Ética na Administração Pública
Estudo elaborado com o objetivo de obtenção
de certificado de curso de capacitação com
carga horária de 120 horas/aula, junto ao
Programa de Formação Continuada de
Trabalhadores do Instituto Amazônida de
Educação.
Luísa de Melo Sampaio Costa 1
Recife, 23 de abril de 2009.
1
Bacharel em Ciências Contábeis pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo, enfocar, ainda que resumidamente,
alguns aspectos sobre ética na esfera da Administração Pública.
Para introduzir o assunto, procurou-se diferenciar os conceitos bastante
próximos da moral e da ética.
A metodologia usada para a construção do artigo foi, quanto aos objetivos,
exploratória e quanto aos procedimentos técnicos utilizou-se a pesquisa
bibliográfica, tendo sido elaborado a partir de material já publicado. Conceitos
como os da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência
foram desenvolvidos com amplitude para enriquecer o trabalho.
A última etapa traz algumas considerações acerca da ética na administração
pública.
PALAVRAS CHAVES: Ética, Administração Pública, princípios administrativos.
1. INTRODUÇÃO
Dentre as várias interpretações dadas para o conceito de “moral”, elegeu-se,
para uma reflexão inicial, aquela que a define, basicamente, como um conjunto
de normas que regulam o comportamento do homem em sociedade 2 e estas
normas são adquiridas pela educação, pela tradição e pelo cotidiano. Durkheim
explicava Moral como a “ciência dos costumes”. A moral orienta os
posicionamentos que assumimos em função das decisões que tomamos a
cada instante de nossa vida.
Ética, por sua vez, é definida por Motta (1984) como um “conjunto de valores
que orientam o comportamento do homem em relação aos outros homens na
sociedade em que vive, garantindo, outrossim, o bem-estar social”, ou seja,
Ética é a forma que o homem deve se comportar no seu meio social. É a
maneira de pôr em prática os valores morais. É um sistema de balizamento ou
de codificação para ser usado na tomada de decisões. É a forma de traduzir a
moral em atos.
Ética é um conceito discutido pelo ser humano desde a antigüidade. O termo
diz respeito ao compromisso de cada indivíduo com sua coletividade, expresso
em suas atitudes e comportamentos.
2
Vasquez (1998) ao citar Moral como um “sistema de normas, princípios e valores, segundo o
qual são regulamentadas as relações mútuas entre os indivíduos ou entre estes e a
comunidade, de tal maneira que estas normas, dotadas de um caráter histórico e social, sejam
acatadas livres e conscientemente, por uma convicção íntima, e não de uma maneira
mecânica, externa ou impessoal”.
A questão ética é um fator sempre presente nas discussões sociais e por isso
são vastas as contribuições de autores procurando definir o que vem a ser
ética e seu papel no cotidiano da sociedade.
O presente estudo procura analisar aquilo que é tido como base teórica para o
cotidiano da ética na Administração Pública.
2. METODOLOGIA
O método de pesquisa escolhido para compor esse estudo foi o qualitativo,
sendo explicado por Gil (1991):
Não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente
natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o
instrumento chave. Trata a pesquisa como descritiva. Os
pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente. O
processo e seu significado são os focos principais de abordagem.
A estratégia de pesquisa escolhida foi a bibliográfica. Na acepção de Marconi e
Lakatos (2006), “a pesquisa bibliográfica é um procedimento reflexivo
sistemático, controlado e crítico, que permite descobrir novos fatos e dados,
relações ou leis, em qualquer campo do conhecimento”. De acordo com essa
temática a pesquisa bibliográfica trata-se de um levantamento da bibliografia já
publicada, em forma de livros, revistas científicas, anais de congressos e
imprensa escrita. Os autores corroboram afirmando que a referida técnica de
pesquisa coloca o pesquisador em contato direto com tudo aquilo que foi
publicado acerca da temática em questão.
Para tratar da ética na administração pública, a pesquisa foi remetida,
principalmente, aos textos legais que tratam desse assunto.
3. A ÉTICA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
3.1 O AGENTE PÚBLICO
Max Weber, em seu belo discurso sobre a Política como Vocação, distingue a
Ética da consciência, dos valores (Wertrational), da Ética da responsabilidade,
das conseqüências (Zweckrational). Para Weber, entretanto, as duas não se
opõem, antes se completam3. Antes de comentar alguns dos temas mais
relevantes de Ética pública, impõe-se esclarecer que o conceito pode ser
usado em duas acepções que se diferenciam pelo escopo que uma e outra
abrangem. A primeira, mais abrangente, perpassa e inspira toda atividade
pública genuinamente devotada à consecução do bem comum, isto é, a boa
governança da “coisa” pública. A segunda, mais estrita, procura lançar uma luz
sobre a zona cinzenta que surge na intersecção entre interesse público e
interesse privado, esclarecendo a boa conduta que se espera do servidor
público em tais questões.
O agente público, ao atuar, não poderá desprezar o elemento ético de sua
conduta. Ao ter que decidir entre o honesto e o desonesto, por considerações
de direito e de moral, está cingido a uma escolha que seja mais eficiente e com
máxima clareza para a Administração, e o ato administrativo produzido não
poderá se contentar com a mera obediência à lei jurídica, exigirá também à
vitória da ramificação moral e a estrita correspondência aos padrões éticos
internos da própria instituição.
3
Max Weber, "Politik aIs Seruf' in Gesammelte Politische Schriften, 3aed. Türbingen: J.c.S.
Mohr, 1958, apud Moreira (p 03).
O Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo
Federal define com muita clareza o assunto:
II - O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento ético
de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o legal e o
ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno
e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e o desonesto,
consoante as regras contidas no art. 37, caput, e § 4°, da
Constituição Federal.
III - A moralidade da Administração Pública não se limita à distinção
entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da idéia de que o fim é
sempre o bem comum. O equilíbrio entre a legalidade e a finalidade,
na conduta do servidor público, é que poderá consolidar a moralidade
do ato administrativo. (grifo nosso)
A questão da ética pública está diretamente relacionada aos princípios
fundamentais, sendo estes comparados ao que é conhecido no Direito, como
"Norma Fundamental" - uma norma hipotética com premissas ideológicas e que
devem reger tudo mais o que estiver relacionado ao comportamento do ser
humano em seu meio social. A Constituição Federal ampara os valores morais
da boa conduta, ou seja, na Administração Pública evoca princípios como a:
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
A seguir, são tratados os princípios constitucionais da Administração Pública.
3.2 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS PARA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Determina o art. 37, caput, da Constituição Federal que a Administração
Pública direta e indireta, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, obedecerá aos princípios da legalidade,
moralidade, impessoalidade, publicidade e eficiência. Cumpre ressaltar, por
oportuno, que esses princípios não são os únicos apontados pela doutrina
administrativista, fixando os publicistas inúmeros deles. Ademais, o próprio
texto constitucional faz referência, no inciso XXI e nos §§ 5° e 6° do art. 37, a
outros princípios da Administração Pública (licitação pública, prescritibilidade
dos ilícitos administrativos, responsabilidade civil da Administração) além do
célebre princípio da razoabilidade, também denominado de proporcionalidade.
Para não perder o foco, a pesquisa ficou estrita aos mais difundidos.
3.2.1 LEGALIDADE
Representa um princípio-ícone no direito brasileiro, constituindo-se pilar de
toda ordem jurídica nacional.
Para o Direito Administrativo brasileiro o princípio da legalidade assume um
significado muito especial, visto que ora traduz-se numa expressão de direito,
ora revela-se elemento de garantia e segurança jurídicas.
Em função dessa dupla função atribuída ao princípio da legalidade na seara
pública é que se sustenta que o famoso adágio "o que não é juridicamente
proibido, é juridicamente permitido", denominado princípio da autonomia da
vontade, não encontra acolhimento neste campo do Direito, pois nele os bens
tutelados interessam a toda coletividade. Assim, não se admite que o
administrador público dê azo à sua imaginação sem que sua conduta esteja
previamente definida e aparada por lei. A regulação estrita pela ordem jurídica
da atuação dos agentes e órgãos públicos funciona como elemento garantidor
daqueles que subsidiam e se servem da prestação dos serviços públicos. Por
mais criativo e habilidoso que seja o administrador público, este deve
conscientizar-se de que não age em nome próprio, mas sim em nome do
Estado (e reflexamente, em nome da coletividade). Por isso, no campo público
afirma-se que "o que não é juridicamente proibido, não é juridicamente
permitido" ou ainda “o que não é juridicamente permitido, é proibido”
Esclarece Hely Lopes Meirelles que,
"a legalidade, como princípio de administração, significa que o
administrador público está, em toda sua atividade funcional, sujeito
aos mandamentos da lei, e às exigências do bem comum, e deles
não se pode afastar ou desviar, sob pena de praticar ato inválido e
expor-se à responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o
caso"
Enquanto na administração particular é lícito fazer tudo que a lei não proíbe, na
administração pública só é permitido fazer o que a lei determina. Daí que o
princípio da autonomia da vontade não encontra amparo no direito
administrativo.
Em decorrência do princípio da legalidade, é costumeira a afirmação de que a
Administração Pública não pode agir contra a lei (contra legem) ou além da lei
(praeter legem), só podendo agir nos estritos limites da lei (secundum legem).
Neste sentido afirma o professor Kildare Gonçalves,
Diferentemente do indivíduo, que é livre para agir, podendo fazer tudo o
que a lei não proíbe, a administração, somente poderá fazer o que a lei
manda ou permite.
Essa é a principal diferença do princípio da legalidade para os particulares e
para a Administração Pública, pois aqueles podem fazer tudo que a lei não
proíba, enquanto esta só pode fazer o que a lei determina ou autoriza.
3.2.2 IMPESSOALIDADE
O princípio da impessoalidade tem relação muito próxima com um dos atributos
do ato administrativo: a finalidade. Tal atributo considera que, um ato
administrativo, para ser válido, deve ter como fim o interesse público.
O princípio da impessoalidade pode ser analisado sob dupla perspectiva:
primeiramente, como desdobramento do princípio da igualdade (CF, art. 5º, I),
no qual se estabelece que o administrador público deve objetivar o interesse
público, sendo, em conseqüência, inadmissível o tratamento privilegiado aos
amigos e o tratamento recrudescido aos inimigos, não devendo imperar na
Administração Pública a vigência do dito popular de que “aos inimigos
ofertaremos a lei e aos amigos as benesses da lei”.
Por outro lado, a impessoalidade estabelece que a Administração Pública não
deve conter a marca pessoal do administrador, ou seja, os atos públicos não
são praticados pelo servidor, e sim pela Administração a que ele pertence.
Deste modo, estabelece o § 1° do art. 37 da Constituição que,
“A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos
órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de
orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou
imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou
servidores públicos.” (grifo nosso).
Eis que a conduta da Administração deve ser impessoal, seja quanto ao
agente, seja quanto ao destinatário, pois em qualquer hipótese o que se
objetiva como finalidade última é atender o interesse público. Todo ato que se
aparta desse objetivo sujeita-se à invalidação por desvio de finalidade.
Honrada a finalidade pública pela atividade administrativa, logra a
Administração a condição moral de eficácia e validade para os seus atos.
3.2.3 MORALIDADE
A moralidade administrativa como princípio, segundo escreve Hely Lopes
Meirelles, "constitui hoje pressuposto da validade de todo ato da Administração
Pública". Conforme assentado na doutrina, não se trata da moral comum, mas
sim de uma moral jurídica, entendida como "o conjunto de regras de conduta
tiradas da disciplina interior da Administração". Assim, o administrador, ao agir,
deverá decidir não só entre o legal e o ilegal, o conveniente e o inconveniente,
o oportuno e o inoportuno, mas também entre o honesto e o desonesto. A
doutrina enfatiza que a noção de moral administrativa não está vinculada às
convicções íntimas do agente público, mas sim à noção de atuação adequada
e ética existente no grupo social.
O agente administrativo, evidentemente, não pode desprezar o elemento ético
de sua conduta, de modo que ele deve adicionar ao seu comportamento
funcional o agir padrão da coletividade, considerando os valores e princípios da
vida secular.
Fato é que a moral comum, pelo seu teor de subjetividade, não satisfaz às
exigências da ordem jurídica, que requer objetividade em seus mandamentos.
Daí dizer-se no Direito que a moral comum é um plus à moralidade jurídico-
administrativa.
A moral administrativa age em dois sentidos para orientar a conduta do
administrador público, a saber, interno e externo. Assim, sob a perspectiva
interna, quando da tomada de providências administrativas o administrador
deverá consultar sua consciência profissional, orientado pelos valores e
princípios do direito público, e aquilatar qual deva ser a postura mais adequada
a seguir diante da ocorrência administrativa. Por outro lado, a moralidade
administrativa tem, também, sua dimensão externa, na medida em que pode
ser avaliada sob critérios objetivos, conforme aqueles esculpidos na lei
disciplinadora da ação administrativa.
3.2.4. PUBLICIDADE
A publicidade é princípio de natureza republicana, que consagra a noção de
que a Administração cuida da coisa pública.
Assim, o princípio da publicidade tem como foco assegurar transparência na
gestão pública, pois o administrador público não é dono do patrimônio de que
ele cuida, sendo mero delegatário à gestão dos bens da coletividade, devendo
possibilitar aos administrados o conhecimento pleno de suas condutas
administrativas. Para honrar com o seu dever, cumpre à Administração dar
conhecimento aos administrados sobre sua gerência e condução dos negócios
públicos.
Nesta esteira de pensamento, o constituinte dispôs no art. 5º, XXXIII, da Carta
Republicana o direito de certidão, o qual assegura ao indivíduo o direito de
receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de
interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
segurança da sociedade e do Estado.
A publicidade, assim, coroa a atividade da Administração Pública como
corolário da moralidade pública. Torna-se, mesmo, condição de validade
jurídica para a verificação de efeitos de toda a atividade administrativa.
Afinal, o art. 5º da Lei Maior afirma com letras garrafais que "é assegurado a
todos o acesso à informação", que aplicada a atividade administrativa e
associada com o princípio da moralidade, resulta em inexorável compromisso
da Administração Pública informar ao administrado o que esteja sendo feito da
coisa pública.
3.2.5 EFICIÊNCIA
Princípio acrescido ao conjunto da legalidade, impessoalidade, moralidade e
publicidade pela Emenda Constitucional 19/98.
Traduz-se num conceito moderno de administração pública, rompendo, em
definitivo, com a arcaica noção de que o Estado provê por generosidade.
Conforme lição lapidar de Kildare Gonçalves,
O princípio da eficiência foi introduzido pela Emenda Constitucional n°
19/ 98. Relaciona-se com as normas da boa administração no sentido
de que a Administração Pública, em todos os seus setores, deve
concretizar suas atividades com vistas a extrair o maior número
possível de efeitos positivos ao administrado, sopesando a relação
custo-benefício, buscando a excelência de recursos, enfim, dotando
de maior eficácia possível as ações do Estado.
O princípio da eficiência vincula o Estado à prestação de serviços públicos
adequados e que correspondam aos padrões de satisfação do usuário com o
destinatário final.
3.3 APLICAÇÕES
Constantemente são veiculadas nos meios de comunicação notícias que
trazem a corrupção como um dos principais problemas que cercam o agente
público, afetando assim, a opinião da sociedade com relação à postura ética
dos servidores. Nesses casos não há como separar a ética da moralidade.
Já foi visto que a moralidade é um dos principais valores que definem a
conduta ética, não só dos servidores públicos, mas de qualquer indivíduo. O
administrador público deve ter sempre em mente que o fim deve ser sempre o
bem comum, ou seja, compreender que não é permitido limitar-se às
motivações individuais ou particulares e sim às necessidades da sociedade
como um todo.
Foi verificado que a ética está diretamente relacionada ao padrão de
comportamento do indivíduo, dos profissionais e também do político. O
legislador elaborou normas para orientar as ações do agente público frente às
demandas (direitos e obrigações) sociais, entretanto, não é possível para a lei
ditar o padrão de comportamento surgindo outra característica própria de cada
ser individual: a cultura; não aquela no sentido de quantidade de conhecimento
adquirido, mas sim a qualidade na medida em que esta pode ser usada em prol
da função social, do bem estar e tudo mais que diz respeito ao bem maior do
ser humano, este sim é o ponto fundamental, a essência, o ponto mais
controverso quando tratamos da questão ética na vida pública.
Freqüentemente constata-se a opinião pública desabonar o comportamento
ético no serviço público. A crítica feita pela sociedade, decerto, como todo
senso comum é imediatista e baseada em uma visão superficial da realidade,
que entre outros aspectos, trabalha com generalizações, colocando no mesmo
“rol” servidores, gerentes e políticos. De fato, sabe-se que essa é uma
realidade complexa e que precisa ser analisada com cautela e visão histórica,
recomendando-se tratar cada situação separadamente, dentro de seu contexto
e não de forma simplista e apressada.
É verdade que a opinião da sociedade a respeito do serviço público é formada,
muitas vezes, ao presenciar casos de morosidade, descaso, empreguismo,
improbidade administrativa, má conservação dos bens públicos, tudo
contribuindo para o descrédito da sociedade. Os administrados não procuram
saber de quem é a responsabilidade, de fato; na ausência de tais
esclarecimentos faz generalizações distorcidas, impregnadas por preconceitos
que definem os funcionários públicos como preguiçosos, incompetentes e
procrastinadores, quando, na verdade, também existem pessoas altamente
qualificadas e preocupadas em atender aos princípios de forma equânime e
focados no bem comum.
Diferente do que vem sendo posto em prática, as empresas éticas devem
estimular e oportunizar o advento da consciência crítica de seus colaboradores,
clientes e parceiros, e não impor que eles aceitem o que lhes é apresentado. É
um ato humano e ético não aceitar verdades prontas, de forma imposta, mas
aquelas que a consciência crítica aponta como aceitáveis. É o ser humano
quem deve decidir em quem acreditar. As organizações éticas buscam na
prática, se tornar honestas, justas, verdadeiras e democráticas, por uma
questão de princípio e não de conveniências na maioria das vezes muito
embora esse tipo de agir também traga sucesso e reconhecimento. As
empresas éticas devem escolher seus líderes e colaboradores considerando
tanto suas qualidades técnicas, quanto éticas. Mesmo sabendo-se que o ser
humano está suscetível a falhas, uma boa política de Recursos Humanos deve
se preocupar em avaliar os futuros servidores desde a fase de seleção,
diminuindo os riscos de práticas lesivas ao patrimônio público.
Além buscar colaboradores individualmente éticos, a empresa que almeja ser
ética deverá refletir seu modo de ser, pois quando se conquista a consideração
e a confiança dos agentes envolvidos, desenvolve lealdade e compromisso
necessários ao crescimento, estabilidade e respeitabilidade da organização.
Estudos confirmam que as empresas mais éticas são as mais bem-sucedidas,
e que nas últimas décadas elas vêm tomando consciência da necessidade de
postura ética e descobrindo que o ser humano, ou seja, os clientes,
colaboradores, sociedade, fornecedores, etc., são o fator mais importante na
organização, portanto devem agir de forma que despertem a admiração,
respeito, amor, afastando o risco de serem substituídas por outras empresas.
Trazendo esse cenário para a esfera pública, tem-se que um ente (órgão,
município, estado, país), que mantém postura ética, moral e transparente atrai
investimentos e outras benesses que não seriam destinados a um outro que
tivesse a reputação manchada.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em meio a tantos deslizes com relação à ética na administração pública, a
generalização da corrupção tornou-se evidente, mas não se deve esquecer que
existem pessoas muito éticas e conscientes em todas as organizações. Como
se percebe, há uma cobrança cada vez maior nos últimos anos por parte da
sociedade por transparência e probidade, tanto no trato da coisa pública, como
no fornecimento de produtos e serviços ao mercado. A legislação constitucional
e a infraconstitucional têm possibilitado um acompanhamento mais rigoroso da
matéria, permitindo que os órgãos de fiscalização e a sociedade em geral
adotem medidas judiciais necessárias para coibir os abusos cometidos pelas
empresas; espera-se que a impunidade não impere nas investigações de
ilicitudes.
A mudança que se deseja na Administração pública sugere uma gradativa mas
necessária transformação cultural dentro da estrutura organizacional da
Administração Pública, isto é, uma reavaliação e valorização das tradições,
valores morais e educacionais que nascem em cada um de nós e se forma ao
longo do tempo criando assim um determinado estilo de atuação no seio da
organização baseada em valores éticos.
A consciência ética, como a educação e a cultura são assimiladas pelo ser
humano, assim, a ética na administração pública, pode e deve ser
desenvolvida junto aos agentes públicos ocasionando assim, uma mudança na
gestão pública que deve ser sentida pelo contribuinte que dela se utiliza
diariamente, seja por meio da simplificação de procedimentos (a celeridade de
respostas) e qualidade dos serviços prestados, seja pela forma de agir ou de
contato entre o cidadão e os funcionários públicos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO, Kildare Gonçalves. Direito Constitucional Didático, 8ª Ed, Belo
Horizonte: Del Rey, 2002.
Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo
Federal - Decreto n°. 1.171, de 22 de Junho de 1994, Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d1171.htm>. Acessado em abril
de 2009.
CONSTITUIÇAO FEDERAL, Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm>.
Acessado em abril de 2009.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3º ed. São Paulo:
Atlas, 1996.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de
Metodologia Científica. 4ª Ed. São Paulo. Atlas, 2001.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, 34ª. Ed., São
Paulo: Malheiros.
MOREIRA, MÁRCILIO MARQUES. Ética Pública e Economia de Mercado,
disponível em <http://www.adeval.com.br/boletim/ed_018/bemsucedidos2.pdf>
Acessado em abrill de 2009.
MOTTA, Nair de Souza. Ética e vida profissional. Rio de Janeiro: Âmbito
Cultural, 1984.
VÁSQUEZ, Adolfo Sánchez. Ética. 18ª Ed. Rio de Janeiro. Civilização
Brasileira, 1998.