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O Projeto Conservador de Águas em Extrema-MG: Uma Análise

Este documento analisa o Projeto Conservador de Águas em Extrema-MG, que paga proprietários rurais para preservar recursos hídricos. Por meio de questionários, os autores avaliam a adesão, motivação, adequação às exigências e pagamentos por serviços ambientais do projeto. Concluem que a adesão se dá mais por preocupação ambiental do que por renda, e que o projeto promove adequação ambiental nas propriedades.

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O Projeto Conservador de Águas em Extrema-MG: Uma Análise

Este documento analisa o Projeto Conservador de Águas em Extrema-MG, que paga proprietários rurais para preservar recursos hídricos. Por meio de questionários, os autores avaliam a adesão, motivação, adequação às exigências e pagamentos por serviços ambientais do projeto. Concluem que a adesão se dá mais por preocupação ambiental do que por renda, e que o projeto promove adequação ambiental nas propriedades.

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O projeto conservador de águas

em Extrema-MG: Uma análise


Francisco Clailton Victor
[email protected]

Daniel Brasil Melo


[email protected]

Fernanda Aparecida Leonardi


[email protected]

Resumo
A degradação ambiental aumentou de forma significativa, e em
paralelo uma crescente demanda por água surgiu para os diversos
usos, nascendo assim a necessidade de repensar as políticas públicas,
principalmente relacionadas aos instrumentos de gestão ambiental.
O Programa Conservador das Águas, no município de Extrema,
Minas Gerais é um exemplo de luta pelo meio ambiente, buscando
além do apoio do poder público, a participação popular, através de
uma conscientização sobre replantio, valorizando a terra. O caso de
Extrema merece destaque por ser a primeira iniciativa municipal a
realizar pagamentos para proprietários rurais em troca da garantia
do fornecimento de serviços ambientais, buscando à melhoria dos
recursos hídricos. O objetivo principal do artigo é analisar o Projeto
Conservador das Águas, ou seja, a adesão e motivação, adequação às
exigências, o pagamento por serviços ambientais e o funcionamento
do mesmo. Esta análise foi realizada através de aplicação de
questionário aos proprietários de terra que participam do Projeto,
como forma de entender a motivação da adesão e como os mesmos o
Boletim Campineiro de Geografa. v.8, n.2., 2018.

enxergam. Enfim, o Conservador das Águas mostra-se eficaz, pois a


adesão se faz mais pela preocupação ambiental, apesar de não ser
tão rentável economicamente para o proprietário de terras, sendo
que a maior parte pretende renovar o contrato neste Projeto. O
Projeto Conservador das Águas cumpre seu objetivo, pois consegue
promover a adequação ambiental das propriedades rurais.
***
PALAVRAS-CHAVE: Recursos Hídricos; Pagamento por Serviços
Ambientais; Sustentabilidade; Conservador das Águas; Gestão
ambiental.

311
Francisco Clailton Victor, Daniel Brasil Melo, Fernanda Aparecida Leonardi

Introdução
O bem-estar humano está intimamente ligado à água potável, e infelizmente,
a cada dia, percebe-se uma incapacidade em captar, tratar e dispor de água
novamente para abastecimento, ou seja, mostra uma deficiência no campo de
gestão de recursos hídricos.
A água é um recurso natural compartilhado por todos e que deve ser
utilizado de forma racional, segundo dados da Organização Mundial da Saúde
(ONU) em 2010 cerca de 884 milhões de pessoas não tinham acesso à água potável
(KFOURI; FAVERO, 2011) e este dado ainda ficou mais alarmante em 2017,
aproximadamente 2,1 bilhões de pessoas não possui água potável em suas
residências (GRAYLEY, 2017) ou seja, cerca de 28% da população global.
Diante desta preocupação e pensando na conservação do meio ambiente foi
criado o Projeto Conservador das Águas, que existe oficialmente desde 2005, sendo
vencedor de vários prêmios, como o “Prêmio Internacional de Dubai 2012 de
Melhores Práticas para Melhoria das Condições de Vida”, promovido pelo Programa
das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (Habitat/ONU) (PEREIRA et al,
2016).
O Projeto tem como objetivo geral manter a qualidade dos mananciais de
Extrema, promover a adequação ambiental das propriedades rurais e utilizar de um
instrumento econômico, como o pagamento por serviços ambientais (PSA).
Perante isso, o presente artigo tem como objetivo principal analisar o Projeto
Conservador das Águas, ou seja, a adesão e motivação, adequação às exigências, o
pagamento por serviços ambientais (PSA) e o funcionamento do Projeto.
Para tanto, realizou-se aplicação de questionários direcionado aos
proprietários de terras que aderiram ao Projeto, além de levantamento bibliográfico
sobre o Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) e sobre o Projeto Conservador
Boletim Campineiro de Geografa. v.8, n.2., 2018.

das Águas, de Extrema/MG.

Àrea de estudo
O Projeto Conservador das Águas é realizado no Município de Extrema
(Figura 1), situado no extremo sul de Minas Gerais, a 408 km de Belo Horizonte e a
100 km de São Paulo. O município de Extrema possui uma população estimada de
35.474 habitantes para 2018 (IBGE,2018) e densidade demográfica em 2010 de
116,93 hab/Km² (IBGE, 2018). Localizam-se nas coordenadas geográficas
22°51’17”S e 46°19’9”O.

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O projeto conservador de águas em Extrema-MG: Uma análise

Figura 1. Localização do Município de Extrema e dos pontos amostrados


Boletim Campineiro de Geografa. v.8, n.2., 2018.

Vale ressaltar que o município de Extrema, junto com mais outros três
municípios de Minas Gerais (Camanducaia, Itapeva e Toledo) fazem parte do
Sistema Cantareira para o abastecimento da Grande São Paulo (WHATELY;
CUNHA, 2007).
De acordo com o mapeamento do Plano Municipal de Gestão dos Recursos
Hídricos para a Fundação Agência das Bacias Hidrográficas dos rios PCJ, adaptado

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Francisco Clailton Victor, Daniel Brasil Melo, Fernanda Aparecida Leonardi

do Plano de Gestão da APA Fernão Dias pela Irrigart - recursos Hídricos e meio
ambiente em 2012, na escala de 1:100.000, publicado em 2013 (IRRIGART,
2013a), o relevo possui quatro classes principais: as planícies aluviais (8% da área),
morros arredondados (19% da área), mares de morros (72% da área) e morros com
serras restritas (1% da área). A área apresenta 8 bacias hidrográficas municipais:
Bacia do Salto, das Posses, dos Forjos, do Juncal, das Furnas, dos Tenentes, do
Matão e do Jaguari (IRRIGART, 2013c).
Quanto ao mapeamento geológico, também na escala 1:100.000, a área
retrata basicamente seis tipos de rochas: Paragnaisse Migmatizado (8% da área),
Charnoquitóide Foliado Ortognaisse (11%), Ortognaisse Migmatítico (35%),
Granito Serra da Lapa (17%), Suíte Bragança Paulista (13%), Granito Piracaia-
Granitóide Alcalino (16%) (IRRIGART, 2013b).
Extrema possui um clima tropical de altitude, no entanto, possui basicamente
dois períodos anuais bem característicos em relação à distribuição da precipitação
pluvial, um caracterizado como chuvoso (verão) e outro mais seco (inverno) (PCJ,
2013).

Material e método
O presente estudo foi realizado através de coleta de dados por meio de
questionário, além de levantamento bibliográfico sobre o Pagamento por Serviços
Ambientais (PSA) e sobre o Projeto Conservador das Águas, de Extrema/MG.

Coleta de dados: questionário


O Projeto Conservador das Águas de Extrema/MG conta com 80 (oitenta)
contratos atualmente, onde existem 66 (sessenta e seis) participantes, considerando
que alguns participantes possuem mais de um contrato. Foram aplicados trinta e
três questionários (em torno de 50% dos participantes) totalizando quarenta e cinco
contratos aos proprietários de terra.
Boletim Campineiro de Geografa. v.8, n.2., 2018.

O contrato, de fato, se trata de um termo de compromisso assinado previsto


no Decreto Municipal de nº 2.409 de 29 de dezembro de 2010. Este termo de
compromisso tem validade por quatro anos e se estenderá por no mínimo quatro
anos. O valor de referência (VR) é de 100 Unidades Fiscais de Extrema (UFEX) por
hectare (ha) por ano. O proprietário rural habilitado a fazer parte do Projeto é
aquele que tem propriedade rural inserida na sub-bacia hidrográfica trabalhada no
Projeto, que tenha propriedade com área igual ou superior a dois hectares e que o
uso da água na propriedade rural esteja regularizado.
Os dados e endereços das propriedades e proprietários participantes foram
fornecidas pela Prefeitura Municipal de Extrema. A partir daí foram realizados

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O projeto conservador de águas em Extrema-MG: Uma análise

contato por meio de ligações telefônicas com os proprietários e agendadas as


visitas. Alguns contatos por telefone foram sem sucesso, portanto, optou-se pelas
visitas às propriedades sem prévio aviso. Como nem todos os proprietários moram
na propriedade, não se conseguiu atingir 100% das propriedades.
Portanto, os entrevistados foram ouvidos de forma individual, de acordo com
a disponibilidade de cada um. O questionário foi aplicado no segundo semestre de
2017.
As questões do questionário foram formuladas de acordo com os objetivos
propostos. Foram questões objetivas no intuito de avaliar a adesão ao Projeto e
motivação (ano, adequação da área, iniciativa, facilidade, motivação), vantagens
econômicas, funcionalidade, consultoria e fiscalização e renovação do contrato.
Com a ajuda do GPS foram identificadas as propriedades rurais onde foram
aplicados o questionário. Estes pontos podem ser observados na Figura 1.
Cabe ressaltar que os proprietários que participaram da pesquisa foram
solícitos e se mostraram abertos para a discussão do assunto abordado nesse estudo,
o que facilitou a aplicação e entendimento do questionário.

Referencial teórico
A gestão hídrica no Brasil é um grande desafio que precisa ser enfrentado,
com questões relacionadas à escassez de água em algumas regiões, especialmente
no sertão nordestino, e ainda, é real a grande possibilidade da crise hídrica
aumentar ao longo dos anos, numa mistura entre escassez e o estresse de água,
onde esse estresse surge a partir de quanto a demanda de água é maior que a oferta
(VICTORINO, 2007).
Ações concretas devem ser desenvolvidas para diminuir os impactos causados
pela escassez hídrica, pensando, é claro, nas futuras gerações. Um grande exemplo
disso é o Projeto Conservador das Águas. Este Projeto foi inspirado no Programa
Produtor de Águas (2001) da Agência Nacional de Águas (ANA) (PAGIOLA;
Boletim Campineiro de Geografa. v.8, n.2., 2018.

GLEHN; TAFFARELLO, 2013).


O Projeto Conservador das Águas apresenta como principal objetivo a
implantação de ações para a melhoria da qualidade e quantidade das águas no
município de Extrema/MG através da recuperação e manutenção das áreas de
preservação permanente, com o estabelecimento de práticas conservacionistas do
solo, além da implantação de sistemas de saneamento ambiental e do estímulo à
averbação da Reserva Legal (PEREIRA et al, 2016). De acordo com Pereira et al (op
cit), ao final, pretende-se aumentar a cobertura florestal nas sub-bacias
hidrográficas e implantar microcorredores ecológicos; reduzir os níveis de poluição

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Francisco Clailton Victor, Daniel Brasil Melo, Fernanda Aparecida Leonardi

difusa rural decorrentes dos processos de sedimentação e eutrofização, e de falta de


saneamento ambiental; difundir o conceito de manejo integrado de vegetação, solo
e água, na bacia hidrográfica do Rio Jaguari; garantir sustentabilidade
socioeconômica e ambiental dos manejos e práticas implantadas, por meio de
incentivo financeiro aos proprietários rurais.
O Projeto Conservador das Águas teve seu início oficial com a promulgação
da Lei Municipal 2.100, de 21 de dezembro de 2005, se tornando a primeira lei
municipal no Brasil a regulamentar o Pagamento por Serviços Ambientais (PSA)
(PEREIRA et al, 2010). Esta Lei autoriza o Executivo a prestar apoio financeiro aos
proprietários rurais habilitados que aderirem ao Projeto, a partir do cumprimento
das metas estabelecidas.
O Poder Executivo Municipal promulgou, em abril de 2006, o Decreto 1.703
que regulamentou a Lei Municipal 2.100/2005, estabelecendo que o apoio
financeiro aos proprietários rurais que aderirem ao Projeto Conservador das Águas
ocorrerá a partir da assinatura do termo de compromisso. Este foi revogado, e hoje
está em vigor o Decreto Municipal de nº 2.409 de 29 de dezembro de 2010 com o
mesmo fundamento. Este Decreto estabelece que o apoio financeiro aos
proprietários rurais que aderirem ao Projeto Conservador das Águas se dará através
da execução de ações para o cumprimento das seguintes metas:
• Adoção de práticas conservacionista de solo, com a finalidade de
abatimento efetivo da erosão e da sedimentação.
• Implantação de Sistema de Saneamento Ambiental com a finalidade de dar
tratamento adequado ao abastecimento de água, tratamento de efluentes
líquidos e disposição adequada dos resíduos sólidos das propriedades rurais.
• Implantação e manutenção da cobertura vegetal das Áreas de Preservação
Permanente.
De acordo com Pereira et al (2010) o Projeto Conservador das Águas é um
Boletim Campineiro de Geografa. v.8, n.2., 2018.

exemplo importante de como uma política pública de longo prazo pode ser capaz
de apresentar resultados satisfatórios. Conforme o autor (op cit) foram vários anos
de estudo e trabalho para implantar, de fato, uma ação capaz de reverter o quadro
de degradação ambiental nas propriedades rurais, com um trabalho local, que além
do replantio da mata, trabalha com a conscientização da população rural.
Pode-se dizer que o Projeto Conservador das Águas de Extrema foi um
projeto que teve muitos resultados benéficos e incentivou a criação de um plano,
que é o Plano Conservador da Mantiqueira, que envolve mais de 280 municípios
nos estados de Minas Gerais e São Paulo, abrangendo uma área de 100.000 Km²
aproximadamente. Estas ações desenvolvidas neste Projeto e no Plano Conservador

316
O projeto conservador de águas em Extrema-MG: Uma análise

da Mantiqueira contribui bastante para o cumprimento do compromisso assumido


na COP 21 (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), em
Paris 2015, na qual o Brasil pretende restaurar 12 milhões de hectares de floresta
até 2030 para reduzir os gases de efeito estufa (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE,
2018).
Para Kfouri e Favero (2011) no Projeto Conservador das Águas, o produtor
rural é o agente importante de mudança, sendo capaz de potencializar o serviço
ambiental por meio de ações de conservação e restauração em determinado espaço
territorial. Não importa se há produção de bens ou serviços, ou ambos, se ele busca
a conservação da natureza ou é parceiro na restauração de um ecossistema, ele é
um provedor de serviços ambientais e, desse modo, deverá ser remunerado pela sua
ação.
Desta forma, essa remuneração é realizada a partir do pagamento por
serviços ambientais (PSA), com transferências financeiras de beneficiários de
serviços ambientais para os que, devido a práticas que conservam a natureza,
forneçam esses serviços, de forma segura e bem definida, por meio de uma
transação voluntária (WUNDER et al, 2008).
De acordo com Wunder (2005) até o momento a literatura não define
formalmente o PSA, portanto, ele define alguns critérios para caracterizar um PSA:
trata-se de uma transação voluntária; um serviço ambiental (ou um uso de solo que
claramente seja capaz de gerar aquele serviço) bem definido; é comprado por pelo
menos um comprador de serviço ambiental, de pelo menos um vendedor de serviço
ambiental e se o vendedor de fato entregar o serviço.
De acordo com Veiga Neto (2008, p. 2)
Um dos aspectos mais discutidos e mencionados na recente literatura
sobre valoração ambiental é exatamente aquele que aponta a
importância da internalização dos benefícios ambientais globais
gerados pelos serviços ecossistêmicos e como esta internalização
Boletim Campineiro de Geografa. v.8, n.2., 2018.

poderia assumir um papel de incentivo a aqueles que efetivamente


tenham condições de proteger estes recursos naturais, as
comunidades locais e ou os produtores rurais.

O PSA é uma ferramenta baseada no mercado para financiamento e


conservação que consiste nos princípios do usuário pagador e provedor recebedor,
onde, quem contribui para a geração dos serviços ambientais é remunerado e
aquele que é beneficiado pelos serviços paga por eles (PAGIOLA; GLEHN;
TAFFARELLO, 2013).
Em grande maioria, a conveniência em conservar a natureza é muito maior
para a sociedade do que para o agricultor, uma vez que suas ações resultantes de

317
Francisco Clailton Victor, Daniel Brasil Melo, Fernanda Aparecida Leonardi

suas boas práticas agrícolas não são compensadas, ou seja, o benefício é coletivo,
mas os custos da conservação são exclusivos dos produtores rurais. Diante desse
cenário, o PSA viabiliza o processo de conservação ambiental, ao dividir com os
beneficiários dos serviços ambientais os custos de execução das ações
conservacionistas praticadas pelos provedores, ou seja, ocorre uma internalização
dos benefícios externos com base no princípio provedor-recebedor (JARDIM;
BURZTYN, 2015).
Em suma, toda a sociedade se beneficia dessas faixas de terra, por isso é
importante que haja ajuda na sua conservação, o que muitos economistas chamam
de “incorporar a externalidade positiva”, que acontece quando se inclui os custos
de produção e conservação de um bem na conta final, que é pago por quem
consome o serviço ambiental prestado, onde se valoriza o meio ambiente
conservado e se paga a quem, de fato, busca essa conservação (KFOURI; FAVERO,
2011).
Enfim, o PSA é uma tentativa de “ressarcir” ou “dividir os custos” com o
proprietário pelas áreas que serão destinadas a reflorestamento e manutenção das
áreas de preservação permanente e ao mesmo tempo criar práticas
conservacionistas do solo e ainda incentivar a implantação de um sistema de
saneamento básico adequado.

Resultados e discussão: aplicação de questionário e análise


Após a aplicação do questionário aos proprietários rurais, ordenaram-se as questões
e respostas para a análise em 4 grupos: I – Adesão ao Projeto e motivação; II –
Adequação às exigências do Projeto (Metas a cumprir); III – Pagamento por
Serviços Ambientais (PSA); e, IV – Funcionamento do Projeto.

Grupo I – Adesão ao Projeto e Motivação


As adesões ao Projeto se deram entre os anos de 2006 a 2013, com maior
Boletim Campineiro de Geografa. v.8, n.2., 2018.

número em 2006, ou seja, 36,4% do total e a menor adesão foi em 2013 (Gráfico
1), visto que a maior parte está no Projeto desde seu início, renovando o contrato.

318
O projeto conservador de águas em Extrema-MG: Uma análise

Gráfico 1. Ano de adesão ao Projeto Conservador das Águas segundo


informação dos proprietários.

Sobre a iniciativa de adesão ao Projeto (Tabela 1), percebe-se que a maioria


absoluta não teve iniciativa própria em aderir, ou seja, os proprietários aderiram
após serem convidados e cientificados sobre a importância do “Conservador das
Águas”.
Tabela 1. Demonstrativo da iniciativa de adesão ao Projeto.

Sim (%) Não (%)

Adesão por iniciativa própria 6 94

Recebeu convite 97 3

Houve facilidade na adesão 15 85

De acordo com os dados levantados houve facilidade de adesão, apenas uma


minoria destacou que houve dificuldades no acordo da área a ser preservada na
Boletim Campineiro de Geografa. v.8, n.2., 2018.

propriedade.

Grupo II – Adequação às exigências do Projeto (Metas a cumprir)


Para se entender o quão difícil é um proprietário de terras se adequar às
exigências ambientais em prol do uso sustentável de suas terras, perguntou-se ao
proprietário se foi difícil se adequar às exigências do Projeto para se alcançar as
metas estipuladas. Do total dos proprietários questionados, 15% responderam que
não considera difícil se adequar as exigências do Projeto e 85% responderam que
foi difícil.

319
Francisco Clailton Victor, Daniel Brasil Melo, Fernanda Aparecida Leonardi

Para compreender o que levou o proprietário a aderir ao Projeto, perguntou-


se o sentido da adesão, se foi pelo valor pago ou pela conservação do meio
ambiente. Cerca de 78% responderam que a adesão ao programa foi pela
conservação do meio ambiente, e os outros 22% relataram ser pelo valor pago
(Gráfico 2).
Gráfico 2. Motivo da adesão ao Projeto Conservador das Águas.

Apesar de grande maioria responder que aderiu ao Projeto devido a


Conservação do Meio Ambiente, é sempre interessante intensificar as capacitações
aos proprietários de terra (de todo o Município) sobre manejo sustentável de suas
terras e os benefícios gerados por ele e sobre as consequências do uso abusivo das
águas e danos causados pelo manejo inadequado, para se criar uma consciência
ambiental e para repensar as práticas agrícolas até então desenvolvidas, que
trouxeram grande degradação ambiental.

Grupo III – Pagamento por Serviços Ambientais (PSA)


Os dados principais levantados que abordam o pagamento por serviços
ambientais no Projeto Conservador das Águas se limitam a entender se o Projeto é
Boletim Campineiro de Geografa. v.8, n.2., 2018.

vantajoso para o proprietário de terras, se o valor recebido consegue suprir os


gastos para cumprir as metas estabelecidas e se este valor é maior ou menor que os
ganhos gerados pelo uso da terra anteriormente a adesão.
Das respostas obtidas, 24% dos participantes disseram que o Projeto não é
vantajoso financeiramente, 48% apontaram que não tem vantagem, mas também
não apresenta prejuízo, e ainda, 28% apontaram ser vantajoso. Claro, isto vai
depender muito da valoração da terra em cada propriedade. Ao se perguntar se o
que é pago consegue suprir com os gastos advindos da manutenção da área para se
atingir as metas estipuladas, 90% dos participantes apontam que o valor recebido
não supre os gastos com a manutenção da propriedade. Ainda sobre os gastos

320
O projeto conservador de águas em Extrema-MG: Uma análise

versus benefício, indagou-se se o valor pago pelo programa é maior que o lucro que
a terra dava com outra atividade, sendo que, 75% responderam que não (Gráfico
3).
Muitas propriedades tinham como atividade econômica gado de corte e gado
leiteiro, para os proprietários atender às exigências do Projeto significam perder as
áreas úmidas de pastagem para reflorestamento, em áreas de preservação
permanente, por exemplo. Contudo, os proprietários ainda não se atentaram que o
Projeto lhe dará suporte para cumprir a legislação ambiental presente.
De acordo com o relatório da consultora Marina Gavaldão de novembro de
2008, grande parte dos proprietários daquela área possui renda por aposentadoria
ou pensão, associada às atividades de pecuária leiteira e de corte, devido à
viabilidade em relevos acidentados e a tradição do Estado de Minas Gerais.
Gráfico 3. Correlação Remuneração/Manutenção versus Remuneração/Lucro
com a atividade anterior.

Para que o PSA faça sentido, a conservação do meio ambiente, do ponto de


vista do empreendedor privado, é preciso que seja mais lucrativa do que sua
Boletim Campineiro de Geografa. v.8, n.2., 2018.

destruição, ou seja, os ganhos auferidos pelo prestador de serviços ambientais


precisam ser mais significativos do que os que seriam potencialmente obtidos com
outras atividades econômicas, portanto, é uma equação muito difícil de resolver e
exige inúmeros estudos multidisciplinares para cada situação (PEIXOTO, 2011).
Infelizmente a pesquisa mostra que a adesão ao programa não traz benefício
para o proprietário rural, onde 75% dos pesquisados apontam que a atividade rural
seria mais vantajosa, ou seja, uma área usada para reflorestamento deixa de servir
como fonte de renda.
Ao correlacionar os dados de motivação a adesão ao Projeto e se este é
vantajoso financeiramente (Gráfico 4), logo está claro que ele não é vantajoso, mas

321
Francisco Clailton Victor, Daniel Brasil Melo, Fernanda Aparecida Leonardi

que a grande maioria aderiu mesmo pela conservação do meio ambiente,


principalmente porque 100% desejam renovar o contrato. A maior parte que diz ter
aderido devido ao valor pago, assinala que o Projeto é vantajoso, exceto 6,1% dos
proprietários que aponta que aderiu ao Projeto pelo valor pago e que o mesmo não
está sendo vantajoso, o interessante é que mesmo estes 6,1% pretendem renovar o
contrato.
Gráfico 4. Representação da motivação à adesão ao Projeto versus vantagens
financeiras.

Grupo IV – Funcionamento do Projeto.


Foram levantados dados para confirmar a efetividade do Projeto, na prática,
portanto, foram abordadas questões relativas a existência de consultoria e
fiscalização, se há interesse em renovar o contrato e ainda se pretendem manter o
que já foi feito mesmo sem estar ligado a ele (sem receber por isso), ou seja, sem o
pagamento pelo serviço ambiental.
Os resultados (Tabela 2) demonstram que o Projeto funciona na prática
(efetivamente). Todos pretendem renovar o contrato e ainda, a maioria pretende
manter o que foi feito mesmo sem receber pelo Projeto (sem o pagamento por
Boletim Campineiro de Geografa. v.8, n.2., 2018.

serviços ambientais), um assunto de extrema importância, pois mostra satisfação do


proprietário em participar do Projeto e seus benefícios ambientais.
Tabela 2. Futuro do Projeto e das Melhorias Ambientais.

Sim (%) Não (%)

Renovação do contrato 100 0

Manter o que foi feito mesmo sem estar ligado ao Projeto 97 3

322
O projeto conservador de águas em Extrema-MG: Uma análise

Afinal, de acordo com a legislação ambiental, áreas de preservação


permanente não podem ser desmatadas, portanto, uma vez restaurada a vegetação,
esta deve ser mantida, mas o sistema de saneamento básico e as práticas
conservacionistas do solo ficam a cargo do proprietário manter e dar manutenção.
Isto não será difícil caso o proprietário compreenda os benefícios maiores trazidos
com estas práticas, que não está somente na questão financeira, mas de bem-estar e
conservação do meio ambiente.
Desta maneira, a consultoria e fiscalização durante a validade do contrato é
de extrema importância, pois mostrará as práticas adequadas e a importância das
mesmas. De acordo com os dados levantados, cerca de 88% dos participantes
apontaram que existe uma consultoria e fiscalização a disposição para o
acompanhamento do programa, onde, 12% informaram não haver esse tipo de
acompanhamento.
A visita dos consultores ou fiscalizadores (Gráfico 5) acontecem em períodos
que variam de um a seis meses em sua maioria, raramente as visitas nas
propriedades ocorrem somente uma vez ao ano.
Gráfico 5. Fiscalização versus Frequência.
Boletim Campineiro de Geografa. v.8, n.2., 2018.

Durante o desenvolvimento da pesquisa percebe-se que o trabalho


implantado pelo Projeto tem surtido resultados interessantes e importantes para a
conservação do meio ambiente, considerando que existe uma adesão de vários
moradores rurais, interessados em fazer sua parte, e outros julgando que o dinheiro
pago pela adesão pode também ser interessante para ajudar no orçamento familiar.
Iniciativas como essas do Projeto só podem acontecer a partir da vontade
pública, viabilizando o PSA, e em conjunto uma conscientização de todos para a
conservação do meio ambiente.

323
Francisco Clailton Victor, Daniel Brasil Melo, Fernanda Aparecida Leonardi

Considerações Finais
O Projeto Conservador das Águas cumpre seu objetivo, pois consegue
promover a adequação ambiental das propriedades rurais, onde a prioridade é
buscar ações preventivas e não corretivas.
Após análise do Projeto nota-se que é do interesse da maioria dos
proprietários aderirem e continuarem no Projeto, mesmo sem o pagamento por
serviços ambientais, salvo um proprietário. A motivação maior é a conservação do
meio ambiente de acordo com as declarações.
Portanto, espera-se que mesmo após o vencimento do contrato do
proprietário com o Projeto Conservador das Águas, o trabalho de conservação
continue e que haja uma conscientização efetiva dos proprietários, lembrando que
uma vez regenerada a vegetação, não poderá mais ser devastada, sob pena, de
responsabilização das leis ambientais.
A adequação ao Projeto não foi tarefa difícil aos participantes e o pagamento
pelos serviços ambientais apesar de não suprir com a manutenção e nem ser melhor
economicamente para todos os proprietários, ainda se faz um incentivo maior na
execução do Projeto e consequentemente nas melhorias ambientais.
No caso particular de Extrema/MG, mesmo que não houvesse uma iminente
escassez de água, o principal fator de motivação para a criação do Projeto foi
exatamente uma possível escassez futura, o que promoveu o apoio de diversos
parceiros fundamentais na concretização do Projeto, consolidando-se através de
diversos setores da sociedade, o que se constituiu como um fator determinante para
continuidade do Projeto.
O Projeto contribui principalmente para a gestão dos recursos hídricos,
trazendo uma política diferenciada para este campo, mas muito ainda tem que se
aprimorar, portanto, que este sirva de motivação para projetos ambientais em
outros municípios.
Boletim Campineiro de Geografa. v.8, n.2., 2018.

Referências
BRASIL – MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. GRAYLEY, M. Relatório da ONU revela que
Governo diferenciará desmatamento legal do 2,1 bilhões não têm água potável em casa.
ilegal. 2018. Disponível em: ONU News. 12 jun 2017. Disponível
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Francisco Clailton Victor, Daniel Brasil Melo, Fernanda Aparecida Leonardi

Sobre os autores
Francisco Clailton Victor: graduado em Geografia (UNIVBRASIL), especialista em Gestão
Ambiental pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais
(IFSULDEMINAS) – Campus Inconfidentes.
Daniel Brasil Melo: graduado em Logística (Claretiano), com MBA em Gestão de Pessoas. É
aluno do curso de Gestão Ambiental do IFSULDEMINAS – Campus Inconfidentes.
Fernanda Aparecida Leonardi: Doutora e mestra em Geografia (Unicamp), graduada em
Geografia (Unesp). Atualmente é professora do IFSULDEMINAS–Campus Inconfidentes. Tem
experiência na área de Geociências – ênfase em geografia física, pedologia, geomorfologia,
ensino e planejamento.
***
ABSTRACT RESUMEN
The Conservador das Águas Project El Proyecto Conservador das Águas
of Extrema/MG: an analysis de Extrema/MG: Un análisis
Environmental degradation has increased La degradación ambiental aumentó de forma
significantly, and in parallel an increasing significativa, y en paralelo una creciente
demand for water has arisen for the different demanda por agua surgió para los diversos usos,
uses, resulting in the need to rethink public naciendo así la necesidad de repensar las
policies, mainly related to environmental políticas públicas, principalmente relacionadas a
management instruments. The Conservador das los instrumentos de gestión ambiental. El
Águas, in the county of Extrema, Minas Gerais is Proyecto Conservador das Águas, en el
an example of struggle for the environment, municipio de Extrema, Minas Gerais es un
looking beyond government support, public ejemplo de lucha por el medio ambiente,
participation, through an awareness of buscando además del apoyo del poder público,
replanting, valuing the land. The case of la participación popular, a través de una
Extrema deserves to be highlighted as the first concienciación sobre replantío, valorizando la
municipal initiative to make payments to rural tierra. El caso de Extrema merece destacarse por
landowners in exchange for guaranteeing the ser la primera iniciativa municipal a realizar
provision of environmental services, seeking to pagos para propietarios rurales a cambio de la
improve water resources. The main objective of garantía del suministro de servicios ambientales,
the paper is to analyze the Conservador das buscando la mejora de los recursos hídricos. El
Águas Project, i.e., adherence and motivation, objetivo principal del artículo es analizar el
adaptation to requirements, payment for Proyecto Conservador das Águas, es decir, la
environmental services and the operation of it. adhesión y motivación, adecuación a las
This analysis was conducted through exigencias, el pago por servicios ambientales y el
questionnaires applied to landowners who funcionamiento del mismo. Este análisis fue
participate in the project as a way to understand realizado a través de aplicación de cuestionario
the motivation of membership and how they see a los propietarios de tierra que participan del
Boletim Campineiro de Geografa. v.8, n.2., 2018.

it. Finally, the Conservador das Águas proves to Proyecto, como forma de entender la motivación
be effective, since the adhesion is made more by de la adhesión y cómo los mismos lo ven. En fin,
the environmental concern, although it is not so el Conservador das Águas se muestra eficaz, pues
economically profitable for the landowner, most la adhesión se hace más por la preocupación
of whom intends to renew the contract in this ambiental, a pesar de no ser tan rentable
Project. The Conservador das Águas Project económicamente para el propietario de tierras,
fulfills its objective, as it promote the siendo que la mayor parte pretende renovar el
environmental adequacy of rural properties. contrato en este Proyecto. El Proyecto
Conservador das Águas cumple su objetivo, pues
logra promover la adecuación ambiental de las
propiedades rurales.
KEYWORDS: Water resources; Payment for PALABRAS CLAVE: Recursos Hídricos, Pago por
Environmental Services; Sustainability; Conservador Servicios Ambientales, Sostenibilidad, Conservador
das Águas; Environmental management. das Águas, Gestión ambiental.

 BCG: http://agbcampinas.com.br/bcg

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