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Livro Ilhabela 41-50

Este documento descreve a história do arquipélago de Ilhabela, no Brasil. Abrange tópicos como os muitos naufrágios ao longo de sua costa perigosa, os tesouros ainda por descobrir e mistérios relacionados a naufrágios históricos, e a reputação de Ilhabela como capital da vela devido às excelentes condições do vento e mar.

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Livro Ilhabela 41-50

Este documento descreve a história do arquipélago de Ilhabela, no Brasil. Abrange tópicos como os muitos naufrágios ao longo de sua costa perigosa, os tesouros ainda por descobrir e mistérios relacionados a naufrágios históricos, e a reputação de Ilhabela como capital da vela devido às excelentes condições do vento e mar.

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UMA VIAGEM PELA HISTÓRIA DO ARQUIPÉLAGO DE ILHABELA

Naufrágios

Dezenas de naufrágios pontilham as costeiras


do arquipélago de Ilhabela. A explicação para
tantos naufrágios seria a de que as embarcações
tinham seus instrumentos de navegação altera-

Marco Aragão
dos por inexplicável campo magnético; o que
fazia as embarcações desviarem muitas milhas de
suas rotas e colidirem em cheio com as rochas
e lajes submersas da costeira da Ilha de São
Sebastião.
Exagero ou não, o caso é que, se por um lado
a perigosíssima costa sul da Ilha de São Sebastião
ficou conhecida como o Triângulo das Bermudas
da América do Sul, por outro lado, o arquipélago
de Ilhabela também é considerado o paraíso do
mergulho em naufrágios.
Dezenas de embarcações, entre rebocadores,
cargueiros, veleiros antigos, vapores e navios de
passageiros, além de servirem de moradia para
A longa lista de naufrágios registrados começa
os habitantes do fundo do mar, fazem a alegria
a partir do vapor inglês “Dart”, embarcação de
dos modernos mergulhadores.
transporte misto (carga e passageiros) que, em
1884, foi de encontro à costeira da Itaboca en-
coberta pela cerração.
Dentre as embarcações que foram ao fundo
no entorno da Ilha de São Sebastião, podemos
destacar os vapores brasileiros “Aymoré” (passa-
geiros e carga, 1920), “Therezina” (carga e pas-
sageiros, 1919) e “Atilio” (carga, 1905), o va-
por de carga britânico “Whator” (1909) e o
espanhol “Príncipe das Astúrias” (1916), um
luxuoso transatlântico que afundou em uma
terça-feira de carnaval, registrando um número
oficial de 477 mortes. Especula-se, porém, que
também teriam morrido centenas de refugiados
da Primeira Guerra Mundial que estariam nos
porões do paquete.

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UMA VIAGEM PELA HISTÓRIA DO ARQUIPÉLAGO DE ILHABELA

Tesouros e
mistérios

A Ilha de São Sebastião

Marco Aragão
possui cerca de 140 km de
perímetro formado por
costões rochosos e dezenas
de praias com água muito
limpa; às vezes azuis, às ve-
zes verdes, mas sempre
muito limpas.
Não existe um caminho
que circunde o perímetro da
ilha. Cerca de 100 quilôme-
tros de costas voltadas para
o alto-mar não dispõem de
estradas; e nunca terão, pois
esta faixa, que ainda man-
tém os últimos remanescen-
tes de Mata Atlântica – de-
clarada reserva da Biosfera
pela Unesco (Organização das Nações Unidas para pedras preciosas. Segundo aqueles que trabalha-
a Educação, a Ciência e a Cultura) –, ou estão em ram com Thiry naquela parte inóspita de Ilhabela,
áreas tombadas pelo Condephaat (Conselho de possível de ser atingida somente por barco, o
Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, “Mistério da Trindade” estaria ligado às riquezas
Artístico e Turístico do Estado de São Paulo), ou do Peru. Por ocasião da emancipação da América
integram o Parque Estadual de Ilhabela. espanhola, um navio saiu daquele país carregado
Locais como a Baía dos Castelhanos, com suas com onze barris de ouro em pó, duas caixas com
praias paradisíacas, permanecerão para sempre barras de ouro e outra repleta de jóias, diamantes
iguais ao dia em que ali desembarcaram os pri- e pedras preciosas, provindas de igrejas e parti-
meiros europeus. culares. Desapareceu sem deixar quaisquer ves-
Foi em Castelhanos, mais precisamente no tígios por volta de 1821.
Saco do Sombrio, que o engenheiro belga Paul Outros dizem que por trás do “Mistério da
Ferdinand Thiry passou cerca de 30 anos pro- Trindade” estaria parte do famoso tesouro de
curando solucionar o que ele acreditava ser o Monte Cristo, fruto de anos de pirataria. Há
“Mistério da Trindade”, que envolveria um te- também os que são da opinião de que o tesouro
souro calculado em £5 milhões de libras ester- se achava sob proteção de uma organização
linas, constituído de ouro em pó, em barras e secreta de piratas.

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UMA VIAGEM PELA HISTÓRIA DO ARQUIPÉLAGO DE ILHABELA

A capital
da vela

Conhecida como a Capital da Vela pela exce- para grandes eventos como a Semana de Vela de
lência das condições de vento e mar do Canal de Ilhabela, a mais importante da América Latina.
São Sebastião, Ilhabela tem sido cenário de di- O sistema de ventos e correntes, existentes no
versas competições que ocorrem durante o ano canal que separa o arquipélago do continente,
inteiro e trazem velejadores de todo o Brasil e de transformou o local em verdadeira raia de com-
diversas partes do mundo. O município tem petições de vela e esportes náuticos. As “raias”
clubes náuticos, clubes e escolas de vela que para as velejadas variam de acordo com a direção
oferecem todo tipo de serviço especializado, des- do vento. Quando venta leste, a Ponta das Canas
de aulas e aluguel de embarcações até suporte vira um dos melhores lugares do Brasil para a

Nivaldo Simões

Semana de Vela de Ilhabela, a mais importante competição de vela oceânica da América Latina.

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Martin Ramos UMA VIAGEM PELA HISTÓRIA DO ARQUIPÉLAGO DE ILHABELA

mês de julho e chega a reunir


quase 200 embarcações oceâ-
nicas e outros 200 veleiros da
classe monotipo. Dentre os
monotipos, destaque para as
classes Laser, Optimist, Pin-
güim, Hobie Cat 14, Hobie Cat
16, Star, 470 e Tornado, que
também costumam disputar
em Ilhabela diversas etapas dos
campeonatos de vela – estadu-
ais, brasileiros e internacionais.
Entre os esportistas de des-
taque, Ilhabela abriga o cam-
peão paulista e brasileiro de
Hobie Cat 14 José Roberto de
Jesus, o “Beto de Mazinho”.
Além do Grêmio de Vela, que
Nivaldo Simões

reúne os velejadores da cidade,


a prefeitura mantém uma es-
cola de vela municipal, o Pro-
jeto Navegar, que inicia os in-
teressados neste esporte na Ilha.
O Projeto Navegar nasceu
da parceria entre a prefeitura
de Ilhabela e o Ministério de
Esporte e Turismo, com a fina-
lidade de incentivar crianças e
adolescentes da rede pública
municipal e estadual com inte-
resse no esporte náutico. O
núcleo de Ilhabela conta com
ampla estrutura: sala de aula
prática de windsurfe e kitesurfe. O visual de suas equipada com recursos de som e imagem, refei-
velas coloridas, cada vez em maior número, é tórios, banheiros com vestiários, parte adminis-
um cenário que vale a pena ser apreciado. Quan- trativa, 15 embarcações da classe Optimist, 15
do venta sul, os velejadores praticam o esporte caiaques, dois botes com motores de popa, além
em toda a extensão do canal. Os melhores locais de equipamentos de segurança. Os novos pré-
para a prática da vela são ao largo da Ponta das dios estão integrados à Secretaria de Turismo.
Canas, da praia da Armação, da praia do Pinto, A prática de windsurfe fez surgir uma sede da
da Ponta Azeda, da praia do Engenho D’Água e categoria na Ponta das Canas. Nos últimos três
da praia do Perequê. anos, o kitesurfe é uma das modalidades que mais
A maior competição realizada pela cidade é a vêm ganhando impulso, tornando Ilhabela uma
Semana de Vela de Ilhabela, que acontece todo referência nacional neste esporte.

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UMA VIAGEM PELA HISTÓRIA DO ARQUIPÉLAGO DE ILHABELA

Patrimônio
cultural e histórico

A Vila Igreja Matriz de Nossa


O primeiro povoado de Ilhabela formou-se Senhora D’Ajuda e
onde é hoje o centro da cidade – conhecido Bom Sucesso
como Vila – e que abriga alguns dos rema-
nescentes do patrimônio arquitetônico do mu- A primeira capela dedicada a Nossa Senhora
nicípio, tais como a Igreja Matriz, o Fórum e D’Ajuda e Bom Sucesso foi construída na Vila
Cadeia, e o casarão que agora abriga a Secretaria entre o final do século XVI e início do XVII pelo
Municipal de Cultura. Na Vila estão também vigário de São Sebastião, padre Manuel Gomes
alguns dos canhões que foram utilizados no sis- Pereira Marzagão. Por volta de 1793, a capela
tema de fortificação construído no período co- estava em ruínas e uma outra foi construída em
lonial para defender Ilhabela dos ataques de seu lugar pelo padre Manoel Jorge, da Vila de
corsários e piratas. São Sebastião, que confiou o trabalho a Matias
José Bittencourt. No início de 1800, o Coronel
Nivaldo Simões

Julião de Moura Negrão Neto começou a cons-


truir a igreja que até hoje está localizada aos pés
do Morro do Cantagalo, inaugurada em 2 de
fevereiro de 1803 pelo padre de São Sebastião,
João Rodrigues Coelho. Com a criação de Vila
Bela da Princesa em 1805, Moura Negrão co-
meçou a preparar a igreja para matriz. Final-
mente, em 20 de setembro de 1809, o Príncipe
Regente Marquês de Angeja decretou a criação
da Paróquia de Nossa Senhora D’Ajuda e Bom
Sucesso, que se desmembrou da Freguesia da
Vila de São Sebastião.
Seu frontispício é simples, com característico
estilo jesuítico do período colonial. O interior do
templo tem aproximadamente 40 metros de
comprimento por dez de largura. O forro da
matriz traz uma grande imagem da Padroeira,
obra do professor Alfredo Oliani. Também são
de sua autoria as esculturas dos quatro santos –
Igreja Matriz. em estilo barroco – postadas defronte à igreja.

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UMA VIAGEM PELA HISTÓRIA DO ARQUIPÉLAGO DE ILHABELA

Salão de Artes Plásticas


Waldemar Belisário Waldemar Belisário
Nasceu na capital de São Paulo em 20 de setem-
Ilhabela tem abrigado, ao longo das últimas bro de 1895; filho dos italianos Antônio Pellizzari e
décadas, inúmeros artistas, que aqui se estabelece- Fortunata Bicego Pellizzari. Seu pai foi um grande
ram em busca de ambiente e temas para suas obras. artista em marchetaria e escultura em madeira.
O pioneiro foi Waldemar Belisário, que chegou a Belisário passou parte da adolescência na Itália, Fran-
Ilhabela em 1929 para retratar a natureza exube- ça e Alemanha, países onde desenvolveu o pendor
rante e levá-la à Europa, na viagem-prêmio que para as artes e o convívio no meio artístico. Foi dis-
ganhara do governo federal. Por razões políticas, cípulo de Ficher Elponse e também de Pedro
Belisário nunca chegou a desfrutar o prêmio, esten- Alexandrino, no ateliê de Tarsila do Amaral, irmã de
dendo-se por vários anos a sua estada em Ilhabela, criação de Belisário. Em 1916, conquistou um prêmio
onde veio a casar-se com Celina Guimarães. pela primeira vez, no Salão Nacional de Artes Plás-
Por meio de Belisário, Ilhabela começava a ser ticas do Rio de Janeiro. Em 1922, ele organizou e
reconhecida no meio artístico paulistano, e, por participou do I Salão Paulista de Artes Plásticas; rea-
lizado no Palácio das Indústrias após quatro meses
meio de Celina, alguns caiçaras começavam a de-
do encerramento da Semana de Arte Moderna. O
senvolver suas vocações para a pintura, escultura
I Salão – que ficou conhecido oficialmente como pri-
e música. Assim o município adquiriu, e ainda
meira Exposição Geral de Belas-Artes em São Paulo
hoje mantém, nas artes plásticas uma forte expres-
– foi promovido por um grupo de artistas denomi-
são, apresentando diversas tendências e técnicas, nados “pintores de arrabalde”, liderados por Belisário
da pintura acadêmica à arte contemporânea. e Henrico Manzo. Foi uma forma de contestar as
Depoimentos dão conta que, em 1968, um exclusões desses artistas da Semana de Arte Mo-
grupo de artistas plásticos – nascidos ou radicados derna. Daí em diante, Belisário expõe em Santos,
em Ilhabela – reuniu-se para solicitar ao prefeito Porto Alegre, São Paulo; participa na inauguração da
da época, Geraldo Augusto Procópio da Cunha galeria Domus de uma histórica exposição conjunta
Junqueira, um local para exporem seus trabalhos. com sua esposa Celina Guimarães Pellizzari,
Após reunião realizada durante um jantar na casa Waldomiro Siqueira, Danilo Di Prete e Anatol Wla-
do prefeito, foi cedido a eles um espaço para que dislaw. Em 1975, foi convidado por Pietro Maria Bardi
expusessem suas obras. Nasce aí o I Salão de Artes – que veio a Ilhabela especialmente para encontrar
Plásticas de Ilhabela que, mais tarde, receberia o o amigo – a realizar no Masp (Museu de Arte de São
Paulo) sua última exposição em vida. Seus quadros
nome de Waldemar Belisário.
– com cores muito características – retrataram
amplamente o folclore brasileiro; principalmente o de
Ilhabela, onde residiu alternadamente desde 1930.
Associação Amigos da Biblioteca de Ilhabela

Waldemar Belisário. Congada. Óleo sobre madeira


71 x 1.00 m, coleção Iracema Lopes Correa.

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UMA VIAGEM PELA HISTÓRIA DO ARQUIPÉLAGO DE ILHABELA

Nivaldo Simões
Entre 1969 e 1974 foram feitas ex-
posições esporádicas trazendo sempre
nomes de expressão, como Agostinho
dos Santos, artista do teatro.
De acordo com o artista plástico
ilhabelense Giba Pinna, a primeira mos-
tra aconteceu no ano de 1968, onde
hoje está a Praça Professor Alfredo
Oliani.
Desse primeiro encontro participa-
ram Fernando Odrizola, Waldemar
Belisário, Rafael Desimone, Iraê, Durval
Palermo e Yannik, sempre com a pre-
sença de Fernando Silva, grande cole-
cionador de obras de arte, que trazia
artistas para Ilhabela.
Nos anos que se seguiram foram
realizadas várias exposições, e hoje o
Salão se transformou num grande even-
to, reunindo artistas de todo o País.

Biblioteca Municipal
de Ilhabela
Freqüentar uma biblioteca ou livra-
ria para ler um livro – em uma época
em que a informática é o idioma e novas
tecnologias não param de surgir – pode
parecer romantismo, mas é uma ques-
tão de cultura. Antiga Cadeia e Fórum.
Quando se trata de cultura, é essen-
cial o papel das bibliotecas públicas. Ao contrário já recebeu visitantes ilustres; foi a “salvação” de
das livrarias, que segregam e hierarquizam seu veranistas impacientes com as chuvas do litoral;
público, as bibliotecas públicas conseguem ma- recebeu incontáveis grupos de estudantes; en-
terializar o ideal utópico dos socialistas. A biblio- fim, cumpriu a eterna missão de oferecer livros
teca pública é o território da igualdade, onde às pessoas deste País tão carente por cultura,
todos, sem exceção, têm acesso à cultura. Não é, conhecimento e consciência. Platão, Vinicius de
pois, sem motivo que Ilhabela tem a maior bi- Moraes, Sigmund Freud, Gabriel Garcia
blioteca pública do Litoral Norte. Reformada e Márquez, Jorge Amado, James Joyce, Fernando
ampliada, a Biblioteca de Ilhabela reabriu suas Pessoa, Aristóteles, Hermann Hesse, Carlos
portas, colocando novamente à disposição o seu Drummond de Andrade, Albert Camus, Clarice
acervo de aproximadamente 22 mil volumes. A Lispector, Thomas Mann, Machado de Assis...
Biblioteca de Ilhabela – que funciona desde 1980, Estão todos lá.

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UMA VIAGEM PELA HISTÓRIA DO ARQUIPÉLAGO DE ILHABELA

O Patrimônio dos até o momento quatro tipos de sítios. Os


Arqueológico de Ilhabela mais antigos datam de cerca de 2,5 mil anos e
são chamados de “sítios concheiros”, formados
Desde 1998 os sítios arqueológicos existentes por grandes quantidades de conchas de moluscos
no Arquipélago ilhabelense estão sendo cadastra- marinhos (berbigão, ostra, mexilhão etc.), espi-
dos pelo Projeto Arqueológico de Ilhabela, co- nhas de peixe e ossos de animais, artefatos e
ordenado pelo arqueólogo Plácido Cali, e sepultamentos humanos. Os “sítios concheiros”
possuem enorme potencial científico para escla- foram habitados por sucessivos grupos de indí-
recer questões ainda presentes. Foram encontra- genas conhecidos como “homens coletores e
pescadores do litoral”, que não praticavam a

Plácido Cali
agricultura, não produziam peças cerâmicas e
confeccionavam instrumentos de pedra polida e
lascada, como machados e pontas de flecha.
Raros “sítios concheiros” do litoral paulista
foram objeto de estudo. Os que foram analisa-
dos pelo Projeto Arqueológico de Ilhabela –
localizados próximos ao mar – apontam que
seus moradores preferiam as meias encostas das
ilhas menores do arquipélago (ilhas dos Búzios,
Vitória e dos Pescadores).
Outro tipo de sítio arqueológico é o “abrigo
sob rocha”, local utilizado para acampamentos
ou sepultamentos. Podem estar associados aos
“sítios concheiros”.
Potinho cerâmico – sítio Aldeia jê do Sertão do Ilhote. Também foram encontrados pelos pesquisa-
dores do Projeto dois “aldeamentos indígenas”,
ambos localizados na Ilha de São Sebastião. No
topo de um morro localizado no bairro do Viana
foram achadas centenas de fragmentos de potes
cerâmicos indígenas. Esse tipo de material tam-
Pederneiras de sílex – bém foi localizado em outros sítios arqueológi-
Sítio Pacuíba. cos pré-coloniais, sendo alguns em “abrigos sob
rocha”. Embora praticamente todo o Litoral
Norte tenha sido ocupado por tribos Tupi, a
Plácido Cali

cerâmica descoberta no sítio Aldeia Viana – e


também no sítio Aldeia Sertão do Ilhote – dis-
tingue-se do material cerâmico que tradicional-
mente é associada àquela cultura. De acordo com
estudos preliminares, a cerâmica descoberta nes-
ses dois sítios arqueológicos possui característi-
cas diferenciadas, indicando terem sido produzidas
Faiança Inglesa Século XIX – Sítio Pacuíba. por indígenas no tronco macro-jê.

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UMA VIAGEM PELA HISTÓRIA DO ARQUIPÉLAGO DE ILHABELA

O quarto tipo de sítio arqueológico cadastra- São do século XIX ou final do século XVIII a
do pelo Projeto Arqueológico de Ilhabela teste- maioria das antigas construções cadastradas pelo
munha a presença européia desde a colonização. Projeto, erguidas em alvenaria de pedra e cal,
Neste tipo de sítio estão as ruínas de antigas característica do litoral paulista. Nesses sítios ar-
fazendas de cana-de-açúcar ou de café, enge- queológicos são normalmente achados objetos de
nhos, fortes, alambiques, igrejas, serrarias, mo- uso doméstico, tais como louças e garrafas de
radias, cemitérios, entre outros. vidro importadas, cerâmica e cachimbos de barro.

Nivaldo Simões

Fazenda Engenho D’Água.

Fazenda Engenho D’Água A preservação da sede da fazenda foi assegu-


rada pelo tombamento histórico efetivado em
Quando sua sede foi levantada em 1785, a 1945, guardando ainda muitas das característi-
Fazenda Engenho D’Água ocupava uma área de cas originais da edificação; tais como os porões
300 alqueires, sendo que sua principal atividade que serviam de senzala e as seteiras que permi-
era voltada para a produção de açúcar e cachaça, tiam aos moradores atirar contra os invasores
utilizando um engenho movido a roda d’água. e saqueadores.

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UMA VIAGEM PELA HISTÓRIA DO ARQUIPÉLAGO DE ILHABELA

Patrimônio natural,
turismo e lazer.

Parque Estadual Entre as pontas da Sela e das Canas, ou seja,


de Ilhabela na região voltada para o Canal de São Sebastião,
o limite do PEI é estabelecido pela cota altimétrica
O Parque Estadual de Ilhabela (PEI) é uma de 200 metros. Entre a Ponta das Canas e a praia
unidade de conservação que foi criada em 20 de da Figueira, o limite fica na cota altimétrica de
janeiro de 1977 pelo decreto estadual nº- 9.414, 100 metros; o mesmo ocorrendo entre a Ponta
abrangendo uma superfície de 27.025 hectares, da Sela e a praia da Indaiauba. No trecho exis-
o que equivale a cerca de 77,6% de parte da Ilha tente entre as praias da Indaiauba e Figueira,
de São Sebastião mais a totalidade territorial das abrangendo toda a Península do Boi, portanto,
demais ilhas do arquipélago de Ilhabela. o limite do PEI se estende até o nível do mar, ou
seja, até a cota altimétrica zero.
Nivaldo Simões

Para garantir a preservação de grande parte da


área envoltória do PEI e a conservação e prote-
ção dos bens culturais e ambientais de interesse
da coletividade, o governo do Estado de São
Paulo baixou, em 6 de maio de 1985, a Reso-
lução no- 40, dispondo, entre outras coisas, sobre
o tombamento da faixa da Ilha de São Sebastião
localizada entre as pontas das Canas e Sela, vol-
tada para o alto-mar e abaixo da cota altimétrica
de 100 metros, e integralmente todas as demais
ilhas do município de Ilhabela.
O PEI é administrado pelo Instituto Florestal,
órgão da Secretaria Estadual do Meio Ambiente.
Por meio do Instituto Florestal, é possível man-
ter uma sede administrativa fixa localizada na
área urbana do arquipélago, onde trabalham o
diretor da unidade de conservação e os demais
funcionários envolvidos na fiscalização e traba-
lhos burocráticos.
Como Ilhabela permaneceu praticamente es-
quecida e com a sua economia estagnada desde
o final do século XIX, a criação do PEI foi o toque
Posto de observação na Trilha da Água Branca, complementar não apenas para a preservação
Parque Estadual de Ilhabela. dos ecossistemas existentes, como também para

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