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A Formação Da Classe Operaria Inglesa Resenha Inicio

O documento resume o livro "A Formação da Classe Operária Inglesa" de Edward Palmer Thompson. O livro analisa como a classe operária inglesa se formou durante os séculos XVIII e XIX, passando de uma multidão de indivíduos para um grupo com identidade e consciência de classe comuns. Thompson define classe como um fenômeno histórico resultante de experiências compartilhadas ao longo do tempo, e não como uma categoria estrutural. O livro teve grande influência ao mudar a percepção sobre os trabalhadores como sujeitos históric
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O documento resume o livro "A Formação da Classe Operária Inglesa" de Edward Palmer Thompson. O livro analisa como a classe operária inglesa se formou durante os séculos XVIII e XIX, passando de uma multidão de indivíduos para um grupo com identidade e consciência de classe comuns. Thompson define classe como um fenômeno histórico resultante de experiências compartilhadas ao longo do tempo, e não como uma categoria estrutural. O livro teve grande influência ao mudar a percepção sobre os trabalhadores como sujeitos históric
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A Formação da Classe Operaria Inglesa

A Árvore da Liberdade

Carmem Machado Geraldo1

O livro intitulado a “Formação da Classe Operaria Inglesa” A arvore da liberdade, foi


escrito por Edward Palmer Thompson nascido cidade de Oxford, na Inglaterra, no dia 3 de
fevereiro de 1924, Thompson foi historiador, socialista, ativista político, poeta e escritor
marxista. Aos 18 anos, afiliou-se ao Partido Comunista inglês. Assim após a Segunda Guerra
Mundial, conheceu sua companheira de vida e de ativismo político, Dorothy Towersn.
Adquiriu sua graduação na renomada Universidade de Cambridge em 1946, onde recebeu o
mérito de graduação em História. Nesse mesmo período ele se tornou militante do Partido
Comunista Britânico. Durante o período Universitário formou um grupo de estudos chamado
Marxista Humanista tendo como participantes Christopher Hill, Raymond Willians, Raphael
Samuel, John Saville, Eric Hobsbawm, Dorothy Thompson, entre outros.

Thompson lecionou como professor convidado em diversas universidades, aos 24


anos, foi admitido na Universidade de Leeds, como docente em cursos não acadêmicos
noturnos (cursos de extensão), cujas aulas eram voltadas para homens e mulheres da classe
trabalhadora operaria de diversos ofícios. Sua inserção nesse contexto, despertou em
Tompson o apreço de tornar-se um historiador da classe operaria.2

Em 1963, Thompson publicou “The Making of the English Working class” no


momento em que o livro foi publicado segundo Mattos(2014), Thompson era conhecido pela
sua intelectualidade de esquerda e ativismo político, embora já houvesse publicado obras
anteriores como professor universitário e historiador não havia reconhecimento, como a
publicação do livro teve repercussão positiva face a seu trabalho acadêmico tornou a obra
referência na história e processo de formação da classe trabalhadora Inglesa.

1
Graduanda do curso de Especialização em Ensino de História e América Latina/ILAACH.
2
A esse respeito ver, MIRA, Marilia Marques et al. Edward P. Thompson e a pesquisa em educação: a
formação de professores em questão. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, v. 98, n. 250, p. 657-671,
2017. Disponível:https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2176-66812017000300657 >Acesso
no dia 04 novembro 2020.
Portanto “em alguns anos o livro seria publicado em versão de bolso, com altas
tiragens, e começaria a ser traduzido para diversos idiomas, ganhando circulação amplíssima”
(Mattos,2014, p.20). Desse modo, críticos e admiradores são quase unânimes e reconhecer
que a obra foi um marco. A publicação do livro foi “importante referência para a passagem de
uma velha a uma nova história do trabalho” ( LINDEN, 2009, 3).

No Brasil, o livro foi traduzido a partir do original, sendo publicado em português


1987, sendo lançada pela aclamada editora Paz e Terra, respeitada pela publicação de livros
acadêmicos. Ao relatar o período de publicação, devemos levar em consideração o momento
político que o País atravessava, que correspondeu portanto, aos anos finais da ditadura militar
instalada no país desde 1964, e lembrar que era o início do processo de redemocratização.
Nesse contexto crescia o “Novo Sindicalismo” como ficou conhecido naquele período,
um movimento de trabalhadores que se unirão com um discurso fortemente marcado pela
defesa da “autonomia”, dos sindicatos e da classe trabalhadora em detrimento a contexto da
política brasileira, através de greves enfrentavam os empresários e a política salarial da
ditadura. (MATTOS,2014).

Todavia, o movimento organizado por trabalhadores, não tinha visibilidade positiva


nas pesquisas universitárias referente a temática dos trabalhadores, segundo Mattos (2014)
nas academias Brasileira no anos 1960/70, observavam a classe trabalhadora operária como
incapazes de enxergam uma ação política efetivamente autônoma. Por outro lado:

Conforme o processo de redemocratização avançou e a as


organizações sindicais e partidárias originárias daquelas lutas contra a ditadura
foram se institucionalizando, os aportes teóricos de Thompson sobre lei e direito
foram tomados como referência para o desenvolvimento de toda uma discussão que
associava as lutas dos trabalhadores, ao longo do século XX brasileiro, à conquista e
defesa de “direitos”, civis, políticos e sociais (mais especialmente “trabalhistas”).
(MATTOS,2014, P.23).

Podemos notar que Thompson, colaborou para a mudanças da percepção e referencial


teórico em relação a interpretações da classe trabalhadora, desse modo quando os
pesquisadores adotavam a sua obra como referência, passaram a enxergar os trabalhadores
como sujeitos de sua própria história, logo esse grupo inexistente de autonomia para a
academia, puderam ter visibilidade como classe trabalhadora. De acordo com Mattos(2014) o
livro A formação da Classe Operaria surgiu, a partir do debate do grupo de historiadores
Comunistas Britânicos e da Experiência de E.P. Thompson nas militâncias política,
juntamente das vivencias nas aulas noturnas que ministrou para jovens e adultos formados por
alunos operários.

A produção Edward Thompson, representa um marco e importante reflexão acerca da


sociedade Inglesa Industrial do final do século XVIII. Conforme, adentramos na leitura do
livro, podemos perceber como é importante compreender a participação de grupos específicos
na nossa sociedade como a classe operária Inglesa. Nesse caso E.P. Thompson promove
visibilidade de fala através de suas produções para um grupo esquecido pela sociedade,
política e meios de comunicação.
Ademais explicados os acontecimentos, que levaram a publicação da obra e contexto
político e acadêmico que se encontrava o Brasil quando foi publicado e traduzido. Podemos a
partir desse momento nos atentar a analisar o livro, nos debruçando nossa analise ao prefacio
da obra, reconhecida em português como “Formação da Classe Operaria Inglesa” A arvore da
liberdade.
No primeiro capítulo do prefacio Thompson, nos provoca a pensar e questionar o
conceito da palavra fazer-se, ao explicar o título, descreve como desajeitado fazer-se
questionando e colocando a palavra como um processo ativo, que se torna ativo pela ação
humana como os meios de condicionamentos que se impõem. “A classe operária não surgiu
tal como o sol numa hora determinada. Ela estava presente ao seu próprio fazer-
se”(THOMPSON,1987,P.9), parafraseando o autor quando refere –se a classe operária não
como algo pronto, que estava determinado a surgir, mas que estava presente.
No parágrafo seguinte, Thompson utiliza o termo “classe” não “classes” para referir-se
aos trabalhadores, esclarecendo que para ele é um termo descritivo, tão esclarecedor quanto
evasivo e a seguir faz sua definição de classe:

“Por classe, entendo um fenômeno histórico, que unifica uma série de


acontecimentos díspares e aparentemente desconectados, tanto da matéria-prima da
experiência como na consciência. Ressalto que é um fenômeno histórico.”
(THOMPSON,1987, P.9).

Por classe, podemos entender que é uma linha de pensamento, condicionada a noção de
relação histórica, que por sua vez o acontecimento de classe é resultado de experiências, sendo
essas experiências acontecm entre meios e sujeitos históricos reais. A palavra classe contudo é
utilizada no sentido de explicar um fenômeno histórico, ao invés de ser empregada como uma
palavra de uso teórico linguístico. Para Thompson (1987) classe não é vista como categoria ou
estrutura, classe é experiência, consciência e fenômeno histórico. Para que classe não configure
algo individual de uma categoria, ela precisa ter objetivo e acontecer de fato em um
determinado tempo, lugar, fazendo sentido nas relações humanas. Desse modo na página
seguinte o autor destaca:

“(...) a classe acontece quando alguns homens, como resultado de


experiências comuns (herdadas ou partilhadas), sentem e articulam a identidade de
seus interesses entre si, e contra outros homens7 cujos interesses diferem (e
geralmente se opõem) dos seus.” (THOMPSON,1987, P. 10)

Para afirmar, a existência da classe Thompson (1987) cita, ao buscarmos na história


pontos isolados de classe e ao tentarmos entender, vamos encontrar apenas multidões de
pessoas com experiências sem conexões:
“Se detemos a história num determinado ponto, não há classes, mas
simplesmente uma multidão de indivíduos com um amontoado de experiências. Mas
se examinarmos esses homens durante um período adequado de mudanças sociais,
observaremos padrões em suas relações, suas ideias e instituições.”
(THOMPSON,1987, P.12)

Portanto, classe deve ser entendida como formação cultural, social e esses processos só
podem ser observados ao longo da história após um determinado período de tempo. Para que
isso ocorra precisa haver nesse contexto mudanças sociais, padrões em suas relações e ideias,
que poderemos observar quando acontece durante um considerável período histórico. Abaixo
observamos um recorte na história que podemos utilizar como exemplo de formação de classe:

“Nos anos 1780 e 1832, pois neles “os trabalhadores ingleses, em sua
maioria, vieram a sentir uma identidade de interesses entre si, e contra seus
dirigentes e empregadores. Essa classe dirigente estava, ela própria, muito dividida,
e de fato só conseguiu maior coesão nesses mesmos anos porque certos
antagonismos se dissolveram (ou se tornaram relativamente insignificantes) frente a
uma classe operária insurgente. Portanto, a presença operária foi, em 1832, o fator
mais significativo da vida política britânica.” (Thompson, 1987, P.12)
Concluindo acima, não é possível detectamos em um espaço isolados da história, um
processo de formação de classe, portanto devemos levar em consideração períodos em que o
processo consiga de fato acontecer, mas para ser observado, é preciso, ser em um longo espaço
de tempo para poder concretizar culturalmente.

Nesta resenha abordamos

Referenciais Bibliográficos:

LINDEN, Marcel van der, História do trabalho: o velho, o novo e o global, Revista Mundos
do Trabalho,vol.1,no.1, jan-jun 2009
((http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/mundosdotrabalho)
MIRA, Marilia Marques et al. Edward P. Thompson e a pesquisa em educação: a formação de
professores em questão. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, v. 98, n. 250, p. 657-
671, 2017.

MATTOS, M. B. A formação da classe operária inglesa: história e intervenção. Trabalho


necessário, Rio de Janeiro, ano 12, n. 18, p. 18-41, 2014.

THOMPSON, Edward Palmer. A Formação da Classe Operária Inglesa: A Árvore da Liberdade. Rio de
Janeiro: Paz e Terra. 1987.

BIBLIOGRAFIA:

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