Comportamento Dinâmico Estruturas Soldadas PDF
Comportamento Dinâmico Estruturas Soldadas PDF
UBERLÂNDIA – MG
2006
iii
iv
A Deus
À minha esposa Camila e filha Bruna
Aos meus pais Valdeci e Mirian
Aos meus irmãos Eduardo e Eliana
v
AGRADECIMENTOS
Aos professores Gilmar Guimarães e Paulo Sérgio Varoto e ao pesquisador João Carlos
Ribeiro Plácido pelas contribuições e disponibilidade em participar da banca examinadora.
Resumo
Abstract
Nowadays, welded structures are widely employed in engineering design. Generally, these
structures have internal stresses (residual stresses) generated by the thermal cycle to which
these parts are submitted during welding process. In many cases, these stresses are not
minimized by means of thermal treatment. Thus, one must take into account the residual
stresses in the design of welded components. However, computation of residual stress field is
not an easy task and, besides, it is important to evaluate the quality of welded components.
Therefore, by using the advantage of the fact that the stress state influences the mechanical
behavior of components and structures (stress stiffening effect), it was proposed to evaluate the
viability of a methodology to control the quality of welded components, by means of dynamic
responses. This way, it was verified experimentally the sensitivity of vibrating natural
frequencies to welding residual stress in different structures. It was confirmed that thin
structures are more sensitive to the stress stiffening effect. To evaluate this effect numerically, a
procedure to simulate welding was validated by using experimental data from literature. This
procedure was used to obtain the residual stress field. This stress field is included in a modal
analysis to verify the modifications of natural frequencies. Numerical results were compared to
experimental results obtained here, showing a good agreement. It was also proposed to use the
electromechanic impedance technique to evaluate the stress stiffening effect. An analysis of the
results shows the possibility of use the stress stiffening effect to implement a methodology for
quality control of welded components.
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.7 Calor latente de fusão na formulação de capacidade térmica (a) e de entalpia
(b)....................................................................................................................... 13
Figura 2.13 Esquema da perfuração e da roseta utilizada nos métodos furo cego e anel
(Lu et al., 1996)................................................................................................... 22
Figura 2.14 Furo cego: perfuração do furo no centro da roseta (Grant e Lord, 2002).......... 22
Figura 3.1 Superfície de variação da FRF pontual com a potência térmica (Vieira Jr.,
2003).................................................................................................................... 33
Figura 3.4 Comparação entre o resultados obtidos por Kamtekar e MEF (Kamtekar,
1978).................................................................................................................... 36
Figura 3.5 Comparação das tensões residuais experimentais e numéricas (Cho et al,
2004).................................................................................................................... 39
ix
Figura 3.6 Isovalores das tensões residuais de soldagem obtido com modelo 3D
(extraído de Depradeux, 2004)............................................................................ 40
Figura 3.8 Comparação entre resultados numéricos e experimentais (Ji et al., 2005)........ 42
Figura 4.1 Vista esquemática e fotos da placa com enrijecedores (dimensões em mm)..... 44
Figura 4.2 Vista esquemática do aparato experimental para o ensaio dinâmico e a malha
desenhada na placa............................................................................................ 45
Figura 4.3 Fotos da placa enrijecida após a soldagem do chanfro de 3 mm, com
destaque para os apêndices no início e fim da placa.......................................... 47
Figura 4.5 Comparação entre FRFs da placa no seu estado inicial e com chanfro de 3
mm....................................................................................................................... 49
Figura 4.6 FRFs da placa no seu estado inicial, com chanfro de 3 mm e solda de 3 mm... 50
Figura 4.7 FRFs da placa para os chanfros de 6 mm (a) e 7,5 mm (b) e respectivas
soldas.................................................................................................................. 51
Figura 4.9 Foto do tubo de 200 mm (de aço carbono) após a soldagem............................. 53
Figura 4.13 Disposição dos cordões de solda (a) e foto do tubo de 400 mm de
comprimento durante a soldagem (b).................................................................. 55
Figura 4.15 FRFs do tubo de 400 mm no estado inicial e após primeira solda...................... 56
Figura 4.16 FRFs do tubo de 400 mm no estado inicial e após cada uma das três soldas... 57
Figura 4.20 FRFs do tubo de 800 mm de comprimento no estado inicial e após soldagem.. 60
x
Figura 4.21 Montagem experimental para os testes dinâmicos nos tubos espessos............ 61
Figura 4.22 Pontos utilizados para obtenção das FRFs para os dois tubos.......................... 61
Figura 4.25 Pontos utilizados para obtenção das FRFs para placas de alumínio.................. 64
Figura 5.1 Modelo de elementos finitos da placa (a) e seção transversal (b)...................... 71
Figura 5.2 Distribuição da entrada de calor na face superior (a) e no plano 2,0 mm
abaixo (b)............................................................................................................. 71
Figura 5.11 Evolução dos deslocamentos em função do tempo nos pontos P1 a P6............ 79
Figura 5.12 Forma deformada final das seções S1 e S2 nas faces inferior (a) e superior
(b)........................................................................................................................ 80
Figura 5.13 (a) campo de deslocamento perpendicular ao plano da placa (em µm) e (b) a
forma deformada final (amplificada 20×)............................................................. 80
Figura 5.14 Campo de tensões residuais (em MPa) na direção longitudinal (a) e
transversal (b)...................................................................................................... 81
Figura 5.15 Tensões residuais na face inferior nas direções longitudinal (a) e transversal
(b) na seção x=150 mm....................................................................................... 82
Figura 6.4 Variação das freqüências naturais da placa de Kaldas e Dickinson para testes
iniciais (experimentais obtidos por Kaldas e Dickinson)...................................... 86
Figura 6.5 Variação das freqüências naturais da placa de Kaldas e Dickinson para
diferentes distribuições de calor.......................................................................... 88
Figura 6.9 Malha do modelo de elementos finitos gerado para a placa de alumínio........... 91
Figura 6.11 Entrada de calor para a Placa 01 na face superior (a) e num plano a 1,59 mm
abaixo da superfície (b)....................................................................................... 92
Figura 6.12 Entrada de calor para a Placa 02 na face superior (a); num plano 1,59 mm
abaixo da superfície (b); e num plano 3,18 mm abaixo da superfície (c)............ 93
Figura 6.13 Entrada de calor para a Placa 03 na face superior (a) e num plano 1,59 mm
abaixo da superfície (b)....................................................................................... 93
Figura 6.14 Comparação das zonas fundidas experimentais e numéricas para as três
placas na seção x=170 mm................................................................................. 94
Figura 6.19 Forma distorcida final obtida numericamente para Placa 01 apresentada na
forma de isovalores, em µm, (a) e amplificada 20× (b)....................................... 96
Figura 6.21 Os seis primeiros modos de vibrar da placa de alumínio sem tensões
residuais.............................................................................................................. 98
xii
Figura 6.22 Zonas fundidas em x=170 mm e campos de tensão residual para as Placas
04 e 05 (contornos para as tensões residuais são os mesmos da Fig.
6.20).......... 100
Figura 6.23 Modelo de elementos finitos do tubo e sua seção transversal............................ 102
Figura 6.24 Entrada de calor para o Tubo 01 na superfície externa (a) e nas superfícies
internas: 1,775 (b), 3,55 (c) e 5,325 mm (d)........................................................ 103
Figura 6.25 Entrada de calor para o Tubo 02 na superfície externa (a) e nas superfícies
internais: 1,775 (b), 3,55 (c) e 5,325 mm (d)....................................................... 104
Figura 6.26 Macrografia da zona fundida do Tubo 02 com e sem exposição dos
contornos. 104
Figura 6.27 Zona fundida do Tubo 02 após 45 s de soldagem nas seções z=160 mm (a),
z=155 mm (b) e a superposição das duas regiões
(c)......................................... 105
Figura 6.28 Comparação da zona fundida para os dois tubos na seção z=160 mm.............. 105
Figura 7.2 (a) impedancímetro HP 4194A, (b) placa de alumínio e (c) detalhe do PZT
colado na placa................................................................................................... 113
Figura 7.4 Sinais de impedância obtidos para o estado inicial de cada placa: (a) de 8 a
20 kHz e (b) de 10 a 12,5 kHz............................................................................. 115
Figura 7.5 Sinais de impedância obtidos para os estados inicial e soldado das placas 01
e 03...................................................................................................................... 115
xiii
LISTA DE TABELAS
Tabela 4.1 Dimensões dos tubos de aço inoxidável austenítico AISI 316L......................... 60
Tabela 4.3 Freqüências naturais para os tubos nas condições inicial e soldada................. 63
Tabela 4.5 Freqüências naturais para as três placas nas condições inicial e soldada........ 66
Tabela 6.1 Dados da placa testada experimentalmente por Kaldas e Dickinson (1981-b).. 84
Tabela 6.4 Variações percentuais das freqüências naturais das placas devidas à
soldagem............................................................................................................ 98
Tabela 6.5 Valores das variações percentuais das freqüências naturais devidas à
soldagem para as cinco placas simuladas numericamente............................... 100
Tabela 6.8 Variações percentuais das freqüências naturais dos tubos devidas à
soldagem............................................................................................................ 107
LISTA DE SÍMBOLOS
SÍMBOLOS LATINOS
A Área da seção transversal
a Comprimento da placa
ag Constante geométrica
b Largura da placa
c Calor específico
C Capacitância
[C] Matriz de amortecimento
d3x Constante de acoplamento piezoelétrico
E Módulo de elasticidade
f Freqüência da corrente alternada
{f} Vetor das forças excitadoras
fe Função de escoamento
h Coeficiente de convecção
H Entalpia
[H(Ω)] Matriz de flexibilidade dinâmica
i Corrente elétrica
I Corrente de saída do PZT
ic Amplitude da corrente
[I] Matriz identidade
K Constante acusto-elástica
Kx Condutividade térmica na direção x
Ky Condutividade térmica na direção y
Kz Condutividade térmica na direção z
[K] Matriz de rigidez
L Indutância
M Momento fletor
[M] Matriz de massa
n Número de graus de liberdade
[N] Matriz diagonal dos autovalores
q Calor gerado por unidade de volume
Q& Entrada real de calor por unidade de tempo
Qnom Calor nominal da fonte de soldagem
xv
SÍMBOLOS GREGOS
α Coeficiente de dilatação térmica
∆f Resolução em freqüência
∆T Variação da temperatura
ε 33
T
Constante dielétrica do PZT com tensão zero
ε Emissividade
xvi
εe Deformação elástica
εp Deformação plática
εterm Deformação térmica
η Eficiência térmica do arco
λ Autovalores
λr Autovalores
λP Multiplicador plástico
[Λ] Matriz espectral
ν Coeficiente de Poisson
ρ Densidade
σ Constante de Stefan-Boltzmann
σ1, σ2 e σ3 Tensões normais principais
σe Tensão de escoamento
σn Tensão normal
σvM Tensão de von Mises
σx Tensão normal na direção x
σy Tensão normal na direção y
τxy Tensão de cisalhamento nas direções x e y
ωr Freqüência natural angular
ω Freqüência angular
Ω Freqüência de excitação
LISTA DE ABREVIAÇÕES
DBCP Distância bico de contato-peça
DEP Distância eletrodo-peça
Exp Experimental
FRF Função de resposta em freqüência
MEF Método dos elementos finitos
Num Numérico
Preaq Preaquecimento
rpm Rotações por minuto
TDF Técnica das diferenças finitas
ZAC Zona afetada pelo calor
xvii
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 - Introdução.................................................................................................... 1
CDU: 621.791
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
Além deste capítulo introdutório, esta tese está estruturada nos seguintes capítulos:
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
Segundo Kandil et al. (2001), tensões residuais se definem como aquelas que
permanecem em um corpo na ausência de forças externas e gradientes térmicos. Por exemplo,
considere-se o conjunto mostrado na Fig. 2.1. Este consiste de uma seção vazada através da
qual é passada uma barra com extremidades rosqueadas. Se porcas são colocadas nestas
extremidades e apertadas, os flancos do conjunto são comprimidos e a barra é colocada sob
tração. As tensões presentes são residuais já que não há nenhuma força externa agindo sobre
o conjunto como um todo. Note-se também que as tensões de tração em uma parte do
conjunto são balanceadas por tensões de compressão em outras partes. Este balanceamento
de tensões opostas, requerida pelo fato de o conjunto estar em equilíbrio, é característico de
todos os estados de tensão residual. Sendo assim, a força e o momento resultantes devidos a
essas tensões devem ser nulos, ou seja:
∫σ
A
n .dA =0 e ∫ dM = 0
A
(2.1)
C T C
Geralmente, pode-se distinguir três principais tipos de tensões residuais de acordo com a
distância ou região sobre a qual elas podem ser observadas (Lu et al., 1996). As tensões
residuais do Tipo I, também conhecidas com macro tensões, se estendem por uma região
muito maior que o tamanho de grão. Já as tensões do Tipo II e Tipo III, também conhecidas
como micro tensões, são resultados de diferenças dentro da microestrutura de um material,
sendo que a primeira (Tipo II) varia ao nível do tamanho de grão e a segunda (Tipo III) ao nível
atômico. Resumindo, pode-se classificar as tensões residuais da seguinte forma (Kandil et al.
2001):
Tipo I - são aquelas que se desenvolvem no componente numa escala maior que o tamanho
de grão do material;
Tipo II - são aquelas que variam na escala de um grão individual. Podem existir em materiais
de uma fase, devido à anisotropia no comportamento de cada grão, ou em materiais
multifásicos, devido às diferentes propriedades das diferentes fases;
Tipo III - são aquelas que existem dentro de um grão essencialmente como um resultado da
presença de discordâncias e outros defeitos cristalinos.
σ σIIIα
σIIα
σIα
σI
σIIIβ σIIβ
σIβ
x
β
x
α
Em geral, as origens de tensões residuais podem ser classificadas como segue (Kandil et
al., 2001):
8
x, nas posições A, B, C e D. Ao longo da seção A-A, que está à frente do arco de soldagem, a
variação de temperatura devida à soldagem é essencialmente nula. No entanto, a distribuição
de temperatura apresenta fortes gradientes na seção B-B, na qual está localizado o arco. A
alguma distância atrás, ao longo da seção C-C, a distribuição de temperatura tem gradientes
menos significativos. E a uma distância maior, na seção D-D, a temperatura retornou a uma
distribuição uniforme.
A distribuição de tensão σX ao longo da direção y está mostrada na Fig. 2.3(c). Na seção
A-A, as tensões térmicas devidas à soldagem são quase nulas. As tensões na região da poça
de fusão na seção B-B também são praticamente nulas, pois o metal fundido não pode
suportar nenhum carregamento. Já nas zonas afetadas pelo calor em ambos os lados do
cordão de solda, existem tensões compressivas porque a expansão destas áreas está
restringida pela vizinhança, que está a uma temperatura mais baixa. A magnitude da tensão
em compressão atinge seu valor máximo a uma certa distância da poça. Um pouco mais
distante, surgem tensões de tração para assegurar as condições de equilíbrio. Na seção C-C,
as zonas fundida e termicamente afetada já se resfriaram. Como estas tentam se contrair,
tensões de tração são induzidas. Tensões de compressão tomam lugar no metal de base para
manter o equilíbrio. A distribuição final de tensão, que é a distribuição de tensão residual, é a
mostrada na seção D-D. Ao longo desta seção, elevadas tensões trativas existem nas zonas
fundida e termicamente afetada, enquanto tensões compressivas existem no metal de base em
regiões afastadas do cordão de solda.
Figura 2.4 – Distribuições típicas das componentes de tensão residual de soldagem ao longo
de diferentes seções (Kaldas e Dickinson, 1981-a).
longitudinal é semelhante à soldagem de uma placa que esteja engastada nas duas arestas
paralelas ao cordão de solda. No entanto, a soldagem circunferencial é mais complexa para se
fazer uma analogia devido ao fato que, normalmente, a tocha retorna ao ponto de origem do
cordão.
Os meios de obtenção de tensões residuais de soldagem podem ser divididos em
numéricos e experimentais. No seguimento do capítulo, será abordada a determinação destas
tensões por métodos numéricos e via técnicas experimentais.
Além das tensões residuais, a soldagem também gera deformações (deslocamentos e
rotações) inicialmente transientes e, após o completo resfriamento, permanentes. Estas
deformações são normalmente chamadas de distorções. Em geral, a afirmação de que a
distorção é resultado das tensões residuais não é correta (Radaj, 2003). Na verdade, as
distorções e as tensões residuais são antagônicas. Tensões altas ocorrem quando as
deformações são restringidas, e tensões baixas surgem quando as deformações não são
restringidas (Fig. 2.5).
Nível
Tensões
Distorções residuais
Grau de
Livre Totalmente restrição
engastado
a
Os quatro tipos básicos de deformação em soldagem para uma placa retangular com
uma solda centrada estão mostrados na Fig. 2.6 (Radaj, 2003).
12
Durante a soldagem a arco, uma fonte elétrica fornece uma diferença de potencial U
entre um eletrodo e a peça a ser soldada. Esta voltagem induz a formação de um arco elétrico,
através do qual passa uma corrente i. A potência total gerada é calculada pela multiplicação
destes dois parâmetros. No entanto, devido a perdas que ocorrem por diferentes mecanismos,
como convecção e radiação no arco e no eletrodo, somente uma parte desta potência é
realmente aproveitada para o aquecimento do material. A razão entre a potência útil e a
potência total é conhecida como eficiência do arco, η. Assim, a entrada real de calor por
unidade de tempo pode ser expressa por:
∂T ∂ ⎛ ∂T ⎞ ∂ ⎛ ∂T ⎞ ∂ ⎛ ∂T ⎞
ρ (T )c (T ) =q+ ⎜ K x (T ) ⎟+ ⎜⎜ K y (T ) ⎟⎟ + ⎜ K z (T ) ⎟ (2.3)
∂t ∂x ⎝ ∂x ⎠ ∂y ⎝ ∂y ⎠ ∂z ⎝ ∂z ⎠
13
onde ρ(T) é a densidade, c(T) é o calor específico, q é o calor gerado por unidade de volume,
Kx(T), Ky(T) e Kz(T) são os coeficientes de condutividade térmica nas três direções, T é a
temperatura e t é o tempo. Note-se que o problema é regido por uma equação diferencial não-
linear devido ao fato das propriedades termofísicas dos materiais serem dependentes da
temperatura.
Levando em consideração que a entalpia é definida por:
H = ρ (T )c (T )dT
∫ (2.4)
∂H ∂ ⎛ ∂T ⎞ ∂ ⎛ ∂T ⎞ ∂ ⎛ ∂T ⎞
=q+ ⎜ K x (T ) ⎟+ ⎜⎜ K y (T ) ⎟⎟ + ⎜ K z (T ) ⎟ (2.5)
∂t ∂x ⎝ ∂x ⎠ ∂y ⎝ ∂y ⎠ ∂z ⎝ ∂z ⎠
(a) (b)
Figura 2.7 – Calor latente de fusão na formulação de capacidade térmica (a) e de entalpia (b).
qC = h(T − T∞ ) (2.6)
(
q r = εσ T 4 − T∞4 ) (2.7)
fe = σ vM − σ e < 0 (2.10)
σ vM =
1
2
[
(σ 1 − σ 2 )2 + (σ 2 − σ 3 )2 + (σ 3 − σ 1 )2 ] (2.11)
onde σ1, σ2 e σ3 são as tensões normais principais. O escoamento irá ocorrer quando:
fe = σ vM − σ e = 0 (2.12)
Note-se que a tensão equivalente nunca pode exceder o escoamento do material, já que,
neste caso, deformações plásticas se desenvolverão instantaneamente, levando então a
tensão para o novo limite de escoamento do material (Ansys, 1997).
A superfície representada pela Eq. (2.12) é conhecida como superfície de escoamento. A
Figura 2.8 ilustra uma superfície de escoamento no plano (σ1, σ2).
(a) (b)
Figura 2.9 – Alteração da superfície de escoamento no encruamento isotrópico (a) e no
encruamento cinemático (b).
Quando o material sofre deformação plástica, a regra do escoamento (flow rule) define o
incremento plástico (Lemaitre, e Chaboche, 1988):
∂fe
dε p = λ p (2.13)
∂σ
destaca-se o de Rosenthal (1941). Segundo Depradeux (2004), os modelos analíticos são bem
adaptados quando se considera a peça a soldar em uma escala “macroscópica”, onde o
tamanho da zona fundida é muito pequeno em comparação com as dimensões da peça. No
entanto, novas soluções analíticas vêm sendo propostas, as quais leva em consideração uma
fonte de calor distribuída (Nguyen et al., 1999; Fassani e Trevisan, 2003).
Dentre os métodos numéricos, o Método dos Elementos Finitos (MEF) tem sido o mais
utilizado pela comunidade científica para simulação da soldagem. A técnica das diferenças
finitas também é usada para este fim, sendo considerada um dos métodos mais simples (Vieira
Jr, 2003).
Independentemente da técnica empregada, normalmente é necessária a realização de
duas análises separadas: inicialmente uma análise térmica e, em seguida, uma análise
estrutural. Isto porque é considerado que mudanças no estado mecânico não causam
mudanças no estado térmico, ou seja, uma variação na tensão e deformação não causa uma
variação na temperatura (desprezam-se os efeitos mecânicos dissipativos). No entanto, uma
mudança no estado térmico causa uma mudança no estado de tensões e deformações. Assim,
é primeiramente realizado o cálculo da história térmica da soldagem e, em seguida, este campo
de temperatura transiente é aplicado ao modelo estrutural para obtenção das tensões residuais
(Francis, 2002).
Neste trabalho, será abordado o MEF. Existem muitos códigos de elementos finitos
disponíveis comercialmente que são capazes de realizar simulações de soldagem, tais como:
ABAQUS®, ANSYS®, SYSWELD®, dentre outros.
forma de evitar modelos com grande número de nós e de reduzir o tempo de cálculo é a
utilização da técnica da malha adaptativa (Lindgren et al., 1997).
Um ponto muito importante para a simulação da soldagem é a modelagem da fonte de
calor ou, mais especificamente, a distribuição da entrada de calor. Em geral, a distribuição da
entrada de calor pode ser classificada como superficial (considerando essencialmente a
contribuição do plasma) e volumétrica (incluindo também a contribuição da poça de fusão).
De acordo com Depradeux (2004), dentre os modelos de distribuição superficial mais
freqüentemente utilizadas, pode-se mencionar a repartição constante sobre um disco de raio
Rd, a repartição gaussiana infinita e a repartição gaussiana finita sobre um raio Rg, as quais
estão ilustradas na Fig. 2.10. Para uma distribuição volumétrica, as repartições gaussiana 3D
finita sobre um elipsóide e sobre um duplo elipsóide são os modelos mais comumente usados
(Fig. 2.11). A escolha de um modelo e suas características (dimensões e intensidades)
depende do processo de soldagem e dos parâmetros utilizados e, conforme foi observado no
estudo aqui reportado, tem grande influência sobre os resultados da simulação numérica.
Portanto, é interessante ter alguma informação obtida experimentalmente, como as dimensões
da zona fundida e/ou a temperatura em função do tempo em alguns pontos, para possibilitar
uma comparação com resultados numéricos e, assim, ajustar o modelo.
Com relação à modelagem da estrutura a ser soldada, modelos com diferentes níveis de
complexidade podem ser utilizados, dentre os quais estão (Depradeux, 2004):
esta deformação, podendo, inclusive, aumentá-la. O mecanismo primário responsável por esta
plasticidade de transformação é a variação de volume que ocorre durante a transformação.
Outro detalhe da análise estrutural é que, apesar de não ser obrigatório, normalmente a
mesma malha da análise térmica é utilizada. Entretanto, os elementos possuem características
diferentes, notadamente em termos das funções de interpolação e do número de graus de
liberdade (Depradeux, 2004).
Da mesma forma que na análise térmica, é possível resolver o problema tridimensional
completo, bem como utilizar modelos bidimensionais simplificados. No entanto, a resolução do
problema estrutural, quando desacoplado do problema térmico, consiste em uma análise de
equilíbrio estático para cada instante de tempo considerado. Isto porque, de acordo com
Lemaitre e Chaboche (1988), deformação plástica pode ser definida como deformação
irreversível independente do tempo. Assim, não há a necessidade de realizar integração no
tempo para determinação do estado de deformação ao final do processo de aquecimento e
resfriamento.
Os métodos do furo cego e do anel são dois dos mais amplamente utilizados para
medição de tensões residuais. O equipamento utilizado pode ser de laboratório ou portátil, e a
técnica é aplicável a uma larga faixa de materiais e componentes (Kandil et al., 2001).
O método do furo cego requer a perfuração de um pequeno furo, tipicamente de 1mm a
4mm de diâmetro, com profundidade aproximadamente igual ao diâmetro. Uma roseta especial
de três elementos (Fig. 2.13) mede o alívio das deformações superficiais no material na região
22
próxima ao furo. A Figura 2.14 ilustra a realização do método do furo cego. O método do anel é
similar, exceto que um anel, tipicamente de 15 mm a 150 mm de diâmetro interno, é perfurado
ao invés de um furo. A medição da deformação aliviada é feita na superfície do material
remanescente dentro do anel (Fig. 2.13). Neste caso, a profundidade típica da perfuração varia
entre 25 % a 150 % do diâmetro interno. Nos dois métodos, as tensões residuais existentes no
material antes da perfuração podem ser calculadas a partir das deformações medidas (Lu et
al., 1996).
Figura 2.13 – Esquema da perfuração e da roseta utilizada nos métodos furo cego e anel
(Lu et al., 1996).
Figura 2.14 – Furo cego: perfuração do furo no centro da roseta (Grant e Lord, 2002).
somam numa interferência construtiva quando a lei de Bragg é satisfeita, fazendo com que os
feixes incidente e difratado sejam simétricos em relação à normal aos planos da rede
cristalográfica (Lu et al., 1996).
Existem diversos métodos que podem ser usados para avaliar tensões internas de um
material via difração de raios-X, dentre os quais estão: método das duas exposições; método
do feixe paralelo; e método do sin2ψ (Kandil et al., 2001).
A difração de raios-X pode ser considerada uma técnica não destrutiva para medição de
tensões superficiais. No entanto, é possível combiná-la com alguma técnica de remoção de
camada para a obtenção de perfil de tensão. Neste caso, o método se torna destrutivo (Kandil
et al., 2001).
A versatilidade, disponibilidade, aplicabilidade a uma gama de materiais e a existência de
sistemas portáteis são as vantagens do método. Uma das maiores desvantagens é a limitação
imposta à geometria da peça. Esta deve ser tal que o feixe de raios-X possa atingir a área de
medição e ainda ser difratado para o detector sem obstruções. Outras desvantagens estão
relacionadas com o tamanho da amostra, condição superficial e a necessidade de o material
ser cristalino. No caso da soldagem, uma grande desvantagem é fato de este método não
indicar a tensão verdadeira em pontos onde houver ocorrido deformação plástica (Cullity,
1978).
V = V0 + Kσn (2.14)
onde V0 é a velocidade de uma onda num meio livre de tensão, σn é a tensão normal e K é um
parâmetro conhecido como constante acusto-elástica.
A motivação primária para o uso desta técnica é a obtenção de informação sobre tensões
no interior do material. A variação da velocidade é proporcional à tensão média na região
através da qual a onda se propaga (Lu et al., 1996). Desta forma, a resolução espacial deste
método é baixa (Kandil et al., 2001).
Algumas vantagens do método são: vasta disponibilidade, rapidez, baixo custo,
instrumentação portátil e ausência de radiação perigosa. Como desvantagens, além da baixa
resolução espacial, existe a susceptibilidade de alterações na velocidade da onda ultra-sônica
devido a efeitos microestruturais e variações de temperatura, e a necessidade da medição
precisa de tempos (Lu et al., 1996).
onde [M] é a matriz de massa, [C] é a matriz de amortecimento, [K] é a matriz de rigidez, {u(t)}
é o vetor de respostas temporais, {f(t)} é o vetor das forças excitadoras e t é o tempo. A matriz
[M] é simétrica e definida positiva, ao passo que [K] e [C] são simétricas e podem ser definidas
positivas ou semi-definidas positivas.
Para o sistema livre não amortecido, as equações do movimento ficam reduzidas a:
O problema acima admite n pares de soluções não-nulas (λr, {Ur}), chamadas auto-
soluções, onde λr são os autovalores e {Ur} são os autovetores ou modos naturais de vibração.
As freqüências naturais são dadas por ωr = (λr)1/2, r=1,...,n.
Os autovalores são obtidos impondo-se a condição:
onde {f} é o vetor das amplitudes das forças excitadoras e Ω é a freqüência de excitação.
Buscamos a solução da Eq. (2.23) em regime harmônico permanente sob a forma:
onde {u(Ω)} é o vetor das amplitudes da resposta harmônica. Introduzindo a Eq. (2.24) em
(2.23), obtemos:
ou
[Z (Ω )]{u (Ω )} = {f } (2.26)
onde [Z(Ω)]=[K]- Ω2[M] é a matriz de rigidez dinâmica. Multiplicando a Eq. (2.26) por [Z(Ω)]-1,
obtemos:
onde:
Com base nas expressões acima, podemos interpretar das seguintes formas os
elementos das matrizes [Z(Ω)] e [H(Ω)]:
29
[U ]T [M ][U ] = [N ] (2.32)
onde [N]=diag{ηr}, a Eq. (2.31) acima pode ser expressa sob a forma:
donde:
Notando na Eq. (2.36) que as duas matrizes a serem invertidas são matrizes diagonais,
podemos expressar aquela equação da seguinte forma:
30
n
[H (Ω )] = ∑ 1
{u r }{u r }T
(
r =1 η r ω − Ω
2 2
r ) (2.37)
n
H ij (Ω ) = ∑ η (ω
1
r =1 r
2
r )
ur ur
− Ω2 i j
(2.38)
p n
[H (Ω )] = −∑ 1
+ ∑ η (ω
1
{u r }{u r }T
r =1 η r Ω
2
r =1 r
2
r−Ω 2
) (2.39)
É possível observar que, a partir das Eqs. (2.38) e (2.39), tem-se picos de ressonância
(amplitudes tendendo ao infinito) quando a freqüência de excitação se iguala a uma das
freqüências naturais. Desta forma, as freqüências naturais de vibração podem ser
determinadas a partir da Função de Resposta em Freqüência da estrutura mediante a
identificação dos valores de freqüência aos quais correspondem os picos de ressonância.
Através de ensaios dinâmicos, a estrutura é excitada por forças externas, sendo medidas
as respostas vibratórias correspondentes. Tendo os sinais de entrada e de saída do sistema
linear é possível obter as FRFs experimentalmente para uma determinada banda de
freqüência, por procedimentos usualmente empregados em ensaios dinâmicos (McConnel,
1995).
CAPÍTULO III
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
até 31,9% após a soldagem, comprovando a grande influência de campos de tensão sobre as
respostas dinâmicas de estruturas.
No trabalho de Yang e Shieh (1987), é possível observar o fenômeno de enrijecimento
por tensão em placas retangulares, espessas, ortotrópicas, sujeitas a um estado inicial de
tensão gerado durante a fabricação do laminado. O comportamento vibratório de laminados
submetidos a um estado de tensão uniforme (trativo ou compressivo) e a um estado de tensão
em flexão uniforme foi examinado, sendo ilustrado também o fenômeno de que uma freqüência
natural se anula ao ocorrer a flambagem da placa.
Outro estudo foi realizado por Wang e Mote Jr. (1994), no qual tensões residuais de
membrana foram introduzidas voluntariamente, por deformação a frio, em serras de fita, com o
intuito de melhorar a performance de corte, alterando o espectro de freqüência da serra. O
modelo matemático das vibrações da serra sob tensão foi obtido utilizando o método de
Rayleigh-Ritz. Os autores estudaram o efeito deste tratamento sobre a vibração livre e
estabilidade da serra de fita, verificando tanto um aumento como uma redução substancial de
algumas freqüências naturais, dependendo da posição, da severidade e do número de
repetições do tratamento.
O efeito de tensões residuais térmicas devidas à cura ou consolidação de compósitos
laminados sobre o comportamento estrutural de placas foi estudado por Almeida e Hansen
(1997). Os autores concluíram sobre a necessidade da inclusão deste efeito no projeto deste
tipo de estruturas. Além disso, foi sugerida a possibilidade de se obter parâmetros de projeto
que levem a tensões que maximizem a performance de tais estruturas. Neste trabalho foram
apresentados alguns casos, os quais demonstraram que aumentos na carga de flambagem
podem ser alcançados por meio de tensões residuais.
Em outro trabalho, Almeida e Hansen (1999) demonstraram que as tensões residuais
térmicas resultantes da fabricação de placas compostas podem afetar também as freqüências
naturais. Ainda neste trabalho é salientado que o efeito destas tensões pode ser benéfico em
alguns casos e prejudicial em outros. Entretanto, é concluído a respeito da possibilidade de se
usar as tensões residuais térmicas para aumentar as freqüências naturais de vibração.
Donadon et al. (2002) estudaram o efeito de enrijecimento provocado por tensões
geradas por atuadores piezoelétricos em placas. A sensibilidade das freqüências naturais às
variações na voltagem piezoelétrica aplicada foi considerada razoável pelos autores, os quais
ainda sugerem algumas formas para aumentá-la.
Mead (2003) estudou o efeito de tensões térmicas no comportamento vibratório e
flambagem de placa retangulares finas. O autor verificou que as freqüências naturais de
vibração podem ser fortemente alteradas pelas tensões no plano induzidas por deformações
térmicas não-uniformes, as quais são capazes, inclusive, de causar a flambagem da placa.
33
Em sua tese de doutorado, Vieira Jr. (2003) mostrou numericamente a influência das
tensões residuais de soldagem em placas finas sobre as freqüências naturais de vibração,
sendo observado o efeito predominante das tensões de compressão que tendem a reduzir os
valores destas freqüências. A previsão do campo de tensões residuais foi realizada utilizando a
técnica das diferenças finitas. As freqüências naturais foram determinadas empregando o
método dos modos assumidos, que se baseia na hipótese de que os campos de
deslocamentos, representando a resposta dinâmica de uma estrutura, podem ser expressos
como uma combinação linear de um conjunto arbitrário de funções de coordenadas espaciais
que satisfazem as condições de contorno geométricas. A formulação apresentada permite a
inclusão do campo de tensões previamente obtido, o qual é levado em consideração na
obtenção da matriz de rigidez da placa. A Figura 3.1 ilustra um resultado obtido pelo autor,
mostrando uma superfície de variação de uma função de resposta em freqüência (FRF) pontual
com relação à potência térmica aplicada durante a soldagem. O autor também analisou
numericamente o efeito das distorções geométricas de soldagem sobre a resposta dinâmica de
uma placa retangular, chegando a conclusão de que esta influência é significativa para alguns
modos e quase que imperceptível para outros.
Figura 3.1 – Superfície de variação da FRF pontual com a potência térmica (Vieira Jr., 2003).
Vieira Jr. e Rade (2003) utilizaram as respostas dinâmicas de placas finas para, através
de um problema de otimização, identificar as cargas externas atuantes no plano da placa. A
34
Figura 3.2 mostra o resultado experimental das FRFs da placa estudada com e sem tensões de
membrana geradas por um dispositivo de carga desenvolvido pelos autores.
Amplitude (dB)
Livre de tensão
Carregada
Freqüência (Hz)
Figura 3.2 – FRFs obtidas experimentalmente comprovando o efeito de tensões de membrana
nas respostas vibratórias em flexão de placas (Vieira Jr. e Rade, 2003).
Identificado
Numérico
Identificado
Numérico
Identificado
Numérico
Tensão (MPa)
Figura 3.3 – Comparação entre componentes de tensão identificados e numéricos (Vieira Jr.
et al. 2003).
35
Nesta mesma linha de problemas inversos, Rojas et al. (2004) procederam, por métodos
heurísticos de otimização, a identificação de cargas externas a partir das respostas dinâmicas
de um sistema estrutural (formado por elementos de viga) e de seu modelo de elementos
finitos. Os autores utilizaram a influência do enrijecimento por tensão sobre as características
dinâmicas de sistemas estruturais para estabelecer uma relação entre as respostas dinâmicas
e o carregamento externo aplicado.
Visando o melhoramento da resistência à flambagem, Faria (2004) utilizou atuadores
piezoelétricos para criar forças trativas agindo ao longo da direção axial de vigas, o que permite
a aplicação de cargas externas compressivas maiores. O autor comprovou que o enrijecimento
por tensão pode ser usado para melhorar o comportamento de elementos estruturais, sendo
testado, neste caso, uma viga.
Vila Real et al. (2004) estudaram o efeito de tensões residuais na flambagem lateral-
torsional de vigas I de aço a temperatura elevada. Para tanto, foi utilizado um programa de
elementos finitos com não-linearidade das propriedades de materiais e geométrica. Os autores
comprovaram que a resistência à flambagem de vigas é menos sensível às tensões residuais
em temperaturas mais altas.
Pereira Jr. (2004), em sua dissertação de mestrado, correlacionou resultados de
impedância eletro-mecânica e o estado danificado de corpos de prova submetidos a tração,
sendo observado uma boa sensibilidade. Verificou-se também que, na fase elástica do
material, o efeito de enrijecimento por tensão é bastante perceptível no sinal de impedância
através da variação de picos de freqüência. Isto levanta a possibilidade da utilização da técnica
de impedância eletromecânica para avaliação do estado de tensão de componentes.
Rade et al. (2005) utilizaram o método dos modos assumidos para modelar a vibração de
placas retangulares finas sujeitas a tensões de membrana e um método clássico de otimização
para desenvolver um algoritmo de identificação do estado de tensão e, indiretamente, a carga
externa aplicada a uma placa por meio de um dispositivo de fixação e carregamento. A
identificação da carga foi realizada tendo como entrada as seis primeiras freqüências naturais
obtidas experimentalmente. Uma célula de carga foi utilizada para medir a força aplicada no
experimento, a qual foi comparada com a carga identificada. Erros da ordem de 1 % foram
encontrados. Apesar dos ótimos resultados, os autores alertam para as dificuldades do
problema inverso, tais como: existência de mínimos locais; presença de ruídos e incertezas do
modelo; e a não-unicidade da solução.
Baseado na revisão supracitada, é possível notar claramente que o efeito de
enrijecimento por tensões residuais é mais bem evidenciado em estruturas esbeltas, de tal
36
forma que praticamente nenhum trabalho foi encontrado na literatura sobre o assunto que
utilizasse estruturas espessas.
σx ( MPa )
300
200
MEF
TDF
100
y ( mm )
Figura 3.4 – Comparação entre o resultados obtidos por Kamtekar e MEF (Kamtekar, 1978).
para obter a história térmica de uma simples deposição numa placa e, em seguida, avaliar as
tensões residuais por deformações inerentes e método dos elementos finitos. Uma soldagem
foi realizada em um corpo de prova de aço HT780 e usada para medição de tensões residuais
por meio de extensômetros. Resultados satisfatórios foram obtidos comparando simulação e
experimento. Os autores concluíram que a solução analítica proposta tem muito potencial para
a avaliação de tensões residuais em placas.
Fricke et al. (2001) desenvolveram um programa de elementos finitos, baseado no código
comercial ABAQUS, para a simulação de soldagem. Segundo os autores, este programa pode
ser utilizado para melhorar o processo de soldagem, fornecer informação sobre a possibilidade
de sensitização da zona afetada pelo calor, avaliar efeito da largura do gap nas tensões
residuais resultantes, dentre outras características. Os autores realizaram uma simulação de
soldagem circunferencial de um tubo de aço inoxidável austenítico.
Pilipenko (2001) apresentou uma análise da soldabilidade de estruturas que compõem
cascos de navios de parede espessa utilizando resultados experimentais, numéricos e
analíticos. O método dos elementos finitos foi o mais enfatizado. O processo de soldagem
simulado foi o arco submerso multi-eletrodo. O programa utilizado foi o ABAQUS®. Diferentes
técnicas visando a redução do efeito negativo da soldagem foram avaliadas.
Francis (2002) realizou simulações de soldagem para juntas de topo e em “T” usando
elementos finitos com o software comercial SYSWELD®, que inclui fonte de calor móvel,
deposição de material, transformações metalúrgicas, propriedades de material dependentes da
temperatura, plasticidade, dentre outras características. Uma análise 3D foi realizada para a
junta de topo e os resultados foram comparados com aqueles publicados na literatura. Para
uma análise quase-estacionária os resultados apresentaram um desvio de 3,6 %, enquanto
que para uma análise transiente completa o desvio foi de 13 %. Já para a junta em “T”, os
resultados da análise quase-estacionária apresentaram uma discrepância na tensão residual
longitudinal e a análise transiente completa não foi realizada devido a grandes tempos de
cálculo. Um modelo 3D-2D (solid-shell) foi gerado para este caso, mas a análise mecânica não
convergiu.
As tensões residuais da soldagem do tipo ring-weld foram estudadas por Rodeiro (2002),
que gerou um modelo de elementos finitos sólido-tridimensional no código de cálculo
Ansys® 6.1 para obtenção do campo de temperatura transiente e tensões residuais. A
dependência das propriedades físicas e mecânicas com a temperatura bem como a deposição
de material durante a soldagem foram consideradas. Medições experimentais com termopares
foram realizadas e comparados com os resultados numéricos, os quais mostraram uma boa
correlação. Já os resultados do modelo mecânico não foram validados com ensaios.
39
Zhu e Chao (2002) estudaram o efeito da variação dos valores das propriedades do
material com a temperatura na simulação da soldagem, em termos do campo de temperatura
transiente, tensões residuais e distorções. Três ajustes para os valores das propriedades do
material foram testados computacionalmente: valores em função da temperatura; valores
constantes e iguais aos correspondentes na temperatura ambiente; e valores constantes e
iguais às médias na faixa de temperatura alcançada. Os autores concluíram que, com exceção
da tensão de escoamento, o uso de propriedades de material constantes na temperatura
ambiente gera resultados razoáveis para os campos de temperatura transiente, tensões
residuais e distorções.
Cho et al. (2004) investigaram as tensões residuais após a soldagem e após um
tratamento térmico pós-soldagem utilizando o método dos elementos finitos. Foi realizada uma
análise bidimensional térmica seguida de uma análise mecânica com o programa ANSYS®. Os
resultados numéricos de tensões residuais numa solda multipasse foram comparados a
resultados experimentais de tensão residual superficial usando o método do furo cego. A
Figura 3.5 apresenta uma comparação entre os resultados numéricos e experimentais. Os
autores concluíram que os dados experimentais estão consistentes com os resultados
numéricos.
Sem tratamento
(simulação)
Com tratamento
(simulação)
Sem tratamento
(experimental)
Com tratamento
σx (MPa)
(experimental)
Solda
Figura 3.5 – Comparação das tensões residuais experimentais e numéricas (Cho et al, 2004).
40
Y Y
X X
Tensões longitudinais na face inferior Tensões longitudinais na face superior
(Pa)
Y
Y
X X
Tensões transversais na face inferior Tensões transversais na face superior
(Pa)
Figura 3.6 – Isovalores das tensões residuais de soldagem obtido com modelo 3D (extraído de
Depradeux, 2004).
41
600 600
Numérico
CALCUL
400 Numérico
CALCUL
Exp. 400
Contraintes (MPa)
MESURE
Contraintes (MPa)
Tensões (MPa)
Exp.
MESURE
Tensões (MPa)
200 200
0 0
-200 -200
-400 -400
-80 -60 -40 -20 0 20 40 60 80 -80 -60 -40 -20 0 20 40 60 80
Y (mm) Y (mm)
(a) (b)
Figura 3.7 – Comparação entre resultados numéricos e experimentais – face inferior da placa:
(a) tensões residuais longitudinais e (b) transversais (Depradeux, 2004).
possível melhorar a distribuição das tensões residuais e reduzir o pico de tensão. Os resultados
numéricos foram validados com resultados experimentais, conforme mostrado na Figura 3.8.
Figura 3.8 – Comparação entre resultados numéricos e experimentais (Ji et al., 2005).
Neste capítulo, são descritos ensaios experimentais que foram realizados com diferentes
estruturas. Inicialmente, tais estruturas têm seus estados iniciais caracterizados quanto ao
comportamento dinâmico por meio de Funções de Resposta em Freqüência (FRFs) pontuais,
obtidas utilizando martelo de impacto instrumentado com célula de carga e acelerômetro
piezoelétrico.
Em seguida, estas estruturas são submetidas a ciclos térmicos de soldagem, utilizando
ou o processo MIG ou o processo TIG. O processo MIG tem por princípio a formação de um
arco elétrico mantido entre um eletrodo consumível (material de adição) e a peça de trabalho,
que é protegido do meio ambiente por um fluxo contínuo de um gás inerte. Já no processo TIG,
o eletrodo é de tungstênio e não consumível, aplicando-se com ou sem material de adição,
também protegido por um gás inerte.
Após a soldagem, as estruturas são novamente caracterizadas dinamicamente (pela
obtenção das FRFs), a fim de se evidenciar alterações no comportamento dinâmico
provenientes das tensões residuais remanescentes do processo soldagem, por meio da
observação dos valores das freqüências naturais, indicados pelos picos das amplitudes das
FRFs.
Diferentes estruturas foram testadas, sendo que para cada uma destas estruturas é
realizado um procedimento experimental particular.
Como a literatura já apresenta este tipo de estudo com estruturas esbeltas,
especificamente placas retangulares finas (Kaldas e Dickinson, 1981b; Vieira Jr, 2003), iniciou-
se este estudo buscando avaliar o efeito de enrijecimento por tensões residuais de soldagem
em estruturas espessas (mais rígidas).
44
A estrutura utilizada neste caso está ilustrada na Fig. 4.1, a qual é composta por uma
placa e três cantoneiras de aço carbono AISI 1020, estas últimas atuando como enrijecedores.
Estes enrijecedores foram acoplados por meio de soldagem por eletrodo revestido e têm por
objetivo minimizar a distorção da placa durante e após a introdução de tensões residuais de
soldagem.
Figura 4.1. Vista esquemática e fotos da placa com enrijecedores (dimensões em mm).
A retirada do reforço foi realizada utilizando-se uma plaina. Após cada uma das etapas
listadas acima, realizou-se o mesmo procedimento de caracterização ao qual a peça foi
submetida em seu estado inicial.
Os ensaios dinâmicos foram realizados de acordo com o esquema da Fig. 4.2. Note-se
que a placa está essencialmente na condição livre, simulada pela suspensão composta por fios
elásticos flexíveis. Os equipamentos utilizados foram: um analisador de sinal da Scientific
Atlanta, SD380, com dois canais e resolução de 800 linhas; dois amplificadores de sinais da
Brüel & Kjær tipo 2635; um martelo de impacto instrumentado com célula de carga da Brüel &
Kjær tipo 8202; um acelerômetro piezoelétrico da Brüel & Kjær tipo 4367, sensibilidade de
1,92 pC/ m s-2 e um microcomputador.
A mesma figura mostra ainda a malha desenhada na placa para o posicionamento
adequado do acelerômetro e para aplicação do impacto do martelo. A posição é especificada
indicando uma coordenada (x,y). Cada unidade indicada na figura representa 25 mm. Os
pontos utilizados foram: (1,5), (2,1), (3,4) e (5,4). Em todos os pontos testados, o acelerômetro
foi posicionado na face da placa onde foram soldados os enrijecedores, enquanto que o
impacto do martelo instrumentado foi aplicado na face oposta.
Suporte
Fios de Analisador de
nylon sinais
Martelo
instrumentado Computador
Acelerômetro
Condicionadores
de sinais
Figura 4.2. Vista esquemática do aparato experimental para o ensaio dinâmico e a malha
desenhada na placa.
46
A massa da placa no estado inicial foi de 6,944 kg. A existência de falhas na peça foi
verificada através de END, principalmente ao longo do eixo longitudinal central, onde seria
usinado um chanfro e realizada a soldagem para introdução de tensões residuais. Nenhuma
falha foi localizada.
Figura 4.3. Fotos da placa enrijecida após a soldagem do chanfro de 3 mm, com destaque para
os apêndices no início e fim da placa.
testemunhos (“orelhas”) foram fixados nas extremidades da placa para início e término do
processo de soldagem.
Verificou-se, a partir do testemunho (“orelha”), que houve penetração suficiente na
soldagem realizada. A massa da estrutura foi medida antes e após a retirada do reforço:
6,948 kg e 6,943 kg, respectivamente. Realizou-se a avaliação da integridade estrutural da
peça utilizando-se ultra-som. Foram verificadas descontinuidades ao longo do cordão em
apenas um lado da solda, o que pode influenciar os resultados.
Desta vez, a soldagem foi realizada em cinco passes, utilizando, em cada passe, os
mesmos parâmetros utilizados nas soldagens anteriores, com exceção da velocidade de
soldagem, que foi de 9,0 mm/s (54 cm/min). Novamente, “orelhas” foram fixadas nas
extremidades da placa para início e término do processo de soldagem.
Verificou-se, a partir do testemunho (“orelha”) devidamente lixado, que houve penetração
suficiente na soldagem realizada. A massa da estrutura foi medida antes e após a retirada do
reforço: 6,949 kg e 6,940 kg, respectivamente. Realizou-se a avaliação da integridade
49
estrutural da peça utilizando-se o ultra-som. Não foi verificada nenhuma falha no cordão de
solda.
∆f = 2,5 Hz
Figura 4.5. Comparação entre FRFs da placa no seu estado inicial e com chanfro de 3 mm.
∆f = 2,5 Hz
Figura 4.6. FRFs da placa no seu estado inicial, com chanfro de 3 mm e solda de 3 mm.
∆f = 2,5 Hz ∆f = 2,5 Hz
(a) (b)
Figura 4.7. FRFs da placa para os chanfros de 6 mm (a) e 7,5 mm (b) e respectivas soldas.
Nesta etapa, foi utilizado um tubo de aço carbono AISI 1020 com as seguintes dimensões
médias: 139 mm de diâmetro externo; 128,8 mm de diâmetro interno (5,1 mm de espessura); e
comprimento de 200 mm. Foram confeccionados três furos de 5 mm de diâmetro, posicionados
a 10 mm de uma extremidade do tubo, com a finalidade de fixação no dispositivo de soldagem
circunferencial de tubos, mostrado na Fig. 4.8. A soldagem foi feita pelo processo TIG.
52
A Figura 4.9 mostra o tubo após a soldagem. O cordão de solda apresentou muitas falhas
causadas pelo fato de a velocidade de soldagem ter sido muito alta. Isto ocorreu porque o
dispositivo de soldagem circunferencial de tubo não possui um controle adequado de
velocidade, possibilitando apenas uma velocidade angular mínima em torno de 2,5 rpm.
A obtenção das FRFs do tubo seguiu o mesmo procedimento descrito na Seção 4.2 para
a placa enrijecida, sendo, portanto, o tubo testado na condição totalmente livre. A Figura 4.10
mostra os pontos utilizados para obtenção das respostas vibratórias do tubo.
53
Figura 4.9. Foto do tubo de 200 mm (de aço carbono) após a soldagem.
16 mm
1
40 mm
2
50 mm
3
Os resultados dos ensaios dinâmicos estão mostrados na Fig. 4.11. Verifica-se que
praticamente não houve variações na posição dos picos de ressonância. Para explicar este
resultado, um modelo de elementos finitos do tubo foi gerado com o intuito de avaliar os modos
de vibração em questão. Constatou-se que até freqüências da ordem de 8000 Hz só há modos
de “respiração”, conforme exemplos mostrados na Fig. 4.12. Fazendo uma analogia com uma
placa, estes modos de “respiração” correspondem aos modos longitudinais de vibração da
placa, os quais são pouco afetados por tensões em seu plano. Sendo assim, espera-se que
apenas os modos de flexão sofram alterações significativas. No entanto, para um tubo com
estas dimensões, as freqüências naturais dos modos de flexão são muito altas (acima de
8300 Hz), impossibilitando a avaliação proposta neste trabalho. Sendo assim, faz-se
necessário um tubo que apresente modos de vibração em flexão com freqüências mais baixas.
54
∆f = 5 Hz
Um outro tubo foi testado, feito de aço inoxidável austenítico AISI 316L com 155 mm de
diâmetro interno, 5 mm de espessura e 400 mm de comprimento (dimensões aproximadas).
Um modelo de elementos finitos do tubo livre de tensões foi gerado a fim de determinar
as freqüências naturais dos primeiros modos de flexão, os quais, conforme discutido no teste
anterior, são os mais afetados pelas tensões residuais de soldagem. Após a execução de uma
análise modal, estas freqüências foram calculadas como sendo de 3676 Hz e 5455 Hz.
Neste caso, o cordão de solda foi feito na direção longitudinal do tubo, não sendo
necessário o uso do dispositivo de solda circunferencial. O processo de soldagem TIG foi
utilizado com os seguintes parâmetros (regulados):
55
(a) (b)
Figura 4.13. Disposição dos cordões de solda (a) e foto do tubo de 400 mm de comprimento
durante a soldagem (b).
A obtenção das FRFs seguiu o mesmo procedimento empregado nos testes descritos na
seção anterior. A Figura 4.14 mostra os pontos utilizados para obtenção das respostas
vibratórias do tubo.
56
80 mm
1
80 mm
2
A Figura 4.15 mostra as FRFs obtidas para o estado inicial do tubo e após a primeira
solda, numa banda de freqüência de 400 a 1400 Hz. Nota-se uma leve tendência de elevação
das freqüências dos modos de respiração.
∆f = 2,5 Hz
Figura 4.15. FRFs do tubo de 400 mm no estado inicial e após primeira solda.
Já a Fig. 4.16 mostra as FRFs para o estado inicial e após cada uma das três soldas, na
faixa de freqüência de 3400 a 4000 Hz. Note-se que, baseado no modelo de elementos finitos,
muito provavelmente o pico de ressonância em torno de 3500 Hz é referente ao primeiro modo
de flexão. Para este pico, a freqüência cai após a primeira solda (queda de 15 Hz em relação
ao estado inicial) e após a realização do segundo cordão cai um pouco mais (30 Hz em relação
57
ao estado inicial). No entanto, após a terceira solda, a freqüência deste pico sobe em 10 Hz,
levando a crer que este passe pode ter provocado um alívio de tensão. O segundo modo de
flexão não foi avaliado devido ao fato de o martelo de impacto utilizado excitar a estrutura até o
máximo de 5000 Hz (com ponta de metal).
∆f = 5 Hz
Figura 4.16. FRFs do tubo de 400 mm no estado inicial e após cada uma das três soldas.
Após a análise dos resultados obtidos neste caso, conclui-se que ainda existe a
necessidade de reduzir ainda mais as freqüências dos modos de flexão do tubo, a fim de uma
melhor caracterização do efeito de enrijecimento por tensões residuais de soldagem. Isto
porque, quanto menores forem os valores destas freqüências, mais modos de flexão
aparecerão numa banda de freqüência mais baixa, possibilitando uma análise com resolução
em freqüência melhor.
Foi utilizado um tubo de 797 mm de comprimento, feito de aço carbono AISI 1020, com
128 mm diâmetro interno e 5,2 mm de espessura (dimensões aproximadas).
Um modelo de elementos finitos foi gerado com o intuito de verificar os modos e
freqüências naturais de vibração. Constatou-se que existiam seis modos de “respiração” antes
do primeiro modo de flexão (~ 1140 Hz). Assim, como uma forma de aumentar as freqüências
dos modos de “respiração”, foram soldadas duas barras (132 × 25,4 × 7,7 mm) nas duas
extremidades do tubo. Ao serem soldadas, as barras não ficaram na mesma direção,
58
Barras
1006,2 Hz 1082,7 Hz
Figura 4.18. Cinco primeiros modos de vibrar obtidos numericamente.
59
O cordão de solda foi feito na direção longitudinal do tubo. O processo de soldagem TIG
foi utilizado com os seguintes parâmetros:
96 mm 96 mm
1 2
A Figura 4.20 ilustra as FRFs obtidas para o estado inicial e após a soldagem, numa
banda de 700 a 1100 Hz (cinco primeiros modos). Analisando este resultado e fazendo uso dos
resultados obtidos numericamente, verifica-se que os dois primeiros modos, os quais são de
“respiração”, não sofreram alterações significativas. No entanto, o terceiro e quarto modos, os
quais, segundo o modelo de elementos finitos, são de “respiração”, sofreram alterações
consideráveis (~ 2 %). Desta forma, considerando-se que o modelo gerado está coerente, é
possível que alguns modos de “respiração” sejam sensíveis ao enrijecimento por tensões
residuais de soldagem. Já o quinto modo, considerado o primeiro de flexão, também sofreu
uma variação perceptível (~ 1,5 %).
60
∆f = 2,5 Hz
Figura 4.20. FRFs do tubo de 800 mm de comprimento no estado inicial e após soldagem.
Tabela 4.1. Dimensões dos tubos de aço inoxidável austenítico AISI 316L.
Comprimento (mm) Diâmetro interno (mm) Espessura (mm)
Tubo 01 398,6 154,3 7,1
Tubo 02 403,1 154,5 7,1
1 2
4
1 – Tubo; 2 – Martelo de impacto; 3 – Microcomputador com analisador dinâmico;
4 – Amplificadores de sinal; 5 – Acelerômetro piezoelétrico.
Figura 4.21 – Montagem experimental para os testes dinâmicos nos tubos espessos.
80 mm
1
80 mm
2
Figura 4.22. Pontos utilizados para obtenção das FRFs para os dois tubos.
62
A Figura 4.23 mostra as FRFs obtidas para o estado inicial dos dois tubos. Verifica-se
que estas FRFs não são tão semelhantes quanto se esperava. Observe-se inicialmente que os
modos de vibração nas freqüências de aproximadamente 690 Hz, 730 Hz e 1920 Hz
apresentaram dois picos para o Tubo 01 e apenas um pico para o Tubo 02. Os picos duplos
denotam a existência de duas freqüências naturais múltiplas, que ocorrem tipicamente no caso
de estruturas simétricas. Além disso, dois outros modos, em torno de 1800 Hz e 2300 Hz,
apresentaram diferenças claramente visíveis (de aproximadamente 2,3 % e 0,6 % respectiva-
mente). Todas estas disparidades devem ser devidas a diferentes distorções iniciais causadas
por diferentes motivos, desde o processo de fabricação até a forma de empilhamento para
transporte, além da pequena diferença no comprimento dos dois tubos.
∆f = 0,625 Hz ∆f = 1,875 Hz
Os dois tubos foram soldados com o processo TIG em corrente contínua. O cordão de
solda foi realizado na direção longitudinal do tubo, iniciando e terminando a 10 mm das
respectivas bordas. Usou-se um eletrodo de tungstênio torinado de 3,2 mm de diâmetro,
distância eletrodo-peça (DEP) de 3 mm e gás de proteção (argônio) a 14 L/min. Os parâmetros
de soldagem para os tubos estão mostrados na Tab. 4.2.
A Figura 4.24 apresenta as FRFs obtidas para os dois tubos no estado inicial e após a
soldagem. A Tabela 4.3 mostra os valores das freqüências naturais de vibração dos oito
primeiros modos para os estados inicial e soldado, além da variação percentual.
∆f = 0,625 Hz ∆f = 1,875 Hz
∆f = 0,625 Hz ∆f = 1,875 Hz
Tabela 4.3. Freqüências naturais para os tubos nas condições inicial e soldada.
Tubo 01 Tubo 02
Modo
Inicial Soldada % Inicial Soldada %
1 682.50 684.38 0.27 682.50 683.75 0.18
2 686.25 687.50 0.18 687.50 690.00 0.36
3 730.63 731.88 0.17 728.75 730.00 0.17
4 733.13 734.38 0.17 731.88 735.63 0.51
5 1850.00 1850.00 0.00 1807.50 1808.75 0.07
6 1855.00 1855.00 0.00 1812.50 1813.75 0.07
7 1917.50 1920.00 0.13 1925.00 1931.25 0.32
8 1923.75 1928.75 0.26 - - -
Neste caso, ao contrário do que ocorreu com o tubo de 800 mm de comprimento, houve
uma tendência de elevação dos valores das freqüências naturais após a soldagem, o que
64
significa que o tubo se torna mais rígido à flexão. Isto mostra que existe um predomínio do
efeito das tensões trativas sobre esses modos de vibrar. Além disso, é possível constatar que a
intensidade das alterações das freqüências varia de um modo para o outro.
Analisando os resultados, acredita-se que um aumento na energia de soldagem pode
levar a um aumento na magnitude da variação das freqüências. Para avaliar melhor esta
relação, tornou-se interessante utilizar uma estrutura mais sensível ao efeito do enrijecimento
por tensão residual de soldagem (placa, por exemplo), como está abordado na seção seguinte.
Três placas de alumínio AA 5052-O foram confeccionadas de tal forma que as dimensões
eram nominalmente idênticas: 370 mm de comprimento, 264 mm de largura e 6,35 mm de
espessura. As três placas passaram por um tratamento térmico de recozimento a 343ºC para
alívio de tensões (obtido em www.matweb.com em agosto de 2005).
Segundo Ugural (1981), uma placa pode ser considerada fina quando a relação entre a
espessura e a outra menor dimensão for inferior a 1/20. Para as placas ensaiadas, esta relação
é de aproximadamente 1/41, de tal forma que são consideradas finas. Assim, segundo
evidências expostas na literatura (Vieira Jr, 2003; Kaldas e Dickinson, 1981-b), espera-se que
as freqüências naturais de vibração destas placas tenham grande sensibilidade ao
enrijecimento por tensões residuais de soldagem.
A obtenção das FRFs seguiu procedimento similar ao dos tubos espessos de 400 mm de
comprimento, utilizando os mesmos equipamentos e aparato experimental. A Figura 4.25 ilustra
os pontos da placa utilizados para os ensaios dinâmicos.
1 – (250,14)
3 2 – (200,90) [mm]
3 – (180,150)
2
1 x
Figura 4.25. Pontos utilizados para obtenção das FRFs para placas de alumínio.
65
∆f = 0,15625 Hz ∆f = 0,625 Hz
As três placas foram soldadas com o processo TIG em corrente alternada. Apenas um
cordão de solda foi realizado em cada placa, o qual foi feito na direção longitudinal no centro da
placa, iniciando e terminando a 20 mm de cada borda.
A soldagem das placas foi conduzida utilizando um eletrodo de tungstênio torinado de
3,2 mm de diâmetro, distância eletrodo-peça (DEP) de 2 mm e gás de proteção (argônio) a
10 L/min. O objetivo era soldar as três placas com os mesmos parâmetros, alterando apenas a
velocidade de soldagem e, conseqüentemente, a energia. No entanto, para a soldagem da
Placa 03, a fonte de soldagem apresentou problemas, não reproduzindo os tempos de pulso e
de base ajustados. Os parâmetros de soldagem para as três placas estão mostrados na Tab.
4.4.
A Figura 4.27 apresenta as FRFs obtidas para as três placas na condição após a
soldagem. Para facilitar a visualização das alterações geradas, apenas a FRF obtida para o
estado inicial da Placa 01 foi plotada como referência de estado inicial. A Tabela 4.5 expõe os
valores das freqüências naturais de vibração referentes aos oito primeiros modos, para os
estados inicial e soldado, além da variação percentual.
∆f = 0,15625 Hz ∆f = 0,625 Hz
Tabela 4.5. Freqüências naturais para as três placas nas condições inicial e soldada.
Placa 01 Placa 02 Placa 03
Modo
Inicial Soldada % Inicial Soldada % Inicial Soldada %
1 210.63 170.47 -19.07 209.06 164.06 -21.52 210.78 165.94 -21.27
2 241.09 204.53 -15.17 238.75 194.69 -18.46 240.94 197.97 -17.83
3 493.75 445.00 -9.87 489.38 437.50 -10.60 491.88 439.38 -10.67
4 495.63 507.50 2.40 492.50 506.88 2.92 495.00 508.75 2.78
5 611.88 548.13 -10.42 607.50 535.63 -11.83 611.88 540.63 -11.64
6 724.38 755.63 4.31 720.63 755.00 4.77 724.38 758.13 4.66
7 931.25 878.13 -5.70 924.36 865.63 -6.35 930.63 871.88 -6.31
8 1023.75 1005.00 -1.83 1017.50 1000.00 -1.72 1021.25 1001.25 -1.96
Mais uma vez, pode ser observado que existe uma tendência de redução dos valores das
freqüências naturais após a soldagem, o que significa que a placa se torna menos rígida em
flexão. Isto sugere novamente que há um predomínio de tensões de compressão ao longo da
placa, observação que confirma as conclusões de Vieira Jr. (2003). Verifica-se ainda que as
variações das freqüências para a Placa 02 foram maiores que para a Placa 01 (com exceção
do oitavo modo, cujas variações foram pequenas), o que levaria a crer que um aumento na
energia de soldagem causaria maiores variações, em virtude da maior intensidade das tensões
residuais produzidas. No entanto, ao aumentar mais a energia (Placa 03), verificou-se que essa
tendência não foi mantida, fazendo acreditar que deve existir um limite para a energia de
67
(a) (b)
Figura 5.1 – Modelo de elementos finitos da placa (a) e seção transversal (b).
O elemento SURF152 é usado para incluir o efeito da radiação térmica. Este elemento
precisa de um nó distante da placa para simular a radiação. Portanto, um nó foi criado num
eixo normal à superfície da placa, passando por seu ponto médio, distante 1,0 m da placa. A
este nó foi atribuído o valor da temperatura ambiente.
As características da distribuição de calor (tal como profundidade e área da região onde o
calor é aplicado e sua intensidade) foram ajustadas de modo a fornecer uma melhor correlação
com os resultados experimentais apresentados por Depradeux (2004). Baseado nisto, o calor
introduzido foi distribuído em dois planos da placa: na face superior e num plano paralelo
localizado a 2,0 mm abaixo da superfície, conforme ilustrado na Fig. 5.2, onde pode ser visto
que a distribuição da entrada de calor se assemelha a uma distribuição Gaussiana.
(a) (b)
Figura 5.2 – Distribuição da entrada de calor na face superior (a) e no plano 2,0 mm abaixo (b).
72
y y
x x
250 mm 250 mm
(a) (b)
Figura 5.3 – Seção transversal usada para comparação de resultados numéricos e
experimentais: (a) face inferior; e (b) face superior.
Durante a soldagem, realizada por Depradeux, a placa permaneceu suportada sobre três
apoios indicados na Fig. 5.5. Portanto, na modelagem numérica, uma restrição de
deslocamento na direção z foi imposta nestes três pontos, na face inferior da placa.
74
75 mm 46.5 mm 83.5 mm
Apoio
P6
12 mm
50 mm
50 mm
160 mm
P1 P3 P5
x
50 mm
P2 P4
Apoio Apoio
S1 S2 S3
250 mm
Uma rotina em MATLAB® foi implementada para escrever um arquivo de entrada do ANSYS®, o
qual carrega os resultados da análise térmica prévia.
Os resultados numéricos obtidos foram comparados e são apresentados no próximo item,
com resultados experimentais apresentados por Depradeux (2004). Os deslocamentos
perpendiculares ao plano da placa foram comparados usando-se três seções transversais (S1,
S2 e S3), de acordo com a Fig. 5.5. Os pontos P1 a P6 foram usados para avaliar, durante a
soldagem e o resfriamento, os deslocamentos na face inferior da placa em função do tempo,
enquanto que as seções S1 e S2 foram usadas para avaliar a forma deformada final nas faces
superior e inferior. A tensões residuais de soldagem foram comparadas na seção x=150 mm na
face inferior da placa. Os resultados experimentais de tensão residual foram obtidos por
Depradeux via técnica de difração de raios-X, os deslocamentos via sensores indutivos do tipo
LVDT e a forma deformada final usando um apalpador.
Figura 5.8 – Perfil de temperatura ao longo da seção transversal x=95 mm em função do tempo.
(20 s) (100 s)
(200 s) (230 s)
Figura 5.9 – Campo de temperatura da placa em diferentes instantes de tempo (expressa em K).
Figura 5.10 – Comparação da zona fundida obtida numericamente (isotermas são as mesmas
da Figura 5.9) e experimentalmente por Depradeux (2004).
79
No que diz respeito à análise estrutural, a Fig. 5.11 mostra os resultados numéricos
(deste trabalho) e experimentais (de Depradeux) que descrevem a evolução dos
deslocamentos perpendiculares ao plano da placa em função da temperatura para os pontos já
mencionados anteriormente (Fig. 5.5). É possível verificar uma boa concordância entre os
resultados tanto durante a soldagem (até 230 s) quanto durante o resfriamento. No entanto,
durante o resfriamento, o deslocamento obtido numericamente para o ponto P6 permanece
constante e igual a zero, enquanto o deslocamento medido experimentalmente sofre uma
pequena queda (em torno de 100 µm).
Figura 5.11 – Evolução dos deslocamentos em função do tempo nos pontos P1 a P6.
(a) (b)
Figura 5.12 – Forma deformada final das seções S1 e S2 nas faces inferior (a) e superior (b).
(a) (b)
Figura 5.13 – (a) campo de deslocamento perpendicular ao plano da placa (em µm) e (b) a
forma deformada final (amplificada 20×)
O campo de tensões residuais está ilustrado na Fig. 5.14 nas direções longitudinal (σx) e
transversal (σy) em um gráfico de isovalores. Como esperado, é confirmada a ocorrência de
tensões de tração elevadas na direção longitudinal próximo ao cordão de solda. Na direção
transversal, são observadas tensões compressivas significativas próximas às extremidades do
cordão de solda.
81
(a) (b)
Figura 5.14 – Campo de tensões residuais (em MPa) na direção longitudinal (a) e transversal
(b)
(a) (b)
Figura 5.15 – Tensões residuais na face inferior nas direções longitudinal (a) e transversal (b)
na seção x=150 mm.
foram extraídas do trabalho de Hong et al. (1998) e estão ilustradas na Fig. 6.1. Devido à
carência de outros dados, considerou-se ainda que o material apresenta comportamento
elástico-perfeitamente plástico, ou seja, não há efeito de encruamento.
Tabela 6.1 – Dados da placa testada experimentalmente por Kaldas e Dickinson (1981-b).
a (mm) b (mm) h (mm) σe (MPa) ν E (GPa) Qnom (W) Vs (mm/s) η (%)
508 254 3,175 246 0,28 210 1938 7,62 43,9
Além disso, como foi observado no capítulo anterior, alguns dados experimentais do tipo
macrografia da zona fundida e/ou a temperatura em função do tempo em alguns pontos da
placa são indispensáveis para ajuste da entrada de calor. Entretanto, tais dados não foram
fornecidos no artigo de Kaldas e Dickinson, o que leva a uma limitação desta simulação. De
posse destes dados, os erros da parte térmica da simulação poderiam ser minimizados,
reduzindo globalmente os erros, já que são realizadas duas outras análises subseqüentes
(estrutural-estática e modal), cujos resultados são afetados pelos resultados da análise térmica.
Como se trata de uma placa muito fina (b/th = 80), tentou-se inicialmente realizar a
modelagem usando elemento de casca (SHELL57 – térmico e SHELL43 – estrutural), o que
85
De posse do resultado térmico, consideraram-se, para fins de teste, dois casos para
simulação da parte estrutural: propriedades mecânicas variando com a temperatura até 650ºC
e até 750ºC. Isto foi feito para verificar qual levaria a melhores resultados. Os resultados, em
86
termos da variação das freqüências naturais de vibração em relação ao estado inicial livre de
tensões, estão apresentados na Fig. 6.4.
Figura 6.4 – Variação das freqüências naturais da placa de Kaldas e Dickinson para testes
iniciais (experimentais obtidos por Kaldas e Dickinson).
A partir da Fig. 6.4, é possível verificar que, na maior parte, os resultados numéricos não
estão de acordo com os experimentais obtidos por Kaldas e Dickinson, apresentando inclusive
tendências de variação diferentes (modos 7 e 8 para o primeiro caso e modo 7 para o segundo
caso). Apesar disto, é possível observar que, em geral, houve uma melhora nos resultados ao
ampliar a dependência das propriedades de 650ºC até 750ºC.
Para tentar melhorar os resultados obtidos, propôs-se modificar a forma da distribuição
de calor aplicada, tendo em vista a grande incerteza sobre a mesma. Desta maneira, foram
consideradas cinco formas de distribuição de calor (todas volumétricas), aplicadas ao longo de
toda a espessura da placa (lembrando a observação de que a placa é muito fina). Em todos os
casos, as propriedades mecânicas foram consideradas dependentes da temperatura até
750ºC.
Tendo em vista o elevado custo computacional destas simulações, a malha da placa foi
alterada, reduzindo-se a apenas um elemento ao longo da espessura. Para verificar a validade
dos resultados obtidos com esta nova malha, realizou-se a repetição das duas simulações
anteriores. Os resultados obtidos para as freqüências naturais são bastante próximos,
diminuindo sobremaneira o tempo de computacional.
87
A Tabela 6.2 apresenta, na forma de matrizes, cada uma das cinco distribuições de calor
aplicadas nas faces superior e inferior do modelo. Cada valor representa a porcentagem do
calor disponível aplicada em cada nó, sendo o nó central correspondente à posição da tocha
para um determinado instante.
A Figura 6.5 mostra os resultados obtidos para cada distribuição de calor considerada.
Analisando a figura, observa-se que o resultado numérico que mais se aproxima do
experimental é o obtido com a Distribuição 02. Além disso, verifica-se claramente que, para
uma mesma energia de soldagem, variando a forma da entrada do calor, é possível obter
resultados bastante diferentes. Observe-se que, mesmo para mudanças bem sutis, como por
exemplo da Distribuição 02 para a Distribuição 03, as alterações nos resultados são muito
significativas. Estas diferenças são mais intensas nos primeiros modos de vibração. A partir do
sexto modo, as diferenças tornam-se bem menores. Isto leva a crer que, num processo de
otimização para identificação de parâmetros de soldagem e/ou estado de tensão residual, a
inclusão das cinco primeiras freqüências naturais na função objetivo seria suficientes.
88
Para uma melhor avaliação destas alterações, alguns modos de vibrar desta placa estão
ilustrados na Fig. 6.6.
Figura 6.5 – Variação das freqüências naturais da placa de Kaldas e Dickinson para diferentes
distribuições de calor.
Figura 6.7 – Tensões residuais longitudinais de soldagem ao longo da seção transversal central
da placa de Kaldas e Dickinson.
Verifica-se ainda, como também mencionado por Vieira Jr. (2003), que a sensibilidade
das tensões e das freqüências, em relação à entrada de calor (tanto intensidade como
distribuição), sugere a possibilidade de identificar tensões a partir das freqüências naturais de
vibração.
apresentados na seção 4.7, foram utilizados para avaliar a metodologia aqui proposta. As
macrografias das zonas fundidas foram utilizadas para minimizar os erros na parte térmica das
simulações. Além disso, as distorções provocadas pela soldagem foram medidas, as quais são
utilizadas para validar o modelo estrutural, reduzindo, de uma forma geral, os erros
encontrados nestas duas análises. O procedimento experimental para obtenção das dimensões
da zona fundida e das distorções da soldagem está descrito no seguimento da seção.
Conforme descrito na seção 4.7, as três placas são de alumínio 5052-O e têm dimensões
nominalmente idênticas: 370 mm de comprimento, 264 mm de largura e 6,35 mm de
espessura. Os valores das propriedades deste material, utilizados nas simulações numéricas,
foram estimados com base nas propriedades do alumínio 5052-H32, extraídas do trabalho de
Zhu e Chao (2002). Segundo estes autores, o alumínio 5052-H32 tem tensão de escoamento
praticamente constante e igual a 194 MPa na faixa de temperatura de 18ºC a 80ºC. Com base
em informações extraídas do sítio www.matweb.com, a tensão de escoamento do alumínio
5052-O para estas temperaturas é de 89,6 MPa. Considerou-se ainda que, acima de 300ºC, as
tensões de escoamento para ambos os alumínios são iguais. A Figura 6.8 mostra as
propriedades utilizadas na simulação das soldagens das placas de alumínio. Devido à
indisponibilidade de mais informações, considerou-se que o material tem um comportamento
elástico-perfeitamente plástico.
Figura 6.8 – Propriedades do alumínio 5052-O em função da temperatura (estimadas com base
nas do alumínio 5052-H32 em Zhu e Chao, 2002).
Figura 6.9 – Malha do modelo de elementos finitos gerado para a placa de alumínio.
y
100 mm 200 mm
101 mm
264 mm
370 mm
Uma distribuição de calor do tipo volumétrica é utilizada para os três casos. Para a Placa
01, esta distribuição é dividida em dois planos da placa: na face superior e em um plano
paralelo localizado a 1,59 mm (1/4 da espessura) abaixo da superfície. As formas da entrada
de calor em cada um dos planos estão mostradas na Fig. 6.11. Para a Placa 02, o calor é
distribuído em três planos: na face superior e em dois planos paralelos localizados a 1,59 e
3,18 mm abaixo da superfície (Fig. 6.12). Já para a Placa 03, o calor é aplicado em dois planos
(Fig. 6.13), da mesma forma que para a Placa 01.
(a) (b)
Figura 6.11 – Entrada de calor para a Placa 01 na face superior (a) e num plano a 1,59 mm
abaixo da superfície (b).
93
(a) (b)
Figura 6.13 – Entrada de calor para a Placa 03 na face superior (a) e num plano 1,59 mm
abaixo da superfície (b).
Uma macrografia para visualização da zona fundida foi realizada para cada placa na
seção transversal x=170 mm. O reagente de Tucker (45 mL de HCl, 15 mL de HNO3, 15 mL de
HF e 25 mL de H2O) foi utilizado para o ataque químico. Utilizou-se uma câmera conectada a
um microcomputador e um software de visualização para capturar imagens da seção e medir
as dimensões da zona fundida. Verifica-se através da Fig. 6.14 uma boa concordância entre as
zonas fundidas obtidas experimentalmente e numericamente para as três placas, o que serve
como validação do modelo térmico gerado. Para a Placa 01, é observado um erro de 6,67 %
para a largura e 3,36 % para a profundidade da poça de fusão. Para a Placa 02, os erros
encontrados são de 2,47 % para a largura e 1,52 % para a profundidade. Já para a Placa 03,
observe-se um erro de 0,55 % para a largura e 3,66 % para a profundidade.
As distorções causadas pela soldagem foram avaliadas experimentalmente utilizando-se
uma mesa de desempeno, um relógio comparador e uma base magnética (Fig. 6.15). Duas
seções transversais foram utilizadas: x=20 mm e x=50 mm. A Figura 6.16 a 6.18 mostram os
resultados numéricos e experimentais de distorção para as três placas nestas duas seções.
94
Placa 01 Placa 02
Placa 03
Figura 6.14 – Comparação das zonas fundidas experimentais e numéricas para as três placas
na seção x=170 mm.
95
Para a Placa 03, é verificada uma maior discrepância entre os resultados numéricos e
experimentais, o que leva a crer que o modelo térmico para esta placa não deva representar
adequadamente a distribuição real de calor. Assim, apesar de os resultados de zona fundida
desta placa estarem em ótima correlação, a alteração dos tempos de pulso (de 3 para 4 ms) e
de base (de 22 para 21 ms), conforme relatado na seção 4.7, deve ter “dispersado” a fonte de
calor, aquecendo mais as regiões vizinhas à poça de fusão. Isto pode ter sido a causa da
grande diferença nos resultados de distorção. Entretanto, é importante ressaltar que acredita-
se que estas variações nos tempos de base e pulso foram pequenas para explicar sozinhas
estes resultados. Conclui-se, assim, sobre a importância de se monitorar a temperatura em
função do tempo em alguns pontos da placa durante a soldagem, para ajustar melhor a entrada
de calor na simulação.
Para fins ilustrativos, a forma distorcida final obtida numericamente para a Placa 01 da
placa está mostrada na forma de isovalores (Fig. 6.19a) e com amplificação de 20×
(Fig. 6.19b).
(a) (b)
Figura 6.19 – Forma distorcida final obtida numericamente para Placa 01 apresentada na forma
de isovalores, em µm, (a) e amplificada 20× (b).
97
Os campos de tensões residuais na direção longitudinal (σx) estão ilustrados na Fig. 6.20
na forma de contornos de isovalores. Observam-se pequenas diferenças entre os campos de
tensão das três placas, principalmente nas regiões próximas ao final do cordão de solda.
Placa 01 Placa 02
Placa 03
Figura. 6.20 – Campo de tensões residuais na direção longitudinal obtidos numericamente (em
MPa).
Tabela 6.4 – Variações percentuais das freqüências naturais das placas devidas à soldagem.
Placa 1 Placa 2 Placa 3
Modo
Exp (%) Num (%) Desvio Exp (%) Num (%) Desvio Exp (%) Num (%) Desvio
1 -19,07 -22,35 -3,29 -21,52 -23,35 -1,83 -21,27 -22,00 -0,73
2 -15,17 -17,75 -2,58 -18,46 -19,45 -1,00 -17,83 -17,50 0,34
3 -9,87 -11,24 -1,37 -10,60 -11,39 -0,79 -10,67 -10,74 -0,07
4 2,40 2,66 0,26 2,92 3,06 0,14 2,78 2,91 0,13
5 -10,42 -12,17 -1,75 -11,83 -12,37 -0,54 -11,64 -11,56 0,09
6 4,31 4,88 0,57 4,77 5,05 0,28 4,66 4,86 0,20
7 -5,70 -6,54 -0,84 -6,35 -6,68 -0,32 -6,31 -6,32 0,00
8 -1,83 -2,01 -0,18 -1,72 -1,85 -0,13 -1,96 -1,72 0,24
Placa 4 Placa 5
Figura. 6.22 – Zonas fundidas em x=170 mm e campos de tensão residual para as Placas 04 e
05 (contornos para as tensões residuais são os mesmos da Fig. 6.20).
Tabela 6.5 – Valores das variações percentuais das freqüências naturais devidas à soldagem
para as cinco placas simuladas numericamente.
Variação (%)
Modo Placa 1 Placa 2 Placa 3 Placa 4 Placa 5
(844 J/mm) (1056 J/mm) (1112 J/mm) (1282 J/mm) (1632 J/mm)
1 -22,35 -23,35 -22,00 -22,98 -21,61
2 -17,75 -19,45 -17,50 -19,22 -18,02
3 -11,24 -11,39 -10,74 -10,95 -10,03
4 2,66 3,06 2,91 3,03 2,75
5 -12,17 -12,37 -11,56 -11,85 -10,70
6 4,88 5,05 4,86 4,96 4,74
7 -6,54 -6,68 -6,32 -6,47 -6,01
8 -2,01 -1,85 -1,72 -1,66 -1,39
resultado incoerente. A Tabela 6.6 mostra os valores numéricos das variações das freqüências
naturais de vibração causadas pela soldagem, incluindo a influência das tensões residuais e
das distorções, e as variações devidas exclusivamente às distorções geométricas de soldagem.
Observe-se que, para a maioria dos modos, o efeito da distorção é muito pequeno quando
comparado com o efeito do enrijecimento por tensão. Note-se ainda que a distorção causa uma
variação positiva no valor da freqüência e que, na maioria dos casos, a variação devida ao
efeito global (tensões e distorções) é negativa. Isto mostra que o efeito do enrijecimento por
tensão deve ser predominante em relação ao efeito da distorção geométrica.
Tabela 6.6 – Variações percentuais das freqüências naturais de vibração devidas à soldagem e
exclusivamente às distorções de soldagem (obtidas numericamente).
Placa 01 Placa 02
Modo Variação Total Variação Distorção Variação Total Variação Distorção
(%) (%) (%) (%)
1 -22,35 0,73 -23,35 0,78
2 -17,75 1,16 -19,45 0,78
3 -11,24 0,59 -11,39 0,63
4 2,66 1,24 3,06 1,33
5 -12,17 0,66 -12,37 0,62
6 4,88 0,63 5,05 0,61
7 -6,54 0,43 -6,68 0,44
8 -2,01 0,50 -1,85 0,51
255), todos em milímetros. Assim, os nós do modelo correspondentes a estas posições tiveram
os deslocamentos nas direções x e y bloqueados.
Conforme descrito na seção 4.6, os dois tubos foram soldados com o processo TIG em
corrente contínua e o cordão de solda foi realizado na direção longitudinal do tubo, iniciando
em z=10 mm e terminando em z=390 mm.
A Tabela 6.7 mostra os parâmetros de soldagem utilizados nas simulações de cada tubo,
bem como a eficiência adotada em cada caso.
Uma distribuição de calor volumétrica é utilizada para os dois casos, sendo dividida em
quatro superfícies: na superfície externa e nas superfícies com profundidades de 1,775, 3,55 e
5,325 mm da superfície externa. As formas de entrada de calor em cada superfície utilizada
para os Tubos 01 e 02 estão ilustradas nas Fig. 6.24 e 6.25.
103
(a) (b)
(c) (d)
Figura 6.24 – Entrada de calor para o Tubo 01 na superfície externa (a) e nas superfícies
internas: 1,775 (b), 3,55 (c) e 5,325 mm (d).
Uma macrografia da zona fundida foi realizada em cada tubo na seção transversal
z=160 mm. O reagente Vilella (5 mL de HCl, 1 g de ácido pícrico e 100 mL de metanol) foi
utilizado para o ataque químico. O procedimento seguido foi o mesmo descrito para as placas
de alumínio. A Figura 6.26(a) mostra uma macrografia obtida para o Tubo 02. Percebe-se nesta
macrografia diferentes contornos de zona fundida (Fig. 6.26b), indicando que a forma final
desta zona é formada por diferentes seções da poça de fusão. Ou seja, não existe uma seção
da poça de fusão que represente completamente a forma final zona fundida, havendo, portanto,
a necessidade de fazer uma superposição de duas ou mais seções da poça de fusão para se
chegar à forma da zona fundida. Assim, o resultado numérico deverá ser composto pela
superposição de diferentes seções da zona fundida em um mesmo instante de tempo. No caso
destes tubos, duas seções se mostraram suficientes. A Figura 6.27 mostra os resultados
numéricos para o Tubo 02 no instante de tempo correspondente ao posicionamento da tocha
na seção z=160 mm. Nesta figura, pode ser visualizada a região fundida nas seções z=160 mm
104
e z=155 mm, além da superposição das duas regiões, formando o que é considerado o
resultado final da macrografia.
(a) (b)
(c) (d)
Figura 6.25 – Entrada de calor para o Tubo 02 na superfície externa (a) e nas superfícies
internais: 1,775 (b), 3,55 (c) e 5,325 mm (d).
(a) (b)
Figura 6.26 – Macrografia da zona fundida do Tubo 02 com e sem exposição dos contornos.
105
Observa-se a partir da Fig. 6.28 uma boa correlação entre as zonas fundidas obtidas
experimental e numericamente para os dois tubos, o que é considerado como um indicador de
validação do modelo térmico utilizado. Para o Tubo 01, é verificado um erro de 2,47 % para a
largura e 0,52 % para a profundidade da zona fundida. Já para o Tubo 02, observa-se um erro
de 0,92 % para a largura e 1,20 % para a profundidade.
Figura 6.28 – Comparação da zona fundida para os dois tubos na seção z=160 mm.
Os campos de tensões residuais na direção longitudinal, σz, para cada tubo estão
ilustrados na Fig. 6.29. É possível perceber poucas diferenças entre os campos obtidos nas
duas condições testadas.
Os quatro primeiros modos de vibração obtidos para os tubos no estado livre de tensão
estão ilustrados na Figura 6.30. Devido à axissimetria, os modos de vibração ocorrem em
pares, ambos correspondendo a valores de freqüência natural bem próximos (não idênticos
devido a não simetria da malha). Nesta figura, os modos simétricos são considerados como um
único modo. Assim, estes quatro modos representam as oito primeiras freqüências naturais.
Após a soldagem, ocorreu apenas alteração nas freqüências naturais, não havendo
modificação na ordem dos modos.
106
Tubo 01 Tubo 02
Figura. 6.29 – Campo de tensões residuais na direção longitudinal obtidos numericamente (em
MPa).
698 Hz 741 Hz
1926 Hz 1998 Hz
Figura. 6.30 – Os quatro primeiros modos de vibrar do tubo.
107
Tabela 6.8 – Variações percentuais das freqüências naturais dos tubos devidas à soldagem.
Tubo 01 Tubo 02
Modo
Exp (%) Num (%) Desvio Exp (%) Num (%) Desvio
1 0,27 0,26 -0,01 0,18 0,27 0,09
2 0,18 0,21 0,03 0,36 0,34 -0,03
3 0,17 0,06 -0,11 0,17 0,12 -0,06
4 0,17 0,37 0,19 0,51 0,44 -0,08
5 0,00 -0,10 -0,10 0,07 -0,14 -0,21
6 0,00 0,24 0,24 0,07 0,30 0,23
7 0,13 0,19 0,05 0,32 0,24 -0,09
8 0,26 0,27 0,01 0,32* 0,34 0,02
*
Para o Tubo 02 foi identificado experimentalmente apenas um pico para este modo. Supondo-se que deve ter
havido a superposição dos dois picos, adotou-se a mesma variação observada para a sétima freqüência.
Pode ser observado que, para a maioria dos modos, os resultados das simulações
numéricas apresentam a mesma tendência dos resultados experimentais. Novamente, parte
dos desvios verificados entre os resultados numéricos e experimentais pode ser considerada
proveniente das simplificações adotadas na modelagem. Observando os resultados numéricos
para os dois tubos (modelos idênticos), ao se elevar a energia de soldagem, é notado que as
variações das freqüências naturais aumentam, apresentando um comportamento semelhante
ao da placa de alumínio. Assim, é possível que haja também um valor de energia limite a partir
do qual as variações comecem a reduzir. Entretanto, as variações observadas para os tubos
são muito inferiores às observadas para as placas. Assim, para possibilitar o uso desta técnica
para avaliar alterações nas tensões residuais de soldagem deste tipo de estrutura, seria
necessário reduzir bastante o valor do ∆f. Para tanto, um equipamento que possa realizar este
ensaio vibratório dentro de uma banda de freqüência cuja freqüência inicial possa ser diferente
de zero seria interessante, pois seria possível selecionar uma banda bastante curta que
contivesse a(s) freqüência(s) a ser(em) estudadas.
função do tempo em alguns pontos para validar a análise térmica. Com estes dados, é possível
ajustar melhor a distribuição da fonte de calor, minimizando os erros de modelagem.
É importante ressaltar que, para uma mesma energia de soldagem, as variações nas
freqüências naturais são bem sensíveis à distribuição de calor, notadamente para os primeiros
modos de vibrar, reforçando o fato de ser necessário dados experimentais para validar a
modelagem térmica. Além disso, constatou-se que em alguns casos, como o da Placa 03,
apenas a macrografia da zona fundida não é suficiente para validar o modelo, fazendo-se
necessário também a temperatura em função do tempo em alguns pontos do componente.
Os resultados numéricos obtidos confirmaram o efeito do enrijecimento por tensão
residual de soldagem, bem como o fato de componentes esbeltos serem mais sensíveis a este
efeito. Verificou-se ainda que as distorções de soldagem têm pouca influência nas freqüências
naturais quando comparadas com o efeito das tensões residuais.
A sensibilidade das variações das freqüências naturais com a energia de soldagem
também foi evidenciada, quando foi observada numericamente a existência de um valor limite
na energia a partir do qual as variações tendem a reduzir.
CAPÍTULO VII
X L = 2π f L (7.1)
1
XC = (7.2)
2π f C
onde C é a capacitância. Tanto as reatâncias indutiva e capacitiva como a resistência são dadas em
ohms.
Como a resistência é expressa por um valor não-negativo, o plano R-X pode ser
representado apenas pelo primeiro (reatância indutiva) e quarto (reatância capacitiva)
quadrantes, de tal forma que a impedância elétrica pode ser obtida por (Gibilisco, 2002):
Z = R + jX (7.3)
A admitância é uma medida que representa a facilidade com que um meio conduz
corrente alternada e equivale à condutância no caso de uma corrente contínua. Assim como a
impedância, este é um valor complexo (Gibilisco, 2002).
111
I ⎛ T Z (ω ) ⎞
Y (ω ) = = i c ω ag ⎜⎜ ε 33 − d 32x Y xxE ⎟⎟ (7.4)
V ⎝ Z (ω ) + Z a (ω ) ⎠
112
espessura da pastilha para as placas 01 e 02 foi de 0,2 mm (0,0075"), enquanto que para a
Placa 03 foi de 0,5 mm (0,020"). O uso de pastilhas de diferentes espessuras foi necessário
devido à indisponibilidade de material.
Como pode ser visto na Fig. 7.2(b), o PZT foi colado próximo a uma das bordas da placa.
Esta posição foi escolhida devido ao fato de o PZT não poder ser submetido a uma
temperatura acima de um determinado nível (temperatura de Curie), sob pena do mesmo
perder as suas propriedades piezoelétricas. No caso deste PZT especificamente, a temperatura
de Curie é de 350ºC. Assim, para garantir a manutenção das propriedades do PZT, este foi
colado o mais longe possível do cordão de solda. Outro motivo é que neste ponto existe uma
considerável tensão de compressão, conforme os resultados das simulações numéricas
mostradas na seção 6.2. A Figura 7.3 mostra os detalhes do posicionamento do PZT na placa.
Sentido da soldagem
264
20
175
370
7.4. Resultados
Inicialmente, da mesma forma que foi apresentado para os resultados dos testes de
vibração a baixa freqüência (seção 4.7), é interessante verificar a repetibilidade dos resultados
obtidos para cada placa nos ensaios de impedância eletromecânica. A Figura 7.4 mostra os
sinais da parte real da impedância obtidos para o estado inicial de cada placa. Verifica-se na
Fig. 7.4(a) que o nível do espectro é diferente para cada placa, especialmente para a Placa 03,
o que pode ser justificado pelo uso de um PZT mais espesso (0,5 mm). Outra causa desta
diferença pode ser atribuída ao procedimento de colagem e a diferenças nas dimensões dos
PZTs (durante o corte). A partir da Fig. 7.4(b), pode-se observar que as posições dos picos da
placas 01 e 03 são bem próximas, enquanto que as da Placa 02 têm um leve desvio para a
esquerda. Isto confirma o que foi observado na Fig. 4.26 da seção 4.7. Assim, apesar destas
variações, considera-se que houve uma boa repetibilidade em termos das posições dos picos.
Após a soldagem da Placa 02, percebeu-se que o PZT havia fraturado, o que
impossibilitou a realização do ensaio de impedância da placa com tensões residuais. Assim, a
Fig. 7.5 apresenta apenas os sinais de impedância para os estados inicial e soldado das placas
01 e 03. A Tabela 7.1 expõe os valores das freqüências correspondentes aos picos observados
na figura.
115
∆f = 6,25 Hz ∆f = 6,25 Hz
(a) (b)
Figura 7.4 – Sinais de impedância obtidos para o estado inicial de cada placa: (a) de 8 a
20 kHz e (b) de 10 a 12,5 kHz.
∆f = 6,25 Hz
Figura 7.5 - Sinais de impedância obtidos para os estados inicial e soldado das placas 01 e 03.
116
Tabela 7.1 – Valores de freqüência correspondentes aos picos do sinal de impedância para as
placas 01 e 03.
Placa 01 Placa 03
Pico Inicial Soldado Var. Var. Nº. de Inicial Soldado Var. Var. Nº. de
(Hz) (Hz) abs. (%) ∆f (Hz) (Hz) abs. (%) ∆f
1 10337,50 10368,75 31,25 0,30 5 10331,25 10362,50 31,25 0,30 5
2 10437,50 10500,00 62,50 0,60 10 10437,50 10493,75 56,25 0,54 9
3 10575,00 10637,50 62,50 0,59 10 10562,50 10631,25 68,75 0,65 11
4 10731,25 10775,00 43,75 0,41 7 10725,00 10768,75 43,75 0,41 7
5 11231,25 11256,25 25,00 0,22 4 11225,00 11250,00 25,00 0,22 4
6 11593,75 11612,50 18,75 0,16 3 11587,50 11612,50 25,00 0,22 4
7 11762,50 11812,50 50,00 0,43 8 11756,25 11812,50 56,25 0,48 9
8 12181,25 12243,75 62,50 0,51 10 12168,75 12243,75 75,00 0,62 12
Observe-se que, ao contrário do que foi verificado nos resultados dos ensaios de
vibração a baixa freqüência, houve uma tendência de elevação dos picos de freqüência após a
soldagem, com exceção de poucos casos (em outras bandas de freqüência não apresentadas).
Percebe-se que a maior variação apresentada pela Placa 01 foi de 62,5 Hz, o que corresponde
a 10 x ∆f, enquanto que para a Placa 02 está variação foi de 75 Hz (12 x ∆f). É conveniente
ressaltar que, apesar das variações relativas serem bem pequenas quando comparadas com
as observadas nos resultados a baixa freqüência, as variações absolutas são razoáveis. Note-
se ainda que, ao aumentar a energia de soldagem (da Placa 01 para 03) o comportamento
varia de pico para pico. Os picos 1, 4 e 5 não se mostraram sensíveis à variação da energia. Já
o segundo pico sofreu uma redução de 1 ∆f, os picos 3, 6 e 7 sofreram um aumento de 1 ∆f e o
oitavo pico, um aumento de 2 ∆f. Este último seria, portanto, o mais adequado para fazer um
estudo de sensibilidade do método.
8.1. Conclusões
Nas condições deste trabalho, ou seja, basicamente soldagens com o processo TIG
autógeno (sem material de adição) em componentes simplesmente apoiados (sem engastes) e
ensaios dinâmicos na condição livre (suspenso por cabos flexíveis), utilizando-se placas
retangulares finas para representar as estruturas esbeltas e basicamente tubos de diferentes
comprimentos (200 a 800 mm) para representar as estruturas espessas, pode-se concluir que:
Em relação aos estudos sobre o enrijecimento por tensões residuais de soldagem, a fim
de dar continuidade a este trabalho, sugere-se alguns estudos:
• Simulação da soldagem com uma distribuição de calor variável com o tempo. Isto é
particularmente importante para simulações de soldagem sem material de deposição,
onde, no início do processo, o calor é essencialmente aplicado na superfície do
componente a ser soldado (distribuição superficial). Em seguida, a distribuição de
calor passa a ser volumétrica, mas variável (em termos da forma de entrada de calor)
até atingir a estabilidade, quando uma distribuição volumétrica constante pode ser
assumida. Da mesma forma, ao se aproximar da extremidade final do componente, a
distribuição de calor deve tornar-se variável novamente. Obviamente, admite-se que a
energia de soldagem permanece constante durante todo o processo;
• Implementação de uma rotina em MATLAB® para geração automática da distribuição
da fonte de calor para ser utilizada em simulações de soldagem no programa
ANSYS®. Este trabalho teria por objetivo facilitar a modelagem da fonte de calor com
base em diferentes formas e modelos (ex.: dupla elipsóide de Goldak, gaussiana,
etc.);
• Avaliação da utilização de softwares específicos, como o SYSWELD® para simular
soldagem levando em conta as transformações de fase no estado sólido e diferentes
processos com e sem deposição de material;
• Simulação numérica de outros processos de soldagem com deposição de material em
peças de geometrias mais complexas, incluindo soldagem multi-passes;
• Fazer medições de tensões residuais de soldagem utilizando técnicas experimentais,
com o intuito de validar modelos numéricos de simulação da soldagem.
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residuais de soldagem (escolhida por ser a seção onde Depradeux realizou medições
experimentais de tensão residual).
y
Seção analisada
150 mm
Material 1
Material 2
Material 3
100 mm
160 mm
120 mm
Cordão de solda
Material 2
Material 1
250 mm
A.2. Resultados
(a) (b)
Figura A.3 – Tensões residuais longitudinais na seção x=150 mm nas faces inferior (a) e
superior (b).
135
(a) (b)
Figura A.4 – Tensões residuais transversais na seção x=150 mm nas faces inferior (a) e
superior (b).
microestruturais (Preaq. 300ºC), com transformação para material de menor resistência (Preaq.
300ºC – menor resistência) e com transformação para material de maior resistência (Preaq.
300ºC – maior resistência).
(a) (b)
Figura A.5 – Tensões residuais longitudinais na seção x=150 mm nas faces inferior (a) e
superior (b).
(a) (b)
Figura A.6 – Tensões residuais transversais na seção x=150 mm nas faces inferior (a) e
superior (b).
Na face inferior (Fig. A.5a), verifica-se que, caso o preaquecimento induza uma
transformação metalúrgica para um material de menor resistência, a tensão residual próxima
ao cordão de solda sofre uma redução significativa de até 100 MPa (~ 27,8 %). No entanto, o
preaquecimento provocou novamente um aumento na região sob tração, neste caso em
5,5 mm (21,1 %), além de aumentar a magnitude da tensão de compressão na borda da placa
137
em 55 MPa (25,3 %). Para o caso em que o preaquecimento gera uma transformação
metalúrgica para um material de maior resistência, a tensão residual próxima ao cordão de
solda é aumentada de até 50 MPa (14 %), a zona sob tração é praticamente mantida a mesma
e a tensão de compressão na borda da placa tem sua magnitude elevada em 67 MPa (30,9 %).
Um comportamento similar é observado na face superior da placa (Fig. A.5b), diferindo apenas
a intensidade das alterações.
Para as tensões residuais na direção transversal ao cordão, na face inferior da placa
(Fig. A.6a), o preaquecimento sempre faz aumentar as tensões trativas, independentemente da
posição do ponto em relação ao centro do cordão ou da resistência do material. Na face
superior, o preaquecimento provoca menores tensões trativas próximo ao centro do cordão
quando o material se torna mais resistente. Para o caso inverso, quando o material se torna
menos resistente, os níveis destas tensões são aumentados. À medida que se afasta da linha
central do cordão, a existência do preaquecimento pouco influencia nas tensões para material
de resistência aumentada, mas é sempre prejudicial para o caso em que o material tem a
resistência reduzida.
A Figura A.7 ilustra os campos de tensões residuais na direção longitudinal ao cordão de
solda, os quais foram obtidos numericamente para as diferentes condições de preaquecimento
testadas. A partir desta figura, é possível ter uma noção qualitativa a respeito da distribuição
das tensões ao longo da placa.
A.3. Conclusões
300ºC 400ºC