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Requerimento Gratificacao

O requerente solicita a incorporação definitiva da gratificação de função em sua remuneração, conforme previsto na legislação municipal. Ele exerce função gratificada na Corregedoria da Guarda Municipal de Belém há mais de 5 anos, tempo necessário para a incorporação da gratificação como vantagem pessoal de acordo com a lei. A legislação e jurisprudência citadas no documento apoiam o pedido do requerente.

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Alexandre Brito
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Requerimento Gratificacao

O requerente solicita a incorporação definitiva da gratificação de função em sua remuneração, conforme previsto na legislação municipal. Ele exerce função gratificada na Corregedoria da Guarda Municipal de Belém há mais de 5 anos, tempo necessário para a incorporação da gratificação como vantagem pessoal de acordo com a lei. A legislação e jurisprudência citadas no documento apoiam o pedido do requerente.

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ILUSTRÍSSIMO SENHOR COMANDANTE GERAL DA GUARDA MUNICIPAL

DE BELÉM

O GM I ALEXANDRE DO ROSARIO BRITO, matrícula funcional:


0298611-015, vem, mui respeitosamente, a presença de V. Sa., apresentar,
REQUERIMENTO, arrimado no art. 130, parágrafo único, da Lei nº 7.502/90, a fim
de garantir a incorporação definitiva da gratificação de função em sua remuneração
como vantagem pessoal, conforme o art. 87 do referido Estatuto Funcional alhures,
pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:

O requerente encontra-se lotado na Corregedoria/GMB, exercendo a


função de membro de Comissão de Processo Administrativo desde o dia 20 de maio de
2013 conforme a Portaria nº 326/2013-GMB em 20 de Maio de 2013.
Dito isto, vale ressaltar que no início de 2014 foi publicado o Decreto nº
78.479/2014 – PMB em 13.01.2014 - regulamentando o pagamento de Gratificação de
Função aos guardas municipais de Belém no valor de 60% (sessenta por cento) do
vencimento base, na forma do art. 14 da Lei nº 9.050 de 27 de dezembro de 2013:

Art. 14. O servidor em exercício de Função Gratificada fará jus a


perceber, mensalmente, uma gratificação denominada de
gratificação de função, sendo devida somente enquanto o servidor
estiver no exercício da função para a qual foi designado, cessando,
imediatamente, no ato de seu desligamento.

Bem se sabe que no referido Decreto Municipal delimitou-se em seu art.


4º que a gratificação de função constitui um adicional de natureza salarial instituído e
pago pela Guarda Municipal de Belém, em decorrência da atividade desenvolvida pelo
Servidor no desempenho de uma atividade administrativa, ou na execução das tarefas
vinculadas às áreas de atividade fim da corporação, entre elas, na forma do seu §1º, III,
o exercício de atividade (lotação) na Corregedoria/GMB, senão vejamos:

Art. 4° - A Gratificação de Função que trata o artigo 1º deste Decreto


constitui um adicional de natureza salarial instituído e pago pela

1
Guarda Municipal de Belém, em decorrência da atividade
desenvolvida pelo Servidor no desempenho de uma atividade
administrativa, ou na execução das tarefas vinculadas às áreas de
atividade fim da corporação.

§ 1º - Entendem-se como atividades de natureza administrativa, ou


na execução de tarefas vinculadas às áreas de atividade fim da
corporação.

[…]

III – Servidores que atuam na Corregedoria;

Vale dizer ainda que o legislador municipal ao estabelecer os preceitos


remuneratórios do Plano de Cargos e Salários (PCCR) claramente amparou-se na
“teoria do diálogo das fontes”1 (idealizada na Alemanha pelo professor Erik Jayme, da
Universidade de Helderberg, e trazida ao Brasil por Claudia Lima Marques),
demonstrando que leis não devem ser aplicadas de forma isolada umas das outras, pois
o ordenamento jurídico deve ser interpretado de forma unitária, sistemática e
coordenada, residindo o parâmetro da sua funcionalidade, posto que, diante da
complexidade legislativa atual, o diálogo das fontes destina-se a harmonizar e coordenar
as normas do ordenamento jurídico.
Nisso, o art. 64 da Lei nº 9.050/2013 foi claro em harmonizar as vantagens
pecuniárias dos guardas municipais, entre elas a gratificação da função, também com as
regras e modos dispostos no Estatuto Geral dos Servidores Públicos de Belém (Lei nº
7.502/90):

Art. 64. Além do vencimento, poderão ser atribuídas aos servidores


da Guarda municipal de Belém, na forma que dispuser o regulamento,
gratificações, adicionais, abonos e as demais vantagens que terão suas
aplicabilidades amparadas no Estatuto dos Funcionários Públicos
do Município de Belém, por esta Lei e/ou demais Estatutos e
Regimentos legais dos servidores, quando se vincularem a tais
legislações.

1
MARQUES, Cláudia Lima. Superação das antinomias pelo Diálogo das Fontes: O modelo brasileiro de
coexistência entre o Código de Defesa do Consumidor e o Código Civil de 2002. Revista da Escola
Superior da Magistratura de Sergipe (ESMESE), n. 7, 2004

2
E em relação a função gratificada recebida pelo requerente desde 2014, a Lei nº
7.502/90 estabeleceu, tal como o adicional para cargo em comissão, o direito a sua a
incorporação definitiva e integral como vantagem pessoal após o transcurso de 05
(cinco) anos, mesmo após cessado o exercício da função especial:

Art. 86  - O funcionário efetivo nomeado para cargo em comissão,


cessado esse exercício, fará jus a perceber, como vantagem pessoal,
o adicional de que trata o inciso   V, do art.  79, desta Lei, que
corresponderá à quinta parte da diferença entre o vencimento do
cargo efetivo e o vencimento do cargo em comissão, por ano de
efetivo exercício, até o máximo de cinco quintos.

[…]

Art. 87 - O adicional de que trata o artigo anterior aplica-se também


ao exercente de função gratificada, tomando-se como base de
cálculo a quinta parte do valor da respectiva gratificação, até o
máximo de cinco quintos.

Desse modo, a aplicação estrita da legislação municipal permite a incorporação


de função gratificada ao requerente, sendo que tal retribuição pecuniária perde a
natureza de gratificação e adquire cunho salarial ou remuneratório como vantagem
pessoal.
Nesse sentido é o entendimento firmado pelo E. STJ:

ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. REAJUSTE DE


3,17%. EMBARGOS À EXECUÇÃO. BASE DE INCIDÊNCIA.
VENCIMENTOS. LIMITAÇÃO TEMPORAL.
REESTRUTURAÇÃO OU REORGANIZAÇÃO DA CARREIRA.
AUDITOR DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. IMPOSSIBILIDADE. 1. O
índice de 3,17% deve incidir não somente sobre o vencimento básico
do servidor, mas também sobre a vantagem paga pelo exercício de
cargo em comissão e de função gratificada, bem como sobre as
vantagens pessoais incorporadas a tal título, por se cuidar de
vantagens de natureza permanente que, por isso mesmo, compõem os
vencimentos. Precedentes. 2. A Medida Provisória nº 1.915/99
(convertida na Lei nº 10.593/2002) que reestruturou a carreira de
Auditores Fiscais de Contribuições Previdenciárias, não incorporou o
resíduo de 3,17%, razão pela qual não cabe a limitação temporal do

3
direito à percepção desse valor à vigência dessas normas. Precedentes.
3. Agravo regimental improvido.(STJ, AgRg no REsp 955.301/RS,
Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em
11/12/2012, DJe 15/02/2013 – destaquei)

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. EMBARGOS DE


DECLARAÇÃO. ARTIGO 535 DO CÓDIGO DE PROCESSO
CIVIL. AUSÊNCIA DOS PRESSUPOSTOS. SERVIDOR PÚBLICO.
VANTAGENS PESSOAIS. LEI COMPLEMENTAR Nº 68/92 DO
ESTADO DE RONDÔNIA. PAGAMENTO. RECUSA. LIMITES
ORÇAMENTÁRIOS. LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL.
INAPLICABILIDADE. ART. 19, § 1º, INCISO IV, DA LEI DE
RESPONSABILIDADE FISCAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
REJEITADOS. 1. Os embargos de declaração devem atender aos seus
requisitos, quais sejam, suprir omissão, contradição ou obscuridade,
não havendo qualquer um desses pressupostos, rejeitam-se estes.
2. Conforme entendimento já esposado por este c. STJ, o art. 100 da
Lei Complementar Estadual nº 68/92 assegurava ao servidor público
do Estado de Rondônia, investido em cargo em comissão ou função
gratificada por período superior a 5 (cinco) anos, a incorporação - a
título de vantagem pessoal, e à razão de 1/5 (um quinto) por ano
subseqüente de exercício - da diferença entre o vencimento básico do
cargo efetivo e a remuneração do cargo comissionado. Precedente. 3.
A Lei de Responsabilidade Fiscal, que regulamentou o art. 169 da
Constituição Federal de 1988, fixando limites de despesas com
pessoal dos entes públicos, não pode servir de fundamento para elidir
o direito dos servidores públicos de perceber vantagem legitimamente
assegurada por lei. Precedentes deste e. Superior Tribunal de Justiça e
do c. Supremo Tribunal Federal. 4. Embargos de declaração rejeitados.
(STJ, EDcl no AgRg no RMS 30.455/RO, Rel. Ministro CAMPOS
MARQUES (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PR),
QUINTA TURMA, julgado em 20/11/2012, DJe 26/11/2012 –
destaquei)

Não obstante a gratificação por exercício de função recebida pelo requerente ser
espécie de vantagem pecuniária que se justifica pelo desempenho de tarefas e atividades
diferenciadas, que extrapolam as atribuições originalmente atribuídas ao cargo efetivo e
por isso se estender enquanto o servidor exercer a função, ela poderá ser incorporada ao
vencimento por força de expressa disposição legal.
Nesses termos, o escólio do mestre Hely Lopes Meirelles:

4
“as vantagens convencionais ou modais, mesmo que auferidas por
longo tempo em razão do preenchimento dos requisitos exigidos para
sua percepção, não se incorporam ao vencimento, a não ser quando
essa integração for determinada por lei” (Direito Administrativo
Brasileiro, 39ª edição. São Paulo: Malheiros Editores Ltda, 2012, p.
553 – destaquei).

O administrativista José dos Santos Carvalho Filho também explicita que:

“Alguns estatutos funcionais preveem o denominado sistema


de incorporação, pelo qual o servidor agrega ao vencimento-base de
seu cargo efetivo determinado valor normalmente derivado da
percepção contínua, por período preestabelecido, de certa vantagem
pecuniária ou decorrente do provimento em cargo em comissão.
Exemplifique-se com a hipótese em que o servidor incorpora o valor
correspondente a 50% do vencimento do cargo em comissão, se nele
permanecer dez anos ininterruptamente. Ou com a incorporação do
valor correspondente a certa gratificação funcional se esta for
percebida no mínimo por cinco anos. Seja como for,esse valor
incorporado terá a natureza jurídica de vantagem pecuniária, por ser
diverso da importância recebida em razão do cargo, mas, em última
instância, reflete verdadeiro acréscimo na remuneração do servidor
por seu caráter de permanência. Consumado o fato que a lei definiu
como gerador da incorporação, o valor incorporado constituirá direito
adquirido do servidor, sendo, portanto, insuscetível de supressão
posterior pela Administração. (CARVALHO FILHO, José dos Santos.
Manual de Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2012.
Pp. 733-734 – destaques acrescidos)

Além do mais, entendo que a previsão disposta no art. 9º do Decreto nº


78.479/2014, aduzindo que “devido a sua natureza jurídica e o caráter de
transitoriedade, a Gratificação de Função não se incorpora para nenhum efeito ao
vencimento ou remuneração do guarda municipal, nem servirá de base de cálculo para
qualquer vantagem”, não pode ser aplicada no caso em tela, posto que confronta a
legislação municipal.
No âmbito do Direito Administrativo, o Decreto consubstancia Poder
Regulamentar, que complementa e explicita a norma legal sem poder contrariá-la,

5
restringi-la, ampliá-la ou inová-la, pois o ordenamento jurídico não permite que atos
normativos infralegais inovem o sistema jurídico.
Significa dizer que o poder regulamentar legítimo não pode simular o exercício
da função de legislar decorrente de indevida delegação oriunda do Poder Legislativo,
delegação essa que seria, na verdade, inaceitável renúncia à função que a Constituição
lhe reservou.
A Lei nº 7.502/90 trata da incorporação da gratificação de função como
vantagem pessoal e por isso o decreto não pode proibi-la. Carvalho Filho sobre o tema
aduz que:

“ Por essa razão, ao poder regulamentar não cabe contrariar a lei


(contra legem), pena de sofrer invalidação. Seu exercício somente
pode dar-se secundum legem, ou seja, em conformidade com o
conteúdo da lei e nos limites que esta impuser. Decorre daí que não
podem os atos formalizadores criar direitos e obrigações, porque tal é
vedado num dos postulados fundamentais que norteiam nosso sistema
jurídico: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma
coisa senão em virtude de lei” (art. 5º, II, CF) (CARVALHO FILHO,
José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2012. Pp. 60 – destaques acrescidos)

Importante considerar que tal incorporação da gratificação adentrou no


patrimônio jurídico do requerente por força do “direito adquirido” desde 13.01.2019,
que nas antigas palavras do Il. jurista mineiro Caio Mário da Silva Pereira, representa:

“Direito adquirido, in genere, abrange os direitos que o seu titular ou


alguém por ele possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício
tenha termo pré-fixo ou condição preestabelecida, inalterável ao
arbítrio de outrem. São os direitos definitivamente incorporados ao
patrimônio do seu titular, sejam os já realizados, sejam os que
simplesmente dependem de um prazo para seu exercício, sejam ainda
os subordinados a uma condição inalterável ao arbítrio de outrem. A
lei nova não pode atingi-los, sem retroatividade” (CAIO MÁRIO DA
SILVA PEREIRA, in Instituições de Direito Civil, Rio de Janeiro,
Forense, 1961, v. 1, p. 125)

Aliás, conforme o Art. 5º, XXXVI, da CF/88: “a lei não prejudicará o DIREITO
ADQUIRIDO, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”

6
DO PEDIDO:

Ex Positis, requer de Vossa Senhoria, com JUSTIÇA e


IMPARCIALIDADE, e que seja dada a devida receptividade aos argumentos aqui
apresentados, para reconhecer a legalidade da incorporação da gratificação por exercício
de função ao requerente, nos moldes do art. 87 da Lei nº 7.502/90.

Nestes Termos,
Pede Deferimento.
Belém/PA, 04 de abril de 2019.

IASMIM KYMBERLI SOUSA DE MIRA


OAB/PA 27.817

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