Estudo de União de Tubulações
Estudo de União de Tubulações
Por,
Albert de Almeida Santos
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
Faculdade de Tecnologia
Departamento de Engenharia Mecânica
PROJETO DE GRADUAÇÃO
Por,
Albert de Almeida Santos
Banca Examinadora
i
Agradecimentos
Agradeço, primeiramente, aos meus pais, Donizete dos Santos e Ednea de Almeida
Santos, por não medirem esforços em toda minha trajetória acadêmica.
Ao Prof. Dr. Thiago Doca pelo constante acompanhamento, disposição e incentivo
para realização deste trabalho.
À minha namorada, Dalila Machado, que me apoiou de forma perene e tornou
possível a realização desta conquista.
E a todos os amigos da “diretoria” e da FGA (Faculdade UnB Gama), por todos
os ensinamentos, companheirismo e por fazerem parte da minha formação.
Muito obrigado!
ii
Resumo
iii
Abstract
Part of the treated water (35,1% of total volume) in Distrito Federal is wasted,
where the faults in the pipes of the supply system make up a large part of these losses.
Based on this, the present work presents an analytical and numerical study of two types
of permanent joints (socket welding fittings and butt weld fittings) with nominal pipe
size of 2 inches and schedule 160 (made of carbon steel AISI 1020). In order to ensure
the safety of the system and maintain the watertightness of the pipeline, many researches
are developed in the field of industrial pipelines, commonly using numerical simulations.
In this context, the objective of this work is to perform a yield stress analysis and a
fracture analysis using the finite element method. This document presents: the analytical
formulation for validation of the numerical modeling, modeling steps, stress field analysis
and circumferential crack analysis. In the yield stress analysis a load, internal pressure
and longitudinal stress, is applied to determine the maximum pressure that can be applied
in each connection, so that there is no yielding of the material. The fracture analysis aims
to determine the largest circumferential length of a crack located in the critical section
of the weld bead when subjected to a load (internal pressure and circumferential stress)
slightly lower than the maximum permissible load defined in the the yield stress analysis.
The numerical and analytical calculations consider the linear elastic fracture mechanics
(LEFM). From the results were drawn curves that relate the correction factor and the
crack opening half-angle in order to obtain the stress intensity factor for different loads.
Key-words: Pipe fittings, Water Leaks, Permanent Joint, Watertightness, Finite Element
Method, Crack.
iv
Lista de Figuras
v
Figura 22 – Exemplos de conexões para solda de encaixe. (SANDVIK, 2017) Mo-
dificado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Figura 23 – Dimensões mínimas para soldagem de componentes para conexões por
solda de encaixe. (ASME B31.3, 2016) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Figura 24 – Descontinuidades em juntas soldadas. (OPTIMEC CONSULTANTS,
2014) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Figura 25 – Modos básicos de fratura. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Figura 26 – Distribuição das tensões na ponta da trinca interna. . . . . . . . . . . . 42
Figura 27 – Elemento infinitesimal em equilíbrio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
Figura 28 – Tubo de 2"SCH 160 (cotas em mm). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Figura 29 – Condições de contorno e carregamentos aplicados à conexão para solda
de topo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
Figura 30 – Discretização da conexão para solda de topo. . . . . . . . . . . . . . . . 52
Figura 31 – Dimensões da peça (cotas em mm). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
Figura 32 – Condições de contorno e carregamentos aplicados à conexão para solda
de encaixe. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
Figura 33 – Discretização da conexão para solda de encaixe. . . . . . . . . . . . . . 54
Figura 34 – Tensão equivalente de von Mises para a conexão de topo. . . . . . . . . 55
Figura 35 – Tensão longitudinal para a conexão de topo. . . . . . . . . . . . . . . . 56
Figura 36 – Tensão equivalente de von Mises para a conexão de encaixe. . . . . . . 57
Figura 37 – Tensão longitudinal para a conexão de encaixe. . . . . . . . . . . . . . 57
Figura 38 – Trinca longitudinal passante. (NEWMAN, 1976) Modificado . . . . . . 59
Figura 39 – Dimensões do tubo (a) e da trinca (b). . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
Figura 40 – Posicionamento da trinca longitudinal passante. . . . . . . . . . . . . . 60
Figura 41 – Malha empregada para o caso de um tubo pressurizado com uma trinca
longitudinal passante. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
Figura 42 – Relação entre o tamanho do elemento e o número de nós existentes na
frente da trinca. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
Figura 43 – Trinca circunferencial passante. (LIU, 2005) . . . . . . . . . . . . . . . 64
Figura 44 – Dimensões da trinca circunferencial passante. . . . . . . . . . . . . . . 66
Figura 45 – Posicionamento da trinca circunferencial passante e do ponto de refe-
rência para um tubo sujeito a tração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
Figura 46 – Condições de contorno e carregamentos adotados para uma trinca cir-
cunferencial passante em um tubo sujeito a tração. . . . . . . . . . . . 68
Figura 47 – Malha empregada para o caso de um tubo com uma trinca circunferen-
cial passante sujeito a tração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
Figura 48 – Posicionamento da trinca circunferencial passante e do ponto de refe-
rência para a conexão de encaixe. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
Figura 49 – Condições de contorno e carregamentos adotados para a conexão de
encaixe. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
vi
Figura 50 – Discretização da conexão para solda de encaixe com uma trinca circun-
ferencial passante. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
Figura 51 – Campo de deslocamentos em torno da trinca axial para um tubo pres-
surizado (na ausência da tensões longitudinais) , com 𝑐 igual a 12,5
mm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
Figura 52 – Fator intensidade de tensão para um tubo pressurizado (na ausência
de tensões longitudinais) em função do semi-comprimento da trinca. . . 74
Figura 53 – Campo de deslocamentos em torno da trinca circunferencial para um
tubo sujeito a tração (na ausência da pressão interna), com 𝛼 igual a
40 graus. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
Figura 54 – Fator intensidade de tensão para um tubo sujeito a tração (na ausência
da pressão interna) em função do semi-ângulo da trinca. . . . . . . . . 76
Figura 55 – Campo de deslocamentos em torno da trinca circunferencial para a
conexão de topo(𝛼 igual a 40 graus). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
Figura 56 – Campo de deslocamentos em torno da trinca circunferencial para a
conexão de encaixe (𝛼 igual a 40 graus). . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
Figura 57 – Fator de intensidade de tensão em função do semi-ângulo de abertura
da trinca circunferencial para a conexão de encaixe e topo. . . . . . . . 78
Figura 58 – Fator de correção em função do semi-ângulo de abertura da trinca
circunferencial para a conexão de topo e encaixe. . . . . . . . . . . . . 80
vii
Lista de Tabelas
viii
Lista de símbolos
ix
𝐾1 Constante de integração [-]
x
′
𝑆𝐿2 Tensões primárias reais decorrentes do peso próprio [MPa]
xi
𝜖𝑥 Deformação na direção x [-]
xii
Sumário
1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E MOTIVAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 OBJETIVOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.3 ESTRUTURA DO TEXTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
2 REVISÃO TEÓRICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.1 ADUÇÃO DE ÁGUA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.2 SELEÇÃO DO MATERIAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.3 ESFORÇOS MECÂNICOS ATUANTES . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.4 TENSÕES ATUANTES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.4.1 TENSÃO NORMAL CIRCUNFERENCIAL - 𝜎𝑐 . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.4.2 TENSÃO NORMAL LONGITUDINAL - 𝜎𝐿 . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.4.3 TENSÃO NORMAL RADIAL - 𝜎𝑟 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.4.4 TENSÃO CISALHANTE - 𝜏𝑇 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.4.5 SOLUÇÃO DE LAMÉ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.5 CATEGORIAS DE TENSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.5.1 TENSÕES PRIMÁRIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.5.2 TENSÕES SECUNDÁRIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.5.3 RELAÇÕES DAS TENSÕES PRIMÁRIAS E SECUNDÁRIAS . . . . . . . . 16
2.6 TENSÕES ADMISSÍVEIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.7 LIMITE ADMISSÍVEL DE TENSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.7.1 LIMITE ADMISSÍVEL - TENSÕES PRIMÁRIAS . . . . . . . . . . . . . . 21
2.7.2 LIMITE ADMISSÍVEL - TENSÕES SECUNDÁRIAS . . . . . . . . . . . . . 24
2.8 COMPOSIÇÃO DAS TENSÕES LONGITUDINAIS . . . . . . . . . . 25
2.9 ESPESSURA DE PAREDE DOS TUBOS . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.9.1 CRITÉRIOS DE CÁLCULO DA NORMA ASME B31 . . . . . . . . . . . . 32
2.10 CONEXÕES DE TUBULAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.10.1 CONEXÕES PARA SOLDA DE TOPO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.10.2 CONEXÕES PARA SOLDA DE ENCAIXE . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
2.11 MECÂNICA DA FRATURA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
xiii
3 MODELAGEM NUMÉRICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
3.1 ANÁLISE CONTRA ESCOAMENTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
3.1.1 PARÂMETROS DE ENTRADA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
3.1.1.1 CONEXÃO PARA SOLDA DE TOPO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
3.1.1.2 CONEXÃO PARA SOLDA DE ENCAIXE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
3.1.2 RESULTADOS DA ANÁLISE CONTRA ESCOAMENTO . . . . . . . . . . 54
3.2 ANÁLISE CONTRA FRATURA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
3.2.1 PARÂMETROS DE ENTRADA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
3.2.1.1 VALIDAÇÃO DO MODELO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
3.2.1.2 CONEXÃO PARA SOLDA DE TOPO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
3.2.1.3 CONEXÃO PARA SOLDA DE ENCAIXE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
3.2.2 RESULTADOS DA ANÁLISE CONTRA FRATURA . . . . . . . . . . . . . 72
4 CONCLUSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
ANEXOS 87
xiv
1 INTRODUÇÃO
1
de controle de perdas de água, em uma empresa de saneamento, permeiam as atividades
de diversas áreas e, portanto, representam a interação de um grande número de processos
e atividades que, por sua vez, exigem sistematização de dados e procedimentos. (CAESB,
2015) (ABES, 2013)
A falta de planejamento resulta em altos índices de perdas de água. Segundo
diagnóstico do SNIS (2015) - Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento - o
Distrito Federal desperdiça 35,1% da água que distribui. Porém este índice de desperdício
não é alto apenas no Distrito Federal, que tem um índice melhor do que a média do
país (36%). O maior índice de perda de água ocorre no Amapá (72%), enquanto o estado
de Goiás possui o menor índice (30%). Os dados disponibilizados pela CAESB (2015) -
Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal - acerca da perda total de água
no Distrito Federal, podem ser visualizados na figura 1.
2
acessórios, trincas na estrutura, defeito de impermeabilizações, envelhecimento, corrosão,
etc.
As falhas em conexões são provocadas especialmente pelo excesso de pressão em
adutoras destinadas às regiões com grande variação de relevo. Esta elevada pressão faz
com que as conexões sejam consideradas pontos críticos em uma sistema de tubulações,
pois as tensões em tais pontos são acentuadas devido a geometria.
1.2 OBJETIVOS
Este projeto consiste na análise dos mecanismos de falha dos sistemas de ligação
de tubulações que compõem um sistema de adução por recalque de água tratada. São
analisados dois tipos de ligações permanentes: conexão para solda de topo e conexão para
solda de encaixe.
O escopo do projeto é realizar um estudo analítico e numérico (utilizando o pa-
cote de elementos finitos Abaqus) para avaliar o efeito da pressão interna e da tensão
longitudinal em cada uma das conexões. A análise é divida em duas partes, análise contra
escoamento e análise contra fratura, para avaliar os fatores que condicionam a integridade
da conexão e do tubo.
A análise contra escoamento tem como objetivo identificar a maior pressão interna
que pode ser aplicada para que o material não escoe. Já a análise contra fratura visa
estabelecer qual o comprimento máximo da trinca para que não ocorra fratura da conexão.
Os resultados foram avaliados de acordo com as tensões, os fatores de intensidade de
tensões, os critérios de falha indicados pela norma ASME B31 e outros fatores relevantes
para a manutenção da estanqueidade da tubulação.
3
No terceiro capítulo são mostradas as etapas seguidas para a modelagem numérica
e obtenção dos resultados. Inicialmente realizou-se uma introdução da metodologia ado-
tada e de como os resultados foram apresentados. Este capítulo é divido em duas seções.
Inicialmente as conexões foram analisadas visando não extrapolar o limite de escoamento.
E por fim realizou-se uma análise contra fratura das conexões, tendo em vista estabelecer
o tamanho máximo de uma possível trinca circunferencial.
Por fim, o quarto capítulo mostra as conclusões obtidas das análises efetuadas.
4
2 REVISÃO TEÓRICA
5
∙ Adutora por gravidade
– Conduto Forçado: a água está sob uma pressão superior à atmosférica, 𝑃 >
𝑃𝑎𝑡𝑚 . Utilizada em grande parte das instalações;
– Conduto Livre: a água está sob pressão atmosférica, 𝑃 = 𝑃𝑎 𝑡𝑚. Pouco utilizada
atualmente.
∙ Adutora mista
Composta por trechos onde o fluido é conduzido devido a gravidade ou o recalque.
6
2.2 SELEÇÃO DO MATERIAL
∙ Qualidade da água;
∙ Vazamento;
∙ Corrosão;
∙ Pressão de Operação;
∙ Temperatura de Operação;
∙ Custo do Material;
∙ Disponibilidade do Material;
∙ Sistema de Ligações.
7
Tabela 1: Propriedades mecânicas do aço AISI 1020. (DOCA; PIRES, 2014)
Aço AISI 1020
Massa Específica, 𝜌 7870 𝑘𝑔/𝑚3
Módulo de Young, 𝐸 203 GPa
Coeficiente de Poisson, 𝜈 0,3
Limite de Escoamento, 𝜎𝑒𝑠𝑐 350 MPa
Índice de Resistência, 𝐴 600 MPa
Coeficiente de Encruamento, 𝑏 0,24
√
*Tenacidade a Fratura, 𝐾𝐼𝐶 51 MPa 𝑚
Tabela 2: Valores de tensão verdadeira e deformação plástica para o aço AISI 1020. (LINS;
AMARAL, 2017)
Tensão Verdadeira, 𝜎𝑣𝑒𝑟𝑑 (MPa) Deformação Plástica, 𝜖𝑝𝑙𝑎𝑠𝑡
350 0
360 3,9E-8
370 7,0E-7
380 3,8E-6
390 1,3E-5
400 3,2E-5
410 6,8E-5
420 1,3E-4
8
Cada trecho de uma tubulação pode ser considerado um elemento estrutural, sub-
metido a uma série de esforços, assim pode-se realizar a análise de acordo com o ponto
de vista da resistência dos materiais. Os esforços mecânicos preponderantes em uma tu-
bulação são:
∙ Peso do Tubo
O peso do tubo de condução gera solicitações semelhantes às citadas no tópico
anterior, porém o carregamento varia diretamente com a seção transversal (diâmetro
e espessura).
∙ Pressão Interna
A pressão interna do tubo nada mais é do que a própria pressão exercida pelo fluido,
variando de acordo com as propriedades do fluido conduzido.
∙ Pressão Externa
A pressão externa ocorre quando a tubulação se encontra em ambientes sob pressão
ou operando com vácuo. Comumente os sistemas de tubos de uma adutora são en-
terrados, sofrendo uma pressão devido o peso do material acima da geratriz superior
do tubo. No presente trabalho tal esforço não é considerado, pois a ordem de gran-
deza deste esforço (kPa) é muito inferior a ordem de grandeza da pressão interna
(MPa). Por exemplo, um tubo enterrado a uma profundidade de 5 m e recoberto
com asfalto (massa específica ≃ 2340 kg/ 𝑚3 ) gera uma pressão hidrostática de 11,7
kPa. (DNIT, 2012)
∙ Sobrecargas Diversas
São cargas que atuam no tubo de condução, tais como peso de outros tubos, gelo,
pavimentação, estruturas apoiadas, etc.
∙ Dilatações Térmicas
Variações de temperatura fazem com que ocorra uma dilatação do material, sendo
diretamente proporcional ao seu comprimento.
9
∙ Movimentos dos Pontos Extremos
Dilatações de tubos conectados à tubulação resultam em um movimento no ponto
extremo da mesma. Dilatação dos equipamentos (tanques, bombas, etc.) e fenômenos
naturais (vento, maré, etc.) também colaboram para a movimentação dos pontos
extremos.
10
2.4.2 TENSÃO NORMAL LONGITUDINAL - 𝜎𝐿
Esta tensão atua na mesma direção do eixo do tubo de condução. Tal tensão gera
deformações longitudinais que podem provocar o rompimento do tubo ao longo de uma
circunferência.
∙ Tensão de Flexão: Gerada pelo peso do tubo, fluído conduzido, acessórios, equipa-
mentos adjacentes, expansão térmica e restrições no movimento.
11
12215 (1991) determina que um tubo de parede grossa é aquele em que a relação entre o
diâmetro interno e a espessura da parede é menor do que 25 (𝑡 > 0.08.𝑟𝑖 ).
A figura 5(b) representa um segmento infinitesimal da seção do tubo, limitada pelo
ângulo 𝑑𝜃 e pelos raios 𝑟 e 𝑟 + 𝑑𝑟 . A simetria da seção permite concluir que as tensões
transversais no elemento são nulas e que as tensões normais (𝜎𝑟 e 𝜎𝑐 ) dependem apenas
de 𝑟, não variando em relação a 𝜃.
12
deformação radial do elemento é dada por:
𝑢 + 𝑑𝑢 − 𝑢 𝑑𝑢
𝜖𝑟 = = (2.3)
𝑑𝑟 𝑑𝑟
O arco ad (𝑟.𝑑𝜃) varia para a’d’ ((𝑟 + 𝑢).𝑑𝜃). A deformação radial do elemento é
dada por:
(𝑟 + 𝑢)𝑑𝜃 − 𝑟.𝑑𝜃 𝑢
𝜖𝑐 = = (2.4)
𝑟.𝑑𝜃 𝑟
Inicialmente considera-se as extremidades do tubo aberta (tensões nulas ao longo
do eixo), assim aplica-se a lei de Hooke para tensões no plano:
1 𝑑𝑢
𝜖𝑟 = .(𝜎𝑟 − 𝜈.𝜎𝑐 ) = (2.5)
𝐸 𝑑𝑟
1 𝑢
𝜖𝑐 = .(𝜎𝑐 − 𝜈.𝜎𝑟 ) = (2.6)
𝐸 𝑟
Onde 𝜈 é o coeficiente de Poisson. Resolvendo o sistema de equações anterior para
as tensões, temos:
𝐸 𝑑𝑢 𝜈.𝑢
𝜎𝑟 = .( + ) (2.7)
1 − 𝜈 𝑑𝑟
2 𝑟
𝐸 𝑢 𝑑𝑢
𝜎𝑐 = .( + 𝜈. ) (2.8)
1−𝜈 𝑟
2 𝑑𝑟
Fazendo a subtração de 𝜎𝑟 − 𝜎𝑐 (eq. (2.7)-eq. (2.8)):
𝐸 𝑑𝑢 𝜈.𝑑𝑢 𝜈.𝑢 𝑢
𝜎𝑟 − 𝜎𝑐 = .( − + − )
1 − 𝜈 𝑑𝑟
2 𝑑𝑟 𝑟 𝑟
𝑑𝜎𝑟 𝐸 𝑑2 𝑢 𝜈 𝑑𝑢 𝑢
= .( + . − 𝜈. 2 )
𝑑𝑟 1 − 𝜈 𝑑𝑟
2 2 𝑟 𝑑𝑟 𝑟
Por último substituímos na equação (2.2) e simplificamos:
𝑑2 𝑢 1 𝑑𝑢 𝑢
2
+ . − 2 =0 (2.9)
𝑑𝑟 𝑟 𝑑𝑟 𝑟
Onde a solução da equação diferencial é:
𝐾2
𝑢 = 𝐾1 .𝑟 + (2.10)
𝑟
13
Substituindo e resolvendo na equação (2.7) e (2.8):
𝐸 1−𝜈
𝜎𝑟 = .(𝐾1 .(1 + 𝜈) − 𝐾2 . 2 ) (2.11)
1−𝜈 2 𝑟
𝐸 1−𝜈
𝜎𝑐 = .(𝐾1 .(1 + 𝜈) + 𝐾2 . 2 ) (2.12)
1−𝜈 2 𝑟
As constantes de integração 𝐾1 e 𝐾2 são determinadas pelas condições de contorno:
𝜎𝑟 (𝑟𝑖 ) = −𝑝𝑖 e 𝜎𝑟 (𝑟𝑒 ) = −𝑝𝑒 .
14
𝑟𝑖2 .𝑝𝑖
𝜎𝐿 = (2.20)
𝑟𝑒2 − 𝑟𝑖2
Nesta seção são classificadas as tensões de acordo com o modo de atuação dos
carregamentos, dividindo-se basicamente em dois grupos: tensões primárias e tensõe se-
cundárias.
O comportamento das tensões primárias é diferente do comportamento das tensões
secundárias e por isso devemos tratá-las separadas. As duas tensões atuam de maneira
simultânea no material, porém possuem diferentes valores para as tensões admissíveis.
15
Em outras palavras, são as tensões necessárias para satisfazer as condições de equi-
líbrio estático em relação aos diversos carregamentos externos agindo sobre a tubulação
(pressão interna, pressão externa, pesos, sobrecargas, etc.). (TELLES, 2012)
As tensões primárias podem ser subdividas em tensões primárias de membrana e
tensões primárias de flexão:
∙ Tensão Circunferencial;
∙ Tensão Cisalhante;
16
As tensões primárias calculadas a partir desses esforços representa tensões efetivamente
atuantes, enquanto aquelas decorrentes da aplicação de deformações autolimitantes são
obtidas pela lei de Hooke (equação (2.21)) dentro do limite elástico, cujo valor não faz
grande diferença enquanto a tensão de escoamento do material não for excedido.
Nesta seção são utilizadas as recomendações fornecidas pela norma norte ameri-
cana ASME B31.3. O menor dos limites principais determinará o valor da tensão admissí-
vel básica à tração (𝑆). O anexo A mostra o limite de Escoamento 𝑆𝑦 e tensões admissíveis
básicas na tração (𝑆𝑐 e 𝑆ℎ ), em MPa, de acordo com a norma ASME B31.3.
Onde 𝑆𝑐 é a tensão admissível básica no material do tubo quando sujeito à tempe-
ratura ambiente ou a menor temperatura esperada no ciclo. Este ciclo citado é discutido
com maiores detalhes na seção a seguir, mas basicamente resume o comportamento do
17
material em relação às deformações geradas pelo aquecimento e resfriamento cíclicos de
determinado material. Já o valor de 𝑆ℎ é a tensão admissível básica do material do tubo
na máxima temperatura esperada do ciclo.
Em alguns casos também é necessário realizar uma correção da tensão admissível
básica anteriormente definida por um fator de qualidade (𝐸). Definido na equação (2.22).
𝐸 = 𝐸𝑐 + 𝐸𝑗 (2.22)
∙ Fator de Qualidade para Componentes Fundidos (𝐸𝑐 ): empregável apenas aos com-
ponentes e não aos tubos (tabelas A-1A e 302.3C da norma ASME B31.3);
∙ Fator de Qualidade para as juntas soldadas (𝐸𝑗 ): empregável aos tubos fabricados
com solda longitudinal ou espiral (tabela A-1B e 302.3.4 da norma ASME B31.3).
𝑃𝑚 + 𝑃𝑓
=1 (2.23)
𝑆𝑦
18
A figura 8 mostra as possíveis combinações das tensões de flexão e das tensões de mem-
brana e também estabelece a região limite de projeto. Tal região é determinada a 2/3 do
limite de escoamento do material, generalizando as indicações da norma ASME B31.3, e
assim obtendo um bom regime de segurança.
Figura 8: Possíveis combinações das tensões de membrana e das tensões de flexão. (FI-
LHO, 2013)
19
Figura 9: Deformação para 𝑆𝑡 < 2.𝑆𝑦
20
Figura 10: Deformação para 𝑆𝑡 > 2.𝑆𝑦
21
Figura 11: Equilíbrio de forças na seção transversal. (HIBBELER, 2010) Modificado
𝐴𝑃𝑐 = 𝐷𝐿
𝐴𝜎𝑐 = 2𝑡𝐿
𝐹𝑃𝑐 = 𝑝𝑖 (𝐷𝐿)
𝐹𝜎𝑐 = 𝜎𝑐 (2𝑡𝐿)
𝑝𝑖 𝐷
𝜎𝑐 = (2.25)
2𝑡
A figura 12 mostra a seção longitudinal com as mesmas dimensões já mostradas
na figura 11. Ao realizar o equilíbrio de forças na seção, a força decorrente da pressão
interna 𝑃 deve ser igual à força correspondente à tensão longitudinal 𝜎𝐿 .
22
Figura 12: Equilíbrio de forças na seção longitudinal. (HIBBELER, 2010) Modificado
A área do círculo projetado (𝐴𝑃𝐿 ) e a área da "coroa"do tubo (𝐴𝜎𝐿 ) são dadas por:
𝜋𝐷2
𝐴 𝑃𝐿 =
4
𝐴𝜎𝐿 = 𝜋𝐷𝑡
Assim pode-se calcular a força decorrente da pressão interna (𝐹𝑃𝐿 ) e a força cor-
respondente à tensão longitudinal:
𝜋𝐷2
𝐹𝑃𝐿 = 𝑝𝑖 ( )
4
𝐹 𝜎𝐿 = 𝜎𝐿 (𝜋𝐷𝑡)
𝑝𝑖 𝐷
𝜎𝐿 = (2.26)
4𝑡
Comparando a tensão circunferencial com a tensão longitudinal, facilmente nota-se
que 𝜎𝑐 possui magnitude duas vezes maior que 𝜎𝐿 . Desta forma, pode-se afirmar que ao
aplicar uma pressão interna a falha sempre ocorrerá devido a tensão circunferencial.Caso
a tensão circunferencial seja igual à tensão admissível básica do material do tubo na
máxima temperatura (𝑆ℎ ), necessariamente a tensão longitudinal decorrente da pressão
interna (lembrando que há outros esforços que causam tal tensão) é igual 𝑆ℎ /2.
Segundo a norma ASME B31.3 o somatório das tensões longitudinais em qualquer
componente de um sistema de tubulação devido aos carregamentos permanentes (pressão
e peso próprio) não deve exceder o valor da tensão admissível básica na temperatura
considerada. Dito isso, deve-se nomear quatro tensões:
23
′
∙ 𝑆𝐿1 : tensão longitudinal real decorrente da pressão interna;
′
𝑆𝐿2 ≤ 𝑆ℎ − 𝑆𝐿1 (2.27)
′
Essa parcela residual (𝑆𝐿1 − 𝑆𝐿1 ) só pode ser transferida das tensões primárias
devido a pressão para as tensões primárias devido o próprio peso, sendo vetada a recíproca.
Caso ocorresse o inverso, a tensão primária decorrente da pressão pode ser maior que
1
.𝑆 e consequentemente a tensão normal circunferencial iria se aproximar do limite de
2 ℎ
escoamento do material.
Pode-se obter uma equação simplificada onde se admite que a magnitude das
tensões primárias sejam limitadas no valor de 1, 0.𝑆ℎ . Desta forma, o último termo da
equação 2.28 é cortado, obtendo assim uma equação que represente "parcialmente"um
novo limite dedicado às tensões secundárias.
As deformações térmicas ocorrem de maneira cíclica, como mostrado anterior-
mente, assim deve-se inserir um fator de redução (𝑓 ) que é baseado no número de ciclos
completos esperados na vida útil da tubulação (𝑁 ). Outro ponto que deve-se prestar
atenção é que como as tensões secundárias são provenientes da expansão térmica, há uma
faixa de variação da deformação entre o menor e o maior valor da temperatura atuante,
assim a equação resultante é denominada allowable displacement stress range (𝑆𝐴 ).
24
Para tubulações com menos de 7000 ciclos de aquecimento e resfriamento du-
rante a vida útil, tem-se 𝑓 = 1;quando o número de ciclos for maior que 7000, tem-se
𝑓 < 1. A figura 13 mostra a variação do fator de redução em função do número de
ciclos.(DOMINGUEZ, 2008)
Na grande parte dos casos o limite admissível para as tensões primárias não é
alcançado, assim transfere-se a parcela restante para as tensões secundárias. A parcela
restante é igual a subtração entre 𝑆ℎ e as tensões primárias reais (𝑆𝐿′ = 𝑆𝐿1
′ ′
+ 𝑆𝐿2 ). A
equação (2.30), adicionada com a parcela restante das tensões primárias, é denominada
equação liberal.
′ ′
𝑆𝐴 = 1, 25.𝑆𝑐 + 0, 25.𝑆ℎ + [𝑆ℎ − (𝑆𝐿1 + 𝑆𝐿2 )] ⇒ 𝑆𝐴 = 1, 25.(𝑆𝑐 + 𝑆ℎ ) − 𝑆𝐿′ (2.30)
A equação liberal pode ser aplicada sem ferir a segurança do projeto, já que é
estabelecida de maneira explícita na norma. Outro fato que se deve atentar é que a
parcela residual (𝑆𝐿 − 𝑆𝐿′ ) só pode ser transferida das tensões primárias para as tensões
secundárias, sendo vetada a recíproca.
De acordo com a ASME, Theodore Von Karman realizou a primeira análise teórica
do comportamento de curvas de tubo submetida a momento fletor. Von Karman demons-
25
trou que durante um esforço de flexão a máxima tensão ocorre na fibra mais externa do
tubo. No entanto um tubo curvo se comporta de maneira diferente, a seção transversal
circular da curva se torna oval aumentando dessa forma a flexibilidade, pois ocorre o re-
laxamento da fibra mais afastada, como pode ser visto na figura 14. Sem a participação
adequada dessa fibra o momento de inércia efetivo é reduzido, tal relaxamento é definido
como fator de flexibilidade (𝑘). (PEREIRA, 2014)
Figura 14: Ovalização de uma curva submetida a momento fletor. (PENG; PENG, 2009)
0, 9
𝑖= 2 (2.31)
ℎ3
Para definição da tensão primária longutudinal usa-se uma série de equações pre-
vistas na norma ASME B31.3-2010, havendo a ausência de uma rotina de cálculo de-
talhada na obtenção das mesmas. A tensão primária longitudinal total (𝑆𝐿 ) tem como
parcelas principais a pressão interna e o peso próprio,calculada de acordo com a equação
(2.32) que considera o critério de máxima tensão de cisalhamento.
26
Figura 15: Momentos aplicados no plano e fora do plano do componente. (ASME B31.3,
2016)
√︁
𝑆𝐿 = (𝑆𝑏 + |𝑆𝑎 |)2 + (2𝑆𝑡 )2 (2.32)
√︁
(𝐼𝑖 𝑀𝑖 )2 + (𝐼𝑜 𝑀𝑜 )2
𝑆𝑏 = (2.33)
𝑍
Em que 𝑀𝑖 é o momento fletor combinado atuante no plano do componente con-
siderado, 𝐼𝑖 é o índice de tensão referente ao momento fletor atuante no plano do compo-
nente considerado, 𝑀𝑜 é o momento fletor combinado (transversal) atuante fora do plano
do componente considerado, 𝐼𝑜 é o índice de tensão referente ao momento fletor atuante
fora do plano do componente considerado e 𝑍 é o módulo de rigidez da seção (section
modulus of pipe).
Os índices 𝐼𝑖 e 𝐼𝑜 podem ser calculados facilmente como 0, 75.𝑖𝑖 e 0, 75.𝑖𝑜 , respec-
tivamente,no caso de ausência de informações; e os seus valores nunca são inferiores à
um.(ASME B31.3, 2016)
27
Para realizar o cálculo desta parcela da força axial deve-se analisar a pressão
atuante sobre a área de fluxo. A tensão da força axial é igual ao valor da tensão longitudinal
devido a pressão interna, como mostra a equação (2.34).
𝑝𝑖 𝐷
𝑆𝑎 = (2.34)
4𝑡
Por último deve-se equacionar a tensão decorrente do momento torsor combinado
que leva em consideração o momento torsor combinado atuante no componente consi-
derado (𝑀𝑡 ), o índice de tensão referente ao momento torsor (𝐼𝑡 ) e o módulo de rigidez
(𝑍).Na ausência de informações pode-se considerar 𝐼𝑡 igual a um.
𝐼𝑡 𝑀𝑡
𝑆𝑡 = (2.35)
2𝑍
𝑡𝑚 = 𝑡 + 𝐶1 + 𝐶2 (2.36)
28
Figura 16: Espessura total do tubo.
Figura 17: Diferentes schedules para o mesmo diâmetro nominal. (SENAI, 2004) Modifi-
cado
29
∙ Tubos sem costura;
𝑝𝑖 (𝐷𝑒 − 2𝑌 𝑡)
𝜎𝑐 = (2.37)
2𝑡
30
Figura 18: Diferenças percentuais entre a equação de Boardman e Lamé. (FILHO, 2013)
𝐷𝑖 + 2𝑐
𝑌 = (2.38)
𝐷𝑒 + 𝐷𝑖 + 2𝑐
Onde 𝐷𝑖 é o diâmetro interno do tubo e 𝑐 é o somatório das tolerâncias mecânicas
com a margem de corrosão/erosão.
Para 𝐷𝑒 /𝑡 > 6 o coeficiente 𝑌 varia de acordo com a temperatura e o material do
tubo, como mostra a tabela 3.
31
(2.39) para 𝐷𝑒 /𝑡 > 6.
𝑝𝑖 𝐷𝑒
𝑡= (2.39)
2(𝑆 + 𝑝𝑖 𝑌 )
𝑝𝑖 𝐷𝑒
𝑡= (2.40)
2(𝑆𝐸𝑊 + 𝑝𝑖 𝑌 )
𝑝𝑖 𝐷𝑒
𝑡= (2.41)
2𝑆𝐸𝑊
De acordo com a norma ASME B31 os critérios para o cálculo das tensões prove-
nientes dos diversos esforços atuantes na tubulação devem cumprir as seguintes diretrizes:
1. A tensão máxima devida à pressão interna ou externa (𝑆𝑝 𝑚á𝑥.) não deve ser supe-
rior a tensão admissível básica do material na temperatura considerada (𝑆ℎ ). Onde
a tensão máxima devida à pressão interna é relacionada com as tensões circunferen-
ciais, radiais e longitudinais por meio de algum critério de falha para escoamento
(os mais utilizados são os critérios de von Mises e Tresca). Neste trabalho é utilizado
o critério de von Mises, chegando na seguinte relação:
𝑆𝑝 𝑚á𝑥. ≤ 𝑆ℎ
𝜎𝑚𝑖𝑠𝑒𝑠 ≤ 𝑆ℎ (2.42)
𝑆𝐿 ≤ 𝑆ℎ
𝜎𝐿 ≤ 𝑆ℎ (2.43)
32
3. A tensão combinada resultante das diversas tensões secundárias (dilatações, mo-
vimentos, etc.), equivalent secondary stress (𝑆𝑒 ), deve ser inferior ao valor de 𝑆𝐴 .
𝑆𝑒 ≤ 𝑆𝐴 (2.44)
∘
∙ Mudança de direção em tubos (22 21 , 45∘ , 90∘ e 180∘ )
∙ Derivações em tubos
– Tês normais;
– Tês de 45∘ ;
– Tês de redução;
– Peças em "Y ";
– Cruzetas (crosses);
– Cruzetas de redução;
– Selas (saddles);
– Colares;
– Anéis de reforço.
– Reduções concêntricas;
– Reduções excêntricas;
– Reduções bucha.
∙ Ligações de tubo
33
– Luvas (couplings);
– Uniões;
– Flanges;
– Niples;
– Virolas.
– Tampões;
– Bujões;
– Flanges cegos.
∙ Conexões rosqueadas;
∙ Conexões flangeadas;
34
norma ASME B31.3 como tendo resistência equivalente ao tubo de mesmo material e
de mesma espessura. Esta norma também permite o emprego de ligações soldadas, sem
restrições quanto ao serviço, pressão ou temperatura, em tubos de qualquer material
metálico para o qual seja possível qualificar devidamente um procedimento de soldagem
aceitável. (ASME B16.9, 2012) (ASME B31.3, 2016)
As conexões para solda de topo possuem ampla parcela na prática industrial, nas
tubulações com diâmetro nominal de 2” ou maiores. Mas também é utilizada em diâmetros
menores, quando é exigida total segurança contra vazamentos. Na figura 19 observa-se uma
curva de 90∘ para solda de topo de raio longo e raio curto, onde a distinção entre as duas
está no raio médio da curvatura (𝐴).
Figura 19: Curva de 90∘ para solda de topo. (SANDVIK, 2017) Modificado
35
Figura 20: Dimensões dos chanfros para solda de topo. (ASME B16.25, 2012)
36
Figura 21: Especificações indicadas conforme o grau ASTM. (TECÉM, 2013)
No Brasil fabricam-se essas peças de qualquer tipo de aço até 42"de diâmetro
nominal, nas espessuras das séries 40, 80 e 160. A espessura da parede da conexão deve
ser a mesma da parede do tubo para evitar problemas na realização da solda.
A tabela 4 resume as principais vantagens e desvantagens na aplicação de conexões
para solda de topo:
Esse tipo de conexão (figura 22) possui as extremidades com encaixe para soldagem
nos tubos, não sendo possível a ligação entre duas conexões desse modelo. Como nas
conexões para solda de topo, as conexões para solda de encaixe exigem que o material do
tubo seja o mesmo da conexão, ou de material de mesmo "número P". As conexões para
solda de encaixe são aplicadas na maioria das tubulações de pequeno diâmetro (até 12 ”),
no contexto de tubulações industriais.
Para estas dimensões, a solda de encaixe pode ser empregada em toda faixa usual
de pressões e de temperaturas, para tubos de qualquer tipo de aço. Vale ressaltar que para
37
todos os aços a solda sempre é elétrica, com consumíveis do mesmo material dos tubos.
Em serviços de alta corrosão ou erosão não se recomenta a utilização da solda
de encaixe. Também é vetado a utilização deste tipo de conexão em serviços fortemente
cíclicos com diâmetros acima de 1 12 ”.
Figura 22: Exemplos de conexões para solda de encaixe. (SANDVIK, 2017) Modificado
Figura 23: Dimensões mínimas para soldagem de componentes para conexões por solda
de encaixe. (ASME B31.3, 2016)
Os acessórios devem ser fabricados com base em peças forjadas, barras, tubos sem
38
costura ou produtos tubulares sem costura. Estes materiais devem estar em conformidade
com os requisitos para os materiais de construção sem costura "WP":
Tabela 5: Correlação das classes com a série schedule em conexões para solda de encaixe.
(ASME B16.11, 2016)
Schedule
Classe
(Tubo)
3000# 80
6000# 160
9000# XXS
39
2.11 MECÂNICA DA FRATURA
∙ Trinca na raiz: tem início na raiz da solda, localizada na zona fundida ou na zonada
afetada termicamente;
∙ Trinca ramificada: conjunto de trincas que partem de uma trinca, localizada na zona
fundida, na zona afetada termicamente ou no metal de base.
40
Figura 24: Descontinuidades em juntas soldadas. (OPTIMEC CONSULTANTS, 2014)
41
Figura 26: Distribuição das tensões na ponta da trinca interna.
𝜕𝑢
𝜖𝑥 = (2.45)
𝜕𝑥
𝜕𝑣
𝜖𝑦 = (2.46)
𝜕𝑦
𝜕𝑢 𝜕𝑣
𝛾𝑥𝑦 = + (2.47)
𝜕𝑦 𝜕𝑥
Um fato importante a se destacar é que se arbitrarmos funções quaisquer para
as componentes de deformação (𝜖𝑥 , 𝜖𝑦 e 𝛾𝑥𝑦 ), não se pode assegurar que elas irão garan-
tir a existência das componentes de deslocamento (u, v e w) que levem a deformações
compatíveis. Para resolver tal questionamento há as equações de compatibilidade de de-
formações que asseguram a existência de componentes de deslocamentos que estejam
relacionadas às componentes de deformação, caso a equação de compatibilidade seja sa-
42
tisfeita.(TIMOSHENKO; GOODIER, 1970) (MORAES, 2009)
𝜕 2 𝜖𝑥 𝜕 2 𝜖𝑦 𝜕 2 𝛾𝑥𝑦
+ = (2.48)
𝜕𝑦 2 𝜕𝑥2 𝜕𝑥𝜕𝑦
1
𝜖𝑥 = (𝜎𝑥 − 𝜈𝜎𝑦 ) (2.49)
𝐸
1
𝜖𝑦 = (𝜎𝑦 − 𝜈𝜎𝑥 ) (2.50)
𝐸
2(1 + 𝜈)
𝛾𝑥𝑦 = 𝜏𝑥𝑦 (2.51)
𝐸
Realizando a substituição das equações (2.49), (2.50) e (2.51) na equação (2.48),
chega-se nas equação da compatibilidade de deformações em função das tensões.
𝜕 2 𝜎𝑥 𝜕 2 𝜎𝑦 𝜕 2 𝜎𝑥 𝜕 2 𝜎𝑦 𝜕 2 𝜏𝑥𝑦
( 2 + )+( 2 + ) = 2(1 + 𝜈) (2.52)
𝜕𝑦 𝜕𝑥2 𝜕𝑥 𝜕𝑦 2 𝜕𝑥𝜕𝑦
𝜕𝜎𝑥 𝜕𝜏𝑥𝑦
+ + 𝑏𝑥 = 0 (2.53)
𝜕𝑥 𝜕𝑦
43
𝜕𝜎𝑦 𝜕𝜏𝑥𝑦
+ + 𝑏𝑦 = 0 (2.54)
𝜕𝑦 𝜕𝑥
Realizando a soma da derivada da equação (2.53) com relação a x com a derivada
da equação (2.54) com relação a y, temos:
𝜕𝑏𝑥 𝜕𝑏𝑦
∇2 (𝜎𝑥 + 𝜎𝑦 ) = −(1 + 𝜈)( + ) (2.56)
𝜕𝑥 𝜕𝑦
Como as únicas forças de campo atuantes no elemento infinitesimal são as forças
gravitacionais (𝑏𝑥 = 0 e 𝑏𝑦 = −𝜇𝑔), chega-se na forma final para a equação de compatibi-
lidade de deformações expressa em função das tensões:
∇2 (𝜎𝑥 + 𝜎𝑦 ) = 0 (2.57)
𝜕𝜎𝑥 𝜕𝜏𝑥𝑦
+ =0 (2.58)
𝜕𝑥 𝜕𝑦
𝜕𝜎𝑦 𝜕𝜏𝑥𝑦
+ =0 (2.59)
𝜕𝑦 𝜕𝑥
∇2 (𝜎𝑥 + 𝜎𝑦 ) = 0 (2.60)
𝜕 2 𝜑(𝑥, 𝑦)
𝜎𝑥 = (2.61)
𝜕𝑦 2
44
𝜕 2 𝜑(𝑥, 𝑦)
𝜎𝑦 = (2.62)
𝜕𝑥2
𝜕 2 𝜑(𝑥, 𝑦)
𝜏𝑥𝑦 = − (2.63)
𝜕𝑥𝜕𝑦
Há diversas funções 𝜑(𝑥, 𝑦) que satisfazem as equações de equilíbrio, pois são ime-
diatamente satisfeitas, porém ainda é necessário satisfazer a equação de compatibilidade
de deformações. Substituindo as equações (2.61) e (2.62) na equação de compatibilidade
e simplificando, obtemos:
De uma forma geral, nos problemas planos de elasticidade linear, o desafio é deter-
minar uma função 𝜑(𝑥, 𝑦) que satisfaça a equação bi-harmônica (2.64). tal função 𝜑(𝑥, 𝑦)
é denominada função de Airy.
De acordo com Unger (1995), para a solução do problema de Griffith adota-se uma
função de variáveis complexas que satisfaz também as condições de contorno do problema.
Assim, as componentes de tensão em pontos próximos da fissura são determinadas em
função da distância r e do ângulo 𝜃 (figura 26). As equações (2.65), (2.66), (2.67), (2.68),
(2.69) e (2.70) são válidas para o modo I de carregamento: (DOWLING, 2012)
√
𝜎 𝜋𝑎 𝜃 𝜃 3𝜃
𝜎𝑥 = √ 𝑐𝑜𝑠 (1 − 𝑠𝑒𝑛 𝑠𝑒𝑛 ) (2.65)
2𝜋𝑟 2 2 2
√
𝜎 𝜋𝑎 𝜃 𝜃 3𝜃
𝜎𝑦 = √ 𝑐𝑜𝑠 (1 + 𝑠𝑒𝑛 𝑠𝑒𝑛 ) (2.66)
2𝜋𝑟 2 2 2
√
𝜎 𝜋𝑎 𝜃 𝜃 3𝜃
𝜏𝑥𝑦 = √ 𝑠𝑒𝑛 𝑐𝑜𝑠 𝑐𝑜𝑠 (2.67)
2𝜋𝑟 2 2 2
45
pois o corpo é finito e a trinca pode ter diferentes formas, assim, para o modo I de
solicitação, tem-se: (UNGER, 1995)
√ 𝑎
𝐾𝐼 = 𝜎 𝜋𝑎𝑓 ( ) (2.71)
𝑤
Onde a função 𝑓 ( 𝑤𝑎 ) é uma função adimensional de correção geométrica e do car-
regamento (a é a extensão da fissura e w representa uma dimensão significativa do sólido
fissurado). A literatura apresenta poucos casos onde a função 𝑓 ( 𝑤𝑎 ) é conhecida, assim
há necessidade de implementação de uma metodologia numérica, método dos elementos
finitos ou método dos elementos de contorno, para obtenção de 𝐾𝐼 .
46
3 MODELAGEM NUMÉRICA E
RESULTADOS
Tabela 7: Descrição sucinta dos módulos do Abaqus 6.14. (SIMULIA ABAQUS 6.14,
2015)
Módulo Descrição
Part Criar a geometria da peça.
Definir as propriedades do material;
Property
Criar a seção de análise com o material definido.
Assembly Instanciar as peças na montagem.
Criar as "etapas"da simulação;
Step
Editar as variáveis de saída.
Interaction Criar interações entre partes ou entre a parte e o material.
Load Adicionar as condições de contorno e carregamentos.
Mesh Criar malhas de elementos finitos.
Job Realizar o processamento da análise.
Visualization Apresentar os resultados obtidos.
A análise foi dividida em duas etapas, análise contra escoamento e análise contra
fratura. Inicialmente avaliou-se a integridade da conexão e do tubo para que os mesmos
47
não atinjam valores de tensões que promovam a plasticidade do material. Desta forma
aumentou-se gradualmente a pressão interna para determinar o campo de tensões ao longo
do corpo e assim definiu-se o valor máximo das tensões de von Mises para que não exceda
o limite de escoamento do material.
Após a definição do valor máximo da pressão interna que pode ser aplicada,
estabeleceu-se qual o comprimento máximo permissível para uma trinca circunferencial
passante em tubo pressurizado, com uma pressão hidrostática ligeiramente inferior à pres-
são máxima aplicada para que o material escoe. Para isso realizou-se, primeiramente, uma
validação da rotina utilizada no software de elementos finitos de acordo com a solução
analítica de tubos de parede fina presente na literatura.
As seções 3.1 e 3.2 apresentam de forma detalhada a metodologia utilizada para
cada tipo de análise. Nelas são abordados os parâmetros inseridos de acordo com a tabela
7.
Visa-se estabelecer a máxima pressão interna que pode ser aplicada desde que o
material não atinja o limite de escoamento, para que o modelo se encontre no regime
elástico do gráfico tensão-deformação. Dentro do regime elástico não há deformações de-
finitivas (as deformações são restituídas quando os carregamentos são retirados), sendo
um fator de extrema importância para a segurança do projeto.
Esta seção é dividida em duas subseções (conexão para solda de topo e conexão
para solda de encaixe) para avaliar individualmente cada uma das conexões. Inicialmente
analisa-se a conexão para solda de topo, pois há maior facilidade para comparar os re-
sultados analíticos e numéricos. Deste modo pode-se definir o tamanho do elemento que
também é aplicado na conexão para solda de encaixe.
A princípio deseja-se verificar qual a maior pressão interna que pode ser aplicada
em tubo com conexão para solda de topo sem que haja escoamento do mesmo, admitindo
que não há trincas decorrentes no processo de soldagem. Desta forma pode-se analisar a
distribuição das tensões ao longo do tubo para diferentes valores de carregamento.
Para a realização da simulação numérica deve-se inserir os parâmetros de entrada
através dos módulos do software (tabela 7). A descrição das etapas da simulação são
48
realizadas seguindo as requisições de cada módulo, de forma que o processo possa ser
replicado.
A geometria a ser analisada é mostrada na figura 28, onde há as dimensões de
um tubo com diâmetro nominal de 2"e SCH 160. Tal geometria é dividida em quadrantes
de forma que apenas um quarto seja analisado, visando minimizar custo computacional e
facilitar a adição de condições de contorno. No módulo property as propriedades mecânicas
(elásticas e plásticas) do aço AISI 1020, mostradas na seção 2.2, são inseridas e atribuídas
à seção do tubo.
49
∙ Frequência (frequency): especifica a frequência na qual os resultados são escritos
na base de dados da saída. No presente trabalho é utilizado a opção padrão do
software, onde o resultado é emitido a cada incremento da simulação numérica
(every n increments);
∙ Variáveis de saída (output variables): define as variáveis de saída que são calculadas
e posteriormente exibidas no módulo visualization. Selecionou-se as variáveis padrão
do software (tensões, deformações, deslocamentos e reações) com adição da variável
PEEQ (equivalent plastic strain). É uma variável identificadora do tipo binária que
aponta os elementos que escoaram ou não.
Figura 29: Condições de contorno e carregamentos aplicados à conexão para solda de topo.
50
convenientes na escala de tempo. Para o caso, os valores da pressão interna e da tensão
longitudinal variam de acordo com o incremento do step, como mostra a tabela 8.
Assim pode-se avaliar o campo de tensões atuantes no corpo para uma pressão
interna variando entre 10 e 100 MPa. Os valores obtidos para cada pressão interna e
tensão longitudinal permitem definir quando o material para de responder elasticamente
e começa a ter comportamento plástico.
A discretização, realizada no módulo mesh, é feita baseada no tamanho e forma
dos elementos. Para calcular a tensão equivalente de von Mises, pelo método analítico,
para um tensor tridimensional de tensões utiliza-se a equação (3.1). Então o tamanho dos
elementos na área refinada (tamanho local) é definido de forma que as tensões equivalentes
de von Mises obtidas numericamente sejam próximas (diferença percentual máxima de 5%)
dos valores obtidos analiticamente.
1 √︁ 2 + 𝜏2 + 𝜏2 )
𝜎𝑚 𝑖𝑠𝑒𝑠 = √ . (𝜎𝑐 − 𝜎𝑟 )2 + (𝜎𝑟 − 𝜎𝐿 )2 + (𝜎𝐿 − 𝜎𝑐 )2 + 6.(𝜏𝑐𝑟 𝑟𝐿 𝐿𝑐 (3.1)
2
Desta forma pode-se definir o tamanho dos elementos através de um processo ite-
rativo até que se atinja a diferença percentual estipulada. O tamanho global dos elementos
é definido com a ferramenta seed part, aplicando um tamanho aproximado de 1 mm. Já
o tamanho local (aplicado em arestas selecionadas na região refinada) é definido com a
ferramenta seed edges, aplicando um tamanho baseado no número de elementos em cada
aresta (25 elementos e bias ratio igual a 4). A figura 30 representa as especificações e os
locais dos elementos designados para cada aresta. Por último, deve-se informar a forma
do elemento aplicado. No caso são aplicados elementos hexagonais estruturais por toda a
geometria.
51
Figura 30: Discretização da conexão para solda de topo.
Por fim utiliza-se o módulo job do tipo análise completa (full analysis) que inte-
gra todos os parâmetros inseridos e realiza a simulação numérica por elementos finitos,
obtendo assim os resultados.
52
Figura 31: Dimensões da peça (cotas em mm).
53
Figura 33: Discretização da conexão para solda de encaixe.
54
Tabela 9: Tensões obtidas analiticamente e numericamente para a conexão de topo (uni-
dades em MPa).
Pressão Tensão radial Tensão Circunferencial Tensão Longitudinal Tensão de Mises
Interna Diferença
Analítico Numérico Analítico Numérico Analítico Numérico Analítico Numérico
Percentual
10 -10,0 -9,7 30,4 30,1 10,2 10,2 35,0 34,5 1,3
20 -20,0 -19,5 60,7 60,2 20,4 20,4 69,9 69,0 1,3
30 -30,0 -29,2 91,1 90,3 30,5 30,5 104,9 103,6 1,2
40 -40,0 -38,9 121,5 120,4 40,7 40,7 139,8 138,1 1,3
50 -50,0 -48,7 151,8 150,5 50,9 50,9 174,8 172,6 1,3
60 -60,0 -58,4 182,2 180,6 61,1 61,1 209,7 207,2 1,2
70 -70,0 -68,2 212,6 210,7 71,3 71,3 244,7 241,7 1,2
80 -80,0 -77,9 242,9 240,8 81,5 81,5 279,7 276,2 1,3
90 -90,0 -87,6 273,3 270,9 91,6 91,6 314,6 310,7 1,3
100 -100,0 -97,4 303,7 301,0 101,8 101,8 349,6 345,3 1,2
*101 -101,0 -98,3 306,7 304,0 102,9 102,9 353,1 348,7 1,2
A figura 34 mostra a distribuição das tensões de von Mises para uma pressão in-
terna de 101,00 MPa e tensão longitudinal de 102,85 MPa, maior carregamento suportado
pelo aço AISI 1020 para as condições de contorno adotadas.
55
Figura 35: Tensão longitudinal para a conexão de topo.
A figura 36 mostra a distribuição das tensões de Mises para uma pressão interna
de 90,00 MPa e tensão longitudinal de 91,64 MPa. Nota-se que esta é a maior pressão
que pode ser inserida para que o material não escoe.
56
Figura 36: Tensão equivalente de von Mises para a conexão de encaixe.
57
Outro fato que deve ser observado é que a trinca foi inserida na margem à direita
(margem localizada no menor diâmetro) do cordão de solda, pois é a região com maiores
valores da tensão longitudinal. A margem à esquerda possui tensões relativamente baixas
e assim não foi utilizada na análise contra fratura.
Para realização da validação do modelo são apresentados dois casos com solução
analítica para modo I de carregamento: trinca longitudinal passante em um tubo pressu-
rizado na ausência de tensões longitudinais e trinca circunferencial passante em um tubo
sujeito a tração na ausência de pressão interna. Com isso pode-se comparar os resultados
obtidos via solução analítica e numérica, e assim definir os critérios de discretização, as
condições de contorno e as especificações de interação entre a trinca e o corpo.
58
∙ TRINCA LONGITUDINAL PASSANTE
√
𝐾𝐼 = 𝜎𝑐 𝐹 𝜋𝑐 (3.2)
1
𝐹 = (1 + 0, 52.𝜆 + 1, 29.𝜆2 − 0, 074.𝜆3 ) 2 (3.3)
59
propriedades plásticas do material, pois o software recorre a mecânica da fratura linear
elástica para o desenvolvimento dos cálculos. Deste modo o material é atribuído à seção
do tubo, não sendo necessária a atribuição de material à trinca, pois tal peça só possui a
função de apontar para o software a geometria e a localização da mesma.
Para obter o fator de intensidade de tensões para problemas quase estáticos utiliza-
se o método estendido dos elementos finitos (extended finite element method, XFEM ).
O XFEM permite analisar problemas que envolvem trincas estacionárias ou trincas que
60
crescem em um caminho arbitrário. O software dá suporte à utilização de tal método, basta
acessar o menu special no módulo interaction. No menu deve-se selecionar primeiramente
a opção crack e posteriormente a opção XFEM. Para realizar uma análise de trinca com
o XFEM é exigido especificar alguns parâmetros: (SIMULIA ABAQUS 6.14, 2015)
∙ Domínio da trinca (crack domain): representa as regiões que contém alguma trinca
ou regiões em que uma trinca pode ser inciada e propagada. O domínio da trinca
selecionado é dado pelo corpo do tubo (figura 39(a));
Após a definição dos critérios da trinca, pode-se utilizar os editores history output
request e field output request para solicitar as variáveis de saída. Para obter os resultados
no caso de uma trinca do tipo XFEM, o editor history output request é utilizado para
solicitar a solução obtida por meio do método da integral de contorno. Na caixa de diálogo
apresentada pelo software há alguns parâmetros que devem ser alterados: (SIMULIA
ABAQUS 6.14, 2015)
61
∙ Número de contornos (number of contours): cada contorno fornece uma avaliação da
integral de contorno. O Abaqus calcula a próxima integral de contorno adicionando
uma única camada de elementos à região definida pelo domínio anterior. Nesta seção
são definidos três contornos para análise;
62
Figura 41: Malha empregada para o caso de um tubo pressurizado com uma trinca lon-
gitudinal passante.
63
padronizados e previsíveis se comparados com os resultados analíticos.
Figura 42: Relação entre o tamanho do elemento e o número de nós existentes na frente
da trinca.
Por último, a análise do tipo completa é submetida no módulo job para posterior
visualização dos resultados no módulo visualization.
√
𝐾𝐼 = 𝐹 𝜎𝐿 𝜋.𝑐 (3.4)
64
O fator de correção geométrico e de carregamento 𝐹 é dado basicamente em função
das propriedades mecânicas (𝜈), das dimensões do tubo (𝑅 e 𝑡) e das dimensões trinca (𝛼).
As equações de (3.5) a (3.12) relacionam tais variáveis de forma a obter novas propriedades
geométricas e mecânicas do modelo analisado. (FORMAN, 1986)
𝑐
𝑥= (3.5)
𝑅
√︃
𝑡 −1
𝑘= .[12.(1 − 𝜈 2 )] 4 (3.6)
𝑅
𝑥
𝑏= (3.7)
2.𝑘
Para calcular o valor de 𝛽 deve-se verificar o valor de 𝑏. A equação (3.8) é aplicada
para valores de 𝑏 maiores que 1 e a equação (3.9) é aplicada para valores de 𝑏 menores ou
iguais a 1.
√
8.𝑏 0,5 0, 179 0,885
𝛽=( ) +( ) (3.8)
𝜋 𝑏
𝜋 2
𝛽 =1+( ).𝑏 − 0, 0293.𝑏3 (3.9)
16
Após calcular 𝛽, há ainda de se calcular as variáveis ℎ, 𝑓 e 𝐼𝑜 .
√
2
ℎ= √ (3.10)
cot( 𝜋−𝛼
√ )
2
+ 2. cot(𝛼)
ℎ.[1 − 𝛼. cot(𝛼)]
𝑓 =1+ (3.11)
2.𝛼
√ 𝜋.𝛽 2 𝛼2
𝐼𝑜 = [ 8.(𝑓 2 − 1) + ]. (3.12)
𝑏 𝑘
Com a determinação de tais variáveis (equações (3.5) a (3.12)) é possível determi-
nar finalmente o valor de 𝐹 . Tal rotina de cálculo é uma solução fechada que requer certo
esforço na obtenção do valor de 𝐹 . Há tabelas na literatura que facilitam a obtenção de
tal fator apenas com a razão entre o raio e a espessura da parede. No presente trabalho
utilizou-se as equações apresentadas para obter maior precisão nos cálculos.
𝐼𝑜 1
𝐹 =( )2 (3.13)
2.𝜋.𝑥
O fator intensidade de tensão determinado na equação (3.4) é formulado conside-
rando as seguintes hipóteses: solução desenvolvida para tubos de parede fina; comprimento
circunferencial suficientemente longo se comparado com o comprimento da trinca.
A entrada de dados necessária para a simulação numérica é semelhante a já apre-
sentada para um tubo pressurizado com uma trinca axial passante. O tubo do tipo solid
65
extrudado tem as mesmas dimensões apontadas na figura 39(a) e a trinca circunferencial
possui as dimensões mostradas na figura 44. Como para a trinca longitudinal, o semi-
ângulo , 𝛼, da trinca circunferencial varia de 10∘ a 90∘ para melhor comparação com a
formulação analítica. Com a definição da geometria,pode-se atribuir o material, aço AISI
1020, ao tubo.
66
Tabela 12: Parâmetros de entrada para inserção de uma trinca do tipo XFEM para um
tubo sujeito a tração.
Parâmetro Descrição
Domínio da
Tubo, sólido extrudado (fig. 39(a));
trinca
Crescimento da
Desmarcado, trinca estacionária;
trinca
Localização da
Trinca circunferencial, shell planar(fig. 45);
trinca
Raio de Padrão, três vezes o comprimento típico do
enriquecimento elemento da região de enriquecimento;
Propriedade de
Desmarcado, não há contato.
contato
∙ Tipo da região de restrição (constraint region type): o usuário pode selecionar uma
superfície (surface) a partir de dados geométricos ou criar uma superfície baseada
nos nós da malha (node region). No presente trabalho selecionou-se a superfície
destacada na figura 45;
67
domínio e da frequência de saída.Além disso há a adição das variáveis de saída PHILSM
e PSILSM.
No módulo load são inseridos o carregamento e as condições de contorno conforme
a figura 46. Neste caso há apenas um carregamento, a força longitudinal. O valor da força
longitudinal é calculado a partir da tensão longitudinal derivada da pressão interna de 100
MPa que existiria na face interna do tubo. Com os valores da tensão longitudinal (101,8
MPa) e da área interna do tubo (𝜋𝑅𝑖2 ), pode-se calcular o valor da força longitudinal
necessária para representar tal tensão. Desta forma, insere-se a força longitudinal no
ponto de referência mostrado na figura 45.
São aplicadas duas condições de contorno na peça. Primeiramente é aplicado a
condição de simetria em z em uma das extremidades do tubo, como efetuado para os
modelos de escoamento. Logo em seguida é aplicado restrições de deslocamento e rotação
no ponto de referência, não permitindo rotação em torno de z e nem deslocamentos nas
direções y e x.
Figura 46: Condições de contorno e carregamentos adotados para uma trinca circunferen-
cial passante em um tubo sujeito a tração.
68
Figura 47: Malha empregada para o caso de um tubo com uma trinca circunferencial
passante sujeito a tração.
Esta seção é inserida apenas para organização da estrutura do texto, pois todos
os parâmetros de entrada são iguais ao caso de uma trinca circunferencial passante em
um tubo tensionado. A única distinção está no fato que há a adição de um carregamento
no módulo load. Como mostrado nos resultados da análise contra escoamento, a maior
pressão suportada é de 102 MPa, assim inseriu-se uma pressão ligeiramente inferior (100
MPa) na face interna do tubo. Esta pressão interna gera uma tensão longitudinal de 101,8
MPa que ainda deriva uma força longitudinal de 147 kN, como ilustrado na figura 46. As
condições de contorno também são as mesmas apontadas pela figura.
A tabela 13 mostra de forma resumida os parâmetros inseridos em cada módulo:
Tabela 13: Descrição resumida dos parâmetros utilizados para conexão de topo.
Módulo Descrição
Part Sólido (fig. 39(a)) e shell (fig. 44);
Property Aço AISI 1020 (tab. 1);
Assembly Posicionamento centralizado da trinca (fig. 45);
Step Automático (𝑛∘ máx. 10000), 0,1:10−10 :1 ;
Interaction Restrição de acoplamento e trinca XFEM (fig. 45) ;
Load Fig. 46 + pressão interna;
Mesh Fig. 47;
Job Análise completa.
69
3.2.1.3 CONEXÃO PARA SOLDA DE ENCAIXE
Por último tem-se a conexão para solda de encaixe com uma trinca circunferencial
passante. A geometria do sólido (tubo, cordão de solda e conexão) é a mesma apresentada
na figura 31, porém a revolução é completa (360∘ ) para que se possa inserir uma trinca de
90∘ . A geometria da trinca é do tipo shell e é a mesma apontada na figura 44. O material,
aço AISI 1020, é aplicado ao longo de toda a geometria, já que há a consideração que
o tubo e o cordão de solda possuem materiais com propriedades mecânicas semelhantes.
(ASME B31.3, 2016)
Com as geometrias definidas, as peças são instanciadas e montadas de acordo com
a figura 48. A trinca é posicionada na seção crítica do tubo, onde há a menor espessura
de parede (8,738 mm) e maiores tensões longitudinais (figura 37).
70
Tabela 14: Parâmetros de entrada para inserção de uma trinca do tipo XFEM para a
conexão de encaixe.
Parâmetro Descrição
Domínio da
Tubo/conexão/solda, sólido revolucionado (fig. 31);
trinca
Crescimento da
Desmarcado, trinca estacionária;
trinca
Localização da
Trinca circunferencial, shell planar(fig. 48);
trinca
Raio de Padrão, três vezes o comprimento típico do
enriquecimento elemento da região de enriquecimento;
Propriedade de
Desmarcado, não há contato.
contato
71
Figura 49: Condições de contorno e carregamentos adotados para a conexão de encaixe.
Figura 50: Discretização da conexão para solda de encaixe com uma trinca circunferencial
passante.
72
55 e 56 mostram o campo do módulo dos vetores deslocamentos nos nós (magnitude of
spatial displacement at nodes, 𝑈 2 = 𝑈 12 + 𝑈 22 + 𝑈 32 ).
Como já mostrado na seção validação (no caso de uma trinca longitudinal pas-
sante), o tamanho do elemento empregado na região refinada é de 1 mm, gerando assim
diferenças percentuais menores ou iguais a 7%. Este valor é consideravelmente pequeno,
já que a formulação analítica considera tubos de parede fina. Outro ponto a ser frisado
é que os resultados numéricos foram baseado no coeficiente de Poisson do aço AISI 1020
que é ligeiramente inferior ao coeficiente utilizado na formulação analítica.
A figura 51 mostra o campo de deslocamentos em torno da trinca axial para um
tubo pressurizado na ausência da tensões longitudinais.
Figura 51: Campo de deslocamentos em torno da trinca axial para um tubo pressurizado
(na ausência da tensões longitudinais) , com 𝑐 igual a 12,5 mm.
73
Figura 52: Fator intensidade de tensão para um tubo pressurizado (na ausência de tensões
longitudinais) em função do semi-comprimento da trinca.
74
abertura da trinca são apresentados na tabela 15 e plotados na figura 54.
Nota-se que as diferenças percentuais possuem grande expressão para este caso,
principalmente para maiores ângulos de abertura da trinca. Há duas justificativas plau-
síveis para tal fato: a solução analítica é desenvolvida para tubos de parede fina; e o
comprimento da trinca é relativamente longo se comparado com o comprimento circunfe-
rencial do tubo.
Vale salientar que um teste de redução do tamanho do elemento foi realizado
para checar se há alguma relação com a discretização efetuada, porém os resultados não
sofreram nenhuma alteração (<2%).
75
Figura 54: Fator intensidade de tensão para um tubo sujeito a tração (na ausência da
pressão interna) em função do semi-ângulo da trinca.
Finalmente avalia-se a conexão para solda de topo e para solda de encaixe, ambas
sujeitas à pressão interna e tensão longitudinal. As figuras 55 e 56 mostram o campo de
deslocamentos ao redor da trinca para solda de topo e encaixe, respectivamente.
76
Figura 56: Campo de deslocamentos em torno da trinca circunferencial para a conexão
de encaixe (𝛼 igual a 40 graus).
77
Tabela 16: Fator de intensidade de tensão em função do semi-ângulo de abertura da trinca
circunferencial para a conexão de encaixe e topo.
Fator de intensidade
√ de tensão
Semi-ângulo
(K, MPa 𝑚)
(𝛼, graus)
Topo Encaixe
10 13,15 10,11
20 20,58 16,23
30 27,70 21,39
40 37,05 27,30
50 47,78 35,32
60 62,47 44,90
70 79,03 59,20
80 105,24 78,41
90 137,92 102,01
√
Como a tenacidade a fratura do aço AISI 1020 é de 51 MPa 𝑚, pode-se definir
o semi-ângulo de abertura máximo para as duas conexões. A conexão para solda de topo
admite uma trinca com semi-ângulo máximo de 52,19 graus e a conexão para solda de
encaixe admite uma trinca com semi-ângulo máximo é de 64,26 graus. Determinando
assim que a conexão para solda de encaixe admite uma trinca com maior comprimento
circunferencial, se comparado com a conexão para solda de topo, quando submetida a um
carregamento que gere tensões próximas ao escoamento.
78
Para eliminar a dependência do carregamento, o fator de correção para o fator de
intensidade de tensão para o modo I é isolado da equação (3.4). Realizando as devidas
substituições e isolando o fator de correção, tem-se a equação (3.14).
𝐾𝐼 𝐾𝐼 𝐾𝐼
𝐹 = √ = 𝑟𝑖2 𝑃𝑖𝑛𝑡
√︁ = 𝑟𝑖2 𝑃𝑖𝑛𝑡
√︁ (3.14)
𝜎𝑙𝑜𝑛𝑔 𝜋𝑐 𝜋(𝛼𝑟𝑚𝑒𝑑𝑖𝑜 ) 𝜋(𝛼 𝑟𝑒 +𝑟𝑖
)
𝑟𝑒2 −𝑟𝑖2 𝑟𝑒2 −𝑟𝑖2 2
Nota-se que o fator de correção também é função do raio externo (𝑟𝑒 ) e do raio
interno (𝑟𝑖 ). Para padronizar os resultados, utiliza-se na literatura a razão do raio médio
sobre a espessura ( 𝑟𝑚𝑒𝑑𝑖𝑜𝑡
). Liu (2005) mostra em sua obra um conjunto de curvas para
𝑟𝑚𝑒𝑑𝑖𝑜
diferentes razões 𝑡 , porém o valor mínimo apresentado é igual a 7. No caso apresentado
tal razão é igual a 2,95.
Atribuindo diferentes valores de 𝛼 e 𝐾𝐼 na equação (3.14), pode-se obter um
conjunto de dados (tabela 17) que definem o fator de correção para uma razão 𝑟𝑚𝑒𝑑𝑖𝑜
𝑡
igual
a 2,95.
79
Figura 58: Fator de correção em função do semi-ângulo de abertura da trinca circunfe-
rencial para a conexão de topo e encaixe.
80
4 CONCLUSÕES
81
objeto de estudo deste trabalho, pois trata de tensões secundárias (dilatação, movimento,
etc.).
Na análise contra fratura é utilizado a mecânica da fratura linear elástica para
o cálculo e avaliação dos resultados analíticos e numéricos. O comprimento máximo ad-
missível da trinca circunferencial é definido através do gráfico que relaciona o fator de
intensidade de tensão e o semi-ângulo de abertura. As curvas são plotadas em um só
gráfico (figura 57), permitindo melhor visualização dos resultados. Assim definiu-se que
o semi-ângulo de abertura máximo admissível é de 52,19 graus para a conexão de topo
quando submetida a uma pressão interna de 100 MPa e para um material com tenaci-
√
dade a fratura igual a 51 MPa 𝑚. Já o semi-ângulo máximo de abertura calculado para a
solda de encaixe é de 64,26 graus para uma pressão interna de 90 MPa e para um material
√
com tenacidade a fratura igual a 51 MPa 𝑚. Conclui-se então que a conexão para solda
de encaixe resiste a um maior comprimento de trinca quando submetida a uma pressão
interna que leve a um nível de tensão próximo ao escoamento.
Também definiu-se o fator de correção para cada uma das conexões, visando elimi-
nar a dependência do carregamento. De acordo com o gráfico plotado (figura 57), válido
apenas para razões 𝑟𝑚𝑒𝑑𝑖𝑜
𝑡
iguais a 2,95, nota-se que o fator de correção, e consequen-
temente o fator de intensidade de tensão, sempre é maior para a conexão de topo. Ao
comparar as duas conexões, constata-se que a conexão para solda de topo suporta com-
primentos de trinca inferiores à conexão para solda de encaixe, quando sujeitas ao mesmo
carregamento.
82
Referências
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978-0127091204. Citado 2 vezes nas páginas 45 e 46.
86
Anexos
87
A Limite de Escoamento 𝑆𝑦 e
tensões admissíveis básicas na
tração (𝑆𝑐 e 𝑆ℎ), em MPa.
88
89
Fonte: (FILHO, 2013)
90
B Fatores de Flexibilidade e
Intensificação de Tensões
91
Fonte: (FILHO, 2013)
92
C Fatores de Intensificação de
Tensões
93
Fonte: (FILHO, 2013)
94
D Série de Shedules segundo a
norma ASME B36.10
95
Fonte: (FILHO, 2013)
96