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Treinamento Físico

O documento discute sete princípios científicos do treinamento esportivo, incluindo o princípio da individualidade biológica, da adaptação, e da síndrome geral de adaptação. Explica que esses princípios fornecem uma base sistemática para o planejamento do treinamento esportivo e que o treinamento deve ser contínuo para melhorar o desempenho atlético.
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Treinamento Físico

O documento discute sete princípios científicos do treinamento esportivo, incluindo o princípio da individualidade biológica, da adaptação, e da síndrome geral de adaptação. Explica que esses princípios fornecem uma base sistemática para o planejamento do treinamento esportivo e que o treinamento deve ser contínuo para melhorar o desempenho atlético.
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Treinamento físico: princípios que influenciam no planejamento

Fernando Ianni

Nos dias de hoje, somente conseguem sucesso os desportos ou equipes
que planificam seus resultados com base nos princípios do treinamento. Tanto
os treinadores como os jogadores de futebol devem levar em conta
determinadas considerações e fases, para conseguir o almejado alto
rendimento.
A ciência do treinamento, juntamente com a prática, formularam normas
chamadas de “princípios do treinamento”. Esses princípios fornecem uma base
sistemática a todas as fases e passos dos processos de adaptação, de acordo
com as metodologias de treinamento. Nos últimos tempos, o contexto científico
do treinamento esportivo teve um crescimento notável de investigação. O
treinamento já é aceito há algum tempo como ciência, tem sua posição
científica reforçada como referências consideradas essenciais para todos que
buscam o alto rendimento. Neste artigo abordar-se-á 7 princípios científicos de
Treinamento Desportivo que são: O Principio Cientifico da Individualidade
Biológica; O Principio da Adaptação; O Principio da Síndrome Geral da
Adaptação (SAG); O Principio da Sobrecarga; O Principio da Continuidade; O
Principio da Reversibilidade; O Principio da Interdependência Volume-
Intensidade e O Principio da Especificidade (TUBINO, 1979; FERNANDES,
1994; AOKI, 2002).
Para que se utilize os princípios científicos do treinamento esportivo, é
necessário que a programação dos conteúdos sejam realizados dentro de
blocos de treinamento, onde é planejado a composição de cada ano, mês,
semana, dia e sessão de treinamento. Este planejamento implica no
acompanhamento dos resultados obtidos e na reprogramação dos conteúdos
durante o processo de treinamento. Primeiramente realiza-se um prognóstico,
que basicamente é uma projeção inicial dos conteúdos do treinamento, o qual é
efetuado mediante o levantamento de variáveis como esporte, idade, sexo e
estágio de condicionamento do atleta, e através de testes físicos, estes
levantamentos recebem o nome de diagnóstico (HERNANDES JR., 2002).
O Principio da Individualidade Biológica – Um grande número de
treinadores aceitam a afirmação de que somente os indivíduos mais
favorecidos geneticamente, podem chegar á performance excepcionais. Mas
colocar a hereditariedade acima de tudo é um risco, pois caso o atleta não
consiga obter os resultados esperados, pode-se concluir que um treinamento
desenvolvido numa metodologia cientifica poderá levar os atletas a
progressivas adaptações orgânicas, o que levara a esses resultados
inesperados. Deste modo, o princípio da individualidade biológica explica a
variabilidade entre elementos da mesma espécie que faz com que não existam
pessoas iguais entre si. Cada ser humano possui uma estrutura física e
psíquica própria, o que obriga a estabelecer diferentes tipos de
condicionamento para um processo de preparação desportiva que obedeça às
características físicas e psíquicas individuais dos atletas. Para obter essas
características, emprega-se o uso de testes, que fornecem dados importantes
para o planejamento de um treinamento individual (TUBINO, 1979;
HERNANDES JR., 2002).
O Principio da Adaptação – Quando o organismo está adaptado, há um
equilíbrio entre os processos de síntese e degradação, enquanto não sejam
interrompidas as exigências normais. Isto quer dizer que cada organismo,
quando se encontra adaptado, está num equilíbrio dinâmico denominado
homeostase. Se a homeostase é interrompida por um estímulo, o organismo irá
procurar restabelecer o equilíbrio. Caso esse estímulo seja muito forte, o que
degenera o organismo total ou parcialmente, a homeostase se interrompe pelo
domínio dos processos degenerativos e exige como resposta um aumento dos
processos constitutivos. Se a homeostase provoca um aumento do nível de
ressíntese, deverão ser relacionadas cargas consecutivas de treinamento, para
que ocorra uma estabilização dos processos anabólicos. A ressíntese tem
como objetivo proteger a estrutura de um esgotamento excessivo da sua
capacidade no momento em que o organismo volta a experimentar um novo
estímulo. Quando a carga de treinamento não produz alterações significativas
da homeostase, é necessário aumentar a carga de trabalho de maneira
uniforme ou descontinuamente progressivo. Porém a redução da carga em
certas ocasiões é também um fator importantíssimo para o aumento do
rendimento, pois há momentos onde o organismo cansado já não assimila mais
o trabalho. Deste modo é necessário diminuir a carga de forma descontínua e
durante pouco tempo, o que melhora o rendimento, caso contrário, poderá
ocorrer uma perda funcional do sistema devido a uma sobrecarga.
Dependendo do momento em que se encontra o desenvolvimento do
treinamento o organismo pode entrar em um estado de supertreinamento, o
que acarreta uma queda descontrolada do rendimento, caso a carga de
trabalho não seja reduzida. Este fenômeno no futebol pode ocorrer
principalmente na segunda metade do campeonato, especialmente se a equipe
joga duas vezes na semana. Isso é comum no futebol brasileiro, onde muitas
equipes participam ao mesmo tempo em mais de um campeonato durante a
temporada (FERNANDES, 1994).
O Principio da Síndrome Geral de Adaptação (SGA) – Segundo Selye
(1956), citado por Tubino (1979) e de acordo com Hernandes Jr. (2002), é a
reação do organismo frente aos estímulos que provocam adaptações ou danos
ao mesmo sendo que esses estímulos são denominados agentes estressores
ou estressantes. Segundo Tubino (1979) e Hernandes Jr. (2002) há três fases
de SGA:
Fase de Alarme – É a aplicação das sobrecargas no organismo. É
caracterizada pelo desconforto, é dividido em choque e contrachoque. O
choque é a resposta inicial do organismo á estímulos aos quais não está
adaptado, provocando a diminuição da pressão sangüínea. O contrachoque é o
inverso, ocorre o aumento da pressão sangüínea;
Fase da Resistência – É a fase de adaptação, onde há o
desenvolvimento adequado dos canais específicos de defesa, sendo esta
etapa caracterizada pela dor e pela ação do organismo resistindo ao agente
estressante inicial, ou seja, ocorre quando o organismo busca a adaptação
para resistir às demandas impostas pelo estímulo. É a fase que mais interessa
ao treinamento desportivo;
Fase de Exaustão – É aquela em que as reações se disseminam, em
conseqüência da saturação dos canais apropriados de defesa, tendo como
característica a presença do colapso, podendo chegar até a morte. Isso ocorre
quando o estímulo persiste além da capacidade de recuperação do organismo,
o mesmo terá suas reservas diminuídas e conseqüentemente entrará em
estresse.
No treinamento devemos evitar a fase de exaustão propiciando aos
atletas os tempos corretos de recuperação aos estímulos. Analisando este
princípio, conclui-se que há quatro situações básicas onde possamos aplicar o
estímulo: a) Antes da recuperação energética ao nível inicial; b) No momento
da recuperação energética ao nível inicial; c) No momento em que o organismo
realiza a supercompensação e d) Após o organismo ter executado a
supercompensação (HERNANDES JR., 2002).
O Principio da Sobrecarga – Para que o treinamento gere aumento da
performance é preciso que exponhamos o organismo á estímulos maiores que
os normalmente encontrados, ou seja, sempre que o estímulo se estabilizar o
organismo também estabilizara a resposta. Isto não significa que devemos
sempre treinar mais e mais forte, pois caso isso ocorra, iremos esgotar a
capacidade de o organismo responder aos estímulos e estaremos adentrando
a síndrome do estresse de treinamento (HERNANDES JR., 2002).
Segundo Fernandes (1994) e Hernandes Jr. (2002), para adaptar o
organismo ao novo esforço, deve-se primeiramente selecionar a carga
(intensidade) do trabalho, e o estimulo deve ter uma curta duração para
provocar a supercompensação. Além da intensidade, a adaptação também
depende do volume. Para manter a intensidade da carga, é necessário que o
volume tenha uma duração adequada, através do maior número de repetições.
Para que ocorra a supercompensação é fundamental que se escolha a carga
adequada de trabalho, com uma correta fase de recuperação, estabelecendo
uma boa relação entre volume, intensidade e recuperação. Para que haja uma
progressão da carga de trabalho a ordem normalmente utilizada é: aumento da
freqüência de treinamento, aumento do volume da carga e aumento da
intensidade da carga.
Em resumo, essa progressão de carga ocorre quando se aumenta o
volume (repetições, séries, distância, tempo, etc.) ou a intensidade (carga,
velocidade, etc.) do treinamento, sendo que no caso do treinamento
intervalado, o mesmo pode ocorrer com a diminuição dos intervalos de
descanso entre as séries (HERNANDES JR., 2002).
O Princípio da Continuidade – Para que o treinamento tenha resultados
positivos e provoque alterações fisiológicas, onde a performance adquirida seja
otimizada, é necessário que haja um treinamento contínuo, sem interrupções.
Mas sabe-se que a condição atlética de um atleta só pode ser conseguida após
alguns anos seguidos de efetivo treinamento. Este princípio compreende que
no treinamento que está sendo aplicado em uma sistematização de trabalho,
não permite uma quebra de continuidade, ou seja, considerando um tempo
maior, o princípio da continuidade é aquele que não admite interrupções
durante esse período. Quando se analisa um atleta de alto nível, é fácil
constatar que este possui uma imensa bagagem, contendo vários processos de
treinamento sem as indesejáveis paralisações. Caso ocorram interrupções ao
treinamento, ou se trabalhe com sobrecargas extremamente leves por longos
períodos, a capacidade de performance diminuirá, afetando assim a qualidade
do treinamento aplicado. O uso de uma mesma carga pelo simples fato de ela
ter alterado a homeostase pode não ser o suficiente para produzir o mesmo
efeito na sessão seguinte. Portanto, o mais apropriado é organizar sessões de
treinamento com cargas que sempre levem á supercompensação através de
um treinamento continuo. Uma vez que não houve supercompensação, é sinal
de que houve adaptação pela continuidade da carga, então é necessário alterar
a carga, para provocar novos processos de adaptação (TUBINO, 1979;
FERNANDES, 1994; HERNANDES JR., 2002).
O Principio da Reversibilidade – Quando se para de treinar, quase todas
ou senão todas as adaptações conseguidas ao longo de muito treinamento são
em questão de semanas revertidas, reduzidas á níveis iniciais. Dentro de
alguns meses de total sedentarismo todas as adaptações conseguidas são
perdidas por completo. Por isso é muito importante conscientizar o atleta que
durante seu período de férias (transição), continue a realizar algum tipo de
atividade física, não necessariamente o esporte que se pratica, mas alguma
outra que o mantenha ativo. Normalmente os atletas querem ficar distantes de
qualquer tipo de atividade física nas férias, cabe á comissão técnica instruir seu
atleta para que este tenha consciência que a prática de exercícios físicos nas
férias são benéficas e mantém a performance, condição física adquirida ao
longo da temporada (AOKI, 2002).
O Princípio da Interdependência Volume – Intensidade – O êxito dos
atletas de alto rendimento, independente da modalidade esportiva, estão
sempre referenciados a uma grande quantidade (volume) e uma alta
qualificação (intensidade) no trabalho, apenas informando-se que a
estimulação predominante dessas duas variáveis (volume e intensidade)
deverá estar sempre adequada ás fases de treinamento e terá que seguir uma
orientação de interdependência entre si (TUBINO, 1979). Em outras palavras
isso quer dizer que qualquer incremento de volume implicará em modificações
na estimulação da intensidade e o contrário é verdadeiro. Na maioria das
vezes, o aumento dos estímulos de uma dessas duas variáveis é
acompanhado pela diminuição da abordagem de treinamento do outro, ou seja,
aumenta o volume reduz a intensidade e vice-versa.
O Principio da Especificidade – Defende a idéia de que se deve
selecionar esforços que tenham como fonte energética a mesma atividade,
para que, assim desenvolvamos positivamente o nível de performance, ou seja,
realizar treinos físicos que sejam semelhantes ao esporte praticado. Além da
fonte energética, devemos analisar ainda a especificidade do gesto motor dos
esforços escolhidos para os gestos motores da atividade em questão. A
especificidade do treinamento é que determina a transferência ou não da
performance do exercício á atividade que iremos desempenhar. Há duas
possibilidades, a transferência positiva quando o exercício proposto aumenta a
performance da atividade alvo e a transferência negativa, quando o exercício
proposto diminui ou prejudica a performance da atividade alvo (HERNANDES,
JR., 2002).
É comum notarmos que o princípio da especificidade não é respeitado,
onde atletas de esportes anaeróbios realizam uma grande carga de exercícios
aeróbios, tais como corridas de longa duração, ou até mesmo utilizam-se da
musculação sem adaptarem os movimentos a seu esporte, usando deste modo
protocolos voltados apenas para o desenvolvimento da massa muscular ou da
força motora. A escolha errada de exercícios (meios de treinamento), provoca
uma limitação aos níveis máximos da performance que estes indivíduos
poderiam atingir (HERNANDES, JR., 2002).
Após a leitura dos princípios científicos do treinamento esportivo citados
acima adquire-se uma noção básica de como devemos proceder ao planejar o
Treinamento Físico de uma equipe de alto rendimento.
BIBLIOGRAFIA
AOKI, M. S. Fisiologia, treinamento e nutrição aplicados ao futebol.
Jundiaí: Editora Fontoura, 2002.
FERNANDES, J. L. Futebol: ciência, arte ou…sorte!: treinamento para
profissionais – alto rendimento: preparação física, técnica, tática e avaliação.
São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária, 1994.
HERNANDES JR, B. D. O. Treinamento desportivo. Rio de Janeiro:
Editora SPRINT, 2002.
TUBINO, M.J.G. Metodologia cientifica do treinamento desportivo. São
Paulo: Editora Ibrasa, 1979.

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