0 notas0% acharam este documento útil (0 voto) 158 visualizações54 páginas2 História Do Violão Norton PDF
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GUITARRISTAS E REPERTORIO DO
CLASSICISMO
ESPANHA
NTRE OS DISC{PULOS DO PADRE BASILIO destaca-se Dionisio Aguado y Garcia,
rconsiderado como um dos maiores virtuoses da guitarra classica. Nascido em Ma-
em 1784, e falecido na mesma cidade em 1849, Aguado iniciou seus estudos com 0
Padre Basilio (Miguel Garcia)’ Em 1803, herdou de seu pai uma pequena propriedade
no povoado de Fuenlabrada, onde residiu durante a invasao napoleénica & Espanha. Ali,
desenvolveu seus principios guitarristicos que foram apresentados ao piiblico no seu
método traduzido para o francés por Frangois de Fossa e publicado primeiramente em
Paris, em 1826, ¢ depois reeditado por ele mesmo em Madri, em 1843. Sendo o mais
completo método para guitarra do classicism, considerado por muitos como atual hoje
em dia, € de grande utilidade por apresentar explicagdes de cardter técnico € interpreta-tivo sobre os estudos do autor. um método que ensina os
principios te6ricos e praticos do instrumento.
Transferindo-se para Paris com o objetivo de co-
nhecer o famoso guitarrista e seu compatriota Fermando Sor,
Aguado logo se faz conhecido por seu virtuosismo e inicia
uma grande amizade com Sor. Este dedica-Ihe seu duo Les
Deux Amis op. 41 e a 7° Fantasie et variations Brillants, op
30.
© uso de unhas na mao direita, por Aguado, criou
uma certa polémica junto a Sor, que se refere nos seguintes
termos a técnica de Aguado:
Era necessirio que a técnica de Aguado pos-
suisse as excelentes qualidades que possui,
para perdoarlhe 0 uso de unhas, e cle
mesmo teria renunciado a0 seu uso se no
tivesse logrado tal grau de agilidade, e nem se
encontrasse num tal ponto da vida em que &
dificil Iutar contra um habito adquirido por
muito tempo,
E mais tarde Sor escreve:
E assim que ele ouviu algumas das minhas
obras, logo as estudou e até pediu-me cons
Thos sobre sua execuglo, mas eu era muito
jovem para permitir-me 0 direito de ¢:
um maestro de sua celebridade. Ainda assim
atrevi-me a insinuar-Ihe a inconveniéncia das
unhas, especialmente em minha mtisica entio
concebida distintamente da misica dos guitar
istas em geral. (..) Depois de muitos anos,
Nos reencontramos e ele entao confessou-me
que, se fosse recomegar, o faria sem unhas. 2
Aguado, foi ainda, o inventor do iripodion, uma
espécie de tripé em que o instrumento era apoiado, liber-
tando as maos para a execucio do instrumento. Para sua
62
AS
Dionisio Aguado, litografia do
seu Nuevo Método de Guitarra
(1843), com sua invengio, 0
tripodion.
=
Fernando Sor (1778-1839),Mateo Carcassi (1792-1853).
Ferdinando Canulli (1770-1841)
obra Fantasia Elegiaca op. 59, Sor recomenda 0 uso desta
"excelente invengio" de seu amigo. Aproximadamente em
1838-39, Aguado deixa Paris e retorna a Madri, onde reside
até sua morte. Sua obra é diversa e de boa qualidade musi
cal, destacando-se o j4 mencionado Método para Guitarra,
Trois Rondo Brillanis op. 2, Le Menuet Affandangado op. 15
¢ Le Fandango Varié op. 16, obras que utilizam a tipica
danga espanhola
Fernando José Macario Sor, nasceu em Barcelona a
14 de fevereiro de 1778, e faleceu em Paris a 10 de julho de
1839. Sor teve sua formagio musical realizada no monastério
de Montserrat, nas cercanias de Barcelona, onde estudou,
sob a diregio do Padre Anselmo Viola, harmonia, con-
traponto, canto, orquestragio € composi¢ao.
Saindo do monastério depois de cinco anos de es
tudos e com 17 anos de idade, Sor retornou a Barcelona e
retomou seus estudos de guitarra, sendo desta época a in-
fluéncia das composicbes de Moretti, Também deste periodo
data a primeira dpera escrita por ele, Telemaco en la Isla de
Calipso, que teve sua primeira representaglo em 25 de
agosto de 1797 no Teatro Santa Creu de Barcelona. Con-
seguindo um grande sucesso de critica € piiblico, Sor se tor-
nou uma celebridade j4 aos 18 anos de idade
Logo, Sor se vé em Madri, onde foi levado a corte
de Carlos IV pelo Duque de Miranda. A Duquesa de Alba,
percebendo talento do jovem compositor, logo © tomou
mestre de sua capela particular € professor de guitarra de
sua filha. Com o falecimento da Duquesa, em 1804, Sor se vé
desprotegico e procura outro nobre para sua protecio. O
Duque de Medinaceli chama-o € 0 nomeia misico de sua
corte e administrador de seus bens. Desta época, a producao
musical de Sor € composta de duas sinfonias, trés quartetos €
algumas cancoes.
Com a invasao francesa na Espanha, Sor é acusado
de simpatizante dos invasores e decide partir para Paris em
fins de 1812. Chegando em Paris, dedica-se mais profunda-
mente As composigées para a guitarra, sendo que as primei-
ras composigdes publicadas datam deste periodo. Depois de
alguns anos em Paris, decide mudar-se para Londres.
Em Londres, dé numerosos recitais de guitarra,
63sendo muito importante sua apresentacg4o no Royal Philar-
monic Concerts, além dos recitais na Society’s Concerts e no
Argyle Rooms, onde apresentou sua composicao Concer-
tante for the guitar with violin, viola and cello. Uma citacao
no livre de P. J. Bone confirma a excepcional execucio de
Sor. Segundo George Hogarth em suas memérias da Philar-
monic Society "ele surpreendeu a audiéncia com sua e-
xecucao brilhante"
Com a apresentacao de seu ballet Cendrillon, Sor
retorna a Paris. A fama crescente de guitarrista foi acrescida
de representagdes de seu ballet Alphonse et Leonore. Convi-
dado para apresentar-se na corte de Sao Peterbursgo, parte
para a Riissia. Ali, recebe a comissao de uma marcha fiine-
bre pela ocasiao da morte de Alexandre I ¢ compée o ballet
Hercules et Omphale para o coroamento de Nicolau
Retomando a Paris, tenta representar seu ballet Le
Sicilien ou l'amour peintre, sem sucesso. Viaja novamente a
Londres, onde permanece por um curto periodo, e neste
espago de tempo compée o ballet Le dormeur. Eveille ¢ a
6pera La belle Arsene.
Retornando definitivamente a Patis, nasce a ami-
zade € a colaboracio com Aguado
Fernando Sor é geralmente lembrado nao. Por seus
ballets e 6peras, mas sim por sua inestimavel producto gu:
tarristica. As obras de Sor para a guitarra incluem solos €
duos para duas guitarras e algumas cancoes com
acompanhamento de guitarra. Entre as obras para gu
destacam-se intimeros estudos, obras didéticas e algumas
que se tornaram verdadeiras pecas de concerto dos violonis-
tas modernos, varias fantasias € tema com variagdes, come
Introduction et variations sur un theme de Mozart op. 9 e
Introduction et variations sur Malborough se’en va-t-en
guerre op. 28. Entre suas melhores obras estdo as sonatas
opp. 15, 22 € 25, sobre as quais William Newman escreveu
ura
valor criativo das sonatas para guitarra de
Sor @ alto. As idéias que surgem do instru-
mento, ainda que nao dependam dele, sio
frescas © atraentes. A harmonia € engenhosa
64
TE,
‘Mauro Giuliani (1781-1829)
a
julio Regondi (1822-1872)Marco Aurélio Zani de Ferranti
(1802-1878)
Napoleon Coste (1805-1883)
surpreendentemente variada com audaciosas mudangas de tonali-
dade € com ricas modulagdes nas secdes de desenvolvimento, A
textura também € naturalmente de interesse com a melodia pas-
sandlo ora da parte superior para o baixo ora para a parte inter-
medidria, além de freqiientes toques contrapontisticos. Entre as
formas maiores, © primeiro movimento allegro mostra uma
flexibilidade considerivel na aplicacao da forma sonata, especial-
mente no grande nimero de idéias introduzidas e recapituladas.
No que conceme a este assunto, o estilo ainda vai ao encontro de
Haydn e Boccherini, especialmente no Op. 22/1, 0 qual tem toda
a claridade de sintaxe e acompanhamento encontrado em uma
sinfonia clissica, e 0 Op. 22/III € IV, que poderiam passar facil-
mente por um minueto € rondé de Haydn. O Op. 15 6 em um
movimento, com uma sec2o de desenvolvimento curta mas
efetiva, tanto tonalmente quanto tematicamente. O Op. 22 € em
Quatro” movimentos, répido-lento-moderato-ripido, 0 segundo
sendo um expressivo adagio. © Op.25 é em tés movimentos - um
Andante livre e patético na ténica menor, um Allegro em 6/8, ¢
lum tema € variagdes que nos lembram dos problemas que su
Postamente os editores tiveram em vender a mtisica de Sor para
guitarra a amadores, sendo que grande parte dela & escrita em
uma dificil textura de quatro vozes.
Ainda h4 os duos para duas guitarras, como L’En-
couragement op. 34, Les Deux Amis op. 41, Divertissement
op. 38, Fantasia op. 54bis e Souvenir de Russie op. 63,
sendo este o iiltimo ntimero de opus de Sor. O Méthode
pour la Guitare (Paris, 1830) € 0 mais completo tratado
te6rico sobre o instrumento do século XIX, e uma ines-
timavel fonte de informagdes sobre a miisica para guitarra
desta época.
A obra de Fernando Sor representa o auge da
mésica classica para a guitarra, s6 encontrando paralelo na
obra do italiano Mauro Giuliani
Francisco Trinidad Huerta (1804-1875) foi outro
grande virtue da guitarra no século XIX. Huerta desen-
volveu uma grande atividade como concertista na Europa ¢
até nos Estados Unidos. Varios sio os relatos sobre suas ha-
bilidades, como do grande escritor Victor Hugo:
65A guitarra, este instrumento tio circunscrito, nao conhece limites nas suas
maos. O senhor a faz produzir todos os sons, todos os acordes, todos os can-
tos. © senhor sabe tirar destas poucas cordas as notas mais variadas (...) A
vossa guitarra € uma orquestra.
Pouca coisa restou da obra de Huerta, como a Overture to Semiramide e varias
obras de carter leve como valsas, divertimentos e mazurcas.
Antonio Cano (1811-1897), assim como Huerta, distinguiu-se por sua habilidade
a guitarra. Esteve associado a Aguado em 1847, sendo que recebeu grandes elogios deste
liltimo no que diz respeito as suas qualidades de executantes. Cano € autor de um
método para guitarra publicado em 1852, ampliado, em 1868, com um interessante
Tratado de Armonia aplicado a este instrumento.
ITALIA
NA ITALIA, OCORREU um dos maiores movimentos guitarristicos do século
XIX, registrando-se uma grande quantidade de guitarristas, virtuoses ¢ amadores. Muitos
dos virtuoses italianos deixaram seu pais natal e se dirigiram para centros musicais
maiores, como Paris e Viena.
Felipe Gragnani (1767-1812) foi um notével guitarrista e compositor, cujas obras
ainda hoje constam no repertério dos violonistas. Gragnani teve sua instrug&io musical
com Giulio Maria Luchesi e desenvolveu uma carreira de concertista na Alemanha, Itdlia
€ principalmente em Paris. Suas principais obras constam de varios duos para duas gui-
larras, um quarteto para duas guitarras, violino € clarinete op. 9, um trio para trés guitar-
ras op. 13, e varias obras para guitarra solo, como a Fantasia op. 15 € os Divertissements
op. 11
Francisco Molino (1775-1847) foi compositor, guitarrista ¢ violinista. A sua car-
reira de virtuose desenvolveu-se na Itilia, onde também foi diretor musical do Teatro de
Turim. Visitou a Espanha, € radicou-se em Paris aproximadamente em 1820, onde per-
maneceu como virtuose da guitarra e do violino até sua morte, em 1847, A obra de
Molino consiste de um Nowvelle Méthode Complete por Guitare ou Lyre, um concerto
Para guitarra ¢ orquestra, varias obras de miisica de cimara com guitarra e diversas pecas
€ estudos para guitarra solo.
66Luigi Legnani (1790-1877) foi considerado como um dos maiores virtuoses da
guitarra do século XIX. Desenvolveu uma carreira brilhante, se apresentando nas maiores
cidades da Espanha, Alemanha, Franca e Austria.
Aproximadamente em 1822, Legnani fez uma tournée a Alemanha e Austria, se
estabelecendo por alguns meses em Viena. Em 1827, surge uma nova série de concertos,
desta vez, segundo Fétis, com Paganini. Em Paris, em 1829, Legnani tem contato com Sor
© Aguado e em 1835-37 realiza nova tournée com Paganini
A respeito de um concerto realizado em Barcelona, Legnani recebeu a seguinte
critica publicada no Iberia Musical de Madri
Barcelona, 23 de maio de 1842. Na noite de ontem se apresentou no Teatro
Principal desta cidade, o senhor Luis Legnani, guitarrista italiano de nome. To-
cou uma fantasia solo e umas variagdes brilhantes com acompanhamento de
orquestra, ambas pecas de sua composiclo. Este professor retine muita agil
dade na execugio, grande qualidade no som de seu instrumento e muito sen-
timento no Cantabile. © senhor Legnani foi muito aplaudido e o gue nos
chamou a atengao foi seu Adagio, tocado com muita exatidao e gosto:
Legnani, quando em Viena, também colaborou com os construtores de guitarras
Staufer € Ries, ¢ em 1850 retornou a Itdlia onde se dedicou a construcao de instrumen-
tos.” A principal obra de Legnani sio os Caprice op. 20, obras de dificil execugao devido
40 seu cariter virtuosistico. Além disso, compés a Fantasia op. 19, Il terramoto con
variazioni op. 1, € um timo Metodo per impare a conoscere la musica e suonare la chi-
larra op. 250.
Nicolo Paganini (1782-1840) € geralmente conhecido como violinista € virtuose
daquele instramento. Mas, durante certo perfodo de sua vida, dedicou-se exclusivamente
ao estudo da guitarra, provavelmente influenciado por seu pai € por seu professor de
violino, Alexandre Rolla, um eximio guitarrista e violinista. A guitarra, para Paganini, foi
mais do que moda passageira. Prova disso € o grande ntimero de obras destinadas a gui-
larra € a sua utilizagdo em obras de cimara. Entre estas, estao varias pequenas sonatas
€m um movimento, varios minuetos, além de duos para guitarra e violino e quarteto para
violino, viola, cello € guitarra.
© napolitano Ferdinando Carulli (1770-1841) iniciou-se_primeiramente no
violoncelo e depois na guitarra. Apesar de sua formacao autodidata, Carulli atingia um
nivel de virtuosidade que o colocou como um dos grandes guitarristas do século XIX. Em
1808, radicou-se definitivamente em Paris onde atingiu um enorme sucesso como guitar-
rista € professor deste instrumento. Durante um periodo de 12 anos, Carulli publicou
cerca de 300 obras para guitarra e miisica de camara com guitarra. Notivel é seu método,
o7
Tareeditado varias vezes até nossos dias. Carulli ainda é 0 autor de L’harmonte applique @
fa guitare (1825),!° um tratado sobre a forma de acompanhar 0 canto ou outro instru-
mento, destinado ao guitarrista amador.
Nascido em Florenga, Mateo Carcassi (1792-1853) desenvolveu uma cameira
mais ampla que Carulli. Empreendeu vérias toumées entre a Franca, Alemanha, Inglaterra
€ Malia, Radicando-se em Paris, Carcassi logo encontrou em seu compatriota Carali ur
val. Com um estilo mais modemo e mais virtuoso que Carulli, entio em decadéncia,
logo se tomou 0 nome mais conhecido entre os guitarristas da capital francesa,
Sua obra € numerosa, composta de varias pecas para guitarra solo, tais como
rondOs, caprichos ¢ fantasias. Destaca-se especialmente seus 25 Estudos Melddicos ¢ Pro.
gressivos op. 60, obra de grande valor pedagégico ainda hoje.
A maior figura italiana da guitarra classica é sem divida Mauro Giuliani, nascide
em Bisceglie em 1781, '! pouco sabemos a respeito da sua vida até sua chegada em Vi
na em 1806, onde desenvolveu grande atividade musical e teve contato com os maton
compositores € instrumentistas da época. E sabido que, em 1808, Giuliani se apresentou
Para uma audiéncia que inclufa Beethoven, e em 1814 participou da formacae de uma
Orquestra (Provavelmente executando outro instrumento que nao a guitarra) para a ©
xecucao de obras de Beethoven. * Também existem evidéncias do contato de Giuliani
com Schubert. Em 1861, Victor Ritter Umlauff von Frankwell cita que Schubert partici-
Pava de reunides na casa de Frau von André juntamente com Giuliani
Ainda em 1815, participou dos Dukaten Concerte, formando trios com o pianista
Hummel ¢ 0 violinista Mayseder, mais tarde Hummel foi substituide por Moscheles, be.
ois de intensa atividade musical em Viena, parte em 1819, em direcao a Venera e subs
A obra de Giuliani consiste aproximadamente em 150 numeros de opus. De
toda esta produgao destacam-se a Sonata op. 15 © a Gran Sonata Heroiea op. 150, a
Primeira em tés movimentos muito bem construidos e equilibrados, € a segunda em um
movimento de cardter virtuosistico. Ha, ainda, a Gran Overture op. 61 € as 6 Rossinianas,
além de varios temas com variagdes. Nas composicbes de miisica de camara, € notavel a
Parceria de Giuliani com os virtuoses da época, tais como Moscheles, Mayseder e Hum-
mel. Tais obras incluem varios duos e trios com guitara, como € 0 caso do Grand Duo
Concertante para piano e guitarra, composto juntamente com Moscheles ¢ Der Abschied
der Troubadours para voz, piano, violino e guitarra, composto com Moscheles ¢
Mayseder. Também merecem destaque especial os trés concertos Para guitarra e orques-
tra opp. 30, 36 € 70. Giuliani ainda foi o inventor da lerz gitarre, uma guitarra afinada
uma 3* acima da afinacao normal.Outras figuras importantes sao Giulio Regondi (1822-1872) e Marco Aurelio Zani
de Ferranti (1802-1878)
Regondi, considerado menino-prodigio, ji aos 8 anos de idade, recebia criticas
como esta: "Tem pouco mais de 8 anos € toca a guitarra espanhola tao perfeitamente que
© ptiblico e os entendidos ficam maravilhados. Realmente impressiona sua grande habili-
dade, em contraste com sua idade juvenil",*
Concertista de fama internacional, Regondi tocou na Inglaterra, Italia, Austria e
Alemanha. A sua obra para guitarra nao é grande, mas contém obras primorosas como a
Réverie op. 19, Air varié op. 21 ¢ a Introduction et Caprice op. 23
Zani de Ferranti também teve uma carreira de virtuose intemacional. Excur-
sionou por toda a Europa ¢ em 1827 foi apontado professor de guitarra no Conservatorio
Real de Bruxelas. Ferranti recebeu criticas elogiosas como:
Nés temos ouvido este mui distinto artista muitas vezes, e em cada ocasiao sua
execucao foi tao brilhante e variada que ele nos revelou novas maravilhas to-
talmente inesperadas. O que Paganini é para o violino, ‘Thalberg para o piano,
Servais para o cello, Godefried para a harpa, Ferranti o € para a guitarra, '>
A obra deste notavel artista consiste de varias pecas para guitarra solo, como os
8 Caprices op. 11, a Fantasie variée op. 1, 6 Nocturnes Bibliques op. 3, além de varios
duos e trios para guitarras.
VIENA
VIENA, ASSIM COMO AS MAIORES CAPITAIS européias, foi um centro Pro-
curado por muitos mésicos. Com uma importancia fundamental para a musica dos sécu-
los XVIII e XIX, foi talvez o maior centro musical da época. A guitarra classica também se
fez presente na cidade imperial. © ambiente foi Propicio para a mtisica de cAmara, e a
guitarra foi naturalmente incluida neste tipo de atividade musical
Antes mesmo da chegada do virtuose italiano Mauro Giuliani, j4 existia uma
grande atividade guitarristica em Viena. Muitas obras escritas nessa época destinavam-se
ao grande circulo de guitarristas amadores presentes em Viena
Entre os autores desta época destaca-se Leonhard von Call (1767-1815), um
Prolifico compositor que deixou uma obra musical considerdvel, sendo esta composta na
69
edsua maioria por mtisica de cimara, quase sempre incluindo a guitarra. De facil execucao,
a obra de von Call foi destinada ao grande circulo de guitarristas amadores da Viena da
€poca. Destacam-se varios duos para violino e guitarra, duos ¢ trios para guitarras ¢ um
trio para soprano, tenor e€ baixo com guitarra e flauta, op. 136.
Simon Molitor (1766-1848) também foi o autor de uma obra extensa e dedicada
na sua quase totalidade aos guitarristas © mtisicos amadores de Viena. Em 1799, jun-
tamente com Klingenbrunner, Molitor fez uma compilagao de um método para guitarra.
Entre a sua grande e variada produgao destacam-se seus opp. 7, 10, 11 € 12 para guitarra
€ varios duos para violino e guitarra.
Wenceslau Matiegka (1773-1830) natural de Chotzen, Bohemia, radicou-se em
Viena aproximadamente em 1800. Tendo uma sdlida formacao musical, foi mestre de
capela em St. Joseph e St. Leopold, em Viena. Considerado como um dos melhores gui-
tarristas da sua época, Matiegka deixou-nos uma obra de boa qualidade musical. Entre as
variacdes para guitarra destacam-se os opp. 5, 6, 10 € 15, € entre as sonatas os opp. 1, 2,
€ 31. Seu Notturo op. 21 para flauta, viola € guitarra foi arranjado por Franz Schubert
em um quarteto para flauta, viola, cello € guitarra, o qual € erroneamente considerado
como uma obra original de Schubert. '®
Anton Diabelli (1781-1858) foi uma importante figura na vida musical de Viena.
Teve um papel duplo no que diz respeito A sua relaco com a guitarra. Primeiramente
como guitarrista, compositor ¢ professor deste instrumento. Tendo tido uma grande ativ
dade em Viena, Diabelli manteve contato com muitos dos grandes guitarristas da época,
inclusive Giuliani, A sua obra para guitarra € numerosa: musica de camara para guitarra e
piano, trios para guitarra, violino e viola, um trio para guitarras e as trés sonatas para gui-
tarra, consideradas entre as melhores obras do género no repertorio violonistico atual
Por outro lado, Diabelli foi um dos mais importantes editores de misica na Vie-
na dessa época. A firma Cappi & Diabelli, estabelecida em 1818, publicou no seu inicio
as primeiras obras de Schubert, as primeiras, deste compositor, a serem impressas. Para
08 guitarristas, foi especialmente importante a publicacio da antologia Philomele fiir die
Gitarre, uma colegio de obras para guitarra que permaneceu popular por décadas e que
inclufa varias cangdes de Schubert com acompanhamento de guitarra, provavelmente ar-
ranjados pelo proprio Diabelli, Como editor, Diabelli manteve contato com os grandes
compositores da época, entre os quais encontravam-se Beethoven, Haydn e Schubert.
Johann Kaspar Mertz (1806-1856) foi um renomado virtuose da guitarra, Hin-
Baro, estabeleceu-se em Viena aproximadamente em 1840. Alcancando ali um grande
sucesso, logo realizou toumées pela Alemanha, incluindo Berlin, Dresden e Leipzig. A
obra de Mertz para guitarra consta de numerosas pecas originais, entre as quais 0 Caprice
op. 50, Harmonie du Soir, Tarantelle e 3 Morceaux op. 65 (Fantasie Hongroise, Fantasie
Originale © Le Gondolier), sendo que esta obra foi premiada em um concurso de com-
70posi¢ao para guitarra organizado em 1856 pelo nobre russo Makaroff. Mertz faleceu antes
de saber da sua premiacao neste concurso
ALEMANHA
COM O DECLINIO DO ALAUDE NA ALEMANHA, a guitarra tomou-se o mais
Popular entre os instrumentos de cordas dedilhadas. Em conseqiiéncia apareceram varios
uitarristas atuando em diversas cidades da Alemanha.
Christian G. Scheidler (1752-1858) foi descrito pelo Dr. Zuth como o tiltimo dos
alaidistas ¢ o primeiro dos guitarristas alemaes.’” Joseph Kreutzer atuou na primeira
metade do século XIX, mas pouca coisa sabemos a respeito de sua carreira. Suas obras
seguiram a tendéncia da época e foram escritas para miisicos amadores. Joseph Kiiffner
4776-1856) foi um prolifico compositor. De sua obra restam algumas sinfonias e musica
de camara diversa. A guitarra foi seu instrument predileto, tendo destinado a ela varias
obras, entre as quais, trios para flauta, viola e guitarra e duos e trios para guitarras, Suas
obras sao, no geral, de facil execugao, além de terem o cariter didatico.
Heinrich Marschner (1796-1861) foi um importante compositor de éperas que
esteve ligado afetivamente a guitarra. Entre suas principais Operas estao Heinrich IV und
d’Aubigné (1820) ¢ Der Vampyr (1828). Marschner ocupa um importante espaco entre
Weber © Wagner na hist6ria da épera romantica alema. A sua produgao guitaristica €
Pequena, incluindo obras como as 12 Bagatelles op. 4 e varias canoes com acompanha-
mento de guitarra. Outro compositor de importincia fundamental para a Gpera romantica
€ que teve como seu instrumento predileto a guitarra foi Carl Maria Von Weber (1786-
1826). © autor do Der Freischittz (1817-21) ocupa um lugar especial na hist6ria da
misica alema, e € considerado o libertador das influéncias italianas na pera germanica.
Sua obra guitarristica € pequena mas significativa para o instrumento, incluindo o Diverti.
mento (1816), para guitarra © piano, e mais de 20 lieder com acompanhamento de gui-
tarra.
71FRANCA
NA FRANCA, ESPECIALMENTE EM PARIS, surgiram novos
guitarristas, discipulos dos espanhdis Fernando Sor e Dionisio
Aguado que ali viveram por muitos anos.
© mais importante guitarrista francés desta época foi Na-
poleon Coste (1805-1883). Discipulo de Sor, Coste iniciou sua car-
reira como concertista em 1825, € a publicago de suas obras para
guitarra em 1840. Em 1856, no concurso promovido por Makaroff
em Bruxelas, Coste foi premiado em segundo lugar.
Grande parte da obra deste guitarrista e compositor foi
composta para uma guitarra heptacorde, um instrumento com uma
sétima corda adicional cuja invengao € atribuida ao proprio Coste.
A obra de Coste € grande e variada. Sao 53 mimeros de
opus em que so encontradas obras para guitarra e misica de
cAmara com guitarra. Notiveis sio os 25 Etudes de Genre op. 38,
que rivalizam em qualidade com os estudos de Sor. La Chasse des
Sylphes op. 29, La Source du Lyson op. 47 e Feuilles d'Automne op.
41, sto outras obras de qualidade excepcional. Coste foi ainda um
dos primeiros guitarristas a reelaborar as obras de Robert de Visée
para a guitarra classica, que estao presentes no Le Livre dor du
§uitariste op. 52. Também € importante o método Coste-Sor, uma
ampliagao do método de Fernando Sor, o qual foi acrescentado de
estudos deste compositor além de outras obras.
Francois de Fossa, um guitarrista amador que chegou a ter
certa fama na capital francesa, traduziu para o francés o método de
Dionisio Aguado, publicado pela primeira vez em Paris, em 1826.
Aguado, em gratidao a Fossa, dedicou-lhe os seus Trois ronco bril-
lants op. 2. Segundo Aguado, Fossa foi o inventor dos harménicos
artificiais, ou harménicos oitavados, permitindo desta maneira que
todas as notas da guitarra tivessem a possibilidade de serem execu-
tadas em harm@nicos. Poucas obras de Fossa chegaram até nossos
dias, entre elas os 3 Trios Concertanis op. 18 para guitarra, violino
€ cello € 0 Quartet op. 19, n°3. para duas guitarras, violino e cello.
© grande nome da miisica francesa do século XIX é Hec-
tor Berlioz (1803-1869) que, apesar de nunca ter escrito obras
originais para guitarra, fez varios arranjos de cangdes com acom-
panhamento deste instrumento.
A guitarra que pertenceu
a Paganini e, depois, a
Berlioz
A guitarra de Carl Maria
von Weber.Berlioz foi um amante da guitarra e de sua peculiar sonoridade, incluindo-a no
seu Grand Traité d'instrumentation et d’orchestration modernes, onde escreveu: "E quase
impossivel escrever bem para a guitarra sem sabé-la executar. A maior parte dos compo-
Sitores que a empregaram estao longe de conhecé-la, e a razao € Porque escrevem coisas
com dificuldade excessiva sem uma boa sonoridade € sem efeito." 18
Depois de fazer uma pequena anilise das possibilidades técnicas do instru-
mento, Berlioz cita, como os melhores guitarristas, Zani de Ferranti, Huerta ¢ Sor, e ainda
nos da algunas informac®es sobre o declinio do instrumento:
Com a introdugao do piano em toda casa onde existe um pouco de amor pela
misica, a guitarra tornou-se pouco usada, exceto na Espanha e na Ilia. Al
guns executantes a cultivaram, e hoje a estudam como instrumento solista, al
cangando efeitos nao menos originais que deliciosos. Os compositores no a
tem empregado, seja na igreja, no teatro ou em concertos. Sem dlivida, a
causa para tal € sua débil sonoridade, que nao permite uma combinacao com
outros instrumentos nem com muitas vozes. No entanto, o seu carter melan-
c6lico € meditative poderfa ser utilizado mais freqtientemente. !?
As limitadas possibilidades técnicas comentadas por Berlioz refletem a visio de
compositores nao guitarristas, e que empregaram o instrumento de maneira limitada e
quase sempre amadoristicamente.
INGLATERRA
FINALMENTE NA INGLATERRA, encontramos como maiores expoentes da gui-
larra clissica © polonés Felix Horetzki (1800-1871), Ferdinand Pelzer (1801-1860) e sua
filha, Catherina Josepha, depois Madame Sydney Pratten (1821-1895).
© virtuose polonés Felix Horetki teve uma importante carreira internacional.
Radicou-se em Viena, onde teve contato com Giuliani e Diabelli, fez tournées pela
Europa, ¢ em 1820 visitou Londres ¢ se apresentou nas principais cidades inglesas. Em
Edimburgo, onde se radicou até 1840, desenvolveu intensa atividade didética. Depois
deste per‘odo na Inglaterra, Horetzki retorna a sua patria. A sua producao musical foi
destinada na sua maioria aos guitarristas amadores da Inglaterra, destacando-se a GrandFantasia op. 14, a Serenade and Variations op. 12 ¢ varias cangdes com acompanha-
mento de guitarra.
Ferdinand Pelzer, um guitarrista alemao que em 1829 se radicou em Londres e
desenvolveu intensa atividade didatica € concertistica naquela cidade, tornou-se uma im-
Portante figura no mundo guitarristico inglés. Apresentou-se com Moscheles e o flautista
Dressler. Ainda foi o autor de dois métodos para o instrumento: Instructions for the Spa-
nish Guitar e Instructions for the guitar tuned in E major. A filha de Pelzer, Catherina
Josepha, foi considerada um prodigio na guitarra. Sua atividade guitarristica foi conside-
ravelmente importante na Inglaterra. Em 1829, executou duos com o entao menino-
Prodigio Giulio Regondi. Logo Madame Pratten se tornou a mais requisitada professora
do instrumento na Inglaterra, e publicou dois métodos: The Guitar Simplified, em duas
Partes ¢ destinado aos diletantes, e Instructions for the Guitar tuned in E major.
A atividade destas duas personalidades foi importante, sendo o inicio de um tra
balho que dard seus frutos no século XX, quando a Inglaterra adquire um papel funda-
mental no mundo violonistico atual
Como vimos, a atividade guitarristica nos principais paises da Europa do século
XIX foi bastante grande. O declinio do instrumento na segunda metade do século XIX,
em favor do piano, apontado por Berlioz, é grandemente exagerado hoje em dia. A in.
tensa atividade ¢ a grande produc musical para a guitarra confirmam tal fato. O reper-
t6rio guitarristico do século XIX dependeu essencialmente dos virtuoses do instrumento
para uma producao musical de qualidade. Esta situacao mudara com o advento do violao
modemo ¢ com a criagiio, no século XX, de um repertério composto em boa parte por
obras de autores nao guitaristas.
NOTAS
| Brian Jeffery coments a possbildade de parentesco entre o Padre Basilio e Aguado. Cf. Introdugio
4 Variations on the Fandango op. 16. Lorddon: Tecla Editions, 1982.
2 SOR, p. 17
{ Ao que nos consta até © presente momento esta obra esté perdida. Citado por BONE, p. 337.
$ Ibid. p. 337.
° NEWMAN, William S. The Sonata in the Classic Era. Chapel Hill: The University of North Carolina
Press, 1963. p. 664.
© PRAT, p. 163.
7 BONE, p. 205
748 PRAT, p. 176-177,
2 BONE, p. 206.
° PRAT, p. 79.
a teaeel CRRA and death dates confirmed. Guitar Review 37, New York: Al-
ace d., 1972. p. 15.
"TURNBULL, p. 72,
13 DEUSTCH, Oto, Sebubert,
PRAT, p. 259.
15
BONE, p. 114.
1c BONE, p. 1
‘memoirs by bis friends. London: Adam & Black, 1958,
HOORICKX, Fr. R. van, Schubert's Guitar Quartet. Reowe Belge de Musicologie, XXX, 1977. p. 111-
135
7 BONE, p. 310,
zs cree | Hector, Grand Traité dinsiramentation et d'orcbesiration modernes. Mitanc G. Ricordi
&C lsd] p. 72. :
Ibid, 75,
75OADVENIO DO VIOLAO MODERNO
O VIOLAO MODERNO, tal como o conhecemos hoje, € 0 resultado do trabalho de-
senvolvido no final do século XIX pelo luthier espanhol Antonio Torres Jurado
(1817-1892).
Torres, marceneiro de profissio, teve seu aprendizado na construgao de violdes
dirigido pelo também luthier espanhol Jose Pemas, que tinha sua oficina na cidade de
Granada, onde Torres se estabeleceu depois de seu primeiro casamento. Por quanto
tempo Torres permaneceu sob a supervisto de Pernas, no é sabido.
Ja eximio construtor, Torres muda-se para Sevilha, onde mantém contato com
Julian Arcas (1832-1882), que teve considervel influéncia sobre seu trabalho.
Logo, reconhecido como um excelente construtor de violdes, Torres recebe en-
comendas de intimeros paises, inclusive da América do Sul. A sua oficina passa a ser
freqiientada por famosos violonistas que divulgam cada vez mais seus instrumentos, en-
tre os quais se destacam Arcas € Tarrega. Apesar do sucesso como luthi
volta de 1870, retorna a sua cidade natal, Almeria, e dedica-se 20 comércio
© grande mérito de Torres, foi o de desenvolver 0 violao a tal grau de per-
, Torres, porVisdo da parte int
See ee ee UE mostrando a armacio do leque e a parte frontal,
feicdo, que seus instrumentos tornaram-se exemplos para quase todos 0s construtores do
século XX
As inovagoes de Torres sao diversas. Entre elas est4 0 estabelecimento do com-
primento da corda vibrante em 650 mm., 0 qual tornou-se padrao para todos os violoes.
Este comprimento de corda naturalmente levou Torres a modificar as proporgées da
caixa de ressondncia € do brago do instrumento.
Outra inovagio atribufda a Torres € 0 uso da cravelha mecanica, assegurando
uma melhor afinac&o do instrumento. Mas sem diivida, a grande inovagdo destes instru-
mentos esta no tampo harménico. O uso do leque, um conjunto de tiras de madeira co-
ladas na parte interior do tampo e que asseguram uma melhor distribuicao dos
harménicos e um equilibrio sonoro maior, torou-se a grande inovagao no desen-
volvimento do instrumento.
© leque usado por Torres era composto de sete tiras de madeira, sendo uma
central ¢ trés em cada lado. Para demonstrar que o segredo do som de seus instrumentos
estava no tampo € no uso do leque, Torres construiu um violao com as laterais e fundo
de papier maché, conservando somente o tampo de madeira. O resultado foi excelente
segundo relatos da época.
Torres foi o primeiro de uma geragio de construtores espanhéis, que na su:
maioria tornaram-se seus seguidores. Entre eles citamos a Vicente Arias (c. 1845-1912),
Manuel Ramirez (1869-1920), Enrique Garcia (1868-1922), Santos Hernandez (1873-1951),
Domingo Esteso (1882-1937) e Francisco Simplicio (1874-1951).
78Esquema do leque de Torres Leque usado por Robert Bouchet
Mais recentemente, outros construtores se fizeram conhecidos pela excelente
qualidade de seus instrumentos, como também por alguns aperfeicoamentos das ino-
vacoes de Torres. Entre estes est o francés Robert Bouchet, que desenvolveu um sistema
de leque diferente do de Torres, e que obteve um étimo resultado.
Entre os construtores mais bem conceituados da atualidade, estao na Espanha:
Paulino Bernabe, Manuel Contreras, Ignacio Flea & Hijos, Antonio Marin Montero, Jose
Ramirez e Francisco Santiago Marin. Na Inglaterra estio: Paul Fischer, David Rubio e Jose
Romanillos. Na Franga: Daniel Friedrich e Joel Laplane. Na Alemanha: Hermann Hauser
(4882-1952). Nos Estados Unidos: John Gilbert e Frank Haselbacher (1922-1990). No
Japao: Masaru Kohno ¢ no Brasil destacam-se os violes de Sérgio Abreu.
© desenvolvimento na construgao de violées ocasionou um iiltimo passo na
melhoria da qualidade do som produzido pelos violonistas, Trata-se da introducao das
cordas feitas de ndilon, em 1946, Gracas a insisténcia de Andres Segovia junto aos indus-
triais du Pont e depois junto a Albert Augustine, temos hoje em dia cordas resistentes,
sonoras ¢ com boa afinacao, 0 que nao seria possivel com as cordas de tripa, até entac
em uso.
© desenvolvimento do violao, desde 0 século XVI, quando era um instrumento
Pequeno de quatro ordens, até instrumento atual, levou quatro séculos. Uma evolugio
lenta se comparada ao violino ou o piano, mas que resultou em um dos instrumentos
mais apreciados nas salas de concerto hoje
vs)FRANCISCO TARREGA E SUA ESCOLA
FRANCISCO TARREGA EIXEA, nasceu em
Villareal, em 1852 e faleceu em Barcelona em 1909.
Tarrega € reconhecidamente o criador da modema
escola de violao. Suas contribuigdes para o desen-
volvimento técnico e musical do intrumento sao
muitas ¢ de importancia fundamental para o que foi
chamado por muitos como o “renascimento do
violo"
Segundo Pujol,” Tarrega teve sua formacao
musical iniciada, primeiramente, com um violonista
Popular cego chamado "El ciego de la Marina". mais
tarde freqiientou os cursos de harmonia, com.
Posicao e piano no Conservatério de Madri
Julian Arcas (1832-1882) também teve uma
certa importancia na formagao musical de Témega,
mas a ligacao entre os dois mestres é incerta, Tar.
rega encontrou Arcas em varias ocasides, mas nao é
certo que tinha tido ligdes regularmente. O mais
Provavel € que tenha assimilado aspectos técnicos
musicais diversos, que contribuiram na sua for- Francisco Térrega (1852-1909)
magao musical. Obtendo fama internacional cedo,
excursiona pela Espanha ¢ pela Europa, apresen.
tando-se em Londres e Paris.
Fol Térrega quem definiu as bases de técnica modema do violao. Entre seus
méritos esti a racionalizacao da digitagio de obras Para viol4o, antes raramente indicada
nas partituras. © uso do toque de apoio, em que o dedo ds mac direita que pulsa a
corda € apoiado na corda imediatamente Superior, também foi sistematizado Por ele. E
sabido que Arcas j4 usava esse tipo de ataque, mas fol Térrega que o aperfeicoou. Esta
maneira de pulsar as cordas acametou mudangas na Posigao da mao direita. O dedo2 €Poca em que foram compostas € mostram a influéncia da miisien de Chopin, Wagner
€ Nerdi . Algumas destas obras tomaram-se clissicos do repert6rio, como € orcaro de ca-
pricho Arabe, Danza Mora e Recuerdos de la Albambra, © mais popular cetace ds ue.
molo da literatura violonistica. Mas o melhor da producao musical de Térrega esta em
S se encontram obras de Al-
béniz, Bach, Beethoven, Chopin, Mendelssohn, Mozart, Schubert e Schuman. algumas
destas obras tornaram-se muito executadas, como € 0 caso da Canzonetia de Men-
delssohn. Ainda em certa ocasiao, é relatado que Albéniz confessou preferir as trans-
crigdes de Tarrega de suas obras do que as versées originais para piano.
A obra de Tarrega é bem conhecida hoje em dia gracas ao trabalho de alguns
de seus disci ipulos. Daniel Fortea (1878-1953) © Maria Rita Brondi (1889-1941) junfaram,
como concertistas. Emilio Pujol (1886-1980), por sua vez, foi o responsivel pela divul-
gacao de boa parte da obra de Térega, O seu método Escuela Razonada de la Guitarra
956), em 4 volumes, sistematizou a técnica de seu mestre, Pujol, também foi um impor-
fante music6logo. Foi o primeiro a difundir a obra dos vihuelistas neste século, através de
varias transcrigdes para violao, estudos € edicdes das obras daqueles autores. Também
O encontro entre Segovia e Heitor Villa-Lobos (1887-1959), deu-se em Paris, em
1924, por ocasiao de uma tertilia musical organizada na alta sociedade brasileira
Segundo um depoimento de Segovia, o encontro deu-se como segue
Quando termine’ minha apresentagio, Villa-Lobos aproximou-se e disse-me
em tom confidencial: "- Também toco violio." *- Maravilhoso!* respondi. "Voce
€ enti capaz de compor diretamente para o instrument". Estendendo-me as
maos, ele pediu-me o violate. Sentou-se, atravessou-o nos joelhos € segurou-o
firmemente de encontro ao peito, como se temesse que o instrumento fugisse.
Olhou severamente para os dedos da mio direita, como ameacando-os de cas.
tigo por ferir erroneamente alguma corda. E quando menos esperava, desfe
um acorde com tal forca, que deixei escapar um grito, pensando que o violio
tinha se despedacado. Ele deu uma gargalhada e com alegria infantil disse-me:
" espere, espere..." Esperei, refreando com dificuldade meu primeiro impulso,
que era o de salvar meu pobre instrumento de tao veemente e ameagador en
tusiasmo. Apés varias tentativas para comecar a tocar, ele acabou por desistir
(.) es poucos compassos que tocou foram o suficientes para revelar,
Primeiro, que aquele mal intérprete era um grande miisico, pois os acordes
que conseguiu produzir encerravam fascinantes dissonancias, os fragmentos
melédicos possuiam originalidade, os ritmos eram novos e incisivos e até a
dedilhagao era engenhosa; segundo, que ele era um verdadeiro amante do
violio. No calor desse sentimento, nasceu entre nés uma sélida amizade, Hoje
© mundo da mtisica reconhece que a contribuigao desse génio para o reper-
tério | violonistico constituiu uma béngao tanto para o instrumento como para
mim,
Da colaboragao entre Segovia e Villa-Lobos resultou a série de Doze Estudos
894929). Obra de importancia fundamental no repert6rio atual do instrumento, € original
nos seus achados técnicos, melédicos ¢ harménicos. Dedicados a Segovia, os estudos
abrem um nove caminho na escrita idiomdtica para o instrumento.
Destacam-se varias obras de Villa-Lobos para violto. Por exemplo, a Suite Popu-
laire Bresiliene (1908-12), composta de cinco movimentos, Mazurka-Choro, Schottish-
Choro, Valsa-Choro, Gavota-Choro e Chorinbo, constitui um excelente retrato da miisica
popular brasileira do inicio do século. Mas a melhor homenagem aos seus companheiros
de choro, € o primeiro da monumental série dos Choros. 0 Chores n°1 (1921), dedicado a
Emesto Nazareth.
Os Preltidios datam de 1940. Originalmente em néimero de seis (o sexto esta
perdido), os cinco restantes toraram-se das obras mais populares e executadas na litera-
tura violonistica do nosso tempo. Sao obras que exploram de forma inteligente as possi
bilidades timbricas, expressivas € técnicas do violio. Os preltidios tiveram sua estréi
izada em 1943, pelo violonista uruguaio Abel Carlevaro, em Montevidéu,
A tiltima obra composta para violao por Villa-Lobos € 0 Concerto pour Guitare
et Orchestre (1952). Esta obra foi fruto da insisténcia de Segovia junto ao compositor
brasileiro. Concebido como uma fantasia concertante, foi-lhe acrescentada uma cadéncia
para o violao, tomando-se o concerto para viola e orquestra, O concerto € a sintese da
ita violonistica de Villa-Lobos, apresentando recursos jf utilizados nos estudos e
preltidios. A estréia desta obra deu-se em 1956, em Houston, nos EUA, tendo Segovia
como solista € o autor como regente.
Todo este repertério, dedicado na sua maior parte a Segovia, é apenas uma.
parte do que foi escrito para o maestro espanhol. Poderiamos citar mais uma centena de
obras dedicadas a ele, que é claramente a figura mais importante do violao na primeira
metade do século XX.
Criticamente, poderiamos reprovar a atitude de Segovia junto aos grandes com-
Positores da vanguarda musical da primeira metade do século. Compositores como Stra-
sky, Schdnberg, Webem, Bartk, Ravel € tantos outros, poderiam ter escrito obras.
para violao solo, caso Segovia as tivesse comissionado. No entanto, 0 trabalho de Se-
govia resultou em um grande conjunto de obras compostas por compositores com forte
influéneia romantica € neoclassica, em que a obra do brasileiro Villa-Lobos sobressai
como a mais arrojada em termos de linguagem instrumental ¢ originalidade de con-
cepcio
Por outro lado, 0 violto é agora um instrumento respeitado nas salas de con-
certo e faz parte do curriculo das maiores escolas de misica do mundo gracas ao tra-
balho € esforgo de Andrés SegoviaOVIOLAO NA EUROPA
A INGLATERRA TORNOU-SE um dos paises
com maior atividade violonistica da Europa, gracas ao
trabalho de dois dos maiores violonistas da atualidade:
John Williams e Julian Bream
Williams (*1941), australiano, _radicou-
Inglaterra em 1952. Teve sua formagao musical realizada
no Royal College of Music ¢ foi discipulo de Segovia nas
masterclasses da Accademia Chigiana di Siena. Além de
uma intensa carreira internacional e de gravagoes, Wil-
liams € responsivel por estimular a criagao de obras para
violao. Sua associagdo com Stephen Dodgson (1924) re-
sultou em importantes obras, como € © caso da Partita
(1965), dos dois concertos para violio e orquestra
(1956/1971-72), e do Duo Concertante (1972) para viola
© cravo; todas estas obras demonstram um profundo co-
nhecimento da linguagem iciomética do instrumento.
Mas a grande figura violonistica da Inglaterra &
sem diivida o genial Julian Bream (*1933). Com uma for-
magao autodidata, Bream se iguala aos grandes mestres
do instrumento, como Tarrega e Segovia. A su:
portancia na criaglo de um repertério de miisica contemporanea para violo é funda-
mental. A ele sto dedicadas obras dos mais importantes compositores ingleses do nosso
tempo. Por exemplo, o Nocturnal op. 70 (1964) de Benjamin Britten (1902-1976), um
tema com variagdes sobre a cangao de John Dowland "Come, heavy Sleep". As elabo-
radas variagdes apresentam novas possibilidades técnicas, ritmicas € musicais proprias do
instrumento, como no caso das obras de Villa-Lobos, Neste caso também se encontram
as Five Bagatelles (1971-72) de William Walton (1902-1983), das quais se pode afirmar
que esto entre as melhores obras de repertério. Estas cinco pequenas obras-primas
foram orquestradas pelo autor como Varti Capricci em 1976,
© Concerto para violao © orquestra, de Malcolm Amold (*1921), foi composto
em 1961, € € considerado co1io um dos melhores concertos para o instrumento. Tendo o
jazz como principal inspiracao, © concerto
espanholas da miisica para violao. Sobre o belis :
"0 Lento foi escrito como uma elegia em meméria do famoso guitarrista francés Django
Reinhardt - um her6i especial, tanto para mim quanto para Malcolm. Seu estilo é refletico
em um blues de escrita refinada, brevemente interrompido por uma segao vivace".>
na
John Williams
im-
o1
aeRichard Rodney Bennett (1936) escreveu duas obras importantes para Bream.
Os Impromptus (1968), pequenas pecas que serviram como estudo preliminar sobre as
possibilidades do instrumento e que deram origem ao Concerto para violao € orquestra
de camara (1970); Michael Tippett (*1905) escreveu a Sonata The Blue Guitar (1984) para
Bream. Lennox Berkeley (*1903), ainda, escreveu para Bream um belo concerto para
violao e orquestra e a Sonatina (1958), que j4 se tornou um clissico no repertério.
Entre as composicdes inglesas com uma linguagem musical mais moderna, des-
tacam-se as obras de Peter Maxwell Davies (*1934) Lullaby for ilian Rainbow (1972) &
Hill Runes (1981), de David Bedford (*1937) You Asked for it (1969), de Tom Eastwood
(71922) a 6tima Ballade-Phantasy (1968) € Romance et Plainte (1979), € de Brian Femey-
hough (*1943) Kurze Schatten I1(1984),
Além de Williams e Bream, a Inglaterra tem outros intérpretes que se destacam
com uma sélida carreira internacional, entre estes esto John Mills, David Russel, Robert
Brightmore e Carlos Bonnel
Fora da Inglaterra destaca-se a obra do compositor alemao Hans Werner Henze
71926), que escreveu duas das mais importantes obras do repertério contemporaneo
para violdo.
Sao as duas sonatas que compdem a Royal Winter Music (1976 e 1979), obra
baseaca nos personagens de Shakespeare. Henze resumiu bem a sua associagao com Ju-
lian Bream e seu pensamento em relagao a linguagem contemporinea na mtisica para
violAo:
Eu adquiri um conhecimento mais profundo da técnica ¢ do mundo sonoro
do violto. Eu iria até mais longe, dizendo que esta colaboragio me deu um,
novo conceito de como escrever para um instrumento com uma rica tradigao.
© violio é um instrumento possivel de se conhecer, com muitas limitagbes,
mas também com muitos espacos inexplorados dentro destes limites. Possui
uma riqueza de sons capaz de abarcar tudo que alguém poderia encontrar
numa grande orquesira contemporinea, mas deve-se comegar do siléncio para
se notar isto; tem que parar e excluir completamente o ruido. °
Sobre o restante da produgao de Henze, devemos destacar a genial Kammermu-
sik 1958, para tenor, violao € 8 instrumentos solistas; Al Cimarrén (1969-70), para
baritono, violao, flauta e percussio e An eine Aolsharfe (1985-86), misica concertante
para violao e 15 instrumentos.
Além de Henze outros compositores alemaes acrescentaram importantes obras
ao repertério. Hans J. Hespos (+1938) compés Kitara, Michael Denhoff, Quinterna
(1974), e © argentino radicado na Alemanha Mauricio Kagel (*1931) incluiu 0 violao em
92
aiavarias de suas obras mais importantes como em Sonant (1960) para violao/guitarra,
harpa, contrabaixo € percussao.
Entre os mais distinguidos violoni
Kappel € Goran Sollscher.
Na Franga o repertério também recebeu grandes contribuigdes. André Jolivet
(2905-1974) compés um dueto para Ida Presti e Alexandre Lagoya, a Serenade pour dewe
Guitares (1956), e as obras para violio solo Deux Etudes de Concert e Tombeau de Robert
de Visée. A pequena Sarabande (1960) de Francls Poulenc (1899-1963), dedicada a Ida
Presti, apresenta um total conhecimento dos timbres proprios do instrumento. A origi-
nalfssima obra de Maurice Ohana (1914-1992) foi normalmente escrita para violao de 10
cordas (inventado por Narciso Yepes) com adaptacOes para o instrumento normal. A in-
fluéncia da musica espanhola, em especial do flamenco, é sentida na maioria de suas
obras para violao, O Concerto (Trois Grapbiques 1950-57) €, embora pouco executado,
um dos melhores ¢ mais interessantes concertos para violaio € orquestra. O Tiento (1957)
€ inspirada nos sientos flamencos. Ja a fabulosa suite Sf Le Jour Parait... (1963), composta
de sete movimentos, evoca atmosferas de uma forma impressionista, sem abandonar a
linguagem contempordnea de Ohana. Alias, a influéncia de Debussy na miisica de Ohana
€ grande. A titima obra escrita para violao por Ohana € Cadran Lunaire (1981), obra ex-
temamente complexa e que reflete a originalidade deste grande compositor francés.
Jean Frangaix (1912) escreveu boas obras para o instrumento, sendo o seu es-
tilo neoclassico notivel na Serenata per chitarra (1978) e no Divertissement pour deux
Guitares (1981). Henri Sauguet (*1901) escreveu Trois Preludes e Musique pour Claudel.
Também o compositor mais importante da Franga na atualidade, Pierre Boulez (*1925),
inclui o violao em muitas de suas obras, como € 0 caso do jf clissico Le Marieau sanz
Maitre (1953-55) e em obras orquestrais como Pli selon Pli (1957-65) e Eclats/Multiples
(1976). Mais recentemente uma grande quantidade de miisica nova para violao tem sido
composta na Franga, muitas vezes por violonistas/compositores, como Francis Kleyn-
jans (11951), que tem como sua obra mais conhecida A ['Aube du dernier Jour (1980), em
que descreve o tiltimo dia de um condenado a forca, a Libra Sonatine de Roland Dyens,
© Matematico non Fuba de Thierry Rogier, obra baseada no choro Tico Tico no Fubd.
Os violonistas franceses que mais se destacam na atualidade sao: Jean-Pierre
Jumez, Rafael Andia, Roland Dyens, Thierry Rougier, Tania Chagnot ¢ Amaud Dumond.
Da miisica composta na Austria para ou com viollio, nao podemos deixar de ci-
tar algumas obras da Segunda Escola Vienense, como a Serenade op. 24 (1920-23) de Ar-
nold Schénberg, € os Drei Lieder op. 18 (1925) de Anton Webern. © discipulo de
Schénberg, Hans Erich Apostel (1901-1972) escreveu Sechs Musiken fiir Gitarre op. 25,
publicadas em Viena, em 1963. Ernst Krenek (*1900) compés uma pequena suite em
1957, obra dodecafénica e um dos melhores exemplos do género para violAo. Polonés de
origem, Roman Haubenstock-Ramati (1919), € um dos mais importantes compositores da
as alemnaes estao Siegfried Behrend, Hubertvanguarda musical, escrevendo obras que explora noves efeitos ¢ apresentam notagao
Brifica, como Frame (1972) ¢ Hexachord 1 & 2(1973) para 1 ou 2 violdes.
Come violonistas, 0 trabalho de Karl Scheidt (*1909) e de seu discipulo Konrad
Ragossnig (*1923) merecem especial meng, tanto por seu trabalho pedagégico, como
concertista ou editor. Aliés, uma das grandes obras-primas de repertério do inicio do
século XX, dedicada a Karl Scheidt, € Quatre Pigces Bréves (1933) do compositor sufco
Frank Martin (1890-1974)
A brilhante geracao de compésitores italianos do pés-guerra muito contribuiu
Para o repertério contemporfineo do violic. Compositores como Goffiedo Petrassi
(71904), que escreveu a vanguardista Suoni Noiturni (1959) e a elaboradissima Mune
(2971), € Franco Donatoni (11927) que escreveu Algo para violAo, sao importantes para
repertorio. Jé Bruno Bartolozzi (1911-1980), com uma producao um pouco maior para o
instrumento, escreveu Tre Pezzi per Chitarra (1952), Omaggio a Gaetano Azzolina (1972)
¢ Adles (1977). Entre os Ifderes da vanguarda musical italiana, Bruno Madema (1920-
1973) escreveu a importante obra Y Después (1970), obra baseada em um poema de Gar.
Cia Lorca e que exige um virtuosismo exacerbado do executante, este também € 0 caso
da Sequenza XI (1988) para violio de Luciano Berio (*1925),
Pioneiro na pesquisa musicoldgica violonistica, Oscar Chilesotti (1848-1916) tem
© seu trabalho continuade por Ruggiero Chiesa (*1933), que tem como importantes tra-
balhos, as wanscricodes e edigdes do El Maestro de Luiz de Milan, e das obras para alaide
de Francesco da Milano ¢ de Silvius Leopold Weiss. J4 Angelo Gilardino (*1946) ocupa
lugar de destaque, tanto como editor de novas obras para o instrumento quanto na com.
Posicao. Entre suas obras destacam-se Estrellas para Estarellas (1970), duas sonatas, a
fantasia Ocram (1975), e a fabulosa série de 60 estudos de virtuosidade
Entre os violonistas italianos que mais se destacam esto Oscar Ghiglia (*1938),
Carlo Carfagna (*1940) e Mario Gangi (*1923).
Além do grandioso trabalho do maestro Segovia, a Espanha nos oferece um
Panorama extremamente rico em obras criadas especialmente para o violao,
Iniciaremos com um ripida mengao sobre uma geragao de compositores con-
temporiineos de Manuel de Falla, € que sto pouco conhecides dentro da historia do
violto. Trata-se dos compositores que formaram 0 "Grupo de Madri".O Grupo formade
por Julian Bautista, Salvador Barcarisse, Gustavo Pittaluga, Rodolfo Halflter e Antonio
José além de outros, contava ainda com a presenca de Regino Sanz de La Maza. O grupo
fol logo dissolvide com o aprofundamento da Guerra Civil Espanhola, que levou varios
de seus componentes a se exilarem no exterior. Destes compositores 0 mais promissor
€ra Antonio José, que teve sua carreira bruscamente interrompida pela guerra
4s obras destes compositores silo pouco conhecidas, apesar de sua otima quali-
dade musical, Entre as mais importantes estao a Sonata de Antonio José, considerada por
muitos violonistas como a melhor peca escrita por esta geracao de compositores. O
94
oarPreltidio ¥ Danza (1933) de Julian Bautista € mais conhecido entre os violonistas. As
duas homenagens de Gustavo Pittaluga, Homenage a Mateo Albeniz de cardter neoclas-
sico, e a Elegia (Homenaje para la Tumba de Murnau), que introduz um ambiente ex-
pressionista, fazem um par contrastante de excelentes obras. As composigdes de Salvador
Barcarisse sao as mais conhecidas do grupo, fato devido & divulgagao € publicagao de
suas obras Petite Suite e Ballade por Nicolas Alfonso (71918) e do dificil Passapied IT por
Narciso Yepes.
Mais importante é a produgao musical espanhola para violao do pés-guerra
Destaca-se em primeiro lugar a obra serial de Cristobal Halffter (1930) Codex I (1963),
dedicada a Narciso Yepes e que apresenta uma linguagem extremamente densa. Na
"Geragio de 51" destacam-se dois compositores catalies, Josep Maria Mestres-Quadreny
(#1929) com sua pequena pega, Perludi, e Xavier Benguerel (*1931), que escreveu impor-
lantes obras para o instrumento como o sao Versus (1974), 0 seu concerto para violio €
corquestra de 1971, € Vermelia (1976) para 4 violoes. Leonardo Balada (*1933) desenvolve
suas atividades fora da Espanha, entre suas obras mais significativas estio Lento with
Variations (1960), ¢ Analogias para violio solo, um concerto para 4 violdes € orquestra
(1977) € os Appuntes para 4 violoes. JA Antonio Garcia Abril (71933) tem uma grande
quantidade de obras destinadas ao instrumento. Entre elas estio a Fantasia Mediterra-
nea, Evocaciones € Planto y Tocata, Antonio Ruiz-Pip6 (71934) € um dos mais prolificos
compositores espanhéis da atualidade. Sua producio para violao inicia-se com Cancion y
Danza ell, obras de cariter folclérico. Também importantes so suas pegas Estancias
Tiento por Tiento, esta iltima de cariter virtuosistico. A obra de Toms Marco (*1942)
como ele mesmo a define "é ampla e orientada para uma investigagao psicoaciistica €
cultural".” Entre suas obras para violao estio a excelente Fantasia sobre Fantasia,
Nalureza Muerta con Guitarra (1975) € Paisaje Grana (1975).
Entre os intérpretes espanhdis mais destacados da atualidade esto Narciso
Yepes (*1927), famoso por ter criado um violao de 10 cordas, a familia Romero, Cele-
donio (1917), Pepe (1944), Angel (1946) e Celin (71936), radicada nos EUA durante
anos, José Tomas (+1934), Alberto Ponce (#1935) ¢ Guillermo Fierens (71961).
No leste Europeu, a Tchecoslovéquia apresenta um grande movimento
violonistico. Compositores importantes como Vaclav Kucera (*1929) ¢ Jana Obrovska
(1930-1987), escreveram obras que j4 se tomaram classicos do repert6rio. Kucera compés
Diario, Omaggio a Che Guevara (1971), obra baseada nos principais acontecimentos da
vida do herdi revolucionério. Obrovska escreveu obras com uma marcada influéncia de
Bart6k, mas que apresentam seu préprio estilo: Passacaglia e Toccata (1974), Hommage
@ Bela Bart6k (1972) ¢ Hommage a Choral Gothique (1975), todas obras revisadas e digi-
tadas por Milan Zelenka (+1939). Ainda da Tchecosloviquia, € importante a presenga de
Stepan Rak (*1945). Autor de uma extensa obra para violo solo, nisica de cémara, con-
certos para violao € orquestra, Rak ainda € considerado por muitos como inovador da
95
eeetécnica violonistica. Entre suas obras mais conhecicas esto Farewell Finland e Voces de
Profundis (1985). Atualmente o grande divulgador da nova mtisica tcheca é€ Vladimir
Mikulka (+1950), que desenvolve um grande trabalho apresentando novas obras do Leste
Europeu.
© iugoslavo Dusan Bogdanovic (*1955), atualmente radicado nos EUA, tem uma
grande quantidade de boas obras para o instrumento, sao, duas sonatas, Introduction,
Passacaglia and Fugue e 5 Miniatures Printanibres, suas obras mais conhecidas e execu.
tadas.
E por tiltimo, 0 compositor € violonista russo Nikita Koshkin (°1956) tem se des-
tacado com suas obras influenciadas por Shostakovich e Prokofiev. A sobreposi¢ao carac-
teristica de diferentes timbres, articulagdes € varios efeitos, toma suas pecas de dificil
execucio mas com excelente resultado sonoro. Destaca-se a suite The Prince’s Toys
(1980) € Andante Quasi Passacaglia e Toccata.
OVIOLAO NAS AMERICAS
NA AMERICA DO NORTE desenvolve-se atualmente um dos maiores movimen-
tos em torno do violio, tanto a nivel de composicao de novas obras quanto de execucac
instrumental. Grande parte do estimulo para a criagho deste grande movimento deve-se a
Andrés Segovia, que por anos seguidos residiu e desenvolveu seu trabalho nos EUA. Atu-
almente, todas as grandes universidades norte-americanas possuem cursos de graduagio
© pos-graduacao em execugao instrumental de violao.
Grande parte dos mais importantes compositores norte-americanos tem escrito
para © violao; muitas vezes, sio obras comissionadas por violonistas de fama interna-
cional e que tem, desta maneira, sua esiréia assegurada. Compositores tao importantes na
miisica do século XX como Milton Babitt (+1916) e Elliot Carter (#1908) escreveram obras
importantes para o repert6rio. De Babitt veio Composition for Guitar e de Carter,
Changes (1983), duas obras extremamente complexas musical ¢ tecnicamente.
As obras de Lou Harrison (#1917) Para violao caracterizam-se pelo uso de micro-
tons. Nas Serenade for Guitar (1952) e Suites for tuned Guitars (1978), Harrison utiliza es-
calas especificas, sendo que a escala normal do instrumento € substituida por outra espe-
cificada pelo autor. © mesmo procedimento € utilizado por Alan Hovhaness (1911) em
algumas de suas obras. Em outras, este compositor utiliza o instrumento normal como
acontece em sua Sonata for Guitar op. 136, n°.
Barbara Kolb (1939) utiliza em Looking for Claudio (1975), a gravacao de um
conjunto de cimara, acompanhante do violao solo, em fita magnética, aumentando emmuito as possibilidades sonoras da obra. O mesmo pro-
cedimento € usado por Steve Reich (71936) em seu
Electric Counterpoint. Tod Machover (+1953) também
compés uma obra para violao e fita magnética, De-
Placement (1984), em que a maior parte do material
sonoro € produzido pelo violao, gravado e tratado pelo
computador. George Crumb (*1929) compés Quest
(1989), para violao. Estas duas Gltimas obras foram
comissionadas por David Starobin, um dos mais atuan-
es intérpretes norte-americanos, especializado em
mtisica contemporanea,
nda se deve destacar Ned Rorem (*1923),
que criou duas obras extremamente originais para
‘lao: Romeo and Juliet, nove pecas para flauta e
violao (1977) e uma Suite para violao solo, datada de
1980, Também Lukas Foss (*1922) compés um belo
concerto para violio ¢ orquestra, American Landscape
(1989), em que utiliza cangdes folcléricas norte.
nas.
merica-
Entre os intérpretes_norte-americanos_ mais
atuantes estio: Manuel Barrucco, cubano radicado nos
EUA durante anos, Eliot Fisk, Sharon Isbin, David
Tanenbaum e Alice Artzt
No Canada devem ser citadas obras de alguns
dos melhores compositores daquele pais, R. Murray
Schafer (1933), destaca-se pelo seu trabalho na edu
cago musical ¢ pela sua visto global da miisica
Schafer escreveu uma das mais importantes obras para
© instrumento nos tltimos anos, Le Cri de Merlin
(71987), para violio e fita magnética, situando o viola
No meio aciistico canadense. Esta peca e o seu ex-
celente concerto para violto e orquestra, foram dedi-
cadas e escritas para o canadense Norbert Kraft, que se
destaca cada vez mais no cenario internacional. Jacques
Hétu (71938) escreveu a Suite pour Guitare op. 41
(1986) e Claude Vivier (1948-1983) Pour Guitare (1975),
duas obras de excelente qualidade musical que foram
editadas pelo violonista uruguaio Alvaro Pierri radicado
em Montreal. Ainda do Canada merecem destaque as
figuras de Alan Torok (71947), compositor e violonista,
97
RE
Brower
Abel Carlevaro.autor de importante e grande obra para violdo que utiliza uma complexa linguagem to-
nal, ¢ Eli Kassner, um dos mais conceituados professores do instrumento daquele pais
No México ainda predomina a genial obra de Manuel Ponce. Importante tam-
bém, € a tinica obra escrita para violao por Carlos Chavez (1899-1978), Three Pieces for
Guitar, originalissima em seus novos efeitos no uso do rasgueado. Dentre os violonistas
que desenvolvem atividades no México estao o argentino Manuel Lopez Ramos, Coraz6n
Otero, conhecida por seus trabalhos sobre a obra de Ponce e de Castelnuovo-Tedesco,
Alfonso Moreno, Mario Beltran e Roberto Limon.
Em Porto Rico, Emesto Cordero ganha cada vez maior destaque. Usando mo-
tivos do folclore latino-americano, Cordero est criando novas obras de cardter naciona-
lista para violao, destacando-se Descarga (1980) e a Suite Antillana (1983).
Mas sem diivida, e reconhecidamente, a figura mais importante da misica la-
tino-americana atual para violao € o cubano Leo Brower (*1939). Brower estudou violao
com Isaac Nicola e composicao na Julliard School em Nova Iorque, com Persichetti ¢
Wolpe, e no Hartt College of Music com Iadone e Freed. Em Cuba, desenvolveu traba-
Ihos na Radio Havana, foi diretor do departamento de misica do Instituto de Artes
Inddstria Cinematografico ¢ professor de composig’o do Conservat6rio de Havana. Tam-
bém € importante sua contribuigao como violonista, com excelentes gravacoes de obras
contemporneas.
A obra musical para violao de Brower é uma das mais importantes do repertério
atual ¢ merece um comentério mais aprofundado.
Suas composi¢des sto normalmente divididas em trés periodos. O primeiro
(1956-64), data das suas primeiras obras, em que utiliza elementos do folclore cubano e
latino-americano, como os ritmos de tresillo (IJ) ¢ cinquillo (AFM). Entre suas mel-
hores obras deste periodo estto Preludio (1956), Fuga n*I (1957), Danza Caracteristica
(1958), Tres Danzas Concertantes (1958) para violao e orquestra de cordas, Tres Apuntes
(1959), os Stimos Estudios Sencillos (1960-61), e talvez sua obra mais conhecida e execu-
tada, o Blogio de la Danza (1964). A grande maioria destas pecas e de outras que fazem
parte deste grupo, tornaram-se obras "standard" do repertério.
© segundo perfodo inicia-se em 1968 com a composigao de Canticum (1968).
Nesta fase € not6ria a influéncia de Luigi Nono e Hans Wemer Henze, que visitaram
Cuba em 1967 € 1969-70, respectivamente. As obras deste periodo se caracterizam pelo
uso de formas musicais nao tradicionais, elementos de aleatoriedade, experimentacio
com timbres, articulag4o € notagao, clusters e sons de altura indeterminada. No entanto,
‘os elementos folcléricos ainda se encontram nestas obras. Deste grupo de obras, as m:
conhecidas sao, além de Canticum, La Espiral Eterna (1970), Memérias del Cimarron
(4970), uma adaptagao para violao solo da obra de Hans Wemer Henze, 0 Concerto
(1972) para violio e orquestra, Pardbola e Tarantos, ambas de 1973-74
O terceiro e atual periodo da produgao musical de Brower é chamado por elemesmo de "Hiper-Romantismo Nacionalista", e caracteriza-se pelo retomo as formas tradi-
cionais, pelo uso de escalas pentaténicas, modalismo e uma linguagem musical mais
tradicional. As obras mais representativas desta fase sto: El Decamer6n Negro (1981), Es-
tudios Sencillos (1980-81), Retrats Catalans (1981), obra para violao e orquestra de
camara que apresenta uma instrumentagao primorosa, e 0 Concerto Elegiaco (1986), que
marca 0 inicio da colaboragao entre o compositor cubano e Julian Bream, a quem este
concerto € dedicado, ¢ que resultou, mais recentemente, na Sonata para violao solo.
Na América do Sul destacam-se, especialmente, compositores como o
venezuelano Antonio Lauro (1917-1986), dono de uma obra de cardter nacionalista, da
qual grande parte foi revisada e editada por Alirio Diaz (1923), violonista de fama inter-
nacional; € a curiosa figura do paraguaio Agustin Barrios Mangore (1885-1944), que de-
senvolveu uma carreira de concertista na América do Sul e Central, muitas vezes se
apresentando vestido de indio para atrair mais piblico aos seus recitais. Da extensa obra
de Barrios, mais de 300 pecas, algumas sito consagradas, como La Catedral, Choro da
Saudade, Alegro Sinfonico e Confesién, além de varias valsas, e que na sua maioria apre-
sentam uma refinada linguagem harménica.
Mas é na Argentina, Uruguai e no Brasil que o violao atinge seu maior destaque
na América do Sul.
Na Argentina, o excelente trabalho de Jorge Martinez. Zarate (71923) e Graciela
Pomponio (71926), que juntamente com Horacio Ceballos, Hector Farias e Miguel Angel
Girollet, criaram um dos mais atuantes centros violonisticos da atualidade. Entre seus
alunos mais destacados esto Roberto Aussel, radicado na Franca durante anos, Eduardo
Isaac, Delia Estrada ¢ Eduardo Castaiera, todos com uma sdlida carreira internacional.
Entre os compositores argentinos que escreveram para o viola, Alberto Ginas-
tera (1916-1983) destaca-se com sua nica obra para instrumento, a Sonata op. 47 (1976),
que quando da sua estréia por Barbosa-Lima foi aclamada como uma das mais importan-
tes adicdes ao repert6rio "tanto por sua Concep¢ao como por seu modemismo e imagi-
nagao sonora inédita."
Astor Piazzolla (1921-1992), 0 consagrado renovador do tango, escreveu para o
violio as Cinco Piezas (1980), dedicadas a Roberto Aussel. Estas cinco obras apresentam
elementos do folclore argentino de uma maneira mais abstrata que em suas obras para
seu quinteto. J4 a Tango Suite (1984) para dois violdes e escrita para o Duo Assad, é to-
talmente escrita no estilo que caracteriza a obra de Piazzolla, isto é, o tango modemo. A
obra para flauta e violao, Histoire du Tango (1986), descreve as diferentes formas da
evolugio do tango, passando pela origem do tango nos bordéis argentinos do final do
século passado, ao romantico tango da década de 30, a criagao da bossa-nova e do
nuevo tango em 1960, ¢ finalmente ao tango moderno, com a influéncia da misica de
Bartok e Stravinsky. ? Ainda destacam-se algumas obras de Carlos Guastavino, 3 sonatas
€ a peca para violio € quarteto de cordas, Las Presencias n? 6 "feromita Linares! Jorge|
Gomes Crespo € autor da conhecidissima Nortena, Luiz Jorge Gonzales escreveu
Soledades Sonoras IT para Manuel Barrueco e Tientos, editado por Angelo Gilardino, e fi-
nalmente Jorge Luis Campana (*1949) escreveu Nexus 83 para Roberto Aussel.
No Uruguai, mais especificamente em Montevidéu, surgiu um grande ntimero de
violonistas que se consagraram internacionalmente. Grande parte destes instrumentistas
devem sua formagao a Abel Carlevaro (1918).
Carlevaro € 0 iniciador de uma nova escola de violao, cuja teoria instrumental
encontra-se exposta no seu livro Escuela de la Guitarra, a qual € complementada pela
Serie Didatica para Guitarra, composta de 4 volumes, dedicados exclusivamente a exer-
cicios de técnica. Esta nova técnica instrumental pode ser, seguramente, considerada o
Passo mais atualizado depois das escolas de Tarrega e Segovia. O principio basico da
técnica carlevariana resume-se, como o proprio Carlevaro diz, "em alcangar © maior re-
sultado com o menor esforgo".'° Os resultados desta técnica instrumental sao visiveis na
qualidade de execucae alcangada tanto por ele mesmo, quanto por seus discipulos.
Como compositor, Carlevaro tem uma consideravel producac musical, como os
j@ bem conhecidos e executados Preludias Americanos, que utilizam motivos do folclore
uruguaio, a sonata Cronomias 1, obra atonal mas que tem © mesmo lirismo presente nos
preludios, e 0 Concierto del Plata (1973), para violao e orquestra, sua maior obra orques-
tral. Também sao not6rios os Cinco Estudios (Homenaje a Villa-Lobos), € as mais recen-
tes, Introduccién ¥ Capricho e Aranguay, esta para dois violées.
Como pedagogo, Carlevaro desenvolve um intenso trabalho, € 0 resultado €
visto no nome dos seus mais distintos discipulos: Eduardo Fernandez, Roberto Aussel,
Baltazar Benitez, Miguel Angel Girollet, Alvaro Pierri e Eduardo Castanera, entre outros,
todos premiados nos mais importantes concursos internacionais e que tem alcangado
sucesso internacional como instrumentistas.
Outros compositores que desenvolveram e desenvolvem um trabalho interes-
sante no Uruguai sao Jaurés Lamarque-Pons (1917-1982), autor de uma Sonatina (1978),
€ © ftalo-uruguaio Guido Santérsola (1904), que depois de uma longa residéncia no
Brasil radicou-se definitivamente no Uruguai, autor de uma prolifica produgao musical
para violao. Destacam-se a Suite Antiga (1945), Three Airs of Court (1966), varias sonatas
para violao solo € duo de violdes, musica de camara diversa com violao € 0 6timo Con-
cierto para dos guitarras y orquesira de camara (1966) dedicado e estreado pelos irmaos
Abreu. Mais recentemente temos uma obra de Hector Tosar (*1923), Gandbara (1984), €
as obras de Eduardo Fernindez (*1952), que, além de excepcional violonista, demonstra
talento na composigio. Entre suas obras estio El Punto Quieto (1981), inspirada pela
poesia de T. S. Eliot, ¢ Consecuencias (1983). Outros violonistas uruguaios de destaque
sto Oscar Caceres (*1928), que formou um belo dueto com Turibi Santos, Betho
Davezac (*1938) e Jorge Oraison.
Todo este grande movimento violonistico na Argentina e no Uruguai tem suas
100rafzes na tradicao musical espanhola, que desde a colonizagao teve © violao como seu
instrumento preferido. A grande popularidade deste instrumento nestes paises atesta tal
fato. Também devemos recordar que as presengas de Miguel Llobet, na Argentina, e de
Andrés Segovia, no Uruguai, trouxeram ainda maior entusiasmo para os violonistas destes
dois paises, que j4 possuiam uma grande tradigao violonistica
OVIOLAO NO BRASIL
‘A VIOLA, INSTRUMENTO de 5 cordas duplas, precursor do violao e popularis-
sima em Portugal, foi introduzida no Brasil pelos jesuitas portugueses, que a utilizavam
na catequese. Jé no século XVII, referéncias sio feitas a viola em Sao Paulo, uma delas
colhida por Mario de Andrade: "Em 1688 surge uma certa viola avaliada em dois mil réis,
preco enorme para o tempo. E, caso Curioso, esta guitarra pertenceu a um dos mais
notiveis bandeirantes do século XVI: Sebastiao Paes de Barros."
Ainda na mesma obra, Mario de Andrade cita Comélio Pires, para quem a viola
€ um dos instrumentos que acompanham as dangas populares de Sao Paulo. A confusio
entre viola € violdo comeca em meados do século XIX, quando a viola € usada com uma
afinacao propria do violdo, isto é, 14, ré, sol, si, mi. A confuso no uso do termo viola/
violo, continua nessa época como atesta Manuel Anténio de Almeida, autor da
Memérias de um Sargento de Milicias (1854-55), quando se refere muitas vezes com ter-
minologia da época do final da colénia, & viola em vez de violio ou guitarra sempre que
wata de designar o instrumento urbano com © qual se acompanhava as modinhas. A vio-
la, hoje, torou-se a viola-caipira, instrumento tipico do interior do pais, € © violao, de-
pois de ter sua forma atual estabelecida no final do século XIX, tornou-se um instru-
mento essencialmente urbano no Brasil. O violio também tornou-se o instrumento
favorito para o acompanhamento da voz, como no caso das modinhas, e, na misica ins-
trumental, juntamente com a flauta e 0 cavaquinho, formou a base do conjunto do choro.
Por ser usado basicamente na mtsica popular pelo povo, o viol adquiriu ma fama,
instrumento de boémios, presente entre seresteiros, chordes, tornando-se sin6nimo de
vagabundagem. Assim 0 violao foi considerado durante anos.
Os primeiros a cultivar o instrumento de uma maneira séria foram considerados
verdadeiros herdis. O engenheiro Clementino Lisboa foi o primeiro a se apresentar em
piiblico tocando violao, especialmente no Clube Mozart, o centro musical da elite carioca
fin-de-siecle, Ainda algumas figuras proeminentes da sociedade carioca dedicaram-se a0
instrumento na tentativa de reergué-lo, tal € 0 caso do desembargador Itabaiana, do
escritor Melo Morais € dos professores Emani Figueiredo e Alfredo Imenes. Um dos pre-
101
Eeecursores do violao modemo no Brasil foi Joaquim Santos
(1873-1935) ou Quincas Laranjeiras, fundador da revista O
Violdo em 1928, € que nos iltimos anos de vida dedicou-
sea ensinar 0 violao pelo método de Tarrega. 7
Uns anos antes, em 1917, Agustin Barrios se
apresenta em uma série de recitais no Rio de Janeiro, to-
cando © instrumento de uma forma nunca vista/ouvida
antes. Segue-se a tournée de Josefina Robledo, que tendo
Permanecido aqui por algum tempo, estabelece os funda-
mentos da escola de Tarrega.
Dessa época destaca-se a agora reconhecida
obra de Joao Teixeira Guimaraes (1883-1947) ou Joao
Pernambuco, sobre quem Villa-Lobos dizia, a respeito de
suas obras: "Bach nao teria vergonha de assind-las como
suas'."? Awalmente a obra de Joo Pemambuco € bem
conhecida gragas ao trabalho de Turfbio Santos e Henri-
que Pinto.
Anibal Augusto Sardinha (1915-1955), 0 Garoto,
foi um dos precursores da bossa-nova. Atualmente as ex.
celentes obras de Garoto ganharam vida nova, gracas a
Paulo Bellinati, que recuperou, editou e gravou boa parte
de sua obra. Mencionamos 0 samba-exaltagao Lamentos
do Morro, os choros Tristezas de um violao, Sinal dos
Tempos, Jorge do Fusa e Enigma, e a Debussyana, entre
tantas outras. Ainda na linha da misica popular desta-
cam-se Américo Jacomino (1889-1928), © Canhoto, o
grande Dilermando Reis (1916-1977), Nicanor Teixeira, e
mais recentemente a figura de Egberto Gismonti com
suas obras Central Guitare e Variations pour Guitare
(1970), ambas de caréter experimental. Também Paulo
Bellinati realiza excelente trabalho como compositor,
obras como Jongo, Um Amor de Valsa e Valsa Brilhante
ganham notoriedade.
© violao no Brasil passou a se desenvolver,
principalmente, em dois grandes centros, Rio e Sao
Paulo, de ‘onde vem a maioria dos grandes violonistas
Agustin Bares sentido e Quine” D*#sleiros, que tiveram ou tém sua formacao instrumen.
pete tal com os professores dlestas ciclades
Rio de Janeiro, c. 1929 Em Sao Paulo, o excepcional trabalho desen-
volvido pelo violonista uruguaio Isaias Savio (1900-1977),
Joao Pernambuco, de pé & esquerda,
102que teve sua formagao violonistica com Miguel Llobet, resultou em uma das melhores
escolas de violonistas da América do Sul. Depois de residir na Argentina, Savio radicou-
se definitivamente no Brasil, primeiro no Rio, depois em Sao Paulo. Nesta cidade, onde
desenvolveu a maior parte do seu trabalho, fundou a Associagao Cultural violonistica
Brasileira, e em 1947 tornou-se professor de viol do Conservat6rio Dramatico e Musical
de Sao Paulo, como fundador da cadeira de violao, a primeira do pais. Ainda em 1951,
Participou da fundagio da Associagao Cultural de Violao de Sao Paulo. Além desta in.
tensa atividade, Savio se distinguiu pela composi¢ao de mais de 100 obras para o instru
mento € cerca de 300 transcrigdes e revisoes. Hoje em dia suas compilagdes de estudos
ainda sto usadas em muitas escolas por todo o pais.
Entre os discfpulos de Savio que mais se destacaram est4 Antonio Carlos Bar-
bosa-Lima (*1944), que aos 13 anos estreou como concertista € aos 14 gravou seu
primeiro LP. Barbosa-Lima € na atualidade um dos mais conceituados violonistas, tanto
em concertos, como na edicao, tanscrigao € comissio de novas obras para o instru-
mento. Basta dizer que a Sonata op. 47 de Alberto Ginastera foi por ele comissionada e a
ele dedicada. Henrique Pinto, também aluno de Savio, € reconhecidamente um dos mais
importantes pedagogos do instrumento na atualidade. Além de desenvolver uma grande
atividade como editor € revisor de obras para violao, Henrique € o responsavel por uma
geragio dos melhores violonistas brasileiros. Entre estes estao: Angela Muner, Jacomo
Bartoloni, Edelton Gloeden, Ewerton Gloeden e Paulo Porto Alegre.
Ainda de Sao Paulo devemos citar a Manoel S40 Marcos e sua filha Maria Livia
So Marcos, radicada na Europa, e Pedro Cameron, também compositor de excelentes
obras como Repentes, vencedora do 1° Concurso Brasileiro de Composigao de Musica
Erudita para piano ou violao - 1978
No Rio, destaca-se a figura de Antonio Rebelo (1902-1965), que também foi
aluno de Savio quando da residéncia deste no Rio. Rebelo desenvolveu atividades como
docente, impulsionando o violio na cena musical. Entre seus discipulos estao Jodacil
Damasceno, Turibio Santos, Sérgio e Eduardo Abreu
Jodacil Damasceno (*1929), além dos estudos com Rebelo, estudou com Oscar
Caceres. Turfbio Santos (*1943), também estudou com estes dois mestres € com Julian
Bream e Andrés Segovia. Santos foi o primeiro brasileiro a vencer, em 1965, 0 Concurso
Internacional de Violao da O.R-T-F., em Paris. Fez a primeira gravacao integral dos Doze
Estudos de Villa-Lobos ¢ participou da estréia mundial do Sexteto Mistico, também de
Villa-Lobos. Turibio € um dos maiores divulgadores da obra do grande compositor
brasileiro ¢ hoje dirige 0 Museu Villa-Lobos no Rio.
Os irmaos Abreu, Sérgio (1948) e Eduardo: (*1949), desenvolveram uma das
mais brilhantes carreiras de concertistas internacionais. Ambos estud: ram com seu avé-
Antonio Rebelo e com Adolfina Raitzin de Tavora. Foram premiados, em 1967, no Con-
curso Internacional de Violio da O.R-T-F.. Realizaram intmeras gravacdes na Inglaterra, é
103
ERE~—y
se destacaram como um dos melhores duos de violio de todos os tempos. Atualmente,
Sérgio dedica-se 4 construgao de violdes. Ainda devemos mencionar outros violonistas
cariocas como Léo Soares, Nicolas Barros, Mz reelo Kayath, também premiado em Paris, €
© brilhante Duo Assad, formado pelos irmaos Sérgio ¢ Odair.
‘A masica brasileira para violdo tem se desenvolvido, praticamente, sombra da
excepcional, embora pequena, obra de Villa-Lobos, que continua sendo a mais co-
nhecida nos meios violonisticos nacionais ¢ internacionais.
‘Alguns compositores tentaram reprisar 0 sucesso dos 12 estudos. Este € 0 caso
de Francisco Mignone (1897-1986), que com sua série de 12 Estudas (1970), dedicados
gravados por Barbosa-Lima, ndo obteve o sucesso musical almejado. Ja o mineiro Carlos
‘Alberto Pinto Fonseca (#1943), compos Seven Brazilian Etudes (1972), também dedicados
a Barbosa-Lima, nos quais demonstra um nacionalismo e lirismo da mais pura escola na-
cionalista. © compositor paulista Mozart Camargo Guarnieri (1907-1993), uma das figuras
mais proeminentes da misica brasileira escreveu pouco, mas bem, para o violao. O Pon-
teio (1944), dedicada a e estreada por Abel Carlevaro, a Valsa-Choro € os trés pequenos
Estudos, apresentam-se com uma linguagem mais livre da influéncia da obra violonistica
de Villa-Lobos.
Mais original quanto a sua linguagem musical € a obra de Radamés Gnatalli
(1906-1988). A forte ligagao de Gnatalli 4 mtisica popular brasileira € claramente visivel
em varias de suas obras que misturam a mésica urbana carioca a uma refinada técnica €
musicalidade. Das suas obras para violo, destacam-se os varios concertos para violao €
orquestra, Dez Estudos, 3 Estudos de Concerto, Brasiliana n® 13 (1983), Petite Suite, a
suite Retratos para dois violées, brilhantemente gravada pelo duo Assad, a Sonatina para
violao € piano, Sonatina (1959) para flauta € violio, Sonatina (1966) para violoncelo €
dois violdes, Sonata para violoncelo e violAo € a Sonatina para violao e cravo, além da
inclusio do violao em varias obras para grupo instrumental de carter regionalista.
Edino Krieger (*1928) compés urna das mais importantes obras para o repert6rio
dos tiltimos tempos. A Ritmata (1975), dedicada a Turibio Santos, explora novos efeitos
instrumentais e associa uma linguagem atonal a procedimentos técnicos utilizados por
Villa-Lobos. A obra de Almeida Prado (*1943) Livro para seis cordas (1974) apresenta
uma concep¢ao musical originalissima livre de qualquer influéncia violonistica tradicional
e que delineia bem o estilo deste compositor; esta obra ainda apresenta certas seme-
Ihangas com as Cartas Celestes (1974) para piano quanto a sua concepsao sonora.
Marlos Nobre (*1939) tem na série Momentos a sua obra mais importante para
violao. Escrita a pedido de Turibio Santos e projetada para 12 ntimeros, os primeiros qua-
tro foram escritos entre 1974 e 1982. Ainda de Nobre destaca-se a Homenagem a Villa-
Lobos e Prélogo € Toccata op. 65. Para dois violdes, Marlos Nobre recriou 3 Ciclos
Nordestinos dos originais para piano, Otimas obras miniaturistas que utilizam motivos do
folclore nordestino. Ricardo Tacuchian (*1939) escreveu Ltidica I (1981), dedicada a
104Turfbio Santos, em que apresenta uma linguagem contemporanea com toques de nacio-
nalismo e efeitos sonoros os mais diversos. A sua Ltidica IT (1984), escrita em home-
nagem a Hans J. Koellreutter, € uma obra mais tradicional quanto A sua concepcao
sonora. Jorge Antunes (1942) escreveu Sighs (1976), na qual o autor requer uma afi-
nacao especial para o segundo movimento, uma invengao em tomo da nota si.
Lina Pires de Campos escreveu o excelente Ponteio e Toccatina (1978), obra
premiada no 1° concurso Brasileiro de Composigao de Musica Erudita para Piano ou
Violao - 1978. Deste mesmo evento surgiram novas obras, como o ja mencionado repen-
tes de Pedro Cameron, a Suite Quadrada de Nestor de Holanda Cavalcanti ¢ o étima Ver-
dades de Marcio Cortes.
Ainda cabe aqui mencionar a obra do boliviano, mas radicado e ligado a Curi-
tiba ¢ ao Brasil durante anos, Jaime Zenamon (*1953), dono de uma excelente e prolifica
produgfo para o instrumento que tem sido extremamente bem aceita nos meios
violonisticos internacionais. Entre suas obras destacam-se Reflexdes 7, Demian, The Black
Widow, Iguacu para violao e orquestra, Reflexes 6 para violoncelo e violao, ¢ a Sona-
tina Andina para dois violdes.
Para finalizar mencionaremos jovens talentos na composicao € que se destacam
por sua produg&o para violo: Francisco Aratijo, Celso Machado, Artur Campela e Sérgio
Assad que escreve, para o duo com seu irmao, excelentes obras de cardter virtuosistico
de efeito impressionante. Devem ser lembrados também Jécomo Bartoloni, que tem
escrito excelentes obras tonais como Eliptica, Ditirambo e o tango Martes, que tém sido
muito executadas, ¢ Paulo Porto Alegre, com a Mini Suite, que apresenta uma clara in-
fluéncia da obra de Leo Brower. E ainda o paranaense Chico Mello, que tem a otima Do
Lado do Dedo (1986), obra de cariter experimental e que explora efeitos sonoros inédi
tos, € como o proprio Chico diz: "minimalista a la Chico",
105NOTAS
* DEMARQUEZ, Suzanne. Manuel de Falla, Barcelona: Editorial Labor, SA, 1968. p. 122-3.
? OTERO, Corazon. Manuel M. Ponce y la Guitarra, México: Ediciones Fonapas, 1981. p. 31.
3 bid, p. 137.
* Gitado em SANTOS, Turibio. Heitor Vi
p. 12:13,
> BREAM, Julian’ Guitar Concertos. contracapa do disco RCA, LSC 2487. New York, 1961
°HENZE, Hans Wemer Royal Winter Music. Mainz: Schott, 1976. No preficio.
7 MARCO, Tomés. Historia General de la Musica, el siglo XX. Madcid: Editorial Alpuerto S. A., 1983.
p28.
® GINASTERA, Alberto. Citado no preficio Sonata op. 47. New York: Boosey & Hawkes, 1978.
9 PIAZZOLLA, Astor. Prefiicio & Histoire du Tango, Paris: Henry Lemoine, 1986.
10 CARLEVARO, Abel. La Escuela de la Guitarra. Buenos Aires: Barry Editorial, 1979. p. 7.
11 ANDRADE, Mario, Diciondrio Musical Brasileiro, Sto Paulo: Editora da Universidade de Sto Paulo.
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110Abastessa, Giovanni
Battista, 36
Abreu, Antonio, 53
‘Abreu, duo, 100
‘Abreu, Eduardo, 103
Abreu, Sérgio, 79,103-4
Abril, Antonio Garcia, 95
Aguado, Dionisio, 54,
‘G2, 64, 67, 72
Aguyles, Francisco, 14
“Albéniz, Isaac, 81-2
Alexandte I, 64
Alfonso, Nicolas, 95
‘Almeida, Manuel Anténio
de, 101
Alonso, 57
‘Amat, Juan Carlos, 33, 40
Andia, Rafael, 93
Andrade, Mario de, 101
André, Frau von, 68
‘Anido, Maria Luisa, 81
‘Antunes, Jorge, 105
‘Apostel, Hans Erich, 93
‘Aragon, Dom Fernando
de, 14
Aragijo, Francisco, 105
‘Arcas, julian, 77, 80
‘Archadelt, Jacob, 19
‘Arias, Vicente, 78
‘Amold, Malcolm, 91
Artat, Alice, 97
Asioli, Francesco, 37
Assad, duo, 99, 104
Assad, Sérgio, 105
‘Augustine, Albert, 79
‘Aussel, Roberto, 99, 100
Babitt, Milton, 96
Bach, Johann Sebastian,
81, 102
Bailleux, Antoine, 51
Balada, Leonardo, 95
Baldovin, 19
Ballard, Robert, 29, 33,
36
Ballesteros, Antonio, 52
Banfi, Giulio, 37
Barberiis, Melchior de,
26, 28
Barbosa-Lima, Antonio
Carlos, 99, 103, 104
INDICE ONOMASTICO
Barcarisse, Salvador, 94, Cabezén, Antonio, 14
95 Céceres, Oscar, 100, 103
Barrios, Agustin, 99, 102 Call, Leonhard von, 69
Barrono, Torres, 14 Calvi, Carlo, 37, 45
Barros, Nicolas, 104 Camargo Guamicr,
Barros, Sebastiio Paes, Mozart, 104
de, 101 ‘Cameron, Pedro, 103,
Barieco, Manuel, 97, 105
100 Campana, Jorge Luis, 100
Bartok, Bela, $4, 90,95, Campela, Artur, 105
~ Campion, Frangois, 38
Bantoloni, Jécomo, 103, Campos, Lina Pires de,
105 87, 105
Bantolotti, Angelo Cano, Antonio, 6
Michele, 37 Cantu, Carlo, 24
Bartolozzi, Bruno, 94 Gapata, Dom Luis, 18
Bautista, Julian, 94, 95 Carcassi, Mateo, 68
Beethoven, Ludwig van, Carfagna, Carlo, 94
68, 70, 81 Carlevaro, Abel, 86,
Behrend, Sigfried, 93 90,100, 104
Bella, Stephano della, 24 Carlo Il, 35,
Bellére, Jean, 30 Carter, Elliot, 96
Bellinati, Paullo, 102 Canilli, Ferdinando, 67,
Beltran, Mario, 98 68
Benedid, Josef, 55-7 Castafiera, Eduardo, 99,
Benguerel, Xavier, 95 100
Benitez, Baltazar, 100 Castelnuovo-Tedesco,
Bennett, Richard Mario, 87-8, 98
Rodney, 92 Castillo, Diego del, 14
Berio, Luciano, 94 Cavaleanti, Nestor de
Berkeley, Lennox, 92 Hollanda, 105
Berlioz, Hector, 73-4 Cavalli, 47
Bermudo, Juan, 10-1, 14, Ceballos, Horacio, 99
21, 25, 27, 31, 32 Cellier, Jaques, 32
Bemabe, Paulino, 79 ___Cemreto, Scipione, 26, 28,
Boccherini, Luigi, 54,87 33
Bogdanovie, Dusan, 96 Cervantes, Miguel de, 32
Bone, Philip J,53.64 Chagnot, Tania, 93
Bonnel, Carlos, 92 Charles Il, 35
Bouchet, Robert, 79 ‘Charpentier, 38
Boulez, Pierre, 93 Chavez, Carlos, 98
Brayssing, Gregoire, 28 Chiesa, Ruggiero, 94
Bravo, Pedro, 14 Chilesotti, Oscar, 94
Bream, Julian, 86, 91,92, Chopin, Frederic, 81
99, 103 ‘Glermont, Claude de, 29
Brigefio, Luis, 33, 37 ‘Cobos, Dom Francisco
Brightmore, Robert, 92. de los, 16
Britten, Benjamin, 91 Colista, Lelio, 40
Brondi, Maria Rita, 81 Comendador de Leén, 16
Brower, Leo, 98, 105 Conde de Miranda, 14
Buleau, Simon, 21 Contreras, Manuel, 79
111
aaa
Corbetta, Francisco,
35-8, 40, 47
Cordero, Emesto, 98
Cordoba, Diego
Femandes de, 21
Cérdoba, Francisco de,
19
Cordona, Francisco, 14
Coriandoli, Francesco,
37, 47, 48
Cortes, Marcio, 105
Corrente, Michel, 51
Coste, Napoleon, 65, 72
Grequillon, 21
Crespo, Jorge Gomes,
100
Crumb, George, 97
Damasceno, Jodacil, 103
Davezac, Betho, 100
Davies, Peter Maxweel,
2
‘Daza, Esteban, 21
Debussy, Claude, 83, 93
Demarquez, Suzanne, 84
Denhoff, Michael, 92
Derosier, Nicolas, 38
Diabelli, Anton, 70, 73
Dias, Belchior, 31-2
Diaz, Alisio, 99
Dodgson, Stephen, 91
Dom Joao Il, 14
Donatoni, Franco, 94
Dowland, John, 19, 91
Dressler, 74
Duque de Arcos, 14
Duque de Medinaceli, 63
Duque de Miranda, 63
Duquesa de Alba, 63
Duquesa de Weimar, 53
Dukas, Paul, 84, 86
Dumond, Amaud, 93
Dyens, Roland, 93
Eastwood, Tom, 92
Bliot, T. S. 100
Espinel, Vicente, 32
Esteso, Domingo, 78
Estrada, Delia, 99
Fabbricatore, Giovanni
Battista, 55, 58
Falla, Manuel de, 83-4,
86, 94Farias, Hector, 99) Goya, Francisco, 88 Jachet, 19 Marco, Tomas, 95
Felipe Il, 16, 19, 20 Gragnani, Felipe, 66 __‘Jacomino, Américo Marin, Francisco
Felipe IV, 40, Grajon, Robert, 29 (anhoto), 102 Santiago, 79
Foredit‘e,Femando, Granados, Enrique, 82 Janequin, Clement, 28 Marquesa de Tarifa, 20
53-4 Granata, Giovanni Jiménez, Juan Ramon, 88 Marschner, Heinrich, 71
Fernindez, Eduardo, 100 Battista, 35, 37, 40. _Jolivet, André, 93 Mastin, Frangois, 38
Femeyhough, Brian, 92 Grénerin, Henri, 38 Jose, Antonio, 94-5 Martin, Frank, 94
Cee Mero Aurelio Guerau, Francisco, 41 ‘Jumez, Jean-Pierre, 93. Martin de Jaén, 14
Zani de, 69, 73 Guerrero, Francisco e Kagel, Mauricio, 92 ‘Martinez, Joseph, 57
Fétis, 38, 67 Pedro, 21 Kappel, Hubert, 93 Matiegka, Wencesiau, 70
Fezandat, Michel, 29 Grunfeld, Frederick, 35, Kassner, Bli, 98 Matos, Lucas de, 14
Fierens, Guillermo, 95 4 Kayath, Marcelo, 104 -Mayllart, 21
Figucuedo, Eman 101 Gustavino, Carlos,99_Kleynjans, Francs, 98 Mayseder, Joseph, 68
Fisk, Eliot, 97 Guichard, L, 52 Klingenbrunner, 70 Maza, Regino Sanz de la,
Fleta, Ignacio, 79 Guimaries, Joo Kohno, Masaru, 79 87,94
Fonseca, Carlos Alberto Teixeira Josie Kolb, Barbara, 96 Médard, Remy, 38
H Pinto, 104 Pernambuco), 102 Koshkin, Nikita, 96 Mello, Chico, 105
Fortea, Daniel, 81 Guzmin, 14 Kraft, Norbert, 97 Mendelssohn, Felix, 81
Foscarini, Giovanni ‘Guzman, Ramiro Felipe Krenek, Emst, 98 Mersenne, 29
Paolo, 345, 40, 44 Niifiez de, 40 Kreutzer, Joseph, 71 Mestres-Quadreny, Josep
Foss, Lukas, 97 Halffter, Cristobal, 95 ‘Krieger, Edino, 104 Maria, 95
Fossa, Frangois de, 61,72 Halffter, Rodolfo, 94 Kucera, Vaclav, 95 Mertz, Johann Kaspar,
Frangaix, Jean, 93 Hamilton, Anthony, 35 Kilner, Joseph, 71 70-1
Frankweli, Victor Ritter Harrison, Lou, 96 Lacote, $7 Mignone, Francisco, 104
‘Umlauff von, 68 Haselbacher, Frank, 79 ‘Lagoya, Alexandre, 88, 93 Mikulka, Vladimir, 96
Freed, Isadore, 98 HaubenstockRamati, _-—-Lamarque-Pons, Jaurés, Milan, Luis, 11, 13-6, 18
Friedrich, Daniel, 79 Roman, 93 100 Milano, Francesco da,
Fuenllana, Miguel de, Hauser, Hermann, 79 __Laplane, Joel, 79 19, 94
14, 20-1, 25-6, 31-5 Haydn, Joseph, 70 Lauro, Antonio, 99 Mills, John, 92
Gangi, Mario, 4 Henestrosa, Lays Le Cocq, Frangois, 38 ‘Molino, Francisco, 66
Garcia, Enrique, 78 ‘Venegas de, 14 Legnani, Luigi, 67 Molitor, Simon, 70
Garcia, Miguel (Pe. Henze, Hans Wemer, Lemoine, A M, 51 Monferer, Marquesa de,
Basilio), 54, 61 92, 98 Leon, Juan de, 18 38
Garcia Lorca, Federico, Henrique 1, 28-9 Le Roy, Adrian, 29 Montedosca, Martin de,
4 Hemando de Jaga, 4 Limon, Roberto, 98 ai
Gatayes, Guillaume,52__ Hemandez, Santos, 78 Lisboa, Clementino, 101 Montero, Antonio Marin,
Chiglia, Oscar, 94 Hespos, Hans Joachim, Llobet, Miguel, 815, 101, 79
Gilardino, Angelo, 10092 103 Montesardo, Girolamo,
Gilbert, John, 79 Heétu, Jacques, 97 Lopez, 14 B
Ginastera, Alberto,99 Hogarth, Georg, 64 Lopez, Dom laigo, 18 Montron, 57
Girollet, Miguel Angel, Horicio, 19 Loyole, 19 Morais, Melo, 101
99, 100 Horetzki, Felix, 73, Luchesi, Giulio Maria, 66 Morales, 19, 21, 31
Gismonti, Egberto, 102 Hovhaness, Alan, 96 Luis XIV, 35-6, 38 Moreno, Alfonso, 98
Giuliani, Mauro, 6, 68 Huerta, Francisco, 65-6, Lully, Jean Baptiste, 35, Moretti, Federico, 52-3,
-70, 73 B 38 6
Gloeden, Ewerton € Hugo, Victor, 65 Machado, Celso, 105 —-Morlaye, Guillaume, 28.9
Edelton, 103 Hummel, Johann Machover, Tod, 97 ‘Mouton, 20
Gnatalli, Radamés, 104 Nepomiuk, 68 Macotera, 14 Moscheles, Ignaz, 68, 74
Godefried, 69 Iadone, 98 Madera, Bruno, 94 Mozart, Wolfgang,
Gombert, 189, 21 Imenes, Alfredo, 101 Madrid, Pedro de, 14 ‘Amadeus, 81
Gonzales, Jorge Luiz, 100 Isaac, Eduardo, 99 ‘Magin Alegre, 81 Mudarra, Alonso, 18, 20,
Gorlier, Simon, 28 Isbin, Sharon, 97 Makaroff, 71-2 26
112Muner, Angela, 103 Pruniéres, Henri, 83 Santos, Turibio, 100,
Murcia, Santiago de, 41 Pujol, Emilio, 11, 54, 80-4 102-4
Narviez, Luys de, 11, Rada, 57 Sanz, Gaspar, 32, 35, 39,
13-4, 16, 18, 20 Ragossnig, Konrad, 94 40, 46, 87
Naumann, Herr Johann Raimondi, Mare Antonio, So Marcos, Manoel €
G, 54 folha de guarda Maria Livia, 103
Nazareth, Emesto,90 Rak, Stepan, 95 Sardinha, Anibal
Newman, William, 64 Ramirez, Baltasar, 14 ‘Augusto (Garoto), 102
Nobre, Marlos, 104 Ramirez, Jose, 79 Satie, Erik, 84
Nono, Luigi, 98 Ramirez, Manuel, 78 Sauguet, Fenti, 93
Obrovska, Jana, 95 Ramos, Manuel Lopez, 98 Savio, Isaias, 102-3
Ohana, Maurice, 93 Ravel, Maurice, 84,90 Schafer, R. Murray, 97
Oraison, Jorge, 100 Rebelo, Antonio, 103 Scheidler, Christian G, 71
Ortiz, Diego, 19 Regondi, Giulio, 64, 69, Scheidt, Karl, 94
Otero, Corazon, 98 74 Schonberg, Amold, 90,
Otto, Jacob August, 53. Reich, Steve, 97 93
Ovidio, 19 Reinhardt, Django, 91 Schroeder, 57
Paganini, Nicolo, 67, 69, Reis, Dilermando, 102 Schubert, Franz, 68, 70,
72,87 Ribayas, Lucas Ruizde, ‘81, 88
Pages, Jose, 57 41 Schuman, Robert, 81
Panormo, Luis, 57-8 Ribeiro, Manuel da Segovia, Andres, 79, 82,
Pellegrini, Domenico, Paixio, 52 85, 91, 96, 100-1, 103
37, 40 Ricafort, 18, 21 Sepilveda, 19
Pelzer, Ferdinand, 74 Ries, 67 Servais, 69
Pepys, Samuel, 36 Rippe, Albert de, 28 Severino, Julio, 14
Pérez, Santiago, 14 Robledo, Josefina, 102 Shostakovich, Dmitry, 96
Pernas, José, 77 Rodrigo, joaquin, 87 Simplicio, Francisco, 78
Perscheiti, Vicent, 98 Rodrigues, Manuel, 14. Smit, Giovanni, 27
Petrarca, 19 Rolla, Alexander, 67 Soares, Léo, 104
Petrassi, Goffredo, 94 Romanillos, Jose, 79 Sollscher, Goran, 93
Phalése, Pierre, 30 Romero, Pepe, 87 Sor, Fernando, 53, 57,
Piazzolla, Astor, 99 Romero, Familia, 95 62-5, 67, 72-3
Pierri, Alvaro, 97, 100 Roncalli, Ludovico, 37. Sotomayor, Henando de
Pinto, Henrique, 102-3 Rorem, Ned, 97 Habalos de, 21
Pires, Comélio, 101 Rougier, Thierry, 93 Sotos, André de, 40
Pisador, Diego, 20, 22, 26 Roussel, Albert, 86 Spencer, Robert, 32
Pittaluga, Gustavo, 945. Rubio, David, 79 Starobin, David, 97
Playford, John, 30 Rubio, Juan Manuel Staufer, 67
Pomponio, Graciela, 99 Garcia, 53 Stravinsky, Igor, 84, 90,
Ponce, Alberto, 95 Ruiz-Pip6, Antonio, 95 9
Ponce, Manuel, 88,98 Russel, David, 92 Tacuchian, Ricardo, 104
Porto Alegre, Paulo, 103, Stadiman, Michel ‘Tanenbaum, David, 97
105 Ignatius, 57 “Tansman, Alexandre, 87
Poulenc, Francis, 93 Salle, L Jourdan de la, 38 Térrega, Francisco, 77,
Prado, Almeida, 104 Sancta Maria, Thomés 80-3, 85-6, 91, 100, 102
Praetorius, Michael, 27-8 de, 14 ‘Tévora, Adolfina Raitzin
Prat, Domingo, 52 San Martin, Fray de, 103
Pratten, Madame Leonardo de, 40
Sydney, 74 Santérsola, Guido, 100
Prés, Josquin de, 18-21 Santos, Joaquim
Presti, Ida, 88, 93 (Quincas Laranjeiras),
Prokofiev, Sergei, 96 102 Torok, Alan, 97
113
Torres Jurado, Antonio,
55, 78-79, 80, 83
‘Torres, Gaspar de, 14
‘Térroba, Federico
Moreno, 86
“Tosar, Hector, 100
‘Trombetti, Agostino, 37
Turina, Joaquin, 85
Tumbuil, Harvey, 32, 55
‘Tyler, James, 19, 27, 30,
32, 36, 49
Valderrano, Enriquez de,
19, 27, 32, 36
Valois, Isabel de, 20
Vasques, Juan, 19, 21, 31
Vega, Lope de, 32
Velasco, Nicolas Doizi
de, 40
Verdolot, 19
Verdi, Giuseppe, 81
Villa-Lobos, Heitor,
88-91, 102-4
Viola, Pe. Anselmo, 63
Virgilio, 19
Visconde de Tours, 29
Visée, Robert de, 38, 47,
48, 87, 93
Viver, Claude, 97
Wagner, Richard, 81
Walton, ‘William, 91
Weber, Carl Maria von,
71,72
Webern, Anton, 90, 93
Weiss, Silvius Leopold,
4
Willaert, Adrian, 19, 21
Williams, John, 86, 91-2
Wolf, Johannes, 45
Wolpe, Stepan, 98
Yepes, Narciso, 93, 95,
‘Yrol, Pablo Miguet y, 40
Zarate, Jorge Martinez, 99
Zelenka, Milan, 95
Zenamon, Jaime, 105
Zoiniga, Dom Francisco
de, 19
Zuth, Dr Josef, 71ESTA © OBRA ¢ FOr ¢
IMPRESSA ¢ NA ¢ GRAFICA
¢ TECNOGRAF ¢ NO ¢ MES
¢ DE ¢ NOVEMBRO ¢ DE ¢
1994 # PARA ¢ A ¢ EDITORA
¢# DA ¢ UNIVERSIDADE ¢
FEDERAL ¢ DO ¢ PARANA
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