocinadores, e recursos próprios,
reuni todos esses trabalhos e publiquei o livro APOLOGIA COLE-
CIONÍSTICA, cuja reedição está sendo planejada pela RHM, do
grande Peter Meyer. Na cartofilia, venho juntando cartões postais
há muito tempo, no início era uma grande mistura de temas. Mas
com o tempo fui notando que no meio de tantas outras coleções,
seria melhor singularizar um único tema, e como sou fã de cinema
desde pequenininho, não deu outra, escolhi cinema como temá-
tica de meus postais, os quais, guardo em um álbum de fotos,
tipo quatro argolas, para facilitar o manuseio e inserção de novos
postais. Tenho-os separados por temas: Clássicos, Ficção, Ação,
Comédia, Terror, Cinema Nacional e etc."
Hélio Parron Ferrara – Rua São Paulo, 802 – Centro
86670-000 – Itaguajé - PR - E-mail: [email protected]
170
Jair Paulo da Silva, militar da reserva da Aeronáutica, morador
de Florianópolis-SC, 57 anos, casado, três filhos.
"Comecei minha coleção na adolescência, aos quatorze anos.
Gostava muito de ler e viajar, a geografia era uma das minhas ma-
térias preferidas. Eu lia muito e viajava muito nos livros. Estudando
geografia, ficava imaginando como seria cada cidade. Então ganhei
meu primeiro cartão-postal, que retratava a Praia Vermelha, no Rio
de Janeiro. Ai começou minha coleção. Cada moeda economizada,
era um postal que eu comprava. Aos amigos que viajavam meu pe-
dido era um só: tragam-me postais das cidades visitadas. A coleção
aumentava lentamente, pois o dinheiro para comprá-los era pouco.
Nessa época também comecei a me corresponder com moças de
outras cidades, outros Estados e mesmo outros paises (Holanda e
USA). Para todas eu falava da minha coleção e assim, volta e meia,
ganhava mais um.
Chegou a vida adulta, ingressei na Aeronáutica, casei, tive
filhos e minha coleção ficou em segundo plano. Estava com apro-
ximadamente 3.000 postais e, nas minhas viagens, para horror da
minha esposa, gastava muito dinheiro com “meus retratinhos”, como
ela diz. O problema é que viajo quase sempre para os mesmos
lugares e assim só conseguia postais desses mesmos lugares. Em
2005, no entanto, conheci um site muito legal de troca de postais.
E conheci muitos colecionadores. Passei a trocar postais com eles.
Tem sido uma experiência muito boa, pois além da amizade, con-
seguimos postais de lugares diferentes.
Através da minha coleção eu continuo viajando e conhecendo
várias cidades. Às vezes chego pela primeira vez num local, mas
é como se eu já o conhecesse, tão familiar me é aquela paisagem,
pois já a tinha visto várias vezes através da minha coleção. Minha
esposa às vezes fica meio contrariada, alegando que gasto muito
tempo com a coleção e que isso é coisa de adolescente. Não creio
que seja coisa para jovem e sim para qualquer idade. Tenho orgulho
da minha coleção e sempre que recebo visita, mostro-a para o visi-
tante. Tenho em torno de 5500 postais, todos guardados dentro de
álbuns para 200 fotos, separados por Cidades, Estados ou Paises.
Eu costumo guardar os postais com a mesma vista na mesma página.
Assim, fica fácil compará-los e ver a modificação que houve entre
uma tomada e a outra. Às vezes, isso é uma viagem no tempo."
E-mail [email protected]
171
Jobson Ferreira Barbosa, 29 anos, carteiro, residente em Sal-
vador – BA. Coleciona os temas estádios, ginásios, equipes
de futebol, jogadores de futebol e nus.
“Coleciono postais há 16 anos. Iniciei minha coleção após
ver muitos anúncios em revistas de pessoas interessadas em
trocar postais. Meus primeiros exemplares eu consegui pesqui-
sando em uma mala que minha mãe tinha e onde eram guardados
documentos, fotografias, cartas e alguns cartões postais.
172
Jorge Bastos Furman, 49 anos, Engenheiro Cartógrafo, Co-
leciona Cidade do Rio de Janeiro, Cartografia, Astronomia,
Museus, Religião, Monumentos e Locais Históricos.
"Comecei a me interessar pelo colecionismo de cartões-
-postais bem antes de saber a existência da palavra Cartofilia,
creio que da mesma maneira que muitos colecionadores: postais
adquiridos em viagens de férias ou de excursão.
Quando ainda menino, com cinco ou seis anos de idade, vi
alguns cartões postais remetidos para os meus pais por parentes
e amigos. Da mesma forma meus pais, viajando em excursões
comigo e com o meu irmão, compravam cartões-postais para
guardar de lembrança dos nossos passeios.
Ainda sobre o colecionismo de postais, no meu caso,
mais dois fatores contribuíram para aguçar o meu interesse pelos
cartões-postais: o primeiro é o fato de ter parentes vivendo em
outros países e o segundo, interligado ao primeiro, foi a minha
curiosidade em ver mapas e atlas, o que influenciou bastante na
minha vida, inclusive na minha formação profissional.
Com o passar dos anos, continuei comprando cartões-
-postais de maneira desordenada. Eu não tinha qualquer conhe-
cimento sobre Cartofilia, associações cartofílicas, exposições,
bibliografia etc. Comecei a fazer intercâmbio com outros colecio-
nadores e assim, o meu universo foi se ampliando. Atualmente,
tenho uma coleção pequena, por temas, crescendo gradualmente,
proporcionando-me lazer, conhecimento, alegria e satisfação. Os
cartões-postais têm grande importância didática e documental
não somente no ensino básico ou médio, mas também no ensino
superior e cursos de pós-graduação. Todavia, pude constatar que
o cartão-postal é pouco utilizado nas escolas pelos professores,
como recurso pedagógico nas aulas.
A arte da Cartofilia não se esgota, mesmo com a concor-
rência dos cartões telefônicos, porque continua sendo atrativa,
interessante e documental, acompanhando sempre a evolução
histórica, social e cultural de uma cidade, de uma região, de um
país e assim, resgatando e preservando a memória de um povo."
173
José Carlos Daltozo, 55 anos, bancário aposentado, coleciona
tema geral do Brasil e Exterior
"Comecei a colecionar cartões-postais em 1988, motivado
por sempre gostar de belas fotografias, seja em livros, revistas
ou folhetos turísticos. Antes, ao visitar uma determinada cidade,
além de fotografá-la, também adquiria alguns postais, principal-
mente aqueles de vistas aéreas. Guardava esses postais junto
com as fotos, mas não sabia da existência de um hobby chamado
Cartofilia que congregasse colecionadores desse tipo de objeto.
Um dia, quando já possuia cerca de 200 postais misturados
com as fotos de viagens, li reportagem num jornal de S.Paulo
mencionando uma sociedade de colecionadores no Distrito Fede-
ral. Era a SBC - Sociedade Brasileira de Cartofilia, presidida pelo
professor Antonio Miranda, da Universidade de Brasília. Escrevi
para ele, associei-me e a partir daí não parei mais de colecionar.
Tornei-me um entusiasta do hobby. Percebi, com o passar dos
anos, que nos postais não há só belas fotos industrializadas, há
também história, geografia, turismo, sociologia, antropologia,
modo de vida, meios de transporte, usos e costumes, curiosidades
sobre povos e países.
Comecei a fazer intercâmbio de postais com outros co-
lecionadores, no início era um sufoco arrumar postais repetidos
para retribuir. Em S.Paulo e algumas cidades turísticas visitadas,
comprava vários postais para minha coleção e alguns repetidos,
aqueles que julgava os mais bonitos, para ter material de troca.
Organizei uma exposição na agência do Banco do Brasil onde
trabalhava, aqui em Martinópolis e, com grande surpresa, ganhei
minha primeira doação de postais. Um chefe dos vigilantes, que
visitava a cidade uma vez por mês, viu a exposição e disse que
na próxima visita traria alguns postais antigos, que pertenceram
ao avô dele, ninguém mais queria guardar aquele material. Ele
cumpriu a palavra, no mês seguinte trouxe um pacote com uns
200 postais de várias cidades e épocas, inclusive alguns de Bauru
(cidade onde ele morava) e vários de São Paulo e Rio de Janeiro
dos anos 1930 a 1940.
Foi a primeira de muitas doações que recebi nesses 18
anos de colecionismo. Já cheguei a receber mais de 500 postais
de uma senhora viúva do Rio, 300 de outra, 400 de uma leitora
174
que leu reportagem sobre meus postais numa revista de turismo
e muitos outros em diferentes épocas e maneiras. Também amigos
de várias cidades me ajudam, enviando postais para a coleção.
Comprei, nesses anos todos, grandes lotes de postais de
alguns colecionadores desistentes, além de coleções completas
de editoras desativadas como a Postal Cultural, de Curitiba. Já
arrematei muitos lotes em feirinhas de antiguidades e muitas
vezes comprei direto de editoras ainda em atividade. Por isso
hoje minha coleção já passou dos 130.000 exemplares. Mante-
nho correspondência com 80 outros colecionadores no Brasil,
entre eles há professores universitários, médicos, engenheiros,
advogados, comerciantes, balconistas, funcionários públicos,
estudantes, militares e diversas outras profissões, além de muitos
aposentados.
Além dos postais turísticos coloridos, mostrando cidades
e paisagens dos anos 60 até a atualidade, que são maioria na
minha coleção, também consegui acumular mais de três mil
postais datados das três primeiras décadas do século 20. São
postais de São Paulo, Rio de Janeiro e das capitais européias,
datados de 1900, 1901, 1903, 1905, 1910, 1920, 1930... alguns
deles mostrados neste livro. O postal, apesar de parecer tão frágil,
de ser um simples retângulo de papel, mostra-nos como viviam
as pessoas em tempos idos, como eram os meios de transporte,
como se vestiam, os edíficios onde moravam.
Com a coleção de postais, o gosto pela fotografia foi se
tornando mais arraigado. Inclusive existem algumas fotos de
minha autoria reproduzidas em postais. Na cidade onde resido,
por exemplo, foram produzidos dez modelos de postais, em di-
versas épocas, com fotos minhas (todos esgotados). A Socope,
em meados dos anos 90, produziu alguns postais com fotos de
estádios que cedi para eles. A Brascard-Postais do Brasil produ-
ziu 5 postais de São Paulo com fotos que autorizei a reprodução:
números 113 (Parque Burle Marx), 133 (Mosteiro de São Bento),
218 (Igreja da Consolação), 224 (Anhangabaú e Correio Central)
e 246 (Anhangabaú e Shopping Light)."
José Carlos Daltozo - Caixa Postal 117
19500-000 - Martinópolis - SP - E-mail: [email protected]
175
O Mistério da Imagem
176
José Francisco da Silva Neto, 40 anos, maestro e músico,
residente em Acari-RN. Coleciona postais de Tema Geral.
177
Pelé, o atléta do século
178
José Francisco Pavelec, entusiasta do ferreomodelismo
179
José Guido dos Santos, alagoano, dentista, 64 anos, casado,
5 filhos, coleciona postais de igrejas e arte religiosa, museus,
faculdades e escolas, índios, animais e orquídeas.
"Minha coleção de postais começou aos 15 anos (1957),
quando iniciei o “hobby” de escrever. Passei a guardar os postais
por achá-los lindos. Posteriormente, ganhei de uma tia alguns
postais antigos, verdadeiras relíquias do final do século 19 e início
do século 20. Com o passar dos anos, fui aprimorando a coleção.
Em 1975, conheci os máximos postais. Foi uma festa para
os olhos, pois já colecionava selos desde os 13 anos, também
herdados de uma outra tia. Poder juntar o selo e o postal foi
magnífico. Comecei a fazer meus próprios máximos postais. Fiz a
coleção “Uma viagem maravilhosa pelo Pantanal do Mato Grosso”
e expus na I EXBRAMAX. Qual não foi a minha decepção, ao
receber uma carta do Capitão Farmacêutico Raymundo Galvão
de Queiroz, dizendo que a coleção era linda, mas não concorreu
aos prêmios porque tinha muitos postais analógicos. Não sabia
ainda da existência de normas da Federação Internacional de
Maximafilia, que determinavam a concordância do selo, postal e
carimbo. Finalmente, fiz uma excelente amizade com o Galvão,
ex-presidente da Sociedade Brasileira de Maximafilia, SOMBRA,
meu primeiro professor, falecido recentemente. Tive outro exce-
lente amigo e professor, o General G. H. Faria Braga, do Rio de
Janeiro, conhecido mundialmente e membro da Federação Inter-
nacional de Filatelia, também falecido. Exponho regularmente,
tendo obtido na Exposição Vila Rica 2005, em Ouro Preto, uma
Medalha de Prata, com a coleção de máximos “Meu Brasil Bra-
sileiro”, em 6 quadros.
Selecionei meus temas preferidos em postais. Igrejas e arte
religiosa me fascinam, tenho mais de 5 mil postais neste tema.
Vou agrupando os outros temas, fazendo um roteiro. Exponho
anualmente na EXCART, em Juiz de Fora, MG. Já participei de
mais de 60 exposições no Brasil e em Portugal. Coleciono tam-
bém moedas, cédulas e cartões telefônicos. Ocupo o cargo de
Presidente do Clube Filatélico e Numismático de Alagoas desde
1986. Sou Jornalista Filatélico, filiado à ABRAJOF sob nº 233.”
José Guido dos Santos
Cx Postal, 255 -57020-970 - Maceió AL
E-mail: [email protected] e [email protected]
180
José Luiz Pizzol, médico capixaba, colecionador desde a
década de 1960
181
“Desde os meus dez anos de idade (na década de 1930),
já ficara entusiasmado com a beleza das estampas do sabonete
Eucalol. Com muito carinho guardava-as, juntando uma a uma,
sem saber que aquilo era uma coleção. Ou melhor, sem ter ainda
descoberto minhas aptidões de colecionador.
A partir dai não parei mais. Vieram os selos, as cédulas,
as moedas, álbuns de figurinhas e não me sentia no direito de me
desfazer de nada, nem mesmo os postais recebidos ou comprados
em viagens. Lá ficaram eles dispersos em gavetas ou até mesmo
em caixas de sapatos.
Quando um correspondente norte-americano, já falecido,
solicitou-me o envio de postais sobre faróis, percebi que o Farol
da Barra da minha cidade, Salvador, era retratado de vários ân-
gulos, de acordo com a sensibilidade do fotógrafo.
Encantei-me com a descoberta, saí em busca dos mesmos,
tendo hoje mais de uma centena de postais que mostram faróis,
nos quais pode-se constatar a própria evolução da arquitetura
local e o aprimoramento da beleza e o olhar do observador. Conti-
nuei buscando postais de outros monumentos importantes como
o Elevador Lacerda, cartão-postal marcante da Bahia. Também a
Prefeitura, a Igreja do Bonfim e outros locais bonitos e históricos,
constituindo uma variedade muito grande dos postais turísticos
de Salvador.
Em permanente contato com outros colecionadores, fiz
nova descoberta ao receber um belíssimo cartão mostrando uma
árvore e um seringueiro da região amazônica no momento da ex-
tração do latex. Os variados tipos de trabalho humano poderiam
ser um tema bem interessante e não pensei duas vezes em iniciar
uma nova coleção temática. Coleciono não só gente trabalhando
mas também locais de trabalho e ferramentas dos trabalhadores.
Com pouco tempo na cartofilia, já estou perto dos 10.000 postais.
Hoje, minha maior dedicação é descobrir as várias manei-
ras que os artistas representaram o momento marcante da Ceia
de Jesus com seus Discípulos. Já são mais de 70 maravilhas,
sem contar os textos e fotografias que vou conseguindo na busca
incessante de postais desse tema."
182
José Valério Cavalcanti, 73 anos, natural de Natal-RN, médico
cirurgião aposentado. Coleciona tema geral
183
Cartão-postal, uma paixão
184
até a Feira de Arte e Antigüidades, no vão do Masp – Museu de
Arte de São Paulo, aos domingos. Embora tenha iniciado o hobby
do colecionamento pelos postais de navios, hoje também faço
coleção de postais antigos da cidade de Santos. Adoro os cartões
dos anos 10 até o período pré-anos 60 do século passado, como
os da Rua XV, da Praça Mauá, do porto, das praias e dos antigos
hotéis.
185
Luiz Carlos Wanderley, bancário aposentado, residente em
Recife-PE, coleciona postais e principalmente amizades
186
Turismo e cartão-postal
187
Moisés de Pontes Lima, 44 anos, corretor de imóveis, cole-
cionador de todos os tipos de postais do Brasil e Exterior.
"No meu tempo de menino, olhava o horizonte e queria
enxergar atrás dos montes, queria conhecer o mundo. Como fa-
zer isso, se não tinha idade nem dinheiro? Era um menino, mas
tinha de encontrar um jeito. Um dia, por algum motivo, chegou
em minhas mãos um cartão-postal de Belo Horizonte. Como era
belo, olha-o e admirava, além do meu mundo, além do horizon-
te...Belo Horizonte. Ficava me imaginando andando naquelas
avenidas, entrando naqueles prédios, como eram altos! De que
forma as pessoas subiam até lá em cima? E aqueles viadutos,
praças, como era possível caber tudo dentro daquele postal? Eu
era um menino, olhava e pensava como criança.
Resolvi que quando crescesse viajaria pelo mundo intei-
ro, conheceria todas as cidades. Não sabia que para conhecer
todas precisava ter mil vidas, foi preciso crescer para descobrir
que aquele postal tinha mudado a minha maneira de ser. Afinal,
aos 14 anos descobri nas revistas do Tio Patinhas uma maneira
de conhecer o mundo, através de correspondências e trocas de
cartões-postais. Não tive dúvidas, escrevia todos os meses para
as revistas, até ver o meu nome publicado. Quando a revista vinha
para as bancas, era só alegria, recebia um número sem fim de
cartas e de postais, que guardo até hoje com muito carinho.
Um dia, já adulto, fiz uma exposição na Casa da Cultura
de Bauru e foi um sucesso. Ao término da exposição, um amigo
pediu para mostrar os postais para a família dele, simplesmente
nunca mais vi o amigo e nem os postais.Foi uma grande perda,
afinal naqueles postais havia uma história de vida e de amizades
feitas nos quatros cantos do mundo. Recomecei a coleção quase
do zero, agora estou chegando aos 30 anos de correspondências,
com um acervo de postais de diversos paises. Adquiri uma coleção
com 50 cartões que retratam a amizade de duas mulheres através
dos postais entre os anos de 1905 a 1917. Nos meus tempos de
menino, eu queria conhecer o mundo e realmente conheci vários
paises, mas o que me fez conhecer de fato as belezas do mundo
foram os postais".
188
Newton Ernesto Pacheco dos Santos, aposentado, residente em
Curitiba-PR. Coleciona postais de estádios. Editou livro e CD-
-Rom enciclopédicos inéditos sobre estádios de todo o Mundo.
"Coleciono postais de estádios de todo o Mundo, com acervo
girando em torno de 6.000 unidades. Para organizar a coleção mon-
tei um vasto acervo de informações de estádios, mantive contatos
telefônicos com várias cidades de nosso país e passei a fotografar
estádios objetivando novas edições. Fui o responsável pela criação
das séries PR-2000 (do Paraná), Catarinenses (de Santa Catarina)
e Brasil Tropical (do Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil). Sou
associado da SOCOPE desde a sua fundação, em 1986. Participei
de todos os Expoest/Encope de Curitiba, confeccionando painéis,
boletins e postais comemorativos.
Coordeno o Conselho Editor da entidade, responsável pela
seleção das fotos que serão editadas, e escrevo coluna no boletim
da mesma. Escrevi a matéria Football Temples na revista inglesa
Panstadia, divulguei as séries brasileiras na revista francesa Cartes
Postales et Stades, e editei postais de estádios no Equador e Espa-
nha.
Dos cinco sonhos como copeísta, realizei três: editei o livro
e CD-Rom "Palco das Emoções – Uma Pequena Enciclopédia dos
Estádios", criei uma página específica na Internet, e estabeleci uma
parceria para a edição de todas as séries particulares de postais de
estádios do Brasil. Os outros dois seriam tornar a estadiomania (pos-
tais, fotos, livros, revistas, maquetes, miniaturas e outras coleções
pertinentes) num passatempo que afaste os nossos adolescentes
da delinquência, e incrementar o turismo de estádios no país do
futebol. O livro e o cd tiveram grande e rápida aceitação, inclusive
no exterior. O primeiro é uma obra para quem gosta de estádios,
desde a origem do termo até o uso em finalidades escusas. Com
35 capítulos e 163 ilustrações, detalha redutos de todo o Mundo,
das Copas do Mundo e Olimpíadas. Também da Grécia e Roma
antigas, até os pioneiros e desativados. E para outros esportes, to-
talmente cobertos, projetos para o futuro, tragédias, curiosidades e
coleções. Já o cd mostra planilha com 5300 registros, arquivo com
2460 imagens, 5 apresentações com 75 painéis, estádios místicos
e normas. Pode ser adquirido pelo endereço do autor."
Newton Pacheco - Rua Benvenuto Gusso, 995, 82540-080 -Curiti-
ba-PR, Fone (41) 3257-5031, [email protected]
Site http://palcodasemocoes.weblogger.terra.com.br/index.htm
189
Nelson Godoy, artista plástico, gráfico, fotógrafo e editor de
cartões-postais.
"Ainda criança, ficava admirando os poucos postais que
chegavam à minha casa, mandados pelos parentes ou amigos
de meu pai. Quase sempre morando em pequenas cidades do
interior do Estado de São Paulo, foi minha maneira de conhecer
outros lugares.
Já na adolescência, procurando emprego na minha área,
fui trabalhar no Foto Postal Colombo; estávamos em 1958/9. Meu
trabalho, como desenhista (nankin a bico-de-pena), era produzir
a ilustração das capas dos álbuns de fotos (naquele tempo, eram
fotos mesmo, preto e branco). Eu pegava 3 ou 4 fotos, criava uma
montagem que representasse a cidade e fazia o desenho. Daí,
era feito um clichê, só traço preto e branco; as fotos (16 ou 20)
eram coladas numa cartolina, re-fotografadas, reduzidas e reve-
ladas num formato 24 x 30; as cópias eram cortadas ao meio, no
sentido longitudinal, dobradas tipo sanfoninha e coladas na parte
interna da capa; fiquei lá uns 4 ou 6 meses.
A lembrança mais forte dessa época é que Brasília estava
sendo construída em ritmo alucinante e a cada 30 ou 40 dias,
fazíamos um novo álbum sobre a Nova Capital do Brasil.
Muitos anos depois, já artista plástico com vasto currículo,
comecei a trabalhar com litografia – um tipo de gravura, na qual
o artista desenha diretamente na pedra – e me propus, como
tema, retratar as cidades históricas brasileiras, tombadas pelo
Patrimônio. Aperfeiçoei minha qualidade fotográfica, com o intuito
de facilitar a criação do projeto da litografia.
Comecei por Paraty e Ouro Preto, cidades mais próximas,
das quais eu já possuía material iconográfico. Quando estive
percorrendo o norte e o nordeste (final dos anos 70 e início dos
80) procurei comprar os cartões postais existentes, que pudes-
sem servir de referência para as gravuras e assim economizar
filmes, revelações, tempo e etc. Qual não foi minha surpresa ao
descobrir que o pouco material que estava à venda nas lojas era
um resquício de antigas editoras falidas, cartões amarelados,
encanudados, manchados, com automóveis tipo Aero-Willys,
Gordini e Brasílias velhas aparecendo em primeiro plano...e que
não mostravam a nossa realidade.
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Resumindo: uma calamidade, um desastre para um país
gigantesco como o Brasil, com toda essa maravilha existente,
dependendo de turismo para seu desenvolvimento...
Nem sei como me tornei editor de postais. Idealismo,
maluquice? Tirar dinheiro do salário para investir em um produto
que já havia levado à falência grandes editoras? Vender o produto
de porta em porta, convencer comerciantes tacanhos, ávidos por
lucro alto e rápido, de que o postal era interessante não só para
ele mas também para a cidade e o País?
Depois de alguns anos (e lá se vão mais de vinte!) cheguei
à conclusão de que foi mesmo Inspiração Divina que me moveu a
fazer esta loucura. Conheci pessoas maravilhosas, viajei cada vez
mais pelo meu País e só não fiz mais porque tenho consciência
das minhas limitações. Mas o que fiz, fiz de coração, com alma.
E tenho atingido meu objetivo principal: divulgar as belezas do
Brasil para o mundo.
O meu cartão postal campeão de vendas é o de nº 17, de
Paraty. A cidade foi sendo construída quase ao nível do mar, com
muitas áreas aterradas; as ruas da parte mais baixa da “cidade
histórica”, perto do mercado de peixes, estão cerca de 16 cm
acima da preamar. Quando a maré enche, as águas invadem as
ruas daquela região. O fenômeno ocorre todos os dias, à tardinha
e de madrugada e é um espetáculo muito bonito, com o casario
colonial refletido nas águas quase paradas.
Na Rua da Praia estão localizados antigos casarões, com
requintes arquitetônicos nas fachadas e símbolos maçônicos. O
reflexo desses casarões nas águas proporciona um belo visual,
digno de um cartão postal. Foi o que fiz e esse postal nº 17 até
hoje é um campeão de vendas, bancando muitos outros que não
tem a mesma aceitação.
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Paulo Roberto Carlucci, cartofilista aprendiz, reside em Ribei-
rão Preto-SP e coleciona os temas arquitetura (principalmente
prédios históricos), praças e trens.
"O cartão postal é uma verdadeira enciclopédia ilustrada
– antigo ou moderno, colorido ou não - que nos presta grandes
ensinamentos em várias áreas da cultura e conhecimento, ser-
vindo inclusive como paradigma de comparação entre o passado
e o momento atual. Por exemplo, quando traçamos um paralelo
entre o que determinada urbe era alguns anos passados, e o que
retrata hoje urbanisticamente e arquitetonicamente, mostrando o
avanço de nossa arquitetura, ou muitas vezes, até o retrocesso.
Nota-se ainda os trajes que se utilizavam “naqueles
tempos”, cuja indumentária reprisada no postal, eventualmente
poderá servir para um pretenso relançamento de modelos há
muito esquecidos. O cartão postal estará sempre presente na
nossa vida. Quer como lembrança de um lugar bonito e aprazível
que visitamos, quer para nos trazer conhecimento, informação ou
documento e pesquisa. Assim, é inesquecível o trato com essa
peça de arte!
Assim, o postal é, sem sombra de dúvidas, um arquivo da
memória dos povos, tanto no lado afetivo, como também docu-
mental. Um tópico muito importante que não se poderia relegar
ao esquecimento, é o papel fraternal que nos traz o cartão postal,
dado o fato de aproximar milhares e milhares de pessoas em
todo mundo, os quais trocam correspondências com o escopo
de permutarem postais. Essa aproximação acaba muitas vezes
gerando uma grande amizade entre os cartofilistas, envolvendo
outras peculiaridades inerentes e mais profundas a um bom re-
lacionamento.
Finalizando, gostaria de dizer que é realmente muito
gratificante ser um colecionador de postais, ou como queiram,
um cartofilista, levando-se em consideração os benefícios, aliás,
somente benefícios e prazer que nos oferecem. Razão esta que
conclamo ao leitor ser mais um de nossos confrades, juntando-
-se ao nosso meio, para iniciarmos já, permutas de postais, claro!
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“Que seja infinito enquanto dure...”
"Cada colecionador é um colecionador e as razões que inspi-
ram a predileção não coincidem. O que é precioso para alguém pode
ser insignificante para outrem. Na Cartofilia existem motivações
contrastantes, desde o encanto pela história, temas, busca de van-
tagem financeira, adesão a modismos etc. O vírus do colecionismo
surge na infância, na juventude ou na maturidade. Independe de
sexo, raça, religião, condição financeira ou social. Some, hiberna,
perece ou ressuscita. Quando transformado em obsessão causa
danos irremediáveis, pois a busca das peças ambicionadas trans-
torna a razão.
Considero que ninguém é proprietário de coleção, devido à
efemeridade humana. Os objetos é que “possuem” as criaturas que
os reuniram. Somente sobrevivem os nomes dos colecionadores
registrados em livros, revistas, bancos de dados ou memória dos
amigos. Quase sempre, em função do determinismo biológico, pro-
blema econômico ou desencanto, passam a outras mãos. Funda-
mental é o sentimento que propiciaram e reconhecer, parodiando
Vinicius, que o acervo, grande ou reduzido – tal como o amor -,
não será “...imortal , posto é chama, mas que seja infinito enquanto
dure...”
Carioca da Tijuca, bairro do mestre e amigo Elysio Belchior,
comecei menino, juntando tampinhas de cervejas, carteiras de cigar-
ros, chaveiros, figurinhas, passando pelos selos, moedas, cédulas e,
mais tarde, imagens sacras. Convivi na juventude, no Leblon, com
o amigo Octavio do Espírito Santo Filho, quando as predileções eram
outras. Desde 1960 em Brasília, detive o colecionismo até os anos
80, quando encontrei, por intermédio do amigo Antonio Miranda, os
cartões-postais e redescobri vistas que registravam retalhos do
passado, confrontando mudanças de paisagens, aspectos arquitetô-
nicos e costumes que desapareceram. Enxerguei, na precariedade
da minha visão, o que se oculta nas imagens preservadas pelos
postais, conforme a ótica e interesse do observador.
Optei pelos postais do período 1960/70, da Gráfica Franco-
-Brasileira em geral, que sistematizei – cerca de 500 - e pelos preto
e branco de Brasília, a partir de Agenor e Colombo, sem desprezar
os coloridos supervenientes, que documentam a gênese e evolução
candanga, arrolando perto de 3.000."
Pedro J. X. Mattoso – SQS 305 - Bloco C - ap.401
CEP 70352-030 – Brasília - DF-Tel/Fax 61 - 3242-7401
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Porto Card cria Guia Turístico e o distribui no Brasil e Exterior
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Rafael Telles, coleciona apenas postais selados e com carim-
bo do Correio da cidade retratada, endereçados a ele.
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Roberto Mueller Novaes, engenheiro agrônomo aposentado e
agropecuarista. Coleciona os temas: Igrejas, Pontes, Cachoei-
ras, Ilhas, Fortes e Faróis.
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Roni Carlos Picelli, 40 anos, micro-empresário residente em
Rio Claro-SP. Coleciona Tema Geral, só não gosta dos postais
publicitários.
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Samuel Gorberg, editor da Carta Menal da ACARJ
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Sérgio Janini Brandão, 48 anos, funcionário público federal,
residente em Araçatuba-SP. Coleciona tema geral, nacionais
e estrangeiros, embora tenha preferência por igrejas, arqui-
tetura e vistas de cidades.
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Postais de Minas divulga o turismo mineiro
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Tiago Valenciano, 19 anos, colecionador de postais de está-
dios de futebol, com preferência pelas vistas aéreas. Também
edita uma série de postais (TV).
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Um estranho (nem tanto, talvez) no ninho
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O florescer do colecionismo cultural
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Walter Magalhães Guaycuru Sobrinho, 43 anos, residente em
Guaratinguetá (SP). Coleciona o tema Pontes.
12502-050 - Guaratinguetá SP
E-mail: [email protected]
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Dados Técnicos:
Digitação e diagramação do Autor
Edição das fotos e capa: Kelly Lopes
Revisão: Célia Picchi Daltozo
Capa: Cartão-Postal da Rua Direita em
S. Paulo, década de 1920
Impressão: Gráfica Cipola-- Pres. Prudente (SP)
Capa: Triplex 300 gramas 4 cores
Interno: Couchê brilhante 115 gramas
Tipologia: Textos Arial 12 e Legendas Arial 9
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