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CadernoDoAluno 2014 2017 Vol2 Baixa CH Sociologia EM 1S PDF

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a

1 SÉRIE
ENSINO MÉDIO
Volume 2

SOCIOLOGIA
Ciências Humanas

Nome:

Escola:

CADERNO DO ALUNO
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO

MATERIAL DE APOIO AO
CURRÍCULO DO ESTADO DE SÃO PAULO
CADERNO DO ALUNO

SOCIOLOGIA
ENSINO MÉDIO
1a SÉRIE
VOLUME 2

Nova edição

2014 - 2017

São Paulo
Governo do Estado de São Paulo
Governador
Geraldo Alckmin
Vice-Governador
Guilherme Afif Domingos
Secretário da Educação
Herman Voorwald
Secretária-Adjunta
Cleide Bauab Eid Bochixio
Chefe de Gabinete
Fernando Padula Novaes
Subsecretária de Articulação Regional
Rosania Morales Morroni
Coordenadora da Escola de Formação e
Aperfeiçoamento dos Professores – EFAP
Silvia Andrade da Cunha Galletta
Coordenadora de Gestão da
Educação Básica
Maria Elizabete da Costa
Coordenadora de Gestão de
Recursos Humanos
Cleide Bauab Eid Bochixio
Coordenadora de Informação,
Monitoramento e Avaliação
Educacional
Ione Cristina Ribeiro de Assunção
Coordenadora de Infraestrutura e
Serviços Escolares
Dione Whitehurst Di Pietro
Coordenadora de Orçamento e
Finanças
Claudia Chiaroni Afuso
Presidente da Fundação para o
Desenvolvimento da Educação – FDE
Barjas Negri
Caro(a) aluno(a),
Entre as discussões e os conhecimentos trabalhados até o presente momento, um dos principais
objetivos almejados foi a caracterização da Sociologia como ciência que tem como foco o estudo do
ser humano nas suas relações e interações sociais. O ser humano é, portanto, um ser social que, para
viver em sociedade, passa pelos processos de socialização primária e secundária, pela incorporação
de papéis e pela construção de sua identidade.
Nas discussões da primeira metade deste volume, avançaremos em debates que terão como norte
dois questionamentos centrais: O que nos une e o que nos diferencia como humanos? e O que nos desi-
guala como humanos?
Portanto, num primeiro momento, a ideia é nos questionarmos como seres humanos e, nesse
sentido, a indagação que se coloca é: O que nos diferencia dos outros animais? O ser humano só existe
como ser social, mas muitos animais também vivem em sociedade. Logo, não é viver em sociedade
que torna o ser humano diferente dos outros animais.
O que nos diferencia dos outros animais é o fato de que o ser humano é o único capaz de adquirir
cultura. Mas o que é cultura? Quais são suas características? Qual é o papel do instinto na vida do ser
humano? E o do meio geográfico? O ser humano é totalmente influenciado pelos seus genes? Enfim, essas
são algumas das questões cujas respostas podem esclarecer o que nos une e o que nos diferencia como
seres humanos.
Em seguida, o debate irá um pouco além daquilo que nos diferencia em termos da língua, dos
costumes, da religião, dos hábitos alimentares e de tudo o que concebemos como cultura. Por meio
do recurso do estranhamento, o foco de estudo recairá sobre as diferenças que situam indivíduos e
grupos em posições hierarquicamente superiores e inferiores na estrutura social. Tais posições, que
podem ser econômicas, sociais e políticas, conferem vantagens ou desvantagens de acordo com o lugar
ocupado na estrutura social e revelam a existência de desigualdades, com base em atributos sociais.
Da mesma forma que há várias características por meio das quais as sociedades se diferenciam umas
das outras, é possível identificar diversos atributos, de acordo com os quais pessoas e grupos se or-
ganizam em posições ou “estratos” sociais, como a idade, o gênero, a ocupação, a renda, a raça ou a
cor da pele, a classe social etc.
Desigualdade, entretanto, não é o mesmo que diferença. Neste volume perceberemos que, na
maioria das vezes, tendemos a tomar o diferente como inferior quando adotamos uma visão etno-
cêntrica em relação ao outro.
Em relação a isso, aprenderemos, no entanto, que a melhor postura é sempre o relativismo
cultural, isto é, procurar estabelecer um olhar de distanciamento e estranhamento em relação aos
valores do outro, a fim de tentar compreendê-los. Desse modo, evitaremos estabelecer hierarquias
entre sociedades e culturas consideradas “melhores” ou “mais avançadas” do que outras. Neste mo-
mento, porém, discutiremos como diferenças no acesso às condições de vida (renda, habitação, sa-
neamento, alimentação, saúde, educação, trabalho etc.) situam pessoas e grupos em posições desiguais
na hierarquia social, na qual geralmente os mais favorecidos encontram-se no “topo” e os menos
favorecidos estão mais próximos da “base”.

Equipe Curricular de Sociologia


Área de Ciências Humanas
Coordenadoria de Gestão da Educação Básica – CGEB
Secretaria da Educação do Estado de São Paulo
Sociologia – 1a série – Volume 2

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!
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 1
O CARÁTER CULTURALMENTE
CONSTRUÍDO DA HUMANIDADE

O objetivo desta Situação de Aprendizagem é levá-lo a perceber que quase nada é natural no ser
humano e que nossas maneiras de agir, pensar e sentir são culturalmente estabelecidas.
O ser humano existe como ser social e, por isso, passa por um processo de socialização primária
e secundária à medida que cresce. Dessa forma, ele se insere em um grupo e na sociedade.

Créditos em sentido horário: © Peter Beavis/Stone/Getty Images, © K & K Amman/The Image Bank/Getty Images,
© WorldFoto/Alamy/Glow Images, © Sue Flood/The Image Bank/Getty Images

Grupos de animais.

Nas fotos apresentadas, vemos que outros animais também vivem em grupo. As imagens não
mostram, mas sabemos que eles também passam por um curto processo de socialização para poder
viver com o grupo e que, portanto, não podem simplesmente agir conforme a sua vontade. Logo,
os animais também vivem em sociedade, assim como nós.
Mas os animais não são totalmente iguais a nós, apesar de muitos viverem em grupo e precisarem
aprender a viver juntos.
5
Sociologia – 1a série – Volume 2

Etapa 1 − Os seres humanos e a natureza

Leitura e análise de texto e imagem

O que todos nós temos em comum é a capacidade de nos diferenciar uns dos outros e de
viver essa experiência, que é a de ser humano, da forma mais variada possível, por meio da
imersão nas mais diferentes culturas. Logo, o que nos liga são as nossas diferenças; e elas são
dadas pela cultura na qual somos socializados desde o momento de nosso nascimento.
Toda cultura é uma construção histórica e social. Nossos hábitos, costumes, maneiras
de agir, sentir, viver e até morrer são culturalmente estabelecidos. Dizer que se trata de uma
construção não é aleatório, pois construção remete à montagem, a algo que passa pelas
mãos do ser humano, que não está pronto, ou seja, que não é dado pela natureza, mas que
passa por algum processo de transformação, até se tornar o que é.
A cultura é uma construção histórica, porque varia de uma época para outra,
porque demorou muito para ser o que é.
A cultura é uma construção social, porque é partilhada por um grupo.
Grupos humanos diferentes, portanto, têm culturas diferentes. Isso significa dizer que
quase nada no ser humano é natural. Um comportamento considerado natural para uma
sociedade e não para outra mostra que ele não é natural, e, sim, cultural.
Não há ser humano que possa existir sem que esteja imerso em determinada cultura.
Somos todos seres culturais. Pode-se dizer que não existe uma natureza humana igual
para todos os seres humanos, e todos temos a capacidade de sermos diferentes entre nós.
Se apenas um grupo ou alguns grupos consideram uma forma de agir, pensar e sentir
como natural, você pode ter certeza de que não se trata de algo natural, mas, sim, cultural.
Tudo o que é natural para uns e não para outros não é natural. Pois natural seria o que faz
parte da natureza humana, ou seja, o que é compartilhado por todos os seres humanos.
Não é natural:
© C K Ltd/The Image Bank/Getty Images

© Iara Venanzi/Kino

Vestir jeans e camiseta. Comer arroz e feijão.

6
Sociologia – 1a série – Volume 2

© Stefan Kolumban/Pulsar Imagens


© Ryan McVay/The Image Bank/Getty Images

Casar de branco. Enterrar os mortos.

Em outras culturas:
© Zubin Shroff/Stone/Getty Images

O jeans e a camiseta não são roupas naturais para o ser humano. Na Índia, por exemplo, é comum as mulheres usarem o sári; já no © Rosa Gauditano/Studio R

Brasil, muitos povos indígenas andam nus.


© Wolfgang Kaehler/Corbis/Latinstock

Comer arroz e feijão também não é algo natural. Existem grupos no deserto que
se alimentam de gafanhotos, e o escargot (tipo de lesma) é uma iguaria na França.

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Sociologia – 1a série – Volume 2

© Tim Macpherson/The Image Bank/Getty Images

© Richard Powers/Corbis/Latinstock
Em nossa sociedade, a noiva veste-se de branco, Não são todos os povos que enterram seus mortos.
mas, em muitas outras, a cor da roupa da noiva Os indianos, por exemplo, costumam cremá-los.
não é o branco.
Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola.

Escreva o que cada uma das cores a seguir pode simbolizar no Brasil:

Muitos povos orientais não associam o branco à vida e à luz. Para eles, o branco “natu-
ralmente” é associado à morte e é usado como cor de luto. Nas culturas ocidentais, como é
a nossa, ocorre o contrário. Associamos “naturalmente” o branco à luz, ao sol e à vida, e o
preto, às trevas, à escuridão, à noite e à morte.
Nenhuma dessas associações é natural ao ser humano, pois, caso isso fosse realmente
natural, todos os indivíduos, em todas as sociedades, fariam as mesmas associações. Se isso
não ocorre, é porque quase nada é natural no ser humano, e o simbolismo das cores é um
exemplo de como o que muitos consideram “natural”, na verdade, é fruto de uma construção
histórica, social e cultural.

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Sociologia – 1a série – Volume 2

PESQUISA INDIVIDUAL

Pesquise e escreva exemplos de:


a) roupas ou adereços usados por diferentes povos.

b) hábitos diferentes dos praticados pelos brasileiros.

Exercícios
1. É possível dizer que há uma natureza humana igual para todos? O que é natural no ser humano?

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Sociologia – 1a série – Volume 2

2. O que nos torna seres humanos? O que une e o que diferencia os seres humanos?

Etapa 2 − Etnocentrismo e relativismo cultural

“[...] cada qual denomina de bárbaro o costume que não pratica na própria terra.”
MONTAIGNE, Michel de. Les Essais, livre I. Chapitre XXX – Des cannibales. Tradução Stella Christina Schrijnemaekers.

Essa frase é de Michel de Montaigne, filósofo do século XVI.

Michel de Montaigne (1533-1592) foi um escritor francês.


© Stefano Bianchetti/Corbis/Latinstock

Atuou na magistratura e na política. Sua vida e obra refletem o


apreço por debates e questões que envolvem a tolerância religiosa
e o etnocentrismo. Um exemplo disso ocorreu em 1574, quando,
após a Noite de São Bartolomeu – massacre de protestantes por
católicos em Paris –, Montaigne fez no Parlamento de Bordeaux
um discurso em prol da tolerância religiosa, conclamando todos
a evitar a violência e estabelecer a ordem pela força da palavra e
das ideias. Seu interesse por relatos de viagem o levou a encontrar
Michel de Montaigne. um indígena sul-americano conduzido à Europa, que lhe inspi-
raria um capítulo dos seus Ensaios chamado “Dos canibais”, em que aborda o etnocentrismo
e demonstra sua crítica ao preconceito. No fim da vida, preferiu a reclusão a fim de terminar
seus Ensaios, que seria seu trabalho central, iniciado em 1572 e que continuou até seu último
ano de vida. No livro, Montaigne discorre sobre praticamente todos os assuntos relevantes
da época.

A palavra “bárbaro” pode ter vários significados:


a) “Nossa, olha só que roupa legal! Ela não é bárbara?”
b) “O que esse homem fez com os reféns foi um ato bárbaro e cruel!”
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Sociologia – 1a série – Volume 2

Curiosidade!

A palavra “bárbaro” é de origem greco-latina. Os romanos a usavam para designar todos


os povos não romanos. Com o tempo, essa palavra adquiriu a conotação de alguém que age
de forma errada, imprópria, quase não humana.

Com base nas aulas anteriores e na sua experiência pessoal, explique se o uso do termo “bárbaro”,
na frase de Montaigne, tem conotação negativa ou positiva e por quê.

Leitura e análise de texto

A frase de Montaigne trata do etnocentrismo:

etno = palavra grega que significa povo;


centr = vem de centro;
ismo = sufixo que designa prática de algo;
Etnocentrismo é a postura segundo a qual avalia-se os outros povos a partir da
própria cultura.
Nesse sentido, todos nós somos etnocêntricos. Uns mais e outros menos. O pro-
blema do etnocentrismo é que ele não nos permite compreender como os outros pensam, já
que, de antemão, eu julgo os outros conforme os meus padrões, de acordo com os valores e
ideias partilhados pela minha cultura. E isso é um problema quando se quer compreender o
outro, quando se quer pensar sociologicamente.
Logo, o etnocentrismo é uma postura que devemos evitar. Na Antropologia, há um
recurso metodológico para isso e ele tem a ver com uma atitude mental que os pesquisadores
adotam diante do que é diferente.

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Sociologia – 1a série – Volume 2

O antropólogo deve tornar exótico o que é familiar e tornar familiar o que é exótico.

Ou seja, é preciso assumir uma postura de distanciamento diante de seu modo de


pensar, agir e sentir. Essa postura está ligada ao estranhamento (conceito estudado no
volume 1). É tentar colocar-se no lugar do outro e compreender como ele pensa. Ter
essa atitude não significa deixar de ser quem é, mas aceitar o outro na sua diferença. A essa
postura damos o nome de relativismo cultural.

O relativismo cultural é a postura segundo a qual se procura relativizar sua maneira


de agir, pensar e sentir, e, assim, colocar-se no lugar do outro. “Relativizar” significa
estabelecer uma espécie de distanciamento ou estranhamento diante de seus valo-
res, para conseguir compreender a lógica dos valores do outro.

Se quisermos realmente compreender o outro, devemos ter consciência disso e adotar,


na medida do possível, o relativismo como uma postura metodológica que ajude a nos
desvencilhar do etnocentrismo. Essa atitude não é fácil, pois são poucas as pessoas dispostas
a questionar ou a deixar de lado sua maneira de agir, pensar e sentir, ainda que momenta-
neamente, para tentar compreender o outro.
Uma das razões mais importantes para termos uma postura etnocêntrica está ligada ao
medo. Medo do outro e, acima de tudo, medo de nós mesmos.
Por que isso está ligado ao medo?
Porque, quando dizemos que o outro é inferior, automaticamente nos colocamos em
uma posição de superioridade. E, se somos superiores, somos os corretos, os melhores. Logo,
não precisamos questionar nossa maneira de agir, pensar ou sentir. Pois, quando olhamos
o outro e procuramos, genuinamente, compreendê-lo na sua diferença, muitas vezes não
olhamos somente para esse outro. Olhamos também para nós mesmos.
E por que não queremos fazer isso?
Porque aceitar o outro na sua diferença leva, muitas vezes, a refletir sobre a própria
existência, e nem sempre estamos preparados ou simplesmente não queremos rever ou
repensar nosso ponto de vista. Gostamos de achar que esse ponto de vista é o único possível,
pois assim esquecemos que é somente uma possibilidade, uma entre outras. Com isso,
fugimos da responsabilidade de pensar sobre as escolhas que fazemos, dizendo que “não
temos escolha”, que “o mundo deve ser assim”, “sempre foi assim”, que “não há o que mudar”
e que o “diferente está sempre errado”, “é sempre inferior”.
Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola.

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Sociologia – 1a série – Volume 2

1. Com base na leitura do texto apresentado e nas explicações de seu professor, defina:

a) etnocentrismo:

b) relativismo cultural:

2. Por que você acha que é tão difícil nos colocarmos no lugar do outro?

3. Por que até hoje confundimos diferença com inferioridade?

4. Por que ao observar alguém que se veste de modo diferente e tem hábitos diferentes, a tendên-
cia de algumas pessoas é tachá-lo de inferior?

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Sociologia – 1a série – Volume 2

5. Disserte sobre as dificuldades de lidar com o etnocentrismo e de adotar uma postura


relativista.

LIÇÃO DE CASA

Com base no que já foi discutido em sala de aula, faça uma redação sobre o medo e sobre como
ele pode atrapalhar a nossa vida.

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Sociologia – 1a série – Volume 2

Claude Lévi-Strauss (1908-2009) foi um dos

© Sophie Bassouls/Sygma/Corbis/Latinstock
mais importantes antropólogos do século XX. Ainda
jovem, em 1934, veio ao Brasil e ajudou a fundar a
Universidade de São Paulo (USP). Ele fez pesquisas
em Mato Grosso com os povos indígenas Bororo e
Kadiwéu, entre outros. Quatro anos depois, foi em-
bora do nosso país e desenvolveu, posteriormente,
uma das mais importantes correntes da Antropologia:
Claude Lévi-Strauss.
o estruturalismo. Em 1952, a pedido da Unesco, ele
escreveu um artigo chamado Raça e história, em que criticava, entre outros pontos, a ideia de
raça e o etnocentrismo.

Leitura e análise de texto

Em Raça e história1, Lévi-Strauss afirmou que a interpretação e a visão da diversidade varia


de cultura para cultura. Para ilustrar essa discussão, ele usou metáforas, comparando as culturas
com os trens, para falar do etnocentrismo, e o andar do cavalo no jogo de xadrez com o de-
senvolvimento das culturas.
As culturas e os trens
Imagine que cada cultura é um trem e nós somos os passageiros. Nós olhamos o mundo
a partir do nosso trem.

© Mauricio Simonetti/Pulsar Imagens


Mas os trens seguem em direções opostas,
em diversas velocidades. Um viajante verá de
modo diferente um trem que vai em sentido
contrário, um trem que ultrapassa o seu ou
outro que segue em uma outra direção. E qual
trem podemos observar melhor a partir de
nosso trem? Aquele que segue na mesma di-
reção que o nosso e na mesma velocidade, ou
seja, de forma paralela.
Se cada cultura é um trem, sabemos que as culturas não caminham todas na mesma
direção, nem na mesma velocidade. Umas caminham mais rápido, outras caminham em
direções quase opostas. As culturas possuem maneiras diferentes de observar o mundo. Cada
uma tem o seu caminho, a sua direção e a sua velocidade. Se uma cultura nos parece parada,
isso ocorre porque não conseguimos compreender o sentido do seu desenvolvimento.

1
LÉVI-STRAUSS, Claude. Raça e história. In: Antropologia estrutural (volume 2). Tradução de Beatriz Perrone-Moisés. São Paulo:
Cosac Naify, 2013. p. 357-369.
15
Sociologia – 1a série – Volume 2

É aquela que caminha paralela à nossa que nos permite a melhor observação e que
nos fornece a autoidentificação. Mas quem é que pode dizer qual é a melhor direção? O
caminho mais avançado? Será que o que parece parado para nós está realmente parado?
Como saber?
Na verdade, com isso Lévi-Strauss quis dizer que é muito difícil para alguém de uma
determinada cultura avaliar alguém de outra cultura. Pois, já que a minha cultura é como
um trem, muitas vezes não consigo enxergar e compreender o que se passa nos outros
trens (nas outras culturas). Isso ocorre porque as culturas não carregam em si as mesmas
preocupações nem os mesmos objetivos. É mais fácil entender a cultura que mais se parece
com a nossa, ou seja, aquela que partilha dos mesmos interesses e segue na mesma direção.
Mas, como as culturas são diferentes, se muitas vezes não conseguimos compreender uma
delas, isso não ocorre porque ela está parada, ou errada, e sim porque a direção que ela
toma muitas vezes não faz sentido segundo a nossa lógica de raciocínio, a lógica de nossa
cultura (trem).

As culturas e o cavalo no jogo de xadrez


Lévi-Strauss escreveu, ainda, que as culturas se © Lawrence Manning/Corbis/Latinstock

desenvolvem como anda o cavalo no jogo de xadrez.


No jogo de xadrez, cada peça caminha de uma
maneira: a torre em linha reta, o bispo na diagonal
e o cavalo em L, ou seja, aos saltos2. Logo, se as
culturas andam em L, ou aos saltos, elas não andam
todas em linha reta, nem seguem todas a mesma
direção. Cada uma segue um sentido e uma linha
de raciocínio que lhe é própria. É equivocado con-
siderar errada e pouco evoluída a cultura que segue
uma direção diferente da nossa, como se todas
devessem seguir a mesma direção, como se todas
devessem andar da mesma forma. Cada cultura tem
seus interesses próprios e, assim, um ritmo, uma velocidade e uma direção de desenvol-
vimento que são seus. Não andam, ou se desenvolvem, em linha reta.
O que é mais importante? Para um pigmeu3, mais importante do que saber quem descobriu
o Brasil, ou quais são os tipos de clima do mundo, é saber quais plantas são comestíveis e quais
são venenosas, quais podem ser usadas como remédio e quais não podem. Para um brasileiro que
almeja se tornar advogado, mais importante é adquirir os conhecimentos necessários para entrar
na faculdade. Conhecer quais são as plantas venenosas numa floresta pode não lhe ser de muita
utilidade. Logo, o que é importante saber varia de uma cultura para outra.
2
O cavalo, no jogo de xadrez, anda em L, ou seja, duas casas para a frente e uma ou para a direita ou para a esquerda, ou pode andar
uma casa para a frente e duas para a esquerda ou para a direita.
3
Homem que pertence a uma etnia da África Central e que apresenta baixa estatura.

Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola.

16
Sociologia – 1a série – Volume 2

Com base na leitura do texto e nas explicações do professor, responda o que você acha que
Claude Lévi-Strauss quis dizer com:
a) as culturas são como trens;

b) as culturas se movem assim como anda o cavalo no jogo de xadrez.

VOCÊ APRENDEU?

Escreva, em uma folha avulsa, um texto dissertativo e argumentativo sobre as relações entre o
medo, o etnocentrismo, o relativismo e as metáforas usadas por Lévi-Strauss, que descreve “as culturas
como trens” e considera que “elas se movem assim como anda o cavalo no jogo do xadrez”.

APRENDENDO A APRENDER

A postura do relativismo cultural é difícil de ser posta em prática, mas não é impossível.
Uma forma interessante de treiná-la é procurar, durante um dia, colocar-se mentalmente
no lugar de uma pessoa que você conhece, como um parente, amigo, alguém da escola, um
vizinho. Para isso, procure se colocar no lugar dessa pessoa e raciocine como você acha que
ela raciocinaria. Ao final do dia, você verá que esse exercício é muito interessante e nos ajuda
a adotar uma postura mais relativista.

17
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PARA SABER MAIS

Livro
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Sociologia – 1a série – Volume 2

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SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 2
POR QUE SOMOS DIFERENTES?

Se quase nada é natural no ser humano, outra questão se apresenta para nós: Por que somos
diferentes?
Esta Situação de Aprendizagem será mais um passo na tentativa de responder essa questão.
Na maioria das vezes, o senso comum acredita que a diferença entre as pessoas é fruto somente
do meio físico e/ou de fatores biológicos. Aqueles que acreditam que a diferença ocorre principal-
mente por conta do meio físico são os adeptos do determinismo geográfico e os que dizem que é
uma questão puramente biológica são os adeptos do determinismo biológico. Ambas são posturas
ou explicações a serem evitadas.

Etapa 1 − O determinismo geográfico

Leitura e análise de texto

O determinismo geográfico pode ser definido como a postura segundo a qual se


acredita que as diferenças de ambiente físico condicionam totalmente a diversidade cul-
tural. Ou seja, segundo essa postura, os seres humanos são diferentes, pois habitam áreas
geográficas diferentes: umas mais frias, outras mais quentes, umas mais próximas ao mar,
outras mais altas etc. Para os adeptos do determinismo geográfico, o meio físico condi-
ciona totalmente o comportamento do ser humano. Assim, acreditam, por exemplo, que
pessoas que moram em regiões quentes são mais preguiçosas, por conta do calor, entre
outros preconceitos.
A Antropologia mostrou que existem limites para a influência do ambiente físico em
uma determinada cultura. Ou seja, o meio físico pode influenciar os seres humanos e seus
costumes, mas não os condiciona totalmente.
Os hábitos, costumes e conteúdos simbólicos da vida de um povo podem sofrer in-
fluência do meio físico. Existem elementos em nossa cultura que são influenciados pelo
meio, como a maior parte das nossas roupas. Elas são adaptadas ao nosso clima. Ou,
ainda, o fato de nos alimentarmos de mandioca, que é uma raiz que constitui a base da
alimentação em muitas regiões do Brasil. Em países de clima mais frio, é comum que as
casas tenham sistema de aquecimento central, para que as pessoas não sofram com as
baixas temperaturas, e se alimentem de vegetais que se desenvolvem em temperatura mais
baixa do que aquela aqui encontrada.
Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola.

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Sociologia – 1a série – Volume 2

Responda, com base na leitura do texto apresentado e nas explicações de seu professor.
1. O que é determinismo geográfico? Explique com suas palavras.

2. Além dos exemplos contidos no texto, apresente outros de como o meio físico pode influenciar,
em parte, a nossa cultura.

Leitura e análise de texto e imagem

Toda cultura age seletivamente em relação ao meio físico em que ela se desenvolve e,
por isso, existem elementos culturais que, apesar de aceitos, não estão de acordo com o meio
geográfico. Um exemplo notório é o uso do terno e da gravata em um país quente como é
o Brasil na maioria dos meses do ano. Essa roupa é adequada aos países de clima temperado,
mas totalmente inadequada, na maior parte do ano, ao clima do nosso país.
Créditos da esq. para a dir.: © Ovia Images/Alamy/Glow Images,
© Catherine Ledner/Iconica/Getty Images, ©Fernando Favoretto

O uso do terno.

Mesmo assim, os homens, seja por razões de trabalho, seja porque têm de comparecer
a um determinado evento social, muitas vezes usam terno e gravata. Por que eles fazem isso?

20
Sociologia – 1a série – Volume 2

Porque essa roupa tem um significado cultural. Trata-se do exemplo de uma vestimenta
mais formal, que proporciona certo status social, pois não é uma roupa barata.
Se o meio físico influenciasse totalmente as culturas, como querem acreditar os adeptos
do determinismo geográfico, os homens usariam roupas adequadas ao nosso clima.
Essa mesma reflexão pode ser feita em relação aos hábitos de alimentação.

Créditos da esq. para a dir.: © ABPL/


Photolibrary/Fresh Food/Latinstock,
© David A. Northcott/Corbis/Latinstock,
© Julie Fisher/The Image Bank/Getty Images
Alimentação.

Existem animais que habitam o Brasil e outros países, como a China, o Camboja, a
Tailândia, o Vietnã e o México, por exemplo. Mas isso não significa que eles sejam consi-
derados passíveis de servir como alimento aqui e lá. É o caso do rato. No Brasil, é pratica-
mente impensável para uma pessoa se alimentar da carne de ratos. Já na China, no Camboja,
no Vietnã e na Tailândia, esses animais são normalmente consumidos como alimento. Na
Tailândia também é comum comer espetos de certas larvas na rua, assim como aqui se come
churrasco. Há ainda o caso do México: lá é possível comer tacos (prato típico mexicano
feito de farinha de milho, parecido com uma panqueca, com vários tipos de recheios e
molhos) recheados com certo tipo de grilo comestível. Se o determinismo geográfico real-
mente existisse, nós nos alimentaríamos igualmente desses animais, que também habitam
nosso território.
Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola.

Com base na leitura do texto apresentado, responda às seguintes questões:


1. Segundo o texto, de que maneira a cultura age em relação ao meio físico?

2. Cite um exemplo do texto que mostre isso e explique por quê.

21
Sociologia – 1a série – Volume 2

3. Descreva um exemplo, que não seja tirado do texto, de como a cultura age de forma seletiva em
relação ao meio físico.

Etapa 2 – O determinismo biológico

Leitura e análise de texto e imagem

Outra linha de pensamento que procura explicar o que diferencia um ser humano do
outro é a do determinismo biológico, segundo a qual as diferenças genéticas determinam
as diferenças culturais.
Essa é a velha história de que “o homem é o que é, pois isso estaria no sangue”, ou seja,
todas as diferenças entre duas pessoas seriam estabelecidas por meio dos nossos genes. A
partir desse tipo de raciocínio, cria-se uma série de estereótipos, tais como: os judeus e os
árabes nascem para negociar; os alemães são bons de cálculo; os norte-americanos são todos
empreendedores etc. E a justificativa é a de que isso estaria no sangue.
Mas isso é um grande engano, por várias razões.
A primeira razão é dada pelos avanços dos estudos genéticos que mostraram que os seres hu-
manos são muito parecidos e muito diferentes entre si do ponto de vista genético. Em termos da porcen-
tagem total de material genético, a variação genética entre dois seres humanos é inferior a 1%.
Entretanto, se verificarmos em números, será possível observar que há milhões de diferenças no
código genético entre dois indivíduos escolhidos ao acaso. Ou seja, apesar de sermos muito pare-
cidos em termos relativos (uma diferença menor do que 1%), em termos absolutos, isto é, consi-
derando o número de diferenças genéticas, somos muito diferentes (milhões de diferenças entre
dois indivíduos). Em outras palavras, milhões dessas diferenças genéticas representam menos
de 1% do total do código genético, não importando a origem geográfica ou étnica deles. No
entanto, mais de 90% dessa variação ocorre entre indivíduos e menos de 10% ocorre entre
grupos étnicos (“raças”) diferentes, mais um argumento para o fato de que há apenas uma
raça de Homo sapiens: a raça humana!
Com base em tais informações, é possível dizer que cada um de nós é um ser humano
único e tão diferente de outro ser humano que procurar juntar as pessoas para formar grupos
distintos (por exemplo, “raças humanas”) não faz sentido.
Não existem diferenças suficientes entre os grupos humanos para permitir separar
ou juntar os seres humanos em “raças”. As diferenças visualizadas entre populações de
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Sociologia – 1a série – Volume 2

© Chris Ratcliffe/Alamy/Glow Images


continentes distintos são muito pequenas e superfi-
ciais, não se refletindo no genoma (constituição ge-
nética total de uma pessoa).
Mas, mesmo assim, há aquelas velhas questões: Se
isso é verdade, por que tantos portugueses são padeiros?
Por que tantos descendentes de árabes são comerciantes?
Isso não está mesmo no sangue?
Se isso fosse verdade, então Portugal seria um
país de padeiros e em todos os lugares onde os por-
tugueses fossem morar eles seriam padeiros. E isso
não acontece.
Se aqui há muitos descendentes de portugueses que
são padeiros, isso se deve ao fato de que essa foi uma
profissão em que vários imigrantes se destacaram, e que
eles a ensinaram a outros imigrantes, mas não porque Padeiro.

estava no sangue deles ser padeiro.


O pão é um alimento de consumo em todas as regiões do mundo, mas isso não quer
dizer que só os portugueses façam pão, ou que o façam melhor do que outros povos. Há
padeiros chineses, malaios, indianos, botsuanos, alemães, franceses, gregos, espanhóis, russos,
chilenos, bolivianos, argentinos, holandeses, japoneses, australianos, moçambicanos etc. E
não só portugueses. Há padeiros em todas as sociedades, em todas as culturas. E, se há
portugueses em todos esses lugares citados, isso não significa que eles sejam padeiros. Em
outras regiões do mundo, eles podem ter se especializado em outras profissões. Logo, é
equivocado achar que profissões tenham uma determinação biológica e que exista o deter-
minismo biológico.
Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola.

Com base na discussão realizada em sala de aula, nas explicações de seu professor e na leitura
do texto apresentado, responda: O que é o determinismo biológico e por que essa é uma postura
que deve ser evitada?

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Sociologia – 1a série – Volume 2

Leitura e análise de texto e imagem

Toda criança ao nascer é fruto da combinação de elementos genéticos do pai e da mãe.


Contudo, sua maneira de agir, pensar e sentir não está relacionada com esse código genético.
Na verdade, se transportarmos para a Bolívia um bebê inglês e o criarmos ali com outros pais,
ele desenvolverá os hábitos, a maneira de falar e de raciocinar típicos do lugar. Provavelmente
não gostará de comer a comida que seus pais biológicos ingleses apreciam, nem pensará como
um inglês, pois assumirá os hábitos e costumes da família boliviana que o criou. A carga ge-
nética vinda de seus pais não influenciará seu comportamento. Mesmo determinadas doenças,
para as quais ele, porventura, tenha predisposição genética, poderão não se manifestar,
impedidas possivelmente pelos hábitos alimentares e de vida adquiridos no novo país.
Isso demonstra que o determinismo biológico é uma postura equivocada e que deve
ser evitada, pois a cultura pode interferir no plano biológico. Do ponto de vista biológico,
em geral, os homens são mais fortes do que as mulheres, mas em várias culturas é a mulher
quem realiza o trabalho braçal e não o homem. A Antropologia tem mostrado que muitas
atividades atribuídas aos homens em determinadas culturas são realizadas pelas mulheres
em outras. Portanto, apesar de existirem diferenças biológicas entre homens e mulheres, a
cultura pode interferir no plano biológico.
O riso é outro exemplo de que o determinismo biológico é uma postura equivocada.
Segundo Laraia (2009, p. 69), o riso é uma propriedade do ser humano e dos primatas
mais desenvolvidos. Mas o que é considerado risível varia de cultura para cultura. Ou seja, o
riso é totalmente condicionado pelos padrões culturais, apesar de toda a sua fisiologia.
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O riso.

Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola.

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Sociologia – 1a série – Volume 2

Após a leitura do texto, faça as seguintes atividades:


1. Retire do texto um exemplo que mostre por que a postura do determinismo biológico é equi-
vocada e o explique.

2. Descreva um exemplo diferente dos apresentados para mostrar o problema do determinismo


biológico.

VOCÊ APRENDEU?

Explique o que você entendeu sobre o determinismo biológico e o determinismo geográfico


e quais são os problemas de cada uma dessas posturas.

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Sociologia – 1a série – Volume 2

?
!
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 3
COMO O SER HUMANO SE TORNOU SER HUMANO?

Apesar de podermos falar em uma cultura brasileira, francesa ou tailandesa, e também de hábitos
e costumes partilhados por um povo, deve-se ter em mente que isso é fruto de um longo processo
histórico que se altera com o passar do tempo, de acordo com as trocas culturais que são estabelecidas.
Mas o que é cultura? Quais são as características de todas as culturas? Como elas nasceram? Até onde
existe o instinto no ser humano? Essas são algumas das questões que serão respondidas ao longo
desta Situação de Aprendizagem.
As culturas estão constantemente se comunicando, estabelecendo trocas. Umas influenciam
mais do que são influenciadas, mas não há nenhuma que exista fechada em si. O texto a seguir
nos mostra que a ideia de cultura como algo fechado no tempo e no espaço e que não se modifica
é, no mínimo, ingênua.

Leitura e análise de texto

O cidadão norte-americano desperta num leito construído segundo padrão originário do


Oriente Próximo, mas modificado na Europa Setentrional, antes de ser transmitido à América.
Sai debaixo de cobertas feitas de algodão, cuja planta se tornou doméstica na Índia; ou de
linho ou de lã de carneiro, um e outro domesticados no Oriente Próximo; ou de seda, cujo
emprego foi descoberto na China. Todos esses materiais foram fiados e tecidos por processos
inventados no Oriente Próximo. Ao levantar da cama faz uso dos “mocassins” que foram
inventados pelos índios das florestas do Leste dos Estados Unidos e entra no quarto de
banho cujos aparelhos são uma mistura de invenções europeias e norte-americanas, umas
e outras recentes. Tira o pijama, que é vestuário inventado na Índia, e lava-se com sabão
que foi inventado pelos antigos gauleses, faz a barba que é um rito masoquístico que parece
provir dos sumerianos ou do antigo Egito.
Voltando ao quarto, o cidadão toma as roupas que estão sobre uma cadeira do tipo
europeu meridional e veste-se. As peças de seu vestuário têm a forma das vestes de pele
originais dos nômades das estepes asiáticas; seus sapatos são feitos de peles curtidas por um
processo inventado no antigo Egito e cortadas segundo um padrão proveniente das civili-
zações clássicas do Mediterrâneo; a tira de pano de cores vivas que amarra ao pescoço é
sobrevivência dos xales usados aos ombros pelos croatas do século XVII. Antes de ir tomar
o seu breakfast, ele olha a rua através da vidraça feita de vidro inventado no Egito; e, se
estiver chovendo, calça galochas de borracha descoberta pelos índios da América Central e
toma um guarda-chuva inventado no sudoeste da Ásia. Seu chapéu é feito de feltro, material
inventado nas estepes asiáticas.
De caminho para o breakfast, para para comprar um jornal, pagando-o com moedas,
invenção da Líbia antiga. No restaurante, toda uma série de elementos tomados de empréstimo
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Sociologia – 1a série – Volume 2

o espera. O prato é feito de uma espécie de cerâmica inventada na China. A faca é de aço, liga
feita pela primeira vez na Índia do Sul; o garfo é inventado na Itália medieval; a colher vem
de um original romano. Começa o seu breakfast, com uma laranja vinda do Mediterrâneo
Oriental, melão da Pérsia, ou talvez uma fatia de melancia africana. Toma café, planta abissínia,
com nata e açúcar. A domesticação do gado bovino e a ideia de aproveitar o seu leite são
originárias do Oriente Próximo, ao passo que o açúcar foi feito pela primeira vez na Índia.
Depois das frutas e do café vêm waffles, os quais são bolinhos fabricados segundo uma técnica
escandinava, empregando como matéria-prima o trigo, que se tornou planta doméstica na Ásia
Menor. Rega-se com xarope de maple inventado pelos índios das florestas do leste dos Estados
Unidos. Como prato adicional talvez coma o ovo de alguma espécie de ave domesticada na
Indochina ou delgadas fatias de carne de um animal domesticado na Ásia Oriental, salgada e
defumada por um processo desenvolvido no norte da Europa.
Acabando de comer, nosso amigo se recosta para fumar, hábito implantado pelos índios
americanos e que consome uma planta originária do Brasil; fuma cachimbo, que procede
dos índios da Virgínia, ou cigarro, proveniente do México. Se for fumante valente, pode ser
que fume mesmo um charuto, transmitido à América do Norte pelas Antilhas, por intermédio
da Espanha. Enquanto fuma, lê notícias do dia, impressas em caracteres inventados pelos
antigos semitas, em material inventado na China e por um processo inventado na Alemanha.
Ao inteirar-se das narrativas dos problemas estrangeiros, se for bom cidadão conservador,
agradecerá a uma divindade hebraica, numa língua indo-europeia, o fato de ser cem por
cento americano.
LINTON, Ralph. O homem: uma introdução à antropologia. 12. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000. p. 313-314.

Em sua opinião, qual é a mensagem que o texto procura passar? Disserte a respeito.

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Sociologia – 1a série – Volume 2

Etapa 1 − A palavra cultura e a ideia de cultura

É muito difícil aceitar que aquilo que aprendemos não é natural, uma vez que o internalizamos
de tal forma que se torna quase uma segunda natureza para nós. Mas, para refletir sociologicamente,
é necessário ter consciência de que “quase nada é natural no ser humano”. Já vimos que, para pensar
sociologicamente, é preciso ter consciência do caráter social, histórico e cultural de nossas maneiras
de agir, pensar e sentir. Ou seja, o que todos os seres humanos têm em comum é a sua capacidade
de se diferenciar uns dos outros. O que há de natural no ser humano é a sua aptidão para a variação
cultural, a diversidade, a escolha de múltiplos caminhos.
Comece esta discussão resolvendo as atividades a seguir sobre o termo “cultura”.
1. O que você acha que o termo “cultura” pode significar?

Você sabia?

Cultura é uma palavra que vem do latim, “cultura”, e que significava, até o século XIII,
cuidado com o campo. Depois, ela passou a significar não mais um estado da coisa cultivada,
mas a ação de cultivar a terra. Já no século XVIII, ela passou a designar o cuidado de trabalhar
algo. Logo, cultura seria tudo aquilo que as pessoas cultivam (CUCHE, Denys. A noção de
cultura nas ciências sociais. 2. ed. Bauru: EDUSC, 2002. p. 19.). É por isso que se pode falar
em uma cultura de fungos, ou cultivo de fungos.
O significado do termo pode variar de uma língua para outra.

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Sociologia – 1a série – Volume 2

2. Com base nas discussões em sala, explique alguns sentidos do termo “cultura”.

Cultura pode significar um


conhecimento diferenciado.

Cultura pode ser compreendida como o


cultivo de algo.

Cultura pode ser entendida como as


manifestações artísticas de um povo.

Cultura também pode ser entendida


como os hábitos e costumes de um povo.

Apesar dos múltiplos significados do termo e das inúmeras variações, podemos dizer,
genericamente, que cultura, tanto para a Antropologia como para a Sociologia, significa
tudo aquilo que o ser humano vivencia, realiza e transmite por meio da linguagem. Ou seja, a
cultura está relacionada com os conteúdos simbólicos da vida.

Leitura e análise de texto

O comportamento humano é regido por meio de símbolos, que são passados de geração
para geração e que também se modificam. Não há ser humano cujo comportamento não
seja regido por meio de símbolos.
Mas e os animais? Os animais não são também regidos por símbolos? Na natureza, o
vermelho e o preto muitas vezes não são sinônimos de perigo? Os animais não transmitem
mensagens para os outros animais? Não e sim. Os animais não são regidos por meio de
símbolos, o que não quer dizer que não possam transmitir mensagens. Eles transmitem
mensagens, mas elas são sempre as mesmas para a espécie, por isso são sinais. Já entre os
seres humanos, as mensagens variam de grupo para grupo, pois são compostas por símbolos
socialmente estabelecidos, que variam de sociedade para sociedade.
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Sociologia – 1a série – Volume 2

O comportamento dos animais é regido principalmente por meio de sinais, enquanto


o do ser humano é regido predominantemente por meio de símbolos. Os sinais são orga-
nicamente programados, geneticamente transmissíveis e intransformáveis.1
Diz-se que o sinal é organicamente programado, porque faz parte da constituição bioló-
gica desses animais se comunicarem da forma como se comunicam. A maioria dos animais,
mesmo quando tirados do seu meio, desenvolve as características da espécie, ou seja, age como
um membro criado pelo grupo, mesmo que tenham sido separados ao nascer. Já os símbolos
são socialmente programados. Uma criança separada de seus pais ao nascer não agirá como
eles, mas, sim, como membro do grupo que a criou.
Daí decorre o fato de que o comportamento dos animais é geneticamente transmissível.
Afinal, a maioria deles vai se comportar sempre da mesma forma, não interessa em qual
grupo seja criado. Assim, todos os tigres sempre agirão e se comunicarão por meio dos
mesmos sinais, o castor sempre construirá seus diques da mesma forma, assim como as
abelhas sempre farão suas colmeias do mesmo jeito. Já o nosso comportamento é regido
muito mais pela forma como somos criados.
O papel da educação e do aprendizado é fundamental para que um ser humano possa
se desenvolver plenamente. Mas o que cada um deve aprender, como deve se comportar
como membro de um grupo, varia de cultura para cultura.
Por fim, é possível compreender a partir disso que os sinais entre os animais são in-
transformáveis, ou seja, não são passíveis de mudança, pois são transmitidos geneticamente
de geração para geração. Ao passo que, entre os seres humanos, os símbolos são eminen-
temente transformáveis, ou seja, variam de cultura para cultura, de grupo para grupo.
1
Leia mais sobre o assunto em: RODRIGUES, José Carlos. Antropologia e comunicação: princípios radicais. Rio de Janeiro:
PUC-Rio; São Paulo: Loyola, 2003. (Coleção Ciências Sociais, n. 5).
Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola.

Explique a diferença que o texto estabelece entre símbolo e sinal.

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Sociologia – 1a série – Volume 2

Etapa 2 − O ser humano, o instinto e a cultura


À medida que cresce, o ser humano é cada vez menos conduzido pelos seus instintos e cada vez
mais pela cultura. É claro que o ser humano é um ser biológico, que depende de uma série de funções
vitais: todos os seres humanos comem, dormem, bebem etc. Entretanto, a maneira de satisfazer essas
diferentes funções biológicas varia de uma cultura para outra.
Assim, entende-se que o comportamento do ser humano é fruto da interação entre biologia e
cultura.
Tomemos como exemplo a alimentação. Se fôssemos como as outras espécies, todos nós nos
alimentaríamos do mesmo modo, comendo os mesmos alimentos. É o que acontece com os outros
animais. Animais de uma mesma espécie têm todos o mesmo tipo de alimentação. Todas as focas,
por exemplo, se alimentam dos mesmos alimentos, e, se há uma mudança no seu padrão alimentar,
isso se deve a uma alteração no meio físico e nos alimentos disponíveis e não a uma escolha do grupo.
Como os seres humanos são seres culturais, tudo ocorre de forma muito diferente.

Os mesmos animais e vegetais podem ser encontrados em diferentes locais do mundo,


mas isso não quer dizer que sejam considerados alimentos possíveis em todos os lugares.

Com base na discussão feita em sala e nas explicações de seu professor, resolva os exercícios.
1. Dê exemplos de animais e/ou vegetais que são considerados alimentos em alguns lugares e não
em outros.

Pode-se afirmar que o processo de evolução do ser humano se dá de forma diferente


daquele que ocorre com os outros animais. Isso porque os animais de uma mesma espécie,
na medida em que são guiados pelo instinto, sempre agirão da mesma forma sob as mesmas
condições. Mas o mesmo não acontece com o ser humano.

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Sociologia – 1a série – Volume 2

2. Preencha o quadro a seguir com as explicações de seu professor sobre o ser humano.

Só o ser humano produz


cultura.

Só o ser humano acumula


experiências e as transmite
de geração para geração,
formando uma herança cultural.

Só o ser humano renova e


transforma seu comportamento.

O ser humano é guiado mais


pela cultura do que pelos
seus instintos.

O processo de evolução do ser


humano ocorre de forma
diferente em relação ao
dos outros animais.

3. Explique se o ser humano tem instinto e qual é o papel do instinto na vida dele à medida que
envelhece.

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Sociologia – 1a série – Volume 2

LIÇÃO DE CASA

Leia o texto a seguir e, com base nele e nas explicações do seu professor, escreva um texto abor-
dando o papel do instinto na vida dos seres humanos e como nós, muitas vezes, o reprimimos.

Como falar em instinto de conservação quando lembramos as façanhas dos camicases


japoneses (pilotos suicidas) durante a Segunda Guerra Mundial? Se o instinto existisse, seria
impossível aos arrojados pilotos guiarem os seus aviões de encontro às torres das belonaves
americanas. O mesmo é verdadeiro para os índios das planícies americanas, que possuíam
algumas sociedades militares nas quais os seus membros juravam morrer em combate e assim
assegurar um melhor lugar no outro mundo.
Como falar em instinto materno, quando sabemos que o infanticídio é um fato muito
comum entre diversos grupos humanos? Tomemos o exemplo das mulheres Tapirapé, tribo
Tupi do Norte de Mato Grosso, que desconheciam quaisquer técnicas anticoncepcionais
ou abortivas e eram obrigadas, por crenças religiosas, a matar todos os filhos após o terceiro.
Tal atitude era considerada normal e não criava nenhum sentimento de culpa entre as
praticantes do infanticídio.
Como falar em instinto filial, quando sabemos que os esquimós conduziam os seus
velhos pais para as planícies geladas para serem devorados pelos ursos? Assim fazendo,
acreditavam que os pais seriam reincorporados na tribo quando o urso fosse abatido e
devorado pela comunidade.
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. 23. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2009. p. 50-51.

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Sociologia – 1a série – Volume 2

PESQUISA EM GRUPO

Discuta com seus colegas e apresente dois exemplos de formas de agir comuns em nossa sociedade
que iriam contra os nossos instintos.

Etapa 3 − O ser humano e a cultura


Muitos são os autores que discutiram o tema da evolução humana e os antropólogos estão de acordo
com a ideia de que não há um mesmo desenvolvimento unilinear (crença de que toda a humanidade
passou, passa e passará por um mesmo processo linear de evolução, ou seja, pelas mesmas etapas).
Há o consenso de que o que existe é uma evolução multilinear. Ou seja, de que as diferentes
sociedades possuem um desenvolvimento próprio e não passam todas pelas mesmas etapas. O que
mais essa visão de um único processo linear de desenvolvimento para toda a humanidade deixa de
lado? O que se deixa de lado com tudo isso é, na verdade, a ideia de que os diferentes seres humanos
procuram respostas diferentes para os mesmos problemas e que também, por vezes, cada cultura cria
e precisa resolver problemas e questões particulares que não dizem respeito a outras culturas.
Com base nas explicações do professor, escreva a definição das características da cultura elencadas
no quadro a seguir e dê, ao menos, um exemplo para cada definição.
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Sociologia – 1a série – Volume 2

Característica Definição Exemplo

Simbólica

Social

Dinâmica e
estável

Seletiva

Determinante
e determinada

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Sociologia – 1a série – Volume 2

Você sabia?

t A cultura, mais do que a herança genética, determina o comportamento do ser humano.


t O ser humano age de acordo com seus padrões culturais, ou seja, ele é um ser parcialmente
movido pelos instintos. No ser humano, o papel do instinto diminui conforme ele passa pelo
processo de socialização.
t O ser humano depende muito mais do aprendizado do que do instinto.
t Como não só se adapta ao meio, mas também interage com ele, o ser humano é capaz de
viver sob os mais diversos climas e situações. Assim, ele conseguiu transformar quase toda
a Terra em seu habitat.
t A cultura é um processo cumulativo resultante das sucessivas gerações, ou seja, a experiência
vai sendo acumulada com o passar do tempo. Mas isso não quer dizer que a cultura não seja
passível de mudança.

VOCÊ APRENDEU?

1. Explique por que há diferença de comportamento entre os seres humanos e outros animais.

2. Disserte sobre o papel do instinto na vida do ser humano. Por que, à medida que o ser humano
envelhece, os instintos vão perdendo a importância?

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Sociologia – 1a série – Volume 2

3. As culturas humanas são muito diferentes entre si. Entretanto, todas as culturas têm algumas
características que as ligam. Explique duas características da cultura e dê um exemplo
de cada característica.

PARA SABER MAIS

Site
t ASSOCIAÇÃO Nacional de Biossegurança. Disponível em: <http://www.anbio.org.br>.
Acesso em: 7 abr. 2014. No site, é possível ter acesso a uma série de artigos e entrevistas,
que podem servir de base para você aprender mais sobre determinismo biológico.

APRENDENDO A APRENDER

Se fôssemos realmente regidos por leis utilitárias, ou seja, por uma única lógica do instinto,
não existiriam diferenças entre os seres humanos. Só existiria, portanto, para todos nós, uma
única resposta possível para os problemas de sobrevivência que nos são colocados. Mas existem
muitas respostas. Elas não só existem como também são a base da condição humana.
Logo, uma maneira de ter sempre isso em mente é procurar saber como outros grupos
e povos lidam com as mesmas questões que podem nos inquietar. São exemplos: como é a
educação de uma criança em outra cultura, como posso preparar um alimento de forma
diferente, entre outros.
Procurar saber como outros povos resolvem problemas semelhantes aos nossos pode
nos ajudar a desenvolver soluções criativas e talvez até mais interessantes do que aquelas que
normalmente resolvemos por meio de nossos padrões culturamente, socialmente e histori-
camente estabelecidos.

37
Sociologia – 1a série – Volume 2

?
!
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 4
DESIGUALDADE DE CLASSES

Nos estudos anteriores, refletimos sobre o que nos caracteriza como seres humanos e por que
razão somos diferentes; isto é, temos hábitos diferentes das pessoas que vivem do outro lado do
mundo, por exemplo. Agora, o objetivo desta Situação de Aprendizagem é dirigir o olhar para as
diferenças que colocam as pessoas em posições desiguais no interior da mesma sociedade.

Leitura e análise de imagem

Observe as imagens a seguir e depois responda às questões.


© Pinnacle Pictures/Iconica/Getty Images

© Delfim Martins/Pulsar Imagens

1. Em sua opinião, qual é a profissão das pessoas representadas nessas imagens?

2. Quanto você acha que cada uma delas recebe pelo trabalho que faz?

3. Que diferenças você diria que existem entre as condições de vida da pessoa da imagem à es-
querda e da pessoa da imagem à direita? Explique.

38
Sociologia – 1a série – Volume 2

Etapa 1 – Desigualdade e diferença


No dia a dia, convivemos com pessoas que exercem atividades variadas e recebem rendimentos
diversos para cada trabalho realizado. Dependendo da posição ocupada no mercado de trabalho, do
grau de especialização da atividade exercida, da competitividade naquela área de atuação e do status
social da profissão, os ganhos serão maiores ou menores. Isso faz com que cada pessoa tenha acesso
a benefícios e oportunidades de mobilidade social diferenciados.

Mobilidade social: refere-se ao movimento de indivíduos e grupos entre diferentes


posições econômicas. A mobilidade social pode ser vertical, ou seja, quando os indivíduos
sobem ou descem na escala socioeconômica; ou horizontal, quando se mudam de bairro,
cidade, Estado ou país.

Exercício
Considere a seguinte situação:
Uma pessoa capacitada para operar máquinas pode se tornar um trabalhador da indústria, ter
um emprego com carteira assinada e receber um salário. Se for casada e seu cônjuge também tiver um
emprego remunerado, ambos poderão somar suas rendas e economizar para dar entrada no financia-
mento de uma casa própria. Porém, se não tiverem outra fonte de renda além do salário, seu padrão
de vida será limitado ao que conseguirem economizar a cada mês. Uma pessoa proprietária de máquinas,
por outro lado, capacitada para administrar uma indústria, pode se tornar um empregador e investir
em um ramo empresarial, gerar capital e obter lucro. Considerando o lucro obtido com o trabalho dos
empregados na sua indústria, poderá investir na continuidade do seu negócio e na bolsa de valores. Se
for bom empreendedor, poderá alcançar um bom padrão de vida a partir dos rendimentos obtidos com
seus investimentos.
Com base na situação apresentada, discuta com seus colegas e responda: O que há de diferente
nos dois exemplos mencionados em relação à posição ocupada por cada um no mercado de
trabalho?

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Sociologia – 1a série – Volume 2

Comparar a posição das pessoas em relação a suas ocupações no mercado de trabalho é apenas
uma maneira de se perceber a desigualdade social. Com efeito, podemos analisar a diferença de
posição entre as pessoas com base nos mais diversos atributos, como o gênero, a idade, a afiliação
religiosa ou o posto militar, por exemplo. A forma mais comum de medir a desigualdade social é por
meio da renda: quanto maiores as diferenças entre os rendimentos obtidos pelas pessoas em uma
comunidade, sociedade ou país, maior a desigualdade entre elas.
Vejamos o caso do Brasil segundo a renda. De acordo com os dados da Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (PNAD) de 2011, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), os rendimentos obtidos pelos brasileiros vêm aumentando progressivamente. Isso mostra
que, até 2011 pelo menos, o país encontrava-se em situação de crescimento econômico. Porém, a
distribuição dos rendimentos entre a população permanecia extremamente desigual.

Leitura e análise de gráfico

Percentual de pessoas de 10 anos ou mais,


segundo a classe de rendimento mensal – Brasil, 2011
© Claudio Ripinskas/R2 Editorial

Fonte de dados: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e
Rendimento. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 2011. Disponível em: <ftp://ftp.ibge.gov.br/Trabalho_e_Rendimento/
Pesquisa_Nacional_por_Amostra_de_Domicilios_anual/2011/tabelas_pdf/sintese_ind_7_1_1.pdf>. Acesso em: 17 fev. 2014.

Analise o gráfico e resolva as atividades a seguir.


1. Complete as informações:
a) Por ocasião da pesquisa, o maior percentual de pessoas de 10 anos ou mais corresponde
àquelas que .
b) dos brasileiros recebiam até dois salários mínimos.
c) Cerca de 2% recebiam de salários mínimos e apenas da popula-
ção recebia mais de 20 salários mínimos.
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Sociologia – 1a série – Volume 2

2. Por que a distribuição da renda é tão desigual no Brasil?

Etapa 2 – Classe e estratificação

Leitura e análise de texto

© RMT/Alamy/Glow Images
As sociólogas Christiane Uchôa e Celia
Kerstenetzky, da UFF, analisaram os indicadores
sociais da nova classe média, com base na Pesquisa
de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE de 2009.
E se surpreenderam ao perceber que 9% dos pais de
família do grupo são analfabetos, 71% das famílias
não têm planos de saúde e 1,2% das casas (cerca de
400 mil) sequer têm banheiros. “A chamada nova
classe média não se parece com a classe média como
a reconhecemos”, concluem as pesquisadoras. © Coddy/iStock/Thinkstock/Getty Images

Criador do conceito “nova classe média”, o eco-


nomista Marcelo Neri, presidente do Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), vê nas críticas
uma reação de sociólogos que, para ele, “se sentem
um pouco invadidos”: “Desde o começo a gente não
está falando de classes sociais, mas de classes econô-
micas. Economistas são pragmáticos, talvez simplifi-
quem demais as coisas. Mas, entre 2003 e 2011, 40
milhões de pessoas se juntaram à classe C no Brasil,
que passou para 105 milhões de pessoas”.
© Renato Stockler/Folhapress

No recorte feito por Neri em 2009, eram con-


sideradas como classe média famílias com renda
mensal entre R$ 1.200 e R$ 5.174. Agora, as faixas
foram atualizadas para entre R$ 1.750 e R$ 7.450.
41
Sociologia – 1a série – Volume 2

“É claro que essa não é uma classe média

© Jacek/Kino
europeia ou americana, é a classe média brasileira.
Mas não olhamos só a renda, é uma métrica mais
sofisticada. Há melhoras em indicadores de edu-
cação e, principalmente, de trabalho, que dá sus-
tentabilidade às conquistas. O grande símbolo
dessa classe média não é o celular nem o cartão de
crédito, mas a carteira assinada”.

‘Nova classe média’ tem trabalho precário, pouca instrução e moradia inadequada. O Globo, Caderno Economia, 21 mar. 2013.
Disponível em: <http://oglobo.globo.com/economia/nova-classe-media-tem-trabalho-precario-pouca-instrucao-moradia-
inadequada-7914148>. Acesso em: 29 nov. 2013.

LIÇÃO DE CASA

1. Quantas pessoas se juntaram à classe C e em qual período isso ocorreu? Qual é o seu tamanho atual?

2. A entrada de um imenso contingente de pessoas na classe média significa que elas passaram a
partilhar das condições da classe média que já estava consolidada? Cite dados do texto na sua
argumentação.

3. Além da renda, quais foram os outros indicadores usados para essa classificação? E qual é o grande
símbolo dessa “nova classe média”?

Etapa 3 – Teorias de classe e estratificação


As primeiras ideias desenvolvidas sobre como as sociedades se organizavam remontam ao final do
século XIX e ao início do século XX. Dois dos principais autores da Sociologia, Karl Marx e Max
Weber, formaram a base para a maioria das teorias sociológicas de classe e estratificação. Nesta etapa,
estudaremos como Marx e Weber pensavam a organização da sociedade em estratos e classes.
42
Sociologia – 1a série – Volume 2

Karl Marx (1818-1883) foi um filósofo alemão cujas ideias

© Album/akg-images/Latinstock
foram fundamentais para a formação da Sociologia. Escreveu sobre
Economia, Política, socialismo e História. Vivendo no século XIX,
Marx testemunhou o crescimento das fábricas e da produção indus-
trial, bem como as desigualdades que resultaram da exploração do
trabalho nessa época. Uma de suas principais preocupações foi ex-
plicar as mudanças na sociedade durante a Revolução Industrial.
Marx adotou posições políticas radicais em relação à situação en-
frentada pelos trabalhadores de sua época e se tornou um dos grandes
defensores do comunismo.
Karl Marx. Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola.

Leitura e análise de texto

Para Marx, uma classe é um grupo de pessoas que se encontram em uma relação comum
com os meios de produção – os meios pelos quais elas extraem o seu sustento. Antes do avanço
da indústria moderna, os meios de produção consistiam primeiramente na terra e nos instru-
mentos utilizados para cuidar das colheitas ou dos animais no campo. Logo, nas sociedades
pré-industriais, as duas classes principais eram aquelas que possuíam a terra (os aristocratas, a
pequena nobreza ou os donos de escravos) e aqueles que se envolviam ativamente na produção
a partir da terra (os servos, os escravos e os camponeses livres). Nas sociedades industriais
modernas, as fábricas, os escritórios, o maquinário e a riqueza, ou o capital necessário para
comprá-los, tornaram-se mais importantes. As duas classes principais são formadas por aqueles
que possuem esses novos meios de produção – os industrialistas ou capitalistas – e aqueles que
ganham a vida vendendo seu trabalho para eles – a classe operária, ou, no termo hoje em dia
um tanto arcaico às vezes preferido por Marx, o “proletariado”.
GIDDENS, Anthony. Sociologia. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006. p. 235.

Max Weber (1864-1920), nascido na Alemanha, escreveu sobre


© Album/akg-images/Latinstock

os mais variados campos do conhecimento, como Economia,


Direito, Filosofia, Religião, História e, principalmente, Sociologia.
Preocupou-se ainda com o desenvolvimento do capitalismo moder-
no e com a maneira como a sociedade moderna se organizava em
comparação com as sociedades do passado. Seu método de análise
é conhecido como compreensivo e tem como um dos objetos centrais
de investigação a ação social e seus significados.
Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola.
Max Weber.

43
Sociologia – 1a série – Volume 2

Leitura e análise de texto

Texto 1
Assim como Marx, Weber percebia as classes como categorias econômicas (Weber, 1946
[1922]:180-95). Entretanto, ele não achava que um critério único – posse ou falta de
propriedade – determinasse a posição de classe. A posição de classe, escreveu, é determinada
pela “situação de mercado” da pessoa, o que inclui a posse de bens, o nível de educação e o
grau de habilidade técnica. Nessa perspectiva, Weber definiu quatro classes principais:
grandes proprietários; pequenos proprietários; empregados sem propriedade, mas altamente
educados e bem pagos; e trabalhadores manuais não proprietários. Dessa forma, empregados
de colarinho branco e profissionais especializados surgem como uma grande classe no
esquema de Weber. Weber não apenas ampliou a ideia de classe de Marx como também
reconheceu que dois outros tipos de grupos, que não a classe, têm relação com a maneira
como a sociedade é estratificada: grupos de status e partidos.
BRYM, R.; LIE, J. et al. Sociologia: sua bússola para um novo mundo. São Paulo: Cengage Learning, 2008. p. 192.

Texto 2
Na teoria de Weber, o status refere-se às diferenças existentes entre os grupos sociais
quanto à honra e ao prestígio social conferido pelos demais. Nas sociedades tradicionais, o
status era, em geral, determinado com base no conhecimento direto de uma pessoa, adquirido
por múltiplas interações em diferentes contextos ao longo de um período de anos. No
entanto, com o aumento da complexidade das sociedades, criou-se a impossibilidade de o
status ser sempre concedido dessa forma e, em vez disso, de acordo com Weber, o status
passou a ser expresso por meio dos estilos de vida das pessoas. Sinais e símbolos de status
– como moradia, o vestir, o modo de falar e a ocupação – ajudam a moldar a posição social
do indivíduo aos olhos dos outros. As pessoas que compartilham do mesmo status formam
uma comunidade na qual existe uma noção de identidade conjunta.
GIDDENS, Anthony. Sociologia. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006. p. 237.

VOCÊ APRENDEU?

Com base nas contribuições de Marx e Weber para a compreensão da desigualdade social na
sociedade capitalista moderna, releia os textos desta Situação de Aprendizagem e responda às
seguintes questões.

44
Sociologia – 1a série – Volume 2

1. De acordo com Karl Marx, o que é classe? Quais são as duas principais classes nas sociedades
industriais modernas?

2. Segundo Max Weber, o que determina a “posição de classe”? Quais seriam as principais classes
segundo a teoria dele?

3. De acordo com Weber, as sociedades não são estratificadas apenas com base na classe, mas
também segundo grupos de status e partidos. Explique o que significa o termo “status”, do
ponto de vista de Weber, nas sociedades complexas modernas.

45
Sociologia – 1a série – Volume 2

4. Relacione os elementos que você aprendeu sobre estratificação, classe e status na teoria de
Weber ao texto ‘Nova classe média’ tem trabalho precário, pouca instrução e moradia inadequada.
Que elementos da classe C se referem à situação de mercado? Que elementos podem ser asso-
ciados ao status?

PARA SABER MAIS

Livro
t GIDDENS, Anthony. Cap. 10: Classe, estratificação e desigualdade. Sociologia. 4. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2006. Indicamos o texto sobre estratificação social e as teorias
clássicas de Marx e Weber (p. 233-237) e o trecho sobre mobilidade social (p.
248-249).
Filme
t Domésticas – o filme. Direção: Fernando Meirelles e Nando Olival. Brasil, 2001. 90 min.
12 anos. Comédia. Com o foco no trabalho doméstico de empregadas, motoristas, fa-
xineiros, zeladores e motoboys, o filme é um olhar da classe média sobre a classe traba-
lhadora, estereotipado, mas baseado em situações reais. A sátira e o tom cômico ajudam
a tornar o filme uma grande crítica à desigualdade social brasileira.

46
Sociologia – 1a série – Volume 2

?
!
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 5
DESIGUALDADE RACIAL

O objetivo desta Situação de Aprendizagem é refletir sobre o que é raça e etnia e sobre o racismo.
Essa reflexão será feita a partir do modelo de relações raciais no Brasil e dos indicadores de desigual-
dade evidenciados a partir de dados estatísticos.

Leitura e análise de imagem

Observe atentamente a imagem a seguir e responda às questões.

© Gabe Palmer/Corbis/Latinstock

1. Quantas pessoas de cores diferentes você consegue ver na imagem?

2. Você consegue se identificar com alguma delas?

3. Com base no que você vê nessa imagem, quantas raças você acha que existem?

47
Sociologia – 1a série – Volume 2

Etapa 1 – Raça ou etnia?


A foto anterior mostra que existe uma enorme variação entre os seres humanos no que diz respeito
à cor da pele, à cor e ao formato dos olhos, ao tipo de cabelo, à estatura e a uma série de outras carac-
terísticas. Essa variação de tipos humanos levou muitos cientistas, especialmente no século XIX, a
defender a ideia de que haveria raças humanas.
Mas, afinal, o que é raça?

Em Biologia, usa-se tradicionalmente a palavra para definir grupos de indivíduos dis-


tintos no interior de uma espécie.
BARBUJANI, G. A invenção das raças. São Paulo: Editora Contexto, 2007. p. 54. <http://www.editoracontexto.com.br>.

É interessante observar que, após a Segunda Guerra Mundial, principalmente em virtude do geno-
cídio de judeus, poloneses, ciganos e de outros povos discriminados com base nas teorias sobre raça, o
conceito passou a ser recusado pela Biologia. Hoje, com o desenvolvimento da Genética, sabemos que
as diferenças genéticas entre os grupos humanos variam de 5% entre populações oriundas do mesmo
continente a 15% entre populações de continentes diferentes. Ou seja, na prática, 85% da diversidade
genética humana é comum a todas as populações, fato que não se observa em quase nenhuma outra
espécie de mamífero do planeta (BARBUJANI, 2007). Isso significa que não existem grupos humanos
geneticamente tão diferenciados a ponto de afirmarmos que existam raças humanas.
1. Com base nos textos que você leu e nas explicações do professor, responda: Por que o uso do
termo “raça” persiste?

Uma raça é uma categoria de pessoas cujas marcas físicas são consideradas socialmente
significativas. Um grupo étnico é composto de pessoas cujas marcas culturais percebidas
são consideradas significativas socialmente. Os grupos étnicos diferem entre si em termos
de língua, religião, costumes, valores e ancestralidade.
BRYM, R.; LIE, J. et al. Sociologia: sua bússola para um novo mundo. São Paulo: Cengage Learning, 2008. p. 220. (Grifos dos autores).

2. Dê exemplos de grupos étnicos.

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Sociologia – 1a série – Volume 2

O que define uma raça ou uma etnia é uma construção social, isto é, as diferenças físicas, culturais,
comportamentais ou morais (reais ou imaginárias) são sempre atribuídas pelos grupos que as definem,
sejam os próprios membros ou os outros com quem se relacionam.
No primeiro caso, quando o próprio grupo se identifica como etnia, o objetivo é construir e
afirmar identidades que promovam a coesão interna e o sentimento de pertencimento. Quais seriam
as vantagens sociais disso?
Para responder a essa questão, atente-se às explicações do professor e faça as anotações a seguir:
t vantagens econômicas:

t vantagens políticas:

t WBOUBHFOTFNPDJPOBJT

No segundo caso, quando a sociedade na qual o grupo está inserido distingue e destaca seus
membros com base em características atribuídas a partir de suas crenças e ideologias, são gerados
estereótipos associados à raça ou à etnia.

Estereótipos: ideias ou convicções classificatórias preconcebidas sobre alguém ou algo,


resultantes de expectativas, hábitos de julgamento e falsas generalizações.
Fonte: Dicionário Houaiss da língua portuguesa.

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Sociologia – 1a série – Volume 2

Etapa 2 – Racismo no Brasil


Muitas das distinções que existem entre os seres humanos colocam-nos em situações de desigualdade
de poder, de direitos e de cidadania. Quando essas distinções geram crenças e atitudes baseadas na ideia
de que existem raças humanas, dizemos que estamos diante do fenômeno de racismo.
O que é racismo? Qual é sua opinião sobre o racismo?

O racismo é tanto uma doutrina, que prega a existência de raças humanas, com dife-
rentes qualidades e habilidades, ordenadas de tal forma que umas seriam superiores a outras
em termos de qualidades morais, psicológicas, físicas e intelectuais, como um conjunto de
atitudes, preferências e gostos baseados na ideia de raça e superioridade racial, seja no plano
moral, estético, físico ou intelectual. As atitudes consideradas racistas podem se manifestar
de duas formas: pelo preconceito e pela discriminação.
Fonte de dados: GUIMARÃES, A. S. A. Preconceito e discriminação. São Paulo: Fundação de Apoio à
Universidade de São Paulo, Editora 34, 2004. p. 17.

Doutrina: conjunto coerente de ideias fundamentais a serem transmitidas.


Fonte: Dicionário Houaiss da língua portuguesa.

Leitura e análise de texto

O que é preconceito? O termo “(pré)conceito” quer dizer ideia ou crença prévia, ante-
riormente concebida a respeito de alguém ou alguma coisa. No caso do preconceito racial,
trata-se de preconcepções das qualidades morais, intelectuais, físicas, psíquicas ou estéticas
de alguém, baseadas na ideia de raça.
O que é discriminação? A discriminação pode se manifestar verbalmente ou por meio do
comportamento, nas atitudes e ações concretas de uma pessoa ou de grupos de pessoas. Nesse
caso, quando a ideia de raça faz que as pessoas recebam tratamento diferencial, dizemos que se
trata de discriminação racial. Tal comportamento pode gerar segregação e desigualdade raciais.
Fonte de dados: GUIMARÃES, A. S. A. Preconceito e discriminação. São Paulo: Fundação de Apoio à
Universidade de São Paulo, Editora 34, 2004. p. 18.

Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola.

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Sociologia – 1a série – Volume 2

Exercício
Complete o quadro a partir das explicações de seu professor.

Há tensões raciais no Brasil?

Existe racismo no Brasil?

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Sociologia – 1a série – Volume 2

Leitura e análise de texto

De fato, não há nada espontaneamente visível na cor da pele, no formato do nariz, na


espessura dos lábios ou dos cabelos, ou mais fácil de ser discriminado nesses traços do que
em outros, como o tamanho dos pés, a altura, a cor dos olhos ou a largura dos ombros. Tais
traços só têm significado no interior de uma ideologia preexistente (para ser preciso: de uma
ideologia que cria os fatos, ao relacioná-los uns aos outros), e apenas por causa disso fun-
cionam como critérios e marcas classificatórios.
Em suma, alguém só pode ter cor e ser classificado num grupo de cor se existir uma
ideologia em que a cor das pessoas tenha algum significado. Isto é, as pessoas têm cor apenas
no interior das ideologias raciais.
GUIMARÃES, A. S. A. Racismo e antirracismo no Brasil. São Paulo:
Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo, Editora 34, 1999. p. 47.

O que você entendeu do texto? Faça um resumo da discussão sobre racismo.

Etapa 3 – Desigualdade racial


Na última etapa desta Situação de Aprendizagem, analisaremos alguns dados referentes às regiões
metropolitanas e ao Distrito Federal, que evidenciam as desigualdades entre brancos e negros que
ainda persistem no Brasil. Um indicador importante que revela a desigualdade racial é o acesso à
educação, e esse indicador pode ser medido observando-se a taxa de analfabetismo.
52
Sociologia – 1a série – Volume 2

Dica!

Uma análise de tabela geralmente começa dos totais para depois percorrer as especificidades.

Leitura e análise de tabela

Analise os dados da tabela a seguir e responda às questões.

Taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade,


segundo algumas características selecionadas – 2002/2012 (em %)
Brasil e algumas Taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade
características
selecionadas 2002(1) 2012
Brasil 11,9 8,7
Situação do domicílio
Urbana 9,1 6,6
Rural 27,7 21,1
Sexo
Homem 12,1 9,0
Mulher 11,7 8,4
Cor ou raça(2)
Branca 7,5 5,3
Preta ou parda 17,3 11,8
Grupos de idade
15 a 19 anos 2,9 1,2
20 a 24 anos 4,6 1,6
25 a 34 anos 7,1 3,5
35 a 44 anos 9,6 6,6
45 a 54 anos 14,9 9,8
55 a 64 anos 24,7 15,7
65 anos ou mais 35,4 27,2
(1) Exclusive a população rural de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará e Amapá. (2) Exclusive as pessoas de cor ou raça
amarela e indígena.
Fonte de dados: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Síntese de indicadores sociais. Uma análise das condições de
vida da população brasileira. Estudos e Pesquisas. (Informação Demográfica e Socioeconômica). Rio de Janeiro, n. 32, 2013. p. 139.
Disponível em: <ftp://ftp.ibge.gov.br/Indicadores_Sociais/Sintese_de_Indicadores_Sociais_2013/SIS_2013.pdf>. Acesso em: 31 jan. 2014.

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Sociologia – 1a série – Volume 2

1. De forma geral, a taxa de analfabetismo subiu ou desceu nos últimos 10 anos?

Para as questões de 2 a 4, considere apenas os dados referentes ao ano de 2012:


2. Com base na tabela, anote qual subgrupo apresenta as taxas mais altas de analfabetismo entre
os demais, para cada uma das seguintes características.
a) situação de domicílio:

b) sexo:

c) cor ou raça:

d) grupos de idade:

3. Cite o grupo, entre todos os apresentados na tabela, que apresenta a maior taxa de analfabetis-
mo e o que apresenta a menor.

4. A taxa de analfabetismo dos pretos ou pardos é maior que a média nacional? Explique.

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Sociologia – 1a série – Volume 2

Leitura e análise de tabela

Analise os dados da tabela a seguir e responda às questões.

Distribuição dos ocupados, por cor, segundo setores de atividade econômica.


Região Metropolitana de São Paulo – Biênio 2011-2012 (em %)
Setor de Atividade Total Negros Não negros
Total de Ocupados 100,0 100,0 100,0
Indústria de transformação 17,8 17,1 18,1
Construção 7,3 9,6 6,1
Comércio, reparação de veículos
17,9 17,1 18,3
automotores e motocicletas
Serviços 55,8 54,9 56,3
Serviços Domésticos 7,0 10,2 5,3
Fonte de dados: DIEESE/SEADE et al. A inserção dos negros nos mercados
de trabalho metropolitanos. PED – Pesquisa de Emprego e Desemprego. São Paulo, 2013. p. 8.
Disponível em: <http://www.dieese.org.br/analiseped/2013/2013pednegrosmet.pdf>. Acesso em: 31 jan. 2014.

Com base na tabela, responda:


1. Qual é a área que possui maior porcentagem de ocupados para negros e para não negros?

2. E qual é a área com menor porcentagem de ocupados para negros e para não negros?

3. Os dados expostos nas questões 1 e 2 já permitem fazer uma análise da desigualdade? Explique.

55
Sociologia – 1a série – Volume 2

Leitura e análise de tabela

Analise os dados da tabela a seguir e responda às questões.

Proporção de negros na população ocupada e rendimento hora dos ocupados negros e


não negros. Regiões Metropolitanas (1) Biênio 2011-2012
Proporção de Rendimento/hora
Regiões negros na (Em R$ de junho de 2013)
Metropolitanas população ocupada Negros/Não
(em %) Negros Não negros
negros (em %)
Belo Horizonte 64,0 7,68 10,98 69,95
Distrito Federal 68,6 11,32 17,35 65,24
Fortaleza 75,6 5,47 7,23 75,66
Porto Alegre 11,9 6,61 9,29 71,15
Recife 70,2 5,26 8,07 65,18
Salvador 89,2 5,89 9,84 59,86
São Paulo 34,0 6,96 11,40 61,05
Total 48,2 6,83 10,69 63,89
(1) Correspondem ao total das Regiões Metropolitanas de Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador, São Paulo e o
Distrito Federal.
Obs: Raça/cor negra = pretos e pardos; raça/cor não negra = brancos e amarelos
Fonte de dados: DIEESE/SEADE et al. Os negros no trabalho. PED – Pesquisa de Emprego e Desemprego. São Paulo, 2013. p. 6.
Disponível em: <http://www.dieese.org.br/analiseped/2013/2013pednegrosmetEspecial.pdf>. Acesso em: 31 jan. 2014.

1. Qual é a área em que os negros ganham rendimentos por hora melhores e aquela em que eles
ganham menos? E no caso dos não negros?

2. Será que o fato do Distrito Federal pagar aos negros, em média, mais do que o dobro da pior
área, que é Recife, significa que lá a desigualdade entre negros e não negros é menor?

56
Sociologia – 1a série – Volume 2

3. Qual é, então, a área com a menor desigualdade entre as estudadas? Isso significa que ali a de-
sigualdade é baixa e que essa situação é aceitável?

LIÇÃO DE CASA

Observe o gráfico e responda à questão.

Taxas de desemprego por cor


Regiões Metropolitanas e Distrito Federal – 2012 (em %)

© Claudio Ripinskas/R2 Editorial

Fonte de dados: DIEESE/SEADE et al. A inserção dos negros nos mercados de trabalho metropolitanos. PED – Pesquisa de Emprego e Desemprego. São Paulo,
2013. p. 5. Disponível em: <http://www.dieese.org.br/analiseped/2013/2013pednegrosmet.pdf>. Acesso em: 31 jan. 2014.

57
Sociologia – 1a série – Volume 2

A taxa de desemprego dos negros em alguma área estudada é menor do que a dos não negros?
Analise as implicações disso para a desigualdade.

VOCÊ APRENDEU?

Você e seus colegas deverão realizar uma pesquisa, utilizando jornais, revistas ou internet. Selecionem
reportagens, matérias e casos que noticiem uma situação de racismo. Elaborem um trabalho, con-
templando os seguintes aspectos: título da reportagem, fonte e data do evento e da coleta; breve
resumo dos eventos noticiados; descrição do contexto em que eles ocorreram; análise do caso, de-
terminando se houve preconceito e/ou discriminação por parte dos envolvidos; conclusão.

PARA SABER MAIS

Livro
t BRYM, R.; LIE, J. et al. Cap. 7: Raça e etnicidade. Sociologia: sua bússola para um novo
mundo. São Paulo: Cengage Learning, 2008. Este capítulo trata das questões de raça,
etnia, etnicidade, racismo e relações raciais no Brasil. Também traz uma discussão sobre
a proposta de cotas raciais nas universidades e um glossário de termos.
Filmes
t Escritores da liberdade (Freedom writers). Direção: Richard LaGravenese. Alemanha/
EUA, 2007. 123 min. Livre. Drama. Com base em fatos reais, o filme conta a história
de uma professora que leciona em uma escola pública norte-americana em que há
violência e tensão racial. Diante de um sistema educacional deficiente, ela luta para
que a sala de aula seja um espaço que faça diferença na vida dos estudantes, que são
vítimas de preconceito, discriminação e racismo.
t Gran Torino. Direção: Clint Eastwood. EUA/Austrália, 2009. 117 min. 14 anos.
Drama. O filme narra a história de Walt Kowalski, veterano da Guerra da Coreia e
trabalhador da indústria de automóveis aposentado, que mora em um bairro de
imigrantes. Seus vizinhos são do sudeste asiático, e ele não gosta muito deles. Mas
alguns eventos acabam por levar Walt a encarar seus preconceitos e se envolver com
os vizinhos para defendê-los de uma gangue violenta que aterroriza a vizinhança.

58
Sociologia – 1a série – Volume 2

?
!
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 6
GÊNERO E DESIGUALDADE

Nesta última Situação de Aprendizagem, vamos discutir sobre as diferenças e a desigualdade


entre gêneros. Ela está dividida em duas etapas: na primeira, será apresentada a diferenciação entre
sexo e gênero e, na segunda, estudaremos três gráficos e uma tabela que mostram dados sobre de-
semprego e rendimento por sexo e nível de escolaridade, como forma de concluir a discussão do
volume em torno da desigualdade.

© Peter Cade/The Image Bank/Getty Images

© Deepak Buddhiraja/India Picture/Corbis/Latinstock


Com base nas explicações do professor e no que foi discutido nesta Situação de Aprendizagem,
realize as atividades abaixo:
1. Faça uma lista das brincadeiras que, na sua infância, você achava que eram apropriadas para
meninas e uma lista das brincadeiras para meninos.
a) Brincadeiras para meninas:

b) Brincadeiras para meninos:

59
Sociologia – 1a série – Volume 2

2. Faça uma lista de estereótipos do masculino e do feminino na nossa sociedade.

Homens Mulheres

3. Faça uma lista de estereótipos do masculino e do feminino em outras sociedades.

Homens Mulheres

4. Explique como você gostaria que fosse a divisão de trabalho entre homens e mulheres.

5. Explique quais hábitos ou costumes você acha que poderiam mudar na nossa sociedade e em
outras para que homens e mulheres pudessem ser vistos como iguais.

60
Sociologia – 1a série – Volume 2

6. Escreva um balanço das mudanças que já ocorreram nas relações entre homens e mulheres na
nossa sociedade e uma lista das que estão por ocorrer, na sua opinião.

Compreender o caráter social dos estereótipos é o primeiro passo para estabelecer uma
relação crítica em relação a eles e, posteriormente, modificá-los.

Etapa 1 – Gênero versus sexo


Agora é o momento de aprender uma distinção importante: a que existe entre gênero e sexo.

Leitura e análise de texto

O sexo depende basicamente se a pessoa nasce com genitais masculinos ou femininos e


com um programa genético que nos faz produzir hormônios masculinos ou femininos que
estimulam o sistema reprodutor (BRYM, 2008, p. 249). Logo, o sexo está relacionado à biologia,
às diferenças biológicas entre homens e mulheres. Já o gênero é formado por sentimentos,
atitudes e comportamentos associados a homens e mulheres. Ele está relacionado à autoiden-
tificação do indivíduo como homem ou mulher e ao desempenho dos papéis culturalmente
estabelecidos para cada um deles. Portanto, o gênero diz respeito às diferenças psicológicas,
sociais e culturais entre homens e mulheres, que são internalizadas desde muito cedo pela
criança, e o sexo, a diferenças biológicas (GIDDENS, 2006, p.126). Entretanto, há alguns
sociólogos que acreditam que tanto o sexo como o gênero são socialmente construídos.
Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola.

61
Sociologia – 1a série – Volume 2

Com base na leitura do texto e nos esclarecimentos do professor, explique a diferença entre sexo
e gênero.

Leitura e análise de texto

Texto 1
Vimos que gênero é um conceito socialmente criado, que atribui diferentes papéis e
identidades sociais aos homens e às mulheres. No entanto, as diferenças de gênero são
raramente neutras – em quase todas as sociedades, o gênero é uma forma significante de
estratificação social. O gênero é um fator crucial na estratificação dos tipos de oportunidades
e de chances de vida enfrentadas pelos indivíduos e por grupo, influenciando fortemente
os papéis que eles desempenham dentro das instituições sociais desde os serviços domésticos
até o Estado. Embora os papéis dos homens e mulheres variem de cultura para cultura, não
há nenhuma instância conhecida de uma sociedade em que as mulheres são mais poderosas
do que os homens. Os papéis dos homens são, em geral, muito mais valorizados e recompensados
que os papéis das mulheres: em quase todas as culturas, as mulheres carregam a responsabilidade
principal de cuidar das crianças e do trabalho doméstico, enquanto que os homens,
tradicionalmente, nascem com a responsabilidade de sustentar a família. A preponderante
divisão de trabalho entre os sexos levou homens e mulheres a assumir posições desiguais em
termos de poder, prestígio e riqueza.
Apesar dos avanços que as mulheres fizeram em muitos países, as diferenças de gênero
continuam servindo de fundamento para as desigualdades sociais.
GIDDENS, Anthony. Sociologia. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006. p. 107.
Texto 2
As mulheres que trabalham fora sempre se concentraram em ocupações mal remune-
radas, que envolvem atividades de rotina. Muitos desses empregos são extremamente mar-
cados pelo gênero – ou seja, são comumente vistos como “trabalho de mulher”. O cargo de
secretária ou as atividades relacionadas ao cuidado de pessoas (como trabalhar com enfer-
magem, assistência social e cuidado de crianças) são um domínio predominantemente
feminino, sendo geralmente considerados ocupações “femininas”. A segregação ocupacio-
nal dos gêneros refere-se ao fato de homens e mulheres estarem concentrados em tipos
diferentes de empregos, baseados nas interpretações dominantes do que vem a ser uma
atividade adequada para cada sexo.
GIDDENS, Anthony. Sociologia. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006. p. 317. (Grifo do autor).

62
Sociologia – 1a série – Volume 2

1. Explique de forma sucinta o que os textos discutem.

2. Com base na explicação do professor e na leitura dos textos, responda:


a) Por que o gênero está relacionado à estratificação social?

b) Por que a questão do gênero acaba por prejudicar mais as mulheres do que os homens no
mercado de trabalho?

3. Vários são os fatores que podem contribuir para a diferença de salário entre homens e mulhe-
res. Com base nas explicações dadas em sala de aula, explique:
a) discriminação de gênero.

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Sociologia – 1a série – Volume 2

b) responsabilidades domésticas desiguais reduzem os rendimentos das mulheres.

c) os empregos e as ocupações que as mulheres tendem a assumir são mal remunerados.

d) o trabalho desempenhado por mulheres é mais desvalorizado do que aquele que é desem-
penhado por homens.

e) outros.

4. Com base nas explicações do professor, escreva como alguns fatores podem ajudar a diminuir
as diferenças salariais entre homens e mulheres.

64
Sociologia – 1a série – Volume 2

Etapa 2 – Desigualdade de gênero


Vimos que a taxa de desemprego varia por cor e por região metropolitana. Será que o mesmo
ocorre se agora compararmos homens e mulheres?

Leitura e análise de gráfico

Observe o gráfico e responda às questões.


Taxas de desemprego total, por sexo
Região Metropolitana de São Paulo – 2003-2012 (em %)

© Claudio Ripinskas/R2 Editorial


Fonte de dados: SEADE. O trabalho das mulheres: mudanças e permanências. Mulher e trabalho, n. 24, São Paulo, 2013. p. 3. Disponível em:
<http://www.seade.gov.br/produtos/mulher/boletins/resumo_boletim_MuTrab24.pdf>. Acesso em: 31 jan. 2014.

1. O que se pode concluir dos dados apresentados no gráfico?

2. Você acha que as disparidades diminuíram com a queda da taxa de desemprego para homens e
mulheres?

65
Sociologia – 1a série – Volume 2

Leitura e análise de gráfico

Observe o gráfico e responda às questões.


Taxas de desemprego por cor
Regiões Metropolitanas e Distrito Federal – 2012 (em %)
© Claudio Ripinskas/R2 Editorial

Fonte de dados: DIEESE/SEADE. A inserção dos negros nos mercados de trabalho metropolitanos. PED – Pesquisa de emprego e desemprego.
São Paulo, 2013. p. 6. Disponível em: <http://www.dieese.org.br/analiseped/2013/2013pednegrosmet.pdf>. Acesso em: 31 jan. 2014.

1. O que é possível afirmar sobre as áreas estudadas? A desigualdade de gênero é maior do que a
de cor para a taxa de desemprego em 2012? Ou os negros, independentemente do sexo, têm
uma taxa de desemprego maior do que os não negros?

2. Há um grupo em pior situação?

3. As mulheres não negras apresentam taxas de desemprego mais altas do que a dos homens?

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Sociologia – 1a série – Volume 2

Leitura e análise de gráfico

Observe o gráfico e responda à questão.


Proporção dos rendimentos médios reais por hora (1) dos Ocupados (2), por cor e
sexo, em relação aos rendimentos médios reais por hora dos homens não negros.
Regiões Metropolitanas e Distrito Federal – Biênio 2011-2012 (em %)

© Claudio Ripinskas/R2 Editorial

Fonte de dados: DIEESE/SEADE. A inserção dos negros nos mercados de trabalho metropolitanos. PED – Pesquisa de emprego e desemprego.
São Paulo, 2013. p. 11. Disponível em: <http://www.dieese.org.br/analiseped/2013/2013pednegrosmet.pdf>. Acesso em: 31 jan. 2014.

Analise e responda: O que mostram os dados desse gráfico?

67
Sociologia – 1a série – Volume 2

Leitura e análise de tabela

Analise os dados da tabela a seguir e responda às questões.

Taxas de desemprego por sexo, segundo nível de escolaridade


Região Metropolitana de São Paulo – 2000-2010 (em %)
Total Mulheres Homens
Nível de escolaridade
2000 2010 2000 2010 2000 2010
Total 17,6 11,9 20,9 14,7 15,0 9,5
Até ensino superior incompleto 19,2 13,1 23,0 16,5 16,3 10,3
Ensino superior completo 5,8 5,4 6,9 6,2 4,7 4,4
Fonte de dados: SEADE. Inserção das mulheres com escolaridade superior no mercado de trabalho. Mulher e trabalho, n. 22, São Paulo, 2011. p.
15. Disponível em: <http://www.seade.gov.br/produtos/mulher/boletins/resumo_boletim_MuTrab22.pdf>. Acesso em: 31 jan. 2014.

1. O que aconteceu com a taxa de desemprego na Região Metropolitana de São Paulo entre 2000
e 2010?

2. E em relação às taxas de desemprego de acordo com a escolaridade?

3. O que mais chama a atenção nessa tabela? E como isso ajuda a pensar a desigualdade?

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Sociologia – 1a série – Volume 2

4. Comparando as taxas de desemprego para homens e mulheres, o que é possível afirmar para os
dados de 2010?

LIÇÃO DE CASA

A Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) é responsável pelos dados estatísticos
do Estado de São Paulo e possui uma publicação dedicada à discussão da inserção da mulher no
mercado de trabalho, que se chama Mulher e Trabalho. Verifique, no site da Fundação Seade (disponível
em: <http://www.seade.gov.br>, acesso em: 29 nov. 2013), outros dados sobre a desigualdade de
gênero no mercado de trabalho e escreva um texto sobre esse tema.

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Sociologia – 1a série – Volume 2

VOCÊ APRENDEU?

Elabore, em folha à parte, um texto dissertativo que reflita sobre o caráter socialmente construído
das relações de gênero e que aponte alguns dos fatores que contribuem para que os salários médios
das mulheres sejam menores do que os dos homens.

APRENDENDO A APRENDER

Nesta Situação de Aprendizagem, você aprendeu que o dado geral pode esconder diferenças
muito grandes quando desagregado em grupos menores e que a desigualdade tem muitas faces.
Foi assim que se descobriu que a taxa de negros desempregados nas regiões metropolitanas e
no Distrito Federal é maior do que a de brancos, ou que a porcentagem de mulheres desem-
pregadas é maior do que a de homens, independentemente de sua cor. Da mesma forma, você
também aprendeu que a porcentagem de desempregados entre as pessoas com menor nível de
instrução é muito maior do que a média.
A partir de agora, quando os jornais, as revistas e outros meios de comunicação veicularem
dados quantitativos sobre problemas sociais, você pode verificar em sites de institutos de
pesquisa (como o do IBGE para o Brasil e o da Fundação Seade para o Estado de São Paulo)
se esses dados não são muito diferentes, dependendo da situação na qual as pessoas se inserem.
Esta é uma forma de estar consciente das desigualdades sociais em nosso país.

PARA SABER MAIS

Site
t FUNDAÇÃO Sistema Estadual de Análise de Dados – Seade. Disponível em: <http://www.
seade.gov.br>. Acesso em: 29 nov. 2013. O site da Fundação Seade é indicado para quem
quiser se informar sobre os dados estatísticos para o Estado de São Paulo. Há uma publicação
voltada para o estudo da inserção da mulher no mercado de trabalho, além de muitas outras
informações sobre a situação da população e das cidades paulistas.

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CONCEPÇÃO E COORDENAÇÃO GERAL Química: Ana Joaquina Simões S. de Mattos Rosângela Teodoro Gonçalves, Roseli Soares
NOVA EDIÇÃO 2014-2017 Carvalho, Jeronimo da Silva Barbosa Filho, João Jacomini, Silvia Ignês Peruquetti Bortolatto e Zilda
Batista Santos Junior, Natalina de Fátima Mateus e Meira de Aguiar Gomes.
COORDENADORIA DE GESTÃO DA Roseli Gomes de Araujo da Silva.
EDUCAÇÃO BÁSICA – CGEB Área de Ciências da Natureza
Área de Ciências Humanas
Biologia: Aureli Martins Sartori de Toledo, Evandro
Coordenadora Filosofia: Emerson Costa, Tânia Gonçalves e
Rodrigues Vargas Silvério, Fernanda Rezende
Maria Elizabete da Costa Teônia de Abreu Ferreira.
Pedroza, Regiani Braguim Chioderoli e Rosimara
Diretor do Departamento de Desenvolvimento Geografia: Andréia Cristina Barroso Cardoso, Santana da Silva Alves.
Curricular de Gestão da Educação Básica Débora Regina Aversan e Sérgio Luiz Damiati.
João Freitas da Silva Ciências: Davi Andrade Pacheco, Franklin Julio
História: Cynthia Moreira Marcucci, Maria de Melo, Liamara P. Rocha da Silva, Marceline
Diretora do Centro de Ensino Fundamental Margarete dos Santos Benedicto e Walter Nicolas
de Lima, Paulo Garcez Fernandes, Paulo Roberto
dos Anos Finais, Ensino Médio e Educação Otheguy Fernandez.
Orlandi Valdastri, Rosimeire da Cunha e Wilson
Profissional – CEFAF Luís Prati.
Sociologia: Alan Vitor Corrêa, Carlos Fernando de
Valéria Tarantello de Georgel
Almeida e Tony Shigueki Nakatani.
Coordenadora Geral do Programa São Paulo Física: Ana Claudia Cossini Martins, Ana Paula
PROFESSORES COORDENADORES DO NÚCLEO Vieira Costa, André Henrique GhelÅ RuÅno,
faz escola
PEDAGÓGICO Cristiane Gislene Bezerra, Fabiana Hernandes
Valéria Tarantello de Georgel
Área de Linguagens M. Garcia, Leandro dos Reis Marques, Marcio
Coordenação Técnica Educação Física: Ana Lucia Steidle, Eliana Cristine Bortoletto Fessel, Marta Ferreira Mafra, Rafael
Roberto Canossa Budiski de Lima, Fabiana Oliveira da Silva, Isabel Plana Simões e Rui Buosi.
Roberto Liberato Cristina Albergoni, Karina Xavier, Katia Mendes
Smelq Cristina de 9lbmimerime :oeÅe e Silva, Liliane Renata Tank Gullo, Marcia Magali Química: Armenak Bolean, Cátia Lunardi, Cirila
Rodrigues dos Santos, Mônica Antonia Cucatto da Tacconi, Daniel B. Nascimento, Elizandra C. S.
EQUIPES CURRICULARES
Silva, Patrícia Pinto Santiago, Regina Maria Lopes, Lopes, Gerson N. Silva, Idma A. C. Ferreira, Laura
Área de Linguagens Sandra Pereira Mendes, Sebastiana Gonçalves C. A. Xavier, Marcos Antônio Gimenes, Massuko
Arte: Ana Cristina dos Santos Siqueira, Carlos Ferreira Viscardi, Silvana Alves Muniz. S. Warigoda, Roza K. Morikawa, Sílvia H. M.
Eduardo Povinha, Kátia Lucila Bueno e Roseli Fernandes, Valdir P. Berti e Willian G. Jesus.
Língua Estrangeira Moderna (Inglês): Célia
Ventrella.
Regina Teixeira da Costa, Cleide Antunes Silva,
Área de Ciências Humanas
Educação Física: Marcelo Ortega Amorim, Maria Ednéa Boso, Edney Couto de Souza, Elana
Filosofia: Álex Roberto Genelhu Soares, Anderson
Elisa Kobs Zacarias, Mirna Leia Violin Brandt, Simone Schiavo Caramano, Eliane Graciela
Gomes de Paiva, Anderson Luiz Pereira, Claudio
dos Santos Santana, Elisabeth Pacheco Lomba
Rosângela Aparecida de Paiva e Sergio Roberto Nitsch Medeiros e José Aparecido Vidal.
Kozokoski, Fabiola Maciel Saldão, Isabel Cristina
Silveira.
dos Santos Dias, Juliana Munhoz dos Santos,
Kátia Vitorian Gellers, Lídia Maria Batista Geografia: Ana Helena Veneziani Vitor, Célio
Língua Estrangeira Moderna (Inglês e
BomÅm, Lindomar Alves de Oliveira, Lúcia Batista da Silva, Edison Luiz Barbosa de Souza,
Espanhol): Ana Beatriz Pereira Franco, Ana Paula
Aparecida Arantes, Mauro Celso de Souza, Edivaldo Bezerra Viana, Elizete Buranello Perez,
de Oliveira Lopes, Marina Tsunokawa Shimabukuro
Neusa A. Abrunhosa Tápias, Patrícia Helena Márcio Luiz Verni, Milton Paulo dos Santos,
e Neide Ferreira Gaspar.
Passos, Renata Motta Chicoli Belchior, Renato Mônica Estevan, Regina Célia Batista, Rita de
Língua Portuguesa e Literatura: Angela Maria José de Souza, Sandra Regina Teixeira Batista de Cássia Araujo, Rosinei Aparecida Ribeiro Libório,
Baltieri Souza, Claricia Akemi Eguti, Idê Moraes dos Campos e Silmara Santade Masiero. Sandra Raquel Scassola Dias, Selma Marli Trivellato
Santos, João Mário Santana, Kátia Regina Pessoa, e Sonia Maria M. Romano.
Língua Portuguesa: Andrea Righeto, Edilene
Mara Lúcia David, Marcos Rodrigues Ferreira, Roseli
Bachega R. Viveiros, Eliane Cristina Gonçalves História: Aparecida de Fátima dos Santos
Cordeiro Cardoso e Rozeli Frasca Bueno Alves.
Ramos, Graciana B. Ignacio Cunha, Letícia M.
Pereira, Carla Flaitt Valentini, Claudia Elisabete
Área de Matemática de Barros L. Viviani, Luciana de Paula Diniz,
Silva, Cristiane Gonçalves de Campos, Cristina
Matemática: Carlos Tadeu da Graça Barros, Márcia Regina Xavier Gardenal, Maria Cristina
de Lima Cardoso Leme, Ellen Claudia Cardoso
Ivan Castilho, João dos Santos, Otavio Yoshio Cunha Riondet Costa, Maria José de Miranda
Doretto, Ester Galesi Gryga, Karin Sant’Ana
Yamanaka, Rosana Jorge Monteiro, Sandra Maira Nascimento, Maria Márcia Zamprônio Pedroso,
Kossling, Marcia Aparecida Ferrari Salgado de
Zen Zacarias e Vanderley Aparecido Cornatione. Patrícia Fernanda Morande Roveri, Ronaldo Cesar
Barros, Mercia Albertina de Lima Camargo,
Alexandre Formici, Selma Rodrigues e
Priscila Lourenço, Rogerio Sicchieri, Sandra Maria
Área de Ciências da Natureza Sílvia Regina Peres.
Fodra e Walter Garcia de Carvalho Vilas Boas.
Biologia: Aparecida Kida Sanches, Elizabeth
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Reymi Rodrigues, Juliana Pavani de Paula Bueno e
Matemática: Carlos Alexandre Emídio, Clóvis Sociologia: Anselmo Luis Fernandes Gonçalves,
Rodrigo Ponce.
Antonio de Lima, Delizabeth Evanir Malavazzi, Celso Francisco do Ó, Lucila Conceição Pereira e
Ciências: Eleuza Vania Maria Lagos Guazzelli, Edinei Pereira de Sousa, Eduardo Granado Garcia, Tânia Fetchir.
Gisele Nanini Mathias, Herbert Gomes da Silva e Evaristo Glória, Everaldo José Machado de Lima,
Maria da Graça de Jesus Mendes. Fabio Augusto Trevisan, Inês Chiarelli Dias, Ivan Apoio:
Castilho, José Maria Sales Júnior, Luciana Moraes Fundação para o Desenvolvimento da Educação
Física: Anderson Jacomini Brandão, Carolina dos Funada, Luciana Vanessa de Almeida Buranello, - FDE
Santos Batista, Fábio Bresighello Beig, Renata Mário José Pagotto, Paula Pereira Guanais, Regina
Cristina de Andrade Oliveira e Tatiana Souza da Helena de Oliveira Rodrigues, Robson Rossi, CTP, Impressão e acabamento
Luz Stroeymeyte. Rodrigo Soares de Sá, Rosana Jorge Monteiro, GráÅca e Editora Posigraf
GESTÃO DO PROCESSO DE PRODUÇÃO CONCEPÇÃO DO PROGRAMA E ELABORAÇÃO DOS Ciências Humanas
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Filosofia: Paulo Miceli, Luiza Christov, Adilton Luís
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DOS CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS DOS
CADERNOS DOS PROFESSORES E DOS Geografia: Angela Corrêa da Silva, Jaime Tadeu Oliva,
Presidente da Diretoria Executiva
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GESTÃO DE TECNOLOGIAS APLICADAS História: Paulo Miceli, Diego López Silva,
CONCEPÇÃO Glaydson José da Silva, Mônica Lungov Bugelli e
À EDUCAÇÃO
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Rodrigues, Priscila Mayumi Hayama e Sueli Salles
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de Almeida. Roger da PuriÅcação Siqueira, Sonia Salem e
Pezarim de Angelo, Eliane Aparecida de Aguiar,
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