Eng.
Adolfo Chaual- Betão Estrutural II
TEMA IV: Dimensionamento do pré-esforço em vigas isostáticas
Equação limites de tensões
Perdas de pré-esforços totais em cabos
Diagrama de Magnel
1. Dimensionamento do pré-esforço em vigas isostáticas
1.1. Pré-dimensionamento de um elemento pré-esforçado
1.1.1. Pré-dimensionamento da secção
𝑳
A altura de uma viga pré-esforçada pode ser estimada a partir da relação 𝒉 ≅ .
𝟏𝟓 𝒂 𝟐𝟎
Refira-se que esta estimativa é da ordem de 1.5 a 2 vezes superior ao corrente para uma viga de
betão armado, devido ao melhor controlo das deformações e facilidade de pormenorização de
armaduras, como atrás já referido.
1.1.2. Traçado do cabo
A escolha do traçado dos cabos deve ser feita com base no diagrama de esforços das cargas
permanentes. Em geral o cabo de pré-esforço deve estar situado na zona traccionada das secções
ao longo da viga.
a) Princípios base para a definição do traçado dos cabos de pré-esforço
Traçados simples: troços rectos ou troços parabólicos (2º grau);
Aproveitar a excentricidade máxima nas zonas de maiores momentos (ver nota);
Sempre que possível, nas extremidades, os cabos deverão situar-se dentro do núcleo central
da secção;
O traçado do cabo (ou resultante dos cabos) deverá cruzar o centro de gravidade da secção
numa secção próxima da de momentos nulos das cargas permanentes (mas só de uma forma
qualitativa);
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Devem respeitar-se as restrições de ordem prática da construção e os limites
correspondentes às dimensões das ancoragens e resistência do betão, necessários para
resistir às forças de ancoragem;
Notas:
i) A excentricidade máxima dos cabos depende do recobrimento a adoptar para as bainhas dos
cabos de pré-esforço, deve ter em consideração que em vigas, o recobrimento mínimo das bainhas
é : 𝑟𝑚𝑖𝑛 = min (∅𝑏𝑎𝑖𝑛ℎ𝑎𝑠 ; 8 cm);
ii) o ponto de inflexão do traçado está sobre a recta que une os pontos de excentricidade máxima;
iii) O raio de curvatura dos cabos deve ser superior ao raio mínimo que, simplificadamente pode
ser obtido pela expressão 𝑅𝑚𝑖𝑛 [m]= 3 √𝑃𝑢 (onde Pu representa a força última em MN).
1.1.3. Pré-dimensionamento da força de pré-esforço útil
O valor da força útil de pré-esforço pode ser estimado através dos seguintes critérios:
Critério do balanceamento das cargas
𝒒𝒆𝒒 ≅ (𝟎, 𝟖 𝒂 𝟎, 𝟗)𝒒𝒄𝒒𝒑
ou, de uma forma mais rigorosa,
Critério da limitação da deformação
𝛿𝑝𝑒 ≅(0,8 a 0,9)𝛿𝐶𝑞𝑝 , tal que no final 𝛿𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = (1 + 𝜑)( 𝛿𝐶𝑞𝑝 − 𝛿𝑝𝑒 ) ≤ 𝛿𝐴𝑑𝑖𝑚𝑖𝑠𝑠𝑖𝑣𝑒𝑙
𝐿 𝐿
Com 𝛿𝐴𝑑𝑖𝑚𝑖𝑠𝑠𝑖𝑣𝑒𝑙 ≅ 500 𝑎 ( dependente da utilização da obra)
1000
Critério da limitação da fendilhação
EC2 – parágrafo 7.3.1(5): Estados Limites de Fendilhação a considerar
A segurança em relação ao estado limite de descompressão considera-se satisfeita se, nas secções
do elemento, a totalidade dos cabos de pré-esforço se situar no interior da zona comprimida e a
uma distância de, pelo menos, 0.025 m ou 0.10 m relativamente à zona traccionada, para estruturas
de edifícios ou pontes, respectivamente.
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Na prática, será preferível assegurar que nas secções do elemento não existem tracções ao nível da
fibra extrema que ficaria mais traccionada (ou menos comprimida) por efeito dos esforços
actuantes, com exclusão do pré-esforço.
1.1.4. Valor da força de pré-esforço. Definição dos cabos
1.1.4.1. Força máxima de tensionamento
De acordo com o EC2, a força máxima a aplicar num cabo de pré-esforço é dada pela seguinte
expressão:
𝑷𝒎𝒂𝒙 = 𝑨𝒑 . 𝝈𝒑.𝒎𝒂𝒙
onde,
𝝈𝒑,𝒎𝒂𝒙 = min (0.8 fpk; 0.9 fp0,1k) e representa a tensão máxima a aplicar aos cordões na altura da
aplicação do pré-esforço.
Após a transmissão da força para a ancoragem as tensões admissíveis são as seguintes: 𝝈𝒑,𝒎𝒂𝒙 =
min (0.75 fpk; 0.85 fp0,1k).
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1.1.5. Verificação da Segurança aos Estados Limite Últimos
1.1.5.1. Estado limite último de flexão
a) Pré-esforço do lado da resistência
b) Pré-esforço do lado da acção
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Através das equações de equilíbrio,
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1.1.5.2. Estado limite último de esforço transverso
O efeito do pré-esforço na resistência ao esforço transverso da viga é traduzido pela componente
vertical da força do cabo conforme esquematizado na figura seguinte.
Em geral, considera-se o pré-esforço do lado da acção. A verificação da segurança é realizada de
acordo com o seguinte formato.
Notas:
Para elementos comprimidos (caso de elementos pré-esforçados) 𝜃 ≅ 22° 𝑎 26°;
Caso o somatório do diâmetro das bainhas de pré-esforço existentes num determinado nível
seja superior a 1/8 da largura da secção a esse nível, deve considerar-se a largura a esse
nível reduzida de metade da soma dos diâmetros das bainhas.
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Bainhas metálicas injectadas:
𝑏𝑤,𝑛𝑜𝑚 = 𝑏𝑤 − 0,5. ∑ 𝜃
Bainhas não injectadas, bainhas plásticas injectadas e armaduras não aderentes:
𝑏𝑤,𝑛𝑜𝑚 = 𝑏𝑤 − 1,2. ∑ 𝜃
Estes requisitos resultam do efeito do cabo na redução da resistência à compressão da alma. A
figura seguinte ilustra o esmagamento da alma de uma viga ao longo do cabo de pré-esforço por
acção do esforço transverso.
Figura 1 : esmagamento da alma de uma viga ao longo do cabo de pré-esforço
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Exemplo 1:
Considere a viga pré-esforçada representada na figura, bem como o diagrama de momentos
flectores devido à acção do pré-esforço.
a) Calcule e represente as cargas equivalentes ao efeito do pré-esforço para o traçado de cabos
indicados, considerando uma força de pré-esforço P.
b) Estime o valor da forca de pré-esforço útil necessária para garantir a descompressão da
viga, para a combinação quase-permanente de acções. Indique o numero de cabos e cordoes
que adoptaria.
c) Verifique a segurança ao estado limite ultimo de flexão da viga.
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