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Este documento discute os princípios básicos da administração financeira e suas metas. Ele explica que a administração financeira lida com a gestão de recursos financeiros e decisões de investimento, financiamento e distribuição de lucros. Além disso, descreve que os administradores financeiros desempenham um papel essencial na empresa ao lidar com questões financeiras e auxiliar na tomada de decisões baseadas em métricas financeiras.

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Este documento discute os princípios básicos da administração financeira e suas metas. Ele explica que a administração financeira lida com a gestão de recursos financeiros e decisões de investimento, financiamento e distribuição de lucros. Além disso, descreve que os administradores financeiros desempenham um papel essencial na empresa ao lidar com questões financeiras e auxiliar na tomada de decisões baseadas em métricas financeiras.

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2
Administração Financeira
Administração Financeira
Autoria: Jarbas Thaunahy Santos de Almeida
Como citar este documento: ALMEIDA, Jarbas Thaunahy Santos de. Administração Financeira. Vali-
nhos: 2016.

Sumário
Apresentação da Disciplina 03
Unidade 1: Princípios básicos da Administração Financeira e suas metas 04
Unidade 2: Atividades Básicas da Função Financeira e as Áreas de Decisões Financeiras 31
Unidade 3: Análise do capital de giro 54
Unidade 4: O valor do dinheiro no tempo: juros simples, juros compostos, juros nominais, juros re-
76
ais e inflação
Unidade 5: Fontes de financiamento e mudanças nos padrões de crédito (Fontes de financiamento) 98
Unidade 6: Estrutura de Capital e Avaliação (WACC) 120
Unidade 7: Análise da gestão de recursos (WACC). Custo de capital de terceiros, de sócios 143
Unidade 8: Índices de Taxa de Retorno 164

2/201
Apresentação da Disciplina

A disciplina de Administração Financeira Dois aspectos considerados como chaves do


possui um aspecto importante para o fun- planejamento financeiro podem ser desta-
cionamento e a sustentação da empresa, cados: o planejamento de caixa e o planeja-
pois fornece roteiros para dirigir, coordenar mento de lucro. O primeiro envolve a prepa-
e controlar suas ações na consecução de ração de orçamentos de caixa da empresa;
seus objetivos. por sua vez, o planejamento de lucros é nor-
A gestão financeira movimenta o mundo. malmente realizado por meio de demons-
Empresas precisam ter um setor financeiro trações financeiras projetadas, as quais não
bem-estruturado para que todo o trabalho apenas são úteis para fins de planejamento
seja revertido em lucratividade; profissio- financeiro interno, como também são co-
nais da área contábil devem ter conheci- mumente exigidos pelos credores atuais e
mento sobre taxas de juros, financiamen- futuros.
tos, descontos de títulos de crédito, entre A amplitude e o dinamismo do campo das
outros procedimentos inerentes à profis- finanças afetam diretamente a vida das
são. Ou seja, é impossível não buscar atua- pessoas e das organizações. Por isso, diver-
lização permanente. sas áreas de estudo e um imenso número de
oportunidades profissionais estão disponí-
veis nessa área de conhecimento.
3/201
Unidade 1
Princípios básicos da Administração Financeira e suas metas

Objetivos

Segundo a ótica econômica, o objetivo fundamental de qualquer organização empresarial é


maximizar o seu valor de mercado. Para o alcance de tal meta, o gestor depara-se com três
principais decisões financeiras: de investimentos, financiamentos e de distribuições de lucro.
Tendo isso em vista, os princípios básicos da administração financeira requerem conheci-
mentos de matemática financeira, teorias da decisão, contabilidade e de estatística, bem
como o acompanhamento do mercado financeiro, que determina as taxas de juros para in-
vestimentos e financiamentos. Assim, ao final deste capítulo, o aluno será capaz de:
1. definir os principais fundamentos da gestão financeira;
2. saber estabelecer relações entre os componentes e o ambiente financeiro;
3. perceber e verificar as principais preocupações da gestão financeira.

4/201
Introdução

As finanças podem ser definidas como a


arte e a ciência de gerenciamento de fun- Para saber mais
dos. Para Gitman (2001), todos os indiví- Conforme Megliorini e Vallim (2009), é nesta dis-
duos e organizações ganham ou captam e ciplina que vamos observar a importância de as-
gastam ou investem recursos financeiros. pectos compreendidos na contabilidade, princi-
As finanças lidam com o processo, as ins- palmente, sobre as demonstrações financeiras,
tituições, os mercados e os instrumentos que fornecem informações úteis para os tomado-
na transferência de dinheiro entre pessoas, res de decisões.
negócios e governos. Neste primeiro capí-
tulo, focaremos, com certa profundidade,
As áreas mais importantes em finanças po-
nos princípios básicos da gestão financeira
dem ser resumidas ao se analisar as opor-
e suas metas.
tunidades profissionais nesse setor. Essas
oportunidades, em geral, caem em duas ca-
tegorias: serviço financeiro e administração
financeira.

5/201 Unidade 1 • Princípios básicos da Administração Financeira e suas metas


ções do gestor financeiro na empresa. Os
Link administradores financeiros gerenciam ati-
vamente as questões financeiras de muitos
Recomenda-se a leitura do link indicado a res- tipos de negócios – financeiros e não finan-
peito da área e profissional de gestão financeira. ceiros, privados e públicos, grandes, mé-
Administração, Portal. Administração Financeira dios e pequenos, com ou sem fim lucrativo.
e Orçamentária (AFO).  Disponível em: <http:// Trabalham em tarefas financeiras variadas
www.portal-administracao.com/2015/01/ como planejamento, concessão de crédito
administracao-financeira-e-orcamentaria. para clientes, avaliação de investimentos,
html>. Acesso em: 5 abr. 2017. assim como meios de obtenção de recur-
sos para financiar as operações da empresa.
A área de serviços financeiros lida com a De acordo com Gitman (2001), as mudan-
prestação de assessoria e produtos finan- ças nos ambientes econômicos e de regu-
ceiros. Envolve uma variedade de oportu- lamentação aumentaram a importância e a
nidades de carreira em bancos, planeja- complexidade das tarefas do gestor finan-
mento financeiro pessoal, investimentos, ceiro. Como resultado, altos executivos do
bens imóveis e seguros. A administração setor privado e do governo são provenien-
financeira, por sua vez, lida com as obriga- tes da área financeira.

6/201 Unidade 1 • Princípios básicos da Administração Financeira e suas metas


O entendimento dos conceitos, técnicas com avaliações de performance financei-
e das práticas abordados neste capítulo o ra e vender projetos baseados, pelo menos
ajudará a conhecer as atividades do gestor em parte, nos seus méritos financeiros. Fica
financeiro. Tendo em vista que a maioria das evidente que aqueles administradores que
decisões de negócio é mensurada em ter- entendem o processo de tomada de deci-
mos financeiros, o administrador financeiro sões financeiras estarão capacitados a lidar
possui um papel essencial na operação da com questões financeiras e, por conseguin-
empresa. Pessoas em todas as áreas de res- te, conseguirão, com maior frequência, os
ponsabilidade – contabilidade, sistemas de recursos que necessitam para a realização
informação, marketing, logística, vendas – das próprias metas.
necessitam de um entendimento básico a
respeito de administração financeira.
Todos os gestores em uma organização, sem
levar em consideração as descrições de seu
cargo, trabalham com o pessoal de finanças
para justificar as necessidades de suas áre-
as, negociar orçamentos operacionais, lidar

7/201 Unidade 1 • Princípios básicos da Administração Financeira e suas metas


As três formas legais básicas de organiza-
Para saber mais ção de negócio são a empresa individual, a
sociedade limitada e a sociedade anônima.
Há muito tempo, a gestão financeira é de suma
As empresas individuais são as mais nume-
importância para todas as empresas de grande
rosas. No entanto, as sociedades anônimas
porte e, de forma crescente, para as empresas de
são de longe a forma dominante com rela-
pequeno e médio porte, onde o sucesso nos ne-
ção a receitas e lucros líquidos.
gócios exige cada vez mais práticas financeiras
adequadas. No entanto, a gestão financeira das
pequenas e médias organizações, anteriormente,
1. Formas básicas de organiza-
resumia-se ao controle das contas a pagar e ao ção empresarial
controle das contas a receber, ou seja, uma con-
Uma empresa individual é um negócio que
tinuidade da administração geral. Com o advento
pertence a uma pessoa, que opera para seu
da maior competitividade entre as empresas, da
próprio lucro. Estima-se que três em cada
complexidade da economia, do crescimento e so-
quatro empresas no Brasil sejam individu-
fisticação do mercado financeiro, essa configura-
ais. A empresa individual típica é um pe-
ção se alterou, havendo maiores exigências para
queno negócio, tal como uma loja de re-
as funções financeiras.
paro de bicicletas, um personal trainer ou

8/201 Unidade 1 • Princípios básicos da Administração Financeira e suas metas


um eletricista residencial. Tipicamente, o nimas. Empresas de finanças, seguros e de
proprietário e alguns funcionários operam bens imóveis são os tipos mais comuns de
o negócio. Normalmente, conseguem capi- sociedades. Sociedades de contabilidade
tal de recursos pessoais ou por intermédio de empresa aberta e corretagem de ações,
de empréstimos e são responsáveis por to- muitas vezes, possuem um grande número
das as decisões do negócio. O proprietário de sócios.
individual tem responsabilidade ilimitada A maioria das sociedades é estabelecida
– o total de seus ativos, não meramente o por intermédio de um instrumento conhe-
montante originalmente investido, pode cido como contrato social. Em uma socie-
ser exigido para cobrir dívidas de negócios. dade em geral (ou regular), todos os sócios
Para Gitman (2001), a maioria opera no se- possuem responsabilidade ilimitada e cada
tor de vendas por atacado, varejo, serviços e sócio é legalmente responsável por todas as
construção. dívidas da sociedade.
Uma sociedade limitada consiste em dois Uma sociedade anônima é uma entidade de
ou mais proprietários operando juntos com negócios intangível criada por lei. Muitas
fins lucrativos. Sociedades que perfazem vezes chamada de pessoa jurídica, a socie-
em torno de 10% de todos os negócios são dade anônima possui o poder de um indiví-
tipicamente maiores que sociedades anô- duo no sentido de que ela pode processar e
9/201 Unidade 1 • Princípios básicos da Administração Financeira e suas metas
ser processada legalmente, fazer e ser parte aval do dono em um empréstimo modera a
de contratos, assim como adquirir proprie- responsabilidade limitada.
dade em seu próprio nome. Apesar de ape- Os proprietários de uma sociedade anôni-
nas 15% de todos os negócios serem socie- ma são os seus acionistas, cuja proprieda-
dades anônimas, essas são responsáveis por de é evidenciada ou por ações ordinárias ou
quase 90% das receitas de negócios e 80% ações preferenciais. Uma ação ordinária é
dos lucros líquidos. Apesar de as sociedades a forma mais pura e básica de propriedade
anônimas estarem envolvidas em todos os de uma sociedade anônima. Os acionistas
tipos de negócios, as empresas industriais esperam obter um rendimento ao receber
são responsáveis pela maior parte das re- dividendos – distribuição periódica de re-
ceitas e dos lucros líquidos dos negócios de ceitas – ou através de ganhos de capital por
sociedades anônimas. aumentos no preço das ações. Os acionistas
É importante saber conhecer que existem votam periodicamente para eleger os mem-
muitas pequenas sociedades anônimas pri- bros do Conselho de Administração, assim
vadas que se somam às grandes sociedades como para alterar os estatutos societários
anônimas. Para muitas pequenas socieda- da empresa.
des anônimas, há um acesso limitado ao O Conselho de Administração possui a au-
financiamento, assim como a exigência do toridade final na condução dos negócios
10/201 Unidade 1 • Princípios básicos da Administração Financeira e suas metas
da sociedade anônima e na concepção da importante destacar a divisão entre os pro-
política geral da empresa. Os conselheiros prietários e os administradores em uma
incluem pessoal-chave na sociedade anô- grande sociedade anônima.
nima, assim como indivíduos de fora da em- Pessoas que atuam em todas as áreas de
presa que são tipicamente pessoas de su- responsabilidade dentro da empresa vão in-
cesso nos negócios. teragir com a área financeira. O tamanho e a
Algumas sociedades anônimas não pos- importância da função da administração fi-
suem acionistas, mas sim “membros” que, nanceira dependem do tamanho da empre-
muitas vezes, possuem direitos similares aos sa. Em empresas pequenas, o funcionamen-
dos acionistas – eles têm o direito de votar e to das finanças é geralmente cumprido pelo
receber dividendos. departamento de contabilidade. À medida
O diretor ou diretor-presidente (Chief Exe- que a empresa cresce, o funcionamento das
cutive Officer – CEO) é responsável pelo ge- finanças evolui para um departamento em
renciamento do cotidiano das operações e separado, conectado diretamente com o di-
por levar adiante as políticas estabelecidas retor-presidente da companhia ou CEO, por
pelo conselho. Do CEO é exigido que rela- intermédio do vice-presidente de finanças,
te periodicamente suas atividades para o comumente chamado de Chief Financial Of-
conselho de administração da empresa. É ficer – CFO.
11/201 Unidade 1 • Princípios básicos da Administração Financeira e suas metas
O campo de finanças relaciona-se estrei- A principal função do contador é desenvol-
tamente com a economia. Administrado- ver e prover dados para mensurar a perfor-
res financeiros devem entender o quadro mance da empresa, avaliando sua posição
geral da economia e estar em alerta para financeira para o pagamento de impostos.
as consequências da variação dos níveis Usando os princípios geralmente aceitos, o
de atividade econômica, assim como para contador prepara demonstrações financei-
mudanças na política econômica (GITMAN, ras que reconhecem a receita no momento
2001). Eles devem ser capazes de usar teo- em que os gastos são incorridos. Essa abor-
rias econômicas como linhas mestras para dagem é referida como regime de compe-
uma gestão de negócios eficiente. O prin- tência.
cípio econômico mais eficiente utilizado no
gerenciamento de finanças é a análise mar- O gerente financeiro, por outro lado, en-
ginal, na qual as decisões financeiras devem fatiza principalmente os fluxos de caixa, a
ser tomadas e as ações executadas somente entrada e a saída de dinheiro. Ele mantém
quando os benefícios adicionais excederem a solvência da empresa através do planeja-
os custos somados. Quase todas as deci- mento dos fluxos de caixa necessários para
sões financeiras, em última análise, chegam satisfazer a suas obrigações e adquirir os
a uma avaliação dos benefícios marginais e ativos necessários para alcançar as metas
dos custos marginais. da empresa. O gerente financeiro utiliza o
12/201 Unidade 1 • Princípios básicos da Administração Financeira e suas metas
regime de caixa para reconhecer as receitas
e gastos somente com relação aos fluxos de
entrada e saída reais de caixa. Sem levar em
Link
As responsabilidades, competências e os riscos
consideração seu lucro ou perda, a empre-
relacionados à administração financeira estão su-
sa deve ter um fluxo de caixa suficiente para
marizados no link indicado. WILKER, Bráulio. Ob-
atender suas obrigações no momento de
jetivos da administração financeira, 2013. Dis-
seu vencimento.
ponível em: <http://www.administradores.
Portanto, o gerente financeiro deve olhar com.br/artigos/economia-e-financas/obje-
além das demonstrações financeiras para tivos-da-administracao-financeira/69169/>.
refletir sobre os problemas atuais ou po-
Acesso em: 5 abr. 2017.
tenciais. É claro, os contadores estão bem
conscientes da importância de fluxos de
caixa, assim como os gestores financeiros A segunda maior diferença entre finanças e
usam e entendem demonstrações finan- contabilidade diz respeito à tomada de de-
ceiras baseadas no regime de competên- cisões. Contadores dedicam maior parte de
cia. Contudo, a maior ênfase de contadores sua atenção à coleta e à apresentação de
é o regime de competência, assim como a dados financeiros. Administradores finan-
maior ênfase de administradores financei- ceiros avaliam as demonstrações contábeis,
ros é o regime de caixa. desenvolvem dados adicionais e tomam
13/201 Unidade 1 • Princípios básicos da Administração Financeira e suas metas
decisões baseadas na sua avaliação dos re-
sultados e riscos associados. Contadores Link
fornecem dados desenvolvidos de forma A administração financeira confunde-se com es-
consciente sobre as operações passadas, tratégia organizacional, sendo que a primeira é
presentes e futuras da empresa. Adminis- responsável por avaliar a rentabilidade de proje-
tradores financeiros usam esses dados na tos de novos negócios e investimentos em ativos.
forma bruta, ou após certos ajustes e aná- Outros aspectos podem ser estudados no link
lises, como um importante insumo para o sugerido. RAMOS, João F. A importância da ad-
processo de tomada de decisões. Evidente ministração financeira da empresa. Disponível
que isso não significa que contadores nun- em: <http://www.portaldeauditoria.com.br/
ca tomam decisões, ou que administrado- artigos/A-importância-da-administração-fi-
res financeiros nunca colhem dados; mais nanceira.asp>. Acesso em: 5 abr. 2017.
precisamente, o enfoque principal da con-
tabilidade e das finanças é diferente.
As principais atividades do gerente finan-
ceiro são:
a) fazer análise e planejamento financei-
ros;
14/201 Unidade 1 • Princípios básicos da Administração Financeira e suas metas
b) tomar decisões de investimento; e
c) tomar decisões de financiamento.
Apesar de as decisões de financiamento
e investimento serem analisadas no bal-
anço, essas são tomadas com base nos seus
efeitos no fluxo de caixa.
Para saber mais
Como o valor da ação representa o capital próprio,
podemos afirmar que o objetivo da administração
financeira é a gestão financeira para maximizar
o valor de mercado do capital dos proprietários
existentes.

15/201 Unidade 1 • Princípios básicos da Administração Financeira e suas metas


Glossário
Finanças: arte e a ciência de gerenciamento de fundos.
Administração financeira: a parte das finanças que lida com a prestação de assessoria e pro-
dutos financeiros.
Gestor financeiro: gerencia ativamente as questões financeiras de qualquer tipo de negócio,
seja ele público ou privado, grande ou pequeno, com ou sem fins lucrativos.

16/201 Unidade 1 • Princípios básicos da Administração Financeira e suas metas


?
Questão
para
reflexão
A responsabilidade pública da gestão financeira deve estar inse-
rida no escopo do trabalho do administrador, pois suas ações po-
dem afetar muito a sociedade na qual a empresa está inserida.
Por exemplo, uma empresa pode estar proibida de produzir certos
produtos em determinadas regiões porque o governo declara que
causa poluição. No entanto, as organizações têm obrigações para
com a comunidade e considerações sobre aspectos sociais, morais,
ambientais e éticos que devem fazer parte do processo de tomada
de decisões de investimentos e que não podem ser ignorados pelos
gestores financeiros. Algumas políticas sociais, como, por exem-
plo: maior segurança aos trabalhadores, contratação de minorias e
outras, fazem parte do processo financeiro da decisão e evidente-
mente que esses custos sociais devem ser condizentes com a situ-
ação financeira de cada empresa.
17/201
?
Questão
para
reflexão

A principal responsabilidade social de uma empresa é a manuten-


ção das necessidades sociais ao perseguir a meta de maximizar sua
riqueza. Quanto às ações das empresas de: vendas, compras, re-
cebimentos, pagamentos, recolhimento de impostos etc., são in-
terações realizadas no país de origem e com o exterior, por meio
das importações e exportações. Todas essas ações são fiscalizadas
por órgãos governamentais, sob vigência de normas legais e fis-
cais, e também estão sujeitas a diversas variáveis, por exemplo: lei
da oferta e da procura, custo de financiamento, alterações em leis
regulatórias, alterações tributárias etc.

18/201
?
Questão
para
reflexão

Esse conjunto de fatores caracteriza o ambiente econômico, que é


fortemente influenciado pela estrutura de mercado e pelas políti-
cas econômicas do governo. Diante do exposto e baseado no que
foi apresentado nesse capítulo, reflita: Quais são as principais dife-
renças entre contabilidade e finanças com relação à ênfase sobre
fluxos de caixa e tomada de decisões?

19/201
Considerações Finais

• Os proprietários de uma sociedade anônima são normalmente distintos dos


gestores.
• As ações dos gerentes financeiros devem ser tomadas para alcançar os obje-
tivos dos proprietários da empresa.
• Na maioria dos casos, se os gestores financeiros possuem sucesso nessa em-
preitada, alcançarão também seus próprios objetivos financeiros e profissio-
nais.
• Administradores financeiros precisam saber quais são os objetivos dos pro-
prietários da empresa.

20/201
Referências

ALMEIDA, Jarbas Thaunahy Santos de. Matemática financeira. Rio de Janeiro: LTC, 2016.
GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira – essencial. 2. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2001.
HOJI, Masakazu. Administração financeira na prática: guia para educação financeira corporati-
va e gestão financeira pessoal. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
MEGLIORINI, Evandir; VALLIM, Marco Aurélio. Administração Financeira: uma abordagem bra-
sileira. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.
SANVINCENTE, Antonio Zoratto. Administração financeira. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

21/201 Unidade 1 • Princípios básicos da Administração Financeira e suas metas


Questão 1
1. Em muitas empresas, os proprietários também são os seus administrado-
res, porém são papéis diferentes e, muitas vezes, com interesses conflitan-
tes. O proprietário é o dono do negócio, investe o capital necessário, assu-
me os prejuízos quando e se acontecerem ou ocorrerem e banca o risco do
negócio até que se torne lucrativo. O administrador é quem administra o
dia a dia do negócio, ou seja, supervisiona, orienta e dirige os funcionários
da empresa, faz a gestão do negócio e toma as decisões necessárias. Com
base no papel dos administradores e no papel dos proprietários, considere
as sentenças a seguir:

I. O proprietário é quem banca sozinho o risco dos investimentos.


II. O administrador é quem toma as decisões operacionais do negócio.
III. Administrador e proprietários decidem sempre com vistas ao mesmo objetivo.

22/201
Questão 1

É correto APENAS o que se afirma em:


a) II e III;
b) II;
c) I e III;
d) I e II;
e) III.

23/201
Questão 2
2. As funções do contador e do administrador financeiro têm característi-
cas diferentes. Sendo assim, considere as sentenças a seguir:

I. A função primordial do contador é coletar, registrar, preparar demonstrativos financeiros, ba-


lanços e demonstrativo de resultados, preparar relatórios, desenvolver análises e preparar índi-
ces financeiros, relatar dados que permitam mensurar o desempenho da empresa.
II. As informações contábeis são fundamentais para que o administrador financeiro conheça os
recursos disponíveis, saiba a capacidade de geração de fluxos de caixa, identifique a situação de
liquidez, atividade, endividamento e lucratividade da empresa, para que possa desempenhar a
contendo suas funções primordiais.
III. A função primordial do administrador financeiro é tomar as decisões para manter a empresa
solvente, planejar os fluxos de caixa e garantir que sejam honrados compromissos financeiros
assumidos, adquirir os ativos necessários para atingir as metas, decidir como obter os fundos ne-
cessários para financiar as atividades da empresa, enfim, focar sua atenção e seu trabalho para
que a empresa seja bem-sucedida.

24/201
Questão 2

É correto o que se afirma em:


a) a) I e II, apenas;
b) b) III, apenas;
c) c) I e III, apenas;
d) d) II e III, apenas;
e) e) I, II e III.

25/201
Questão 3
3. Tendo em vista as diferenças entre o regime de caixa e o regime de
competência, é correto afirmar que:

a) em contabilidade, trabalhamos no regime de calendário gregoriano, em que o regime de caixa


e competência são defasados em 30 dias. Em finanças, trabalhamos no regime de calendário
grego-romano de caixa, o que significa que estamos preocupados com as efetivas datas dos
contratos firmados. Em outras palavras, em finanças trabalhamos no regime de caixa;
b) em contabilidade, estamos preocupados com as datas em que compras e vendas foram fei-
tas. Estamos preocupados se já foram pagas ou se ainda serão (ou quando). Em outras pala-
vras, em contabilidade trabalhamos no regime de caixa. Em finanças, estamos preocupados
com a efetiva data de entrada e saída de dinheiro na empresa. Em outras palavras, em finan-
ças trabalhamos no regime de competência;
c) em contabilidade, estamos preocupados com a efetiva data de entrada e saída de dinhei-
ro na empresa. Em outras palavras, em contabilidade trabalhamos no regime de caixa. Em
finanças, estamos preocupados com as datas em que compras e vendas foram feitas. Não
estamos preocupados se já foram pagas ou se ainda serão (ou quando). Em outras palavras,
em finanças trabalhamos no regime de competência;

26/201
Questão 3

d) em contabilidade, estamos preocupados com as datas em que compras e vendas foram fei-
tas. Não estamos preocupados se já foram pagas ou se ainda (ou quando). Em outras pala-
vras, em contabilidade trabalhamos no regime de competência. Em finanças, estamos preo-
cupados com a efetiva data de entrada e saída de dinheiro na empresa. Em outras palavras,
em finanças trabalhamos no regime de caixa;
e) em contabilidade, trabalhamos no regime de competência, o que significa que estamos pre-
ocupados com as datas em que compras e vendas foram feitas e, obviamente, com as datas
dos pagamentos. Em outras palavras, em contabilidade trabalhamos no regime de compe-
tência. Em finanças, trabalhamos no regime de caixa, o que significa que estamos preocu-
pados com as efetivas datas dos contratos firmados. Em outras palavras, em finanças traba-
lhamos no regime de caixa.

27/201
Questão 4
4. Uma das primeiras decisões que os investidores devem tomar é quanto à
forma de constituição da empresa que desejam montar. No Brasil, os princi-
pais tipos de empresa quanto à sua constituição são, EXCETO:

a) empresa familiar;
b) sociedades anônimas;
c) sociedades simples;
d) sociedade limitada;
e) empresário “individual”.

28/201
Questão 5
5. São os objetivos tradicionais das empresas:

a) maximizar a riqueza dos stakeholders e gerar lucro para os investidores;


b) maximizar a riqueza e criar valor para a sociedade;
c) maximizar a riqueza e criar valor para os investidores;
d) gerar lucro para os investidores e criar novos produtos para os clientes;
e) maximizar a riqueza e criar valor para os gestores.

29/201
Gabarito
1. Resposta: D. tabilidade trabalhamos no regime de com-
petência. Em finanças, estamos preocupa-
A assertiva III está incorreta, pois o adminis- dos com a efetiva data de entrada e saída de
trador e os proprietários nem sempre deci- dinheiro na empresa, ou seja, trabalhamos
dem com vistas ao mesmo objetivo. no regime de caixa.

2. Resposta: E. 4. Resposta: A.
As três assertivas estão corretas, conforme Conforme texto apresentado neste capí-
demonstrado ao longo do capítulo desta tulo, apenas não foi mencionado o tipo de
disciplina acerca das funções do contador e empresa que consta na alternativa A.
do administrador financeiro.
5. Resposta: C.
3. Resposta: D.
São os objetivos tradicionais das empresas
Em contabilidade, estamos preocupados maximizar a riqueza e criar valor para os in-
com as datas em que compras e vendas fo- vestidores.
ram feitas; não estamos preocupados se já
foram pagas. Em outras palavras, em con-
30/201
Unidade 2
Atividades Básicas da Função Financeira e as Áreas de Decisões Financeiras

Objetivos
O objetivo econômico e financeiro de uma empresa é a maximização de seu valor de mercado
por meio de geração contínua no longo prazo, executando as atividades inerentes ao seu ob-
jetivo social, pois, com o aumento do valor da empresa, o proprietário da empresa (acionista
de uma sociedade anônima, cotista de uma sociedade por cotas ou o proprietário de uma
empresa individual) aumenta sua própria riqueza.
O objetivo social de uma empresa é a atividade principal que ela executa. Por exemplo, o ob-
jetivo de uma montadora de automóveis é fabricar e vender automóveis; o de uma loja de ma-
teriais de construção é comprar e vender materiais de construção; o de um hospital é prestar
serviços relacionados à saúde. Assim, este capítulo proporcionará a você:
1. compreender o processo de planejamento financeiro, incluindo os planos de curto prazo;
2. entender o papel de cada plano estratégico e operacional;
3. avaliar a importância do uso das demonstrações financeiras projetadas, evitando dificul-
dade financeira no negócio.
31/201
Introdução

Um aspecto que deve ser considerado, ini- sas) permanecem altas, sendo que, aproxi-
cialmente, é um dos postulados da teoria madamente, 30% das novas empresas pau-
contábil, segundo o qual “a entidade é um listas encerram suas atividades antes de
organismo vivo que irá viver (operar) por completar um ano de atividade e quase 60%
um longo período (indeterminado) até que fecham em cinco anos”. A alta mortalidade
surjam fortes evidências em contrário” (IU- poderia ser reduzida substancialmente se
DÍCIBUS; MARION, 2001, p. 46). É o princí- fossem eliminadas algumas deficiências de
pio contábil de continuidade, que prescreve gestão empresarial, principalmente a falta
que uma empresa é criada com o propósi- de conhecimentos financeiros essenciais de
to de existir eternamente, pois, com raras seus gestores, tais como o planejamento fi-
exceções, ninguém inicia um negócio para nanceiro e a margem de contribuição.
encerrar suas atividades logo em seguida.
Existem no mundo, e também no Brasil, di-
versas empresas centenárias.
Segundo a pesquisa do SEBRAE-SP (Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Em-
presas de São Paulo), “[...] as taxas de morta-
lidade das MPEs (micro e pequenas empre-
32/201 Unidade 2 • Atividades Básicas da Função Financeira e as Áreas de Decisões Financeiras
melhoria ambiental, entre outros. Existem
Link empresas que divulgam o balanço social, o
qual reflete a aplicação de recursos em as-
Um planejamento financeiro corresponde a uma suntos de natureza social, tais como educa-
estratégia para atingir a meta de uma empresa, ção e melhoria de condições de vida de seus
seja para conquistar um aumento do ganho, corte funcionários e da comunidade. Esses bene-
nas despesas, eliminação de perdas, entre outros. fícios não poderiam ser dados se a empresa
Sobre esse assunto, consulte o link indicado. Ende- não fosse lucrativa.
avor Brasil. Controlar seu fluxo de caixa, projetar
cenários, desenvolver planos de ação: como um
planejamento financeiro bem estruturado pode Para saber mais
ajudar sua empresa a crescer, 2015. Disponível
Nota-se que o planejamento financeiro, além de
em: <https://endeavor.org.br/planejamento-
indicar caminhos que levam a alcançar os objeti-
-financeiro/>. Acesso em: 5 abr. 2017.
vos da empresa, tanto a curto como a longo prazo,
cria mecanismos de controle que envolvem todas
Uma empresa precisa ser lucrativa para po-
as suas atividades operacionais e não operacio-
der destinar parte do lucro para função so-
nais.
cial, como o pagamento de tributos, treina-
mento dos colaboradores, investimento em
33/201 Unidade 2 • Atividades Básicas da Função Financeira e as Áreas de Decisões Financeiras
presa, representada por seus administrado-
Link res (diretores e gerentes) e empregados em
geral, interage com os agentes econômicos
Os principais aspectos (alocação e obtenção de do ambiente em que está inserida, gera os
recursos, investimento, financiamento, fluxo de resultados econômicos e financeiros e re-
caixa etc.) de um planejamento financeiro empre- munera os acionistas pelo investimento re-
sarial podem ser observados no artigo: THÉ, Hina- alizado.
ra Araújo; MOREIRA, Héber Lavor. Planejamento
Financeiro Empresarial. Disponível em: <http:// Podemos definir atividade como a execução
peritocontador.com.br/wp-content/uplo- de algum trabalho ou função específica,
ads/2015/04/Hinara-Araújo-Thé-Planeja- uma ocupação, uma profissão, um tipo de
mento-Financeiro-Empresarial.pdf>. Acesso serviço, de comércio, ou de indústria.
em: 5 abr. 2017.

Segundo Hoji (2004, p. 21), do ponto de vis-


ta dos acionistas uma empresa pode ser vi-
sualizada como um sistema que gera lucro e
aumenta os recursos nela investidos. A em-

34/201 Unidade 2 • Atividades Básicas da Função Financeira e as Áreas de Decisões Financeiras


Sob o aspecto financeiro, as atividades nor-
malmente executadas em uma empresa
Link podem ser agrupadas segundo o aspecto
gerencial e ser classificadas em:
Recomenda-se a leitura da dissertação para a
apreciação e constatação do planejamento fi- a) operações;
nanceiro no desempenho organizacional de mé- b) investimentos; e
dias empresas familiares do setor de alimentos.
c) financiamentos.
TELÓ, Admir Roque. Desempenho organiza-
cional: planejamento financeiro em empresas As atividades de operações são decorrentes
familiares. 2000. 101 f. Dissertação (Mestra- do objetivo social da empresa, ou seja, da
do em Administração). Curso de Administra- finalidade para a qual ela foi criada e exis-
ção, Universidade Federal de Santa Catarina, te. Por exemplo, a atividade operacional de
Florianópolis, 2000. Disponível em: <https:// uma empresa comercial poderia ser a venda
repositorio.ufsc.br/xmlui/bitstream/hand- de automóveis e tratores, venda de mate-
le/123456789/79339/177397.pdf?sequen- riais esportivos, venda de produtos farma-
ce=1&isAllowed=y>. Acesso em: 5 abr. 2017. cêuticos, supermercado, restaurante, entre
outras. A atividade operacional de uma in-
dústria poderia ser a fabricação e venda de
35/201 Unidade 2 • Atividades Básicas da Função Financeira e as Áreas de Decisões Financeiras
móveis, construção civil, fabricação e ven- atividades operacionais de uma única em-
da de aparelhos eletrônicos, entre outras. A presa podem englobar fabricação, comércio
atividade operacional no ramo de serviços e prestação de serviços.
poderia ser a de banco, conserto de tape- As atividades de investimento são execu-
tes, consultoria, transportadora etc. Pode- tadas para dar suporte às atividades ope-
-se perceber que as atividades operacionais racionais. Possuem caráter permanente e
têm muito a ver com o objetivo social, pois de longo prazo. Por exemplo: os gastos com
derivam dele. aquisição de máquinas para produção de
Basicamente, as atividades operacionais re- bens, prédios para funcionamento da loja,
lacionam-se com a compra e venda de mer- veículos para distribuição de mercadorias,
cadorias, compra de matérias-primas e sua entre outros. Sem esses investimentos, as
transformação, venda de produtos, pres- atividades de operação poderiam não se
tação de serviços, armazenagem e distri- realizar adequadamente. Em empresas não
buição. As atividades de suporte, tais como financeiras, os investimentos de natureza
as de compra, controle de estoque, admi- financeira, tais como aplicações em CDB
nistração geral, marketing, contabilidade, (Certificado de Depósito Bancário), em LTN
finanças e jurídico, são consideradas tam- (Letras do Tesouro Nacional), em debêntu-
bém dentro da atividade operacional. As res, em fundos de investimentos, entre ou-
36/201 Unidade 2 • Atividades Básicas da Função Financeira e as Áreas de Decisões Financeiras
tros, são mais bem classificados em ativida- de uma empresa individual (HOJI, 2012). O
des financeiras, de forma dedutiva. gestor financeiro (ou administrador finan-
As atividades de financiamento são exe- ceiro) possui papel fundamental em uma
cutadas para suprir a empresa de recursos organização, seja ela empresa ou família,
consumidos nas atividades operacionais e pois é a pessoa que planeja e controla os
de investimento. Uma parte dos recursos recursos financeiros e orienta quanto à me-
pode ser paga com o caixa gerado pelas lhor forma de condução das atividades ope-
operações (caixa é diferente de lucro, como racionais de curto e longo prazos, com base
será visto a seguir). em conhecimentos técnicos e visão global
do negócio.
1. Funções do gestor financeiro Todas as atividades empresariais envolvem
recursos e, portanto, devem ser conduzidas
As atividades de operações existem em fun- para a geração do lucro. As funções típicas
ção do negócio da empresa e sua condução do gestor financeiro de uma empresa são:
é de responsabilidade do “dono do negócio”,
a) Análise, planejamento e controle fi-
que pode estar representado por seu dire-
nanceiro.
tor-presidente, pelo conselho de adminis-
tração, pelos diretores, ou pelo próprio dono b) Tomada de decisões de investimentos.

37/201 Unidade 2 • Atividades Básicas da Função Financeira e as Áreas de Decisões Financeiras


c) Tomada de decisões de financiamen- As decisões de investimento são tomadas
to. para a destinação dos recursos financeiros
As funções de análise, planejamento e con- para aplicação em ativos circulantes e em
trole financeiro consistem em coordenar, ativos realizáveis a longo prazo e perma-
monitorar e avaliar todas as atividades da nentes, mensurando a relação risco-retor-
empresa (operação, investimento e finan- no dos capitais alocados.
ciamento), bem como participar ativamen- As decisões de financiamento são toma-
te das decisões estratégicas, planejando das para captação de recursos financeiros
as atividades da empresa no longo prazo, para o financiamento dos ativos circulantes
mensurando os riscos em relação ao re- e realizáveis a longo prazo e permanentes,
torno esperado. Essa função não significa considerando a combinação adequada dos
simplesmente efetuar o registro de receitas financiamentos a curto e a longo prazo e o
e gastos e informar os valores; por meio da custo de capital.
análise das causas da variação do valor efe- Uma vice-presidência ou diretoria financei-
tivo (ou realizado) em relação ao planeja- ra é composta por dois grupos distintos de
do, a empresa faz ajustes no plano original, especialistas ou de conhecimentos, porém
a fim de eliminar as causas indesejáveis do intimamente vinculados. O responsável por
desperdício e minimizar gastos. um dos grupos recebe o título de tesourei-
38/201 Unidade 2 • Atividades Básicas da Função Financeira e as Áreas de Decisões Financeiras
ro (ou gerente financeiro) e responsável por
outro grupo, a denominação de controller Para saber mais
(ou contador). A gestão financeira, para ser eficaz, precisa estar
Basicamente, o tesoureiro é responsável sustentada e orientada por um planejamento de
pelo planejamento, controle e movimen- suas disponibilidades. Para isso, o gestor precisa
tação de recursos financeiros e o controller de instrumentos confiáveis que o auxiliem a oti-
é responsável pelo planejamento, contro- mizar os rendimentos dos excessos de caixa ou a
le e análise das operações e investimentos. estimar as necessidades futuras de financiamen-
Em empresas de porte pequeno ou médio, tos, para que possa tomar decisões certas e opor-
a área de finanças está, geralmente, sob a tunas.
responsabilidade de um gerente financeiro
ou controller financeiro (HOJI, 2012, p. 18). Enquanto o balanço patrimonial retrata a
situação estática do patrimônio de um de-
terminado momento, a demonstração de
resultado apresenta a dinâmica das ativida-
des empresariais executadas dentro de um
determinado período. A demonstração de

39/201 Unidade 2 • Atividades Básicas da Função Financeira e as Áreas de Decisões Financeiras


fluxo de caixa complementa o balanço pa- Outro conceito importante em gestão finan-
trimonial e a demonstração de resultado. ceira é o conceito de caixa operacional, que
A demonstração de resultado é uma das é o resultado de caixa gerado pela operação
principais peças contábeis, que demonstra, (negócio). A geração de caixa operacional
ao seu final, quanto a empresa gerou de lu- é fundamental para o sucesso do negócio,
cro ou prejuízo no período. pois, se a operação não gera caixa, isso in-
dica que a empresa está se deteriorando fi-
A diferença entre as receitas e as despesas nanceiramente, isto é, perdendo o capital
resulta em lucro líquido (ou prejuízo líquido, investido. Diz-se que a operação está con-
se a soma das despesas for maior do que a sumindo caixa. Nesse caso, é recomendável
soma das receitas). avaliar a possibilidade de encerrar as ativi-
O balanço patrimonial demonstra a situa- dades ou reduzir o tamanho do negócio.
ção estática dos bens, direitos e obrigações Em ambiente empresarial, o caixa pode ser
em um determinado momento. A soma do gerado por meio de:
ativo é sempre igual à soma do passivo e pa-
trimônio líquido (PL), pois o “balanço” entre a) operação;
os dois lados é de equilíbrio. b) empréstimo e financiamento;
c) integralização de capital social.
40/201 Unidade 2 • Atividades Básicas da Função Financeira e as Áreas de Decisões Financeiras
O caixa gerado por meio de operação é o
mais importante, pois o recurso gerado per-
tence definitivamente à empresa e não há
a necessidade de devolvê-lo. É um recurso
que permanece no caixa da empresa.
Para saber mais
O caixa gerado por meio de empréstimo ou
A sobrevivência e o crescimento da empresa são
financiamento não pertence à empresa to-
consequências de um planejamento que envolve
madora de recursos, pois é necessário de-
volume de vendas com margens de lucros, que
volvê-lo no mesmo valor, acrescido de juro.
remunerem, de forma satisfatória, o capital in-
O caixa gerado por meio de integralização
vestido e um plano de recebimentos e pagamen-
de capital social não precisa ser devolvido
tos intercalados com boa margem de segurança
ao acionista, mas esse recurso deve ser re-
do primeiro para o segundo, garantindo, assim,
munerado por meio de valorização da ação
a viabilidade e a permanência da empresa no
e/ou pagamento de dividendo.
mercado.

41/201 Unidade 2 • Atividades Básicas da Função Financeira e as Áreas de Decisões Financeiras


Glossário
Objetivo social: é a atividade principal que a empresa executa.
Gasto: dispêndio de recurso para investimento, custo e despesa.
Investimento: é um gasto feito para gerar receita durante vários anos.

42/201 Unidade 2 • Atividades Básicas da Função Financeira e as Áreas de Decisões Financeiras


?
Questão
para
reflexão

O planejamento e o controle orçamentário, quando re-


alizados juntamente com o controle financeiro, possibi-
litam mudanças táticas rápidas para tratar de eventos
estranhos ao processo administrativo, os quais colocam
em risco o alcance das metas estabelecidas. Nesse sen-
tido, quais são as maiores exigências em torno de quali-
ficação para um cargo na área financeira de uma grande
empresa?

43/201
Considerações Finais

• Empresas de negócios operam em um ambiente complexo, onde ins-


tituições financeiras e mercados afetam as oportunidades de investi-
mento, assim como o custo e a disponibilidade de financiamento.
• O setor contábil vai prover as demonstrações financeiras necessárias
para a análise e o planejamento financeiro, assim como para a toma-
da de decisões de investimento e financiamento.
• O analista financeiro é o responsável pelo preparo dos planos finan-
ceiros e orçamentários. Outras obrigações incluem a previsão finan-
ceira, a análise financeira de desempenho e o trabalho em conjunto
com a contabilidade.
• O controller é um funcionário responsável pelas atividades de conta-
bilidade da empresa, tais como a contabilidade da sociedade anôni-
ma, o gerenciamento de impostos, assim como a contabilidade finan-
ceira e de custos.

44/201
Referências

ALMEIDA, Jarbas Thaunahy Santos de. Matemática financeira. Rio de Janeiro: LTC, 2016.
GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira – essencial. 2. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2001.
HOJI, Masakazu. Administração financeira na prática: guia para educação financeira corporati-
va e gestão financeira pessoal. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARION, José Carlos. Dicionário de Termos de Contabilidade. São Paulo:
Atlas, 2001.
SANVINCENTE, Antonio Zoratto. Administração financeira. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

45/201 Unidade 2 • Atividades Básicas da Função Financeira e as Áreas de Decisões Financeiras


Questão 1
1. As principais atividades e responsabilidades do gestor ou executivo finan-
ceiro são relacionadas com decisões de investimento (DI) e decisões de fi-
nanciamento (DF) no dia a dia. Com base nessas informações, considere as
sentenças a seguir:

I. As decisões de investimento (DI) são decisões que envolvem decisões de onde investir, aquisi-
ção de máquinas e equipamentos, compra de matéria-prima, contratação de pessoas e treina-
mentos.
II. As decisões de investimento (DI) são decisões que envolvem gastos.
III. As decisões de financiamento (DF) são decisões relacionadas com obter e captar os recursos
para financiar os investimentos.
É correto o que se afirma em:
a) I, II e III;
b) I, apenas;
c) I e III, apenas;

46/201
Questão 1

d) II e III, apenas;
e) I e II, apenas.

47/201
Questão 2
2. Sob o aspecto financeiro, as atividades normalmente executadas em uma
empresa podem ser agrupadas segundo o aspecto gerencial e ser classifica-
das em:

a) operações; investimentos e financiamentos;


b) operações; investimentos e sistêmicas;
c) livres; dependentes e excludentes;
d) financiamentos; sistêmicas e livres;
e) independentes; estruturadas e sociais.

48/201
Questão 3
3. Analise as alternativas a seguir e assinale a INCORRETA:

a) Escolher um determinado tipo de máquina é uma típica decisão de investimento. Decidir se


vamos pagar à vista com recursos próprios ou com empréstimos do banco A ou com emprés-
timos do banco B é uma típica decisão de financiamento.
b) A decisão de investimentos (DI) refere-se ao uso do capital próprio e decisão de financia-
mentos refere-se ao uso do capital de terceiros.
c) As principais atividades e responsabilidades do gestor ou executivo financeiro são relacio-
nadas com decisões de investimento (DI) e decisões de financiamento (DF) no dia a dia.
d) As decisões de financiamento (DF) são decisões relacionadas com obter e captar os recursos
para financiar os investimentos.
e) As decisões de investimento (DI) são decisões que envolvem decisões de onde investir, aqui-
sição de máquinas e equipamentos, compra de matéria-prima, contratação de pessoas e
treinamentos.

49/201
Questão 4
4. No contexto contábil financeiro, é INCORRETO afirmar que:

a) a partir do faturamento bruto, o DRE – Demonstrativo de Resultados do Exercício – subtrai


os custos variáveis e os custos fixos relativos a essas vendas e obtém o LAJIR. A sigla LAJIR
significa Lucro Antes de Juros e Imposto de Renda. Com base no LAJIR, subtraímos os juros,
impostos, depreciações, caso existam, e os reinvestimentos, até finalmente chegar ao resul-
tado das operações do período. Ou seja, o DRE mostra quanto a empresa ganhou em deter-
minado período com suas operações;
b) o balanço mostra uma “fotografia” da empresa em uma determinada data no tempo. O ba-
lanço mostra como estão os ativos da empresa nesta data, ou seja, o caixa da empresa, o es-
toque de matérias-primas, o estoque de produtos acabados, as contas a receber nessa data,
o maquinário, o equipamento existente;
c) o balanço mostra como estão os passivos da empresa em uma determinada data no tempo.
O balanço mostra os montantes de contas a pagar, as dívidas de curto e de longo prazo, as
provisões para devedores duvidosos, o patrimônio dos acionistas, os lucros retidos;

50/201
Questão 4

d) o DRE mostra a situação de liquidez e solvência da empresa. O demonstrativo de resultados,


como o nome diz, apresenta, mostra, demonstra os resultados da empresa ao longo do tem-
po e, dessa forma, se as contas da empresa estão sendo pagas;
e) o DRE mostra como foram as vendas e os resultados da empresa ao longo de um determina-
do período de tempo. O demonstrativo de resultados, como o nome diz, apresenta, mostra
e demonstra os resultados da empresa ao longo do tempo. O demonstrativo de resultados
começa pelas vendas e mostra, a partir daí, o faturamento bruto da empresa. O faturamento
bruto é quantidade de produtos vendidos multiplicado em relação ao pelo preço de venda
de cada produto.

51/201
Questão 5
5. Analise as alternativas abaixo e assinale a INCORRETA no que se refere à
ética empresarial:

a) Refere-se a prevenir e evitar atividades criminosas dentro das empresas.


b) Refere-se aos padrões de conduta ou julgamento moral aplicáveis a quem se dedica às ati-
vidades empresariais e comerciais.
c) Para grandes empresas, é fator importante para a sua sobrevivência e crescimento.
d) Para pequenas empresas, é fator importante para a sua sobrevivência e crescimento.
e) Pode ser vista como o comportamento da empresa, nas suas operações e ações quando age
de acordo com os princípios morais e as regras aceitas pela coletividade.

52/201
Gabarito
1. Resposta: A. mentos refere-se ao uso do capital de ter-
ceiros está incorreta.
As três assertivas referem-se corretamente
às atividades e responsabilidades do gestor 4. Resposta: D.
ou executivo financeiro em termos de deci-
sões de investimento e de financiamento. O DRE não mostra a situação de liquidez e
solvência da empresa. O demonstrativo de
2. Resposta: A. resultados, como o nome diz, apresenta,
mostra, demonstra os resultados da empre-
As atividades normalmente executadas em sa ao longo do tempo e, dessa forma, se as
uma empresa podem ser agrupadas segun- contas da empresa estão sendo pagas.
do o aspecto gerencial e ser classificadas
em: a) operações; b) investimentos; e c) fi- 5. Resposta: A.
nanciamentos.
Conceito equivocado: refere-se a prevenir e
3. Resposta: B. evitar atividades criminosas dentro das em-
presas.
A decisão de investimentos (DI) refere-se ao
uso do capital próprio e decisão de financia-
53/201
Unidade 3
Análise do capital de giro

Objetivos

Uma consideração importante para todas as empresas é a capacidade de financiar operações


recorrentes – a transição do caixa para estoques, para duplicatas a receber e a volta ao caixa.
Existem várias estratégias para gerenciar o financiamento desse ciclo, dependendo da pro-
porção utilizada pela empresa, de recursos de curto e longo prazo, para o financiamento de
suas necessidades de fundos. Dessa forma, cabe ao gestor financeiro avaliar termos de crédi-
to para fornecedores e escolher entre aceitar ou recusar descontos financeiros oferecidos em
razão de um pagamento antecipado. Portanto, temos como objetivo para este capítulo:
1. analisar a gestão do recebimento e pagamento, do caixa de um negócio;
2. entender a importância de uma administração sadia de caixa, como capital de giro em um
negócio;
3. aplicar os modelos da administração sadia de caixa em um negócio.
54/201
Introdução

O balanço patrimonial de uma empresa plicatas a receber e estoque) e passivos cir-


provê informações a respeito da estrutura culantes (duplicatas a pagar, títulos a pagar
dos investimentos da empresa de um lado e e contas a pagar) para conseguir um equi-
a estrutura de suas fontes de financiamen- líbrio entre retorno e risco, o que contribui
to do outro. As estruturas escolhidas devem positivamente para o valor da empresa.
levar de forma consistente à maximização
da riqueza dos proprietários da empresa.
Componentes importantes da estrutura da
Para saber mais
empresa incluem o nível de investimento A maior parte do tempo do gerente financeiro
em ativos circulantes e a extensão de finan- é dedicada à administração do capital de giro e
ciamento de passivos circulantes. O geren- muitas das primeiras incumbências dos estudan-
ciamento financeiro a curto prazo – a gerên- tes de fi­nanças no emprego envolvem o capital de
cia de ativos e passivos circulantes – é uma giro. Por esses motivos, a política e administração
das atividades mais importantes e que mais do capital de giro consti­tuem um tópico impor-
consome tempo dos gestores financeiros. tante de estudos. Neste capítulo, daremos uma
A meta do gerenciamento a curto prazo é visão geral da política de capital de giro, admi­
administrar cada um dos ativos circulantes nistração de caixa e orçamento de caixa.
da empresa (caixa, títulos negociáveis, du-
55/201 Unidade 3 • Análise do capital de giro
Ativos circulantes, comumente chamados
de capital de giro ou capital circulante, re- Link
presentam a porção de investimento que A página do SEBRAE apresenta um artigo que
circula de uma forma para outra na condu- explica o uso do capital giro. SEBRAE. O que é e
ção normal dos negócios. Essa ideia abran- como funciona o capital de giro? Disponível em:
ge a transição recorrente do caixa para es- <https://www.sebrae.com.br/sites/Portal-
toques, para duplicatas a receber e de volta Sebrae/artigos/o-que-e-e-como-funciona-
ao caixa, que forma o ciclo operacional da -o-capital-de-giro,a4c8e8da69133410Vg-
empresa. Como substitutos do caixa, títulos nVCM1000003b74010aRCRD>. Acesso em: 5
mobiliários são considerados parte do capi- abr. 2017.
tal de giro.
Passivos circulantes representam o finan-
ciamento a curto prazo da empresa, pois
eles incluem todas as dívidas da empresa
que vencem (devem ser pagas) em um ano
ou menos. Essas dívidas normalmente in-
cluem montantes que são devidos a forne-
cedores (duplicatas a pagar), bancos (títulos
56/201 Unidade 3 • Análise do capital de giro
a pagar), assim como a folha de pagamento ser financiados com fundos a longo prazo.
dos funcionários e governos (contas a pa- Quando os ativos circulantes são menores
gar), entre outros. do que os passivos circulantes, a empre-
Segundo Gitman (2001), o capital de giro sa tem um capital de giro líquido negativo.
líquido é comumente definido como a di- Nesse caso menos comum, o capital de giro
ferença entre os ativos e os passivos circu- líquido é a porção dos ativos permanentes
lantes da empresa. Quando os ativos circu- da empresa financiados com passivos cir-
lantes excedem os passivos circulantes, a culantes. Essa conclusão segue a equação
empresa tem um capital de giro líquido po- do saldo: ativos são iguais a passivos mais o
sitivo. Nesse caso mais comum, o capital de patrimônio líquido.
giro líquido é definido de forma alternativa
como a porção dos ativos circulantes da em-
presa financiada com fundos a longo prazo
Link
(a soma do exigível a longo prazo com o pa- Para compreender melhor como estimar o capital
trimônio líquido dos acionistas). Tendo em de giro, confira o site indicado. Endeavor Brasil.
vista que passivos circulantes representam Capital de Giro: saiba como calcular e controlar.
as fontes da empresa a curto prazo, o mon- Disponível em: <https://endeavor.org.br/capi-
tante por meio do qual os ativos circulan- tal-de-giro/>. Acesso em: 5 abr. 2017.
tes excedem os passivos circulantes devem
57/201 Unidade 3 • Análise do capital de giro
A conversão dos ativos circulantes de esto- Tendo em vista que a maioria das empresas
ques para duplicatas a receber e então para não possui a capacidade de igualar entradas
o caixa provê o caixa usado para pagar os e saídas de caixa com exatidão, ativos cir-
passivos circulantes. As saídas de caixa em culantes devem exceder as saídas para pas-
passivos circulantes são relativamente pre- sivos circulantes. Em geral, quanto maior a
visíveis. Quando se contrai uma obrigação, margem pela qual os ativos circulantes de
a empresa geralmente sabe quando o paga- uma empresa cobrem os passivos circulan-
mento correspondente terá de ser realiza- tes, mais capaz ela será de pagar suas con-
do. O que é difícil de prever são as entradas tas quando elas vencerem.
de caixa – a conversão de ativos circulantes
para formas com maior liquidez. Quanto
mais previsíveis forem as entradas de caixa,
menos capital de giro líquido uma empresa
necessita.

58/201 Unidade 3 • Análise do capital de giro


1. A opção entre lucratividade e
Para saber mais risco
Geralmente, as organizações, de forma geral, bus- Existe um tradeoff entre a lucratividade da
cam manter um equilíbrio específico entre ativos empresa e seu risco. A lucratividade, nes-
e passivos circulantes e entre vendas e cada ca- se contexto, é a relação entre as receitas e
tegoria de ativos circulantes em suas operações. custos gerados ao se utilizar os ativos da
Enquanto esse equilíbrio for mantido, os passivos empresa – tanto circulantes quanto per-
circulantes podem ser pagos em tempo, os for- manentes – em atividades produtivas. Os
necedores con­tinuam a embarcar os produtos e lucros de uma empresa podem ser aumen-
a restabelecer os estoques, que serão suficientes tados por meio de (1) aumento das receitas
para atender à demanda de vendas. No entanto, ou (2) diminuição dos custos.
se a situação financeira fica fora de equilí­brio, os
Risco, nesse contexto de gerenciamento de
problemas surgem e se multiplicam, e a empresa
financiamento a curto prazo, é a probabili-
pode entrar rapidamente em uma situação decli-
dade de a empresa não ser capaz de pagar
nante que pode levar a concordata e, em seguida,
suas contas quando elas vencerem. Uma
até a falência.
empresa que não consegue pagar suas con-
tas quando elas vencem pode se tornar tec-
59/201 Unidade 3 • Análise do capital de giro
nicamente insolvente. É geralmente presu- dica a percentagem do total de ativos que
mido que, quanto maior for o capital de giro é circulante. Quando a taxa aumenta (isto
líquido da empresa, menor o seu risco. Em é, quando os ativos circulantes aumentam),
outras palavras, quanto maior o capital de a lucratividade diminui. Isso se dá devido o
giro líquido, mais liquidez possui a empresa fato de que os ativos circulantes são menos
e, portanto, menor o risco de se tornar tec- lucrativos do que os ativos permanentes.
nicamente insolvente. Ativos permanentes são mais lucrativos,
Usando essas definições de lucratividade e pois adicionam mais valor ao produto do
risco, podemos demonstrar o tradeoff exis- que fazem os ativos circulantes.
tente entre elas, ao se considerar separada- Sem ativos permanentes, a empresa não po-
mente as mudanças nos ativos e passivos deria produzir o produto (GITMAN, 2001). O
circulantes. efeito de risco, no entanto, diminui à medida
Os efeitos de se mudar o nível dos ativos cir- que a taxa de ativos circulantes em relação
culantes de uma empresa no seu tradeoff lu- ao total de passivos aumenta. O aumento
cratividade-risco podem ser demonstrados em ativos circulantes aumenta o capital de
ao se usar o quociente de ativos circulantes giro líquido, reduzindo o risco de uma insol-
com relação ao total de ativos. Essa taxa in- vência técnica. Os efeitos opostos no lucro
e no risco resultam de uma diminuição na
60/201 Unidade 3 • Análise do capital de giro
taxa de ativos circulantes em relação ao to- Os outros passivos circulantes são basica-
tal de ativos. mente dívidas sobre as quais a empresa não
Por outro lado, os efeitos da mudança no paga juros. No entanto, quando a taxa au-
nível dos passivos circulantes da empresa menta, o risco da insolvência técnica tam-
no tradeoff lucratividade-risco podem ser bém aumenta, pois o aumento em passivos
demonstrados ao se utilizar a taxa de pas- circulantes, por sua vez, diminui o capital de
sivos circulantes em relação ao total de ati- giro líquido. Os efeitos opostos sobre o lucro
vos. Essa taxa indica a percentagem do total e o risco resultam da diminuição da taxa de
de ativos que foram financiados com passi- passivos circulantes em relação ao total de
vos circulantes. Quando a taxa aumenta, a passivos.
lucratividade aumenta, devido Ok! ao fato Uma das decisões mais importantes que
de que a empresa usa mais financiamento devem ser tomadas com relação aos ativos
mais barato através de passivos circulantes e passivos circulantes é como os passivos
e menos do financiamento a longo prazo. circulantes serão utilizados para financiar
Passivos circulantes são menos caros, pois ativos circulantes. O montante de passivos
somente títulos a pagar, que representam circulantes disponível é limitado: pelo mon-
em torno de 20% dos passivos circulantes de tante em unidades monetárias de compras
uma fábrica típica, têm um custo definido. no caso de duplicatas a pagar, pelo mon-
61/201 Unidade 3 • Análise do capital de giro
tante de unidades monetárias em passivos dos ativos circulantes da empresa, perma-
de contas a pagar e pelo montante de finan- nece sem mudanças durante o ano. A ne-
ciamentos periódicos considerados aceitá- cessidade sazonal, que consiste na porção
veis pelos financiadores no caso das contas temporária dos ativos circulantes, varia du-
a pagar. Financiadores fazem empréstimos rante o ano.
a curto prazo para permitir que a empresa Uma estratégia agressiva de financiamen-
financie aumentos periódicos nas duplica- to é o processo por meio do qual a empresa
tas a receber e no estoque. financia suas necessidades sazonais e, pos-
Há duas estratégias básicas para se deter- sivelmente, uma parcela de suas necessida-
minar uma combinação aproximada de fi- des permanentes com fundos a curto pra-
nanciamentos a curto prazo (passivo cir- zo. O saldo é financiado com fundos a longo
culante) e a longo prazo – as estratégias prazo. A estratégia agressiva opera com um
agressiva e conservadora. capital de giro líquido mínimo, já que ape-
As necessidades de financiamento da em- nas a porção permanente dos ativos circu-
presa podem ser separadas em uma ne- lantes da empresa é financiada com fundos
cessidade permanente e outra sazonal. A a longo prazo.
necessidade permanente, que consiste em De forma adicional ao risco de um capital
ativos permanentes e a porção permanente de giro líquido baixo, a estratégia agressiva
62/201 Unidade 3 • Análise do capital de giro
de financiamento também força a empre- de financiamento a curto prazo, tais como
sa a se apoiar pesadamente em suas fon- duplicatas a pagar e contas a pagar, é virtu-
tes de fundos, a curto prazo para atender às almente inevitável.
oscilações sazonais. Esse risco, associado Diferentemente da estratégia agressiva, a
à estratégia agressiva, resulta do fato de a estratégia conservadora requer que a em-
empresa ter apenas um montante limitado presa pague juros sobre fundos que não são
de capacidade de financiamentos a curto necessários. O custo mais baixo da estra-
prazo. Se ela se apoia demais nessa capaci- tégia agressiva, portanto, a torna mais lu-
dade, necessidades inesperadas podem ser crativa do que a estratégia conservadora.
difíceis de serem satisfeitas. No entanto, a estratégia agressiva envolve
A estratégia de financiamento conservado- muito mais risco. Para a maioria das empre-
ra é utilizada para financiar todas as neces- sas, uma troca entre extremos representa-
sidades projetadas de fundos, com fundos a dos por essas duas estratégias deveria re-
longo prazo, usando financiamento a curto sultar em uma estratégia de financiamento
prazo somente para emergências ou saída aceitável.
de fundos inesperadas. É difícil imaginar
como essa estratégia pode realmente ser
implementada, pois o uso de ferramentas
63/201 Unidade 3 • Análise do capital de giro
Para saber mais
Atualmente, sabe-se que o sucesso de uma empresa de­pende basicamente de uma boa Administração
financeira. Quando se fala em boa administração, deve-se levar em consideração não só as políticas de
recursos humanos ou as estratégias de marketing, mas, principalmente, uma boa administração finan-
ceira. Sendo assim, a administração financeira pode agrupar meios que permitam o exercício de proce-
dimentos geren­ciais com elevado grau de eficiência e eficácia. O processo de planejamento financeiro
consiste numa das grandes fontes de contribuição para o sucesso organizacio­nal, visto que, muitas vezes,
o capital de giro, através da análise da liquidez, proporciona respostas para o administrador com relação
a decisões fundamentais, por exemplo, o aproveitamento de oportunidades de investimento.

64/201 Unidade 3 • Análise do capital de giro


Glossário
Capital de giro: ativos circulantes, que representam a porção de investimento que circula de
uma forma para outra, na condução normal dos negócios.
Ciclo operacional: a transição recorrente do capital de giro de uma empresa do caixa para es-
toques, para duplicatas a receber e de volta ao caixa.
Capital de giro líquido: a diferença entre os ativos e os passivos circulantes da empresa, ou, de
forma alternativa, a porção de ativos circulantes financiada com fundos a longo prazo; pode ser
positiva ou negativa.

65/201 Unidade 3 • Análise do capital de giro


?
Questão
para
reflexão

Quando a organização não consegue manter um nível


satisfatório de caixa para honrar seus compromissos
por causa do desequilíbrio de capital de giro, provavel-
mente ela poderá ser forçada a sair do mercado, prin-
cipalmente se perder os créditos junto a fornecedores
e bancos. Por que o gerenciamento financeiro a curto
prazo é uma das atividades mais importantes do gestor
financeiro?

66/201
Considerações Finais

• A lucratividade representa a relação entre as receitas e os custos gerados


ao se utilizar os ativos da empresa – circulantes permanentes – no processo
produtivo.
• Entende-se por risco a probabilidade de a empresa não ser capaz de pagar
suas contas no vencimento.
• Uma empresa que não é capaz de pagar suas contas no vencimento é deno-
minada tecnicamente insolvente.
• Uma consideração importante para todas as empresas é a capacidade de
financiar operações recorrentes – a transição do caixa para estoques, para
duplicatas a receber e a volta ao caixa.

67/201
Referências

ALMEIDA, Jarbas Thaunahy Santos de. Matemática financeira. Rio de Janeiro: LTC, 2016.
GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira – essencial. 2. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2001.
HOJI, Masakazu. Administração financeira na prática: guia para educação financeira corporati-
va e gestão financeira pessoal. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
SANVINCENTE, Antonio Zoratto. Administração financeira. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

68/201 Unidade 3 • Análise do capital de giro


Questão 1
1. Analise as duas afirmações a seguir a respeito do capital de giro:

Uma empresa no curso de suas operações normais concede prazos para seus clientes pagarem;
por outro lado, as despesas da empresa continuam a ter data certa para pagamento...
....COMO CONSEQUÊNCIA ...
Isso gera uma pressão de demanda de caixa na empresa que deve fazer uma série de pagamen-
tos, contudo sem ter entrada efetiva de caixa, pois concedeu prazos para os clientes pagarem.
A esse respeito, conclui-se que:
a) as duas afirmações são falsas;
b) as duas afirmações são verdadeiras e a segunda justifica a primeira;
c) as duas afirmações são verdadeiras e a segunda não justifica a primeira;
d) a primeira afirmação é falsa e a segunda é verdadeira;
e) a primeira afirmação é verdadeira e a segunda é falsa.

69/201
Questão 2
2. Assinale a alternativa que apresenta o que é risco em finanças.

a) Medida das queixas dos clientes e dos consumidores, dos processos abertos na justiça con-
tra a empresa e dos processos que afetam o código de defesa do consumidor.
b) Medida da probabilidade de um resultado ser lucrativo.
c) Probabilidade de um investimento proporcionar um prejuízo.
d) Probabilidade de um investimento dar problemas de qualquer natureza no futuro.
e) Medida da probabilidade de um resultado ser diferente do esperado.

70/201
Questão 3
3. A empresa Neves da Rosa & Cia Ltda. analisa a possibilidade de flexibilizar
seus padrões de crédito, visto que o mercado está atuando dessa forma e eles
percebem que estão perdendo vendas por não conceder maiores prazos de
pagamento a seus clientes. Dentre os fatores que podem afetar essa decisão,
assinale a alternativa correta:

a) A empresa deve fazer uma análise a partir dos custos adicionais que terá com a flexibiliza-
ção, pois o aumento nas vendas gerará caixa positivo para a empresa, portanto, não precisa
ser considerado na análise.
b) A empresa deve flexibilizar seus padrões de crédito para se manter no mercado, visto que os
concorrentes estão concedendo prazos mais elásticos e os consumidores preferem pagar no
longo prazo.
c) A empresa deve analisar se o resultado da flexibilização gerará um resultado financeiro po-
sitivo (contribuição adicional aos lucros), mediante projeção do aumento nas vendas, dedu-
zindo os custos adicionais projetados com antecipação de recebíveis e prováveis perdas com
devedores duvidosos. Se positivo, vale a pena flexibilizar.

71/201
Questão 3

d) A empresa deve fazer uma análise a partir do aumento no faturamento bruto, deduzindo daí
os custos adicionais com emissão de boletos de cobrança e devedores incapazes.
e) A empresa deve analisar a taxa de juros cobrada pelos bancos para antecipação dos recebí-
veis. Se for taxa de juros simples, vale a pena a flexibilização; se for taxa de juros composta,
não vale a pena a flexibilização.

72/201
Questão 4
4. A medida que determina a capacidade de uma empresa saldar suas obri-
gações de curto prazo, conforme o vencimento de suas obrigações, deno-
mina-se:

a) Medida de Pontualidade.
b) Medida de Liquidez.
c) Medida de Endividamento.
d) Medida de Atividade.
e) Medida de Lucratividade.

73/201
Questão 5
5. Quando elaboramos ou estudamos um balanço patrimonial, uma infor-
mação muito importante é o ativo circulante. Devem constar no ativo circu-
lante:

a) Máquinas da empresa.
b) Estoques.
c) Equipamentos.
d) Instalações.
e) Imóveis.

74/201
Gabarito
1. Resposta: B. 4. Resposta: B.

A segunda asserção justifica o conceito de Atende o conceito de liquidez.


capital de giro.
5. Resposta: B.
2. Resposta: E. Estoque é um ativo circulante.
O risco é medido pela possibilidade de errar
em na tomada de decisões em finanças.

3. Resposta: C.
A empresa deve analisar se o resultado da
flexibilização gerará um resultado financei-
ro positivo (contribuição adicional aos lu-
cros), mediante projeção do aumento nas
vendas, deduzindo os custos adicionais pro-
jetados com a antecipação de recebíveis e
prováveis perdas com devedores duvidosos.
Se positivo, vale a pena flexibilizar.
75/201
Unidade 4
O valor do dinheiro no tempo: juros simples, juros compostos, juros nominais, juros reais e inflação

Objetivos
Os gestores financeiros usam técnicas de valor do dinheiro no tempo para reconhecer, expli-
citamente, suas oportunidades de obter resultados positivos, avaliando o valor de séries de
fluxos de caixa esperados associados a alternativas de decisões. Alternativas podem ser ava-
liadas através da capitalização para achar o valor futuro ou através de taxas de desconto para
achar o valor presente. Devido ao fato de eles estarem no tempo zero para tomar decisões,
administradores financeiros baseiam-se, principalmente, em técnicas de valor presente. As-
sim, este capítulo tem como objetivo:
1. identificar as principais diferenças entre juros simples e compostos, definindo seus princi-
pais componentes em uma operação financeira;
2. verificar o rendimento de aplicações financeiras e efetuar operações que envolvam aplica-
ção de uma taxa de juros;
3. compreender o significado de Taxas de Juros em operações que envolvem diferentes tipos
de prazos.
76/201
Introdução

O regime de capitalização é o processo de dos prazos. No critério composto, a equiva-


formação dos juros. Capitalização, portan- lência entre capitais pode ser apurada em
to, nada mais é que a incorporação dos juros qualquer data, retratando melhor a realida-
ao capital. Caso os juros incidam somente de das operações se comparado ao regime
sobre o valor inicialmente aplicado ou to- linear.
mado emprestado, trata-se de juros simples A rigor, o fenômeno da capitalização ape-
ou convenção linear. Por outro lado, caso os nas ocorre no regime de juros compostos,
juros incidam sobre o capital mais os juros em que os juros se transformam em capital
acumulados anteriormente, trata-se de ju- e passam a render juros. Entretanto, é co-
ros compostos ou convenção exponencial. mum o emprego da expressão “capitaliza-
Nos juros simples, o crescimento é line- ção simples” para se referir ao crescimen-
ar, comportando-se como uma progressão to do dinheiro no regime de juros simples
aritmética (PA). Já no regime de juros com- (PUCCINI, 2004, p. 24).
postos, o crescimento é exponencial, tal Nas operações que envolvem os juros, há
qual uma progressão geométrica (PG). sempre dois “agentes”: o tomador de re-
Tecnicamente, o regime de juros compos- cursos (que paga os juros) e o emprestador
tos é superior ao de juros simples, principal- de recursos (que recebe os juros). Ambos
mente pela possibilidade de fracionamento podem ser pessoas físicas ou jurídicas. Vale
77/201 Unidade 4 • O valor do dinheiro no tempo: juros simples, juros compostos, juros nominais, juros reais e inflação
lembrar que o agente (pessoa física ou pes- • o spread, isto é, a margem de ganho
soa jurídica) que em uma operação é toma- do emprestador, considerando o cus-
dor em outra operação pode ser empresta- to de oportunidade do capital.
dor.
O emprestador do capital, ao calcular o va- Para saber mais
lor dos juros do empréstimo, deve conside-
O juro não é uma prática moderna, pois há indí-
rar vários fatores, dentre eles:
cios históricos de que nos tempos remotos, mais
• o risco do empréstimo, isto é, a pro- precisamente na era pré-urbana, quando a ativi-
babilidade de receber ou não o capi- dade econômica era fundamentalmente agrícola,
tal emprestado, também denominado a cobrança de juros já existia. Tal cobrança pas-
risco de crédito ou risco de inadim- sou a existir devido à necessidade de se empres-
plência; tar algo.

• as despesas operacionais, contra-


tuais e tributárias pertinentes ao em- No sistema de juros simples (simple inter-
préstimo; est), o juro é constante e sempre calculado
sobre o capital, ou seja, o valor inicial. Aqui,
• a inflação prevista para o prazo do os juros não rendem juros.
empréstimo; e
78/201 Unidade 4 • O valor do dinheiro no tempo: juros simples, juros compostos, juros nominais, juros reais e inflação
Os juros simples são utilizados no mercado Em finanças, há duas formas de se conside-
financeiro nas operações de curtíssimo pra- rar o tempo:
zo, em função da simplicidade de cálculo e
• ano civil (365 ou 366 dias, se bissex-
também para reduzir ou aumentar ficticia-
to) ou
mente a verdadeira taxa de juros das opera-
ções, o que facilita a tarefa de colocação dos • ano comercial (360 dias).
produtos para investidores e/ou tomadores Quando se trata do ano civil (mês com 28
de recursos financeiros. Alguns exemplos ou 29, 30 ou 31 dias), diz-se que os juros são
de utilização: exatos e, quando se trata do ano comercial
• hot money (empréstimo diário e reno- (todos os meses com, exatamente, 30 dias),
vável); dizem-se ordinários.

• cheque especial; O primeiro é o utilizado pelas Instituições


Financeiras e normalmente não é utilizado
• desconto de títulos (nota promissó- nos problemas de finanças, a não ser que
rias e duplicatas) e seja mencionado.
• desconto antecipado de cheques. Nos cálculos financeiros, devemos sempre
atentar para que a taxa de juros e o tem-

79/201 Unidade 4 • O valor do dinheiro no tempo: juros simples, juros compostos, juros nominais, juros reais e inflação
po sejam considerados na mesma unidade O regime de juros compostos é o mais co-
temporal. Isso quer dizer que, se a taxa de mum no sistema financeiro e, portanto, o
juros é apresentada ao dia, o tempo deve ser mais útil para cálculos de problemas no dia
expresso em dias; se a taxa de juros é apre- a dia. Matematicamente, o cálculo a juros
sentada ao mês, o tempo deverá ser expres- compostos é conhecido como cálculo ex-
so em meses, e assim por diante. ponencial de juros. O processo de capita-
A capitalização composta considera que os lização composta também é chamado de
juros formados em cada período são acres- ANATOCISMO (juros sobre juros, na lingua-
cidos ao capital formando o montante gem popular).
(capital mais juros) do período. Esse mon- Albert Einstein (1879-1955), questionado
tante, por sua vez, passará a render juros no certa vez sobre qual era a maior invenção
período seguinte, formando um novo mon- da humanidade, afirmou: “O juro composto
tante (constituído do capital inicial, dos ju- é a maior invenção da humanidade, porque
ros acumulados e dos juros sobre os juros permite uma confiável e sistemática acu-
formados em períodos anteriores), e assim mulação de riqueza”.
por diante.

80/201 Unidade 4 • O valor do dinheiro no tempo: juros simples, juros compostos, juros nominais, juros reais e inflação
ao capital inicial não coincide com aquele a
Link que a taxa se refere. É aquela em que o pe-
ríodo de capitalização difere da taxa. Será,
Um breve histórico e características acerca de portanto, uma taxa seguida da palavra ca-
moeda e dinheiro são apresentados no vídeo in- pitalização, e em que se observará que a
dicado. BM&FBOVESPA. A história do dinheiro, unidade da taxa é diferente da unidade de
2013. Disponível em: <https://www.youtube. capitalização.
com/watch?v=qh4Vn0I1R6w&index=1&lis-
t=PL-gaMRAth22rooOWsU1tn6WiDl3td- Essa é uma convenção utilizada habitual-
82-I>. Acesso em: 5 abr. 2017. mente no mercado financeiro, e seus dois
exemplos mais notórios são a taxa de juros
da poupança e a taxa over (aplicações de um
1. Juros nominais, juros reais e dia). No Brasil, por exemplo, a caderneta de
inflação poupança garante a rentabilidade de 6% ao
ano, capitalizados mensalmente.
As operações financeiras no Brasil carac-
terizam-se pelo uso intensivo de taxas no-
minais. Temos uma taxa nominal quando o
prazo de formação e incorporação dos juros

81/201 Unidade 4 • O valor do dinheiro no tempo: juros simples, juros compostos, juros nominais, juros reais e inflação
juros a ser praticada em cada período de
Link capitalização. Essa taxa efetiva implícita é
sempre calculada de forma proporcional,
Assuntos e terminologias relacionados à decisão no regime de juros simples.
antecipada do que se faz com o dinheiro. BM&-
FBOVESPA. Planejamento financeiro: conceitos A taxa nominal, apesar de bastante utiliza-
essenciais, 2013. Disponível em: <https://www. da no mercado financeiro, não representa
youtube.com/watch?v=zlLZ05o4EoI&lis- uma taxa efetiva, e, por isso, não deve ser
t=PL-gaMRAth22rooOWsU1tn6WiDl3td- utilizada nos cálculos financeiros, no regi-
82-I&index=3>. Acesso em: 5 abr. 2017. me de juros compostos.
Assim, a taxa nominal é uma taxa declara-
Sempre que nos depararmos com uma taxa da ou taxa cotada que não incorpora capi-
nominal, devemos, antes, calcular a TAXA talizações, sendo necessário calcular a taxa
EFETIVA da operação, que é obtida a partir efetiva equivalente quando pretendemos
da taxa nominal pelo método da proporcio- efetuar cálculos e comparações no regime
nalidade. de juros compostos. Para transformar taxa
Toda taxa nominal traz em seu enunciado nominal em taxa efetiva, embora estando
uma taxa efetiva implícita, que é a taxa de no regime composto, utiliza-se o conceito
de taxas proporcionais.
82/201 Unidade 4 • O valor do dinheiro no tempo: juros simples, juros compostos, juros nominais, juros reais e inflação
mar que o ganho real dessa aplicação não
Para saber mais foram os 10%, tendo em vista que o rendi-
mento correspondente sofreu uma desva-
Verifique no site do Banco Central do Brasil a fer-
lorização de 8% no mesmo período de tem-
ramenta chamada “Calculadora do Cidadão”, que
po. Dessa forma, temos de encontrar qual o
permite simularmos a correção de valores entre
verdadeiro ganho em relação à inflação, ou
aplicações financeiras. seja, temos de encontrar a taxa real de ju-
ros. Em períodos de inflação, todo cuidado é
A taxa real de juros nada mais é do que a pouco quando se fala em taxa de juros. Uma
apuração de ganho ou perda em relação taxa que aparentemente é alta pode ser, na
a uma taxa de inflação ou de um custo de realidade, muito baixa se não considerar-
oportunidade. Na verdade, significa dizer mos a inflação no período em que a taxa es-
que taxa real de juros é o verdadeiro ganho tiver sendo aplicada.
financeiro. A taxa acumulada de juros com taxas variá-
Se considerarmos que uma determinada veis é normalmente utilizada em situações
aplicação rendeu 10% em determinado pe- de correções de contratos, por exemplo,
ríodo de tempo e que nesse mesmo período atualização de aluguéis, saldo devedor do
ocorreu uma inflação de 8%, é correto afir- financiamento de imóveis e outros contra-
tos, em geral.
83/201 Unidade 4 • O valor do dinheiro no tempo: juros simples, juros compostos, juros nominais, juros reais e inflação
A composição das taxas pode ocorrer de Uma forma de medir a inflação é acompa-
duas formas, com: nhar a evolução periódica dos preços, por
exemplo, mensalmente, utilizando índices
• taxas positivas (inflação); ou
oficiais. Dentre os índices (indicadores de
• taxas negativas (deflação). preço), podemos destacar os seguintes:
Em virtude de a alta taxa de inflação corroer
• IPC – Fipe: Índice de Preços ao Consu-
rapidamente o poder aquisitivo da moeda, é
midor, apurado pela Fundação de Pes-
fundamental analisar a relação das taxas de
quisas Econômicas da Universidade
juros com as taxas de inflação.
de São Paulo (Fipe). Tem por finalidade
medir a inflação das famílias paulista-
Link nas que possuam renda mensal entre
2 e 20 salários mínimos;
O impacto da inflação no cotidiano do brasileiro foi
registrado na reportagem indicada. GLOBO. Infla-
• IPA – FGV: Índice de Preços no Ataca-
ção dos anos 80 e 90 mudou hábitos de consumo.
do, calculado pela Fundação Getúlio
Disponível em: <https://www.youtube.com/wa-
Vargas (FGV), tem o objetivo de medir
tch?v=HYJDk2DrYIE>. Acesso em: 5 abr. 2017.
as variações de preço na produção dos
diversos setores da economia;

84/201 Unidade 4 • O valor do dinheiro no tempo: juros simples, juros compostos, juros nominais, juros reais e inflação
• IPC – FGV: Índice de Preços ao Con- rada de três índices: Índice de Preços
sumidor, apurado pela Fundação Ge- por Atacado (IPA), Índice de Preços ao
túlio Vargas (FGV), tem por finalidade Consumidor (IPC) e Índice Nacional de
acompanhar as oscilações de preços Custo da Construção (INCC), respec-
para os consumidores finais com ren- tivamente com pesos de 60%, 30% e
da mensal na faixa de 1 a 33 salários 10%;
mínimos; • IGP/M – FGV: Índice Geral de Preços
• INCC – FGV: Índice Nacional da Cons- do Mercado, calculado pela Fundação
trução Civil, calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), tem por objetivo
Getúlio Vargas (FGV). Seu objetivo é medir a variação dos preços da eco-
medir a variação dos preços da cons- nomia, ponderando produção e con-
trução habitacional; sumo;
• IGP/DI – FGV: Índice Geral de Preços/ • INPC – IBGE: Índice Nacional de Preços
Disponibilidade Interna, calculado ao Consumidor, calculado pelo Insti-
pela Fundação Getúlio Vargas, visa tuto Brasileiro de Geografia e Estatís-
medir a variação dos preços da eco- tica (IBGE), tem por finalidade acom-
nomia, ponderando produção e con- panhar a oscilação dos preços de uma
sumo. É formado pela média ponde- cesta teórica de produtos que seria
85/201 Unidade 4 • O valor do dinheiro no tempo: juros simples, juros compostos, juros nominais, juros reais e inflação
comprada mensalmente por famílias
com renda entre 1 e 8 salários míni-
mos;
• IPCA – IBGE: Índice de Preços ao Con-
sumidor Amplo, apurado pelo Institu-
to Brasileiro de Geografia e Estatís- Para saber mais
tica (IBGE). É utilizado como medida As notícias referentes à economia, muitas vezes,
de inflação, abrangendo famílias com usam a palavra deflação. O termo pode gerar dú-
rendimento mensal na faixa de 1 a 40 vidas, porque poucas vezes há explicações sobre
salários mínimos. o seu significado. Deflação é o oposto de inflação,
Os indicadores citados podem ser facilmen- que significa o aumento geral de preços.
te encontrados na seção de Economia dos
principais jornais do país, ou até mesmo nos
principais portais de notícias da internet.

86/201 Unidade 4 • O valor do dinheiro no tempo: juros simples, juros compostos, juros nominais, juros reais e inflação
Glossário
Taxa efetiva: a taxa de juros efetivamente paga ou conseguida.
Valor presente: o valor corrente em unidades monetárias de um montante futuro; o montante
de dinheiro que teria de ser investido hoje a uma dada taxa de juros, por um período específico,
para se igualar ao montante futuro.
Perpetuidade: uma anuidade com vida infinita que fornece fluxos de caixa anuais contínuos.

87/201 Unidade 4 • O valor do dinheiro no tempo: juros simples, juros compostos, juros nominais, juros reais e inflação
?
Questão
para
reflexão

A taxa nominal é a razão entre os juros pagos e o valor


nominal do empréstimo. Diferencie a taxa nominal da
taxa real. O que representa cada uma delas?

88/201
Considerações Finais
• O setor contábil emprega frequentemente cálculos de valor do dinheiro no
tempo, quando realiza a contabilidade de certas transações.
• Os juros compostos são os juros ganhos sobre um dado depósito que se tor-
naram parte do principal ao fim de um período específico.
• O principal é considerado o montante de dinheiro sobre o qual os juros são
pagos.
• A taxa nominal é a taxa contratual de juros cobrados por um financiador ou
prometido por um tomador de empréstimos.

89/201
Referências

ALMEIDA, Jarbas Thaunahy Santos de. Matemática financeira. Rio de Janeiro: LTC, 2016.
GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira – essencial. 2. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2001.
HOJI, Masakazu. Administração financeira na prática: guia para educação financeira corporati-
va e gestão financeira pessoal. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
PUCCINI, Abelardo de Lima. Matemática Financeira: Objetiva e Aplicada. 7. ed. São Paulo: Sara-
iva, 2004.
SANVINCENTE, Antonio Zoratto. Administração financeira. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

90/201 Unidade 4 • O valor do dinheiro no tempo: juros simples, juros compostos, juros nominais, juros reais e inflação
Questão 1
1. A respeito de uma aplicação qualquer, assinale a alternativa correta.

a) Os juros compostos possuem maior rendimento, quando comparados aos juros simples, se o
período de aplicação for maior que 1.
b) Os juros simples possuem maior rendimento, quando comparados aos juros compostos, se o
período de aplicação for maior que 1.
c) Os juros compostos possuem menor rendimento, quando comparados aos juros simples, se
o período de aplicação for maior que 1.
d) Os juros compostos sempre possuem maior rendimento.
e) Os juros simples sempre possuem menor rendimento.

91/201
Questão 2
2. Um jovem investidor precisa escolher qual investimento lhe trará maior
retorno financeiro em uma aplicação de R$ 500,00. Para isso, pesquisa o
rendimento e o imposto a ser pago em dois investimentos: poupança e
CDB (certificado de depósito bancário). As informações obtidas estão re-
sumidas na tabela:

Rendimento mensal (%) IR (Imposto de Renda)


Poupança 0,560 ISENTO
CDB 0,876 4% (sobre o ganho)
Para o jovem investidor, ao final de um mês, a aplicação mais vantajosa é:
a) a poupança, pois totalizará um montante de R$ 502,80;
b) a poupança, pois totalizará um montante de R$ 500,56;
c) o CDB, pois totalizará um montante de R$ 504,38;
d) o CDB, pois totalizará um montante de R$ 504,21;
e) o CDB, pois totalizará um montante de R$ 500,87.

92/201
Questão 3
3. Uma aplicação de três meses foi remunerada, no período, a uma taxa
de 18%.

Nesse período, a inflação foi de 10%. É correto afirmar que:


a) o ganho real desse investimento é de 18%;
b) o ganho aparente desse investimento é maior de 18%;
c) o ganho real desse investimento é inferior a 18%;
d) o ganho aparente desse investimento é menor de 18%;
e) o ganho real desse investimento é superior a 18%.

93/201
Questão 4
4. Uma nova indústria de estofados necessita de certa quantia para iniciar
seu capital de giro. Ao realizar uma pequena pesquisa entre os bancos da
cidade, três propostas foram apresentadas ao representante da indústria:

• Banco X: a empresa recebe hoje R$ 100.000,00 e paga R$ 130.000,00 após seis meses.
• Banco Y: a empresa recebe hoje R$ 96.000,00 e paga R$ 129.000,00 após seis meses.
• Banco Z: a empresa recebe hoje R$ 108.000,00 e paga R$ 142.000,00 após seis meses.
Nessas condições, considerando o regime de juros simples, a melhor proposta para a indústria de
estofados será:
a) a proposta do Banco X ou a proposta do Banco Y, já que as rentabilidades em ambos os ban-
cos são iguais;
b) a proposta do Banco X ou a proposta do Banco Z, já que as rentabilidades em ambos os ban-
cos são iguais;
c) a proposta do Banco Y;
d) a proposta do Banco Z;
e) a proposta do Banco X.
94/201
Questão 5
5. O gerente financeiro de uma empresa de serviços analisou as opções
de investimento A e B, apresentadas na tabela a seguir, sobre um capital
de R$ 100.000,00 no período de três anos. Em ambas as opções, os juros
são capitalizados anualmente a taxa de 10% ao ano, segundo regimes de
capitalização diferentes.

Com base na análise dos dados apresentados, conclui-se que:


a) o investimento A gerou para a empresa o valor de R$ 30.000,00, o que corresponde à apura-
ção de juros sobre juros, ao final do período de três anos;
b) o investimento B é mais atrativo, porque os juros são calculados de forma linear e incidem
sobre o capital inicial investido pela empresa;

95/201
Questão 5

c) o investimento B é mais atrativo, porque os juros são calculados sobre o montante, o qual
inclui os juros do período anterior;
d) o investimento A é menos atrativo, porque os juros aumentam a cada período de forma ex-
ponencial;
e) o investimento A gera para a empresa montante inferior ao investimento B, ao final de cada
ano.

96/201
Gabarito
1. Resposta: A. 5. Resposta: C.

O juro composto supera o juro simples, se o Os juros compostos são maiores que os ju-
período for superior a 1. ros simples.

2. Resposta: D.

Aplica-se 0,876% sobre R$ 500,00, depois


retira-se 4% do ganho.

3. Resposta: C.

O ganho real representa a taxa aparente


descontada a inflação do período.

4. Resposta: E.

Após os cálculos das taxas, observa-se que


o Banco X apresenta a menor taxa de juros.
97/201
Unidade 5
Fontes de financiamento e mudanças nos padrões de crédito (Fontes de financiamento)

Objetivos
Financiamento espontâneo surge a partir das operações normais da empresa. As duas maio-
res fontes espontâneas de financiamento a curto prazo são duplicatas a pagar e contas a
pagar. À medida que as vendas da empresa aumentam, duplicatas a pagar aumentam em
resposta ao aumento das compras para produzir em níveis mais elevados. Também como res-
posta ao aumento no nível de vendas, as contas a pagar da empresa aumentam, ao passo
que os salários e impostos aumentam devido a maiores exigências de trabalho e aos maiores
impostos sobre as receitas mais altas da empresa. Não há, normalmente, um custo explícito
anexado a quaisquer desses passivos circulantes, apesar de eles terem certos custos explíci-
tos. De forma adicional, ambas são formas de financiamento a curto prazo sem garantia – fi-
nanciamentos a curto prazo obtidos sem que bens específicos sejam oferecidos em garantia.
Assim, ao final deste capítulo, o aluno será capaz de:
1. diferenciar as principais fontes de financiamento das empresas;
2. caracterizar as diferenças existentes entre as operações de curto e longo prazo;
3. explicar as principais operações de curto e longo prazo.
98/201
Introdução

Duplicatas a pagar são a principal fonte de gar é o número de dias até que o pagamento
financiamento a curto prazo sem garantia completo seja exigido. Sem levar em consi-
para empresas. Elas resultam de transa- deração se um desconto financeiro é ofere-
ções nas quais mercadorias são compradas, cido, o período de crédito associado a qual-
mas nenhuma promissória formal é assina- quer transação deve ser sempre indicado.
da que demonstre a obrigação do compra- Períodos de crédito geralmente variam de 0
dor para com o vendedor. O comprador, ao (zero) a 120 (cento e vinte) dias. A maioria
aceitar a mercadoria, concorda em pagar ao dos termos de crédito refere-se ao período
fornecedor o montante exigido, de acordo de crédito como o “período líquido”. A pala-
com os termos de crédito normalmente co- vra “líquido” indica que o total do montante
locados na fatura do fornecedor. da compra deve ser pago dentro do número
Os termos de crédito dos fornecedores de- de dias indicado a partir do início do perío-
terminam o período de crédito, o valor do do de crédito.
desconto financeiro oferecido, o período de Um desconto financeiro, se oferecido como
desconto financeiro e a data em que o perí- uma parte dos termos de crédito, é um des-
odo de crédito inicia. conto percentual do preço de compra, se o
O período de crédito de uma duplicata a pa- comprador pagar dentro de um período de
tempo determinado. Existem técnicas para
99/201 Unidade 5 • Fontes de financiamento e mudanças nos padrões de crédito (Fontes de financiamento)
analisar os benefícios de se obter um des- para o início do período de crédito é a data
conto financeiro, ou pagar ao final de um da fatura. Tanto o período do desconto fi-
período de crédito completo. nanceiro quanto o período líquido são en-
O período de desconto financeiro é o nú- tão mensurados a partir da desta data.
mero de dias após o início do período de Os termos de crédito que são oferecidos
crédito durante o qual o desconto financei- para uma empresa por seus fornecedores
ro é disponível. Frequentemente, o período permitem que ela atrase seus pagamentos
de desconto financeiro é curto. Muitas ve- por suas compras. Supondo-se que o cus-
zes, grandes clientes de empresas menores to do fornecedor de ter de esperar pelo re-
usam suas posições como clientes-chave cebimento da venda da mercadoria prova-
como uma forma de alavancagem, criando velmente já tenha sido inserido no preço da
condições de obter descontos financeiros mercadoria, o comprador já está pagando
muito além do fim do período de descontos por esse benefício. O comprador deveria,
financeiros. Essa estratégia, apesar de ser portanto, analisar cuidadosamente os ter-
eticamente questionável, não é incomum. mos de crédito para determinar a melhor
O início do período de crédito é colocado estratégia de negociação. Se a empresa
como parte dos termos de crédito do forne- possui termos de crédito que incluem um
cedor. Uma das designações mais comuns desconto financeiro, ela tem duas opções –
100/201 Unidade 5 • Fontes de financiamento e mudanças nos padrões de crédito (Fontes de financiamento)
aceitar ou dispensar o desconto financeiro. to corresponde aos juros sendo pagos pela
Se a empresa tem a intenção de aceitar um empresa para atrasar o pagamento. O dire-
desconto financeiro, ela deve pagar no úl- tor financeiro deve determinar se é interes-
timo dia do período de desconto. Não há sante aceitar um desconto financeiro. É im-
custo associado em se aceitar um desconto portante reconhecer que aceitar descontos
financeiro. Se a empresa escolhe dispensar financeiros pode representar uma fonte de
o desconto financeiro, ela deve pagar no úl- lucratividade adicional importante.
timo dia do período de crédito. Há um custo
implícito associado ao se dispensar um des-
conto financeiro. O custo de dispensar um
desconto financeiro é a taxa implícita de ju-
ros paga para atrasar o pagamento de uma
conta a pagar, por um número adicional de
dias.
Em outras palavras, o montante do descon-

101/201 Unidade 5 • Fontes de financiamento e mudanças nos padrões de crédito (Fontes de financiamento)
Para saber mais
Segundo Assaf Neto e Lima (2009), as operações financeiras são desenvolvidas basicamente no mercado
de crédito e no mercado monetário. A finalidade do mercado de crédito é atender à procura por recursos
financeiros de curto prazo da economia, cabendo aos bancos comerciais o desenvolvimento desse papel,
e sendo as modalidades básicas de crédito desse foco o desconto de notas promissórias e de duplicatas.
Enquanto isso, no mercado monetário, são feitas as operações com títulos públicos (Notas do Tesouro
Nacional e Letras do Tesouro Nacional) e valores mobiliários de renda fixa, dispondo as empresas de con-
dições de flexibilizar a sua liquidez (reduzindo ou aumentando-a). Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2010)
entendem que um dos aspectos críticos para o sucesso das empresas nacionais é justamente a obtenção
de financiamento de longo prazo devido às altas taxas de juros cobradas pelas instituições nacionais e
estrangeiras. Sendo que os fatores que contribuem para o desempenho desses juros altíssimos são:
• Altos níveis de inflação.
• Políticas fiscais instáveis.
• Baixo nível de poupança interna.
• Sistema financeiro não totalmente regulado.
• Altos percentuais de depósitos compulsórios sobre os depósitos à vista.
• Déficits públicos: grande consumidor dos recursos internos etc.

102/201 Unidade 5 • Fontes de financiamento e mudanças nos padrões de crédito (Fontes de financiamento)
Uma estratégia muitas vezes empregada por uma empresa é estender duplicatas a pagar – isto é,
pagar contas o mais tarde possível, sem prejudicar a avaliação de crédito da empresa. Tal estra-
tégia pode diminuir o custo de se dispensar descontos financeiros.

Link
A depender do investimento e prazo, ou seja, necessidade, existe uma linha de financiamento. Para
conhecer mais detalhes acerca do assunto, acesse o link indicado. SEBRAE. Conheça as fontes de fi-
nanciamento e as principais linhas de crédito. Disponível em: <https://www.sebrae.com.br/sites/
PortalSebrae/artigos/conheca-as-fontes-de-financiamento-e-as-principais-linhas-de-credi-
to,7475a8ce76801510VgnVCM1000004c00210aRCRD>. Acesso em: 6 abr. 2017.

A segunda fonte espontânea de financiamento de negócios a curto prazo são as contas a pagar.
Contas a pagar são passivos resultantes de serviços, cujo pagamento não foi realizado ainda. Os
itens mais comuns que são acumulados por uma empresa são os salários e os impostos. Tendo
em vista que impostos são pagamentos para o governo, seu acúmulo não pode ser manipulado
pela empresa.

103/201 Unidade 5 • Fontes de financiamento e mudanças nos padrões de crédito (Fontes de financiamento)
Entretanto, o acúmulo de salários pode ser pais – bancos e commercial papers. Diferen-
manipulado até certo ponto. Isso é possí- temente de fontes espontâneas de finan-
vel ao se atrasar o pagamento dos salários, ciamento a curto prazo sem garantia, finan-
recebendo um financiamento livre de ju- ciamentos de bancos e comercial papers são
ros dos empregados, que são pagos algum negociados e resultam de ações tomadas
tempo depois de terem feito seu trabalho. por parte do gestor financeiro. Financia-
O período de pagamento para empregados mentos bancários são mais populares, pois
por hora de trabalho é, muitas vezes, regula- eles estão disponíveis para empresas de to-
mentado por acordos sindicais ou leis esta- dos os portes; comercial papers tendem a es-
dual e federal. No entanto, em outros casos, tar disponíveis apenas para grandes empre-
cabe à administração da empresa decidir a sas. Adicionalmente, financiamentos inter-
frequência do pagamento. nacionais podem ser usados para sustentar
transações internacionais.
1. Fontes de financiamento a Bancos são uma fonte importante de finan-
curto prazo sem garantia ciamento a curto prazo sem garantia para
negócios. O principal tipo de financiamen-
Empresas obtêm financiamentos a curto
to realizado por bancos para negócio é o fi-
prazo sem garantia de duas fontes princi-
nanciamento a curto prazo, autoliquidável.
104/201 Unidade 5 • Fontes de financiamento e mudanças nos padrões de crédito (Fontes de financiamento)
Financiamentos que são autoliquidáveis A taxa de juros de um empréstimo bancá-
possuem a intenção meramente de conce- rio é tipicamente baseada na taxa de juros
der crédito à empresa, em picos sazonais, preferencial e pode ser uma taxa fixa ou flu-
suas necessidades de financiamento que tuante. Ela deve ser avaliada ao se encontrar
são devidas principalmente a aumentos de a taxa de juros efetiva. A taxa de juros pre-
duplicatas a receber e estoque. ferencial (prime rate) é a menor taxa de ju-
À medida que duplicatas a receber e esto- ros cobrada pelos principais bancos do país
ques são convertidos de caixa, os fundos em empréstimos para os melhores clientes.
necessários para liquidar esses financia- A taxa preferencial flutua com as mudanças
mentos são gerados. Em outras palavras, nas relações de oferta-demanda para fun-
o uso para o qual o dinheiro emprestado é dos a curto prazo. Bancos geralmente de-
empregado fornece o mecanismo através terminam a taxa a ser cobrada para vários
do qual o financiamento é ressarcido – por tomadores de empréstimo ao adicionar um
conseguinte, o termo autoliquidado. Ban- prêmio à taxa preferencial, para ajustá-la
cos emprestam fundos sem garantia, a cur- ao “fator de risco” dos tomadores de em-
to prazo, de três formas básicas: através de préstimos.
notas promissórias, linhas de crédito e acor- Empréstimos podem ter tanto taxas de juros
dos de crédito rotativos. fixas quanto flutuantes. Em uma taxa de em-
105/201 Unidade 5 • Fontes de financiamento e mudanças nos padrões de crédito (Fontes de financiamento)
préstimo fixa, a taxa de juros é determina- natureza algumas vezes volátil da taxa pre-
da com um incremento estabelecido acima ferencial e o uso disseminado de computa-
da taxa preferencial no dia do empréstimo dores por bancos para monitorar e calcular
e permanece sem variação nessa taxa fixa os juros de empréstimos têm sido responsá-
até o seu vencimento, podendo sofrer rea- veis pela popularidade de empréstimos com
justes, por exemplo, de acordo com a infla- taxas flutuantes.
ção. Em uma taxa de empréstimo flutuante,
o incremento acima da taxa preferencial é
inicialmente estabelecido e é permitido que Para saber mais
a taxa de juros “flutue”, ou varie, acima da Os intermediários financeiros fazem a captação
preferencial, de acordo com a variação da de poupanças e emprestam esses recursos finan-
taxa preferencial até seu vencimento. ceiros aos tomadores, desempenhando a função
de emprestar e de administrar os fundos de forma
Geralmente, o incremento acima da taxa
eficiente.
preferencial em um empréstimo a uma taxa
flutuante será menor do que uma taxa de Uma vez que a taxa anual nominal é estabe-
empréstimo fixa de risco equivalente, pois lecida, o método de se calcular juros é de-
o financiador assume um risco menor em terminado. Juros podem ser pagos quando
um empréstimo com uma taxa flutuante. A um empréstimo vence ou antecipadamen-
106/201 Unidade 5 • Fontes de financiamento e mudanças nos padrões de crédito (Fontes de financiamento)
te. A maioria dos empréstimos bancários assinada pelo tomador de empréstimo. A
para negócios requer o pagamento de ju- nota promissória estabelece os termos do
ros no seu vencimento. Quando os juros são empréstimo, os quais incluem a duração e
pagos antecipadamente, eles são deduzi- a taxa de juros do empréstimo. Esse tipo de
dos do empréstimo de forma que o tomador nota promissória a curto prazo geralmente
de empréstimos recebe na realidade menos possui um vencimento estabelecido entre 1
dinheiro do que o pedido. Empréstimos nos (um) mês e 9 (nove) meses. Os juros cobra-
quais juros são pagos antecipadamente são dos são geralmente amarrados de alguma
denominados por empréstimos com des- forma à taxa de juros preferencial e podem
conto. ser uma taxa fixa ou uma taxa flutuante.
Uma nota promissória pode ser obtida de Uma linha de crédito é um acordo entre um
um banco comercial por um tomador de banco comercial e uma empresa, especifi-
empréstimo digno de crédito no mercado. cando o montante de empréstimos a curto
Esse tipo de empréstimo é normalmente um prazo, sem garantia, que o banco tornará
negócio “isolado”, feito quando a empresa disponível para a empresa durante um cer-
que toma emprestado necessita de fundos to período de tempo. Um acordo de linha de
por um curto período. O instrumento resul- crédito é tipicamente feito para um perío-
tante é uma nota promissória, que deve ser do de um ano e, muitas vezes, coloca certas
107/201 Unidade 5 • Fontes de financiamento e mudanças nos padrões de crédito (Fontes de financiamento)
limitações para quem toma emprestado. ela elimina a necessidade de examinar o va-
Não é um empréstimo garantido, mas indi- lor do crédito de um cliente cada vez que ele
ca que, se o banco tem fundos disponíveis tome dinheiro emprestado.
suficientes, ela permitirá que o tomador de A taxa de juros de uma linha de crédito é
empréstimos deva até um certo montante normalmente estabelecida como uma taxa
de caixa. O montante de uma linha de cré- flutuante – a taxa preferencial mais uma
dito é o montante máximo que a empresa percentagem. Se a taxa preferencial muda,
pode dever a um banco em qualquer ponto a taxa de juros cobrada em um empréstimo
do tempo. novo, assim como um já emitido, automati-
Quando solicita uma linha de crédito, pode camente muda. O montante em excesso da
ser exigido do tomador de empréstimo que taxa preferencial, que é cobrado do toma-
apresente documentos como seu orçamen- dor de empréstimo, depende da qualidade
to de caixa, sua demonstração de resultados do seu crédito. Quanto melhor for o crédito
projetados e suas demonstrações financei- do tomador de empréstimo, menor o incre-
ras mais recentes. Se o banco considera o mento em juros acima da preferencial e vi-
cliente aceitável, a linha de crédito será es- ce-versa.
tendida. A maior atração de uma linha de
crédito do ponto de vista de um banco é que
108/201 Unidade 5 • Fontes de financiamento e mudanças nos padrões de crédito (Fontes de financiamento)
cialmente analisadas por uma auditoria.
Link Adicionalmente, o banco geralmente ne-
cessita ser informado de mudanças em po-
O Banco Central do Brasil reduziu os juros em li- sições-chave na administração ou nas ope-
nha de crédito para empresas e pessoas físicas rações da empresa, antes que as mudanças
em 2017. TVNBR. Redução de juros em linhas ocorram. Tais mudanças podem afetar o fu-
de crédito é anunciada. Disponível em: <https:// turo sucesso e a capacidade de pagamento
www.youtube.com/watch?v=AoV_mL55T- das dívidas da empresa e, portanto, podem
mc>. Acesso em: 6 abr. 2017. alterar o status de seu crédito. Se o banco
não concorda com as mudanças propostas
Em um acordo de linha de crédito, um ban- e a empresa mesmo assim as leva adiante,
co pode impor restrições a mudanças ope- o banco tem o direito de revogar a linha de
racionais, que lhe garante o direito de revo- crédito.
gar a linha de crédito se quaisquer mudan-
ças importantes ocorrerem nas condições
financeiras ou operacionais da empresa. É
normalmente exigido da empresa que apre-
sente para uma revisão periódica demons-
trações financeiras atualizadas e preferen-
109/201 Unidade 5 • Fontes de financiamento e mudanças nos padrões de crédito (Fontes de financiamento)
Glossário
Financiamento espontâneo: é assim denominado porque processa com o desenvolvimento
das atividades da empresa e não há custo implícito.
Taxa de juros preferencial: taxa de juros menor, cobrada pelos principais bancos do país em fi-
nanciamento para os melhores clientes.
Commercial paper: uma forma de financiamento que consiste de notas promissórias sem ga-
rantia, a curto prazo, emitidas por empresas com um alto crédito no mercado.

110/201 Unidade 5 • Fontes de financiamento e mudanças nos padrões de crédito (Fontes de financiamento)
?
Questão
para
reflexão

Visto que as instituições financeiras estabelecem certas


reciprocidades e exigências com as empresas tomado-
ras de financiamentos de longo prazo, para liberação
dos recursos financeiros, reflita o que é taxa de juros e
como ela é relevante para o custo de empréstimos ban-
cários a curto prazo.

111/201
Considerações Finais

• Para assegurar que o tomador de empréstimos seja um bom cliente, mui-


tos empréstimos bancários a curto prazo sem garantia – linhas de crédito e
acordos de crédito rotativo – exigem que quem toma emprestado mantenha
um saldo médio em uma conta bancária, igual a uma certa percentagem do
montante emprestado.
• Um saldo médio não apenas força o tomador de empréstimos a ser um bom
cliente do banco, mas também aumenta o custo dos juros para ele.
• A fim de assegurar que um dinheiro emprestado sob um acordo de linha de
crédito esteja realmente sendo usado para financiar necessidades sazonais,
muitos bancos exigem uma zeragem anual.
• Um acordo de crédito não é nada mais do que uma linha de crédito garan-
tida.

112/201
Referências
ALMEIDA, Jarbas Thaunahy Santos de. Matemática financeira. Rio de Janeiro: LTC, 2016.
GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira – essencial. 2. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2001.
HOJI, Masakazu. Administração financeira na prática: guia para educação financeira corporati-
va e gestão financeira pessoal. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
SANVINCENTE, Antonio Zoratto. Administração financeira. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

113/201 Unidade 5 • Fontes de financiamento e mudanças nos padrões de crédito (Fontes de financiamento)
Questão 1
1. Uma estratégia que é muitas vezes empregada por uma empresa para di-
minuir o custo de se dispensar descontos financeiros:

a) Estender duplicatas a pagar.


b) Contrair empréstimos.
c) Sonegar impostos.
d) Deixar de pagar dividendos aos acionistas.
e) Investir no mercado de capitais.

114/201
Questão 2
2. Representam as duas principais fontes de financiamento a curto prazo
sem garantia para empresas:

a) Duplicatas a receber e contas a receber.


b) Duplicatas a pagar e baixo nível de poupança.
c) Duplicatas a pagar e contas a pagar.
d) Déficit público e contas e pagar.
e) Juros simples e inflação.

115/201
Questão 3
3. A taxa de juros de um empréstimo bancário é tipicamente baseada na
taxa de juros preferencial e pode ser uma taxa fixa ou:

a) inercial
b) flutuante
c) autêntica
d) retornável
e) nominal

116/201
Questão 4
4. É correto afirmar que o comportamento do investidor:

a) agressivo é de aceitar correr os riscos necessários para investir e vencer no mercado finan-
ceiro;
b) típico perante o risco é o comportamento de aversão ao risco. Isso significa que, dado um
mesmo nível de risco para diversos investimentos, o investidor sempre vai optar pelo inves-
timento de maior retorno;
c) típico perante o risco é de enfrentamento com conhecimento e responsabilidade, visando
às melhores decisões;
d) típico perante o risco é o comportamento de prevenção ao risco. Isso significa que devemos
fazer seguro para garantir que o risco não seja muito acima do retorno esperado;
e) típico perante o risco é de obter o conhecimento necessário para investir e crescer.

117/201
Questão 5
5. O investidor típico é avesso ao risco, por isso sempre deseja ter o maior
retorno e o menor risco possível. Num cenário que possui o mesmo nível
de risco para diversos investimentos, seu comportamento deve ser:

a) por ter aversão ao risco, aportar seu investimento nos produtos de menor retorno, porém
mais seguros;
b) investir parte em produtos mais arriscados e outra parte em produtos mais seguros;
c) deixar de investir, uma vez que os investimentos possuem um mesmo nível de risco;
d) optar sempre pelo investimento de maior retorno;
e) deixar de investir, pois o investidor tem aversão ao risco.

118/201
Gabarito
1. Resposta: A. 3. Resposta: B.

Uma estratégia que é muitas vezes empre- A taxa de juros de um empréstimo bancário é
gada por uma empresa é estender dupli- tipicamente baseada na taxa de juros prefe-
catas a pagar – isto é, pagar contas o mais rencial e pode ser uma taxa fixa ou flutuante.
tarde possível, sem prejudicar a avaliação
de crédito da empresa. Tal estratégia pode 4. Resposta: B.
diminuir o custo de se dispensar descontos
Verificação simples do conceito: o típico pe-
financeiros.
rante o risco é o comportamento de aversão
ao risco. Isso significa que, dado um mesmo
2. Resposta: C.
nível de risco para diversos investimentos,
Duplicatas a pagar são a principal fonte de o investidor sempre vai optar pelo investi-
financiamento a curto prazo sem garantia mento de maior retorno.
para empresas. A segunda fonte espontâ-
5. Resposta: C.
nea de financiamento de negócios a curto
prazo são as contas a pagar. Comportamento conservador: deixar de in-
vestir, uma vez que os investimentos pos-
suem um mesmo nível de risco.
119/201
Unidade 6
Estrutura de Capital e Avaliação (WACC)

Objetivos

A alavancagem envolve o uso de custos fixos para aumentar os retornos. Seu uso na estrutura
de capital da empresa possui o potencial de aumentar seu retorno e risco. Alavancagem e es-
trutura de capital são conceitos estreitamente relacionados às decisões de orçamento de ca-
pital através do custo de capital. Esses tópicos podem ser usados para minimizar os custos de
capital da empresa e maximizar a riqueza de seus proprietários. Esse tema discute conceitos
e técnicas de alavancagem e estrutura de capital, assim como a forma que a empresa pode
utilizá-los para criar a melhor estrutura de capital. Ao final deste capítulo, o aluno deverá ser
capaz de:
1. conceituar a alavancagem operacional, multiplicando os retornos;
2. apresentar o impacto dos custos operacionais nos processos decisórios do negócio;
3. gerenciar os custos operacionais para tomar decisões.

120/201
Introdução

A alavancagem resulta do uso de ativos de


recursos de custo fixo para aumentar os re- Para saber mais
tornos aos proprietários da empresa. Geral- O termo alavancagem (leverage) é utilizado em
mente, aumentos na alavancagem resultam finanças pode ser retirado como analogia às pro-
em um crescimento no retorno e no risco, priedades de uma palavra física, em que o empre-
ao passo que diminuições na alavancagem go de alavanca apoiada em um ponto fixo permite
resultam em uma diminuição no retorno e mover ou levantar determinada massa, com me-
no risco. O montante de alavancagem na nos esforço que se essa massa fosse movida ou
estrutura de capital da empresa – estru- levantada diretamente.
tura de capital é a combinação da dívida de
longo prazo e capital próprio mantidos pela Os três tipos básicos de alavancagem po-
empresa – pode alterar significativamente dem ser melhor definidos com relação às
seu valor ao afetar o retorno e o risco. Di- demonstrações de resultado da empresa,
ferentemente de algumas causas de risco, na forma de demonstrações de resultados
a administração possui o controle quase gerais:
completo sobre o risco introduzido através
do uso da alavancagem. 1. Alavancagem operacional se preocu-
pa com a relação entre as vendas de
empresa e seus lucros antes dos juros
121/201 Unidade 6 • Estrutura de Capital e Avaliação (WACC)
e do imposto de renda, ou LAJIR (LAJIR equilíbrio operacional da empresa é o nível
é um rótulo descritivo para lucro ope- de vendas necessário para cobrir todos os
racional). custos operacionais.
2. Alavancagem financeira se preocupa O primeiro passo para encontrar o ponto
com o relacionamento entre o LAJIR de equilíbrio operacional é dividir os custos
da empresa e seus resultados por ação dos produtos vendidos e as despesas ope-
sobre ações ordinárias (LPA). racionais entre custos operacionais fixos e
3. Alavancagem total se preocupa com variáveis. Custos fixos são uma função de
o relacionamento entre as receitas de tempo, não de volume de vendas e são tipi-
vendas da empresa e o LPA. camente contratuais: aluguel, por exemplo,
A análise de ponto de equilíbrio, algumas é um custo fixo. Custos variáveis dependem
vezes chamada de análise de custo-volu- diretamente das vendas e são uma função
me-lucro, é usada pela empresa (1) para do volume, não do tempo; custos de trans-
determinar o nível de operações necessá- porte, por exemplo, são variáveis.
rio para cobrir todos os custos operacionais A alavancagem operacional resulta da exis-
e (2) para avaliar a lucratividade associa- tência de custos fixos operacionais no fluxo
da aos vários níveis de vendas. O ponto de de lucros da empresa. Podemos definir ala-

122/201 Unidade 6 • Estrutura de Capital e Avaliação (WACC)


vancagem operacional como o uso poten- ponto de referência. Quanto mais próximo o
cial de custos fixos operacionais para au- nível base de vendas usado estiver do pon-
mentar os efeitos de mudanças das vendas to de equilíbrio operacional, tanto maior a
sobre o lucro da empresa antes dos juros e alavancagem operacional. Uma compara-
do imposto de renda. ção do grau de alavancagem operacional de
duas empresas é válida somente quando o
Para saber mais nível base de vendas usado para cada em-
presa for o mesmo.
As decisões de expansão de uma empresa, dada
uma estrutura de custo e despesas operacionais
fixos, visam ao aumento do lucro operacional ou
lucro antes do juro com despesas financeiras e
imposto de renda – LAJIR. Esse cenário é denomi-
nado de alavancagem operacional.

O grau de alavancagem operacional (GAO)


é a medida numérica da alavancagem ope-
racional da empresa. Esse grau também de-
pende do nível base de vendas usado como
123/201 Unidade 6 • Estrutura de Capital e Avaliação (WACC)
custos fixos financeiros para maximizar os
Para saber mais efeitos de variações em lucros antes de ju-
ros e imposto de renda nos lucros por ação
Se uma alta porcentagem dos custos totais de
da empresa. Os dois custos fixos financeiros
uma organização é fixa, normalmente afirma-se
que podem ser encontrados na demonstra-
que a organização tem um alto grau de alavan-
ção de resultados da empresa são (1) juros
cagem operacional. Na terminologia do mundo
sobre dívidas e (2) dividendos de ações pre-
dos negócios, dizemos: um alto grau de alavan-
ferenciais.
cagem operacional, com os outros fatores manti-
dos constantes, significa que uma alteração rela- O efeito da alavancagem financeira é tal que
tivamente pequena nas vendas resultará em uma um aumento do LAJIR da empresa resulta
grande mudança no lucro. Também é comum em um aumento mais do que proporcional
dentro das organizações falar que os valores pa- nos lucros por ação da empresa, enquanto
gos com juros alteram o lucro da empresa. uma redução no LAJIR da empresa resulta
em uma diminuição mais do que proporcio-
A alavancagem financeira resulta da pre- nal no lucro por ação (LPA).
sença de custos fixos financeiros no fluxo de
O grau de alavancagem financeira (GAF) é
lucro da empresa. Podemos definir alavan-
a medida numérica da alavancagem finan-
cagem financeira como potencial de uso de
ceira da empresa. Ele pode ser computado
124/201 Unidade 6 • Estrutura de Capital e Avaliação (WACC)
de forma parecida com o grau de alavanca- A alavancagem total reflete o impacto com-
gem operacional. binado da alavancagem financeira e opera-
Podemos, também, avaliar o efeito combina- cional na empresa. Uma alta alavancagem
do da alavancagem operacional e financeira operacional e uma alta alavancagem finan-
com relação ao risco da empresa. Esse efeito ceira causarão a alavancagem total alta. O
combinado, ou alavancagem total, pode ser relacionamento entre a alavancagem ope-
definido como o potencial para usar custos racional e a alavancagem financeira é mul-
fixos tanto operacionais quanto financei- tiplicativa em vez de aditivo.
ros para maximizar o efeito de variações nas
vendas sobre o LPA da empresa. A alavanca- 1. Estrutura de capital
gem total, portanto, pode ser vista como o
A estrutura de capital é uma das áreas mais
impacto total dos custos fixos na estrutura
complexas da tomada de decisões finan-
financeira e operacional da empresa.
ceira devido ao seu inter-relacionamento
O grau de alavancagem total (GAT) é a me- com outras variáveis financeiras de decisão.
dida numérica da alavancagem total da em- Decisões inadequadas sobre a estrutura de
presa. Ele pode ser computado de forma pa- capital podem resultar em um alto custo de
recida com a da alavancagem operacional e capital, por conseguinte, diminuindo o val-
financeira.
125/201 Unidade 6 • Estrutura de Capital e Avaliação (WACC)
or presente líquido (VPL) de projeto e tornando a maioria deles inaceitável. Decisões eficazes
podem diminuir o custo de capital, resultando em um VPL mais alto e projetos mais aceitáveis,
aumentando, assim, o valor da empresa.

Link
No que tange à estrutura de capital, temos alguns indicadores. O endividamento total representa o
quanto dos ativos ainda não foram pagos. Participação de capital de terceiros: mede a proporção entre
as dívidas e o patrimônio líquido. Um estudo sobre este assunto é abordado no link indicado. OLIVEIRA,
Guilherme Resende et al. Determinantes da Estrutura de Capital das Empresas Brasileiras: uma abor-
dagem em regressão quantílica. Disponível em: <https://www.bcb.gov.br/pec/wps/port/TD272.
pdf>. Acesso em: 6 abr. 2017.

Todos os itens do lado direito do balanço da empresa, excluindo passivos circulantes, são fontes
de capital. O desdobramento básico do capital total se dá em capital próprio (patrimônio líquido)
e capital de terceiros (endividamento). É claro que, apesar de a estrutura de capital ser financeira-
mente importante, ela, assim como muitas decisões de negócios, é geralmente menos relevante
que os produtos e serviços da empresa. Na prática, uma empresa pode provavelmente aumentar

126/201 Unidade 6 • Estrutura de Capital e Avaliação (WACC)


mais prontamente seu valor ao aumentar a
qualidade e reduzir custos do que por meio Link
da sintonia fina de sua estrutura de capital. Aplicação do grau de alavancagem financeira em
Anteriormente, foi mostrado que a alavan- um caso fictício. MENESES, Ricardo. Gestão Fi-
cagem financeira resulta do uso de finan- nanceira – Grau de alavancagem financeira e
ciamentos de pagamento fixo, tais como combinada. Disponível em: <https://www.you-
dívida e ação preferencial, para maximizar tube.com/watch?v=eSuN3uD0tpI>. Acesso
retorno e risco. Uma medida direta do grau em: 6 abr. 2017.
de endividamento são os índices de endivi-
damento. Quanto maior essa relação, maior Uma medida da habilidade da empresa de
será a alavancagem financeira da empresa. conseguir saldar pagamentos fixos associa-
dos à dívida é o índice de cobertura de juros.
Esse quociente fornece informações indire-
tas sobre a alavancagem financeira. Quanto
menor ele for, maior será a alavancagem fi-
nanceira da empresa e menos hábil ela será
para satisfazer pagamentos assim que eles
vencerem. Quanto mais risco a empresa es-
127/201 Unidade 6 • Estrutura de Capital e Avaliação (WACC)
tiver disposta a aceitar, maior sua alavanca- cos passaram a enfocar com mais atenção
gem financeira. Em teoria, a empresa deve os padrões financeiros de companhias eu-
manter a alavancagem financeira consis- ropeias, japonesas, canadenses e outras
tente com a estrutura de capital que max- ao redor do mundo. Eles descobriram dif-
imiza a riqueza dos proprietários. erenças importantes, assim como semel-
Um grau aceitável de alavancagem finan- hanças surpreendentes entre companhias
ceira para um setor ou linha de negócios estadunidenses e não estadunidenses.
pode ser altamente arriscado para outro, Pesquisas acadêmicas sugerem que há uma
devido a diferentes características opera- faixa de estrutura de capital ótima. No en-
cionais entre setores ou linhas de negócios. tanto, o entendimento da estrutura de cap-
Segundo Gitman (2001), a teoria moder- ital nesse ponto não fornece aos gestores fi-
na de estrutura de capital se desenvolveu nanceiros uma metodologia específica para
dentro do enquadramento do sistema a utilização na determinação da estrutura
norte-americano, e a maioria dos estudos de capital ótima da empresa. Contudo, a te-
dessas teorias empregou dados de empre- oria financeira fornece ajuda para entender
sas norte-americanas. Em anos recentes, como a combinação de financiamentos es-
no entanto, tanto executivos de sociedades colhidos afeta o valor da empresa.
anônimas quanto pesquisadores acadêmi-
128/201 Unidade 6 • Estrutura de Capital e Avaliação (WACC)
Em 1958, Franco Modigliani e Merton H. dade de falência causada por obrigações da
Miller (conhecidos com “M e M”) demon- dívida, (2) custos de agenciamento do mon-
straram algebricamente que, presumindo itoramento por parte do emprestador das
mercados perfeitos, a estrutura de capital ações da empresa e (3) custos associados
que a empresa escolhe não afeta seu val- a administradores com mais informações
or. Muitos pesquisadores, incluindo M e M, a respeito das perspectivas da empresa do
examinaram os efeitos de pressupostos de que dos investidores.
mercado menos restritivos no relaciona- Permitir que as empresas deduzam pag-
mento entre a estrutura de capital e o val- amentos de juros sobre dívidas ao calcu-
or da empresa. O resultado é uma estrutura lar o lucro tributável reduz o montante dos
de capital ótima teórica baseada no bal- lucros das empresas pago em imposto de
anceamento dos benefícios e custos do fi- renda, fazendo com que mais lucros este-
nanciamento de dívida. O maior benefício jam disponíveis para os investidores. A de-
do financiamento de dívida é a vantagem dutibilidade dos juros significa que o custo
tributária, que permite que pagamentos de da dívida para a empresa é subsidiado pelo
juros sejam deduzidos ao se calcular a ren- governo.
da tributável. O custo do financiamento de
dívida resulta de (1) aumento da probabili- A chance que uma empresa tem de ficar
insolvente devido a uma incapacidade de
129/201 Unidade 6 • Estrutura de Capital e Avaliação (WACC)
cumprir suas obrigações assim que vencem estáveis possuem receitas estáveis. O resul-
depende, amplamente, tanto do risco ope- tado é baixo nível de risco operacional. As
racional quanto do risco financeiro. empresas com demanda e preços de pro-
O risco operacional é o risco de a empresa dutos altamente voláteis possuem receitas
ser incapaz de cobrir seus custos operacio- instáveis que resultam em altos níveis de
nais. Em geral, quanto maior for a alavan- risco operacional. A estabilidade de custo
cagem operacional da empresa, o uso de refere-se à relativa previsibilidade de pre-
custos operacionais fixos, tanto maior será ços dos insumos, como aqueles relativos à
o risco operacional. Embora a alavancagem mão de obra e aos materiais. Quanto mais
operacional seja um fator importante afe- previsíveis e estáveis esses preços de insu-
tando o risco operacional, dois outros fato- mos forem, menor será o risco operacional;
res – estabilidade de receitas e estabilidade quanto menos previsíveis e estáveis eles fo-
de custos – também o afetam. A estabilida- rem, maior será o risco operacional.
de de receitas refere-se à relativa variabili- A estrutura de capital da empresa afeta di-
dade de receitas de vendas da empresa. retamente seu risco financeiro, que é o risco
As empresas com níveis razoavelmente es- de uma empresa ser incapaz de cobrir obri-
táveis de demanda e produtos com preços gações financeiras exigidas.

130/201 Unidade 6 • Estrutura de Capital e Avaliação (WACC)


Glossário
Alavancagem: resulta do uso de ativos ou recursos de custo fixo para maximizar os retornos aos
proprietários da empresa.
Estrutura de capital: é a combinação de dívida de longo prazo e capital próprio mantidos pela
empresa.
Risco financeiro: o risco de uma empresa ser incapaz de cobrir obrigações financeiras exigidas.

131/201 Unidade 6 • Estrutura de Capital e Avaliação (WACC)


?
Questão
para
reflexão

A combinação ideal entre capital de terceiro e capital


próprio para uma empresa e sua estrutura de capital
ideal é aquela que maximiza o valor da empresa e mi-
nimiza o custo geral do capital. O que é a estrutura de
capital da empresa?

132/201
Considerações Finais

• O risco operacional varia entre as empresas, independentemente de suas


linhas de negócios, e não é afetado por decisões de estrutura de capital.
• O nível de risco operacional deve ser tomado como “dado”. Quanto maior o
risco operacional da empresa, mais cautelosa a empresa deve ser em esta-
belecer sua estrutura de capital.
• As empresas com elevado risco operacional, portanto, tendem em direção
a uma estrutura de capital menos alavancada, e empresas com baixo risco
operacional tendem em direção a estruturas de capital mais alavancadas.
• A penalidade por não satisfazer às obrigações financeiras é a falência. Quan-
to mais financiamento de custo fixo uma empresa possui em sua estrutura
de capital, tanto maior é a sua alavancagem financeira e risco.
• O risco financeiro depende da decisão sobre a estrutura de capital feita pela
gestão, e essa decisão é afetada pelo risco operacional que a empresa en-
frenta. O risco total da empresa determina sua probabilidade de falência.
133/201
Referências

ALMEIDA, Jarbas Thaunahy Santos de. Matemática financeira. Rio de Janeiro: LTC, 2016.
GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira – essencial. 2. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2001.
HOJI, Masakazu. Administração financeira na prática: guia para educação financeira corporati-
va e gestão financeira pessoal. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
SANVINCENTE, Antonio Zoratto. Administração financeira. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

134/201 Unidade 6 • Estrutura de Capital e Avaliação (WACC)


Questão 1
1. Fundamentalmente, existem apenas duas fontes de capital para as em-
presas, cada qual com suas características próprias. A seguir, apresentamos
expressões e palavras-chave associadas às fontes de capital que financiam
as empresas e suas descrições. Relacione-as.

Expressões e palavras-chave associadas ao capital que financia as empresas:


I. Fontes de capital.
II. Capital dos sócios.
III. Garantias.
IV. Sócios e credores.
Descrição das palavras-chave:
( ) São investidores que investem capital para financiar as atividades de uma empresa.
( ) Capital de terceiros.
( ) Capital próprio e capital de terceiros.
( ) É chamado de capital próprio ou capital dos acionistas.
135/201
Questão 1

A alternativa que apresenta a correspondência correta, de cima para baixo, é:


a) IV – III – I – II.
b) II – I – III – IV.
c) II – I – IV – III.
d) III – I – II – IV.
e) II – IV – I – III.

136/201
Questão 2
2. Uma empresa para ser implantada e operada necessita de recursos. A
esse respeito, é correto afirmar que:

a) só existem duas fontes de capital para financiar as empresas: capital próprio e capital dos
sócios;
b) existem diversas fontes de capital: capital de longo prazo, capital de curto prazo, capital de
giro, capital próprio e capital de terceiros;
c) só existem três fontes de capital para financiar as empresas: capital do governo, capital de
terceiros e capital de credores;
d) só existem duas fontes de capital para financiar as empresas: capital de terceiros e capital de
credores;
e) só existem duas fontes de capital para financiar as empresas: capital próprio e capital de
terceiros.

137/201
Questão 3
3. Leia as afirmativas a seguir e classifique-as em verdadeiras (V) ou fal-
sas (F):

( ) Capital de terceiros é o capital de credores, também conhecido como capital obtido por dívi-
das.
( ) A empresa busca empréstimos nas instituições financeiras por meio da venda de suas ações e
assim capta capital de terceiros.
( ) A empresa busca empréstimos nas instituições financeiras, assinando contratos de emprésti-
mos ou lançando (vendendo) títulos de dívidas (debêntures) no mercado.
( ) Estrutura de capital é o quanto de capital de terceiros (D) e o quanto de capital próprio (S) fi-
nanciam as operações da empresa. É a relação D/S.
( ) Existem diversas fontes de capital para financiar as empresas, dependendo da atividade de
cada uma delas. O sócio define a melhor estrutura de capital, podendo fazer um mix dessas fon-
tes e escolhendo a estrutura ótima, que o levará a obter a melhor lucratividade e os melhores
resultados.

138/201
Questão 3

A alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para baixo, é:


a) V – V – V – V – V.
b) V – V – F – V – F.
c) F – V – F – F – V.
d) F – F – V – F – V.
e) V – F – V – V – F.

139/201
Questão 4
4. A respeito das fontes de capital para financiar a empresa, é correto afir-
mar que:

a) existem apenas os capitais do governo, terceiros e credores como fontes para financiar as
empresas;
b) existem as fontes de capitais: próprio e dos sócios para financiar as empresas;
c) só existem duas fontes de capital para financiar as empresas: capital próprio e capital de
terceiros.
d) existem fontes de capitais de terceiros e credores para financiar as empresas;
e) existem diversas fontes de capital: capital de longo prazo, capital de curto prazo, capital de
giro, capital próprio e capital de terceiros.

140/201
Questão 5
5. No campo das finanças, os três tipos básicos de alavancagem são:

a) Operacional, financeira e parcial.


b) Operacional, parcial e total.
c) Financeira, parcial e total.
d) Operacional financeira e parcial.
e) Operacional, financeira e total.

141/201
Gabarito
1. Resposta: A. 4. Resposta: C.

Classificação realizada com base no mate- São apenas duas as fontes de capital: pró-
rial de aula. Diferenças entre capital próprio prio ou de terceiros.
e capital de terceiros.
5. Resposta: E.
2. Resposta: E.
A alavancagem é a capacidade que uma
São apenas duas as fontes de capital: pró- empresa possui para utilizar ativos ou re-
prio ou de terceiros. cursos externos, tomados a um custo fixo,
visando maximizar o lucro de seus sócios,
3. Resposta: E. sendo classificada por operacional, finan-
ceira e total.
Questão dicotômica. Associando situações
ora verdadeiras ora falsas, com base no
conceito desenvolvido no tema.

142/201
Unidade 7
Análise da gestão de recursos (WACC). Custo de capital de terceiros, de sócios

Objetivos

O custo de capital é usado para selecionar investimentos de capital que aumentem o valor do
acionista. Por ora, vamos demonstrar como o custo de capital é calculado, considerando os
custos de dívidas a longo prazo, as ações preferenciais, as ações ordinárias, os lucros retidos
e como combiná-los para determinar duas medidas importantes de custo de capital que a
empresa utilizará na tomada de decisões de financiamentos e investimentos a longo prazo.
Neste tema, você estará apto a:
1. compreender o conceito de custo de capital, bem como entender como é calculado e as
medidas de suas variáveis;
2. caracterizar os diferentes tipos de custo de capital;
3. explicar o custo de capital de terceiros e o custo de capital próprio.

143/201
Introdução
O custo de capital é um conceito financeiro mercado de suas ações. Ele também pode
importante. Ele age como um forte elo entre ser considerado como a taxa de retorno exi-
as decisões de investimento de longo pra- gida pelos fornecedores de capital do mer-
zo da empresa e a riqueza dos proprietários, cado para atrair seus fundos para a empre-
como determinado pelos investidores no sa. Se o risco é mantido constante, projetos
mercado. Ele é, na verdade, o “número mági- com uma taxa de retorno abaixo do custo de
co”, que é usado para decidir se uma propos- capital diminuirão o valor da empresa.
ta de investimento corporativo aumentará
ou diminuirá o preço das ações da empresa.
De forma clara, apenas aqueles investimen-
tos prováveis de aumentar o preço das ações
Link
Os cálculos de quanto custa para a empresa o di-
seriam recomendáveis. Devido ao seu pape- nheiro que ela utiliza podem ser analisados na lei-
l-chave na tomada de decisões financeiras, tura da matéria recomendada. EXAME. Como cal-
não há como não enfatizar demasiadamente cular o custo do capital próprio no seu negócio.
a importância do custo de capital. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/
O custo de capital é a taxa de retorno que pme/como-calcular-o-custo-do-capital-
uma empresa deve obter sobre seus proje- -proprio-no-seu-negocio/>. Acesso em: 6 abr.
tos de investimento para manter o valor de 2017.

144/201 Unidade 7 • Análise da gestão de recursos (WACC). Custo de capital de terceiros, de sócios
O custo de capital é estimado em um deter- sas levantarem dinheiro em grandes lotes,
minado ponto no tempo. Ele reflete a mé- elas tendem para uma direção desejada de
dia futura esperada de custos dos fundos, combinação de financiamento.
baseado na melhor informação disponível.
Apesar de as empresas geralmente levanta-
rem recursos de uma vez, o custo do capital
Para saber mais
deveria refletir uma inter-relação de ativi- O custo total de capital está associado à taxa de
dades financeiras. Por exemplo, se uma em- retorno exigida de um investimento. Ao tomar
presa levanta fundos através de dívidas (to- uma decisão de investimento, a empresa deve re-
mando emprestado) hoje, é provável que al- correr ao mercado de capitais para buscar finan-
guma forma de capital próprio como ações ciamento. O retorno exigido pelos proprietários
ordinárias terá de ser usada da próxima vez. desses recursos (credores e acionistas) é a base
A maioria das empresas mantém uma com- para estimar o custo de capital.
binação ótima de financiamento delibera-
da de capital de terceiros e capital próprio. Para capturar as inter-relações de financia-
Essa combinação é usualmente chamada de mentos, levando em consideração uma es-
estrutura de capital-alvo. Isso é suficiente trutura de capital-alvo, precisamos olhar
aqui para afirmar que, apesar de as empre- para o custo de capital como um todo, em

145/201 Unidade 7 • Análise da gestão de recursos (WACC). Custo de capital de terceiros, de sócios
vez de o custo de uma fonte específica de tura de capital. O custo específico de cada
fundos usados para financiar um determi- uma das fontes de financiamento é o custo
nado dispêndio. após o imposto de renda de obter o finan-
ciamento hoje, não o custo histórico, refle-
Nossa preocupação é apenas com as fontes
tido pelo financiamento existente nos regis-
a longo prazo de fundos disponíveis para
tros contábeis das empresas. Técnicas para
uma empresa, pois essas fontes suprem o fi- determinação do custo específico de cada
nanciamento permanente. O financiamen- fonte de fundos a longo prazo serão expli-
to a longo prazo suporta os investimentos cadas adiante.
da empresa em ativos permanentes.
Embora essas técnicas tendam a desen-
Existem quatro fontes básicas de fundos a volver valores precisamente calculados, os
longo prazo para os negócios de uma em- valores resultantes são, na melhor das cir-
presa: dívidas a longo prazo, ações prefe- cunstâncias, aproximações grosseiras devi-
renciais, ações ordinárias e lucros retidos. do às inúmeras hipóteses e previsões que os
Apesar de nem todas as empresas usarem embasam. Ainda que tenhamos aproximado
os custos calculados o mais próximo possí-
cada um desses métodos de financiamento,
vel, não é incomum para gestores financei-
é esperado de cada empresa que tenha fun-
ros usarem na prática custos aproximados,
dos de alguma dessas fontes em sua estru-
porque esses valores são meras estimativas.
146/201 Unidade 7 • Análise da gestão de recursos (WACC). Custo de capital de terceiros, de sócios
Para saber mais
O gestor financeiro é o profissional responsável por obter e administrar os recursos financeiros neces-
sários à empresa para que ela atinja e mantenha seu nível de atividade desejado. Para isso, ele tem de
interpretar dados contábeis e utilizá-los para auxiliar na tomada de decisões, aumentando o caixa e ge-
rando maior lucro. A curto prazo, o gestor financeiro tem como função gerir a tesouraria da empresa e
ser responsável pelos pagamentos e recebimentos, cobrindo eventuais déficits e decidindo como melhor
aplicar caso haja excedente. A longo prazo, sua função é definir a estratégia de financiamento para que
a empresa mantenha sua estabilidade e maximize seus resultados líquidos. Deve decidir a quantidade
de capital próprio e capital de terceiros a ser melhor utilizado, obter recursos financeiros da forma mais
vantajosa possível atentando-se a juros e custos, aplicar racionalmente os recursos obtidos de forma a
conseguir estabilidade e bons níveis de rentabilidade, controlar a aplicação de lucros obtidos e analisar a
situação econômica da empresa.

1. O custo de dívidas a longo prazo

O custo de dívidas a longo prazo é o custo hoje, pós-imposto de renda, de levantar fundos a lon-
go prazo através de empréstimos tomados. Por conveniência, geralmente levamos em conside-
147/201 Unidade 7 • Análise da gestão de recursos (WACC). Custo de capital de terceiros, de sócios
ração que os fundos são levantados através igual à taxa de juros do cupom. Por exemplo,
da venda de títulos de dívida. um título com uma taxa de juros de cupom
A maioria das dívidas a longo prazo de so- de 10%, que tem recebimentos líquidos
ciedades anônimas ocorre através de títulos iguais ao valor de face do título de $ 1.000,
de dívida. Os rendimentos líquidos da venda teria um custo antes do imposto de 10%.
de um título de dívida, ou qualquer ação, são Essa abordagem encontra o custo da dívida
os fundos recebidos de fato de uma venda. antes do imposto, através do cálculo da taxa
Os custos de lançamento – custos totais de interna de retorno (TIR) sobre os fluxos de
se emitir e vender um título – reduzem os re- caixa do título. Do ponto de vista de quem
cebimentos líquidos da venda. emite, esse valor pode ser referido como
O custo da dívida antes do imposto de ren- sendo o custo até o vencimento dos fluxos
da, para um título, pode ser obtido em qual- de caixa associados à dívida. O custo até o
quer uma das três formas – cotação, cálculo vencimento pode ser calculado usando-se a
ou aproximação. técnica de tentativa e erro para encontrar o
TIR. Ele representa o custo percentual anual
Quando os recebimentos líquidos da venda da dívida antes do imposto de renda.
de um título igualam-se ao seu valor nomi-
nal, o custo antes do imposto de renda seria

148/201 Unidade 7 • Análise da gestão de recursos (WACC). Custo de capital de terceiros, de sócios
Ações preferenciais representam um tipo clarados como sendo uma taxa percentual
especial de participação dos proprietários anual. Essa taxa representa a porcentagem
na empresa. Elas dão aos acionistas pre- do valor nominal da ação ou de face da ação
ferenciais o direito de receberem seus di- que se iguala ao dividendo anual. Antes de
videndos declarados antes que quaisquer o custo de ações preferenciais ser calcula-
lucros possam ser distribuídos para os acio- do, quaisquer dividendos declarados como
nistas comuns. Tendo em vista que a ação sendo porcentagens devem ser convertidos
preferencial é uma forma de propriedade, para dividendos anuais em unidades mone-
é provável que os valores auferidos de sua tárias.
venda sejam mantidos por um período infi- O custo da ação preferencial é o quociente
nito de tempo. do dividendo da ação preferencial em rela-
A maior parte dos dividendos de ações pre- ção aos rendimentos líquidos da empresa
ferenciais é declarada como um montante da venda das ações preferenciais – isto é,
em unidades monetárias. Quando os divi- a relação entre o “custo” da ação preferen-
dendos são colocados dessa forma, a ação cial, na forma de seus dividendos anuais e o
é referida, muitas vezes, como “uma ação montante de recursos conseguidos através
x-unidades monetárias”. Algumas vezes, da emissão da ação preferencial. Os rendi-
dividendos de ações preferenciais são de- mentos líquidos representam o montante
149/201 Unidade 7 • Análise da gestão de recursos (WACC). Custo de capital de terceiros, de sócios
de dinheiro a ser recebido, menos quaisquer custo das ações ordinárias. Uma usa o mo-
custos de lançamento. Um ajuste no impos- delo de valorização de crescimento cons-
to de renda não é necessário porque os di- tante; a outra se baseia no modelo de preci-
videndos das ações preferenciais são pagos ficação de ativos de capital (CAPM).
no fluxo de caixa da empresa pós-imposto O modelo de valorização de crescimento
de renda. constante – o modelo Gordon – baseia-se
O custo da ação ordinária é o retorno exi- na premissa amplamente aceita de que o
gido da ação pelos investidores no mercado valor de uma ação é igual ao valor presente
de ações. Existem duas formas de financia- do fluxo de todos os dividendos futuros (que
mento através de ações ordinárias: (1) lu- se presume cresça a uma taxa constante) ao
cros retidos e (2) novas emissões de ações longo de um horizonte de tempo infinito.
ordinárias. Como um primeiro passo em O modelo de precificação de ativos de ca-
encontrar cada um desses custos, devemos pital (CAPM) descreve a relação entre o re-
estimar o custo da ação ordinária. torno exigido, ou custo das ações ordinárias
O custo da ação ordinária é a taxa pela qual e os riscos não diversificáveis da empresa,
os investidores descontam os dividendos medidos pelo coeficiente beta. Usando o
esperados da empresa para determinar o CAPM, o custo das ações ordinárias é o re-
valor de suas ações. Duas técnicas medem o torno exigido pelos investidores como uma
150/201 Unidade 7 • Análise da gestão de recursos (WACC). Custo de capital de terceiros, de sócios
compensação para o risco não diversificável Três pontos importantes devem ser notados
da empresa, medido pelo beta. no WACC:
Após a apresentação dos métodos para cal- 1. Por uma conveniência computacional,
cular o custo de fontes específicas de finan- é melhor converter os pesos para a
ciamento, podemos verificar técnicas para forma decimal ou deixar os custos es-
determinar o custo total do capital. Como pecíficos em termos de percentagem.
notado anteriormente, o custo médio pon- 2. A soma dos pesos deve ser igual a 1.
derado de capital (CMePC – Weighted Ave- Colocado de forma simples, todos os
rage Cost of Capital) reflete o custo futuro componentes da estrutura de capital
médio esperado de fundos a longo prazo. Ele devem ser considerados.
é encontrado pela ponderação do custo de
3. O peso das ações ordinárias da empre-
cada tipo específico de capital por sua pro-
sa é multiplicado pelo custo dos lucros
porção na estrutura de capital da empresa.
retidos ou pelo custo de novas ações
O cálculo do WACC ou CMePC é realizado ordinárias. O custo utilizado depende
através da multiplicação do custo específi- de as ações ordinárias da empresa se-
co de cada forma de financiamento por sua rem financiadas usando lucros retidos
proporção na estrutura de capital da em- ou novas ações ordinárias.
presa e somando os valores ponderados.
151/201 Unidade 7 • Análise da gestão de recursos (WACC). Custo de capital de terceiros, de sócios
em seu valor de mercado. Os pesos de valor
Link de mercado são sedutores, pois os valores
de mercado dos títulos se aproximam bas-
As equações utilizadas para estimar o WACC e a tante do valor real em dinheiro a ser rece-
apresentação do método CAPM são indicadas no bido por sua venda. Mais ainda, tendo em
link sugerido. ANACOM. Custo de capital. Dis- vista que o custo de vários tipos de capital
ponível em: <https://www.anacom.pt/render. é calculado usando preços predominantes
jsp?categoryId=158376>. Acesso em: 6 abr. reais de mercado, parece razoável usar pe-
2017. sos de valor de mercado. De forma comple-
mentar, os fluxos de caixa de investimentos
Pesos podem ser calculados baseado no va- a longo prazo para os quais o custo de ca-
lor contábil ou no valor de mercado e usan- pital é aplicado são estimados em termos
do proporções históricas ou alvos. de valores de mercado correntes, assim
Os pesos de valor contábil usam valores da como futuros. Os pesos de valor de mer-
contabilidade para medir a proporção de cado são claramente preferidos a pesos de
cada tipo de capital na estrutura financeira valor contábil.
da empresa. Os pesos de valor de mercado Pesos históricos podem ser pesos de va-
medem a proporção de cada tipo de capital lor de mercado ou contábeis, baseados nas
152/201 Unidade 7 • Análise da gestão de recursos (WACC). Custo de capital de terceiros, de sócios
proporções reais de estrutura de capital. Por capital, a escolha dos pesos não pode ser
exemplo, proporções de valor contábil pas- crítica. No entanto, de um ponto de vista es-
sados ou correntes constituem uma forma tritamente teórico, o esquema preferível de
de ponderação histórica, assim como pro- ponderação é o de proporções de valor-alvo
porções de valor de mercado passados ou de mercado.
correntes. Tal esquema de ponderação se-
ria, portanto, baseado em proporções reais
– em vez de desejáveis. Para saber mais
Pesos-alvo, que também podem ser fun- A taxa de juros é um importante instrumento de
damentados tanto em valores de mercado política econômica utilizado pelos governos. Em
quanto contábeis, refletem as proporções economias emergentes, a prática de altas taxas
de estrutura de capital desejadas da empre- de juros tem sido usada para atrair capital exter-
sa. Empresas usando pesos-alvo estabele- no. Quanto maiores forem as incertezas, maiores
cem tais proporções com base na estrutura serão os riscos e, portanto, maiores deverão ser
de capital “ótima” que elas gostariam de al- os retornos dos investimentos. As taxas de juros
cançar. determinam o custo do capital e flutuam muito
Quando se considera a natureza aproxima- no longo prazo, o que dificulta a estimativa das
da do cálculo do custo médio ponderado de taxas futuras.

153/201 Unidade 7 • Análise da gestão de recursos (WACC). Custo de capital de terceiros, de sócios
Glossário
Custo de capital: a taxa de retorno que uma empresa deve obter sobre seus projetos de investi-
mentos para manter seu valor de mercado e atrair fundos.
Estrutura de capital-alvo: a combinação de financiamento ótima desejada entre capital de
terceiros e capital próprio, que a maioria das empresas tenta manter.
WACC: reflete o custo futuro médio esperado de fundos a longo prazo; encontrado pela ponde-
ração do custo de cada tipo específico de capital por sua proporção na estrutura de capital da
empresa.

154/201 Unidade 7 • Análise da gestão de recursos (WACC). Custo de capital de terceiros, de sócios
?
Questão
para
reflexão

Entender o custo de capital de uma empresa é essencial,


sabendo que há muitas decisões a serem tomadas e que
o custo de capital afeta sua lucratividade. O que significa
rendimentos líquidos da venda de um título?

155/201
Considerações Finais

• O custo médio ponderado de capital da empresa é a entrada-chave para o


processo de decisão de investimentos.
• Certamente, a qualquer momento, os custos de financiamento da empresa
e retornos de investimentos serão afetados pelo volume de financiamento
e investimento feitos.
• O custo médio ponderado de capital pode variar ao longo do tempo, depen-
dendo do volume de financiamento que a empresa planeja levantar.
• À medida que o volume de financiamento aumenta, os custos dos vários ti-
pos de financiamento aumentarão, elevando o custo médio ponderado de
capital da empresa.

156/201
Referências

ALMEIDA, Jarbas Thaunahy Santos de. Matemática financeira. Rio de Janeiro: LTC, 2016.
GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira – essencial. 2. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2001.
HOJI, Masakazu. Administração financeira na prática: guia para educação financeira corporati-
va e gestão financeira pessoal. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
SANVINCENTE, Antonio Zoratto. Administração financeira. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

157/201 Unidade 7 • Análise da gestão de recursos (WACC). Custo de capital de terceiros, de sócios
Questão 1
1. A sigla CMPC significa a taxa do Custo Médio Ponderado de Capital de um
ativo (projeto ou empresa), que é quanto custa em termos percentuais o mix
do capital próprio e do capital de terceiros. No contexto do CMPC, é correto
afirmar que serve para determinar quanto custa o capital para:

a) os investidores. Caso o gestor não saiba qual é o CMPC da empresa, não terá como financiar
a empresa, pois não saberá quanto de capital próprio e quanto de capital de terceiros deverá
investir;
b) a empresa. É de fundamental importância que o gestor saiba qual é o CMPC da empresa para
que possa tomar as decisões de investimento;
c) a empresa. Caso o gestor não saiba qual é o CMPC da empresa, não terá como financiar a
empresa, pois não saberá quanto de capital próprio e quanto de capital de terceiros deverá
investir;
d) a empresa. Caso o gestor não saiba qual é o CMPC da empresa, não terá como tomar deci-
sões, pois não saberá se algum projeto vai dar lucro ou prejuízo;
e) os investidores. Caso o gestor não saiba qual é o CMPC da empresa, não terá como tomar
decisões, pois não saberá se algum projeto vai dar lucro ou prejuízo.
158/201
Questão 2
2. O Modelo de Precificação de Ativos (CAPM) parte da premissa de que a
taxa de retorno deve remunerar os investidores pelo:

a) risco do investimento;
b) risco do investimento e pela incerteza dos retornos;
c) retorno do mercado;
d) risco do investimento e pela variação a que o investimento está sujeito;
e) risco do investimento e pelo tempo que durar o investimento.

159/201
Questão 3
3. Assinale a alternativa correta. Risco sistemático ou não diversificável é
o risco que:

a) não pode ser eliminado, independente do número de papéis investidos pela carteira, tam-
bém chamado risco de mercado ou risco sistemático;
b) pode e deve ser eliminado pelo gestor com a aplicação das ferramentas gerenciais do mer-
cado;
c) deve ser eliminado, pois o projeto apresenta risco de dar prejuízo;
d) não deve ser eliminado, pois, caso seja eliminado ou reduzido, o retorno cai dramaticamen-
te, afetando a lucratividade do investimento;
e) pode ser eliminado pelos princípios de diversificação, também chamado risco idiossincráti-
co ou risco específico.

160/201
Questão 4
4. A fim de obtermos os benefícios da diversificação de nossos investi-
mentos, para selecionar o conjunto de ativos que formam nossa carteira,
devemos:

a) escolher ações de grandes empresas, pois são mais conhecidas;


b) investir em ativos que estão desvalorizados e prometem se valorizar;
c) escolher os ativos com cautela, observando o ramo de atividade das empresas;
d) não investir em empresas com perfil de faturamento sazonal, como hotéis e resorts de férias;
e) investir em ativos que representem perfis de retornos diferentes entre si.

161/201
Questão 5
5. Assinale a alternativa que apresenta o que é CAPM:

a) A taxa média do custo do capital de um projeto, ou seja, a média ponderada entre capital
próprio e capital de terceiros.
b) Uma fórmula que serve para medir o risco dos investimentos no mercado de capitais.
c) Um modelo que serve para determinar a taxa de retorno adequada ao risco de um investi-
mento.
d) Um modelo que serve para determinar se um projeto é ou não lucrativo.
e) A sigla para Capital Asset Pricing Model e serve para determinar o capital necessário para
investir em um modelo.

162/201
Gabarito
1. Resposta: D. 5. Resposta: C.

O CMPC é uma ferramenta valiosíssima para Representa a definição de CAPM.


o gestor financeiro.

2. Resposta: E.

O retorno de um investimento é mensurado


pelo risco e pelo prazo.

3. Resposta: A.

O risco não pode ser eliminado; é inerente


ao mercado.

4. Resposta: E.

Devem ser diferentes para que não haja re-


lação de dependência.
163/201
Unidade 8
Índices de Taxa de Retorno

Objetivos

Financeiramente, qualquer investimento pode ser analisado em função do lucro ou do preju-


ízo econômico que produz, da taxa percentual de retorno que proporciona, ou do tempo que
leva para retornar o investimento inicialmente despendido. Assim, este capítulo objetiva:
1. anali­sar a viabilidade de investimentos e calcular taxas inter­nas de retorno;
2. comparar VPL, TIR e payback de vários projetos de investimentos; analisar fluxos de caixa
incrementais;
3. comparar o potencial de geração de riqueza de múlti­plos projetos e desenvolver critérios
de seleção.

164/201
Introdução

Os projetos podem ser classificados em três ao mesmo tempo, em um equipamen-


tipos: to de embalagem e em um novo siste-
ma de controle contábil.
• Mutuamente excludentes: são proje-
tos que possuem a mesma função e, • Dependentes: assim o são quando a
consequentemente, competem entre decisão sobre um deles influencia a
si. A aceitação de um projeto desse decisão sobre o outro. Alguns inves-
tipo elimina a consideração posterior timentos somente possuem sentido
de todos os outros projetos do grupo. quando outro já foi realizado ante-
Exemplo: a empresa pode decidir ter- riormente. Exemplo: a compra de um
ceirizar a produção, o que significa que software específico mostra-se depen-
não investirá em indústria própria. dente de um investimento anterior em
computadores.
• Independentes: são projetos cujos
fluxos de caixa não estão relacionados As metodologias de análise levam em con-
ou são independentes entre si; a acei- sideração o valor do dinheiro em função do
tação de um deles não exclui a consi- tempo, com base no prazo, na taxa de juros
deração posterior dos demais proje- e no retorno monetário.
tos. Exemplo: a empresa pode investir,

165/201 Unidade 8 • Índices de Taxa de Retorno


A viabilidade financeira de um empreendi- melhores do que os de aplicações financei-
mento é examinada dentro de um prazo de ras para, ao menos, compensar os esforços
interesse no qual desejamos saber se o esfor- despendidos e as tecnologias empregadas.
ço produzido a ser realizado vale mais do que A taxa de juros que poderia ser obtida de
a simples aplicação dos valores envolvidos a uma aplicação financeira é conhecida por
taxas mínimas de atratividade. Para existir a taxa de interesse, taxa de expectativa, cus-
viabilidade, é necessário que, nos instantes to do capital, custo de oportunidade ou taxa
verificados, os benefícios resultantes sejam mínima de atratividade. É uma taxa de ju-
superiores aos custos empregados. ros comparativa, e podemos defini-la como
Dentro de prazos idênticos, costuma-se sendo o mínimo que o investidor se propõe
comparar os resultados obtidos de um em- a ganhar quando faz um investimento ou
preendimento, em que, de forma geral, o o máximo que um tomador de dinheiro se
aplicador despende esforços pessoais e propõe a pagar quando faz um empréstimo
tecnológicos, com os resultados obtidos de ou financiamento.
aplicações financeiras, em que, geralmente, Um investimento diz-se interessante ou vi-
o aplicador não despende esforços pesso- ável quando o investimento proposto ofere-
ais nem tecnologia. Normalmente, os re- ce dividendos maiores que a taxa mínima de
sultados de empreendimentos deveriam ser atratividade.
166/201 Unidade 8 • Índices de Taxa de Retorno
Quando em uma análise de viabilidade téc- Todos os métodos de avaliação de investi-
nica, é calculado o Valor Presente Líquido mentos possuem seus pontos fortes e fracos.
(VPL), por exemplo, considera-se a taxa mí- Dependendo da natureza do projeto e da fi-
nima de atratividade como base comparati- nalidade da captação, poderão existir fatores
va. Se o valor calculado for positivo, nulo ou subjetivos que inviabilizem o projeto.
negativo, deduz-se que o empreendimento Nenhum dos métodos estabelece relação
fornece resultado, respectivamente, me- entre risco do investimento e o retorno es-
lhor, igual ou inferior à aplicação financeira. perado. Segundo Virgillito (2009), a utili-
zação deste ou daquele método é, portan-
Link to, deixado para avaliação pessoal de cada
gestor financeiro.
O SEBRAE possui uma série de serviços sobre di-
versas áreas empresariais. Sobre finanças, exis-
tem diversos artigos que auxiliam os gestores e os
empresários a avaliarem suas de­cisões. Disponí-
vel em: <www.sebrae.com.br>. Acesso em: 10
abr. 2017.

167/201 Unidade 8 • Índices de Taxa de Retorno


Quanto aos critérios de decisão, todo proje-
Para saber mais to deve ter um prazo limite para retornar os
investimentos:
As empresas possuem limitações de recursos e,
muitas vezes, diversos projetos de investimentos • Caso o payback seja menor que o pe-
competem pe­los mesmos recursos. As métricas ríodo de payback máximo aceitável,
de análise de projetos de investimento com base aceita-se o projeto.
no VPL, TIR e Payback são uti­lizadas para compa- • Caso o payback seja maior que o perí-
rar a geração de riqueza entre proje­tos concor- odo de payback máximo aceitável, re-
rentes, bem como as limitações do uso isolado jeita-se o projeto.
dessas técnicas. Podemos perceber que a decisão de acei-
tar ou rejeitar um projeto pelo tempo de re-
1. Técnicas para análise de in- torno baseia-se em parâmetros subjetivos,
vestimentos ou seja, não existe um tempo máximo tido
como ideal para tornar um projeto viável.
Payback pode ser entendido como o tempo Assim, esse processo depende da decisão
exato de retorno necessário para se recu- de cada empresa em função de suas pró-
perar um investimento inicial. Também co- prias características e das peculiaridades do
nhecido como payback simples ou contábil. investimento proposto (CAMARGO, 2007).
168/201 Unidade 8 • Índices de Taxa de Retorno
Quanto menor o prazo de recuperação do timento, uma vez que desconsidera o valor
capital, menor o risco do empreendimento. do dinheiro no tempo. Por esse motivo, essa
Quem empresta recursos está sempre inte- técnica de análise não é considerada uma
ressado em recuperar o mais rápido possí- técnica sofisticada. Outra desvantagem é
vel o capital investido. O payback deve ser a de não considerar o fluxo de caixa após o
tomado como medida de risco na escolha período de payback.
entre diferentes projetos de investimento. A melhor forma de calcular é construir uma
Entre dois ou mais projetos com igual retor- tabela com o valor do investimento inicial,
no, devemos escolher o de menor risco, ou os períodos, o fluxo de caixa de cada perío-
seja, aquele de menor período de recupera- do e o valor acumulado dos fluxos de caixa.
ção do capital. No momento em que o valor acumulado dos
A maior vantagem do payback é a facilida- fluxos de caixa atingir o valor do investimen-
de de se fazer o cálculo, pois se consideram to inicial, atingiu-se o payback, ou seja, o in-
apenas os valores das entradas e saídas de vestimento retornou os recursos utilizados,
caixa, demonstrados em diagrama de fluxo ou ainda, “recuperou-se o capital investido”
de caixa, por exemplo. A principal deficiên- (OLIVO, 2009, p. 38).
cia do payback é a de não precisar com exa- O Valor Presente Líquido (VPL) é uma das
tidão o período exato de retorno do inves- técnicas consideradas sofisticadas em aná-
169/201 Unidade 8 • Índices de Taxa de Retorno
lise de projetos, e é obtida calculando-se Um exemplo que comporta uma aplicação
o valor presente de uma série de fluxos de direta do VPL é o das obrigações (bonds), en-
caixa (pagamentos ou recebimentos) com tendidas como títulos de renda fixa, de longo
base em uma taxa de custo de oportunida- prazo, emitidos por órgãos governamentais
de conhecida ou estimada, subtraindo-se o ou empresas privadas ou as debêntures, vi-
investimento inicial. sando financiar seus investimentos (ASSAF
O Valor Presente Líquido é conhecido, tam- NETO, 2012). Existem títulos que preveem
bém, como Net Present Value (NPV) ou Valor cupons de juros e aqueles que não emitem
Atual Líquido. (zero cupon bond). Os juros são pagos perio-
Genericamente, podemos definir o VPL dicamente durante o prazo da operação. Uti-
como sendo a diferença entre as entradas liza-se no mercado financeiro o termo YTM
ou saídas de capitais e o valor do investi- (Yield to Maturity), que representa o efetivo
mento inicial. rendimento (yield) do título de renda fixa até
seu vencimento (maturity). Seu cálculo leva
• Caso VPL > 0, o projeto deve ser aceito. em consideração o valor da negociação do
• Caso VPL < 0, o projeto deve rejeitado. título no mercado (preço de compra), seu va-
• Caso VPL = 0, o projeto não oferece lor de resgate (valor nominal), o prazo e os
ganho ou prejuízo. rendimentos (juros) do cupom.

170/201 Unidade 8 • Índices de Taxa de Retorno


Se tivermos vários fluxos de caixa possíveis A Taxa Interna de Retorno (TIR), a exemplo
em relação ao mesmo capital, escolhere- do VPL, é uma das técnicas consideradas
mos aquele que resulta em maior diferença sofisticadas em análise de projetos, talvez
líquida, pois representa aquele que propor- até mais do que o próprio valor presente lí-
ciona maior rentabilidade financeira. quido.
O Índice de Lucratividade (IL), também co- A TIR, do inglês Internal Rate of Return (IRR),
nhecido como índice Benefício/Custo (IBC), apresenta os resultados em porcentagem,
é medido pela relação entre o valor presente e não em valores monetários como o VPL.
dos fluxos de entrada de caixa e do de saída. Dessa forma, é bastante popular, uma vez
Quando o Índice de Lucratividade apresen- que investidores preferem mensurar retor-
ta um valor acima de 1, indica a atratividade nos em porcentagens, e não em valores ab-
econômica do investimento. O valor presente solutos. É amplamente utilizada para deter-
das entradas de caixa é superior ao dos de- minar o custo efetivo de operações finan-
sembolsos, caracterizado por um VPL positi- ceiras com fluxos de caixa variáveis.
vo. Ao contrário, ao assumir um valor abaixo Para utilizar a TIR, faz-se necessário cons-
de 1, o IL revela o desinteresse econômico truir o fluxo de caixa do projeto, e adota-se
pela alternativa de investimentos, a qual uma taxa mínima de atratividade para ava-
produz um valor presente líquido negativo. liar se o resultado da TIR é compatível com
171/201 Unidade 8 • Índices de Taxa de Retorno
as expectativas do investidor e, assim, se o
projeto é interessante. Assim, um projeto de Link
investimento será considerado economica- Um exemplo de cálculo de TIR, ou em inglês IRR,
mente viável se sua TIR superar o custo de pode ser visto no link indicado. Disponível em:
oportunidade para o investidor. <http://www.administradores.com.br/ar-
O método da TIR tem como pressuposto tigos/negocios/taxa-interna-de-retorno-
calcular o retorno composto, em porcenta- -tir/30435/>. Acesso em: 10 abr. 2017.
gem, do fluxo de caixa, ou seja, qual é a taxa
composta necessária para transformar o in- À medida que a taxa de juros aumenta, o
vestimento inicial nos fluxos futuros, como VPL diminui. A TIR representa a taxa de ju-
se o valor fosse aplicado em renda fixa. ros que torna o VPL nulo.
A Taxa Interna de Retorno, matematica- Podemos também definir a taxa interna de
mente, pode ser definida como a taxa de retorno como a taxa de juros que iguala, em
desconto que iguala os fluxos de caixa ao determinado momento de tempo, o valor
investimento inicial. Em outras palavras, é a presente das entradas e o das saídas previs-
taxa que faz com que o VPL seja igual a zero, tas de caixa. A TIR é amplamente utilizada
ou seja, satisfaz à equação VPL = 0. em todo o mundo para determinar o custo

172/201 Unidade 8 • Índices de Taxa de Retorno


efetivo de operações financeiras. Corres- É importante a análise do efeito da inflação
ponde, portanto, a uma taxa que remunera sobre a taxa de juros nominal das aplicações
o valor investido no projeto. financeiras, dentro do enfoque da avaliação
de fluxos de caixa.
Existe a ideia, em finanças, de que todo ati-
Para saber mais vo é sujeito a dois tipos principais de risco:
Em qualquer ambiente empresarial, você vai se risco próprio e risco conjuntural. A diferença
deparar com várias opor­ tunidades de investi- conceitual reside no fato de que, enquanto
mentos. Em algumas situações, essas oportuni- o risco próprio é do ativo ou do subsistema
dades podem aparecer no mesmo tempo e você em que está inserido (mercado), o risco con-
precisa estabelecer critérios para selecionar uma juntural é inerente a todo ativo (conjuntura
opção de investimento entre várias. É importante econômica).
enfatizar que a empresa enfrenta limitações de
recursos. O capital é escasso e a empresa busca
maximizar a riqueza para os inves­tidores

173/201 Unidade 8 • Índices de Taxa de Retorno


As principais formas de inflação são:
Link • Inflação de custo: é caracterizada
Uma interessante aplicação do tema estudado pelo aumento ocorrido nos custos de
encontra-se no artigo “Contribuições metodoló- produção sem o correspondente au-
gicas ao estudo de viabilidade econômico-finan- mento na produtividade.
ceira das incorporações imobiliárias”, de Oscar • Inflação de demanda: caracteriza-se
Fernando Osorio Balarine, PUCRS – Faculdade de pela baixa oferta relativa à demanda,
Ciências Políticas e Econômicas, Porto Alegre RS. gerando, dessa maneira, uma pressão
Disponível em: <http://www.abepro.org.br/ nos preços via corrida do consumidor
biblioteca/enegep1997_t3204.pdf>. Acesso aos mercados.
em: 10 abr. 2017.
• Inflação inercial: tem como principal
característica um aumento nos pre-
A inflação é um dos principais riscos con- ços ocorridos por conta de uma ex-
junturais. Ela pode ser entendida como sen- pectativa de inflação futura; também
do o processo de aumento generalizado de conhecida como inflação psicológica.
preços de bens e serviços de uma economia.

174/201 Unidade 8 • Índices de Taxa de Retorno


Suas principais consequências são: o de-
créscimo do poder aquisitivo, transferência
de renda, imprevisibilidade financeira e taxa
de rentabilidade ilusória.
Para saber mais
Estabeleça indicadores financeiros que permitam
conhecer quais as condições financeiras relacio-
nadas ao seu negócio. Faça uma estimativa do
resultado da empresa, a partir de da­dos projeta-
dos, bem como uma projeção do capital neces-
sário para começar a atividade, pois terá de fazer
investimen­tos em local, equipamentos, materiais
e despesas diversas, para instalação e funciona-
mento inicial da empresa.

175/201 Unidade 8 • Índices de Taxa de Retorno


Glossário
Payback: o tempo exato necessário para uma empresa recuperar seu investimento inicial em
um projeto, como calculado a partir dos fluxos de entrada de caixa.
Valor presente líquido: uma técnica de orçamento de capital sofisticada; encontrada ao se
subtrair o investimento inicial de um projeto de valor presente de seus fluxos de entrada de cai-
xa, descontados a uma taxa igual ao custo de capital da empresa.
Taxa interna de retorno: uma técnica de orçamento de capital sofisticada; a taxa de desconto
que iguala o valor presente de fluxos de entrada de caixa com o investimento inicial associado a
um projeto, por conseguinte tornando o VPL = 0.

176/201 Unidade 8 • Índices de Taxa de Retorno


?
Questão
para
reflexão

Agora que você já conhece os métodos de análise de in-


vestimentos, e sabe identificá-los, você está preparado
para responder à seguinte pergunta: Quais são os crité-
rios de aceitação da Taxa Interna de Retorno?

177/201
Considerações Finais (1/3)

• Financeiramente, qualquer investimento pode ser analisado em função do


lucro ou do prejuízo econômico que produz, da taxa percentual de retorno
que proporciona ou do tempo que leva para retornar o investimento inicial-
mente despendido.
• A taxa mínima de atratividade é uma taxa de juros comparativa e podemos
defini-la como sendo o mínimo que o investidor se propõe a ganhar quando
faz um investimento ou o máximo que um tomador de dinheiro se propõe a
pagar quando faz um empréstimo e/ou financiamento.
• As metodologias de análise de projetos levam em consideração o valor do
dinheiro em função do tempo, com base no prazo, na taxa de juros e no re-
torno monetário.
• Payback pode ser entendido como o tempo exato de retorno necessário para
se recuperar um investimento inicial.

178/201
Considerações Finais (2/3)
• A maior vantagem do payback é a facilidade de se fazer o cálculo, pois se
consideram apenas os valores das entradas e saídas de caixa, demonstra-
dos em diagrama de fluxo de caixa, por exemplo. A principal deficiência do
payback é a de não precisar com exatidão o período exato de retorno do in-
vestimento, pois desconsidera o valor do dinheiro no tempo.
• O Valor Presente Líquido (VPL) é uma das técnicas consideradas sofisticadas
em análise de projetos, e é obtida calculando-se o valor presente de uma
série de fluxos de caixa (pagamentos ou recebimentos) com base em uma
taxa de custo de oportunidade conhecida ou estimada, subtraindo-se o in-
vestimento inicial.
• O Índice de Lucratividade (IL), também conhecido como índice Benefício/
Custo (IBC), é medido pela relação entre o valor presente dos fluxos de en-
trada de caixa e do de saída.

179/201
Considerações Finais (3/3)
• A Taxa Interna de Retorno (TIR), a exemplo do VPL, é uma das técnicas con-
sideradas sofisticadas em análise de projetos, talvez até mais do que o pró-
prio valor presente líquido.
• A TIR, do inglês Internal Rate of Return (IRR), apresenta os resultados em por-
centagem, e não em valores monetários como o VPL.

180/201
Referências

ALMEIDA, Jarbas Thaunahy Santos de. Matemática financeira. Rio de Janeiro: LTC, 2016.
CAMARGO, Camila. Análise de investimentos e demonstrativos financeiros. Curitiba: Ipbex,
2007.
GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira – essencial. 2. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2001.
HOJI, Masakazu. Administração financeira na prática: guia para educação financeira corporati-
va e gestão financeira pessoal. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
SANVINCENTE, Antonio Zoratto. Administração financeira. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
VIRGILLITO, Salvatore Benito. Princípios de matemática financeira e análise de investimentos.
3. ed. São Paulo: EDICON, 2009.

181/201 Unidade 8 • Índices de Taxa de Retorno


Questão 1
1. Considerando a avaliação de projetos, que é uma das ações mais impor-
tantes para a tomada de decisão de investimento no setor agropecuário, e o
método do Valor Presente Líquido (VPL), avalie as afirmações a seguir.

I. O VPL é a diferença entre o valor investido e o valor dos benefícios esperados, descontados para
a data inicial, usando-se como taxa de desconto a Taxa Mínima de Atratividade, que representa
o custo de capital para o projeto.
II. A condição necessária para o VPL é que os fluxos de caixa esperados do projeto sejam reinves-
tidos à Taxa Mínima de Atratividade do projeto.
III. Um projeto com VPL > 0, necessariamente, cria valor ao empreendimento, visto que a taxa
interna de retorno do projeto será maior que o custo de capital.
IV. O VPL pode ser interpretado como a minimização das perdas que o projeto apresenta em re-
lação à melhor oportunidade de investimento já disponível para a aplicação do capital.

182/201
Questão 1

É correto apenas o que se afirma em:


a) IV;
b) I e II;
c) I, II e III;
d) I, III e IV;
e) II, III e IV.

183/201
Questão 2
2. A elaboração de projetos de investimentos demanda a análise criteriosa de
viabilidade econômico-financeira e de cenário, observados diversos aspec-
tos técnicos. Na análise econômico-financeira de projetos de investimento:

a) o valor presente líquido (VPL) será positivo, se o projeto apresentar taxa de retorno positiva;
b) o período de payback de um projeto de investimento é inversamente proporcional ao seu
risco;
c) o índice de lucratividade representa a relação entre o valor presente líquido (VPL) de um pro-
jeto e o volume de recursos que o investimento demanda;
d) o aumento da taxa de retorno exigida para determinado projeto de investimento desencade-
ará a elevação de seu valor presente líquido (VPL), desde que mantidas as demais variáveis;
e) a decisão de aceitar ou rejeitar uma proposta de investimento é tomada em razão de a taxa
interna de retorno (TIR) manifestar-se positiva (devendo a proposta ser aceita) ou negativa
(devendo a proposta ser rejeitada).

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Questão 3
3. George está avaliando um projeto de investimento que consiste em de-
sembolsar R$ 50.000,00 hoje, para receber duas prestações semestrais e
sucessivas no valor de R$ 30.000,00. Sabendo-se que a primeira prestação
ocorre daqui a seis meses, qual das conclusões a seguir se atribui ao pro-
jeto em avaliação?

a) A taxa interna de retorno do projeto é maior que 20% ao ano.


b) A taxa interna de retorno do projeto é menor que 10% ao ano.
c) O projeto será atrativo, se a taxa mínima de atratividade for superior à taxa interna de retorno.
d) O projeto será viável, se a taxa mínima de atratividade for maior que 8% ao ano.
e) O projeto terá valor presente positivo, se a taxa mínima de atratividade for menor que 10%
ao ano.

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Questão 4
4. Os diretores da empresa XY apresentaram duas propostas de investi-
mento. A primeira proposta referia-se a uma nova linha de produção, como
forma de melhorar a qualidade na oferta de produtos. O valor atual do in-
vestimento necessário para implementar essa proposta é R$ 100.000,00 e o
retorno esperado é dado por uma sequência de fluxos de caixa estimados
em R$ 18.000,00 ao final de cada ano, durante 10 anos. A segunda propos-
ta é investir R$ 145.000,00 em um produto inovador com incertezas maio-
res, mas com retornos anuais estimados em R$ 21.950,00 durante 15 anos.
A empresa XY considera o custo de oportunidade ou retorno requerido
para ambos os investimentos em 10% ao ano. A tabela a seguir sintetiza os
resultados necessários para análise das duas propostas de investimento.

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Questão 4

Com base nessas informações, avalie as afirmações a seguir.


I. Analisando-se as propostas pelo método do Payback Simples, conclui-se que a proposta 2 é a
melhor, pois possui um valor maior de Payback.
II. Analisando-se as propostas pelo método do VPL, conclui-se que a proposta 2 é a melhor, pois
o VPL apresenta um valor superior em relação à proposta 1.
III. Comparando-se a TIR das duas propostas, conclui-se que a escolha deve ser a proposta 2, que
apresenta uma taxa interna de retorno superior a da proposta 1.
IV. Comparando-se o valor de retorno anual estimado da proposta 2 com o da proposta 1, conclui-
-se que a melhor alternativa é a proposta 1, que apresenta retorno anual inferior ao da proposta 2.
É correto apenas o que se afirma em:
a) I;
b) IV;
c) I e II;
d) II e III;
e) III e IV.
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Questão 5
5. A figura a seguir representa a relação entre o Valor Presente Líquido (VPL)
para diferentes taxas de descontos, resultado da análise de viabilidade eco-
nômica da implantação de um projeto de engenharia. Considerando as in-
formações representadas no gráfico, analise as asserções que se seguem:

O projeto se demonstra inviável para taxas de desconto menores 13,7% a.a. e viável para taxas
de desconto maiores que esse valor.

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Questão 5

PORQUE
A Taxa Interna de Retorno (TIR) corresponde à taxa de desconto na qual os custos se igualam aos
benefícios, ou seja, o VPL se iguala a zero.
Acerca dessas asserções, assinale a opção correta:
a) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da
primeira.
b) As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa cor-
reta da primeira.
c) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma proposição falsa.
d) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é uma proposição verdadeira.
e) Tanto a primeira quanto a segunda asserções são proposições falsas.

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Gabarito
1. Resposta: C. 5. Resposta: D.

As três assertivas estão corretas e relacio- A primeira asserção é falsa.


nam-se ao conceito de VPL.

2. Resposta: C.

O IL representa a relação entre o VPL e o in-


vestimento.

3. Resposta: E.
Pelo cálculo do VPL e da TIR.

4. Resposta: D.

A proposta 1 possui menor payback, porém


a proposta 2 apresenta maior retorno anual.

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